RESUMO
Falleiros, EL. Correlação entre diagnóstico clínico e anatomopatológico de
lesões palpebrais e conjuntivais em serviços de saúde de Campo Grande – MS.
Campo Grande; 2010. [Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Desenvolvimento na Região Centro-Oeste da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul].
A pálpebra e a conjuntiva apresentam uma enorme variedade de lesões benignas e
malignas. Muitas delas têm potencial para causar danos funcionais, estéticos e
psicológicos ou até mesmo a morte. O diagnóstico clínico (DC), o diagnóstico
anatomopatológico (DAP) e as margens cirúrgicas são cruciais para o prognóstico
destas lesões. Trata-se de pesquisa descritiva, documental, quantitativa e
retrospectiva com dados extraídos das solicitações de exames anatomopatológicos
emitidos por cirurgiões e os resultados destes exames. Os objetivos do estudo foram
correlacionar DC com DAP, mostrar a freqüência das lesões, avaliar a acurácia do
DC e a relação entre margens cirúrgicas e DC em lesões pré-malignas (PM) e
malignas (M). De 300 lesões palpebrais avaliadas, havia 87,0% benignas (B), 4,0%
PM e 9,0% M. De 135 lesões conjuntivais, 68,1% eram B, 26,7% PM e 5,2% M. A
lesão palpebral mais comum foi nevo (18%), calázio (15,3%) e hidrocistoma (11,3%)
(grupo benigno); queratose actínica (4,0%) (grupo pré-maligno) e carcinoma
basocelular (5,7%), carcinoma sebáceo (1,3%) e carcinoma metatípico (1,3%) (grupo
maligno). Das lesões conjuntivais, a mais comum foi nevo (17,0%), pterígio (11,0%)
e granuloma (10,0%) (grupo benigno); neoplasia intraepitelial conjuntival (20,0%)
(grupo pré-maligno) e carcinoma espinocelular (3,7%) e melanoma (1,5%) (grupo
maligno). Nas lesões palpebrais encontramos 23,7% de concordância do DC quanto
ao tipo histológico e 30,3% quanto à malignidade e para lesões conjuntivais, 29,6%
e 34,8% respectivamente. A acurácia dos DC efetivos palpebrais foi de 73,2%
quanto ao tipo histológico e 93,8% quanto à malignidade e nas conjuntivais foi de
69,0% e 81,0% respectivamente. Entre todas as 39 lesões PM e M, 13 (33,3%)
tiveram margens cirúrgicas comprometidas pelos tumores os quais tiveram DC B em
30,8% e M em 7,7%. A proporção foi bem diferente das lesões palpebrais PM e M
com margens livres (n=24, 61,5%) que tiveram 4,2% de DC B e 16,7% de M. Entre
as 43 lesões conjuntivais PM e M, 17 (39,5%) tiveram margens cirúrgicas
comprometidas pelos tumores que por sua vez tiveram DC PM ou M em 41,2% e
tiveram DC B, indeterminado ou ausente em 58,9%. Entretanto, nenhuma das lesões
PM ou M de conjuntiva com margem cirúrgica livre (n=25, 58,1%) tiveram um DC PM
ou M. Em relação à concordância entre DC e DAP palpebrais, Dermatologia, Cirurgia
de Cabeça e Pescoço, Oncologia e Oftalmologia foram as especialidades médicas
com maior concordância. Todas as lesões conjuntivais foram excisadas por
oftalmologistas. Em conclusão, nós encontramos uma alta taxa de DC indeterminado
em lesões palpebrais e conjuntivais. O DC foi significativo na determinação de
margens cirúrgicas em lesões palpebrais e conjuntivais PM e M.
Palavras-chave: neoplasias palpebrais, neoplasias da túnica conjuntiva, diagnóstico
clínico, patologia cirúrgica.