Arquitetura da Indústria
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“(…) a incorporação dos conhecimentos
científicos à gestão e à produção fabril provocaram
profundas transformações na produção industrial,
exigindo o maior desempenho do espaço fabril. Era
necessária a horizontalidade para abrigar máquinas
e linhas de montagens, extensas e seqüenciais devido
à racionalização, que implica a economia de
deslocamentos. Necessitava também de vastas
construções para armazenagem (matéria-prima e
produtos), controle e administração. A mecanização
e o uso da eletricidade incrementam os sistemas
produtivos e o condicionamento interno dos edifícios,
possibilitando romper com a tipologia tradicional, a
fábrica de naves com cobertura em shed. Afirmou-se
o vidro, o concreto e o aço. A fábrica de desenho
racionalista, térrea ou em pisos, de cobertura plana,
transparente ou mesmo totalmente fechada com
iluminação, umidade e temperatura controladas
artificialmente se estabelece. Foi ampliado o setor
administrativo, que, a exemplo das novas utilidades
(matérias-primas sintéticas e equipamentos para
acondicionamento), exigiu instalações específicas,
bem como os serviços de caráter social (as
facilidades), tais como a assistência médica,
habitação, saúde e lazer dos funcionários. (...)”
(SOBRINO, In. SANTOS, 2006, p.26)
No final da Primeira Guerra, Erich Mendelson
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, projetou
uma “fechada, estereométrica, cristalina forma” para a Fábrica
Steinberg de chapéus, na Alemanha, 1921-1923. A nova arquitetura,
proveniente desse sistema em ebulição, foi chamada de Estilo
Internacional, o “International Style” em inglês. De forma simples,
baseava-se na busca de um desenho que respondesse à
estandartização, mecanização e produção em massa, que, assim como
descreve Phillips (1992, p.12), correspondia à tábula rasa sobre onde
se começaria a construir a nova arquitetura.
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Mendelsohn ficou conhecido pela Torre Einstein em Potsdam, projetada em
1917, com influências diretas do Teatro Werkbund de Van de Velde para a Exposição
de 1914, em Colônia. Em 1924, além de participar de uma nova revista mensal de
arquitetura, fundou junto com Ludwig Mies van der Rohe e Walter Gropius o
grupo de arquitetura “Der Ring”. O grupo progressista propunha uma arquitetura
baseada no expressionismo sem abrir mão da funcionalidade. Mendelsohn chegou
a ter um escritório com aproximadamente quarenta arquitetos, tendo consolidado
o seu trabalho na República Weimar. Devido ao consumismo gerado pela nova
República Liberal Democrática, muitas de suas obras do período são centros de
comércio e lojas de departamento, tipologias industriais. Por outro lado, interessava-
se pelos experimentos socialistas da União Soviética, onde projetou a fábrica
têxtil “Red Flag”, em São Petersburgo. Mendelsohn trabalhou em diversos países e
no final de sua vida lecionou na “Berkeley University”, nos Estados Unidos. Do
ponto de vista filosófico, a obra de Mendelsohn entra em contradição, mas sua
obra continua a ser apreciada.
Figura 27 – Jahrhunderthalle (Sala do
Centenário) , Breslau, 1913, Max Berg. Fonte:
http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Wroclaw_hala_ludowa6.jpg Acesso 07.01.09
às 17:25:15 h.
“(…) radicalizou o emprego do concreto
armado. A capacidade em se conquistar grandes
vãos com secções relativamente pequenas
conduziu esse material a um papel capital na
história da arquitetura industrial.” (Phillips, 1993,
p.12, traduzido pelo autor)
Figura 28 - Fábrica de Chapéus, Arq. Erich
Mendelsohn, Luckenwalde, ALE, 1921-1923.
Fonte: http://www.irbdirekt.de/daten/monudoc/
bild/2020742a.jpg
Figura 29 – Antigo Abatedor La Mouche,
atual Halle Tony Garnier, Tony Garnier, Lyon,
FRA, 1917. Fonte: Roux, 2000, p.17.
É também um importante exemplo de
edificação fabril que foi reabilitado, alterando-
se o uso. O projeto de Philippe Robert e
Bernard Reichen transformou o espaço em uma
sala de exposições.
Figura 30 - Planta de Caminhões Crysler-
Dodge, Michigan, Estados Unidos, 1938.