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Após o encerramento da sessão legislativa de 1834, Ibiapina viaja para o Ceará para
assumir as funções de Juiz de Direito e Chefe de Polícia de Quixeramobim, trabalhando por
pouco tempo. Ibiapina não aceitou a Presidência da Província de Pernambuco (governador),
tampouco a pasta do Ministério da Justiça. A partir de 1838, Ibiapina passou a residir no
Recife, mas foi convidado para advogar na Vila Real do Brejo de Areia, na Paraíba. Por volta
de 1840, fixa morada em Recife, onde instalou escritório de advocacia no pátio do Carmo, por
dez anos, recebendo carinhosamente o título de “defensor dos pobres”, por ser um dos mais
notáveis advogados do Recife.
Sua vida em reclusão foi por volta dos 1850 a 1853. Sendo que, em 1850, Ibiapina
fechou o escritório e renunciou à carreira de advogado, passando a residir numa casa de
tijolos no sítio Caxangá, recluso na solidão, rezando, estudando teologia e filosofia. Para uns,
monge; para outros, louco. Seja como for, cuidava do jardim e do pomar, em companhia da
irmã caçula Ana, e mantinha contato com o bispo Dom João da Purificação Perdigão. As
desilusões foram profundas na vida de Pereirinha, seja como: Juiz de Direito, não podia
decidir, haja vista os poderosos inconscientes; como deputado geral, quis lutar e defender o
sertanejo nordestino, sendo difícil, pois o Nordeste era desprezado e dominado por poderosos;
como advogado, foi negada uma causa justa; a noiva o abandonou. Só restava um caminho,
missionar como Jesus Cristo. Dom João foi quem o ordenou, recebendo a tonsura clerical aos
11 de junho de 1853. No dia 12 de junho de 1853 recebeu as duas primeiras ordens menores
de hostiário e leitor. E, aos 18 de junho de 1853, recebeu as ordens de exorcista e acólito. No
dia 19 de junho lhe foi conferido o subdiaconato. No dia 26 de junho, o diaconato. No dia 3
de julho ordenou-se sacerdote aos 47 anos de idade. No dia 26 de julho de 1853, celebrou a
primeira missa na Igreja Madre de Deus, no Recife.
Sobre as obras e peregrinações do Padre Ibiapina, Diana Rodrigues Lopes diz que
Padre Ibiapina, no seu incansável trabalho missionário, percorreu mais de
601.758 quilômetros pelas estradas do Piauí, Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba e Pernambuco, com sua batina de brim pardo ou branco, a
pé, a cavalo, ao sol, a chuva, enfrentando doenças e animais ferozes e
poderosos fazendeiros.
Realizou missões, organizou o povo, conciliou velhas intrigas, levantou e
restaurou capelas e igrejas, fundou hospitais, construiu açudes, cacimbas,
poços, barragens em mutirão, com a comunidade pobre e sofrida do sertão,
sem nenhum apoio e ajuda oficial.
Construiu 22 Casas de Caridade, para atender a carentes e órfãs, que eram
entregues às irmãs de caridade ou chamadas de beatas. Nas Casas de
Caridade as abrigadas aprendiam a ler, escrever e contar, educação religiosa
e moral (LOPES, 2004, p.37, grifos da autora).