8
diferentes estratégias (Mosser & Rosenthal, 1993; Peters et al., 1995; Dominguez &
Toraño, 1999). No segundo caso, em alguns animais há o desenvolvimento de resposta
imune adequada específica e controle da infecção, enquanto que em outros há disseminação
dos parasitas da pele para os linfonodos, o baço e medula óssea e destes órgãos, para todo o
organismo (Ferrer, 2002). O período de incubação da doença é extremamente variável,
podendo ser de alguns meses até anos (Marzochi et al., 1985; Ferrer et al., 1995; Nelson et
al., 2001).
Dentre os sintomas da LV canina, as alterações dermatológicas são as mais comuns
(Ciaramella et al., 1997; Ayali & Baneth, 2001; Reis, 2001; Ferrer, 2002; Lima et al., 2003;
Amusategui et al., 2003; Solano-Galego et al., 2004). O pêlo torna-se opaco e surge
alopecia, que em conjunto com a onicogrifose e edema das patas, são os sinais clínicos
mais evidentes. Alguns animais doentes também podem apresentar outros sintomas como
febre, coriza, apatia, diarréia, hemorragia intestinal, perda de peso, hiperceratose,
despigmentação, ulcerações cutâneas particularmente no focinho, nas orelhas e na ponta da
cauda, ceratoconjuntivite e uveíte. (Cunha, 1938; Deane & Deane, 1955
b
; Alencar, 1959;
Genaro et al., 1988). Alguns ainda podem desenvolver uma lesão específica no local da
inoculação das formas promastigotas, o chamado cancro de inoculação.
Após as alterações cutâneas, o sintoma clínico mais comumente descrito na LVC é a
linfoadenomegalia, seja local ou generalizada (Ayali & Baneth, 2001; Reis, 2001; Ferrer,
2002; Lima et al., 2003; Amusategui et al., 2003; Solano-Galego et al., 2004). A
onicogrifose é um sinal marcante da doença canina, sendo observada em cerca de 25% dos
cães com LV (Ciaramella et al., 1997). Alguns autores atribuem a onicogrifose à ação do
parasita na matriz ungueal (Lestoquard & Donatien, 1938, citado por Genaro, 1993) e
outros à ausência do desgaste natural das unhas devido à apatia do cão nos estágios mais
avançados da doença (Marzochi et al., 1985).
Em casos mais graves de envolvimento visceral generalizado, geralmente observa-
se atrofia muscular com paresia das patas posteriores e/ou perda de peso que geralmente
estão associadas à anorexia e outros sinais clínicos como depressão e poliúria (Ferrer,
1989). Nestes estágios mais avançados da doença, é possível observar, ainda, um quadro de
disfunção renal relacionado às elevadas concentrações de imunocomplexos circulantes de
IgM e IgA e à deposição destes nos glomérulos (Margarito et al., 1998; Mancianti et al.,