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ABRAMO LORO NETO
DESENVOLVIMENTO DE MEDIDORES
DE RADIAÇÃO SOLAR DIRETA
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Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
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Agrícola, para obtenção do título de
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T 551.5271 " L875d " 1996
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Desenvolvimento de msdidores derediec:eo s
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VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
ABRIL -
1996
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
I
T
I
i
L875d
11996
i
;
Loro Neto, Abramo, 1945-
Desenvolvimento de medidores de radiação solar direta
Abramo Loro Neto. - Viçosa: UFV, 1996.
52p.: il.
Orientador: Evandro Ferreira Passos
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa
l. Radiação solar direta - Medição. 2.Pireliômetro - Proje-
tos e construção.I.Universidade Federal de Viçosa. lI.Título.
CDD.18.ed. 55l.5271
CDD.19.ed. 551.5271
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ABRAMO LORO NETO
DESENVOL VIMENTO DE MEDIDORES DE
RADIAÇÃO SOLAR DIRETA
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Curso de Meteorologia
Agrícola, para obtenção do título de
"Magister
Scientiae".
APROVADA:
I
º
de março de 1996.
Prof. temberg Pereira Dias
(Conselheiro)
~-
Prof. José iIariaN()gUeira da Costa
Prof. Evandro Ferreira Passos
(Orientador)
Às minhas filhas, Daniela e Luciana, e
à minha esposa, Teima, pelo carinho, pela
paciência, pelo incentivo e pelo estímulo,
os quais contribuíram eficazmente para o
prosseguimento dos meus estudos. motivo
pelo qual sou-lhes muito grato.
ii
AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realizar este
Curso.
A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, pelo afastamento
concedido.
Ao professor Evandro Ferreira Passos, pela eficiente orientação, pela
dedicação, pelo desempenho, pela paciência, pela irrestrita colaboração e pelo
apoio dedicado a este trabalho.
Ao professor Adil Rainier Alves, enquanto Coordenador do Curso de
Meteorologoa Agrícola, pelo incentivo e pela amizade.
Ao professor João Francisco Escobedo, pela oportunidade de realizar
experimentos na Estação de Radiometria Solar da UNESP/ Botucatu-SP.
Aos professores do Curso de Meteorologia Agrícola, pelos
conhecimentos transmitidos durante o Curso.
Aos colegas de Curso, pelas dúvidas sanadas, pelo auxílio e pelo
carinho recebidos, pela amizade e pelo companheirismo.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Agrícola e do
Departamento de Física, pela colaboração.
Ao Franz Lopes da
c:::
ilva, pelos cuidados na
editoração
da tese.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho.
i
ii
BIOGRAFIA
Abramo Loro Neto, filho de José Loro e Ladewiga Mazurkevcz
Loro, nasceu em
14
de agosto de 1945, em Três de Maio, Rio Grande do
Sul.
Em dezembro de 1973, concluiu o curso de Licenciatura em
Física, na Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Em dezembro de 1981, concluiu o curso de Especialização em
Metodologia do Ensino Superior, na Universidade Estadual de Londrina,
Paraná.
Em .1993, iniciou o Mestrado em Meteorologia Agrícola, na
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.
No dia IQ de março de 1996, defendeu tese, requisito indispensá-
vel para obtenção do título de "Magister Scientiae "
iv
CONTEÚDO
Página
LISTA DE QUADROS.......................... vii
LISTA DE FIGURAS VIll
EXTRATO
x
ABSTRACT
xii
1. INTRODUÇÃO .
2. REVISÃO DE LITERATURA 4
2.1. Detetores de radiação solar 4
2.1.1. Detetores quânticos 4
2.1.2. Detetores fototérmícos
6
2.2. Pireliômetros 10
2.2.1. Desenvolvimento da pireliometria 11
,.,,.,?
P' I'~ . . 16
•..•...•... Ire iornetros operaclOnals .
2.2.3. Montagem, manutenção e calibração de pireliômetros .... 18
,., ,., 4 Pire: ' . lib d "'0
_.•... . irct.ometros autoca
1
ra os •.
22.5. Pireliômetros da família
PMO
22
v
Página
2.3. Medição da radiação direta, usando piranômetros e anel
de sombreamento 25
3. MATERIAIS E MÉTODOS 28
3.1. Construção e testes do pireliômetro de fotodiodo 28
3.2. Protótipo de
pireliôrnetro
autocalíbrado e seus sensores 29
3.2.1. Descrição do protótipo e dos sensores 29
3.2.2. Testes do sensor com resistência de fio 32
3.2.3. Testes do sensor com termopilha 33
3.3. Descrição do experimento com os anéis de sombreamento 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 37
4.1.
Pireliômetro
de fotodiodo 37
4.2. Pireliômetro autocalibrado 41
4.2.1. Sensor com resistências de fio. 42
4.2.2. Sensor com terrnopilha 44
4.3. Avaliação do uso do anel de sombreamento 45
5. RESUMO E CONCLUSÕES 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
51
vi
4
LISTA DE QUADROS
Página
Critérios de classi
ficação
de piranômetros 7
2
Critérios de classificação de pirel iômetros .
3
Desempenho de três tipos de pireliômetros .
Constantes obtidas nos meses de julho e agosto de
1995, em Botucatu-SP .
5
Valores comparati vos de Kg e Kd .
vii
10
17
48
48
LIST A DE FIGURAS
Página
Definição geométrica dos ângulos de abertura e de
inclinação.............................................................................. 12
2
Diagrama esquemático dos pireliômetros PM02 e PM03 ....
3 Diagrama esquemático
autocalibrado, sem escala
do protótipo de pireliômetro
4
Detalhe do posicionamento de alguns piranômetros no
local, em Botucatu-SP .
5 Radiação global nos quatro dias do experimento, em
Botucatu-SP .
6 Radiação direta, indicada pelo pireliômetro NIP da Eppley,
ao longo dos quatro dias de medida, em Botucatu-SP .
7 Correlação entre a radiação direta e o sinal fornecido pelo
fotodiodo para os quatro dias do experimento, em Botucatu-
SP .
8
Variação das resistências R 1 e R2 em função do tempo, no
teste com luz artificial .
9
Variação das resistências RI e R2 em função do tempo, no
teste com radiação solar .
viii
23
30
34
38
39
40
43
43
Página
10 Caracterização do tempo de resposta do sensor construído
com a termopilha 45
11 Correlação entre a radiação direta e o sinal fornecido pela
termopilha, para quatro dias de experimento ao sol.............. 46
ix
EXTRATO
LORO, Neto Abramo, MS, Universidade Federal de Viçosa, abril de
1996. Desenvolvimento de medidores de radiação solar direta.
Professor Orientador: Evandro Ferreira Passos. Professores
Conselheiros: Gutemberg Pereira Dias e José Mário Domingues de
Meio.
° presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de
Instrumentação do Departamento de Física da Universidade Federal de
Viçosa-MG e na Estação de Radiometria Solar do Departamento de
Física e Biofísica da UNESP/Botucatu-SP. Foi iniciado o desenvolvi-
mento de um protótipo de pireliôrnetro de cavidade autocalibrado,
constituído de um tubo metálico, um sensor colocado em seu interior e
um circuito eletrônico de controle. A radiação incidente na superfície do
sensor no interior do tubo produz um fluxo de calor que é comparado
com uma potência dissipada eletricamente na mesma superfície. Foram
construídos e testados dois
serisores,
cuja diferença essencial foi a forma
de detecção do tluxo de calor. Um deles baseia-se na variação de duas
resistências de fios de cobre e o outro, na força eletromotriz gerada por
uma termopilha. A caracterização do primeiro sensor foi feita em
laboratório e o segundo foi calibrado contra um pireliômetro NIP da
x
Eppley, apresentando resultados satisfatór ios, os quais permitirão um
correto dimensionamento do circuito eletrônico de controle. Consideran-
do o baixo custo de sensores quânticos, foi construido e testado um
pireliômetro, tendo como sensor um fotodiodo de silício. O protótipo foi
calibrado contra um pireliômetro NIP da Eppley, apresentando boa
linearidade, com coeficiente de correlação (r") superior a 0,995, tendo a
constante de calibração apresentado desvio percentual de 1,56%.
Avaliou-se, finalmente, um método indireto de medição da radiação solar
direta. O método consiste em obter a radiação direta, por diferença entre
a radiação global indicada por um piranômetro, e a difusa, indicada por
um segundo piranômetro equipado com anel de sombreamento. A
avaliação desta metodologia foi feita, considerando variações observadas
nas constantes de cal ibração de piranômetros operando com anéis de
sombreamento, que poderiam induzir a erros de até cerca de 10% na
medida da radiação solar difusa.
XI
ABSTRACT
LORO, Neto Abramo, M.S., Federal Universty of Viçosa, Apr il, 1996.
Development of radiometers to measure direct solar radiation.
Adviser: Evandro Ferreira Passos. Committee Members: Gutemberg
Pereira Dias and José Mário Domingues de MeIo.
The present work was carried out in the Instrumentation
Laboratory of the Physics Dept. of the Federal Uni versity of Viçosa, and
in the Solar Radiometry Laboratory of the Physics and Biophysics Dept.,
UNESP/Bot).1catu, SP. The development of an auto calibrated cavity
pyrhel iometer prototype, consisting of a metalic tube and a sensor located
in its interior and with an electronic circuit was initiated. The incident
radiation on the surface of the sensor in the internal part of the tube was
compared to an electrical power dissipated on the same surface, by
measuring the produced heat tlow. Two types of sensors were
constructed and tested. The major difference between the two sensors
was the type of detection of heat flow. One of them was based in the
variation of the resistance of two copper wires, while the other one was
based on the electr
omotive
force generated by a thermopile. The
character ization of the first sensor was carried out in the laboratory
XII
while the second one was characterized against a
NIP
(Eppley)
pyrheliometer. Both sensors presented satisfatory results and hence wiII
permit the correct design of electronic controI. Since quantic sensors are
low in cost, a pyrheliometer with a silicon photodiode was constructed
and tested. The prototype was calibrated against a
NIP
(Eppley)
pyrheliometer, presenting a good linearity, with a coefficient correlation
(r
2
)
higher than 0.995 with a standard deviation of calibration constant of
1.56%. Also, an indirect method to measure the direct solar radiation was
evaluated. The method consisted of obtaining the direct energy, by
difference between the global radiation indicated by a pyranometer and
diffuse radiation indicated by a second pyranometer equipped with a
shadow ring. The evaluation was based on the observed variations in the
cal ibration constants of pyranometers using shadow rings, which can
induce errors of about 10% in the measurements of diffuse solar
radiation.
XIII
1.INTRODUÇÃO
A utilização, em ritmo crescente, das fontes convencionais de
energia tem preocupado cientistas e governantes do mundo moderno,
levando à busca de fontes alternativas de energia, em especial aquelas de
baixo custo e não-poluidoras.
A energia solar pode ser considerada como a grande esperança na
solução de muitos problemas energéticos, em muitas partes do nosso
planeta. Ela tem sido aproveitada muito tempo na agricultura,
principalmente na secagem de cereais, frutas etc., visando a
armazenagem de tais produtos. Com o desenvolvimento e uso crescente
de dispositivos conversores térmicos e elétricos da radiação solar, são
necessárias informações confiáveis sobre a quantidade dessa energia que
está disponível na superfície da Terra.
A radiação solar, ao atravessar a atmosfera terrestre, sofre um
processo de absorção e espalhamento, em virtude dos constituintes
atmosféricos.
A quantidade total de radiação que chega até o solo é chamada
de radiação global, que é a soma da parcela que chega diretamente,
denominada radiação direta, e a que atinge o solo após ser difundida na
atmosfera, denominada radiação difusa. Para fins de aproveitamento da
I
energia solar mediante células fotoelétricas ou coletores solares
concentradores, o componente da radiação solar de maior interesse
é
a
radiação direta. Portanto, o conhecimento desses componentes tem
importância na determinação do potencial energético de uma região.
Um grande número de estações meteoro lógicas e climatológicas
brasileiras não possui registros de dados sobre radiação direta, pelo fato
de não contarem com pireliômetros. O que existe são registros de
radiação global (actinogramas) obtidos por meio de actinógrafos, cujo
princípio de funcionamento é termornecânico, em que sensores
constituídos por duas placas (uma preta e outra prateada) e um sistema
de alavancas são conectados a uma pena, que registra a irradiância global
em papel próprio, fixado num tambor giratório. Este tambor pode ter sua
velocidade de rotação controlada para registrar a radição durante o
período de uma semana ou de um dia (IQBAL, 1993). Os tipos mais
comuns no mercado são o Robitzsch, o Siap e o Fuess (VIANELLO e
ALVES, 1991). O actinógrafo é utilizado na maioria das principais
estações climatológicas do Brasil, pertencentes ao INMET/MAARA. São
comuns também os dados de insolação (heliogramas). Os sensores
utilizados para medição do número de horas de insolação (horas de brilho
solar) são dos tipos: focalizadores (Campbell-Stokes e Jordan), fotovoltáico
(Foster) ou. termoelétrico (Marvin), sendo todos estes instrumentos
registradores (WOOD, 1977). Na maioria das estações meteoro lógicas do
Brasil, o heliógrafo Campbell-Stokes é o aparelho mais utilizado (FOSTER
e SANTOS, 1989).
Existem vários métodos de estimar a irradiância solar direta,
podendo estes ser util izados para obtenção de valores instantâneos,
horários, diários e de valores médios mensais. Contudo, são necessários
dados medidos com instrumentos nas estações meteorológicas e
climatológicas,
para validação destes modelos.
Na perspectiva de contribuir para o desenvolvimento da
pireliometria no Brasil. o presente trabalho teve como objetivos:
2
- imciar o desenvolvimento de um pireliômetro de cavidade
única, com base no princípio ativo de compensação elétrica;
- construir e calibrar um segundo pireliômetro, tendo como sensor
um fotodiodo de silício; e
- avaliar o uso de dois piranôrnetros, um dos quais equipado com
anel de sombreamento, para medição da radiação solar direta.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Detetores de radiação solar
Com base no principio de conversão da energia, pode-se
classificar os detetores de radiação solar em dois grupos: os quânticos e
os térmicos. Os detetores
quânticos
são principalmente utilizados para
med idas espectrais e os térmicos, para medidas não-seleti vas de radiação
solar (FROELICH e LONDON, 1986).
2.1.1. Detetores quânticos
Os detetores
quânticos
podem ser divididos entre os que utilizam
o efeito fotoelétrico externo e os que util izam o efeito fotoelétrico
interno. Uma das vantagens dos instrumentos solares que utilizam estes
sensores está no baixo custo, na sensibilidade e no tempo de resposta.
Em compensação, a desvantagem de serem espectralmente seletivos.
Dentre os detetores que utilizam o efeito fotoelétrico externo,
também denominados detetores fotoemissivos, estão os fototubos e os
fotomultiplicadores (BUDDE, 1983)
Os detetores que utilizam o efeito fotoelétrico interno são os mais
usados em meteorologia. Neste caso, a absorção do fóton resulta na
criação de um par elétron-buraco. Os elétrons passam para a banda de
condução do material, alterando sua condutividade elétrica. Estes
sensores fotocondutivos geralmente são chamados fotorresistores. O
selênio
é um dos materiais mais usados em aplicações meteorológicas,
pois seu pico de sensibilidade espectral coincide com o pico da radiação
solar (FROELICH e LONDON, 1986).
O efeito fotoelétrico interno pode resultar, também, numa força
eletromotriz através de uma barreira semicondutora p-n, permitindo a
construção de fotodiodos. As substâncias básicas utilizadas para
detetores na faixa de ondas curtas são o silício, o germânio e o arseneto
de gálio. A constante de tempo destes detetores varia de
10-
5
a
10-
7
segundos, dependendo fortemente da espessura da junção p-n e do perfil
de dopagem. Para deteção de rad iação de ondas curtas, o fotodiodo de
silício é o mais usado, de acordo com a Organização Meteorológica
Mundial (FROELICH e LONDON, 1986).
O silício é atualmente o material mais utilizado na construção de
fotodiodos. A faixa de comprimento de onda é de 200 a 1.100 nm, possui
eficiência quântica próxima de 100 % e apresenta um pico próximo de
900 nm, no qual a responsividade chega a 0,65 AW-
1
.
Quando utilizado
no modo fotovoltáico, nenhuma tensão externa é aplicada, e gera uma
corrente elétrica num circuito externo (composto, em geral, por uma
resistência de carga) . Quanto utilizado no modo fotocondutivo, aplica-se
uma voltagem externa reversa, que faz aparecer no circuito externo uma
corrente de direção oposta à do modo fotovoltáico (BUDDE, 1983).
A decisão entre utilizar o modo fotovoltáico ou fotocondutivo de
operação depende basicamente da resposta em freqüência desejada numa
determinada
aplicação.
Abaixo de
100
kHz, o modo fotovoltáico oferece
melhor
desempenho
sinal-para-ruído que o modo fotocondutivo. Abaixo
de 1 kHz, o desempenho sinal-para-ruído é muito superior no modo
5
fotovoltáico. Em ambos os modos de operação, a fotocorrente vana
linearmente com a intensidade da luz incidente (EG&G JUDSON, 1990).
A responsividade de um fotodiodo é dependente da temperatura, sendo
o coeficiente de temperatura diferente para cada comprimento de onda. Para
um fotodiodo de silício da série UV fabricado pela EG&G, em 550 nm o
coeficiente de temperatura é de +0,0027 % .oC-
1
e em 900 nm o coeficiente
de temperatura é de +0,22 %.oC-
1
. Para uma variação de temperatura de 30°C,
isto representaria uma variação da responsividade, em 550 nm, igual a +0,8%,
e em 900 nm, igual a +6,8 % (EG&G JUDSON, 1990).
2.1.2. Detetores
fototérmicos
No detetor fototérmico, a energia da radiação é convertida em
energia térmica, com um conseqüente aumento da temperatura do
<.,
material absorvedor. Trata-se de um sensor não-seletivo que absorve
energia em todo o espectro. Na prática, esta característica não se
verifica inteiramente, por causa das limitações dos materiais utilizados
na construção do sensor. Os principais tipos são os calorimétricos e os
termoelétricos.
O sensor calorimétrico é um calorímetro em que a energra
absorvida
é
determinada diretamente em unidade absoluta. Por isto, é
chamado de padrão ou primário, e o instrumento que dele faz uso também
é considerado padrão. O pireliômetro de fluxo de água de Abbot é um
exemplo deste princípio.
Existem variações do sensor calorimétrico em que a energia
absorvida é determinda indiretamente, por meio de algum efeito térmico.
Neste caso, o sensor necessita de
calibração
contra um padrão, e dentro
da classificação passa a ser denominado de sensor secundário. Os
piranômetros de Ãngstrõm, bimetálicos de Robitzch e os pireliômetros de
Ãngstrõm, Abbot e Michelson utilizam estas variações. Particularmente,
os pireliômetos de Ãngstrõm e Abbot são considerados padrões, por
6
causa de sua precisão, que vem sendo verificada vários anos, mas
antes necessitam de
calibração.
No senso r termoelétrico (pares
termoelétricos ou termopilhas), a energia absorvida é determinada
indiretamente por meio de conversão termoelétrica. Os piranôrnetros e
pireliôrnetros que usam este princípio são classificados de secundários,
sendo os de maior uso: da Eppley (USA), Kipp
&
Zonnen (Holanda),
Litronic (Inglaterra), Phillip Schenk (Australia), Spectrolab (USA) e
outros.
O modelo EPPLEY (PSP), pnrneira classe, apresenta várias
vantagens em relação aos demais, tais como: compensador para variações
de temperatura ambiente e compensador ótico para desvios de resposta
da lei do cosseno. Outra característica importante é a possibilidade de
substituição dos dois hemisférios de vidro por hemisférios especiais, para
medidas de radiação solar em faixas espectrais selecionadas.
Quadro 1 - Critérios de classificação de piranômetros
Sensibilidade (mW em -2)
Estabilidade (variação anual, %)
Temperatura (erro máximo em virtude da
mudança de temperatura ambiente,
%)
Seletividade (erro máximo em virtude do
afastamento da resposta espectral, %)
Linearidade (erro máximo em virtude da
falta de linearidade, %)
Constante de tempo (máximo)
Resposta ao cosseno (desvio hi~oté-
tico, tomado a uma elevação de
i
°.
do
sol em dia claro, ~/ó)
Resposta ao azimute (desvio hipotético
tomado em um dia claro,
%)
Ia.CLASSE
2
a
. CLASSE 3
a
. CLASSE
+ 0,1
+0,5
+ 1,0
+ 0,1 + 0,5
+ 1,0
+ 1,0
+
2,0
+ 5,0
+ 1,0
+
1,2
+
5,0
+
1,0
+
2,0
+
3,0
25 s
60 s 240 s
+
3,0 + 5,7 + 10,0
+ 3,0
+
5,7
+
l O
°
,
7
De acordo com esses critérios, os piranômetros disponíveis foram
classificados e são citados por COULSON (1975) e WOOD (1977) como:
Primeira
classe:
Piranômetro Termoelétrico de precisão (EPPLEY
PSP).
Segunda
classe:
Moll-gorczynski; Preto-Branco Eppley; Volagine;
Yansh e Usky; Dirrnhirn-Souberg e o Bellanni.
Terceira
classe:
Bimetálico de Robitzch.
o
princípio de funcionamento de um sensor termoelétrico está
fundamentado no efeito Seebeck: quando duas junções de metais
diferentes A e B, formando um circuito fechado (par-termolétrico), são
expostas a um gradiente de temperatura .1T, surge no circuito uma força
eletromotriz de origem térmica
(EAB),
que induz no circuito uma corrente
elétrica.
A j unção mais quente à temperatura T é denominada temperatura
de teste e a outra, de junção passiva ou de referência (Tr). A força
eletromotriz é produzida porque a densidade dos transportadores de
carga difere de um condutor para outro. Assim, quando dois condutores
diferentes são conectados, formando duas junções, e estas são mantidas a
diferentes temperaturas, a difusão dos transportadores de carga nas
junções é pr-oduzida em ritmos diferentes, dando origem a um movimento
líquido dos transportadores de carga, como se fossem impulsionados por
um campo não-eletrostático. A integral curvilínea deste campo ao longo
do par termoelétrico é a força eletromotriz de Seebeck:
B B
E
=
f
(aA -ao) dT
=
f
a A
o
dT
A A
eq.
1
em que aA e aB são denominados coeficientes de Seebeck, definidos
r")mo sendo o potencial elétrico por unidade de temperatura
(rr"
-/K).
Estes coeficientes dependem da natureza do material e da temperatura. A
8
diferença
(UA-UB)
é denominada constante termoelétrica do par
termoelétrico.
Para potências luminosas similares à da radiação solar, um par
termoelétrico não gera uma diferença de potencial capaz de ser detectada
por um simples potenciômetro. A ordem de grandeza dessa força
eletromotriz exige aparelhos altamente sofisticados para esta medição. A
termopilha é uma associação em série de pares termoelétricos, de forma
que o sinal é amplificado por um fator igual ao número de junções. A
força eletromotriz gerada é dada por:
B
E A B
=
N
f
U A B
dT
A
eq.2
Nos radiôrnetros solares, pode-se distinguir, com base no
absorvedor, dois tipos principais de termopilhas: branco-preto e somente
preto.
No primeiro tipo, o sinal gerado pelo circuito termoelétrico deve-
se à absorção diferencial da energia radiante: a parte preta absorve
enquanto a branca reflete, gerando, assim, um gradiente de temperatura
entre as duas seções.
°
circuito termoelétrico mede essa diferença de
temperatura, com as junções passivas na parte branca.
Existem várias geometrias da combinação branco-preto, sendo as
duas mais importantes a de disco concêntrico e o tipo estrela. Na
geometria disco concêntrico, o circuito dos pares termoelétricos é
distribuído radialmente no absorvedor, com as junções ativas localizadas
no disco preto e as passivas, no anel branco. Na geometria tipo estrela, o
circuito termoelétrico forma uma espiral, sendo que os termopares
situados nas partes brancas e pretas constituem, respectivamente, as
junções ativas e passivas (ESCOBEDO, 1987).
No segundo tipo, o absorvedor é totalmente preto, e o sinal
é
gerado pela diferença de temperatura entre as junções quentes (em
contato com o disco preto) e as junções passivas (não atingidas pela
9
radiação). A temperatura das junções passivas pode ser mantida
constante, mediante contacto com uma massa metálica afastada do
absorvedor preto.
2.2. Pireliâmetros
São instrumentos destinados a medir a irradiância correspondente
à radiação solar direta, perpendicularmente à direção de sua propagação.
Estes instrumentos podem ser classificados em autocalibrados e comuns.
Estes últimos são calibrados em comparação com os instrumentos
autocalibrados. Além disto, podem ser classificados em instrumentos de
primeira ou segunda classe, de acordo com sua precisão.
Os critérios principais para a classificação na precisão e no
desempenho completo do sistema estão no Quadro 2.
Quadro 2 - Critérios de classificação de pireliôrnetros
,
.
PADRÃO
Ia
CLASSE
2
a
CLASSE
'.
!'
Sensibilidade
(%)
± 0,2 ± 0,4
± 0,5
-
Estabilidade
(%)
,
± 0,2 ±I,O ± 2,0
...
Temperatura
(%)
v .
± 0,2
±I,O
± 2,0
Seletividade
(%)
c.
± 2,0
±1,0
±1,0
"
Linearidade
(%)
± 0,5
± 1,0
±
2,0
Constante de tempo
25
s
25
s
60
s
Com base nesse critério. os principais pireliôrnetros foram
classificados:
10
Padrão: O de compensação elétrica de Àngstrom e o de disco de prata de
Abbot.
Classe: Novo Eppley, Linke-Feussner, Bimetálico de Michelson e
Yanishevski.
Classe: Moll-Gorczynsky e antigo Eppley.
O pireliômetro de fluxo de água de Abbot é excluído da classificação,
por ser considerado padrão entre os padrões. Os pireliômetros de Àngstrom
e o de disco de prata de Abbot, apesar de serem muito precisos, não são
muito utilizados nas medições de rotina. Sua maior utilidade está na cali-
bração de novos pireliômetros. Os classificados como de primeira e segunda
classe são específicos para medições de rotina, e, dentre estes, os mais usa-
dos e com maior sofisticação são Novo Eppley e o Linke-Feusser, equipados
com filtros especiais e compensadores de temperatura.
O campo de visão dos pireliômetros deve ser pequeno o suficiente para
rmrumizar
o registro da radiação circunsolar, mas consistente com uma
tolerância para o mecanismo de acompanhamento do Sol. A experiência
mostrou que um campo de visão com um ângulo de abertura de 5° e um ângulo
de inclinação de 1° é um compromisso
satisfatório
(Figura 1). Estes valores
são também recomendados pela Organização Meteorológica Mundial, para
uma geometria circular (FROELICH e LONDON, 1986).
2.2.1. Desenvolvimento da
pireliometria
A primeira medida da radiação direta do Sol foi realizada em 1837,
quando um pireliômetro foi construído por Pouillet, na França
(KMITO
e
SKLYARAROV, 1987). O instrumento era constituído por um tubo de metal
achatado, com água em seu interior. A variação da temperatura da água era
medida por meio de um termômetro. A parte superior do tubo era vedada
durante a medição da radiação solar, orientada perpendicularmente aos raios
solares.
11
Ab~rtnra
frontal
Ângnlo
de
IncHnaçAo
Absorve dor
--'----i-..I.....
Figura 1 - Definição geométrica dos ângulos de abertura e de inclinação.
A quantificação da energia solar era determinada por mero da
variação da temperatura da água do interior do tubo. Este pireliômetro
foi posteriormente modificado por vários outros cientistas (KMITO,
1987).
A descoberta dos efeitos Seebeck (em 1826) e Peltier (em 1834)
e o desenvolvimento dos termopares e termopilhas tiveram um papel
significativo no desenvolvimento dos pireliômetros.
A construção dos bolômetros, transdutores não-seletivos de
radiação, também desempenhou um papel preponderante no aprimora-
mento dos pireliômetros. O primeiro bolômetro foi construído por
Langley, em 1881, para detectar radiações visível e infravermelha.
Apesar de muitos outros aparelhos terem sido desenvolvidos desde
aquela época, o
boiômetro
continua sendo um dos mais usados para
detectar a radiação infravermelha (DERENIAK, 1984). O bolômetro não
12
necessita de refrigeração e possui uma resposta espectral, limitada
apenas pelo filtro a ser usado. Pode ser construido para suportar
condições adversas, e, quando refrigerado, tem sua precisão aumentada.
O princípio de operação dos bolôrnetros consiste na mudança de
temperatura produzida pela absorção da radiação, que acarreta uma mu-
dança na resistência elétrica do material utilizado em sua fabricação.
Esta variação na resistência elétrica pode ser usada para sensoriar a ra-
diação, tal como no caso dos sensores fotocondutivos, porém os mecan-
ismos básicos de detecção são diferentes. No caso dos bolôrnetros, a ra-
diação solar produz aquecimento no material, e este, por sua vez, produz-
irá uma mudança de resistência elétrica. Esta mudança na resistência
elétrica do material é especificada em termos de 1°C, e é expressa
matematicamente pela equação:
o:
=
l/R . dR/dT
eq.3
em que
o:
=
coeficiente de temperatura da resistência;
R
=
resistência; e
T
=
temperatura na escala centígrada.
Os principais tipos de bolôrnetros de maior uso são os de metais,
o termístor e os semicondutores. Os bolôrnetros compostos, desenvolvi-
dos recentemente, parecem promissores pelo baixo ruído e pela captação
de baixas freqüências de radiação infravermelha. o bolômetro super-
condutor opera numa faixa de transição da conduti vidade, na qual a re-
sistência varia bruscamente. Seu uso é restrito, por causa do severo con-
trole da temperatura que é necessário.
Uma nova fase histórica do desenvolvimento da acnnometria,
incluindo a pireliometria, teve início com as publicações de artigos de
renomados cientistas, tais como
Ãngstrom
(Suécia), Abbot e Aldrich
13
(USA), que desenvolveram métodos básicos para estimações precisas de
medições actinométricas, assim como os princípios e métodos de
construção de novos pirel
iôrnetros.
O pireliômetro de Ângstrom foi desenvolvido por Knut Ângstrom
em 1893, em Uppsala, na Suécia, e sofreu um bom número de modifica-
ções nos anos subseqüentes. Embora tenha pretendido originalmente ser
um instrumento absoluto, os modelos mais recentes têm sido geralmente
calibrados em função dos mais antigos, para os quais a calibração foi cal-
culada a partir dos princípios físicos e das características do projeto do
instrumento. O princípio de operação do instrumento é a compensação
elétrica. O absorvedor é uma tira de manganina pintada de preto (alguns
modelos recentes usam como tinta o negro de Parson). Enquanto uma tira
de manganina é exposta ao sol, a outra, que está na sombra, é aquecida
eletricamente, até que se obtenha um sinal nulo no termopar diferencial
que está em contato com ambas as tiras metálicas. A medida cuidadosa
da corrente permite o cálculo da potência elétrica dissipada, que em
princípio seria idêntica à potência radiativa incidente na outra tira
metálica. No entanto, desvios em relação ao comportamento ideal podem
ser significativos, e seu uso como instrumento absoluto não é atualmente
recomendado.
A primeira escala usada como referência para medidas de radia-
ção foi a escala de Ângstrom, após recomendação de uma Conferência
Meteorológica Internacional, realizada em 1905. Esta primeira escala
está baseada no instrumento A70, construído em 1896, cujas constantes
foram determinadas cuidadosamente por Ângstrom, O aparelho A 158,
construído em Uppsala, em 1912, foi usado durante décadas como um
padrão secundário, tendo sido considerado mais preciso que o A70, em
1956, quando da realização de uma Conferencia Internacional de Radia-
ção em Davos, ocasião em que foi introduzida uma nova escala pire-
liométrica internacional.
14
A outra escala anterior a 1956 foi a do Instituto Srnithsoniano,
nos Estados Unidos, a qual data de 1913, tendo sido posteriormente re-
visada. A escala Smithsoniana tem como referências o pireliômetro de
Fluxo-de-Água e o pireliômetro de Disco-de-Prata, desenvolvidos por
Abbot e Aldrich, nas primeiras décadas deste século.
O primeiro pireliômetro de Fluxo-de-Água possuía uma cavidade
única, enquanto os modelos posteriores apresentam duas cavidades. O
princípio básico é medir a mudança de temperatura da água que flui entre
as paredes de um receptor cônico de radiação. Estas cavidades são tam-
bém equipadas com aquecedores elétricos, que são energizados para cali-
brar o instrumento quando não radiação chegando no sensor. No ins-
trumento de cavidade única, a medição solar e a calibração elétrica são
feitas seqüencialmente, enquanto no de duas cavidades o aquecimento
solar e o elétrico são feitos simultaneamente, um em cada cavidade.
Neste caso, uma termopilha diferencial é usada para monitorar a diferen-
ça de temperatura da água que sai das duas cavidades, a qual é mantida
nula, ajustando-se a potência elétrica dissipada na cavidade sombreada.
Os pesquisadores postulam que pireliômetros de Fluxo-de-Água de duas
cavidades têm acurácia de 0,2% (FRGELICH e LONDON, 1986).
O pireliômetro de Disco-de-Prata tem sido o aparelho por meio do
qual a escala Smithsoniana é transferida para instrumentos operacionais.
Ele é calibrado contra um padrão primário, normalmente o pireliômetro
de Fluxo-de-Água. O princípio de operação é a medição do aumento e da
queda de temperatura de um disco de prata pintado de preto, que é ex-
posto à radiação e depois sombreado. O termômetro usado é um ter-
mômetro de mercúrio, montado num furo feito radialmente no disco de
prata O instrumento é operado com um tempo de exposição ao sol de 2
minutos, enquanto o tempo de sombreamento varia de 2 a 4 minutos. As leitu-
ras de temperatura são corrigidas, levando em conta a temperatura e umidade
ambientes. Uma constante fornecida com o instrumento é então aplicada para
obter o valor da radiação Estudos detalhados mostraram que uma diferença
15
significativa nos resultados, dependendo do tempo de exposição e sornbrea-
mento. Estas diferenças foram, em parte, responsáveis pela confusão originada
pelo uso da escala Smithsoniana de 1913 (FROELICH e LONDON, 1986).
A Conferência Internacional de Radiação ocorrida em Davos, em
1956, estabeleceu a Escala Pireliométrica Internacional de 1956
(denominada IPS-1956), corrigindo as escalas de Àngstrbm (denominada
AS-1905) e Smithsoniana (denominada SS-1913), como se segue:
IPS-1956
=
AS-1905 + 1,5
%
eq..•
IPS-1956
=
SS-1913 - 2,0
%
eq. 5
Desde essa primeira conferência ocorrida em Davos, a partir de 1959,
e a cada cinco anos, vêm ocorrendo Comparações Internacionais de Pire-
liômetros. Com o aparecimento, nos anos 70, de uma nova geração de pire-
liômetros autocalibrados de alta precisão (os chamados radiômetros absolu-
tos), foi necessário corrigir a escala de 1956 (IPS-1956), o que foi feito em
1981, definindo-se uma nova Referência Radiométrica Mundial (World
Radiometric Reference - WRR), tal que: WRR
I
(IPS-1956)
=
1,022.
2.2.2. Pireliâmetros operacionais
o
elemento básico nestes instrumentos é uma terrnopilha,
geralmente pintada de preto na superfície que é exposta
à
incidência da
radiação solar. Devem ser calibrados contra um padrão. O pireliômetro NIP
da Eppley é um exemplo. Nas versões recentes, são usadas termopilhas de
cobre-constantan. Normalmente, esses pireliômetros são designados pela
letra E nos números de série.
A
maioria das unidades recentes e algumas
das antigas possuem compensação de temperatura; também possuem uma
construção de dupla cúpula, para
R
iortecer os efeitos dos ventos externos e
das mudanças das temperaturas.
16
Os pireliômetros Kipp & Zonen possuem uma termopilha com 40
junções de constantan e manganina, distribuídas em dois grupos de 20
cada, e em círculo. Este arranjo oferece compensação para flutuação de
temperatura. A unidade é complementada por um filtro especial e não
possui compensação de temperatura, mas a constante de calibração pode
ser corrigida por um fator que é dado pelo fabricante, como uma função
linear da temperatura do instrumento. Um termômetro é acoplado ao
corpo do instrumento, a fim de estabelecer a temperatura durante o
tempo de operação do pireliômetro. Os aparelhos são colocados num
suporte, visando permitir um ajuste na elevação solar, e o azimute é
corrigido manualmente.
O pireliômetro mais usado na União Soviética e no Leste Europeu
é o Actinômetro A80, desenvolvido no Observatório Principal de
Geofísica de Leningrado. O receptor é uma termopilha soldada na forma
de uma estrela, de bandas de manganina e constantan. As junções frias
da termopilha são fixadas em um anel de cobre, com um suporte fino
isolado eletricamente. Um disco fino de prata, de 11mm de diâmetro, é
colocado no topo das junções quentes, o qual é pintado com verniz preto.
No Quadro 3, está o desempenho de alguns pireliômetros operacionais.
Quadro 3 - Desempenho de três tipos de pireliômetros
Eppley Nip
Kipp
&
Zonen
A 80
Unidades
Actinômetro
Sensibilidade 8
16 10
V
w-
I
-2
u v . .m
Tempo de resposta lIe 1,0 2,7
4,0
s
Limite
geométrico
de
visão:
àngulo completo de visão
5,7
0
9,6
0
10
0
grau
àngulo de declive
0,8
0
2,4°
?
grau
-,
Coeficiente de temperatura temperatura
- 0,2~'ó
I
K
+ 0,08% /K
compensada
para melhor de
± 1% na média
de _20
0
a
-t-
40°
17
2.2.3. Montagem, manutenção e calibração de pireliâmetros
\.
Desde que os pireliômetros precisam visualizar apenas um pe-
queno campo centrado no disco solar, os requisitos do local de montagem
são menos restritivos que para a maioria dos instrumentos de medida de
radiação solar. O instrumento deverá ser montado numa plataforma
está vel, da qual a visão do Sol não sofra interferência de obstáculos de
nenhuma espécie, desde o nascer ao por do Sol. Na escolha do local de
montagem, deve-se levar em conta a mudança do azimute solar em rela-
ção
à
estação do ano. Porém, obstáculos no horizonte não possuem Im-
portância na medição da radiação solar direta.
Alguns passos devem ser seguidos para a montagem de um prre-
Iiômetro no local de observação.
1
º- -
Colocar a base do sensor numa superfície estável e nivelar a
mesma com o eixo de ângulo horário, aproximadamente, no plano norte-
sul. O nivelamento deverá ser feito com um nível de bolha.
2º- -
Colocar a inclinação do eixo de ângulo horário o mais pre-
CISO possível com o ângulo de latitude local. O declive deve ser para o
sul, no hemisfério norte, e o inverso para o hemisfério sul. O método
conveniente de ajustar o ângulo é por meio de um transferidor de nível,
preferenciaLmente o da escala vernier. Este ajuste deverá ser preciso a
menos de 0,25° .
3º- -
Orientar o pireliômetro para visualizar o zenite, ajustando o
ângulo de declive e horário.
4º- -
Girar o instrumento em torno do eixo de declive e para
visualisação do Sol, por meio de pequenos ajustes em torno do eixo de
decI ive da base, mas não em torno do eixo horário. A base deverá estar
em orientação própria, chegando ao ângulo de inclinação do eixo do ân-
gulo horário, isto para se certificar de que ele
-vão
foi desajustado.
Os erros na inclinação do eixo de ângulo horário, ou na monta-
gem azimutal, resultarão em erros de rastreamento. O melhor caminho
18
para detectar um erro azimutal é comparar os erros de rastreamento
próximos ao nascer e por do sol. Se o erro estiver em uma direção no
nascer do Sol e na direção oposta no por do Sol, a montagem azimutal
precisa de ajuste na direção exata. Se, porém, os erros no nascer e por do
Sol estiverem na mesma direção e forem de mesma magnitude, e a orien-
. tação aparece correta
à
noite, então a orientação do eixo de ângulo
horário precisa de ajuste.
Obviamente, um desalinhamento de ambos os eIXOS irá causar
uma combinação destes sintomas. É preciso lembrar que, salvo nos
solstícios, o declive do Sol sofre mudança vagarosa, de forma que a
mudança em apenas um dia é muito pequena para ter significação no
processo de orientação. Uma vez que a base foi orientada corretamente, é
aconselhável marcar cuidadosamente o contorno da base na plataforma e
fixar firmemente a base na plataforma, com a finalidade de que sua
orientação não possa ser inadequadamente desajustada.
Os cabos condutores de sinais para o sistema de aquisição de
dados deverão ser gêmeos, protegidos e de fio número 16 ou maior. To-
das as conexões exteriores deverão ser à prova d' água e, em áreas que
possam ocorrer tempestades, os cabos deverão ser subterrâneos; se o ins-
trumento é colocado numa distância considerável do sistema de
aquisição, o alcance dos cabos acima de 200 m deverá ser usado se o im-
pedimento do sistema de gravação for apropriado, mas linhas longas
estão sujeitas a captar ruídos e poderão promover prejuízos aos equi-
pamentos. Devem-se usar conectores, ou anéis coletores, a fim de evitar a
torção dos cabos transmissores, porém, os anéis acrescentam ruídos no
sinal e, por isto, são geralmente evitados. A melhor solução, geralmente,
é destorcer os cabos a cada poucos dias, desconectando-o momentanea-
mente, ou rotacionar o instrumento ao contrário (poucas vezes).
É
ne-
cessário cuidado neste aspecto de operação, visto que muitos dados têm
sido perdidos freqüenternente, em virtude de quebra dos cabos de sinais
ou torções excessivas.
19
Em virtude dos modelos à prova d'água dos instrumentos e
suportes, os pireliômetros requerem mínima manutenção. Além das che-
cagens de orientação e distorções dos cabos mencionados anteriormente,
a principal tarefa é uma inspeção diária para manter a abertura de en-
trada dos raios solares em condições ideais. Se necessário, limpá-Ia do
orvalho ou da geada. A limpeza pode ser feita, utilizando um tecido ma-
cio ou uma escova de pêlos de camelo.
Os pireliômetros operacionais são calibrados por uma comparação di-
reta com radiôrnetros absolutos ou com um padrão secundário de pireliômetro.
Por meio deste método, os intrumentos operacionais e os padrões são instala-
dos lado a lado e operam simultaneamente em períodos de 2 a 3 horas, e de
poucos em poucos dias. Um número relativamente grande (aproximadamente
100 pares) de valores simultâneos, AI e
Az,
respectivamente, deverá ser ob-
tido por meio das gravações, como também a média R das razões individuais
de
Az /
AI computada. Se C
1
e
C,
são os fatores de calibração para os
operacionais e os padrões, tem-se a equação 6. O método também pode ser
usado para checagem de possíveis mudanças das características de respostas
dos intrumentos. Os campos de visão desses dois intrumentos não devem ser
significativamente diferentes, caso contrário, os efeitos de quantidades dife-
rentes da radiação circunsolar, que alcançam os sensores, seriam importantes.
eq.
6
2.2.4. Pireliômetros
autocalibrados
Muitos pirel iôrnetros autocalibrados têm sido desenvolvidos
desde o início dos anos 60. A maioria emprega uma cavidade receptora
para a absorção da radiação solar incidente e um transdutor de fluxo de
calor para monitorar a potência elétrica. A medida da potência elétrica
dissipada num aquecedor durante a medida de radiação constitui o
método de determinação da radiação solar em unidades do Sistema
20
Internacional. A
maiorra
destes instrumentos foi desenvolvida para
experimentos no espaço, sob condição de vácuo. Alguns são disponíveis
comercialmente.
Vários termos de correção estão associados a cada tipo de instru-
mento, em virtude dos desvios em relação ao comportamento ideal, de-
vendo ser aplicados para converter a medida da potência elétrica numa
quantidade de radiação verdadeira. Nestes aparelhos, devem ser consi-
derados itens importantes como a correta medida da área de abertura, os
erros na medida da potência elétrica, a emissão da cavidade através da
área de abertura, as perdas de calor através dos conectores elétricos etc.
Um número de itens geralmente agrupados como termos de "não-
equivalência" diz respeito às diferenças na distribuição da temperatura
e, portanto, nas quantidades de energia, quando a cavidade é energizada
eletricamente ou com radiação solar. Deve-se observar, também, a ab-
sorção do receptor da cavidade sobre toda a faixa espectral da radiação
solar.
Brusa e Frolich, em 1986, desenvolveram experimentos inde-
pendentes de caracterização do rad iômetro
PMO,
visando quantificar os
diferentes termos individuais citados, com métodos de avaliação con-
fiáveis e com uma conclusão de incerteza de aproximadamente ±0,2% na
medição da radiação. Os diferentes instrumentos possuem desenhos dife-
rentes e, portanto, os detalhes de uma caracterização completa devem
também ser diferentes. Pode-se, portanto, dizer que apenas os instrumen-
tos totalmente caracterizados podem ser usados como "verdadeiros" InS-
trumentos absolutos.
Os principais tipos de pireliômetro de cavidade autocalibrados
são:
ACR desenvolvido por R.c. Willson, em 1973 (U S A ).
CROM desenvolvido por D. Crommelynck, em 1973 (Bélgica).
H-F desenvolvido por 1. Hickey e R. Frieden, em 1983 ( USA ).
PACRAD desenvolvido por 1.M. Kendall, em 1970 (U S A ).
21
PMO desenvolvido por R.W. Brusa e C. Frohlich, em 1972 (Suiça)
TMI desenvolvido por J.M. KendalI, em 1978 (USA).
Cada instrumento individual tem seu próprio conjunto de fatores
de correção. A precisão absoluta de todos os instrumentos citados está
entre 0,3 e 0,2%, dependendo da caracterização. Alguns instrumentos
como o PACRAD e ACR têm sido feitos por diferentes laboratórios. O
TMI, H-F e PMO são produzidos comercialmente.
Os termos "ativo" e "passivo" dizem respeito ao modo de
operação dos pireliômetros autocalibrados. Os instrumentos "passivos"
são operados de forma seqüencial, alternadamente expondo a cavidade ao
sol e depois calibrando eletricamente o transdutor de fluxo de calor.
Nenhuma potência elétrica é dissipada quando a cavidade está exposta ao
sol. a operação "ativa" geralmente refere-se à manutenção de uma
diferença de temperatura constante no transdutor de fluxo de calor, seja
na fase sombreada seja na fase de exposição ao sol. Neste caso, um
mecanismo de controle automaticamente ajusta a potência elétrica, de
forma a manter a mesma diferença de temperatura. A maioria destes
pireliômetros possui uma segunda cavidade, de referência, para
rrurumtzar efeitos das condições ambientes no desempenho do
instrumento.
2.2.5. Ptreliômetros da família PMO
Os modelos mais antigos destes instrumentos foram os do tipo
PM02 e PM03, semelhantes aos instrumentos desenvolvidos nos Estados
Unidos. Instrumentos do tipo PMO foram desenvolvidos por Brusa e
Frohl ich , no centro de Radiação Mundial do Observatório Físico-
Meteoro
lógico
de Davos. O projeto estrutural destes instrumentos é
mostr ajo na Figura 2 .
22
l-Diafragma de abertura; 2 e 9-cones detetores e de compensação; 3- blindagem térmica:
4- Aquecedor elétrico; 5-termômetro de resistência; 6-impedância térmica; 7-termopilha;
8- reservatório de calor; 10-conexão metálica com reservatório de calor.
Figura 2 - Diagrama esquemático dos pireliômetros PM02,e PM03.
A diferença essencial entre essas duas versões (KMITO e
SKL YARAROV, 1987) é o uso de duas cavidades no PM03. O PM02 faz
uso de uma termopilha de cobre constantan com 140 junções, pára medir a
diferença de. temperatura em virtude do fluxo de calor entre o absorvedor e
o reservatório de calor. Esta queda de temperatura, tal como nos pireliôrne-
tros PACRAD e ACR, é pequena (da ordem de 1K). No PM03, esta dife-
rença de temperatura é medida por meio de termômetros de resistência. A
resistência do aquecedor no PM02 é 16
n,
enquanto no PM03 é de 90
n.
Esses instrumentos podem trabalhar num regime automático. Os
controles automáticos PM03 e ACR são similares. A constante de tempo
do PM03 é também de mesma ordem de magnitude que o ACR (de cerca
de 2 segundos).
A caracterização completa desses instrumentos leva em consr-
deração
o coeficiente de absorção da cavidade; a não-equivalência de
23
compensação, em virtude da variação no campo de temperatura do ele-
mento detector durante o aquecimento radiante e elétrico; a iluminação
do detector de radiação pela luz espalhada nas paredes interiores do
tubo; as perdas de calor nas soldas dos fios; o erro sistemático de
medição da área do diafragma etc.
A soma de todas as incertezas dos fatores de correção, em termos
do valor absoluto, indica um erro quadrádico médio de ±0,0022 e
±0,0044 para PM02 e PM03, respectivamente. O intrumento PM02 foi
recomendado como um novo padrão de radiação mundial (WRR), na
Quarta Comparação Internacional de Pireliôrnetros (IPC-IV).
Durante a década de 70, foi feito um grande esforço no desen-
volvimento de experimentos independentes de laboratórios, para carac-
terizar uma segunda geração de radiômetros. Foram desenvolvidos, em
Davos, os radiôrnetros do tipo PM06 (BRUSA E FROLICH, 1986). Du-
rante a operação prática do instrumento, um circuito eletrônico mantém o
sinal da temperatura constante pelo controle da energia elétrica dissi-
pada pelo aquecedor da cavidade, independente do modo, isto é, quer a
cavidade esteja protegida ou irradiada. O aquecimento da cavidade é
feito com uma energia constante, aproximadamente de 40 mW, produ-
zindo uma diferença de temperatura de cerca de 0,75K através da im-
pedância. Em seguida, é controlada a energia na frente da cavidade, para
manter a frente e o fundo na mesma temperatura, indiferente se a frente
da cavidade for sombreada ou irradiada. Esta compensação é de 40 mW e
corresponde a uma radiação de mais ou menos 2.000 Wm-
2
.
A constante real de tempo do instrumento é de 2 segundos, con-
seqüentemente, quando ligada entre os modos sombreados ou irradiado,
o nível de precisão de 0,0 I% do aquecedor é atingido em menos de
20 segundos.
No caso ideal de uma substituição perfeita de energia elétrica por
energia radiante, a irradiação S seria simplesmente dada por:
24
eq.
7
em que
P,
e P
i
são as potências elétricas dissipadas na cavidade quando
sombreada ou irradiada, respectivamente, sendo A a área da abertura de
precisão.
2.3.
Medição da radiação direta. usando piranômetros e anel de som-
breamento
Para a medição da radiação direta com piranômetros, são
necessários dois instrumentos: um exposto normalmente ao sol, que mede
a radiação global, e outro com um dispositivo de sombreamento, que
mede a radiação difusa. O dispositivo sombreador pode ser um anelou
um disco, de forma que a radiação direta seja obstruída neste. Quando o
objeto sombreador é um anel, deve-se corrigir a radiação difusa do efeito
abóbada, pOIS ocorre uma obstrução parcial da abóbada celeste pelo
elemento sombreador (DRUMMOND, 1964; ROBINSON e STOCH,
1964 ).
Numa avaliação preliminar do método do anel de sombreamento,
ESCOBEDO (1994) utilizou a seguinte metodologia: tomou como
referência u.m piranômetro PSP-Eppley e testou dois outros aparelhos:
um protótipo e um aparelho comercial (Eppley-Estrela). Durante vários
dias, fez medidas com todos os piranômetros sem anel, medindo a radia-
ção global. Calculou, assim, as constantes dos aparelhos (denominada
Kg - constante global), sempre em relação ao PSP de referência. Depois,
todos os piranômetros foram colocados sob os anéis de sombreamento,
inclusive o PSP de referência, sendo medida, assim, a radiação difusa.
Em seguida, o autor calculou outra vez as constantes dos aparelhos
(denominada Kd - constante difusa), supondo verdadeira a constante do
piranômetro de referência.
25
o
protótipo apresentou duas constantes de calibração: uma para
luz solar global (difusa + direta) e outra para luz difusa. Para a radiação
global, a constante foi:
x,
= (
28,66
±
0,688 ) . 10-
6
V.m
2
.W-
1
ou
Kg
=
28,66 . 10-
6
V.m
2
.W-
1
com desvio de 2,4%,
eq.8
para 11 dias de medidas, num total de 1.463 pontos (cada ponto, média
de 300 observações)
Para a radiação difusa, a constante de calibração (Kj ) obtida foi:
K,
=
(26,66 ± 1,2) . 10-
6
V.m
2
W-
1
eq. 9
ou
Kd
=
26,66 . 10-
6
V.m
2
.W-
1
com desvio de 4,5%,
para 20 dias de medidas, totalizando 1.838 pontos (cada ponto, média de
300 observações).
Comparando os valores das duas constantes e considerando os res-
pectivos desvios, ESCOBEDO (1994) verificou que esses valores são
estatisticamente diferentes: Kd é 6,98% menor que Kg. Do ponto de
vista prático, aqui surge uma dúvida sobre qual constante utilizar para o
pir anôrnetro, quando o mesmo é posicionado abaixo do anel de som-
breamento para medir a radiação difusa.
No caso do piranômetro Eppley-estrela, a constante obtida para
radiação difusa (sob o anel de sombreamento) foi de:
K,
=
(10,81 ± 0,99) . 10-
6
V.m
l
.W-
1
eq.lO
o
valor da constante de
calibração
para o mesmo aparelho com
rad
iação
global foi de:
26
Kg = (9,68
±
0,12) .
10-
6
V.m
2
.W-
1
eq. 11
Os valores de Kd e Kg são também estatisticamente diferentes,
sendo Kd 11,67% maior que Kg.
As diferenças observadas entre Kg e Kd mostraram, neste estudo
preliminar feito por ESCOBEDO (1994), que o uso da constante de cali-
bração
obtida sob condições de radiação global, no cálculo da radiação
difusa com uso do anel de sombreamento, pode levar a erros de 7%
(protótipo) ou até 11,7% (Eppley-Estrela). Um estudo experimental adi-
cional faz-se necessário para confirmar estes resultados e aprofundar sua
discussão. Possivelmente, a diferença entre as constantes Kg e Kd
estaria relacionada com um efeito de temperatura (sob o anel de som-
breamento, a temperatura do sensor seria menor) ou com alguma de-
pendência espectral.
27
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Construção e testes do pireliômetro de
fotodiodo
o
sensor utilizado foi um fotodiodo de silício da EG&G, modelo
UV -1 OOBQ,
com as seguintes características fornecidas pelo fabricante:
- Área ativa 5,1 mm'
- Responsividade a 900 nm: 0,62 A
W-
1
- Responsividade a 254 nm: 0,14 A
W-
I
- Coeficiente de temperatura
a
900 nm: +0,03
%.oC-
1
a 350 nm: -0,1
%.oC-
1
O fotodiodo foi fixado no fundo de um tubo de PVC de 2,2 em de
diâmetro interno e 19,5 cm de comprimento. Um disco com um orifício
circular foi usado para tampar a boca do tubo, sendo o ângulo central de
40.
Os terminais do fotodiodo foram conectados a uma resistência
comercial de cerâmica de 10
n,
cujos terminais também foram
conectados ao DATALOGGER 2LX da CAMPBELL, para medida de
milivoltagem.
28
Os testes de calibração foram feitos durante dois dias limpos,
contra um pireliômetro NIP da Eppley, na Estação de Radiometria Solar
da UNESP/Botucatu-SP, no final do mês de novembro de 1995. Simulta-
neamente, as medidas de radiação global eram feitas com um piranômetro
PSP da Eppley e de radiação difusa, com outro PSP usando anel de
sombreamento. Seguindo a recomendação de ESCOBEDO (1995), foram
retidas para o cálculo da constante de calibração apenas as medidas
realizadas entre 10 e 14 horas (hora solar).
3.2. Protótipo de pireliômetro autocalibrado e seus sensores
3.2.1. Descrição do protótipo e dos sensores
O protótipo foi construído no Laboratório de Instrumentação do
Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa,
Minas Gerais, localizada na latitude 20°54' sul e longitude 42°51' oeste,
numa altitude de 690 m, com temperatura média de 21 "C.
O pireliômetro de cavidade autocalibrado pode ser visto na Figura 3.
O protótipo é composto das seguintes partes:
1
º- -
Um tubo metálico de alumínio, de 180 mm de comprimento,
50 mm de diâmetro externo e 25 mm de diâmetro interno. Um sistema de
mira nas duas flanges do tubo permite o alinhamento do instrumento na
direção do sol. de forma a assegurar a incidência normal da radiação no
sensor.
2º- -
Na parte inferior interna do tubo, está localizado o sensor.
Para sua construção, partiu-se de uma única peça de latão de forma
cilíndrica
(tarugo ),
com 66 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro, a
qual foi trabalhada em torno mecânico, ficando com as características:
a - Massa metálica na extremidade inferior de 25 mm de diâmetro
e 3
I
mm de comprimento. Nesta massa, foram feitos dois furos no
sentido do comprimento, por onde passaram fios condutores.
29
SO.Omm
VISTA SUPERIOR
SE M
as
CALA
TUBO METÁLICO (ALUMINIO
J
CONE NEGRO COM RESISTÊNCIA ELÉTRICA
DE CONSTANTAN =0.06 mm VER DETALH
-
CONE NEGROCOM RESISTE
-CIA DE CONSTANTAN
E
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TERMÕMETRO DE RESISTE
-NCIA DE FIO
DE
COBRE
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0.04 mm
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I I DE LATÃO
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DETALHE 1
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Figura 3 - Diagrama esquemático do protótipo de pireliômetro autocalibrado,
sem escala.
30
r
b - Um eixo de 5 mm de diâmetro por 21 mm de comprimento,
onde foram enroladas duas resistências (RI e R2) de fio isolado de
cobre, cujo diâmetro é de 0,04 mm, distantes de cerca de 11 mm uma da
outra. No segundo sensor construído, em torno do eixo de 10 mm diâme-
tro por 21 mm de comprimento, foi enrolada uma termopilha tipo Moll de
cobre-constantan, feita sobre kapton, com mais de 100 pares termoelé-
tricos, na qual os termo pares estavam distantes de 18 mm.
c - Na extremidade superior do eixo cilíndrico, foi construído um
cone de base 10 mm de diâmetro por 10 mm de altura. Na base do cone,
deixou-se uma sal iência para a sustentação da cavidade, que consiste de
um tubo metálico protetor do cone, construído também de latão, com uma
abertura de forma circular na parte superior de 7 mm de diâmetro.
d - Na superfície do cone, foi enrolada e fixada uma resistência
de fio isolado de constantan, de 0,08 mm de diâmetro.
e - O cone e a resitência foram pintados com tinta esmalte sinté-
tico preta-fosca, marca Coralit.
- A parte superior do tubo foi tampada com uma lâmina fina de
eucatex, contendo uma janela circular em seu centro de 11 mm de
diâmetro, por onde a radiação penetra no tubo.
Com essa geometria, o ângulo central definido é de 5,5°.
Um circuito eletrônico foi montado, e nele um temporizador
divide a operação do pireliômetro em duas etapas: a fase escura e clara.
Na fase escura, não incidência de radiação solar no sensor e o
elemento resisti vo opera com uma corrente elétrica constante; na fase
clara, incidência normal de radiação solar no sensor, e é acompanhada
de uma diminuição da corrente elétrica no elemento resistivo. O
dispositivo eletrônico tem como objetivo controlar a diminuição da
corrente elétrica, de modo a manter invariante a energia dentro do
módulo nas duas etapas. Com isso, tem-se como calcular a energia solar
incidente, sendo a diferença entre a energia elétrica da fase escura e a
energra
elétrica da fase clara. Um dispositivo eletrônico foi
li
confeccionado, consistindo de dois clocks, um circuito resistivo em ponte
com um amplificador operacional, um comparado r, dois condutores de 4
bits, controlados por duas portas lógicas, um conversor digital-analógico
de 8 bits, além de uma fonte de corrente controlada por tensão.
O sistema tem como sensor de radiação duas resistências de fio
isolado de cobre, acopladas num circuito resistivo em ponte, localizado
fora do módulo receptor. Logo, o módulo receptor possui internamente
três resitores: um que simula a energia solar no instante da diminuição de
sua corrente na fase clara e dois que funcionarão como sensores de
ambos os tipos de energia. Na fase escura, a fonte é regulada para enviar
uma certa quantidade de corrente (constante) ao elemento resistivo,
estando a ponte nesta situação balanceada (saída igual a zero), enquanto,
na fase clara, o sensor e as resistências terão suas resistividades alteradas
por aquecimento provocado pela incidência de radiação solar. Essa
variação causará o dcsbalanceamento na ponte, oferecendo na saída uma
pequena tensão, a qual é amplificada. O circuito digital, ao receber esse
sinal, acionará uma diminuição ou um aumento da corrente no elemento
resistivo, até que a ponte se torne novamente balanceada. O diagrama do
circuito desenvolvido pode ser encontrado em PASSOS et aI. (1995).
3.2.2. Testes do sensor com resistência de fio
O sensor com resitências RI e R
2
do pireliômetro autocalibrado,
foi submetido a incidência de radiação artificial, por meio da lâmpada
dicróica comercial de 50 W. A lâmpada foi colocada, aproximadamente,
a 3 cm do tubo, e um obstáculo foi retirado e recolocado, permitindo a
iluminação do sensor alternadamente, com uma radiação estimada em
2.500 Wm-
2
.
O sensor foi iluminado duas vezes consecutivas, durante
um intervalo de tempo de cerca de 100 segundos.
32
A seguir, foram feitos testes ao sol de meio-dia, fechando e
abrindo a parte superior do tubo e monitorando os valores de RI e R2 em
função do tempo.
Em ambos os testes, os valores das resistências R 1 e R2 foram
monitorados com ajuda de uma aquisidora de dados HP3421-A, acoplada
a um microcomputador tipo IBM-PC-XT.
3.2.3. Teste do sensor com termopilha
Este sensor foi testado durante quatro dias contra um pireliômetro
NIP da Eppley, na Estação de Radiometria Solar da UNESP/Botucatu SP.
Ambos foram alinhados no mesmo suporte do instrumento da Eppley. O
sinal da termopilha e o do pirel iôrnetro de referência foram monitorados
por meio de um sistema automático DATALOGGER 21 X da CAMPBELL,
interligado a um microcomputador 486 DX2.
O sensor também foi caracterizado quanto ao tempo de resposta.
Num teste de laboratório, o sensor foi iluminado com uma lâmpada dicróica
comercial, a 3 em do tubo, com intensidade da ordem de 1.400 Wm-
2
. Após
constatar-se uma tendência de estabilização do sinal, a lâmpada foi
apagada. Enquanto isto, o sinal da termopilha era monitorado por um
sistema automático HP-3421-A, interligado a um microcomputador
IBM-PC-XT.
3.3. Descrição do experimento com os anéis de sombreamento
o
experimento foi realizado nos meses de julho e agosto de 1995,
na Estação Radiométrica Solar UNESP/Botucatu-SP, localizada na
latitude 22°54' sul e longitude 48°27' oeste (Figura 4).
Foram usados, como referência para as medidas da radiação solar,
um piranôrne.ro Eppley tipo PSP, medindo em todo o período do
experimento a radiação global e outro piranômetro do tipo Eppley PSP,
33
Figura 4 - Detalhe do posicionamento de alguns piranômetros no local,
em Botucatu-SP.
34 .
protegido com anel de sombreamento, medindo sempre a radiação difusa.
As constantes de calibração destes aparelhos de referência foram as
fornecidas pelo fabricante.
Foram testados três piranômetros: Escobedo 1, Escobedoê
(protótipos desenvolvidos em Botucatu), além de um Eppley tipo Estrela,
que durante toda a duração do experimento mediu a radiação difusa. A
constante de calibração do Eppley tipo Estrela, realizada previamente em
Botucatu, foi tomada, como sendo:
Kg
=
(9,68 ± 0,12) .10-
6
V.m
2
.W-
1
eq.12
Todos os intrumentos foram monitorados por meio de um sistema
automático de aquisição e armazenamento de dados, DOT ALOGGER
21 X de oito canais da CAMPBELL, interligado a um microcomputador
486 DX2, programado para real izar leitura dos sinais nos aparelhos a
cada 5 segundos e armazenar a média a cada 5 minutos (cada ponto
representa, portanto, a média de 60 medições). Os programas gráficos
traçavam as curvas de irradiância da radiação difusa e global no tempo
e calculavam as áreas abaixo das mesmas, fornecendo as energias em
MJm-
2
.
No mês de julho/95, o protótipo Escobedo2 foi protegido com
anel de sombreamento, enquanto o Escobedo 1 estava exposto
à
rad iação
global. Em julho/95, foram feitas medições durante 28 dias, sendo 21
dias com céu nublado e sete dias de céu limpo. Neste mês, a constante
Kg do protótipo Escobedo 1 foi calculada como a média aritmética da
razão, ponto a ponto, entre o sinal fornecido pelo protótipo e o sinal
fornecido pelo PSP de referência, média esta multiplicada pela constante
de calibração do PSP. De forma similar, as constantes Kd do protótipo
Escobedo2 e do Eppley-Estrela foram calculadas como sendo a média
aritmética da razão, ponto a ponto, entre v sinal fornecido pelo protótipo
e o sinal fornecido pelo PSP de referência, média esta multiplicada pela
35
constante de calibração do PSP. Nestes cálculos, foram considerados
apenas os dados experimentais obtidos entre 10 e 14 horas.
No mês de agosto/95, os protótipos Escobedo 1 e Escobedoê foram
trocados de posição. Neste mês, houve 29 dias de medidas, com 11 dias
de céu limpo, 13 dias de céu nublado e cinco dias com algumas núvens
no céu. Novamente as constantes dos três aparelhos testados foram
calculadas, conforme descrito.
36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Pireliômetro de
fotodiodo
A Figura 5 mostra a radiação global medida por um piranômetro
PSP da Eppley, para os quatro dias de medida. Observa-se que os dias 27-
11 e 28-11 apresentaram-se bastante nublados, enquanto os dias 29-11 e 30-
11
foram dias limpos.
A Figura 6 mostra a radiação direta indicada pelo pireliômetro NIP
da Eppley, durante os quatro dias de experimento.
A Figura 7 mostra a radiação direta indicada pelo pireliôrnetro de
referência, em função do sinal fornecido pelo protótipo, para a totalidade
dos pontos nos quatro dias de medida. As retas, nesta figura, representam a
regressão linear, mostrando uma boa Iinearidade, tendo em vista que, em
todos os quatro casos, o coeficiente de determinação (r
2
)
foi superior a
0,995. Alguns pontos desviam-se da reta, provavelmente em períodos de
entrada ou saída de nuvens, por causa do menor tempo de resposta do
fotodiodo.
O cálculo da constante de
calibração
do protótipo foi feito,
tomando, para cada ponto, a razão -.itre a milivoltagem fornecida pelo
protótipo e a radiação direta indicada pelo pireliômetro de referência. Neste
cálculo, foram consideradas apenas as medidas realizadas nos dias 29-11 e
37
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Figura 5 - Radiação global nos quatro dias do experimento em Botucatu-SP.
38
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TEMPO (h)
TEMPO (h)
Figura 6 - Radiação direta, indicada pelo pireliômetro NIP da Eppley, ao
longo dos quatro dias de medida, em Botucatu-SP.
39
1100
1100
27.11.95
28.11.95
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18
FOTO 01000 (mV)
FOTO 01000 (mV)
Figura 7 - Correlação entre a radiação direta e o sinal fornecido pelo
fotodiodo para os quatro dias do experimento, em Botucatu-SP.
40
30-11, entre 10 e 14 horas. Os dados referentes aos dias 27-11 e 28-11 não
,
foram usados no cálculo da constante de
calibração,
pois foram dias muito
nublados e a diferença nos tempos de resposta do fotodiodo e do
pireliômetro de referência ocasionaria um elevado desvio percentual.
A constante obtida, para os 96 pontos experimentais (cada um
com uma média de
60
medições), foi de:
K
=
(0,01598
±
0,00025) mV.m
2
.W-
t
eq.
13
ou
K
=
0,01598 mV.m
2
.W-
t
, com desvio percentual de 1,56
%
Mesmo considerando as características espectrais do fotodiodo de
silício e a dependência de sua responsividade com a temperatura, seu uso
como sensor de pireliômetros mostra-se uma opção interessante, considerando
seu baixo custo, sua estabilidade a longo prazo, bem como o pequeno desvio
percentual verificado na calibração contra o pireliômetro de referência.
Operando no modo fotovoltáico, pode-se inclusive dimensionar a
resistência de carga, de modo a compensar parcialmente a dependência
da responsividade com a temperatura. Isso poderia ser feito mediante
escolha adequada do material da resistência de carga, ou mesmo ligando
a esta um termistor.
4.2. Pireliômetro autocalibrado
O princípio de funcionamento do protótipo consiste em colocar
em ponte as resistências
RI
e
R,
e acionar na superfície do cone uma
corrente elétrica correspondente a cerca de 2.000 Wm-
2
,
zerando a ponte
no escuro. Ao expor o sensor
à
radiação, a tendência seria aumentar a
diferença de temperatura entre a cavidade e o reservatório de calor,
cabendo ao circuito eletrônico a
n.anutençâo
do equilíbrio da ponte, o
que faz diminuir a potência elétrica fornecida
à
superfície do cone.
41
Funcionando de forma que o senso r seja exposto de forma
intermitente ao sol, a radiação solar seria, em princípio, igual à diferença
entre as potências elétricas fornecidas nas fases escura e clara. Como
foi mencionado, esta igualdade não se verifica na prática, em virtude dos
efeitos de "não-equivalência".
Vários testes foram feitos com o circuito, que chegou a funcionar de
forma mais ou menos satisfatória. No entanto, para seu correto
dimensionamento, cabe considerar os resultados fornecidos pelos sensores,
os quais serão descritos a seguir.
4.2.1. Sensor com resistências de fio
A Figura 8, referente ao teste com luz artificial, mostra a variação
das resistências RI (que se encontra mais próxima do cone absorvedor) e
R
2
(que se encontra mais abaixo, próxima do reservatório de calor).
Observa-se que a variação de RI é maior que a de R
2
. Esta diferença na
variação de RI e R
2
deverá ser usada para desbalancear a ponte.
U
ma forma de fazer variar o gradiente de temperatura no eixo do
sensor, supondo a mesma radiação incidente, é alterar o seu diâmetro. No
sensor com resistências de fio, tem-se um diâmetro de 5 mm, enquanto no
sensor com
terrnopilha
este diâmetro é de
10
mm. Isto representa, para o
presente sensor, uma seção reta quatro vezes inferior e, portanto, um
gradiente de temperatura quatro vezes superior.
A Figura
9
mostra as variações de RI e R
2
numa experiência
realizada ao sol do meio-dia, durante sucessivos períodos de exposição e
sombreamento do sensor.
Pode-se notar que a amplitude de variação das resistências foi
próxima de dois centésimos de
Ohrn.
o que corresponde a cerca de meio
porcento de variação. A variação de RI foi Iigeiramente superior a
variação
de R
2
.
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Tempo (s)
Figura 8 - Variação das resistências RI e R2 em função do tempo, no
teste com luz artificial.
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Figura 9 - Variação das resistências RI e R2 em função do tempo, no
teste com radiação solar.
43
Utilizando o coeficiente de temperatura da resistividade do cobre,
pôde-se, a partir dos dados experimentais relativos à Figura 8, calcular
em 1,2°C o acréscimo de temperatura indicado pela resistência R 1 e em
0,74°C o acréscimo de temperatura experimentado pela resistência R2.
Ou seja, partindo de uma temperatura homogênea do sensor, após 160
segundos de incidência de radiação solar direta da ordem de 900 Wm-
2
,
chegou-se a uma diferença de temperatura, entre o cone e o reservatório
de calor, de apenas de 0,46°C.
Os resultados obtidos nos testes com este sensor mostram que se
está lidando com sinais muito tênues, tornando necessário um red irnen-
sionamento da ponte e do circuito eletrônico de controle.
4.2.2. Sensor com termopilha
A Figura 10 mostra o sinal fornecido pela termopilha (m V), em
função do tempo (s), no experimento de laboratório usado para a
determinação da constante de tempo do sensor. A constante de tempo
(l/e) foi de 25 segundos, sendo o tempo de resposta cerca de
140 segundos.
A Figura 11 mostra a radiação solar direta fornecida pelo
Pireliômetro NIP da Eppley, em função do sinal fornecido pelo sensor
construído com a termopilha, para os dias 27-11,28-11,29-11 e 30-11.
Comparando a constante de tempo do pireliômetro de referência
(NIP da Eppley), que é de 1,0 segundo, com a do sensor feito com
termopilha (25 segundos), fica expIicada a dispersão observada nos
gráficos da Figura 10. No entanto, apesar de relativamente elevado, o
tempo de resposta deste sensor com termopilha não constitui um
problema para seu uso no pireI iômetro autocalibrado, uma vez que as
fases clara e escura de operação do PMO, conforme descrito, são da
ordem de minutos.
44
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150
200 250
Tempo
(5)
Figura 1O-Caracterização do tempo de resposta do sensor construído
com a termopilha.
4.3. Avaliação do uso do anel de sombreamento
Foram calculadas as constantes Kg e Kd para os protótipos Esc 1 e
Esc2, bem como a constante Kd para o Eppley Estrela, obtendo-se os
seguintes resultados, sendo N igual ao número de dias de medida e dp o
desvio-padrão da média em porcentagem:
Protótipo Esc 1:
Kg = 12,949
±
0,7058 J.1V.m
2
.W·
1
(N =20, dp = 5,45%)
Kd = 12,654
±
0,4551 J.1V.m
2
.W·
1
(N=27, dp = 3,6%)
Protótipo Esc2:
Kg = 15,5276:t 0,1773 JlV.m
2
.W·
1
(N=29, dp = 1,14%)
Kd = 15,6021 ± 0,4071 J.1V.m
2
.W·
1
(N=28, dp = 2,61%)
45
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100
O
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0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Termopilha (mV)
1100
1000
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Fi
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TerrnopiIha (mV)
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/
29.11.95
30.11.95
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I
O
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01
02 03
04
05 08 07 08
00
0.1
02 03 04 05
06
0.7 08
Termopllha (mV)
Termopilha
(mV)
Figura 11 - Correlação entre a radiação direta e o sinal fornecido pela
terrnopilha, para os quatro dias do experimento ao sol.
46
--_._-----------------_ .. -_._-~.-
Eppley Estrela:
Kd = 10,9671
±
0,9935 J.lV.m
2
.W-
1
(N=48, dp
=
9,06 %).
Deve-se lembrar que a constante Kg do piranôrnetro Eppley
Estrela, calculado previamente, é de (9,68 ± 0,12) J.lV.m
2
.W-
1
.
Observando-se o Quadro 5, verifica-se que a diferença percentual
entre Kg e Kd (tomando como base o valor de Kg) é de -2,3% para Esc 1,
+0,48% para Esc2 e de + 13,3% para o Eppley Estrela. Comparando estas
diferenças com os valores dos desvios percentuais, pode-se afirmar que
tais diferenças não são estatisticamente significativas, exceto para o caso
do Eppley Estrela.
Cabe notar, também, que o protótipo Escl tem valor de Kd
inferior ao de Kg, sendo, para Esc2 e para o Eppley Estrela, Kd maior
que Kg. Este resultado dificulta a explicação para as diferenças
observadas entre Kd e Kg, como conseqüência de um efeito de
temperatura, pois nesta hipótese deveria ter sido observada sempre uma
mesma tendência, que sob o anel de sombreamento, supõe-se que os
piranôrnetros operem sempre com temperaturas relativamente inferiores.
(Quadros 4 e 5).
Os dados experimentais foram separados em dois grupos,
correspondendo a dias limpos e nublados, e calculou-se novamente as
constantes Kd e Kg para cada um destes dois grupos. Estes cálculos
mostraram que, para os dias limpos, aumenta a diferença entre Kg e Kd,
passando a ter uma variação percentual, em relação a Kg, de -5,7% para
Esc I, +2,5% para Esc2 e + 19,3% para Eppley.
para os dias nublados, tais variações são menores que as
indicadas pela totalidade dos dados experimentais: de -1,2% para Esc 1,
+0,06% para Esc2 e +8,6% para Eppley Estrela, ou seja, se existe uma
diferença entre Kg e Kd, ela é menor para os dias nublados, o que
significaria um erro menor no cálculo da radiação difusa, justamente
quando a quantidade de energia solar difusa é maior.
47
Quadro 4 - Constantes obtidas nos meses de julho e agosto de 1995, em
Botucatu-SP
Tipos de
Média
Desvio-Padrão
Número de
Piranômetros
Dias
ESC 2 - G
15,52759
0,17727
29
ESC I - D 12,65407 0,455 10
27
Todos os dias ESC 2 - D
15.60214
0,40708
28
ESC 1 - G
12,94900 0,70582
20
Eppley Estrela D 10,96708 0,99353
48
ESC 2 - G
15,60394 0,08465
11
ESC 1 - D
12,71778 0,47376
9
Dias limpos
ESC 2 - D
15,99286 0,5 I 028
7
ESC 1 - G
13,49167 0,89067
6
Eppley Estrela D
11,54944
0,96582
18
ESC 2 - G
15,45286
0,22022
14
ESC 1 - D
12,57308
0,39003
13
Dias nublados ESC 2 - D
15.46053
0,28334
19
ESC 1 - G
12,71692
0,50775
13
Eppley Estrela D 10,51160 0,75596
25
Quadro 5 - Valores comparativos de Kg e Kd
Tipos de
Kg
Kd
(Kd-Kg)* I OO/Kg
Piranômetros
Eppley 9,68 ± 1,24%
10,96 ± 9,10%
+13,28%
Média Geral ESC 1
12,95 ± 5,45%
12,65 ± 3,60%
-2,28%
ESC 2 15,53 ± 1,14% 15,60 ± 2,60%
+0,48%
Eppley 9,68 ± 1,24%
11,55
± 8,38%
+19,30%
Dias limpos ESC 1 13,49 ± 6,60% 12,72 ± 3,72%
-5,70%
ESC 2 15,60 ± 0,54%
15,99 ± 3,19%
+2,50%
Eppley 9,68 ± 1,24% 10,51 ± 7,19%
+8,60%
Dias nublados
ESC I
12,72 ± 3,99% 12,57±3,10%
-1,':'J%
ESC 2
15,45
±
1.43%
15,46
±
1,83%
+0,06%
48
5. RESUMO E CONCLUSÕES
o
presente trabalho mostrou que o uso de fotodiodos de silício
como sensores de pireliômetros é uma alternativa interessante, mesmo
considerando sua resposta espectral e a dependência de sua responsi-
vidade com a temperatura. Além do baixo custo, da robustez e da
estabilidade, a longo prazo, do fotodiodo, o protótipo desenvolvido
apresentou ótimo desempenho numa calibração contra um pireliômetro
NIP
da
Eppley.
Operando em modo fotovoltáico, o protótipo mostrou boa
linearidade (r
2
superior a 0,995), e sua constante de cal ibração
apresentou um desvio percentual de 1,6%.
Foi iniciado o desenvolvimento de um pireliômetro de cavidade
autocalibrado do tipo PM02. Dois sensores diferentes foram construídos
e testados. Um deles possui duas resistências de fios de cobre, para
monitorar o fluxo de calor entre o absorvedor e o reservatório de calor. O
outro utiliza uma terrnopilha, para detetar este mesmo fluxo de calor. A
diferença de temperatura entre o absorvedor e o reservatório de calor,
para um sol de meio-dia, foi estimada como sendo da ordem de 0.5°C.
A caracterização dos dois sensores foi feita em termos de
intensidade e tempo de resposta. Nos testes com radiação solar, as
resistências tiveram variações da ordem de 0,5% , enquanto o sinal
49
fornecido pela termopilha chegou a 1,0 mV. A constante de tempo do
sensor com termopilha foi de 25 segundos e a do sensor com resistências
foi ainda maior. O elevado tempo de resposta dos sensores, no entanto,
não impõe restrições a seu uso neste tipo de
pireliõmetro,
considerando
que os intervalos de tempo das fases clara e escura de operação são da
ordem de minutos. Os resultados obtidos com a caracterização dos
sensores permitirão, em futuros trabalhos, um dimensionamento correto
da eletrônica de controle.
Resultados preliminares obtidos em Botucatu sugeriram que o uso
da constante de
calibração
fornecida pelo fabricante dos piranômetros (Kg,
determinada em condições de radiação global) podia levar a erros da ordem
de até 10
%
na medida de radiação difusa com anel de sombreamento. De
acordo com tais resultados, a constante Kd, determinada em condições de
radiação difusa (com o anel de sombreamento), mostrou-se estatisticamente
diferente da constante Kg.
No presente trabalho, não foram verificadas diferenças
estatisticamente significativas entre Kg e Kd, exceto para o caso do
piranômetro Eppley Estrela. Verificou-se também que, caso exista
realmente esta diferença, ela é menor para dias nublados, o que induziria
a erros menores nos dias de grande radiação difusa. Sugere-se novos
experimentos, com maior controle das variáveis que possam estar
influindo nas medições, a fim de aprofundar a presente avaliação.
50
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52
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