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das práticas sociais e da ação, interação entre os homens, constituindo-se como uma
reflexão sobre o modo de organizar as palavras com a finalidade de convencer o
receptor acerca de uma posição (MIRABAIL, 1994).
De acordo com CITELLI, 1995, a obra de Aristóteles pode ser considerada o
primeiro testemunho da cultura ocidental sobre a linguagem como discurso,
especificando-lhe inclusive gêneros, de acordo com as intenções pretendidas e de
acordo com o auditório a que se dirige.
Segundo a retórica clássica, recorre-se à argumentação, por exemplo, quando se
deseja regular escolhas políticas e aconselha-se ou desaconselha-se, geralmente em
assembléias, visando-se a uma decisão que se concretizará no futuro. Um discurso
com tais características pertence ao gênero deliberativo.
Quando se desejam sancionar condutas repreensíveis, buscando-se absolver ou
condenar, em função de um acontecimento do passado, a argumentação se manifesta
quase sempre em tribunais, através do gênero judiciário. E, quando se quer apenas
reformar normas sociais e morais, através do elogio ou da censura, o discurso
argumentativo assume a feição do gênero epidítico (PLANTIN, 1990).
A partir do século XVII, na Europa, com o surgimento da ciência moderna que
valorizou o método dedutivo e experimental, o espaço para o conhecimento somente
provável deixa de existir e a argumentação é mais uma vez considerada um falso
saber, uma vez que é o sujeito racional quem ocupa o centro desse conhecimento.
A partir de então, as regras essenciais que devem orientar os espíritos devem ser
as mesmas que orientam o conhecimento científico, rejeitando-se todo conhecimento
que venha da opinião. A argumentação passa a ser vista como o exercício de uma
faculdaderacional e universal, aproximando-se da demonstração lógica.
Apesar de, na Europa, a Retórica passar por um momento de desvalorização,
nos EUA, no século XVIII, segundo PLANTIN,1990, os ideais de liberdade valorizam
a concepção do cidadão–orador e, nas escolas, a partir de então (1770), até a metade
do século XIX, a retórica constitui-se como matéria obrigatória, exatamente por sua
função integradora, assegurando e exigindo a atualização de diversos saberes,
unificando-os em um ato particular, concreto, de produção verbal, adaptado a um
auditório e a uma questão particular de uma comunidade. Fundamentava-se, assim,