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Daniela Salles Cesar de Oliveira
Mecanismos de reparo de quebras
duplas de DNA em células BCR-ABL
positivas
TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO
GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA)
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Rio de Janeiro
2010
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i
Daniela Salles Cesar de Oliveira
Mecanismos de reparo de DNA em células BCR-ABL positivas
Tese de doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas (Biofísica), Instituto
de Biofísica Carlos Chagas Filho,
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Doutor em Ciências biológicas
(Biofísica).
Orientador: Dra. Eliana Abdelhay
Rio de janeiro
2010
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ii
Daniela Salles Cesar de Oliveira
Mecanismos de reparo de DNA em células BCR-ABL positivas
Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2010
________________________
Dra. Eliana Abdelhay, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ;
Instituto Nacional de Câncer
________________________
Dra. Jenifer Saffi, Departamento de Ciências Básicas da Saúde/ Bioquímica -
UFCSPA
________________________
Dr. Marcelo de Pádula, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ;
Faculdade de Farmácia UFRJ
_______________________
Dra. Eleonora Kurtenbach, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ
________________________
SUPLENTE INTERNO: Dr. Álvaro Augusto Costa Leitão, Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho UFRJ
________________________
SUPLENTE EXTERNO: Dr. Luis Felipe Ribeiro Pinto, Coordenação de
Pesquisa, Instituto Nacional de Câncer
________________________
REVISOR: Dr Turan Peter Urmenyi, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
UFRJ
iii
Salles Cesar de Oliveira, Daniela
Mecanismos de reparo de DNA em células BCR-ABL positivas / Daniela
Salles Cesar de Oliveira - - Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, 2010
144 f.
Orientador: Eliana Abdelhay
Tese de doutorado Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Ciências Biológicas
Biofísica Programa de Biologia Molecular e Estrutural, 2010
AGRADECIMENTOS
_______________________________________________________________
iv
Primeiramente eu gostaria de agradecer a minha família. Aqueles que me
puseram no mundo e sempre me amaram incondicionalmente. Minha mãe e
meu pai. E incluindo meus pai e mãe postiços, vulgo Tio e Tia Maria Alice.
Minha irmãzinha Peck, que mesmo estando “cheia de coisa pra estudar” e
“tenho 7 provas na semana que vem”, sempre encontrava um minutinho e
escutar minhas lamúrias. É minha irmãzinha mais nova, porem não consigo
viver sem seus sábios conselhos.
À minha orientadora de longa data, Eliana Abdelhay. Sempre estendendo a
mão nos momentos mais críticos e sempre encontrando as soluções para
meus “problemas insolucionáveis”. Obrigada por tudo.
À Dra. Lisa Wiesmüller. Vielen Dank für nimm mich auf Ihre wunderbare
Deutsche Familie. Vielen Dank für die einmalige Gelegenheit, ihr habt mir zu.
Ich verliebte mich in ein Land und eine Kultur bedingungslos. Ewige
Dankbarkeit ist so wenig. Ich werde dich nie vergessen. nicht nur als die Chef,
sondern als eine Freundin. Und auch die leckeren roten Früchtenpie!
Ao meu amigo de fé, meu irmão gêmeo siamês camarada, Andre. Breetchy,
para os mais íntimos, poderia realmente ser classificado no quesito família.
Escutou também muitas lamurias (e vice-versa), mas também rimos, cantamos,
contamos piadinhas infames, e fizemos muitos brainstormings regados a
Antártica Original.
Ao meu tamagochi, meu bichinho virtual, Stephany. Quando essa menina achar
o verdadeiro significado do mantra: I see pride! I see power! I see a bad-**s
mother who don't take no c**p off of nobody!”; ela vai dominar o mundo.
Ao seres mais estilosos do universo: Tati e Jana
Azamiga de laboratório (ordem alfabética): Amanda (tem meu voto para
presidente), Barbarela (o espinho de porco do lab), Carol (que não ajudou em
nada, mas também não atrapalhou), Gabi (e sua risadinha irônica),lia, Lú (e
ao belo menino de belas sobrancelhas!), Naninha (vulgo Elisângela), Nara,
Priscilla, Renata (Qq c tá fazendo?) e minha querida Poison Yve.
Azamiga aus Deutschland: Carol Ming Chiao, Cris Ireno, Kris Bode und Meta
Volcic,
Azamiga do coração: Érika, Laura Lúcia, Lipan, Marinho, Rachel, Ritinha,
Roberta, Rodolpho, Tets et al., Thiaguinho...
Ao Prof. Jose Morgado e ao Júlio, pela ajuda aos 49 minutos do segundo
tempo!
AGRADECIMENTOS
_______________________________________________________________
v
Ao Prof. Marcelo Santiago, pela ajuda com a imunofluorescencia.
À Ophelia Baesso, simplesmente por ter sido a melhor avó do mundo e ter me
deixado morrendo de saudades...
Meine zwei Lieben... meine zwei Jungs, Andi und Erick ... meine Liebe zu sie ist
größer als ich.
vi
RESUMO:
A expressão da oncoproteína BCR-ABL em Leucemia Mielóide Crônica (LMC)
promove a transformação neoplásica de células progenitoras hematopoiéticas
através da modulação de diversas vias de sinalização. A LMC é uma doença
multi-fásica que evolui de uma fase inicial crônica e para uma crise blástica.
Essa progressão tem sido associada ao surgimento de novas anomalias
citogenéticas e mutações. Os mecanismos pelos quais BCR-ABL promove esta
instabilidade genômica ainda não são conhecidos. Através da análise
comparativa de diferentes mecanismos de reparo de quebras duplas de DNA
entre linhagens megacariocíticas humanas isogênicas BCR-ABL positivas e
negativas, MBA e Mo7e, e na linhagem LMC K562, foi constatado que BCR-
ABL promove um aumento da ativação das vias mutagênicas de reparo de
quebras duplas anelamento de fita simples e recombinação por união não
homologa. Interessantemente, a análise da expressão de fatores determinantes
para a promoção das vias de reparo de quebras duplas, revelou um aumento
dos níveis de expressão da nuclease CtIP em células BCR-ABL positivas,
particularmente em resposta ao tratamento com irradiação. Ainda, o tratamento
com o inibidor da atividade tirosina quinase de BCR-ABL, o Mesilato de
Imatinib, reverteu o acúmulo de CtIP. Quando silenciada a expressão de CtIP
em células com BCR-ABL funcional, o enriquecimento da via SSA por BCR-
ABL foi completamente abolida. Além disso, provemos mais evidências que
BCR-ABL estimularia a ressecção de extremidades de DNA quebradas, função
mediada por CtIP. Assim, os resultados sugerem que BCR-ABL promove
reparo mutagênico de quebras duplas de DNA, tendo como mediador a
nuclease CtIP. Além disso, através da análise comparativa dos mapas
proteômicos bidimensionais de extratos de cromatina das linhagens isogênicas
BCR-ABL positivas e negativas pudemos identificar novos alvos putativos de
modulação por BCR-ABL, envolvidos nas vias de manutenção da estabilidade
genômica.
vii
ABSTRACT:
Expression of BCR-ABL oncoprotein in Chronic Myeloid Leukemia (CML)
promotes neoplastic transformation of hematopoietic stem cells through
modulation of diverse pathways. CML is a multistep disease which evolves as a
chronic phase and progresses to blast crisis. This progression has been
associated with the appearance and accumulation of new cytogenetic
anomalies and mutations. The mechanisms underlying the genomic instability
promoted by BCR-ABL remain obscure. Through comparative analysis of
different DNA double-strand break (DSB) repair mechanisms as a function of
the BCR-ABL status in human megakaryocytic and CML cell lines, we found
that BCR-ABL upregulates error-prone DSB repair pathways (SSA and NHEJ)
rather than the high-fidelity mechanism of HR. Intriguingly, expression analysis
of DSB repair pathway choice determining factors revealed increased levels of
the nuclease CtIP in BCR-ABL positive cells, particularly in response to
irradiation. Moreover, treatment with the BCR-ABL kinase inhibitor, Imatinib
Mesylate, abolished CtIP accumulation. When we silenced CtIP expression in
cells with functional BCR-ABL, SSA enhancement by BCR-ABL was completely
abrogated. Importantly, we also provide evidence that BCR-ABL stimulates
DSB end resection, which is mediated by CtIP. Briefly, BCR-ABL promotes
mutagenic DSB repair with the DSB end processing nuclease CtIP acting as the
key mediator downstream of BCR-ABL. Moreover, the comparative analysis of
the bidimensional maps of chromatin extracts of BCR-ABL positive and
negative cell lines provided the identification of new putative BCR-ABL targets,
including proteins involved in the maintenance of the genomic stability.
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS:
ACN Acetonitrila
cDNA DNA complementar
CO
2
Dióxido de Carbono
Cy3 Cyanine 3
Da Dalton
DABCO 1,4-diazabicyclo[2.2.2]octane
DTT Dithiothreitol
DAPI 4',6-diamidino-2-phenylindole
DNA Deoxyribonucleic acid Ácido desoxirribonucléico
DSB Double Strand Break Quebra dupla de DNA
EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid
EGFP Enhanced green fluorescent protein
EGTA Ethylene glycol tetraacetic acid
FITC Fluorescein
g Grama
GEF Guanine nucleotide Exchange factor - Fator de intercâmbio de guanina
GM-CSF Granulocyte-macrophage colony-stimulating factor
Gy Gray
HDR Homology Directed Repair Reparo direcionado por homologia
HEPES 4-(2-hydroxyethyl)-1-piperazineethanesulfonic acid
ICL Interstrand Cross Link Intercalantes intra-fitas
IPG Immobilized pH gradients Gradientes de pH imobilizados
IPI International Protein Index
IM Imatinib Mesylate Mesilato de Imatinib
Kb quiilobase
KCl Cloreto de Potássio
KDa quilodalton
IL-3 Interleucina 3
LLA Leucemia Linfoblástica Aguda
LMC Leucemia Mielóide Crônica
M Molar
ix
MALDI-TOF-TOF Matrix-assisted laser desorption/ionization Time of Flight
Time of Flight
MgCl
2
Cloreto de magnésio
mL Mili Litro
mM Mili Molar
MMEJ Microhomology-mediated end joining união de extremidades
mediada por micro-homologias
MMC Mitomicina C
mRNA Ácido ribonucléico mensageiro
NaCl Cloreto de Sódio
NER Nucleotide excision repair Reparo por excisão de nucleotídeo
NES Nuclear Export Signal Sinal de Exportação Nuclear
NLS Nuclear Localization Signal Sinal de Localização Nuclear
ng Nano grama
NHEJ - Non-homologous end joining união não homóloga de extremidades
NP-40 Octylphenoxypolyethoxyethanol
PBS Phosphate buffered saline Tampão fosfato-salino
PBS-T Tampão fosfato-salino com Tween
Ph Philadelphia
pH Potencial hidrogeniônico
PI Ponto Isoelétrico
PM Peso Molecular
QRT-PCR Real-Time Quantitative Reverse Transcription - Polymerase chain
reaction
RH Recombinação Homóloga
RI Radiação Ionizante
RPM Rotações por minuto
ROS Reactive Oxygen Species Espécies Reativas de Oxigênio
RT-PCR Reverse transcriptase - Polymerase chain reaction
SDS Sodium dodecyl sulfate
SDS-PAGE Sodium dodecyl sulfate polyacrylamide gel electrophoresis
Ser-139 Serina 139
shRNA Small hairpin RNA
SSA Single Strand Annealing Anelamento de fita simples
x
ssDNA Single strand DNA DNA fita simples
TFA - Ácido Trifluoroacetico
Tris-HCl Tris(hidroximetil) aminometano ácido clorídrico
Tween Polyoxyethylene (20) sorbitan monolaurate
U Unidade
UV Ultra-violeta
V Volt
ZVAD-fmk Benzyloxycarbonyl-Val-Ala-Asp (OMe) fluoromethylketone
µg Micro Grama
µL Micro Litro
µM Micro Molar
xi
ÍNDICE
Página
I.INTRODUÇÃO
1.Biologia Molecular da Leucemia Mielóide Crônica
3
1.1 O cromossomo Philadelphia e os genes envolvidos
3
1.2 BCR-ABL e as principais vias de sinalização envolvidas
5
2. Mecanismos de Reparo de DNA
8
2.1 Reparo de quebras duplas de DNA
9
2.1.1 União não-homóloga de extremidades (Non-homologous end-
joining NHEJ
10
2.1.2 Reparo direcionado por homologia Recombinação Homóloga
12
2.1.2.1 Eventos de regulação e sinalização iniciais da recombinação
homóloga em resposta a DSBs
13
2.1.2.2 Mecanismo de Recombinação Homóloga
20
2.1.3 Reparo direcionado por homologia Anelamento de fita simples
23
2.2 Os efeitos de BCR-ABL nos mecanismos de reparo de DNA
25
II. OBJETIVOS
29
III. MATERIAL & METODOLOGIAS
31
1. Linhagens Celulares
32
2. Tratamentos e Verificação da viabilidade celular
32
3. Ensaio EGFP-FACS e Silenciamento
33
4. RT-PCR e PCR em tempo real (QRT-PCR)
34
5. Preparação de extratos protéicos e Immunoblotting
35
6. Imunofluorescência
36
7. Extração e Isolamento de Cromatina
37
xii
8. Eletroforese Bidimensional
38
9. Espectrometria de massas
39
IV. RESULTADOS
41
1. Estabelecimento do Modelo de Estudo
42
2. Comparação das freqüências dos diferentes mecanismos de
reparo de quebras duplas de DNA entre Mo7e e MBA
44
3. Avaliação da expressão da transcrição de genes envolvidos nos
mecanismos de reparo de DNA e controle do ciclo celular
53
4. Avaliação da expressão de proteínas envolvidas nos mecanismos
de reparo de DNA e controle do ciclo celular
55
5. Análise do possível papel de CtIP na promoção do reparo
mutagênico de DSBs
58
6. Comparação dos perfis proteômicos de extratos de cromatina
entre Mo7e e MBA
63
V. DISCUSSÃO
69
VI. BIBLIOGRAFIA
76
VII. ANEXO
90
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
1
I. Introdução
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
2
A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença proliferativa clonal
hematopoiética resultante da transformação maligna e da proliferação anômala
de uma célula progenitora hematopoiética. Em homeostase, um equilíbrio
entre proliferação, diferenciação e renovação das células progenitoras
hematopoiéticas. Em pacientes com LMC, esse equilíbrio é alterado, e as
células progenitoras apresentam uma proliferação incessante e diferenciação
desordenada (Deininger et al, 2000).
A LMC foi o primeiro câncer humano associado a um marcador
específico, o cromossomo Philadelphia (Ph). Esse é originado a partir da
translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22 (Rowley, 1973) que
culmina na fusão de dois genes: c-bcr e c-abl. O gene quimérico bcr-abl é
traduzido em uma oncoproteína tirosina cinase funcional implicada na
oncogênese e na progressão patogênica da LMC (Shtivelman et al, 1985).
Geralmente a LMC envolve três fases: A fase crônica inicial é seguida
por uma acelerada que evolui para uma fase blástica. Cerca de 80% dos
pacientes progridem para a fase acelerada antes do desenvolvimento da fase
blástica. Enquanto o cromossomo Ph é a única anomalia citogenética
identificada em pacientes recentemente diagnosticados na fase crônica da
LMC, a evolução para a crise blástica é associada ao aparecimento e
acumulação de novas anomalias cromossômicas (Kabarowski e Witte, 2000;
Takahashi et al, 1998).
A doença inicia-se com a expressão da oncoproteína BCR-ABL em
células tronco hematopoiéticas. Apesar de estas serem progressivamente
substituídas pelos clones leucêmicos, pacientes na fase crônica inicial
apresentam células progenitoras Ph-negativas detectáveis na medula óssea.
Dessa forma a coexistência de uma hematopoiese normal (Kabarowski e
Witte, 2000).
As decisões de tratamento para os pacientes com LMC são baseadas
na idade e fase da doença que eles se encontram. O transplante alogeneico de
células tronco é um tratamento definitivo, sendo mais efetivo se feito durante a
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
3
fase crônica. A limitação desse tratamento é a disponibilidade de doadores
compatíveis.
A introdução dos inibidores moleculares na terapia da LMC marcou um
grande avanço. Mesilato de Imatinib (IM) (Gleevec®, Novartis Pharmaceuticals,
Basel, Suíça) tem como alvo específico a oncoproteína tirosina cinase BCR-
ABL e funciona como um competidor inibitório do sítio de ligação do ATP na
proteína, inibindo assim a fosforilação de seus alvos e logo bloqueando as vias
de sinalização cruciais para a leucemogênese. O IM mostrou grande eficácia
na completa remissão hematológica e citogenética na maioria dos pacientes na
fase crônica, com menor efetividade em pacientes nas fases
acelerada/blástica. No entanto, é crescente a incidência de pacientes
resistentes ao IM (Ikeda et al, 2006).
1. Biologia Molecular da Leucemia Mielóide Crônica
1.1. O cromossomo Philadelphia e os genes envolvidos
O cromossomo Philadelphia (Ph) foi a primeira anomalia cromossômica
considerada um marcador em uma neoplasia. Em 1973 Rowley classificou o
cromossomo Ph como o resultado da translocação recíproca entre os braços
longos dos cromossomos 9 e 22, nas posições q34 e q11 (Figura 1) (Kurzrock
et al, 2003).
Encontrado em mais de 90% dos pacientes com LMC, o cromossomo
Ph também já foi identificado em 25% dos pacientes adultos e 5% de pacientes
infantis diagnosticados com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). Os casos de
LMC Philadelphia negativos (cerca de 10%) possuem os mesmos sintomas
clinico patológicos, prognóstico e terapia similares aos casos Ph-positivos
(Garcia-Manero et al, 2003).
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
4
Cromossomo 9
Cromoss omo 22
Cromossomo
Philadelp hia
FIGURA 1. Representação esquemática da translocação t(9;22)(q3.4;q1.1) O
cromossomo Philadelphia. Adaptado de http://www.siteman.wustl.edu/
O cromossomo Ph foi detectado nas linhagens mielóides, eritróides,
megacariocíticas e em células precursoras B; e não foram detectados em
fibroblastos da medula óssea, sugerindo que a LMC origina-se de uma célula
tronco hematopoiética pluripotente.
No cromossomo 9, o gene c-Abl codifica uma tirosina cinase não-
receptora de 145 kDa que se encontra expressa na maioria dos tecidos. Nas
células normais, ABL está distribuída entre o núcleo e citoplasma, tendo assim
duas isoformas resultantes de um splicing alternativo. Os domínios
multifuncionais de ABL permitem sua participação em diversos processos
celulares através da interação com inúmeras proteínas. Logo, a participação de
ABL em funções tão críticas, requer uma regulação intensiva. ABL nuclear,
predominante, tem papéis na regulação transcricional, na resposta a lesões no
DNA, na apoptose, no controle do ciclo celular, e conseqüentemente, na
proliferação celular. a ABL citoplasmática é ativada por fatores de
crescimento e adesão celular, localizando-se em regiões dinâmicas do
citoesqueleto, como a F-actina (Van Etten, 1999, Woodring et al, 2003, Levav-
Cohen et al, 2005).
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
5
O gene c-bcr está localizado no braço longo do cromossomo 22, com
aproximadamente 130 kb. A proteína BCR tem atividade serina-treonina
cinase. Entre outras funções, BCR interage com proteínas G, que o
essenciais em diversas vias de sinais intracelulares, crescimento celular,
organização do citoesqueleto (Kurzrock, 2003).
1.2 BCR-ABL e as principais vias de sinalização envolvidas
Estruturalmente, BCR-ABL contém diversos domínios (Figura 2) que
regulam a atividade quinásica de ABL e/ou a conectam com outras vias. As
redes de sinalização molecular na LMC são muito complexas e BCR-ABL afeta
as vias de sinal de diversas formas. A localização citoplasmática de BCR-ABL
permite seu acesso a diversas proteínas, antes inatingível por c-ABL, que é
predominantemente nuclear (Inokuchi, 2006).
FIGURA 2. Representação da proteína quimérica p210 BCR-ABL assinalando
seus principais domínios funcionais. Adaptado de Kurzrock, 2003. (GEF
Guanine nucleotide Exchange factor; NES Nuclear Export Signal; NLS
Nuclear Localization Signal)
A expressão de BCR-ABL é suficiente para a transformação maligna
como observado em estudos in vitro e in vivo (Mclaughlin et al, 1987 e Voncken
et al ,1995). os mecanismos responsáveis pela transição da fase crônica
para a crise blástica ainda são pouco compreendidos. Acredita-se que o
aumento da expressão de BCR-ABL contribua para essa evolução, visto que
alguns estudos em linhagens LMC mostraram que BCR-ABL promove efeitos
doses-dependente na independência de fatores de proliferação, migração e as
taxas de resistência ao IM. (Barnes et al 2005). Ainda, esse aumento promove
Oligomerization
Domain
Serine/Threonine
Kinase Domain
GEF
Domain
SH3
SH2
Tyrosine
Kinase
Domain
NLS
DNA
Binding
Actin
Binding
NES
C
N
p210
BCR
-
ABL
Oligomerization
Domain
Serine/Threonine
Kinase Domain
GEF
Domain
SH3
SH2
Tyrosine
Kinase
Domain
NLS
DNA
Binding
Actin
Binding
NES
N
C
p210
BCR
-
ABL
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
6
novas mutações e o aparecimento de anomalias cromossômicas que levam ao
aparecimento das características malignas que surgem com o avanço da
doença (Calabretta e Perrotti, 2004).
Com a progressão da LMC é possível observar a ocorrência de
diversas anomalias cromossômicas não-randômicas como: Trissomia do 8
(33%), cromossomo Philadelphia adicional (30%), isocromossomo 17 (20%),
trissomia do 19 (12%), perda do Y (8% dos homens), trissomia do 21 (7%),
monossomia do 7 (7%) (Deininger et al, 2000). Estes são marcadores da
progressão da doença, mas não necessariamente são os agentes da
transformação. Ainda, essas são exemplificações das mudanças visíveis;
genes deletados, mutados, duplicados ou de alguma forma alterados, que o
são visíveis a luz da citogenética e que ainda não foram caracterizados, podem
ser os verdadeiros responsáveis pela transformação e evolução da doença.
Essas principais alterações cromossômicas não aparecem com uma alta
incidência entre os pacientes, sugerindo que a progressão a crise blástica o
depende da aquisição de mutações em uma proteína ou via única e crítica,
mas sim, reflete fenótipo mutador e um estado geral de instabilidade genética
promovido por BCR-ABL (Melo e Barnes, 2007).
A transformação mediada por BCR-ABL envolve, entre outros, a
ativação de vários intermediários de sinalização por citocinas que incluem Ras,
PI3K, Akt, Raf-1, Jak/STAT. Assim, BCR-ABL ativa vias como Ras-MAP
kinase, JAK/STAT e PI3K-Akt. Estando estas constitutivamente ativadas direta
ou indiretamente por BCR-ABL (Steelman et al, 2004).
A via Ras está constitutivamente ativada na LMC e está envolvida nos
processos de proliferação, diferenciação e apoptose induzidos por citocinas
(Sawyers et al, 2005). A ativação de Ras por BCR-ABL pode se dar de maneira
direta, ou pela ativação de outras proteínas downstream a Ras, como Raf-1.
Raf-1 pode interagir diretamente com BCR-ABL, tendo como conseqüência a
alteração da distribuição subcelular da proteína pro-apoptótica BAD, inibindo
sua atividade, e logo a apoptose (Steelman et al, 2004). Ainda, a atividade
aberrante da via Raf/MEK/ERK resulta na atividade elevada de fatores de
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
7
transcrição responsáveis pelo crescimento celular e inibição da apoptose
(McCubrey et al 2007).
A via PI3K/Akt possui um papel central na sobrevivência, proliferação,
diferenciação, adesão, metabolismo e mobilidade celular (Fruman et al, 1998).
A ativação constitutiva da via PI3K/Akt é comum a vários tipos de câncer,
assim como também evidências que a via participe da transformação
mediada por BCR-ABL. A ativação de PI3K induz uma cascata Akt-dependente
que regula a localização subcelular e atividade de seus vários alvos que
incluem BAD, MDM2, caspase 9, membros da família de fatores de transcrição
“Forkhead”, entre outros (Kharas e Fruman, 2005).
BCR-ABL também ativa/suprime genes reguladores do ciclo celular.
BCR-ABL estimula a saída do estado celular quiescente através de seus
efeitos em ciclinas e inibidores de CDK. Estudos em células BCR-ABL positivas
mostraram alterações nos padrões normais de expressão da ciclina D2 ao
longo das diferentes fases do ciclo celular. Os níveis de ciclina D2 se
mantiveram altos através do ciclo celular, implicando em um sinal de
crescimento constitutivo (Jena et al, 2002; Jagani, 2008).
Outra via anti-apoptótica ativada por BCR-ABL é aquela mediada por
STAT5 (Signal transducer and activation of transcription 5). A família STAT de
fatores de transcrição participa de diversos processos celulares que incluem
crescimento, diferenciação, respostas imunes e apoptose. STAT5 é
constitutivamente fosforilada em células BCR-ABL-positivas, induzindo assim a
upregulation da serina-treonina kinase Pim1 e genes da família anti-apoptótica
BCL-2: A1 e BCL-xL (Amarante-Mendes et al, 1998; Hoover et al, 2001).
A regulação da proliferação celular em células BCR-ABL positivas
também se por alterações em suas propriedades de adesão. Acredita-se
que a adesão de células progenitoras hematopoiéticas ao estroma medular
regule negativamente a proliferação das mesmas. Células hematopoiéticas
isoladas de pacientes com LMC apresentam múltiplas anomalias de função do
citoesqueleto, como o aumento da mobilidade celular, e baixa adesão às
células do estroma. As β-integrinas tem papel importante nessa interação
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
8
estroma/células progenitoras. As integrinas são capazes de transduzir um sinal
do meio externo para o interno e é possível que esses sinais inibam sinais de
proliferação. Estudos demonstraram que BCR-ABL desregula proteínas de
adesão como a β-integrina1 (Deininger et al, 2000; Li et al, 2007).
As vias acima descritas representam uma exemplificação de algumas
que sofrem influência da atividade tirosina cinase BCR-ABL e que levam à
caracterização fenotípica de uma célula BCR-ABL positiva: proliferação celular
constitutivamente ativada, inibição das vias apoptóticas e alteração da
adesividade celular.
2. Mecanismos de reparo de DNA
Ao longo da vida de um indivíduo, o seu genoma está sujeito a sofrer
lesões de naturezas diversas. Podem ter natureza exógena: agentes
genotóxicos ambientais (compostos alquilantes, hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos, aminas heterociclicas, etc.), drogas genotóxicas, drogas anti-
câncer, luz Ultravioleta, radiação ionizante (RI); ou endógena: espécies reativas
de oxigênio (EAO) geradas pela respiração celular, hidrólise espontânea de
bases, erros do metabolismo do DNA (recombinação, bloqueio da forquilha de
replicação) (Wyman e Kanaar, 2006).
As células dispõem de diferentes mecanismos para prevenir e reparar
lesões, e evitar o surgimento de mutações. Esses mecanismos abrangem a
parada do ciclo celular, o reparo de DNA, senescência e apoptose. Lesões no
DNA não reparadas podem ter conseqüências graves que se manifestam como
quebras/alterações cromossômicas, mutações gênicas.
A evolução de diversos tipos de câncer reflete a acumulação de
mudanças gênicas que levam a transformação de células normais em células
neoplásicas. A acumulação de alterações em genes supressores de tumor e
proto-oncogenes leva a tumorigênese e, através da seleção de variantes
genéticas, essas alterações também podem afetar as respostas à
quimioterapia e a radioterapia. Evidências m mostrando que alterações no
sistema de reparo de DNA associadas aos pontos de checagem do ciclo celular
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
9
sejam os responsáveis pela elevada instabilidade genômica em lulas
cancerosas (Melo e Barnes, 2007).
Dada sua elevada genotoxicidade e letalidade, tomamos como modelo
do presente estudo, o reparo de quebras duplas de DNA (Double strand breaks
DSBs).
2.1. Reparo de quebras duplas de DNA
DSBs o aparentemente inevitáveis conseqüências da replicação do
DNA. Elas são geradas naturalmente quando forquilhas de replicação são
bloqueadas (estresse replicativo, formações de estruturas hairpins) ou através
da reação com subprodutos metabólicos produzidos pela respiração celular
espécies reativas de oxigênio (EAO). DSBs são formadas normalmente durante
os rearranjos genômicos programados como no crossing-over da meiose e na
recombinação V(D)J, durante a maturação de linfócitos do sistema imune.
DSBs também podem ser produzidas direta ou indiretamente por agentes
externos como Radiação Ionizante (RI), agentes químicos, luz UV, agentes
intercalantes (cross linkers) e quimioterápicos anti-câncer. A falha no reparo de
DSBs ou seu reparo errôneo pode resultar na morte celular ou em mudanças
cromossômicas como deleções, translocações e fusões (Wyman e Kanaar
2006; Shrivastav et al, 2008).
Diferentes respostas a DSBs podem ocorrer nos diferentes estágios do
ciclo celular, com a concomitante ativação dos pontos de checagem. No
entanto, se a quantidade das lesões sofridas é elevada, são desencadeados
muitos sinais celulares sobrepostos que acabam por culminar na apoptose,
com a finalidade de prevenir a propagação de células cujos genomas são
instáveis (Wyman e Kanaar, 2006).
Células eucarióticas reparam DSBs pelos seguintes mecanismos: A
união não homóloga de extremidades (Non-homologous end-join - NHEJ) e as
vias de Recombinação direcionadas por Homologia (Homology directed repair -
HDR) que podem ser subdivididas em Recombinação Homóloga (RH) ou
Anelamento de fita simples (Single Strand Annealing SSA). Esses
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
10
mecanismos se diferenciam em virtude da fidelidade dos processos, sendo
NHEJ e SSA mutagênicos e a RH representando uma via de reparo de DSBs
fiel.
2.1.1. União não-homóloga de extremidades (Non-homologous end-
joining - NHEJ)
Mecanicamente, a NHEJ parece um processo relativamente simples:
um grupo de enzimas captura ambas as extremidades quebradas do DNA,
forma-se uma “ponte” molecular que une as extremidades e, em seguida, re-
ligam o DNA. Mas a realidade é que o NHEJ é um processo complexo e requer
uma ação extremamente coordenada entre suas enzimas-chave. E muitas
lacunas ainda precisam ser preenchidas para a total compreensão do
processo.
A NHEJ é iniciada pela ligação de alta afinidade do complexo protéico
Ku70/80 em ambas as extremidades quebradas do DNA. Estudos de
cristalografia do complexo revelaram que o heterodímero possui uma estrutura
semelhante a um anel aberto capaz de acomodar a hélice de DNA e promover
modificações conformacionais que permitem o deslizamento do heterodímero
(Walker et al, 2001).
Ku70/80 cria uma base para recrutamento e associação de outros
fatores. Um desses fatores é a proteína serina/treonina quinase DNA-PKcs
(DNA-dependent protein kinase catalitic subunit) que, dentre diversas funções
associadas, forma os complexos sinápticos que unem as extremidades de DNA
(Lees-Miller e Meek, 2003). É possível que a associação de DNA-PKcs à
extremidade de DNA e ao dímero Ku seja necessária para ativar seu sítio
quinase. Alguns alvos de DNA-PKcs foram identificados in vitro, como
XRCC4, Ku70, Ku80 e p53, o que sugere que DNA-PKcs regule tanto o próprio
mecanismo de NHEJ como também o ciclo celular (Smith e Jackson, 1999;
Lakin e Jackson, 1999). Além disso, o principal alvo de DNA-PKcs é a própria.
O status de fosforilaçao de DNA-PKcs determina as modificações
conformacionais necessárias para a formação do complexo sináptico. A
presença da grande molécula de 460 kDa de DNA-PKcs na sua forma não-
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
11
fosforilada bloqueia fisicamente o acesso de outras enzimas e logo inibe a
ligação efetiva das duas extremidades de DNA (Weterings e Chen, 2003).
Diversos estudos sugerem então um modelo onde a forma não
fosforilada de DNA-PKcs proteja as extremidades do DNA contra ligação de
enzimas ou degradação prematuras, até que ambas as extremidades estejam
propriamente unidas pelo complexo sináptico. A autofosforilação introduz uma
mudança conformacional que resulta na acessibilidade de novas enzimas.
Dependendo da natureza da quebra, como a formação de pontas
coesivas, deve ser feito um processamento das extremidades quebradas até
que adquiram forma de ponta abrupta. As pontas coesivas podem ser
processadas em abruptas de duas formas: através da ação enzimas como a
TdT (deoxynucleotidyltransferase) (Mickelsen et al, 1999), DNA pol µ ou DNA
pol λ que se associam ao complexo Ku (Lee et al, 2004) e atuam adicionando
nucleotídeos, utilizando-se como molde a própria fita complementar; ou através
da ressecção do DNA fita simples (single strand DNA ssDNA) a partir das
pontas coesivas, função que vem sendo atribuída a endonuclease Artemis
(Dahn, 2007). Nesse ponto, pode haver a perda ou ganho de nucleotídeos na
região da quebra.
Após o processamento adequado das extremidades do DNA, o
complexo sináptico, previamente associado, aproxima as extremidades que
vão ser ligadas por um complexo formado pelas proteínas Ligase IV e XRCC4.
A ilustração esquemática do mecanismo de NHEJ está representada pela
figura 3.
O mecanismo descrito acima se refere à forma clássica do NHEJ. No
entanto, vem sendo descrita mais recentemente uma via alternativa de NHEJ,
independente dos fatores descritos acima (Bennardo et al, 2008). A via
alternativa de NHEJ também pode ser referida como micro-SSA,
microhomology-mediated end joining (MMEJ) ou Ku-independent end joining.
Ainda não existe um consenso entre essa diversidade de terminologias, nem
com a distinção entre os eventos. Mas esse quadro reflete crescente número
de evidências da existência de múltiplas subclasses de NHEJ que estão para
serem descritas.
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
12
FIGURA 3. Modelo proposto
para a via clássica de NHEJ.
Após a ligação do
heterodímero Ku70/80, DNA-
PKcs são recrutadas. DNA-
PKcs tem sua atividade
ativada pela formação do
complexo sináptico, o que
promove sua autofosforilação
e a fosforilação de outros
alvos. As extremidades são
processadas por ressecção
(Artemis) ou por
polimerização de
nucleotídeos (DNA pol). O
complexo formado por Ku,
Ligase IV, XRCC4, DNA-
PKcs e uma DNA polimerase,
alinham, unem e ligam as
extremidades, restaurando a
molécula de DNA.
2.1.2. Reparo direcionado por homologia Recombinação Homóloga
Enquanto NHEJ funciona de maneira independente de moldes para a
reunião das extremidades quebradas, o reparo mediado por homologia re-
sintetiza seqüências lesionadas ou perdidas nos sítios de quebra utilizando
uma seqüência homóloga ao longo do genoma (Wyman e Kanaar, 2006).
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
13
A RH é considerada um sistema de reparo livre de erros, onde
seqüências homólogas servem como molde para o reparo da região lesada.
Devido à proximidade das cromátides irmãs na fase S/G2, a maquinaria de RH
pode valer-se e assim promover o reparo. Além disso, muitos componentes da
maquinaria de reparo por RH dependem da ativação/interação com
determinadas CDKs, que estão especificamente ativadas durante essas fases
(Helleday et al, 2007). com a compactação da cromatina e a ausência de
cromátides irmãs durante a fase G1, a NHEJ parece predominar no reparo de
DSBs durante essa fase (Wyman et al, 2006).
Outro fator determinante na “escolha” da via de reparo de DSBs é a
estrutura das extremidades quebradas. Quebras simples abruptas são
substratos que favorecem a rápida ligação do complexo Ku. quebras com
estruturas mais complexas, como longas extremidades coesivas e a própria
forquilha de replicação em colapso, são mais propensos a atrair a maquinaria
de recombinação homóloga (Helleday et al, 2007).
2.1.2.1. Eventos de regulação e sinalização iniciais da recombinação
homóloga em resposta a DSBs
A sinalização de lesões no DNA para a RH compreende três
mecanismos iniciais principais: Ligação do complexo de proteínas MRN ao
DNA, modificação da cromatina e a ressecção das quebras duplas, com a
formação de DNA fita simples.
A iniciação exata desses eventos ainda permanece desconhecida, mas
há evidências que sugerem que o complexo MRN seja um dos principais
sensores de lesões no DNA e que este inicie a sinalização para os outros
componentes da maquinaria de reparo. O complexo MRN (formado pelas
proteínas MRE11, NBS1 e RAD50) tem funções descritas como capacidade de
ligação a extremidades de DNA na manutenção de telômeros, atividade
nucleásica, desenovelamento do DNA e controle de pontos de checagem do
ciclo celular (Lee e Paull, 2005) (Figura 4A).
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
14
DSBs levam a ativação de duas importantes quinases: ATM (ataxia
telangiectasia mutated) e ATR (ataxia telangiectasia and Rad3 related), que
orquestram as respostas a lesões no DNA levando a ativação dos pontos de
checagem do ciclo celular que permitem o reparo da lesão. No entanto, os
determinantes estruturais do DNA que ativam ATM e ATR, e como elas se
coordenam, ainda são pouco compreendidos (Cimprich e Cortez, 2008). Ambas
quinases compartilham alvos e funções. No entanto, enquanto ATM funciona
em resposta a formação de DSBs ocasionais (como radiação ionizante e/ou
EAO), e ATR funciona a cada ciclo celular acompanhando e mantendo as
forquilhas de replicação. ATR é ativada quando a forquilha de replicação
encontra uma lesão que provoque a parada de seu andamento (Stiff et al,
2005), como moléculas intercalantes intra-fitas (interstrand crosslinks - ICLs ), e
mudanças na conformação do DNA devido ao estresse replicativo (Cimprich e
Cortez, 2008). Porém, como ICLs e a resolução parcial de forquilhas de
replicação bloqueadas também levam a formação de DSBs intermediárias,
estas podem ser também prontamente reconhecidas por ATM (Pichierri et al,
2004). Pelo fato das proteínas-foco do presente estudo serem alvos
predominantes de ATM, as vias relacionadas à mesma serão
preferencialmente descritas a seguir.
Em células nas quais os sinais de reparo não estão ativos, a cinase
ATM está inativa, na forma de homodímeros, defosforilada e dispersa no
núcleo. Com o aparecimento de lesões, como DSBs por RI, ATM converte-se
em sua forma ativa em monômeros e fosforilada em Ser1981. Essa fosforilação
tem sido atribuída ao complexo MRN. Uma vez ativada, ATM fosforila diversos
substratos e/ou os recruta aos tios de lesão (Uziel et al, 2003; Carson et al
2003). Entre os principais substratos de ATM podemos destacar NBS1, H2AX,
BRCA1, MDC1, 53BP1, Artemis, p53, CHK2 e DNA-PKs (Kobayashi et al,
2008). Alterações estruturais na cromatina também podem ativar ATM
independente de lesões (Zgheib et al, 2005) (Figura 4B).
A fosforilação da histona H2AX por ATM, considerada o primeiro
evento do reparo de DNA em muitos modelos, constitui um sinal epigenético
que é reconhecido por diversas proteínas de reparo. Entre elas podemos
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
15
destacar as proteínas adaptadoras MDC1, BRCA1, 53BP1 e RAD51, entre
outras (van Attikum e Gasser, 2009). As proteínas adaptadoras ou mediadoras
constituem uma classe de proteínas envolvidas com a promoção dos pontos de
checagem do ciclo celular, e com a propagação do sinal a partir da lesão de
DNA ao promoverem um ambiente favorável à formação de múltiplas
interações entre ATM e seus substratos (Stewart et al, 2003).
Entre as mais diversas proteínas adaptadoras da interface reparo-ciclo
celular, a proteína MDC1 é uma das primeiras proteínas a focalizar-se nos
sítios de lesão juntamente com H2AX fosforilada. O silenciamento da
expressão de MDC1 leva ao decréscimo da ativação de ATM, da sua
capacidade de focalização, e logo da fosforilação de seus substratos (Mochan
et al, 2003). Apesar da fosforilação de H2AX ser um evento independente de
MDC1, esta é menos intensa e deficiente na propagação de sinal quando
MDC1 é silenciada (Xu e Stern, 2003).
Assim, sugere-se um modelo onde, em resposta a lesão no DNA, o
complexo MRN ative ATM e essa, em seguida, fosforila seus substratos que
incluem H2AX e MDC1. A ligação H2AX-MDC1 forma um loop de ativação que
recruta a focalização de ATM e MRN. ATM amplifica a fosforilação de H2AX,
expandindo o sinal e promovendo modificações na cromatina necessárias para
o recrutamento de outras proteínas de reparo (Lou et al 2003; Lou et al, 2006;
Mochan et al, 2003) (Figura 4C).
Estudos apontam MDC1 como uma plataforma de interação proteína-
proteína que permite a ligação sustentável de proteínas como NBS1, 53BP1 e
BRCA1 aos sítios de lesão. O silenciamento de MDC1 leva a diminuição de
capacidade de focalização NBS1 e 53BP1, mas a focalização de MDC1 não é
afetada pelo silenciamento das mesmas, o que sugere que MDC1 atue
upstream (Stewart et al, 2003).
53BP1 também parece ter um papel importante na ativação de ATM,
segundo os estudos que mostraram que a fosforilação de diversos substratos
de ATM como CHK2 e BRCA1 estava bloqueada quando 53BP1 estava
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
16
silenciado, e como conseqüência, a promoção dos pontos de checagem do
ciclo celular estava prejudicada (Ward et al, 2003; Wilson e Stern, 2008).
53BP1 mostrou grande afinidade de ligação a histonas metiladas; entre
elas a H4K20me2, cuja interação com 53BP1 mostrou ter papel chave na
promoção da NHEJ. Histonas como H4K20me2 são constitutivas, mas
encontram-se inacessíveis devido à compactação da cromatina. Com a lesão
ao DNA, a cromatina pode sofrer modificações em sua estrutura e levar a
exposição dessas histonas. MDC1 possui um domínio rico em SQ que pode
modificar a cromatina ao ligar-se de forma estável a H2AX, expondo as
histonas metiladas e permitindo sua conexão com 53BP1 (Xie et al, 2007).
Outra proteína mediadora, BRCA1, também é alvo de ATM e sua
ligação à cromatina também é dependente de MDC1 (Lou et al, 2003). No
entanto, a focalização de BRCA1 requer ainda pelo menos duas proteínas
adicionais: RAP80 e ABRA1 (Wang et al, 2007).
A retenção de BRCA1 nos sítios de lesão envolve uma série de
eventos que começam com a formação do complexo MDC1-H2AX, aumento da
concentração de ATM, fosforilação de MDC1 e a focalização da proteína
ubiquitina-ligase RNF8. RNF8 tem como papel primordial ubiquitinar histonas e
proteínas fosforiladas circundantes as DSBs, promovendo assim a
reestruturação da cromatina e a exposição das histonas marcadoras. Isso
aumenta a afinidade de ligação de 53BP1 e BRCA1 à cromatina (Mailand et al,
2007). A proteína RAP80, através de seus domínios UIM, reconhece cadeias
de poliubiquitinas formadas possivelmente por RNF8, tornando viável uma
focalização mais estável de BRCA1 (Kim et al, 2007).
BRCA1 também foi reportada como tendo a capacidade de promover a
ubiquitinação de proteínas nos sítios de DSBs. A ubiquitinação de proteínas
tem como conseqüência, na maioria dos casos, a sinalização de degradação
de proteínas via proteossomo. A participação dos proteossomos no reparo de
DNA ainda é pouco conhecida. Porém diversas subunidades de proteossomos
foram descritas como alvos de fosforilação de ATM e ATR em resposta a
lesões no DNA geradas por RI. À parte da poliubiquitinação que sinaliza para a
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
17
degradação protéica, a ubiquitinação tem sido observada como um elemento
regulatório importante que governa respostas como transcrição gênica, reparo
de DNA e controle do ciclo celular (Huen e Chen, 2008).
A proteína CtIP é um dos principais alvos dessa ubiquitinação por
BRCA1 em resposta a DSBs e é um procedimento importante para seu
recrutamento aos sítios de DSBs (Yu e Chen, 2004). BRCA1 contém um
domínio N-terminal ring-finger que se dimeriza com a proteína BARD1
conferindo uma atividade de ubiqutina-ligase. Especula-se que a ligação-
ubiquitinação de CtIP por BRCA1 tenha um papel importante na regulação do
ciclo celular, principalmente durante as fases G2 e M, e na fosforilação de
CHK1 (Yu e Chen, 2004; Barber e Boulton, 2006) (Figura 4D).
Foi recentemente demonstrado que CtIP interage com o complexo
MRN na promoção da ressecção de DSBs, promovendo o reparo de DNA via
RH. Essas descobertas mostram CtIP como um regulador crítico da sinalização
para pontos de checagem e para o reparo através da regulação de MRN
(Sartori et al, 2007).
A escolha do mecanismo de reparo de DSBs depende da fase do ciclo
celular. Devido à disponibilidade de cromátides irmãs coesas durante a fase
G2/S, a recombinação homologa pode realizar-se, predominando sobre a
NHEJ. O aumento da expressão de CDKs na fase G2/S também pode
influenciar na “escolha” das vias. CtIP é fosforilado por CDKs e essa
fosforilação parece ser crucial para que haja interação entre CtIP e BRCA1. Foi
demonstrado que CDKs tem papel na formação do substrato ativador da RH: A
atividade nucleásica de MRN-CtIP na formação de ssDNA é dependente da
atividade de CDK; e o recrutamento das RPAs e RAD51 via BRCA2 é CDK-
dependente (Ira et al, 2004; Aylon et al, 2004).
Mais tardiamente, proteínas como BRCA2 e RAD51 cofocalizam-se
nas mesmas frações de cromatina. BRCA2 e RAD51 são essenciais para a
efetivação da recombinação homóloga (Hussain et al, 2004; Wang e D’Andrea,
2004). Os domínios BRC de BRCA2 ligam-se diretamente a RAD51. Esta, por
sua vez é uma enzima de recombinação que se liga a DNAs fita simples
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
18
formando um filamento nucleoprotéico essencial para os mecanismos de
recombinação. A formação do filamento nucleoprotéico permite que RAD51
ligada a DNA fita simples “invada” e promova o pareamento com as bases
homologas em dupla-fita, iniciando o intercâmbio de informação entre as
cromátides irmãs. RAD51 também interage com fatores de replicação como
PCNA e RPA, e com o complexo BLM topo III α. Este último está envolvido
na dissolução de junções Holliday (Meetei et al, 2003; Wu et al, 2005) (Figura
4E).
RAD51 também se focaliza nos sítios de DSBs de forma dependente
de MDC1, nos primeiros momentos pós formação de DSBs. O silenciamento de
MDC1 levou a aumento da degradação de RAD51, sugerindo que MDC1 regule
a RH através do controle da estabilidade de RAD51 e do seu acesso aos sítios
de recombinação (Zhang et al, 2005).
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
19
FIGURA 4. Representação esquemática do modelo de focalização e
associação das proteínas envolvidas na promoção dos pontos de checagem do
ciclo celular e reparo por recombinação homologa em resposta a quebras
duplas de DNA. (A) Devido as suas atividades intrínsecas, foi sugerido um
modelo onde o complexo MRN seja o primeiro grupo de proteínas a associar-
se ao sítio de lesão e tendo papel na ativação de ATM. (B) ATM concentra-se
no sítio de lesão, gera um loop de auto-ativação e fosforila diversos substratos,
incluindo a histona H2AX. (C) MDC1 liga-se diretamente a H2AX e provocam
modificações na estrutura da cromatina necessárias para o recrutamento de
outras proteínas mediadoras do reparo e da promoção dos pontos de
checagem do ciclo celular como NBS1, 53BP1 e BRCA1. (D) A estabilização
da ligação de BRAC1 requer uma modificação por ubiquitinação, possivelmente
promovida pela ubiquitina ligase RNP8. Uma vez estabilizada, BRCA1 pode ter
função de ubiquitina ligase que por sua vez tem como alvo a proteína CtIP. (E)
O complexo MRN-CtIP promove a formação de fragmentos ssDNA. E a
interação e concomitante ativação das proteínas focalizadas nos possíveis
pontos de quebra dupla de DNA ativam e atraem diversas proteínas que vão
promover a parada do ciclo celular necessária para a realização da RH.
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
20
2.1.2.2. Mecanismo de Recombinação Homóloga
Conforme a descrição do modelo na seção anterior, as respostas
celulares iniciais a DSBs são caracterizadas pela formação de estruturas sub-
nucleares denominadas “foci” que são formados por diversas proteínas
envolvidas com o reparo de DNA e controle do ciclo celular. Apesar de
intensamente estudados, a organização estrutural e a dinâmica pelas quais as
proteínas são recrutadas para a formação dos foci ainda não foram totalmente
elucidadas.
O primeiro passo da RH é manter a proximidade das seqüências
homólogas, possivelmente através da coesão entre as cromátides irmãs
promovidas pelas coesinas SMCs e pelo complexo RAD50/MRE11 (Wyman e
Kanaar, 2006). Em seguida, inicia-se com um extensivo processamento das
extremidades quebradas, resultando na formação de segmentos de DNA fita
simples (ssDNA) que o reconhecidas e ligadas pela proteína RPA. Essa
ressecção do DNA em ssDNA vem sendo atribuída a atividade nucleásica de
MRE11 (Valerie e Povirk, 2003) e CtIP (Sartori et al, 2007).
RAD51, uma proteína crucial na RH, liga-se a ssDNA formando um
filamento nucleoprotéico que vai buscar e invadir sua seqüência homóloga, em
um processo controlado pela proteína BRCA2 (Lord e Ashworth, 2007).
Parálogos de RAD51, RAD52 e RAD54, tem suas funções atribuídas a
mudanças conformacionais do DNA (desenovelamento da α-hélice,
despareamento das bases da seqüência a ser invadida) em um mecanismo
ATP-dependente, que também favorece a ligação de outros fatores de reparo
(Baumann et al, 1996; Gupta et al, 1997). RAD52 interage tanto com RAD51
quanto RPA, acelerando o deslocamento de RPA da ssDNA para a eficiente
interação do DNA com RAD51 (Sugiyama e Kowalczykowski, 2002). A ligação
de RAD52 a longos segmentos de ssDNA cobertos por RPA também pode
desencadear na ativação de vias alternativas de reparo direcionado por
homologia, como a via de SSA (descrita na próxima seção). No entanto, ainda
é desconhecido o mecanismo que direciona e controla essas vias. Acredita-se
que a interação de RAD51 com outras proteínas, como BRCA2, seja um critério
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
21
importante, visto que BRCA2 é necessária para a formação e estabilização do
filamento nucleoprotéico de RAD51 (Yang et al, 2005).
A helicase Srs2 de Saccharomyces cerevisiae, ainda sem
correspondente homólogo humano identificado, parece dissociar RAD51 do
ssDNA permitindo o pareamento das bases do segmento ssDNA invasor com
seu molde homólogo intacto (Marini e Krejci, 2010). Em seguida, DNA
polimerases promovem a extensão do filamento. A fita recém estendida pode
dissociar-se e anelar-se com a segunda extremidade processada da fita ssDNA
não invasora ou ambas as extremidades invadem a seqüência homóloga e
formam uma junção Holliday que são resolvidas e em seguida possíveis
lacunas geradas são reparadas por DNA polimerases e DNA ligases
(Shrivastav et al, 2008).
A ilustração esquemática do mecanismo de recombinação homóloga
está representada pela figura 5.
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
22
FIGURA 5. Reparo de quebras duplas de DNA através de recombinação
homóloga. Uma das cromátides irmãs sofre uma DSB, que é reconhecida por
proteínas sensoras e adaptadoras que promovem o processamento das fitas
quebradas resultando em fragmentos ssDNA associados à proteína RPA.
Esses, são os substratos para a formação de um filamento nucleoprotéico com
a associação da proteína RAD51 ao ssDNA formado, um evento controlado por
parálogos de RAD51 e a proteína BRCA2. O filamento nucleoprotéico direciona
o reconhecimento da homologia e o intercâmbio entre as fitas para a formação
de uma junção entre a cromátide lesada e a cromátide-irmã intacta. A
resolução desta junção intermediária é feita por polimerases e ligases que
preenchem as lacunas resultantes.
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
23
2.1.3. Reparo direcionado por homologia Anelamento de fita simples
Além da recombinação homóloga, o anelamento de fita simples SSA
é um processo não conservativo parte integrante das vias de Recombinação
direcionadas por Homologia (HDR), por também envolver a ressecção das
extremidades quebradas do DNA via MRN e CtIP. SSA envolve o anelamento
de fitas simples homólogas que formam pontes entre as extremidades das
DSBs, resultando na deleção de fragmentos entre as seqüências homólogas.
A via SSA vem sendo extensamente elucidada em modelos de
leveduras, porém ainda é pouco compreendida em eucariotos superiores. SSA
compartilha fatores da RH e da NHEJ. Quando duas seqüências adjacentes e
repetitivas estão nas proximidades das regiões de quebra, a via SSA pode ser
utilizada para o reparo da DSB. Nesse caso, fragmentos de ssDNA
previamente processados pela nuclease CtIP alinham-se e anelam-se (Figura
6). Esse processo conta com as proteínas RPA e RAD52, e é independente de
RAD51. O SSA conta com a perda de fragmentos de DNA entre as seqüências
repetitivas, assim como uma das repetições. Dessa forma, o SSA é uma via
sempre associada à mutagênese por permitir a perda permanente de longas
seqüências podendo ser uma conseqüência inevitável e involuntária da
necessidade de se criar fragmentos ssDNA. Apesar de mutagênica, a via SSA
pode ter participação marcante no reparo de DSBs, visto que o genoma
humano está repleto de elementos repetitivos, como por exemplo, elementos
Alu. Assim, SSA é uma opção de reparo de DSBs, porém sua real contribuição
ainda está para ser definida (Valerie e Povirk, 2003).
Após a formação de ssDNA, as vias HDR se divergem. A inibição das
funções de RAD51 promoveria o desvio da via de RH para SSA. Além disso,
NHEJ é ligeiramente inibida por RAD52, proteína chave na promoção de SSA.
Os mecanismos de distinção entre as diferentes vias de reparo de DSBs ainda
não foram totalmente esclarecidos, mas acredita-se que a distância entre as
seqüências homólogas e a extensão das homologias possam influenciar na
“escolha” dos processos (Bennardo et al, 2008). Por exemplo, RAD52 se liga
preferencialmente em longas extensões de ssDNA, sugerindo que RAD52 pode
ter um papel específico no anelamento de longos fragmentos de ssDNA, e logo
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
24
promover SSA (Ristic et al, 2003). De fato, RAD52 forma um anel multimérico
que tem papel na promoção da associação entre as seqüências de DNA
complementares. A proteína ERCC1 forma um heterodímero com a
endonuclease XPF que é necessária para uma eficiente SSA, funcionando na
clivagem dos fragmentos heterólogos de ssDNA que se formam em função do
pareamento das seqüencias repetitivas. A finalização do processo se pelo
preenchimento das lacunas por uma DNA polimerase (Al-Minawi et al, 2008).
FIGURA 6. Modelo de reparo por anelamento de fita simples SSA. O SSA
ocorre quando a DSB é formada nas proximidades de seqüências de DNA
repetitivas. O comprimento dos fragmentos de ssDNA, formados por atividade
de nucleases, e a extensão das homologias que vão de microhomologias a
centenas de pares de bases, podem determinar a execução do SSA. No caso
de longas extensões de homologias entre seqüências repetitivas, as proteínas
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
25
RPA e RAD52 promovem o pareamento do DNA, seguido da remoção dos
fragmentos não-pareados pela nuclease ERCC1/XPF e pelo preenchimento
das lacunas resultantes por uma DNA polimerase.
2.2. Os efeitos de BCR-ABL nos mecanismos de reparo de DNA
Mecanismos de vigilância da integridade do genoma e mecanismos de
reparo de lesões parecem estar alterados na LMC. E a falha nesses
mecanismos pode contribuir para a instabilidade genética não da LMC, mas
da maioria dos cânceres humanos.
Os mecanismos responsáveis pela transição fase crônica para crise
blástica ainda são pouco compreendidos. Com base em alguns estudos, um
modelo que explique a evolução da LMC sugere que, o aumento da expressão
e da atividade de BCR-ABL promova o surgimento de anomalias genéticas
secundárias tanto moleculares quanto cromossômicas que levariam ao fenótipo
maligno observado nos estágios mais avançados da doença (Calabretta e
Perrotti, 2004). Apesar de algumas alterações serem mais comuns que outras,
as mutações secundárias variam bastante, e mais refletem um estado geral de
instabilidade genômica, do que um efeito focado sob loci particulares.
Anomalias genéticas e cromossômicas estão consistentemente
aumentadas em células BCR-ABL positivas, apesar de serem modestas. Esses
aumentos foram observados tanto espontaneamente, após longos períodos de
expressão de BCR-ABL, quanto pós-indução de lesões por agentes
genotóxicos (Deutsch et al, 2003; Koptyra et al, 2008). E novamente, são
alterações que parecem ser randômicas, condizentes com o fenótipo mutador.
As lesões observadas nas células BCR-ABL positivas podem surgir de
diferentes formas. Alguns estudos demonstraram que BCR-ABL induz uma
produção elevada de espécies reativas de oxigênio (ROS) que causam lesões
oxidativas que culminam na formação de DSBs (Sattler et al, 2000; Nowicki et
al, 2004). As lesões também podem surgir em virtude de proliferação
desordenada. Como as próprias DNA polimerases podem causar erros durante
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
26
a replicação do DNA, o simples aumento da freqüência de replicação eleva a
probabilidade do surgimento de novas aberrações.
As lesões no DNA podem ter como conseqüência mutações pontuais,
alterações de um (ou oligo) nucleotídeo(s), quebras de fita única ou dupla.
Geralmente, quebras de fita única são propensas a culminar na formação de
quebras duplas. que o foco da presente tese é o reparo de quebras duplas,
a descrição dos efeitos de BCR-ABL no reparo segue focando nos mecanismos
de reparo deste tipo de lesão.
Como descrito na seção anterior, DSBs podem ser reparadas tanto
por mecanismos de alta fidelidade RH, quando a disponibilidade de uma
cromátide irmã que sirva como molde. O que ocorre entre as fases S e G2 do
ciclo celular. Ou, as quebras podem ser reparadas por mecanismos não
fidedignos como NHEJ e SSA que podem gerar deleções ou mutações entre as
fitas reparadas.
Recentemente, Dierov e colaboradores (2009) mostraram que
linhagens BCR-ABL positivas adquiriram mais translocações e aneuploidias,
em resposta a tratamentos genotóxicos, do que as células controle.
Translocações ocorrem como resultado de reparo errôneo de DSBs. E por isso,
muitos laboratórios vêm focando seus estudos nas formas em que BCR-ABL
participa da alteração da eficiência e/ou fidelidade das vias de reparo de DSBs.
NHEJ é um mecanismo reconhecidamente não fiel onde o reparo da
maioria das quebras resulta na formação de pequenas deleções ou inserções
entre as extremidades unidas. Ainda, pode ocorrer o surgimento de
translocações quando cromossomos são incorretamente justapostos.
Células de murinos BCR-ABL positivas apresentaram as atividades de
NHEJ e RH aumentadas. Ainda no mesmo estudo, foi averiguado que os
produtos desses reparos apresentaram maiores deleções resultantes da NHEJ
e mutações quando resultantes de RH, o que indica um maior
comprometimento da fidelidade dos mecanismos (Slupianek et al, 2006). Esses
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
27
resultados foram ainda confirmados em células de pacientes e na linhagem
LMC, K562 (Gaymes et al, 2002).
Apesar de evidências apontarem que a expressão de BCR-ABL leve ao
aumento das freqüências de NHEJ, os mecanismos pelos quais BCR-ABL
afeta a via ainda não foram esclarecidos. Proteínas-chave da NHEJ, Ku70,
Ku80 não apresentaram diferenças na expressão protéica quando comparadas
células BCR-ABL positivas e negativas. No entanto, a proteína DNA-PK
apresentou níveis de expressão protéica inferiores em células BCR-ABL
positivas (Deutsch et al, 2001). o grupo de Slupianek observou aumento da
expressão de Ku70 e Ku80 apenas em resposta a irradiação e os níveis de
DNA-PKs se mostraram similares entre as linhagens BCR-ABL positivas e
negativas. Contudo, essas observações se devem mais ao aumento do número
de DBSs em células BCR-ABL positivas do que propriamente uma regulação
mediada por BCR-ABL. Estudos paralelos mostraram que células CD34+ e
linfócitos de sangue periférico normais quando tratados com irradiação também
apresentaram um padrão similar de NHEJ e misrepair comparáveis com
aqueles observados nas células LMC (Burke e Carroll, 2008). Assim, a
variação na expressão de proteínas da maquinaria da NHEJ seria
conseqüência do aumento nos níveis de lesões.
Mecanismos alternativos de NHEJ têm sido identificados, porém ainda
não foram bem definidos. Eles atuam como um backup da via clássica do
NHEJ, porém apresentam maiores freqüências de erros, e apresentam fatores
protéicos distintos. Sallmyr e colaboradores (2008) examinaram se alguns
componentes dessa via alternativa NHEJ poderiam estar envolvidos no reparo
de DSBs alterado pela LMC. Os resultados mostraram níveis reduzidos das
proteínas Artemis e DNA ligaseIV em células BCR-ABL positivas, comparando
com as negativas. Por outro lado, as proteínas WRN e DNA ligaseIIIα se
apresentaram mais expressas e ainda formando complexos em resposta a
DSBs nas lulas LMC. Resultado que sugere que BCR-ABL também possa
estar atuando sobre as vias de sinalização de NHEJ alternativas.
A recombinação homóloga, um mecanismo de reparo de alta fidelidade,
em células BCR-ABL positivas de murinos, apresentou maior freqüência do que
I. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
28
nas suas contrapartes negativas (Slupianek et al, 2006; Nowicki et al, 2004).
No entanto o envolvimento dos fatores de RH com a atividade de BCR-ABL
ainda foi pouco descrito.
RAD51 apresentou-se com uma expressão elevada em células BCR-
ABL positivas de murinos em resposta a irradiação (Slupianek et al, 2006) e
também em condições não tratadas (Slupianek et al, 2002). Esses estudos
ainda mostraram um aumento na co-focalização de RAD51 com a histona
ɣH2AX por imunofluorescência. No entanto, esse resultado também pode ser
um artefato, devido ao aumento normal descrito da expressão de RAD51 em
resposta a lesão.
A helicase BLM e o componente do complexo MRN, a proteína NBS1,
tem papeis importantes no reparo de forquilhas de replicação colapsadas, por
RH. Em lulas BCR-ABL positivas ambas as proteínas apresentaram
expressão mais elevada do que as contrapartes negativas e a ativação de
NBS-1 através da fosforilação da Serina343 em resposta a tratamentos com
drogas genotóxicas também estava mais elevada (Slupianek et al, 2005; Rink
et al, 2007).
O SSA é um mecanismo de reparo que, apesar de ser considerado um
processo de RH não conservativo, envolve diversos fatores comuns às outras
vias, com exceção de RAD51. SSA também parece apresentar uma freqüência
mais elevada em células BCR-ABL positivas do que nas negativas (Fernandes
et al, 2009; Cramer et al, 2008). Entre os fatores que participam do processo,
RAD52 e ERCC1 tiveram seus níveis de expressão analisados, porém não
foram observadas alterações.
São crescentes as evidências que mostram que as células BCR-ABL
positivas estão sujeitas a acumulação de mutações no DNA como uma
conseqüência dos efeitos de BCR-ABL na fidelidade dos processos de reparo
de DNA. No entanto, ainda são desconhecidos quais processos de reparo de
DNA são críticos para o desenvolvimento da LMC e como BCR-ABL atua na
desregulação dos mesmos.
II. OBJETIVOS
_______________________________________________________________
29
II. Objetivos
II. OBJETIVOS
_______________________________________________________________
30
O presente trabalho tem como objetivo primordial de avaliar a
importância da sinalização de BCR-ABL nas vias de reparo de quebras duplas
de DNA e na busca de novos alvos de BCR-ABL inseridos nessas vias de
sinalização.
Avaliar o status de ativação dos diferentes tipos de reparo de
quebras duplas de DNA
Esclarecer a participação das proteínas de HDR - MDC1, 53BP1 e
CtIP na possível modulação das vias de reparo promovida BCR-
ABL
Identificação de novos alvos de BCR-ABL envolvidos na
instabilidade genômica através da metodologia proteômica
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
31
III. Material &
Metodologias
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
32
1. Linhagens Celulares
Para entender o papel da expressão de BCR-ABL em células
leucêmicas humanas em cultura, utilizamos as linhagens celulares Mo7e, MBA
(Mo7e.BCR-ABLp210) e K562(Δ3’).
Mo7e é uma linhagem celular leucêmica proveniente de um paciente
com leucemia megacarioblástica aguda, cujo crescimento é dependente de
fatores de crescimento como IL-3 ou GM-CSF. a linhagem MBA foi obtida
através da transfecção estável de células Mo7e com o plasmídio pGD210
contendo o gene bcr-abl p210 (Sirard et al,1994; Berman et al, 2000). Ambas
as linhagens foram gentilmente cedidas pelo Dr. John Dick do departamento de
genética médica e molecular da Universidade de Toronto, Canadá.
As linhagens Mo7e e MBA foram cultivadas em meio de cultura
RPMI1640, suplementado com 15% (v/v) de soro fetal bovino, 100 U/mL de
penicilina, 100 ug/mL de estreptomicina e 2 mM L-glutamina. À cultura da
linhagem Mo7e foi adicionado 10 ng/mL de GM-CSF.
A linhagem K562(Δ3’), um sub-clone da linhagem leucêmica K562
transfectado de forma intracromossômica estável com o construto pHR-
EGFP/3’-EGFP (Akyüz et al, 2002) foi cultivada em meio de cultura RPMI1640,
suplementado com 12% (v/v) de soro fetal bovino, 2 mM L-Glutamina e 200
ng/ml de antibiótico Refobacin®.
As culturas foram mantidas em estufa úmida a 37°C e CO
2
a 5%.
2. Tratamentos e Verificação da viabilidade celular
As culturas celulares, numa concentração de 4X10
5
células/mL, foram
incubadas com Mesilato de Imatinib (IM) em concentrações finais que variaram
de 0,1 µM a 2 µM.
Para a geração de lesões no DNA, predominantemente quebras duplas
de DNA, as células foram tratadas em dose de 6 Gy de radiação ionizante em
irradiador de fonte Césio 137. As células também foram submetidas a
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
33
tratamentos com droga genotóxica formadora de crosslinks no DNA, Mitomicina
C (250 ng/mL) (Sigma) e a droga radio-mimética Bleomicina (20 U/mL)
(Sigma).
A sobrevivência celular foi avaliada através de contagem com Azul de
Tripan nos tempos 48 e 72 horas pós-tratamento, utilizando hemocitometro
e/ou através do método colorimétrico WST-1 (Roche), um substrato que mede
a atividade metabólica de células viáveis, segundo instruções do fabricante.
3. Ensaio EGFP-FACS e Silenciamento
Para a análise dos diferentes mecanismos de reparo de DSBs entre as
células BCR-ABL positivas e negativas, foi utilizado o ensaio EGFP-FACS,
conforme descrito por Akyüz e colaboradores (Akyüz et al, 2002).
No presente estudo, foram utilizados os seguintes substratos
plasmidiais repórteres de reparo de DNA: EJ-EGFP (na avaliação das
freqüências de NHEJ), Δ-EGFP/5’EGFP (para recombinação homóloga, em
seqüências curtas de homologia), HR-EGFP/5’EGFP (para recombinação
homóloga, em seqüências longas de homologia), 5’EGFP/HR-EGFP (para
SSA), e Δ-EGFP/3’EGFP (para SSA e RH) (Figura 7). Mo7e e MBA foram
transfectadas por eletroporação com uma mistura de 10 µg (quando utilizados
5’EGFP/HR-EGFP, Δ-EGFP/3’EGFP ou EJ-EGFP) ou 60 µg (quando utilizados
Δ-EGFP/5’EGFP ou HR-EGFP/5’EGFP) do substrato plasmidial, com 10 µg de
plasmidio de expressão para a meganuclease I-SceI (pCMV-I-SceI) e 10 µg de
pBS, um plasmídio controle de preenchimento. A eletroporação foi feita a 220 V
e 1050 mF. A ilustração esquemática do ensaio EGFP-FACS com a
reconstituição do gene EGFP selvagem pode ser observada na figura 8.
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
34
FIGURA 7. Ilustração esquemática das construções plasmidiais repórter de
reparo utilizados para análise das diferentes vias de reparo de DSBs. O ensaio
monitora a reconstituição do gene EGFP selvagem após clivagem mediada
pela meganuclease I-SceI. A clivagem ocorre entre os segmentos do gene
EGFP mutados, nos sítios de reconhecimento de I-SceI (triângulos) levando a
ativação dos processos de reparo e logo, a reconstituição do gene EGFP
selvagem, sob o controle do promotor CMV (seta dobrada). No construto EJ-
EGFP, o sítio de reconhecimento de I-SceI é flanqueado por regiões de micro-
homologia contendo 5 pares de bases e permitindo a quantificação da via de
NHEJ. Os segmentos do gene EGFP, 5EGFP e 3EGFP representam versões
truncadas de EGFP que provêem seqüências para o desencadeamento do
reparo de DSB da variante de EGFP clivada. Os construtos Δ-EGFP/5EGFP
(RH, homologias curtas) e HR-EGFP/5EGFP (RH, homologias longas) foram
utilizados para a análise da recombinação homóloga conservativa. 5’EGFP/HR-
EGFP foi utilizado para a análise de SSA. Δ-EGFP/3EGFP permitiu o
monitoramento de ambos reparos conservativos RH; e não conservativos
SSA.
Para analisar a reconstituição do gene selvagem EGFP, num âmbito
intra-cromossomial, a linhagem K562(Δ3’) sofreu eletroporapção, a 200V e
1050 mF, com 10 µg de pCMV-I-SceI e 10 µg pBS.
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
35
Em seguida às eletroporações, as células eram mantidas em cultivo
nos meios apropriados, desprovidos de antibióticos. Após 48 horas, as células
foram analisadas por citometria de fluxo - FACS® Calibur FACScan (Becton &
Dickinson).
FIGURA 8. Ilustração esquemática do ensaio EGFP-FACS, tomando como
exemplo o plasmídeo HR-EGFP/5EGFP. Com a formação de uma quebra dupla
de DNA pela meganuclease I-SceI em seu tio específico de reconhecimento,
a maquinaria de reparo de DSBs presente na célula promove o reparo por
recombinação homóloga, que leva à reconstituição da forma selvagem do gene
EGFP. As lulas expressando proteínas EGFP são detectadas por citometria
de fluxo dentro de uma população de células não fluorescentes, tornando
assim possível detectar as freqüências de reparo de forma quantitativa.
Cada análise de cada linhagem foi acompanhada pelos mesmos
procedimentos de eletroporação e mesmas misturas de plasmídios, exceto por
incluir 10 µg de plasmídio contendo o gene selvagem EGFP no lugar do pBS.
As frações obtidas de células EGFP-positivas nesses controles foram utilizadas
como taxas de eficiência de transfecção.
Para silenciar a expressão de proteínas específicas e avaliar seus
efeitos junto às mensurações do reparo de DNA, foram utilizados construtos de
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
36
shRNA para CtIP (pRS-CtIP) e MDC1(pRS-MDC1). pRS-CtIP ou pRS-MDC1
foram co-transfectados com os substratos plasmidiais de reparo de DSBs. Para
as linhagens Mo7e e MBA, a mistura de plasmídios a ser transfectada era
constituída de: 60 µg de pRS-shCtIP, 10 µg pCMV-I-SceI, 10 µg pRS
(plasmídio controle de preenchimento) e 10 µg 5’EGFP/HR-EGFP ou Δ-
EGFP/3’EGFP. A linhagem K562(Δ3’), previamente tratada ou não com IM, foi
transfectada com 60 µg de pRS-shCtIP ou pRS-shMDC1, 10 µg pCMV-I-SceI e
10 µg pRS. Para a inativação da proteína RAD51 endógena em Mo7e, MBA e
K562(Δ3’), os mesmos protocolos de transfecção descritos acima para cada
linhagem foram feitos, porém utilizando 30 µg do construto pcDNA3.1-
Rad51SM e seu respectivo controle.
As taxas de eficiência de transfecção e normalização foram obtidas
conforme descrito acima.
As significâncias estatísticas das diferenças foram determinadas por
teste de Student’s T para amostras não pareadas.
4. RT-PCR e PCR em tempo real (QRT-PCR)
Para avaliar quantitativamente os níveis dos transcritos 53BP1, MDC1
e CtIP em Mo7e e MBA em resposta a diferentes condições de tratamento -
1µM Mesilato de Imatinib (IM) e/ou exposição a 6 Gy de radiação ionizante, e
amostras controle não tratadas - foram realizadas reações de PCR em tempo
real (QRT-PCR) utilizando os iniciadores específicos para cada gene: 53BP1
(F: 5’GCAGAACTTCCTGGAGCTCTG3’ R:
5’CTTCAGCACACTTCAGCACCG3’); MDC1(F:
5’ACCTGAGAACTCCACTACCCT3’ R:5’GGTCCCACCCATGTTCCAG3’); CtIP
(F: CCACTCAGACTTGTATGGAAAGAG R: CTATGTCTTCTGCTCCTTGCC);
O gene ACTB foi utilizado como controle endógeno de expressão utilizando os
iniciadores F: 5’CGCCAACACAGTGCTGTCT3’ e R:
CACGGAGTACTTGCGCTCAG.
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
37
RNAs foram extraídos e processados com reagente TRIzol®
(Invitrogen). Os RNAs totais obtidos foram tratados com DNAse Amplification
Grade I (Invitrogen) e reversamente transcritos com Superscript III Reverse
Transcriptase® (Invitrogen), seguindo instruções do fabricante. As QRT-PCRs
foram feitas com 1 ng de cDNA, 500 μM de cada oligonucleotideo iniciador e
com o corante SYBR GREEN (Power SYBR Green PCR Master Mix® - Applied
Biosystems) no termociclador ABI Prism 7000 termocycler (Applied
Biosystems). Os ciclos das PCRs foram: 95°C por 10 minutos, seguidos de 45
ciclos de 95ºC por 15 segundos e 60ºC por 1 minuto. Os níveis de mRNA foram
normalizados contra os níveis de mRNA para o gene ACTB. A variação dos
níveis de mRNA foi calculada usando o método ΔΔCt.
5. Preparação de extratos protéicos e Immunoblotting
Para verificar possíveis alterações da expressão de proteínas foi
empregada a metodologia Immunoblotting. Os extratos totais de proteínas
foram obtidos através de lise osmótica em tampão 50 mM Tris-HCl, pH 7.6; 150
mM NaCl; 2 mM EGTA; 2 mM EDTA; 25 mM ß-glicerolfosfato; 0,4% (v/v) NP-
40; coquetel de inibidores de protease (Roche Diagnostics). O tampão foi
colocado sob o sedimento celular previamente lavado em tampão fosfato-salino
(PBS), incubado por 30 minutos a 4ºC e, em seguida, foi feita centrifugação a
12000g por 30 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi tomado como extrato total.
Para obtenção de extratos enriquecidos de proteínas nucleares, as
células foram submetidas, primeiramente à lise parcial (citoplasmática) com
tampão A (10 mM Tris-HCl pH 8, 50 mM KCl, 1 mM EDTA, 1 mM EGTA, 1 mM
DTT, 0,08% (v/v) NP-40). O sedimento de núcleos foi obtido após centrifugação
a 2500 g por 5 minutos a 4ºC, o sobrenadante foi descartado, e foi então
colocado tampão C (20 mM Tris-HCl pH 8.0, 400 mM NaCl, 0,5 mM EDTA, 0,5
mM EGTA, 1,5 mM MgCl
2
, 25% (v/v) Glicerol) por 15 minutos a 4ºC. As
amostras foram centrifugadas a 12000 g por 15 minutos a 4ºC. O sobrenadante
foi tomado como extrato protéico enriquecido nuclear.
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
38
Os extratos protéicos foram quantificados por BCA protein assay kit
(Pierce) ou por reação de Bradford.
As proteínas foram resolvidas em gel de poliacrilamida, sendo em
seguida transferidas para membrana de nitrocelulose - Hybond-C Extra
membrane (GE Healthcare) - em sistema de transferência em tanque. Após
transferência, as membranas foram incubadas com anticorpos de interesse
permitindo identificar variações nos níveis protéicos.
Os anticorpos utilizados foram: anti-MDC1, anti-β-Actina (Santa Cruz
Biotech), anti-53BP1 e anti-S25-53BP1 (ABCAM), anti-CtIP (612L e 14-1,
ambas gentilmente doadas pelo Dr. Richard Baer Columbia University
Medical Center e Santa Cruz Biotech). Os níveis protéicos foram normalizados
em relação à expressão da proteína β-Actina. A detecção do sinal de
expressão foi feita através da incubação com anticorpos conjugados com HRP
(Horseradish peroxidase) por quimiluminescência (ECL detection reagents®
GE HealthCare, ou SuperSignal West Pico Chemiluminescent Substrate -
Pierce) captada por autoradiograma.
6. Imunofluorescência
As linhagens celulares Mo7e e MBA, não tratadas e as submetidas a
diferentes tratamentos (RI, MMC e Bleomicina), foram fixadas em lâminas
previamente tratadas com poli-L-Lisina (Sigma) através de Cytospin (Shandon
Cytospin3®) a 550 rpm por 5 minutos. Para a visualização dos foci nucleares
de RPA foi necessário incubar as lâminas em solução de pré-extração gelada
(25 mM Hepes 7.4, 50 mM NaCl, 1 mM EDTA, 3 mM MgCl
2
, 300 mM sucrose,
0,5% TritonX-100) por 2 minutos. A fixação foi feita imediatamente após
Cytospin em Metanol/Acetona (1:1) por 10 minutos a -20ºC ou em 3,7% de
solução Formaldeído em PBS em temperatura ambiente. As células foram
lavadas em PBS-T [tampão fosfato-salino adicionado de Triton® a 0,1% (v/v)]
por 3 vezes, 5 minutos cada, e em seguida bloqueadas em Soro Normal de
Cabra a 5%(v/v) em PBS por 1 hora em temperatura ambiente. Os anticorpos
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
39
primários anti-CtIP (1:20), anti-ɣH2AX (1:300), anti-53BP1 (1:300) e anti-RPA
(1:25) foram diluídos nas proporções indicadas em solução de bloqueio e foram
incubados junto as lâminas por 16 horas a 4ºC. As lâminas foram lavadas em
PBS-T por 3 vezes, 5 minutos cada, e incubadas com anticorpos secundários
conjugados a Cy3, FITC ou Alexa455 (Invitrogen) por 1 hora em temperatura
ambiente. Após lavar as lâminas por mais 3 vezes em PBS-T, os núcleos foram
corados em DAPI (4',6-diamidino-2-phenylindole) e as lâminas foram
montadas com meios de montagem PPD (p-paraphenylenediamine) em glicerol
ou Mowiol®:DABCO (1,4-diazabicyclo[2.2.2]octane) na proporção de 3:1. As
lâminas marcadas para 53BP1 e RPA foram visualizadas em microscópio de
fluorescência Olympus BX51 epifluorescence microscope, fotografadas pela
câmera Olympus XC10 e analisadas por CellF 2.5® analysis software/mFIP
software (Soft imaging system). Visualização, fotografia e análises de lâminas
marcadas para CtIP e ɣH2AX foram conduzidas em microscópio
ApoTome®Carl Zeiss® e no software Axio Vision.
7. Extração e Isolamento de Cromatina
Para obtenção de um extrato protéico nuclear enriquecido com
proteínas associadas à cromatina, as células foram primeiramente lavadas com
PBS e, em seguida, houve adição de Tampão A (10 mM HEPES pH 7,9, 10
mM KCl, 1,5 mM MgCl
2
, 1 mM CaCl
2
0,34 M sucrose, 10% glicerol, 1 mM DTT,
0,1% (v/v) Triton® e inibidores de protease) ao pellet de células que foi deixado
por 10 minutos a C. Um precipitado de núcleos (P1) foi obtido por
centrifugação a 1300g por 4 minutos a 4ºC. O sobrenadante com proteínas
citoplasmáticas (S1) foi removido. P1 foi lavado com Tampão A sem Triton® e
em seguida foram adicionados 200 µL do mesmo tampão com 25 U de
Microccocal nuclease para a fragmentação da cromatina. P1 foi incubado por
15 minutos a 37ºC. A reação foi interrompida pela adição de 5 mM de EGTA. O
sobrenadante contendo o extrato de cromatina (S3) foi obtido por centrifugação
a 1300g por 5 minutos.
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
40
8. Eletroforese Bidimensional
Os extratos de cromatina foram submetidos à precipitação mediante o
kit 2D-Clean up (GE Healthcare), segundo as orientações do fabricante. O
precipitado protéico resultante do 2D-Clean up kit, foi ressolubilizado em 200
µL de tampão de amostra/hidratação [7 M Uréia, 2 M Tiouréia, 2% (p/v) NP-40,
0,5% (v/v) Tampão IPG pH 4 pH 7 (GE Healthcare), 15 mM DDT (ditiotreitol),
0,002% (p/v) azul de bromofenol].
A hidratação e a isoeletrofocalização foram feitas em IPG strips
(Immobilized pH gradient) (GE Healthcare) de matriz de poliacrilamida
contendo gradientes de pH que variam de pH 4 a pH 7 pelo sistema Ettan
IPGphor 3, segundo o programa:
ETAPA
TEMPO (h)
VOLTAGEM (V)
1
16
14
2
2
100
3
3
250
4
2
500
5
3
1000
6
2
6000
7
2
8000
8
1
6000
Após o término da isoeletrofocalização, as IPG strips foram
equilibradas em tampão de equilíbrio SDS [50 mM de Tris-HCl pH8.8, 6M uréia,
30% (v/v) glicerol, 2% (p/v) SDS, 0,002% (p/v)] em duas etapas:
Primeiramente, as IPG strips foram equilibradas com tampão de equilíbrio 1,
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
41
contendo 15mM DTT durante 15 minutos. Após esse tempo, o tampão 1 foi
substituído por tampão de equilíbrio 2, contendo 260mM de Iodoacetoamida,
por mais 15 minutos.
Após o equilíbrio, as IPG strips estavam prontas para serem
submetidas à segunda dimensão SDS-PAGE. Esta foi feita através do sistema
Multiphor® II Electrophoresis Unit em géis ExcelGel® (GE Healthcare) de
gradiente de poliacrilamida de 8%-18%.
A coloração empregada foi a Coomasie Coloidal: Imediatamente após a
eletroforese, o gel foi fixado em solução 30% (v/v) Etanol e 3% (v/v) Ácido
fosfórico, durante 40 minutos sob leve agitação. Após a fixação, o gel foi lavado
em solução 3% (v/v) de ácido fosfórico por duas vezes, durante 20 minutos
cada lavagem. Em seguida, o gel foi equilibrado durante 30 minutos em
solução 3% (v/v) ácido fosfórico, 18% (v/v) etanol e 15% (p/v) sulfato de
amônio. Transcorrido esse tempo, foi adicionado ao gel uma solução 3% (p/v)
de Coomassie Brilliant Blue G-250. O gel ficou sob esta condição durante
aproximadamente 48 horas.
Após a eletroforese bidimensional, os géis foram escaneados e
digitalizados pelo programa LabScan® (GE Healthcare), e analisados no
programa ImageMaster 2D Platinum® (Healthcare).
9. Espectrometria de massas
Os resultantes da eletroforese bidimensional foram retirados,
cortados em pequenos fragmentos e descorados com 200 µL de solução 40%
(v/v) acetonitrila, 25 mM de bicarbonato de amônio durante 30 minutos. Após
esse tempo, as amostras com solução descorante foram submetidas ao banho
sonicador durante 5 minutos. A solução descorante foi descartada e substituída
por uma nova, e o processo acima foi repetido por mais duas vezes. Os géis
foram então desidratados; foi adicionado Acetonitrila 100% por 10 minutos. A
acetonitrila foi removida. Para digestão trípitca, aos géis desidratados foram
colocados em 10 μL de solução de tripsina (Promega) (20 ng/μL em solução de
III. MATERIAL E METODOLOGIAS
_______________________________________________________________
42
50 mM de bicarbonato de amônio), e foram mantidos a 4ºC durante 30 minutos.
Após a re-hidratação com a solução de tripsina, foram adicionados 10 μL de
solução 50 mM de bicarbonato de Amônio e as amostras sofreram digestão
durante 20 horas a 37˚C. A extração dos peptídeos resultantes da digestão foi
feita através da adição de solução de extração: 5% TFA, 50% ACN.
Para a identificação por espectrometria de massas, a solução contendo
os peptídeos extraídos foi misturada a uma matriz ácida -Cyano-4-
hydroxycinnamic acid) e submetida à espectrometria de massas em MALDI-
TOF-TOF Voyager 4700 (Applied Biosystems).
Os espectros obtidos foram analisados no banco de dados MASCOT.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
43
IV. Resultados
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
44
1. Estabelecimento do Modelo de Estudo.
1.1 Avaliação da expressão de BCR-ABL.
Com o objetivo de validar os modelos celulares quanto à expressão
transcricional de BCR-ABL, foi feito RT-PCR para as células Mo7e, Mo7e.BCR-
ABL (MBA) e K562. Conforme mostrado na figura 9, a linhagem Mo7e mostrou
expressão negativa para o gene BCR-ABL enquanto as linhagens MBA e K562
mostraram expressão positiva.
FIGURA 9. Análise por RT-PCR da expressão transcricional de BCR-ABL nas
linhagens celulares Mo7e, MBA e K562. A expressão transcricional do gene
constitutivo GAPDH foi utilizada como controle.
1.2 Verificação da viabilidade celular em resposta ao tratamento com
Mesilato de Imatinib (IM)
Para avaliar e comparar a viabilidade celular entre lulas BCR-ABL
positivas e negativas ao tratamento com IM, inibidor da atividade cinásica de
BCR-ABL, as linhagens Mo7e, MBA e K562 foram tratadas com IM na
concentração de 1,0 µM. A sobrevivência celular foi determinada conforme
apresentado na figura 10. Foi demonstrada a sensibilidade das células BCR-
ABL positivas - MBA e K562 - ao tratamento com IM, onde essas mostraram
viabilidade em cerca de 10%-30% após 96 horas de tratamento, enquanto as
células BCR-ABL negativas Mo7e - mantiveram sua viabilidade e
crescimento. Esse experimento foi importante para determinar o tempo ótimo
de tratamento para as futuras abordagens moleculares com estas linhagens, de
modo que se pudesse avaliar a eficácia do tratamento sem que houvesse uma
perda muito significativa da quantidade celular.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
45
FIGURA 10. Viabilidade celular das linhagens Mo7e, MBA e K562 tratadas com
1 M de Mesilato de Imatinib após 24, 48, 72 e 96 horas.
1.3 Verificação da eficácia do tratamento de irradiação ionizante para
formação de DSBs
Para verificar a geração de DSBs e a eficiência das doses aplicadas,
primeiramente as linhagens Mo7e e MBA foram tratadas com doses crescentes
de radiação ionizante (0, 2, 6, 10 e 12 Gy) e tiveram suas viabilidades
verificadas após 48 e 72 horas. A partir das análises da viabilidade celular em
resposta aos tratamentos, foi escolhida a dose de 6 Gy, pois essa dose não
comprometia a viabilidade da cultura celular. Para verificar a eficiência da dose
escolhida na promoção de quebras duplas de DNA, as células foram irradiadas
a 6 Gy e, em seguida, foram fixadas em lâmina e submetidas ao ensaio de
imunofluorescência para visualização do marcador de DBSs, a histona H2AX
fosforilada em serina 139 em resposta a quebra (Paull et al, 2000). A figura 11
mostra a eficiente promoção da fosforilação de H2AX-Ser 139 após 30 minutos
de irradiação a 6 Gy.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
46
FIGURA 11. Evidência da fosforilação da histona H2AX em resposta a
tratamento com radiação ionizante. Células foram irradiadas a uma dose de
6Gy, deixadas em recuperação por 30 minutos antes de serem imobilizadas e
fixadas em lâmina seguida de marcação com anticorpos para H2AX-Ser 139.
Núcleos foram corados com DAPI.
2. Comparação das freqüências dos diferentes mecanismos de reparo
de quebras duplas de DNA entre Mo7e e MBA.
Estudos prévios mostraram individualmente o potencial efeito de BCR-
ABL no reparo de DSBs, utilizando em sua maioria, modelos murinos
(Slupianek et al, 2001; Brady et al, 2003; Cramer et al, 2008; Fernandes et al,
2009). Para analisar mais sistematicamente os efeitos da expressão de BCR-
ABL no reparo de DSBs em linhagens humanas, foi utilizado o ensaio EGFP-
FACS que permite a análise comparativa dos diferentes mecanismos de
reparo. O princípio dessa técnica consiste em monitorar a reconstituição do
gene EGFP selvagem, através de citometria de fluxo, pela quantificação de
células marcadas por fluorescência verde dentro de uma população não-
marcada.
O reparo de DNA é iniciado após a formação de DSB in vivo pela
expressão da meganuclease I-SceI que introduz uma quebra dupla única em
uma seqüência específica contida na construção plasmidial repórter de reparo.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
47
Para discriminar entre as diferentes vias de reparo de DSBs, foram utilizados
diferentes construções plasmidiais que permitem a análise individual de NHEJ
(EJ-EGFP), SSA (5’EGFP/HR-EGFP), HR (HR-EGFP/5EGFP, Δ-
EGFP/5EGFP), e também o reparo geral direcionado por homologia (HDR),
isto é, SSA e RH (Δ-EGFP/3EGFP) (Figura 7).
Para excluir os efeitos indiretos ao reparo relativos a variações na
transfecção, crescimento celular e mortalidade celular, paralelamente às
analises, foram feitas transfecções idênticas incluindo a construção plasmidial
contendo o gene EGFP selvagem. As taxas de transfecções individuais servem
para normalizar cada experimento de análise de freqüências de reparo de
DSBs.
No presente estudo, inicialmente comparamos as freqüências de
reparo de DSBs entre as linhagens humanas isogênicas Mo7e e MBA. Ambas
foram transfectadas com as construções plasmidiais repórter de reparo
individuais, juntamente com a meganuclease I-SceI.
Conforme mostrado na figura 12, as freqüências de reparo de DSBs em
MBA estão aumentadas 3 vezes (P=0.0291) para NHEJ (A), 2.2 vezes
(P=0.0125) para SSA (B), e 2,3 vezes (P=0.0218) para o reparo direcionado
por homologia (HDR) RH e SSA (C), em comparação com as freqüências
obtidas nas células Mo7e. No entanto, as freqüências para RH conservativa
tanto para homologias curtas (D) (P=0.9913) e longas (E) (P=0.7793)
mostraram-se equivalentes entre Mo7e e MBA.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
48
FIGURA 12. Freqüências de reparo de DSBs em Mo7e e MBA. As linhagens
foram cotransfectadas com plasmídio de expressão de meganuclease pCMV-I-
SceI e com as construções repórteres para quantificação das freqüências de
reparo de DSBs por (A) NHEJ, (B) SSA, (C) reparo direcionado por homologia
(HDR) que compreende os mecanismos SSA e RH, (D) RH em homologias
curtas, ou (E) RH em homologias longas. 48 horas após a transfecção as
freqüências foram determinadas como as frações de células marcadas por
fluorescência em uma população total por citometria de fluxo. *P<0.05.
Para delinear mais profundamente os mecanismos de reparo de DSBs
por HDR afetados por BCR-ABL, foram feitas análises utilizando o substrato Δ-
EGFP/3EGFP, o qual promove tanto RH quanto SSA, em combinação com a
inativação da proteína RAD51, o elemento central na formação do filamento
nucleoproteico de recombinação. Esse método bem estabelecido em lulas
humanas BCR-ABL positivas (Lambert et al 2000; Uhl et al 2010) foi feito a
partir da co-transfecção do vetor pcDNA3.1-Rad51SM, codificante para a
expressão do dominante-negativo de RAD51(RAD51SM), juntamente com o
plasmídio de expressão para I-SceI e o construto Δ-EGFP/3EGFP, repórter
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
49
para SSA e RH. Os resultados mostrados na figura 13 mostraram que a
expressão de RAD51SM causou redução de cerca de 80% das freqüências de
reparo de DSB em Mo7e (P=0.023). Contudo, não foram observadas
mudanças significativas nas freqüências em MBA. O resultado sugere que a
RH foi a via predominante para o reparo de DSB em Mo7e, enquanto em MBA,
a via de RH demonstrou não contribuir significativamente nas freqüências
aumentadas de reparo nessas células.
FIGURA 13. Freqüências de reparo de DSBs
obtidas após 48 horas de co-transfecção de
Mo7e e MBA com construções plasmidiais
repórteres para quantificação das freqüências
de HDR SSA e RH, pCMV-I-SceI e plasmídio
de expressão da forma dominante negativa da
proteína RAD51 (RAD51SM). *P<0.05;
**P<0.01.; ***P<0.001
Os resultados acima sugerem então que BCR-ABL modula
positivamente as vias de reparo de DSBs não fiéis (SSA e NHEJ), mas não
afeta o mecanismo de alta fidelidade RH. Ainda, o tratamento de MBA com o
composto inibitório da atividade tirosina quinase de BCR-ABL, o mesilato de
imatinib IM, extinguiu o aumento das freqüências de SSA detectados em
MBA quando comparadas as freqüências de Mo7e (Figura 14). Essa
observação sugere que a fosforilação de alvos de BCR-ABL é necessária para
o efeito de BCR-ABL nas vias de reparo de DSBs.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
50
FIGURA 14. Freqüências de SSA foram
analisadas conforme descrito na figura 11 em
Mo7e e MBA, sendo MBA tratada ou não com
IM (0,25 µM) 24 horas antes da transfecção.
**P<0.01.
Para verificar e confirmar o papel de BCR-ABL nas vias de HDR foi
utilizado um segundo sistema experimental utilizando a linhagem K562(Δ3’).
Essa é uma derivada da conhecida e bem caracterizada linhagem humana de
leucemia mielóide crônica BCR-ABL positiva (Figura 9), K562, contendo o
construto Δ-EGFP/3EGFP integrado de forma estável (Akyüz et al, 2002).
Primeiramente as células K562(Δ3’) foram tratadas com doses
crescentes de IM, 0,1 µM, 0,25 µM e 0,5 µM, por 24 horas, e em seguida,
foram transfectadas com o plasmídio de expressão para I-SceI. Após mais 24
horas, as freqüências de reparo de DSBs foram obtidas. Os resultados indicam
que o reparo de DSBs declina de forma dose-dependente, atingindo
significância estatística a 0,25 µM IM (P=0.0257); sendo ainda um declínio mais
acentuado observado em 0,5 µM IM (P=0.0089) (Figura 15).
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
51
FIGURA 15. Freqüências de reparo de DSBs na linhagem K562(Δ3’) em
resposta ao tratamento com IM. A linhagem derivada de K562, K562(Δ3’) com
o substrato de recombinação -EGFP/3’EGFP integrado ao cromossomo, foi
tratada com doses crescentes de IM (0,1 µM, 0,25 µM e 0,5 µM) por 24 horas,
e em seguida transfectadas com plasmídio de expressão de meganuclease
pCMV-I-SceI. 48 horas depois as freqüências foram determinadas por
citometria de fluxo. As diferenças estatísticas marcadas por asteriscos se
referem aos valores de amostras tratadas com IM em relação à amostra
controle.*P<0.05; **P<0.01.
Visto que BCR-ABL também regula a ativação de pontos de checagem
do ciclo celular e os mecanismos de apoptose (Burke e Carroll, 2010), seria
desejável excluir uma potencial influência indireta desses mecanismos no
reparo de DSBs. Dessa forma, experimentos de mensuração de reparo de
DSBs associados ao aumento das concentrações de IM foram refeitos, agora
na presença da molécula inibidora de caspases, ZVAD-fmk. As freqüências de
reparo não diferem entre as células tratadas ou não com ZVAD-fmk, com ou
sem exposição concomitante ao IM (Figura 16A). A fração de células em sub-
G1 do ciclo celular, um indicativo de apoptose, mostrou significância estatística
entre células tratadas ou não com ZVAD-fmk apenas em virtude de uma mais
alta concentração de IM a 0,5 µM (P=0.0148) (Figura 16B). a distribuição
das células de acordo com as fases do ciclo celular não foi alterada
significativamente, nem em resposta a ZVAD-fmk, nem por exposição ao IM
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
52
(Figura 16C). Esses dados fazem dos possíveis efeitos de BCR-ABL por
alteração do crescimento ou morte celular, muito improváveis. Ainda, a dose de
0.25µM de IM foi escolhida para proceder com os experimentos seguintes, pois
o tratamento mostrou significativa alteração das freqüências de reparo de
DSBs, sem mudanças significativas na fração de células em apoptose ou nas
diferentes fases do ciclo G1, S ou G2.
FIGURA 16. Freqüências de reparo de DSBs na linhagem K562(Δ3’) em
resposta ao co tratamento de IM com o inibidor de caspase ZVAD-fmk (ZVAD).
(A) Células foram tratadas ou não, com IM e ou ZVAD-fmk e, 24 horas após o
tratamento, foram transfectadas com pCMV-I-SceI; o reparo de DSB foi
analisado conforme descrito na figura 14.(B) Apoptose foi analisada por
citometria de fluxo, com a determinação da quantidade de células marcadas
por iodeto de propídio, presentes na fase sub-G1. As células foram
previamente tratadas com IM e/ou ZVAD-fmk, como descrito em (A). (C)
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
53
Distribuição das fases do ciclo celular em resposta a IM. A análise do ciclo
celular foi feita com células processadas como em (B). Células viáveis foram
subdivididas em populações nas fases do ciclo celular G1, S e G2 (%). As
diferenças estatísticas marcadas por asteriscos em (A) se referem aos valores
de amostras tratadas com IM em relação às respectivas amostras controle.
*P<0.05; **P<0.01; ***P<0.001.
Para determinar a contribuição da via de RH dependente de RAD51
nas vias de HDR estimuladas por BCR-ABL em K562(Δ3’), as células foram
tratadas com IM por 24 horas, ou deixadas sem tratamento. RAD51 dominante
negativa (RAD51SM) foi co-expressada com a meganuclease I-SceI. Conforme
esperado, as freqüências de reparo de DSBs em células tratadas com IM
mostraram-se novamente diminuídas significativamente (P=0.0055) (Figura 16).
A expressão de RAD51SM também causou redução do reparo de DSBs nas
células não tratadas, no entanto, a significância estatística não foi atingida
(P=0.1163). Em resposta ao co-tratamento com IM, as freqüências de reparo
de DSBs não se mostraram mais reduzidas ou alteradas por RAD51SM. Isso
pode ser devido ao fato que os valores prévios estavam próximos ao limite
de detecção do sistema. A comparação do reparo de DSBs entre as células
K562(Δ3’)/RAD51SM tratadas e não tratadas com IM, mostrou que a inibição
da atividade quinásica, novamente diminuiu significativamente as freqüências
de reparo (P=0.0345) (Figura 17).
FIGURA 17. Freqüências de reparo de DSBs
na linhagem K562(Δ3’) em resposta a
expressão da forma dominante-negativa de
RAD51. As células foram previamente
tratadas por 24 horas com IM (0,25 µM),
seguida da co-transfecção de pCMV-I-SceI
com o plasmídio de expressão da forma
dominante-negativa de RAD51 (RAD51SM).
As freqüências de reparo foram obtidas após
48 horas.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
54
Estes resultados suportam para a linhagem K562 as prévias
conclusões obtidas com as linhagens Mo7e e MBA, indicando que BCR-ABL
estimula significativamente o HDR, no entanto o HDR RAD51-independente, ou
seja, os mecanismos mutagênicos parecem ter um papel predominante. Ainda,
o uso de substratos de reparo de DSBs tanto intracromossomiais quanto
extracromossomiais mostram que esse efeito é independente dos
componentes da cromatina, enfatizando o envolvimento das proteínas da
maquinaria de reparo.
3. Avaliação dos níveis transcricionais de genes envolvidos nos
mecanismos de reparo de DNA e controle do ciclo celular
A partir das recentes evidências que BCR-ABL parecer modular
positivamente NHEJ e SSA, processos de reparo de DNA propensos a erros,
através da regulação dos componentes da maquinaria de reparo de DSBs, foi
monitorada a expressão de fatores críticos envolvidos na iniciação dos
mecanismos de reparo e/ou os processos de escolha entre eles (Bennardo et
al 2008, Bartek e Hodny, 2010; Bunting et al, 2010).
A figura 18 mostra as variações dos níveis transcricionais de MDC1
(A), 53BP1 (B), e CtIP (C) em função dos estados controle ou inibidos de BCR-
ABL e em resposta a indução de quebras duplas de DNA.
Para avaliar os níveis de expressão de mRNA por PCR em tempo real
(RT-qPCR) em Mo7e e MBA, essas foram previamente tratadas com radiação
ionizante (RI) e/ou com IM. As células foram irradiadas com uma dose de 6Gy,
tratadas com 1 µM de IM, ou tratadas com IM seguida de irradiação 24 horas
após tratamento (IM+RI). Extratos de RNA totais foram obtidos após 24 horas
de tratamento e em seguida a síntese dos respectivos cDNAs, RT-qPCR foi
realizado. Nestas análises comparativas de níveis de expressão, tomamos
como significativas as variações aumentadas ou diminuídas ao menos 2 vezes.
Os níveis de expressão obtidos correspondentes aos controles em Mo7e foram
tomados como 100% e os níveis de expressão relativos foram calculados.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
55
FIGURA 18. Análise quantitativa dos níveis transcricionais por PCR em tempo
real. As linhagens Mo7e e MBA foram tratadas com radiação ionizante (RI) em
uma dose de 6 Gy, 1 µM de IM, com ambos, ou não tratadas. Após 24 horas,
RNA foi extraído, cDNAs sintetizados e o nível de expressão dos mRNAs dos
genes (A) MDC1, (B) 53BP1 e (C) CtIP, foram determinados por PCR em
tempo real. Os níveis de expressão obtidos em Mo7e controle, foram tomados
como 100% e níveis de expressão relativos foram calculados.
Enquanto os níveis de mRNA de MDC1 em Mo7e permaneceram
inalterados em resposta às diferentes exposições, foi observado em MBA um
aumento acima de 5 vezes em resposta a IM e IM+RI (Figura 18A). Os níveis
de mRNA de 53BP1 também permaneceram inalterados em resposta aos
tratamentos em Mo7e. No entanto, um aumento de 2 vezes em resposta a RI, 5
vezes em resposta a IM e 2 vezes em resposta a IM+RI foram encontrados em
MBA.
Os níveis transcricionais de CtIP aumentaram 3 vezes em MBA e
diminuíram em 2 vezes em Mo7e, em resposta a RI. Não foram observadas
alterações significativas entre as linhagens em resposta a IM ou IM+RI.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
56
4. Avaliação dos níveis de proteínas envolvidas nos mecanismos de
reparo de DNA e controle do ciclo celular
Em seguida à avaliação dos níveis trancricionas foram feitas análises
comparativas dos níveis protéicos em extratos enriquecidos de núcleo de Mo7e
e MBA; e em extratos totais obtidos de células K562(Δ3’) (Figura 19). As
células MBA foram sujeitas aos mesmos tratamentos conforme descritos para
ensaios de RT-qPCR e Mo7e foi irradiada a 6 Gy (Figura 19A); e K562(Δ3’) foi
tratada com IM (1 µM) (Figura 19B).
FIGURA 19. Análise da expressão protéica por Immunoblotting. (A) Extratos
nucleares enriquecidos foram obtidos de Mo7e e MBA tratadas com radiação
ionizante e/ou IM, conforme descrito para a figura 17, e submetidos a
immunoblotting utilizando anticorpos contra 53BP1, 53BP1 Fosfo-Serina 25
(S25), CtIP, ou MDC1. (B) K562(Δ3’) foram tratadas com 1 µM de IM por 24
horas ou não tratadas. Os lisados totais foram também submetidos ao
immunoblotting, utilizando anticorpos contra 53BP1, MDC1 e CtIP. Β-Actina foi
utilizada como controle quantitativo.
Observando a expressão protéica de 53BP1 e MDC1 (Figura 19A),
essas se mostraram aumentadas em Mo7e em comparação a MBA,
indiferentemente ao tratamento com irradiação. O tratamento de MBA com IM,
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
57
também, independentemente, ao tratamento com irradiação, reconstituiu a
expressão de 53BP1 a níveis similares aos observados em Mo7e. Por outro
lado, a recuperação da expressão de MDC1 não foi observada sob as mesmas
condições de tratamento. Ao examinar a fosforilação da serina 25 em 53BP1,
que representa um evento de sinalização catalizado por ATM (Schultz et al,
2000; Ward et al, 2003) com relevância potencial para as funções de 53BP1
em resposta a lesões no DNA, notamos a fosforilação em Mo7e em resposta a
irradiação. Entretanto, essa modificação induzida por lesões estava ausente
em MBA irradiada, tratada ou não com IM, mesmo tendo o tratamento com IM
reconstituído os níveis de 53BP1 em MBA equivalentes a linhagem parental.
Em razão da fosforilação em serina 25 em 53BP1 ter sido reportada
como correlacionada com a sua formação de foci (Kang et al, 2009), foram
verificados se a falta da fosforilação da serina 25 em MBA afetaria a formação
de foci de 53BP1 no núcleo. Conforme mostrado na Figura 20, foi testada a
capacidade de formação de foci de 53BP1 em resposta ao agente genotóxico
mitomicina C (MMC), que leva a formação de lesões, predominantemente de
DSBs, através da formação de ligações covalentes entre a droga e as duas
fitas de DNA, que provoca assim a formação de DSBs. Foram contabilizados
14,4 foci por célula em Mo7e e 6,8 em MBA. Assim, o resultado sugere que a
associação de 53BP1 em foci mostrou-se funcional em MBA, porém a evidente
diminuição no número de foci reflete a redução da expressão de 53BP1.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
58
FIGURA 20. Formação de foci de 53BP1 em Mo7e e MBA. A formação de foci
nucleares de 53BP1 foi quantificada em Mo7e e MBA em resposta ao
tratamento com o agente genotóxico cross-linkersMitomicina C por 24 horas.
Imunufluorescencia foi realizada utilizando anticorpos contra 53BP1.
Aproximadamente 200 núcleos foram analisados para cada linhagem, e o
número médio de foci foi calculado. Núcleos foram corados com DAPI.
Os níveis protéicos de CtIP (Figura 19A) mostraram-se aumentados em
MBA comparada a Mo7e, particularmente após tratamento com RI,
similarmente aos resultados obtidos pela análise da expressão de CtIP também
em resposta a RI (Figura 18C). o tratamento de MBA com IM suprimiu
completamente a expressão protéica de CtIP.
Nas linhagens K562(Δ3’), não foram observadas variações nas
expressões de 53BP1 e MDC1 em resposta ao tratamento com IM. Em
contraste, a expressão de CtIP foi quase extinta em resposta ao IM (Figura
19B).
Como a expressão protéica de CtIP mostrou-se aumentada em MBA,
em especial após a irradiação, e foi eliminada em resposta ao tratamento com
IM tanto em MBA quanto em K562, CtIP tornou-se um candidato a mediador da
regulação de BCR-ABL nos mecanismos de reparo de DSBs.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
59
5. Análise do possível papel de CtIP na promoção do reparo
mutagênico de DSBs.
Para testar se CtIP está funcionalmente implicada no aumento de SSA
apresentado pelas células BCR-ABL positivas, a expressão de CtIP foi
silenciada por RNA de interferência em Mo7e e MBA. Dessa forma, as células
foram co-transfectadas com o plasmídio repórter para SSA, 5’EGFP/HR-EGFP,
meganuclease I-SceI e plasmídio silenciador pRS-shCtIP, e a avaliação das
freqüências de reparo de DSBs foram feitas após 48 horas. Paralelamente, o
substrato Δ-EGFP/3EGFP também foi utilizado para análise combinada de RH
e SSA. Controles foram transfectados com plasmídio de preenchimento pRS no
lugar de pRS-shCtIP.
Como demonstrado anteriormente, para esse experimento, MBA
mostrou novamente sua freqüência de SSA aumentadas em relação a Mo7e
(P=0.0083) (Figura 21A). O silenciamento da expressão de CtIP em MBA levou
a diminuição significativa (P=0.0191) da freqüência de SSA, eliminando
completamente a freqüência vantajosa de SSA em MBA em relação a Mo7e
(P=0.0568). O silenciamento de CtIP não gerou efeito significativo em Mo7e
(P=0.2231).
De forma similar a figura 21A, o silenciamento de CtIP também resultou
no descréscimo das freqüências de reparo em MBA em relação a MBA controle
(P=0.0052), utilizando o substrato Δ-EGFP/3EGFP(HR+SSA) (Figura 20B).
Não foram observadas diferenças significativas nas freqüências de reparo em
Mo7e em resposta ao silenciamento de CtIP (P=0.2784).O silenciamento de
CtIP foi verificado por immunoblotting, como mostrado na figura 20C.
Estes resultados sugerem que CtIP é necessário no enriquecimento
das freqüências de SSA por BCR-ABL.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
60
FIGURA 21. Freqüências de reparo de DSBs em Mo7e e MBA após
silenciamento de CtIP. As linhagens Mo7e e MBA foram submetidas a análise
de reparo de DSBs em resposta a transfecção com shRNA direcionado ao
silenciamento de CtIP, pRS-shCtIP. As transfecções ainda incluíram (A)
5’EGFP/HR-EGFP para a análise de SSA ou (B) Δ-EGFP/3EGFP para análise
de SSA e RH, e pCMV-I-SceI. Nos controles, plasmídio de preenchimento
vazio pRS foi adicionado a mistura de transfecção no lugar de pRS-shCtIP.As
freqüências de reparo de DSBs foram determinadas 48 horas após a
transfecção por citometria de fluxo. *P<0.05; **P<0.01. (C) Para verificar a
eficiência de silenciamento da expressão de CtIP, extratos protéicos totais
foram submetidos a immunoblotting utilizando anticorpos anti-CtIP, 48 horas
após os ensaios de silenciamento descritos em (A). β-Actina foi utilizada como
controle quantitativo.
Para confirmar os resultados acima em um tipo celular distinto, foram
executados experimentos de silenciamento contra a expressão de CtIP em
K562(Δ3’). Como anteriormente, a atividade quinásica de BCR-ABL foi inibida
pelo tratamento prévio com IM por 24 horas. Em seguida, as células foram
transfectadas com plasmídio de expressão I-SceI e pRS-shCtIP e submetidas
à análise do reparo de DSBs. Amostras controle foram transfectadas com
plasmídio pRS. A avaliação das freqüências de reparo de DSBs foi obtida após
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
61
48 horas (Figura 22) e mostraram que o reparo em K562(Δ3’) apresentou-se
novamente diminuído significativamente em resposta ao tratamento com 0,25
µM de IM (P=0.0289). O silenciamento da expressão de CtIP em K562(Δ3’)
causou uma diminuição no reparo de DSB (P=0.0243) em uma extensão
semelhante a observada nas células tratadas com IM. Não foram observadas
variações entre K562(Δ3’) tratadas por IM, quando silenciadas ou não por CtIP
(P=0.7688).
FIGURA 22. Freqüências de reparo de DSBs em K562(Δ3’) após silenciamento
de CtIP. As lulas K562(Δ3’) foram tratadas com 0.25µM IM, ou não tratadas.
24 horas após tratamento, as células foram co-transfectadas com pCMV-I-SceI
e pRS-shCtIP. (A) Freqüências de reparo de DSBs em resposta ao
silenciamento de CtIP foram analisadas 48 horas após a transfecção. Nos
controles, plasmídio de preenchimento vazio pRS, foi adicionado a mistura de
transfecção no lugar de pRS-shCtIP. (B) Para verificar a eficiência de
silenciamento da expressão de CtIP, extratos protéicos totais foram submetidos
a immunoblotting utilizando anticorpos anti-CtIP, 48 horas após os ensaios de
silenciamento descritos em (A). β-Actina foi utilizada como controle quantitativo
.*P<0.05.
Estes resultados provêem mais evidências para a importância de CtIP
na promoção de SSA downstream a BCR-ABL. Para estabelecer mais pontos
de comparação, também foram testados experimentos de RNA de interferência
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
62
direcionados a MDC1 ou 53BP1. Para ambos os casos, as freqüências de
reparo de DSBs não mostraram alterações significativas em resposta aos
silenciamentos, e o IM exerceu efeito na diminuição do reparo de DSBs como
observados anteriormente (Figura 23A e B). A eficiência do silenciamento de
CtIP, MDC1 e 53BP1 em K562(Δ3’) foi demonstrada por immunoblots
conforme mostrada na figura 23C.
FIGURA 23. Freqüências de reparo de DSBs em K562(Δ3’) após silenciamento
de MDC1 e 53BP1. As células K562(Δ3’) foram tratadas com 0,25 µM IM, ou
não tratadas. 24 horas após tratamento, as células foram co-transfectadas com
pCMV-I-SceI e pRS-shMDC1 ou pRS-sh53BP1. Freqüências de reparo de
DSBs em resposta ao silenciamento de (A) MDC1 e (B) 53BP1 foram
analisadas 48 horas após a transfecção. Nos controles, plasmídio de
preenchimento vazio pRS, foi adicionado a mistura de transfecção no lugar de
pRS-shCtIP. (C) Para verificar a eficiência de silenciamento da expressão de
MDC1 E 53BP1, extratos protéicos totais foram submetidos a immunoblotting
utilizando anticorpos apropriados, 48 horas após os ensaios de silenciamento
descritos acima. β-Actina foi utilizada como controle quantitativo. **P<0.01;
***P<0.001
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
63
Diversas linhas de evidência apontam o papel crítico de CtIP na
promoção do processamento e ressecção das extremidades quebradas de
DNA, necessários para a continuidade do HDR (Takeda et al, 2007; You et al,
2009). O processo de SSA requer a geração de extremidades em fita-simples
por atividade de uma nuclease, e essas extremidades em fita simples são
subseqüentemente recobertas pela proteína RPA. Essa função nucleásica e o
recrutamento de RPA têm sido atribuídos a CtIP (You et al, 2009). Para
investigar a dinâmica da formação de foci RPA em Mo7e e MBA, as linhagens
foram tratadas com a droga radiomimética Bleomicina em uma dose de 40
U/mL. Após, uma, três e seis horas de tratamento, as células foram fixadas e
experimentos de imunofluorescencia utilizando anticorpos contra RPA foram
realizados. Uma hora após tratamento, o número médio de foci foi de 10,7 em
MBA e 16,2 foci em MBA. Três horas após tratamento foram contabilizadas
15,7 versus 27,9, e após seis horas 19,3 versus 27,6 foram quantificadas em
Mo7e e MBA, respectivamente (Figura 24) Concluindo, o aumento das
formações de foci em RPA em MBA em todos os pontos analisados, é
consistente com a sugerida ativação de CtIP por BCR-ABL, sendo também um
pré-requisito para o aumento de SSA.
IV. RESULTADOS
_______________________________________________________________
64
FIGURA 24. Formação de foci de RPA em resposta a tratamento
radiomimético. As linhagens Mo7e e MBA foram tratadas com 40U/mL da
droga radiomimética Bleomicina por 1, 3 e 6 horas antes de serem fixadas e
submetidas a ensaio de imunofluorescência utilizando anticorpos anti-RPA. A
formação de foci foi analisada e quantificada em pelo menos 30 cleos. No
painel à direita, formação de foci de RPA após 3 horas de tratamento; núcleos
foram corados com DAPI
6. Comparação dos perfis proteômicos de extratos de cromatina entre
Mo7e e MBA.
Com o objetivo de identificar possíveis novos alvos de modulação de
BCR-ABL relativos aos processos de reparo de DNA e controle de ciclo celular
em resposta ao reparo, foram comparados perfis proteômicos de extratos
enriquecidos de cromatina das linhagens Mo7e e MBA.
A comparação dos mapas protéicos bidimensionais, mostrados na
figura 25, permitiu encontrar 43 proteínas diferencialmente expressas entre as
linhagens Mo7e e MBA. Sendo 10 em Mo7e e 33 em MBA. As proteínas
diferencialmente expressas foram processadas para análise e identificação por
espectrometria de massas. As proteínas identificadas com sucesso estão
descriminadas na Tabela 1.
IV. RESULTADOS
________________________________________________________________________________________________________
65
FIGURA 25. Mapas protéicos bidimensionais de extratos enriquecidos de cromatina das linhagens Mo7e e MBA. As
proteínas foram resolvidas em gel de gradiente de pH entre 4 e 7 para primeira dimensão; em seguida submetidas a separação
por gel SDS-PAGE de gradiente de 8%-18% - para segunda dimensão. O método de coloração empregado foi Coomassie
Coloidal. As proteínas em destaque estão diferencialmente expressas entre os mapas e foram identificados por espectrometria de
massas.
IV. RESULTADOS
________________________________________________________________________________________________________
66
# Spot
#IPI
PM (Da)*
PI*
Score
Nome
Função
1
IPI00219839
65156
5.89
33
HIC2 Isoform 2 of Hypermethylated in cancer 2 protein
Repressor Transcricional
2
IPI00219839
65156
5.89
56
HIC2 Isoform 2 of Hypermethylated in cancer 2 protein
Repressor Transcricional
3
IPI00219839
65156
5.89
45
HIC2 Isoform 2 of Hypermethylated in cancer 2 protein
Repressor Transcricional
4
IPI00219839
65156
5.89
47
HIC2 Isoform 2 of Hypermethylated in cancer 2 protein
Repressor Transcricional
5
IPI00012048
17309
5.83
298
NME2 Nucleoside diphosphate kinase A
Sinalização celular; proliferação, diferenciação,
desenvolvimento
6
IPI00024919
28017
7.67
113
PRDX3 Thioredoxin-dependent peroxide reductase
Regulação redoxi
7
IPI00020436
24588
5.64
62
RAB11B Ras-related protein Rab-11B
GTPase envolvida no trafego endossomal
8
IPI00014230
31742
4.74
88
C1QBP Complement component 1 Q subcomponent-binding
protein
Não definida
9
IPI00014230
31472
4.74
130
C1QBP Complement component 1 Q subcomponent-binding
protein
Não definida
10
IPI00021263
27899
4.73
297
YWHAZ 14-3-3 protein zeta/delta
Sinalização celular, Proteína adaptadora
11
IPI00021263
27899
4.73
248
YWHAZ 14-3-3 protein zeta/delta
Sinalização celular, Proteína adaptadora
12
IPI00021700
29092
4.57
71
PCNA Proliferating cell nuclear antigen
Sinalização, controle da proliferação celular
13
IPI00010779
28619
4.67
154
TPM4 Isoform 1 of Tropomyosin alpha-4 chain
Estabilização do citoesqueleto
14
IPI00019755
27833
6.23
90
GSTO1 Glutathione transferase omega-1
Tiol Transferase dependente de glutationa
15
IPI00015842
38866
4.86
178
RCN1 Reticulocalbin-1 precursor
Regulação do cálcio no lúmen do retículo
endoplasmático
16
IPI00020956
26886
4.70
64
HDGF Hepatoma-derived growth factor
Atividade mitogênica; repressor transcricional
17
IPI00302592
282581
5.69
53
FLNA filamin A, alpha isoform 1
Ancora proteínas transmembrana ao citoesqueleto
18
IPI00302592
282581
5.69
76
FLNA filamin A, alpha isoform 1
Ancora proteínas transmembrana ao citoesqueleto
19
IPI00010796
57480
4.76
441
P4HB Protein disulfide-isomerase precursor
Cataliza o rearranjo de ligações dissulfeto em
IV. RESULTADOS
________________________________________________________________________________________________________
67
proteínas
20
IPI00008223
43202
4.79
35
RAD23B UV excision repair protein RAD23 homolog B
Envolvida no reparo de DNA por excisão; via de
degradação proteossomica
21
IPI00024502
63869
5.14
36
UBQLN4 Ubiquilin-4
Não conhecida; Alvo de fosforilação de ATM/ATR
em resposta a lesões no DNA
22
IPI00071180
59183
5.01
97
UBQLN1 Isoform 2 of Ubiquilin-1
Metabolismo do Citoesqueleto
23
IPI00013881
49484
5.89
261
HNRNPH1 Heterogeneous nuclear ribonucleoprotein H
Compomente do complexo heterogeneous
nuclear ribonucleoprotein (hnRNP)
24
IPI00013068
52587
5.71
64
EIF3E Eukaryotic translation initiation factor 3 subunit E
Componente do cpmplexo eukaryotic translation
initiation factor 3 (eIF-3)
25
IPI00216049
51230
5.39
83
HNRNPK Isoform 1 of Heterogeneous nuclear
ribonucleoprotein K
Compomente do complexo heterogeneous
nuclear ribonucleoprotein (hnRNP)
26
IPI00216049
51230
5.39
36
HNRNPK Isoform 1 of Heterogeneous nuclear
ribonucleoprotein K
Compomente do complexo heterogeneous
nuclear ribonucleoprotein (hnRNP)
27
IPI00471955
40801
6.07
137
HLA-B;HLA-A;HLA-C;LOC441528;XXbac-
BPG181B23.1;LOC728687;MICA;LOC100133382 H
Envolvida na apresentação de antígenos ao sistema
imune
28
IPI00604664
80443
5.89
43
NDUFS1 NADH-ubiquinone oxidoreductase 75 kDa subunit,
mitochondrial precurs
Regulação redoxi
29
IPI00025252
57146
5.98
127
PDIA3 Protein disulfide-isomerase A3 precursor
Cataliza o rearranjo de ligações
dissulfeto em proteínas
30
IPI00257508
62711
5.95
122
DPYSL2 Dihydropyrimidinase-related protein 2
Participa do remodelamento do citoesqueleto
31
IPI00030730
34871
5.57
121
SULT1A4 Phenol sulfotransferase 1A5*1A
Sulfotransferase
32
IPI00015018
33095
5.54
118
PPA1 Inorganic pyrophosphatase
Fostatase Inorgânica
33
IPI00003815
23250
5.02
90
ARHGDIA Rho GDP-dissociation inhibitor 1
Sinalização Celular; Regula o intercâmbio GDP/GTP
em proteínas Rho
34
IPI00299571
54380
5.17
195
PDIA6 Isoform 2 of Protein disulfide-isomerase A6 precursor
Cataliza o rearranjo de ligações dissulfeto em
proteínas
IV. RESULTADOS
________________________________________________________________________________________________________
68
35
IPI00401264
47341
5.09
78
TXNDC4 Thioredoxin domain-containing protein 4 precursor
Controle da oxidação do dobramento protéico no RE
36
IPI00414676
83554
4.97
92
HSP90AB1 Heat shock protein HSP 90-beta
Chaperona Molecular
37
IPI00003865
71082
5.37
205
HSPA8 Isoform 1 of Heat shock cognate 71 kDa protein
Chaperona Molecular
38
IPI00011284
30474
5.26
122
COMT Isoform Membrane-bound of Catechol O-
methyltransferase
Cataliza a O-metilação
39
IPI00003865
71082
5.37
91
HSPA8 Isoform 1 of Heat shock cognate 71 kDa protein
Chaperona Molecular
TABELA 1. Proteínas diferencialmente expressas entre os mapas bidimensionais de extratos enriquecidos de cromatina das
linhagens Mo7e e MBA identificadas por espectrometria de massas. As proteínas destacadas em negrito tem suas funções
relacionadas com os mecanismos de manutenção da estabilidade genômica e reparo de DNA.
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
69
Entre as proteínas identificadas, cabe destacar RAD23B, HNRNPH1 e
HNRNPK. As três proteínas apresentaram-se diferencialmente expressas,
presentes no mapa proteômico nuclear da linhagem MBA, e estão envolvidas
com vias de reparo de DNA.
RAD23B é componente da maquinaria de reparo por excisão de
nucleotídeos (NER) acoplado a transcrição, uma sub-via especializada do
NER. NER é um sistema de reparo capaz de remover uma variedade de
distorções na hélice de DNA. Nesse mecanismo o complexo XPC-RAD23B
está envolvido na formação de segmentos de ssDNA ao redor da lesão, que
facilitam o recrutamento de outros componentes da maquinaria de NER
(Fousteri e Mullenders, 2008).
HNRNPH1 e HNRNPK são componentes do complexo de
Heterogeneous nuclear ribonucleoproteins hnRNP. Proteínas desse
complexo estão envolvidas com controle da transcrição gênica através de uma
complexa rede de interações proteína-proteína, proteína-RNA e proteína-DNA,
conectando as principais redes de regulação. Recentemente, componentes de
hnRNP foram associados ao controle de transcritos regulados por p53 em
resposta a radiação ionizante. Além disso, HNRNPK é alvo de fosforilação de
ATR/ATM, o que é mais um indício de seu papel em vias de reparo de DNA
(Haley et al, 2009).
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
70
V. Discussão
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
71
São crescentes as evidências que vêm associando a atividade tirosina
quinase constitutiva de BCR-ABL na instabilidade genômica observada em
pacientes em estágios avançados da LMC, assim como nas linhagens
celulares e modelos animais da doença. No entanto, os mecanismos
envolvidos nessa instabilidade ainda são alvo de muita controvérsia e seus
componentes ainda não foram esclarecidos (Burke e Carroll, 2010)
No presente estudo, foram realizados análises do reparo de DNA de
quebras duplas de DNA (DSBs) utilizando uma série de construtos repórteres
de reparo de DNA distintos em linhagens humanas BCR-ABL positivas a fim de
elucidar a influência de BCR-ABL nestas vias de reparo. Os resultados
mostraram um aumento no reparo mutagênico de DSBs, isto é, NHEJ mediado
por micro-homologias e SSA, em célula BCR-ABL positiva, MBA, em
comparação com a contraparte BCR-ABL negativa, Mo7e. Esses resultados
estão de acordo com estudos prévios que indicaram aumento das freqüências
de SSA em células BCR-ABL positivas em modelos murinos (Fernandes et al
2009; Cramer et al, 2008). Os resultados também estão consistentes com
trabalhos que mostraram a diminuição da expressão de fatores pertencentes à
via de NHEJ canônica, DNA-PKs, Artemis e Ligase IV, em lulas BCR-ABL
positivas humanas, e que foi acompanhada de um estímulo da via alternativa
mutagênica de NHEJ (Deutsch et al, 2001; Brady et al, 2003; Sallmyr et al,
2008). No entanto, em aparente contradição a estudos anteriores que
utilizaram linhagens celulares murinas, onde foi proposto que BCR-ABL
estimularia a recombinação homóloga (Slupianek et al, 2002; Nowicki et al,
2004), o presente estudo encontrou freqüências de RH similares entre Mo7e e
MBA, independentemente da extensão da homologia das seqüências, isto é,
independentemente da fidelidade do processo de RH (Akyüz et al, 2002;
Siehler et al, 2009). Os dados em relação às freqüências de RH e SSA entre as
linhagens foram ainda mais fundamentados com a análise de ambas as vias de
reparo de DSB com a inibição concomitante de RAD51, a transferase de fitas
de DNA que é essencial para RH, mas não para SSA, e que foi previamente
proposta sua super expressão e facilitação do reparo de DNA em células BCR-
ABL positivas (Slupianek et al, 2002). Para ambos os pares do estudo,
Mo7e/MBA e K562 tratada/não tratada com IM, encontramos estimulação de
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
72
BCR-ABL ao reparo direcionado a homologia, independente de RAD51. Devido
às muitas diferenças entre as atividades de reparo de DSBs e das respostas às
lesões de DNA entre roedores e humanos (Bañuelos et al, 2008; Momcilović et
al, 2009), é possível que diferenças entre as espécies possam explicar os
resultados divergentes.
A indução da resistência a drogas genotóxicas e a radiação ionizante,
através do prolongamento das paradas de checagem do ciclo celular e pelo
aumento da expressão da proteína anti-apoptótica Bcl-xl, foram previamente
associados à atividade quinásica de BCR-ABL (Slupianek et al, 2002, Burke e
Carroll, 2010). Por essa razão examinamos se a indução da apoptose poderia
explicar a diminuição do reparo de DSBs após a inibição farmacológica de
BCR-ABL por IM. O tratamento da linhagem K562 com uma dose mínima de IM
(0,25 µM) permitiu a discriminação entre a repressão do reparo de DSBs e
indução da apoptose. A inclusão de tratamentos com a molécula inibidora de
pan-caspases, ZVAD-fmk, não afetou as mensurações de reparo de DSBs, o
que faz de uma possível influencia da apoptose nessas atividades pouco
provável. Também foram excluídas possíveis influencias das variações do ciclo
celular que podem afetar o reparo homologo de DSBs através da extensão da
duração de alguma fase do ciclo (Rothkamm et al, 2003). É notável frisar que
as linhagens K562 são p53-negativas, de forma que não apresentam parada do
ciclo celular e atividades pro-apoptóticas desempenhadas por esse supressor
de tumor multi-funcional (Akyüz et al, 2002).
Uma vez estabelecido que o reparo de DSB direcionado a homologia
estava enriquecido pela via mutagênica de SSA em células BCR-ABL positivas,
buscamos por fatores protéicos que são necessários nesses processos e
poderiam ser candidatos a mediadores da atividade de BCR-ABL no reparo.
Baseado em nossas e em descobertas prévias (Deutsch et al, 2001; Brady et
al, 2003; Sallmyr et al, 2008; Cramer et al, 2008;Fernandes et al 2009),
indicando que BCR-ABL promove mecanismos de reparo de DNA propensos a
erros em particular, escolhemos investigar proteínas que atuem nos pontos
iniciais de resposta a DSBs. Nesse contexto, MDC1 e 53BP1 tornaram-se
interessantes devido aos seus papéis distintos no recrutamento de proteínas de
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
73
RH e NHEJ, respectivamente, aos sítios de DSBs.(Xie et al, 2007; Wilson e
Stern, 2008). Além disso, 53BP1 mostrou-se presente na regulação da escolha
entre os processos canônicos e alternativos de NHEJ (Bothmer et al, 2010).
CtIP se posiciona na inserção entre as vias de NHEJ canônica, NHEJ
alternativa e reparo de DSB direcionado por homologia, sendo o ultimo
dependente da atividade nucleásica de CtIP na promoção de extensiva
ressecção das extremidades de DNA e formação de segmentos de DNA fita
simples. (Sartori et al, 2007; Bennardo et al, 2008; Yun e Hiom, 2009)
Quando monitorados os níveis de mRNA na linhagem BCR-ABL
negativa, Mo7e, e na linhagem BCR-ABL positiva, MBA, em resposta a
irradiação e/ou pela inibição farmacológica da atividade quinásica de BCR-ABL
por IM, a expressão de MDC1, 53BP1 e CtIP não foram alteradas em Mo7e,
mas o contrário foi observado para MBA. Os níveis de mRNA de CtIP em MBA
se mostraram elevados após tratamento com RI e as análises da expressão
protéica por immunoblotting mostraram uma correspondente acumulação da
proteína CtIP. Esse efeito correspondendo mRNA e expressão protéica não foi
observado em virtude do tratamento com IM, visto que a expressão protéica de
CtIP foi praticamente anulada e não foram observadas alterações significativas
a nível de mRNA. Essas observações sugerem que em resposta a irradiação
BCR-ABL regula a expressão de CtIP positivamente a nível transcricional. No
entanto, uma gama de diferentes mecanismos de regulação, que englobam
desde a transcrição gênica à estabilidade da proteína codificada, podem, em
algum ponto, estar regulando a expressão de CtIP por BCR-ABL. Os níveis
protéicos basais em K562 sofreram uma diminuição dramática em resposta ao
tratamento com IM, o que provém uma evidência adicional indicando que a
atividade quinásica de BCR-ABL possa estar envolvida no controle positivo da
expressão de CtIP.
Através de experimentos de silenciamento gênico através de RNA de
interferência, descobrimos que CtIP é necessário para a estimulação de SSA
em células BCR-ABL positivas humanas MBA e K562. As freqüências de SSA
em Mo7e ou em K562 tratadas com IM não se alteraram, sugerindo que CtIP
medeia especificamente o reparo mutagênico gerado por BCR-ABL.
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
74
Experimentos paralelos não mostrados que silenciaram ERCC1, uma proteína
chave na via de SSA, mostraram diminuição das freqüências de SSA em Mo7e,
isto é, independentemente de BCR-ABL.
Através da análise constitutiva da acumulação de foci de RPA como
forma de mensurar a geração de segmentos de fita simples de DNA, pudemos
demonstrar um aumento no processamento das extremidades quebradas de
DNA em MBA versus Mo7e em resposta a tratamento com droga radiomimetica
bleomicina. O processamento e a ressecção das extremidades de DNA
quebradas são atividades atribuídas a CtIP (Sartori et al, 2007), o que provém
mais uma evidência funcional da ativação de CtIP por BCR-ABL.
Essas observações sustentam ainda mais os resultados que mostram o
aumento da regulação de mecanismos de reparo de DNA mutagênicos, SSA e
NHEJ mediado por microhomologias (também conhecido como micro-NHEJ),
via BCR-ABL, visto que ambos os mecanismos requerem os processamentos
iniciais promovidos por CtIP (Bennardo et al, 2008). No entanto, surge o
questionamento do por que a RH, um processo que também depende do
processamento de CtIP, parece menos afetada por BCR-ABL que o
mecanismo de SSA. Nesse contexto, é interessante ressaltar que BRCA1
interage e ubiquitina CtIP em resposta a DSBs, recrutando CtIP para os sítios
de lesão e promovendo a RH. (Yun e Hiom, 2009; Yu et al, 2006). No entanto,
dependendo das modificações pos-traducionais, CtIP pode exercer diferentes
funções. A falta da fosforilação da serina 327 de CtIP por CDK abole sua
interação com BRCA1 e direciona funcionalmente CtIP para o micro-NHEJ
(Bennardo et al, 2008, Yun e Hiom,2009). Como BRCA1 tem sua expressão
diminuída em células BCR-ABL positivas humanas (Deutsch et al, 2003; e
confirmado em nosso modelo celular) e por isso a via escolhida para o reparo
de DSBs muda da RH para as vias mutagênicas de SSA (Keimling et al, 2008),
o estudo propõe que a falta de BRCA1 e logo do complexo BRCA1-CtIP pode
levar ao comprometimento do prévio sugerido aumento das freqüências de RH
pro BCR-ABL.
O presente trabalho também buscou estabelecer conexões entre BCR-
ABL com as proteínas MDC1 e 53BP1. Ambas mostraram diminuição nos seus
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
75
níveis em MBA, em comparação com Mo7e, mas que não puderam ser
relacionados ou explicados por uma inibição transcricional mediada por BCR-
ABL dos genes correspondentes. Nas linhagens K562, o tratamento com IM
não causou mudanças significativas nos níveis protéicos, apesar de que em
MBA o tratamento com IM recuperou o acúmulo de 53BP1. Mesmo tendo sua
expressão recuperada pela inibição da atividade quinásica de BCR-ABL, a
fosforilação na Serina 25 de 53BP1 em resposta a irradiação, não foi
recuperada. A formação de foci nucleares de 53BP1 nos sítios de DSBs foi
correlacionada na literatura com a fosforilação da serina 25, evento catalizado
pela proteína ATM (Kang et al, 2009). Porém, nossos resultados detectaram a
formação de foci de 53BP1 em resposta a lesões em células MBA, em uma
extensão esperada por seus níveis de 53BP1 reduzidos. Os estudos de Munoz
e colaboradores mostraram ainda que a fosforilação da serina 25 em 53BP1 é
necessária para que 53BP1 funcione como uma proteína adaptadora para ATM
e para interagir com hPTIP, um regulador de respostas a stress celular e lesões
de DNA (Munoz et al, 2007). Um efeito de BCR-ABL independente da sua
atividade quinásica na desestabilização do genoma via repressão da
fosforilação da Serina 25 de 53BP1 é possível, mas requer futuro foco de
investigação. Apesar do silenciamento de 53BP1 não ter apresentado
influência no efeito estimulatório de BCR-ABL em lulas K562, há a
possibilidade que a inibição de 53BP1 em MBA possa estar de alguma forma
relacionada com o aumento de CtIP, para reforçar o reparo de DSBs pelas vias
propensas a erros. De forma similar, o silenciamento de MDC1 em K562 não
causou mudanças significativas no enriquecimento das freqüências de reparo
de DSBs via BCR-ABL. No entanto, MDC1 é necessária para o recrutamento
de BRCA1 para os sítios de DSBs (Xie et al, 2007), de modo que a redução de
MDC1 por BCR-ABL podem exacerbar as conseqüências da inibição de
BRCA1 na promoção de vias de reparo de DSBs mutagênicas em detrimento
da RH.
No presente trabalho foi demonstrado que BCR-ABL promove o reparo
mutagênico de DSBs em detrimento dos mecanismos de alta fidelidade como
RH, podendo assim acelerar os processos de transformação maligna. A
nuclease CtIP foi identificada como uma peça chave na sinalização
V. DISCUSSÃO
_______________________________________________________________
76
downstream a BCR-ABL na promoção do reparo mutagênico por SSA. Ainda,
foram descritas as diminuições de expressão de 53BP1 e MDC1, que em
células normais, suportam os mecanismos de reparo de DSBs livres de erro
juntamente com BRCA1, uma proteína chave na RH e descrita previamente
como tendo sua expressão reprimida por BCR-ABL (Deutsch et al, 2003).
Nossos resultados provêem novos embasamentos para o fenótipo mutador
observado em células BCR-ABL positivas e podem abrir novas áreas para
investigações que visam alvos terapêuticos.
Em relação à busca de novos alvos de modulação da expressão
protéica por BCR-ABL, através da metodologia proteômica foram analisados
mapas bidimensionais de extratos enriquecidos de cromatina, visto que muitas
proteínas envolvidas na manutenção da estabilidade genômica encontram-se
associados à cromatina, e é o foco do presente trabalho. Os extratos foram
obtidos de linhagens isogênicas Mo7e e MBA que diferenciavam apenas pela
presença de BCR-ABL na última. Foram identificadas proteínas envolvidas em
diversas vias/funções celulares diferencialmente expressas entre extratos,
destacando-se as proteínas RAD23B, HNRNPH1 e HNRNPK por seus recentes
papeis descritos na promoção do reparo por NER e RH, respectivamente.
Contudo o possível papel dessas proteínas na evolução da LMC e/ou na
instabilidade genômica promovida por BCR-ABL, requer extensivos estudos
futuros.
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VII. ANEXO
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VII. ANEXO
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