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P
AULO SÉRGIO PEREIRA PIMENTA
ANÁLISE AMBIENTAL:
REFLEXÕES SOBRE OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DO PARAÍSO
Londrina
2006
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P
AULO SÉRGIO PEREIRA PIMENTA
ANÁLISE AMBIENTAL:
REFLEXÕES SOBRE OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DO PARAÍSO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação, em Geografia, Meio Ambiente e
Desenvolvimento da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Geografia, Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
Orientadora: Profa. Dra. Nilza Aparecida Freres
Stipp
Londrina
2006
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PAULO SÉRGIO PEREIRA PIMENTA
ANÁLISE AMBIENTAL:
REFLEXÕES SOBRE OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DO PARAÍSO
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Profa. Dra. Nilza Aparecida Freres Stipp
______________________________________
Prof. Dr. André Celligoi
______________________________________
Profa. Dra. Lúcia Helena Batista Gratão
Londrina, 10 de Julho de 2006.
À minha mãe, Maria José Pimenta (in memoriam), que sempre esteve a
meu lado e tanto me incentivou aos estudos, com seu jeito meigo, me
ajudou a compreender que tudo é passageiro nesta vida, e que os
momentos alegres devem ser guardados em nossa mente.
Muito obrigado mamãe!
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por ter me dado força, coragem, inspiração para prosseguir meus estudos.
À Professora Doutora Nilza Aparecida Freres Stipp, orientadora e amiga em todas as etapas
deste trabalho.
À minha esposa, Márcia, pela compreensão e apoio, sem os quais tudo teria sido muito mais
difícil.
À minha família e parentes, pela confiança e motivação.
Aos amigos de trabalho e colegas de curso, pela força e pela vibração em relação a esta
jornada.
Às pessoas com as quais conversamos pela forma objetiva com que nos concederam as
preciosas informações, que tão valiosas foram para a realização deste estudo.
Ao amigo-irmão “Gobatão” pelas palavras de incentivo, pela força, e principalmente: pela
paciência, que através da minha persistência o fiz exercitar.
Ao Engº Agrônomo Sr. Nelson Tramontina, pela paciência, amigo que muito contribuiu para
a realização deste trabalho.
À prefeitura Municipal de Bela Vista do Paraíso, que tão gentilmente nos receberam e
colaboraram com a realização deste.
A todos que colaboraram para a realização e término deste trabalho.
PIMENTA, Paulo S. P. Análise ambiental: Reflexões sobre os processos de degradação
ambiental no município de Bela Vista do Paraíso. 2006. 107f. Dissertação (Mestrado em
Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento) – Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2006.
RESUMO
O município de Bela Vista do Paraíso, assim como os demais que compõem a região norte do
Estado do Paraná, surgiu para dar ênfase à cultura cafeeira, e esta se espalhou rapidamente
pela região norte do Estado do Paraná, tornando-se a grande sensação daquele momento. A
qualidade de suas terras férteis, trouxe para esta localidade famílias e, empresas loteadoras
que não demoraram a iniciar tal processo colonizatório. Inicialmente, o café auferiu grandes
lucros aos proprietários de terras, mas, as crises financeiras no mercado internacional, a
concorrência com outros países, e, finalmente, os processos de geadas, que acabaram por
destruir os cafezais, trazendo grandes problemas para esta municipalidade que, na década de
60, contava com mais de 75% de sua população morando e trabalhando na zona rural. Com a
implantação das culturas temporárias de soja, trigo, milho , em substituição ao café nos anos
70, a ocupação e a exploração do solo trouxe consigo as práticas inadequadas de uso do solo,
resultando em perda da fertilidade, diminuição da produtividade, erosão, êxodo, entre outros,
pois os proprietários estavam ávidos por novas formas de se obter maiores lucros com a terra.
Assim, mecanizaram seu sistema de produção, substituindo o trabalho humano pela máquina,
gerando desemprego e mais problemas sociais. Estas práticas nefastas nos põem a buscar um
“modelo ambiental” onde a natureza seja explorada de uma maneira racional, pois o
crescimento sempre vai estar ligado à degradação do meio ambiente, sendo necessário pensar
em uma forma de desenvolvimento que seja sustentável, que respeite e se sirva da natureza da
forma mais adequada possível. O município de Bela Vista do Paraíso sofre com questões
relativas ao meio ambiente, temos que nos colocar em busca de um modelo ambiental onde a
técnica saiba respeitar o meio ambiente, procurando uma forma harmoniosa de convivência
entre homem-natureza-tecnologia e desenvolvimento, este é um questionamento que nos
propomos a discutir neste projeto de mestrado.
Palavras-chave: Meio ambiente. Desenvolvimento. Impacto ambiental. Norte do Paraná.
PIMENTA, Paulo, S. P. Environmental analysis: reflexions about the environment`s
degrated in the Bela Vista do Paraíso borough. 2006. 107p. Dissertation (Masters Degree in
Geography, Environment and Development) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina,
2006.
ABSTRACT
Bela Vista do Paraíso borough, as well as others counties that make up the Paraná State’s
North region, originated to do emphasis at coffee’s cultivation, what dispersed quickly around
this space, become the great sensation of that moment. The quality of lands brought to this
place poor families and contractors of industrial estates who didn’t linger to start this
colonization process. First, the coffee allowed amount profit to landowners. But the financial
crisis in the international market, the competition with other countries and, finally, the frosts
process, which landed up to destroy the coffee plantations, bringing large problems to this
space where in the sixties, there were more than 75% of your population living and working
in the countryside. The implantation of temporary cultivations of soybean, corn and roheat
replacing the coffee in the seventies, the occupation and the exploration of ground brought
together inadequate skills of solo’s use, resulting in loss of fertility, abatement of productivity,
erosion, exodus, other besides, because the owners were avid to new shapes to come by more
profits eiyh the land work, mechanized your production system, so relieving the human work
to machine, created unemployment and more social problems. These bad skills put us to
search an “environmental model” which the nature will be used with a racional form, because
the growth always will be related to environment`s degrates, being necessary to think in a
developy way providly, respecting and helping oneself of nature with more appropriate way
as possible. The Bela Vista do Paraíso borough suffer with associated questions about
environment. We have to find a environmental model which the technique know regard the
environment, asking for a harmonious ways of connivance between: man-nature-tecnology
and development. This questions, we propose to argue in this master`s project.
Keywords: Environment. Development. Environmental impact. Paraná´s North.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização do município de Bela Vista do Paraíso ....................................... 24
Figura 2 – Imagem Landsat-7 (composição colorida 543) Município de Bela Vista
do Paraíso ........................................................................................................ 26
Figura 3 – Mapa de uso e ocupação do solo do município de Bela Vista do Paraíso....... 27
Figura 4 – Temperatura média mensal de 1996 a 2005 em Bela Vista do Paraíso........... 29
Figura 5 – Precipitação média mensal de 1996 a 2005 em Bela Vista do Paraíso ........... 29
Figura 6 – Carta de declividade da área urbana do município de Bela Vista do
Paraíso ............................................................................................................. 30
Figura 7 – Carta de hipsometria da área urbana do município de Bela Vista do
Paraíso ............................................................................................................. 33
Figura 8 – Mapa de evolução urbana de Bela Vista do Paraíso........................................ 36
Figura 9 – Mapa de classificação de solos de Bela Vista do Paraíso................................ 39
Figura 10 – Foto de alunos do Colégio Estadual Jayme Canet e Associação das
Senhoras de Rotarianos em projeto de reflorestamento das nascentes do
Córrego Guarazinho ........................................................................................ 42
Figura 11 – Mapa de bacias hidrográficas regionais, onde o município de Bela Vista
do Paraíso encontra-se inserido....................................................................... 44
Figura 12 – Quadro da população e grau de urbanização (em %) – Paraná....................... 47
Figura 13 – Quadro de evolução da população do município de Bela Vista do
Paraíso ............................................................................................................. 51
Figura 14 – Quadro de evolução da população urbana e rural de Bela Vista do
Paraíso e distrito de Santa Margarida.............................................................. 52
Figura 15 – Quadro de crescimento da população por décadas – valores em %................ 52
Figura 16 – Quadro de participação do município no valor adicionado do Paraná............ 57
Figura 17 – Quadro da participação dos setores de atividades na composição do
valor adicionado do município – valores em % .............................................. 57
Figura 18 – Quadro da participação individual dos contribuintes na composição do
valor adicionado – ano base: 2003. (valores em R$ - principais
contribuintes)................................................................................................... 58
Figura 19 – Quadro de distribuição dos estabelecimentos agrícolas por módulos
fundiários......................................................................................................... 60
Figura 20 – Quadro de número de tratores empregados na zona rural............................... 61
Figura 21 – Quadro de pessoal ocupado na zona rural....................................................... 62
Figura 22 – Quadro com as fontes de impactos ambientais relevantes no município
de Bela Vista do Paraíso.................................................................................. 69
Figura 23 – Mapa de uso e ocupação do solo com pontos de impactos relevantes do
município de Bela Vista do Paraíso................................................................. 70
Figura 24 – Caixa de dissipação de energia da galeria pluvial........................................... 71
Figura 25 – Rua sem galeria pluvial na periferia da cidade................................................ 72
Figura 26 – Material transportado pela erosão em região periférica .................................. 73
Figura 27 – Área de nascente degradada ............................................................................ 74
Figura 28 – Rodovia degradada por erosão e falta de pavimentação asfáltica................... 74
Figura 29 – Aspectos de rua degradada em Santa Margarida............................................. 75
Figura 30 – Bueiro entupido, causando problemas em dia de chuva.................................. 75
Figura 31 – Asfalto corroído por erosão............................................................................. 76
Figura 32 Degradação asfáltica por erosão...................................................................... 76
Figura 33 – Bueiro entupido ............................................................................................... 77
Figura 34 – Estrada rural degradada por erosão ................................................................. 78
Figura 35 – Voçoroca em meio a propriedade rural ........................................................... 79
Figura 36 – Lagoa de contenção, com capacidade aproximada de 1800m
3
....................... 79
Figura 37 – Nascente do Córrego Guarazinho, degradada ................................................. 80
Figura 38 – Aspectos gerais da nascente do Córrego Guarazinho...................................... 81
Figura 39 – Nascente degradada por processo de drenagem.............................................. 82
Figura 40 – Estação de captação da SANEPAR................................................................. 82
Figura 41 – Voçorocamento junto a uma área de pastagem............................................... 83
Figura 42 – Aspectos gerais da nascente do Ribeirão Indiana e seu entorno ..................... 84
Figura 43 – Ausência de mata ciliar no Ribeirão Ponta Porá............................................. 85
Figura 44 – Ausência de mata ciliar no Ribeirão Vermelho............................................... 86
Figura 45 – Aspecto geral da reserva florestal da fazenda Cascata.................................... 87
Figura 46 – Região de declive acentuado........................................................................... 87
Figura 47 – Voçoroca em área rural.................................................................................... 88
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 13
3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDOS .......... 23
3.1
ASPECTOS AMBIENTAIS .................................................................................................. 25
3.2
ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS ...................................................................................... 28
3.3
TIPOLOGIA DE SOLOS...................................................................................................... 31
3.4
VEGETAÇÃO ................................................................................................................... 35
3.5
HIDROGRAFIA................................................................................................................. 37
4 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS............................................. 40
5 A URBANIZAÇÃO NO PARANÁ............................................................................... 47
5.1
URBANIZAÇÃO NO PARANÁ ............................................................................................ 47
5.2
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DO PARAÍSO................................................. 49
5.3
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO MUNICÍPIO .................................................................... 50
5.4
ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DE BELA VISTA DO PARAÍSO........................................ 55
5.5
O MUMICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL ........................................................................ 56
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 63
6.1
USO DO SOLO EM BELA VISTA DO PARAÍSO.................................................................... 63
6.2
DESCRIÇÃO DAS FONTES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL................................................ 71
6.3
CONSIDERAÇÕES SOBRE PROBLEMAS AMBIENTAIS EM BELA VISTA DO PARAÍSO .......... 89
6.4
PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ........................................................................................ 91
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 93
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 96
ANEXO............................................................................................................................. 104
10
1 INTRODUÇÃO
A estruturação das sociedades humanas passou por vários estágios de
desenvolvimento; no início, éramos nômades, orientávamo-nos através dos elementos da
natureza e, a base para a sobrevivência era a coleta de alimentos, geralmente frutas, raízes etc.
Com o passar do tempo, as sociedades desenvolveram-se e, a partir daí, as
preocupações passaram a ser outras, afinal, a fase da coleta de alimentos estava sendo
substituída pela produção e reprodução dos mesmos, através do plantio de sementes. A partir
de então, temas como moradia, trabalho e alimentação, transformaram-se nos maiores
problemas destas sociedades, pois ainda não dispunham das tecnologias hoje existentes para
superar estes problemas.
No século XII, o feudalismo estava apresentando sinais de enfraquecimento,
e os pensadores iluministas estavam se articulando, discutindo com parcelas significativas da
população, estes e outros problemas. A partir de então, o povo começou a ver uma
possibilidade maior de participar das decisões, de discutir os assuntos de interesse comum.
No transcorrer do período feudal, principalmente no seu período de
transição para o capitalismo o mundo conheceu grandes inventos, o conhecimento passou a
ser valorizado, a investigação, a pesquisa, o saber, passou a ser a mola mestra que iria
desencadear uma série de descobertas e invenções, e dotariam as pessoas de um espírito
empreendedor muito grande, espírito este, que conduziria ávidos cidadãos europeus a lançar-
se ao mar, nas expedições que mais tarde ficariam conhecidas como ”Grandes Navegações”.
Graças à realização destas, um novo mundo foi descoberto.
Pensar sobre esta capacidade que o ser humano tem de agir, transformar, nos
leva a uma reflexão que o homem faz sobre si mesmo e o coloca frente a uma realidade: “é
um ser na busca constante de ser mais, afinal, o homem é um ser inacabado, por isso se
educa e esta tem caráter permanente, não há seres educados e não educados, a sabedoria
parte da ignorância, e se faz através de uma superação constante.” (FREIRE, 1983).
E, neste cenário de Grandes Navegações, grandes descobertas, novos
continentes sendo conhecidos, inventos facilitando a vida das pessoas, surge um movimento
que revolucionou os meios de produção, este ficou conhecido como Revolução Industrial,
onde a pesquisa aliada à técnica, resultou em grandes inventos.
Estes inventos levaram à introdução de novas técnicas de produção, e
trouxeram sérios problemas para a população, quer no tocante ao trabalho, onde a máquina
11
substituiu em grande parte o trabalho humano, quer no tocante à questão da habitação, pois ao
se instalar as indústrias na cidade e a conseqüente mecanização do campo, liberou-se a mão-
de-obra empregada neste, e então os camponeses passaram a procurar as cidades, que não se
encontravam preparadas para recebê-los, ocasionando diversos problemas sociais.
Portanto, discutir questões referentes à industrialização, trabalho, habitação,
meio ambiente, é algo que se faz premente. O homem tem que pensar em uma forma de
continuar trabalhando a natureza, sem, no entanto, agredi-la tão ferozmente como está sendo
feito desde que surgiram as máquinas da Revolução Industrial, onde a ganância por poder e
lucro, levaram ao surgimento de grandes impactos ambientais, agredindo de forma desmedida
o meio ambiente.
Pensando nestes problemas, foi que se resolveu estudar a degradação
ambiental no município de Bela Vista do Paraíso, que se localiza na região Norte do Estado
do Paraná, apresentando uma série de problemas relacionados à temática ambiental. A
sociedade de consumo em que ora se vive leva-nos cada vez mais a preocupações com novos
produtos, com novas descobertas que na maioria das vezes acabam por gerar problemas com
seus resíduos, a exemplo citemos: o plástico, o pneu, e tantos outros.
O presente trabalho busca estudar a degradação ambiental no município de
Bela Vista do Paraíso, uma vez que este se localiza na região norte do Estado do Paraná,
região que sofreu forte influência da cafeicultura no período de sua formação e povoamento.
Este município passou por grandes transformações na sua estrutura social, política e
econômica, principalmente a partir dos anos 70, com as grandes alterações ocorridas no uso
da terra na região Norte do Estado do Paraná. Procura também estabelecer quais as formas
mais recorrentes de degradação ambiental que assolam este município, estabelecendo as suas
causas, tendo como centro norteador a percepção ambiental, ou seja, a observação da maneira
como se manifestam os problemas ambientais neste município.
Instigou-nos analisar também quais as causas da degradação ambiental no
tocante ao meio rural, onde os processos erosivos estão presentes na maioria das propriedades
será que este solo está sendo manejado de forma correta? Quais as técnicas que estes
produtores conhecem e, quais delas estes utilizam? Mas, e no meio urbano, porque existem
tantos bueiros entupidos? E a erosão hídrica urbana? Os bairros urbanos periféricos será que
estão devidamente instalados? E o lixo urbano, para onde vai?
Buscando respostas a estes questionamentos, no capítulo “referencial
teórico,” procurou-se relatar os principais problemas relativo ao uso do solo, desde a
antiguidade, chegando ao nosso dia-a-dia, procurando estabelecer relação entre os fatos, bem
12
como as formas que estes evoluíram. Foi realizada também, uma discussão a respeito da
Educação Ambiental e a questão da conscientização das pessoas a respeito do meio ambiente.
Discutiu-se também os processos erosivos e como os povos antigos tratavam estas questões,
bem como, as formas com que o homem se relacionava com a natureza, incluindo questões
sobre a descoberta da agricultura, o uso do solo e as relações estabelecidas entre o solo e o
homem, os métodos de cultivo, questões de fertilidade dos solos e as práticas de conservação
dos mesmos.
No capítulo referente aos procedimentos técnico-operacionais, foram
privilegiados os métodos de investigação baseados na realização de trabalhos de campo,
foram realizadas vários encontros para que através de conversas com os agricultores e com a
população em geral, pudéssemos obter informações a respeito do processo produtivo utilizado
pelos mesmos, e, se estes conheciam algum método de preservação ambiental, análise de
imagens de satélite, para que se possa proceder à análise dos fatos observados no decorrer da
pesquisa. Também foi ressaltada a importância de se ter método para a realização de uma
pesquisa, neste sentido, fez-se necessário a realização de uma pequena pesquisa bibliográfica
sobre o tema, ressaltando a sua importância no âmbito da realização da pesquisa.
Um novo capítulo foi organizado no sentido de se caracterizar fisicamente a
área de estudos, recorrendo aos aspectos ambientais, geomorfológicos, tipologia de solos,
vegetação, hidrografia, buscando sempre retratar estes aspectos de forma a contribuir para a
elucidação dos problemas ambientais situados na área de estudo.
No tocante às questões referentes à urbanização no Estado do Paraná e no
município de Bela Vista do Paraíso, onde se realiza a pesquisa, tornou-se necessário a
organização de estudos sobre como se deu este processo, destacando sempre a relação
estabelecida entre o homem e a natureza e os seus possíveis problemas. Foi realizado também
um histórico do município de Bela Vista do Paraíso, mostrando toda a sua trajetória, da sua
origem aos dias atuais, destacando-se também as questões referentes aos aspectos
demográficos deste município.
No capítulo referente aos resultados e discussões, procurou-se destacar os
principais problemas encontrados no município, enfim, uma caracterização dos principais
problemas ambientais encontrados na área de estudos e seus impactos, bem como a
proposição de medidas de intervenção na realidade.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O objetivo da Geografia pode ser considerado como o estudo das
organizações espaciais, sendo o espaço, a dimensão da análise geográfica
(CHRISTOFOLETTI, 1980). Portanto, a preocupação está no estudo dos processos e da
dinâmica que ocorrem nas organizações espaciais e a compreensão da relação homem e
natureza.
Diante desse contexto, o interesse dessa ciência passa a centrar-se no estudo
do meio ambiente, a Geografia têm estudado sempre o meio ambiente, mas ao tratar das
questões ambientais tem grandes possibilidades de enfocar em conjunto os fenômenos
naturais e sociais, permitindo a aproximação do homem com a natureza.
Neste sentido, Gerasimov (1980, p.92), faz a seguinte colocação:
“A Geografia moderna está mais preparada do que qualquer outra ciência
para os estudos ecológicos numa base interdisciplinar... Ela dispõe dos
métodos necessários, e o que é fundamental, de grande volume de
informação científica sobre o meio e os recursos naturais, sobre o grau e
formas de apropriação e utilização econômica.”
Já Loureiro (2004, p.76) expõe que:
“A interdisciplinaridade, nesse sentido e enquanto pressuposto da Educação
Ambiental, não é um princípio epistemológico para legitimar determinados
saberes e relações de poder hierarquizadas entre ciências e nem um método
único para a articulação de objetos de conhecimentos, capaz de produzir
uma “metaciência”. É uma prática intersubjetiva que associa
conhecimentos científicos e não científicos e relaciona o racional com o
intuitivo, o cognitivo com o sensorial, buscando a construção de objetos de
conhecimentos que se abra para novas concepções e compreensões do
mundo (natural estrito senso e histórico) e para a constituição do sujeito
integral. Portanto, esta se traduz como um trabalho coletivo que envolve
conteúdos, disciplinas e a própria organização da escola e das ações não
formais (relações de poder, modo de gestão, definição do projeto político-
pedagógico etc.)”.
Para Leff (2001):
14
“O saber ambiental, complexo e interdisciplinar, está em processo de
gestação, na busca de suas condições de legitimidade ideológica, de
concretude teórica e de objetivação prática. Esse saber emerge de um
processo de problematização e transformação dos paradigmas dominantes
do conhecimento e do modo como nos relacionamos em sociedade, conosco,
com o outro e com o planeta. Transcende as teorias ecológicas no estudo
dos processos sociais, abordando dialeticamente o humano em sua
especificidade e o natural, numa compreensão que se estabelece pela práxis
na totalidade da vida.” (apud LOUREIRO, 2004, p. 76).
O problema da questão ambiental é antigo e inerente ao homem e a sua ação
modificadora da natureza. Após a Revolução Industrial e a intensificação dos processos
produtivos um grande desequilíbrio ambiental instalou-se nos países industrializados.
Portanto, discutir a questão ambiental significa tratar questões tão
complexas como indústria, pobreza e desenvolvimento. Por isso, Educação Ambiental hoje,
não se limita a ensinar os mecanismos de desequilíbrio da natureza, mas revela também os
interesses de diferentes grupos sociais em jogo nos problemas ambientais.
Trata-se, portanto, de se discutir os problemas ambientais que ora se
enfrenta, de maneira clara, pois além de discutir problemas como poluição, desmatamento e a
produção de energia, que são questões atuais, devem ocupar cada vez mais espaços nos meios
de comunicação social para se levar estes debates a toda população, informando, discutindo,
conscientizando-a de sua importância.
Um dos problemas que afligem milhões de pessoas em todo o planeta Terra,
é a falta de alimentos, por outro lado, sabe-se que a fertilidade do solo está diminuindo devido
ao seu uso inadequado, pois na antiguidade, problemas erosivos e de fertilidade do solo, já
tiravam o sono dos povos.
Estudo dos processos erosivos remete-nos aos primórdios da humanidade,
pois este é um problema que tem preocupado, sobremaneira, populações antigas, e,
atualmente constitui séria preocupação para os governantes e para a população em geral,
principalmente, quando se trata de países subdesenvolvidos, em que a carência de alimentos
chega a ser gritante. Os processos erosivos interferem na capacidade produtiva dos solos,
alterando a sua fertilidade, resultando em graves obstáculos para as populações que dependem
da produção destes solos para sobreviver.
A relação do homem com o seu meio, tem conotações diferenciadas no
tempo e no espaço. A inter-relação entre estas duas categorias pode ser visualizada a partir do
processo de desenvolvimento sócio-econômico e cultural e seus reflexos no espaço físico
15
utilizado pelo homem. Como exemplo, pode-se citar a agricultura, que foi sem dúvida, um
marco no desenvolvimento humano, possibilitando, num primeiro momento, a produção de
alimentos, retirando o homem da condição de coletor-caçador, passando a produtor do seu
próprio alimento, deixando de ser nômade e isso sem dúvida, foi muito importante para o seu
desenvolvimento. (SENAR, Março de 2001).
Os problemas relacionados às variações ambientais, como limitações dos
solos, deficiência hídrica, competição com outras ervas, erosão, bem como a racionalização
do trabalho no cultivo, levaram à busca do aprimoramento tecnológico, que até hoje se faz
necessário através da pesquisa agropecuária.
O solo é a base de sustentação da produção dos ecossistemas. Nele, as
cadeias alimentares se estabelecem num ciclo de nutrientes e energia que se inicia pela
produção vegetal, sucedida de herbívoros, carnívoros e decompositores que, por sua vez,
realimentam as plantas, disponibilizando sais minerais e compostos simples. A energia solar
abastece as plantas para reiniciar a cadeia.
Sendo formado por partículas de diferentes tamanhos, como argila, areia,
silte; o solo é um importante subsistema dos ecossistemas, estes materiais que o formam,
adquirem a forma de poros, por onde percolam a água, os sais minerais etc. São compostos
por minerais, matéria orgânica e organismos vivos, numa interação construída ao longo de
milhares de anos a partir das rochas, sedimentos e materiais orgânicos, além da temperatura e
da umidade, no processo de formação – intemperismo – os organismos vivos, o relevo e o
tempo também participaram.
O solo é o reservatório de água, nutrientes e organismos que participam do
processo de absorção e nutrição de plantas; sua degradação reflete na queda da produção de
biomassa, tendo, portanto, um valor inestimável para a população atual e futura.
Sua perda significa muito mais que a perda do valor econômico dos fatores
de produção que o representa, mas, a perda da possibilidade de alimentação de uma população
crescente. A degradação do solo, seja pela erosão, seja pelo esgotamento da reserva de
nutrientes ou de água, significa a quebra da cadeia alimentar.
A erosão constitui um conjunto de processos de degradação do relevo
terrestre. Este tende a modificar-se sob a ação dos agentes do modelado, que são o conjunto
dos processos de desgaste provocados pelos agentes externos (onde se destacam os agentes
climáticos) que denominamos de erosão (o desgaste e a degradação das rochas e solos pela
ação da água é a forma mais comum de erosão). (BERTONI; NETO, 1999, p. 228).
16
Segundo Guerra (1997, p. 229 apud CAMPOS et al, 2004); erosão é:
“destruição das saliências ou reentrâncias do relevo, tendendo a um nivelamento...” estes
ainda afirmam que “uma fase da erosão (gliptogênese) corresponde, de modo simultâneo a
uma fase de sedimentação (litogênese)”.
Somente há cerca de trinta anos descobriu-se que o impacto da gota da
chuva em um terreno descoberto, e o resultante desprendimento das partículas de solo é a
principal causa da erosão do solo pela água. O escorrimento da enxurrada era apenas um
parceiro atenuante no problema. Ao mesmo tempo, ficou evidente que a cobertura vegetal,
fornecida abundantemente pela natureza em todos os lugares, era, ao contrário, o parceiro das
medidas de proteção do solo contra a força de impacto das gotas da chuva.
Ainda sobre este assunto, Bertoni e Lombardi Neto (1999, p.24), informam
que:
”[...] possivelmente, a descoberta do efeito do impacto das gotas de chuva no
processo de erosão, pode explicar o fracasso das primeiras tentativas de
proteger o solo; onde uma aparente inocente gota de água é mais importante
no processo de erosão do solo que o seu simples fornecimento de água para
formar a enxurrada. A erosão do solo pela água, pode ser considerada um
problema que requer atenção em todos os países onde o complexo água-solo-
clima é adequado para o cultivo de plantas e criação de animais”.
E, acrescentam que:
“Um profundo desequilíbrio na natureza tem sido provocado pelos nossos
agricultores, na sua ignorância ou na sua luta contra as limitações de
ordem econômica e social. [...] Os solos em que os homens tentam fundar
novas civilizações, estão desaparecendo, levados pela água e varridos pelo
vento. [...] Atualmente, a destruição da finíssima camada viva do planeta
aumenta numa proporção não igualada na história. E, quando essa delgada
camada – o solo – desaparecer, as regiões férteis que existiram serão
desertos inabitáveis.” (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1999, p.13).
Bertoni e Lombardi Neto; fazem alusão ao desenvolvimento das ciências e a
sua colaboração para o desenvolvimento da agricultura, citam o caso de novas tecnologias
referente às máquinas agrícolas, as novas variedades que produzem em climas antes
considerados inóspitos, os fertilizantes que dobram e até triplicam as colheitas. Sem dúvida,
porém, tomando o mundo em conjunto, o rendimento médio por unidade de área está
17
diminuindo.
Segundo o jornal do SENAR, (MEIO AMBIENTE. Maio de 2001, p.16):
“A transformação sofrida pela agricultura também possui papel importante
na redução da biodiversidade. A redução do número de espécies cultivadas,
a homogeneidade genética das culturas melhoradas, o uso de agrotóxicos
são práticas que dominam a produção mundial. Os sistemas florestais
também estão se transformando em monoculturas arbóreas, não permitindo
a ocorrência das espécies nativas da região. A utilização de áreas drenadas
altera profundamente a dinâmica ambiental do ecossistema rio.”
O Brasil já apresenta, em algumas áreas, sinais evidentes de erosão
acelerada de seu solo, apesar da vastidão de seu território e de ainda não estar sujeito a grande
demanda de alimentos e excesso de população. Valendo-se da abundância de terras para
explorar, a agricultura brasileira tem caminhado descuidadosamente rumo a oeste em busca de
outras terras. Neste caminhar, ela deixa em seu roteiro sinais de depauperamento pela erosão.
Lepesch (1976, p.135), exemplifica:
“[...] um dos exemplos deste tipo de agricultura é a cultura do café,
caminhando sempre em busca de terras virgens, e que começou
extensivamente no Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo e já alcançou o
oeste do Estado do Paraná.”
Por outro lado, já começou a aparecer sinais animadores do surgimento de
uma nova mentalidade, que é a de cultivar o solo, procurando ao mesmo tempo conservá-lo e
melhorá-lo. Esta nova fase está sendo implantada, principalmente, nas regiões de agricultura
mais antiga do país, onde já existe, por parte do agricultor, uma mentalidade conservacionista
e, por parte do governo, a filosofia de fornecer serviços de assistência ao lavrador para
ensinar-lhe as práticas modernas de conservação do solo.
No Estado do Paraná, que possui uma economia fortemente baseada no
desempenho do setor agrícola, as transformações produzidas no campo, ao longo das três
últimas décadas, legaram municípios altamente urbanizados, concentração de população de
baixa renda nas cidades, sérios problemas em relação ao meio-ambiente e na produção de
infra-estrutura e equipamentos urbanos.
Vanessa Fleischfresser (1988) caracteriza muito bem este período, sendo
que a mesma trata a questão da modernização tecnológica da agricultura paranaense na, e, a
18
partir da década de 70, trabalhando também as questões referentes aos contrastes regionais e
as conseqüências sócio-ambientais e econômicas.
Assim sendo, as próprias condições materiais, a localização física, bem
como o tamanho da área, se apresentava para alguns, como oportunidade e para outros, como
barreiras a introdução do progresso técnico e a apropriação de seus frutos.
Em meio às questões da implantação das tecnologias geradas pelo progresso
técnico cientifico no campo, o Estado passa a desempenhar um papel importantíssimo, pois
esse processo será fortemente direcionado e estimulado pelo poder público, através da adoção
de medidas políticas e econômicas, onde os responsáveis pelas decisões, foram influenciados
e pressionados por elementos ideológicos e econômicos. Afinal, criou-se a expectativa de que
o Brasil poderia superar sua condição de subdesenvolvido, mediante a transformação no setor
agropecuário.
As idéias oriundas da Revolução Verde criaram a expectativa de superação
do subdesenvolvimento através de transformações no setor agropecuário. Em suas
explanações, Fleischfresser (1988) coloca: ''Esse setor era visto como uma barreira ao
crescimento econômico, cuja transposição ocorreria com a introdução de técnicas novas de
produção, basicamente químicas, de sementes apropriadas a elas e da mecanização. ''
Assim sendo, ao dinamizar a agricultura, geraria um aumento de produção
através do qual acabaria com a fome da população e, com o excedente, haveria possibilidades
de um incremento nas suas exportações, gerando divisas e promovendo um progresso
generalizado e auto-sustentado.
Esta Revolução Verde exerceu importante pressão econômica e política,
com a conjugação de interesses dos setores e classes dominantes na sociedade brasileira; onde
se destacou o capital industrial nacional e internacional, que, interessados na ampliação do
mercado interno para seus produtos; aliados ao capital urbano interessado em diversificar seus
investimentos, e, os segmentos da oligarquia rural preocupados com o fortalecimento de seus
empreendimentos, forçaram politicamente, o governo a estabelecer metas econômicas que
vieram favorecer a produção e a comercialização dos produtos gerados pela agricultura.
Preocupado com esta onda de pressões, o governo federal no final dos anos
sessenta, programou um plano de modernização da agricultura capaz de atender a necessidade
de se criar uma demanda capaz de absorver a produção das indústrias de bens de capital para
o setor, abastecer as agroindústrias e atender a demanda por exportações e por alimentos para
o mercado interno.
19
O Estado respondeu a estas pressões, por parte dos industriais e dos
produtores, implantando uma política de crédito rural, que através deste, passou a viabilizar a
aquisição dos insumos e maquinarias, também adaptou e difundiu novas tecnologias; criou
empresas estatais de assistência técnica e extensão rural, como: EMBRAPA, EMATER, etc.
Este implantou também uma política de preços mínimos compensadores para algumas
culturas, fator que teve papel importante na diversificação e aumento da produção, pois estes
preços mínimos, garantidos pelo governo, eram para as culturas de exportação.
Ainda sobre os anos setenta, se faz necessário lembrar que a difusão gradual
destas tecnologias entre os produtores rurais se deu, muitas vezes, por pressão do capital
industrial e pela ação do Estado, que acabavam por coagir, principalmente os pequenos
produtores, que inicialmente não queriam aceitar essas tecnologias (muitas vezes por falta de
crédito), a incorporá-las. Há que se falar também das grandes e caríssimas campanhas
publicitárias por parte das empresas, que, interessadas em impor seus produtos aos
agricultores, bombardeavam o radio a TV, os jornais.
Graziano da Silva, também faz suas considerações a respeito da adoção
dessas tecnologias por parte dos agricultores, como se vê:
''Quando ocorre uma conjugação das tecnologias mecânicas e químicas com
as biológicas, que permitem acelerar o tempo de manutenção das plantas,
produzidas em épocas distintas da natural e aumentar o volume da
produção, há uma potenciação ainda mais decisiva do progresso técnico.”
(SILVA, 1981, p. 24).
Nos anos setenta, a agricultura paranaense se constitui num perfeito
''laboratório'' de pesquisas. Neste mesmo período, encontrou-se uma cultura que continha em
si as condições de funcionar como introdutor das inovações mecânicas, químicas e biológicas,
que é a soja.
Esta cultura obteve grande sucesso como produto representativo da
modernização tecnológica no Paraná. Seu sucesso se deu em função de dois elementos; o
primeiro é o fato de a soja ser uma cultura em que as inovações tecnológicas já haviam
cumprido o seu papel, o segundo, é que este produto alia os três grandes interesses capazes de
impulsionar o seu cultivo: o das indústrias produtoras de insumos químicos e mecânicos
instalados no país; o das indústrias processadoras de soja em grão e exportadoras do produto
in natura e beneficiado; e o do Estado, por constituir um produto com grande aceitação no
mercado externo.
20
No Paraná, houve ainda fatores regionais que contribuíram
significativamente para a expansão da cultura da soja, como: a integração da economia
regional ao mercado nacional e a disponibilidade de terras férteis conjugada a um razoável
patamar de acumulação, principalmente entre os produtores de café da região norte do Estado,
próximo a São Paulo.
Sobre a ampliação da área cultivada de soja no Estado do Paraná,
Fleischfresser (1988, p.19) diz:
''Pode-se deduzir que a relação entre soja e modernização ocorre porque
essa cultura se expandiu associada a determinadas técnicas, e provocou
efeitos econômicos sobre a capitalização dos produtores; fenômeno que por
sua vez intensificou a adoção dessas técnicas. [...]” Alem disso, o soja foi
um produto que apresentou notável destaque na área plantada, volume
produzido e valor auferido, por ter sido uma cultura significativamente
prestigiada em termos de política econômica”.
Outro importante ponto foi levantado pela autora, que afirmou ter ocorrido o
oposto com as culturas alimentares de mercado interno, que receberam pouco ou nenhum
estímulo; para essas, inexistem ou são pouco divulgadas as inovações tecnológicas e seus
preços mínimos são fixados em um patamar que não pressione o processo de acumulação
industrial, na medida em que são “bens-salário”. Essas situações resultam numa relativa
manutenção das técnicas antigas de produção, bem como redução na área plantada e no
volume produzido.
O Estado interfere na política agrícola fornecendo acesso ao crédito rural,
mas, há que se esclarecer que a distribuição deste crédito não foi eqüitativa entre as várias
categorias de produtores, dotando os médios e grandes produtores desses créditos,
principalmente para investimentos e custeio; foi posto à disposição, desde que os produtores
possuíssem terras próprias e de determinadas dimensões, ou na eminência de um contrato
formal de arrendamento.
Em Bela Vista do Paraíso - Paraná, esta conotação se deu em virtude da
ocupação e colonização da área, visto que os desbravadores que ali chegaram, retiraram a
vegetação nativa para a implantação de um projeto de colonização baseado na
comercialização de lotes com vistas à cultura do café, que tão fortemente se instalava na
região.
A importância do uso racional das terras deste recém criado município,
21
parece não ter sido levado muito a sério, visto que os colonizadores desmataram, ocuparam e
implantaram processos de colonização, sem mostrar atenção para as questões ambientais.
Neste ponto, Ramalho Filho (1998), defende: “[...] o uso do solo em consonância com a
preservação ambiental, garantindo que a ecologia de uma região é composta de vários
fatores, razão pela qual não se pode tratar o solo de forma isolada”.
Em Bela Vista do Paraíso, o fator do descaso pelo meio ambiente pode ser
observado com bastante clareza, pois em sendo o solo de parte do município constituído por
arenito, ao desmatar a região, implantar a cafeicultura e, num segundo momento, após o seu
declínio, com a implantação de zonas de pastagens, esses solos passaram a apresentar
problemas bastante graves em relação ao desgaste e aos processos erosivos.
A degradação do solo está intimamente ligada ao mau uso dos recursos
naturais, principalmente da vegetação, aliado a um outro fator importante que é o
desconhecimento por uma grande parte dos agricultores, das tecnologias existentes para a
utilização do solo.
Neste sentido, Ramalho Filho (1998, p.78), expõe:
“Os estudos do solo mostram uma especialização sobre qual área é
cultivável e qual deve ser preservada, se esta questão for ignorada já
começa a se caracterizar uma utilização inadequada das terras. Não se
admite recomendar um determinado uso de solo agrícola em áreas
destinadas a preservação ambiental ou que notoriamente, indique grande
diversidade biológica.”.
E acrescenta:
“O desenvolvimento sustentável depende do uso correto dos recursos
naturais, sem esquecermos a sustentabilidade socioeconômica. A partir do
momento em que existe o desequilíbrio entre o uso do solo e a sua real
aptidão, entre os minerais que se extrai e os que se alocam ao solo, os
resultados não podem ser bons. Afinal, agricultura não é mineração”.
Estas colocações de Ramalho Filho, possibilitaram pensar numa forma de
utilizar os recursos que a natureza oferece principalmente o solo, de forma racional, sem
promover desperdícios, utilizando-o corretamente, de forma a não degradá-lo, pois se sabe
que é necessário preservar o grande patrimônio humano que é o solo. Algumas das causas do
esgotamento dos solos pela erosão podem ser controladas e todas as técnicas utilizadas para
22
aumentar a sua resistência ou diminuir as forças do processo erosivo denominam-se práticas
conservacionista.
Estas práticas resolvem apenas parcialmente o problema; assim, para a
melhor solução, deverão ser aplicados simultaneamente, com a finalidade de alcançar com a
maior amplitude possível, os diversos aspectos do problema. As práticas vegetativas e
edáficas são mais simples de executar e de manter, sempre se deve recorrer a elas, utilizando
as técnicas mecânicas como complementares, naqueles casos em que a continuidade das
outras não consiga a suficiente proteção dos terrenos.
Para Bertoni e Lombardi Neto (1999, p.94): “A conservação do solo não se
reduz a simples aplicação de um número de determinadas práticas: é todo um sistema de
manejo do solo que assegura a obtenção dos maiores lucros possível, sem diminuir a
produtividade do terreno.” Para tanto, é necessário que haja maior conscientização por parte
do próprio homem em relação ao meio ambiente e a sua preservação, sob condição do ser
humano passar grandes necessidades alimentares, de água, etc.
As práticas de caráter vegetativo são as que utilizam a vegetação para
defender o solo contra a erosão e outras intempéries climáticas. Bertoni e Lombardi Neto
(1999, p.123); dizem que “a densidade da cobertura vegetal é o princípio fundamental de
toda a proteção que se oferece ao solo, preservando-lhe a integridade contra os efeitos
danosos da erosão.”
A erosão do solo é tanto menor quanto mais densa é a vegetação que o
recobre e protege. A utilização racional de vegetações para recobrir e travar o solo é um dos
princípios básicos da sua conservação. Visto que cada tipo de solo apresenta formas
diferenciadas de capacidade de usos, as práticas de caráter vegetativo compreendem:
florestamento e reflorestamento; pastagem; plantas de cobertura; culturas em faixa; cordões
de vegetação permanente; alternância de capinas; ceifa do mato; cobertura morta; faixas de
bordadura e quebra-ventos.
As práticas de caráter edáfico são conservacionistas, as quais com
modificações no sistema de cultivo, além do controle de erosão, mantêm ou melhoram a
fertilidade do solo; e são elas: controle do fogo; adubação verde; adubação química; adubação
orgânica e calagem. Já as práticas conservacionista de caráter mecânico, são aquelas em que
se recorre a estruturas artificiais mediante a deposição adequada de porções de terra, com a
finalidade de quebrar a velocidade de escoamento da enxurrada e facilitar-lhe a infiltração no
solo; compondo-se dos seguintes itens: distribuição racional dos caminhos; plantio em
contorno; terraceamentos, canais escoadouros.
23
3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO
O município de Bela Vista do Paraíso localiza-se na região norte do Estado
do Paraná, na sétima microrregião administrativa, possuindo uma área de 214,342 Km2, com
altitude média de 528 metros, situando-se entre as coordenadas geográficas: Latitude (S) 22º
53’ 07” e Longitude (W) 51º 12’ 07” e Latitude (S) 23º 07’ 02” e Longitude (W) 51º 20’ 04”
(Figura 1).
Quanto às formas de relevo, varia de ondulado a levemente ondulado até
10%. As declividades entre 3% a 10%, representam cerca de 67% de toda a área do
município. Na área urbana, a declividade é de 0,5% no espigão, onde está a área central da
cidade e o distrito de Santa Margarida. Na medida em que se aproxima das nascentes dos
ribeirões, cresce a declividade para 10% e 15%. Acima de 20%, somente são encontradas nas
áreas bem junto ou próximas aos veios dágua, em todos os ribeirões que compõem a rede
hidrográfica do município.
No tocante à hidrografia, Bela Vista do Paraíso está situada na bacia do Rio
Paranapanema, onde o ribeirão Vermelho, afluente direto do Paranapanema, percorre o limite
oeste, na divisa com o município de Florestópolis e Mirasselva. O córrego Guará, através de
seu afluente Guarazinho, é de vital importância para o município, pois, em sua nascente está a
captação do abastecimento de água deste município.
Quanto ao clima, no município predomina o clima ameno. A faixa climática,
segundo Koeppen é Cfa: Clima Subtropical Úmido com verões quentes, com geadas pouco
freqüentes, tendência de período chuvoso no verão, sem estação seca bem definida.
24
Figura 1 – Localização do município de Bela Vista do Paraíso - PR (Imagem Landsat-7, 2005).
Fonte: Rigoberto ; Org. Pimenta, P. S. P. 2006
25
3.1 ASPECTOS AMBIENTAIS
De acordo com Maack (1981), os aspectos físicos da área de estudo assim se
caracterizam:
CLIMA
Conforme classificação de Koeppen, o clima de Bela Vista do Paraíso é
predominantemente Cfa: subtropical, úmido com verões quentes, geadas severas pouco
freqüentes, tendência de período chuvoso no verão, sem estação seca bem definida. (MAACK
apud, BERTONI; NETO, 1999, p.87)
TEMPERATURA
No período de 1996 a 2005 (Figura 2), registrou-se no município em estudo
que:
- A temperatura média mais elevada (24º C) de todas as médias mensais é
registrada no mês de fevereiro.
- Fevereiro e março são os meses cujas temperaturas médias máximas são as
mais elevadas (26ºC).
- Julho é o mês cuja temperatura média mínima é a mais baixa (15ºC).
- O mês de novembro de 1985 foi o que apresentou a mais alta temperatura
máxima absoluta (38,6ºC).
- O mês de Julho de 1975 foi o que registrou a mais baixa temperatura
mínima absoluta (-2ºC).
26
Figura 2 – Temperatura Média Mensal de 1996 a 2005 em Bela Vista do Paraíso.
Fonte: IAPAR, 2006.
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
No período que compreende os anos de 1996 a 2005 (Figura 3), os meses
que apresentaram os maiores índices de precipitação pluviométrica foram:
- Dezembro: 200,0 mm
- Janeiro: 223,8 mm
- Fevereiro: 169,5 mm
27
Figura 3 – Precipitação Média Mensal de 1996 a 2005 em Bela Vista do Paraíso.
Fonte: IAPAR, 2006.
Dentre eles, Janeiro de 1994 foi o que apresentou a maior precipitação em
24 horas, perfazendo um total de 122,4 mm; dezembro de 1984 atingiu a cota de 110,0 mm e,
fevereiro de 1980, 102,2 mm. A média de dias chuvosos é de 111 mm ao ano, com
precipitação média de 1531,5 mm anuais. Os meses menos chuvosos são: junho, julho e
agosto (IAPAR, 2006).
UMIDADE RELATIVA DO AR
A umidade é definida como a relação entre o teor de vapor dágua contido no
ar, num dado momento, e o teor máximo que esse ar poderia conter a temperatura ambiente. A
umidade relativa do ar média é de 70,1%. Janeiro e fevereiro são os meses que, na média dos
30 anos, apresentaram os maiores percentuais de umidade relativa (76%); agosto o mês de
menor valor (61%).
28
VENTOS
Os dados referentes aos ventos, coletados pela estação experimental do
IAPAR, neste município, informou que, no período 1973 a 2003, os ventos predominantes
provêem do sul, nos meses que vão de maio a agosto. Nos demais meses, predominam os
ventos de sudeste. Nos últimos trinta anos, os meses de setembro e outubro registraram as
maiores médias de velocidade dos ventos, alcançando a velocidade de 3 m/s.
3.2
ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS
O relevo da área em estudo, caracteriza-se por ser ondulado, onde as
declividades entre 3% e 10% representam cerca de 67% da área total do município. Na área
urbana são encontradas declividades de 0,5% no espigão da área central da cidade e no
Distrito de Santa Margarida. À medida que se aproxima das nascentes dos ribeirões a
declividade aumenta para 10% e 15%. Declividades acima de 20% somente são encontradas
bem próximas aos veios dágua, em quase todos os ribeirões. Áreas situadas na cabeceira do
Córrego Indiana, assim como nas cabeceiras do Córrego Água Horizonte e Ribeirão Bonito,
são acentuadamente onduladas.(figura 4).
De modo geral, nos topos dos interflúvios as cotas de altitude estão no
intervalo de 630 a 500 metros e nos fundos de vale, entre 420 e 460 metros.
O núcleo urbano está situado no divisor de águas entre, de um lado, os
Córregos Indiana e Minas e, de outro, os Córregos Água do Horizonte, Bonito e Bonitinho. O
ponto mais alto, em cota de 635 metros, está localizado no cruzamento das rodovias Pr-445 e
Pr-090. O Conjunto Residencial Rosa Lupi, situa-se em cota de 564 metros e o Distrito de
Santa Margarida, no cruzamento das rodovias PR-090 com o acesso à Florestópolis, em
altitude de 582 metros. Conforme carta de hipsometria (figura 5).
29
Figura 4 – Carta de Declividade da Área Urbana do Município de Bela Vista do Paraíso.
Figura 5 – Carta de Hipsométrica da área urbana do Município de Bela Vista do Paraíso.
30
Figura 6 – Mapa de evolução urbana de Bela Vista do Paraíso.
Analisando as cartas de declividade e hipsometria (Figuras 4 e 5),
decorrentes do Plano Diretor da Prefeitura do município de Bela Vista do Paraíso (2005),
percebe-se que os melhores sítios para fins de expansão urbana desta cidade, em relevo plano
de 0 a 5% e levemente ondulado de 5% a 10%, encontram-se nas proximidades da rodovia de
acesso a Londrina, Alvorada do Sul e Sertanópolis; conforme mapa de expansão urbana
(figura 6).
Segundo Maack (1981), o Estado do Paraná possui limites bastante nítido de
zonas naturais de paisagem, que foram esculpidas pelos sistemas hidrográficos, movimentos
tectônicos epirogenéticos e orogenéticos e pela influência de alterações do clima.
Do ponto de vista geomorfológico, pode-se distinguir duas grandes formas:
- A planície litorânea cristalina do interior Pré-Cambriano.
- A região planáltica, do interior do Estado, separada da planície pela
escarpa granítica da Serra do Mar.
Na fisiografia da região, distinguem-se três planos que se sobrepõem de
Leste para o Oeste, até as barrancas do Rio Paraná, a saber:
- O Primeiro Planalto (de Curitiba), constituído por rochas cristalinas do
Pré-Cambriano.
- O Segundo Planalto (de Ponta Grossa), limitado a leste pela Escarpa
31
Devoniana, constituído por depósitos sedimentares do Paleozóico do
Devoniano, do Carbonífero e do Permiano.
- O Terceiro Planalto (Planalto do Trapp do Paraná) ou Planalto de
Guarapuava, limitado a Leste pela Serra da Boa Esperança ou escarpa
Triássico-Jurássica. É composto por rochas básicas da Era Mesozóica.
O Terceiro Planalto tem sido considerado a região fisiográfica paranaense
mais simples, tanto pelas suas formas quanto pelas suas estruturas. Caracteriza-se pela
uniformidade e pela presença de derrames vulcânicos de lavas basálticas e areníticas, extensos
e espessos (com até 500 metros de espessura). Devido a sua conformação entrecortada por
grandes rios e por sua situação em latitude e altitude, pode ser subdividida em grandes blocos
de planaltos.
O município de Bela Vista do Paraíso está situado no grande bloco
setentrional do terceiro planalto (Trapp do Paraná), também denominado Planalto de
Apucarana, o qual se estende entre os rios Paranapanema e Ivaí até o rio Paraná, a Oeste do
rio Tibagi.
3.3
TIPOLOGIA DE SOLOS
O levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Paraná,
elaborado pela EMBRAPA, concluído em 1999, predominam os seguintes tipos de solo
(Figura 7):
3.3.1 Latossolos
Segundo EMBRAPA (1999, p.91): ”Compreende solos constituídos por
material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos
tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto H hístico.” São solos evoluídos, em
avançado estágio de intemperização, resultado de transformações enérgicas no material
constitutivo. Estes solos são destituídos de minerais primários ou secundários menos
32
resistentes ao intemperismo, apresentando baixa capacidade de troca de cátions.
Apresentam variação de fortemente drenados a bem drenados, muito embora
ocorram variedades que possuem cores pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo com
dificuldade de drenagem, transicionais para condições de maior grau de gleização.
São solos normalmente muito profundos, apresentando seqüência de
horizontes A, B e C com pouca diferenciação de horizontes com transições difusas ou
graduais; em relação às cores, o horizonte A, apresenta cores mais escuras, e o horizonte B
tem aparência mais viva, dependendo da natureza, forma e quantidade dos constituintes –
óxidos e hidróxidos de ferro – No horizonte C, menos colorido, a expressão cromática é bem
variável. De modo geral, os teores da fração argila aumentam gradativamente com a
profundidade, ou permanecem constantes ao longo do perfil; possui baixa mobilidade de
argila no horizonte B.
São geralmente, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases,
Distróficos ou Álicos. Apresentam solos com média ou até mesmo alta saturação por bases,
estes são encontrados, geralmente, em regiões que apresentam estação seca bem definida,
semi-áridas ou não, como também em solos formados a partir de rochas básicas. São típicos
de regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas subtropicais, distribuídos por
amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais antigos, onde
predominem relevos planos e suaves ondulados. São originados a partir das mais variadas
espécies de rochas, sob as condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.
33
Figura 7 – Mapa de Classificação de solos de Bela Vista do Paraíso.
Fonte: EMBRAPA; IAPAR, 1981.
34
3.3.2 Neossolos
Estes solos possuem seqüência de horizonte: A-R, A-C-R, A - Cr-R, A - Cr,
A-C, O-R ou H-C sem atender, contudo aos requisitos estabelecidos para serem enquadrados
nas classes dos Chernossolos, Vertissolos, Plintossolos, Organossolos ou Gleissolos. Este tipo
de solo admite diversos tipos de horizontes superficiais, incluindo o horizonte O ou H hístico,
com menos de 30 centímetros de espessura quando sobrejacente à rocha ou a material
mineral.
Alguns desses solos possuem horizonte B com fraca expressão dos atributos
de cor, estrutura, ou acumulação de minerais secundários ou colóides, não se enquadrando em
qualquer tipo de horizonte B diagnosticado.
Este tipo de solo, segundo EMBRAPA (1999, p.94):
“Compreende solos constituídos por material mineral ou por material
orgânico pouco espesso com pequena expressão dos processos
pedogenéticos em conseqüência da baixa intensidade de atuação destes
processos, que não conduziram, ainda, a modificações expressivas do
material originário, de características do próprio material, pela sua
resistência ao intemperismo ou composição química, e do relevo, que podem
impedir ou limitar a evolução desses solos.”
Pertencem ainda a esta classe de solos com Horizonte A ou Cépticos, com
menos de 30cm de espessura, seguidos de camadas com 90% ou mais de fragmentos de rocha
ou do material de origem, independente de sua resistência ao intemperismo.
3.3.3 NITOSSOLOS
Os solos classificados como Nitossolos, apresentam horizonte B bem
expressivo, em termos de desenvolvimento de estrutura e serosidade, mas com inexpressivo
gradiente textural. São em geral, moderadamente ácidos, com saturação por bases baixa e alta,
às vezes álicos, com composição caulinítico – oxidica e, por conseguinte, com argila de
atividade baixa.
35
Esta classe não engloba solos com incremento no teor de argila requerido
para horizonte B textural, sendo a diferenciação de horizontes menos acentuada que aqueles,
com transição do A para o B clara ou gradual e entre subhorizontes do B difusa. São
profundos, bem drenados, de coloração variando de vermelho a brunada.
A EMBRAPA (1999, p. 96), conceitua este tipo de solo como sendo:
“Compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B
nítico (reluzente) de argila de atividade baixa, textura argilosa ou muito
argilosa, estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática
moderada ou forte, com superfície dos agregados reluzente, relacionada a
serosidade e/ou superfícies de compressão.”
São solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte B
nítico com argila de baixa atividade, imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos
primeiros 50 cm do horizonte B. Nesta classificação se enquadram os solos que foram
classificados como: Terra Roxa Estruturada, Terra Roxa Estruturada Similar, Terra Bruna
Estruturada, Terra Bruna Estruturada Similar e alguns Podzólicos Vermelho-Escuros,
Podzólicos Vermelho-Amarelos, como, por exemplo, os perfis 10 e 11 do International Soil
Classification Workshop (1978).
3.4 VEGETAÇÃO
A cobertura florestal de Bela Vista do Paraíso, outrora exuberante, com o
avanço das culturas agrícolas, reduziu-se drasticamente. Dados do IBGE, de dezembro de
1995, indicam a existência de reservas florestais nativas em apenas 6,8%, equivalente a uma
área de 1.589 hectares do total do município. Em conseqüência do desmatamento intensivo, a
cobertura vegetal foi integralmente substituída por culturas como o milho, soja, trigo e a
utilização de pastagens. O cultivo dessas lavouras avança até os limites dos rios e ribeirões,
sendo rara a presença de matas ciliares ou reservas florestais.
Na zona rural, são encontradas três áreas de real significado para a
preservação, (ver figura 10) constituindo-se:
- Mata da Fazenda Horizonte, próxima a área urbanizada.
- Mata da Fazenda Flor do Café.
- Mata da Fazenda Couro do Boi.
36
Outras porções de matas, em áreas menores e isoladas, ainda são
encontradas, porém desprovidas das principais espécies nativas.
Na zona rural, a devastação das matas ciliares para a utilização agrícola é de
tal ordem que foi motivo de ação da Promotoria Pública, que convocou todos os proprietários
rurais a participarem de reunião no fórum desta cidade, onde ficou determinado que todos os
proprietários rurais sejam obrigados a manter uma reserva não utilizável de trinta metros ao
longo dos cursos dágua. (ver figura 11) A determinação da Promotoria Pública contou com o
auxílio técnico e fiscalização da EMATER-PR.
As áreas de reservas foram abandonadas na expectativa de que pudessem vir
a se recompor as matas ciliares naturalmente, fato que não logrou êxito. Vários projetos de
replantio de espécies arbóreas foram iniciados, alguns destes foram executados em parceira,
envolvendo a participação das escolas, da Associação de Senhoras de Rotarianos, Sanepar,
EMATER-PR (Figura 8), mas sem grande sucesso, devido a enganos técnicos, falta de apoio
político à continuidade dos projetos e à ausência de logística para que se efetivasse a
fiscalização.
Figura 8 – Foto de Alunos do Colégio Estadual Jayme Canet e Associação das Senhoras de
Rotarianos em Projeto de Reflorestamento das nascentes do Ribeirão
Guarazinho. Foto: Lúcia C. Pereira.
37
Embora a iniciativa da Promotoria Pública e da EMATER tenham a
constituído em importante avanço para garantir a preservação e a recomposição das matas
ciliares, os esforços poderão não lograr êxito, caso as iniciativas dessa natureza não se tornem
uma expressão da política municipal de proteção ao meio ambiente.
Na área urbana a mata nativa está presente numa única unidade: o bosque
municipal, com uma área de 11.400 metros quadrados; localizado na área central da cidade,
apresenta parte da cobertura arbórea original (desprovida de muitas das espécies nativas da
região). A vegetação rasteira e arbustiva foi eliminada. (figura 4 e 5).
Tanto o distrito sede quanto o distrito de Santa Margarida, foram
implantados sobre o espigão divisor de águas entre os córregos: Indiana, Minas, Água
Horizonte, Bonito e Bonitinho. Ao longo dos tempos a urbanização deu-se à margem da
rodovia PR 090 (Avenida Bela Vista, forçando a unificação das duas malhas urbanas sem que
houvesse avanços sobre as nascentes dos cursos dágua citados). (figura 6).
Mesmo assim as cabeceiras destes cursos de água foram desmatadas para o
plantio de culturas agrícolas e o desenvolvimento de pastagens, com exceção da cabeceira do
Ribeirão Bonito, onde a reserva florestal da Fazenda Horizonte, com 135 alqueires, ainda
mantém as características de mata nativa. Em relação a essa reserva, salienta-se, a expansão
da malha urbana, especialmente nos conjuntos habitacionais Rosa Lupi I e II, constitui-se em
ameaça de desmatamento (para obtenção de lenha) por parte dos atuais moradores dessas
localidades.
3.5 H
IDROGRAFIA
O município de Bela Vista do Paraíso, está situado no interflúvio entre duas
grandes bacias hidrográficas: a Bacia do Rio Paranapanema 3, com uma área de 21.942,0156
hectares, e, a Bacia do Rio Tibagi, com uma área de 2.502,3423 hectares. O divisor dessas
grandes bacias praticamente acompanha, dentro do município, o trajeto da rodovia PR 445.
(figura 9).
Na bacia do Rio Paranapanema 3, duas sub-bacias compõem a maior parte
da extensão territorial de Bela Vista do Paraíso; sendo a sub-bacia do Ribeirão Vermelho,
com uma área de 18.764,965 hectares e a sub-bacia do Ribeirão Bonito, com uma área de
3.l77,0503 hectares. A bacia do Rio Tibagi, tem, dentro do município, duas sub-bacias: a do
38
ribeirão do Cerne, com 1.807,4034 hectares e a do Rio Couro do Boi, com área de 694,9389
hectares, ambas no limite leste do município de Bela Vista do Paraíso (Figura 9).
O Ribeirão Vermelho, afluente direto do Paranapanema, é o principal
manancial, está situado no limite oeste, na divisa com o município de Florestópolis e
Mirasselva, percorrendo o sentido sul-norte. Dentro de Bela Vista do Paraíso, tem como
afluentes tributários os córregos: Ponta Porã, Minas, Cardoso, Indiana, Guará e Água da Flor
do Café.
O Córrego Guarazinho, afluente do córrego Guará, é de vital importância
para o município, porquanto, em sua nascente está a captação do abastecimento de água de
Bela Vista do Paraíso. Por sua vez o Córrego Indiana, localizado a oeste do sítio urbano, é
corpo receptor do esgoto domiciliar. Além destas bacias hidrográficas, o município possui
também todas as nascentes do Ribeirão Bonito, afluente direto do Rio Paranapanema.
39
Figura 9 – Mapa de Bacias Hidrográficas de Bela Vista do Paraíso.
40
4 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS
Para o desenvolvimento desta pesquisa, seguiram-se as seguintes etapas:
- Revisão bibliográfica, onde foram realizadas leituras sobre o tema
trabalhado, para melhorar o embasamento a respeito das questões a serem
discutidas.
- Analise, através da imagem de satélite: LANDSAT – 7 – 222/76, do uso
do solo em Bela Vista do Paraíso.
- Conversas com proprietários de terras, versando sobre a ocupação e o uso
do solo, na zona rural do município, em relação à degradação ambiental.
- Conversa com moradores da zona urbana de Bela Vista do Paraíso e no
distrito de Santa Margarida, também versando sobre a ocupação e o uso do
solo na zona urbana e os impactos ambientais decorrentes desta ocupação.
- Realização de trabalho de campo, verificando os dados obtidos através da
análise da imagem de satélite, servindo de base também para o mapeamento
das áreas mais susceptíveis à ação de processos erosivos na área de estudo.
Os materiais e métodos utilizados para a análise e confecção da carta de uso
do solo foram:
- Dados coletados pelo sensor Thematic Mapper do Landsat 7, nas bandas 3,
4 e 5, órbita 222, ponto 76, obtida em maio de 2003, resolução espacial 30m
x 30m;
- Carta Topográfica do IBGE, escala 1:50.000.
A seguir, elaboraram-se composições coloridas falsa-cor (RGB), através da
técnica de tratamento de imagens que consiste em selecionar três bandas e atribuir a cada uma
das cores primárias (RGB) (vermelho, verde e azul), bem como o ajuste do histograma para
realçar o contraste visual (RODRIGUES et al apud MOREIRA, 2001).
Assim, para o sensor Thematic Mapper do Landsat-7, definiu-se as
composições TM5 (Vermelho=R), TM4 (Verde=G) e TM3 (Azul=B) (figura 10),
correspondentes às regiões do espectro visível (vermelho) e do infravermelho próximo e
médio. Nessa composição, a vegetação é observada em diferentes tons de verde intenso a
água em tons de azul e áreas urbanas e solo nu em tons de roxo e azul.
41
A interpretação das imagens foi realizada através do processo de
classificação supervisionada, algoritmo de máxima verossimilhança (MAXVER), visando
obter as classes de uso de ocupação do solo (MOREIRA, 2001).
Na classificação supervisionada, foram identificadas e diferenciadas 06
(seis) classes de uso e ocupação do solo, representadas por:
- Florestas e/ou vegetação ciliar;
- Agricultura anual e/ou perene;
- Solo exposto e/ou preparado para cultivo;
- Pastagem;
- Área urbana;
- Vila rural.
Nesta fase, foram utilizados os padrões de resposta espectral.
Nas áreas de treinamento, foram traçados os limites dos polígonos
correspondentes às classes de uso e ocupação do solo, de acordo com as diferentes cores
verificadas na imagem. Em seguida, foram indicados os nomes de cada classe de uso da terra,
associados aos seus respectivos identificadores na caixa-texto, criando-se um arquivo de
assinaturas para as categorias. O passo seguinte foi gerar o mapa de polígonos, através do
modelo de poligonização do SIG.
42
Figura 10 – Município de Bela Vista do Paraíso. Imagem Landsat-7-Cena 226-2005
(composição colorida 543-resolução15m). Localização do perímetro
urbano e localização das principais reservas florestais deste município.
43
CRIAÇÃO DO MAPA TEMÁTICO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
O mapa temático de uso do solo foi realizado a partir de dados coletados
pelo sensor Thematic Mapper do Landsat-7, combinação de bandas: 5, 4, e 3.
Foi elaborado o mapa de uso do solo para o ano de 2005, (figura 10) no
aplicativo do Sistema de Processamento de Informações Geográficas – SPRING (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, 2003), com múltiplas funções e algoritmos para
processamento de informações georeferenciadas.
Inicialmente, as imagens (arquivo raster) foram importadas para o SPRING.
Após o registro destas imagens e classificação temática supervisionada, a área de estudo foi
delimitada por meio de uma máscara produzida no ambiente CAD, em arquivo vetorial do
polígono do município de Bela Vista do Paraíso, estabelecido a partir da carta topográfica do
IBGE. Em seguida, foram criadas as legendas com o nome de cada classe de uso do solo,
associada ao respectivo identificador na caixa-texto, com geração de um arquivo de
assinaturas para todas as categorias.
Em função das fontes de informação utilizadas no mapeamento
multitemporal do uso e ocupação do solo, optou-se por uma legenda única com caráter
genérico. Desta forma, a legenda estabelecida para as classes do uso e ocupação do solo ficou
da seguinte forma:
- Florestas e/ou vegetação ciliar; compreendendo todas as formas florestais,
matas ciliares, capoeiras e possíveis reflorestamentos.
- Agricultura anual e/ou perene; composta por áreas ocupadas por culturas
anuais e perenes em sistema intensivo de produção.
- Pastagem; compreende as formações com extrato em que predomina a
utilização como pastagem cultivada e/ou natural.
- Área urbana; compreendendo todas as áreas urbanas consolidadas.
- Solo exposto e/ou preparado para cultivo; corresponde às áreas sem
nenhuma cobertura, com exposição direta do solo a intempéries, como
terrenos de empréstimo e solo em pousio (preparado para o plantio).
- Vila Rural; Área que compreende os lotes da vila rural, que é composta
por 55 lotes de 5500 metros quadrados cada um deles, com sua respectiva
casa de moradia.
As áreas consideradas de interpretação duvidosa foram confirmadas em
campo com o uso do GPS, a fim de possibilitar maior exatidão no mapeamento de referência,
ou seja, no mapa de uso do solo de 2005.
44
Figura 11 – Mapa de uso e ocupação do solo e áreas de preservação permanente (App´s) do
municio de Bela Vista do Paraíso, segundo legislação ambiental.
Fonte: Rigoberto; Org. Pimenta, P. S. P. 2006.
45
Os valores metodológicos são os que permitem concluir que o saber
construído de maneira metódica, especialmente pela pesquisa, vale a pena ser obtido,
perscrutar os meios para se chegar a ele. Isso exige “curiosidade e ceticismo, a confiança na
razão e no procedimento científico e, também, a aceitação de seus limites.” (LAVILLE,
1999, p. 96).
Laville (1999) coloca ainda que; “o pesquisador que tem o gosto por
conhecer; não se acomoda diante da ausência de um conhecimento”, principalmente quando
percebe um problema para cuja objetivação ou resolução a pesquisa poderia contribuir. Sabe
desconfiar do saber que lhe é oferecido pronto, especialmente quando imposto. Gosta de
questionar o modo como o saber foi construído, os valores que o fundamentam, e de se
perguntar se poderia existir outro mais satisfatório.
Em outro momento de sua obra, Laville (1999, p.96-97) salienta que:
“...O pesquisador sobretudo, desconfia das explicações do senso comum,
que devido à sua evidência aparente, muitas vezes, são as mais
problemáticas. Tende, portanto, a questioná-las, reconsidera-las, para
verificar seu fundamento. ... Mas ser curioso e cético conduz a
reconsiderações, a iniciar pesquisas com freqüência. Esse procedimento
exigirá trabalho e esforço, que somente empreenderemos se estivermos
convencidos de que nos levarão a um saber mais válido. Deve-se, portanto,
confiar na razão e no procedimento científico, acreditar que o saber assim
criado é de natureza diversa do que provém da intuição, do senso comum,
da autoridade ou ainda das explicações míticas.”
Outro ponto a ser ressaltado em uma pesquisa, é o trabalho de campo, que
se faz necessário no momento em que se analisam dados obtidos através da interpretação de
foto aérea e de imagem de satélite. Este procedimento evita a formulação de cartas e mapas
com aquelas famosas “áreas brancas”, dando a primeira idéia geral da análise de foto aérea ou
imagem de satélite. O trabalho de campo vem complementar e comprovar a veracidade dos
dados obtidos através dos métodos implementados.
Maack (1981, XXXV) relata a importância da realização do trabalho de
campo, como meio de comprovação científica, e afirma ter verdadeira ojeriza por aqueles
pesquisadores que trabalham muito rápido, sem se envolver realmente com a pesquisa,
fazendo a seguinte afirmação:
46
“Atualmente não se viaja mais por áreas desconhecidas, porém, se escolhe
uma determinada região a fim de estudar detalhadamente um objeto já
conhecido, resolvendo-se problemas científicos limitados ou coletando o
material necessário para esta tarefa. O mais importante para o viajante
moderno é o aproveitamento científico mais profundo dos objetos já
conhecidos superficialmente no ramo da Geologia, Geografia ou Ciências
Naturais. A pesquisa no campo é certa ampliação do estudo da literatura,
completada pelos trabalhos de laboratório. [...] Esta é à base das viagens de
estudos que predominam em nossa época em contraste com as viagens de
descobrimento, cujo destino era desconhecido e com as viagens de
explorações ou investigações que eliminaram as manchas brancas dos
mapas, dando a primeira idéia geral.”
Esta fala de Maack reflete sobre a falta que o trabalho de campo faz em uma
pesquisa, este se faz uma necessidade premente em quaisquer situações de investigação da
realidade, e, peça fundamental para o desenvolvimento de um trabalho, sem o qual, nosso
trabalho de pesquisa corre o risco de não conseguir ir além do óbvio.
47
5 A URBANIZAÇÃO NO PARANÁ
5.1 U
RBANIZAÇÃO NO PARANÁ
Em relação à urbanização, o estado do Paraná passa por uma situação
semelhante ao que ocorre em todo o Brasil, significa dizer que houve um crescimento
acelerado da população urbana, porém de maneira concentrada cada vez mais em menor
número de cidades. Segundo Sanches (2005): “Em 1980, havia apenas 14 cidades com mais
de 50 mil habitantes, abrigando todas elas 2.366.993 pessoas, ou seja, 52,9% da população
urbana e 31% da população total do Estado.”
No ano de 2000, esses municípios e suas respectivas sedes urbanas eram 26
e representavam 63% da população urbana e 51,3% da população total do Paraná (IBGE). Um
desses municípios foi Bela Vista do Paraíso; onde os dados do IBGE relativo ao período 1960
a 2000, por décadas, revelam a porcentagem crescente do grau de urbanização do nosso
Estado, conforme mostra a Figura 12:
Figura 12 – Quadro da População e Grau de Urbanização (em %) – Paraná.
Fonte: Censos Demográfico-IBGE (2000).
Quando se refere ao município de Bela Vista do Paraíso, o fenômeno da
urbanização está historicamente ligado ao desenvolvimento sócio-econômico e ao modelo de
colonização implantado na região Norte do Estado do Paraná. Embora a ocupação das terras e
o desenvolvimento das cidades no norte do Paraná tenham tido um pico nos anos 30, estes
processos já tinham sido iniciados a partir de meados do século XIX, sendo completada no
48
século XX.
Fresca (2004, p.46-49) esclarece que o desenvolvimento da região norte-
paranaense teve três etapas. A primeira etapa que corresponde ao período entre 1850 e 1899
teve seu marco inicial com a fundação da colônia militar de Jataí, hoje cidade de Jataizinho.
Segundo a mesma autora, a ocupação mais efetiva ocorreu na porção extrema do leste do
norte do Paraná, através das grandes posses lideradas por mineiros praticantes de uma
agricultura de subsistência e criação de suínos. Neste período surgem as cidades de
Jacarezinho, Ribeirão Claro, Santo Antonio da Platina, Tomazina entre outras.
A segunda etapa, que marca o período compreendido entre1900 e 1929,
identifica a ocupação já no século XX a partir de Ourinhos em direção oeste, tendo a
cafeicultura em grandes fazendas como o elemento principal de incentivo do desbravamento
da região. Surgem então as cidades de Cambará, Bandeirantes, Cornélio Procópio, Andirá,
Londrina, entre outras. Mais adiante temos: Sertanópolis, Primeiro de Maio, Santo Inácio, a
partir de colonos da Alta Sorocabana através do rio Paranapanema e em direção ao Sul.
A terceira etapa, a partir de 1930, corresponde ao período de ocupação e
fundação de cidades por iniciativa da CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná), que não
só comercializava terras para pequenas e médias propriedades, mas, também se ocupava da
construção de estradas e ferrovias. Aliás, este foi um fator importantíssimo no avanço desta
colonização sendo que muitas pessoas a citam como exemplo de um assentamento agrário
eficiente promovido pela iniciativa privada.
Segundo (FRESCA, 2004, p.50);
“O ato de fundação das cidades, por ser uma iniciativa capitalista era
antecedido de critérios rigorosos de suas localizações para permitir fácil
acesso a toda a população rural [...] havia em toda a proposta de fundação
a busca de melhor relação custo-benefício.”
Esta etapa teve sua finalização coincidida com o final da Segunda Guerra
Mundial, na região de Maringá (1942), e com a fundação das cidades de Centenário do Sul,
Jaguapitã, Paranavaí etc., e, posteriormente, após 1945, as cidades da região de Cianorte e
Umuarama.
Resume-se a cronologia e o sentido do processo de colonização da região
setentrional do Estado do Paraná, nos seguintes subespaços:
- Norte-Pioneiro, abrangendo a região compreendida entre os rios Itararé e
49
Tibagi, ocupada no final do século XIX;
- Norte-Novo, localizado mais a oeste deste último e colonizado logo após
os anos 20;
- Norte-Novíssimo, já com o Noroeste do Paraná, após a Segunda Guerra
Mundial.
De acordo com o IBGE, o Norte Pioneiro corresponde a meso-região 4104
sendo composta pelas regiões de Wenceslau Braz, Jacarezinho e Cornélio Procópio; o Norte
Novo, correspondente à meso-região 4103 – o Norte Central Paranaense é constituído pelas
regiões de Londrina, Apucarana e Maringá, e, finalmente o Norte Novíssimo, que
corresponde à região Noroeste do Estado do Paraná, e, representado pelas meso-regiões 4102
– Centro Ocidental Paranaense (Campo Mourão) – e 4101 – Noroeste Paranaense (Paranavaí
e Umuarama).
5.2
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DO PARAÍSO
A história da fundação do município de Bela Vista do Paraíso, a exemplo de
todo o norte do Paraná, confunde-se com a ação de empresas colonizadoras. No final dos anos
20, as terras do atual município faziam parte da grande fazenda Floresta Ribeirão Vermelho,
de propriedade da Empresa Alvorada Colonizadora Industrial do Paraná – São Paulo Ltda.
Em 1928, a empresa efetuou a subdivisão de suas terras em glebas menores, na expectativa de
atrair compradores, especialmente mineiros e paulistas, no intuito do plantio do café. O
empreendimento obteve sucesso e atraiu população, reunindo as condições para a criação de
um povoado.
A fundação do povoado deu-se no final dos anos 30, através da ação
empreendedora de dois grandes proprietários rurais: Brasílio de Araújo e João Galdioli. Em
parte de suas terras , em 1939, traçaram o arruamento da nova cidade e iniciaram a venda de
lotes “urbanos”.
Os altos ganhos auferidos na cultura do café sustentaram a economia urbana
e rural nos primeiros anos do povoamento, permitindo o crescimento da população. A cidade
desenvolveu-se rapidamente no platô situado entre as nascentes do Ribeirão Bonito e Córrego
Indiana, nos limites das terras de seus fundadores.
50
O crescimento populacional e econômico do povoado permitiu que, em
1947, Bela Vista do Paraíso se desmembrasse do município de Sertanópolis, a quem pertencia
como “patrimônio”, sem ao menos ter sido alçado à categoria de distrito. Foi elevada a
categoria de município em 10 de dezembro de 1953, pela Lei nº. 1542.
O município de Bela Vista do Paraíso se fez essencialmente agrícola,
predominando o cultivo de soja, trigo e milho, como as atividades agrícolas mais importantes
atualmente. No início da abertura e povoamento do município, a região era cafeeira, com uma
grande extensão de terras ocupadas por grandes fazendas que norteiam a cidade de Bela Vista
do Paraíso, onde o plantio de café era a sensação da época, pois era grande o número de
trabalhadores rurais que moravam nas fazendas e trabalhavam na lavoura.
Hoje, essas grandes fazendas ainda existem, mas o café dos tempos de
outrora cedeu lugar à mecanização da lavoura e o cultivo de soja, trigo e milho, derrotando de
vez o plantio o plantio de café, que foi veementemente castigado pelas intempéries climáticas.
Atualmente, existe café no município, mas em pequena parcela, que pouco representa.
Portanto, com o cultivo de outras produções agrícolas, que demandava
menor quantidade de mão-de-obra, houve grande êxodo rural, com famílias migrando para
outros estados à procura de trabalho, ou migrando para a cidade passando a habitar as
periferias, tornando-se trabalhadores rurais assalariados temporários, ou, bóias-frias, pois só
trabalham na época das safras, como colheita do algodão, capina da soja, milho e outros.
Com isso, o número de habitantes do município, entre a zona urbana e a
zona rural, caiu vertiginosamente, possuindo atualmente, uma população de aproximadamente
15097 habitantes, para uma área física de 214342 quilômetros quadrados, cuja densidade
demográfica é de 70 habitantes por quilômetro quadrado.
5.3 A
SPECTOS DEMOGRÁFICOS DO MUNICÍPIO
Em relação à demografia, o município apresenta uma dinâmica que
comporta dois períodos significativos e que possuem relações diretas com o processo de
desenvolvimento econômico de toda a região. O primeiro deles dá-se entre a fundação do
município, no final dos anos 20, até o pós-guerra e início dos anos 50. Correspondente ao
período da colonização da região e do município, onde predominava a atração exercida pela
cultura cafeeira.
51
Nestes vinte anos de colonização, o povoado foi elevado à categoria de
município, apresentando no censo de 1950, aproximadamente 23.857 habitantes (Figura 13).
Desse total, 16,0% estava localizada na sede do distrito e a restante, 84%, na região rural. De
fato o café, assentado na pequena propriedade agrícola, demandava muitos braços na
agricultura.
Figura 13 – Quadro de Evolução da população do município de Bela Vista do Paraíso
Fonte: Censos do IBGE: 1950, 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000.
Por esta razão, nos primeiros anos de formação econômica e social do
município, a população rural era significativamente maior que a urbana. Ao adentrar-se na
década de 50, a participação da população de Bela Vista do Paraíso no Estado do Paraná
significava cerca de 1,1% e a população urbana apenas 0,2% da população urbana do Estado.
O segundo momento desta dinâmica populacional se dá depois de meados
dos anos 50, onde se verificam:
- A perda de população total do município. As 23857 pessoas da década de
50 foram reduzidas em 36,7% em 40 anos, chegando a apresentar, em 1991,
aproximadamente de 15094 habitantes no município.
- A população urbana do distrito sede cresceu, entre 1950 e 1991, 128,6%,
atingindo, na virada dos anos 90, aproximadamente 8721 habitantes.
- Entre 1950 e 1991, o aglomerado urbano de Santa Margarida, localizado a
apenas três quilômetros do distrito sede, se desenvolveu significativamente,
possuindo em 1991, 4346 habitantes (Figura 14).
- A urbanização verificada pós-anos 80, no distrito de Santa Margarida, foi
de tal natureza que podemos considerar, hoje, um único aglomerado urbano
entre o distrito sede e o distrito rural de Santa Margarida. Nestes termos a
52
população considerada urbana, apresentava 13067 habitantes, ou 86,57%,
em 1991.
- Em contraposição a população urbana, a rural, pós-1950, teve taxas
negativas de crescimento. Entre 1950 e 1991, a zona rural de Bela Vista do
Paraíso, perdeu 18006 habitantes, ou seja, 89,88% de sua população,
significando apenas 13,43% da população do município.
Figura 14 – Quadro de Evolução da população urbana e rural de Bela Vista do Paraíso e distrito de
Santa Margarida.
Fonte: Censos do IBGE.
Quando se compara, em termos de taxas de crescimento populacional por
décadas, a população do município de Bela Vista do Paraíso, com a população total do Estado
do Paraná (Figura 15), se pôde verificar os seguintes pontos:
Figura 15 – Quadro de Crescimento da população por décadas – valores em %.
Fonte: Censos do IBGE.
- As taxas de crescimento da população urbana do Estado do Paraná são
sempre maiores que as de Bela Vista do Paraíso, ou seja, a urbanização é
53
muito mais acelerada no Estado do que no município.
- As taxas de crescimento da população rural do município são sempre
negativas, no período pós-50 e mais intensa entre 1970-1980, quando houve
a erradicação dos cafezais no campo. No Estado do Paraná, até 1970, as
taxas são positivas, ou seja, estava havendo um crescimento de população
rural no município.
Analisando os quadros acima, e, verificando o comportamento da dinâmica
populacional do município, percebe-se um quadro de estabilização populacional, visto que,
segundo o censo de 2001, a população de Bela Vista do Paraíso era de 15097 habitantes, não
apresentando grande diferença quantitativa do censo de 1991, onde constava uma população
de 15094 habitantes.
A exemplo de toda a região norte do Estado do Paraná, é provável que o
processo de esvaziamento populacional no campo, venha diminuir sua intensidade; neste caso,
a população do campo estaria “estável” e próxima dos números atuais. Em termos de
população urbana é provável a junção entre os dois distritos, sendo que a população
continuará a crescer, porém, em ritmo mais lento, comparável aos anos anteriores, como se
pode observar no quadro acima.
Outro fator importante nesta análise é a avaliação da dinâmica da economia
urbana, pois a mesma não apresenta indícios de que é possível manter a população na cidade,
ou que venha atrair fluxos migratórios significativos. Este fato poderá se tornar possível,
somente com um trabalho intenso de concentração de capital no âmbito de cidade, de forma a
expandir o setor comercial e programar o parque industrial, passando também, por uma
reestruturação da vocação agrícola do município, possibilitando ao campo gerar mais trabalho
para os seus habitantes.
Existe um processo de transição no uso do solo em Bela Vista do Paraíso,
percebido a partir do momento em que o café entra em declínio no município, em que grande
parte da população também deixa o município, evidenciado ao se analisar o quadro de
evolução da população municipal (Figura 13).
Com este fato, tem-se outra triste constatação: o aumento na quantidade de
pessoas desempregadas no município, pois com a mecanização agrícola, o trabalho rural ficou
cada vez mais escasso, restando a uma grande parcela da população, que habita o distrito de
Santa Margarida, o deslocamento anual para o Estado de Minas Gerais, onde eles são
contratados para realizarem a colheita do café, que vai do início do mês de maio, até finais do
54
mês de setembro, ou então, dirigem-se ao Estado de São Paulo, na região do município de
Bebedouro, onde se realiza a colheita da laranja.
Às camadas mais carentes, restam conformar-se com as funções de menor
importância, visto que pelas próprias condições sociais e econômicas, não tiveram acesso a
escolarização; na maioria das vezes este acesso é negado pelas próprias condições da família,
onde o chefe da casa se vê obrigado a retirar um filho em idade escolar, para que o mesmo
ingresse no mercado de trabalho, para que o mesmo possa, desta forma, colaborar com o já
sofrido orçamento familiar.
E, pensando nesta organização social excludente em que vivemos, e esta se
reafirma através da triste realidade de parte dessa população carente de nosso município, que
não encontrando condições de trabalho no município de Bela Vista do Paraíso, vêem-se na
situação de ter que abandonar seus lares por um período de três ou quatro meses, migrando
para trabalharem nas lavouras de café e laranja nos estados de Minas Gerais e São Paulo,
respectivamente.
Neste período, parte dos alunos que estudam em Bela Vista do Paraíso e
Distrito de Santa Margarida, entram com o pedido de transferência para as escolas de Minas
Gerais; o sentimento de perda é muito grande dentro de alguns desses alunos, pois além de
perder o convívio com os colegas de sala, perdem também parte da auto-estima, a perda e a
falta, duas palavras pequenas, mas de significado muito grande para estes alunos.
Basta ver quando questionados sobre a ida deles, a transferência e o estudo
na nova cidade onde passarão a morar por três ou quatro meses, estes, apresentam-se bastante
inseguros; vejamos o que diz um dos alunos com o qual conversamos:
“A gente fica com medo, pois não sabe se lá aonde nós vamos tem mesmo
escola por perto ou não, a que distância fica essa escola, se a gente vai se
dar bem com os novos amigos da turma [...], se a gente vai continuar
estudando a mesma matéria ou se é coisa diferente. Teve um colega meu que
já foi pra Minas e ele falou que lá, ele voltou a ver de novo tudo o que
tinha visto ( estudado ) aqui no Paraná; Ah! Sei lá, eu queria voltar pra
Bela Vista sabendo que eu não teria mais que voltar pra Minas.”
Quando do retorno para Bela Vista do Paraíso a maior parte dos alunos não
volta para a sala de aula, pois sabe que vai encontrar os amigos, todos engajados no sistema,
com as notas em dia, o conteúdo teve sua seqüência normal, ao passo que muitos deles
retornam sem nenhuma nota, na maioria das vezes o conteúdo é diferente, em virtude disso,
55
terão que fazer atividades extras, trabalhos, para recompor suas notas para o bimestre.
Percebe-se também o desânimo, a falta de coragem para uma retomada das atividades
escolares, aliada a frustrante expectativa do novo ano ao chegar e a cena se repetir.
Bela Vista do Paraíso é um município rico, porém, suas terras estão
concentradas junto a uma classe social que goza do privilégio de ser abastada. De outro lado,
se posta à maioria da população que depende do trabalho para sobreviver, e está cada vez
mais difícil de encontrá-lo no município.
A partir dos dados levantados sobre esta pesquisa, até o presente momento,
percebe-se uma ligação forte entre os conteúdos discutidos e o objeto da pesquisa em que se
trabalha com uma microbacia que se localiza junto à região noroeste do município de Bela
Vista do Paraíso. Esta microbacia é servida pelo Córrego Minas, que tem suas nascentes bem
próximas ao bairro mais carente do município, que se compõe pelo distrito de Santa
Margarida e o conjunto habitacional Rosa Lupi.
Esta área da nascente possui solo arenoso, fato que facilita o processo
erosivo, e, este córrego também serve como depósito de lixo para esta população, que ocupou
o fundo de vale e hoje, está sofrendo as conseqüências, pois convivem com o lixo e os insetos
inerentes ao mesmo.
Outro fator importante a ser destacado é a destruição das nascentes deste
córrego, não só pela população que reside próximo, mas, também pelos agricultores que
destruíram toda a mata ciliar, além do uso indiscriminado de inseticidas e defensivos
agrícolas. Ao se conversar com os moradores mais antigos das imediações, nota-se grande
saudosismo no seu relato, ao se lembrar que aos domingos, “iam banhar-se no Córrego
Minas, hoje, agonizante, só um filetinho de água. Já destruíram tudo”, relatou um dos
moradores da região.
5.4
ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DE BELA VISTA DO PARAÍSO
A colonização de Bela Vista do Paraíso, a exemplo dos demais municípios
do norte-paranaense, deu-se através da cultura do café; e esta foi dominante até meados dos
anos 70, quando fatores macroeconômicos, como a queda de preços no mercado internacional,
a superprodução, aliados aos fatores climáticos, como as fortes geadas no ano de 1975,
impuseram mudanças importantes na estrutura econômica da região norte paranaense. Nesse
56
processo, em Bela Vista do Paraíso, o café dá lugar às culturas mecanizadas, soja e trigo, além
do crescimento de lavouras como algodão, milho e expansão da pecuária.
As principais conseqüências desse processo foi o desemprego no campo, a
migração campo-cidade e as mudanças ambientais significativas. No processo de colonização,
quer através da cultura cafeeira, quer pelas novas culturas pós-anos 70, houve grande
desmatamento. A realização de práticas inadequadas no manejo do solo levou a formação de
processos erosivos nas propriedades agrícolas, perda de produtividade, assoreamento de rios e
ribeirões, assim como o desaparecimento de espécimes de flora e da fauna local e regional.
Durante a década de 90, segundo entrevista com técnicos da EMATER-PR,
em Bela Vista do Paraíso com a assistência de órgãos estaduais de fomento à agricultura,
houve busca de novas alternativas econômicas, dentre elas a procura pela industrialização
urbana e o incentivo à diversificação da base agrícola. Nesse particular, técnicos da EMATER
comentam que foi incentivado o replantio de café, através do sistema de café adensado, como
também foi estimulada a produção da horticultura, fruticultura, avicultura, piscicultura, e mais
recentemente, o turismo rural e o incentivo a agricultura familiar.
Apesar de todos esses esforços, ficou predominante o binômio soja-trigo.
Em 2003, a estrutura produtiva do município era composta por 215 estabelecimentos
comerciais/serviços, 33 pequenas indústrias e cerca de 350 propriedades agrícolas.
5.5 O
MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL
A representatividade do município de Bela Vista do Paraíso no universo
econômico do Paraná, tem pouca expressividade e vem decrescendo ao longo das últimas
décadas, pois, enquanto em 1989 a participação do município na composição de valor
adicionado do Estado do Paraná representava 0,13%, essa mesma participação em 1993, foi
de 0,09% e, em 2003, 0,08%, segundo dados da SEFA (Secretaria de Estado da Fazenda)
(Figura 16).
57
Figura 16 – Quadro da Participação do município no valor adicionado do Paraná.
Fonte: SEFA - Secretaria de Estado da Fazenda.
O setor primário é o de maior representatividade na economia local, em
relação à economia estadual. Em 1983, chegou a representar 0,38% do valor adicionado do
setor primário do Paraná, no entanto em 2003, reduziu-se para 0,25%.
O setor secundário em 2003 tinha percentuais inexpressivos de participação
no Estado, 0,014%. Nesse mesmo ano, o setor Terciário alcançou 0,11%, índice que em 1983,
estava em 0,09%.
Nos primeiros anos da década de 80 até 1993 a representatividade do setor
primário no valor adicionado de Bela Vista do Paraíso ficou em queda; de 76,7% para algo
em torno dos 45%. Nos anos seguintes interrompe-se a tendência, verificando-se percentuais
de 52,9%. Por sua vez, o setor secundário, que havia saltado de 6,9% em 1983, passa para
12,2% em 1993, apresentando, após meados da década de 90, tendência de queda em sua
participação, reduzindo o percentual para 8,79% em 2003.
O setor terciário no mesmo período teve sua participação aumentada de
16,4%, em 1983, para 42,6% em 1993, chegando a 47,09% em 2001, e logo experimentando
uma pequena redução em sua participação, decaindo para 38,0% em 2003 (Figura 17).
Segundo os dados da SEFA.
Figura 17 – Quadro da Participação dos setores de atividades na composição do valor adicionado
do município – valores em %.
Fonte: SEFA.
58
Cabe ressaltar não só a importância da produção agropecuária na
composição do valor adicionado no município, de 52,9%, como também ressaltar que as
maiores empresas contribuintes dos valores adicionados em Bela Vista do Paraíso, são
diretamente vinculadas à produção agropecuária, como são os casos da SEARA - Indústria e
Comércio, COROL - Cooperativa agroindustrial e a BELAGRÍCOLA (Figura 18).
Figura 18 – Quadro da Participação individual dos contribuintes na composição do valor
adicionado – ano base 2003. (Valores em R$ - Principais contribuintes).
Fonte: SEFA.
Faz-se necessário algumas considerações sobre o setor primário no
município de Bela Vista do Paraíso. Neste sentido, a avaliação que se fez, conforme os dados
da Secretaria de Estado da Fazenda, é que este setor, porquanto, é o segmento econômico de
maior representatividade; sendo que nos primeiros anos da década de 80 até 1983, a
representatividade do setor primário no valor adicionado do município ficou em queda. De
76,7% para algo em torno dos 45%. Nos anos seguintes, interrompeu-se a tendência,
verificando-se percentual de 52,9% em 2003.
Ainda, de acordo com os dados disponibilizados pela SEFA, pela Secretaria
de Administração Municipal e dados da Secretaria Municipal de Agricultura, pode-se
constatar no município de Bela Vista do Paraíso, a seguinte evolução do setor primário:
a) Após a significativa redução do número de propriedades rurais ocorrida
entre os anos de 1970 e 1975, quando se observou uma diminuição de 283
59
propriedades, o número de estabelecimentos estabilizou-se, chegando
mesmo a apresentar um leve crescimento de 338 propriedades em 1975,
passou para 352 propriedades no ano de 1995.
b) O arrendamento de propriedades que crescia até 1985, como mostra a
tabela abaixo, apresentou declínio na década de 1985-1995, passando de 77
propriedades arrendadas em 1981, para 58 propriedades em 1995. No
entanto, com a redução do número total de propriedades rurais do
município, o percentual de arrendatários, em relação a proprietários,
parceiros e/ou ocupantes, continuou, em 1995, praticamente o mesmo,
conforme evidencia a tabela abaixo. O número de proprietários também se
apresentou em declínio no período 1985-1995, diminuindo de 309 para 258
proprietários, respectivamente. Entretanto, diferentemente dos arrendatários,
o número de proprietários em relação ao número total de propriedades do
Município, teve um leve crescimento de 76%, em 1985, para 81% em 1995.
c) Por fim, enquanto o arrendamento representava 11,5% da área dos
estabelecimentos agrícolas, em 1985, esse percentual caiu em 1995 para
8,1%. De outro lado, a área agrícola dos proprietários passou de 86,5% para
91%, no mesmo período.
Outro importante fator que se faz premente analisar, é a distribuição dos
estabelecimentos agrícolas por área (Figura 19), segundo dados do IBGE 1970-1995. A queda
da cafeicultura teve grande influência na alteração da distribuição dos estabelecimentos
agrícolas por área, como fica evidenciado abaixo:
a) No início da década de 1970, quando o café ainda predominava como
atividade econômica, a área estava em 43 hectares; quinze anos após,
quando o binômio soja-trigo já se fazia presente, essa área havia subido para
64,2 hectares. Em 1995, a área média estava em 68,7 hectares; ou seja, o
tamanho da propriedade agrícola cresceu 59,7% nestes 25 anos.
b) Em 1970, 46,2% do número de propriedades agrícolas estavam
concentradas na faixa de até 10 hectares. Quinze anos mais tarde, havia
baixado para 26,8% e, em 1995, apenas 21,6%.
c) No agrupamento de 10 a 100 hectares, o número de estabelecimentos
agrícolas também vem, desde a década de 1970, em declínio. Saindo de 289
60
propriedades em 1975, passando para 232 propriedades em 1995. Em
decorrência da também constante redução do número total de
estabelecimentos, a representatividade das propriedades desse intervalo vem
aumentando. Em 1970, representava 47% do total; em 1995, 66%.
d) Somadas, as propriedades com até 100 hectares, estas representavam, em
1995, 87,7% do total de propriedades do município.
Figura 19 – Quadro de Distribuição dos estabelecimentos agrícolas por módulos fundiários.
Fonte: IBGE.
Com estas freqüentes alterações na distribuição dos estabelecimentos
agrícolas por área, outro fato importante revela-se; ou seja, a alteração na utilização das terras,
como evidencia a leitura da tabela.
a) A diminuição do número de estabelecimentos agrícolas e, por
conseqüência, o aumento da área média desses estabelecimentos fez-se pari-
passu à substituição de culturas, especialmente na lavoura permanente,
representada pelo café, pela lavoura temporária de soja, trigo, milho. Entre
1970 e 1995 a área de lavouras temporárias saltou de 4402 hectares,
representando 16,6%, para 11531 hectares, representando 449,4%. Por sua
vez, a área de lavouras permanentes, sai de 7972 hectares, representando
30,1%, em 1970, para apenas 923 hectares, representando 3,95%, em 1995.
61
A qualidade das terras aliada à incorporação de tecnologia no campo,
permitiu ao município rendimentos médios acima da média do Estado do Paraná. As
principais culturas presentes no município são: soja, milho e trigo. Essas já eram as principais
culturas em 1980, mas, naquela década, o café ainda aparecia com relativa importância. Em
1980, a produção de soja em Bela Vista do Paraíso foi de 12.960 toneladas. Em 2001 foi de
43.680 toneladas. Esse aumento de produção também é verificado em relação ao milho, que
de 3.755 toneladas, passa para 42.180 toneladas no mesmo período. A evolução da área
colhida não se deu nos mesmos percentuais que o aumento de produção verificado, o que
deixa transparecer a ocorrência de aumento de produtividade.
Em razão das condições de clima, altitude e solos, as culturas aptas para
cultivo, segundo o Zoneamento Agrícola do Estado do Paraná – IAPAR são:
- Em todo o território do município: algodão – ciclo precoce e
intermediário-, arroz, feijão das águas e de outono/inverno, milho, trigo,
café abacaxi, banana, goiaba, maracujá, abacate, atemóia, lima, caqui,
giombo, morango, uvas finas e rústicas.
- Região noroeste do município: acerola, mamão e manga.
Na pecuária percebeu-se que, apesar do aumento de estabelecimentos
dedicados à atividade, o número de cabeças vem diminuindo. Em 1980 eram 14540 cabeças;
em 2001, cerca de 9550 cabeças. Por outro lado, a produção de aves sofreu um incremento
significativo, passando de 19500 cabeças, para 164.000 cabeças.
Outro dado importante que se evidencia através dos dados do IBGE, é a
questão do emprego no setor primário, onde a tecnificação da produção, motivada
especialmente pelo conjunto produtivo representado na cultura do binômio soja-trigo, fez o
número de tratores saltar de 0,09 unidades/estabelecimento, em 1970, para 1 (uma)
unidade/estabelecimento em 1995, conforme evidencia a Figura 20.
Figura 20 – Quadro de Número de tratores empregados na zona rural.
Fonte: IBGE.
62
A introdução da mecanização do campo, ao mesmo tempo em que
contribuía decisivamente para o aumento da produtividade, também acabou por liberar força
de trabalho empregada no setor.
Figura 21 – Quadro de Pessoal ocupado na zona rural
Fonte: IBGE.
Entre 1970 e 1995, Bela Vista do Paraíso teve o número de empregos no
campo reduzidos em 53,7%. Em 1970, 2905 pessoas estavam ocupadas na atividade rural.
Vinte e cinco anos mais tarde, este número reduziu-se para 1343 pessoas
(Figura 21), sendo a grande maioria deles, trabalhadores assalariados temporários rurais.
63
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1
USO DO SOLO EM BELA VISTA DO PARAÍSO
O uso inicial do solo em Bela Vista do Paraíso, se deu em função da
implantação da cafeicultura, pois agricultores se aventuraram, desmatando e abrindo glebas
onde foi implantado o café.
Segundo o Plano de Uso do Solo na zona rural, 2000, este desmatamento foi
intensivo, em razão deste fato. A cobertura vegetal deste município foi inteiramente
substituída por culturas como o café, milho, soja, trigo, algodão. O cultivo de lavouras avança
até os limites dos rios e ribeirões, sendo rara a presença de matas ciliares ou reservas
florestais, fato que prejudicou em muito este município, pois seu solo é misto, apresentando
grande porcentagem de areia, o que o torna mais susceptível a processos erosivos.
O Plano de Uso do Solo em Bela Vista do Paraíso aponta as principais
conseqüências desse desmatamento realizado em Bela Vista do Paraíso: erosão em grandes
proporções; perda de produtividade da terra; assoreamento das bacias hidrográficas;
desaparecimento de muitas espécies da fauna e da flora; interferência no micro-clima da
região.
Esta foi uma fase promissora para toda a região norte do Paraná, os
loteamentos surgiram e foram comercializados com grande facilidade, pois a fertilidade do
solo era algo que atraía os interessados em adquirir lotes para a implantação de projetos
agrícolas.
O café cumpre o seu papel, a implantação de um projeto de colonização na
região norte do Estado do Paraná. Nesta época, surgiu a Companhia de Terras Melhoramentos
do Norte do Paraná, que comercializava os lotes que hoje pertencem ao município de
Sertanópolis, e a uma empresa comandada por ingleses.
Já na região de Bela Vista do Paraíso, os lotes foram comercializados pela
Empresa Alvorada Colonizadora Industrial do Paraná - São Paulo Ltda. Esta empresa efetuou
a subdivisão de suas terras em glebas menores na expectativa de atrair compradores. Este
empreendimento obteve bastante sucesso e, atraiu população, principalmente mineiros e
paulistas, no intuito do plantio do café.
E assim, a região ocupada pelo município de Bela Vista do Paraíso,
64
experimentou uma fase de prosperidade, segundo Silva (2001, p.2): “A partir de 1939,
surgiram diversas fazendas, sítios e chácaras, onde a boa qualidade das terras (terra roxa)
atraia grande número de desbravadores oriundos dos mais diversos pontos do país,
iniciando-se assim, um pequeno povoado”.
Mesmo com toda a dificuldade do período acima citado, as famílias foram
chegando, adquirindo seus lotes, implantando de fato uma cultura nova em toda a região, o
café, e, graças a este, aquele pequeno povoado começava a se desenvolver e a futura cidade
começava a ganhar corpo, especialmente quando os grandes fazendeiros iniciaram as doações
de terrenos para a implantação dos serviços públicos básicos, até que em 1947, este pequeno
povoado transformou-se em uma pujante cidade.
O tempo passou e este município tornou-se essencialmente agrícola,
principalmente após os anos 70, que marca as crises por que passaram os produtores de café
no Estado do Paraná, quando intensos processos de geadas dizimaram grande parte do
cafeeiro aqui existente, aliado à queda do preço do café no mercado internacional, que levou a
uma grande queda no preço de exportação desse produto.
Silva (2001, p. 02), expõe:
“Antigamente a região era cafeeira com uma grande extensão de terras,
ocupadas por grandes fazendas que norteiam a cidade, onde o plantio de
café era a sensação da época, pois era grande o número de trabalhadores
rurais que moravam nas fazendas e trabalhavam nas lavouras. [...] Hoje,
essas grandes fazendas ainda existem, mas o café dos tempos de outrora,
cedeu lugar para a mecanização da lavoura e o cultivo de soja, trigo, milho,
algodão, derrotando de vez o plantio do café.”
Ao conversar com as pessoas mais antigas deste município, percebeu-se um
saudosismo em relação ao tempo em que estas grandes fazendas eram produtoras de café. A
erradicação do café levou à formação de grandes problemas sociais, como o desemprego, a
falta de moradia. Este fato se torna evidente, principalmente, em relação ao grande número de
alunos matriculados na rede pública que, no período compreendido entre os meses de maio e
setembro, anualmente, entram com pedido de transferência para os colégios e escolas de
Minas Gerais.
O mapa de uso e ocupação do solo (Figura 11) em Bela Vista do Paraíso,
confeccionado através de imagem de satélite (Figura 10), evidencia um grande contraste em
relação às conversas que foram mantidas com antigos moradores e também os registros
65
históricos que foram consultados. Como já foi citada anteriormente, esta municipalidade
surgiu em torno da cultura cafeeira, e todo o processo de colonização e formação desta se deu
de forma dirigida à cultura do café, que se tornou símbolo de
desenvolvimento para a região.
Porém, problemas de ordem técnica e econômica, acabaram por destruir as
esperanças dos produtores de café que se viram obrigados a encontrar uma nova forma de se
obter lucros com suas terras, surgindo então uma nova forma de cultivar a terra: o processo de
substituição da cultura permanente – café – por lavouras temporárias, como a soja, trigo,
milho e outros.
O mapa (Figura 10) mostra uma pequena área ocupada por mata nativa, que
se encontra preservada por se tratar de área de preservação permanente. São reservas legais,
estabelecidas em lei, pelo IBAMA. A floresta da Fazenda Horizonte localiza-se muito
próxima à área urbana de Bela Vista do Paraíso, está num bom estado de preservação, mas, as
suas bordas é que sofrem impactos ambientais, pois existem conjuntos residenciais próximos,
e então, o lixo e o entulho produzido por grande parte desta população vão para as orlas desta
floresta, resultando na degradação desse meio ambiente.
A mata ciliar, como evidencia o mapa de uso do solo (Figura 11) deste
município, se faz presente em pequenos remanescentes, embora, a maior parte dos rios e
ribeirões esteja desprovida deste recurso natural (mata ciliar), causando graves problemas,
como assoreamento dos mesmos. A chegada até o leito dos ribeirões de produtos químicos
como adubos, agrotóxicos, lixo, entulhos, alterando as condições naturais dos mesmos, que
poluídos, deixam de nos brindar com suas águas límpidas e próprias para o consumo,
prejudicando bastante a ictiofauna local.
Alguns pontos do município, que ainda apresentam alguns remanescentes
florestais, são pequenas extensões que geralmente se localizam em regiões de fundos de vale e
áreas de pastagens em terrenos com declividade acentuada, constituindo o pouco de mata
ciliar que a área possui.
Outro aspecto que salta aos olhos, observando-se o mapa de uso do solo de
Bela Vista do Paraíso (Figura 11), é a grande quantidade de solos expostos ou mesmo
preparados para os cultivos em geral. A imagem da Figura 10 (Landsat 7) é referente ao mês
de Maio de 2005, quando muitos produtores ainda estavam aguardando para plantar trigo ou
milho, conforme informou um proprietário rural. Os mesmos estavam esperando as chuvas
chegarem para realizarem a semeadura das sementes.
Em relação às áreas ocupadas, estas começam com grande impulso nos anos
66
70, perdendo força no final dos anos 80, e finalmente, como pode se observar na Figura 11,
restaram poucas áreas ocupadas por pastagens, e estas se encontram geralmente em áreas de
maior declividade com grande quantidade de rochas soltas e algumas regiões próximas aos
fundos de vale.
A criação de gado, tanto intensiva quanto extensiva, está cedendo lugar para
as culturas temporárias, como soja, trigo, milho, etc. Fica evidente, ao observar o mapa de uso
e ocupação do solo (Figura 11), que a maior parte das terras de Bela Vista do Paraíso estão
ocupadas por práticas agrícolas temporárias ou anuais. Os tipos de cultivos realizados,
segundo um produtor rural, constituem-se por: soja, trigo e milho, preponderantemente;
apresentando também, áreas que se dedicam à produção de hortaliças, outras áreas que se
dedicam à criação de aves (frangos), cavalos, suínos, caprinos (em pequena quantidade).
Bela Vista é um município que apresenta uma rede de drenagem bastante
densa, é muito bem servido por ribeirões e córregos, apresentando boas condições de
drenagem; que deveriam ser cuidados por parte da população, que necessita prestar mais
atenção aos problemas ambientais que ora enfrenta. Afinal, por que destruir a mata ciliar e
aproveitar as terras até bem próximo das margens dos ribeirões e córregos? Por que poluir
tanto? Por que produzir tanto lixo e depois não saber o que fazer com o mesmo?
Há que se pensar em alguma alternativa para que se possa aliar o
desenvolvimento com o avanço tecnológico, mas de uma maneira que se possa continuar
vivendo com uma melhor qualidade de vida, tanto para a atual quanto para as futuras
gerações.
Através dos trabalhos de campo, realizados na área de estudo, pode-se
verificar problemas ambientais de diversas ordens (Figuras 22 e 23), tais como:
- Poluição.
- Erosão.
- Assoreamento de mananciais hídricos urbanos e rurais.
- Ausência de matas ciliares.
- Problemas de Agrotóxicos na zona rural.
- Falta de saneamento básico na periferia da cidade.
Os problemas ambientais acima citados encontram-se distribuídos pela área
física do município de Bela Vista do Paraíso e serão detalhados na unidade de Descrição das
fontes de Degradação Ambiental, assim como as referências sobre as fontes poluidoras do
meio ambiente neste município.
67
As fontes poluidoras do meio ambiente no município de Bela Vista do
Paraíso podem ser classificadas em:
- Poluição do meio ambiente por fontes industriais e comerciais;
- Poluição do meio ambiente por fontes residenciais;
- Poluição do meio ambiente pelo avanço da malha urbana.
A poluição industrial é uma questão nova no contexto urbano de Bela Vista
do Paraíso e reflete o processo econômico que a cidade vivencia. Ela está presente tanto na
área urbana como na zona rural.
As principais fontes de degradação ambiental são hídricos, e suas
localizações e descrições constam na unidade de Descrição das fontes poluidoras em Bela
Vista do Paraíso (ver figuras 22 e 23) e foram identificados assim:
- Empresa de lavagem de tecidos, situada nas proximidades do ginásio de
esportes, muito próximo de nascentes dágua.
- Frigorífico, situado entre a cabeceira do Córrego Indiana e a Estação de
Tratamento de Esgotos da SANEPAR, com despejo hídrico no córrego.
- Estação de tratamento de esgotos da SANEPAR, situada na cabeceira do
Córrego Indiana. O crescimento da oferta de serviços e o esgotamento da
capacidade de tratamento das instalações de esgotos domésticos, tem
resultado no transbordamento dos tanques da SANEPAR, poluindo o
Córrego Indiana.
Já, a fonte poluidora residencial compreende as ligações de esgoto
doméstico em rede de drenagem de água pluvial, e tem sido observada na área urbana.
Embora em pequena quantidade, esse tipo de transgressão ainda persiste e necessita de
constante vigilância e atuação enérgica por parte do Poder Público, no cumprimento das
normas de proteção ambiental.
A poluição ambiental registrada tem se verificado através do avanço da
malha urbana sobre as cabeceiras e nascentes dos principais cursos dágua que estão na
periferia da cidade de Bela Vista do Paraíso. Isto já constitui uma realidade com que o Poder
Executivo e a comunidade devem se preocupar, particularmente, pelos impactos ambientais
negativos que provocam sobre esses mananciais hídricos. Há inclusive, nas proximidades da
nascente do Córrego Indiana, um loteamento clandestino, denominado Loteamento Oliveira,
que se está infringindo a legislação ambiental.
68
A legislação urbana prevê para o parcelamento do solo urbano, uma série de
medidas técnicas e procedimentos administrativos a serem cumpridos. Todavia, observou-se
que os requisitos de Lei não vêm sendo cumpridos, pois no que tange aos fundos de vales, a
Lei Municipal determina áreas de preservação de fundos de vales e reserva uma distância de
80 metros dos córregos sem urbanização.
Além dos problemas elencados acima, identificou-se ainda que:
- O Conjunto Habitacional Rosa Lupi, está localizado em área com presença
de rocha basáltica, em profundidade de até três metros, em solo arenítico; as
fossas sépticas rudimentares apresentam pouca profundidade e, segundo
relatos de moradores, em períodos de longas chuvas, há transbordamento.
- Aterro de erosões com entulho e até lixo urbano. O caso mais grave é a
construção do Conjunto Habitacional Rosa Lupi, vizinho de um antigo
depósito de lixo, atualmente aterrado, e sua área física utilizada para a
construção de um campo de futebol e um parque infantil.
Quando da realização dos trabalhos de campo, pode-se constatar que o
sistema de limpeza pública do município funciona bem, mas, ainda se faz necessário a
melhoria de alguns segmentos, entre eles pode-se citar a necessidade de se proibir o depósito
de entulhos em fundos de vale e outros locais como terrenos vazios, etc.
Neste sentido, várias melhorias necessitam ser efetivadas para que assim, a
cidade possa apresentar uma melhor qualidade de vida; sugere-se a renovação da frota para a
realização da coleta do lixo, bem como a revisão das técnicas e dos procedimentos de coleta
do lixo hospitalar; o aumento das equipes de varrição; a revisão dos procedimentos de poda de
árvores, uma vez que estão ocorrendo poda de árvores fora dos padrões e técnicas
especificadas no código de posturas do município; o combate às pragas da arborização;
expansão da cobertura vegetal nas vias públicas em bairros onde ainda não foram
beneficiados; construção da rede de esgotos nos loteamentos próximos ao Conjunto Rosa
Lupi, e, a construção de um novo aterro sanitário, dentro das normas técnicas para o
município de Bela Vista do Paraíso.
69
Figura 22 – Quadro com as fontes de degradação ambiental relevantes no
município de Bela Vista do Paraíso.
Fonte: Pimenta. P. S. P. 2006.
70
Figura 23 – Mapa de uso e ocupação do solo com as fontes de degradação ambiental do
municio de bela Vista do Paraíso, Maio de 2005.
Fonte: Rigoberto; Org. Pimenta, P. S. P. 2006.
71
6.2 DESCRIÇÃO DAS FONTES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
FONTE 01
Esta se localiza na região sudeste da cidade de Bela Vista do Paraíso,
compreendendo uma área de elevada declividade, com grandes problemas no que tange à
erosão. A utilização do solo sofreu alterações, pois na maior parte das margens deste riacho,
era composta por pastagens, devido à alta declividade; atualmente, esta área está sendo
utilizada para o plantio de trigo, soja, milho.
Logo abaixo desta fonte, existe um voçorocamento bastante antigo, pois a
região onde este se encontra, convergem várias ruas e as galerias pluviais destas, dirigem-se a
esta lagoa de dissipação de energia do sistema coletor galeria pluvial desta da cidade (Figura
24).
Outro fator a se destacar nesta área é a presença de duas lagoas naturais, que
recebem a maior parte destas águas da galeria pluvial; percebe-se nitidamente que esta região
possui um solo misto, com significativa presença de areia, tornando a região mais susceptível
à ação da erosão.
Percebeu-se também que as populações do entorno dessa lagoa de
dissipação de energia da galeria pluvial cuidam muito pouco do espaço compreendido por esta
região, pois depositam todos os tipos de lixo.
Figura 24 – Fonte 1 - Caixa de dissipação de energia da galeria pluvial. Foto:
Pimenta 2005.
72
FONTE 02
Esta fonte compreende a região nordeste da cidade de Bela Vista do Paraíso,
mais precisamente no ponto de confluência das ruas Erasto Gaetner com a Rua 16 de Outubro
(Figuras 25 e 26).
A ausência de uma rede coletora mais eficiente para a galeria pluvial, faz
com que a mesma deposite não só a água resultante das chuvas que caem na região, mas
também como os detritos, lixo e demais materiais que descem automaticamente, graças à falta
de conscientização das pessoas.
Percebeu-se claramente que os detritos vão se acumulando em meio as
plantações, podendo causar danos aos equipamentos agrícolas, e, nota-se o início da formação
de uma voçoroca onde se concentra o fluxo de água, que consigo traz todo tipo de lixo e
entulhos para o meio da propriedade agrícola, trazendo transtornos para a efetivação das fases
de plantio até a colheita.
Figura 25 – Fonte 2 - Rua sem galeria pluvial na periferia da cidade. Foto:
Pimenta, 2006.
73
Figura 26 – Fonte 2 - Material transportado pela erosão na periferia urbana, logo à montante
das nascentes do Ribeirão Bonito. Foto: Pimenta, março de 2006.
FONTE 03
Localizado junto à zona norte da cidade de Bela Vista do Paraíso,
compreende uma área de degradação ambiental de uma nascente, onde a mesma foi soterrada
para fazer parte da área de um empreendimento imobiliário conhecido por Residencial
Paineira (Figura 27).
A população do bairro quer que a referida área seja transformada em uma
praça, onde através do processo de arborização, aliado as condições locais favoráveis, leve
este a uma regeneração da nascente que anteriormente ali existia.
74
Figura 27 – Fonte 3 - Área de nascente degradada, aterrada por entulhos. Foto: Pimenta, março
de 2006.
FONTE 04
Compreende uma rua não pavimentada, que interliga o bairro de Santa
Terezinha ao distrito de Santa Margarida, é uma área que não está asfaltada, deixando
evidentes os processos erosivos tanto no que diz respeito à rodovia quanto ao conjunto
habitacional existente nesta região (Figuras 28 e 29).
Este fato também causa perplexidade em grande parte da população que
utiliza este espaço para se locomover até o seu ponto de trabalho, principalmente em dias de
chuva.
Figura 28 – Fonte 4 – Trecho da rua que liga Bela Vista ao Distrito de Santa Margarida,
degradada por erosão acelerada e falta de pavimentação asfáltica, Foto: Pimenta,
Abril de 2005.
75
Figura 29 – Fonte 4 - Rua degradada em Santa Margarida. Foto: Pimenta, Março2005.
FONTE 05
Esta fonte localiza-se junto ao distrito de Santa Margarida, zona norte,
bueiros entupidos nesta região causam transtornos aos moradores, servindo também para a
proliferação de insetos e roedores (Figura 30).
Figura 30 – Fonte 05 - Bueiro entupido, causando problemas em dias de chuva. Num único dia
choveu 102 milímetros, a água chegou a medir 1,20 metros dentro de uma
residência, segundo depoimento de um aluno. Foto: Pimenta, Março de 2005.
76
FONTE 06
Asfalto corroído por erosão, este ponto localiza-se às margens da rodovia
PR-090, conforme se vê na foto, a região tem o solo misto, com a presença de areia,
facilitando assim a existência de erosões (Figuras 31 e 32).
Figura 31 – Fonte 06 - Asfalto corroído por erosão em solo arenoso. Foto: Pimenta, Março
2005.
Figura 32 – Fonte 6 – Erosão na margem de rodovia corroendo o asfalto. Foto: Pimenta,
Março de 2005.
77
FONTE 07
Bueiro entupido na região central da cidade de Bela Vista do Paraíso (Figura
33), tal situação leva a sérios problemas sanitários, pois este acaba sendo o local preferido
para a procriação de insetos e roedores, também representa grave problema para a população
quando chove. Estes bueiros entupidos fazem com que a água das chuvas não entre na rede de
galerias de drenagem pluvial, causando inundações e favorecendo processos de erosão na área
urbana.
Figura 33 – Fonte 7 – Problemas de escoamento pluvial, bueiro Entupido. Galeria pluvial. Foto:
Pimenta, Abril de 2003.
FONTE 08
Estrada rural corroída por erosão (Figura 34), esta, localiza-se na área rural,
e tem a função de facilitar o escoamento da produção agrícola de uma das áreas de grande
produção agropecuária e facilita também a movimentação das pessoas que residem nesta
região; porém o tráfego pesado de caminhões e máquinas agrícolas faz com que este asfalto
apresente vários pontos de estrangulamento onde o asfalto apresenta-se corroído pela erosão.
78
Figura 34 – Fonte 8 – Estrada rural degradada por erosão devido a concentração das águas
pluviais nas margens. Foto: Pimenta, Março de 2006.
Há que se observar alguns fatores que colaboram para este tipo de corrosão
do asfalto nesta região, como por exemplo: alguns produtores rurais constroem os terraços em
suas propriedades de forma que os mesmos despejem suas águas na estrada rural; observa-se
também que em determinados trechos da estrada rural não existe a canaleta de contenção para
as águas da chuva; a falta de manutenção desta estrada rural também se faz sentir,
principalmente na pessoa dos moradores desta região, que reclamam da falta de cuidados por
parte do poder público em relação a cuidados para com as estradas rurais.
FONTE 09
Outro problema que se faz sentir neste município é a formação de
voçorocas, o envoçorocamento na área rural se faz presente em vários pontos do município.
Este início de voçoroca (Figura 35) localiza-se na área limite entre duas
propriedades e os seus proprietários organizaram seus terraços ou curvas de nível de forma
que as mesmas despejassem suas águas coletadas no mesmo ponto, favorecendo a formação
de voçorocas.
79
Figura 35 – Fonte 9 - Ravina em processo de envoçorocamento em meio à propriedade rural.
Foto: Pimenta, 2006.
FONTE 10
Uma das tentativas de resolver o problema da erosão junto às margens das
estradas rurais, também está se tornando uma fonte de problemas, pois quando as chuvas
acontecem em pequenas e médias quantidades, estas lagoas de contenção (Figura 36)
resolvem bem o problema, mas, quando acontecem chuvas de maior intensidade, estas não
conseguem dar conta de reter toda a água que recebem, as mesmas transbordam e causam
problemas de erosão em meio às propriedades rurais.
Figura 36 – Fonte 10 - Lagoa de contenção na margem de estrada rural, com capacidade
aproximada 1800m3. Foto: Pimenta, Março de 2006.
80
FONTE 11
Outro problema que se faz premente neste município é a questão da falta de
proteção as áreas de nascentes. Um bom exemplo pode ser traduzido nas nascentes do ribeirão
Guarazinho, este fornece as águas que a SANEPAR trata e distribui para a população de Bela
Vista do Paraíso (Figuras 37 e 38).
Figura 37 – Fonte 11 - Nascente do Córrego Guarazinho, degradada, sem cobertura ciliar.
Foto: Pimenta, Março de 2006.
Em suas nascentes pode verificar-se a total ausência de proteção desta área,
não estão sendo respeitados, os espaçamentos da área de proteção, existem plantações até bem
próximo ao local onde nasce o principal veio dágua que dá origem ao Córrego Guarazinho; a
mesma está situada em meio a uma grande propriedade rural, já foram realizadas várias
tentativas de se reflorestar esta área, onde alunos e professores das escolas municipais e
estaduais, em parceria com a Associação de Senhoras de Rotarianos, realizaram por várias
vezes o plantio de mudas de árvores para que se pudesse recompor a vegetação ciliar daquele
lugar, porém, não temos logrado êxito nestas tentativas.
Logo abaixo das nascentes do Córrego Guarazinho, existe uma região de
81
pastagem e este fato gera um impacto que se faz presente em quase toda a extensão do
ribeirão, a falta da mata ciliar e o pisoteio dos animais, tanto nas margens quanto dentro do
próprio córrego, está causando o assoreamento do mesmo; um outro problema que se faz
sentir nesta região, por falta também da mata ciliar, é a utilização das áreas próximas ao
ribeirão para a plantação de culturas temporárias, como soja, milho trigo, sorgo; a aplicação
de agrotóxicos próximo ao ribeirão pode estar contaminando as suas águas.
Figura 38 – Fonte 11 - Aspectos gerais da nascente do Córrego Guarazinho.Foto: Pimenta,
Março de 2006.
FONTE 12
Várias nascentes que são tributárias do ribeirão Guará estão passando por
sérios problemas, algumas até mesmo estão sendo, ou foram drenadas para que pudessem
aproveitar uma maior área para plantio. Ao visitar-se a área das nascentes e percorrer parte da
bacia do Córrego Guarazinho até a estação de captação de águas para tratamento pela
SANEPAR, foram encontradas duas nascentes que secaram e, segundo um antigo morador
desta localidade, as mesmas foram drenadas, através de um sulco de aproximadamente dois
metros de profundidade ao redor da nascente, que posteriormente foi recoberto por terra e a
área aproveitada para lavouras (Figura 39).
82
Figura 39 – Fonte 12 - Nascente degradada por processo de drenagem. Área contemplada por
Projeto de Educação Ambiental. Foto: Pimenta, 2006.
FONTE 13
Estação de captação de águas para tratamento e distribuição pela SANEPAR
(Figura 40).
Esta se localiza na confluência dos córregos Guarazinho com a Água da
Prata, em suas margens existem reflorestamento com eucalipto e a maior parte desta área es
protegida por mata ciliar nativa.
Figura 40 – Fonte 13 - Estação de captação de água da SANEPAR, chamando atenção pela
falta de mata ciliar. Foto: Pimenta, 2006.
83
FONTE 14
Voçorocamento em região de pastagem, esta aconteceu em uma área de
declividade bastante acentuada, sendo agravada pela situação de pisoteio dos animais.
Atualmente, este processo erosivo alcança cerca de um metro e meio de profundidade e
aproximadamente dois metros e meio de abertura (Figura 41).
Figura 41 – Fonte 14 - Voçorocamento na área de pastagem. Foto: Pimenta, 2006.
FONTE 15
É um dos pontos nevrálgicos de impactos ambientais, pois nesta área, que se
localiza na região oeste da cidade de Bela Vista do Paraíso, ficam as nascentes do Ribeirão
Indiana (Figura 42).
A área das nascentes fica muito próxima à área urbana, e, neste sentido
observa-se que estas nascentes estão desprotegidas; muito mais grave ainda, a área urbana do
município já atingiu esta região, causando grandes impactos.
O problema mais sério está na quantidade de casas que se localizam junto as
nascentes, são pequenas chácaras que foram comercializadas e transformadas em bairros
residenciais.
Nesta mesma região, encontram-se dois problemas ambientais graves: uma
84
empresa frigorífica e a estação de tratamento de esgotos da SANEPAR; os problemas
causados pelos dois estabelecimentos são afins, afinal suas lagoas de decantação localizam-se
às margens do ribeirão Indiana; o frigorífico despeja a parte líquida da lagoa de decantação
diretamente no ribeirão e as lagoas de decantação da estação de tratamento de esgotos da
SANEPAR, quando chove bastante, inunda toda a região do fundo de vale e a mesma
transborda, despejando seus resíduos diretamente no ribeirão Indiana.
Figura 42 – Fonte 15 - Aspectos gerais da nascente do Ribeirão Indiana e seu entorno. Foto:
Pimenta, Março de 2006.
A população próxima a esta área reclama do mau odor que exala destas
lagoas de decantação; alguns quilômetros abaixo das nascentes. Existem várias propriedades
que exploram o turismo rural, e em uma delas, as águas do ribeirão Indiana faz parte do
projeto de turismo rural desenvolvido pelo proprietário desta área, que reclama muito da
poluição das águas do ribeirão Indiana, que estão ficando fétidas, afastando os turistas do
estabelecimento, causando prejuízos.
FONTE 16
A ausência de mata ciliar nas nascentes do ribeirão Ponta Porã deixam-nas
desprotegidas, assim como a maior parte do seu curso, dentro do município de Bela Vista do
85
Paraíso. Vale salientar que este ribeirão é um dos limites físicos entre esse município e o
município vizinho de Alvorada do Sul (Figura 43).
Buscando cada vez mais o lucro, os proprietários “aproveitam” bastante a
área plantando bem próximo às margens do ribeirão, deixando-as desprotegidas, facilitando
assim o assoreamento e também o transporte de lixo e materiais contaminantes.
Figura 43 – Fonte 16 - Ausência de mata ciliar no Ribeirão Ponta Porã. Foto: Pimenta, Março
de 2006.
FONTE 17
Aqui se destaca a ausência de mata ciliar no ribeirão Vermelho, principal
curso dágua do município de Bela Vista do Paraíso (Figura 44).
Este ribeirão está sofrendo vários impactos, pois a má utilização dos solos
junto aos ribeirões tributários deste, somados, muitas vezes, à falta do uso de técnicas para
evitar as erosões nas propriedades ao longo do seu curso e a ausência da mata ciliar, estão
causando o assoreamento e até mesmo a contaminação deste ribeirão.
86
Figura 44 – Fonte 17 - Ausência de mata ciliar no Ribeirão Vermelho na área de confluência
do Córrego Minas com o Ribeirão Vermelho. Foto: Pimenta, Março de 2006.
FONTE 18
Aqui aparece a Figura 45, onde se observa a Floresta degradada, localizada
junto à reserva florestal da Fazenda Cascata, zona sul do município de Bela Vista do Paraíso,
onde um antigo morador da região relata que:
“Um antigo arrendatário das terras pertencentes a esta fazenda fez a
exploração de grande parte das madeiras constantes na reserva florestal,
onde o mesmo explorou a parte interna da floresta, deixando intacta a
lateral da floresta, para que não se percebessem o que o mesmo estava
fazendo”.
Uma boa parte da reserva foi explorada, mas, depois de denúncias, órgãos
governamentais interferiram e a área foi abandonada; atualmente esta se encontra em fase de
recuperação natural.
87
Figura 45 – Fonte 18 - Aspecto geral da reserva florestal da fazenda Cascata. Foto:
Pimenta, Março de 2006.
FONTE 19
Esta região apresenta declividades bastante acentuadas, onde o curso do
ribeirão Indiana entalhou um vale profundo, facilitando a ocorrência de erosões; esta região é
utilizada para pastagem extensiva e intensiva, apresentando também algumas pequenas
reservas florestais junto às partes mais baixas (Figura 46).
Figura 46 – Fonte 19 - Área de declive acentuado, com grande susceptibilidade à erosão. Foto:
Pimenta, Março de 2006.
88
A vegetação ciliar se faz presente em grande parte do curso do ribeirão
Indiana, havendo pequenos pontos onde esta não é encontrada – vale dizer que esta vegetação
começa a se fazer presente junto às margens do ribeirão Indiana, do médio curso para a sua
foz no ribeirão Vermelho – lembrando que as nascentes deste ribeirão estão desprotegidas e
bastante poluídas.
FONTE 20
Esta fonte localiza-se próximo à rodovia PR-090, que interliga Bela Vista
do Paraíso ao Distrito de Warta e à Londrina. Uma característica interessante desta voçoroca é
que no período das chuvas mais concentradas (verão) o lençol freático aflora, ficando com o
seu fundo preenchido por água (Figura 47).
Figura 47 – Fonte 20 – Ravina em processo de envoçorocamento em propriedade do Sr. José
Turquino. Foto: Pimenta, Março de 2006.
Esta ravina em processo de envoçorocamento localiza-se junto a uma região
de concentração de fluxo de água que resulta em freqüentes erosões, observa-se que é uma
região onde as curvas de nível não conseguem vencer o fluxo de água que vem da rodovia
PR-090 e o escoamento superficial da própria área, resultando no aumento progressivo desta
ravina, transformando-a num futuro próximo, em uma grande voçoroca.
89
6.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS EM BELA VISTA DO PARAÍSO
O município de Bela Vista do Paraíso tem na agricultura a sua maior fonte
de rendas, e como se pode observar a área rural deste apresenta sérios problemas em relação à
conservação dos recursos naturais. Há que se salvaguardar a qualidade do solo e a boa
disponibilidade de água através dos córregos e ribeirões existentes em sua área física.
A área composta pelo sítio urbano também apresenta problemas bastante
graves em relação às questões ambientais, como: ocupação de fundos de vale; depósito de lixo
em terrenos baldios; degradação de nascentes em região periférica da cidade; bueiros
entupidos; falta de cuidados para com a limpeza pública; empresas que poluem os córregos e
nascentes com seus rejeitos “in natura”, enfim, uma gama de problemas que assolam o meio
urbano e o meio rural desta municipalidade.
Segundo Maglio (1995, apud STIPP; STIPP, 2004. p.25):
“Os problemas ambientais urbanos no Brasil baseiam-se em duas diferentes
ordens: Uma delas é a pobreza nas cidades afetando a maioria da
população brasileira (33 milhões de pessoas aproximadamente moram em
áreas periféricas sem as mínimas condições sanitárias). Outra são os
problemas decorrentes da concentração de atividades econômicas, em
especial as indústrias nas áreas urbanas (15% somente do esgoto produzido
recebem tratamento final, 10 bilhões de litros aproximadamente são
despejados diariamente no solo ou nos mananciais hídricos).”
O modelo de desenvolvimento brasileiro, marcado por imensas
desigualdades regionais e por alta concentração de renda, (STIPP; STIPP, 2004) resulta no
afluxo populacional crescente em relação aos centros urbanos, onde estes buscam
oportunidades de trabalho e até mesmo de sobrevivência, resultando em uma acelerada
metropolização e uma conseqüente degradação da qualidade de vida dos ambientes.
Neste sentido, quando conversamos com uma família residente na periferia
sobre as suas expectativas em relação ao seu futuro, a resposta foi:
“Moço, vivo aqui, estou aposentado pelo INSS, minha filha trabalha de
doméstica, ganha salário mínimo e tem um filho pra cuidar, mais eu
gostaria mesmo era de voltar pra roça, colher café, colher algodão,
trabalhar na lavoura, tirar o meu sustento da terra, coisa que sempre fiz.
Fico muito triste, pois aqui não tem trabalho pro meu filho, nem de bóia-
fria, ele ta lá pra Minas Gerais colhendo café, coitado dá dó dele mais eu
vou fazer o quê”.
90
Tempos depois, retornando àquela família para dar continuidade ao trabalho
iniciado, uma criança da casa, segredou “ter medo quando vai chover, ela disse não gostar de
chuva, pois toda vez que chove molha toda a sua casa e também tem o problema da fossa no
quintal que é muito rasa e se chover demais ela transborda, causando problemas para
todos”.
Essa criança retrata fielmente as angústias que a população menos abastada
sofre, visto que esta família reside no bairro Rosa Luppi, extremamente carente, com muitos
problemas sociais e ambientais para serem resolvidos.
Tempos depois, conversando-se com uma outra família, que está residindo
em um bairro de classe média, revelou que:
“Gostamos de viver aqui, a cidade tem clima bom, só a água que não é
muito boa, é água de rio, e tem dias em que a gente sente que ela está mais
pesada, sei lá, a rua onde moramos é bem limpa e iluminada, mais sofremos
quando chove, porque entopem os bueiros e a água transborda o lixo que de
vez em quando não é coletado corretamente, tem também o problema da
poda das árvores (mangueiras), eles deixaram tudo sujo e jogado nas
calçadas. Acho que a cidade deveria ser mais bem cuidada, tem muito lixo
por aí.”
Por estes depoimentos pode-se perceber que estes problemas existem tanto
na periferia quanto na região central da cidade, “entre eles podem ser citados ainda os
depósitos de lixo a céu aberto, os problemas de contaminação de águas superficiais e
subterrâneas, problemas de poluição atmosférica e tantos outros advindos da ação
antrópica.” Stipp e Stipp (2004, p. 25).
Questões ambientais como erosão, lixiviação, inundações, escorregamentos
de encostas, podem ocorrer independentemente da interferência do homem. Segundo Stipp e
Stipp (2004, p.29),
“Dessa forma ao se estudar processos físicos como degradação ambiental,
impõe-se considerar critérios sociais que relacionam o solo com sua
utilização.” E acrescenta: “[...] ao mesmo tempo em que a degradação
ambiental se acelera e se amplia espacialmente numa determinada área que
esteja sendo ocupada e explorada pelo homem, a sua produtividade tende a
diminuir, a não ser que trabalhe com vistas a recuperar essas áreas.”
Num outro momento, conversou-se com um pequeno produtor, e este
91
informou que:
“Está difícil produzir alguma coisa, veja só, este ano (safra de verão
2005/2006) o que não perdeu quando plantou, pois faltou chuva, perdeu na
colheita, pois choveu demais e quase não deu pra aproveitar a colheita. O
tempo está todo alterado, faz calor no inverno, frio no verão, ta tudo
alterado, também mexeram em tudo que é mato que tinha por aí, acabaram
com tudo.”
Esta fala é recorrente no meio rural, tanto o pequeno, médio e o grande
produtor possuem ainda estas questões a serem resolvidas. Apenas um detalhe diferencia a
angústia do pequeno e médio para o grande produtor, é que o pequeno produtor depende do
ciclo da natureza, já para uma pequena parcela de médios proprietários e a maior parte dos
grandes proprietários, implantam projetos de irrigação que minimizam estes problemas. Fica
evidente a superioridade tecnológica do grande produtor rural, que por ter acesso facilitado ao
crédito de custeio agrícola, implanta as melhorias tecnológicas, referentes à base técnica do
sistema de produção.
Percebeu-se claramente que são inúmeros os problemas que afetam o meio
ambiente, nas quais as atividades altamente impactantes vêm sendo praticadas por décadas,
fazendo com que a degradação ambiental passe a interferir na qualidade de vida das pessoas
chegando mesmo a alterar seus costumes. Há que se considerar também que para estes
problemas serem sanados, necessita-se mudar de atitude em relação ao meio ambiente em que
se vive, devendo-se alterar o comportamento. Segundo Loureiro (2004), “afinal de contas não
conseguiremos mudar as opiniões de todas as pessoas do mundo, mas podemos mudar a
nossa maneira de ser e agir”, para que através do exemplo, você possa influenciar e até
mesmo transformar o modo de agir e pensar de outras pessoas.
6.4 PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
Diante dos resultados obtidos, foram elaboradas as seguintes propostas de
intervenção:
1) Formação de um comitê local para monitoramento ambiental do
município, priorizando as áreas de maior vulnerabilidade e de maiores
situações de riscos.
2) Criação de ONGs para auxiliar no monitoramento ambiental do
92
município, estimulando também a utilização destas para a realização de
estágios na área ambiental.
3) Elaboração de um amplo projeto de Educação Ambiental, abrangendo
principalmente os alunos do ensino fundamental do primeiro ciclo (1ª a 4ª
séries), destacando a importância de se ter uma boa qualidade ambiental
para que possamos ter uma melhor qualidade de vida. Esta proposta já está
sendo executada, através do curso de Técnico em Meio Ambiente,
implantado pela Secretaria de Estado da Educação neste município, várias
ações em relação ao meio ambiente estão sendo realizadas.
4) Desenvolvimento de um plano de gestão para as microbacias, com a
participação de representantes dos diversos segmentos da sociedade local,
com destaque para as pessoas que residam ou trabalhem na área.
5) Melhorar as condições de coleta de resíduos sólidos urbanos, dando-lhes
destino adequado.
6) Projeto de recuperação da mata ciliar nativa, seguindo os padrões
técnicos
de biodiversidade.
7) Investimento em infra-estrutura de habitação, saneamento básico,
saneamento ambiental, priorizando a efetivação da rede coletora de esgotos.
8) Elaboração de planos de conservação das paisagens naturais, culturais,
criando uma consciência em seus habitantes de que a cidade é um lugar bom
para se viver, basta saber viver em harmonia com a mesma.
9) Desenvolvimento de projetos que venham a recuperar as praças públicas
como espaços de lazer e confraternização para as famílias. (projetos
comunitários)
10) Recuperação de algumas áreas de degradação de nascentes, devido a
presença humana, através de projetos comunitários.
11) Construção de asfalto e rede de esgoto e de galerias pluviais nos bairros
periféricos.
12) Discussão com a população sobre a possibilidade de se tentar evitar a
impermeabilização dos quintais das residências que estão todos calçados.
13) Criação de um grupo permanente para trabalhos sobre educação
ambiental e, iniciar um trabalho de base no que tange ao despertar da
consciência da população a esse respeito.
93
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O homem sempre esteve em conflito com o meio ambiente em que vive
quer seja pela busca de alimento e lugar para se abrigar ou mesmo para organizar e produzir
um espaço melhor organizado. Passou livremente pela superfície da Terra em tempos
remotos, habitou cavernas, construiu castelos, e, finalmente chegamos aos grandes
tecnopólos; sempre nos valendo dos recursos que a natureza nos oferece aliado ao surgimento
de tecnologias, que fatalmente levaram a degradação do meio ambiente.
Estes fatos nos põem a pensar sobre os problemas ambientais que
encontramos em nosso município, Bela Vista do Paraíso, uma cidade de pequeno porte,
interiorana, que teve como base na sua origem a produção do café, e este, com o passar dos
anos perde sua influência comercial devido a problemas climáticos e de políticas de preços e
de exportação, cede lugar a outras formas de produzir: a lavoura temporária.
Na década de 70, tem início este processo de substituição da lavoura
permanente, com base na cafeicultura, para a lavoura temporária, que implanta uma nova
forma de utilização do solo nesta região, passando a cultivarem-se novos produtos como a
soja, o milho, o trigo. Estas alterações levaram a uma nova forma de uso e exploração das
terras, pois novas formas de produzir implicaram em novas tecnologias.
As mudanças no uso do solo levaram a uma modificação na base técnica do
setor produtivo, resultando em uma melhoria das condições para preparo do solo, plantio e
colheita, implantando assim definitivamente a tecnificação da agricultura; que no caso de Bela
Vista do Paraíso resultou em desemprego para os trabalhadores rurais e o conseqüente
surgimento dos bairros operários, com grande quantidade de pessoas desempregadas, na
periferia da cidade.
Outro fator que se pode observar é a maneira muitas vezes predatória com
que estes produtores passaram a se relacionar com a terra. A busca desenfreada para ter cada
vez mais recursos financeiros levou a desmatar os campos, aproveitando até mesmo as
margens dos rios para a plantação; o uso de máquinas pesadas no solo, compactando-o cada
vez mais, a aplicação de forma, muitas vezes, inadequada de adubos e inseticidas
contaminando córregos e ribeirões, enfim, percebe-se uma falta de respeito muito grande em
relação ao meio em que se tem para produzir.
As atividades agrícolas nas propriedades estão sendo diversificadas,
podendo observar-se que os agricultores estão aproveitando todas as áreas da propriedade, as
94
grandes propriedades estão ocupadas com plantações voltadas para grãos em geral: soja, trigo,
milho; já as pequenas propriedades apresentam maior diversificação, criando suínos, gado
leiteiro e de corte e hortaliças.
Quanto a área urbana nota-se um certo descaso em relação a este espaço tão
importante, dando a impressão que o homem ainda não se apercebeu que este deve ser
preservado assim como as outras áreas, não é fato raro encontrarmos bueiros entupidos por
excesso de lixo nas calçadas e ruas, constantemente o asfalto apresenta problemas quer pela
qualidade do mesmo quer pelos processos erosivos urbanos, pois existem algumas ruas que
não são asfaltadas nos bairros periféricos e outras não contém a galeria pluvial.
O lixo urbano também se apresenta como um sério problema, Bela Vista já
teve diversos lixões, cada um em uma localidade diferente, atualmente está se buscando a
formação de um aterro sanitário, que já está sendo utilizado, esta área fica na confluência
entre os municípios de Bela Vista do Paraíso e Sertanópolis.
As indústrias poluem o meio ambiente como é o caso do frigorífico que tem
sua lagoa de decantação as margens do Ribeirão Indiana e um pouco mais abaixo, na mesma
região, encontramos a estação de tratamento de esgotos da SANEPAR, que também fica as
margens deste Ribeirão, pois quando chove, estas lagoas de tratamento transbordam e
despejam seus dejetos diretamente no Ribeirão; a tinturaria que também funciona as margens
de uma nascente e que fatalmente acaba por contaminá-la.
Percebe-se, de forma geral uma falta de cuidados para com o meio
ambiente, e, refletindo sobre os problemas ambientais existentes em nosso município, vê-se a
necessidade urgente de despertar para as questões ambientais. A sociedade vive e se organiza
dentro do processo de produção capitalista, que visa cada vez mais o lucro, mesmo que para
isto tenha que sacrificar o meio ambiente.
É preciso despertar a consciência por parte da maioria da população, em
relação à conservação e a preservação ambiental, há que se construir um projeto maior
visando à educação ambiental como meio de conscientizar as pessoas, mas é preciso que esta
seja uma educação que venha realmente transformar a mentalidade das pessoas, através de
projetos de Educação Ambiental, pois só com a retomada da consciência sobre como é
importante ter uma boa qualidade de vida é que iremos conseguir mudar nossas atitudes em
relação ao meio ambiente.
Há que se falar sobre algumas ações que estão sendo implementadas neste
município no tocante aos problemas ambientais; destaca-se a realização de um projeto de
Educação Ambiental envolvendo todos os colégios do município de Bela Vista do Paraíso,
95
através do qual o aluno do curso Técnico em Meio Ambiente, que funciona junto ao Colégio
Estadual Brasílio de Araújo, nas modalidades: integrado no período matutino e subseqüente
no período noturno, estão desenvolvendo o projeto: “Educação Ambiental (?) nas escolas de
Bela Vista do Paraíso.” Este tem o objetivo de levantar os principais problemas em relação ao
meio ambiente, bem como saber o que os alunos estão pensando sobre a questão ambiental e a
respeito da Educação Ambiental, para que, tão logo estes dados estejam analisados, a escola e
os alunos (do curso Técnico em Meio Ambiente) possam traçar estratégias para trabalhar
junto aos alunos da rede pública municipal e estadual no sentido de despertar nestes o
interesse pelas questões ambientais, bem como mostrar a estes novas possibilidades de se
conviver de forma mais harmônica com o meio ambiente.
Estão sendo realizados projetos para a recomposição da mata ciliar em
vários córregos desta municipalidade, bem como projetos para a recuperação de nascentes
degradadas, de recuperação de fundos de vale, de empresas poluidoras do meio ambiente.
96
REFERÊNCIAS
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Londrina – Paraná de 15.04.88 a 18.04.88 – AGB - Associação de Geógrafos Brasileiros –
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AZAMBUJA, J. M. V. O solo e o clima na produtividade agrícola. Guaíba: Agropecuária,
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BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da
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104
ANEXOS
105
ANEXO –
106
107
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo