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seus fundadores, este que já recebeu diversos prêmios devido à sua ativa
participação no movimento Hip Hop. Por exemplo, a UNESCO o premiou como uma
das dez pessoas mais militantes no mundo na última década. Além dele, a CUFA
conta com Nega Gizza, uma forte referência feminina no mundo do Rap, conhecida
e respeitada por seu empenho e dedicação às causas sociais. Nega Gizza é
também Diretora do HUTÚZ, o maior festival de Rap da América Latina, que é
produzido pela CUFA. O Hip Hop, através da linguagem audiovisual é a principal
forma de expressão da CUFA e serve como ferramenta de integração e inclusão
social. Por ser um movimento que, há 20 anos, sobrevive se delineando nos guetos
brasileiros mesmo sem o apoio da mídia, ele cresce e se fortalece a cada dia,
arrebatando admiradores de todas as camadas sócio-econômicas e deixando para
trás o rótulo de “cultura do excluído”. Ao longo de sua existência, o Hip Hop vem
criando um movimento forte, atraente, com grande potencial, e segue abrindo portas
para novos nichos comerciais ainda não explorados. Através de uma linguagem
própria, a CUFA pretende ampliar suas formas e possibilidades de expressão e
alcance. Assim, ela vai difundindo a conscientização das camadas desprivilegiadas
da população com oficinas de capacitação profissional, entre outras atividades, que
elevam a auto-estima da periferia e estimulam o protagonismo de suas ações,
criando novas perspectivas. Agindo como um pólo de produção cultural desde 1999,
através de parcerias, apoios e patrocínios, a CUFA forma e informa os cidadãos do
Rio de Janeiro e de outros 19 Estados brasileiros. Dentre as atividades
desenvolvidas pela CUFA, há cursos e oficinas de DJ; Break, Grafite, Escolinha de
Basquete de Rua, Skate, Gastronomia, Audiovisual e muitas outras. São diversas
ações promovidas nos campos da educação, esporte, cultura e cidadania, com mão-
de-obra própria. (In: http/www.cufa.org.br)
A CUFA - Central Única das Favelas - é uma ONG, sem fins lucrativos.
Fundada em 1998 por MVBILL e Celso Athayde, teve como primeiro pólo o Bairro
Cidade de Deus. Atualmente possui sedes ou braços, como preferem seus
organizadores, em vários estados do Brasil. A partir do site oficial da instituição,
percebe-se que a linha de atuação da CUFA em todos os locais em que ela funciona
tem por base o movimento Hip Hop
e seu caráter multidimensional
. Assim, os
cursos e projetos desenvolvidos nas sedes, referem-se especificamente às
atividades e performances ligadas a esta forma de expressar-se cultural e
artisticamente.
Segundo Ronaldo, o coordenador das atividades na CUFA na Cidade de Deus,
a proposta é promover “através da produção cultural a inclusão social da população
de periferia”. Deste modo, a escolha de elementos do Hip Hop, principalmente a
Por hip hop entende-se o movimento cultural iniciado no final da década de 1960 nos Estados Unidos como
forma de reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes menos favorecidas da sociedade
urbana. Também chamado cultura de rua, o hip hop como movimento cultural é composto por elementos como:
o rap que é a expressão musical e verbal, o graffiti que é a arte de pichar, e o break que é a dança. A palavra rap
é formada da junção da inicias de Rhytm and poetry (ritmo e poesia), e foi difundida juntamente com os
elementos break e grafite. Figuram ainda neste cenário, o DJ (Disc Jóquei) que se caracteriza pelas bases
musicais, e o MC (Mestre de Cerimônia) que nos remete às tradições orais africanas – os griots – “contadores de
história que carregavam na memória toda a tradição das tribos africanas, preservaram suas técnicas em versos
passados de pai para filho” (PIMENTEL, 1997, p. 8). Sobre a historia do hip hop no Brasil ver HERSCHMANN
(2005); PIMENTEL (1997) e FRiGERIO(1992)
Para Alejandro Frigério (1992), o “caráter multidimensional” do hip hop se dá porque a performance ocorre
em diversos níveis “misturando gêneros que para nós seriam diferentes e separados”. Como resultado, mais
que um somatório de gêneros, “o todo que se consegue a partir da fusão dessas diferentes artes é maior que a
soma de suas partes constitutivas”. FRIGERIO, (1992:24)