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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
ANÁLISE DA ESTRUTURA FATORIAL DO COMPORTAMENTO
EXPLORATÓRIO DE RATOS EM MODELOS DE ANSIEDADE,
DEPRESSÃO E RECONHECIMENTO
Graziela Furtado Scarpelli Ferreira
Brasília, DF
Agosto de 2010
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
ANÁLISE DA ESTRUTURA FATORIAL DO COMPORTAMENTO
EXPLORATÓRIO DE RATOS EM MODELOS DE ANSIEDADE,
DEPRESSÃO E RECONHECIMENTO
Graziela Furtado Scarpelli Ferreira
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências do Comportamento do
Instituto de Psicologia da Universidade de
Brasília como requisito parcial à obtenção do
titulo de Doutor em Ciências do
Comportamento Área de Cognição e
Neurociências do Comportamento.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Pedro de Mello Cruz
Brasília, DF
Agosto de 2010
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Análise da estrutura fatorial do comportamento exploratório de ratos em modelos de
ansiedade, depressão e reconhecimento.
Tese de Doutorado defendida diante e avaliada pela banca examinadora constituída
por:
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Pedro de Mello Cruz (Presidente/Orientador)
Universidade de Brasília / IP / PPB – UnB
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Gilson de Assis Pinheiro (Membro)
Faculdade Maurício de Nassau
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Henrique de Souza Alves (Membro)
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB
____________________________________________________________________
Prof. Dr. José Eduardo Pandossio (Membro)
Universidade de Brasília / Campus Ceilândia / Farmácia - UnB
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Dyonísio Cardoso Mendes (Membro)
Universidade de Brasília / IP / PPB - UnB
____________________________________________________________________
Prof. Drª. Wânia Cristina de Souza (Suplente)
Universidade de Brasília / IP / PPB – UnB
i
Dedicatória
A minha família, pais e marido, por todo apoio
incondicional e pela paciência.
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Antonio Pedro de Mello Cruz por mais uma caminhada
juntos e pelo imenso respeito como pesquisador, professor e, ouso dizer, amigo. Pela
sua paciência e sabedoria comigo nas horas de desespero e desânimo. Agradeço o
companheirismo e, principalmente, a confiança e a liberdade que o senhor depositou
em mim no desenvolvimento da minha autonomia como pesquisadora.
Ao meu marido, Enrique Maia Rocha, pela paciência e apoio incondicionais.
Por respeitar e compreender minhas ausências e por abdicar de passeios para
permanecer ao meu lado durante todo o processo. Obrigada por ter sabido me
acompanhar nessa jornada e por ser o meu porto seguro com todo o seu amor que é
fundamental para minha vida.
A meus pais, Orpheu e Beigy, pelos incentivos incansáveis e por perdoarem a
minha falta nos finais de semana dedicados ao trabalho. Agradeço o carinho do meu
pai ao perguntar todos os dias “como vai o trabalho, minha filha?”e a minha mãe por
ter sido minha eterna amiga em todas as minhas escolhas. Obrigada pelas alegrias e
choros compartilhados.
Ao amigo Marcelo Salviano pela imensa ajuda desde o planejamento,
passando pela coleta de dados, análises das fitas do experimento, à análise estatística.
Obrigada pelas horas dispensadas do seu curto tempo a nossa amizade e pela
carinhosa sabedoria de não me deixar desanimar. Sem você essa caminhada teria sido
impossível.
A grande amiga Marília Greidinger que sempre esteve ao meu lado durante
todo o processo, abdicando inclusive de suas atividades para me auxiliar. Obrigada
iii
pelo carinho e pelas conversas, pelo tempo dedicado a minha pesquisa e por ter
assumido minhas atribuições no trabalho para tornar possível o final dessa jornada.
Ao Professor Doutor José Eduardo Pandossio por me apresentar para a área
de neurociências e por ter sido sempre fonte inspiradora da minha jornada acadêmica
e pessoal. Obrigada pelo apoio constante e por todas as caminhadas juntos. Agradeço
o carinho de ter aceitado participar da banca.
Ao Professor Doutor Sérgio Henrique de Souza Alves por me acompanhar
desde o mestrado sendo um grande amigo pessoal e acadêmico e companheiro de
projetos experimentais. Obrigada pela presença na coleta e pelo carinho de sempre.
Agradeço o aceite do convite de participar da banca, mesmo com tantas atribuições
profissionais e pessoais.
Ao Professor Doutor Gilson de Assis Pinheiro por ter sido grande
companheiro de mestrado e amigo nos momentos difíceis dos experimentos
realizados juntos. Agradeço a gentileza no aceite do convite de participar da banca
dessa tese.
A Professora Doutora Wânia Cristina de Souza pela amizade e por todo
carinho nesse processo. Agradeço as palavras de alivio nos momentos de desespero e
a eterna sabedoria. Obrigada por aceitar participar da banca desse trabalho.
Ao Professor Doutor Francisco Dyonísio Cardoso Mendes pelo gentil e-mail
trocado e pela disponibilidade de participar da banca dessa tese.
Ao Professor Doutor João Claudio Todorov pela compreensão das minhas
ausências em função dessa pesquisa e por ser incentivador da área acadêmica e fonte
de inspiração para o meu desenvolvimento profissional. Obrigada pelo carinho que o
senhor sempre teve comigo, por acreditar no meu trabalho, pela enorme confiança
depositada nas oportunidades oferecidas.
iv
Aos meus alunos de pesquisa Kalliu Couto e Rebeca Machado pela condução
dessa pesquisa. Agradeço as tardes dispensadas na coleta de dados, o bom humor de
vocês nas horas mais difíceis e o interesse pela área. Vocês são fonte inspiradora para
o meu trabalho como docente.
Ao Professor Doutor Fábio Iglesias que tão gentilmente me recebeu em seu
laboratório para me ensinar a análise fatorial. Agradeço as tardes dedicadas, de seu
precioso tempo, a me auxiliar, especialmente, com o programa estatístico SPSS.
Ao Professor Mestre Wanderley Akira Shiguti que, de forma tão carinhosa,
ensinou-me o “caminho das pedras” para apresentação dos resultados, despendeu
tempo de suas tarefas para me ensinar a interpretar a estatística. Muito obrigada por
ter me ensinado a me encantar com os meus resultados.
Às alunas de pesquisa que também contribuíram e tornaram possível a coleta
de dados, em especial a discente Camila Abgail, pela imensa contribuição nas tardes
confinadas no laboratório, e as alunas Juliana e Luana pela breve, mas importante,
participação.
Às grandes amigas de todos os outros momentos, por terem sido tão
compreensivas na minha ausência das atividades sociais e por terem sido grandes
incentivadoras dessa caminhada. Obrigada especialmente a Ana Paula Santana,
Fernanda Mendizabal, Karina Motta, Maristela Gusmão, Miriam Pondaag, Nara
Liana, Sanmya Salomão, Sílvia Lordello e Valeska Zanello.
As pessoas que estiveram direta ou indiretamente envolvidas nesse processo,
tais como as bioteristas Aline e Mariana que cuidaram dos animais durante a
pesquisa. Agradeço fortemente, também, à secretária da pós-graduação da UnB,
Joyce, que sempre foi tão atenciosa e cuidadosa comigo e com todos os colegas do
curso de pós-graduação na área.
v
A Professora Doutora Alessandra Albuquerque por ter me recebido com tanto
carinho na Universidade Católica de Brasília, incentivando o fim dessa minha
jornada.
Ao Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB por permitir que parte
da coleta de dados fosse realizada em suas instalações e por incentivar as atividades
no laboratório de Psicofisiologia e Psicofarmacologia.
vi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ...........................................................................................................I
AGRADECIMENTOS.................................................................................................II
SUMÁRIO .................................................................................................................VI
LISTA DE FIGURAS............................................................................................. VIII
LISTA DE TABELAS...............................................................................................IX
RESUMO................................................................................................................... XI
ABSTRACT..............................................................................................................XII
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01
MODELOS ANIMAIS ................................................................................................. 02
VALIDADE DOS MODELOS ANIMAIS ......................................................................... 04
MODELOS ANIMAIS DE ANSIEDADE ......................................................................... 09
MODELO ANIMAL DE DEPRESSÃO ............................................................................ 14
MODELO ANIMAL DE RECONHECIMENTO ................................................................ 20
ANÁLISE FATORIAL ................................................................................................ 22
ANÁLISE FATORIAL APLICADA A MODELOS ANIMAIS............................................... 25
OBJETIVOS .............................................................................................................. 26
MÉTODO ................................................................................................................. 28
Sujeitos............................................................................................................... 28
Equipamentos..................................................................................................... 28
Procedimento ..................................................................................................... 37
Análise Estatística.............................................................................................. 45
RESULTADOS......................................................................................................... 45
DISCUSSÃO............................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 78
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Foto do modelo animal de Reconhecimento. 31
Figura 2. Foto do modelo animal de Transição Claro-Escuro. 32
Figura 3. Foto do modelo animal de Labirinto em Cruz Elevado. 33
Figura 4. Foto do modelo animal de Labirinto em T Elevado. 35
Figura 5. Foto do modelo animal de Nado Forçado. 36
Figura 6. Foto do modelo animal do Condicionamento da Resposta de
Congelamento. 37
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (com medidas etológicas), depressão e
reconhecimento .......................................................................................................... 46
Tabela 2. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (sem medidas etológicas), depressão e
reconhecimento .......................................................................................................... 48
Tabela 3. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (com as medidas etológicas), depressão e
reconhecimento nos dois dias de exposição............................................................... 51
Tabela 4. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais “cognitivas” do modelo de reconhecimento nos segundo
dia de exposição......................................................................................................... 53
Tabela 5. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de transição claro-escuro nos dois
dias de exposição ....................................................................................................... 54
Tabela 6. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de labirinto em cruz elevado, sem
as medidas etológicas, nos dois dias de exposição .................................................... 55
Tabela 7. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de labirinto em cruz elevado, com
as medidas etológicas, nos dois dias de exposição .................................................... 56
x
Tabela 8. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de labirinto em T elevado nos
dois dias de exposição................................................................................................ 57
Tabela 9. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de depressão do modelo nado forçado nos dois dias de
exposição.................................................................................................................... 58
Tabela 10. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade condicionada do modelo de
condicionamento da resposta de congelamento nos dois dias de exposição.............. 58
xi
RESUMO
Modelos animais têm sido amplamente utilizados para o estudo de diferentes funções
psicológicas em humanos, incluindo comportamentos relacionados à ansiedade e
depressão. A seleção do modelo animal “adequado”, entretanto, é controvertida e
dependente do grau de confiabilidade que o comportamento definido
operacionalmente pode reproduzir fielmente tal fenômeno psicológico,
especialmente ansiedade e depressão. No presente estudo, 60 ratos Wistar foram
expostos subsequentemente aos seguintes modelos animais: reconhecimento de
objetos novos, transição claro-escuro, labirinto em cruz elevado, labirinto em T
elevado, nado forçado e resposta condicionada de congelamento. A frequencia e/ou
duração das principais medidas comportamentais foram registradas e submetidas a
um procedimento estatístico de análise fatorial com o objetivo de identificar os
fatores com itens relacionados não apenas em cada modelo, mas também entre os
seis modelos animais. Os resultados indicaram os seguintes fatores comuns: modelos
de ansiedade de pressupostos etológicos; efeito de exposição repetida para modelos
do labirinto em cruz elevado e o de transição claro-escuro; e covariância entre as
medidas de depressão no nado forçado e as de ansiedade no modelo de
condicionamento da resposta de congelamento. A adequação dos modelos estudados
e as implicações baseadas em suas estruturas fatoriais são discutidas.
Palavras-chave: ansiedade, depressão, novidade, modelos animais, análise fatorial.
ABSTRACT
Animal models have been widely used in studies of different psychological functions
in humans, including anxiety and depression-related behaviors. The selection of the
‘adequate’ animal model, however, is controversial and dependent on the degree of
certainty that the operationally defined behavior truly reproduces such a
psychological phenomenon, especially anxiety and depression. In the present study
60 naïve male Wistar rats were subsequently exposed to the following animal
models: recognizing new objects, white-dark transition test, elevated plus-maze,
elevated T maze, forced swim and conditioned freezing response. The frequency
and/or duration of the main behavioral measures were registered and submitted to a
factor analysis statistical procedure in order to identify clusters of related items not
only within each animal model separately but also between all the six animal models.
Results indicated the following pattern of emerging factors: anxiety models with
ethological assumptions, re-exposure effect for the elevated plus maze and light-dark
transition box; intersection between measures of depression on the forced swim and
of anxiety on the conditioned freezing response. The adequacy of the animal models
evaluated and the implications based on its factorial structure are discussed.
Keywords: anxiety, depression, novelty, animal models, factorial analyses.
Introdução
Modelos animais têm sido amplamente utilizados em pesquisas laboratoriais
para o estudo de diversas funções psicológicas (Graeff & Brandão, 1999). A
investigação desses modelos vem sendo realizada de modo a fornecer subsídios para
pesquisas básicas sobre diferentes facetas de comportamentos humanos e de suas
psicopatologias. Tais modelos animais foram desenvolvidos com o propósito de
investigar essas relações entre comportamentos e diferentes respostas emocionais,
coordenadas por mecanismos neurais humanos e não-humanos. “Tipicamente,
modelos são preparações animais para tentar mimetizar uma condição humana,
inclusive de psicopatologia.” (Geyer & Markou, 2000, p. 1).
Tais modelos animais, especialmente em mamíferos, mostram-se de grande
valia na investigação científica de comportamentos correlacionados a estados
emocionais em humanos (Le Doux, 1998). Ratificando essa idéia, além de padrões
comportamentais semelhantes, há importante similaridade nas estruturas do sistema
nervoso central (SNC), ativadas na percepção e produção de respostas em situações
de perigo entre humanos e outros animais (Davis, 1986; Bandler & Depaulis, 1991).
Nesse sentido, alguns dos principais modelos animais, por exemplo, os de ansiedade
(Cruz, Zangrossi, Graeff & Landeira-Fernandez, 1997) e de depressão (Willner,
1984) foram desenvolvidos baseados nas semelhanças entre as características
comportamentais e fisiológicas de espécies animais (Andreatini, Boerngen-Lacerda
& Vital, 2006).
A pesquisa com esses modelos foi fortalecida pela compreensão de que a
qualidade do ambiente no qual o sujeito está inserido é de especial importância para
um desenvolvimento pleno das estruturas e funções cerebrais (Kolb & Whishaw,
1998; Oliveira, Salina & Annunciato, 2001). Dessa forma, essa relação bidirecional
2
que se estabelece entre o organismo e seu ambiente é suficiente para explicar as
alterações de respostas emocionais vistas em alguns comportamentos humanos e
reproduzidas em diferentes modelos animais experimentais.
Modelos Animais
A despeito das limitações em relação aos aspectos subjetivos das emoções, os
modelos animais têm contribuído fortemente para o desenvolvimento da
neurociência. Esse aporte pode ser atribuído não só pela replicabilidade de alguns
fenômenos e pela possibilidade da investigação farmacológicas, mas, especialmente,
pelo auxílio na elucidação dos mecanismos neurobiológicos e de padrões
comportamentais emergentes na ocorrência de determinadas emoções. Assim, a
pesquisa realizada através do uso de modelos animais, apesar de suas limitações,
“permite o estudo da contribuição de um fator em determinado transtorno mental,
controlando-se as outras variáveis” (Andreatini, 2002, p. 164).
Segundo McKinney Junior (2000), além do controle das variáveis, o uso de
modelos animais permite também a avaliação do estudo da interação entre essas
múltiplas variáveis. Isso porque, nesse processo empírico, esses modelos estão
baseados na observação de comportamentos dos animais (Guimarães, 1993), mesmo
com a introdução de técnicas avançadas e metodologias modernas como a genética e
a biologia celular (Andreatini e cols., 2006).
Corroborando essa perspectiva de que os modelos animais são ferramentas
fundamentais para as pesquisas, mas passíveis de diversos equívocos, Silva, Guerra e
Alves (2005) afirmam que as dificuldades com os modelos surgem quando “o
3
fenômeno modelado é um nome que designa um conjunto complexo de
comportamentos, muitas vezes mal definido ou multidefinido” (p. 129). Dessa forma,
apenas se almeja que os modelos englobem variáveis relevantes aos problemas de
saúde mental (Skinner, 1972/1999). Nesse sentido, o modelo animal, diferentemente
do teste, deve possibilitar a emergência de comportamentos dos animais que
guardem similaridade com os padrões humanos emocionais ou psicopatológicos. Por
outro lado, os testes animais se refeririam a contingências de replicação dos
fenômenos psicopatológicos através do uso de fármacos (Andreatini e cols., 2006).
Portanto, há que se considerar que jamais será possível reproduzir fielmente o
fenômeno psicológico através do uso de modelos animais. A despeito disso, essa
aproximação é importante para o estudo de diferentes facetas das respostas
emocionais, especialmente de ansiedade e depressão. Os modelos animais são
problemáticos em função de suas limitações na reprodução dos padrões
comportamentais e subjetivos humanos, mas têm se mostrado fundamentais na
investigação de determinadas respostas emocionais, especialmente nas investigações
que pressupõe variáveis que não podem contar com manipulação em humanos. No
entanto, qualquer que seja o modelo animal, deve-se considerar a validade da
replicabilidade do fenômeno investigado. Assim, para que se estabeleça cada modelo
animal é preciso que sejam avaliados os critérios de fidedignidade, que diz respeito à
consistência e estabilidade da variável observada, e da validade de cada
equipamento. Ressalta-se que a validade dos modelos animais tem sido um dos
critérios mais investigados na utilização de tais modelos (Geyer & Markou, 2000) e,
por isso, será tratado separadamente nesse trabalho.
4
Validade dos modelos animais
A validade do uso de modelos animais tem sido discutida a partir de
diferentes perspectivas experimentais (Willner, 1984). No entanto, os critérios
adaptados da clínica para replicação dos fenômenos em ambientes controlados têm
sido os mais significativos (Andreatini e cols., 2006). Desse modo, os modelos
animais pressupõem, especialmente, os critérios mínimos de previsibilidade,
semelhança e homologia do fenômeno (Willner, 1984).
A validade preditiva (de previsibilidade) corresponde à capacidade do modelo
animal de possibilitar a previsão de algum fenômeno ou variável de interesse do
pesquisador, a partir dos dados obtidos. Em estudos de farmacologia
comportamental, por exemplo, a previsibilidade pode dizer respeito ao
estabelecimento de uma correlação farmacológica entre os efeitos de uma mesma
substância administrada em humanos e no modelo animal, garantindo a possibilidade
de investigação de novas drogas (Treit, 1985).
Além do critério de previsibilidade, o modelo animal também deve apresentar
certo grau de semelhança com o fenômeno estudado e o observado em humanos. Por
exemplo, um comportamento definido operacionalmente como ansiedade ou
depressão em um dado modelo animal deve apresentar certo grau de similaridade
fenomenológica com os sinais ou sintomas desses estados emocionais em humanos.
Finalmente, o modelo animal deve atender ao critério de homologia, demonstrando
validade teórica de tal forma que a mesma teoria que explica o papel desempenhado
pelas variáveis interferentes nas reações comportamentais e neurobiológicas de
5
determinadas emoções em humanos deverá ser reproduzida também para os animais
expostos aos modelos e vice-versa (Treit, 1985, Cruz e cols., 1997; Graeff, 1999).
Assim, existem diversos critérios para a validação de um modelo animal que
devem ser considerados para que se possa, minimamente, extrapolar os limites de
comparação de determinados fenômenos em animais e em humanos. Estes devem
atender às variáveis em ação: variável dependente e independente. Os critérios da
variável dependente são: constructo, convergência, discriminante e analogia. Já os
critérios da variável independente são: analogia, etiologia e validade de constructo
(Geyer & Markou, 2000). Há que se ressaltar que os critérios mais almejados e
alcançados são os de previsibilidade, a semelhança ou homologia (Willner, 1984,
Treit, 1985, Graeff, 1989, Lister, 1990, Treit, 1991, Willner, 1991, Rodgers & Cole,
1994, Blanchard, Griebel & Blanchard, 2001, Ohl, 2003, Zangrossi & Graeff, 2004).
A confiabilidade de cada modelo dependerá, então, da possibilidade de
satisfação destes critérios. Destarte, uma opção adequada na investigação de
emoções ou psicopatologias diferenciadas é limitar a proposta de cada modelo
animal de tal forma que se possa ampliar sua confiabilidade (Andreatini e cols.,
2006).
Vale lembrar que nenhum modelo será capaz de satisfazer a todos os
critérios; porém, devem-se considerar cinco etapas principais para a validação de
cada modelo: habilidade de manipular as variáveis; habilidade de medição da
variável dependente; pouca variabilidade intra-sujeitos da variável dependente;
pouca variabilidade entre-sujeitos da variável dependente; replicabilidade do
fenômeno e reprodutibilidade dos efeitos das manipulações (Geyer & Markou,
2000). No entanto, além desses critérios mínimos para o estabelecimento de um
6
modelo animal confiável para fins de pesquisa, uma das principais limitações do
planejamento e validação de modelos, bem como, de suas categorizações, passará
também pela complexidade dos sintomas das diferentes emoções e das constantes
modificações sintomatológicas, tendo em vista a dinâmica das intercorrências
humanas (seja por acometimento externo ou interno).
Portanto, mesmo tendo sido designados para verificar efeitos de intervenções
ambientais ou medicamentosas, os modelos animais não possibilitam a observação
de efeitos de outros processos terapêuticos mais abstrusos, bem como não
conseguem compreender todos os sintomas de algumas emoções ou transtornos
psicopatológicos. Isso significa que, em função da complexidade e da natureza do
diagnóstico de diferentes categorias psiquiátricas, o uso de modelos animais apenas
possibilita a mimetização de um sinal ou sintoma específico que esteja associado à
emoção ou psicopatologia em si (Silva e cols., 2005).
Obviamente, o uso desses instrumentos facilita as pesquisas básicas, pois
proporcionam maior qualidade no controle de variáveis. No entanto, a despeito de
reproduzirem bem alguns sintomas, dificilmente um modelo poderá ser validado em
todos os critérios necessários para a criação de um modelo não-humano que possa
replicar exatamente a contingência disposta para diferentes emoções ou sofrimentos
psicopatológicos humanos.
Dessa forma, para que haja criação e validação de diferentes modelos animais
devem ser considerados aspectos diferenciados em função dos objetivos propostos.
Afinal de contas, o fim explícito do uso desses modelos é justamente a possibilidade
de poder prever a eficácia de intervenções. Esse fator, tão relevante para a
formalização de um modelo que possa mimetizar uma situação específica, trazendo à
7
tona comportamentos de animais que possam ser semelhantes a algum sintoma de
uma complexa resposta emocional humana, torna evidente a bidirecionalidade entre
organismo e ambiente (Cruz & Landeira-Fernandez, 2007). Isso significa dizer que,
além de produtos genéticos, os animais (especialmente os seres humanos) são
também produto de seus insumos ambientais. Assim, é causa e consequencia de suas
experiências vividas de tal sorte que acaba por modificar constantemente seu estado
fisiológico e seu comportamento, tornando qualquer fenômeno de sua vivência um
produto dinâmico e instável.
Sendo assim, é preciso compreender que, mais do que a confiabilidade do
modelo em questão, o pesquisador deverá estar atento, principalmente, ao fato de que
a pesquisa tem propósito em si mesma; o que significa dizer que a pesquisa vale pela
própria pesquisa e não necessariamente na quantidade ou qualidade de extrapolações
entre espécies que poderão ser realizadas. Ressalta-se que o uso de animais para as
pesquisas, além dos cuidados éticos, requer também a probabilidade de obtenção de
dados para investigar fenômenos da existência (frequentemente, no sentido de
melhorar a qualidade de vida das pessoas).
Todavia, nem sempre o modelo poderá apresentar boa resposta de
previsibilidade, homologia ou analogia de determinados sintomas e/ou tratamentos
viáveis (Ramos, Pereira, Martins, Wehrmeister & Izídio, 2008). Com isso, fica
evidente que não se trata apenas de desenvolver um bom modelo animal para
investigação das variáveis, mas também de estar ciente de que toda investigação está
passível de equívocos ou extrapolações para além das observações possíveis. Assim,
como afirmou Paul Willner, que vem trabalhando com modelos animais desde a
década de 1980, a extensão que se pode fazer entre um modelo e uma ocorrência
8
psicopatológica humana dependerá do critério de limitação entre humano e não-
humano. Destaca-se que, mesmo os modelos que foram desenvolvidos baseados em
questões etológicas, também possuem limitações e experimentos que indicam
respostas opostas (por exemplo, ora com efeitos mais ansiogênicos sobre o
comportamento dos animais, ora mais ansiolíticos e ora sem qualquer resposta
diferenciada).
A análise etológica do comportamento animal leva em consideração os
diversos padrões comportamentais característicos de cada espécie, notadamente
frente às situações de sobrevivência. Tratam-se de respostas emergidas em ambientes
naturais, selecionadas por processos filogenéticos e ontogenéticos (Dourish e cols.,
1995). Assim, dentro da perspectiva de investigação de diferentes padrões
comportamentais e de repostas subjetivas manifestas em diversas emoções, os
modelos animais que possibilitam a avaliação etológica, de respostas filogenéticas,
apresentam como vantagem a desobrigação de um condicionamento qualquer ou de
indução de comportamentos artificiais. Corroborando essa ideia, modelos que
manipulam diretamente respostas de defesa filogeneticamente preparadas passaram a
integrar, como uma boa opção de adequação de equipamentos, a investigação de
emoções básicas como medo e ansiedade (Cruz, Frei & Graeff, 1994; Geyer &
Markou, 2000, Ramos e cols., 2008).
Nesse sentido, a exposição ao modelo que não exige do animal uma tarefa
complexa ou aprendizagem prévia parece ser mais adequada ao estudo de
intervenções ansiolíticas, uma vez que o efeito de drogas dessa classe, por exemplo,
parece não se sobrepor aos seus eventuais efeitos em outros mecanismos
9
psicobiológicos, como memória, dor, atenção etc. (Cruz e cols., 1997, Rodgers, Cao,
Dalvi & Holmes, 1997).
Destarte, os substratos neurais das reações inatas de medo relacionam-se mais
diretamente aos mecanismos de ansiedade do que aqueles envolvidos nos modelos
associativos de ansiedade (Alves, 2005). Assim, nos modelos etológicos, os animais
respondem aos estímulos indutores do estado de ansiedade que fazem parte da
etologia da espécie; ao contrário do comportamento de defesa gerado por estímulos
arbitrários – condicionados – anteriormente neutros para o animal (pareados a
estímulos aversivos). Nesses modelos etologicamente consolidados o comportamento
de esquiva é eliciado por situações naturalísticas que sinalizam um perigo em
potencial, bem como, um estímulo que sinalize a presença de eventual predador
(Treit, 1985; Blanchard & Blanchard, 1988; Lister, 1990; Blanchard, Yudko,
Rodgers & Blanchard, 1993; Cruz, Zangrossi & Graeff, 1995; Bourin, 1997; Cruz e
cols., 1997; Martin, 1998, Fendt & Fanselow, 1999).
Portanto, modelos etológicos de ansiedade, desenvolvidos para roedores, têm
sido amplamente utilizados para a investigação de comportamentos respondentes
diante de intervenções ansiolíticas e ansiogênicas, bem como para o estudo sobre a
participação de estruturas neurais na ansiedade.
Modelos animais de ansiedade
Muitos modelos animais utilizados atualmente tiveram como perspectiva
básica o conceito de ansiedade como fenômeno unitário. A despeito das inúmeras
definições propostas para a ansiedade, entende-se, de uma forma geral, que se trata
10
de um “medo desproporcionalmente intenso não associado a um risco genuníno”, ou
seja, a presença real do estímulo aversivo (Millan, 2003, p. 83). Segundo Blanchard,
Blanchard, Griebel e Nutt (2008), o medo é a motivação associada a uma série de
comportamentos que ocorrem, normalmente, na presença de um estímulo ameaçador.
Já a ansiedade é a motivação associada ao comportamento que ocorre frente a um
estímulo potencial ou dúbio de ameaça (Belzung & Griebel, 2001).
De fato, a distinção entre medo e ansiedade não é uma tarefa simples, pois
ambas são reações complexas a situações específicas. Há que se considerar que
ambas, ansiedade e medo, são emoções que são comumente medidas a partir da
intensidade e da duração dos comportamentos aos quais estão associadas (tais como
alterações neurovegetativas – palpitações, boca seca, taquicardia, alteração da
respiração, vasoconstrição periférica, dilatação de pupila, além de padrões
comportamentais espécie-específicos – congelamento, avaliação de risco dentre
outras) (Graeff, 1989, Dractu & Lader, 1993, Zangrossi & Graeff, 2004). Ademais,
essas medidas podem ser avaliadas pela capacidade de serem associadas ou
condicionadas a algum outro estímulo que pode sinalizar esse perigo. Apesar de
semelhantes, há que lembrar que as expressões comportamentais de respostas de
medo e de ansiedade, especialmente de transtornos de ansiedade, são muito variadas.
Vale ressaltar, ainda, que a ansiedade patológica (cerne dos transtornos de ansiedade)
é uma das principais chaves dos distúrbios emocionais da humanidade. Assim como
a depressão, o transtorno de ansiedade é uma das comorbidades mais frequentes
(Landeira-Fernandez, Cruz & Brandão, 2006; Schmidt & Müller, 2006).
Sendo assim, a multiplicidade de fatores que contribuem para a qualidade de
ameaça do estímulo que elicia medo e ansiedade levou a um paralelo de variações
11
entre o estímulo utilizado e o próprio modelo animal de ansiedade. Desse modo, as
respostas de ansiedade podem resultar de fontes ambientais que representam sinais
ameaçadores ou de padrões de resposta aprendida estabelecida por situações
aversivas prévias (Cruz & Landeira-Fernandez, 2001). Portanto, o conceito de
modelos animais aplicado aos de ansiedade tem pelo menos duas principais fontes:
primeiro o desejo de compreender o processo emocional básico e segundo para
avaliar os efeitos farmacológicos e de outros tratamentos possíveis para transtornos
de ansiedade de um modo geral ou, até mesmo, para categorias específicas do
transtorno de ansiedade (Blanchard e cols., 2008).
Seguindo os critérios de validação, os modelos animais de ansiedade têm sido
utilizados especialmente com os seguintes propósitos: 1) screening de drogas, que
seria a seleção de drogas potencialmente ansiolíticas para o tratamento
farmacológico dos transtornos de ansiedade; 2) investigação dos mecanismos neurais
relacionados à ansiedade (Treit, 1985, Lister, 1990, Koob, Hiinrichs & Britton,
1998); 3) testar e/ou embasar teorias psicobiológicas da ansiedade.
Os primeiros modelos animais de ansiedade foram influenciados pelo
arcabouço teórico da psicologia experimental (especialmente a análise experimental
do comportamento). Estes modelos se basearam na inibição comportamental
induzida por estímulos condicionados, associados previamente a choques
inescapáveis ou na supressão, também induzidas por choques, de comportamentos
motivados por recompensa (Zangrossi & Graeff, 2004, Silva e cols., 2005). Os
comportamentos dos animais foram observados, também, a partir da utilização de
outros estímulos aversivos, como por exemplo, a exposição do animal a ambientes
potencialmente perigosos, predadores ou estímulos associados a esses, bem como
12
pelo confronto com animais da mesma espécie (Cruz e cols., 1994; Cruz e cols.,
1997, Ohl, 2003).
Os resultados das análises farmacológicas empreendidas indicaram que
modelos de conflito tinham maior valor preditivo que os de supressão condicionada
(Zangrossi & Graeff, 2004). Contudo, esses testes de conflito foram pouco eficazes
para detectar os efeitos ansiolíticos de drogas que atuam primariamente sobre a
neurotransmissão serotoninérgica. Com isso, fez-se urgente o desenvolvimento de
modelos animais de ansiedade que tivessem a premissa fundamentada
etologicamente, conforme apontado anteriormente. Para roedores são eles: os testes
de transição claro-escuro, vocalização ultra-sônica, aversão condicionada de sabores,
ocultação defensiva, interação social, interação presa-predador, odor de gato (para
ratos) e o Labirinto em Cruz Elevado (LCE).
Dentre esses modelos, o LCE destacou-se muito rapidamente na literatura,
sendo um dos mais utilizados atualmente para avaliação de respostas de ansiedade e
o teste de drogas ansiolíticas. Além desses, outros modelos pretendem auxiliar nas
medidas comportamentais de ansiedade na identificação de mais índices, além dos
convencionais de comportamento de defesa. Alguns padrões de comportamento de
avaliação de risco (risk assessment), tais como o comportamento de espreitar, têm se
mostrado mais sensíveis do que as categorias tradicionais de avaliação de exploração
de modelos (como as medidas de tempo e frequencia de entradas em áreas dos
equipamentos), como, por exemplo, no LCE (Rodgers & Cole, 1994; Cao &
Rodgers, 1997; Griebel, Rodgers, Perrault & Sanger, 1997). Nessa linha de
investigação, Cruz e cols. (1994), utilizando uma análise etofarmacológica do
comportamento de ratos no LCE, categorizaram outras medidas etológicas de
13
comportamentos (como, por exemplo, o esquadrinhar, o espreitar e a exploração da
extremidade) que eram alteradas em sentidos opostos por drogas ansiolíticas
(nitrazepam e midazolam) e ansiogênicas (pentilenotetrazol e FG 7142). Tais
categorias etológicas, que apresentavam pesos significativos no fator relacionado à
ansiedade, foram avaliadas a partir de uma análise fatorial.
Ramos e colaboradores (2008) também trabalharam com a interação de
modelos animais de ansiedade, campo aberto, caixa de transição claro-escuro e LCE,
para detectarem outros padrões de comportamento (tais como as alterações do nível
de exploração de cada um dos modelos), bem como para identificarem novos fatores
de medição. Assim, diversos estudos passaram a utilizar, além das medidas clássicas,
também as denominadas medidas etológicas para mensurar comportamentos de
defesa ou de avaliação de risco (que estão correlacionados com a ansiedade) e
diferentes modelos animais (uma sequencia de modelos que possam identificar
fatores comuns) (Ramos, Berton, Mormede & Chaouloff, 1997; Rodgers e cols.,
1995; Blizard, Takahashi, Galsworthy, Martin & Koide, 2007). Isso porque ainda
não existem modelos únicos nos quais o(s) comportamento(s) do animal pode(m) ser
contaminado(s) por outros fatores, a despeito de uma motivação principal. Segundo
Dourish e colaboradores (1995) seria um equívoco ingênuo predizer o potencial de
efeito ansiolítico de uma droga em humanos apenas com base nos resultados de um
único modelo animal.
Nota-se que drogas antidepressivas têm sido largamente utilizadas,
clinicamente e experimentalmente, para o tratamento de transtornos de ansiedade
(Andreatini & Bacellar, 1999; Teixeira, Zangrossi & Graeff, 2000). Com isso, a
melhor opção para avaliar a ansiedade, por exemplo, seria, então, o uso de mais
14
modelos animais que permitissem a avaliação de pelo menos um comportamento
(como o modelo do LCE) associado ao uso de outro modelo que possibilitasse a
avaliação de possíveis variáveis intervenientes ou comportamentos típicos de outras
emoções, como, por exemplo, o teste do nado forçado (TNF). Nesse caso, o TNF,
modelo desenvolvido por Porsolt, Le Pichon e Jalfre (1977) investiga a resposta do
animal frente a uma situação aversiva inescapável de desespero comportamental que
induz o desamparo apreendido e, por isso, é utilizado como modelo para depressão.
De tal modo, desde as primeiras proposições de modelos animais, como, por
exemplo, o modelo do campo aberto ou “arena” de Hall, desenvolvida em 1934, a
principal consideração se restringia a abordagem unidimensional, a despeito da já
conhecida multidimensionalidade da emocionalidade da ansiedade e do estresse
(Landeira-Fernandez e cols., 2006).
Modelo animal de depressão
Assim como os modelos de ansiedade, os modelos animais de depressão são
subsidiados por procedimentos capazes de predizer o efeito clínico de respostas
depressivas e das drogas antidepressivas. Willner (1984), realizando uma revisão
sobre os modelos animais de depressão, afirmou que, até então, relativamente poucos
procedimentos comportamentais haviam sido investigados como potenciais modelos
animais deste distúrbio. Consequentemente, muitos dos modelos em uso atualmente
foram baseados em interações farmacológicas entre antidepressivos e outras drogas.
Atualmente, considera-se que os sintomas relacionados com a depressão
podem ser traduzidos por respostas a contextos aversivos, tal como a imobilidade de
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animais de laboratório frente a situações inescapáveis, como no teste do nado forçado
(Willner, 1991). Este teste é considerado como um modelo de desespero
comportamental de roedores e está baseado em um trabalho de Porsolt e
colaboradores de 1977. Corroborando com este modelo, alguns estudos com
medicamentos como a fluoxetina, venlafaxina e desipramina têm se mostrado
eficientes para diminuir a imobilidade e aumentar a prevalência de comportamento
ativo (de nado) neste modelo. A diminuição do tempo de imobilidade de animais
neste modelo está altamente correlacionada com o potencial e eficácia destes
medicamentos na clínica.
O teste do nado forçado está inserido dentro dos modelos animais de
depressão que possuem validade por homologia. Neste sentido, então, o teste do
nado forçado preenche os requisitos de que os mesmos processos psicobiológicos
responsáveis pela etiologia e fisiopatologia dos sintomas clínicos da depressão estão
atuando sobre modelo (Willner, 1984, Weiss & Kilts, 1998, Graeff & Brandão,
1999). Desta forma, o animal, para satisfazer o critério de homologia, deve
manifestar pelo menos uma resposta particular que se assemelhe às observadas na
clínica com pacientes depressivos; como a desistência do animal no NF.
A respeito do desamparo aprendido, Willner (1984) afirmou que a exposição
ao estresse incontrolável produz déficits de performance nas subsequentes tarefas de
aprendizado que não são vistas nos sujeitos expostos ao idêntico estressor, mas capaz
de controlá-lo. Assim, a construção da validade do modelo de depressão de
desamparo aprendido tem três suposições: que animais expostos a eventos aversivos
incontroláveis se tornam desamparados, que um estado similar é induzido em
pessoas por incontrolabilidade e que o desamparo, em pessoas, é o sintoma central da
16
depressão. Neste sentido, o teste do nado forçado, apesar de ser considerado como
modelo de desespero comportamental, aproxima-se desta construção, pois também
envolve um procedimento de estresse (ou de ambiente aversivo) incontrolável e
inescapável. Então, este modelo caracteriza sintomas da depressão, no sentido de que
a imobilidade se aproxima da inabilidade de pacientes deprimidos de realizarem
atividades cotidianas, ou, até mesmo, de manterem um certo nível de atividade.
Porsolt, Le Pichon e Jalfre (1978) publicaram um trabalho sobre o teste do
nado forçado, justificando sua proposta como uma resposta à falta de modelos
animais de depressão que sejam semelhantes à depressão e que sejam seletivamente
sensíveis a medicamentos efetivos da clínica. Desta forma, o autor considerou que a
falta de modelos animais de depressão sensíveis a estas condições era a maior causa
da dificuldade de se estudar drogas antidepressivas. O teste do nado forçado é, então,
uma proposta de modelo que tenta atender a estes dois requisitos: apresentar
semelhança a sintomas de pacientes deprimidos e ser seletivamente sensível a
medicamentos antidepressivos.
O método utilizado é baseado na observação de um rato que, quando forçado
a nadar em uma situação inescapável, irá, após um período de comportamento ativo,
cessar o movimento de nado, mantendo-se somente flutuando ou realizando
pequenos movimentos que garantem apenas que seu focinho estará fora da água. Este
tipo de comportamento (a imobilidade) foi interpretado pelos autores do modelo
como um estado de desespero no qual o rato “aprendeu” que aquela situação é
inescapável. Assim, com a redução ou o aumento do tempo de imobilidade após um
tratamento, por exemplo, farmacológico se tornou uma boa estratégia para o estudo
de algumas intervenções.
17
Nos anos seguintes ao desenvolvimento do modelo, vários trabalhos foram
publicados utilizando o teste do nado forçado. Porsolt e cols. (1978) e Porsolt,
Bertin, Blavet, Deniel e Jalfre (1979) escreveram artigos apresentando diferenças
entre drogas e linhagens de animais submetidos ao modelo. Estes trabalhos foram de
extrema importância para as replicações do modelo, porque além de validar o modelo
do nado forçado com ratos e camundongos, os autores realizaram o teste com
diferentes linhagens de ambas espécies, bem como com diferentes drogas (de
ansiolíticos a estimulantes). Outros trabalhos que pressupunham a interação da
depressão com a ansiedade, demonstram que os inibidores de recaptação
serotoninérgicos não são eficazes na redução do tempo de imobilidade de animais no
teste do nado forçado (Porsolt & Lenegre, 1992).
Desde sua criação, as variáveis medidas no modelo têm sido alteradas de tal
forma a se tornar cada vez mais sensível às manipulações experimentais (Cryan &
Lucki, 2000). A exemplo disso, o trabalho de Mercier e colaboradores (2003) contou
com a exposição única de ratos ao modelo do nado forçado por 20 minutos. Uma
outra alteração do modelo foi a da temperatura da água que, originalmente está
descrita para variar apenas 1º C em torno de 25º C, e, no experimento citado, foi
colocada a 36º C. O grupo controle foi colocado no tanque sem água, para que se
evitasse a exposição ao fator estressante. O experimento demonstrou que a exposição
a um estressor causa mudanças nos comportamentos dos animais que podem ser
observadas 24 horas após a exposição. Além disso, foi visto que a magnitude destas
alterações comportamentais depende do estressor ao qual o sujeito foi exposto.
Por fim, alguns estudos correlacionam o nado forçado com outros modelos
(Andreatini & Bacellar, 1999, Hoa, Pawlak, Guob & Schwarting, 2003). A interação,
18
por exemplo, de um modelo animal de ansiedade (labirinto em cruz elevado) e o
nado forçado (modelo animal de depressão) demonstrou que as medidas obtidas a
partir do comportamento dos animais nos modelos podem ser alteradas. Neste
sentido, Andreatini e Bacellar (1999) investigaram ambos os modelos para
discutirem se a interação entre os modelos poderia ou não influenciar na medida final
de cada sintoma reproduzido. Os autores verificaram, então, que há influência da
ordem dos modelos aos quais os animais são submetidos nos resultados, como, por
exemplo, o aumento do tempo de permanência de camundongos nos braços fechados
e a diminuição de entradas nos braços abertos, quando estes animais haviam passado,
previamente, pelo modelo nado forçado. Contudo, Andreatini e Bacellar (1999)
argumentam que a recíproca não é verdadeira, ou seja, animais submetidos ao
modelo de ansiedade em questão, anteriormente, não apresentavam alteração em
relação aos seus comportamentos quando submetidos ao modelo de depressão. Esse
achado corrobora a proposta de interação entre modelos animais que pressupõe a
exposição ao modelo de menor aversividade para o de maior simulação de situação
aversiva (Ramos e cols., 2008).
De uma maneira geral, o teste do nado forçado, desenvolvido por Porsolt e
colaboradores (1977), vem sendo amplamente utilizado na seleção de drogas com
potencial antidepressivo, talvez porque seja fácil de replicar e de detectar os efeitos
destas drogas. Apesar de ser um modelo classificado como modelo de desespero
comportamental, poucas evidências apontam para um comportamento que poderia
ser denominado de “desespero”. Talvez, este comportamento esteja sendo
confundido com o nado (Porsolt e cols., 1977, Porsolt e cols., 1978, Porsolt e cols.,
1979) ou com outros comportamentos (como, por exemplo, o mergulho e a escalada
19
da parece do cilindro) que vem sendo classificados no teste do nado forçado (Brotto,
Barr & Gorzalka, 2000, Cryan & Lucki 2000).
Este modelo animal de depressão vêm sendo apresentado das mais variadas
formas, como por exemplo, no dia do teste, alguns autores ao invés de 5 minutos,
expõem os sujeitos por 10 minutos (Hill, Brotto, Lee & Gorzalka, 2003). Outros
consideram além do tempo de imobilidade, também o tempo de nado em ambos os
dias (Brotto e cols., 2000; Hill e cols., 2003). E, além disto, nenhum artigo, dos
considerados neste trabalho, a não ser os do próprio Porsolt, seguiu as especificações
do cilindro de acrílico designado pelo modelo original (40 cm de altura e 18 cm de
diâmetro), talvez pelo peso dos animais utilizados, que no artigo original foram ratos
machos Sprague-Dawley (160 - 180 gramas). Na verdade, os outros trabalhos ou
utilizaram cilindro de acrílico maior (Deckte, Wieland & Lucki, 1995, Hill e cols.,
2003), ou cilindro de vidro (Andreatini & Bacellar, 1999), ou, até mesmo, o que
denominaram de tanque (Einat, Clenet, Shaldubina, Belmakar & Bourin, 2001,
Mercier e cols., 2003).
Por fim, vale ressaltar, a importância deste modelo na investigação de
comportamentos relacionados à depressão, tanto para intervenções farmacológicas,
como para intervenções ambientais. Assim, alguns trabalhos apontam para a
relevância de fatores como: a escolha do sujeito, que deve estar de acordo com o
modelo (Porsolt e cols., 1978), e a interação com outros modelos animais,
devidamente observada, com antecipação, para evitar interferência de um modelo
sobre o outro (Andreatini & Bacellar, 1999). Os modelos que pressupõe o
estabelecimento do desamparo apreendido implicam, necessariamente, em um
processo de aprendizagem. E tal qual em modelos de condicionamento aversivo para
20
avaliação de respostas de ansiedade, os modelos de depressão também sofrem
influência de respostas de outras funções, como, por exemplo, a memória e o
reconhecimento do ambiente (Andreatini e cols., 2006). Desse modo, para que haja o
estabelecimento de aprendizagem no modelo do NF e a emergência de respostas do
desamparo aprendido, pressupõe-se o uso de outros processos básicos dos animais,
tais como funções cognitivas de reconhecimento (Ennaceur, 2010).
Modelo animal de reconhecimento
Da mesma forma que as pesquisas sobre a ansiedade e a depressão, as
investigação a respeito da memória tem crescido especialmente em função da
ocorrência de doenças neurodegenerativas (Staay, 2006). O estudo da memória tem
sido alvo de muitos pesquisadores na busca da explicação mais adequada para os
processos de memória (Baxter & Byrne, 2006). Nesse sentido as pesquisas na área da
neurociência tem investido no desenvolvimento de modelos animais que possam
avaliar fatores cognitivos, como, por exemplo, a identificação de objetos/ambientes
novos ou familiares, não só para o estudo dos processos de memória, mas
principalmente para distinguir possíveis variáveis intervenientes (relativas às
respostas de reconhecimento/memória ou de locomoção) que podem ser confundidas
com comportamentos de determinadas emoções (tais como as repostas de inibição
comportamental da ansiedade ou de desistência/imobilidade da depressão).
O procedimento de avaliação da memória e do reconhecimento só pode ser
estabelecido porque animais expostos a objetos novos e objetos familiares tendem a
preferir a exploração dos objetos novos frente aos já conhecidos (Ennaceur,
21
Michalikova & Chazot, 2006). Obviamente, esse experimento será variável em
função do tipo de objeto e da espécie estudada. Para tanto, diversos trabalhos têm
sido realizados com a utilização dessa proposta adequada a outros modelos, como,
por exemplo, para ratos, o campo aberto (Hoplight, Vincow & Neumaier, 2005; Dias,
Bevilaqua, Silveira, Landeira-Fernandez, & Gardino, 2009). As críticas a esse
modelo estão justamente focadas nos processamentos de memória; pois, se a
medição do modelo é realizada justamente a partir da capacidade do animal de
avaliar e comparar os objetos, o treino e o tempo entre a pré-exposição e o teste no
modelo serão fundamentais para a emergência do comportamento exploratório sobre
o objeto novo (Ennaceur, 2010).
Diversas tentativas de desenvolver a avaliação da capacidade dos animais de
reconhecerem ambientes e objetos novos frente a outros já conhecidos têm sido
realizadas para minimizar possíveis variáveis intervenientes em modelos animais
com diferentes pressupostos (Ennaceur e cols., 2006). A situação nova pode ser
ansiogênica e inibir o comportamento exploratório do animal (Gray, 1982), tal como
ocorre no modelo animal de transição claro-escuro (Zangrossi & Graeff, 2004).
Dessa forma, enquanto novos modelos animais de identificação de padrões
cognitivos não são desenvolvidos, o modelo de reconhecimento de uma exposição
seguida de outra com a apresentação de um objeto inusitado tem se mostrado uma
boa forma de avaliar alguns padrões exploratórios e cognitivos dos animais.
Assim, além do uso de um modelo para avaliar respostas relacionadas à
emoção alvo, tem-se estabelecido o estudo comparativo entre diferentes modelos
para teste de determinadas intervenções, especialmente o testes de ansiedade com
drogas que apresentam resultados contraditórios (File & Andrews, 1991; Barret &
22
Vanover, 1993; Handley & McBlane, 1993). Tais diferenças corroboram a ideia de
que qualquer modelo pode apresentar a capacidade de avaliar apenas uma faceta da
emoção ou transtorno psíquico. O esclarecimento de tal questão pode ser feito de
diversas formas: utilizando-se mais de um modelo animal para avaliar diferentes
comportamentos, o uso de animais geneticamente alterados, ampliação das drogas
administradas e controle positivo, e/ou avaliação das medidas a partir da análise
estatística multivariada, por exemplo, a análise fatorial (Boergen-Lacerda & Souza-
Formigoni, 2000). Esse tipo de análise estatística prevê a combinação entre os
índices dos modelos de tal forma que a relação entre os fatores indicará diferentes
padrões de comportamentos dos modelos que se referem a diferentes dimensões de
uma mesma emocionalidade, tal como a ansiedade, a depressão ou o
reconhecimento.
Análise fatorial
Para avaliar um conjunto de variáveis manifestas frente a um número inferior
de variáveis latentes, o pesquisador deverá lançar mão de uma análise fatorial. Essa
ferramenta estatística é uma das técnicas mais utilizadas para casos de análises
multivariadas. Isso significa que, para comparar diferentes comportamentos
verificados em variados modelos, a covariação entre essas medidas poderá ser
avaliada de tal forma a sugerir a semelhança e apontar as diferenças entre os padrões
observados (Kerlinger, 1980).
Isso porque a análise fatorial é uma das técnicas estatísticas que permite,
através da avaliação das relações entre múltiplas variáveis, uma redução do número
23
de variáveis e a detecção das estruturas entre essas variáveis. Desse modo, a função
principal dessa ferramenta é a definição da estrutura subjacente em uma matriz de
dados (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). A análise fatorial, então, torna
possível a análise das correlações entre um grande número de variáveis,
estabelecendo um conjunto de dimensões latentes semelhantes denominados de
fatores.
As aglomerações dos itens comuns, cuja variância explicada deverá estar
acima da raiz latente 1, indica a formação de cada fator. Ao reduzir o número de
variáveis, baseada na covariância dos itens, essa análise permite não só a detecção de
alta correlação entre as medidas obtidas, mas possibilita a substituição desses itens
por apenas um deles (Andreatini e cols., 2006). Com isso, comportamentos
determinados por um fator podem ser medidos por apenas um item de carga fatorial
alta. A análise fatorial permite ainda, quando identificadas estruturas nas relações
entre as variáveis observadas, a identificação de fatores que representam o
agrupamento das variáveis que se correlacionam.
Dessa forma, as técnicas de análise fatorial possibilitam a identificação de
regularidades entre duas ou mais variáveis e testam modelos alternativos de
associação entre elas. Essa técnica pressupõe a possibilidade de determinar a
natureza e o grau de associação entre um conjunto de variáveis dependentes e um
conjunto de variáveis independentes, além de gerar uma possível função de avaliação
das variáveis dependentes a partir das independentes e de estabelecer significância
estatística associada entre essas relações (Kerlinger, 1986). Nesse sentido, a análise
fatorial utiliza-se de dois princípios: resumir os dados o que significa possibilitar a
24
interpretação e compreensão dos dados através de um número menor de conceitos do
que as variáveis individuais de origem (Campbell & Fiske, 1959).
Para interpretar os fatores obtidos através da variância dos itens observados,
utiliza-se a rotação fatorial. Nessa análise os “eixos de referencia dos fatores são
rotacionados em torno da origem até que alguma outra posição seja alcançada.” (Hair
e cols., 2005, p. 103). O produto final desse tratamento rotacional da matriz fatorial é
a redistribuição das variâncias dos fatores de modo a obter um padrão fatorial mais
simples de variância dos primeiros para os últimos fatores.
Uma das rotações mais comuns é a ortogonal, pois se trata de uma rotação
oblíqua onde os eixos são fixados em 90 graus. Esse método rotacional serve para
facilitar a interpretação, simplificando as linhas e colunas de matrizes dos dados. A
exemplo desse tipo de rotação ortogonal existe o critério Varimax que simplifica as
colunas da matriz fatorial aproximando as cargas fatoriais de ±1, maximizando,
assim, a soma de variância de cargas exigidas, fornecendo uma separação mais clara
entre os fatores (Hair e cols., 2005).
Como produto final da rotação ortogonal, emergirá a matriz fatorial com a
disposição das cargas de cada medida dentro de cada fator. Cada carga fatorial
representa a correlação entre uma variável original e seu fator (Kerlinger, 1980). A
interpretação da matriz é realizada a partir do primeiro fator emergido (da esquerda
para a direita) e cada medida ou item de cada fator é avaliado em relação a sua
significância. Em seguida, caberá ao pesquisador a nomeação dos fatores,
determinando significado para o padrão de cargas fatoriais comuns. A análise
fatorial, portanto, vai possibilitar a avaliação dos modelos animais a partir de
inferências realizadas em função de medidas observadas que geraram um fator
25
específico. Ao fornecer o grau de previsibilidade do comportamento, essa técnica
estatística pode e deve ser usada como ferramenta de investigação para estudos não
conclusivos sobre determinadas emoções a partir da utilização de modelos animais.
Quando esses modelos são utilizados separadamente pressupõem, muitas vezes,
erroneamente, a categorização de certas medidas como respostas inatas ou
condicionadas a situações específicas.
Análise fatorial aplicada a modelos animais
Os modelos animais têm sido utilizados para o estudo de respostas
comportamentais, intervenções farmacológicas, e a investigação da fisiologia e da
neuroanatomia envolvidas nos diferentes processos emocionais ou psicopatológicos.
Nesse sentido a técnica da análise fatorial surge como uma boa ferramenta de
investigação desses processos em função de algumas razões fundamentais.
Inicialmente, pode-se citar os estudos inconclusivos que indicam respostas diferentes
para intervenções semelhantes em animais expostos a um mesmo modelo animal (e
vice-versa). Ressalta-se também que o “desenho” experimental de procedimentos
que pressupõem a utilização de diferentes modelos o fazem de forma separada, para
avaliar medidas isoladas ou convergentes (Ramos e cols., 2008). E, principalmente, o
fato de que poucos trabalhos na área têm se utilizado do mesmo animal para a
exposição sucessiva aos modelos pré-determinados (Andreatini & Bacellar, 1999),
impedindo a observação de variáveis comuns entre as medidas obtidas.
Para avaliar as medidas obtidas em cada modelo animal, diversas pesquisas
têm se utilizado da análise fatorial para determinar comportamentos específicos de
26
certas emoções ou àqueles que dizem respeito a variáveis intervenientes (File,
Zangrossi, Viana & Graeff, 1993; Cruz e cols., 1994; Albrechet-Souza, Carvalho,
Franci & Brandão, 2007). Por outro lado, Torrejais, Rosa, Boergen-Lacerda e
Andreatini (2008) utilizaram uma análise fatorial para averiguar fatores de interação
entre os modelos do Labirinto em T Elevado (LTE) e o Campo Aberto (CA). Esses
autores estavam interessados na medição e interpretação dos comportamentos
emergidos no LTE e, para tanto, fizeram uso, também, de um outro modelo animal,
que pressupunha medir comportamentos relacionados à ansiedade (o CA), para que
fosse possível estabelecer um critério mínimo de comparação. Do mesmo modo,
Ramos e cols. (2008) realizaram a análise estatística multivariada (análise fatorial
varimax ortogonal) para investigar possíveis alterações nos padrões dos dados
obtidos nos modelos animais Campo Aberto, Caixa de Transição Claro-escuro e
Labirinto em Cruz Elevado, utilizados separadamente ou quando agrupados.
Esses estudos denotam a necessidade da utilização não mais de um modelo
animal, mas da interação de diferentes modelos animais para análise dos fenômenos
humanos. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo analisar a estrutura fatorial
emergida a partir de medidas do comportamento exploratório de ratos expostos a
modelos animais de ansiedade, depressão e reconhecimento.
Objetivos
O presente trabalho teve por objetivo analisar a estrutura fatorial do
comportamento exploratório de animais expostos, sequencialmente, aos principais
modelos de ansiedade e depressão. Os modelos animais escolhidos foram: modelo
27
de transição claro-escuro, labirinto em cruz elevado (LCE), labirinto em T elevado
(LTE), condicionamento da resposta de congelamento (CRC), nado forçado (NF) e
modelo de reconhecimento.
Os três primeiros (transição claro-escuro, LCE e LTE) são modelos baseados
etologicamente para respostas de ansiedade. Desses, o LCE tem sido o modelo mais
utilizado na investigação de comportamentos referentes às respostas de medo e
ansiedade. Os modelos de transição claro-escuro e LTE são considerados dentro da
categoria de testes de conflito aproximação-esquiva (Gray & McNaughton, 2000). Já
o CRC foi escolhido por se basear em uma forma aprendida de medo e ansiedade,
pois pressupõe condicionamento da resposta observada (estabelecido por exposição
prévia a estímulo aversivo). O modelo do nado forçado (NF) foi escolhido por se
tratar do modelo animal mais utilizado para o estudo das respostas emocionais
relacionadas à depressão. Adicionalmente, foi introduzido um modelo de
reconhecimento do objeto novo para que fossem avaliadas medidas que não
correspondessem nem a respostas de ansiedade e nem de depressão. Ademais, o
modelo de reconhecimento foi um bom parâmetro para avaliar medidas que
correspondiam mais a questões relativas à memória do que às emoções avaliadas.
Considerando que o procedimento de alguns desses modelos (de
reconhecimento, NF e CRC) exigia duas exposições consecutivas, o objetivo
secundário desse trabalho foi analisar qual o padrão de distribuição fatorial de re-
teste dos modelos que pressupunham, classicamente, exposição única (LCE, LTE e
transição claro-escuro).
28
MÉTODO
Sujeitos
Foram utilizados 60 Rattus novergicus, da linhagem Wistar, machos e
experimentalmente ingênuos, com pesos entre 200 e 280 g. Os animais foram
provenientes da BIOAGRI e permaneceram no biotério do laboratório de
Psicobiologia por, no mínimo, 7 dias antes do tratamento experimental. Os animais
foram alojados em gaiolas-viveiro (45 x 28 x 13 cm) em grupos de 4 animais, sob
um ciclo claro-escuro de 12h (com a fase clara de 7 às 19h) e em condições ad
libitum de comida e água. Os experimentos foram realizados na fase clara do ciclo,
entre 12 e 18h.
Os experimentos realizados estiveram em conformidade com as normas da
Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), balizadas pelo
National Institutes of Health Guide for Care and Use of Laboratory Animals
(revisada em 1999), bem como seguem a um modelo-mãe aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa Animal da Universidade de Brasília.
Equipamentos
Foram utilizados seis modelos animais: Modelo de Reconhecimento,
Transição Claro-escuro, Labirinto em Cruz Elevado, Labirinto em T Elevado, Nado
Forçado e Condicionamento da Resposta de Congelamento. Cada um dos modelos
será descrito abaixo.
Modelo de Reconhecimento: o modelo de reconhecimento (modelo da
novidade) ou de reconhecimento de situação/objeto novo seguiu especificações do
29
modelo original estabelecido inicialmente por Ennaceur e Delacour em 1988
(Ennaceur e cols., 2006; Ennaceur, 2010). Esse modelo foi adaptado dentro do
modelo do Campo Aberto (uma arena composta por uma base tracejada e um cilindro
de acrílico de 60 cm de diâmetro x 50 cm de altura). Além desse espaço, foram
utilizados objetos para que fosse estabelecida a comparação entre objetos familiares
(expostos no treino) e o objeto novo (colocado no modelo apenas no dia do teste).
Por isso, esse foi um modelo de reconhecimento de objeto novo ou também
conhecido como modelo “cognitivo”, porque previu avaliar a capacidade do animal
de distinguir o objeto novo de objetos já conhecidos. No experimento do presente
trabalho foram utilizados dois objetos metálicos (latas), para o treino, e um objeto de
vidro (garrafa), para o teste. O modelo de reconhecimento pressupôs exploração do
ambiente e dos objetos metálicos no primeiro dia por 15 minutos. No segundo dia de
exposição, apenas um dos objetos familiares foi apresentado, juntamente com um
objeto novo (garrafa) e o animal pode explorar a caixa livremente também pelo
mesmo tempo de exposição (15 minutos). Foram computados os segundos gastos de
exploração em cada objeto, considerando-se a proximidade do focinho do animal dos
objetos (lata ou garrafa) de no mínimo 3 cm de distancia. Para fins de análise, foram
consideradas as mesmas medidas tomadas por Dias e colaboradores (2009): as
porcentagem de tempo (em segundos) e de frequencia de exploração do objeto novo
(garrafa), comparadas ao tempo total de exploração de objetos (familiar ou novo).
Alem dessas medidas, foram computadas as frequencias de cruzamento dos
quadrantes e as entradas no centro do modelo (Figura 1).
30
Figura 1. Foto do modelo animal de Reconhecimento.
Transição Claro-Escuro: o modelo de transição de claro-escuro seguiu os
padrões estabelecidos em outros trabalhos (Crawley & Goodwin, 1980; Costall,
Jones, Kelly, Naylor & Tomkins, 1989; Smythe, Bhatnagar, Murphy, Timophy, &
Costall, 1998). Tratava-se de uma caixa semelhante a caixa operante utilizada por
Skinner (31 cm altura x 26 cm frente x 22,5 cm fundo), mas com dois
compartimentos interligados, como se fossem duas caixas interligadas. Nela havia
um lado claro (transparente) e outro lado escuro (preto) que se interligavam por uma
parede com uma passagem central que permitia a comunicação entre os dois lados
(escuro e claro). Nesse modelo, o animal podia escolher livremente o lado de
permanência e foram a partir das medidas obtidas foram consideradas as
porcentagem de tempo de permanência (em segundos) e a frequencia de entradas no
lado claro da caixa. O tempo de permanecia no lado escuro foi obtido por subtração
31
do tempo total, uma vez que o pesquisador só conseguia visualizar o animal no lado
claro (Figura 2).
Figura 2. Foto do modelo animal de Transição Claro-Escuro.
Labirinto em Cruz Elevado: seguindo a especificação de Pellow, Chopin, File
e Briley (1985), o LCE consistiu de dois braços abertos e opostos, e outros dois
braços fechados opostos do mesmo tamanho (50 x 10 cm cada um), de madeira com
paredes laterais de 50 cm de altura. Nas beiradas dos braços abertos foi fixada uma
pequena borda de acrílico transparente (0,5 cm de altura), a fim de diminuir o
número de quedas dos animais. Os braços se cruzavam perpendicularmente
formando uma cruz, delimitada por uma área central de 10 x 10 cm e permanecia a
50 cm do solo (Figura 3). O labirinto encontrava-se em uma sala com isolamento
acústico parcial, iluminado por uma lâmpada incandescente (60-W), colocada
verticalmente a 150 cm acima do aparato. Para análise dos comportamentos
32
observados, utilizou-se um programa computacional de registro de categorias OBS
desenvolvido especificamente para esta situação experimental. Desta forma, o
registro das categorias foi feito a partir da digitação, no teclado do computador, do
número correspondente ao código de cada categoria comportamental, conforme
programação prévia. As frequencias e duração dos comportamentos analisados foram
contabilizadas a partir destes registros. Assim, ao digitar outro número, cada registro
de categoria anterior era imediatamente interrompido, contabilizando a frequencia e a
duração da nova categoria. Nesse caso, foram contabilizados os seguintes
comportamentos: porcentagem de entrada e permanência nos braços abertos, total de
entradas nos braços, tempo de espreitar (definido pelo estiramento da cabeça em
direção aos braços abertos, estando no braço fechado), e de esquadrinhar
(comportamento de, no braço aberto, direcionar a cabeça além do braço em direção
ao chão), e frequencia de exploração de extremidade (definido pela parte final dos
braços abertos, oposta aos outros braços), conforme descrito por Cruz e cols. (1994).
Figura 3. Foto do modelo animal Labirinto em Cruz Elevado.
33
Labirinto em T Elevado: desenvolvido por Viana, Tomaz e Graeff (1994)
para investigar pânico através dos comportamentos de fuga e esquiva, esse modelo
seguiu a mesma especificação do LCE, com a exceção da ausência de um dos braços
fechados. Isso significa que o modelo possuía dois braços abertos e somente um
fechado em 3 lados. A exposição seguiu o protocolo original de exposição (Graeff,
Netto & Zangrossi, 1998; Teixeira e cols., 2000). Nesse modelo foram
contabilizados os segundos de esquiva e de fuga do animal. O comportamento de
esquiva foi padronizado a partir da latência da primeira saída do animal do braço
fechado em direção ao braço aberto. Isso significa que assim que o animal era
colocado no final do braço fechado, cronometrava-se o tempo até a primeira saída do
animal (com as quatro patas) desse braço para um dos braços abertos. Já o
comportamento de fuga era contabilizado pela latência de entrada no braço fechado a
partir do início do experimento, quando o animal é posto no final do braço aberto.
Seguindo a exposição proposta por Teixeira e colaboradores (2000), a submissão dos
animais nesse modelo seguiu o seguinte protocolo: 3 exposições seguidas a partir do
braço fechado (3 medidas de latência de esquiva), com um intervalo de 30 segundos
entre cada exposição e uma tolerância máxima de 5 minutos para a ocorrência do
comportamento; e 1 exposição ao braço aberto para medir a latência de fuga (em
segundos), também com os critérios mínimos de ocorrência (intervalo de 30
segundos da última exposição do animal ao modelo e uma tolerância máxima de 5
minutos para que o comportamento ocorresse) (Figura 4).
34
Figura 4. Foto do modelo animal do Labirinto em T Elevado.
Nado Forçado: seguindo o padrão determinado por Porsolt e colaboradores
(1977), o modelo do nado forçado foi realizado nos moldes originais de um cilindro
de acrílico (65 cm de altura e 35 cm de diâmetro), preenchido por água até 55 cm de
altura. Os animais foram submetidos por dois dias consecutivos, respeitando o
mesmo horário de exposição. No primeiro dia o animal permaneceu por 15 minutos
(estabelecendo a situação aversiva inescapável) e, no segundo dia, apenas por 5
minutos. A água foi controlada a 25ºC + ou – 1ºC e trocada a cada sujeito. Nesse
experimento, foram computadas as medidas clássicas descritas por Porsolt e
colaboradores (1977): tempo total de nado e de imobilidade (Porsolt e cols., 1978,
Porsolt e cols., 1979), além da latência para imobilidade (Gomes, 2009). Todos os
tempos foram contabilizados em segundos (Figura 5).
35
Figura 5. Foto do modelo animal Nado Forçado.
Condicionamento da Resposta de Congelamento: tratava-se de um modelo de
condicionamento ao contexto observado a partir da resposta de congelamento.
Consistiu de uma caixa de condicionamento (27 x 30 cm), adaptada da caixa
operante, com paredes transparentes de acrílico e um assoalho de uma grade formada
por 18 barras de aço, para permitir a condutância do choque. O choque foi ativado
apenas no primeiro dia (treino) em uma voltagem de 0,6 mA com duração de 1,5
segundos, a partir de um estimulador de choques elétricos (Grason-Stadler, modelo E
600B, EUA), ligado a um sistema de interface no computador na sala de observação.
Foram dados 3 choques seguidos dentro de um período de 1 minuto. Os sujeitos
foram expostos a dois dias consecutivos no aparato com 7 minutos de exposição no
primeiro dia e 5 minutos no segundo dia (Santos, 2005; Salviano, 2008). Mediu-se,
em segundos, a porcentagem de congelamento ou de parada total do animal
(Landeira-Fernandez e cols., 2006) (Figura 6).
36
Figura 6. Foto do modelo animal de Condicionamento da Resposta de
Congelamento.
Todas as sessões experimentais foram observadas e gravadas através de uma
vídeo-câmara conectada a uma TV e a um vídeo-cassete que estavam instalados em
uma sala ao lado da sala de cada um dos modelos. Cada modelo animal estava
isolado em um cubículo (sala de 2 x 2 m), com isolamento acústico e iluminação
artificial. A filmagem correspondente a cada animal foi analisada posteriormente por
dois observadores. Desta forma, o registro das categorias foi realizado a partir de
programas computacionais específicos para cada modelo, seguindo cada
especificação dos comportamentos observados (tempo e/ou frequencia de cada
37
comportamento pré-determinado em cada modelo). Ressalta-se que os tempos de
cada comportamento observados foram cronometrados em segundos.
Procedimento
O procedimento realizado seguiu um protocolo de seis dias consecutivos para
cada animal, conforme especificado a seguir (por dia de experimento). A sequencia
de modelos foi estabelecida da seguinte forma: 3 modelos nos dois primeiros dias, 2
modelos nos terceiro e quarto dias e 1 modelo animal nos dois últimos dias de
experimento por grupo. A sucessão da exposição aos modelos respeitou o nível de
aversividade de cada modelo, em nível crescente de aversividade (Andreatini &
Bacellar, 1999).
No primeiro dia de experimento o animal era submetido ao modelo de
reconhecimento (por 15 minutos), seguido da caixa de transição claro-escuro (por 5
minutos) e o Labirinto em Cruz Elevado (por 5 minutos). A sequencia dos 3 modelos
avaliados nesse dia foi montada de tal forma que o animal era imediatamente exposto
a um modelo assim que finalizava a passagem pelo equipamento anterior.
No segundo dia de exposição, os animais eram submetidos ao mesmo
procedimento, respeitando-se a ordem dos modelos e o tempo de exposição em cada
equipamento, com apenas duas alterações: inserção do objeto novo no modelo de
reconhecimento e, no segundo modelo (caixa de transição claro-escuro), o animal era
inserido no modelo pelo lado claro (diferentemente do dia anterior, quando o animal
era colocado no equipamento pelo lado escuro).
Já no terceiro dia de experimento, os animais eram submetidos a sequencia de
dois modelos: Labirinto em T Elevado (por 5 minutos) e ao Nado Forçado (por 15
38
minutos). No quarto dia de experimento, os animais passaram pelo mesmo
procedimento do dia anterior, com a ressalva de que o Nado Forçado seria de
exposição máxima de 5 minutos, conforme descrito anteriormente.
No penúltimo dia de experimento, os animais foram submetidos ao treino na
caixa de condicionamento da resposta de congelamento (por 7 minutos) e, no dia
seguinte (último dia do experimento), ao teste desse modelo (por 5 minutos). A
seguir, estão descritas particularidades de todo o procedimento:
1º dia de experimento:
a) Modelo de reconhecimento (15 minutos de exposição): utilizou-se o campo
aberto, formado por um cilindro de 60 cm de diâmetro por 50 cm de altura,
sob uma plataforma de acrílico branca demarcada por dois círculos (um maior
do tamanho do cilindro e um menor de 30 cm de diâmetro). Nesse dia, treino,
foram colocados dois objetos (duas latas de refrigerante fechadas)
equidistantes no centro. O 1º dia serviu apenas para adaptação do sujeito aos
objetos e ao modelo.
b) Caixa de Transição Claro-Escuro (5 minutos de exposição): seguida a
exposição ao modelo de reconhecimento, o animal foi exposto ao modelo
Claro-Escuro, iniciando no lado escuro. Permaneceu nesse modelo por 5
minutos e foram computados os tempos de permanência bem como a
frequencia de entrada em cada lado (claro ou escuro). Nesse caso a câmera
esteve posicionada de frente para o modelo (lado claro), pois apenas as
medidas desse lado puderam ser filmadas. Os dados do lado escuro foram
obtidos pela diminuição do tempo total e da frequencia do outro lado (claro).
Como os artigos na área são contraditórios quanto ao lado no qual o animal
39
deverá iniciar a exposição, o desenho experimental dessa pesquisa decidiu
por iniciar no lado escuro e a re-exposição ao modelo no dia seguinte iniciou-
se pelo lado claro. A medida de porcentagem de permanência no lado claro
foi calculada da seguinte forma:
Porcentagem de entradas no lado claro =
Tempo de permanencia no lado claro X 100
Tempo total de permanencia na caixa de transição claro-escuro
c) Labirinto em Cruz Elevado – LCE (5 minutos de exposição): assim que o
animal saiu do modelo de transição claro-escuro foi exposto ao LCE. Os
animais foram colocados no centro do modelo com a cabeça voltada para um
dos braços fechados. Foram consideradas as medidas clássicas e etológicas
(espreitar, esquadrinhar e exploração de extremidade), conforme apontado
anteriormente; ou seja, foram registrados o número de entradas e o tempo
gasto em ambos os braços, bem como o tempo de permanência no centro do
labirinto. A partir dessas medidas foram calculados os seguintes índices:
Porcentagem de entradas nos braços abertos =
Entradas nos abertos X 100
Entradas nos abertos + Entradas nos fechados
40
Porcentagem de tempo nos braços abertos =
Tempo nos abertos X 100
Tempo nos abertos + tempo nos fechados
De acordo com Cruz e colaboradores (1994), outras medidas, além das
supracitadas, foram registradas a partir de sucessivas observações de
comportamentos apresentados por animais expostos ao LCE. Uma dessas medidas,
amplamente utilizada para verificar efeitos ansiolíticos de compostos gaba-
benzodiazepínicos e serotoninérgicos, é o comportamento de espreitar (risk-
assessment). O espreitar foi considerado quando o animal saía parcialmente dos
braços fechados, colocando a cabeça e as patas dianteiras na plataforma central ou
nas entradas dos braços abertos, este comportamento foi frequentemente seguido por
um estiramento do corpo. Já o comportamento de esquadrinhar, foi considerado a
partir do momento em que o animal, em estando no braço aberto, pronunciava sua
cabeça em direção ao chão. A terceira medida etológica considerada foi o
comportamento de exploração de extremidade que foi computado todas as vezes que
o animal chegou ao final de qualquer um dos braços abertos.
2º dia de experimento:
a) Modelo de reconhecimento (15 minutos de exposição): o procedimento foi o
mesmo, com um dos objetos alterados. Ao invés de duas latas de refrigerante
fechadas, utilizou-se uma lata e uma garrafa de refrigerante fechadas. Foram
consideradas as frequencias de cruzamentos de quadrante e para o centro do
modelo, bem como frequencia e a duração de aproximação, conforme
41
descrito anteriormente, em direção aos objetos. A partir dessas medidas
foram calculados os seguintes índices:
Porcentagem de frequencia de exploração do objeto novo =
Exploração do objeto novo X 100
Exploração do objeto novo + Exploração do objeto familiar
Porcentagem de tempo de exploração do objeto novo =
Tempo de Exploração do objeto novo X 100
Tempo de Exploração do objeto novo + Tempo de Exploração do objeto familiar
b) Caixa de Transição Claro-Escuro (5 minutos de exposição): seguida a
exposição ao modelo de reconhecimento, o animal foi exposto à caixa de
transição claro-escuro, iniciando agora pelo lado claro. Foram medidos os
mesmos comportamentos do 1º dia de exposição.
c) Labirinto em Cruz Elevado – LCE (5 minutos de exposição): assim que o
animal saiu do equipamento anterior foi exposto ao LCE, igualmente ao dia
anterior. Foram consideradas as mesmas medidas da exposição do 1º dia.
3º dia de experimento:
a) Labirinto em T Elevado – LTE (até 20 minutos de exposição): utilizou-se um
LCE com 1 braço fechado bloqueado. Conforme apontado anteriormente,
foram medidas as latências do que foi denominado como esquiva inibitória
(latência de saída do braço fechado com as 4 patas, assim que o
experimentador colocava o animal no final do braço fechado); foi realizada a
42
chamada linha de base de latência de esquiva inibitória (o animal foi exposto
novamente ao final do braço fechado e sua latência de saída foi medida mais
2 vezes); vale lembrar que entre a primeira submissão do animal até a 3º vez
(a 1ª somada a duas outras exposições) foram dados 30 segundos de intervalo
entre as exposições; além disso, mediu-se também a latência de fuga (nesse
momento, foi medida a latência de fuga de um dos braços abertos até a
entrada com as 4 patas no braço fechado). Foi dado um tempo limite de 5
minutos para cada exposição.
b) Nado Forçado – NF (15 minutos de exposição): seguida a exposição ao LTE,
o animal foi exposto ao treino do nado forçado. Permaneceu nesse modelo
por 15 minutos e foram computadas a latência para imobilidade de cada
animal (tempo entre a entrada do animal no cilindro até a primeira vez que o
sujeito parava de nadar por mais de 3 segundos) e o tempo total de nado
(medido também em segundos). Para fins de concordância entre os
observadores, a parada do nado foi considerada quando o animal
movimentava apenas lentamente as patas dianteiras para manter a cabeça fora
da água, sem tirá-las da superfície da água, ou quando de fato permanecia
imóvel, sem qualquer movimento, apenas boiando na superfície da água.
Após exposição, os animais foram secados por uma toalha e um secador de
cabelo e colocados em suas caixas.
4º dia de exposição:
a) Labirinto em T Elevado – LTE (até 20 minutos de exposição): foi realizada a
exposição ao modelo seguindo o mesmo protocolo do dia anterior.
43
b) Nado Forçado – NF (5 minutos de exposição): em seguida à exposição ao
LTE, o animal foi exposto ao teste do nado forçado e, diferentemente do dia
anterior, permaneceu nesse modelo por apenas 5 minutos. Foram computados
a latência para imobilidade de cada animal e o tempo total de nado em
segundos. Tal qual no dia anterior, após a exposição, os animais foram
secados por uma toalha e um secador de cabelo e colocados em suas caixas.
5º dia de experimento:
a) Condicionamento de Resposta de Congelamento – CRC (7 minutos de
exposição): a exposição foi feita conforme padrão já adaptado do laboratório
(Santos, 2005; Salviano, 2008); ou seja, os animais foram expostos à caixa,
individualmente, por um período de 7 minutos divididos da seguinte forma:
4min60s iniciais de exploração, três choques durante o 5º minuto, conforme
explicado anteriormente, seguidos de 2 minutos sem choque. O experimento
foi gravado por uma câmera acoplada à caixa de choque. Para fins de análise
dos dados, os comportamentos do animal foram observados a cada segundo e
foram contabilizados padrões de atividade ou de congelamento. Essa
categoria de congelamento foi determinada pela ausência de movimento do
animal a não ser pelo movimento toráxico respiratório ou das vibrissas,
somente. Para cada sujeito, foram computadas as porcentagens de
congelamento ao final da exposição. Vale ressaltar que o modelo foi limpo
por desinfetante de odor limão antes da colocação de cada animal para, além
de eliminar o odor do animal exposto anteriormente, adquirir propriedade de
estímulo discriminativo para a re-exposição no dia seguinte. A medida de
porcentagem de congelamento foi calculada da seguinte forma:
44
Porcentagem de congelamento =
Tempo de congelamento X 100
Tempo total de exposição à caixa CRC
6º dia de experimento:
a) Condicionamento de Resposta de Congelamento – CRC (5 minutos de
exposição): a re-exposição ao modelo seguiu conforme protocolo do dia
anterior; contudo sem a manipulação de choque elétrico. Nesse dia o animal
permaneceu por 5 minutos e foram registrados seus comportamentos. O
experimento também foi gravado e a porcentagem de congelamento foi
computada. Ressalta-se que, novamente, antes da colocação de cada animal, o
modelo foi limpo por desinfetante odor de limão.
Com exceção do modelo CRC, os demais aparatos foram limpos por uma
mistura de álcool a 20% com o objetivo de minimizar os odores deixados por cada
animal previamente exposto. O experimento foi realizado somente no período
vespertino e a sucessão dos testes respeitou o nível de aversividade de cada modelo,
do menos para o supostamente mais aversivo (Andreatini & Bacellar, 1999; Ramos e
cols., 2008). As sessões foram monitoradas, gravadas e analisadas, posteriormente,
por dois observadores independentes cujo índice de confiança foi de 95% dos dados
medidos.
45
Análise estatística
Os dados foram analisados por meio de análises fatoriais rotacionadas
ortogonalmente pelo método Varimax, utilizando-se o programa estatístico SPSS
(Statistic Package for the Social Sciences), versão 11.5.
Para identificar a estrutura latente das relações e os autovalores obtidos, foi
utilizada a análise de componentes principais que determinou os fatores emergentes.
A matriz fatorial de cargas considerou valores de cargas fatoriais superiores a 0,4
(Cruz e cols., 1994; Torrejais e cols., 2008). A avaliação da validade da aplicação da
análise fatorial (fatorabilidade dos itens) foi determinada pelo teste Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO). Segundo esse teste inicial da análise fatorial, os índices deveriam
sempre atender a um critério de KMO 0,5 para que fossem considerados aceitáveis.
RESULTADOS
Os resultados da primeira análise fatorial realizada (Tabela 1) indicam o
carregamento de 5 fatores diferentes para as medidas obtidas nos seis modelos
animais utilizados. Foram consideradas as medidas: porcentagem tempo e de
frequencia de exploração do objeto novo no modelo de reconhecimento, no 2º dia,
porcentagem de permanência e frequencia de entradas no lado claro na caixa de
transição claro-escuro, no 1º dia de exposição, porcentagem de entradas e de
permanência nos braços abertos, total de entradas nos braços fechados, tempo de
espreitar e de esquadrinhar e frequencia de exploração de extremidade no LCE,
medidos no 1º dia de exposição, media da latência de esquiva e latência de fuga no
46
LTE, no 1º dia de exposição, latencia para imobilidade e tempo total de nado no NF,
medidos no 2º dia, e porcentagem de congelamento no modelo CRC do 2º dia de
exposição.
Tabela 1. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (com medidas etológicas), depressão e
reconhecimento (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
3º
Fator
4º
Fator
5º
Fator
% frequencia de exploração do objeto novo – Modelo
de reconhecimento (2º dia)
-
-
0,95
-
-
% tempo de exploração do objeto novo – Modelo de
reconhecimento (2º dia)
-
-
0,92
-
-
% de permanência no lado claro – transição claro-
escuro (1º dia)
-
-
-
-
0,81
Entradas no lado claro – transição claro-escuro (1º
dia)
-
-
-
-
0,75
% de entradas nos braços abertos – LCE (1º dia)
0,88
-
-
-
-
% de permanência nos braços abertos – LCE (1º dia)
0,92
-
-
-
-
Entradas nos braços fechados – LCE (1º dia)
-
-
-
0,73
-
Tempo de espreitar – LCE (1º dia)
-0,42
-
-
0,61
-
Tempo de esquadrinhar – LCE (1º dia)
0,85
-
-
-
-
Exploração de extremidade – LCE (1º dia)
0,79
-
-
-
-
Média da latência de esquiva – LTE (1º dia)
-0,50
-
-
-
-0,45
Latencia de fuga – LTE (1º dia)
-
-
-
-0,78
-
Latencia para imobilidade no nado forçado – NF (2º
dia)
-
0,86
-
-
-
Tempo de nado no nado forçado – NF (2º dia)
-
0,83
-
-
-
% de congelamento – CRC (2ºdia)
-
-0,68
-
-
-
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
O primeiro fator carregado nessa análise foi emergido positivamente a partir
das medidas de porcentagem de tempo de permanência (0,92) e de entradas (0,88)
nos braços abertos e pelo tempo de esquadrinhar (0,85) e a exploração de
extremidade (0,79) no primeiro dia de exposição ao LCE. Além dessas medidas,
pesaram negativamente nesse fator as medidas de tempo de espreitar no LCE (-0,42)
47
e a media da latência de esquiva no LTE (-0,50) avaliados no primeiro dia de
exposição aos modelos.
Já para o segundo fator, pesaram positivamente as medidas relativas a
exposição ao NF no segundo dia, latência para a imobilidade (0,86) e tempo total de
nado (0,83) e negativamente a porcentagem de congelamento no CRC (-0,68),
também avaliada na segunda exposição ao modelo.
O terceiro fator foi carregado pelas medidas avaliadas no segundo dia do
modelo de reconhecimento, porcentagem de tempo (0,92) e de frequencia (0,95) de
exploração do objeto novo.
No quarto fator pesaram positivamente as medidas de entradas nos braços
fechados (0,73) e tempo de espreitar (0,61) no primeiro dia de exposição ao LCE, e
pesou negativamente a latência de fuga (-0,78 ) no primeiro dia do LTE.
O último fator foi carregado pelas medidas da caixa de transição claro-escuro
avaliadas no primeiro dia de exposição que foram: porcentagem de tempo de
permanência (0,81) e entradas no lado claro (0,75). E pesou negativamente a medida
do primeiro dia do LTE de media da latência de esquiva (-0,45).
Para a segunda análise fatorial foram consideradas as mesmas medidas da
análise anterior, à exceção das medidas etológicas do LCE. Assim, foram
computadas as porcentagens tempo e de frequencia de exploração do objeto novo no
modelo de reconhecimento, no 2º dia, porcentagem de permanência e frequencia de
entradas no lado claro na caixa de transição claro-escuro, no 1º dia de exposição,
porcentagem de entradas e de permanência nos braços abertos e total de entradas nos
braços fechados no LCE, medidos no 1º dia de exposição, media da latência de
esquiva e latência de fuga no LTE, no 1º dia de exposição, latencia para imobilidade
48
e tempo total de nado no NF, medidos no 2º dia, e porcentagem de congelamento no
modelo CRC do 2º dia de exposição. Dessa análise emergiram 5 fatores, conforme
Tabela 2.
Tabela 2. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (sem as medidas etológicas), depressão e
reconhecimento (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
3º
Fator
4º
Fator
5º
Fator
% frequencia de exploração do objeto novo – Modelo
de reconhecimento (2º dia)
-
0,95
-
-
-
% tempo de exploração do objeto novo – Modelo de
reconhecimento (2º dia)
-
0,94
-
-
-
% de permanência no lado claro – transição claro-
escuro (1º dia)
-
-
-
0,87
-
Entradas no lado claro – transição claro-escuro (1º
dia)
-
-
-
0,70
-0,43
% de entradas nos braços abertos – LCE (1º dia)
0,89
-
-
-
-
% de permanência nos braços abertos – LCE (1º dia)
0,85
-
-
-
-
Entradas nos braços fechados – LCE (1º dia)
-
-
-
-
-0,78
Média da latência de esquiva – LTE (1º dia)
-0,68
-
-
-
-
Latencia de fuga – LTE (1º dia)
-
-
-
-
0,75
Latencia para imobilidade no nado forçado – NF (2º
dia)
-
-
0,85
-
-
Tempo de nado no nado forçado – NF (2º dia)
-
-
0,84
-
-
% de congelamento – CRC (2ºdia)
-
-
-0,69
-
-
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
Os itens carregados de forma robusta e positivamente relacionados no
primeiro fator são concernentes às medidas do primeiro dia de exposição ao modelo
LCE quais sejam as porcentagens de permanência (0,89) e de entrada nos braços
abertos (0,85). Carregou também esse primeiro fator de forma negativamente
relacionada a média da latência de esquiva medida no primeiro dia de exposição ao
LTE (-0,68).
49
O segundo fator foi formado pelas medidas do segundo dia do modelo de
reconhecimento: porcentagem de tempo (0,94) e de freqüência (0,95) de exploração
do objeto novo.
O terceiro fator foi carregado positivamente pelas medidas do NF (latência
para imobilidade, 0,85, e tempo total de nado, 0,84). Também carregou esse fator, de
forma negativamente relacionada, a porcentagem de congelamento do CRC medida
no segundo dia de exposição ao modelo (-0,69).
O quarto fator emergido foi estabelecido pelos pesos das medidas obtidas o
primeiro dia de exposição da transição claro-escuro de porcentagem de permanência
(0,87) e entradas (0,70) no lado claro.
O quinto e último fator emergido nessa análise foi montado negativamente
pelas medidas de entradas no lado claro da caixa de transição claro-escuro (-0,43) e
entradas nos braços fechados do LCE (-0,78). Esse fator foi carregado positivamente
pela latência de fuga (0,75) do LTE. Todas as medidas relevantes desse fator foram
obtidas no primeiro dia de exposição aos modelos carregados.
A terceira análise fatorial realizada refere-se a análise estatística dos dados
avaliados nos dois dias de todos os modelos animais (com as medidas etológicas do
LCE). Nesse caso foram considerados os itens: do 2º dia de exposição ao modelo de
reconhecimento a partir das porcentagens de tempo e de frequencia de exploração do
objeto novo e o cruzamento de quadrantes no equipamento; na caixa de transição
claro-escuro foram avaliadas a porcentagem de permanência e a frequencia de
entradas no lado claro, nos dois dias de exposição; no LCE foram consideradas as
porcentagens de entradas e de permanência nos braços abertos, o total de entradas
nos braços fechados, os tempos de espreitar e de esquadrinhar e a frequencia de
50
exploração de extremidade, medidos nos dois dias de exposição; foram avaliadas
também a media da latência de esquiva e a latência de fuga no LTE, nos dois dias de
exposição; as medidas do NF que foram a latencia para imobilidade e tempo total de
nado no NF apenas do 2º dia; e porcentagem de congelamento no modelo CRC
também do 2º dia de exposição (vide Tabela 3). Dessa rotação, emergiram 8 fatores
que foram identificados de acordo com os itens relevantes para a formação de cada
componente.
O primeiro fator dessa análise rotacionada foi formado positivamente pelas
medidas de porcentagens de entradas (0,82) e de tempo de permanência (0,87) nos
braços abertos e pelo tempo de esquadrinhar (0,77) e a freqüência de exploração de
extremidade (0,77) do segundo dia de exposição ao LCE. Além dessas medidas,
pesaram também nesse fator, mas de forma negativa, o tempo de espreitar no LCE (-
0,64) também do segundo dia de exposição e a media da latência de esquiva do
primeiro dia de exposição ao LTE (-0,60).
O segundo fator foi carregado por medidas do primeiro dia de exposição ao
LCE. Sendo assim, pesaram positivamente nesse fator as porcentagens de entradas
(0,83) e de tempo de permanência (0,91) nos braços abertos e o tempo de
esquadrinhar (0,87) e a freqüência de exploração de extremidade (0,75) do primeiro
dia no LCE. Carregaram esse fator de forma negativa as medidas de tempo de
espreitar no LCE no primeiro (-0,44) e no segundo dia (-0,45) de exposição ao
modelo.
51
Tabela 3. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade (com as medidas etológicas), depressão e
reconhecimento nos dois dias de exposição (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
3º
Fator
4º
Fator
5º
Fator
6º
Fator
7º
Fator
8º
Fator
% de expl. do objeto novo – Modelo de
reconhecimento
(2º dia)
-
-
0,78
-
-
-
-
-
% tempo de expl. do objeto novo – Modelo
de reconhecimento
(2º dia)
-
-
0,86
-
-
-
-
-
Cruzamento de quadrantes – Modelo de
reconhecimento
(2º dia)
-
-
-
-
-
-
-
0,63
% de permanência no lado claro –
transição claro-escuro (1º dia)
-
-
-
-
0,59
-
-
-
Entradas no lado claro – transição claro-
escuro (1º dia)
-
-
-
-
0,67
-
0,42
-
% de permanência no lado claro –
transição claro-escuro (2º dia)
-
-
-
-
-
-
0,65
-
Entradas no lado claro – transição claro-
escuro (2º dia)
-
-
-
-
-
-
0,84
-
% de entradas nos braços abertos – LCE
(1º dia)
-
0,83
-
-
-
-
-
-
% de permanência nos braços abertos –
LCE (1º dia)
-
0,91
-
-
-
-
-
-
Entradas nos braços fechados – LCE
(1º dia)
-
-
-
-
0,66
-
-
-
Tempo de espreitar – LCE
(1º dia)
-
-0,44
-
-
0,42
-
-
-
Tempo de esquadrinhar – LCE (1º dia)
-
0,87
-
-
-
-
-
-
Exploração de extremidade – LCE (1º dia)
-
0,75
-
-
-
-
-
-
% de entradas nos braços abertos – LCE
(2º dia)
0,82
-
-
-
-
-
-
-
% de permanência nos braços abertos –
LCE (2º dia)
0,87
-
-
-
-
-
-
-
Entradas nos braços fechados – LCE
(2º dia)
-
-
-
-
-
-
-
0,84
Tempo de espreitar – LCE
(2º dia)
-0,64
-0,45
-
-
-
-
-
-
Tempo de esquadrinhar – LCE (2º dia)
0,77
-
-
-
-
-
-
-
Exploração de extremidade – LCE (2º dia)
0,77
-
-
-
-
-
-
-
Média da latência de esquiva – LTE
(1º dia)
-0,60
-
-
-
-
0,62
-
-
Latencia de fuga – LTE (1º dia)
-
-
-0,78
-
-
-
-
-
Média da latência de esquiva – LTE
(2º dia)
-
-
-
-
-
0,76
-
-
Latencia de fuga – LTE (2º dia)
-
-
-0,78
-
-
-
-
-
Latencia para imobilidade no nado forçado
– NF (2º dia)
-
-
-
0,89
-
-
-
-
Tempo de nado no nado forçado – NF
(2º dia)
-
-
-
0,85
-
-
-
-
% de congelamento – CRC (2ºdia)
-
-
-
-0,57
-
0,52
-
-
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
52
O terceiro fator foi carregado positivamente pelas medidas do modelo de
reconhecimento de porcentagens de frequencia (0,78) e de tempo de exploração
(0,86) do segundo dia de exposição a esse modelo. Ademais, pesaram negativamente
nesse fator as medidas de latência de fuga do LTE nos dois dias (-0,78 cada item).
No quarto fator, foram significantes para o carregamento do fator as medidas
relativas ao modelo do NF que foram a latência para imobilida (0,89) e tempo total
de nado (0,85) avaliados no segundo dia de exposição ao modelo. Pesou
negativamente nesse fator a medida de porcentagem de congelamento (-0,57) do
CRC.
O quinto fator emergido foi formado a partir das medidas de primeira
exposição à caixa de transição claro-escuro que foram avaliadas. São elas: a
porcentagem de tempo de permanência (0,59) e entradas (0,67) no lado claro.
Ademais, as outras medidas que corroboraram para a formação desse fator foram:
total de entradas nos braços fechados (0,66) e tempo de espreitar (0,42) do primeiro
dia de exposição ao LCE.
O sexto fator foi carregado por medidas do LTE e do CRC. A medida de
maior peso foi a media da latência de esquiva do segundo dia de exposição ao LTE
(0,76), seguido pela mesma medida do LTE do primeiro dia de exposição (0,62) e do
tempo de congelamento no segundo dia do CRC (0,52).
Para o sétimo fator, pesaram as medidas da segunda exposição à transição
claro-escuro (porcentagem de permanência, 0,65, e entradas, 0,84, no lado claro) e a
frequencia de entradas (0,42) no lado claro do primeiro dia de exposição ao mesmo
modelo.
53
O último fator emergido (8° fator) foi formado pelas medidas de cruzamentos
de quadrantes no modelo de reconhecimento (0,63) e o total de entradas nos braços
fechados (0,84) no segundo dia de LCE.
A terceira análise fatorial avaliou as medidas de cada modelo, de forma
individual, para teste e re-teste. Para o modelo de reconhecimento, a análise fatorial
considerou a variância dos itens de porcentagem de frequencia e de tempo de
exploração do objeto novo, bem como os cruzamentos dos quadrantes e as entradas
no centro do equipamento. Dessa distribuição emergiram dois fatores (Tabela 4).
Tabela 4. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais “cognitivas” do modelo de reconhecimento nos segundo
dia de exposição (N = 60).
Medidas
1º Fator
2º Fator
% exploração do objeto novo
0,95
-
% de tempo de exploração do objeto novo
0,96
-
Entradas no centro
-
0,80
Cruzamento de quadrantes
-
0,80
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
Os dois fatores emergidos estão separados pelas medidas de exploração do
novo objeto através da porcentagem de tempo (0,96) e frequencia (0,95). Enquanto o
segundo fator teve como medidas de peso os comportamentos de cruzamento de
quadrantes e de entradas no centro do equipamento (0,80, para cada medida).
A análise fatorial do modelo de transição claro-escuro nos dois dias de
exposição também teve suas medidas avaliadas agrupadas em dois fatores (Tabela 5).
Foram computadas as porcentagens de permanência e a frequencia de entradas no
lado claro do modelo.
54
Tabela 5. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de transição claro-escuro nos dois
dias de exposição (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
% tempo de exploração do lado claro (1º dia)
0,92
-
Frequencia de exploração do lado claro (1º dia)
0,80
-
% tempo de exploração do lado claro (2º dia
-
0,78
Frequencia de exploração do lado claro (2º dia)
-
0,79
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
O primeiro fator foi carregado pelas medidas do primeiro dia de exposição ao
modelo (porcentagem de tempo, 0,92, e frequencia de entradas no lado claro, 0,80);
enquanto o segundo fator foi carregado pelas mesmas medidas, mas do segundo dia
de exposição ao modelo (0,78, para a porcentagem de permanência e 0,79 para a
frequencia de entradas no lado claro).
Sobre as medidas avaliadas no LCE duas análises foram realizadas: uma
primeira sem as medidas etológicas avaliadas e a segunda considerou as medidas
clássicas e as etológicas observadas no modelo. Da análise fatorial dos dois dias de
exposição ao modelo, sem considerar as medidas etológicas, emergiram 3 fatores a
partir das medidas: porcentagem de entradas e de permanência nos braços abertos e
total de entradas nos braços fechados (Tabela 6).
55
Tabela 6. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de LCE, sem as medidas
etológicas, nos dois dias de exposição (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
3º
Fator
% de entradas nos braços abertos – LCE (1º dia)
0,95
-
-
% de permanência nos braços abertos – LCE
(1º dia)
0,95
-
-
Entradas nos braços fechados – LCE (1º dia)
-
-
0,70
% de entradas nos braços abertos – LCE (2º dia)
-
0,93
-
% de permanência nos braços abertos – LCE
(2º dia)
-
0,93
-
Entradas nos braços fechados – LCE (2º dia)
-
-
0,81
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
De acordo com a análise da matriz, o primeiro fator emergiu a partir das
medidas do primeiro dia de exposição ao LCE de porcentagens de entradas (0,95) e
de permanência nos braços abertos (0,95). Enquanto o segundo fator foi carregado
pelas mesmas medidas do LCE mas apenas do segundo dia de exposição (0,93 para
cada porcentagem de entradas ou de permanência nos braços abertos). O último fator
(3º fator) foi carregado pelas medidas do total de entradas nos braços fechados
fechados (0,70 para medida do primeiro dia e 0,80 para medida do segundo dia).
A outra análise fatorial realizada a partir dos dois dias de exposição ao LCE
considerou as medidas clássicas e etológicas desse modelo que são: porcentagem de
entradas e de permanência nos braços abertos, total de entradas nos braços fechados,
tempo de espreitar e de esquadrinhar e frequencia de exploração às extremidades
(Tabela 7).
56
Tabela 7. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de LCE, com as medidas
etológicas, nos dois dias de exposição (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
3º
Fator
% frequencia de entradas de braços abertos (1º dia)
0,89
-
-
% tempo de braços abertos (1º dia)
0,94
-
-
Entradas nos braços fechados (1º dia)
-
-
0,82
Tempo de espreitar (1º dia)
-0,45
-
0,50
Tempo de esquadrinhar (1º dia)
0,88
-
-
Frequencia de exploração das extremidades (1º dia)
0,78
-
-
% frequencia de entradas de braços abertos (2º dia)
-
0,86
-
% tempo de braços abertos (2º dia)
-
0,91
-
Entradas nos braços fechados (2º dia)
-
-
0,62
Tempo de espreitar (2º dia)
-0,41
-0,70
-
Tempo de esquadrinhar (2º dia)
-
0,73
-
Frequencia de exploração das extremidades (2º dia)
-
0,76
-
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
O primeiro fator emergiu a partir dos pesos, positivamente relacionados, das
porcentagens de entrada (0,89) e de permanência (0,94) nos braços abertos, o tempo
de esquadrinhar (0,88) e frequencia de exploração de extremidade (0,78) do primeiro
dia de exposição ao LCE. Carregaram também esse fator, negativamente, as medidas
de tempo de espreitar no primeiro (-0,45) e no segundo (-0,41) dias de LCE.
O segundo fator foi carregado pelas medidas do segundo dia de exposição ao
LCE que foram as porcentagens de entrada (0,86) e de permanência (0,91) nos
braços abertos, o tempo de esquadrinhar (0,73) e frequencia de exploração de
extremidade (0,76). Esse segundo fator foi carregado negativamente pela medida de
tempo de espreitar (-0,70) do segundo dia de LCE.
O terceiro fator foi carregado pelas medidas de entradas nos braços fechados
no primeiro (0,82) e no segundo (0,62) dias e pelo tempo de espreitar (0,50) no
primeiro dia de exposição.
57
A análise fatorial do modelo LTE indicou a emergência de dois fatores para
as medidas de média de latência de esquiva e latência de fuga nos dois dias de
exposição ao equipamento (Tabela 8).
Tabela 8. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade do modelo de LTE nos dois dias de
exposição (N = 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
Média da latencia de esquiva (1º dia)
0,91
-
Latencia de fuga (1º dia)
-
0,89
Média da latencia de esquiva (2º dia)
0,91
-
Latencia de fuga (2º dia)
-
0,89
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
A análise fatorial das medidas dos dois dias de exposição ao LTE indicou a
emergência de dois fatores que foram pesados pelas medidas avaliadas. Assim, o
primeiro fator foi carregado pelas médias das latências de esquiva do primeiro (0,91)
e do segundo (0,91) dia; enquanto o segundo fator foi carregado com o mesmo peso
(0,89) pelas medidas de latência de fuga dos dois dias.
A análise fatorial das medidas obtidas no NF apresentou a emergência de dois
fatores pesados pelas medidas de tempo total de nado e latência para a imobilidade
nos dois dias de exposição (Tabela 9).
58
Tabela 9. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de depressão do modelo NF nos dois dias de exposição (N
= 60).
Medidas
1º
Fator
2º
Fator
Latencia para imobilidade (1º dia)
-
0,94
Tempo de nado (1º dia)
0,64
0,60
Latencia para imobilidade (2º dia)
0,85
-
Tempo de nado (2º dia)
0,92
-
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
O primeiro fator foi formado pelas medidas de tempo de nado no primeiro
(0,64) e no segundo (0,92) dia de exposição e pela latência para imobilidade (0,85)
no segundo dia de nado. Já o segundo fator foi carregado pelas medidas obtidas no
primeiro dia de submissão ao modelo (latência para imobilidade, 0,94, e tempo de
nado, 0,60).
A análise fatorial do último modelo considerado, CRC, indicou o peso
semelhante (0,85) das medidas dos dois dias de exposição para a porcentagem de
congelamento no modelo Tabela 10.
Tabela 10. Distribuição da estrutura fatorial rotacionada pelo método varimax das
medidas comportamentais de ansiedade condicionada do modelo CRC nos dois dias
de exposição (N = 60).
Medidas
1º Fator
% de congelamento (1º dia)
0,85
% de congelamento (2º dia)
0,85
* apenas cargas fatoriais 0,4 estão representadas (Torrejais e cols., 2008).
59
DISCUSSÃO
Um dos maiores problemas na determinação de certas interações terapêuticas
das emoções e de seus transtornos mentais está relacionado à limitação dos modelos
animais na replicabilidade dos fenômenos humanos e das situações experimentais
que possibilitem a avaliação de determinados padrões de resposta no ambiente
complexo (Geyer & Markou, 2000; Silva e cols., 2005; Kallueff, Wheaton & Murph,
2007; Ramos e cols., 2008). Alguns trabalhos na área de neurociência têm buscado a
solução desses problemas através da utilização de mais de um modelo animal para
isolar respostas diferenciadas em equipamentos específicos (Rodgers & Shepherd,
1993; Andreatini & Bacellar, 1999; Cryan & Holmes, 2005; Guerra & Alves, 2005;
Santos, 2005; Andreatini e cols., 2006; Landeira-Fernandez e cols., 2006).
Outras tentativas estão justamente na análise mais aprofundada de cada um
dos itens avaliados por cada modelo animal (File e cols., 1993; Cruz e cols.1994,
Rodgers & Johnson, 1995; Carobrez & Bertoglio, 2005), principalmente, utilizando-
se de ferramentas estatísticas que sejam capazes de reduzir as variáveis observadas
em fatores agrupados, de tal forma a diminuir a variância única em relação à
variância comum (Hair e cols., 2005). Isso significa que é de extremo interesse para a
área que os modelos animais sejam cada vez mais esclarecidos para permitirem que
cada um dos itens avaliados, através da exposição dos animais, possa ser medido a
partir de um fator diferenciado. A exemplo disso, utiliza-se a análise fatorial da
integração de diferentes modelos animais (Sáenz, Villagra & Trias, 2006, Ramos e
cols., 2008; Torrejais e cols. 2008).
60
A partir dessa perspectiva da necessidade do surgimento de “desenhos”
experimentais que incluam não só a exposição a diversos modelos animais, mas que
o façam para o mesmo animal em sequencia, de modo a possibilitar uma análise da
variância das medidas repetidas, esse trabalho objetivou analisar a estrutura fatorial
do comportamento exploratório de animais expostos, sequencialmente, a modelos de
ansiedade e depressão.
Os resultados da primeira análise fatorial da interação dos modelos,
considerando as medidas etológicas do labirinto em cruz elevado (Tabela 1),
indicaram a emergência de fatores relativos às respostas de baixa ansiedade
(correlacionando o primeiro fator às medidas de ansiedade observadas no LCE), de
desamparo aprendido (identificado pelo segundo fator), de habilidades cognitivas
identificadas por padrões de reconhecimento (emergida no terceiro fator), de
atividades locomotoras e exploratórias (representadas pelo quarto fator) e de medidas
de ansiedade de teste de conflito do tipo aproximação-esquiva (apontadas no quinto
fator emergido da análise) que pode ser verificado no teste de transição.
Esses resultados, que identificaram o primeiro fator dessa análise, corroboram
os achados anteriores de que o LCE é um modelo animal baseado em pressupostos
de simulação de situações nas quais emergem comportamentos de medo e ansiedade
(File, 1990; File e cols., 1993; Cruz e cols., 1994; Cruz e cols., 1997; Albrechet-
Souza e cols., 2007). Já o LTE possibilita a observação de dois padrões
comportamentais diferentes: um relacionado à resposta de avaliação de risco,
semelhante às respostas emitidas no LCE, e outro padrão de comportamento que vem
sendo relacionado aos comportamentos relativos ao pânico (Viana, Tomaz & Graeff,
1994; Duzzioni, Calixto, Duarte & De Lima, 2008). Além disso, há que se
61
considerar a multiplicidade de respostas emocionais relacionadas à ansiedade e que
os fatores propostos por Gray, no Sistema de Inibição Comportamental (SIC), para
designar o disparo da resposta emocional e o preparo para comportamentos de fuga e
de luta em situações de perigo real ou potencial, podem ser avaliados de acordo com
diferentes perspectivas (Gray, 1982; LeDoux, 1993). A constatação de que a
ansiedade é multifacetada é constatada nessa análise pela emergência de dois fatores
relacionados à ansiedade (fatores 1 e 5), porém relacionadas a respostas
diferenciadas dessa emoção (Menard & Treit, 1999; Zangrossi & Graeff, 2004).
O segundo fator emergido nessa análise agrupou as respostas de imobilidade,
verificada no teste do nado forçado, e de congelamento, avaliada no
condicionamento de resposta de congelamento, indicando que essa resposta no CRC
pode representar uma resposta de desamparo aprendido e não de ansiedade. Ressalta-
se que a literatura da área tem apresentado o CRC como modelo de resposta
aprendida de ansiedade sensível à intervenção farmacológica de ansiolíticos
(Landeira-Fernandez e cols., 2006). Apesar disso, não se pode desconsiderar o fato
de que essa resposta de congelamento é obtida através da exposição repetida do
animal a um ambiente cuja exposição prévia foi pareada a um estímulo aversivo e
inescapável. Essa manipulação de submissão do animal a uma situação aversiva e
inescapável é o pressuposto dos modelos de depressão/desamparo aprendido,
especialmente o NF (Willner, 1984). Assim, o peso dos dois modelos no mesmo
fator parece indicar que ambos pressupõem a exposição do animal à situação
aversiva inescapável e com re-exposição ao equipamento gerando não uma resposta
de ansiedade, mas uma resposta de desamparo aprendido (Papp & Wieronska, 2000;
Kitamura & Gomita, 2002).
62
O terceiro fator relacionado ao reconhecimento foi fundamental para a
formação dos demais fatores porque isolou as medidas de reconhecimento/cognitivas
dos demais itens. O resultado isolado das medidas de reconhecimento nesse fator
indicou um importante resultado para discriminar que as respostas emergidas nos
outros modelos utilizados (de ansiedade e depressão) não são respostas apenas de
memória ou reconhecimento, mas respostas emocionais relacionadas aos outros
fatores. Ennaucer e colaboradores (2006) apontam a dificuldade de isolar as
respostas cognitivas das respostas emocionais e afirmam que, muito provavelmente,
algumas medidas de outros modelos animais devem estar medindo respostas de
processos básicos não computados inicialmente. Os resultados apontados na Tabela 1
apontam o contrário desses achados.
O quarto fator emergido pode ser interpretado como fator de locomoção, pois
foi pesado pela medida motora do LCE que é o total de entradas nos braços fechados
(Cruz e cols., 1994). Outras duas medidas carregam esse fator e, apesar de serem
classificadas como medidas de ansiedade, também são alteradas em função da
atividade locomotora e por isso foram significantes nesse fator (Torrejais e cols.,
2008). Há que se considerar que o tempo de espreitar observado no LCE não é a
melhor medida de ansiedade do modelo (Cruz e cols., 1994) e que a latência de fuga
do LTE também apresenta resultados contraditórios em relação aos diferentes
tratamentos farmacológicos (Carvalho-Netto & Nunes-de-Souza, 2004).
O quinto fator emergido nessa análise esteve correlacionado à ansiedade, mas
nos apenas para medidas da caixa de transição claro-escuro. Segundo Crawley e
Goodwin (1980), o modelo de transição tem se mostrado um bom modelo de
ansiedade e sensível ao uso de medicamentos benzodiazepínicos. No entanto, trata-se
63
de um sistema de conflito entre o comportamento exploratório instintivo do animal e
a aversão ao local iluminado. Diferentemente do LCE, o animal não fica exposto a
um ambiente aberto e nem alto (File, 1993).
Os resultados da segunda análise fatorial (Tabela 2) corroboram a análise
gerada com itens que incluíam as medidas etológicas do LCE. Nessa segunda
fatoração dos itens o primeiro fator também esteve relacionado com medidas de
ansiedade geradas pelo LCE, à exceção das medidas etológicas. Esses resultados
apontam para uma confiabilidade maior das medidas clássicas dos dois modelos,
LCE e LTE (Pellow e cols., 1985), pois mesmo sem as medidas etológicas, as
medidas carregaram o primeiro fator da análise.
Seguindo essa mesma ideia, o segundo fator dessa análise também foi
formado exclusivamente por medidas de exploração do objeto novo no modelo de
reconhecimento. Esse resultado, conforme apontado na primeira análise, corrobora a
fundamentação do modelo, indicando que os comportamentos avaliados não estão
relacionados com as outras medidas e sim com o comportamento apontado por
Ennaceur e colaboradores (2006) de reconhecimento do objeto familiar diante do
objeto novo. Nota-se que esse resultado é fundamental para separar também as outras
medidas que estão sendo avaliadas. Isso porque, apesar de alguns modelos utilizados
nessa pesquisa preverem re-teste, as medidas avaliadas devem estar relacionadas a
outras respostas, pois não compõem o fator relativo à “cognição”/memória.
Da mesma forma que a primeira análise fatorial, o terceiro fator emergido
também agrupou medidas do nado forçado e do condicionamento de resposta de
congelamento. Isso significa que da mesma forma que na primeira análise, os
resultados indicam que a resposta de congelamento nesse modelo deve estar
64
relacionada às respostas de desamparo aprendido, em função da exposição aversiva
inescapável (Porsolt e cols., 1979; Brotto, Gorzalka & Barr, 2001).
Assim também o quarto fator emergido se restringiu a medidas da caixa de
transição claro-escuro. Nesse caso, acredita-se que a resposta de aproximação-
esquiva produzida nesse modelo está relacionada à ansiedade (Zangrossi & Graeff,
2004), mas não às mesmas repostas do LCE. Já o último fator emergido dessa análise
foi carregado por itens relacionados às medidas de locomoção (Albrechet-Souza e
cols., 2008).
Quando considerados todos os modelos nos dois dias de procedimento de
cada um, os resultados da análise fatorial apontaram para oito fatores (Tabela 3). Os
dois primeiros fatores apontaram para índices de baixa ansiedade do LCE. Enquanto
o segundo fator se relaciona às medidas avaliadas no LCE no primeiro dia de
exposição, o segundo fator, no entanto, está relacionado às medidas da segunda
exposição ao LCE, evidenciando a ocorrência do fenômeno de one-trial tolerance
(tolerância de um ensaio). Isso significa que os dias da exposição tiveram pesos mais
fundamentais para essa covariância do que as atividades medidas em si, quando
considerados os critérios para a formação desses fatores. Esses resultados vão ao
encontro do que já se conhece como tolerância de um ensaio, descrito pela Sandra
File em 1990 (Vargas, Da Cunha & Andreatini, 2006). Isso significa que modelos
como o labirinto em cruz elevado são sensíveis a pré-exposição e que o
comportamento dos animais fica alterado na medida em que eles permanecem ou são
re-expostos ao equipamento (File, 1990; Rodgers & Shepherd, 1993; Dawson,
Crawford, Stanhope, Iversen, & Tricklebank, 1994; Andreatini e cols., 2006).
65
Esse efeito de tolerância de apenas uma exposição ao modelo pode ser visto
também em relação à transição claro-escuro quando são comparados os fatores cinco
e sete que emergem a partir das mesmas medidas obtidas nesse modelo. Isso porque
no quinto fator, relativo à avaliação de risco, pesaram as medidas da caixa de
transição claro-escuro e as medidas de entradas nos braços fechados e o tempo de
espreitar no LCE (Blanchard e cols., 1993). A despeito do total de entradas nos
braços fechados ter sido relacionado às atividades locomotoras, o comportamento de
espreitar já foi apontado como medida da avaliação de risco aparente em animais
expostos a ambientes naturalmente aversivos (Cruz e cols., 1994). No sétimo fator
emergido, ao contrário, aparecem apenas as medidas da caixa de transição,
especialmente do segundo dia de submissão ao modelo. Esse resultado evidencia a
relação desse fator com um tipo de resposta de ansiedade diferente das obtidas
através da exposição ao LCE (típica dos dois primeiros fatores), conforme apontado
anteriormente, reforçando a ideia de que existem múltiplas facetas das respostas de
ansiedade passíveis de serem avaliadas e que esses modelos, apesar de serem
etologicamente fundamentados, possibilitam a avaliação de respostas diferentes
(Cruz e cols., 1997).
O terceiro fator emergido dessa análise foi carregado por medidas do modelo
de reconhecimento e pelas latências de fuga (nos dois dias) do LTE. Essa formação
indica que esse fator está relacionado às habilidades de reconhecimento e/ou
“cognitivas”. O fato das medidas de fuga pesarem de forma inversamente
relacionada a esse fator indica que o reconhecimento do ambiente é fundamental para
a resposta emocional de fuga do local aversivo. Conforme aponta Ennaceur e
colaboradores (2008), as medidas de reconhecimento não são passíveis de serem
66
isoladas de respostas emocionais. Assim, esse resultado reforça a afirmação dos
autores de que as medidas de reconhecimento nem sempre serão “puras” e isentas de
influências de respostas emocionais, especialmente, sob contexto aversivo que induz
respostas inatas de medo e ansiedade (Ennaceur, 2010).
Conforme as análises prévias (Tabelas 1 e 2), o quarto fator emergido dessa
análise (Tabela 3) foi resultado das medidas de avaliação dos comportamentos dos
modelos NF e CRC. Mais uma vez, a resposta de congelamento do CRC apareceu
sensível a medida de desamparo aprendido (Landeira-Fernandez e cols., 2006),
indicando que o modelo CRC pode ser também um bom equipamento para induzir
repostas de desamparo.
O sexto fator emergido nessa análise esteve relacionado a um tipo de
ansiedade não aparente nas outras análises realizadas nesse trabalho. Trata-se da
ansiedade aprendida, caracterizada pela re-exposição à latência de esquiva no LTE
nos dois dias do modelo e da resposta de congelamento no CRC. Esse resultado
corrobora com os achados da literatura da área que indicam o CRC como modelo de
ansiedade aprendida e com o procedimento de re-exposição ao LTE para medir a
resposta de esquiva (Cruz e cols., 1997, Graeff e cols., 1998; Carvalho-Netto &
Nunes-de-Souza, 2004; Landeira-Fernandez e cols., 2006; Duzzioni e cols., 2008).
Já o último fator emergido nessa análise diz respeito à atividade locomotora,
pois foi formado pelos cruzamentos de quadrantes no modelo de reconhecimento e
pelo total de entradas nos braços fechados do LCE (Cruz e cols., 1994; Cruz e cols,
1997; Weiss, Wadsworth, Fletcher & Dourish, 1998).
Assim, os fatores emergidos nas três análises realizadas parecem convergir
para alguns pontos relevantes: a) as medidas de ansiedade avaliadas nos modelos
67
LCE, LTE, transição claro-escuro e CRC não avaliam o mesmo tipo de resposta de
ansiedade; b) a resposta de congelamento dos animais expostos ao CRC parece estar
mais relacionada a um processo de desamparo aprendido do que a resposta de
ansiedade; c) algumas medidas avaliadas nos modelos estão dependentes também das
respostas locomotoras e vice-versa; d) as respostas de ansiedade aprendidas só foram
significantes no peso de um fator exclusivo quando foram consideradas todas as
medidas de teste e re-teste dos modelos; e) houve um claro efeito de tolerância de um
ensaio para os modelos de, classicamente, exposição única (LCE e transição claro-
escuro).
Considerando esses resultados, foi, então, necessária a avaliação individual de
cada modelo nos dias de teste e re-teste para averiguar o efeito da re-exposição ao
modelo. Os resultados obtidos (Tabela 4), por meio da análise fatorial, apontaram
para medidas de locomoção no segundo fator formado pelas medidas do modelo de
novidade, enquanto o primeiro fator emergiu por medidas de reconhecimento,
confirmando a proposta desse modelo (Dias e cols., 2009; Ennaceur e cols., 2006;
Ennaceur, 2010).
O segundo modelo avaliado foi o de transição claro-escuro e, conforme
apontado anteriormente, a análise fatorial desse modelo apontou para a emergência
de dois fatores variados em função do dia de exposição ao modelo (Tabela 5),
confirmando o efeito de tolerância de ensaio do modelo (File, 1993).
Já o LCE foi avaliado de duas formas (Tabelas 6 e 7), por meio da análise
fatorial, na primeira avaliação foram computadas apenas as medidas clássicas desse
modelo. Nessa análise emergiram três fatores: um pesado pelas medidas de
ansiedade (porcentagens de entrada e de permanência nos braços abertos) do
68
primeiro dia de exposição, outro com as mesmas medidas, mas do segundo dia do
modelo e um terceiro fator com as medidas de locomoção (total de entradas nos
braços fechados) dos dois dias de exposição. Esse resultado reproduz o efeito de
tolerância descrito por File, conforme discutido, e ressalta um dado relevante que é a
inalteração do comportamento motor (medida de locomoção) em função da re-
exposição (Albrechet-Souza e cols., 2007).
Assim também quando foram consideradas as medidas etológicas, a análise
fatorial dessas medidas não alterou o número de fatores emergidos. Desse modo,
emergiram três fatores que também foram separados pelo dia de exposição (cada dia
foi relevante para a formação de um fator diferente) e um terceiro fator emergiu para
as medidas de locomoção (Weiss e cols., 1998). Vale ressaltar que nessa análise a
medida de espreitar do primeiro dia pesou no primeiro e no terceiro fator e que, essa
mesma medida do segundo dia de exposição, também pesou em dois fatores
diferentes (no primeiro e no segundo fator). Esse efeito corrobora com os resultados
obtidos no trabalho de Cruz e colaboradores (1994) que também indicaram que a
medida de espreitar pesou na análise fatorial do modelo LCE em dois fatores
diferentes, indicando a pouca confiabilidade dessa medida para indicar, sozinha, as
repostas de ansiedade.
A análise fatorial do modelo LTE corroborou os resultados apontados por
Torrejais e colaboradores (2008) no sentido de separar em fatores diferentes as
medidas de esquiva e de fuga. Os resultados dessa análise vão ao encontro do
exposto nos trabalhos da área que apontam a semelhança da latência de esquiva com
respostas de medo e ansiedade presentes na exposição ao LCE e que a latência de
fuga do LTE não se refere à ansiedade generalizada (Graeff, Vianna & Tomaz, 1993;
69
Graeff e cols., 1998). Contudo, ao contrário do proposto por Viana e colaboradores
(1994), o presente trabalho não indicou a medida de fuga como fator diferenciado de
outras respostas emocionais de ansiedade, mas sim como uma resposta relacionada
ao reconhecimento do ambiente e às medidas locomotoras de exploração dos
ambientes.
A análise fatorial do nado forçado indicou a emergência de dois fatores.
Nesse caso, a análise de variância desse modelo foi bastante relevante, pois indicou
que as respostas dos animais manifestadas nesse modelo no primeiro dia de
exposição dizem respeito ao desespero comportamental (caracterizado pelo segundo
fator emergido); enquanto o segundo dia esteve relacionado ao desamparo aprendido
(primeiro fator). Esses resultados corroboram a diferenciação de desespero
comportamental, que aparece imediatamente na exposição do animal (no primeiro
dia), e desamparo aprendido, que se estabelece pela re-exposição à situação aversiva
inescapável (Porsolt e cols.,1978; Porsolt e cols., 1979).
A análise fatorial do último modelo utilizado apresentou apenas um fator no
qual as medidas de porcentagem de congelamento dos dois dias de exposição ao
modelo pesaram de forma semelhante. Nesse caso, o resultado apenas indicou que a
medida tomada no primeiro e no segundo dia dizem respeito ao mesmo fenômeno,
mas interpretar esse achado se torna uma tarefa complexa à medida em que não se
possui outros itens comparativos. Conforme afirmado anteriormente, a análise
fatorial rotacionada por meio de uma varimax apenas indica os pesos de cada medida
dentro de cada fator (Hair e cols., 2005), mas a avaliação de cada fator dependerá do
agrupamento de medidas que foi montado e de como o pesquisador interpretará os
resultados.
70
Seguindo essa ideia, esse trabalho delimitou o uso de modelos animais de
categorias distintas de medida de forma intencional para possibilitar a avaliação de
itens que pudessem estar concorrendo em dois fatores ao mesmo tempo e; portanto,
não possibilitassem, quando analisados sozinhos, a predição de quaisquer conclusões
específicas sobre determinadas emoções ou seus transtornos. Isso quer dizer que uma
medida (por exemplo, o total de entradas nos braços fechados no LCE) pode
carregar, concomitantemente, de forma positiva ou negativa, dois ou mais fatores
distintos de um mesmo modelo animal (como foi verificado em resultado anterior, a
medida de entradas nos braços fechados carregou um fator relativo a itens de
locomoção e, ao mesmo tempo, outro fator foi correlacionado com medidas de
ansiedade). Esses itens que pesam em mais de um fator (por exemplo, o
comportamento de espreitar) indicam que aquela medida está relacionada a mais de
uma habilidade ou resposta emocional. Nesse sentido, a análise fatorial tem se
mostrado uma excelente ferramenta de investigação das medidas avaliadas nos
modelos animais, pois ela fornece ao pesquisador evidências estatísticas da
correlação entre as medidas observadas.
Essa discussão é corroborada por outras pesquisas que se utilizaram da
análise fatorial para verificar a variância entre as medidas avaliadas de tal forma que
puderam interpretar melhor os resultados das suas intervenções (Cruz e cols., 1994;
Albrechet-Souza e cols., 2007; Ramos e cols., 2008, Torrejais e cols., 2008). Além
da avaliação mais apurada das medidas avaliadas em um ou mais modelos animais, a
análise fatorial contribuiu para a área possibilitando a avaliação do efeito de re-teste
a modelos que previam exposição única (File e cols., 1993). Os resultados desse
trabalho confirmam o fenômeno da tolerância de ensaio nos modelos do labirinto em
71
cruz elevado e na caixa de transição claro-escuro, conforme apontado na literatura
(File, 1990; Rodgers & Shepherd, 1993; Dawson e cols., 1994). Isso significa que
mais do que o efeito das respostas emocionais, os fatores gerados pela análise de
cada modelo individualmente apresentou alteração em função da re-exposição. Por
isso, torna-se fundamental a compreensão de que os modelos animais designados
para medir respostas de ansiedade, possibilitam respostas diferenciadas dos animais
em virtude da pré-exposição.
Esse resultado parece corroborar com a perspectiva de quatro fatores
fundamentais para o disparo de respostas de antecipação do medo, designados por
Jeffrey Gray. Através de estudos no Instituto de Psiquiatria de Londres, nos anos 60,
esse pesquisador estabeleceu o constructo teórico, em sua primeira versão, que
correlacionava a ansiedade à ativação do sistema de inibição comportamental (SIC).
Segundo Gray (1982), esse sistema seria ativado a partir de uma classe de estímulos
(tais como, sinais condicionados de punição, de frustração, de perigos inatos e
estímulos ou situações novas). Posteriormente, Gray verificou que essa inibição
ocorria em função da estimulação do sistema septo-hipocampal (formado pelas
conexões noradrenérgica e serotoninérgica entre o septo e o hipocampo), para inibir
alguns comportamentos. Assim, esse sistema seria ativado e, consequentemente,
geraria a emoção conhecida como ansiedade a partir das quatro classes de estímulos
(Graeff & Hetem, 2004, Cruz & Landeira-Fernandez, 2007).
Dessa forma, estímulos que produzem respostas inatas e condicionadas de
medo, novidade e sinais de frustração ativariam o SIC. Esse, por sua vez, ao ser
ativado, promoveria a inibição de comportamentos, ou seja, produziria a
“ansiedade”. Nesses casos, o sujeito passaria a um estado de níveis de alerta e
72
atenção mais altos (Gray, 1982), mas esse nível seria alterado, então, em função da
retirada do fator “novidade” da situação aversiva (Rodgers & Shepherd, 1993).
Dessa forma, no que diz respeito à ansiedade e às emoções relacionadas, tal
como o medo, pode-se dizer que as raízes biológicas estão arraigadas nas reações de
defesa dos mamíferos. Seguindo esse pensamento, é possível acreditar que o sistema
cerebral de defesa e o sistema de inibição comportamental atuam de modo
complementar (Brandão, 2001, p. 137-138), conforme pode ser verificado nos
resultados apresentados pelas três primeiras tabelas (da interação entre os modelos).
Assim como na primeira análise das variáveis dos modelos, os
comportamentos de baixa ou alta ansiedade caracterizados nos diferentes fatores
podem corroborar a hipótese de que o re-teste ao modelo de exposição única é
crucial para a formação de um novo fator (File, 1990; Rodgers & Shepherd, 1993;
Dawson e cols., 1994). Nesse sentido é correto afirmar que, ainda que distintos,
todos os fatores em uma análise para avaliar o efeito da tolerância ao ensaio estão de
alguma forma carregados por índices de ansiedade, como os comportamentos de
avaliação de risco ou os emergidos na presença do estímulo aversivo (Dias e cols.,
2009).
Ao que tudo indica, então, File (1990) não estava equivocada quando apontou
a diferença do uso de medicamentos ansiolíticos nos dois dias de exposição ao
modelo, mas é preciso ressaltar que, na verdade, o que não se deve estar medindo na
segunda exposição ao modelo é a questão da resposta do animal frente ao contexto
de aversividade da novidade, conforme discutido. Outros autores consideram que
esse padrão alterado de resposta, em função da exposição prévia ao LCE, geraria, na
verdade, habituação (Dawson e cols., 1994). Isso quer dizer que, além de ser um
73
modelo sensível à exposição prévia, há uma alteração considerável na exploração do
aparato do primeiro para o segundo dia, aparentemente eliminando o conflito
previamente detectado (Zangrossi & Graeff, 2004; Rodgers & Shepherd, 1993).
Além desse efeito de tolerância ao ensaio, os resultados desse trabalho
apontaram também para interações interessantes entre as medidas obtidas pelos
modelos; a exemplo disso, pode-se observar que as medidas obtidas no NF
apresentaram variância semelhante à medida de congelamento do CRC. Isso aponta
não só para uma boa validade do NF para avaliação de comportamentos relativos à
depressão/desamparo aprendido, conforme apontado em diversos estudos (Porsolt e
cols., 1977; Porsolt e cols., 1978; Porsolt e cols., 1979; Willner, 1984, Willner, 1991,
Andreatini & Bacellar, 1999; Ciulla e cols., 2007), mas especialmente para a
discussão do modelo de condicionamento de resposta de congelamento.
Os resultados desse trabalho sugerem, ainda, que a resposta de congelamento
pode ser assemelhada à resposta de desistência do nado no NF (Tabelas 1 e 2) pelo
comportamento de avaliação de risco eliciado por ambientes naturalmente
ansiogênicos, condicionados por uma história aversiva prévia (Cryan & Lucki,
2000). Contudo, na análise de todas as medidas obtidas nos dois dias de exposição
aos modelos (Tabela 3), revelou também a variância semelhante dessa resposta de
congelamento com o comportamento de esquiva no LTE, sugerindo uma resposta de
avaliação de risco ou de ansiedade, estabelecida por condicionamento (Landeira-
Fernandez e cols., 2006). Assim, o condicionamento aversivo que pode ser
estabelecido por esses modelos (LTE e CRC) é o que mais se aproxima das respostas
de medo e ansiedade em humanos relacionada a uma história aversiva prévia (Lissek
74
e cols., 2005; Brandão, Zanovelli, Ruiz-Martinez, Oliveira & Landeira Fernandez,
2008; Dias e cols, 2009).
Esses resultados com modelos que pressupunham aprendizagem apenas
reforçam e são reforçados pela perspectiva de que funções básicas como memória e
locomoção estão presentes e são necessárias para a desenvoltura de modelos animais
(Weiss e cols., 1998). Contudo, os resultados apontaram que, mesmo que se validem
de processos de reconhecimento do ambiente (Ennaceur e cols., 2006), as respostas
dos animais expostos aos modelos de ansiedade e depressão não são respostas de
reconhecimento do ambiente, mas sim dos respondentes eliciados em cada um dos
modelos (Silva e cols., 2005). Esse dado é relevante porque a medida em que se
utiliza um modelo animal que possibilita a medição de outros itens e que eles não se
confundem com outros modelos (de ansiedade ou de depressao), também se está
definindo melhor a gama de comportamentos que podem ser utilizados para avaliar
cada fator. Esse pensamento reflete a discussão sobre o princípio polar na definição
conceitual de termos na psicologia (Ryle, 1949/1980); ou seja, definir fatores,
comportamentos ou medidas específicos de uma emoção, auxilia o processo de
definição também de outros processos básicos não relacionados.
Dessa forma, a interação entre modelos animais que tenham pressupostos
diferenciados é de fundamental importância para avaliar determinados fenômenos
mais complexos como as diversas faceta de um emoção e de seus transtornos
psiquiátricos, pois há interação entre algumas medidas, para mais de um fator, que
representam mais de um fenômeno. Ademais, o fato de haver alteração no padrão
comportamental entre as medidas do primeiro em relação às mesmas medidas do
75
segundo dia de modelos de ansiedade revela a participação fundamental da interação
bidirecional apontada por Cruz e Landeira-Fernandez (2007).
Do ponto de vista das emoções, para a neurobiologia os fundamentos dessa
bidirecionalidade estão datados desde os estudos de Darwin sobre o caráter evolutivo
emocional do homem, especialmente ao que se refere a emoções básicas como medo
e ansiedade (Darwin, 1872/2000). Dessa forma, todas as espécies possuiriam uma
capacidade adaptativa, o que garantiria sua sobrevivência e certa seleção natural, pois
apenas os mais susceptíveis à adaptação conseguiriam vencer as adversidades das
diferentes estimulações e modificações ambientais (Brandão, Vianna, Masson &
Santos, 2003). Os animais se adaptariam às variações do ambiente e, para tanto,
precisariam ser sensíveis aos eventos que ocorrem ao seu redor, respondendo a
relações temporais, espaciais e preditivas entre estes eventos. Isso significa que a
elaboração de Darwin ainda no século XIX já indicava um caminho para o estudo
sobre as emoções dos animais. Inclusive, após esse “pontapé” inicial de Darwin, foi
possível ser descrito o denominado ‘sistema cerebral de defesa’ que se refere a
repertórios emocionais em animais (especialmente os humanos) desenvolvidos em
decorrência de pressões evolutivas (LeDoux, 1993).
Desse modo, os modelos animais estariam em conformidade com essa ideia
de que as respostas observadas podem refletir relativamente as respostas mais
complexas dos humanos e são também passíveis de intervenções adversas. Naughton
e Zangrossi, 2008) afirmam que uma emoção pode não ser uma entidade singular
dentro de um organismo; e, se isso for verdade, será preciso o uso de múltiplos
modelos animais para que cada um permita acessar aspectos independentes de uma
emoção. Isso significa que o futuro das pesquisas nessa área estará cada vez mais
76
ligado ao uso de uma bateria ou sequência de modelos nos quais o mesmo animal
será submetido para que, por meio da análise fatorial, os fatores emergentes possam
ser compostos de itens ou comportamentos que se referem a um mesmo fenômeno.
Nesse sentido, a exposição a uma bateria de modelos animais desse trabalho
possibilitou não só a análise de todos os dados (Tabela 3), mas principalmente a
avaliação do efeito da interação entre esses modelos (Tabelas 1 e 2). Os resultados
indicaram que o modelo do Labirinto em Cruz Elevado é adequado para avaliação de
comportamentos relacionados à ansiedade generalizada, porém sensível à pré-
exposição. Nesse mesmo sentido, o modelo do Labirinto em T Elevado parece
também ser um importante aparato para medição de respostas de ansiedade através
da medida da latência de esquiva, mas não da repostas de fuga. Essa medida (latência
de fuga) parece estar mais relacionada com respostas locomotoras ou com
reconhecimento do ambiente. E o modelo de transição claro-escuro parece ser
avaliado por medidas de respostas de ansiedade que não se relacionam com o LCE,
mas também dizem respeito a um padrão defensivo apresentado diante de estímulos
aversivos que eliciam respostas inatas (Zangrossi & Graeff, 2004).
A contribuição desse trabalho, obviamente, levou em consideração a
limitação da extrapolação entre os achados no experimento e a complexidade das
emoções humanas e seus diversos transtornos mentais, mas de qualquer forma,
apresentou uma possibilidade robusta de avaliação das medidas obtidas nos
diferentes modelos animais de ansiedade, depressão e reconhecimento. Sabe-se que o
uso de modelos animais está limitado a alguns poucos fatores comportamentais
observáveis que cada modelo fornecerá, mesmo sem satisfazer todos os critérios de
validação para uma real transição e comparação com os fenômenos humanos.
77
Além disso, para investigações futuras sugere-se a utilização de
medicamentos que possam alterar o padrão comportamental, para que as análise
realizadas possam contar com mais uma variável independente. Ademais,
experimentos vindouros devem também considerar um número maior de sujeitos
para que a análise estatística a ser ampliada possa se valer de mais itens com um
índice de fatorabilidade ideal. Indica-se, por fim, que novas pesquisas sejam
realizadas com outros modelos animais ou com outras sequencias possíveis entre os
modelos utilizados.
78
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