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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
E DE MATERIAIS - PPGEM
FABRÍCIO JOSÉ NÓBREGA CAVALCANTE
ANÁLISE DE UTILIZAÇÃO DE BROCA ESCALONADA DE CANAL RETO NO
PROCESSO DE FURAÇÃO EM UMA LIGA DE ALUMÍNIO UTILIZADA NA
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
CURITIBA
FEVEREIRO 2010
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
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ii
FABRÍCIO JOSÉ NÓBREGA CAVALCANTE
ANÁLISE DE UTILIZAÇÃO DE BROCA ESCALONADA DE CANAL RETO NO
PROCESSO DE FURAÇÃO EM UMA LIGA DE ALUMÍNIO UTILIZADA NA
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Engenharia, do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica e de Materiais, Área de Concentração
em Engenharia da Manufatura, do Departamento
de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus de
Curitiba, da UTFPR.
Orientador: Prof. Paulo André de Camargo
Beltrão, Ph.D.
CURITIBA
FEVEREIRO 2010
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iii
TERMO DE APROVAÇÃO
FABRÍCIO JOSÉ NÓBREGA CAVALCANTE
ANÁLISE DE UTILIZAÇÃO DE BROCA ESCALONADA DE CANAL
RETO NO PROCESSO DE FURAÇÃO EM UMA LIGA DE ALUMÍNIO
UTILIZADA NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia,
área de concentração em engenharia de manufatura, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
_____________________________________
Prof. Giuseppe Pintaúde, Dr Sc.
Coordenador de Curso
Banca Examinadora
______________________________________
Prof. Paulo André de Camargo Beltrão, Ph.D.
Orientador (UTFPR)
______________________________ ______________________________
Prof. Neri Volpato, Ph.D. Prof. Jorge A. Sosa Cardoza,Dr. Eng.
(UTFPR) (IFAM)
Curitiba, 26 de fevereiro de 2010
iv
A minha esposa Klyvia e ao meu filho Pedro
Augusto pelo incentivo e motivação para a
realização desse trabalho.
v
AGRADECIMENTOS
Ao professor Paulo André de Camargo Beltrão pela oportunidade e
orientações no desenvolvimento deste trabalho.
Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, pela oportunidade de realizar este curso.
Ao IFAM pelo apoio realizado durante todo o curso.
A FAPEAM pela bolsa de pesquisa em apoio ao desenvolvimento científico.
A Moto Honda da Amazônia Ltda. pelo apoio a realização dos ensaios
propostos.
A OSG, fabricantes de ferramentas pelo fornecimento e ajuda no
desenvolvimento das ferramentas de usinagem.
Ao meu filho Pedro Augusto Gondim Cavalcante, pela motivação para a
realização deste trabalho.
A minha esposa Klyvia Cândido Gondim Cavalcante, pelo incentivo e
compreensão.
A todos os amigos do mestrado, em especial ao Allan C. Pereira, pela ajuda
e discussões a respeito do tema.
Aos meus pais José Pereira Cavalcante e a minha eterna mãe Eliane
Nóbrega (in memorian), por sempre me apoiar em meus estudos.
vi
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Este trabalho foi desenvolvido no programa de Mestrado Interinstitucional
MINTER entre a UTFPR e o IFAM, que recebeu financiamento da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES através do projeto ACAM
1379/2006 e da Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA
através do convênio 084/2005.
O autor deste trabalho foi bolsista do programa RH interinstitucional da
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado ao Amazonas - FAPEAM no ano de
2009.
Nossos sinceros agradecimentos pelo apoio recebido.
1
CAVALCANTE, Fabrício José Nóbrega. Análise de utilização de broca
escalonada de canal reto no processo de furação em liga de alumínio
utilizada na indústria automotiva, Dissertação de Mestrado - Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba PR, 2010.
RESUMO
Dentre os processos de fabricação para o beneficiamento do alumínio, a
usinagem se destaca por apresentar boa relação custo benefício, e neste
processo, a furação apresenta-se com 28% do tempo efetivo de corte. Para a
fabricação de componentes automotivos, alguns furos necessitam de um
acabamento superficial e de uma tolerância dimensional diferenciada, geralmente
não alcançada com a utilização de uma única ferramenta de corte, necessitando
de operações subseqüentes. A utilização de novas ferramentas de corte pode
contribuir para a melhoria do processo como um todo. Para o estudo, avaliou-se o
processo de usinagem de furos escalonados com rugosidade superficial máxima
R
t
de 6,5µm e tolerância dimensional IT9 realizados originalmente com uma broca
helicoidal e um alargador. Na proposta, utiliza-se uma única ferramenta de corte
para a realização do processo, com testes de dois tipos de brocas de canais
retos, definidas com geometria A e B, variando-se parâmetros de corte
(velocidade e avanço). O estudo baseou-se na análise da usinabilidade do
material, através da rugosidade superficial, do desgaste das ferramentas, do
esforço de corte e da análise do cavaco. Os resultados obtidos sofreram
avaliações estatísticas através do DOE e da capacidade do processo, com
determinação da melhor condição de usinagem dos furos. Resultados mostraram
que a broca com geometria A apresentou melhor resultado dimensional da
rugosidade assim como melhores condição do processo. Para a broca com
geometria B, os resultados apresentaram-se mais estáveis e com melhor
uniformidade, mostrando a influências da alteração das geometrias propostas.
Palavras-chave: Furação; Broca de canal reto; Liga de alumínio.
2
CAVALCANTE, Fabrício José Nóbrega. Analysis the using drill straight
channel in the process of drilling in aluminum alloy used in automotive,
Master Dissertation University Federal Technological of Parana, Curitiba - PR,
2010.
ABSTRACT
The aluminium and its alloys are materials applied in the automotive
industry by offering good mechanical resistance and gravity low, compared with
traditional used metals such as steel and iron. Among the manufacturing
processes for the processing of aluminium, machining excels by still a fairly used
processes, with an emphasis on the process of drilling, representing 28% of the
time effective of machining. In the manufacture of automotive components, some
holes, require a surface finish of 6,5µm and a tolerance dimensional IT9, usually
this condition is not achieved with a single tool, requiring subsequent operations.
For the study, the hole originally are machining with a twist drill and a reamer.
Changes in the tool and cutting parameters can contribute significantly to improve
the process of drilling as a whole and eliminate subsequent operations and reduce
the cost of manufacturing. In the study, was uses a single cutting tool for the
realization of the process, with tests of two types of drills straight channels, defined
geometry A and B, varying the cutting parameters (speed and feed). This study
was based on analysis of machinability of material, by tolerances and surface
roughness, tool life, cutting force and chip analysis. The results statistical were
analysis by DOE and process capability and graphics, to determine the best
condition for machining of holes. The results showed better dimensional
roughness and better condition of the process. For the drill geometry B, the results
were more stable and with better uniformity, showing the influences of the
geometry change proposals.
Keywords: machining, drilling, aluminum alloy.
3
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
1.1 Objetivo geral do trabalho ......................................................................... 16
1.2 Objetivo específico do trabalho ................................................................. 17
1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................ 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 18
2.1 Processo de usinagem Furação ............................................................ 19
2.2 Ferramentas para furação ......................................................................... 22
2.2.1 Partes construtivas de uma broca ......................................................... 23
2.2.2 Desenvolvimento de materiais para ferramentas de furação ................. 27
2.3 Mecanismos de desgaste ......................................................................... 30
2.3.1 Abrasão ................................................................................................. 32
2.3.2 Oxidação ............................................................................................... 32
2.3.3 Aderência .............................................................................................. 32
2.3.4 Difusão .................................................................................................. 33
2.4 Parâmetros de corte para a furação ......................................................... 33
2.5 A usinagem do alumínio............................................................................ 36
2.5.1 Vida da ferramenta ................................................................................ 38
2.5.2 Força de usinagem ................................................................................ 42
2.5.3 Qualidade de uma superfície usinada ................................................... 45
2.5.4 Forma e tamanho do cavaco ................................................................. 49
2.5.5 Tipos de cavacos ................................................................................... 51
2.5.6 Formas de cavacos ............................................................................... 52
2.6 Planejamento fatorial do experimento DOE ........................................... 54
2.7 Análise de variância e capacidade do processo ....................................... 56
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ..................................................................... 59
3.1 Considerações iniciais .............................................................................. 59
3.2 Caracterização do material a ser usinado ................................................. 61
3.3 Definição do processo estudado ............................................................... 61
3.4 Definição da ferramenta de corte .............................................................. 62
4
3.5 Caracterização da máquina ...................................................................... 66
3.6 Caracterização dos parâmetros de usinagem ........................................... 67
3.7 Planejamento dos ensaios ........................................................................ 69
3.8 Medidas para avaliação das variáveis de saída ........................................ 69
3.8.1 Coleta dos dados para avaliação ........................................................... 74
3.8.2 Avaliação estatística dos resultados ...................................................... 76
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 77
4.1 Influência da geometria da ferramenta na rugosidade superficial ............. 77
4.2 Influência da velocidade de corte na rugosidade superficial ..................... 79
4.3 Influência do avanço de corte na rugosidade superficial .......................... 82
4.4 Avaliação da rugosidade R
t
através do experimento fatorial (DOE) ......... 84
4.5 Critério de avaliação da formas de cavaco ............................................... 86
4.6 Critério forças de usinagem ...................................................................... 93
4.7 Avaliação das ferramentas de corte .......................................................... 95
4.7.1 Influência dos parâmetros de usinagem no diâmetro .......................... 100
4.7.2 Influência dos parâmetros de usinagem na circularidade .................... 102
4.8 Avaliação da capacidade do processo .................................................... 105
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...................................................................... 108
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 113
5
Índice de Figuras
Figura 2-1 Processos de fabricação ...................................................................18
Figura 2-2 - Movimentos de corte na furação ........................................................20
Figura 2-3 - Nomenclatura de uma broca helicoidal ..............................................24
Figura 2-5 Superfícies e arestas da broca helicoidal ..........................................25
Figura 2-4 Principais ângulos de uma broca ......................................................27
Figura 2-6 Variação de dureza dos materiais para ferramentas de corte em
relação á temperatura ....................................................................................30
Figura 2-7 - Diagrama de distribuição dos mecanismos de desgaste das
ferramentas de corte ......................................................................................31
Figura 2-8 - Direções dos movimentos de corte para furação ...............................34
Figura 2-9 - Diagrama representativo da faixa de velocidade de corte para
diferentes materiais utilizados nas ferramentas de furação. ..........................36
Figura 2-10 Desgastes em broca .......................................................................39
Figura 2-11 Gráfico da vida de uma ferramenta em três regiões .......................41
Figura 2-12 - Forças atuantes nas arestas principais de corte ..............................42
Figura 2-13 - Avaliação de superfície ....................................................................48
Figura 2-14 Diagrama da aresta de corte com formação do cavaco ..................50
Figura 2-15 - Classificação de cavacos segundo teste Stahl-Eisen ......................53
Figura 2-16 O experimento de usinagem por furação ........................................55
Figura 3-1 Fluxo do procedimento experimental .................................................60
Figura 3-7 CNC Fanuc Robodrill ........................................................................66
Figura 3-8 Detalhe da refrigeração da ferramenta .............................................67
Figura 3-9 Rugosimetro SJ 400 - Mitutoyo .........................................................71
Figura 3-10 Detalhe da tela com comando quick screen ...................................72
Figura 3-11 Fotografia realizada para avaliação da ferramenta de corte ...........73
Figura 3-12 Microscópio óptico Olympus GX51 .................................................74
Figura 4-1 - Avaliação de R
t
Condição 1 ............................................................78
Figura 4-2 - Avaliação de R
t
Condição 2 ............................................................78
Figura 4-3 - Avaliação de R
t
Condição 3 ............................................................78
6
Figura 4-4 - Avaliação de R
t
Condição 4 ............................................................78
Figura 4-5 Geometria A R
t
com f=0,05mm/rot .................................................80
Figura 4-6 Geometria A R
t
com f=0,025mm/rot ...............................................80
Figura 4-7 Geometria B R
t
com f=0,05mm/rot .................................................81
Figura 4-8 Geometria B R
t
com f=0,025mm/rot ...............................................81
Figura 4-9 Avaliação de R
t
com Geometria A; Vc=150m/min .............................83
Figura 4-10 Avaliação de R
t
com Geometria A; Vc=170m/min ...........................83
Figura 4-11 - Avaliação de R
t
com Geometria B; Vc=150m/min ...........................83
Figura 4-12- Avaliação de R
t
com Geometria B; Vc=170m/min ............................83
Figura 4-13 Gráfico de interação para Rugosidade R
t
........................................85
Figura 4-14 Cavaco longitudinal, Geometria AV
c
=150m/min, f=0,05mm/rot ....89
Figura 4-15 Cavaco transversal, Geometria AV
c
=150m/min, f=0,05mm/rot ....89
Figura 4-16 Cavaco longitudinal, Geometria AV
c
=150m/min, f=0,025mm/rot .89
Figura 4-17 Cavaco transversal, Geometria AV
c
=150m/min, f=0,025mm/rot ..89
Figura 4-18 Cavaco longitudinal, Geometria AV
c
=170m/min, f=0,05mm/rot ....89
Figura 4-19 Cavaco transversal, Geometria AV
c
=170m/min, f=0,05mm/rot ....89
Figura 4-20 Cavaco longitudinal, Geometria AV
c
=170m/min, f=0,025mm/rot ..90
Figura 4-21 Cavaco transversal, Geometria AV
c
=170m/min, f=0,025mm/rot ...90
Figura 4-22 Cavaco longitudinal, Geometria BV
c
=150m/min, f=0,05mm/rot ....90
Figura 4-23 Cavaco transversal, Geometria BV
c
=150m/min, f=0,05mm/rot .....90
Figura 4-24 Cavaco longitudinal, Geometria BV
c
=150m/min, f=0,025mm/rot ..91
Figura 4-25 Cavaco transversal, Geometria AV
c
=150m/min, f=0,025mm/rot ...91
Figura 4-26 Cavaco longitudinal, Geometria BV
c
=170m/min, f=0,05mm/rot ....91
Figura 4-27 Cavaco transversal, Geometria BV
c
=170m/min, f=0,05mm/rot .....91
Figura 4-28 Cavaco longitudinal, Geometria BV
c
=170m/min, f=0,025mm/rot ..91
Figura 4-29 Cavaco transversal, Geometria BV
c
=170m/min, f=0,025mm/rot ..91
Figura 4-30 Fator de recalque para cada condição de usinagem ......................92
Figura 4-31 Força de usinagem .........................................................................94
Figura 4-32 Ponta da Geometria A V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot ....................97
Figura 4-33 Guias da Geometria A V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot ....................97
Figura 4-34 Ponta da Geometria A V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot ....................98
Figura 4-35 Guias da Geometria A V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot ....................98
Figura 4-36 Ponta da Geometria A V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot ..................98
7
Figura 4-37 Guias da Geometria A V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot ..................98
Figura 4-38 Ponta da Geometria B V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot ....................98
Figura 4-39 Guias da Geometria B V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot ....................98
Figura 4-40 Ponta da Geometria B V
c
=150m/min; f=0,025mm/rot ..................99
Figura 4-41 Guias da Geometria B V
c
=150m/min; f=0,025mm/rot ..................99
Figura 4-42 Ponta da Geometria B V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot ....................99
Figura 4-43 Guias da Geometria B V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot ....................99
Figura 4-44 Ponta da Geometria B V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot ..................99
Figura 4-45 Guias da Geometria B V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot ..................99
Figura 4-46 Avaliação do diâmetro do furo Condição 1 ................................100
Figura 4-47 Avaliação do diâmetro do furo Condição 2 ................................100
Figura 4-48 Avaliação do diâmetro do furo Condição 3 ................................100
Figura 4-49 Avaliação do diâmetro do furo Condição 4 ................................100
Figura 4-50 Gráfico de interação para o diâmetro ............................................102
Figura 4-51 Circularidade Condição 1 ...........................................................103
Figura 4-52 Circularidade Condição 2 ...........................................................103
Figura 4-53 Circularidade Condição 3 ...........................................................103
Figura 4-54 Circularidade Condição 4 ...........................................................103
Figura 4-55 Gráfico de interação para a circularidade .....................................105
8
Índice de Tabelas
Tabela 2-1 - Tolerâncias fundamentais ISO 286-2 ................................................21
Tabela 2-2 - Arranjo de um planejamento fatorial - dois fatores ............................55
Tabela 2-3 - Fontes de variação para o cálculo da ANOVA ..................................57
Tabela 3-1 Composição da liga de alumínio AL-HD2G testada .........................61
Tabela 3-2 Valores da rugosidade em testes preliminares ................................68
Tabela 3-3 - Parâmetros de entrada .....................................................................68
Tabela 3-4 Parâmetros de entrada para os testes de usinagem ........................69
Tabela 3-5 - Plano de coleta dos dados para dimensional ....................................75
Tabela 4-1 - Dados codificados da rugosidade superficial R
t
................................84
Tabela 4-2Análise de significância do Planejamento 2
3
Rugosidade R
t
...........85
Tabela 4-3 - Cavacos coletados de acordo com cada condição testada ..............87
Tabela 4-4 - Avaliação do nível de aderência nas ferramentas ............................96
Tabela 4-5 - Dados codificados para o diâmetro .................................................101
Tabela 4-6 Análise de significância do Planejamento 2
3
Diâmetro ................101
Tabela 4-7 - Dados codificados para a circularidade ..........................................104
Tabela 4-8 Análise de significância do Planejamento 2
3
Circularidade .........104
Tabela 4-9 - Dados dimensionais do processo estudado ....................................106
9
Simbologia
Letras maiúsculas
IT - Classe de tolerância dimensional
L [mm] Profundidade de furo
L [mm] Comprimento do furo
Ø [mm] Diâmetro
S - Aresta principal de corte
S’ - Aresta secundária de corte
- Superfície principal de incidência (folga)
A’α - Superfície secundária de incidência (folga)
- Superfície de saída
PVD - Deposição física a vapor
CVD - Deposição química a vapor
APC - Aresta postiça de corte
V
c
[m/min] Velocidade de corte
V
e
[m/min] Velocidade efetiva
V
f
[m/min] Velocidade de avanço
Α [ º ] Ângulo da incidência
W [mm] Desgaste de quina
VB [mm] Desgaste de flanco
VB
Max
[mm] Desgaste de flanco
M
w
[mm] Desgaste das guias
K
w
[mm]
Desgaste de cratera
10
C
t
[mm] Desgaste de gume transversal
C
m
[mm]
Desgaste de gume transversal (médio)
P
t
[mm]
Largura do lascamento
P
m
[mm] Largura do lascamento (médio)
F
c
[N] Força de corte
F
f
[N] Força de avanço
F
p
[N]
Força passiva
E [kg/m
3
] Módulo de elasticidade
B [mm] Largura de corte
H [mm] Espessura de corte
(1-m
c
) - Coeficiente angular
K
c1.1
[seção de 1mm²] Força específica de corte
R
a
[µm]
Desvio médio aritmético de rugosidade
R
MAX
[µm] Profundidade máxima individual de rugosidade
R
t
[µm]
Profundidade máxima de rugosidade
R
z
m] Profundidade média da rugosidade
CEP - Controle estatístico do processo
C
PK
- Capacidade do processo relacionada aos limites
especificados
C
P
- Capacidade de um processo centralizado
C
PU
- Capacidade do processo unilateral
11
Letras minúsculas
d [mm] Diâmetro da broca
d [mm] Diâmetro da ferramenta
n [RPM] Número de rotações
f [mm/rot] Avanço da ferramenta de corte
Letras gregas
β [ º ] Ângulo de cunha
δ [ º ] Ângulo de ponta
ψ [ º ] Ângulo do gume transversal
ε [ º ] Ângulo de quina
θ [ º ] Ângulo de ponta da ferramenta
η [ º ] Ângulo de direção efetiva
12
1. INTRODUÇÃO
Todo produto industrializado apresenta características que definem seu
desempenho com relação às exigências e as expectativas dos consumidores, isso
faz com que as indústrias se concentrem em esforços na busca de uma melhor
condição de processo que reflita na qualidade final do produto e resultando num
custo mínimo de fabricação. Para tanto, os processos de fabricação devem
acompanhar ou se adequar às exigências dos consumidores e do mercado,
buscando melhorias contínuas no processo e produto, sempre assegurando a
qualidade desejada por todos.
No constante crescimento dos setores industriais, observa-se grande
participação da indústria automotiva, apresentando grande participação dos
fabricantes de motocicletas nos últimos cinco anos, apresentando crescimento
médio de 20%, no período, o que faz desse seguimento um mercado bastante
atraente.
Com relação ao material utilizado na composição do bloco do motor de
uma motocicleta, o alumínio ganha destaque por compor uma faixa de 90% deste.
A aplicação do material é justificada pelas propriedades obtidas em suas ligas,
com destaque para a razão resistência-peso, resistência à corrosão e à tração
além de apresentar boa usinabilidade, quando comparado a outros materiais. A
crescente aplicação desse metal no setor automotivo vem contribuindo com o
desenvolvimento de veículos com peso reduzido, o que melhora o desempenho e
conseqüentemente diminui a emissão de poluentes na atmosfera, tão importante
para os dias atuais.
Para a fabricação de uma motocicleta, diversos processos e materiais são
utilizados, e na fabricação do bloco do motor, o processo de usinagem é um dos
mais importantes, por conferir forma, dimensão, acabamento ou uma combinação
qualquer destes três itens à peça fabricada, obtendo, desta forma, as dimensões
solicitadas no projeto. A importância da usinagem para a indústria como um todo
é bastante significativa, que na produção em série, o objetivo é a obtenção de
produtos com um mínimo de variação dimensional.
13
O processo de usinagem remoção de material com produção de cavaco
sendo um dos processos de fabricação mais populares e em todo o mundo,
sendo bastante utilizado pelas indústrias de manufatura (Trent, 1985), justificado
pelo atendimento de boas condições de custo e produtividade, possibilitando
fabricar produtos com o grau de tolerância dimensional desejada.
Dentre os processos de usinagem mais comuns e utilizados na indústria
de manufatura, podem-se destacar as seguintes operações: torneamento,
fresamento, furação, alargamento, rosqueamento, mandrilamento, brochamento,
retifica e brunimento. Além de processos de usinagem não convencionais:
usinagem: por Jato d’água, com Jato de areia, eletroquímica, química, a laser,
eletroerosão, ultra-som, utilizando plasma, dentre outros.
Dentre todas as operações de usinagem convencional, a furação se
destaca por ser uma das mais utilizadas na indústria automotiva, e na avaliação
da fabricação do bloco do motor, o processo apresenta tempo médio efetivo de
corte de 28% em relação aos demais processos de usinagem (Andrade, 2005), o
que faz desta operação, uma das mais influentes em termos de custo de
fabricação.
Para a obtenção de furos, geralmente emprega-se uma ferramenta de
corte denominada de broca, podendo ser classificada como chata, helicoidal,
escalonada, de centro, canhão, de canal reto dentre outras. O processo ainda
pode ser realizado através da furação em cheio ou com pré-furo, escalonados ou
não.
A importância do furo na composição de qualquer componente mecânico
é verificada pela sua aplicação e função, e dentre os furos processados no bloco
do motor, verifica-se funções ligadas à funcionalidade do sistema, como é o caso
dos furos de lubrificação interna e furos que guiam os demais componentes
mecânicos na montagem. Para esses furos, é necessária uma qualidade no
produto que um único processo de usinagem, torna-se difícil de alcançar a
tolerância dimensional e a rugosidade superficial diferenciadas, necessitando de
operações subseqüentes para a obtenção da qualidade desejada.
14
Considerando-se os vários tipos de furos no bloco do motor de uma
motocicleta, 21% desses estão especificados com tolerância dimensional IT9 e
rugosidade superficial máxima de 6,5µm. Essas condições fazem com que o
processo, geralmente realiza-se em de duas etapas: a primeira é o processo
denominado de pré-furo, empregando-se uma broca helicoidal para a furação em
cheio, resultando num furo com rugosidade superficial média de 25µm e
tolerância dimensional com classe IT11. Na segunda etapa da usinagem, o furo é
processado com ferramentas de acabamento, como a utilização de alargadores,
tendo como principal função melhorar o nível de tolerância dimensional e
rugosidade superficial de um processo de usinagem, alcançando o valor desejado
no projeto. Para a aplicação citada, corresponde à tolerância IT9 e rugosidade
superficial máxima de 6,5µm.
A utilização de duas operações de usinagem na obtenção de um furo,
muita das vezes, eleva o custo de fabricação do produto, por estar relacionada ao
tempo de fabricação e ao consumo de ferramentas de usinagem, além de maiores
controles do processo. Vendo a despertar interesse na melhoria do processo de
furação para a obtenção de tais furos. Tendo em vista tal fato, observa-se que, de
uma forma geral, a furação na indústria é administrada como um processo
primário ou de desbaste, que tem como função preparar o furo para processos
posteriores como o rosqueamento ou o alargamento.
As limitações para o processo de furação podem ser explicadas pela
severidade com que é realizado, apresentando particularidade como: variação da
velocidade ao longo da aresta de corte, dificuldade de remoção dos cavacos e de
lubrificação na região de corte, presença de vibração durante o processo e atrito
decorrente das guias da ferramenta em contato com a parede do furo. Todas
estas observações a respeito podem ser agravadas quando usinamos furos
profundos, furos que apresentam profundidades maiores que cinco vezes o
diâmetro, (L/ >5), sendo L a profundidade do furo e Ø, o diâmetro, (Castillo,
2005).
O conhecimento das características do processo de furação e suas
limitações são de grande importância para o desenvolvimento de melhorias para o
atendimento as especificações de um furo. Essas características podem ser
15
compreendidas através da avaliação da usinabilidade do material mediante
condições de usinagem estabelecidas. Usinabilidade pode ser entendida como a
grandeza que indica a facilidade ou dificuldade de usinar um material em
determinada condição de corte, devendo ser estudada para um entendimento e
contribuição com a melhoria do processo (Diniz et al, 2001).
Nos últimos anos, a usinagem por furação vem em crescente evolução
tecnológica, porém, ainda hoje 50% dos furos são realizados com brocas
helicoidais e apresentam como desvantagem à imprecisão, gerando furos com
grau de tolerância dimensional correspondente a IT11.
Com o desenvolvimento de novas ferramentas construídas com novos
materiais, novas afiações e novos conceitos de construção geométrica, o
processo de furação pode ser melhorado os níveis de qualidade e
conseqüentemente reduzir o números de operações, que influencia diretamente
no tempo de processo e no custo de fabricação (Diniz et al., 2001).
Tendo em vista a necessidade de melhoria do processo, essas
particularidades vêm despertando interesses dos pesquisadores, que buscam
resultados obtidos em processos como: torneamento e fresamento. Estes
processos evoluíram tecnologicamente no decorrer dos anos e alcançam
tolerâncias dimensionais melhores que IT9, o que não ocorre normalmente na
furação (Dinis et al., 2001).
A obtenção de furos mais precisos depende de alguns fatores, dentre os
quais se podem destacar a utilização de máquinas operatrizes para usinagem que
possibilitem recursos de rotação e avanço além de materiais e geometrias
adequadas para as ferramentas de corte. Na aplicação da indústria, comprovada
pela literatura (Machado et al., 2009), a qualidade de um furo pode ser melhorada
quando são utilizados parâmetros de corte (velocidade de corte, avanço da
ferramenta, dentre outros) ideais em conjunto com geometria da ferramenta
adequada para o processo.
Visto as dificuldades existentes no processo e em atendimento às
solicitações do produto, é constante o crescimento da aplicação de brocas
especiais tais como: broca canhão e broca de canal reto, buscado maior
16
estabilidade durante a furação e assegurando uma melhor qualidade dimensional
no furo. Isso normalmente não acontece quando a usinagem é realizada com
brocas helicoidais, que apresentam, durante o processo, deficiência na
estabilidade das guias de usinagem em sua orientação, produzindo furos
desviados que comprometem a tolerância dimensional dos furos fazendo com que
se necessite de uma segunda operação conforme comentado, (Stemmer,
1995).
Considerando as exigências do produto e com base nas dificuldades
existentes no processo de furação, o presente trabalho pretende fazer uma
contribuição para o processo de usinagem através da utilização de brocas
especiais (canal reto) aplicadas em uma furação escalonada de liga de alumínio
ALHD2G utilizada na indústria automotiva, buscando melhorar a tolerância
dimensional e o acabamento superficial dos furos, alcançadas com a utilização
de duas ferramentas de corte, uma broca helicoidal e um alargador.
Os ensaios foram realizados na empresa fabricante de motores para
motocicleta numa linha de produção seriada que usina o bloco do motor. Para os
testes, tiveram-se como variantes do processo em estudo: o avanço da
ferramenta, a velocidade de corte e a geometria da ferramenta de corte, testando-
se a influência de cada variável e buscando-se a usinagem dos furos com única
ferramenta que atenda a especificação do produto. A pesquisa vem desta forma,
contribuir para melhorar o processo de furação em escala industrial e utilizando-
se de metodologia científica.
1.1 Objetivo geral do trabalho
Este trabalho tem como objetivo geral fazer uma contribuição e
compreensão ao processo de furação de uma liga de alumínio utilizada na
indústria automotiva com a utilização de brocas de canais retos, avaliando-se a
usinabilidade com variação dos parâmetros de usinagem: avanço, velocidade de
corte e geometria da ferramenta, tendo-se como critérios de avaliação, a
17
qualidade dos furos (rugosidade, diâmetro e circularidade), a avaliação das
ferramentas de corte, a forma dos cavacos e o esforço de usinagem para a
realização do processo.
1.2 Objetivo específico do trabalho
O trabalho tem como objetivo específico a realização de ensaios de
furação em uma liga de alumínio com aplicação em uma produção seriada de
uma indústria automotiva, na obtenção de furos com grau de tolerância de classe
IT9 e rugosidade superficial máxima de 6,5µm. A avaliação é mediante a
influência das condições testadas nas variáveis de rugosidade superficial,
diâmetro e circularidade, verificando os parâmetros utilizados bem como a
interação desses, através da análise fatorial. A estabilidade do processo é
avaliada pelo índice de capacidade do processo, determinando-se a melhor
condição de trabalho para a realização da usinagem e em atendimento a
especificação do furo.
1.3 Estrutura do trabalho
O trabalho estar organizado em cinco capítulos. Primeiramente, uma
introdução a respeito do tema proposto; em seguida será realizada uma revisão
da literatura sobre usinagem com destaque para o processo de furação e suas
particularidades aplicadas ao alumínio; para o capítulo seguinte, sedescrito a
metodologia proposta para o estudo com os testes experimentais realizados. No
quarto capítulo serão expostos os resultados obtidos no estudo bem como as
conclusões finais da pesquisa. E finalmente, as referências bibliográficas
utilizadas na elaboração do texto.
18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O mercado automotivo vem desenvolvendo produtos cada vez mais
complexos, para atender as necessidades dos consumidores. No entanto, os
processos de fabricação devem evoluir constantemente, produzindo a um custo
mínimo os produtos desejados.
Classicamente os processos de fabricação são divididos em dois grupos:
com remoção de material (processos de usinagem) e os processos sem remoção
de material, que inclui a fundição, soldagem, metalurgia do e processos de
conformação. A Figura 2-1 ilustra a divisão dos processos de fabricação
comentados ((Machado et al., 2009).
Figura 2-1 Processos de fabricação (Machado et al., 2009)
Com remoção de material
Sem remoção de material
Usinagem
Laminação
Extrusão
Trefilação
Forjamento
Estampagem
Fresamento
Furação
Retificação
Mandrilamento
Brunimento
Serramento
Rosqueamento
Aplainamento
Alargamento
Torneamento
19
Na fabricação com remoção de material, a usinagem convencional
classifica-se como um processo com geração de cavaco (material com forma
irregular retirado da peça), sendo considerado, por alguns pesquisadores, como o
processo de fabricação mais popular do mundo (Machado et al., 2009). Apesar
disso, é tratado de forma bastante imprevisível na determinação as condições
ideais de fabricação, devido ao grande número de variáveis envolvidas. Estudos
relacionados ao tema vêm contribuindo para o entendimento e conseqüentemente
para a melhoria deste processo como um todo.
2.1 PROCESSO DE USINGEM FURAÇÃO
Dentre os processos de usinagem tradicionais, a furação é um dos mais
importantes e mais utilizados na indústria automotiva e aeronáutica, dentre outras
aplicações (Kim et al., 2002). Sua utilização principal é na obtenção de furos
cilíndricos ou cônicos, podendo ser aplicada na maioria dos materiais quando não
se justifica a aplicação de outro processo que satisfaça as exigências do produto
final. Para Groover (2007), do processo de furação derivam várias outras
operações, podendo ser classificados como um processo inicial ou complementar,
caracterizado também por utilizar ferramentas rotativas e apresentar condição
severa e particular na realização do furo.
Geralmente na realização dos furos empregam-se ferramentas
denominadas de brocas, que podem ser de diversos tipos, tais como brocas:
chatas, helicoidais, canhão, canal reto, ocas para trepanação, dentre outras. A
furação com utilização de brocas é geralmente uma operação de desbaste, e
quando se necessita de melhor precisão dimensional, utilizam-se operações de
usinagem com alargadores ou brocas especiais (Stemmer, 1995).
A caracterização de um processo de furação pode ser descrita como a
retirada de material através do movimento relativo de avanço, entre a ferramenta
e a peça, seguindo uma trajetória coincidente com o eixo longitudinal da
ferramenta por meio de movimento de rotação. Segundo Parigrácio (2003), a
20
furação é um dos processos de usinagem mais competitivos e utilizados para a
obtenção de furos em diversos materiais. A Figura 2-2 mostra o processo de
acordo com seus movimentos principais.
Figura 2-2 - Movimentos de corte na furação (Groover, 2007)
Uma das observações importantes vista no processo, é o fato da
velocidade de corte apresentar valor máximo na periferia da ferramenta (broca)
chegando à zero no centro desta, o que permite deduzir que o material não é
usinado no centro do furo e sim conformado. Outra particularidade é verificada na
refrigeração insuficiente na região de corte, que apresenta dificuldade de remoção
de cavaco no interior do furo.
Em virtude das dificuldades encontradas relacionadas, em funções das
particularidades da furação, algumas limitações são verificadas no processo,
como é o caso da sua imprecisão, tornando o processo limitado para algumas
aplicações. Dependendo das solicitações do projeto, esta desvantagem faz com
que seja necessário um acréscimo no número de processos, elevando o custo de
fabricação do item produzido. A Tabela 2-1 mostra as classes de tolerâncias
conforme norma ISO 286-2 com os respectivos grupos de dimensões.
broca
movimento
de avanço
movimento de corte
material
21
Tabela 2-1 - Tolerâncias fundamentais ISO 286-2 até 500 mm
(Apud Agostinho, 1977)
Qualidade A1
>1
<1
>3
<6
>6
<10
>10
<18
>18
<30
>30
<50
>50
<80
>80
<120
>120
<180
>180
<250
>250
<315
>315
<400
>400
<500
IT 01 0,3 0,3 0,4 0,4 0,5 0,6 0,6 0,8 1 1,2 2 2,5 3 4
IT 0 0,5 0,5 0,6 0,6 0,8 1 1 1,2 1,5 2 3 4 5 6
IT 1 0,8 0,8 1 1 1,2 1,5 1,5 2 2,5 3,5 4,5 6 7 8
IT 2 1,2 1,2 1,5 1,5 2 2,5 2,5 3 4 5 7 8 9 10
IT 3 2 2 2,5 2,5 3 4 4 5 6 8 10 12 13 15
IT 4 3 3 4 4 5 6 7 8 10 12 14 16 18 20
IT 5 4 4 5 6 8 9 11 13 15 18 20 23 25 27
IT 6 6 6 8 9 11 13 16 19 22 25 29 32 36 40
IT 7 10 10 12 15 18 21 25 30 35 40 46 52 57 63
IT 8 14 14 18 22 27 33 39 46 54 63 72 81 89 97
IT 9 25 25 30 36 43 52 62 74 87 100 115 130 140 155
IT 10 40 40 48 58 70 84 100 120 140 160 185 210 230 250
IT 11 60 60 75 90 110 130 160 190 220 250 290 320 360 400
IT 12 - 100 120 150 180 210 250 300 350 400 460 520 570 630
IT 13 - 140 180 220 270 330 390 460 540 630 720 810 890 970
IT 14 - 250 300 360 430 520 620 740 870 1000 1150 1300 1400 1550
IT 15 - 400 480 580 700 840 1000 1200 1400 1600 1850 2100 230 2500
IT 16 - 600 750 900 1100 1300 1600 1900 2200 2500 2900 3200 3600 4000
Grupo de dimensões em mm (milímetros) - valores da tabela em µm (microns)
Durante a furação, surgem desvios de fabricação nas peças, provocadas
por diversos fatores, tais como: máquina ferramenta, afiação da ferramenta,
imperfeições do material, dentre outros. Todos estes fatores ocasionam erros
dimensionais e geométricos nos componentes fabricados, e para Novaski (1996),
testes podem ser classificados como segue:
Erros de forma: denominados de desvios de forma onde define um
elemento geométrico em relação à sua forma teórica;
Desvios dimensionais: é o desvio que relaciona a medida nominal de uma
peça indicada com relação ao estabelecido no desenho;
Desvios de posição: são desvios de um elemento geométrico (linha, ponto,
superfície, etc.), em relação a outro elemento geométrico referencial;
Desvios micro geométricos: são as imperfeições superficiais, chamados de
desvios de rugosidade.
22
A evolução no processo de furação pode ser obtida, utilizando-se novos
materiais para as ferramentas de corte, novos equipamentos de usinagem e
novas construções de ferramentas, contribuindo para a aplicação de melhores
condições de corte, resultando em furos mais precisos. Segundo Diniz et al.
(2001), a utilização de brocas especiais em alta rotação, tem permitido a obtenção
de furos mais precisos, alcançando classes de tolerâncias abaixo de IT10 ou IT9.
Ferraresi (2003), afirma que as operações de furação podem ser divididas
basicamente em três formas: furação em cheio, furação com pré-furo e furação
escalonada, conforme segue explicação:
a) Furação em Cheio Geralmente é adotada em furação curta, mas não
exclusivamente. O processo é realizado em um local onde não se tenha pré-furo.
b) Furação com Pré-Furo Processo que tem como objetivo à abertura de um
furo cilíndrico em uma peça que apresente um pré-furo, já existente de um
processo anterior, podendo ser originado na fundição ou não.
c) Furação Escalonada Processo que tem como objetivo a obtenção de furos no
qual se tem mudança de diâmetro ao longo do furo, podendo variar o grau do
perfil de um diâmetro para o outro.
2.2 FERRAMENTAS PARA FURAÇÃO
A furação pode ser realizada de diversas formas, para a realização do
furo com utilização de brocas, estas podem ser classificadas de diversas formas,
conforme: estrutura, haste, comprimento, material, ângulo de lice e geometria
da secção reta. Em relação ao presente estudo, foram descritas a utilizada da
broca do processo original, helicoidal, e a broca estudada, canal reto, pela maior
importância na pesquisa.
Brocas helicoidais: são as ferramentas mais empregadas na indústria para a
produção de furos cilíndricos, são formadas por uma haste que contém
uma parte cortante, e hélice com um ângulo pré-determinado, podendo ser
23
à direita ou à esquerda, em relação ao eixo da broca. As brocas
helicoidais, também são denominadas de brocas em hélice e seus canais
helicoidais são destinados a criar espaço para remoção do cavaco do
interior do furo.
Brocas de canais retos: são brocas que possuem o ângulo de hélice e de
saída iguais a 0º, diferenciando-as das brocas helicoidais. São brocas mais
resistentes a torção e geralmente são empregadas na furação de furos
profundos. No entanto, algumas outras aplicações são verificadas na
indústria tais como no caso da furação em cheio, que busca melhoria na
qualidade do processo em relação à broca helicoidal. Seu desenvolvimento
inicial foi direcionado para materiais com geração de cavacos curtos, no
entanto, com a evolução dos tipos de afiações e dos materiais esse tipo de
broca pode ser aplicado na usinagem de outros tipos de materiais.
A utilização de brocas especiais, como as brocas de canais retos, tem
papel importante na obtenção de furos com profundidade maior que cinco vezes o
diâmetro, além de proporcionar furos mais precisos. Durante a furação a
utilização destas brocas, a ferramenta é estabilizada dentro do furo através das
guias laterais (arestas secundárias) que têm grande influência no acabamento
superficial e na qualidade dimensional do processo (Diniz et al., 2001).
2.2.1 Partes construtivas de uma broca
A norma ABNT NBR 6176 mostra a nomenclatura das brocas utilizadas
para usinagem conforme Figura 2-3, que ilustra uma broca helicoidal para a
explicação.
Na descrição de uma broca, podem-se destacar algumas partes tais
como: a haste que tem como função a fixação da ferramenta na máquina. Esta
fixação é dada através de uma pinça ou suporte; o diâmetro da broca é visto
24
como o diâmetro da aresta de corte medido entre os gumes da ferramenta; o
núcleo ou alma, é a parte central da broca com formato cilíndrico, geralmente nas
brocas helicoidais apresentam dimensão de 0,16d (diâmetro da broca) e tem
como principal função proporcionar rigidez à ferramenta; os canais da broca
podem ser helicoidais ou retos, e servem de guia para a saída do cavaco e
entrada do fluido de corte; por último, as guias das brocas são partes que
desempenham funções importantes no ato da usinagem de um furo, minimizando
a vibração da ferramenta, resultando num processo de corte mais estável, (Diniz
et al., 2001).
Figura 2-3 - Nomenclatura de uma broca helicoidal (Bork, 1995)
Característica geométrica de uma broca
A escolha do tipo de geometria da broca pode contribuir para diminuição
de erros geométricos e aumento da vida da ferramenta, não existindo um tipo de
geometria que satisfaça a usinagem de todos os materiais e para todas as
condições de corte (Deonísio, 1996). O tipo de afiação torna-se importante por ter
grande influência na precisão do processo, uma vez que está ligada diretamente a
força de avanço que influencia nas tolerâncias do furo usinado.
25
A seguir é mostrada a geometria de uma broca helicoidal, seguindo a
norma ABNT NBR 6176 (Apud Corrêa, 1996), que normalize a superfície e as
arestas de corte para uma broca, Figura 2-5.
Figura 2-4 Superfícies e arestas da broca helicoidal
Para a descrição da geometria de uma broca o necessários alguns
conceitos das regiões que envolvem a ferramenta de corte:
Ponta de corte formada pela cunha de corte e a aresta principal de corte,
sendo considerada a parte ativa da ferramenta.
Superfície lateral
de folga
Estria ou chanfro
Superfície principal
de folga
Superfície lateral
de folga
Superfície de sda
Aresta lateral de
corte
Plano de corte
Aresta principal de
corte
Aresta transversal
de corte
Ângulo de ponta
Eixo da ferramenta
Cone de furação
Superfície principal
de incidência
Ponta de corte
Estria ou chanfro
Aresta transversal
Superfície principal
de corte
Vista Y
Y
26
Aresta principal de corte aresta formada pela intersecção do canal com a
superfície lateral de incidência. Essa aresta age direto no corte do material
sendo responsável pela formação do cavaco.
Aresta secundária de corte aresta da cunha de corte formada pela
intersecção das superfícies de saída e de folga secundária. Localizada na
lateral da broca e serve de guia para saída do cavaco como também é
responsável pelo acabamento superficial das paredes dos furos.
Superfície principal de incidência (folga) superfície da cunha de corte da
ferramenta que contém a aresta principal de corte.
Superfície secundária de incidência (folga) superfície que contém a sua
aresta secundária de corte.
Superfície de saída superfície da cunha de corte, sobre a qual o cavaco é
escoado durante o trabalho de usinagem.
Aresta transversal liga os gumes principais e está situada na ponta da
ferramenta. A formação da aresta transversal não é desejada, mais é
inevitável por questões construtivas das brocas. É nessa região que alguns
autores, dentre eles Mason (1988), afirmam que não existe corte do
material no centro da broca e sim uma conformação, que a velocidade
de corte é nula nessa região.
Maiores detalhes a respeito da geometria das brocas e sua construção
podem ser aprofundadas em Stemmer (1995) e Ferraresi (2003).
Principais ângulos de uma broca de canal reto
A geometria de uma broca é apresentada na Figura 2-4, mostrando
ângulos que tem importante influência no processo de usinagem. Dentre estes,
podem-se destacar (Stemmer, 2005):
27
Figura 2-5 Principais ângulos de uma broca (Stemmer, 2005)
Ângulo lateral de folga (α) tem como função principal evitar o atrito entre o
flanco da ferramenta e a superfície de corte, permitindo que a aresta
postiça de corte penetre no material e corte livremente.
Ângulo de hélice (δ) é o ângulo da helicóide dos canais da broca,
podendo ser classificados de três tipos: tipo N, materiais usuais como o
aço; tipo H, para materiais duros e frágeis e tipo W, para materiais moles.
No caso das brocas de canais retos, esse ângulo é zero.
Ângulo de ponta (ζ) tem como principais funções controlar a espessura e
direção do cavaco, ajudar na estabilidade da ferramenta eliminando
eventuais vibrações e com o seu aumento eleva a resistência mecânica e a
dissipação do calor.
Ângulo da aresta transversal (ψ) é variável de acordo com o tipo de
afiação, apresentando ângulo de saída negativo o que contribui para um
corte ineficiente do material na região central da ferramenta.
2.2.2 Desenvolvimento de materiais para ferramentas de furação
O desenvolvimento dos materiais para utilização nas ferramentas de corte
foi surgindo de acordo com a necessidade e evolução dos equipamentos de
usinagem. Um dos primeiros materiais utilizados em ferramentas para furação
28
com utilização na indústria foram os aços ao carbono. A limitação desses
materiais deu-se na resistência ao desgaste, que decresce com temperaturas
acima de 300ºC, limitando assim sua aplicação (Reis et al., 2005).
Em seguida, surgiram os aços rápidos, apresentando-se com uma maior
resistência ao desgaste e na aderência a temperaturas superiores aos dos aços
ao carbono, podendo ser utilizados até uma temperatura de corte de até 600º
(Diniz et al., 2001). Apresentando características melhores que os aços ao
carbono, as ferramentas de aço rápido podem trabalhar com velocidade de corte
superior a trabalhada anteriormente pelas de aço ao carbono, sem comprometer a
durabilidade da ferramenta.
Outra descoberta positiva foi à utilização de cobertura nas ferramentas de
aços rápidos melhorando as funções da ferramenta e podendo ser cobertas com
um material mais resistente ao desgaste, como o nitreto de titânio ou o
carbonitreto de titânio, utilizando o processo PVD (deposição física a vapor). Uma
das principais vantagens para tal cobertura É a redução sensível do caldeamento
a frio, diminui a formação de aresta postiça na ferramenta, (Diniz et al., 2001). A
explicação para este fenômeno é devido ao corte ser realizado com menores
esforços em virtude de um baixo coeficiente de atrito. Todos esses recursos
ajudaram a manter ainda hoje, a aplicação das ferramentas de aço rápido no
processo de furação.
Outro material importante no processo é o metal duro, que surgiu na
década de 1930 e foi considerado um grande salto em termos de materiais para
ferramentas de usinagem, (Reis et al., 2005). Sua composição é formada por
composto de carbonetos (tungstênio) juntamente com o cobalto, ferro e níquel
(Oliveira, 2006). As brocas de metal duro, comparadas as de aço rápido,
apresentam propriedades combinadas necessárias para o processo de usinagem
tais como: dureza a altas temperaturas, boa resistência ao desgaste e tenacidade,
podendo trabalhar com altas velocidades de corte e se obter um alto rendimento,
desde que utilizadas em equipamentos que apresentem potencia e rigidez
requerida (Reis et al., 2005). O metal duro pode ser classificado com relação ao
tipo de composição da liga, com classificação dada por três grupos: K, P e M. O
grupo “K” é composto basicamente por carbonetos de tungstênio aglomerados por
29
cobalto. Esta ferramenta é recomendada para metais não-ferrosos, como no caso
do alumínio e suas ligas. Outro grupo é o “P”, formado com elevado teor de TiC,
TaC e WC, conferem dureza a quente sendo resistente ao desgaste e a difusão.
É normalmente aplicado a materiais que apresentam cavacos contínuos. Por fim,
o grupo “M”, aplicado em processos intermediários aos grupos citados.
Da mesma forma que as ferramentas de aço rápido no metal duro
também podem ser aplicadas revestimentos, podendo ser obtidos pelo processo
físico PVD ou químico CVD (deposição química a vapor) e na maioria das vezes
melhora o desempenho de usinagem em relação à ferramenta sem revestimento.
Dentre as melhorias alcançadas pode-se destacar: a redução da APC (aresta
postiça de corte) e a maior resistência ao desgaste, alcançando
conseqüentemente maior vida útil da ferramenta. Informações em maiores
detalhes, sobre o processo de cobertura PVD e CVD, podem ser encontradas em
Machado et al. (2009).
Para o processo de furação, a aplicação de um determinado material e ou
revestimento, fica dependente dentre outras variáveis, do material a ser usinado e
da adequação das máquinas-ferramentas, para alcançar os parâmetros
desejados (Reis et al., 2005).
Com o avanço tecnológico na construção de máquinas operatrizes estas
apresentando melhores condições de potência e rigidez, o que contribui para o
surgimento de novos materiais para ferramentas para a aplicação nos processos
de furação, tais como citado por Machado (2000), que descreve a utilização de
ferramentas cerâmicas utilizadas no processo de furação quando aplicadas em
brocas com variação do diâmetro entre 5,0 à 12,0 mm, o que traz para o tema
grandes perspectivas no desenvolvimento futuro.
A Figura 2-6 mostra a relação entre a dureza e a temperatura, tendo
relação direta com a velocidade de corte, para os principais materiais utilizados na
furação: aço-rápido e metal duro, além das cerâmicas.
30
Figura 2-6 Variação de dureza dos materiais para ferramentas de corte em
relação á temperatura (Machado et. al., 2000).
2.3 MECANISMOS DE DESGASTE
O entendimento dos mecanismos de desgaste nas ferramentas de corte é
importante por permitir ações que minimizem as avarias e desgastes aumentando
a vida útil das ferramentas. Apesar de se buscar materiais com maior resistência
ao desgaste e dureza, durante a usinagem, quase sempre é observado desgaste
na ferramenta de corte, e sua substituição torna-se inevitável. Desta forma o
estudo do mecanismo de desgaste é importante para o processo, já que se busca
minimizar tal fenômeno e conseqüentemente aumentar a vida útil das ferramentas
de corte utilizadas na usinagem dos materiais.
Para Diniz et al. (2001) e Ferraresi (2003), as ferramentas de corte sofrem
diversos tipos de desgastes e avarias e neste caso é considerado desgastes
como sendo a perda contínua de partículas de material da ferramenta em escala
microscópica nas superfícies de saída e de folga da mesma. A avaria por sua vez
é definida como a destruição da ferramenta de corte de forma repentina e
inesperada.
31
Um diagrama clássico citado por König e Klocke (1997) é apresentado na
Figura 2-7, que distribui os mecanismos de desgaste da ferramenta de corte, com
distribuição em função da temperatura de corte ou de qualquer parâmetro que
venha a influenciá-la, como por exemplo, a velocidade de corte e o avanço.
Figura 2-7 - Diagrama de distribuição dos mecanismos de desgaste das
ferramentas de corte (Vieregge, 1970, apud por König e Klocke, 1997)
Uma observação importante no diagrama é a verificação de que em
baixas temperaturas, observa-se que apenas a adesão e a abrasão atuam sobre
a ferramenta. Na medida em que a temperatura aumenta outros mecanismos
surgem como é o caso da difusão e da oxidação, ou seja, quanto maior a
temperatura de corte é crescente o surgimento de novos mecanismos de
desgaste.
Para as brocas, geralmente sua utilização é susceptível a avarias e
desgastes em suas quinas, observando-se também atrito entre as guias com a
parede do furo além de com o próprio cavaco Bork (1995). Todos esses fatores
devem ser verificados e levados em consideração para se buscar uma melhor
eficiência no processo de usinagem.
Difusão
Abrasão
Oxidação
Adesão
Desgaste Total
Temperatura de Corte
(Velocidade de Corte; Avanço e outros fatores)
32
A furação apresenta diversos mecanismos de desgaste que acarretam no
fim da vida para as ferramentas de corte. Dentre os mais freqüentes encontram-
se: abrasão, oxidação, aderência e difusão. A seguir o apresentados os
mecanismos de desgaste, conforme Figura 2-7.
2.3.1 Abrasão
O desgaste abrasivo acontece quando existe a remoção ou deslocamento
da superfície do material da ferramenta de corte através de atrito das partículas
de dureza relativamente maior que o material de base, estando essa solta ou
presa numa superfície de contato (Machado et al., 2005). Stemmer (1995)
relaciona o desgaste abrasivo com o aumento da velocidade de corte,
considerando ser a retirada de finas partículas de material em decorrência do
escorregamento sob alta pressão e temperatura, entre a peça e a ferramenta de
corte como um indicador do processo de abrasão.
2.3.2 Oxidação
É um desgaste gerado pela combinação do material da ferramenta com o
ar a uma temperatura elevada, que dependente do material utilizado na
ferramenta de corte. A oxidação é um desgaste que geralmente afeta a aresta
lateral de corte da ferramenta, isso faz com que o acabamento superficial seja
prejudicado (Ferraresi, 2003). Para Diniz et al. (2001), um modo de se evitar o
aparecimento da oxidação é a utilização de óxido de alumínio na ferramenta de
corte, uma vez que a presença desse componente a torna mais resistente a
oxidação.
2.3.3 Aderência
A aderência tende a ocorrer quando se tem duas superfícies metálicas em
contato sob cargas de tensão ou compressão. Esse mecanismo predomina em
baixas velocidades de corte e baixos avanços. Segundo Oliveira (2006) e Reis
(2005), o que causa a aderência é o fluxo irregular de cavaco que passa pela
33
superfície de folga e/ou de saída da ferramenta de corte. O fenômeno da
aderência pode estar presente com ou sem a formação da aresta postiça de corte
(APC), (Diniz et al., 2001).
2.3.4 Difusão
A difusão é o transporte de massa através do movimento dos átomos e no
caso de um sólido temos essa transferência de um metal para outro. Para ocorrer
o desgaste por difusão, necessita-se de três condições, que são: temperatura na
região de contato, tempo de permanência desse contato e afinidade química entre
os constituintes. Um dos desgastes mais comum, ocorrido pelos mecanismos de
difusão, é o desgaste de cratera que ocorre quando associado às condições de
altas velocidades de corte. A difusão só irá existir como um mecanismo de
desgaste nas ferramentas de corte, se existir contato íntimo por duas superfícies
envolvidas, no caso da usinagem entre a ferramenta de corte e o cavaco.
2.4 PARÂMETROS DE CORTE PARA FURAÇÃO
Os parâmetros de corte na furação podem ser administrados e
controlados para atender as necessidades de tempo, custo, especificação do
produto, equipamento, dentre outros. São determinados dependendo das
condições do equipamento, do material a ser usinado e da ferramenta de corte. O
adequado controle destes parâmetros fornece uma estimativa da vida da
ferramenta tendo influência no acabamento superficial e dimensional do furo.
Condições de corte severas podem resultar em desgaste prematuro da
ferramenta com graves conseqüências ao processo, assim como em condições
de corte limitadas podem influenciar na qualidade do furo e no custo de
fabricação.
A Figura 2-8 mostra o processo de furação com as direções dos
movimentos de corte e avanço durante a usinagem.
34
Onde:
V
c
: Velocidade de corte
V
e
: Velocidade efetiva
V
f
: Velocidade de avanço
θ: Ângulo da ponta da ferramenta
η: Ângulo da direção efetiva
Dentre os parâmetros de corte para a furação, o avanço da ferramenta e a
velocidade de corte são essenciais e devem ser observados durante o processo,
tendo influências significativas na qualidade da usinagem. Para a velocidade de
corte na furação seu valor é variável, fixando-se um ponto de referência no raio da
ferramenta e calculando a velocidade neste ponto (Andrade, 2005).
A velocidade de corte é determinada como a velocidade periférica da
broca e em processos de furação é calculada, segundo Diniz et al. (2001), de
acordo com a equação 2.1.
(Eq. 2.1)
Onde: d=diâmetro da ferramenta [mm];
n=número de rotações da broca por minuto [RPM]
Figura 2-8 - Direções dos movimentos de corte para furação
V
e
V
c
V
f
θ
η
movimento
de avanço
movimento
efetivo
movimento
de corte
broca de
canal reto
peça
35
Segundo Machado et al. (2004), baixas velocidades de corte o processo
podem apresentar a formação de APC, resultando num acabamento rugoso. Com
o aumento da velocidade de corte o acabamento superficial é melhorado devido a
não ocorrência de tal aderência, em virtude da elevação da temperatura na região
de corte, porém, a limitação da utilização de altas velocidades de corte, é definida
pela rotação do equipamento e pela vida da ferramenta.
O avanço é um parâmetro de corte definido como o percurso de cada
volta medido em milímetros por rotação (mm/rot). Na determinação do avanço,
deve-se observar da mesma forma que na velocidade de corte, o limite da
ferramenta e do equipamento de usinagem, em virtude da utilização dos
parâmetros coerentes para as condições do sistema. No caso de utilização de
condições de usinagem inadequadas, pode-se danificar a ferramenta e até chegar
à quebra. Com relação à qualidade no processo, para uma diminuição do avanço,
geralmente o nível de rugosidade é reduzido, em virtude da qualidade do
acabamento superficial apresentar relação direta com o avanço da ferramenta.
Para o calculo da velocidade de avanço, tem-se a relação na equação 2.2:
(Eq. 2.2)
Onde: f=avanço [mm/rot];
n=número de rotações de broca (RPM).
Os parâmetros de usinagem são importantes no processo por serem
fatores que influenciam diretamente no desgaste da ferramenta de corte através
de solicitações acima ou abaixo do permitido. Uma das grandes dificuldades é a
determinação de parâmetros que resultem na melhor condição de corte.
A Figura 2-9 mostra uma relação dos principais materiais para
ferramentas de furação, com relação à rotação e ao diâmetro do processo além
de refletir na qualidade do produto.
36
Figura 2-9 - Diagrama representativo da faixa de velocidade de corte para
diferentes materiais utilizados nas ferramentas de furação (Reis et al., 2005).
2.5 A USINAGEM DO ALUMÍNIO
O alumínio é um metal não-ferroso, que se caracteriza pela razão
resistência-peso e resistência à corrosão, além da boa condutividade térmica e
elétrica. Seu ponto de fusão ocorre a 660ºC, tornando-o muito desejado para a
produção de peças fundidas. Sua densidade é de aproximadamente 2.770 kg/m
3
e seu módulo de elasticidade equivale a 71,7 GPa (Shigley et al., 2005).
O alumínio e suas ligas estão entre os metais mais utilizados na indústria,
encontrando-se em constante desenvolvimento para diversas aplicações. Estando
entre os mais versáteis, em termos de processo de fabricação. Pesquisas no
setor automotivo comprovam que, o peso de um produto pode ser reduzido em
até 60% quando utilizadas as ligas de alumínio em comparação com os metais
tradicionais (aço e ferro fundido) para a fabricação de peças automotivas
(Okimura et al., 2007). As indústrias e centros de pesquisas vêm trabalhando no
seu emprego cada vez mais constante em diversos seguimentos dos produtos.
37
A aplicação do alumínio e suas ligas em processo de usinagem na
indústria automotiva são cada vez mais constantes, no entanto, as condições do
processo produtivo devem ser observadas e avaliadas antes de qualquer
aplicação, tendo em vista que a usinabilidade de um material tem grande
importância num processo produtivo.
Para a usinabilidade pode-se entender como o nível de dificuldade ou
facilidade para se usinar um determinado material, e pode ser medida por um
valor numérico comparativo, denominado índice de usinabilidade. Trent (1984)
sugere que a usinabilidade não deve ser considerada uma propriedade, mas sim
o modo do material se comportar durante uma determinada condição de
usinagem, dessa forma, é muito mais em função de um conjunto de fatores e não
exclusivamente das propriedades do material. Diniz et al. (2001) afirma que a
usinabilidade depende da interação entre o processo de fabricação e as
características do material da peça; podendo ser influenciada por algumas
propriedades, tais como: dureza, resistência mecânica, ductilidade, condutividade
térmica e taxa de encruamento.
Para a usinagem do alumínio sua usinabilidade, geralmente, apresenta
baixa força de corte e bom acabamento superficial sendo facilmente processado,
uma vez que, a energia necessária por unidade de volume do metal removido é
baixa. No entanto, o grau da usinabilidade depende da composição das ligas,
influências oriundas dos processos de fundição e tratamentos aplicados ao metal.
A determinação para uma boa usinabilidade do alumínio esta ligada aos
elementos de ligas como o cobre, o magnésio, o silício, o manganês e o zinco,
que compõe a liga e ao tratamento térmico referente ao material, (Weingaertner et
al., 1991). No geral, o alumínio e suas ligas são materiais que apresentam boa
usinabilidade quando comparado aos outros metais como o aço e o ferro fundido,
e sua usinabilidade pode ser influenciada quando a presença de silício apresenta
valores acima de 12%, por formar inclusões duras de óxido de silício (silicato) e
influenciar o desgaste das ferramentas de corte e conseqüentemente no
processo.
38
Para que se determine a usinabilidade de um material, Ozcatalbas (2002),
Manna et al. (2003), Weingaertner et al. (1991) e Stemmer (1995) afirmam que os
critérios fundamentais para este estudo num dado material, geralmente necessita
investigação de quatro fatores, utilizados isoladamente ou em conjunto, que são:
Vida da ferramenta;
Força de usinagem;
Qualidade superficial;
Forma e tamanho do cavaco.
2.5.1 Vida da ferramenta
A vida de uma ferramenta de usinagem é definida como o tempo efetivo
de trabalho até um limite previamente estabelecido como critério. Este limite pode
ser tomado como restrição do comportamento da ferramenta ou do produto, e
para a usinagem das ligas de alumínio, o desgaste da ferramenta raramente é um
problema, com exceção das ligas com alto teor de silício, acima de 12%,
conforme comentado, por apresentar caráter abrasivo e acentua o desgaste
necessitando da avaliação da vida da ferramenta, (Schuitek, 1997, Diniz et al.,
2001). Normalmente para a determinação da vida de uma ferramenta na
usinagem do alumínio, o critério mais utilizado são as condições do produto final.
Para Santos (2001) e Mocellin (2002), o fim de vida de uma ferramenta de
corte é definido pelo grau do desgaste apresentado, e dependerá de alguns
fatores tais como: acabamento superficial e tolerância dimensional não
satisfatória; aumento na força de corte e temperatura excessiva da ferramenta de
corte. Desta forma, a qualidade superficial e dimensional é influenciada pelos
desgastes da ferramenta de corte e segundo Oliveira (2008), o aumento do
desgaste de flanco resulta num aumento dos esforços de corte piorando a
qualidade da superfície do furo e aumentando os erros dimensionais e
geométricos.
39
A seguir o apresentados os principais tipos de desgastes encontrados
na furação com a utilização de brocas, conforme detalhamento na Figura 2-10.
Figura 2-10 Desgastes em broca (Castillo, 2005)
Desgaste de quina (W) é caracterizado pelo arredondamento da quina da
ferramenta e apresenta-se como largura da marca do desgaste.
Desgaste de flanco (VB e VB
max
) ocorre perda do material da cunha cortante
na superfície de folga da ferramenta. A ocorrência desse tipo de desgaste será
40
na maioria dos processos de usinagem. A norma ISO 3685, descreve como
quantificar o desgaste de flanco.
Desgastes das guias (M
w
) é o tipo de desgaste que danifica as guias de
ferramenta, sendo mensurado como um comprimento médio definido pela letra.
Desgaste de cratera (K
w
) corresponde à dimensão sendo medido do ponto
mais afastado ao lado oposto da cratera, tomando como referência o gume.
Ocorre na superfície de saída do material (cavaco) sendo causado por atrito.
Esse desgaste ocorre geralmente num ponto ligeiramente afastado da aresta
cortante.
Desgaste de gume transversal (C
t
e C
m
) medido através de “C
m
(largura do
desgaste) e “C
t
” (ponto mais alto do desgaste).
Lascamento (P
t
e P
m
) caracterizando pela retirada de partículas maiores na
ferramenta. Ocorre geralmente em ferramentas de material frágil. Com a
presença do lascamento, o acabamento superficial da peça fica comprometido.
A determinação do fim de vida de uma ferramenta esta diretamente
relacionada com a perda da capacidade de corte, e é avaliada normalmente por
um determinado grau de desgaste. Na usinagem de metais, alguns desgastes têm
destaque, por serem avaliados como critério do fim de vida da ferramenta. Este é
o caso do desgaste de flanco e de cratera, sendo estipulados valores limitados
para tal, (Schuitek, 1997).
Para a determinação da vida de uma ferramenta com precisão, é
necessário determinar o tempo em que uma ferramenta de corte trabalhe
efetivamente antes de ser substituída. Para as ligas de alumínio a determinação
da vida da ferramenta com precisão requer ensaios de longa duração, exigindo
tempo e custo elevado, podendo, em determinadas situações, ser fixada através
das condições do processo usinado. Muitas das vezes o critério pode ser
desconsiderando, que o desgaste é pequeno. Maiores detalhes a respeito da
determinação da vida da ferramenta de forma empírica podem ser encontradas na
literatura, Ferraresi (2003) e Machado et al. (2009).
41
Na usinagem, o desgaste de uma ferramenta de corte segue uma curva
padrão, representado na Figura 2-11, podendo ser determinado através de
avaliações de desgastes ou das condições econômicas adequadas do processo.
A vida de uma ferramenta de corte pode ser dividida em três regiões,
conforme Figura 2-11.
Região I: a ferramenta sofre um desgaste acelerado no início do corte,
adequando-se ao sistema e acomodando ao processo, passando em
seguida a apresentar um decréscimo na taxa de desgaste com o tempo.
Região II: a segunda etapa tem-se uma taxa de desgaste constante no
decorrer do tempo com a ferramenta totalmente acomodada no processo,
apresentando em taxa constante o desgaste.
Região III: Finalmente a terceira parte, acontece o início de uma aceleração
no desgaste, aumentando acentuadamente a taxa, chegando-se ao
colapso da ferramenta. O último estágio deve ser evitado durante o
processo, devendo ser previsto, teoricamente ou empiricamente.
Figura 2-11 Gráfico da vida de uma ferramenta em três regiões
(Machado et al., 2009)
42
2.5.2 Força de usinagem
O conhecimento da força de usinagem possibilita estimar a potência do
equipamento necessário para a realização do processo, além de apresentar
relação com o desgaste das ferramentas de corte, tornando um fator importante
na determinação da usinabilidade de um material. Condições de corte que
apresentem uma maior força de usinagem refletem numa maior dificuldade de
usinagem do material, assim, para uma melhor usinabilidade observa-se que os
esforços de corte apresentam-se em menor valor.
A força de usinagem é decomposta em: força de corte (F
c
), força de
avanço (F
f
) e força passiva (F
p
). Todas as componentes têm influência do material
da peça, condições de corte e geometria da ferramenta (Weingaertner el at.
1991). A Figura 2-12 mostra a distribuição das forças de usinagem envolvidas
num processo de furação, que atua em cada uma das arestas da ferramenta.
Figura 2-12 - Forças atuantes nas arestas principais de corte, (Stemmer, 2005)
Analisando a força de corte para a usinagem do alumínio e comparando
com os aços e ferros fundidos, verifica-se uma baixa energia consumida por
unidade de volume do alumínio removido, essa característica é uma importante
vantagem no processamento do material, e pode ser explicada, pelo fato do
alumínio apresentar um módulo de elasticidade de cerca de 1/3 do módulo de
elasticidade do aço, E
AÇO
=207 GPa, (Shigley et al., 2005). Sendo assim, as forças
43
de corte necessárias para a usinagem destas ligas são baixas, quando
comparadas com as forças relativas aos aços.
As componentes da força de usinagem são obtidas pela equação de
Kienzle, uma equação empírica que considera o material a ser usinado, com a
seção de corte e a componente da força correspondente conforme pode ser
verificado na equação 2.3, (Andrade, 2005). Essa equação pode ser aplicada a
qualquer tipo de operação de usinagem com restrições, uma vez que foi
desenvolvida para o torneamento (Diniz et al., 2001).
(Eq. 2.3)
Onde: F
c
= força de corte [N];
b = largura de corte [mm];
h = espessura de corte [mm];
(1-m
c
) = coeficiente angular;
K
c1.1
= força específica de corte (seção de 1 mm
2
)
Os valores dos coeficientes K
c1.1
e m
c
podem ser determinados através de
procedimentos existentes encontrados em Ferraresi (2003) e Weingaertner
(1992). Schuitek (1997) expõe valores de K
c1.1
para algumas ligas de alumínio,
classificando-os em relação a dureza do material.
A determinação das forças de corte, durante a usinagem, podem ser
medidas através de sistemas com transdutores de força com elementos
sensíveis, aplicando o princípio piezelétrico que produz uma carga elétrica
proporcional à aplicação de uma força no cristal. A determinação da força de corte
com a utilização de dinamômetros pode se tornar inviável quando a usinagem é
realizada em linhas de produção seriada, apresentando dificuldades de adaptação
e controle do equipamento durante a realização do processo.
44
Alguns pesquisadores apresentam meios alternativos para a avaliação do
esforço de corte, em decorrência das dificuldades existentes no meio produtivo,
sendo obtidos indiretamente, mediante a medição da corrente elétrica consumida
no motor que aciona a ferramenta durante a realização da usinagem. Este
monitoramento é realizado através de comandos visualizados, muitas vezes, no
próprio equipamento de usinagem, determinando assim à potência de corte na
condição testada e conseqüentemente o esforço de corte (Oliveira, 2008).
Determinação da potência de usinagem
A potência de usinagem é resultado da soma das potências necessárias
para cada componente da força, mantendo-se uma relação conforme as
Equações 2.4 e 2.5, calculando respectivamente a potência de corte (P
c
) e a
potência de avanço (P
f
), (Machado et al., 2009 e Ferraresi, 2003). Kim et al.
(2002) e Penã et al. (2005) discutiram o tema a respeito do monitoramento da
força de usinagem baseada na potência e no torque do motor. O cálculo da
potência de acionamento do motor pode ser obtido dividindo-se a potência pelo
rendimento, considerando as perdas existentes no sistema. Considerando F
c
e F
f
a força de corte e força de avanço, respectivamente.
(Eq. 2.4)
(Eq. 2.5)
Todo o estudo envolvendo força, potência ou torque durante a usinagem
de um material é importante para se determinar ou prever a real necessidade de
um equipamento realizar operações de usinagem e em utilizar determinada
condição de corte.
45
2.5.3 Qualidade de uma superfície usinada
Independente do processo de fabricação utilizado, é cada vez maior a
exigência quanto a confiabilidade e a eficiência dos produtos fabricados. Durante
a fabricação dos componentes mecânicos na indústria automotiva, o processo de
usinagem é realizado através da retirada do material da peça, envolvendo
cisalhamento que se reflete na superfície do material. Muitos componentes
tendem a falhar se estas condições do projeto não forem plenamente satisfeitas.
Algumas alterações na superficie usinada podem ser decorrentes da natureza
mecânica metalúrgica, da composição química ou de outros tipos de
transformações, tornando a integridade superficial um fator importante no controle
do processo produtivo.
O conhecimento das características da superfície usinada é um parâmetro
para uma avaliação e atuação nas variáveis envolvidas. Durante a fabricação, a
qualidade da superfície usinada irá depender da aplicação que se destina, uma
vez que o nível de rugosidade pode influencia no comportamento funcional do
produto. Para Breitinger (1973), toda superfície usinada por mais perfeita que seja
sempre apresenta irregularidades, devido ao processo de fabricação em relação a
uma superfície geométrica ideal.
A qualidade da superficie usinada apresenta-se em função de quatro
parâmetros: rugosidade, ondulação, falhas e marcas de avanço; no entanto,
normalmente os processos de usinagem são classificados apenas em termos do
parâmetro de rugosidade que pode ser definido como um conjunto de
irregularides da superfície real, em relação a uma superfície de referência
(Santos, 2001).
Das variações encontradas na superfície de uma peça usinada, uma que
se torna importante, refere-se a textura ou acabamento superficial, relacionada
diretamente a rugosidade superficial, sendo composta por erros microgeométricos
resultantes de ação inerente ao processo de corte. Para a definição do nível de
rugosidade utiliza-se o atrito, o ajuste, o desgaste, a corrosão, a aparência, a
resistência à fadiga, a propriedade ótica, o escoamento de fluidos e a aderência
46
da pintura e vedação entre superfícies. A textura superficial é o reflexo do
processo de manufatura.
Toda integridade superficial de um processo de furação depende de
alguns fatores tais como: tipo de furação, material a ser usinado, tipo de
ferramenta com sua geometria e grau de afiação, máquina-ferramenta e dos
parâmetros de corte. Santos et al. (2007) afirma que a textura superficial é o
reflexo do processo de manufatura e pode ser influenciada por fatores como:
dureza, composição química, desgaste da ferramenta de corte, parâmetros
inadequados e instabilidade da máquina operatriz, devendo sempre conciliar o
acabamento superficial com o custo de fabricação.
A condição final de uma superfície usinada é o resultado de vários
fatores, que podem ter efeitos diferentes na textura superficial como também nas
camadas abaixo desta. Para Santos (2001), o favorecimento de um melhor
acabamento, é necessário observar algumas condições:
Rigidez e acuracidade da máquina-ferramenta;
Geometria da ferramenta de corte;
Parâmetros de usinagem;
Homogeneização do material em trabalho.
As ondulações e falhas devem ser evitadas na fabricação de uma
superfície, pois representam erros de fabricação. Isto não acontece com a
rugosidade que tem um valor especificado de acordo com a aplicação, o que faz
do item um parâmetro importante para a manufatura. Normalmente a rugosidade
é um parâmetro bastante utilizado na indústria como controle do processo de
saída, sendo especificada de acordo com a aplicação, apresentando valores
diferenciados, como exemplo, a superfície dos acoplamentos entre componentes,
selos mecânicos, elementos de vedação, moldes para injeção e superfícies de
lubrificação.
Para a medição da rugosidade, normalmente utiliza-se um rugosímetro,
podendo ser realizada com ou sem contato entre o apalpador e a superfície
47
usinada. O método de medição mais utilizado na indústria automotiva é o de
contato, justificado pelo baixo custo e simplicidade de uso. Neste método alguns
detalhes do equipamento acabam influenciando a medição tais como: o raio da
ponta do apalpador e seu desgaste e para minimizar tal influência, geralmente
são utilizados filtros nos rugosímetro para medição.
Devido à importância relatada sobre a rugosidade, para seu controle é
necessário estabelecer critérios de avaliação. Esta avaliação da qualidade
superficial dos processos de usinagem é classificada em termos de parâmetros
de rugosidade. Alguns dos parâmetros medem a variação vertical, horizontal ou
uma combinação destes. No caso da avaliação de processos produtivos, a
indústria participante da pesquisa utiliza alguns parâmetros de controle do
processo, sendo R
a
, R
y
, R
t
e R
z
, os mais utilizados.
Para a furação, a faixa de rugosidade média (R
a
) pode ser compreendida
entre 1,60 e 6,5µm, no entanto é dificil estipular um valor para os furos (Barbosa,
2009). A norma DIN 4766 abrange o valor de R
a
na faixa compreendida entre 1,6
à 25µm para o processo de furação, conforme Tabela 2.2. Novos estudos são
desenvolvidos para suprir novas necessidades dos produtos e sem impactar no
custo final de produção.
Tabela 2.2- Valores de R
a
para processos de fabricação (Adaptado DIN 4766)
A seguir são apresentados, os principais parâmetros de rugosidade
utilizados como controle do processo e de maior interesse na indústria. A Figura
2-13 ilustra os parâmetros de rugosidade referenciando-os num perfil de base.
0,006
0,012
0,025
0,05
0,1
0,2
0,4
0,8
1,6
3,2
6,3
12,5
25
50
Furão
Alargamento
Mandrilamento
Torneamento longitudinal
Valores comuns Valores possíveis
Valores atingíveis dios de R
a
em μm
todo de Manufatura
48
Parâmetro R
a
: é denominado de desvio médio aritmético (R
a
), sendo a
média dos valores absolutos das ordenadas do perfil efetivo em relação à
linha média, num comprimento de amostragem. O parâmetro R
a
fornece
informações do perfil de uma forma geral, não refletindo um valor isolado, e
é aplicado quando o controle da rugosidade é contínuo nas linhas de
produção quando a superfície apresenta sulcos bem orientados e para fins
estéticos.
Parâmetro R
y
ou R
MAX
: é o maior valor das rugosidades parciais que se
apresenta no percurso de medição de um dado comprimento p-definido,
máxima altura entre pico e vale. É empregado para superfícies de vedação,
superfícies dinamicamente carregadas e superfícies de deslizamento.
Parâmetro R
t
: é a soma da altura do pico mais alto com referência a linha
média e da profundidade do vale mais profundo a partir da linha média.
Aplicado em superfícies de vedação, superfícies dinamicamente
carregadas e superfícies de deslizamento onde o perfil efetivo é periódico.
Parâmetro R
z
: é obtido com o total das duas dias entre: os cinco picos
mais altos e a profundidade média dos cinco valem mais profundos, ambos
referenciados pela linha média. Deve ser usado em casos onde pontos
solados não tenham influência na função da peça a ser controlada.
Figura 2-13 - Avaliação de superfície (Castillo, 2005)
49
Para os parâmetros de usinagem tem-se forte influência da velocidade de
corte e do avanço no acabamento superficial. A utilização de baixas velocidades
de corte proporciona a formação de APC, fenômeno que ocorre pela aderência de
material na região cortante da ferramenta, podendo riscar a superfície usinada.
Com a utilização de altas velocidades de corte, o processo gera menores níveis
de rugosidade, devido à diminuição da formação da APC. No entanto, pode
provocar desgaste mais acentuado da ferramenta de corte. No caso do avanço, a
influência na rugosidade tem como relação o aumento proporcional à altura dos
picos e a profundidade dos vales, limitando seu valor com relação às condições
do processo (Stemmer, 1995).
Para a utilização de altas velocidades de corte associada a altos avanços,
o processo de furação pode ser prejudicado devido às altas solicitações da
ferramenta além de limitar-se nos recursos dos equipamentos de usinagem. Esta
condição pode dificultar o escoamento dos cavacos, a lubrificação do processo e
aumentar à temperatura próxima a aresta cortante da ferramenta. A utilização de
novos parâmetros de corte para a usinagem faz com que surjam novas pesquisas
no meio, sempre em busca da condição que satisfaça as necessidades
requeridas no produto e no processo (Andrade, 2005).
2.5.4 Forma e tamanho do cavaco
Para um melhor entendimento sobre o processo de usinagem, é
necessária uma compreensão sobre a formação dos cavacos. Segundo Diniz et
al. (2001), a formação do cavaco influencia vários fatores tais como: esforço de
corte, desgaste da ferramenta, calor gerado durante a usinagem como também o
acesso do fluido de corte na região de usinagem. Todos estes fatores refletem em
aspectos econômicos, na qualidade do processo e na segurança operacional, o
que faz do item um importante parâmetro de avaliação.
A forma do cavaco está relacionada ao avanço, profundidade, velocidade
de corte, geometria da ferramenta, material da peça, fluido de corte, dentre outros
50
(Stemmer, 1995 e Machado et al., 2009). Para Weingaertner et al. (1991), as
principais influências sobre a formação dos cavacos nas ligas de alumínio são as
condições de corte juntamente com a geometria da ferramenta, podendo também
ser influenciado pelo material a ser usinado.
Para Machado et al. (2009), afirma que a formação do cavaco é dada em
altíssima velocidade de deformação, seguida de ruptura do material. Na furação,
a forma dos cavacos tem grande influência no processo, devido ao espaço
reduzido e ao grande volume de material a ser retirado. A forma e o tipo dos
cavacos são fatores que mais influencia a produtividade de uma indústria que
envolve processos de usinagem.
Durante a formação do cavaco é considerada como mecanismo que
consiste na movimentação da seção “klmn” (Figura 2-14) na direção da aresta de
corte da ferramenta, resultando num volume recalcado representado por “pqrs”,
deformando plasticamente e elasticamente o material. Esse mecanismo é um
processo cíclico e dividido em quatro etapas: recalque (deformação elástica),
deformação plástica, ruptura e movimento sobre a superfície de saída da
ferramenta (Machado et al., 2009).
Figura 2-14 Diagrama da aresta de corte com formação do cavaco
(Machado et. al., 2004)
51
O controle dos cavacos é de extrema importância para o processo,
podendo influenciar na produtividade de uma produção seriada de uma empresa.
Um exemplo é a geração de cavacos longos que pode ocasionar problemas com
o acabamento superficial, com o aumento da força de corte e conseqüentemente
afetando a vida da ferramenta (Stemmer, 1995).
O grau de recalque R
c
é definido pela relação, equação 2.6, onde V
cav
é a
velocidade de saída do cavaco e V
c
é a velocidade de corte.
(Eq. 2.6)
O grau de recalque (R
c
) é um valor importante na usinabilidade reflete a
qualidade de deformação plástica presente após a usinagem, resultando em
valores como: pressão específica do cavaco sobre a ferramenta, volume de
cavacos produzidos por unidade de potência e temperatura. Assim quanto menor
for o grau de recalque, R
c
, mais facilmente é usinado o material, o que resulta
numa melhor condição de fabricação.
2.5.5 Tipos de cavacos
Com relação ao tipo de cavaco pode ser classificado morfologicamente
como: contínuo, cisalhado, descontínuo ou segmentado. Para o alumínio, de uma
forma geral, existe a predominância de formação de cavacos contínuos, por se
tratar de um material dúctil. No entanto, esta classificação irá depender dos
elementos que compõe a liga (Weingaertner et al., 1991).
Cavaco contínuo O material usinado é recalcado, (uma porção do material
sofre deformações elásticas e plásticas contra a superfície de saída da
52
ferramenta), escorregando ao longo do plano sem apresentar ruptura,
formando um cavaco de forma suave que desliza sobre a superfície de
saída. Machado et al. (2009), cita o cavaco contínuo como um tipo
indesejável e que pode causar riscos ao operador e danificar a superfície
usinada.
Cavaco cisalhado Após o material escorregar ao longo do plano de
cisalhamento fissura-se no ponto mais solicitado, até a ruptura total ou
parcial do cavaco. Outra explicação é a constituição de lamelas justapostas
bem distintas, o cavaco cisalhado permanece sem desprendimento, devido
à solda dos seus segmentos causada pela pressão e temperatura de corte
(König, 1997; Stemmer, 1995).
Cavaco segmentado São cavacos formados por pequenos fragmentos
arrancados do material usinado, existindo uma ruptura do material,
tornando-os independentes e distintos. Materiais intermediários aos frágeis
e dúcteis podem apresentar este tipo de cavacos quando usinados com
baixa velocidade de corte e grandes avanços (Machado et al., 2009).
2.5.6 Formas de cavacos
Além dos tipos de cavacos descritos anteriormente, estes podem ser
classificados quanto sua forma da seguinte maneira: cavaco em fita, helicoidal,
em espiral e em lasca (Ferraresi, 2003; Machado et al., 2009).
Maiores detalhes a respeito do assunto podem ser encontradas na norma
ISO 3685, cuja classificação comentada, apresenta-se conforme a Figura 2-15.
Cavaco em fita É a forma de cavaco que ocupa muito espaço sendo de difícil
transporte, além de poder provocar acidentes. Esta forma de cavaco não é
desejada, por prejudicar a qualidade superficial da peça.
53
Cavaco helicoidal É uma das formas mais convenientes para a usinagem,
principalmente se apresentar a forma curta. Esta forma, de acordo com a
recomendação de teste StahlEisen, Figura 2-15, é considerada boa.
Cavaco em espiral É considerada a melhor forma, devido possibilidade de
transporte facilitado além de ter pouca influência na integridade superficial da
peça produzida.
Cavaco em lasca Este tipo é recomendado apenas quando se dispõe de
pouco espaço para o escoamento ou quando o cavaco é removido através do
fluido refrigerante, sendo aplicado na furação profunda.
Para a avaliação dos cavacos pode-se levar em consideração algumas
recomendações de classificação existentes na literatura, como as levantadas
por Könog (1990), que distribui os tipos de cavaco do aço e do ferro fundido,
podendo ser considerado como mesma base de classificação dos cavacos de
alumínio.
Figura 2-15 - Classificação de cavacos segundo teste Stahl-Eisen (König, 1990)
desfavorável
útill
bom
útill
em
fita
emara
nhado
fita
hélice
plana
hélice
oblíqua
hélice
cil.
longa
hélice
cil.
curta
hélice
espiral
espiral
vírgula
arran
cados
54
2.6 PLANEJAMENTO FATORIAL DO EXPERIMENTO DOE
O conhecimento da estatística é importante para a engenharia por se
tratar de uma ferramenta poderosa no planejamento de novos produtos e na
busca de melhorias nos processos de fabricação. O campo da estatística lida com
coleta de dados, apresentação, análise e uso dos resultados para a tomada de
decisões no intuito de resolver problemas dos produtos e processos.
Os métodos estatísticos são usados para auxiliar no entendimento das
sucessivas observações de um sistema ou fenômeno que não produzem
exatamente os mesmos resultados, apresentando variabilidades como as
aplicações na produção seriada. Além disso, o julgamento estatístico pode nos
mostrar um direcionamento para a inclusão ou tomada de decisão relacionada a
essas variações do processo produtivo.
Dentre os modelos estatísticos mais utilizados tem-se destaque para o
planejamento fatorial do experimento (DOE), bastante utilizado na avaliação das
variáveis envolvidas na fabricação de um produto.
Num experimento planejado, as variáveis controláveis de algum sistema
ou processo, são alteradas propositalmente com o objetivo de se observar os
resultados de saída do sistema resultante e, então, faz-se uma decisão sobre a
significância das variáveis responsáveis pelas mudanças observadas nos
resultados obtidos.
Utiliza-se o planejamento fatorial de experimentos para avaliação de cada
tentativa completa ou réplica do teste com as combinações dos níveis dos fatores
observados. Segundo Montgomery (2008), isto é a única maneira de descobrir
interações entre as variáveis de um processo estudado, determinando a influência
de uma ou mais variáveis sobre as variáveis de interesse.
A Figura 2-16 mostra os fatores que podem ser controlados num
determinado processo (furação), quando vários destes são de interesse em um
determinado experimento.
55
Figura 2-16 O experimento de usinagem por furação
A Tabela 2-2 mostra um arranjo para os dados obtidos para a avaliação
de um planejamento fatorial, considerando dois fatores em análise no
experimento, conforme exemplo na Tabela 2-2. Os resultados obtidos são
direcionados de acordo com o cruzamento dos fatores nas células y
ijk
.
Tabela 2-2 - Arranjo de um planejamento fatorial - dois fatores (Montgomery,
2008)
Fator B
Totais
Medias
1
2
...
b
Fator A
1
...
...
2
...
...
...
a
...
...
Totais
Medias
...
...
Processo
Furação em cheio
Entrada
...
...
Peça bruta
Saída
Peça usinada
x
1
x
2
x
n
z
1
z
2
z
n
Fatores controláveis
Fatores incontroláveis (ruídos)
56
Todo experimento é apenas um teste ou uma série destes, e a validação
com a conclusão são retiradas e dependem de como os testes foram conduzidos.
O planejamento dos experimentos tem forte influência na solução de problemas,
sendo uma ferramenta extremamente importante para engenheiros e cientistas
que estejam estudando formas de como melhorar o desempenho de um processo
de fabricação.
2.7 ANÁLISE DE VARIÂNCIA E CAPACIDADE DO PROCESSO
A análise de variância é usada para teste de hipótese sobre os efeitos
principais dos fatores em observação, avaliando-se a influência de cada variável e
sua interação. Os cálculos são obtidos através das somas quadráticas conforme
segue e demonstrados na Tabela 2-3 de análise de variância, também
denominada de ANOVA.
Nessa avaliação, o principal interesse é comparar as médias aritméticas
dos grupos para determinar se existe um efeito de tratamento entre eles. Para a
hipótese nula ser verdadeira, tem-se a não existência nas diferenças reais das
médias aritméticas dos grupos. A estatística do teste F é utilizada para a
verificação da hipótese. Para um dado nível de significância estima-se um valor α,
que representa o nível de avaliação que se deseja avaliar no experimento.
Para a hipótese nula consideram-se quando o valor de F
c
for menor que F
calculado, a partir da distribuição F. Para rejeitar a hipótese temos F>F
c
. Todos os
resultados de uma análise de variância são apresentados conforme a Tabela 2-3,
cujas entradas incluem fontes de variação, graus de liberdades, soma dos
quadrados, média dos quadrados e a estatística calculada F.
57
Tabela 2-3 - Fontes de variação para o cálculo da ANOVA (Montgomery, 2008)
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média Quadrática
F
0
A tratamentos
B tratamentos
Interação
Erro
Total
Onde:
(Eq. 2.7)
(Eq. 2.8)
(Eq. 2.9)
(Eq. 2.10)
(Eq. 2.11)
Com relação à variabilidade do processo, são utilizadas ferramentas
estatísticas, como o CEP, sendo vital para o estudo e controle do nível de
58
qualidade dos processos produtivos, refletindo as medidas de dispersão e de
centralização das mesmas. No entanto, apenas com a relação aos indicadores do
processo encontrados pelo CEP com as tolerâncias permissíveis definidas pela
especificação, são gerados os indicadores CP, CPK e CPU do processo. Estas
expressam o nível de capacidade do processo para uma determinada produção
seriada (Bulba, 1998).
Uma das formas mais utilizadas para controle do processo na indústria
automobilística é a avaliação do processo produtivo através da capacidade, que
segundo Montgomery (2008), permite a obtenção de informação acerca do
desempenho do processo quando se estiver em regime de produção seriada, ou
seja, processos que estejam sob controle.
A Capacidade de um processo de fabricação é definida como sendo a
relação entre a tolerância dimensional especificada no produto e a dispersão das
medidas para a fabricação. Desta forma embora a capacidade de um processo
possa ser fixa, o índice de capacidade deste processo depende do valor da
tolerância especificada, a fim de julgar-se se o processo é ou não capaz de
produzir dentro da especificação estabelecida.
Quando um processo apresenta distribuição normal com índice de
capacidade C
PK
=2, tem-se o processo com valores colocados a distância a partir
da média do processo, até as especificações mais próximas, equivalentes a seis
desvios-padrão, o que informa a boa estabilidade do processo, onde LIE é o limite
inferior estabelecido e LSE é o limite superior estabelecido. Os índices de
capacidade apresentados são calculados a partir dos valores do desvio padrão e
da média do processo, Montgomery (2008).
59
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Todo o experimento foi realizado nas dependências de uma empresa
fabricante de motocicleta no setor da usinagem do bloco do motor. Baseando-se
na literatura e nas aplicações industriais, a pesquisa que foi desenvolvida teve
como objetivo a avaliação da usinagem de uma liga de alumínio denominada de
AL-HD2G, utilizada na fabricação do bloco do motor de uma motocicleta. A
avaliação foi feita mediante a realização de ensaios de furação, obtendo
informações do processo através dos resultados das variáveis envolvidas.
O estudo foi realizado através da usinagem de furos escalonados que
originalmente eram obtidos com duas ferramentas de corte, por necessidade de
uma tolerância dimensional IT9 e uma rugosidade superficial máxima R
t
de
6,5µm, o que desperta o interesse na realização do processo de usinagem de um
furo com apenas uma ferramenta de corte para atender as especificações do
produto.
A metodologia seguida foi aplicada em uma linha de produção seriada da
referida empresa. A usinagem do furo foi monitorada com um acompanhamento
constante do produto, tendo em vista que todos os blocos do motor usinados na
condição de teste foram reaproveitados na produção, não acarretando em perdas
para a indústria.
Geralmente as condições de usinagem em uma indústria de manufatura
são definidas empiricamente e baseadas apenas na especificação do produto e
no tempo de processo. Esta estratégia nem sempre garante uma condição ideal
de fabricação, não atingindo as condições ideais para a operação, acarretando
em custos elevados.
Para o estudo proposto, ensaios de usinagem foram realizados, visando à
obtenção de informações do processo de furação com a avaliação das influências
dos parâmetros de corte nas variáveis envolvidas: integridade superficial, esforço
60
de corte, tipo de cavaco e condição da ferramenta de corte após os testes,
obtendo informações do processo. A Figura 3-1 apresenta um fluxo da
metodologia utilizada.
Figura 3-1 Fluxo do procedimento experimental
Visando contribuir cientificamente e melhorar o processo de usinagem
aplicado na indústria, a metodologia proposta avalia o processo de furação
buscando o entendimento da usinabilidade da liga através de critérios de saída,
buscando contribuir para melhorar o nível de qualidade do processo.
Com base nas informações contidas na norma ISO 3685, que descreve
uma metodologia de ensaio sistemático para a avaliação de um processo de
usinagem, procurou-se estabelecer um estudo unindo a norma citada com
resultados obtidos na literatura, como no estudo de Braga et al. (2001), onde se
observam resultados representativos para a usinagem de ligas de alumínio, com
um comprimento de usinagem de aproximadamente 20m.
Concluo
Definição do material a
ser usinado
Pametros de usinagem
Geometria da ferramenta
Velocidade de corte
Avanço da ferramenta
Plano de testes
Ensaio de furação
Dimensionamento do furo
Tratamento estatístico dos
resultados
Análise dos resultados
Definição da máquina
ferramenta
Escolha do processo a ser
avaliado
61
Desta forma, a vivência industrial no controle de processos de furação da
liga de alumínio aliada ao conhecimento de trabalhos científicos, definiu-se para
alcançar uma boa representação do processo estudado, um total de 30 metros de
comprimento usinado, correspondendo a 800 furos.
Algumas variáveis do processo foram fixadas, por se tratar de um
experimento realizado em uma linha de produção, tais como: o fluido lubri-
refrigerante, o material a ser usinado e a profundidade de usinagem. Toda a
avaliação foi em relação às variáveis em estudo com verificação da influência no
processo.
3.2 Caracterização do material a ser usinado
Para os testes de usinagem, foram utilizados blocos dos motores de
motocicletas, na ocasião, são formados por uma liga de alumínio denominada de
AL-HD2G (conforme composição demonstrada na Tabela 3-1). Para
caracterização e confirmação dos percentuais de cada elemento químico do
material, foram realizadas análises com a utilização de um espectrômetro de
massa de fabricação Shimadzu, modelo OES-5500 II (espectrômetro de emissão
óptica de alto desempenho com vantagem de determinar simultaneamente vários
elementos químicos). Avaliaram-se os lotes de peças fundidas antes da
realização dos ensaios, obtendo o percentual médio de cada componente.
Tabela 3-1 Composição da liga de alumínio AL-HD2G testada (% de componentes)
Si
Cu
Fe
Mg
Zn
Mn
Ti
Ni
9,81
1,27
0,95
0,3
0,96
0,29
0,04
0,06
3.3 Definição do processo estudado
Para o estudo do processo de furação foi escolhido um furo escalonado
realizado através de uma furação em cheio com utilização de única ferramenta,
62
em substituição a um processo onde uma broca e um alargador eram utilizados
para a obtenção de furos com rugosidade máxima de 6,5 m e tolerância
dimensional do diâmetro de classificação IT9, o que torna o processo complexo
quando se deseja utilizar uma única ferramenta de corte, garantindo as
dimensões requeridas no projeto.
A especificação do furo segue a Figura 3-2, sendo escalonado e tendo
como principal função no bloco do motor guiar o óleo lubrificante até a bomba de
lubrificação, justificando o acabamento em função da necessidade de uma
superfície regular para posterior vedação com a utilização de selo mecânico,
tornando-se uma região bastante importante no produto. Vedações insuficientes
na região citada podem levar a vazamentos de óleo no motor, podendo
comprometer o sistema de lubrificação e trazer riscos à vida do usuário em
possível travamento do motor.
Figura 3-2 Detalhe do furo estudado
3.4 Definição da ferramenta de corte
Para a definição do tipo de ferramenta de usinagem a ser utilizada nos
testes, foram avaliados aplicações existentes da indústria participante e em
estudos relacionado ao tema, como em Castillo (2005) e Andrade (2005), que
utilizaram brocas de canais retos para a usinagem em materiais utilizados em
63
componentes mecânicos. A justificativa da aplicação dessas brocas é a presença
de uma maior estabilidade da ferramenta durante o processo de furação, devido
às guias lineares, o que gera um processo mais estável e conseqüentemente num
melhor nível de qualidade superficial da peça. Todas as brocas testadas foram
confeccionadas pela empresa OSG fabricante de ferramentas de usinagem com
geometria definida. A Figura 3-3 apresenta uma broca de canal reto escalonada,
utilizada nos ensaios.
Figura 3-3 Broca de canal reto
Para a realização dos testes utilizaram-se ferramentas com afiação da
ponta em X, justificada por retificar um plano inclinado nos flancos da ferramenta,
minimizando o gume transversal, formando duas parcelas cortantes em
complemento ao gume principal. Esse tipo de afiação proporciona efeito
centralizador na broca (Bork, 1995), resultando num processo mais estável. A
afiação em X também é conhecida como auto-centrante e geralmente reduz a
força de avanço da aresta transversal a um valor mínimo melhorando o
desempenho de contato (Deonísio, 1996).
Todas as brocas testadas foram de metal duro de classe K10,
recomendada pelo fabricante da ferramenta, citada por Ferraresi (2003), para este
tipo de aplicação, e utilizada por Ozcatalbas (2002) na usinagem do alumínio.
Conforme classe de metal duro K10 é normalmente destinada à usinagem de
metais não-ferrosos como a liga estudada. Beltrão et al. (2006), afirma que para
um furo onde o comprimento é da ordem de 20mm, a máquina possui rotação,
rigidez e potência suficientes, geralmente utiliza-se broca inteiriça de metal duro,
justificando a aplicação no furo estudado.
A definição do ângulo da ponta da broca foi baseada nas informações do
fabricante e em processos similares utilizados na empresa participante da
pesquisa, definindo um valor de 135º para o ângulo da ponta da broca. Por ser um
64
furo sem pré-furo e aplicado em processos similares da indústria participante da
pesquisa, não apresentado restrição em sua utilização. Weingaertner et al. (1991)
define o ângulo de broca para furação do alumínio entre 130º e 140º.
Os ângulos que envolvem o escalonamento da broca são invariáveis por
exigência da especificação do furo, apresentando ângulo de entrada de 4,
conforme Figura 3-4.
Figura 3-4 Esboço dos ângulos da ferramenta utilizada
Com relação à seção transversal da ferramenta, a literatura afirma que
uma das partes construtivas que mais influencia na qualidade do processo de
furação são as guias das brocas, tendo como função centralizar a ferramenta e
reduzir o atrito com a parede do furo (Diniz et al., 2003). Essa informação pode
ser comprovada quando compara a broca de canal reto com as brocas
convencionais, helicoidais, proporcionando maior estabilidade no processo
realizado pela broca de canal reto devido à linearidade das guias laterais da broca
que são as arestas secundárias de corte.
Visando melhor avaliar a estabilidade da ferramenta mediante a utilização
da broca de canal reto, definiu-se, em conjunto com o fabricante das ferramentas
de usinagem, duas geometrias de brocas a serem testadas, com variação do
número de guias laterais das ferramentas, conforme Figura 3-4 e 3-5,
caracterizadas como geometria A e B, respectivamente. Apresentando diferenças
na quantidade de guias laterais (arestas secundárias de corte).
A broca com geometria A é aplicada em alguns processos da indústria
automotiva sem critérios bem definidos para sua utilização. Na literatura a
65
utilização desse tipo de broca pode ser observada em estudos realizados por
pesquisadores como Andrade (2005) e Castillo (2005), que as utilizaram
respectivamente na usinagem de ferro fundido vermicular e cinzento, obtendo
resultados satisfatórios no processo de furação. A utilização da broca com
geometria B foi definida junto ao fabricante OSG, na hipótese de se obter um
processo de furação mais estável devido a exploração das guias. As geometrias
das brocas de canal reto, apresentam variação do perfil transversal, conforme
exposição na Figura 3-5 e 3-6.
Figura 3-5 - Geometria A
Figura 3-6 Geometria B
1ª guia
2ª guia
1ª guia
2ª guia
3ª guia
66
3.5 Caracterização da máquina
Os ensaios de furação foram realizados em um centro de usinagem CNC,
de fabricação Fanuc Robodrill, modelo T21iEL. O equipamento permite uma
rotação máxima de até 8.000 RPM, o que limita a aplicação da velocidade de
corte para o processo estudado em aproximadamente 170m/min. O centro de
usinagem possui um sistema de quatro eixos e uma potência instalada de 15,9
KVA. O eixo de acionamento da árvore (spindle) apresenta potência de 3,7KW,
podendo trabalhar com velocidade transversal de até 54m/min (x,y,z). O sistema
de magazine do equipamento possui capacidade para 21 ferramentas de cone
BT-30. A Figura 3-7 ilustra o equipamento utilizado nos ensaios.
Figura 3-2 CNC Fanuc Robodrill ( T21iEL)
Com relação à refrigeração da ferramenta de corte, foi utilizado o sistema
de refrigeração por inundação, com dutos posicionados em direção à ferramenta
e ao processo, conforme detalhe da Figura 3-8. Algumas aplicações similares
utilizam ferramentas com refrigeração interna, melhorando, de certa forma, a
retirada do cavaco e a refrigeração da ferramenta. Neste estudo não houve a
necessidade de utilização deste tipo de ferramenta.
67
Figura 3-3 Detalhe da refrigeração da ferramenta
O fluido utilizado foi o semi-sintético Dairol SCF-380, com diluição em
água de 6 a 12% e com PH entre 8,8 e 9,8, produzido pela Daido Química do
Brasil LTDA. O tanque de armazenamento do fluido apresenta capacidade para
200 litros. O método de fixação das peças para a furação seguiu a mesma
concepção do processo original, com grampeamento hidráulico em quatro pontos
pré-definidos como padrão.
3.6 Caracterização dos parâmetros de usinagem
Alguns pesquisadores, dentre eles Kurt et al. (2007), determinaram as
condições de corte de maneira similar a utilizada neste estudo, com base no
fabricante da ferramenta de corte, em aplicações similares na indústria e
consultas a literaturas específicas para o tema. Inicialmente foi realizado um pré-
teste de usinagem a fim de se confirmar os parâmetros recomendados e sempre
mantendo a especificação do furo.
Os testes preliminares foram realizados com a broca de canal reto e com
a broca helicoidal, original do processo. Na ocasião, o teste teve o objetivo de
68
comparar o comportamento das duas ferramentas para a realização do furo
escalonado estudado, obtendo-se os resultados conforme a Tabela 3-2.
Tabela 3-2 Valores da rugosidade em testes preliminares
(V
c
=140m/min e f=0,08mm/rot )
Broca
R
t
mínimo
R
t
média
R
t
máximo
Desvio padrão (ζ)
Helicoidal
20,5
23,45
24,9
0,993
Canal reto
8,89
10,03
10,5
0,452
Para efeito de determinação dos parâmetros de corte a serem testados
(velocidade de corte e avanço), considerou-se com avaliação a rugosidade
superficial R
t
, por ser a variável de saída de maior dificuldade num processo que
utiliza uma única ferramenta, em alcance ao valor máximo de 6,5µm.
Pesquisadores como Kurt et al. (2008) considera a rugosidade superficial como
um dos melhores resultados de saída para avaliação da usinabilidade de um
material.
Baseado no teste preliminar e em consultas a literatura a respeito da
usinagem do alumínio, (Weingaertner et al. 1991), definiram-se os parâmetros
utilizados nos ensaios conforme Tabela 3-3. Na ocasião, foram utilizadas duas
faixas de velocidade de corte e duas faixas de avanço, para cada geometria da
broca.
Tabela 3-3 - Parâmetros de entrada
Geometria
Geometria A
Geometria B
Teste
1
2
3
4
1
2
3
4
V
C
(m/min)
150
150
170
170
150
175
170
170
f
c
(mm/rot)
0,05
0,025
0,05
0,025
0,05
0,025
0,05
0,025
Os parâmetros definidos para avaliação buscam alcançar uma condição
de usinagem que satisfaça as necessidades do produto em utilização de uma
única ferramenta de corte, antes realizada com duas operações de usinagem
(furação e alargamento).
69
3.7 Planejamento dos ensaios
Os experimentos foram realizados em quatro condições para cada tipo de
broca, conforme cruzamento dos parâmetros e das geometrias testadas,
chegando-se a um total de oito testes, cada um com uma réplica, totalizando
dezesseis ensaios de usinagem.
O plano mostra todas as condições dos testes com os valores da
velocidade de corte e avanço utilizados. Para a alteração dos parâmetros no
programa computacional do equipamento CNC, foram alterados os valores da
rotação n(RPM) e da velocidade de avanço V
f
(mm/min), seguindo os valores da
menor diâmetro do escalonamento, Ø7, conforme descrição na Tabela 3-3.
Tabela 3-4 Parâmetros de entrada para os testes de usinagem
Condição
Broca
V
c
(m/min)
f
(mm/rot)
n (rpm)
V
f
(mm/min)
Ø7
Ø8
Ø7
Ø8
1
Geometria A
150
0,050
6.820
5.968
341
298
Geometria B
2
Geometria A
150
0,025
6.820
5.968
170
149
Geometria B
3
Geometria A
170
0,050
7.730
6.764
386
338
Geometria B
4
Geometria A
170
0,025
7.730
6.764
193
169
Geometria B
3.8 Medidas para avaliação das variáveis de saída
A maior limitação do processo estudado refere-se ao Ø8, conforme
escalonamento do furo. Esta limitação é observada em relação à rugosidade
superficial R
t
e a classe de tolerância dimensional IT9, conforme exposto na
70
Figura 3-5. Toda a avaliação dos resultados foi direcionada ao diâmetro
mencionado por ser de maior importância para o estudo.
A análise dos resultados seguiu os critérios de usinabilidade da liga, com
avaliação da rugosidade superficial, determinação do esforço de usinagem,
avaliação do cavaco e análise das ferramentas de corte, além do
dimensionamento do diâmetro e da circularidade.
Considerando que a aplicação é realizada em linhas de produção,
definimos alguns critérios para execução dos ensaios com o objetivo de não
influenciar o processo produtivo que são:
1. Estabelecer a qualidade superficial ou a quantidade de furos a serem
usinados como principal critério para análise, limitando seu valor ao
definido no projeto;
2. Utilizar à mesma afiação da ferramenta original, alterando apenas a
geometria da secção transversal da broca;
3. Considerar o tempo de processo como fator importante para a produção
seriada, não ultrapassando o tempo original.
a) Qualidade superficial e dimensões do furo
Após os testes de furação foram realizadas medidas e análises do nível
de rugosidade na parede interna do furo. Nas medições da rugosidade, utilizou-se
um rugosímetro SJ 400 de fabricação da Mitutoyo. O parâmetro de rugosidade
avaliado foi o R
t
(soma da altura do pico mais alto) sendo o de maior importância
quando a superfícies tem função de vedação, como é o caso estudado. A seguir
é mostrado, Figura 3-9, o modelo do rugosímetro utilizado na medição dos furos.
71
Figura 3-4 Rugosimetro SJ 400 - Mitutoyo
Para maior confiabilidade dos resultados, em cada furo foram realizadas
duas medições de R
t
, defasadas de 180º. O valor resultante da medição
corresponde à média entre dos valores medidos.
Apesar da principal avaliação dimensional estar na rugosidade, medições
a respeito do diâmetro e circularidade foram realizadas com utilização de um
medidor de coordenadas tridimensionais de modelo Strato 164.015 e um medidor
de circularidade de modelo RA-2000 CNC, ambos de fabricação Mitutoyo. As
medições foram concentradas no Ø8 do furo, por ser o de maior interesse na
pesquisa.
b) Esforço de usinagem
O esforço de corte foi monitorado durante a usinagem através da
potência, sendo estimada pelo monitoramento da corrente e tensão que alimenta
as fases do motor principal do centro de usinagem CNC. Estudos comprovam que
o esforço de corte pode ser determinado através das relações obtidas no
comando numérico, utilizando a corrente elétrica, o que vem a apresentar boa
representação da força de usinagem. Peña et al. (2005), Ertunc et al. (2003) e Kin
et al. (2002), apresentam estudos comparativos da força de corte através do
72
monitoramento da potência do motor principal e através da utilização de
dinamômetros, os resultados mostraram-se satisfatórios para avaliação.
A potência do motor é visualizada na tela do CNC do equipamento
utilizado, através da função tool life do comando quick screen, conforme manual
do fabricante, Figura 3-10. Durante o monitoramento é registrado o percentual da
potência do motor utilizada para a realização da usinagem, sabendo-se que para
uma condição de maior facilidade quanto à usinabilidade tem-se a observação de
uma menor potência do motor durante a realização do processo.
Figura 3-5 Detalhe da tela com comando quick screen
c) Avaliação das ferramentas de corte
Para a avaliação da ferramenta de corte foi realizada a análise de
imagens e medições da aresta de corte utilizando um microscópio ótico Olympus
GX51 com resolução máxima de 1000 vezes fotografando as ferramentas
testadas.
As imagens foram geradas após a finalização dos testes, ou seja, após
completar a usinagem dos 800 furos. Considera-se que para as ligas de alumínio
73
o desgaste das ferramentas de corte é mínimo, porém, a presença de APC é
freqüente, o que de certa forma torna-se um item importante para avaliação e
verificação de sua influência nos resultados obtidos.
A medição foi realizada na ponta da ferramenta medindo o nível de
aderência em seis pontos, conforme modelo na Figura 3-11, Na avaliação de
cada broca foi obtida à dia das medidas de aderência de material com
utilização do software Measure-twain, verificando o nível de material aderido no
gume da ferramenta. Avaliações das guias laterais também foram realizadas, em
virtude de se observar o comportamento destas no processo.
Figura 3-6 Fotografia realizada para avaliação da ferramenta de corte
d) Avaliação dos cavacos
A influência da forma do cavaco é considerada um fator importante na
avaliação da usinagem e pode ser refletida no acabamento superficial da peça
usinada assim como no desgaste da ferramenta, tornando importante seu
conhecimento e monitoramento.
74
A avaliação dos cavacos deu-se mediante a realização de um teste
apenas para a coleta em cada condição proposta, utilizando-se ferramentas
novas e alterando-se os parâmetros de usinagem, evitando influências
decorrentes das modificações da ferramenta de corte ao longo do teste. Para
cada condição dos ensaios foram coletados cavacos de quatro furos, como
medida de confirmação. A finalidade foi à observação da forma dos cavacos para
cada teste realizado, verificando possíveis relações com as condições testadas
em associação aos resultados obtidos, sem influência da APC que praticamente é
inevitável em ferramentas que usinam esse tipo de material.
Após a coleta, os cavacos passaram por avaliação visual com verificação
da forma através de um microscópio óptico de fabricação Olympus GX51, Figura
3-12. Foi calculado o grau de recalque para cada condição testada, que é dado
pela relação entre a espessura do cavaco medida dividida pelo avanço utilizado,
na ocasião, foram realizadas 5 medições da espessura de cada cavaco em cada
condição, calculando-se a média e obtendo o valor de recalque. Para Stemmer
(1995), o grau de recalque é bastante importante na teoria de usinagem de um
material por refletir as condições do processo.
3.8.1 Coleta dos dados para avaliação
A avaliação do processo de furação em ligas de alumínio muitas vezes é
demorada para permitir a avaliação de usinabilidade, uma vez que o material
geralmente apresenta uma usinagem facilitada.
Figura 3-7 Microscópio óptico Olympus GX51
75
A norma ISO 3685 descreve a metodologia de ensaio sistemático para a
avaliação da usinabilidade do processo de furação (Oliveira, 2008), definindo-se o
comprimento de usinagem para avaliação entre 1 a 10 metros. Na ocasião, deve-
se observar esta particularidade, optando em prolongar os ensaios para melhor
representação dos resultados. Conforme estudo Braga et al. (2001), para a
usinagem de ligas de alumínio similar à estudada consegue-se dados
representativos de usinabilidade após 612 furos, o equivalente a 20 metros de
comprimento de usinagem.
Baseado nos estudos realizados que envolvem o tema e aliado a vivência
dos processos da liga, definiu-se um total de 800 furos para os testes e,
chegando-se a faixa de 30 metros de comprimento usinado para cada condição
testada, obtendo boa representação do processo para as conclusões.
Visando uma melhor representação dos dados coletados, seguiu-se um
plano de coleta. Na ocasião, foram observados o diâmetro, a rugosidade e a
circularidade de cada furo. Para a representação do processo com sua variação
ao longo da usinagem, foi estabelecida uma amostra de 10 furos para
dimensionamento e análise, com freqüência de coleta de dois furos a cada
duzentos, conforme Tabela 3-4.
Conforme plano de coleta de dados procurou-se assegurar um
acompanhamento do processo ao longo do comprimento usinado, realizando o
cálculo das médias das medidas de cada amostra do primeiro teste e de sua
réplica.
Tabela 3-5 - Plano de coleta dos dados para dimensional
Nº de Furos 0 ... 200 ... 400 ... 600 ... 800
Comprimento usinado 1,85m ... 7,4m ... 14,8m ... 22,2m ... 29,6m
Amostra 2 furos ... 2 furos ... 2 furos ... 2 furos ... 2 furos
Total da amostra em cada condição de usinagem = 10 furos
76
3.8.2 Avaliação estatística dos resultados
Todos os dados obtidos nos testes sofreram uma avaliação estatística
com utilização do método de Planejamento Fatorial de Experimentos. Essa
ferramenta é indicada para melhorar um processo de fabricação no seu
desenvolvimento e no planejamento de novos produtos, sendo essencial quando
o experimento apresenta-se com dois ou mais fatores observáveis, como é o caso
do estudo em questão (Montgomery et al., 2008).
Na seqüência os dados foram avaliados pela análise de variância
(ANOVA), para um nível de significância de 95%, utilizada para comparar dois ou
mais grupos. A comparação das variâncias serve para verificar a variação de uma
população normal. Utilizou-se para verificação da correlação entre os parâmetros
de corte (velocidade e avanço) em relação à rugosidade R
t
, diâmetro e
circularidade do furo.
O planejamento de experimentos com vários fatores, realizado com a
análise de variância, com interações formadas pela divisão da média quadrática
do efeito de interesse pela média quadrática do erro. A análise de variância para
um experimento fatorial geralmente é complexa, recomendando-se a utilização de
um software estatístico para o lculo do planejamento fatorial com verificação
das interações entre as variáveis envolvidas. No estudo proposto utilizou-se o
Minitab (software estatístico) assegurando resultados confiáveis, em comparação
aos cálculos feitos manualmente.
O cálculo da capacidade do processo também foi realizado com o
software mencionado, e em determinação dos índices de capacidade: C
p
e C
pk
encontrado em cada condição, medindo as variações do processo tanto para sua
localização como para sua variação em torno do valor nominal (Paiva et al., 2007,
Boyles, 1991).
77
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados os resultados referentes às etapas
experimentais realizadas conforme metodologia exposta, seguindo o plano de
teste estabelecido. Todos os dados coletados foram avaliados de acordo com os
parâmetros de interesse, considerando as médias dos resultados obtidos em cada
condição testada. A análise dos resultados obtidos nesta etapa deu-se através de
gráficos e verificações de significância, com avaliação da influência de cada
variável de entrada em relação aos dados de saída.
A seguir são expostos os resultados com avaliação inicial da rugosidade
superficial do furo, das condições do cavaco, da força de corte e das condições
da ferramenta após a usinagem. Para melhor conclusão da análise, foi avaliado o
diâmetro e a circularidade do furo estudado. Por fim calculou-se o índice de
capacidade do processo, mediante os resultados das dimensões dos furos
coletados, para as devidas avaliações.
4.1 Influência da geometria da ferramenta na rugosidade superficial
Na avaliação da geometria da ferramenta mediante análise da
rugosidade, têm-se os resultados gerados com fixação dos parâmetros velocidade
de corte e avanço, com o objetivo de avaliar a real influência de cada ferramenta
no processo, mediante as condições testadas, conforme Figuras 4-1 a 4-4. Para
tal avaliação os resultados foram obtidos da região de rugosidade superficial mais
fechada, R
t
máximo de 6,5µm, correspondente ao Ø8 do furo estudado, por ser de
maior interesse para o estudo.
A partir do gráfico da Figura 4-1, observou-se que a geometria A
apresenta níveis de rugosidade R
t
inferior a geometria B, mantendo-se com
rugosidade superior ao longo do teste, apresentando boa estabilidade. Entende-
78
se que a maior regularidade no processo na geometria B é influenciada pela
utilização de um guia a mais em cada lado da broca, conforme configuração vista
na Figura 3-4.
Na avaliação da Figura 4-2, tem-se uma diferença significativa do nível de
rugosidade entre as duas ferramentas testadas no início do teste, refletindo
condição similar exposta na Figura 4-1, no entanto, a geometria A apresenta
crescimento do nível de rugosidade acelerado ao longo do teste, alcançando
níveis idênticos à geometria B, no final. Esse comportamento reforça a
regularidade da geometria B em todo o ensaio, não acontecendo da mesma forma
quando se utiliza a geometria A, apresentando maior variabilidade nos resultados.
Figura 4-1 - Avaliação de R
t
Condição 1
Figura 4-2 - Avaliação de R
t
Condição 2
Figura 4-3 - Avaliação de R
t
Condição 3
Figura 4-4 - Avaliação de R
t
Condição 4
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Rugosidade Rt -Vc=150m/min;
f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Rugosidade Rt -Vc=150m/min;
f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Rugosidade Rt -Vc=170m/min;
f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Rugosidade Rt -Vc=170m/min;
f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
79
No gráfico da Figura 4-3, é exposta a condição 3 de usinagem, com
velocidade de corte de 170m/min e avanço de 0,05mm/rot. Observa-se nos
resultados obtidos com a geometria A, um bom comportamento da rugosidade R
t
,
apresentando um bom nível desta, com variação xima de 1µm. Na aplicação
da geometria B, não verificando tais resultados, apresentando um crescimento
constante, conforme mostrado na Figura 4-3.
Na condição 4 testada (V
c
=170m/min e f=0,05mm/rot), Figura 4-4,
observa-se um aumento acentuado no nível de rugosidade da broca com
geometria B, esse fenômeno foi ocasionado provavelmente pelo aumento do atrito
entre a ferramenta e o furo, quando utilizou-se de um baixo avanço, não
apresentando como condição favorável a usinagem proposta.
Conforme os resultados são observados a influência da geometria da
broca no processo, apresentando diferenças no nível de rugosidade R
t
em todas
as condições testadas, com destaque para a broca com geometria A, que
apresenta menor nível de rugosidade em todas as condições testadas. Para a
geometria B, apesar dos níveis de rugosidade apresentaram-se em maior valor, é
observada a maior regularidade do processo quando se utiliza esse tipo de
ferramenta, por proporcionar uma menor vibração durante a realização do furo,
podendo ser justificado pelo maior número de guias existente nesse tipo de broca,
geometria B.
4.2 Influência da velocidade de corte na rugosidade superficial
Avaliações da rugosidade R
t
com variação da velocidade de corte se
fazem necessárias para uma análise do parâmetro testado em relação ao
acabamento superficial avaliado. Informações em Stemmer (1987) e Ferraresi
(2003) mostram a influência da velocidade de corte na integridade superficial de
uma superfície usinada, tornando o parâmetro importante para a avaliação no
estudo proposto.
80
Tal avaliação se deu mediante análise gráfica dos resultados obtidos
durante os testes. As Figuras 4-5 a 4-8 mostram os dados de rugosidade R
t
coletados, conforme andamento dos ensaios.
Comparando-se as condições testadas para a broca com geometria A,
verifica-se um decréscimo no nível de rugosidade quando a velocidade de corte é
elevada de 150m/min para 170m/min, apresentando maior representatividade
quando se utiliza o avanço de 0,05mm/rot. Para o avanço de 0,025mm/rot as
curvas apresentam similaridade nos dois níveis de velocidade testada (Figura 4-
6), não apresentando influência significativa quando a velocidade de corte é
alterada na aplicação desta ferramenta.
Figura 4-5 Geometria A R
t
com
f=0,05mm/rot
Figura 4-6 Geometria A R
t
com
f=0,025mm/rot
Para a avaliação dos resultados obtidos com a geometria B a influência
na rugosidade R
t
é evidenciada, da mesma forma que a geometria A, para a
utilização do avanço de 0,05mm/rot, (Figura 4-7), apresentando resultados mais
condizentes com a literatura para a utilização deste avanço. Para os resultados
obtidos na Figura 4-8, tem-se um comportamento não esperado nos ensaios. Na
ocasião utilizou-se o menor avanço testado com variação da velocidade de corte,
com a geometria B, observando com o aumento da velocidade de corte a
rugosidade foi elevada de 2,1µm para 5,3µm. Esse comportamento deve-se a
aderência de material apresentada nas guias da ferramenta, e será discutido na
avaliação das ferramentas.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria A
- f=0,05mm/rot
Vc=150m/min
Vc=170m/min
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria A
- f=0,025mm/rot
Vc=150m/min
Vc=170m/min
81
Uma observação importante é verificada na Figura 4-8, na ocasião para o
avanço de 0,025mm/rot, obtém-se resultados crescentes com a velocidade de
corte de 170m/min. Essa condição foi proporcionada peça aderência de material
nas guias das ferramentas, o que vem a influenciar na estabilidade da broca
durante a realização do furo ocasionando a elevação da rugosidade. Esta
observação é abordada na avaliação das condições da ferramenta de corte após
a usinagem.
Figura 4-7 Geometria B R
t
com
f=0,05mm/rot
Figura 4-8 Geometria B R
t
com
f=0,025mm/rot
Stemmer (1995), afirma que o acabamento superficial pode ser limitado
pela influência da redução do gume postiço até atingir um tamanho mínimo que
não influencia mais no processo. Essa diminuição da APC é atribuída ao aumento
da velocidade de corte. O que pode ser comprovado pelo comportamento dos
dados obtidos quando é utilizado o avanço de 0,05mm/rot, não apresentando
alterações nos resultados, mas com diferenças significativas para o avanço de
0,025mm/rot.
De uma forma geral, resultados similares aos encontrados podem ser
verificados em estudos realizados por Manna et al. (2003) e Ozcatalbs (2003).
Nestes, com o aumento da velocidade de corte a rugosidade média apresentou os
menores níveis possíveis, evitando tal influência na dimensão controlada. Da
mesma forma foi observado no estudo proposto com a utilização do avanço de
0,05mm/rot.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria B
- f=0,05mm/rot
Vc=150m/min
Vc=170m/min
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria B
- f=0,025mm/rot
Vc=150m/min
Vc=170m/min
82
4.3 Influência do avanço de corte na rugosidade superficial
O avanço é considerado como o parâmetro que mais influencia o
acabamento superficial de um determinado material que sofre usinagem, tendo
relação com a altura dos picos e a profundidade dos vales, aumentando em
proporções quadráticas a este. Essa afirmação não deve ser considerada como
regra geral e depende das condições de usinagem utilizadas.
Para a avaliação da influência do avanço, a rugosidade superficial R
t
, foi
obtida mediante a fixação do tipo de ferramenta e da velocidade de corte,
alterando-se o avanço para observação de R
t
. As Figuras 4-9 a 4-12 ilustram os
resultados, ao longo dos testes.
Na análise gráfica da Figura 4-9, verifica-se um menor nível de R
t
quando
o avanço é diminuído de 0,05mm/rot para 0,025mm/rot. Estudos relacionados à
usinagem com variação da taxa de avanço, confirmam a influência do parâmetro
no acabamento superficial. Da mesma forma é observada na Figura 4-11, com a
utilização da broca com geometria B. Na ocasião também se verifica uma
diminuição no nível de rugosidade mediante a redução do avanço, o que
comprova a real influência do parâmetro avaliado no processo.
Para os gráficos das Figuras 4-10 e 4-12, a velocidade de corte utilizada
foi de 170m/min, e o comportamento da rugosidade superficial não corresponde
as informações da literatura. Com a utilização do menor avanço, 0,025mm/rot, os
resultados estão acima dos encontrados para 0,05mm/rot. Essa afirmação tem
influência da aderência na ferramenta de corte quando utiliza-se o menor avanço.
Na verificação geral dos resultados obtidos com relação à influência do
avanço, o nível de rugosidade R
t
é minimizado quando se utiliza o menor valor
deste. Na utilização da broca com geometria A e B e velocidade de corte de
150m/min, os resultados são mais evidentes, conforme Figuras 4.9 e 4-11.
Resultados obtidos por Manna et al. (2003) e Schuitek (1997) avaliando a
usinabilidade de ligas de alumínio, demonstram o mesmo comportamento
encontrado, com a influencia do avanço de corte na rugosidade superficial.
83
Figura 4-9 Avaliação de R
t
com
Geometria A; Vc=150m/min
Figura 4-10 Avaliação de R
t
com
Geometria A; Vc=170m/min
Figura 4-11 - Avaliação de R
t
com
Geometria B; Vc=150m/min
Figura 4-12- Avaliação de R
t
com
Geometria B; Vc=170m/min
De uma forma geral, a influência do avanço no processo apresentou mais
representatividade quando o furo foi usinado com a velocidade de 150m/min,
apresentando maior divergência entre as condições testadas. Para o caso da
velocidade de 170m/min o valor da rugosidade R
t
encontrada pode ser justificado
pelas influências da aderência na ferramenta de corte, apresentando reflexo direto
no processo.
Para as condições testadas, a rugosidade é minimizada com a diminuição
do avanço assim como com a utilização de altas velocidades de corte. No
entanto, a alteração destes parâmetros pode influenciar a estabilidade da
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria
A - Vc=150m/min
f=0,05mm/rot
f=0,025mm/rot
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geoemtria
A - Vc=170m/min
f=0,05mm/rot
f=0,025mm/rot
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geometria B
- Vc=150m/min
f=0,05mm/rot
f=0,025mm/rot
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Rt (µm)
Nº de furos
Avaliação da broca com Geoemetria
B - Vc=170m/min
f=0,05mm/rot
f=0,025mm/rot
84
ferramenta de corte e contribuir para um aumento da rugosidade, devendo-se
realizar uma avaliação do conjunto para verificar a real capacidade de usinagem.
4.4 Avaliação da rugosidade R
t
através do experimento fatorial (DOE)
Foram realizadas análises estatísticas, aplicando o experimento fatorial
(DOE), conforme metodologia exposta, possibilitando avaliar o cruzamento dos
parâmetros de entrada para com a relação de possíveis desvios encontrados no
processo relacionado às variáveis de saída de interesse.
Para o cálculo, realizou-se uma codificação com todas as médias das
rugosidades R
t
encontrada em cada condição de usinagem, conforme
demonstrado na Tabela 4-1.
Tabela 4-1 - Dados codificados da rugosidade superficial R
t
Tipo de broca
Geometria A
Geometria B
Vel. Corte [mm/min]
Vel. Corte [mm/min]
Avanço
150
170
150
170
y
i...
0,05 [mm/rot]
3,34
3,03
4,44
3,69
3,38
2,44
4,42
4,12
6,72
5,46
8,86
7,80
28,85
0,025 [mm/rot]
2,74
3,45
3,37
3,57
3,23
2,93
3,76
3,30
5,97
6,37
7,14
6,87
26,35
TOTAIS
12,69
11,84
16,00
14,67
55,20
A Tabela 4-2 mostra, com uma confiabilidade de 95% e 5% de nível de
significância, que existe influência significativa no resultado monitorado, da
rugosidade R
t
, com destaque para o tipo de broca e o avanço, apresentando forte
tendência de interação entre o avanço e a velocidade de corte. Essa afirmação foi
comprovada por Santos (2004). Na ocasião encontraram-se resultados similares
para os parâmetros avaliados, comprovando a influência da geometria e do
avanço na qualidade superficial.
85
Tabela 4-2Análise de significância do Planejamento 2
3
avaliando a rugosidade R
t
Termo Effect Coef SE Coef T P
Constant 3,451 0,070 48,980 0,000
Velocidade de corte -0,269 -0,134 0,070 -1,910 0,093
Avanço 0,314 0,157 0,070 2,230 0,057
Tipo de broca 0,766 0,383 0,070 5,440 0,001
Velocidade de corte*Avanço -0,306 -0,153 0,070 -2,170 0,061
Velocidade de corte*Tipo de broca -0,059 -0,029 0,070 -0,420 0,688
Avanço*Tipo de broca 0,354 0,177 0,070 2,510 0,036
Velocidade de corte*Avanço*Tipo de ferramenta 0,109 0,054 0,070 0,770 0,462
Conforme análise de significância, observada na Tabela 4-2, foram
gerados gráficos de interação do comportamento da rugosidade R
t,
para a
verificação da influência de cada parâmetro de usinagem utilizado (avanço,
geometria e velocidade de corte). Na Figura 4-13, verifica-se uma maior tendência
de interação entre a velocidade de corte e o avanço, influenciando a rugosidade
superficial R
t,
assim como entre o avanço e o tipo de broca.
Velocidade de corte
A vao
T ipo de broca
0,0500,025 Geometria BGeometria A
4,0
3,5
3,0
4,0
3,5
3,0
Velocidade
de corte
150
170
Av anço
0,025
0,050
Gráfico de interação - Rugosidade Rt
Figura 4-13 Gráfico de interação para Rugosidade R
t
86
Interações entre o tipo de broca e a velocidade de corte não são
observadas na Figura 4-13, comprovando a o influência dos parâmetros na
rugosidade R
t
avaliada.
4.5 Critério de avaliação da formas de cavaco
O controle de cavaco é de extrema importância para o processo de
usinagem, em especial para a furação, devido às particularidades do processo.
Seu monitoramento deve ser realizado por influenciar diretamente na qualidade
do produto, na potência de corte, na vida da ferramenta além de aspectos
envolvendo segurança.
Alguns tipos de cavaco são inconvenientes para a usinagem, podendo
ocasionar problemas durante o processo e prejudicar as dimensões do furo,
sendo considerado um bom item na avaliação da usinabilidade de um material em
condições comparativas.
Os cavacos gerados apresentaram formas similares quando comparados
o tipo de broca utilizada na usinagem, não apresentando influencia significativa
devido à alteração do número de guias (aresta lateral de corte), como no caso
estudado.
De acordo com cada condição testada, tem-se a avaliação da influência
do avanço de corte, observando uma diminuição do tamanho do cavaco quando o
parâmetro é reduzido de 0,05mm/rot para 0,025mm/rot. Tal condição pode ser
justificada pelo menor espaço percorrido pela ferramenta por rotação, conforme
demonstrado na Tabela 4-2.
Outra observação relevante é a diminuição do tamanho do cavaco
quando a velocidade de corte é elevada de 150m/min para 170m/min, estando em
acordo com estudos similares, como o realizado por Cunha (2004), que
demonstra a redução do tamanho do cavaco em função da velocidade de corte.
87
Tabela 4-3 - Cavacos coletados de acordo com cada condição testada
Condição/
Brocas
Broca com Geometria A
Broca com Geometria B
V
c
=150m/min;
f=0,05mm/rot
V
c
=150m/min;
f=0,025mm/rot
V
c
=170m/min;
f=0,05mm/rot
V
c
=170m/min;
f=0,025mm/rot
88
Apesar da similaridade nos resultados obtidos para as duas ferramentas,
a utilização da broca com geometria B com avanço de 0,025mm/rot e com as
velocidades de corte de 150m/min e 170m/min, apresentaram alguns formatos de
cavacos helicoidais e fragmentados. O que pode ter influenciado no maior nível
de rugosidade superficial obtidas nas condições.
De todas as condições testadas, destaca-se a definida pela velocidade de
170m/min e avanço de 0,05mm/rot, utilizando-se das duas ferramentas testadas
(geometria A e B). Nesta condição, o cavaco apresentou-se de forma mais
uniforme, sem grandes variações do seu tamanho e forma, o que pode ter
influenciado o bom nível de rugosidade superficial obtido para a condição.
Para uma melhor avaliação e análise dos cavacos, foram obtidas as
Figuras 4-14 a 4-21, mostrando maior detalhamento de sua forma, avaliando
alterações na estrutura.
De uma forma geral, a diferença pode ser observada através do tipo de
cavaco formado, verificado na imagem transversal (Figuras 4-15, 4-17, 4-19 e 4-
21) que demonstra uma forma contínua do material. Em função da ferramenta de
corte, o material é recalcado até escorrega ao longo do plano de cisalhamento e
passa sem se romper.
Apesar de se considerar o tipo de cavaco contínuo nas avaliações
realizadas, observa-se uma tendência na formação de um cavaco cisalhado
quando se utiliza avanço de 0,05mm/rot. Stemmer (1995) classifica-os como
cavaco lamelar ou cavaco de transição ao cavaco cisalhado, uma vez que a
formação destes é obtida em função da tendência do material escoar e fissurar no
ponto mais solicitado, conforme verificado nas Figuras 4-15 e 4-19.
A fissura progride até a ruptura total ou parcial do cavaco resultando num
efeito de pressão e temperatura, provocando a soldagem nos diversos
fragmentos, podendo ser considerado como um cavaco de transição. O processo
pode ser acelerado (passar de cavaco contínuo pra cavaco cisalhado) se o
avanço da ferramenta for elevado.
89
Figura 4-14 Cavaco longitudinal da
Geometria A V
c
=150m/min,
f=0,05mm/rot (40x)
Figura 4-15 Cavaco transversal da
Geometria A V
c
=150m/min,
f=0,05mm/rot (100x)
Figura 4-16 Cavaco longitudinal da
Geometria A V
c
=150m/min,
f=0,025mm/rot (40x)
Figura 4-17 Cavaco transversal da
Geometria A V
c
=150m/min,
f=0,025mm/rot (100x)
Figura 4-18 Cavaco longitudinal da
Geometria A V
c
=170m/min,
f=0,05mm/rot (40x)
Figura 4-19 Cavaco transversal da
Geometria A V
c
=170m/min,
f=0,05mm/rot (100x)
90
Figura 4-20 Cavaco longitudinal da
Geometria A V
c
=170m/min,
f=0,025mm/rot (40x)
Figura 4-21 Cavaco transversal da
Geometria A V
c
=170m/min,
f=0,025mm/rot (100x)
Para a avaliação do cavaco na aplicação da geometria B, verificam-se
similaridades nos resultados obtidos com a geometria A, (Figuras 4-22 a 4-29).
Nas Figuras 4-23 e 4-25, mostram-se as diferenças obtidas na morfologia do
cavaco quando se altera o avanço de 0,05mm/rot para 0,025mm/rot, com
V
c
=150m/min. Para o avanço de 0,05mm/rot, o cavaco apresenta-se com fissuras
ao longo da sua forma, quando utiliza-se 0,025mm/rot, o fenômeno é
minimizado, resultando num formato mais contínuo. A observação mencionada
também é verificada na aplicação da V
c
=170m/min, (Figuras 4-27 e 4-29). As
condições encontradas na geometria B não divergem das encontradas para a
geometria A, não apresentando influência da geometria nos cavacos, conforme
Tabela 4-3.
Figura 4-22 Cavaco longitudinal da
Geometria B V
c
=150m/min,
f=0,05mm/rot (40x)
Figura 4-23 Cavaco transversal da
Geometria B V
c
=150m/min,
f=0,05mm/rot (100x)
91
Figura 4-24 Cavaco longitudinal da
Geometria B V
c
=150m/min,
f=0,025mm/rot (40x)
Figura 4-25 Cavaco transversal da
Geometria A V
c
=150m/min,
f=0,025mm/rot (100x)
Figura 4-26 Cavaco longitudinal da
Geometria B V
c
=170m/min,
f=0,05mm/rot (40x)
Figura 4-27 Cavaco transversal da
Geometria B V
c
=170m/min,
f=0,05mm/rot (100x)
Figura 4-28 Cavaco longitudinal da
Geometria B V
c
=170m/min,
f=0,025mm/rot (40x)
Figura 4-29 Cavaco transversal da
Geometria B V
c
=170m/min,
f=0,025mm/rot (100x)
92
A análise do grau de recalque dos cavacos foi realizada, obtendo-se o
gráfico da Figura 4-30. Stemmer (1995) afirma que o fator recalque do alumínio
encontra-se em torno de 2,5 e isto reforça a boa usinabilidade do metal quando
comparado a outros materiais, como o cobre, que possui valore igual a 7,0. Isto
faz com que o alumínio seja considerado um material de fácil usinagem, quando
se utiliza as mesmas condições de corte para ambos os materiais.
Alguns resultados importantes foram obtidos com os valores do grau de
recalque para as duas brocas testadas. Com relação aos resultados da geometria
A, os valores apresentam-se em menor nível para a condição de f=0,05mm/rot, e
V
c
=170m/min, elevando seu valor quando se utiliza o f=0,025mm/rot na mesma
faixa de velocidade. Para os resultados obtidos com a utilização da geometria B,
observa-se um menor valor na condição de V
c
=150m/min e f=0,025mm/rot.
De uma forma geral, para um maior valor do grau de recalque, o material
apresenta maior dificuldade para a usinagem. Os resultados obtidos com o
cálculo do grau de recalque demonstram coerência com a literatura, (Bezerra et
al., 2007). Os maiores valores são atribuídos a condição de V
c
=170m/min e
f=0,025mm/rot, para os dois tipos de ferramentas, o que comprova que a
condição mencionada apresenta maior dificuldade na usinagem. A seguir e
mostrada a Figura 4-30 com as médias do grau de recalque.
Figura 4-30 Fator de recalque para cada condição de usinagem
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
Vc= 150 m/min;
f=0,05mm/rot
Vc= 150 m/min;
f=0,025mm/rot
Vc= 170 m/min;
f=0,05mm/rot
Vc= 170 m/min;
f=0,025mm/rot
Fator de recalque
Condições de usinagem
Geometria A
Geometria B
93
4.6 Critério forças de usinagem
Para análise dos resultados referentes aos critérios de usinabilidade
baseados na força de usinagem, foram considerados apenas os resultados
equivalentes aos primeiros furos do primeiro ciclo de furação. Na figura 4-31, é
demonstrado o gráfico de esforço de corte mediante os testes realizados,
verificando-se o comportamento da variável para cada geometria e condição de
usinagem.
Pode-se observar, com a variação do avanço de 0,05mm/rot para
0,025mm/rot, e fixada a velocidade de corte, uma redução na força de usinagem
em função da diminuição do avanço. Esse comportamento é verificado nas
diversas condições para as duas geometrias testadas, com exceção para a
utilização de ferramentas com a geometria B com a velocidade de 170m/min, que
apresentou elevação na força de usinagem mediante a diminuição do avanço. Da
mesma forma que foi observada na avaliação da rugosidade R
t
, podendo atribuir
a presença de aderência na broca com geometria B na condição citada.
Resultados similares foram encontrados em Braga et al. (2002). Neste
estudo, avaliou-se uma liga de alumínio silício durante uma usinagem com
mínima quantidade de fluido, apresentando maiores níveis da força quando o
avanço de corte foi elevado. Estudos relacionados à influência do avanço na força
de corte também podem ser verificados em Manna et al. (2003), que analisou a
usinabilidade de uma liga de alumínio com avaliação da força de corte e variação
do avanço. A seguir é mostrada a Figura 4-31 com a força de corte encontrada
para cada condição testada neste estudo.
Quando o esforço de usinagem é avaliado mediante a variação da
velocidade de corte, refletindo o que é descrito por Weingaertner (1991).
Normalmente a força de corte decresce com a redução do avanço assim como
com o aumento da velocidade de corte. Esta afirmação é verificada em todos os
resultados obtidos nos ensaios realizados. A explicação para o comportamento é
justificada pela diminuição da APC com o aumento na velocidade de corte.
94
Figura 4-31 Força de usinagem
Nas situações verificadas, na furação utilizando broca com geometria A
com velocidade de corte fixa, os resultados são apresentados com uma redução
nos esforços de corte quando se utiliza menor avanço, assim como com o
aumento da velocidade de 150m/min para 170m/min, ou seja, para a maior
velocidade de corte e menor avanço utilizado, tem-se um menor esforço de
usinagem, ou seja, uma melhor condição de usinabilidade do material.
A avaliação dos esforços de corte utilizando a broca com geometria B é
verificada através dos resultados que apresentam similaridades com a geometria
A, conforme exposto. No entanto, o verificados maiores valores na força de
corte, comparando-os com os resultados da geometria A.
A particularidade dos ensaios realizados foi verificada durante a utilização
da broca com geometria B, apresentando uma exceção nos resultados quando
utiliza-se velocidade de corte de 170m/min e avanço de 0,025mm/rot, conforme
observado na Figura 4-31. Neste caso, com o aumento da velocidade de corte, a
força de usinagem obtida foi elevada, o que contraria a literatura, como no estudo
de Manna et al. (2003). Tal comportamento pode ser explicado pela dificuldade de
transportar o cavaco para fora do furo, ocasionando um aumento na força de
usinagem em função do acúmulo de material no interior do furo. Esse resultado
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Vc=150m/min;
f=0,05mm/rot
Vc=150m/min;
f=0,025mm/rot
Vc=170m/min;
f=0,05mm/rot
Vc=170m/min;
f=0,025mm/rot
Força de corte (N)
Condições de usinagem
Geometria A
Geometria B
95
pode ser completado pelo maior valor do grau de recalque encontrado na
condição, assim como, o maior nível de rugosidade dentre os testes realizados.
Baseado nos resultados obtidos, com utilização das brocas, a geometria
A apresenta menor força de corte quando comparado com a geometria B. Na
comparação dos resultados de rugosidade superficial R
t
, é observada uma
relação entre a R
t
e a força de corte, assim, para um menor esforço de corte tem-
se influência direta na diminuição da rugosidade. Trabalhos relacionados ao
assunto podem ser verificados em Demir et al. (2008) e Ozcatalbas (2003), que
estudaram o tema e apresentam resultados para a usinagem do alumínio.
4.7 Avaliação das ferramentas de corte
Para a usinagem das ligas de alumínio, o desgaste das ferramentas de
corte se torna um fator relevante quando a presença do teor de silício em sua
composição é acima de 12%, interferindo na vida útil da ferramenta de corte. No
estudo atual, o percentual de silício é inferior ao mencionado. No entanto,
avaliações das ferramentas foram realizadas com o objetivo principal de verificar
o nível de APC. Sendo um dos problemas mais comuns na usinagem das ligas de
alumínio, podendo interferir na qualidade do processo.
A situação de cada broca foi registrada ao final de cada ensaio. A Tabela
4-4 mostra o valor do comprimento da APC para cada condição utilizada. A
aderência do material é calculada considerando a média das medidas realizadas,
na ocasião, quanto maior o valor encontrado tem-se maior aderência do material
na ponta da broca.
Em relação às ferramentas, foram observadas variações na medição do
nível de aderência na ponta das mesmas e o estado das guias das brocas, por
ambos influenciarem na qualidade do processo. A verificação das guias da
ferramenta é importante para avaliação da integridade da geometria aliada a
alguma influência no processo, que, essa região da broca (guias) tem como
96
principal função proporcionar estabilidade na ferramenta de corte, e caso exista
alguma alteração, poderá afetar diretamente na qualidade dos furos usinados.
Com relação à geometria A, verificam-se menores valores de APC
comparados a geometria B, com exceção da condição 1 (V
c
=150m/min e
f=0,05mm/rot), que apresenta maiores valores. O menor nível de aderência é
atribuído à condição 3 (V
c
=170m/min e f=0,05mm/rot), refletindo essa influência
no resultado do furo que apresenta menor valor de rugosidade R
t
nessa condição,
conforme já exposto.
De uma forma geral, a broca com geometria A apresenta variações do
nível de APC dependente dos parâmetros de usinagem. Machado et al. (2009),
afirma que sob baixas velocidades ou avanços elevados a formação de APC é
favorecida. Para essa ocorrência, tem-se influência no acabamento da superfície
usinada, atribuído ao fato de que partes da APC são cisalhadas durante a
usinagem sendo aderidas na superfície usinada da peça, elevando a rugosidade.
Baixas velocidades resultam em baixas temperaturas de corte. Essa
condição eleva a resistência do material ao cisalhamento, refletindo no aumento
da força de corte e conseqüentemente na integridade superficial.
Tabela 4-4 - Avaliação do nível de aderência nas ferramentas (mm)
97
Todas as observações podem ser vistas no comportamento da broca em
relação às variações dos parâmetros. No estudo realizado, quando é elevada a
velocidade de corte, o nível de aderência na ferramenta apresenta diminuição,
(Machado et al., 2009), índice que pode ser comprovados nos resultados obtidos
com a geometria A. Neste caso ocorre um menor nível de APC quando é utilizado
um menor avanço para uma condição de velocidade de corte constante.
Na avaliação da broca com geometria B, verificou-se um comportamento
similar em relação à geometria A, quando se realiza a variação da velocidade de
corte. Na alteração do avanço de 0,05mm/rot para 0,025mm/rot, os resultados
ficaram em desacordo com a literatura, justificado pelo maior atrito da ferramenta
na parede dos furos, ocasionando maior aderência nas ferramentas, na ponta e
nas guias das brocas. A broca com geometria B apresenta níveis de APC
similares em todas as condições, não demonstrando grandes variações. Essa
afirmação condiz com os resultados obtidos na rugosidade, que se apresentaram
com valores mais uniformes.
Para uma melhor visualização das condições das ferramentas descritas, a
seguir é mostrado o detalhe de cada broca, conforme condições testadas, para a
geometria A, as Figuras 4-32 a 4-39.
Figura 4-32 Ponta da Geometria A
V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-33 Guias da Geometria A
V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot
98
Figura 4-34 Ponta da Geometria A
V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-35 Guias da Geometria A
V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-36 Ponta da Geometria A
V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot
Figura 4-37 Guias da Geometria A
V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot
Para a geometria B, o detalhamento das brocas, está de acordo com as
condições testadas e apresentadas nas Figuras 4-40 a 4.47.
Figura 4-38 Ponta da Geometria B
V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-39 Guias da Geometria B
V
c
=150m/min; f=0,05mm/rot
99
Figura 4-40 Ponta da Geometria B
V
c
=150m/min; f=0,025mm/rot
Figura 4-41 Guias da Geometria B
V
c
=150m/min; f=0,025mm/rot
Figura 4-42 Ponta da Geometria B
V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-43 Guias da Geometria B
V
c
=170m/min; f=0,05mm/rot
Figura 4-44 Ponta da Geometria B
V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot
Figura 4-45 Guias da Geometria B
V
c
=170m/min; f=0,025mm/rot
100
4.7.1 Influência dos parâmetros de usinagem no diâmetro
Para as avaliações do diâmetro do furo, foram monitoradas as medidas do
Ø8 para todas as condições de usinagem, em função de ser o diâmetro de
interesse na pesquisa. Os resultados são demonstrados conforme Figura 4-48 a
4-51, conforme condições estabelecidas. Todas as dimensões apresentaram
valores condizentes com o especificado, alcançando ao longo do teste, a
tolerância dimensional na ordem de IT9, conforme objetivo do trabalho.
Verifica-se alternância de valores do diâmetro mais próximo do nominal
entre a broca com geometria A e com geometria B, podendo ser explicado pela
especificação da ferramenta de corte, que é fabricada mediante tolerâncias
dimensionais de fabricação, não interferindo no resultado final do estudo.
Figura 4-46 Avaliação do diâmetro do
furo Condição 1
Figura 4-47 Avaliação do diâmetro
do furo Condição 2
Figura 4-48 Avaliação do diâmetro do
furo Condição 3
Figura 4-49 Avaliação do diâmetro do
furo Condição 4
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
200
400
600
800
Diâmetro (mm)
Nº de furos
Alaliação do diâmetro -
Vc=150m/min;f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
200
400
600
800
Diâmetro (mm)
Nº de furos
Avaliação do diâmetro -
Vc=150m/min; f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
200
400
600
800
Diâmetro (mm)
Nº de furos
Avaliação do diâmetro -
Vc=170m/min; f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
200
400
600
800
Diâmetro (mm)
Nº de furos
Diâmetro - Vc=170m/min;
f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
101
De uma forma geral, o comportamento do diâmetro, mediante a utilização
das brocas para a usinagem, não apresentou grandes variações, no entanto a
valor médio apresentou-se com melhor distribuição para a geometria B,
apresentando resultados mais estáveis.
A Tabela 4-5 mostra os resultados codificados com todas as médias
encontradas em cada condição de usinagem para a avaliação da influência dos
parâmetros de usinagem controlados no diâmetro do furo.
Tabela 4-5 - Dados codificados para o diâmetro
Geometria da ferramenta
Duplo guia
Triplo guia
Vel. Corte [mm/min]
Vel. Corte [mm/min]
Avanço
150
170
150
170
y
i...
0,05 [mm/rot]
0,04
0,02
0,03
0,03
0,03
0,00
0,03
0,03
0,07
0,03
0,06
0,05
0,21
0,025 [mm/rot]
0,02
0,03
0,03
0,03
0,02
0,02
0,03
0,03
0,04
0,06
0,06
0,06
0,22
TOTAIS
0,11
0,08
0,11
0,12
0,43
A Tabela 4-6 mostra, com uma confiabilidade de 95% e 5% de nível de
significância, que existe influência significativa para o diâmetro monitorado, com
destaque para as velocidades de corte e avanço da ferramenta, comprovando a
influência dos parâmetros nos resultados dos diâmetros.
Tabela 4-6 Análise de significância do Planejamento 2
3
Diâmetro
Termo Effect Coef SE Coef T P
Constant 0,026 0,002 17,150 0,000
Velocidade de corte -0,005 -0,003 0,002 -1,630 0,141
Avanço 0,000 0,000 0,002 0,000 1,000
Tipo de broca 0,008 0,004 0,002 2,450 0,040
Velocidade de corte*Avanço -0,008 -0,004 0,002 -2,450 0,040
Velocidade de corte*Tipo de broca 0,005 0,003 0,002 1,630 0,141
Avanço*Tipo de broca 0,000 0,000 0,002 0,000 1,000
Velocidade de corte*Avanço*Tipo de ferramenta 0,008 0,004 0,002 2,450 0,040
102
Com os resultados, obtiveram-se gráficos de interação do processo,
envolvendo o diâmetro, conforme Figura 4-50, refletindo o cruzamento entre as
condições testadas. Neste caso é visível a influência entre os parâmetros de
avanço e de velocidade de corte, assim como uma forte tendência de interação
entre o tipo de broca e a velocidade de corte, conforme cruzamento dos gráficos,
mostrando a influência no diâmetro de tais relações citadas.
Na avaliação do tipo de broca com o avanço, não é verificado interação
entre os parâmetros, não influenciando nas dimensões do diâmetro quando são
utilizados em associação.
Velocidade de cor te
A vao
T ipo de broca
0,0500,025 Geometria BGeometria A
0,030
0,025
0,020
0,030
0,025
0,020
Velocidade
de corte
150
170
Av anço
0,025
0,050
Gráfico de interação - Diâmetro
Figura 4-50 Gráfico de interação para o diâmetro
4.7.2 Influência dos parâmetros de usinagem na circularidade
Com relação à circularidade, as Figuras 4-51 a 4-54, mostram o
comportamento da variável ao longo dos testes, na condição 1 e condição 2,
Figura 4-51 e 4-52. A geometria B apresenta resultados mais satisfatórios nas
103
condições testadas, justificada pela presença de mais uma guia, proporcionando
uma menor vibração na ferramenta de corte e conseqüentemente, um melhor
nível de circularidade.
Figura 4-51 Circularidade
Condição 1
Figura 4-52 Circularidade
Condição 2
Figura 4-53 Circularidade
Condição 3
Figura 4-54 - Circularidade
Condição 4
A Tabela 4-7 mostra os resultados codificados com todas as médias
encontradas em cada condição de usinagem para a avaliação da influência dos
parâmetros de usinagem controlados para a circularidade do furo.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
200
400
600
800
Circularidade (µm)
Nº de furos
Circularidade Vc=150m/min;
f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Circularidade (µm)
Nº de furos
Circularidade Vc=150m/min;
f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Circularidade (µm)
Nº de furos
Circularidade Vc=170m/min;
f=0,05mm/rot
Geometria A
Geometria B
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200
400
600
800
Circularidad (µm)
Nº de furos
Circularidade Vc=170m/min;
f=0,025mm/rot
Geometria A
Geometria B
104
Tabela 4-7 - Dados codificados para a circularidade
Geometria da ferramenta
Duplo guia
Triplo guia
Vel. Corte [mm/min]
Vel. Corte [mm/min]
Avanço
150
170
150
170
y
i...
0,05 [mm/rot]
6,98
2,69
6,31
2,50
7,76
3,13
5,87
3,57
14,75
5,82
12,18
6,07
38,82
0,025 [mm/rot]
3,59
2,64
2,80
2,47
3,80
3,11
2,47
3,31
7,39
5,75
5,27
5,78
24,19
TOTAIS
22,14
11,57
17,45
11,85
63,01
Da mesma forma que foi obtida para a rugosidade superficial R
t
e para o
diâmetro do furo, a Tabela 4-8 mostra, com uma confiabilidade de 95% e 5% de
nível de significância, que existe influência significativa para a circularidade do Ø8
do furo, com destaque para as velocidades de corte e avanço da ferramenta.
Tabela 4-8 Análise de significância do Planejamento 2
3
Circularidade
Termo Effect Coef SE Coef T P
Constant 3,938 0,112 35,110 0,000
Velocidade de corte -2,020 -1,010 0,112 -9,010 0,000
Avanço 1,828 0,914 0,112 8,150 0,000
Tipo de broca -0,550 -0,275 0,112 -2,450 0,040
Velocidade de corte*Avanço -1,738 -0,869 0,112 -7,750 0,000
Velocidade de corte*Tipo de broca 0,620 0,310 0,112 2,760 0,025
Avanço*Tipo de broca -0,027 -0,014 0,112 -0,120 0,905
Velocidade de corte*Avanço*Tipo de ferramenta 0,082 0,041 0,112 0,370 0,723
Na Figura 4-55 observam-se os gráficos de interação dos parâmetros,
verificando o possível cruzamento do avanço com a velocidade de corte,
parâmetros estes que influenciam a circularidade dos furos. Com relação ao tipo
de broca com a velocidade de corte assim como o avanço e a velocidade de
corte, não é mostrado nenhuma interação, dentre as condições testadas.
105
Velocidade de corte
A vao
T ipo de broca
0,0500,025 Geometria BGeometria A
6,0
4,5
3,0
6,0
4,5
3,0
Velocidade
de corte
150
170
Av anço
0,025
0,050
Interaction Plot (data means) for Circularidade
Figura 4-55 Gráfico de interação para a circularidade
4.8 Avaliação da capacidade do processo
Para avaliação geral das dimensões do furo, foram calculados os índices
de C
P
, C
PK
e C
PU
(para processos unilaterais), conforme resultados na Tabela 4-9.
O valor da capacidade do processo reflete as condições de fabricação mediante a
variabilidade dos resultados.
Com base nos resultados obtidos, e considerando um valor de 1,33 de
índice de capacidade, sendo um requisito de produção seriada da empresa
colaboradora, adotou-se essa referência como avaliação dos resultados e
definição da melhor condição de usinagem da liga.
Na ocasião, algumas condições de processo se apresentaram
praticamente invisíveis para a produção seriada dos furos, devido ao baixo valor
106
do índice de capacidade, sendo estas: a utilização da geometria A na condição 1
(Vc=150m/min e f=0,05mm/rot), a utilização da geometria B nas condições 1
(Vc=150m/min e f=0,05mm/rot) e condição 4 (Vc=170m/min e f=0,025mm/rot).
Todas as condições citadas apresentam variabilidade no processo ao longo do
teste, não estando aprovadas para uma produção seriada, conforme critério
adotado.
Tabela 4-9 - Dados dimensionais do processo estudado
1 2 3 4 1 2 3 4
150 150 170 170 150 150 170 170
0,05 0,025 0,05 0,025 0,05 0,025 0,05 0,025
1,096 1,032 0,622 0,727 0,675 0,930 0,555 1,320
1,260 1,330 3,160 1,360 2,700 0,910 2,240 1,200
1,210 1,310 3,460 1,420 1,790 0,840 1,930 1,090
0,005 0,004 0,002 0,003 0,004 0,001 0,002 0,003
1,320 1,800 5,290 2,640 2,060 7,690 7,050 4,230
0,730 1,600 3,000 2,360 1,800 6,430 6,680 3,030
1,990 0,996 0,371 0,635 1,307 0,510 0,263 1,091
0,430 0,740 2,040 1,170 0,610 2,530 3,850 1,260
-0,370 0,380 1,700 1,000 -0,260 2,390 3,020 1,070
Circularidade
Rugosidade Rt
Medida
Controlada
Condição
Velocidade (m/min)
Avanço (mm/rot)
Parâmetro
(max 5 µm)
Média
(max 6,5 µm)
Geometria A
Geometria B
Diâmetro
Desvio Padrão
C
P
C
PK
3,380
3,306
2,938
Desvio Padrão
Desvio Padrão
C
P
C
PU
C
P
C
PU
Média
3,115
+0,05
0
8
Média
4,342
3,510
3,694
3,558
0,036
0,022
0,014
0,028
0,028
0,029
0,026
0,032
3,695
7,152
2,910
2,875
6,090
2,635
3,035
2,890
De acordo com os índices calculados, na avaliação da broca com
geometria A, é evidenciado que a utilização da velocidade de corte de 150m/min
não apresentou resultados satisfatórios para a circularidade.
O melhor nível de processo foi obtido utilizando-se esse tipo de broca na
condição 3 (V
c
=170m/min e f=0,05mm/rot), apresentando os melhores resultados
107
dentre todos os índices. Na ocasião o valor do C
P,
C
PK
e C
PU
atingiram os valores
máximos dentre os testes realizados, o que demonstra uma condição de
usinagem estável para a liga. Esse resultado é verificado nos resultados obtidos
ao longo do ensaio nas tolerâncias dos dimensionais alcançadas de rugosidade
superficial R
t
, diâmetro e circularidade, assim como pela menor agressão do
material a ferramenta de corte, conforme avaliação realizada nas brocas.
A condição 4 (V
c
=170m/min e f=0,025mm/rot), também apresentou
resultados satisfatórios, ficando com resultados um pouco abaixo do esperado
para a circularidade. De uma forma geral a broca com geometria A, apresentou
melhores resultados quando se utilizou da velocidade de corte de 170m/min. Essa
afirmação foi verificada em todas as avaliações de usinabilidade realizadas.
Para a avaliação da geometria B, tem-se duas condições não satisfatórias
para o processo, condições 1 (Vc=150m/min e f=0,05mm/rot) e condição 4
(Vc=170m/min e f=0,025mm/rot), apresentando valores de C
P
e C
PU
abaixo do
requisitado. De uma forma geral, os processos resultantes da utilização da
geometria B, apresentam-se com um maior valor de C
P
, esse resultado pode ser
atribuído a uma menor vibração da ferramenta durante a realização do processo,
em virtude do maior número de guias utilizadas na broca. Essa observação é
verificada principalmente no diâmetro e na circularidade do furo.
Dentre todas as condições testadas no estudo proposto, a que
apresentou melhores resultados, foi a condição 3 (V
c
=170m/min e f=0,05mm/rot),
com todos os níveis de capacidade acima de 1,33, conforme Tabela 4-9.
108
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Com base nos resultados dos ensaios realizados de acordo com as
condições de usinagem estabelecidas e tendo como finalidade avaliar a
usinabilidade de uma liga de alumínio utilizada na indústria automotiva para
fabricação de blocos de motores de motocicletas. Foram realizados ensaios de
furação com utilização de brocas de canais retos, tornando-se possíveis algumas
conclusões. Sabendo-se que tais resultados devem ser válidos quando aplicadas
as mesmas condições de usinagem utilizadas.
Na avaliação da geometria das ferramentas de corte, têm-se os testes
realizados com os mesmos parâmetros de usinagem e comparando-se as brocas
de geometria A e B. Para a rugosidade superficial R
t
, verifica-se um menor nível
de R
t
na utilização da broca com geometria A. Na aplicação da broca com
geometria B, o nível de rugosidade avaliado apresentam-se em valores
superiores, comparados com os alcançados pela geometria A, no entanto os
resultados ao longo do processo para tal geometria, B, apresentaram-se em
melhor uniformidade, conforme desvio padrão de cada condição. Os resultados
obtidos refletem a diferença entre as broca testadas, mostrando a influência da
alteração na quantidade das guias das brocas na rugosidade superficial dos furos.
Quando a análise da rugosidade superficial R
t
é mediante a variação dos
parâmetros de usinagem, avanço e velocidade de corte, tem-se para a usinagem
com a geometria A um comportamento decrescente de Rt quando a velocidade de
corte é elevada de 150m/min para 170m/min, apresentando uma maior
significância quando utiliza-se o avanço de 0,05mm/rot, o que não é verificado no
avanço de 0,025mm/rot que apresentam resultados similares. Para a usinagem
com a broca de geometria B, os resultados apresentaram-se mais satisfatórios na
utilização do avanço de 0,05m/min, apresentando processo estável nas duas
faixas de velocidades de corte testadas de 150m/min e 170m/min, todavia, na
aplicação do avanço de 0,025mm/rot não foi observado nível de rugosidade
satisfatório quando a velocidade foi elevada de 150m/min para 170m/min, com
níveis crescentes de R
t
ao longo do teste. A justificativa está na aderência de
109
material nas guias laterais da broca, influenciando no acabamento do furo,
conforme análise das ferramentas de corte. Avaliando a influência da velocidade
de corte os resultados apresentaram-se similares a literatura, encontrando valores
mínimos de rugosidade quando a velocidade de corte é elevada. A participação
do aumento da velocidade de corte é proporciona uma diminuição na rugosidade
superficial, ocasionada pela redução da APC.
Na avaliação da rugosidade superficial R
t
com variação do avanço de
corte, tem-se a confirmação da literatura nas duas geometrias testadas quando se
utiliza a velocidade de corte de 150m/min para as duas brocas testadas. Estando
sua influência relacionada ao percurso realizado e ao raio da ferramenta,
apresentando a relação entre a altura dos picos e a profundidade dos vales das
marcas de avanço que tendem a aumentar em proporções quadráticas ao
avanço. Com utilização da velocidade de 170m/min, os resultados forma
influenciados pela aderência de material nas ferramentas de corte, não
apresentando significância na redução do avanço quando se utiliza tal velocidade.
Com relação à dimensão do diâmetro do furo, concluiu-se que os
resultados foram satisfatórios para todas as condições de usinagem testadas,
apresentando valores com nível de tolerância dimensional abaixo da classe IT9,
encontrando-se dentro do especificado e conforme o objetivo do trabalho. Para
avaliação da circularidade, os resultados não apresentaram divergências
significativas mediante as condições de usinagem utilizadas, no entanto a
geometria B apresentou resultados mais satisfatórios, justificada pela presença
das guias a mais em sua estrutura, o que proporciona menor vibração da
ferramenta de corte durante a usinagem, resultando num melhor nível de
circularidade.
Na avaliação estatística dos dados, tendo-se como resposta a influência
individual ou em conjunto dos parâmetros testados nos dimensões avaliadas
(rugosidade superficial, diâmetro e circularidade), o planejamento fatorial do
experimento mostrou-se importante em determinar algumas situações. O avanço
e a velocidade de corte foram os principais influenciadores da rugosidade R
t
,
confirmando estudos consolidados na literatura, enquanto o diâmetro e a
circularidade tiveram maior influencia da geometria da ferramenta. A avaliação do
110
DOE, reflete os resultados dos gráficos obtidos alo longo de cada teste,
concluindo que a geometria da ferramenta apresenta-se mais influente nas
dimensões de forma do furo enquanto os parâmetros de usinagem influenciam em
maior representatividade a rugosidade superficial.
Na conclusão da avaliação do cavaco procurou-se verificar alguma
influência do tipo e da forma relacionada aos resultados do processo, conforme as
dimensões avaliadas nos furos. Em principio não se verificou alterações
relevantes entre os cavacos coletados para as duas brocas testadas numa
mesma condição de usinagem. No entanto, algumas observações foram
relevantes como a diminuição do tamanho do cavaco em algumas aplicações,
resultante da utilização de um menor avanço. Na alteração na velocidade de
corte, as formas dos cavacos, praticamente, não apresentaram alterações em sua
forma. Com relação ao tipo de cavaco, apresentou-se contínuo para a condição
de utilização do avanço de 0,025mm/rot para ambas as ferramentas e
velocidades de corte, no entanto, com o avanço de 0,05mm/rot, a formação de um
tipo de cavaco de transição, entre o cavaco contínuo e o cavaco cisalhado, foi
observada, sendo em função do avanço para ambas as velocidades de corte. O
fator de recalque foi avaliado para as condições utilizadas, apresentando-se em
menor valor, para um avanço é reduzido na usinagem com as duas brocas.
Para avaliações dos esforços de corte, foi evidenciada a influência do
avanço, apresentando valores maiores quando o avanço foi elevado de
0,025mm/rot para 0,05mm/rot. Para a velocidade de corte crescente a força de
usinagem apresenta-se com resultados inversos, por contribui para a diminuição
da APC no gume da ferramenta e reduzindo o esforço de cisalhamento do
material. Essa condição foi verificada nas avaliações realizadas nos dois tipos de
brocas testadas. Os níveis de força de usinagem ficaram compreendidos entre
44N à 118N. Com relação a cada ferramenta de corte, a broca com geometria A,
apresentou resultados conforme a literatura, diminuindo o esforço de corte
mediante a variação dos parâmetros. A broca com geometria B apresentou
maiores valores para a força de usinagem, em virtude da aderência apresentada
nas guias das ferramentas. De uma forma geral, os níveis da força de corte
obtida, estão coerentes apresentando relação com os resultados dimensionais
111
dos furos avaliados da mesma forma que as avaliações das ferramentas de corte,
mostraram-se influentes na força de usinagem.
Na avaliação das ferramentas de corte, as brocas apresentaram
aderência na aresta principal de corte, conforme demonstrado, observando-se a
redução do tamanho da aderência por influência da utilização de uma maior
velocidade de corte, elevando-se de 150m/min para 170m/min, e verificando o
comportamento da aderência para um mesmo avanço, reforçando a informação
da literatura.
Com base nas informações coletadas, concluímos que dentre as
avaliações realizadas com as brocas e os parâmetros propostos, o objetivo do
estudo foi alcançado. As ferramentas testadas mostraram-se influentes no
processo, mediante a alteração da quantidade das guias laterais, conforme
geometria A e B e aos resultados de saída avaliados. A usinagem com uma única
ferramenta de corte para a obtenção de furos com grau de tolerância dimensional
de classe IT9 e rugosidade superficial máxima de 6,5µm tornando-se possível
com a broca de canal reto. O desempenho de cada broca proposta refletiu em
melhores resultados quando se usinou os furos com a broca de geometria A,
utilizando-se uma velocidade de corte de 170m/min e um avanço de 0,05mm/rot,
apresentando um bom nível de rugosidade superficial R
t
e uma tolerância
dimensional com classificação IT6. A broca com geometria B apresentou maiores
índices de capacidade do processo, quando é avaliado o diâmetro e a
circularidade, demonstrando uma melhor estabilidade do processo quando se
utiliza esse tipo de broca, comprovando a influência das guias da broca.
112
Recomendações para trabalhos futuros:
Compara os resultados obtidos da força de corte obtidos na pesquisa
(através da variação da corrente elétrica) com a força de corte detectada
através de um dinamômetro, realizando uma comparação dos resultados;
Estimar a vida útil da ferramenta e construir sua curva com ensaios de longa
duração, chegando até ao colapso da ferramenta;
Comportamento da usinabilidade da liga com utilização de brocas com
coberturas;
Realização de tese de pressão constante com utilização de novas
geometrias;
Comparativo do custo de fabricação entre a utilização de duas ferramentas
(broca helicoidal e alargador) e a broca de canal reto. Envolvendo tempo
de processo, mão-de-obra, ferramentas de corte, dentre outros.
Verificar a influência do silício na composição do material usinado no tempo
de vida útil da ferramenta, de acordo com cada percentual de silício;
Avaliar a parcela de influência de cada diâmetro do escalonamento nos
resultados finais, alterando o ângulo de saída do escalonamento para
verificar as possíveis influências desse ângulo no processo.
Estudo do tempo de processo entre a utilização da broca helicoidal com
alargador e a broca de canal reto.
113
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