72 Espaços de Recobrimento
Exemplo 4.1. Seja C
∗
= C − {0}. A aplicação exp : C → C
∗
dada por exp(z) = e
z
é
uma aplicação de recobrimento. De fato, se V ⊂ C é da forma τ < z < τ + 2π onde
τ ∈ R, temos exp
−1
(exp(V )) =
n∈Z
V
n
com V
n
= V +2πin = {z + 2πin/z ∈ V }. Logo
exp(V ) é propriamente coberto. (exp(V ) é o complemento em C
∗
do raio {ρe
ir
/ρ > 0}).
Exemplo 4.2. Se n ∈ Z, n > 0, a aplicação C
∗
→ C
∗
dada por z → z
n
é uma aplicação
de recobrimento.
Definição 4.9. Definimos a derivada d como uma aplicação d : O → O dada por: se
f
a
∈ O
a
e (U, f) é representante de f
a
, definimos d(f
a
) = (df)
a
sendo o germe em a
de (U, f
) onde f
=
df
dz
é a derivada de f.
Proposição 4.5. d : O → O é uma aplicação de recobrimento.
Demonstração. Sejam f
a
∈ O e (U, f) um representante de f
a
. Seja D um disco
centrado em a tal que D ⊂ U.
Sejam F uma primitiva de f em D e D = N (D, f). Para qualquer c ∈ C, seja
U
c
= N (D, F + c). Afirmamos que d
−1
(D) = ∪
c∈C
U
c
.
Para provar isso, sejam z ∈ D e g
z
∈ O
z
cuja (dg)
z
= f
z
. Seja (W, g) um rep-
resentante de g
z
onde W é uma vizinhança conexa de z, W ⊂ D. Então g
= f em
uma vizinhança de z; logo, g
= f em W de modo que
d
dz
(g − F ) = 0 em W . Logo,
g = F + c em W e g
z
∈ U
c
. Reciprocamente, temos que d (U
c
) = N (D, f) = D.
Agora vamos verificar que d/
U
c
é um homeomorfismo sobre D para qualquer c ∈ C.
Temos somente que checar que d/
U
c
é injetiva, o que é óbvio já que d leva elementos
distintos de U
c
para germes em diferentes pontos de D. Como os U
c
com valores
distintos de c são mutuamente disjuntos, D é propriamente coberto por d.
Agora, mostraremos que existe uma conexão próxima entre integração sobre curvas
e o levantamento de curvas relativamente à derivada d : O → O.
Definição 4.10. Sejam Ω um aberto em C, f ∈ H(Ω) e seja γ : [0, 1] → Ω uma curva
em Ω. Uma primitiva de f sobre γ é um levantamento, em relação à d : O → O,
da aplicação (contínua) τ : [0, 1] → O dada por τ(t) = germe de (Ω, f) em γ(t). (Isto
existe porque d : O → O é uma aplicação de recobrimento).
Se F
1
e F
2
são duas primitivas de f sobre γ, então existe uma constante c tal que
F
1
(t) = F
2
(t) + c, ∀t ∈ [0, 1] .
De fato, já que F
1
(0) e F
2
(0) são ambas primitivas de f em uma vizinhança de
γ(0), temos que F
1
(0) = F
2
(0) + c para algum c ∈ C. Então F
1
(t), F
2
(t) + c são ambas
levantamentos de τ que coincidem em t = 0 e são idênticas pelo Lema 4.1.
Lema 4.3. Seja f ∈ H(Ω) e seja γ : [0, 1] → Ω uma curva diferenciável por partes.
Se F : [0, 1] → O é uma primitiva de f sobre γ e φ(t) é o valor de F (t) em γ(t), então
φ(1) − φ(0) =
γ
fdz.