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UNIVERSIDADE POSITIVO
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ORGANIZAÇÕES,
EMPREENDEDORISMO E INTERNACIONALIZAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A INTERNET E A VIRTUALIZAÇÃO DO PROJETO DE
PRODUTOS E PROCESSOS PRODUTIVOS:
UM ESTUDO COM EMPRESAS INDUSTRIAIS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
JOSÉ RICARDO NUNES NOGUEIRA
CURITIBA
2010
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ii
JOSÉ RICARDO NUNES NOGUEIRA
A INTERNET E A VIRTUALIZAÇÃO DO PROJETO DE
PRODUTOS E PROCESSOS PRODUTIVOS:
UM ESTUDO COM EMPRESAS INDUSTRIAIS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado e Doutorado em Administração da
Universidade Positivo.
Orientador: Prof. Alexandre Reis Graeml
CURITIBA
2010
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iii
Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR
N778 Nogueira, José Ricardo Nunes.
A internet e a virtualização do projeto de produtos e
processos produtivos: um estudo com empresas industriais do
Estado de São Paulo. – Curitiba : Universidade Positivo, 2010.
125 p. : il.
Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2010.
Orientador : Prof. Alexandre Reis Graeml
1. Internet 2. Inovações tecnológicas 3. Indústrias
I. Título.
CDU 65.011.8
iv
v
Dedico esse trabalho a Deus,
à minha esposa, e à minha família,
que me deram toda a força e apoio,
necessários para a sua conclusão.
vi
Agradecimentos
Preenchendo essa parte da dissertação, vivenciei todas as etapas e histórico
desse trabalho, novamente, é como se passasse um filme sobre isso em meus
pensamentos.
Talvez eu tenha me esquecido de agradecer alguém em especial, pois foram
várias as pessoas que colaboram direta e indiretamente para o resultado final desse
estudo, mas acredito que tenho que agradecer, primeiramente, a Deus pela força
concedida.
Agradeço muito a minha amada esposa Renata, que carinhosamente, me
apoiou durante todo o mestrado, suportou a minha ausência em diversos momentos
de nossas vidas, além de sempre me incentivar nas horas de cansaço.
Agradeço a meus pais, irmãs e amigos, por entenderem a minha falta de
convívio com eles durante esse período de dedicação a dissertação, além da ajuda
em diversos momentos.
Ao professor Alexandre R. Graeml, por me ajudar com a escolha do tema, por
sempre me auxiliar no trabalho com dicas, correções e direcionamentos, além é
claro, da enorme paciência despendida comigo, e por sempre se prontificar em
auxiliar-me.
Agradeço aos professores Eros E. S. Nogueira, Rodolfo C. Prates, Edson R.
Guarido Filho e Luciano Rossoni, por todas as dicas, direcionamentos e auxílio com
dúvidas existentes. A todos os meus colegas de mestrado, pelas dicas e auxílio com
a dissertação, em especial ao Ricardo Engelbert.
Aos meus chefes e colegas da Volvo, e a própria também, por me auxiliarem
e flexibilizarem meu horário de trabalho muitas vezes.
Agradeço também as empresas participantes e respondentes da pesquisa,
pois sem elas, esse estudo não seria realizado.
vii
“Às vezes você pensa que é uma coisa,
mas quando vê, é algo completamente diferente.
Marcos Antonio Beletti (Abelha)
viii
Resumo
Este estudo procura identificar os possíveis impactos e a evolução da utilização da
Internet e outras ferramentas de tecnologia da informação nas atividades de
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos, contribuindo para a
compreensão do grau de virtualização dessa atividade nas indústrias do estado de
São Paulo. São apresentados os dados quantitativos obtidos por meio da
aplicação de pesquisa survey (aplicada nos primeiros meses de 2010, com 48
respondentes), comparando-os com os resultados obtidos anteriormente por
outros pesquisadores (2003/2004 - 665 respondentes e 2006/2007 - 105
respondentes). A população dos três estudos foi à mesma, porém as amostras
foram distintas. Os resultados obtidos a partir da comparação dos dados da
pesquisa atual com os anteriores evidenciam que ocorreu uma evolução na
utilização da Internet e outras ferramentas de TI para os fins de projeto, porém não
na mesma velocidade e intensidade da evolução da própria Internet, havendo
portanto, ainda potencial para crescimento da adoção de novas práticas, técnicas
e tecnologias ligadas à Internet para este fim, especialmente nas empresas de
menor porte.
Palavras-chave
Virtualização de projetos de produtos, virtualização de projetos do processo
produtivo, Internet.
ix
Abstract
This study evaluates the possible impacts and developments in the use of the
Internet and other information technology tools in design activities related to new
products or production processes, trying to identify the degree of virtualization of
this activity in the industries of São Paulo state. Quantitative data obtained through
the application of a survey (first semester of 2010) were compared with data
obtained by other researchers in tow other occasions in the past (in 2003/2004,
665 responses were obtained and in 2006/2007, there were 105 responses. The
population was the same for the three studies, but samples different. The results
show there is a trend of increasingly using the Internet and other IT tools for design
activities, but that is not taking place at the same pace as the development of the
Internet, itself. There is still a lot of potential for growth and development of new
techniques, methods, practices and technologies to make better use of the Internet
for this purpose, mainly in the smaller companies.
Key-words
Virtualization of product design, virtualization of production processes, Internet.
x
Sumário
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ...................................... 17
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 17
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 17
1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA ..................................................... 18
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 19
2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA .................................................... 20
2.1 INOVAÇÃO E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES .................................... 20
2.2 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS OU PROCESSOS......... 23
2.3 ENGENHARIA SIMULTÂNEA .................................................................... 25
2.4 REALIDADE VIRTUAL E AMBIENTES VIRTUAIS..................................... 29
2.5 PROJETO BASEADO EM SIMULAÇÃO VIRTUAL .................................... 31
2.6 PROTOTIPAÇÃO VIRTUAL ....................................................................... 34
2.7 AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS .............................................. 37
2.8 MANUFATURA VIRTUAL .......................................................................... 39
2.9 GERENCIAMENTO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO ......................... 42
2.10 ENVOLVIMENTO DO CLIENTE NO PROJETO DO PRODUTO ............... 44
2.11 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE FORNECIMENTO ............................ 45
3 METODOLOGIA ........................................................................................ 48
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................... 48
3.1.1 Perguntas de Pesquisa .............................................................................. 48
3.1.2 Definição das Categorias Analíticas ou Variáveis ...................................... 49
3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA ................................................ 52
3.2.1 Delimitação Geográfica da Pesquisa.......................................................... 52
3.2.2 População e Amostra ................................................................................. 53
3.2.3 Delineamento e Etapas da Pesquisa.......................................................... 54
3.2.4 Procedimentos de Coleta de Dados ........................................................... 59
3.2.5 Procedimentos de Tratamento e Análise dos Dados ................................. 62
3.2.6 Facilidades, Dificuldades e Limitações na Coleta e Tratamento dos
Dados ......................................................................................................... 64
3.3 ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVIDOS NA CONDUÇÃO DA
PESQUISA ................................................................................................. 66
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................... 67
xi
4.1
OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................... 67
4.2 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............ 67
4.3 PORTE E LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DO
ESTUDO .................................................................................................... 73
4.4 RAMO DE ATIVIDADE DAS EMPRESAS E CARGO DOS
RESPONDENTES ...................................................................................... 76
4.5 TIPO DE ACESSO À WEB E COMPARTILHAMENTO DE
ACESSO .................................................................................................... 77
4.6 QUALIDADE DE ACESSO À INTERNET ................................................... 82
4.6.1 Satisfação com a Velocidade de Acesso à Internet ................................... 83
4.6.2 Estabilidade de Acesso à Internet .............................................................. 85
4.6.3 Qualidade Geral de Acesso à Internet........................................................ 86
4.7 UTILIZAÇÃO DE INTRANET, EXTRANET E WEB-SITE ........................... 88
4.8 IMPACTO DA INTERNET E OUTRAS FERRAMENTAS DE TI
NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS ..................................................................... 90
4.8.1 Projeto de Produtos e Serviços .................................................................. 91
4.8.2 Projeto do Processo Produtivo ................................................................... 93
4.8.3 Interação com Fornecedores ...................................................................... 94
4.8.4 Interação com os clientes ........................................................................... 96
4.9 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, MÉTODOS E TÉCNICAS
ATUALMENTE E NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS ..................................... 98
4.9.1 Realidade Virtual ........................................................................................ 98
4.9.2 Prototipação Virtual .................................................................................. 100
4.9.3 Simulação Virtual...................................................................................... 102
4.9.4 Ambientes Virtuais Colaborativos ............................................................. 104
4.9.5 Gerenciamento do ciclo de vida do produto ............................................. 107
4.9.6 Comunidades virtuais ............................................................................... 108
4.9.7 Ferramentas colaborativas de interação com clientes.............................. 110
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 112
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 116
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO ............................................................................... 120
xii
Lista de ilustrações
Figura 1
Tela do Questionário Aplicado............................................................. 57
Figura 2 Tela de e-mail personalizado enviado para as empresas. .................. 60
Figura 3 Registros dos dados da pesquisa em arquivo MS Excel. .................... 63
Figura 4 Autovalores (eigenvalues) dos possíveis fatores a serem
utilizados na análise fatorial ................................................................ 69
Figura 5 Empresas Respondentes por Porte. .................................................... 74
Figura 6 Localização das Empresas Respondentes da Pesquisa em
2010. ................................................................................................... 75
Figura 7 Ramo de Atividade das Empresas Respondentes. ............................. 76
Figura 8 Cargo dos Respondentes na pesquisa de 2010. ................................. 77
Figura 9 Tipo de acesso à WEB. ....................................................................... 79
Figura 10 Satisfação com a Velocidade de Acesso à Internet por Porte da
Empresa para 2010. ............................................................................ 84
Figura 11 Estabilidade de acesso à Internet por porte – pesquisa de
2010. ................................................................................................... 85
Figura 12 Qualidade Geral de Acesso à Internet por Porte – pesquisa de
2010. ................................................................................................... 87
Figura 13 Utilização de web-site pelas empresas respondentes,
comparando as respostas das três pesquisas realizadas. .................. 88
Figura 14 Utilização de intranet, extranet e web-site pelas empresas
respondentes, comparando as respostas das três pesquisas
realizadas. ........................................................................................... 89
Figura 15 Utilização de extranet pelas empresas respondentes,
comparando as respostas das três pesquisas realizadas. .................. 90
Figura 16 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela
utilização da Internet e outras tecnologias da informação na
atividade de projeto de produtos e serviços nas indústrias do
estado de São Paulo. .......................................................................... 91
Figura 17 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela
utilização da Internet e outras tecnologias da informação na
atividade de projeto do processo produtivo nas indústrias do
estado de São Paulo. .......................................................................... 93
Figura 18 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela
utilização da Internet e outras tecnologias da informação na
atividade de interação com fornecedores nas indústrias do
estado de São Paulo. .......................................................................... 95
xiii
Figura 19
Comparativo de percepção de mudanças causadas pela
utilização da Internet e outras tecnologias da informação na
atividade de interação com os clientes nas indústrias do estado
de São Paulo. ...................................................................................... 97
Figura 20 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos da realidade virtual pelas empresas respondentes. .................... 99
Figura 21 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos da prototipação virtual pelas empresas respondentes. ............. 101
Figura 22 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos da simulação virtual pelas empresas respondentes. ................ 103
Figura 23 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos dos ambientes virtuais colaborativos pelas empresas
respondentes. .................................................................................... 105
Figura 24 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos do gerenciamento do ciclo de vida do produto pelas
empresas respondentes. ................................................................... 108
Figura 25 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos das comunidades virtuais pelas empresas respondentes. ....... 109
Figura 26 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3
anos das ferramentas colaborativas de interação com clientes
pelas empresas respondentes........................................................... 110
xiv
Lista de Tabelas
Tabela 1 Relevância de São Paulo perante o Brasil...........................................53
Tabela 2 Análise Fatorial das Variáveis Q7, Q9, Q10, Q12 e Q13......................68
Tabela 3 Fatores apresentados após rotação Varimax.......................................70
Tabela 4 Confiabilidade dos Fatores ..................................................................72
Tabela 5 Estatísticas Descritivas para Compartilhamento de Acesso.................80
Tabela 6 Correlação entre número de computadores utilizando a mesma
conexão e qualidade de acesso a Internet...........................................81
Tabela 7 Correlação entre número de computadores utilizando a mesma
conexão e tipo de acesso à web ou Internet........................................82
Tabela 8 Correlação entre interação com fornecedores e utilização de
extranet.................................................................................................96
Tabela 9 Correlação entre ambientes virtuais colaborativos e utilização de
intranet................................................................................................107
15
1 INTRODUÇÃO
O constante e acentuado emprego da Internet e das mais variadas
Tecnologias da Informação no cotidiano das organizações tem provocado mudanças
frequentes na condução de seus processos internos, tornando-os cada vez mais
rápidos, fazendo com que se obtenha uma redução de tempo e custo em todas as
operações. Dessa forma, as organizações estão trabalhando para atender a clientes
cada vez mais exigentes com relação a preço e prazos e, ao mesmo tempo, se
mantendo competitivas perante o mercado que, diante da globalização, está cada
vez mais agressivo (ROMANO e PASSIANTE, 1999).
O desenvolvimento de novos produtos pode ser uma alternativa para a
aplicação de algumas tecnologias da informação e tem representado fonte de
diferencial competitivo e uma estratégia para a manutenção da liderança de muitas
organizações em seu respectivo setor de atuação. Destarte, o rápido
desenvolvimento de produtos se tornou uma questão crítica para o sucesso em
muitos setores do mercado. Isto motivou o surgimento de técnicas de engenharia
simultânea e outras ferramentas e técnicas, a partir da década de 1980, capazes de
reduzir o tempo de ciclo de desenvolvimento com base na sobreposição temporal de
atividades de projeto, a serem executadas em paralelo, sempre que possível (FINE,
1999).
Um grande aliado das organizações atuais para a condução dessas
estratégias organizacionais, no mundo cada vez mais competitivo e sem fronteiras
devido à informatização, pode ser a virtualização dos processos, em que a condução
tradicional de diversas atividades, dentre as quais o desenvolvimento de produtos e
processos, é substituído por procedimentos virtuais, suportados ou auxiliados por
diversas ferramentas de tecnologia da informação (VENKATRAMAN e
HENDERSON, 1998).
Mas antes de se falar da virtualização, precisa-se explicar o que é o virtual.
Segundo Ma et al. (2007), o virtual ou realidade virtual consiste em um ambiente
artificial, geralmente gerado em computador, embora não necessariamente, que
16
proporciona às pessoas um sentimento ou senso de realidade, como se fosse a
realidade refletida por meio do computador.
A virtualização dos processos, como o desenvolvimento de novos produtos,
não ocorre por meio de uma única ferramenta. Ao contrário, é composta por diversas
ferramentas, todos e tecnologias, como o processo de prototipação virtual. Como
observa Jons (1997) na maioria dos casos de produtos industriais, protótipos
precisam ser construídos antes de se considerar a produção em escala de um
determinado produto, para que este possa ser testado e operado. Isso pode ser feito
virtualmente; com a simulação virtual de testes com esses protótipos, também em
ambiente virtual. ainda os ambientes virtuais colaborativos, que segundo Valério
Netto et al. (2002), representam a tentativa de utilização da realidade virtual para a
integração de várias pessoas fisicamente distantes ao mesmo mundo artificial,
tentando torná-lo o mais natural possível, superando a distância por meio da
comunicação em rede proporcionada pela Internet.
Esse desenvolvimento de novos produtos, através da utilização do virtual,
também pode ser facilitado pela interação entre as empresas e sua cadeia de
fornecimento, e também com os seus clientes, por meio das mais variadas formas
de comunicação, como sites ou link diretos, onde os fornecedores e os clientes
podem participar do desenvolvimento de um novo produto ou processo (NAMBISAN
e NABISAN, 2008; MELNYK et al., 2010).
Diante de tudo isso, parte-se do pressuposto que os recursos tecnológicos
proporcionados pela Internet e outras ferramentas de TI podem representar um
facilitador para a implantação de diversos processos e procedimentos tecnológicos,
mais especificamente a virtualização no desenvolvimento de novos produtos, com o
intuito de tentar garantir que os projetos sejam desenvolvidos de modo a se fazer
certo na primeira vez, quando se parte para a construção do produto físico real
(GRAEML, 2004), além de fazê-lo em um espaço de tempo menor e com custo mais
baixo.
17
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Considerando que o elemento motivador dessa pesquisa é o desejo de se
compreender a forma como as empresas industriais estão utilizando a Internet e
outras ferramentas de Tecnologia da Informação para melhorar seu desempenho no
mercado, em especial no que tange o desenvolvimento de novos produtos e
processos, chegou-se ao seguinte questionamento base para a pesquisa:
Qual o impacto do uso da Internet e de outras ferramentas de Tecnologia
da Informação na virtualização de atividades de desenvolvimento de novos
produtos e processos produtivos por empresas do setor industrial do estado
de São Paulo?
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral desse estudo é verificar o impacto do uso da Internet e de
outras ferramentas de Tecnologia da Informação na virtualização de atividades de
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos em empresas do setor
industrial do estado de São Paulo.
Isto foi realizado, analisando-se os usos que as empresas têm feito dessas
tecnologias para o suporte e/ou viabilização das diversas atividades internas e
externas de agregação de valor na condução de projetos de novos produtos ou
processos produtivos. O estudo compreende também uma análise de dados
transversais coletados em 2010, comparando-os com dados transversais obtidos
anteriormente por meio da aplicação de questionário similar, em 2003/2004 e
2006/2007, por Graeml (2004) e Graeml e Macadar (2007).
1.2.2 Objetivos Específicos
Para esse estudo foram definidos os seguintes objetivos específicos, com o
intuito de colaborar da consecução do objetivo geral acima enunciado:
18
identificar os possíveis usos da Internet e de outras ferramentas de TI
pelas empresas para o desenvolvimento de novos produtos ou processos
produtivos, a partir da revisão da literatura;
identificar práticas, métodos ou tecnologias cujo uso apresente sinergia
com a adoção da Internet e outras ferramentas de TI na realização das
atividades de desenvolvimento de novos produtos ou processos por
empresas industriais, a partir da revisão da literatura;
compreender o nível de uso atual da Internet e outras ferramentas de TI
pelas empresas pesquisadas, assim como de práticas que possam
apresentar sinergia com o uso da Internet nas atividades de
desenvolvimento de produtos ou processos produtivos, a partir da análise
das informações primárias coletadas;
identificar padrões e tendências na evolução do uso da Internet e outras TI
para o desenvolvimento de produtos ou processos pelas indústrias de São
Paulo, a partir da comparação dos dados transversais obtidos na presente
pesquisa com os dados empíricos coletados anteriormente por outros
pesquisadores, com base na mesma população.
1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA
A justificativa teórica para a execução desse trabalho reside na possibilidade
de contribuição para o entendimento das ações que as organizações implementam
para o desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos, por meio do uso
da Internet e outras ferramentas de TI, e dessa forma verificar o que realmente está
sendo utilizado pelas empresas, em que escala, e de que forma está sendo utilizado.
Nesse sentido, os dados obtidos na pesquisa empírica ora realizada podem ser
analisados em conjunto com os dados das pesquisas anteriores de 2003/2004 e
2006/2007, realizadas por Graeml (2004) e Graeml e Macadar (2007),
respectivamente, além de poderem ser utilizados em estudos futuros para análise
desse assunto.
A justificativa prática para esse estudo está no fato de que a concorrência
está cada vez maior em todos os setores e o rápido desenvolvimento de novos
19
produtos e processos produtivos, apoiado no uso da Internet e outras Tecnologias
da Informação, como ferramentas facilitadoras para a realização das atividades de
projeto, pode proporcionar um diferencial competitivo importante para as empresas
que se demonstrarem mais competentes na flexibilização dos seus processos de
desenvolvimento e na melhor utilização dessas ferramentas de virtualização desses
processos.
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está dividida em cinco partes principais, começando pela
introdução ao assunto realizada nos itens anteriores, em que foram apresentados os
objetivos e a justificativa para a realização do trabalho. Na segunda parte é
apresentado o quadro teórico de referência, contendo a base teórica para o
entendimento da importância da Internet e outras ferramentas de TI para o
desenvolvimento de produtos e processos, em que se realiza a discussão sobre
mudança e inovação nas organizações, tratando do desenvolvimento de novos
produtos ou processos da engenharia simultânea, realidade e ambientes virtuais,
simulação e prototipação virtual, possibilidade de utilização de ambientes virtuais
colaborativos, manufatura virtual, gerenciamento do ciclo de vida do produto,
envolvimento precoce do cliente (já na etapa do projeto do produto) e gerenciamento
da cadeia de fornecimento. Na terceira parte do trabalho é apresentada a
metodologia utilizada para se obter as informações necessárias à solução do
problema de pesquisa, assim como a definição das ferramentas e métodos mais
coerentes para a análise dos dados obtidos. Na quarta parte são apresentados os
resultados obtidos a partir da aplicação do questionário, efetuando-se um
comparativo com os dados obtidos nas pesquisas anteriores, de 2003/2004 e
2006/2007, realizadas por Graeml (2004) e por Graeml e Macadar (2007),
respectivamente. Por fim, na quinta parte são apresentadas as considerações finais
e recomendações para os próximos trabalhos.
20
2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA
2.1 INOVAÇÃO E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
Antes de falar a respeito dos itens diretamente relacionados à virtualização do
projeto de produtos e processos produtivos, das estruturas e ferramentas, é preciso
considerar o que move toda essa tecnologia: inovação e mudança, que, por sua vez,
tomam corpo dentro das organizações, onde as aplicações práticas dos itens ou
ferramentas ligados ou provenientes da virtualização são possíveis. Porém, a fonte
de inovação nasce muitas vezes dentro de instituições, como as universidades e
centros tecnológicos, e da parceria dessas instituições com empresas, com outras
instituições e também de empresas com outras empresas, as quais podem
potencializar o surgimento de novas tecnologias, inovações e mudanças (NELSON,
2006; DOSI, 2006).
Para Nelson (2006), as universidades são um importante componente do
capitalismo, pois geram conhecimentos científicos e tecnológicos blicos que são
criados e reproduzidos por meio do ensino e aumentados pela pesquisa, pois em
muitos casos elas proporcionam às empresas seu pessoal técnico e muito de suas
ideias e conceitos sobre as inovações de produtos e de processos, proporcionando
diferencial para o setor produtivo.
Ainda para Nelson (2006), as universidades e centros acadêmicos podem ser
importantes para a mudança tecnológica do setor produtivo, pois fornecem jovens
cientistas e engenheiros para esse setor e também realizam pesquisas que auxiliam
as indústrias nas inovações.
Com frequência, as inovações implicam em um potente processo de
substituição de antigos produtos por novos ou por produtos apenas melhorados ou
aperfeiçoados, sendo que esse processo associa-se a uma mudança do equilíbrio
relativo entre as empresas e também entre os ramos de atuação dessas. Assim, as
empresas que obtiveram sucesso na inovação e/ou na exploração comercial das
inovações crescem mais rapidamente e aumentam sua participação de mercado em
21
relação às empresas retardatárias, sendo que essas, por sua vez, podem até
desaparecer no final (DOSI, 2006).
Uma ocorrência muito similar pode ser associada às inovações de processo,
com as mudanças no custo de produção das empresas inovadoras tendendo a
desagregar a base sobre a qual se organizou a distribuição anterior das quantidades
produzidas entre as empresas, colocando a empresa inovadora em uma posição
mais favorável para aumentar sua produção e sua participação de mercado por meio
de reduções de preço. Esses processos dinâmicos constituem uma parte crucial do
processo de transformação produtiva induzida por inovações tecnológicas (DOSI,
2006).
Walton (1993) complementa, afirmando que somente tecnologia avançada é
incapaz de garantir vantagens de desempenho significativas, como aquelas
decorrentes da inovação tecnológica acompanhadas de uma reorganização do
sistema de trabalho, e que isso reflete em um padrão global.
Para Nelson (2006), considerando que a inovação tecnológica é algo
importante, uma empresa necessita de um conjunto de aptidões essenciais em
pesquisa e desenvolvimento (P&D). Essas aptidões são definidas e limitadas pelas
habilidades, experiências e conhecimentos dos integrantes do departamento de
P&D, pela natureza das equipes e dos procedimentos existentes para a formação de
novos quadros, pelo caráter dos processos de tomada de decisões, pelos vínculos
entre P&D, produção e o departamento de marketing e assim sucessivamente.
Dosi (2006) considera que existe uma espécie de força que move a atividade
inventiva ou inovativa dos indivíduos e das organizações, podendo ser definida em
duas abordagens básicas: a primeira indicando as forças de mercado como
principais determinantes da mudança técnica (teorias da “indução pela demanda” ou
demand-pull). A partir desta perspectiva, o mercado em si demanda novos produtos
e tecnologias e as empresas se organizam da melhor forma possível para tentar
atender ou suprir a nova demanda, criando tecnologias e produtos compatíveis com
ela; e a segunda, definindo a tecnologia como fator autônomo, ou quase autônomo,
no curto prazo (teorias do “impulso pela tecnologia” ou technology-push). Neste
22
caso, as empresas inventam novos produtos e tecnologias e empurram para o
mercado fazendo assim aparecer a necessidade de demanda.
Ainda segundo Dosi (2006), alguns pontos contribuíram para o aumento da
inovação e mudança nas organizações no último século. Entre eles podem ser
destacados:
o crescente papel de insumos científicos no processo de inovação, pelo
menos no século XX;
a crescente complexidade das atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), tornando o processo de inovação uma questão de planejamento de
longo prazo para as empresas e depondo contra a hipótese de imediatas
respostas de inovação pelos produtores face à mudança nas condições de
mercado;
uma significativa correlação entre os esforços de P&D e o produto da
inovação em diversos setores produtivos, além da ausência de evidentes
correlações entre o mercado e os padrões da demanda, de um lado, e o
produto da inovação, de outro, em comparações transversais entre países;
uma significativa quantidade de inovações e aperfeiçoamentos originando-
se do “aprendizado pela execução”, que geralmente se incorpora em
pessoas e organizações;
a crescente formalização institucional da pesquisa, as atividades de
pesquisa e inovação mantendo uma intrínseca natureza de incerteza. Isto
se contrapõe a qualquer hipótese de um conjunto de escolhas
tecnológicas conhecidas anteriormente;
o fato de a mudança técnica não ocorrer ao acaso, por dois motivos: em
primeiro lugar, as direções da mudança técnica serem muitas vezes
definidas pelo estado-da-arte da tecnologia em uso; em segundo lugar,
a probabilidade de empresas e organizações alcançarem avanços
técnicos depende, entre outras coisas, dos níveis tecnológicos
alcançados por essas empresas e organizações;
a evolução das tecnologias apresentar certa regularidade ao longo do
tempo e, muitas vezes, ser possível definir a trajetória da mudança em
23
termos de certas características tecnológicas e econômicas dos produtos
e processos.
Para Walton (1993), a utilização bem sucedida das tecnologias avançadas, ou
inovações, requer mudanças na organização, pois tecnologia avançada por si só,
sem mudança na forma de trabalho ou nos processos da organização, causa pouca
diferença no resultado final, sendo que organizações com aplicação de tecnologia
avançada e mudança no trabalho e nos processos são muito mais produtivas, com
bom desempenho e consequentemente melhores condições de competir no
mercado.
2.2 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS OU PROCESSOS
Segundo Amaral et al. (2006), o desenvolvimento de produtos consiste em um
conjunto de atividades por meio do qual se busca atingir as especificações de
projeto de um produto e de seu processo de produção para que a manufatura seja
capaz de produzi-lo, considerando as estratégias competitivas e de produto da
empresa, além das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições
tecnológicas. O desenvolvimento envolve ainda as atividades de acompanhamento
do produto após o seu lançamento, na visão desses autores.
Para Leite et al. (2007), o processo de desenvolvimento de produtos é
formado pela união da engenharia do produto com o planejamento do produto. A
primeira foi a mais afetada pelas mudanças da metodologia do desenvolvimento de
produtos e processos, ao longo do tempo, enquanto o planejamento do produto
segue linhas clássicas. Ainda segundo Leite et al. (2007), a engenharia do produto
está dividida em três linhas que se entrelaçam em vários momentos, são elas: a
concepção do produto (o projeto propriamente dito); a verificação do produto ou
processo (simulações); e a certificação do produto ou processo (experimentação/va-
lidação).
Amaral et al. (2006) afirmam que o desenvolvimento de produtos é
considerado um processo de negócio cada vez mais crítico para a competitividade
das empresas, principalmente com a crescente internacionalização do mercado.
24
Esse processo situa-se na interface entre a empresa e o mercado cabendo a ele
identificar e antecipar as necessidades do mercado e propor soluções que atendam
essas demandas, passando a ter uma importância estratégica para as organizações.
As principais características do processo de desenvolvimento de produtos ou
processos, segundo Amaral et al. (2006), são:
elevado grau de incertezas e riscos das atividades e resultados;
decisões importantes tomadas no início do processo, quando as
incertezas são ainda maiores;
dificuldade de mudar as decisões iniciais;
atividades básicas que seguem um ciclo iterativo do tipo: projetar (gerar
alternativas) – construir – testar – otimizar;
manipulação e geração de alto volume de informações;
informações e atividades provenientes de diversas fontes e áreas da
empresa e da cadeia de suprimentos;
multiplicidade de requisitos a serem atendidos pelo processo,
considerando todas as fases do ciclo de vida do produto e seus clientes.
Ainda segundo Amaral et al. (2006), três tipos de projetos baseados em
inovação:
projetos radicais (breakthrough): são os que envolvem significativas modi-
ficações no projeto do produto ou do processo existente, podendo criar
uma nova categoria ou família de produtos para a empresa. Nesse tipo de
projeto são incorporadas novas tecnologias e materiais, que por sua vez
também requerem um processo de manufatura inovador.
projetos plataforma ou próxima geração: representam alterações significa-
tivas no projeto do produto e/ou processo, sem a introdução de novas
tecnologias ou materiais, mas representando um novo sistema de solu-
ções para o cliente. Esse novo sistema de soluções pode representar uma
próxima geração de um produto ou de uma família de produtos
anteriormente existente ou pode representar o projeto de uma estrutura
básica do produto, comum a diversos modelos que compõem uma família
de produtos. Para funcionar como plataforma, um projeto deve suportar
25
toda uma geração de produtos ou de processos e ter ligação com as
gerações anteriores e posteriores do produto.
projetos incrementais ou derivados: criam produtos e processos que são
derivados, híbridos ou com pequenas modificações em relação aos
projetos já existentes. Esses projetos incluem versões de redução de
custo de um produto e projetos com inovações incrementais no produto
e/ou no processo produtivo. Requerem menos recursos, pois partem dos
produtos ou processos existentes, estendendo a sua aplicabilidade e ciclo
de vida.
Na sequência são apresentadas ferramentas ou atividades relacionadas ao
desenvolvimento de produtos e processos produtivos.
2.3 ENGENHARIA SIMULTÂNEA
Segundo Fine (1999), a engenharia simultânea busca melhorar o
desempenho da fabricação de produtos, não apenas efetuando mudanças na
fábrica, substanciais ou incrementais, como por exemplo, pela automatização de
operações de montagem, mas também coordenando ou sincronizando o projeto de
desenvolvimento dos produtos com os sistemas de produção existentes na fábrica,
de modo a melhorar a manufaturabilidade, ou seja, a forma como as coisas são
feitas na produção.
Para Hartley (1998), a engenharia simultânea, ou concurrent engineering (CE)
como é mais conhecida, parte da confiança no trabalho em equipe e na adoção de
certas cnicas específicas, em resposta à necessidade de melhorar os resultados
da empresa. Sendo assim, são importantes o enfoque de equipe e o uso de técnicas
disciplinadas, uma vez que nenhum dos dois elementos oferece ganhos potenciais
sem a presença do outro. Também é preciso manter os registros das mudanças do
projeto, dos ensaios realizados, dos experimentos e dos processos, para permitir
que se possa, a qualquer momento, identificar como se chegou até a situação atual
e quais os impactos de cada uma das ações tomadas sobre o projeto como um todo.
26
Para Leite et al. (2007), a engenharia simultânea é o processo no qual os
responsáveis por qualquer das atividades envolvidas em um determinado programa
têm a oportunidade de participar do projeto, desde os primeiros instantes, pois esse
processo está presente nas metodologias de gerenciamento do desenvolvimento de
produtos ou processos. Então, manufatura, qualidade, suprimento, fornecedores e
serviço devem obrigatoriamente estar representados junto ao desenvolvimento do
produto desde o início deste processo, de modo que possam interferir no projeto
ainda no nascedouro, para minimizar custos e otimizar recursos e prazos.
A engenharia simultânea pode auxiliar na produção enxuta, termo esse muito
utilizado nas empresas japonesas de montagem de automóveis, ou no projeto para a
manufaturabilidade, também conhecido pela sigla DFM, referente a design for
manufacturability (FINE, 1999).
Para Galina e Santos (1998), o conceito mais utilizado para engenharia
simultânea é um processo no qual um novo produto ou novo modelo significativo de
uma linha de produtos existente é projetado, desenvolvido, fabricado e
comercializado de maneira diferente do desenvolvimento de produtos tradicional, em
série. As principais áreas relacionadas com a criação do produto devem estar
continuamente envolvidas com o seu desenvolvimento, desde a idealização até as
vendas. Assim, a engenharia simultânea tem como objetivo a redução de custo ao
longo do ciclo de vida do produto, o melhoramento da qualidade, a diminuição dos
tempos de desenvolvimento e a redução do tempo de introdução no mercado
(GALINA E SANTOS, 1998; HARTLEY, 1998).
Antes da aplicação ou difusão da engenharia simultânea, os projetistas
ficavam em seus laboratórios desenvolvendo as inovações tecnológicas e depois
deixavam para os operários, técnicos ou engenheiros de produção a tarefa de
descobrir como eles produziriam determinado produto ou peça, em escala elevada e
com custo baixo, que viabilizasse a produção e manutenção industrial. Esses, por
sua vez, passavam as suas necessidades de fabricação, tanto em peças como de
maquinário para produzi-las, para o departamento de compras. Assim, o
departamento de compras tinha que buscar fornecedores que abastecessem as
27
fábricas onde os novos itens estavam sendo produzidos em grande escala com
componentes e materiais de baixo custo e em conformidade com as especificações.
Esse sistema, ou essa maneira de trabalhar, “jogava por cima do muro” a
responsabilidade pela continuidade do trabalho, pois a empresa, muito semelhante a
um castelo medieval, erigia muros protetores em torno de determinados grupos,
funções ou departamentos, deixando de fora os estranhos (FINE, 1999). O
laboratório de desenvolvimento de novos produtos é um bom exemplo de lugar
cercado pelos muros mais elevados dentro da empresa. Os engenheiros, quando
inventam um novo produto, atiram seus projetos por cima do muro do laboratório
para o pessoal da fabricação, que às vezes tem que adivinhar o objetivo do projeto e
como executá-lo (FINE, 1999).
Outro problema com relação à falta de engenharia simultânea, levantado por
Fine (1999), é a estrutura organizacional de determinadas empresas em que,
quando se precisa desenvolver novos produtos ou projetos, o chefe de projeto toma
“emprestados” engenheiros e outros profissionais especializados de outros
departamentos. Porém, esses engenheiros se identificam com o seu departamento
de origem e não com o grupo ao qual são designados temporariamente, causando
assim pouca aderência e empenho no novo projeto, não oferecendo uma forte
dedicação, podendo ocasionar um prazo maior e qualidade inferior nos resultados
obtidos.
Ainda para Galina e Santos (1998), o princípio básico da engenharia
simultânea é modificar a abordagem tradicional de desenvolvimento de produtos, na
qual a criação do produto segue uma trajetória sequencial através das diferentes
áreas funcionais das empresas.
Fine (1999), elenca nove passos críticos, para a utilização da engenharia
simultânea de forma efetiva nas empresas:
1 analisar primeiramente o projeto arquitetônico dos processos e produtos,
de modo a identificar os problemas fundamentais ou principais;
28
2 desmembrar o produto e os processos nas suas partes componentes, ou
subsistemas, e identificar as interações ou relações em cada uma delas e
entre si;
3 alinhar as exigências para o projeto efetivo do produto sico com as do
projeto do processo e da estrutura organizacional;
4 explorar as alternativas para o projeto do produto básico e para os
processos de fabricação;
5 estimar inicialmente os custos da adoção de várias opções de processos
de fabricação;
6 estimar inicialmente as exigências de prazos para a execução de diferentes
opções de projeto;
7 identificar e atenuar quaisquer gargalos ou pontos críticos no processo de
engenharia simultânea;
8 gerenciar o processo de elaboração do projeto com equipes multifuncio-
nais, trabalhando de forma simultânea;
9 alinhar os incentivos referentes ao projeto, de modo que as opções
excludentes associadas com a seleção dos projetos alternativos sejam
exercidas sob uma perspectiva global, relacionada com o ciclo de vida do
produto.
A engenharia simultânea tem a intenção de auxiliar as organizações a
ganharem tempo e reduzirem custos no desenvolvimento de novos produtos e
processos para sua fabricação, sendo que a virtualização, ou utilização da Internet e
de algumas ferramentas de TI para isso pode beneficiar as organizações,
consolidando a engenharia simultânea (FINE, 1999; GRAEML e MACADAR, 2007).
29
2.4 REALIDADE VIRTUAL E AMBIENTES VIRTUAIS
Esses dois termos, realidade virtual e ambiente virtual, estão intimamente
ligados ao contexto da virtualização do desenvolvimento de novos produtos e
processos, pois a utilização de ambientes virtuais, em que os usuários podem trocar
informações e simular on-line determinada parte de um produto ou peça em
desenvolvimento, ou de um determinado processo, permite verificar eventuais
problemas em uma peça protótipo que está disponível apenas na tela do
computador (VALERIO NETTO et al., 2002; SISLAK e VALCUHA, 2005). Sistemas
de CAD (computer-aided design) 3D possibilitam trocar informações sobre peças e
simular a sua interação com outras peças eletronicamente, reduzindo custo e tempo,
que certamente seriam desperdiçados se a peça exigisse a construção de um
protótipo real (GRAEML, 2004; VALERIO NETTO et al., 2002; SISLAK e VALCUHA,
2005).
Para Banerjee e Zetu (2001), a realidade virtual pode ser definida como uma
habilidade para criação ou interação em um espaço cibernético, representado por
um ambiente que busca a similaridade com a realidade à volta. Em termos muito
simples, realidade virtual trata-se de um ambiente sintético, geralmente gerado em
computador, embora não necessariamente, que dá a uma pessoa um sentimento ou
senso de realidade (MA et al., 2007). Assim, a realidade virtual é uma espécie de
espelho da realidade física, onde tudo pode ser refletido e percebido em tempo real
e em três dimensões, permitindo a interação constante do usuário com a simulação
proporcionada pela ferramenta de TI adotada (VON SCHWEBER e VON
SCHWEBER, 1995 apud VALERIO NETTO et al., 2002).
Segundo Ma et al. (2007), realidade virtual é uma tecnologia, frequentemente
considerada como uma extensão natural aos gráficos tridimensionais
computadorizados, com avançados dispositivos de entrada e de saída de
informação. Esta tecnologia somente recentemente amadureceu o suficiente para
suportar aplicações complexas de engenharia. Atualmente diversas empresas,
assim como agências governamentais, estão investigando a aplicação de técnicas
de realidade virtual nos projetos e processos de manufatura. O emprego dessa
30
tecnologia é apropriado, ou suficiente, para demonstrar sua praticidade ou utilidade
na condução de projetos de um produto dentro da realidade virtual.
Assim como Ma et al. (2007), Liu e Tan (2007) também acreditam que a
realidade virtual se torna cada vez mais madura para a aplicação em engenharia e
acrescentam que a pesquisa sobre o conjunto virtual, composto por realidade,
ambiente, projeto e montagem de componentes tem aumentado rapidamente nos
últimos anos.
Ainda segundo Liu e Tan (2007), pesquisadores têm realizado estudos de
montagens virtuais sobre aspectos de simulação de montagem, de planejamento de
montagem, de desmontagem virtual, de análise do fator humano na montagem e
também sobre a tarefa de treinamento de montagem.
A realidade virtual contribui para a identificação antecipada de dificuldades
existentes em projetos criados em sistemas CAD 3D, possibilitando a redução do
ciclo de desenvolvimento integrado do projeto e eliminando erros antecipadamente,
que acarretariam custos altos ou desnecessários se o projeto fosse conduzido de
forma tradicional, pois qualquer falha seria detectada apenas após a construção
física do protótipo do produto (GRAEML, 2004). Um dos setores que mais se
beneficiou com as novas tecnologias de CAD foi o da indústria automobilística, onde
o emprego da realidade virtual é cada vez mais frequente nos projetos de
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos (DUARTE e
BARBERATO, 2003; VALERIO NETTO et al., 2002).
Nesse contexto, pode-se dizer que a realidade virtual está inserida dentro de
um ambiente virtual de que faz parte, o qual, por sua vez, é proporcionado pela
Internet e outras ferramentas e recursos de TI atualmente disponíveis. Segundo
Banerjee e Zetu (2001), a realidade virtual está intimamente associada ao ambiente
que se conhece normalmente como ambiente virtual em que o usuário interage com
imagens virtuais, causando-lhe a sensação de imersão em um espaço sintético,
proporcionado por meio de programas de computador.
31
Também se pode citar que as ferramentas de projeto auxiliado por
computador, especialmente o CAD tridimensional, o recursos importantes para a
virtualização de desenhos, e isso se tornou fundamental para o desenvolvimento do
projeto de produtos em ambientes virtuais onde, conforme mencionado, se pode
trocar informações com extrema velocidade e simular situações antes impossíveis
(VALERIO NETTO et al., 2002).
Por fim, ambientes virtuais podem ser muito úteis para a geração de ideias,
sendo essa etapa fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou o
aperfeiçoamento dos produtos existentes (BORGES e NAVEIRO, 2005).
Aproveitando-se da conectividade e interatividade proporcionadas pelas mais
variadas ferramentas de comunicação e interação suportadas pela Internet e por
outras tecnologias da informação, pode-se montar equipes multidisciplinares, mesmo
que seus integrantes estejam alocados em diferentes regiões, fazendo com que eles
consigam trocar ideias sobre determinado produto, virtualmente (GRAEML, 2004;
SISLAK e VALCUHA, 2005).
2.5 PROJETO BASEADO EM SIMULAÇÃO VIRTUAL
A simulação virtual corresponde ao tipo mais antigo de realidade virtual, tendo
sido utilizada pela primeira vez nos simuladores de vôo após a Segunda Guerra
Mundial. Esses simuladores imitavam a cabine de um avião ou jato em que todos os
comandos e telas apresentavam uma realidade virtual, ou um mundo virtual, que
reagia aos comandos do usuário (VALERIO NETTO et al., 2002).
Os ambientes virtuais também são utilizados em diversas partes de projetos
de desenvolvimentos de produtos e em diferentes momentos, em especial em
simulações e testes (VALERIO NETTO et al., 2002). Um bom exemplo é a utilização
para testes de simulação de impacto (life-sized crash) adotados pela indústria
automotiva: o veículo virtual colide com uma parede que pode ser construída com
vários tipos de materiais, tudo virtualmente. Os resultados podem ser analisados
tridimensionalmente e fornecem uma melhor visão da deformação a que seriam
submetidos os diversos componentes. Algumas partes do veículo projetado no
32
ambiente virtual, (virtualmente) deformadas ou avariadas com a batida, e que podem
prejudicar um exame mais detalhado da deformação ocorrida, podem ser
gradualmente removidas do modelo. Uma grande gama de testes pode ser
executada nesse tipo de simulação do mundo real, sem o custo de se destruir um
veículo a cada teste (DUKIC et al., 2007).
A simulação virtual, particularmente a aplicada no desenvolvimento de novos
veículos, tem contribuído bastante nas definições de montagem de componentes ou
peças, na linha de produção, pois por meio dessa ferramenta é possível verificar
todas as montagens que podem ser realizadas para uma determinada peça e até
mesmo evitar o desenvolvimento de peças que não permitam a montagem na linha
de produção, ou que sejam ergonomicamente inviáveis de ser manipuladas pelos
operadores (BANERJEE e ZETU, 2001). Quando se detecta que uma determinada
peça não poderá ser montada na linha de produção pelos operadores, pode-se
dividi-la em mais componentes, permitindo assim a sua manuseabilidade ou
manufaturabilidade (DUKIC et al., 2007).
Com relação à ergonomia de montagem de componentes, que é desenvolvida
e verificada virtualmente, utilizando-se as mais diferentes ferramentas de simulação
virtual, pode-se definir com exatidão que tipo biofísico de montador é recomendado
para cada tipo de montagem dos componentes de veículos, indicando a altura e o
peso ideal para cada processo, fazendo com que as montagens sejam
ergonomicamente perfeitas, diminuindo problemas de saúde nos montadores
(DUKIC et al., 2007).
Já existem também ambientes interativos e imersivos para processos de
montagem e desmontagem de produtos ou de parte deles (packaging studies). Estes
ambientes permitem avaliar montagens e procedimentos de manutenção por meio
de critérios de engenharia, ergonomia e eficiência, em um tempo menor, sem os
custos de se construir e testar o produto real e com a oportunidade de se testar
várias alternativas até se chegar a uma solução satisfatória (VALERIO NETTO et al.,
2002).
33
Essa ferramenta está sendo utilizada em larga escala, principalmente pela
indústria automobilística no desenvolvimento de novos veículos, devido à demanda
crescente por novos produtos em um espaço de tempo cada vez menor, obrigando
as empresas a otimizar o desenvolvimento do projeto e do produto em si, eliminando
etapas morosas e de alto custo, como a realização do protótipo real do veículo
(DUKIC et al., 2007).
Outro ponto importante, além da verificação e definição das operações de
montagens na linha de produção, que são definidas virtualmente, é a possibilidade
de as montadoras de automóveis definirem como será a manutenção dos
componentes do veículo nos concessionários ou oficinas, desenvolvendo métodos
de desmontagem e montagem, que são divulgados nos procedimentos e instruções
para os mecânicos, assim como no manual do veículo entregue para o cliente
(DUKIC et al., 2007).
Os sistemas ou ferramentas de CAD estão recebendo cada vez mais
conhecimentos específicos, transformando-se em plataformas de KAD (knowledge
aided design), que podem incorporar conhecimentos relativos ao processo de
fabricação dos componentes projetados, conseguindo simular e projetar não o
produto final, mas todo o seu processo de fabricação, orientando os projetistas a
fazerem modificações em seu projeto para melhorar a sua manufaturabilidade
(BORGES e NAVEIRO, 2005). Este ponto é fundamental no planejamento dos
processos de montagem para um determinado produto ou componente de produto,
permitindo assim que se faça a sua modularização ou customização, diminuindo o
tempo de ciclo da montagem total e, assim, atendendo mais rapidamente o cliente,
mesmo no caso de pedidos de produtos diferenciados ou especiais. Outros sistemas
desse tipo podem realizar simulações e testes virtuais, possibilitando que conceitos
sejam visualizados na tela do computador com todo o realismo que terão depois dos
produtos prontos (BORGES e NAVEIRO, 2005). Esses sistemas de realidade virtual
são utilizados para análise de comportamento dos produtos em condição de uso e
possibilitam o contato com o usuário antes mesmo de um protótipo físico ser
construído, se é que ele será necessário em algum tempo (GRAEML e CSILLAG,
2003; BORGES e NAVEIRO, 2005).
34
2.6 PROTOTIPAÇÃO VIRTUAL
Ambientes virtuais podem ser aplicados para prototipação no projeto de
desenvolvimento de um novo produto ou aperfeiçoamento dos existentes, de forma
totalmente virtual, baseados em informações reais inseridas em um sistema
computacional, permitindo dessa forma que se projete qualquer peça, produto ou
ferramenta de forma rápida e eficaz (GRAEML, 2004). Esses protótipos virtuais,
geralmente realizados em CAD tridimensional, podem ser alterados facilmente e
quantas vezes for necessário. Isto incentiva a realização de um grande número de
testes com esses protótipos devido ao baixo custo que a ferramenta de TI
proporciona. Além disso, outra vantagem é que todas as informações geradas nesse
processo podem ser trocadas eletronicamente entre os diversos participantes do
processo de desenvolvimento (VALERIO NETTO et al., 2002).
As principais vantagens da prototipação virtual segundo Valério Netto et al.
(2002), para os processos industriais são:
redução de tempo: o parâmetro tempo nos dias de hoje é um dos mais
importantes fatores para a indústria. O tempo de mercado (time-to-market)
é a chave do marketing que diferencia a empresa dos competidores;
diminuição de custos: os protótipos virtuais podem reduzir a necessidade
de se fazer um grande número de protótipos físicos, o que possibilita uma
diminuição no tempo de desenvolvimento, no custo com os protótipos
físicos e do trabalho humano empregado no projeto. Também
diminuição da quantidade de ferramentas e materiais utilizados para a
confecção do protótipo físico. Os resultados do protótipo virtual são
obtidos mais rapidamente, proporcionando feedback para o projeto, antes
dos custos da produção estarem fixados, ou seja, permitindo que ajustes
mais profundos ainda possam ser feitos no produto e no processo
produtivo, que proporcionem economia na fase posterior de produção e
colocação do produto no mercado;
melhoria da qualidade: simulações com diferentes alternativas para um
projeto podem ser realizadas mais rapidamente, permitindo a validação de
35
diversas soluções e a escolha daquela que satisfaça melhor os
parâmetros especificados pelo cliente e que apresente o menor custo.
Segundo Jons (1997), o protótipo físico restringe muito o projeto de
desenvolvimento de produtos. O protótipo virtual facilita e simplifica essa etapa,
apresentando algumas características que o tornam uma opção interessante:
permite o projeto do produto, com boa visualização da sua aparência e
boa percepção da sua funcionalidade;
permite a construção do produto (protótipo virtual) sem as restrições e
custos envolvidos na construção do protótipo físico;
permite o teste do produto (protótipo virtual) para verificar seu futuro
desempenho;
permite a operação do produto (protótipo virtual) em um ambiente realista
e com controle humano.
De acordo com Sutcliffe et al. (2005), a prototipação virtual não traz somente
vantagens, também podem ser apontados alguns problemas com relação a ela, que
não são relacionados diretamente a prototipação em si, mas às limitações da
tecnologia de realidade virtual, dentre as quais se pode citar:
operação com a presença do usuário: o usuário pode ser representado no
mundo virtual por um simples cursor, ou ainda, por uma mão ou por um
avatar uma representação gráfica de um utilizador ou usuário de
realidade virtual) de corpo inteiro. A presença pode ser controlada por uma
variedade de dispositivos que variam de um mouse 3D, um joystick ou
luvas especiais para realidade virtual. Muitos ambientes virtuais possuem
instrumentos de controle que permitem que os usuários “voem” dentro
desse ambiente e possam alcançar e selecionar objetos distantes do raio
de alcance ou operação. A presença e os controles do usuário podem
36
causar muitos problemas desde que forneçam uma renderização
1
menor
do que perfeita ou normal da ação natural do usuário;
falta de retorno háptico: protótipos virtuais não têm retorno háptico, não
informando ou passando para o usuário a sensação ou representação de
objeto sólido. Problemas causados pela falta de retorno háptico ocorrem
frequentemente com manipulações complexas. Para diminuir ou
compensar a falta de retorno háptico, muitas aplicações utilizam retornos
visuais como detecção de colisão com objetos selecionados no ambiente
virtual. Esses problemas podem ser evitados com a ampliação do desenho
do protótipo, no CAD ou programa específico no computador, em que as
superfícies interativas são modeladas como as do mock-up ou protótipo
físico, mas em muitos ambientes virtuais, esse recurso de aumento de
desenho é muito caro;
gráficos inadequados: muitos ambientes virtuais dispõem de recursos de
renderização limitados, não proporcionando detalhes foto-realísticos, ou
realidade da figura projetada. Embora os operadores possam realizar as
atividades normalmente, sem a representação visual detalhada, detalhes
gráficos são de extrema importância quando se tem um protótipo virtual
com uma complexidade maior, que exige a observação de todos os
detalhes.
Ainda segundo Sultcliffe et al. (2005), o realismo da realidade virtual está
condicionado ou contingenciado pelo realismo das imagens gráficas geradas em 3D
e, mais criticamente, pela ausência de retorno háptico. Consequentemente, as
dificuldades com as experiências com protótipos virtuais podem ser causadas por
problemas de usabilidade ao invés de defeitos do desenho ou defeitos gráficos,
podendo até causar erros de interpretação do problema apresentado.
1
A renderizão é a conversão de um objeto 3D para uma representação em 2D, seja para
obter uma imagem estática, seja para obter imagens foto-realísticas em deo (animão 3D)
(SULTCLIFFE et al. 2005).
37
2.7 AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS
Como as atividades de desenho e manufatura são as principais etapas no
desenvolvimento de produtos, a virtualização de projetos, assim como a simulação e
prototipação virtuais, são os principais fatores motivadores da colaboração entre os
membros das equipes de desenvolvimento, fazendo-os repensar a maneira como
trabalham. Os ambientes virtuais permitem que engenheiros envolvidos em um
determinado projeto trabalhem simultaneamente nele, ainda que não compartilhem o
mesmo ambiente físico (GRAEML, 2004; SISLAK e VALCUHA, 2005).
Segundo Valério Netto et al. (2002), o ambiente virtual colaborativo é a
tentativa de utilização da realidade virtual para a integração de várias pessoas
fisicamente distantes ao mesmo mundo artificial, tentando torná-lo o mais natural
possível, superando a distância por meio da comunicação em rede proporcionada
pela Internet. Esse ambiente virtual permite o acesso simultâneo de diversos
usuários a um sistema ou ferramenta de realidade virtual que suporta o trabalho
cooperativo. Banerjee e Zetu (2001) acrescentam que, usando avançados sistemas
de realidade virtual, membros de uma equipe geograficamente dispersa podem se
encontrar no mesmo ambiente de desenho virtual para discutir e implementar
mudanças nos protótipos.
Outro termo utilizado para ambientes virtuais colaborativos é CSCW
(computer supported cooperative work), que engloba uma grande variedade de
aplicações direcionadas para o trabalho em equipe (GRAEML e MACADAR, 2007).
O CSCW pode ser utilizado para o desenvolvimento e construção de sistemas
informatizados para grupos ou organizações, porém, ainda não está em
consonância com os desejos dos usuários, faltando-lhe a captura de nuances,
verificadas somente nos processos de comunicação presencial.
Embora a comunicação e interação virtuais estejam cada vez mais próximas
do que antes era possível quando os diversos envolvidos encontravam-se
fisicamente no mesmo ambiente, ferramentas como o Groupware têm avançado na
disponibilização de um ambiente computacional que implementa os processos de
apoio a cooperação (BORGES e NAVEIRO, 2005).
38
Conforme Kock (2006), a mensagem instantânea é uma ferramenta que está
ganhando espaço no mundo dos negócios, como alternativa para a comunicação em
ambientes colaborativos virtuais, devido a proporcionar uma grande interação entre
os membros de uma determinada equipe. A sua utilização não é maior que a dos e-
mails, porém é bem mais eficiente em um trabalho ou ambiente como esse. A
ferramenta não é mais eficiente e mais utilizada por causa do sistema natural de
comunicação humana, que se adapta melhor à oralidade proporcionada pelo
telefone (KOCK, 2006).
Segundo Tavcar et al. (2005), para se extrair o melhor do desenvolvimento
virtual de um projeto, existem nove requisitos principais para se trabalhar em
equipes virtuais globais, quais sejam:
1 Preparação para o projeto virtual de desenvolvimento: algumas atividades
são necessárias para o início das atividades nos ambientes virtuais
colaborativos, como a definição dos membros da equipe, a verificação de
equipamento e infraestrutura necessários para o desenvolvimento das
atividades, o bom conhecimento dos membros da equipe, entre outros;
2 Gerenciamento do projeto: para um ambiente virtual é indispensável à
escolha de um competente e eficiente líder no início do projeto. O líder do
projeto tem que ajustar a sua função ao ciclo de vida da equipe virtual, além
de especificar os objetivos e métodos de trabalho do projeto e construir
confiança entre os membros virtuais da equipe;
3 Apresentação e entendimento dos objetivos: o trabalho em equipes
virtuais depende de um claro entendimento dos objetivos por parte de todos
os envolvidos. Feedback é necessário durante a distribuição das atividades
para se verificar se todos entenderam o que precisa ser feito;
4 Determinação dos métodos de trabalho e comunicação entre os membros
da equipe: quanto maior a complexidade do trabalho a ser desenvolvido,
maior deve ser a comunicação entre os membros da equipe;
39
5 Regulamentações legais dos relacionamentos entre os membros da
equipe virtual: deve ser adotada uma clara regulamentação legal do
relacionamento dos membros da equipe como pré-requisito para um diálogo
aberto e forte de colaboração;
6 Treinamentos dos membros da equipe: treinamentos específicos para a
utilização de ferramenta computacional que permita dividir o projeto que está
sendo desenvolvido. A fluência em uma língua estrangeira, como o inglês, é
importante, assim como a correta utilização dos equipamentos de
comunicação, para que cada membro da equipe possa ser independente,
mostrar iniciativa, criatividade e confiança na tarefa a ser executada;
7 Familiarização dos membros da equipe e construção da confiança entre
eles: é muito importante o estabelecimento de um relacionamento pessoal e
de confiança entre os integrantes da equipe virtual para um diálogo criativo e
efetiva cooperação. Isso pode ser facilitado pelo líder do projeto, fazendo-se
necessária a apresentação profissional e pessoal dos membros da equipe
virtual no início do projeto;
8 Trabalho do projeto: monitoramento e adaptabilidade do projeto em
execução, uma boa divisão das diferentes tarefas, troca de informações sobre
o projeto virtual e fácil acesso a elas são importantes ;
9 – Conclusão do trabalho: é necessário que se assegure que o projeto esteja
totalmente concluído e que se tenha fácil acesso ou contato com os membros
da equipe para qualquer eventual necessidade de complementação ou
correção de alguma etapa ou tarefa.
2.8 MANUFATURA VIRTUAL
Até o momento foi discutido o processo de desenvolvimento de produtos,
comentando-se superficialmente sobre os processos produtivos utilizados para a
produção ou montagem desses produtos desenvolvidos com o suporte de realidade
e ambientes virtuais. Esse item discute em maior profundidade a possibilidade da
40
manufatura virtual, que auxilia as empresas a reduzir o custo do produto e aumentar,
assim, sua competitividade no mercado (HIBINO et al., 2006).
A manufatura virtual, segundo Banerjee e Zetu (2001), é o modelamento do
sistema de manufatura ou fabricação por meio da aplicação efetiva de recursos de
ordem audiovisual, ou de incrementos sensoriais, para simular ou desenhar
alternativas para o atual ambiente de fabricação, principalmente adotando-se o uso
efetivo de computadores.
A motivação principal para utilização dessa ferramenta é a possibilidade de
desenvolver a habilidade de prever problemas ou ineficiências potenciais no
funcionamento ou montagem dos produtos e no processo de manufatura
propriamente dito, antes que o processo em si ocorra na prática, ou de forma real.
Um termo utilizado por Banerjee e Zetu (2001) para definir manufatura virtual é
manufatura ou fabricação ágil. O termo se aplica, pois, muitas vezes, precisa-se
efetuar de forma ágil e rápida a integração completa entre os três recursos primários
e essenciais para o processo de fabricação, que são: a organização, as pessoas e
as tecnologias. Uma forma de se conseguir isso é por meio das estruturas de
gerenciamento e organização de inovações, uma boa base de pessoas com
habilidades de conhecimento e empoderamento, flexibilidade e tecnologias
inteligentes, e considerando-se que a agilidade se concentra na habilidade de fazer
mudanças rápidas nos produtos e nos processos, baseando-se na voz do cliente, a
manufatura virtual é uma ferramenta importante para sua consecução (BANERJEE e
ZETU, 2001).
Para Jain et al. (2001), a manufatura virtual é uma possibilidade de integrar os
diferentes subsistemas de fabricação de uma empresa e validar com os envolvidos,
independentemente da sua posição na hierarquia, todas as atividades
desempenhadas pela fábrica, de forma rápida e integrada. Isto permite que todos
possam compartilhar as mesmas informações e, com base nelas, possam tomar
decisões sobre a produção de determinado produto, sem ter que montá-lo na
prática. Um exemplo da aplicação dessa facilidade é verificar quanto tempo levaria
para ser montado determinado produto com demanda especial, verificando seu
41
tempo de ciclo, utilizando os recursos da manufatura virtual, e determinando assim
se é viável ou não a montagem real ou física, que consistiria um estágio futuro.
Ainda segundo Jain et al. (2001), a manufatura virtual pode ser utilizada como
uma ferramenta de gerenciamento de mudanças, proporcionando informações a
respeito de mudanças a serem potencialmente implementadas na linha de produção
de determinada empresa muito antes de elas efetivamente ocorrerem e permitindo,
assim, verificar se tais mudanças são viáveis, se terão impacto em custo ou tempo,
auxiliando dessa forma os gerentes na tomada de decisão sobre novos produtos ou
processos.
Ainda para Banerjee e Zetu (2001), a manufatura virtual auxilia na integração
dos sistemas de produção e esses, por sua vez, podem fornecer funções para a
especificação, desenho, engenharia, simulação, análise e avaliação do sistema de
produção. Esses autores mencionam algumas das funções que podem ser
facilitadas e incluídas na manufatura virtual e, consequentemente, na integração dos
sistemas de produção:
identificação da especificação dos produtos e requisitos do sistema de
produção;
análise de produtividade individualizada por produto a ser montado ou
produzido;
modelagem e especificação dos processos de manufatura ou fabricação;
medição e análise das capacidades dos processos;
modificação dos desenhos dos produtos para garantir a manufaturabili-
dade;
desenho da planta fabril assim como de suas facilidades ou das utilidades
necessárias para funcionamento;
simulação e análise do desempenho do sistema de produção;
consideração das variáveis de redução de custo dos diferentes processos,
sistemas, ferramentas e materiais de manufatura ou fabricação;
pesquisa e definição de equipamentos e sistemas de suporte para a
manufatura;
42
especificação de interfaces e da integração com os sistemas de
informação;
desenho ou definição das atividades e do posto de trabalho; e
gerenciamento, agendamento e acompanhamento dos projetos
relacionados com a manufatura.
Quando fábricas inteiras têm um valor elevado ou quando o produto que se
fabrica é de alto valor agregado, em que o ambiente de manufatura é de extrema
importância para a empresa, esta precisa de boas ferramentas que auxiliem de
forma coerente na tomada de decisão sobre a forma, implantação e
operacionalização do seu sistema produtivo (BANERJEE e ZETU, 2001).
2.9 GERENCIAMENTO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO
Sendo o desenvolvimento de novos produtos um dos mais importantes
processos para uma empresa, pois é uma atividade recorrente ou cíclica e capaz de
proporcionar a inserção de inovação na empresa (CUNHA E FACHINELLO, 2004) e
considerando que esse processo movimenta um grande volume e variedade de
informações dentro da empresa, surge o conceito de gestão do ciclo de vida do
produto (product lifecycle management PLM), com o intuito de organizar o fluxo de
informações e os procedimentos referentes à gestão de produto. Para Cunha e
Fachinello (2004), o conceito de PLM refere-se à capacidade de gerenciar,
coordenar e executar as atividades de engenharia e gerenciamento durante todo o
ciclo de vida de um determinado produto, para realizar a entrega de um produto final
com o menor custo de aquisição e utilização. O conceito de PLM faz a integração de
uma diversidade de disciplinas, métodos, ferramentas e sistemas, abrangendo
desde o desenvolvimento de produtos, propriamente dito, passando pela gestão dos
sistemas de fabricação, com suas respectivas atividades e ferramentas, até os
sistemas de gerenciamento.
Segundo Ming et al. (2007), o gerenciamento do ciclo de vida do produto é
reconhecido como uma ferramenta tecnológica capaz de aumentar a velocidade de
desenvolvimento de um produto, modificando a sua manufatura e gerenciando a sua
43
cadeia de suprimentos, melhorando assim a eficiência de retorno financeiro sobre o
ciclo de vida do produto.
Ainda segundo Ming et al. (2007), o PLM, como é mais conhecido, é capaz de
criar colaboração na criação, gerenciamento, disseminação e uso dos produtos de
forma virtual, integrando as pessoas, processos e tecnologias, tornando possível,
dessa forma, gerenciar uma gama grande de produtos, processos e serviços, desde
o conceito inicial, passando pelo design e engenharia, até a disposição final. Dessa
forma, o PLM oferece às empresas uma maneira rápida e melhor de planejar,
organizar, gerenciar, medir e entregar novos produtos para o mercado.
De acordo com Pustai (2007), o gerenciamento do projeto, o gerenciamento
da manufatura ou fabricação e o gerenciamento da colaboração entre as atividades
são os princípios do PLM, que é baseado primeiramente na proposta de tornar
possível o estabelecimento de cooperação interna na empresa, melhorando a
qualidade do trabalho em equipe e aprimorando as técnicas de comunicação. As
ferramentas de TI representam a base tecnológica para tornar possível essa nova
maneira de trabalhar e se comunicar em conjunto.
Assim como Ming et al. (2007), Pustai (2007) também acredita que o PLM
facilita o gerenciamento do ciclo de vida de uma gama grande de produtos de
determinada empresa.
Para Zheng et al. (2008), as empresas estão mais focadas em oportunidades
ou negócios globais e na colaboração com parceiros tecnológicos por meio do ciclo
de desenvolvimento de produto. Nos últimos vinte anos, surgiram muitas
tecnologias, como por exemplo, o CAD, para auxiliar o trabalho das empresas no
que diz respeito ao projeto e desenvolvimento de novos produtos e processos
produtivos. O PLM se somou a elas para estabelecer a mais importante estratégia
sistemática para o ciclo do produto na indústria de manufatura. Ainda para Zheng et
al. (2008), o PLM é uma estratégia de negócios que aplica um consistente conjunto
de soluções de suporte para criação colaborativa, gerenciamento, disseminação e
uso de informações na definição de produtos e isso é aplicado desde a concepção
44
até o fim da vida do produto e integra pessoas, processos, sistemas corporativos e
sistemas de informação.
2.10 ENVOLVIMENTO DO CLIENTE NO PROJETO DO PRODUTO
Segundo Nambisan e Nambisan (2008), muitas empresas conhecidas no
mercado, estão criando links virtuais com os clientes nas áreas de inovação e
agregação de valor, por meio de fóruns baseados em tecnologia. Esses fóruns,
conhecidos como ambientes virtuais para clientes, representam um importante meio
de comunicação entre os clientes e os grupos de desenvolvimento de produtos nas
empresas que os adotam.
Conforme Füller (2006), todos os clientes participam de algum tipo de
interação virtual para o desenvolvimento de novos produtos, porque demonstram
certo interesse por determinado produto e esse interesse, por sua vez, pode
aparecer por alguns fatores, que são divididos de duas formas: motivos intrínsecos e
motivos extrínsecos. Os motivos intrínsecos são aqueles que provêm diretamente
dos usuários, como curiosidade, satisfação, envolvimento, criatividade, desafios
positivos, entre outros, que ocorrem de dentro para fora. Os motivos extrínsecos são
direcionados do ambiente para os indivíduos, motivando-os a participar dessas
comunidades ou projetos virtuais. Podem ser compostos por recompensas
financeiras e não financeiras, reconhecimento, prêmios, benefícios, entre outros.
Os fatores motivadores para a participação dos clientes ou consumidores no
desenvolvimento de novos produtos podem ser divididos em dez categorias
principais, que são: compensação ou reconhecimento monetário; altruísmo ou ajuda
comunitária; reconhecimento ou visibilidade perante a sociedade; busca por
informações relevantes; demonstração de conhecimento ou da própria eficiência;
desenvolvimento de habilidades e aquisição de conhecimento; interesse intrínseco
por inovação; necessidade ou insatisfação pessoal; interesse em fazer novos amigos
ou conhecer novas pessoas e curiosidade (FÜLLER, 2006).
Para Nambisan e Nambisan (2008), os benefícios do envolvimento dos
clientes no desenvolvimento de produtos são visíveis, pois o sistema de
45
comunicação correto pode auxiliar as empresas a melhorar as inovações em seus
produtos ou processos e o relacionamento com seus clientes, baseado nas
experiências ou opiniões que esses fornecem através dos sites ou ambientes virtuais
disponibilizados pelas empresas.
Os clientes podem participar de diversas formas nos projetos, inclusive como
criadores ou conceituadores do produto, designers do produto, testadores,
especialistas de suporte e vendedores virtuais (NAMBISAN e NABISAN, 2008).
Todos esses papeis o desempenhados virtualmente em sites ou ambientes
disponibilizados pelas empresas.
Uma das principais utilizações desse tipo de ferramenta é o auxílio dos
clientes no desenvolvimento e aprovação de protótipos virtuais, que podem virar
produtos reais e que terão a aceitação facilitada no mercado, justamente pela
colaboração dos clientes no seu desenvolvimento (GRAEML, 2004; NAMBISAN e
NAMBISAN, 2008).
Segundo Füller (2006), a integração virtual dos clientes e consumidores no
desenvolvimento de novos produtos pode ser utilizada nas mais diversas atividades,
tais como no desenvolvimento de um calçado modular para basquetebol ou corrida,
no desenvolvimento de um sistema modular de desenho clássico de móveis, ou no
teste de desenho de coleções de toalhas e roupas de cama, ou na individualização
ou customização de novas funcionalidades em carrinhos para bebês, apenas para
citar alguns exemplos.
Os clientes ou consumidores participam do desenvolvimento ou teste virtual
de novos produtos por motivos intrínsecos, em geral, por necessidade de
conhecimento, curiosidade e auxílio criativo espontâneo para as empresas que
oferecem esses recursos virtuais. A participação está bem mais próxima da diversão
por parte dos clientes, do que de uma atividade profissional (FÜLLER, 2006).
2.11 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE FORNECIMENTO
Uma parte importante no desenvolvimento de novos produtos, projetos e
processos produtivos é o envolvimento da cadeia de fornecimento, pois os seus
46
integrantes são afetados diretamente por qualquer mudança significativa ou
incremental em qualquer aplicação de novas tecnologias ou novos
desenvolvimentos pela indústria ou empresa cliente, sendo dessa forma necessário
um bom gerenciamento da cadeia de fornecedores e consequentemente de todo o
fluxo de informação ao longo dela (MELNYK et al., 2010; HANDFIELD E LAWSON,
2007).
O gerenciamento da cadeia de suprimentos para fins de desenvolvimento de
produto/processo, apesar de ser menos comentado na literatura a respeito do
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos, tem a mesma
relevância que o envolvimento dos clientes nas atividades de projeto, podendo ser
conduzido em conjunto, para uma completa visão e interação das partes envolvidas.
Segundo Handfield e Lawson (2007), essa preocupação com a cadeia de
fornecedores, e em especial com o gerenciamento dela, é bastante recente, pois as
empresas estão vendo uma vantagem competitiva em desenhar e gerenciar
adequadamente a cadeia de fornecimento para que o desenvolvimento e
lançamento de um novo produto sejam feitos em um menor espaço de tempo,
contando com o apoio e comprometimento dos fornecedores para esse processo.
Quanto antes estiver desenhada a cadeia de fornecimento para o desenvolvimento e
produção de um novo produto, maiores serão as chances de sucesso nas tomadas
de decisão nesse processo (HANDFIELD E LAWSON, 2007).
De acordo com Melnyk et al. (2010), tradicionalmente a cadeia de
fornecedores oferecia para as empresas clientes três benefícios primários: redução
de custos, responsabilidade no assegurar o atendimento do cliente, segurança no
atender normas e qualidade. Porém, atualmente as empresas ou indústrias
reconhecem esses benefícios que trazem vantagens para elas e acreditam que
possam obter outros três benefícios: flexibilidade para manter a produção diante de
qualquer situação adversa, inovação através do desenvolvimento de novas
tecnologias e produtos para atender as demandas mais exigentes dos clientes ou
consumidores (MELNYK et al., 2010).
47
Para Handfield e Lawson (2007), um bom gerenciamento e boa integração da
cadeia de fornecimento têm um papel bastante importante para o sucesso de um
determinado projeto de desenvolvimento de um novo produto. Uma prática que pode
ser utilizada para esse processo é a integração com os fornecedores por meio de
ambientes colaborativos, que não devem se restringir ao ambiente de
desenvolvimento ou engenharia da empresa, mas incluir os fornecedores, que
podem trazer contribuições expressivas, especialmente em soluções alternativas,
aplicando inovação e redução de custos.
Handfield e Lawson (2007) consideram que os fornecedores, para atuarem
nessa modalidade de desenvolvimento conjunto com as empresas clientes, precisam
ter um elevado grau de responsabilidade e segurança, especialmente segurança na
qualidade de desenvolvimento e entrega das etapas do projeto. Qualquer erro ou
falha pode comprometer um projeto inteiro, levando-o eventualmente até ao
cancelamento, prejudicando financeiramente todas as empresas envolvidas. Esses
requisitos estão em conformidade e alinhados com os previstos por Melnyk et al.
(2010), quando tratam dos pontos importantes ao gerenciamento da cadeia de
fornecimento.
No próximo capítulo são apontados e descritos os procedimentos
metodológicos para coleta e análise dos dados, depois de apresentada a pergunta
de pesquisa e suas respectivas variáveis. Também se discutem questões ligadas à
população e amostra do estudo e o tratamento estatístico adotado na análise dos
dados coletados.
48
3 METODOLOGIA
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Neste capítulo é apresentado o problema de pesquisa, as perguntas de
pesquisa dele decorrentes, as categorias analíticas relacionadas ao problema, suas
respectivas definições constitutivas e operacionais, a delimitação e o delineamento
da pesquisa.
3.1.1 Perguntas de Pesquisa
A questão principal proposta para essa pesquisa é: Qual o impacto do uso da
Internet e de outras ferramentas de Tecnologia da Informação na virtualização de
atividades de desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos em
empresas do setor industrial do estado de São Paulo?
A partir dela surgiu o objetivo geral desse estudo, que, conforme enunciado
anteriormente, é verificar o impacto do uso da Internet e de outras ferramentas de
Tecnologia da Informação na virtualização de atividades de desenvolvimento de
novos produtos e processos produtivos em empresas do setor industrial do estado
de São Paulo.
Com base na revisão da literatura, algumas questões foram elaboradas para
auxiliar no atingimento do objetivo geral da pesquisa, as quais são apresentadas a
seguir e contribuem para a consecução dos objetivos específicos apresentados
anteriormente:
A Internet e outras ferramentas de TI causaram (ou estão causando)
mudanças na forma como as empresas industriais executam o
desenvolvimento de projetos de produtos?
A Internet e outras ferramentas de TI causaram (ou estão causando)
mudanças na forma como as empresas industriais executam o
desenvolvimento de projetos de processos produtivos?
49
Com que intensidade as empresas industriais utilizam protótipos virtuais
no desenvolvimento de produtos que ainda não existem fisicamente?
Com que intensidade as empresas industriais utilizam ambientes virtuais
permitindo experiências sensoriais em que um participante humano é
inserido em uma simulação de computador que proporciona sensações
visuais, auditivas e/ou táteis?
Com que intensidade empresas industriais utilizam ferramentas que
permitem a realização e a gestão do trabalho colaborativo de uma equipe
de pessoas que se encontram fisicamente dispersas para fins de projeto
do processo ou do produto?
3.1.2 Definição das Categorias Analíticas ou Variáveis
Nessa seção são discutidas as variáveis ou categorias analíticas da pesquisa.
Pode-se identificar nessa pesquisa três conjuntos de variáveis, sendo um
conjunto de variáveis relacionadas ao desenvolvimento de novos produtos e
processos produtivos, um conjunto de variáveis relacionadas ao uso da Internet, e
um conjunto de variáveis relacionadas às ferramentas ou atividades de TI em
projetos.
Depois de identificados os conjuntos de variáveis utilizadas para a elaboração
da pesquisa, parte-se para as definições, tanto constitutivas quanto operacionais, de
cada conjunto.
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos:
Definição constitutiva o desenvolvimento de novos produtos e processos
produtivos é um processo que busca melhorar o estado atual desses, não efetuando
apenas mudanças incrementais, mas também radicais, que têm o intuito de oferecer
algo novo ou inovador ao mercado ou atender a uma nova demanda dele
(FINE,1999; DOSI, 2006).
50
Definição operacional esse conjunto de variáveis é operacionalizado por
meio de análise dos dados primários (a informação é extraída das respostas
fornecidas pelos participantes da pesquisa de campo), buscando identificar o quanto
a atividade de desenvolvimento tem sido afetada e modificada para se beneficiar das
novas tecnologias disponíveis. Isso se fará através da observação das respostas da
influência da Internet sobre algumas ferramentas ou atividades relacionadas
diretamente ao desenvolvimento de novos produtos ou processos produtivos, tais
como: realidade virtual, prototipação virtual, simulação virtual e ambientes virtuais
colaborativos.
Uso da Internet:
Definição constitutiva A Internet serve para conectar pessoas, funções e
escritórios tanto dentro quanto entre as organizações, além de fazer a transferência
eletrônica de dados e informações entre computadores e seus recursos (WALTON,
1993). Neste estudo, serão considerados também os recursos não humanos
dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação, bem
como o modo como esses recursos são organizados em um sistema capaz de
executar um conjunto de tarefas. A preocupação, aqui, é com o grau em que as
empresas fazem uso da Internet, uma vez que é viabilizador da utilização de novas
formas de realização de projeto/desenvolvimento de produtos e/ou processos que
dependem de conectividade e virtualidade.
Definição operacional esse conjunto de variáveis é operacionalizado por
meio de análise das respostas fornecidas pelos participantes da pesquisa de campo,
através de questões específicas como as referentes a tipo de conexão ou acesso a
web, número de computadores que compartilham a mesma conexão, velocidade,
estabilidade e qualidade geral da própria Internet ou acesso à rede, além da
observação do grau de utilização da intranet, extranet e web-site.
A seguir, são apresentadas as definições das ferramentas que compõem o
conjunto de variáveis, chamadas de ferramentas ou atividades de TI em projetos.
51
Nível de adoção de realidade virtual:
Definição constitutiva a realidade virtual pode ser definida como uma
habilidade para criação ou interação em um espaço cibernético, ou seja, com uma
extensão natural aos gráficos tridimensionais computadorizados com avançados
dispositivos de entrada e de saída de informação, representado por um ambiente
que busca a similaridade com a realidade à volta, praticamente, uma espécie de
espelho da realidade física, onde tudo pode ser refletido e percebido em tempo real
e em três dimensões, permitindo a interação constante do usuário com a simulação
proporcionada pela ferramenta de TI adotada (MA et al., 2007; VALERIO NETTO et
al., 2002; BANERJEE e ZETU, 2001).
Definição operacional – essa variável será operacionalizada por meio da
análise dos dados primários, provenientes das respostas à pergunta específica
sobre adoção de ferramentas de realidade virtual, buscando identificar o quanto
essa atividade está sendo utilizada pelas empresas e comparando com as outras
duas pesquisas aplicadas em 2003/2004 e 2006/2007.
Nível de adoção de prototipação virtual:
Definição constitutiva prototipação virtual é a criação de protótipos de
produtos em ambientes virtuais, por meio da utilização de programas específicos,
como por exemplo o CAD tridimensional, em computadores, para substituir
protótipos físicos (VALERIO NETTO et al., 2002).
Definição operacional esta variável será operacionalizada por meio de
análise dos dados primários, provenientes das respostas à pergunta específica
sobre prototipação virtual, buscando identificar o quanto essa atividade está sendo
utilizada pelas empresas e comparando com as outras duas pesquisas aplicadas em
2003/2004 e 2006/2007.
Nível de utilização de simulação virtual:
Definição constitutiva por meio dessa ferramenta é possível verificar todas
as montagens que podem ser realizadas para uma determinada peça ou produtos e
52
até mesmo evitar o desenvolvimento de peças que não permitam a montagem na
linha de produção, ou que sejam ergonomicamente inviáveis de serem manipuladas
pelos operadores, por meio de testes de montagens. A ferramenta permite ainda a
simulação virtual com a realização de diversos testes com o produto protótipo, nesse
caso um protótipo virtual (DUKIC et al., 2007; VALERIO NETTO et al., 2002).
Definição operacional esta variável será operacionalizada por meio de
análise dos dados primários, provenientes das respostas à pergunta específica
sobre simulação virtual, buscando identificar o quanto essa atividade está sendo
utilizada pelas empresas e comparando com as outras duas pesquisas aplicadas em
2003/2004 e 2006/2007.
Nível de adoção de ambientes virtuais colaborativos:
Definição constitutiva os ambientes virtuais permitem que profissionais
envolvidos em um determinado projeto trabalhem simultaneamente no mesmo
projeto, ainda que não compartilhem o mesmo ambiente físico, utilizando
ferramentas específicas de TI, para prover a troca ou compartilhamento de
informações (GRAEML, 2004; SISLAK e VALCUHA, 2005).
Definição operacional esta variável será operacionalizada por meio de
análise dos dados primários, provenientes das respostas à pergunta específica
sobre ambientes virtuais colaborativos, buscando identificar o quanto essa atividade
está sendo utilizada pelas empresas e comparando com as outras duas pesquisas
aplicadas em 2003/2004 e 2006/2007.
3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA
3.2.1 Delimitação Geográfica da Pesquisa
A escolha de fazer a pesquisa com empresas do estado de São Paulo se
deveu à relevância que possui esse estado no Brasil, conforme pode ser visualizado
na Tabela 1, em que se pode verificar a relevância do estado de São Paulo,
53
principalmente com relação ao PIB (Produto Interno Bruto) que representa mais de
35% do produzido pelo Brasil.
Também contribuiu para a escolha, o fato das pesquisas anteriores 2003/2004 e
2006/2007, por Graeml (2004) e Graeml e Macadar (2007), respectivamente, terem
utilizado essa mesma população e consequentemente o mesmo Estado, o que
possibilita que se façam comparações dos resultados obtidos.
São Paulo
Brasil
Porcentagem
(São Paulo/Brasil)
População (2009) 41.384.039 193.733.795 21,36%
Extensão em km² 248.209 8.514.876 2,92%
PIB em milhões de reais
(2007)
R$ 902.784,00 R$ 2.558.821,00 35,28%
PIB das empresas industriais
em milhões de reais (2007)
R$ 172.900,00 R$ 628.915,00 27,49%
Número de empresas
industriais (2007)
59.187 117.838 50,23%
Postos de trabalho nas
empresas industriais (2007)
2.575.782 7.173.086 35,91%
Tabela 1 Relevância de São Paulo para o Brasil
Fonte: IBGE (2010)
3.2.2 População e Amostra
Nesse estudo a população e amostra foram:
População empresas industriais do estado de São Paulo de todos os portes,
que fazem parte do banco de dados da FIESP (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), ou seja, 12.328 empresas com endereço de e-mail informado de um
total de 15.077 empresas constantes do banco de dados. Essa base de 2003 foi
atualizada, por meio da pesquisa de e-mails corretos, através de consulta ao Anuário
das Indústrias, vendido pela editora Epil, para o envio do questionário. Foram
verificados os emails de 100% das empresas respondentes da primeira pesquisa e
54
acrescentados endereços de email adicionais, quando os previamente existentes na
base da FIESP eram distintos do ora obtido.
Segundo o IBGE (2010), as empresas são classificadas em micro, pequenas,
médias e grandes, de acordo com o número de funcionários. As microempresas
possuem até 19 funcionários, as pequenas, entre 20 e 99 funcionários, as médias,
entre 100 e 499 e as grandes, mais de 500 funcionários.
Amostra – amostra de conveniência ou acidental, não probabilística, das
empresas convidadas que aceitaram participar da pesquisa. Houve um total de 68
empresas respondentes, sendo que 48 respostas foram consideradas como válidas,
por estarem completamente preenchidas.
Para Martins (2007), o método não probabilístico de amostragem de
população é adotado quando uma escolha deliberada dos elementos da amostra.
Também ocorre quando a amostra decorre da adesão, não sendo possível avaliar se
os participantes pertencem ou não à mesma população dos não participantes.
Nestes casos, não é possível generalizar os resultados das pesquisas, pois as
amostras não probabilísticas não garantem representatividade da população. Esse
estudo envolve a obtenção de amostra por adesão, que se caracteriza como
acidental, ainda de acordo com Martins (2007), uma vez que é formada por
elementos que vão aparecendo, que são possíveis de se obter até se completar o
número de elementos da amostra. Não se sabe, de antemão, quem serão ou
quantos serão os respondentes, dentre as empresas contatadas que participaram
das pesquisas anteriores.
3.2.3 Delineamento e Etapas da Pesquisa
A pesquisa é do tipo descritivo, que tem como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre as variáveis, com levantamento de dados, abordagem
predominantemente quantitativa, e com corte seccional.
55
Nesse trabalho foi utilizado o mesmo questionário das pesquisas anteriores
como base para a obtenção das informações necessárias para a comparação com
os dados obtidos em 2003/2004 e 2006/2007. Além disso, foram incluídos novos
tópicos que ajudassem a avaliar o impacto da utilização da Internet e outras
ferramentas de Tecnologia da Informação na virtualização no desenvolvimento de
novos produtos e processos produtivos, tais como uma questão inteira sobre
inovação nas empresas, tipo de inovação mais utilizado pelas empresas. Também
foram incluídas tecnologias, métodos e técnicas utilizados pelas empresas como
gerenciamento do ciclo de vida do produto, gerenciamento da cadeia de
fornecimento e ferramentas de interação com clientes e fornecedores. O
questionário completo pode ser observado no Apêndice desse trabalho.
O questionário foi hospedado no site especializado em pesquisas
SurveyMonkey
2
, com o nome de “Pesquisa sobre Internet e Desenvolvimento de
Produtos e Processos Produtivos”, tendo sido divido em seis seções principais,
conforme segue abaixo:
Primeira seção – Apresentação da Pesquisa – consistiu em fazer um
breve relato sobre o tema e o objetivo da pesquisa, assim como
apresentar os pesquisadores envolvidos;
Segunda seção – Coleta de Informações sobre a Organização – elaborado
com perguntas direcionadas a traçar o perfil das empresas respondentes,
com perguntas sobre porte, tipo de conexão a Internet, entre outras;
Terceira seção – Mudança nas Organizações – visava a identificar o
impacto da Internet e outras ferramentas de TI sobre algumas atividades
empresariais nos últimos três anos;
2
O SurveyMonkey é um site especializado para elaboração e hospedagem de pesquisas,
questiorios e surveys de todos os tipos e para diversas finalidades, também possui
funcionalidades de análise dos dados após a receão das respostas. Nesse caso foi utilizado
para criar e hospedar o questiorio desse estudo. O questionário pode ser visualizado no
apêndice, no final dessa dissertação.
56
Quarta seção Inovação nas Organizações elaborado com questões
para indicar o grau de concordância ou discordância das empresas com
relação à realização de atividades inovativas;
Quinta seção – Utilização das Ferramentas de Tecnologia de Informação –
visava a verificar a utilização pelas empresas de determinadas tecnologias
nos próximos três anos;
Sexta seção Cadeia de Fornecimento elaborado com questões para
indicar o grau de concordância ou discordância das empresas com
afirmações sobre a cadeia de fornecimento. Também foi feito o
agradecimento pela participação na pesquisa nessa parte.
O questionário foi elaborado com perguntas objetivas, onde as respostas
poderiam ser escolhidas, na maior parte dos casos, com cliques do mouse
selecionando a alternativa escolhida, conforme pode ser visualizado na figura 1. A
possibilidade de simplesmente clicar para escolher a opção escolhida facilita o
preenchimento e aumenta a velocidade de resposta. Somente na segunda seção do
questionário foram colocadas questões com texto livre, para obtenção de
informações sobre características das empresas respondentes. Também foram
deixados campos abertos para inclusão de texto livre nas questões de simples
escolha, para permitir eventuais complementações ou esclarecimentos que os
respondentes julgassem necessários para cada item.
57
Figura 1 Tela do Questionário Aplicado.
Fonte: Tela de preenchimento do questionário no site da SurveyMonkey.
Na segunda seção do questionário, como foi mencionado anteriormente,
para se obter informações sobre as empresas ou o seu perfil, utilizou-se questões de
simples escolha com algumas opções, nas perguntas sobre porte e tipo de conexão.
Outras utilizaram texto livre, como as questões para cargo, localização, ramo de
atividade e número de computadores compartilhando acesso a Internet. Também
houve questões de escala Likert de 7 pontos, com alternativas de resposta variando
de “discordo plenamente” a “concordo plenamente”, além da possibilidade de se
indicar que a questão não se aplicava a realidade da organização ou que o
respondente não dispunha da informação para conseguir responder à questão. A
última questão desta seção foi sobre se a empresa possuía intranet, extranet e web-
site, com opções “sim”, “não” e “não sei”.
58
Da terceira até a sexta seções do questionário foi utilizada também uma
escala de medição intervalar do tipo Likert de 7 pontos, devido à facilidade no
tratamento estatístico dos resultados da pesquisa.
Na terceira seção, que tratou das mudanças ocorridas nas empresas em
função do uso da Internet, com ênfase para os últimos três anos, a escala
apresentou as seguintes opções: “sem nenhuma mudança”, “mudança muito
pequena”, “mudança pequena”, “mudança razoável”, “mudança significativa”,
“mudança muito significativa” e “mudança radical”, além da opção “não sei
responder”.
Na quarta seção, que tratou de inovação nas empresas, as opções eram:
“concordo plenamente”, “concordo”, “concordo ligeiramente”, “neutro”, “discordo
ligeiramente”, “discordo” e “discordo totalmente”, adicionando-se também para os
respondentes o “não se aplica” e “não sei” responder.
Na quinta seção, procurou-se detectar as tecnologias, métodos e técnicas que
as empresas utilizam, ou pretendem utilizar nos próximos três anos, sendo as
opções da escala: “usamos muito pouco”, “usamos pouco”, “usamos
moderadamente”, “usamos muito” e “é fundamental para o negócio”. Além das
opções da escala, esta seção apresentou ainda as possibilidades: “não vamos usar
(próx. 3 anos)”, “vamos usar em até 3 anos” e “não sei responder”.
Na sexta seção, que tratou da cadeia de fornecimento nas empresas, a
escala foi idêntica a da quarta seção, variando entre “concordo plenamente” e
“discordo totalmente”.
As opções “não sei responder” e “não se aplica”, que não faziam parte da
escala, foram consideradas importantes para evitar respostas que pudessem
prejudicar a qualidade dos dados e, consequentemente, da análise posterior.
A escala com 7 pontos oferece, nos casos das opções da quarta e sexta
seções, um ponto neutro no centro da escala, que permite a identificação de
comportamentos indiferentes ou neutros com relação à afirmação proposta.
59
Vale ressaltar que escalas adotadas neste questionário de pesquisa, e nas
duas pesquisas anteriores, não representam, na verdade, escalas intervalares, como
a escala Likert que as inspirou. Não meios de se garantir que a distância entre
“utilização muito pequena”, “utilização pequena”, “utilização mediana” e assim por
diante, para citar apenas o exemplo das perguntas da seção 3, seja idêntica, na
percepção dos respondentes. Essas escalas são ordinais. foi possível tratá-las
como escalas intervalares, para realizar estudos estatísticos que se baseiam em
cálculo de distâncias, flexibilizando-se o rigor metodológico.
3.2.4 Procedimentos de Coleta de Dados
Para o envio do convite para participação da pesquisa foi utilizado o programa
Mach5 Mailer, especializado no envio de grandes quantidades de e-mails
personalizados de uma única vez. Este programa é um gerenciador de mala direta e
envia mensagens para diferentes endereços utilizando uma tabela base com as
informações das empresas. Esse mesmo programa foi utilizado posteriormente para
enviar um reforço à solicitação de participação na pesquisa e um agradecimento às
empresas participantes. A figura 2 mostra o e-mail personalizado, incluindo o nome
do respondente, que foi enviado para agradecer a participação das empresas
respondentes na pesquisa.
60
Figura 2 Tela de e-mail personalizado enviado para as empresas.
Fonte: Email personalizado enviado pelo autor utilizando o programa Mach5 Mailer.
O primeiro envio para teste ocorreu para as primeiras 200 empresas da base
de dados da FIESP, no dia 15 de abril, sendo enviado 344 e-mails, devido às
empresas terem até dois endereços registrados. Destes, 179 retornaram indicando
endereço incorreto e 9 indicando caixa lotada. Nenhuma resposta foi obtida. Foi
enviado um email de reforço no dia 22 de abril, retornando uma resposta completa.
No dia 4 de maio foi enviado um agradecimento para todas as empresas desse
primeiro lote, na esperança de que alguns destinatários ainda se sensibilizassem e
respondessem. Porém, não se obteve sucesso.
O fato de se ter obtido uma resposta para as duzentas empresas que
participaram deste primeiro lote de envio (0,5%) fez o pesquisador perceber que
dificilmente obteria níveis de resposta próximos aos obtidos nas pesquisas
anteriores. Foi projetado um retorno de aproximadamente 60 questionários (0,5% x
12.328), embora esta estimativa não pudesse ser feita com boa confiabilidade. Afinal,
61
bastaria que uma segunda empresa tivesse respondido à pesquisa, nesse primeiro
lote, para que a expectativa de respostas dobrasse.
A seguir, foi enviada a primeira parte da pesquisa oficial para as empresas
que responderam a pesquisa unicamente em 2003 (excluindo todas as que
responderam também em 2006). Essa pesquisa foi enviada no dia 4 de maio para
552 empresas, sendo 953 endereços de e-mail. Das mensagens enviadas, 347
retornaram por endereço errado e 12 por caixa lotada. Nesse primeiro envio, 3
empresas responderam completamente a pesquisa. No dia 11 de maio foi enviado
reforço e mais 5 empresas responderam completamente a pesquisa. No dia 18 de
maio foi enviado um e-mail de agradecimento para todo esse grupo, também no
intuito de conseguir mais respostas, porém mais uma vez, essa estratégia
demonstrou-se frustrada. A taxa de retorno para esse grupo foi de 1,45%,
compreensivelmente superior à taxa obtida para as 200 primeiras empresas. Afinal,
essas empresas haviam se demonstrado receptivas à participação na pesquisa,
seis anos antes, ou seja, tratavam-se de empresas “colaborativas”.
No dia 6 de maio foi enviada a pesquisa para o grupo de empresas que havia
respondido tanto em 2003, quanto em 2006, que envolvia 107 empresas da lista da
FIESP, para as quais o pesquisador dispunha de 179 endereços de e-mail. Das
mensagens enviadas, 41 retornaram por endereço incorreto. Foi obtida uma única
resposta, porém incompleta, não podendo ser utilizada na análise dos resultados.
No dia 13 de maio foi enviado o reforço e no dia 20 de maio o agradecimento, porém
não foi obtida nenhuma resposta adicional. Isto foi inesperado, porque esse grupo
de empresas havia se demonstrado o “mais colaborativo” no passado, que havia
participado das duas iniciativas anteriores, 6 anos antes e 3 anos antes.
Por fim, foi enviado um convite de participação da pesquisa para o grupo
chamado de “não respondente”, pois continha as empresas que não haviam
respondido nem a primeira e nem a segunda pesquisa, totalizando 11.469 empresas,
para as quais havia 22.496 endereços de e-mail. O convite seguiu no dia 12 de maio,
sendo obtidas 14 respostas entre completas e incompletas. No dia 19 de maio foi
enviado um reforço, sendo obtidas mais 22 respostas entre completas e incompletas
62
e no dia 1 de junho foi enviado um e-mail de agradecimento para esse grupo
obtendo-se outras 22 respostas entre completas e incompletas. O total de respostas
completas para esse grupo foi de 39, sendo dispensadas 19 respostas incompletas.
Para esse último grupo, a estratégia de enviar um email de agradecimento pela
participação, mesmo para as empresas que não haviam participado, surtiu efeito,
uma vez que se obteve um número significativo de respostas adicionais. Esta foi
uma inovação em relação às pesquisas anteriores, em que os pesquisadores haviam
interrompido suas tentativas de obtenção de respostas após enviarem um email de
reforço.
Do total de 68 respostas obtidas, puderam ser aproveitadas apenas 48
respostas, consideradas completas. As 20 respostas descartadas eram somente
referentes a informações sobre o perfil das empresas respondentes, não sendo
possível utilizá-las para compor o quadro de análise dessa pesquisa.
3.2.5 Procedimentos de Tratamento e Análise dos Dados
Primeiramente, os dados da pesquisa foram analisados no próprio site do
SurveyMonkey para verificação de quantos respondentes haviam respondido
integralmente à pesquisa. As respostas incompletas foram excluídas por meio da
aplicação de filtros permitidos pelo próprio programa.
Foi feito então o download de “Todas as Respostas Coletadas”, no formato de
planilha com colunas “Condensado” e células “Texto de Opção Real” e também
“Valor Numérico (1-n)”, para permitir uma análise mais direta utilizando-se
ferramentas estatísticas mais adequadas.
Depois de realizado esse procedimento, os dados foram exportados para o
MS Excel. Esse arquivo serviu de base para a geração de gráficos e outras
estatísticas simples, utilizando o próprio programa MS Excel e, posteriormente,
também para a realização de estudos estatísticos mais complexos utilizando-se o
programa SPSS 18 para Windows.
63
Nesse arquivo ou planilha do MS Excel, cada linha passou a conter todos os
dados ou respostas referentes a uma única empresa, e cada pergunta ou alternativa
do questionário enviado formava uma coluna no total de 54 colunas. A figura 3
mostra um trecho dessa planilha.
Figura 3 Registros dos dados da pesquisa em arquivo MS Excel.
Fonte: dados primários da pesquisa.
As análises preliminares realizadas utilizando-se o MS Excel consistiram-se,
basicamente, na contagem do número de ocorrências das respostas, em avaliações
percentuais e na geração de gráficos explicativos dos resultados, do tipo pizza 3D,
coluna 3D e barra.
Além das ferramentas de análise estatística descritiva, também foram
utilizadas técnicas de análise multivariada, suportadas pelo SPSS 18 para Windows,
como análise fatorial exploratória.
64
A análise fatorial exploratória é uma técnica que permite identificar a
correlação entre variáveis associadas a um determinado fenômeno observado,
agrupando-as em fatores que mantêm o poder de explicação do fenômeno. Também
se verificou a confiabilidade dos fatores criados.
3.2.6 Facilidades, Dificuldades e Limitações na Coleta e Tratamento dos Dados
A primeira dificuldade encontrada nessa pesquisa foi a desatualização da
base de dados utilizada, especialmente dos endereços de e-mail das empresas nela
contidos. Mesmo tendo sido realizada uma atualização da base, comparando seus
dados com os de um CD ROM com o Anuário das Empresas Industriais do Estado
de São Paulo, produzido e comercializado pela Editora EPIL, dos 665 endereços de
e-mail das empresas respondentes da primeira pesquisa em 2003/2004, aplicada
por Graeml (2004), muitos endereços continuaram incorretos, elevando assim o
número de e-mails que retornaram e reduzindo, dessa forma, a possibilidade de uma
maior adesão de empresas à pesquisa.
A segunda maior dificuldade foi a grande quantidade de e-mails a serem
enviados com o link da pesquisa. Foram quase 24.000 e-mails no total, enviados
através do programa Mach5 Mailer. Esse programa foi escolhido justamente pela
robustez no envio de grandes quantidades de e-mails em uma única vez. Como a
quantidade era muito grande, o tempo de envio foi elevado, principalmente
considerando-se que foi feito um convite, um reforço e um agradecimento.
Conectado ao envio da grande quantidade de e-mails através do Mach5 Mailer,
também se precisou verificar a capacidade e a limitação dos provedores de e-mails
para que esse volume não fosse barrado pelo servidor no envio. Muitos provedores
permitem no máximo o envio de 200 e-mails em uma única vez.
Após o envio dessa grande quantidade de e-mails, surgiu o problema dos
dispositivos anti-spam das empresas e de alguns provedores de e-mails, como UOL
e BOL, que contam com grande participação no mercado, principalmente o UOL.
Esses dispositivos anti-spam retêm os e-mails enviados para os seus usuários até
que o remetente realize uma confirmação do envio, que não pode ser automatizada.
65
No caso desta pesquisa, uma mensagem foi retornada pelo provedor para cada e-
mail enviado, solicitando que se entrasse no site ou uma tela do UOL e BOL e se
realizasse um procedimento de desbloqueio específico. Tal procedimento precisou
ser repetido mais de 2500 vezes, para liberar as mensagens enviadas a todas as
empresas que utilizavam os serviços do provedor. Além de algumas empresas que
pediam para responder em branco o e-mail com aviso de anti-spam.
O maior problema encontrado em toda a pesquisa foi a baixa amostra obtida,
total de 48 respostas completas. A falta de resposta ou participação em pesquisas
científicas por parte do setor industrial merece uma atenção especial, para se saber
os seus reais motivos. Talvez fosse interessante realizar uma pesquisa específica
dedicada a esse assunto. Presume-se, não se pode afirmar, que a grande maioria
não respondeu por falta de tempo, devido ao aquecimento da economia nesse
primeiro semestre do ano de 2010 ou pela pura falta de interesse dos respondentes
pelo assunto e por pesquisas científicas conduzidas pelas instituições de ensino.
Outra hipótese pode ser a de achar que a mensagem enviada fosse um vírus
eletrônico ou simples spam e não se arriscar, ou arriscar sua máquina ou sua rede,
abrindo ou respondendo ao convite. Outro fator que pode ter contribuído para
adesão significativamente mais baixa nesta terceira aplicação do questionário é que
as duas primeiras pesquisas foram realizadas por pesquisadores ligados à
Fundação Getúlio Vargas. O e-mail com o convite partiu do sistema daquela
instituição e muitas empresas respondentes podem ter se sentido estimuladas a
responder em função disto.
Observou-se que a tática da utilização do terceiro e-mail, chamado de e-mail
de agradecimento, com o intuito de se obter mais adesões, somente funcionou para
o último grupo ao qual foi enviada a pesquisa, o maior grupo. Nos envios anteriores,
para os grupos menores, não se obteve nenhuma resposta após o envio do e-mail
de agradecimento.
Também se observou que a divisão do questionário em seis partes dificultou a
obtenção de respostas completas, pois 19,11% do total dos respondentes
completaram no ximo somente a primeira e segunda partes da pesquisas. Não é
66
possível saber se a taxa de respostas completas teria sido maior se houvesse a
mesma quantidade de perguntas em menos telas. Não foi encontrada nenhuma
pesquisa sobre e-mail survey que tratasse disto, embora outros pesquisadores
também tenham detectado que a cada nova tela a que os respondentes são
enviados em pesquisas do tipo e-survey, uma fração deles desiste de continuar com
o preenchimento do questionário, conforme foi constatado em conversas informais
com outros pesquisadores do grupo de estudos.
3.3 ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVIDOS NA CONDUÇÃO DA PESQUISA
Nessa pesquisa não é feita nenhuma menção ao nome das empresas ou
pessoas pesquisadas, mantendo-se sigilo sobre os dados individuais obtidos dessas
organizações e divulgando-se apenas dados consolidados para o conjunto de
empresas.
67
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 OBJETIVOS DA PESQUISA
A pesquisa cujos resultados passam a ser relatados estava interessada em
verificar o panorama geral de mudanças no ambiente empresarial de organizações
industriais pela utilização da Internet, outras tecnologias e ferramentas da
informação e comunicação para o desenvolvimento de projetos de produtos e
processos produtivos. Com esse intuito, foram elaboradas perguntas que
procuraram descobrir:
a intensidade de uso da Internet e diversas ferramentas de TI;
o grau de impacto da Internet e outras ferramentas de informação no
desenvolvimento do projeto de produtos e processos produtivos dessas
indústrias ao longo dos últimos 3 anos;
o interesse das empresas em utilizar, no futuro próximo (3 anos), práticas que
se relacionem com a Internet e outras ferramentas de TI na aplicação do
desenvolvimento do projeto de produtos e processos produtivos.
As perguntas relacionadas ao que mudou e sobre o que os participantes
esperam que mude, com referência à adoção das tecnologias e práticas
pesquisadas, se restringiram aos últimos 3 anos (passado) e aos próximos 3 anos
(futuro), uma vez que a intenção era detectar mudanças que estivessem em pleno
andamento, ou ao menos em planejamento.
4.2 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Para se verificar a relevância e confiabilidade da amostra selecionada,
precisou-se fazer algumas análises estatísticas com as variáveis de escala, que
estão representadas pelo constructo Qualidade de Acesso à Internet (Q7), impacto
da Internet e outras ferramentas de TI nos últimos três anos (Q9), inovações nas
empresas (Q10), utilização de tecnologias, métodos e técnicas atualmente e nos
próximos três anos (Q12) e cadeia de fornecimento (Q13), utilizando o SPSS 18
68
para Windows. Para verificar a influência da Internet e Outras Ferramentas de TI
sobre os demais itens, primeiro foi realizada uma análise fatorial conforme mostrado
nas tabelas 2 e 3 e na figura 4.
Factor Analysis
,494
Approx.
Chi-
1057,140
df 666
Sig. ,000
Total
% of
Variance Cumulative % Total
% of
Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
1 10,263 27,738 27,738 10,263 27,738 27,738 7,950 21,487 21,487
2 6,133 16,577 44,315 6,133 16,577 44,315 6,675 18,040 39,527
3 4,449 12,024 56,339 4,449 12,024 56,339 5,334 14,415 53,942
4 2,234 6,039 62,378 2,234 6,039 62,378 2,719 7,348 61,290
5 2,095 5,661 68,039 2,095 5,661 68,039 2,497 6,749 68,039
6 1,482 4,006 72,045
7 1,423 3,845 75,890
8 1,234 3,334 79,223
9 ,943 2,548 81,771
10 ,842 2,275 84,046
11 ,728 1,969 86,015
12 ,647 1,750 87,764
13 ,585 1,581 89,346
14 ,533 1,442 90,787
15 ,414 1,120 91,907
16 ,386 1,043 92,951
17 ,363 ,981 93,932
18 ,322 ,871 94,803
19 ,311 ,839 95,642
20 ,271 ,733 96,376
21 ,228 ,617 96,993
22 ,204 ,552 97,544
23 ,156 ,422 97,967
24 ,147 ,398 98,364
25 ,119 ,321 98,685
26 ,101 ,274 98,959
27 ,088 ,237 99,196
28 ,084 ,226 99,422
29 ,058 ,158 99,580
30 ,044 ,118 99,698
31 ,032 ,086 99,784
32 ,026 ,069 99,854
33 ,019 ,051 99,905
34 ,015 ,040 99,945
35 ,012 ,032 99,977
36 ,005 ,013 99,991
37 ,003 ,009 100,000
Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings
Extraction Method: Principal Component Analysis.
KMO and Bartlett's Test
Kaiser-Meyer-Olkin Measure of
Sampling Adequacy.
Bartlett's Test of
Sphericity
Total Variance Explained
Component
Tabela 2 Análise Fatorial dos Constructos Q7, Q9, Q10, Q12 e Q13.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
69
Figura 4 Autovalores (eigenvalues) dos possíveis fatores a serem utilizados na
análise fatorial
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
70
1 2 3 4 5
Q7_Satisfação ,697
Q7_Estabilidade ,787
Q7_Qualidade_Geral ,855
Q9_Atendimento ,852
Q9_Configuração ,791
Q9_Produção ,753
Q9_ProjetoProd ,858
Q9_ProjetoProc ,741
Q9_Divulgação ,771
Q9_Feedback ,844
Q9_InteraçãoF ,852
Q9_InteraçãoC ,861
Q10_PeD ,651
Q10_InovaProd ,749
Q10_InovaProc ,780
Q10_EnvolveF ,542
Q10_EnvolveC ,601
Q10_NovosProd ,919
Q10_NovosProc ,844
Q10_ConstanteProd ,756
Q10_ConstanteProc ,747
Q12_EngSimultanea ,706
Q12_Realidade ,799
Q12_Protótipação ,803
Q12_Simulações ,757
Q12_Ambientes ,881
Q12_Modularização ,807
Q12_Manufatura ,828
Q12_PLM ,774
Q12_CadeiaF ,811
Q12_Comunidades ,791
Q12_InteraçãoC ,742
Q12_InteraçãoF ,726
Q13_CapacidadeF ,810
Q13_ConhecimentoF ,782
Q13_Modularização ,727
Q13_Integrada -,429 ,478
Extraction Method: Principal Component Analysis.  Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a. Rotation converged in 6 iterations.
Rotated Component Matrix
a
Component
Tabela 3 Fatores apresentados após rotação Varimax
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
Apesar de a amostra ser considerada pequena em termos absolutos, o teste
de esfericidade de Bartlett mostrou-se significativo (p< 0,001), o que possibilita o uso
da análise fatorial como técnica de exploração das variáveis. Pode-se notar que,
apesar do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) ter apresentado um número abaixo de
0,70, (0,494), o que indica que a amostra deveria ter sido maior, a utilização de 5
fatores é suficiente para explicar mais de 68% da variância dos dados iniciais.
Apesar da figura 4, chamada de Scree Plot, indicar a existência de 8 componentes
com eigenvalue superior a 1, optou-se pela adoção somente desses 5 componentes
71
ou fatores representados na tabela 2, pois a partir do sexto o percentual de variância
começa ser bastante similar ao quinto, diminuindo o número de cargas de variáveis
por fator, mantendo-se apenas as cinco que apresentam as maiores cargas de
variáveis, conforme mostra a tabela 3.
Utilizou-se os 5 fatores e rotação Varimax, obtendo-se as cargas fatoriais
apresentadas na tabela 3.
Nesta análise com 5 fatores, o fator 1 concentrou as variáveis ligadas à
utilização de tecnologias, todos e técnicas (Q12). O fator 2 concentrou as
variáveis ligadas ao Impacto da Internet e outras ferramentas de TI nos últimos três
anos (Q9). O fator 3 concentrou as variáveis ligadas a inovações nas empresas
(Q10). O fator 4 concentrou as variáveis ligadas à qualidade de acesso à Internet
(Q7). E o fator 5 concentrou as variáveis ligadas à cadeia de fornecimento (Q13).
Os cinco fatores juntos conseguem capturar, como mencionado, 68,04%
(comunalidade) das informações oferecidas pelas 37 variáveis inicialmente
disponíveis. Eles também oferecem um grau de explicação razoável para cada uma
das variáveis, independentes pelos números demonstrados na tabela 3, na maioria
dos casos com correlação superior a 0,7 entre o fator e cada variável explicada por
ele.
Após a criação dos cinco fatores verificou-se a confiabilidade das variáveis
criadas através da análise fatorial, utilizando o Alpha de Cronbach. Por meio desse
procedimento, foram eliminadas algumas variáveis componentes desses fatores,
conforme indicado na tabela 3, onde essas variáveis aparecem destacadas em
vermelho e também cortadas, para aumentar o grau de confiabilidade conforme
mostra a tabela 4, deixando a confiabilidade acima de 0,8 (quanto mais próximo de
1, melhor). Observa-se que os maiores índices de confiabilidade dos fatores
aparecem no Q9 e Q12, justamente os fatores mais relevantes para o estudo em
questão.
72
Reliability Q9
Cronbach's Alpha N of Items
,946 8
Scale Mean if Item
Deleted
Scale Variance if
Item Deleted
Corrected Item-
Total Correlation
Cronbach's Alpha
if Item Deleted
Q9_Atendimento 26,57 117,553 ,807 ,938
Q9_Configuração 27,52 116,488 ,775 ,940
Q9_Produção 27,52 118,860 ,795 ,939
Q9_ProjetoProd 27,43 117,414 ,834 ,936
Q9_ProjetoProc 27,52 116,999 ,773 ,940
Q9_Feedback 26,45 115,975 ,833 ,936
Q9_InteraçãoF 26,64 116,097 ,793 ,939
Q9_InteraçãoC 26,23 116,831 ,808 ,938
Reliability Q10
Cronbach's Alpha N of Items
,895 7
Scale Mean if Item
Deleted
Scale Variance if
Item Deleted
Corrected Item-
Total Correlation
Cronbach's Alpha
if Item Deleted
Q10_InovaProd 14,00 25,526 ,719 ,878
Q10_InovaProc 13,90 26,884 ,714 ,878
Q10_EnvolveF 13,67 27,018 ,567 ,897
Q10_NovosProd 14,00 25,316 ,822 ,865
Q10_NovosProc 13,85 26,397 ,663 ,884
Q10_ConstanteProd 14,26 26,301 ,733 ,876
Q10_ConstanteProc 14,49 28,309 ,701 ,882
Reliability Q12
Cronbach's Alpha N of Items
,952 12
Scale Mean if Item
Deleted
Scale Variance if
Item Deleted
Corrected Item-
Total Correlation
Cronbach's Alpha
if Item Deleted
Q12_EngSimultanea 33,48 295,383 ,691 ,951
Q12_Realidade 33,79 294,110 ,774 ,948
Q12_Protótipação 33,03 288,468 ,783 ,948
Q12_Simulações 32,58 291,564 ,757 ,948
Q12_Ambientes 33,48 289,820 ,867 ,945
Q12_Modularização 33,39 285,934 ,791 ,947
Q12_Manufatura 33,94 290,934 ,816 ,947
Q12_PLM 33,45 294,381 ,745 ,949
Q12_CadeiaF 32,94 288,746 ,799 ,947
Q12_Comunidades 34,00 300,625 ,780 ,948
Q12_InteraçãoC 33,42 297,627 ,724 ,949
Q12_InteraçãoF 33,48 297,883 ,727 ,949
Reliability Q13
Cronbach's Alpha N of Items
,799 3
Scale Mean if Item
Deleted
Scale Variance if
Item Deleted
Corrected Item-
Total Correlation
Cronbach's Alpha
if Item Deleted
Q13_CapacidadeF 9,39 15,544 ,598 ,776
Q13_ConhecimentoF 8,54 14,555 ,716 ,649
Q13_Modularização 8,90 15,890 ,622 ,750
Item-Total Statistics
Reliability Statistics
Item-Total Statistics
Reliability Statistics
Item-Total Statistics
Reliability Statistics
Item-Total Statistics
Reliability Statistics
Tabela 4 Confiabilidade dos Fatores
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
73
Essa análise fatorial serviu para demonstrar que a divisão em fatores ocorreu
praticamente em consonância com os blocos de perguntas que haviam sido
definidos. Isto evidencia que, em geral, os respondentes que verificaram mudança
causada pela influência da Internet na atividade de projeto do produto, também
observaram influência no projeto do processo produtivo. Essas atividades podem ter
a mesma importância para a empresa, então a percepção da mudança pode ocorrer
na mesma direção para todas elas, ainda que em intensidade diferente.
Os itens a seguir apresentam os resultados obtidos a partir da aplicação do
questionário, confrontando-os com as expectativas prévias, em função da revisão
bibliográfica realizada e as pesquisas aplicadas anteriormente por Graeml (2004) e
Graeml e Macadar (2007), através de análises gráficas, utilizando o MS Excel.
4.3 PORTE E LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DO ESTUDO
O gráfico representado pela figura 5 mostra a divisão da empresas
respondentes em função do seu porte, tentando dessa forma facilitar o entendimento
das tendências da utilização da Internet e outras ferramentas de TI em função dessa
variável. Pode-se verificar, assim, se as empresas possuem estratégias diferentes,
definidas pelo seu porte.
Baseado na figura 5, pode-se verificar que o grupo das empresas com 1 a 99
funcionários, classificadas como pequenas
3
, representa o maior grupo de
respondentes, de todas as amostras, e também da população, seguido pelo grupo
das empresas com 100 a 499 funcionários, classificadas como médias. As empresas
com 500 funcionários ou mais, classificadas como grandes, representam o menor
número de empresas respondentes das pesquisas e também da população.
3
Salienta-se que as empresas classificadas como microempresas que compreendem de 1 a 19
funcionários, foram agrupadas junto as pequenas, para proporcionar uma comparação melhor
de informões entre as pesquisas, já que nas pesquisas efetuadas em 2003/2004 e
2006/2007 esse procedimento havia sido adotado. Essa informão também é válida para as
demais alises realizadas, em que as empresaso discriminadas em fuão do porte.
Também vale salientar que a população utilizada para comparão foi a total de 2010, as as
revisões comentadas no capítulo 3.
74
Figura 5 Empresas Respondentes por Porte.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Nota-se que existe certa similaridade, ou padrão, entre as amostras de 2006 e
2010, apesar de a população estar mais próxima em termos percentuais de
comparação com a amostra de 2003. Em todos os casos, mais de 60% das
empresas são pequenas, menos de 7% são grandes e entre 15% e 30% são
médias. Diante desses percentuais, comparando-se com os da população, pode-se
observar que o percentual de resposta das amostras das empresas médias e
grandes é mais representativo se compararmos com a população. Isso ocorre para
as três pesquisas realizadas e pode decorrer do fato de as empresas de menor porte
não terem pessoal capacitado ou disponível para participar de pesquisas como a ora
realizada ou não sentirem que suas respostas possam contribuir para os objetivos
do estudo. De todo modo, não se pode concluir sobre isso a partir dessa pesquisa.
Para se conhecer a localização e representatividade das empresas
respondentes foi incluída essa questão no questionário, a partir da qual se pode
verificar as cidades onde estão localizadas as indústrias respondentes. Isso é
apresentado na figura 6.
No gráfico representado na figura 6 nota-se que a cidade de São Paulo
contém a maior parte das indústrias respondentes dessa pesquisa com 24% (12
75
respondentes), seguida de longe pela cidade de Guarulhos com 8% (3
respondentes), Campinas, Ribeirão Preto, Diadema, Indaiatuba, Porto Feliz e São
José do Rio Preto com 4% (2 respondentes) cada. As demais cidades onde as
empresas respondentes estão localizadas representam juntas 40%, ou seja, 20
cidades. Para essa questão obteve-se apenas 47 respostas.
Figura 6 Localização das Empresas Respondentes da Pesquisa em 2010.
Fonte: dados primários da pesquisa.
76
4.4 RAMO DE ATIVIDADE DAS EMPRESAS E CARGO DOS RESPONDENTES
Para se conhecer um pouco melhor o perfil das empresas participantes, foi
elaborada uma questão com texto livre, a de número 4 no questionário da pesquisa,
com o intuito de saber o ramo de atividade de cada indústria.
O gráfico representado pela figura 7 demonstra e consolida todos os ramos
de atividades das indústrias respondentes, que é diversificado (foram identificados
30 diferentes ramos de atividades). Percebe-se um predomínio das indústrias
metalúrgicas com 29,8% do total, seguidas de longe por indústrias da área de saúde
com 6,4%, de alimentos, de móveis e eletroeletrônicas, com 4% cada
4
. Também
representam 6,4% os respondentes que não informaram o ramo da empresa.
Empresas nos demais ramos de atividades juntos somam os 44,7% restantes,
salientando com esse percentual toda a diversidade dos respectivos ramos de
atividades.
Figura 7 Ramo de Atividade das Empresas Respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa.
4
O uso de percentuais nesta e em algumas análises posteriores é um pouco perigoso, porque
4%, por exemplo, representa apenas 2 empresas. Ainda assim, optou-se por esse tipo de
representão porque fica mais fácil de comparar as categorias mais representativas umas
com as outras. Para evitar falsas percepções, contudo, procurar-se-á apresentar o número
absoluto entre parênteses, principalmente nos casos em que for particularmente baixo.
77
Nessa pesquisa também se tentou identificar o cargo dos respondentes, para
identificar se a pesquisa foi respondida por profissionais que tinham uma visão
estratégica e ampla sobre a empresa participante.
Figura 8 Cargo dos Respondentes na pesquisa de 2010.
Fonte: dados primários da pesquisa.
O gráfico representado pela figura 8 demonstra que a maior parte dos
respondentes está em cargos estratégicos nas suas respectivas empresas, como
diretores, sócios e gerentes. Apesar da diversidade de cargos dos respondentes, 27
possibilidades no total, percebe-se uma predominância nas respostas dos
profissionais no cargo de diretor, que representam 21,28% do total de respostas (11
respondentes). Na segunda posição em questão de representatividade estão os
cargos de analistas de TI, gerentes, gerentes de TI e sócios proprietários com 6,38%
(3 respondentes cada um). Na sequência estão cargos como coordenadores de TI,
gerentes industriais, sócios diretores e sócios gerentes, que representam 4,26% do
total dos respondentes (2 respondentes cada). Os demais cargos representaram
juntos 38,3% do total dos cargos dos respondentes da pesquisa.
4.5 TIPO DE ACESSO À WEB E COMPARTILHAMENTO DE ACESSO
Para verificar que tipo de acesso à Internet as indústrias estão utilizando foi
elaborada uma questão específica.
78
Somente a título de explicação, todas as figuras comparativas entre as 3
pesquisas, que serão apresentadas a partir desse ponto no texto adotam a mesma
lógica de análise e demonstrão de dados. Faz-se necessário, portanto, explicar
como foram constrdos esses gráficos. O eixo das ordenadas apresenta os dados
relacionados ao porte das empresas respondentes. A categoria superior do eixo das
ordenadas (“total”) agrega as quantidades relacionadas a todos os portes de empresa,
representando a informação sem discriminação em função do porte. Os números
contidos dentro de cada uma das caixinhas que compõem as diversas barras
horizontais indicam a quantidade absoluta de empresas do referido porte que
ofereceram determinada resposta à questão, de acordo com a indicação na legenda
apresentada embaixo do gfico. Mas, como a quantidade de empresas dos diferentes
portes não se mantém constante, que muito mais empresas pequenas do que
grandes na amostra (e também na população), adotou-se uma escala percentual no
eixo das abscissas. Dessa forma, tenta-se facilitar a comparão em termos relativos
do vel de utilizão de uma determinada ferramenta, tecnologia ou técnica pelas
empresas de diferentes portes.
Verifica-se no gráfico da figura 9 que a maior parte das empresas possui
acesso à Internet por meio de banda larga, isso para as três pesquisas aplicadas e
também para todos os portes de empresas, sendo utilizadas com grande frequência
conexões a partir de 256KB. As conexões mais utilizadas pelas empresas são
respectivamente de 256KB e 512KB nas respostas de 2003, 2048KB, 1024KB e
512KB em 2006, e 1024KB, 2048KB e 10MB em 2010, isso analisando somente os
totais para cada ano em que a pesquisa foi aplicada, mostrando que houve uma
evolução na utilização de banda larga pela empresas no decorrer dos anos, onde
todas passaram a utilizar bandas largas de maior velocidade e capacidade. Isso
demonstra que, conforme a velocidade e capacidade das conexões de Internet
disponíveis no mercado aumentava, ou evoluía, as empresas acompanhavam essa
evolução, adquirindo opções mais velozes, que pode indicar que elas se preocupam
com o desempenho de seu acesso à Internet, e consequentemente do desempenho
das suas atividades dependentes da Internet.
79
Figura 9 Tipo de acesso à WEB.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Para as empresas classificadas como pequenas ou médias, pode-se notar,
conforme demonstrado no gráfico comparativo da figura 9, em que aparecem os
dados das três pesquisas aplicadas, que elas tiveram evoluções muito similares,
durante o período pesquisado. Em 2003, para esses dois grupos, a opção de
conexão à Internet mais utilizada era a de 256KB, com maior representatividade
para os dois com mais de 40%, seguido da opção de 512KB. na pesquisa de
2006, as pequenas apresentam maior representatividade para a banda larga de
512KB, seguida da opção de 2048KB e 1024KB, sendo que essas três opções
também se repetem para as empresas classificadas como médias. Na pesquisa de
2010, aparecem outras opções de tipo de acesso como 5MB, 10MB e até superior a
10MB, isso para os dois grupos, sendo a opção mais utilizada a de 1024KB.
Observa-se, dessa forma, que a evolução do tipo de acesso à Internet, teve o
mesmo direcionamento para ambos os grupos.
Nas empresas classificadas como grandes, também ocorreu evolução no tipo
de conexão, desde a primeira pesquisa em 2003 até a de 2010, porém com um
80
número baixo de respostas, apesar de demonstrar representatividade em
comparação a população total, conforme a figura 5.
Referente ao compartilhamento de acesso por número de computadores,
conforme informações abaixo, é apresentada a média, mediana e moda, para as 47
respostas válidas para essa questão em específico.
Statistics
Computadores
Computadores
Frequency
Percent
Valid
Percent
Cumulative
Percent
N Valid 47
Valid
1 1
2,1
2,1
2,1
Missing
0
2 2
4,3
4,3
6,4
Mean 51,23
3 2
4,3
4,3
10,6
Median
13
4 3
6,4
6,4
17
Mode 9
5 3
6,4
6,4
23,4
a. Multiple modes exist.
The smallest value is
shown
7 1
2,1
2,1
25,5
8 4
8,5
8,5
34
9 2
4,3
4,3
38,3
10 4
8,5
8,5
46,8
12 1
2,1
2,1
48,9
13 1
2,1
2,1
51,1
15 3
6,4
6,4
57,4
20 2
4,3
4,3
61,7
30 4
8,5
8,5
70,2
34 1
2,1
2,1
72,3
40 1
2,1
2,1
74,5
50 2
4,3
4,3
78,7
60 3
6,4
6,4
85,1
80 3
6,4
6,4
91,5
100 1
2,1
2,1
93,6
250 1
2,1
2,1
95,7
300 1
2,1
2,1
97,9
800 1
2,1
2,1
100
Total
47
100
100
Tabela 5 Estatísticas Descritivas sobre Compartilhamento de Acesso – pesquisa
de 2010.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
A tabela 5 representa o número de computadores que compartilham a mesma
conexão ou acesso à Internet. Pode-se verificar que varia de uma única quina
81
conectada até 800 máquinas utilizando a mesma conexão. Verifica-se que a média
de máquinas ou computadores conectados é de 51, a mediana é de 13 e a moda
menor é de 9. Isso ocorre, pois existe uma variação muito grande entre os números
informados, tanto que as ocorrências mais altas ficaram no máximo, com repetição
de 4 com 8, 10 e 30 computadores utilizando a mesma conexão. Essa informação se
faz interessante para visualizar se a empresa o está perdendo velocidade de
acesso ou qualidade de acesso devido ao número de máquinas ou computadores
que utilizam a mesma conexão.
Foi realizada uma análise para verificação da correlação entre o número de
computadores utilizando a mesma conexão e a satisfação com a velocidade,
estabilidade e qualidade geral de acesso à Internet, sendo demonstrado na tabela 6.
Computadores Q7_Satisfação Q7_Estabilidade
Q7_Qualidade_G
eral
Pearson Correlation 1 ,229 ,167 ,210
Sig. (2-tailed) ,125 ,268 ,162
N 47 46 46 46
Pearson Correlation 1
,515
**
,600
**
Sig. (2-tailed) ,000 ,000
N 46 46 46
Pearson Correlation 1
,818
**
Sig. (2-tailed) ,000
N 46 46
Pearson Correlation 1
Sig. (2-tailed)
N 46
Correlations
Computadores
Q7_Satisfação
Q7_Estabilidade
Q7_Qualidade_Geral
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Tabela 6 Correlação entre número de computadores utilizando a mesma
conexão e qualidade percebida de acesso à Internet.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
Nota-se, com base nas informações da tabela 6, que a correlação não pode
ser determinada entre a quantidade de computadores utilizando a mesma conexão e
a velocidade, estabilidade e qualidade geral de acesso à Internet, percebidas. Os
valores da correlação de Pearson obtidos para essas variáveis foi 0,229, no caso de
satisfação, 0,167, com relação a estabilidade, e 0,210, para qualidade geral, mas
não houve significância. Se houvesse forte correlação o p ficaria acima de 0,7.
82
O motivo de não se ter detectada correlação (inversa) entre compartilhamento
da conexão e satisfação pode estar relacionado ao fato de, nos casos de
compartilhamento mais intenso da banda de acesso à Internet, isto vir acompanhado
da utilização de banda mais larga, o que faz com que a percepção da qualidade do
acesso não fique, necessariamente, comprometida.
Internet Computadores
Correlation Coefficient 1,000
,337
**
Sig. (2-tailed) . ,003
N 43 43
Correlation Coefficient 1,000
Sig. (2-tailed) .
N 47
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Correlations
Kendall's tau_b Internet
Computadores
Tabela 7 Correlação entre número de computadores utilizando a mesma
conexão e tipo de acesso à web ou Internet.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
Esta hipótese foi testada, verificando-se a existência de correlação entre o
número de computadores e tipo de acesso ou conexão à Internet, utilizando-se o
teste Tau de Kendall (t)
5
. Para essa análise, constatou-se uma correlação
significativa com significância de 0,003 e coeficiente de correlação de 0,337,
indicando assim a existência de correlação unilateral, conforme demonstrado na
tabela 7. Diante disso, pode-se dizer que o número de computadores conectados
está correlacionado com o tipo de acesso à Internet e que quanto maior o número de
computadores, mais larga a banda utilizada para conexão à Internet.
4.6 QUALIDADE DE ACESSO À INTERNET
Esse capítulo visa a demonstrar como está a percepção da qualidade geral da
Internet ou acesso a ela para utilização nas empresas para o desempenho ou
realização das atividades profissionais. Essa análise se faz importante para fazer
5
Adotou-se este procedimento devido à amostra ser pequena e o ordinal, em que se pode ter
rios meros empatados ou repetidos, como é o caso de mero de computadores.
83
contraponto com a utilização da Internet e outras ferramentas de TI nas atividades
das empresas e como está sendo a influência dela na evolução dessas atividades.
Salienta-se que a análise referente a qualidade de acesso à Internet foi
realizada utilizando-se apenas os dados da amostra de 2010.
O capítulo de resultados foi dividido em três subtópicos conforme a pesquisa
enviada, que também possuía três questões específicas sobre o assunto.
Seguem abaixo os resultados obtidos.
4.6.1 Satisfação com a Velocidade de Acesso à Internet
Com base na questão sobre se a velocidade de acesso à Internet é
satisfatória para as necessidades de trabalho, pedia-se para indicar o grau de
concordância com ela, com intuito de se obter um panorama geral de como está a
velocidade de acesso a páginas da web.
Conforme o gráfico representado pela figura 10, tem-se um panorama da
velocidade por porte das empresas, em que se evidencia o grau de concordância
com a questão muito superior às respostas contrárias ou neutras. Visualiza-se um
grau um pouco maior de discordância nas empresas classificadas como pequenas e
grandes, e uma posição neutra um pouco mais significativa nas empresas
classificadas como médias.
84
Figura 10 Satisfação com a Velocidade de Acesso à Internet por Porte da Empresa
para 2010.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Ainda com base na figura 10, analisando-se os percentuais totais de
satisfação com a velocidade de acesso à Internet. A partir dela fica fácil constatar
que o percentual de discordância, neutralidade e não aplicação, somados são
19,16% não sendo superiores à segunda alternativa mais frequente, “concordo
ligeiramente” (com aproximadamente 23%), e praticamente a metade da alternativa
“concordo” (que representa mais de 42%). Observe-se ainda que a opção “discordo
plenamente” não foi escolhida por nenhum respondente.
Diante dos percentuais da figura 10, em que se fossem representados os
totais agrupados, poder-se-ia dizer que mais de 80% dos respondentes estão
satisfeitos com a velocidade de acesso à Internet para a realização das suas
atividades. Esse é um índice interessante de ser analisado, pois permite concluir que
as empresas estão preocupadas com o tipo de desempenho que cada uma possui
85
para a realização das suas atividades e também que o investimento nesse quesito
está ocorrendo em níveis que são considerados aceitáveis pelos respondentes.
4.6.2 Estabilidade de Acesso à Internet
Com base na questão sobre se o acesso à Internet é estável e sobre se as
quedas são pouco frequentes, também se pedia para indicar o grau de concordância
com esse item.
Segundo o gráfico representado pela figura 11, tem-se um panorama da
estabilidade de acesso à Internet por porte das empresas. Aqui, mais uma vez, o
grau de concordância é superior ao das respostas contrárias ou neutras. Visualiza-
se um padrão de discordância/concordância similar para todos os portes de
empresa.
Figura 11 Estabilidade de acesso à Internet por porte – pesquisa de 2010.
Fonte: dados primários da pesquisa.
86
Também na figura 11, se fossem considerados somente os percentuais totais
de estabilidade de acesso à Internet, se observaria que o grau de “concordo” foi o
mais representativo, com 31%, seguido pelo “concordo ligeiramente”, com 19%, e,
ao contrário da satisfação com a velocidade, em terceiro lugar encontra-se o grau
“discordo ligeiramente”, com 14% empatado com o “concordo plenamente”. Isso
pode representar que a estabilidade da conexão à Internet seja um fator de
preocupação. Baseado na figura 11 percebe-se que essa dificuldade com a
estabilidade ocorreu mais frequentemente nas empresas classificadas como
pequenas.
Ainda com base nos percentuais da figura 11, pode-se afirmar que
praticamente 66% dos usuários estão satisfeitos com a estabilidade de acesso à
Internet para a realização das atividades corriqueiras de trabalho.
4.6.3 Qualidade Geral de Acesso à Internet
Com base na questão sobre se a qualidade geral do serviço de acesso à
Internet na empresa é boa, mais uma vez os respondentes eram levados a indicar o
grau de concordância com a afirmação proposta.
Conforme o gráfico representado pela figura 12, tem-se um panorama da
qualidade geral de acesso à Internet por porte das empresas, em que também se
tem um grau de concordância superior às respostas contrárias ou neutras. Visualiza-
se um grau um pouco maior de discordância nas empresas classificadas como
grandes e uma posição neutra um pouco mais significativa nas empresas
classificadas como pequenas ou médias, em comparação total.
87
Figura 12 Qualidade Geral de Acesso à Internet por Porte – pesquisa de 2010.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Na figura 12, se fosse observado somente o total, notar-se-ia que o grau de
“concordo” foi o mais representativo, com 34%, seguido pelo “concordo
ligeiramente”, com praticamente 30%, e em quarto lugar encontra-se o grau
“concordo plenamente”, com aproximadamente 15%. Os percentuais de
discordância, neutralidade e não aplicação, se fossem somados, ocupariam o
terceiro lugar com 22%.
Ainda com base nos percentuais da figura 12 e efetuando os somatórios totais
por agrupamento de graus ou itens, onde o gráfico faz a representação dos totais
agrupados, percebe-se que 78% dos respondentes estão satisfeitos com a
qualidade geral de acesso à Internet para a realização das atividades da empresa.
88
Em linhas gerais, as empresas respondentes da pesquisa de 2010
demonstram satisfação e preocupação com a qualidade geral da Internet utilizada,
com base nas respostas demonstradas graficamente através desses três tópicos
apresentados.
4.7 UTILIZAÇÃO DE INTRANET, EXTRANET E WEB-SITE
Essa análise tenta demonstrar graficamente, por meio das figuras 13, 14 e 15,
como está sendo a utilização de algumas ferramentas provenientes da Internet
dentro das empresas, com base nos resultados das três pesquisas.
Nota-se que a utilização de web-sites, conforme apresentado graficamente na
figura 13, é bastante comum, e também é a ferramenta proveniente da Internet mais
utilizada em todas as empresas, mesmo apresentando uma leve diminuição na
utilização na pesquisa de 2010, para as empresas classificadas como pequenas,
que não pode ser explicada senão pela aleatoriedade das amostras obtidas nos três
períodos, e isso provoca um recuo ou retração na utilização se compararmos 2006
com 2010.
Figura 13 Utilização de web-site pelas empresas respondentes, comparando as
respostas das três pesquisas realizadas.
Fonte: dados primários da pesquisa.
89
a intranet demonstra uma utilização maior pelas empresas médias e
grandes, assim como a sua evolução também foi constante nas últimas três
pesquisas para esses dois grupos, porém nota-se certo recuo no uso dessa
ferramenta pelas empresas, com base na evolução gráfica demonstrada pela figura
14, para os totais das pesquisas, no ano de 2010.
Essa ferramenta pode ser importante para a utilização dos ambientes virtuais
colaborativos, no desenvolvimento de novos produtos ou processos, pois segundo
Valério Netto et al. (2002), a comunicação entre os membros de um determinado
projeto internamente em uma empresa pode ser proporcionada ou facilitada pela
utilização da Internet, ou sendo mais específico, pela intranet que é a Internet de uso
interno nas empresas.
Figura 14 Utilização de intranet, extranet e web-site pelas empresas respondentes,
comparando as respostas das três pesquisas realizadas.
Fonte: dados primários da pesquisa.
A utilização da extranet, conforme demonstrado graficamente pela figura 15,
que serve para a comunicação entre as empresas e sua cadeia de fornecimento,
que segundo Handfield e Lawson (2007), que pode ser considerado recentemente
como um diferencial competitivo para essas empresas, especialmente para o
desenvolvimento de novos produtos e processos, é o menos utilizado, por todos os
90
grupos de empresas nas três pesquisas aplicadas, demonstrando nos resultados de
2010, um ligeiro decréscimo na utilização, o que não pode ser explicado com a
pesquisa quantitativa.
Figura 15 Utilização de extranet pelas empresas respondentes, comparando as
respostas das três pesquisas realizadas.
Fonte: dados primários da pesquisa.
De forma geral, somente o web-site é mais utilizado pelas empresas, talvez
isso possa explicado, pois através de web-site a empresa pode divulgar as suas
atividades e seus produtos, enquanto as ferramentas de intranet e extranet, que são
importantes para o desenvolvimento virtual de novos produtos, ainda se mostram
insipientes nas empresas participantes das três pesquisas.
4.8 IMPACTO DA INTERNET E OUTRAS FERRAMENTAS DE TI NOS ÚLTIMOS
TRÊS ANOS
Esse capítulo visa a evidenciar as principais mudanças percebidas pelas
empresas participantes nos três anos que antecederam cada pesquisa aplicada,
baseadas na utilização da Internet e de outras ferramentas de Tecnologia da
Informação, comparando os resultados obtidos
91
Apesar de o questionário aplicado ter vários itens interessantes para se
trabalhar nesse tópico e no próximo, somente serão focados os relativos ao
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos, evidenciando a
virtualização desses processos, a partir de análises gráficas e estatísticas.
A seguir são analisadas as atividades mais relevantes para a virtualização do
desenvolvimento de produtos e processos produtivos.
4.8.1 Projeto de Produtos e Serviços
Percebe-se no gráfico representado pela figura 16 que, de forma geral, as
empresas classificadas como grandes fazem uso mais intensivo de novas tecno-
logias, apesar do número de respondentes ser bem menor que os dois outros
grupos. Porém, o percentual da população pesquisada para esse grupo também é
menor. Elas são as empresas que percentualmente afirmam ter sido submetidas às
maiores mudanças com relação a utilização da Internet e outras TI para o projeto de
produtos.
Figura 16 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela utilização da
Internet e outras tecnologias da informação na atividade de projeto de
produtos e serviços nas indústrias do estado de São Paulo.
Fonte: dados primários da pesquisa.
92
Porém, as que apresentaram evolução constante durante as três pesquisas,
com base na percepção dos respondentes, foram as empresas classificadas como
pequenas, que, apesar de percentualmente demonstrarem resultados menores que
os demais grupos, mantiveram o crescimento na percepção de que a Internet e
outras ferramentas de TI influenciaram-nas durante o período a que a pesquisa se
referia.
Nos resultados de percepções para a pesquisa aplicada em 2006 para as
empresas classificadas como médias e grandes, observa-se uma retração nos
percentuais de percepção de mudança na atividade por influência da Internet, que
não pode ser explicada. Contudo, no resultado geral, observa-se uma ligeira
evolução na percepção de mudança causada pela influência da Internet e outras TI
nessa atividade.
Apesar do gráfico da figura 16 apresentar várias respostas entre sem
percepção de “nenhuma mudança” ou de “não se aplica”, percentualmente, a
percepção de mudança demonstrada pelas empresas é maior, mesmo com
percepções de mudanças pequenas ou razoáveis, mas demonstrações de
mudanças nessa atividade, influenciadas pela utilização da Internet e outras TI. Em
2010, não houve nenhum respondente que considerou que “não se aplica”.
Tampouco, houve casos de “não sei responder”. Isto pode indicar um
amadurecimento da percepção do potencial da Internet como ferramenta de apoio
às atividades de projeto, mesmo nos casos em que mudança alguma ainda se
configurou.
Com base na percepção geral de mudança na atividade de projeto de
produtos causada ou facilitada pela utilização da Internet e outras ferramentas de TI,
para as três pesquisas aplicadas, ocorreu uma evolução ou maior influência da
Internet nessa atividade, o que demonstra que as empresas estão preocupadas, ou
ao menos interessadas em acompanhar as mudanças ocasionadas pelas
tecnologias provenientes de TI, pois, segundo Amaral et al. (2006), essa atividade é
considerada como um processo cada vez mais crítico para a competitividade das
93
empresas, principalmente com a crescente internacionalização ou globalização do
mercado.
4.8.2 Projeto do Processo Produtivo
Observa-se no gráfico da figura 17, que a mudança causada pela utilizão da
Internet e outras ferramentas de TI na atividade de projeto do processo produtivo nas
empresas respondentes da pesquisa foi percebida comofia, principalmente nas
empresas classificadas como pequenas, prevalecendo respostas de não mudança
nessa atividade. As empresas dias também consideraram que a mudança foi
pequena, apesar de ocorrer uma evolução na perceão de influência da Internet da
aplicão de uma pesquisa para a outra. Esse ponto fica tido no somatório das
respostas ou no agrupamento das empresas respondentes.
Figura 17 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela utilização da
Internet e outras tecnologias da informação na atividade de projeto do
processo produtivo nas indústrias do estado de São Paulo.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados das pesquisas anteriores.
Novamente, as empresas classificadas como grandes apresentam
percentuais de percepção de mudança na atividade de projeto do processo
produtivo pelo uso da Internet e outras TI maiores que os obtidos para os demais
grupos.
94
As percepções referentes às mudanças ocasionadas pela Internet e outras
ferramentas de TI ao projeto dos processos produtivos, conforme está demonstrado
graficamente na figura 17, seguiram um padrão de percepções muito similar ao obtido
para o projeto de produtos, relatado no pico anterior, porém, com percentuais
menores para todos os portes de empresas respondentes e para todos os anos das
pesquisas, pois para muitas empresas o projeto do processo produtivo é considerado
parte do desenvolvimento do produto, assim como relatam Amaral et al. (2006). Isso
pode ser mudado por meio da utilização de ferramentas como a manufatura virtual
que é uma possibilidade de integrar os diferentes subsistemas de fabricação de uma
empresa e validar com todos os envolvidos. A manufatura virtual também contribui
para a diminuição dos riscos ou problemas dos processos de montagem ou
produção e talvez possibilite até a utilização do Gerenciamento do Ciclo de Vida do
Produto, mais conhecido como PLM (BANERJEE e ZETU, 2001; JAIN et al., 2001;
MING et al., 2007). Contudo, manufatura virtual ainda não faz parte da realidade da
maior parte das empresas industriais brasileiras.
4.8.3 Interação com Fornecedores
Conforme se pode observar no gráfico da figura 18, as empresas mostram
uma evolução ou utilização maior da atividade de interação com os fornecedores, ou
com a cadeia de fornecimento, ao longo da aplicação das três pesquisas.
Especialmente na pesquisa de 2010 fica evidente um salto na percepção de
mudança na forma como as empresas estão conduzindo essa atividade.
95
Figura 18 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela utilização da
Internet e outras tecnologias da informação na atividade de interação com
fornecedores nas indústrias do estado de São Paulo.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados provenientes das pesquisas anteriores.
A percepção de mudança na condução da atividade de interação com os
fornecedores por influência da Internet e outras ferramentas de TI, mostrava-se
pequena para a pesquisa realizada em 2003, em especial no caso das empresas
classificadas como pequenas. Pode-se notar que uma grande parte dessas
empresas ainda não havia percebido mudança nesse sentido. Esse percentual de
não percepção de mudança foi diminuindo gradativamente ao decorrer das
pesquisas, chegando a um percentual baixo em 2010.
O aumento na percepção de mudança na condução dessa atividade por
influência da Internet pode ser proveniente do entendimento por parte das empresas
da importância dessa atividade no desenvolvimento de produtos e processos
produtivos, como salientam Handfield e Lawson (2007), que afirmam que uma boa
integração ou interação com a cadeia de fornecimento tem um papel bastante
importante para um projeto de desenvolvimento de um novo produto ou processo,
pois os fornecedores podem contribuir com ideias e soluções, proporcionando até
mesmo redução de custo para as empresas clientes.
96
Ainda para Handfield e Lawson (2007), uma ferramenta que pode ser utilizada
para essa atividade é a integração com os fornecedores por meio de ambientes
colaborativos, que não incluem somente os ambientes de desenvolvimento ou
engenharia da empresa, mas também os fornecedores, que podem interagir com ela
utilizando a extranet.
Para verificar a influência direta da Internet, e mais especificamente da
extranet, nessa atividade de interação com fornecedores, foram realizadas algumas
análises estatísticas de correlação entre essas variáveis conforme demonstrado na
tabela 8.
Mean Std. Deviation N
Q9_InteraçãoF 4,09 1,886 47
Q8_ExtranetF 1,84 ,367 45
Q9_InteraçãoF Q8_ExtranetF
Pearson Correlation 1 -,243
Sig. (2-tailed) ,108
N 47 45
Pearson Correlation 1
Sig. (2-tailed)
N 45
Descriptive Statistics
Correlations
Q9_InteraçãoF
Q8_ExtranetF
Tabela 8 Correlação entre interação com fornecedores e utilização de extranet.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows utilizando dados primários da pesquisa.
Pode-se observar que a correlação entre as variáveis “interação com
fornecedores” e “utilização de extranet” pelas empresas é fraca (a correlação de
Pearson ficou em p 0,243), indicando que as empresa possivelmente não estejam
utilizando a sua extranet para se comunicar ou interagir com seus fornecedores.
4.8.4 Interação com os clientes
O desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos pode ocorrer
por meio da interação com os clientes, através da utilização de web-sites ou links
97
virtuais (FÜLLER, 2006). O contato direto ou interação com os clientes foi uma
atividade que sofreu várias mudanças significativas nos últimos três anos com
influência da Internet e outras ferramentas de TI, conforme representação gráfica do
total de respostas da figura 19.
Esse item foi incluído somente na pesquisa de 2010. Por esse motivo, não se
tem comparação com as pesquisas anteriores.
Figura 19 Comparativo de percepção de mudanças causadas pela utilização da
Internet e outras tecnologias da informação na atividade de interação com
os clientes nas indústrias do estado de São Paulo.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Com base na figura 19, as classificadas como grandes apresentam um índice
de percepção de mudança de 50% de mudanças radicais nessa atividade, 25% de
mudanças significativas e 25% de mudanças muito pequenas, porém como
mencionado anteriormente, apesar de percentualmente as respostas serem
representativas, o número de respondentes foi muito baixo, com somente 4
respondentes. Para as empresas classificadas como médias não foram percebidas
mudanças radicais, mas a percepção de mudanças significativas foi elevada. As
empresas classificadas como pequenas apresentaram o menor indice de percepção
de mudanças significativas e um alto índice de “sem nenhuma mudança” com
aproximadamente 18%. Nesse tópico, como em vários outros, pode-se verificar que
98
o porte da empresa influencia diretamente na percepção da da intensidade de
mudança provocada pela Internet e outras TI sobre as atividades organizacionais.
4.9 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, MÉTODOS E TÉCNICAS ATUALMENTE E
NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS
Essa parte da pesquisa pretende verificar quais tecnologias, métodos e
técnicas, tais como Realidade Virtual, Protótipos Virtuais, Simulações de Projetos em
Computador e Ambientes Virtuais Colaborativos, estão sendo utilizadas ou serão
utilizadas pelas empresas nas atividades de desenvolvimento de novos produtos e
processos produtivos, de acordo com a expectativa dos respondentes. Os dados se
referem às três pesquisas realizadas em 2003/2004, 2006/2007 e 2010, refletindo
sempre a percepção do que estava acontecendo ou iria acontecer nos próximos três
anos.
Também são apresentados os resultados obtidos pela da inclusão de novas
tecnologias, métodos e técnicas, no questionário, exclusivos da pesquisa de 2010,
envolvendo o gerenciamento do ciclo de vida do produto, comunidades virtuais e
ferramentas colaborativas de interação com clientes. Embora essas atividades
possam não parecer estar diretamente ligados ao desenvolvimento do processo
produtivo e do produto, a inclusão dos parceiros de negócios (clientes, fornecedores
e consumidores) na discussão desses aspectos pode proporcionar importantes
insights para as equipes de desenvolvimento. Por isso, optou-se por monitorar
também a forma como as novas tecnologias estão afetando essas atividades, na
pesquisa de 2009/2010. Como esses aspectos não foram incluídos nas pesquisas
anteriores, os itens 4.9.5 a 4.9.7 apresentam resultados apenas para o último
período de análise.
4.9.1 Realidade Virtual
A Realidade Virtual era um dos itens no bloco de perguntas relacionadas à
percepção de utilização pelas empresas em atividades de projeto de produtos e
processos produtivos utilizando a Internet e outras ferramentas de TI.
99
Através da utilização da realidade virtual é possível efetuar ou facilitar a
virtualização de projetos de novos produtos e processos, ou ao menos, de parte
deles, pois possibilita simulações em computadores de peças, verificação de
medidas e montagens em ambientes virtuais de peças protótipo, troca de
informações entre os participantes de determinados projeto, entre outras atividades
(GRAEML, 2004; VALERIO NETTO et al., 2002; SISLAK e VALCUHA, 2005).
Porém, nota-se com base na percepção dos respondentes que essa
ferramenta ou tecnologia não foi, não está sendo e não será muito utilizada pelas
empresas no curto prazo, havendo uma predominância da resposta “não se aplica”
por parte dos respondentes, principalmente no caso das pesquisas realizadas em
2003 e 2006, como está representado no gráfico da figura 20. Em 2010 as empresas
começaram a perceber a possibilidade de uso, embora ainda tímido, na maior parte
dos casos.
Figura 20 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos da
realidade virtual pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados das pesquisas anteriores.
Nas empresas classificadas como pequenas ocorreu uma evolução na
utilização da realidade virtual da primeira para a terceira pesquisa. Porém, a
representatividade perante toda a amostra é baixa, ficando em 10% em 2003,
100
passando para 12% em 2006 e atingindo 27% em 2010, o número de empresas em
que algum uso de realidade virtual. Contudo a representatividade da resposta
“não se aplica” caiu substancialmente na última pesquisa. Isso pode ter ocorrido pelo
conhecimento maior, ou maior intimidade com a Internet e as ferramentas de TI,
proporcionando uma avaliação mais positiva da possibilidade de utilização da
realidade virtual nas atividades da empresa.
Essa tendência apresentada pelas empresas de pequeno porte é quase
repetida para as empresas classificadas como de médio porte, com exceção dos
resultados apresentados para a pesquisa aplicada em 2006, em que se observa
uma retração da utilização dessa ferramenta.
Para as empresas classificadas como grandes, conforme é apresentado na
figura 20, nota-se resultados muito diferentes para cada pesquisa aplicada, e isso
pode ter ocorrido devido ao pequeno número de respondentes para as amostras de
2006 e 2010, em que se tem uma grande representatividade percentual, porém com
um baixo número absoluto de participantes.
De forma geral ocorreu uma evolução na utilização da realidade virtual pelas
empresas ao longo da aplicação das pesquisas. Porém, o que mais chama a
atenção é a quase inexistência de respostas “não se aplica” em 2010, o que pode
indicar uma maior familiaridade dos respondentes com o termo realidade virtual, na
atualidade, e a percepção de que prototipação e simulação virtual são provenientes
ou fazem parte da realidade virtual conforme observavam outros autores
(GRAEML, 2004; VALERIO NETTO et al., 2002; SISLAK e VALCUHA, 2005; MA et
al., 2007).
4.9.2 Prototipação Virtual
A utilização de Protótipos Virtuais ou Prototipação Virtual, que é a atividade
de criar modelos e protótipos de produtos em computadores para possibilitar a
realização de testes, prescindindo de um modelo físico ou real para isso, também foi
analisada para as empresas pesquisadas.
101
No gráfico representado pela figura 21, percebe-se que a maior utilização da
ferramenta de prototipação virtual ocorre nas empresas classificadas como grandes,
desde a primeira pesquisa, aplicada em 2003/2004.
Figura 21 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos da
prototipação virtual pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados das pesquisas anteriores.
Nesse gráfico verifica-se uma indicação de utilização maior da ferramenta de
prototipação virtual do que de realidade virtual. Algumas empresas classificadas
como pequenas ou médias consideram a utilização desses protótipos como
“fundamental”. Para esses dois grupos (empresas pequenas e médias), verifica-se
uma evolução na utilização da ferramenta de prototipação virtual, com base nos
percentuais apresentados.
A não aplicação ou utilização dessa ferramenta, por parte das empresas,
diminui consideravelmente na pesquisa aplicada em 2010. Mais uma vez é
importante destacar a baixa incidência de respostas “não se aplica” nessa última
pesquisa.
Com base nos resultados apresentados pela figura 21, observa-se que
ocorreu uma evolução ou um crescimento na utilização da ferramenta de
102
prototipação virtual por parte das indústrias do estado de São Paulo nos últimos
anos. Isso tem interferência direta na virtualização do projeto de novos produtos ou
processos, pois segundo Graeml (2004), essa ferramenta pode ser aplicada no
projeto de desenvolvimento de um novo produto ou aperfeiçoamento dos existentes,
de forma totalmente virtual, baseada em informações reais inseridas em um sistema
computacional, permitindo que se projete qualquer peça, produto ou ferramenta de
forma rápida, eficaz e com redução de custo.
4.9.3 Simulação Virtual
A atividade de Simulação Virtual, que consiste em simular testes, ocorrências,
montagens, entre outras operações, utilizando um ambiente virtual para isso,
também é um tópico importante para a verificação da virtualização dos projetos de
novos produtos e processos produtivos nas empresas.
A simulação virtual está ligada diretamente à prototipação virtual, pois os
protótipos virtuais precisam passar por simulações virtuais para verificar a utilização,
montagem, possíveis defeitos ou falhas, e por sua vez, essa simulação só é possível
usando protótipos virtuais (VALERIO NETTO et al., 2002; DUKIC et al., 2007).
Diante dessa observação apresentada na revisão teórica, pode-se verificar no
gráfico da figura 22 uma similaridade com os resultados apresentados na figura 21
para prototipação virtual.
103
Figura 22 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos da
simulação virtual pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados das pesquisas anteriores.
Novamente nota-se, com base no gráfico da figura 22, que as empresas
classificadas como de grande porte são as que apresentam maior intensidade na
utilização da ferramenta de simulação virtual. Isso ocorre para as três pesquisas
aplicadas, havendo grande representatividade das respostas afirmativas para a
utilização de simulação virtual na pesquisa de 2010. É importante lembrar que o
número de respondentes em 2010 foi bem inferior. O fato de haver indicação de
maior utilização nas empresas classificadas como grandes pode decorrer de elas
geralmente terem mais recursos financeiros para investir na utilização de
ferramentas e técnicas como essa.
Para os grupos das empresas classificadas como pequenas ou médias,
observa-se uma baixa intensidade de utilização da ferramenta, demonstrada pelos
percentuais para as pesquisas aplicadas em 2003/2004 e 2006/2007. Em 2003/2004
e 2006/2007 havia uma elevada taxa de respostas “não se aplica” para esses dois
grupos. Porém, nos resultados da pesquisa de 2010, nota-se que esses percentuais
de “não se aplica” e não utilização diminuíram consideravelmente, evidenciando o
104
aumento da utilização da ferramenta de simulação virtual pelas indústrias do estado
de São Paulo.
Essa percepção de aumento se concretiza com a verificação do total de
utilização dessa ferramenta, por todos os grupos pesquisados e para os três anos da
aplicação da pesquisa. Observa-se uma utilização moderada para as duas primeiras
pesquisas e uma evolução considerável na utilização da simulação virtual para a
pesquisa de 2010, sendo mais representativos, percentualmente, opções como
“fundamental para o negócio”. A redução da ocorrência de “não se aplica” ou não
utilização futura demonstra, mais uma vez, que as empresas estão efetuando com
mais frequência a virtualização dos projetos de produtos e processos, pois essa
atividade ou ferramenta está ligada diretamente ao desenvolvimento de novos
produtos e processos produtivos, sendo realizado através da realidade virtual e
utilizando protótipos virtuais (VALERIO NETTO et al., 2002;GRAEML e CSILLAG,
2003; BORGES e NAVEIRO, 2005).
4.9.4 Ambientes Virtuais Colaborativos
Os ambientes virtuais permitem que profissionais envolvidos em um
determinado projeto trabalhem simultaneamente no projeto, ainda que não
compartilhem o mesmo ambiente físico, ou seja, que estejam em cidades ou países
diferentes (GRAEML, 2004; VALERIO NETTO et al., 2002; SISLAK e VALCUHA,
2005).
A utilização dos Ambientes Virtuais Colaborativos, onde os funcionários das
empresas podem trocar informações sobre projetos ou produtos e realizar interações
entre eles, conforme apresentado na revisão teórica, apresenta uma baixa
intensidade de utilização, conforme está demonstrado no gráfico da figura 23.
105
Figura 23 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos dos
ambientes virtuais colaborativos pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa e dados das pesquisas anteriores.
Na figura 23, pode-se verificar que principalmente as empresas de pequeno
porte mostram uma baixa utilização da ferramenta, conforme os resultados das
pesquisas de 2003/2004 e especialmente 2006/2007. Contudo, em 2010 percebe-se
uma evolução significativa na utilização dos ambientes virtuais colaborativos, além
de um decréscimo na ocorrência de “não se aplica”. Nota-se também que o
percentual de não utilização futura sempre foi alto para esse grupo de empresas
variando de 25% a 30% entre as três pesquisas aplicadas.
No grupo das empresas classificadas como de médio porte, nota-se uma
intensidade de utilização maior do que para o grupo das pequenas empresas para
todas as três pesquisas aplicadas. No total desse grupo, pode-se considerar baixa
utilização, porém maior que para o grupo anterior. Também se percebe que ocorreu
um crescimento na utilização com o passar dos anos, chegando a apresentar mais
de 10% da representatividade da amostra para esse grupo na opção que indica que
os ambientes virtuais colaborativos são “fundamentais para o negócio”. Apesar de
representativas, as opções “não se aplica” e de não utilização futura mostram-se
106
menos expressivas do que para as empresas pequenas. Na pesquisa de 2010 não
chega a aparecer a opção “não se aplica”.
Para as empresas classificadas como de grande porte a utilização da
ferramenta apresentou-se expressiva para as três pesquisas, chegando a 100% de
utilização nas empresas pesquisas em 2010, salientando-se contudo que o número
de respondentes é pequeno para empresas desse porte. uma evolução
perceptível dos resultados da primeira pesquisa para a última.
De maneira geral, a intensidade da utilização de ambientes virtuais
colaborativos é baixa. Porém, é crescente ao longo dos anos, conforme apresenta a
figura 23, seguindo a tendência das outras ferramentas para a virtualização do
projeto de desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos. Talvez a
intensidade da utilização dessa ferramenta não seja tão baixa como apresentado no
gráfico da figura 23, baseado nas respostas das empresas participantes, pois as
indústrias podem conhecê-la por outros nomes como workflow, ou groupware, ou
mensagens eletrônicas, ou CSCW (computer supported cooperative work), não
associando a ferramenta ao desenvolvimento virtual de projetos e não a
reconhecendo pelo nome de ambientes virtuais colaborativos. Afinal, vários desses
nomes são utilizados para tratar da mesma coisa por diferentes autores, como
Borges e Naveiro (2005), Graeml e Macadar (2007), e Kock (2007).
Para verificar a influência direta da utilização da intranet nessa atividade de
ambientes virtuais colaborativos, foram realizadas algumas análises estatísticas de
correlação entre variáveis, conforme está demonstrado na tabela 9.
107
Mean Std. Deviation N
Q8_Intranet 1,47 ,505 45
Q12_Ambientes 2,90 1,847 39
Q8_Intranet Q12_Ambientes
Pearson Correlation 1 -,265
Sig. (2-tailed) ,108
N 45 38
Pearson Correlation 1
Sig. (2-tailed)
N 39
Descriptive Statistics
Correlations
Q8_Intranet
Q12_Ambientes
Tabela 9 Correlação entre ambientes virtuais colaborativos e utilização de
intranet.
Fonte: Tela de saída do programa SPSS para Windows para os dados primários da pesquisa.
Observa-se que a correlação entre as variáveis “ambientes virtuais
colaborativos” e “utilização de intranet” pelas indústrias do estado de São Paulo é
fraca (correlação de Pearson ficou em p 0,265), indicando dessa forma, que as
empresas possivelmente não estejam utilizando a intranet para prover a
comunicação entre os profissionais envolvidos em determinado projeto.
4.9.5 Gerenciamento do ciclo de vida do produto
Segundo Ming et al. (2007), a ferramenta de gerenciamento do ciclo de vida
do produto, também conhecida como PLM (Product Lifecycle Management), pode se
utilizar de realidade virtual para analisar o ciclo completo de desenvolvimento de um
novo produto, desde o projeto até a sua fabricação virtual e física. Esse recurso é
utilizado moderadamente atualmente pelas empresas respondentes, conforme
mostra a figura 24, onde também se observa que 25% dos respondentes não
pretendem utilizar essa ferramenta nos próximos três anos e somente 8%
demonstraram interesse em utilizá-la no futuro.
108
Figura 24 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos do
gerenciamento do ciclo de vida do produto pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Verificando o gráfico nota-se um percentual de 50% das empresas
classificadas como grandes que não pretendem utilizar essa ferramenta nos próximo
três anos. Porém, nesse mesmo grupo, um percentual de 25% considera que essa
ferramenta é fundamental para o negócio, salientando-se novamente que o número
de respondentes entre as empresas de grande porte é muito baixo. As empresas
classificadas como pequenas apresentam um percentual menor de empresas
usuárias desse recurso, mas a intenção de utilização da ferramenta nos próximos
três anos é relativamente elevada, chegando a 10%.
Diante das respostas e percentuais, pode-se verificar que essa ferramenta
continuará com utilização relativamente baixa nos próximos três anos, refletindo a
atualidade, pois os percentuais de expectativa de não utilização nos próximos 3
anos representaram mais de 25% do total das respostas das empresas.
4.9.6 Comunidades virtuais
As comunidades virtuais onde clientes e potenciais clientes podem interagir
diretamente com a empresa, trocando informações e opiniões sobre produtos ou
serviços do grupo de empresas em questão, pode ser uma ferramenta interessante
para o desenvolvimento de novos produtos ou processos produtivos, segundo
Nambisan e Nambisan (2008).
109
As respostas sobre esse tópico estão representadas graficamente na figura
25, onde pode-se visualizar que no total a utilização atual vai de moderada para
pouca ou pouquíssima, que os percentuais de empresas que não sabem respondem
continuam altos com 19% do total, e que o grande percentual dos respondentes, ou
seja, 40% do total não pretendem utilizar essa ferramenta nos próximos três anos.
Esse percentual dos que não pretendem utilizar essa ferramenta no futuro é o
mais representativo para todas as categorias de empresas chegando a 50% nas
grandes e a 42% nas pequenas, indicando que, no futuro próximo, a ferramenta
continuará a ser utilizada somente pelas empresas que a estão utilizando
atualmente.
Figura 25 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos das
comunidades virtuais pelas empresas respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Ainda com base na figura 25 somente as empresas classificadas como
médias e pequenas demonstram algum interesse em utilizar essa ferramenta nos
próximos três anos, porém com indice baixo, ao menos comparado ao das que
afirmam categoricamente que não pretendem utilizar.
Os percentuais de “não sei” ou “não conhecem” a ferramenta é elevado nas
pequenas (21%) e médias empresas (18%), conforme mostra a figura 25.
110
Para essa ferramenta, em especial, com bases nas respostas das empresas
em 2010, pode-se observar que a utilização é baixa e que o interesse futuro pela
sua utilização é mais baixo ainda.
4.9.7 Ferramentas colaborativas de interação com clientes
As ferramentas colaborativas de interação com clientes, dentre as quais se
pode incluir qualquer tipo de ferramenta de comunicação ou contato direto com os
clientes, como web-sites, links virtuais de comunicação, também foram inseridas na
pesquisa, com o intuito de se verificar qual o grau de sua utilização (NAMBISAN e
NABISAN, 2008).
Figura 26 Percepção de intensidade de utilização atual e nos próximos 3 anos das
ferramentas colaborativas de interação com clientes pelas empresas
respondentes.
Fonte: dados primários da pesquisa.
Baseado na representação gráfica da figura 26 pode-se observar que a
intensidade de utilização dessas ferramentas, de forma geral é modesta. Novamente
nota-se que o percentual das empresas que não sabem responder sobre o assunto
é relativamente alto, perfazendo quase 15% da amostra total, e que o índice ou grau
mais considerado ou com o maior número de respostas foi “não utilização nos
próximos três anos”, com 27%.
111
As empresas classificadas como grandes apresentam percepções muito
diferentes com 25% considerando fundamental para o négocio da empresa, 50%
utilizando pouco ou muito pouco e 25% não utilizando e não pretendendo utilizar nos
próximos três anos, salientando novamente que, em números absolutos, os
respondentes entre as empresas grandes não são significativos, uma vez que houve
apenas quatro respondentes.
Na figura 26 também se pode observar que muitas empresas médias e
pequenas não souberam responder a pergunta sobre as ferramentas, com até 20%
do total das respostas para as médias. Como isso havia ocorrido para diversas
outras questões, fica evidenciado que as empresas de menor porte estão menos
preparadas para adotar novas tecnologias, em termos de conhecimento das
possibilidades por elas oferecidas.
112
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Internet, em conjunto com algumas outras ferramentas da Tecnologia da
Informação, teve papel importante na mudança da condução ou realização de
muitas atividades corriqueiras na vida pessoal e profissional das pessoas, fazendo
com que fossem substituídos processos complexos, por outros mais rápidos e mais
simples, economizando tempo e, consequentemente, contribuindo para que se
tornassem mais eficientes. Além disso, deve-se ressaltar que a Internet é uma fonte
muito grande de informação, que pode ser obtida em um curto intervalo de tempo.
Desde a consolidação da utilização da Internet e de algumas ferramentas da
Tecnologia da Informação, pode-se dizer que elas influenciaram bastante algumas
mudanças na forma como as organizações estão conduzindo e gerindo seus
negócios, devido à velocidade e opções de ferramentas que foram proporcionadas.
Essa pesquisa tentou verificar algumas dessas mudanças ou seus
respectivos reflexos nas empresas ou na condução das atividades relacionadas ao
desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos, principalmente na
virtualização desses processos facilitada pela utilização da Internet e outras
ferramentas de TI.
Pesquisas anteriormente realizadas, 2003/2004 e 2006/2007, por Graeml
(2004) e Graeml e Macadar (2007), respectivamente, serviram de base para o
direcionamento desse estudo. Porém, os resultados diferem um pouco como é
mostrado no capítulo 4, em que se procurou compará-los, demonstrando a evolução
da influência da Internet e outras ferramentas da Tecnologia da Informação sobre
algumas atividades realizadas pelas empresas.
Pode-se dizer que os resultados obtidos com a aplicação do questionário
foram bastante interessantes para a pesquisa, pois mostram a atual realidade de
utilização da Internet pela indústria do estado economicamente mais importante do
país.
113
Tanto a pergunta principal como as perguntas de suporte dessa pesquisa
foram respondidas de forma ampla pelas análises realizadas no capítulo 4,
principalmente nos itens 4.8 e 4.9, com base nos quais se pôde ter uma visão geral
sobre a forma como as indústrias do estado de São Paulo estão utilizando a Internet
e outras ferramentas da Tecnologia da Informação na condução das atividades de
projeto de produtos e processos produtivos.
Referente à intensidade de uso dos protótipos virtuais, foi verificado que
ocorreu uma evolução nos últimos anos, apesar de eles continuarem a não ser
usados por todas as empresas.
Com relação à intensidade de uso da simulação virtual no projeto do produto
ou processo produtivo, também se percebeu uma evolução ao longo da aplicação
das três pesquisas.
Para os ambientes virtuais colaborativos, notou-se uma evolução na
intensidade de uso para o projeto do produto e dos processos produtivos.
A virtualização das atividades de projeto, por meio da utilização da Internet ou
de outras ferramentas de Tecnologia da Informação, está sendo mais utilizada do
que a de processos produtivos, que ainda se é mais tímida, conforme resultados
apresentados. Nota-se que ainda pode existir certa resistência com relação a
utilização de novas tecnologias para a execução desses processos nas empresas,
mantendo-se os processos tradicionais, como pôde ser notado nos gráficos dos itens
4.8 e 4.9.
As grandes empresas apresentam tendências de uso mais intenso do que as
demais das tecnologias que proporcionam a virtualização do projeto de produtos e
processos, mas talvez isso seja reflexo delas serem, muitas vezes, filiais de
empresas multinacionais, ou porque tenham mais capital para investir em novas
tecnologias, agregando assim um maior valor a seus produtos e serviços.
O comparativo realizado no capítulo 4 entre os resultados das pesquisas
aplicadas mostra que realmente houve uma evolução na utilização da própria
114
Internet, assim como outras ferramentas e tecnologias nos últimos dez anos, período
que compreende as três pesquisas.
O que chama a atenção nos resultados dessa pesquisa, além da baixa
utilização de algumas ferramentas ou tecnologias, como Realidade Virtual,
Simulação Virtual, Ambientes Virtuais Colaborativos, é um índice considerável de
não intenção de utilização nos próximos anos, conforme é apresentado no item 4.9.
Como sugestões para próximas pesquisas, sugerem-se algumas
possibilidades de complementação desse estudo:
Uma primeira recomendação é que se realize nova survey com as mesmas
questões dentro de mais três anos, para se poder comparar com os estudos
realizados trienalmente desde 2003/2004, para se compreender melhor o processo
de virtualização de projetos de produtos e processos produtivos pela indústria
brasileira.
Uma segunda recomendação seria a aplicação dessa pesquisa para a região
sudeste inteira, e não exclusivamente para o estado de São Paulo, como foi
realizado nesse estudo, para se obter dessa forma um panorama maior da utilização
da virtualização de projeto de produtos e processos produtivos pelas indústrias.
Depois da região sudeste, aplicar também na região sul, centro-oeste, norte e
nordeste, obtendo-se assim uma visão de como está o setor industrial referente a
virtualização de projetos. Será uma pesquisa bastante complexa, e talvez demorada,
mas pode revelar a situação do país como um todo e ser possível a comparação
com outros países que utilizam essas tecnologias a mais tempo. Nesse estudo
também seria interessante verificar a aplicação nos Arranjos Produtivos Locais
(APLs) das regiões.
Uma terceira recomendação é que se utilizem os resultados obtidos através
da aplicação da survey, e se trabalhe com as questões relacionadas a utilização da
Internet e outras ferramentas de TI correlacionadas com a inovação aplicada no
setor industrial do estado de São Paulo, isto é, verificar se as empresas mais
115
inovadoras são também as que mais utilizam recursos tecnológicos provenientes da
Internet e outras TIs.
Outra recomendação é verificar como está sendo a utilização da Internet pelo
setor industrial para o relacionamento com clientes para divulgação da empresa,
produtos e serviços, além das vendas propriamente ditas, e fazer um contraponto
com a utilização desse canal de comunicação para o envolvimento dos clientes nos
projetos de desenvolvimento de novos produtos e processos, pois como foi visto no
item 4.7, a utilização de web-sites, que podem representar um canal de
comunicação entre a empresa e os clientes, é bastante comum e representativa para
todas as empresas respondentes.
Uma quinta recomendação seria a realização de uma pesquisa qualitativa, do
tipo estudo de casos (multicasos) comparativos, em algumas das empresas
respondentes, para se verificar os motivos pelos quais ferramentas virtuais,
relacionadas a projetos do produto e processos produtivos, demonstram pouca
utilização por elas. Assim, poder-se-ia descobrir se é uma questão de custos,
conhecimento, cultura, normas ou diretrizes.
Outra recomendação, ainda, é a de verificar qual a intensidade de utilização
de ferramentas ou técnicas, como engenharia simultânea, manufatura virtual,
gerenciamento do ciclo do produto e gerenciamento da cadeia de fornecimento, e
como elas podem contribuir para o processo de virtualização do projeto do produto e
processos produtivos nas indústrias do estado de São Paulo.
Feitas essas recomendações sobre possíveis estudos futuros, que podem ser
complementares ao ora realizado sobre a Internet e a virtualização do projeto de
produtos e processos produtivos, conclui-se este trabalho, na esperança de se ter
proporcionado um melhor entendimento da evolução da utilização das novas
tecnologias de informação nas atividades de projeto nas indústrias do estado de São
Paulo.
116
REFERÊNCIAS
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desenvolvimento de produtos. Revista Produto & Produção, v. 8, n. 3, p. 93-108,
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DUARTE, A. L. D. C. M.; BARBERATO, E. A evolução das ferramentas no
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DUKIC, T.; RONNANG, M.; CHRISTMANSSON, M. Evaluation of ergonomics in a
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APÊNDICE - QUESTIONÁRIO
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