MEDIÇÃO DE PERDAS EM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
ALIMENTANDO CARGAS NÃO-LINEARES – COMPARAÇÃO COM
OS MÉTODOS APRESENTADOS PELAS RECOMENDAÇÕES
L.R. Lisita
PEQ/EEEC/UFG
Goiânia, Goiás
J.W.L. Nerys
PEQ/EEEC/UFG
Goiânia, Goiás
jwilson@eee.ufg.br
M.B. Guimarães
Bolsista CNPq - Brasil
Goiânia, Goiás
magnobg@hotmail.com
F.F. Frota
EEEC/UFG
Goiânia, Goiás
F.L. Silva
EEEC/UFG
Goiânia, Goiás
R.R.D. Pereira
EEEC/UFG
Goiânia, Goiás
Abstract – The UL 1561-1994 (K Factor) and IEEE Std
C57.110-1998 (Factor for Harmonic Losses – FHL)
recommendations for maximum power and losses
calculation for three-phase transformers feeding nonlinear
loads present over-estimation. This work, implemented
using three-phase transformers connected back-to-back,
compares the measured values for the transformer losses to
the calculated values using the standard recommendations.
The measurements are acquired from the low voltage side
of the transformers and use high precision current and
voltage transducers and LabVIEW programming language.
Keywords – K Factor, Factor for Harmonic Losses -
FHL, Harmonics, Transformers.
I. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, tem-se observado um grande
crescimento no uso de equipamentos com dispositivos que
utilizam semicondutores, tais como fontes chaveadas e
retificadores. Com isto, alguns transformadores, inicialmente
projetados para alimentarem cargas lineares, tiveram estas
cargas substituídas gradativamente por cargas não-lineares.
A presença de harmônicos na corrente de carga provoca
sobreaquecimento no transformador. Para que não seja
necessário substituí-lo, esse problema é controlado através do
derating, ou seja, utilização de uma potência menor que a
nominal, de forma que o aquecimento no transformador seja
o mesmo que ele teria alimentando carga linear nominal.
Portanto, faz-se necessário calcular os valores das perdas que
provocam o sobreaquecimento, para que o cálculo do
derating seja adequado. Recomendações sobre a estimação
dessas perdas e o redimensionamento do transformador estão
disponíveis nas normas UL 1561-1994, UL 1562-1994 e pela
IEEE Std C57.110-1998 [1][2][3][4].
Porém, alguns trabalhos publicados [4][5] apresentam
indícios de que a perda calculada através destas equações não
corresponde exatamente à perda medida. Geralmente esta é
menor. Isto pode levar a um superdimensionamento do
transformador.
Tendo este questionamento em vista, este trabalho visa
comparar as perdas medidas com as calculadas por esses
métodos, através de medições precisas, no domínio do
tempo, nos terminais de tensão inferior de dois
transformadores conectados back-to-back.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A. Perdas em Transformadores
Transformadores sob carga dissipam potência por efeito
Joule nas resistências dos enrolamentos relativa às correntes
que circulam neles devido à carga e às correntes parasitas nos
mesmos [7][8]. Há outras perdas de dispersão presentes nas
estruturas fora do enrolamento, tais como núcleo, união de
núcleo, estrutura metálica e tanque [6][9].
Equações apresentadas em diversos trabalhos [4][5]
[7][8][10] indicam que as perdas em transformador
aumentam com o aumento da freqüência. Dependendo do
modelo adotado, a perda por correntes parasitas nos
enrolamentos e a perda no núcleo são proporcionais ao
quadrado da freqüência do fluxo induzido pelas correntes dos
enrolamentos [4][7][8]. Desta forma, pode-se verificar que
há uma grande influência das correntes harmônicas nas
perdas do transformador, provocando sobreaquecimento no
mesmo e podendo comprometer seu isolamento e sua vida
útil.
A importância de quantificar as perdas sob cargas não-
lineares vem do fato de ser possível fazer com que o
transformador alimente uma potência menor que a nominal,
de forma que ele apresente o mesmo aquecimento (mesma
perda) que teria alimentando carga linear nominal. Neste
caso o isolamento, a capacidade condutora e a vida útil do
transformador não são comprometidos.
Os métodos de cálculo para perdas em transformadores
alimentando cargas não-lineares apresentados pelas normas
referenciadas baseiam-se no espectro harmônico da corrente
de carga. Através do valor rms das harmônicas, calcula-se
um fator a ser multiplicado pela perda por correntes parasitas
nos enrolamentos (Fator K ou Fator de Perda Harmônica) e
outro fator a ser multiplicado pela perda fora dos
enrolamentos (Fator de Perda Harmônica Fora dos
Enrolamentos) [1][2][3][4].
Estes métodos são bastante utilizados para
dimensionamento e classificação de transformadores. Alguns
trabalhos práticos confirmam a validade destes métodos
[10][11]. Entretanto, outros trabalhos verificam diferenças
entre a perda medida e a calculada através deles [4][6]. Para
transformador trifásico de distribuição, verifica-se uma
carência de publicações a respeito [6]. Na verdade, a
determinação de um método preciso para o cálculo das
perdas é complexo e depende de detalhes de projeto, tais