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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARA
CAMPUS DE CURITIBA
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
E DE MATERIAIS - PPGEM
EMANUEL REZENDE RODRIGUES
INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DO PROCESSO
FCAWG NAS CARACTERÍSTICAS
DA SOLDA DO AÇO ASTM A-36
CURITIBA
FEVEREIRO - 2010
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EMANUEL REZENDE RODRIGUES
INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DO PROCESSO
FCAWG NAS CARACTERÍSTICAS
DA SOLDA DO AÇO ASTM A-36
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia,
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de
concentração Engenharia de Materiais, da
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, do
Campus de Curitiba, da UTFPR.
Orientador: Prof. Marcos Flávio de Oliveira
Schiefler Filho, Dr. Eng.
Co-orientador: Prof. Ossimar Maranho, Dr.
Eng.
CURITIBA
FEVEREIRO 2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
EMANUEL REZENDE RODRIGUES
INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DO PROCESSO
FCAWG NAS CARACTERÍSTICAS
DA SOLDA DO AÇO ASTM A-36
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia,
área de concentração em Engenharia de Materiais, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
Manaus, 25 de fevereiro de 2010.
iv
Dedico este trabalho à minha esposa
Iracema e a meus filhos Caio e Taís.
v
AGRADECIMENTOS
Prima facie, agradeço a Deus por ter nos concedido as benções nessa longa
caminhada.
Este trabalho teve a inestimável colaboração e apoio de diversas pessoas e
instituições, às quais registro os meus sinceros agradecimentos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Eng. Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, e
ao meu co-orientador, Prof. Dr. Eng. Ossimar Maranho, pelas orientações, amizade,
pelo incentivo à realização deste trabalho e acolhimento em Curitiba.
À minha esposa Iracema e aos meus filhos Caio e Taís pela compreensão,
paciência e pelo apoio incondicional em todos os momentos.
Aos meus pais Viriato e Yolanda (in memoriam) pelos exemplos deixados.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Departamento Acadêmico de
Mecânica, por prover os meios para a realização deste trabalho.
Aos Professores da UTFPR, em especial, ao Prof. Ph.D. Carlos Cziulik pela
amizade e pelo despertar para o rigor cientifico, ao Prof. Dr. Eng. Fábio Martins pela
disponibilização de parte da literatura especializada, ao Prof. MSc. Miraldo
Matuichuk pelo apoio logístico e ao Prof. MSc. Mario Teske pelo apoio técnico.
À Universidade do Estado do Amazonas UEA, por meio da Escola Superior
de Tecnologia, pelo apoio e pela disponibilização de professores na realização dos
ensaios metalográficos e na interpretação dos resultados.
Ao SENAI-AM, nas pessoas de sua Gerente a Sra. Ivana Airton e dos
Professores José Airton e lvio Rapozo, pela disponibilização de equipamentos,
realização de ensaios e usinagem de peças.
vi
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM pela
concessão de bolsa de pesquisa por meio do PROGRAMA RH-
INTERINSTITUCIONAL.
Este trabalho foi desenvolvido no programa de Mestrado Interinstitucional
MINTER, entre a UTFPR e o IFAM, com financiamento da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES através do projeto ACAM
1379/2006 e da Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, através
do convênio 084/2005.
Nosso sincero agradecimento pelo apoio recebido.
vii
Uma nova cor muda um quadro,
um novo dia muda uma vida,
uma nova página reescreve uma história.
viii
RODRIGUES, Emanuel Rezende, Influência de parâmetros do processo FCAW
G nas características da solda do Aço ASTM A-36, 2009, Dissertação (Mestrado
em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de
Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 96p.
ix
RESUMO
Esta pesquisa tem por finalidade analisar a influência de parâmetros do processo de
soldagem com arame tubular com proteção gasosa (Gás Shielded Flux Cored Arc
Welding - FCAW-G) nas características da solda do aço ASTM A-36. Parâmetros
como tensão do arco (V), velocidade de alimentação do arame (V
alim
) e distância
bico de contato-peça (DBCP) foram variados a fim de detectar suas influências sobre
a largura, a penetração, o reforço do cordão e a dureza do metal de solda. Além
disso, foi determinada a influência desses parâmetros na taxa de deposição do
material de adição, sendo ensaiadas, as soldas, quanto às resistências à tração e ao
impacto (ensaio Charpy criogênico) para determinar a qualidade recomendada por
norma. As medições geométricas dos cordões de solda foram realizadas em
macrografias obtidas da seção transversal da solda, por meio de microscópio óptico,
bem como as análises da microestrutura. As medições de dureza foram realizadas
com durômetro na seção transversal dos cordões. A taxa de deposição, em kg/h, foi
determinada pela pesagem dos corpos-de-prova antes e depois da deposição da
solda. Verificou-se que, de forma geral, a morfologia do cordão (largura, penetração
e reforço) foi grandemente influenciada pela velocidade de alimentação do arame,
seguida pela tensão de soldagem e pela distância bico de contato-peça. Da mesma
maneira, a taxa de deposição foi influenciada diretamente pela velocidade de
alimentação, pela tensão e pela DBCP: a primeira, com um acréscimo significativo
(24,08%); a tensão de forma não muito intensa (4,17%). Desta maneira é possível
afirmar, com base nos valores dos parâmetros utilizados neste trabalho, que a maior
taxa de deposição (4,32 Kg/h), a melhor morfologia do cordão de solda e dureza
adequada foram obtidas com V
alim
de 12,5 m/min, tensão de 34 V e DBCP de 16
mm.
Palavras-chave: Velocidade de alimentação, tensão, FCAW, soldagem.
x
ABSTRACT
This research aims to analyze the influence of the parameters of Gas Shielded Flux
Cored Arc Welding (FCAW-G) on the characteristics of welding steel ASTM A-36.
Parameters such as arc voltage (V), feed speed of the wire (V
alim
) and stickout
(distance nozzle contact piece - DBCP) were varied to detect their influence on the
width, penetration, reinforcement of the cord, and the hardness of metal weld.
Furthermore, it was determined the influence of these parameters on deposition rate
of filler metal and the welds were tested for resistance to tensile and impact strength
(Charpy test) to determine the quality of the recommended standard. The geometric
measurements of weld were carried out in macrographs by the obtained from the
cross section of the weld, through an optical microscope as well as the analysis of
the microstructure. The hardness measurements were carried out with durometer in
cross section of the fillets. The deposition rate in kg/h was determined by weighing
the specimen before and after the deposition of solder. It was found that in general
the morphology of the cord (width, penetration and reinforcement) was greatly
influenced directly by the feed speed of the wire, followed by welding voltage, and
stickout. Similarly, the deposition rate was directly influenced by the feed speed,
voltage and DBCP, the first with a significant increase (24, 08%), and the tension
witch a not so intensive effect (4, 17%). Thus it can be said based on the values of
the parameters used in this study that the highest rate of deposition (4,32 kg/h), the
better morphology of the weld cord and appropriate hardness was obtained with V
alim
of 12.5 m/min, voltage 34 V and 16 mm DBCP .
Keywords: Feed speed, arc voltage, FCAW, welding.
xi
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................... ix
ABSTRACT ................................................................................................................. x
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xiv
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................xvii
LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................. xviii
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1 O Tema ...................................................................................................... 1
1.2 Objetivos .................................................................................................... 1
1.3 Estruturação da Dissertação ...................................................................... 3
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 4
2.1 Terminologia da soldagem adotada ........................................................... 4
2.2 Aços estruturais .......................................................................................... 4
2.3 Processo de Soldagem FCAW ................................................................... 5
2.3.1 Taxa de deposição no FCAW ..................................................................... 8
2.4 Influência dos parâmetros de soldagem ................................................... 10
2.4.1 Tensão de soldagem ................................................................................ 10
2.4.2 Velocidade de alimentação do arame ....................................................... 11
2.4.3 Distância bico de contato-peça (DBCP) .................................................... 13
2.4.4 Velocidade de soldagem ........................................................................... 14
2.4.5 Inclinação da tocha ................................................................................... 14
2.5 Consumíveis ............................................................................................. 16
2.5.1 Arames tubulares ...................................................................................... 16
2.5.2 Classificação de arames tubulares ........................................................... 18
2.5.3 Gás de proteção ....................................................................................... 20
2.6 Regiões da junta soldada ......................................................................... 22
2.6.1 Zona Fundida ............................................................................................ 23
2.6.2 Zona termicamente afetada ZTA ........................................................... 24
2.6.3 Zona de ligação ........................................................................................ 26
2.7 Microconstituintes presentes na zona de fusão ........................................ 27
2.8 Microconstituintes presentes na ZTA ....................................................... 29
2.9 Dureza ...................................................................................................... 30
2.10 Energia de Soldagem ............................................................................... 31
2.11 Qualidade da junta soldada ...................................................................... 31
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 34
3.1 Materiais ................................................................................................... 34
3.1.1 Metal de base ........................................................................................... 34
xii
3.1.2 Metal de adição ......................................................................................... 35
3.2 Equipamentos utilizados na soldagem ..................................................... 35
3.3 Metodologia .............................................................................................. 37
3.3.1 Seleção dos parâmetros de soldagem ...................................................... 39
3.3.2 Preparação das chapas e pré-teste .......................................................... 40
3.3.3 Procedimentos de soldagem ..................................................................... 41
3.3.4 Taxa de deposição .................................................................................... 43
3.3.5 Localização das amostras para corpos-de-prova ..................................... 43
3.3.6 Caracterização microestrutural ................................................................. 44
3.3.7 Caracterização macroestutural ................................................................. 44
3.3.8 Ensaios de resistência ao impacto ............................................................ 45
3.3.9 Ensaios de resistência à tração ................................................................ 47
3.3.10 Ensaios de dureza .................................................................................... 48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 49
4.1 Microestruturas encontradas nas regiões da solda .................................. 49
4.1.1 Zona Fundida (ZF) .................................................................................... 49
4.1.2 Zona Termicamente Afetada (ZTA) .......................................................... 50
4.1.3 Zona de Ligação ....................................................................................... 50
4.2 Morfologia do cordão de solda ................................................................. 51
4.2.1 Efeito da tensão........................................................................................ 52
4.2.2 Efeito da velocidade de alimentação ........................................................ 54
4.2.3 Efeito da DBCP. ....................................................................................... 55
4.3 Taxa de deposição ................................................................................... 56
4.3.1 Efeito da tensão na taxa de deposição ..................................................... 56
4.3.2 Efeito da velocidade de alimentação na taxa de deposição ..................... 56
4.3.3 Efeito da DBCP na taxa de deposição ..................................................... 57
4.3.4 Efeito da energia de soldagem na taxa de deposição .............................. 58
4.4 Resistência ao impacto ............................................................................ 59
4.5 Resistência à tração ................................................................................. 60
4.5.1 Efeitos da tensão na resistência à tração ................................................. 61
4.5.2 Efeitos da velocidade de alimentação na resistência à tração ................. 62
4.5.3 Efeitos da DBCP na resistência à tração .................................................. 62
4.6 Dureza ...................................................................................................... 62
4.6.1 Efeitos da tensão na dureza ..................................................................... 62
4.6.2 Efeitos da velocidade de alimentação na dureza ..................................... 63
4.6.3 Efeitos da DBCP na dureza ...................................................................... 64
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 66
5.1 Conclusões gerais .................................................................................... 66
5.2 Recomendações para trabalhos futuros ................................................... 67
PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO PERÍODO................................................................. 68
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69
xiii
APÊNDICE A MORFOLOGIA EM RELAÇÃO À TENSÃO, V
alim
e DBCP. ........... 73
APÊNDICE B - TAXA DE DEPOSIÇÃO E ENERGIA DE SOLDAGEM ................... 74
APÊNDICE C - CÁLCULO DO TEMPO DE SOLDAGEM ........................................ 75
APÊNDICE D RESULTADOS DOS ENSAIOS CHARPY ...................................... 76
ANEXO A ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ARAME TUBULAR .................... 77
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1
Desenho esquemático do processo de soldagem com arame
tubular e gás de proteção FCAW-G..........................................
6
Figura 2.2
Comparação entre taxas de deposição de diversos processos
de soldagem..............................................................................
8
Figura 2.3
Efeitos da tensão, V
alim
e DBCP na taxa de deposição ...........
9
Figura 2.4
Influência da velocidade de alimentação e do comprimento
do arco na tensão e corrente de soldagem...............................
12
Figura 2.5
Influência da tensão, V
alim
e DBCP na penetração................
13
Figura 2.6
Influência da distância bico de contato-peça na tensão e na
corrente de soldagem...............................................................
14
Figura 2.7
Desenho esquemático do ângulo de inclinação da tocha.........
15
Figura 2.8
Seções transversais típicas de arames tubulares segundo o
IIW.............................................................................................
19
Figura 2.9
Curva de temperatura em diferentes pontos de uma junta
soldada......................................................................................
22
Figura 2.10
Desenho esquemático das regiões de uma junta soldada.......
23
Figura 2.11
Desenho esquemático do fenômeno de crescimento
competitivo................................................................................
24
Figura 2.12
Representação esquemática de distribuição de temperatura
na ZTA......................................................................................
25
Figura 2.13
Crescimento epitaxial e colunar próximos à linha de fusão de
uma junta soldada.....................................................................
26
Figura 2.14
Microconstituintes da ZF em aços ferríticos.............................
29
Figura 2.15
Transferência de gotas em arames sólidos e tubulares...........
32
Figura 2.16
Fotografias de superfícies de fratura de corpos-de-prova........
33
Figura 3.1
Equipamentos utilizados para soldagem dos experimentos.....
36
Figura 3.2
Esquematização da preparação, caracterização e ensaios
dos experimentos.....................................................................
38
Figura 3.3
Representação esquemática da DBCP e do recuo de 6 mm...
40
Figura 3.4
Detalhe da junta de topo com ângulo de 60º, face e abertura
da raiz de 2 mm........................................................................
40
Figura 3.5
Fotografia da junta de topo antes da soldagem........................
41
Figura 3.6
Fotografia das chapas soldadas mostrando a orientação da
direção de laminação e do cordão de solda.............................
42
Figura 3.7
Corte transversal do cordão de solda mostrando os passes
efetuados..................................................................................
42
xv
Figura 3.8
Localização da retirada das amostras para corpos-de-
prova.........................................................................................
44
Figura 3.9
Desenho esquemático das dimensões do cordão de solda......
45
Figura 3.10
Representação esquemática da localização dos corpos-de-
prova Charpy.............................................................................
46
Figura 3.11
Dimensões do corpo-de-prova reduzido e o detalhe do
entalhe Charpy..........................................................................
46
Figura 3.12
Fotografia de amostras serradas para confecção de corpos-
de-prova de tração....................................................................
47
Figura 3.13
Desenho esquemático da seção transversal da solda e das
impressões de dureza...............................................................
48
Figura 4.1
Microconstituintes encontrados na Zona Fundida....................
49
Figura 4.2
Microconstituintes encontrados na ZTA....................................
50
Figura 4.3
Microconstituintes encontrados na Zona de Ligação................
51
Figura 4.4
Microconstituintes encontrados próxima da linha de ligação....
51
Figura 4.5
Alterações na morfologia do cordão de solda com o aumento
de 26 V para 34 V.....................................................................
52
Figura 4.6
Comportamento da morfologia do cordão de solda em função
da tensão..................................................................................
53
Figura 4.7
Comportamento da morfologia do cordão de solda em função
da V
alim
......................................................................................
54
Figura 4.8
Comportamento da morfologia do cordão de solda em função
da DBCP...................................................................................
55
Figura 4.9
Comportamento da taxa de deposição em relação à tensão,
V
alim
e DBCP.............................................................................
57
Figura 4.10
Taxa de deposição em relação à energia de soldagem...........
58
Figura 4.11
Fotografias de corpos-de-prova rompidos no ensaio de tração
60
Figura 4.12
Comportamento da dureza na ZF, ZTA e MB em relação à
tensão.......................................................................................
63
Figura 4.13
Comportamento da dureza na ZF, ZTA e MB em relação à
V
alim
............................................................................................
64
Figura 4.14
Efeito da distância bico de contato-peça na dureza……….......
64
Figura 4.15
Durezas na ZF, ZTA e Metal de Base dos cordões de solda...
65
xvi
LISTA DE TABELAS
Efeitos da DBCP sobre a corrente a taxa de deposição................
10
Parâmetros de soldagem para arames rutílicos............................
11
Classificação do IIW para microconstituintes de metal de solda
de aços de baixo carbono...........................................................
27
Composição química do aço estrutural ASTM A-36......................
34
Propriedades mecânicas do aço estrutural ASTM A-36................
34
Valores dos parâmetros variáveis utilizados nos experimentos....
39
Posicionamento do entalhe nas regiões do cordão de solda e
MB.................................................................................................
45
Resultados da determinação da morfologia em relação à tensão
52
Resultados da determinação da morfologia em relação a V
alim.......
54
Resultados da determinação da morfologia em relação à DBCP.
55
Resultados da taxa de deposição obtida em relação à tensão,
V
alim
e DBCP…………………………………...................................
56
Resultados da taxa de deposição e da energia de soldagem......
58
Resultados da energia absorvida em relação à tensão, V
alim
e
DBCP.............................................................................................
59
Resistência à tração em relação à tensão, V
alim
e DBCP……......
61
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSI - American National Steel Iron
ARBL - Aço de Alta Resistência e Baixa Liga
ASME - American Society of Mechanical Engineers
ASTM - American Society for Testing and Materials
AWS - American Welding Society
BM - Base de medição (mm)
CCEN - Corrente Contínua Eletrodo Negativo
CCEP - Corrente Contínua Eletrodo Positivo
DBCP - Distância bico de contato-peça, ou stickout, (mm)
FC - Agregado de ferrita com carboneto
FC - Ferrita acicular
FCAW - Flux Cored Arc Welding
FCAW-G - Gas Shielded Flux Cored Arc Welding
FCAW-S - Self-shielded Flux Cored Arc Welding
FS (A) - Ferrita com alinhamento da segunda fase
FS (NA) - Ferrita com segunda fase não-alinhada
FS - Ferrita com segunda fase
GMAW - Gas Metal Arc Welding
IIW - International Institute of Welding
M - Martensita
MAG - Metal Active Gas
MB - Metal de base
MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura
MIG - Metal Inert Gas
PF (G) - Ferrita no contorno de grão
PF (I) - Ferrita poligonal intragranular
PF - Ferrita primária
TD - Taxa de deposição do metal de adição (kg/h)
ZF - Zona Fundida
ZTA - Zona Termicamente Afetada
xviii
LISTA DE SÍMBOLOS
Ø - Diâmetro do arame tubular (mm)
I - Corrente de soldagem (A)
V
alim
- Velocidade de alimentação do arame. (m/min)
t
s
- Tempo de soldagem (h)
m
inicial
- Massa inicial da amostra antes da soldagem (kg)
m
final
- Massa final da amostra depois da soldagem (kg)
V - Tensão de soldagem (V)
R - Resistência elétrica do arame tubular (ohm)
l - Comprimento do arco (mm)
Ar - Argônio (gás)
H
2
- Hidrogênio gasoso
N
2
- Nitrogênio gasoso
O
2
- Oxigênio gasoso
CO
2
- Dióxido de Carbono (gás)
H - Energia de soldagem (J/cm)
η - Rendimento térmico do processo
v - Velocidade de soldagem (cm/min)
T - Temperatura. Graus Celsius (
o
C)
C - Carbono
Si - Silício
Mn - Manganês
β - Ângulo de abertura da junta ou ângulo bisel (
o
)
α - Ângulo de chanfro (
o
)
s - Face da raiz (mm)
V
gás
- Vazão do gás de proteção (l/min)
HV - Dureza Vickers
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 O Tema
As hidrovias no Amazonas têm sido costumeiramente o maior meio de
transporte, principalmente o de cargas. A cidade de Manaus localizada à margem
esquerda do Rio Negro, um dos afluentes do vasto Rio Amazonas depende
grandemente da navegação em razão de ser isolada por via terrestre das demais
capitais brasileiras. Então, economicamente, é importante a utilização de tais vias
para viabilizar o transporte fluvial, o qual movimenta praticamente todas as entradas
e saídas de mercadorias em geral, sejam grãos, combustíveis e, principalmente, os
produtos do Pólo Industrial de Manaus. Essa característica regional tem incentivado
o crescimento da construção naval local com a utilização de embarcações em aço,
por exemplo, balsas e empurradores que as impulsionam, como forma de mitigar a
exploração de madeira na Amazônia para a construção de barcos.
Nessa direção, os estaleiros, para se manterem competitivos no mercado, têm
buscado qualidade e produtividade de seus processos de fabricação, o que tem
requerido o aprimoramento de técnicas avançadas de soldagem na construção
dessas embarcações, oportunidade essa vislumbrada como motivadora para
desenvolver este trabalho.
A soldagem, não alheia a isso, tem dado sua contribuição, seja oferecendo ao
mercado, seja desenvolvendo processos de soldagem que proporcionam grande
produtividade, como o arco submerso, os processos robotizados e o processo de
soldagem a arco com arame tubular (Flux Cored Arc Welding - FCAW). Este
processo, além da ótima aparência da solda e da alta qualidade do metal
depositado, apresenta-se como uma excelente alternativa capaz de proporcionar
ganhos na produtividade com um mínimo de investimento em relação aos dois
primeiros processos, visto que os princípios de funcionamento e os equipamentos do
processo FCAW são semelhantes aos usados no processo com arame sólido (Gas
Metal Arc Welding - GMAW), também conhecido como MIG/MAG (Metal Inert
Gas/Metal Active Gas).
O FCAW acumula as vantagens da alta taxa de deposição e alto rendimento do
GMAW, aliadas à alta versatilidade da soldagem do processo com eletrodos
Capitulo 1 Introdução 2
revestidos (Shielded Metal Arc Welding - SMAW), fazendo com que o FCAW,
apresente flexibilidade e produtividade superiores ao MIG-MAG devido à alta
densidade de corrente, proporcionado pela forma tubular do eletrodo.
A soldagem FCAW, dada a sua excelente taxa de deposição, alcançando até
11 kg/h quando comparada à soldagem com eletrodo revestido (MACHADO, 1996),
é de grande utilização na construção naval, na qual se tem grandes extensões de
chapas a serem unidas e em posições fora da plana.
A produtividade do FCAW-G pode ser melhorada, por meio do aumento da taxa
de deposição do metal de adição, porém a complexidade de resultados indesejáveis
que podem ocorrer em razão da variação, sem um estudo científico, de valores da
tensão, da velocidade de alimentação do arame e da distância bico de contato-peça,
o que pode resultar em riscos de não-conformidades da solda.
Portanto, o que se pretende nessa pesquisa é propor o aumento na taxa de
deposição do processo FCAW-G, por meios dos objetivos seguintes, sem que ocorra
comprometimento das características metalúrgicas e das propriedades mecânica da
junta soldada.
1.2 Objetivos
Analisar a influência de variáveis do processo FCAWG nas características da
solda do Aço ASTM A 36. Essa análise será realizada por meio dos seguintes
objetivos secundários:
Determinar a influência da tensão de soldagem, velocidade de alimentação
do arame e distância bico de contato-peça na morfologia do cordão e na
taxa de deposição.
Realizar a qualificação das soldas realizadas com os parâmetros descritos
por meio de ensaios de resistência a tração, resistência ao impacto e
dureza.
Identificar os microconstituintes presentes na zona fundida (ZF), na zona
termicamente afetada pelo calor (ZTA) e na zona de ligação.
Capitulo 1 Introdução 3
1.3 Estruturação da Dissertação
Objetivando facilitar a compreensão, este trabalho foi estruturado com a
seguinte capitulação:
Capítulo 1 - Introdução: Apresenta o tema sua importância e as justificativas
da sua escolha, assim como o objetivo da pesquisa.
Capítulo 2 Revisão da Literatura: Trata sobre o aço estrutural naval ASTM
A-36, o processo de soldagem com arame tubular, a taxa de deposição, a
influência dos parâmetros de soldagem, as regiões, microestruturas e dureza
da solda, a energia de soldagem e a qualidade da junta soldada, por meio de
informações obtidas em dissertações, teses, artigos publicados e livros
pertinentes ao assunto.
Capítulo 3 Materiais e Métodos: Descreve o metal de base e de adição, os
equipamentos utilizados na pesquisa, a metodologia, a preparação e pré-teste,
os procedimentos de soldagem, a caracterização micro e macroestrutural da
junta soldada, assim como os ensaios mecânicos e metalográficos.
Capítulo 4 Resultados e Discussão: Apresenta os resultados obtidos e as
análises sobre os mesmos.
Capitulo 5 Conclusões e recomendações: Mostra as conclusões finais e as
recomendações para trabalhos futuros.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo serão realizadas as considerações sobre a soldagem utilizando
arame tubular com proteção adicional por meio de um gás ativo, suas
características, propriedades e o desenvolvimento alcançado, mediante trabalhos
científicos de pesquisa publicados em artigos nacionais e internacionais e em livros
sobre o assunto. Esta revisão possibilitou ter um embasamento científico para a
sustentação dos objetivos tratados no capítulo anterior e uma referência para a
validação dos resultados obtidos, que serão apresentados no Capítulo 4.
2.1 Terminologia da soldagem adotada
Objetivando uma uniformização neste trabalho, será adotada a seguinte
terminologia: soldagem é um processo que visa obter a união por fusão de peças;
cordão de solda ou solda é o resultado da soldagem; metal de base é o material
das peças que estão sendo soldados; metal de adição é o material fornecido pelo
arame tubular para formação da solda: junta é a região onde as peças serão unidas
por soldagem, junta soldada é a região soldada compreendendo o metal de base e
o cordão de solda, e chanfro é o espaço para conter o cordão de solda.
2.2 Aços estruturais
O aço ASTM A-36 é a exemplificação mais clássica de um aço estrutural de
grãos finos (COLPAERT, 2008). É um aço ferrítico de baixa liga e baixo carbono
ligados ao manganês, com teores de fósforo e enxofre controlados, alta resistência e
baixa liga (ARBL), utilizado em partes estruturais quando a economia em peso é
importante. Atende a solicitações de tenacidade a 40°C para navegação em
regiões frias, ou em temperaturas mais baixas mediante consulta e autorização da
classificadora.
Os aços estruturais navais apresentam boa tenacidade e soldabilidade. São
aplicados em navios de médio e grande porte e em plataformas marítimas de
extração de petróleo. Os aços navais são especificados principalmente pelas
entidades classificadoras para construção naval. As principais são:
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 5
BV - Bureau Veritas,
ABS - American Bureau of Shipping,
NKK - Nippon Kaiji Kyokai,
LR - Lloyd's Register,
GL - Germanicher Lloyd e
DNV - Det Norske Veritas.
2.3 Processo de Soldagem FCAW
O processo de Soldagem a Arco com Arame Tubular (Flux Cored Arc Welding -
FCAW) é um processo que produz a coalescência de metais pelo aquecimento deste
com um arco elétrico produzido entre a peça e um arame tubular consumível
metálico, continuamente alimentando à poça de fusão, cujo interior contém um fluxo
fundente. Esse fluxo é composto de pós de materiais inorgânicos e/ou metálicos,
que tem como principais funções segundo MACHADO (1996), desoxidar o metal de
solda, estabilizar o arco, aumentar a taxa de deposição através do de ferro, a
formação de gás de proteção pela decomposição de alguns dos seus elementos, e
estabelecer conveniente geometria do cordão de solda.
Além disso, segundo RODRIGUES (2005), quando necessário o fluxo faz a
adição de elementos de liga, a melhoria da transferência do metal de adição e atua
como formador de escória, que além de proteger o cordão de solda durante a
solidificação, atua decisivamente nas suas propriedades mecânicas.
No processo FCAW são possíveis dois tipos de proteção do arco e do cordão
de solda contra a contaminação atmosférica, a autoproteção (innershield) e a
proteção por um gás adicional (dualshield), (RODRIGUES, 2005).
Na primeira forma a proteção se somente pela escória e gases produzidos
pela decomposição dos ingredientes do fluxo contido no arame tubular. O fluxo é
fundido pelo arco elétrico, gerando o gás protetor do metal de adição (fundido) e da
região do cordão de solda, ao deslocar o ar para os componentes da escória
cobrindo a poça de fusão, protegendo-a durante a soldagem, principalmente do O
2
e
do N
2
, MACHADO (1996). Esse processo é chamado de soldagem a arco com
arame tubular autoprotegido (Self-shielded Flux Cored Arc Welding - FCAW-S).
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 6
Na segunda forma, a proteção do cordão de solda se por um gás auxiliar
provido adicionalmente por uma fonte externa ao equipamento, que flui pelo bocal
da tocha apropriada, podendo ser o CO
2
puro, ou misturas de gases. Esse processo
é conhecido como soldagem a arco com arame tubular e gás de proteção (Gas
Shielded Flux Cored Arc Welding - FCAW-G), que, segundo RODRIGUES (2005), é
um processo apropriado para produção e soldagem de grande penetração, mas cita
como limitações do FCAW: à soldagem de metais ferrosos e liga à base de níquel; a
relação custo/peso do arame tubular é maior do que a do arame sólido, entretanto
para arames tubulares com elementos de ligas, esta relação diminui e
necessidade de remoção de escória, ainda que a quantidade gerada seja pouca e
apresente boa destacabilidade.
A Figura 2.1 mostra um desenho esquemático do processo de soldagem
FCAW-G, com destaque para ação exercida pelo gás de proteção e a fusão pelo
arco elétrico, do arame tubular juntamente com seu fluxo, para a formação do metal
fundido e da escória líquida.
Figura 2.1 Desenho esquemático do processo de soldagem com arame tubular
e gás de proteção FCAW-G, (SANTOS NETO, 2003).
A Soldagem com arame tubular e gás de proteção FCAW-G, é um processo
variante que utiliza como proteção suplementar do metal de adição depositado, um
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 7
gás auxiliar (como o CO
2
puro ou misturas de gases apropriados), provido por uma
fonte externa ao equipamento, o qual flui pelo bocal da tocha apropriada. Esse tipo
de proteção possibilita a visualização do arco.
Esse processo é amplamente usado na soldagem de aços de baixa liga e de
baixo carbono em diversas espessuras, produzindo altas taxas de deposição e
excelentes rendimentos (RODRIGUES, 2005), com alta tolerância em relação a
contaminantes que podem originar trincas, o que confere resistente às trincas do
cordão na soldagem com esse processo. Produz ainda, excelente contorno em
soldas de ângulo, alta qualidade do metal depositado com ótima aparência da solda.
A utilização do FCAW possibilita a solda em todas as posições, muitas vezes
utilizado em soldagem de grandes espessuras onde a geometria de junta e posição
de soldagem não permite a aplicação de outros processos de alto rendimento tal
como arco submerso ou eletroescória, (JOAQUIM, 2009).
QUITES (2002) adiciona ao elenco de vantagens do FCAW, à possibilidade de
adição de elementos de liga pelo fluxo interno.
Sobre as limitações do FCAW, (RODRIGUES, 2005), cita a restrição do
processo FCAW-G na soldagem ao ar livre, o que não ocorre com o FCAW-S, sendo
este último adequado para uso ao ar livre, pois a influência de ventos brandos, não
afeta a qualidade do cordão de solda, o que possibilita maior tolerância do FCAW-S
nessa utilização.
A escória produzida durante a soldagem tem funções de moldar e suportar o
metal de adição ou auxiliá-lo a molhar o metal de base, ou seja, a capacidade de se
misturar à parcela do metal de base fundido, aumentando assim, a diluição,
(FORTES apud RODRIGUES, 2005). A desvantagem da escoria e a necessidade de
removê-la, ainda que no FCAW a geração de escória seja pouca e apresente boa
destacabilidade.
A soldagem com arame tubular geralmente pode ser semi-automatizada, na
qual ocorre somente o controle automático do arame, ou mecanizada na qual o
controle da alimentação do arame e do deslocamento do cabeçote de soldagem são
automáticos, porém com o posicionamento, acionamento e a supervisão feita pelo
operador de soldagem, (MARQUES et al., 2007), essa facilidade de mecanização
possibilita uma simplicidade na sua operação.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 8
2.3.1 Taxa de deposição no FCAW
A alta produtividade desse processo está vinculada à alta taxa de deposição
(TD), em relação aos processos de soldagem com eletrodo revestido (Shielded
Metal Arc Welding - SMAW) e com arame sólido (Gas Metal Arc Welding - GMAW),
sendo inferiores somente a processos em que o custo de soldagem é muito alto,
como os processos de soldagem com arco submerso (Submerse Arc Welding -
SAW) e Eletro-escória, como é mostrado na Figura 2.2. Segundo NORRISH apud
SANTOS NETO (2003), esta vantagem deve-se à alta densidade de corrente, que
proporciona a forma tubular do eletrodo, pela presença de uma delgada capa
metálica externa, formadora do arame tubular, em conduzir esta corrente, elevando
a sua intensidade.
Figura 2.2 - Comparação entre taxas de deposição de diversos processos
de soldagem. Adaptada de (SANTOS NETO, 2003).
A velocidade de alimentação do arame tubular (V
alim
), a tensão (V) e a distância
bico de contato (DBCP), influenciam na taxa de deposição do FCAW, sendo a
primeira com maior intensidade. Quando se tem um aumento da V
alim
, a taxa de
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 9
deposição (TD) cresce significativamente. O aumento da tensão não causa variação
significativa na taxa de deposição, RODRIGUES (2005), Figura 2.3.
Para se maximizar a taxa de deposição, deve-se combinar V
alim
média (12
m/min), com uma tensão média (de 29 V a 32,5 V) associada à DBCP mínima (em
torno de 15 mm), Figura 2.3.
Figura 2.3 Efeitos da tensão, V
alim
e DBCP na taxa de deposição,
(RODRIGUES, 2005).
A taxa de deposição também está relacionada com o comprimento energizado
do arame tubular (eletrodo) ou stickout, sendo esta definida como a distância entre a
extremidade do bico de contato da tocha e a extremidade do arame em contato com
o arco, (MARQUES et al., 2007). Como é difícil de fazer essa medição com o arco
aberto, toma-se o stickout como sendo a distância da extremidade do bico de
contato até a peça, chamada de distância bico de contato-peça (DBCP). Quanto
maior for a DCBP, maior será o aquecimento por efeito Joule (R.I
2
) no arame,
portanto menor corrente de soldagem se faz necessária para fundi-lo, mantida a
velocidade de alimentação. Por outro lado quanto menor for a DBCP menor a taxa
de deposição, se mantida a corrente de soldagem (ver Tabela 2.1). Em resumo,
dentro de certos limites, o aumento da DBCP pode ser utilizado para aumentar a
taxa de deposição, (MARQUES et al., 2007). Esses limites são mostrados no gráfico
da Figura 2.3 e na Tabela 2.1, na qual correlaciona as variações de DBCP, corrente
de soldagem e V
alim
, com os resultados sobre a taxa de deposição.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 10
Tabela 2. 1 Efeitos da DBCP sobre a corrente e taxa de deposição Adaptada de
(RODRIGUES, 2005).
Parâmetros
de
soldagem
Stickout
DBCP (mm)
10
18
25
10
18
25
I (A)
330
300
270
300
300
300
V
alim
(m/min)
9,5
9,5
9,5
8,0
9,5
11,0
TD (kg/h)
5,0
5,0
5,0
4,2
5,0
5,8
2.4 Influência dos parâmetros de soldagem
Variáveis tais como a tensão, a V
alim
, a DBCP, a inclinação da tocha, a
velocidade de soldagem, assim como o tipo de gás utilizado na proteção da poça de
fusão, interferem nas características do cordão de solda, (RODRIGUES, 2005). Os
parâmetros de maiores influência são: a tensão do arco, a V
alim
e a DBCP,
(RODRIGUES, 2005). Sendo a velocidade de alimentação do arame o parâmetro de
maior significância em razão de que, quando esta é aumentada para compensar a
queda de corrente, resulta num significativo aumento na taxa de deposição do
metal de adição. Por outro lado a velocidade de soldagem é o parâmetro de menor
influência no resultado final da solda, mesmo que esse influencie diretamente na
energia de soldagem e na penetração do cordão de solda.
2.4.1 Tensão de soldagem
A tensão de soldagem ou tensão do arco é uma variável significativa quanto à
geometria da solda, pois afeta tanto o modo de transferência metálica como o
comprimento do arco. A largura do cordão de solda é uma função da potência do
arco (V.I). Para uma corrente de soldagem constante, o aumento da tensão resulta
num aumento da largura do cordão de solda, (WAINER et al., 1992). Tensões muito
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 11
elevadas aumentam também à tendência à formação de respingos e mordeduras,
(MARQUES et al., 2007).
A tensão do arco está associada diretamente ao comprimento do arco e a
penetração. Uma tensão baixa acarreta em pequeno comprimento do arco,
(WAINER et al., 1992). Quando a tensão diminui a penetração aumenta e quando a
tensão aumenta, o comprimento do arco também aumenta, aumentando assim, a
probabilidade de ocorrência de porosidade e de mordeduras (RODRIGUES, 2005).
Dependendo do valor da tensão, segundo WAINER et al. (1992), podem
ocorrer defeitos de soldagem. Se for muito baixo, causa o aparecimento de
porosidade e sobreposição, e se muito elevado resulta em porosidade, excesso de
respingos e mordedura. Daí a importância de se escolher uma faixa de tensão e de
corrente, a ser utilizada para cada diâmetro de arame tubular, produzindo uma
determinada taxa de deposição. Na Tabela 2.2 são mostradas as taxas de
deposição obtidas com arames tubulares rutílicos em função de valores da corrente
e tensão, (FORTES apud RODRIGUES, 2005).
Tabela 2.2 Parâmetros de soldagem para arames rutílicos
(FORTES apud RODRIGUES, 2005).
Diâmetro do
arame (mm)
Corrente
(A)
Tensão
(V)
Taxa de
deposição (kg/h)
1,2
150
28
1,90
210
29
2,85
250
30
3,85
290
33
4,85
330
34
5,75
2.4.2 Velocidade de alimentação do arame
A velocidade de alimentação (V
alim
) assim como o comprimento do arco
influencia a tensão e a corrente de soldagem. A velocidade de alimentação tem uma
relação direta com a corrente de soldagem, e essa última influencia na taxa de
deposição do metal de adição, Tabela 2.2. Essas relações o mostradas
graficamente na Figura 2.4, (WAINER et al., 1992).
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 12
Na Figura 2.4, é mostrada a proporcionalidade direta da velocidade de
alimentação do arame com a corrente, que é fornecida pela fonte para fundir o
arame e alimentar a poça de fusão, juntamente com uma relação inversa ao
comprimento do arco, (WAINER et al., 1992).
Figura 2.4 Influência da velocidade de alimentação e do comprimento do arco
na tensão e corrente de soldagem, (WAINER et al., 1992).
Elevados valores da velocidade de alimentação do arame geram altas
intensidades de correntes, o que pode acarretar em mordeduras, ao passo que
baixos valores podem gerar uma solda com falta de penetração, falta de fusão e
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 13
formato irregular, alterando com isso a morfologia do cordão de solda,
(RODRIGUES, 2005).
A velocidade de alimentação, a tensão e a DBCP influenciam na penetração,
sendo o primeiro parâmetro o mais influente e a DBCP age de forma inversa,
RODRIGUES (2005), isso é mostrado na Figura 2.5.
Figura 2.5 Influência da tensão, V
alim
e DBCP na penetração,
(RODRIGUES, 2005).
Objetivando maximinizar a penetração, notadamente na soldagem de médias
e grandes espessuras, como é o caso desse trabalho que utilizou chapas de 9,5mm
de espessura, a melhor combinação desses parâmetros é a utilização de valores de
tensão e DBCP médios, e máximos para a velocidade de alimentação,
(RODRIGUES, 2005).
2.4.3 Distância bico de contato-peça (DBCP)
A DBCP também é um parâmetro importante na energia de soldagem,
(WAINER et al., 1992). Essa energia tem dois componentes, um decorrente do arco
elétrico dado por V.I, e outro que é a energia de aquecimento do arame tubular por
efeito Joule, dado por (R.I
2
). Na Figura 2.6, são mostrados no gráfico "a" os valores
adequados de tensão, corrente para uma DBCP igual a l
1
, que resulta numa
potência disponível para fundir o arame tubular igual a (V
s
I
s
+ R
1
I
s
2
). Aumentando-se
a distância para l
2
no gráfico "b", aumenta-se a tensão, então, a energia passará
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 14
para V’I’ + (R
2
.I’
2
), ou seja, a corrente diminui, e por consequência também diminuem
a energia e a velocidade de fusão do arame tubular.
Figura 2.6 Influência da distância bico de contato-peça na tensão e na
corrente de soldagem, (WAINER et al., 1992).
2.4.4 Velocidade de soldagem
A velocidade de soldagem é um parâmetro que influência na energia de
soldagem, e assim na quantidade de calor transferida à peça, como também na
penetração do cordão. Uma velocidade de soldagem muito baixa gera elevada
energia de soldagem, podendo causar problemas metalúrgicos não desejáveis na
microestrutura da junta soldada, além de elevar o custo da soldagem, (MARQUES et
al., 2007). A soldagem com arames tubulares com fluxo não metálico em baixas
velocidades de soldagem dificulta o controle da escória que pode passar a frente da
poça de fusão e gerar inclusões de escória, (RODRIGUES, 2005).
Velocidade de soldagem muito alta causa o aparecimento de mordeduras, falta
de fusão e/ou de penetração no cordão de solda, (MARQUES et al., 2007).
2.4.5 Inclinação da tocha
O ângulo de inclinação ou de deslocamento da tocha de soldagem (φ), na qual
se monta o arame tubular, influência grandemente no controle da escória e no perfil
do depósito do cordão de solda. O ângulo de inclinação determina a direção na qual
a força do arco é aplicada na poça de fusão, (Welding Handbook, 1991). Este
deslocamento da força do arco é utilizado para auxiliar na morfologia desejada do
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 15
cordão de solda, impedindo que a escória forme-se à frente da poça de fusão,
reduzindo assim o risco da mesma ficar contida e ocasionar inclusões.
Para um melhor entendimento e assegurar o correto posicionamento da tocha
de soldagem, é necessário à definição do plano de deslocamento e do ângulo de
inclinação da tocha (arame tubular). O plano de deslocamento forma-se
perpendicularmente ao plano da superfície a ser soldada do metal de base,
passando pelo eixo do cordão de solda.
O ângulo de inclinação da tocha é formado sobre este plano, entre o eixo do
arame e a linha do cordão de solda. É considerado positivo (na utilização da técnica
"puxando"), se sua inclinação for concordante com o sentido de deslocamento da
soldagem, ou seja, o arame apontando para o cordão formado, Figura 2.7. É
negativo (na técnica empurrando) se for discordante deste sentido.
Figura 2.7 Desenho esquemático do ângulo de inclinação da tocha. Adaptada
de (RODRIGUES, 2005).
Com a utilização do gás de proteção em juntas em ângulo e de topo, é usual o
emprego de um ângulo de inclinação entre 60º e 70º, na técnica “puxando”, na qual
se obtém maior penetração, menor quantidade de respingos, cordão mais estreito,
além de auxiliar na formação de um reforço convexo e um arco mais estável,
(RODRIGUES, 2005). Na técnica “empurrando”, m-se características tais como:
menor penetração, maior quantidade de respingos, cordão mais plano e mais largo,
porém dificuldade de visibilidade do processo. A cnica "puxando" é grandemente
utilizada, quando são requeridas grandes penetrações. Características
intermediárias são obtidas quando se utiliza ângulo neutro.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 16
2.5 Consumíveis
2.5.1 Arames tubulares
Os arames tubulares são fabricados a partir de fitas de aço de baixo carbono
conformada em forma de U que posteriormente são fechadas até uma seção circular
em torno do fluxo, formando as seções transversais típicas, e finalmente a forma
tubular passa por fieiras de trefilação, que diminuem seu diâmetro sucessivamente
até o valor final. Estes consumíveis são disponíveis em diâmetros de 0,8; 1,0; 1,2;
1,6; 2,0; 3,4; 3,2 e 4,0 mm, sendo os de 0,8 mm e 1,0 mm mais difíceis de fabricar
(MACHADO, 1996), usualmente utilizam-se os de Ø 1,2 mm e Ø 1,6 mm
(RODRIGUES, 2005).
uma grande variedade de elementos que podem compor o fluxo nos
arames tubulares, daí a flexibilidade para adequações a alguma aplicação especifica
ou para atender requisito especial, o que é mais difícil com arames sólidos. Isso
envolve alterações na formulação e no percentual do fluxo, e mesmo que, os arames
tubulares sejam de custo mais elevados que os arames sólidos retorno do
investimento em curto prazo (RODRIGUES, 2005).
Os constituintes do fluxo determinam a soldabilidade do arame e as
propriedades mecânicas do metal de adição depositado, ou seja, a seleção correta
do arame tubular é determinante na qualidade final da solda.
De acordo com a formação da escória, a soldagem FCAW-G pode ser
realizada por três tipos de arames tubulares: rutílico, básico e fluxo metálico (metal
cored wires).
Rutílico. Soldagem com arames rutílicos possui excelente soldabilidade, por
conter o rutílio ou dióxido de titânio (mineral de cor avermelhada). Os arames
rutílicos têm como principais características:
Arco mais estável numa extensa gama de correntes de soldagem;
bom formato da gota, podendo ser utilizado para a soldagem em todas as
posições;
ótimo desempenho operacional, apresentando baixo nível de respingos;
excelentes propriedades mecânicas, que excedem as especificações da
norma AWS;
escória é de fácil destacabilidade.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 17
Básicos. A soldagem com arames tubulares básicos produz solda com
excelente ductibilidade e tenacidade. Segundo RODRIGUES (2005), seu modo de
transferência é mais globular e sua soldabilidade não é o boa, em comparação
com o eletrodo rutílico, gerando também uma quantidade maior de respingos e um
cordão mais convexo. São empregados quando se requer melhores propriedades
mecânicas e baixo nível de depósito de hidrogênio.
Devido às baixas correntes de soldagem e ao modo de transferência globular
que necessita do efeito da gravidade para completar sua transferência, não são
usados fora de posição, ainda que com diâmetros pequenos. A escória formada pelo
arame tubular básico, ao contrário do arame tubular rutílico, não dá o suporte à poça
de fusão, (RODIRGUES, 2005).
Fluxo Metálico. Segundo MARQUES et al. (2007) os arames tubulares com
fluxo metálicos (metal cored wire), são arames cujo enchimento contém
principalmente -de-ferro e/ou ferro-liga e muito pouco fluxo a base de minerais.
Arames tubulares para soldagem de aços carbono de baixa liga permitem uma
transferência de metal bastante suave através de um arco de soldagem operando
em atmosferas protetoras a base de misturas de argônio e CO
2
, principalmente em
correntes elevadas, em torno de 300 A, podendo também ser usados com
transferência por curto-circuito e ou pulsada, com níveis mais baixos de corrente
média. A quantidade de escória gerada por estes arames é mínima, quase
inexistente. Os arames tubulares com enchimento de fluxo metálico são mais
vantajosos na soldagem mecanizada em alta velocidade.
A soldagem utilizando o arame tubular com fluxo metálico resulta em pouca
escória, sendo este fato favorável à soldagem em múltiplos passes, pois aumenta a
eficiência do processo, inexistindo a necessidade de remoção da escória formada,
(MEYER apud SANTOS NETO, 2003).
Nos arames tubulares com fluxo não metálicos, os componentes
estabilizadores do arco, devem ser selecionados para que seus resíduos não
prejudiquem a formação de escória, (RODRIGUES, 2006).
Em suma, o cordão de solda produzido com arame tubular rutílico possui
excelente soldabilidade, o que oferece alta facilidade de execução, podendo soldar
em todas as posições, com boa taxa de deposição e eficiência. O arame tubular
básico e o com fluxo metálico (metal cored wire) produzem cordões de solda com
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 18
potenciais vantagens em relação às propriedades mecânicas, ao nível de hidrogênio
difusível, taxa de deposição.
O arame tubular fabricado pela ESAB que atende a classificação AWS E71 T-
1, é o OK Tubrod 71 Ultra. Trata-se de um arame tubular tipo rutílico para a
soldagem de aços de baixo e médio teor de carbono, soldagem estrutural e
construção pesada em geral, para soldagem em único passe ou multipasse em
todas as posições, apresentando baixo índice de respingos e ótima remoção de
escória, podendo ser utilizado com CO
2
ou mistura desse com o argônio (Ar + 20-
25% CO
2
), (ESAB). Produz metal de solda com boa qualidade, aparência suave e
regular, com baixo nível de respingos, baixo nível de hidrogênio difusível, altas taxas
de deposição, podendo ser usado em todas as posições com a transferência
globular, ideal para juntas de topo com abertura na raiz. Possui rendimento de 87 a
90%, dependendo da corrente utilizada, ANEXO A.
O fluxo contido nos arames tubulares E71T-1 contêm ingredientes que
produzem uma escória de rápida solidificação, e a fluidez adequada da poça de
fusão na soldagem fora de posição. Segundo RODRIGUES (2005), consegue-se
altas taxas de deposição com esse tipo de eletrodo, devido à rapidez da solidificação
da escória o que possibilita a soldagem com alta tensão do arco e alta corrente de
soldagem.
2.5.2 Classificação de arames tubulares
Os arames tubulares são classificados pela American Welding Society (AWS),
na norma AWS A 5.20-69, tanto para os arames autoprotegidos como os que
utilizam gás de proteção auxiliar, seguindo o padrão geral utilizado para classificação
de eletrodos, WELDING HANDBOOK (1991).
A classificação do arame tubular E71 T1, utilizado nesta pesquisa tem as
seguintes características segundo a classificação AWS:
O prefixo “E” designa Eletrodo, indicando que o eletrodo (arame tubular) é
para soldagem a arco elétrico, como nos demais sistemas de classificação;
O algarismo 7 indica o limite mínimo de resistência à tração do metal de
adição depositado em 70.000 psi;
O número 1 indica que a soldagem pode ser feita em todas as posições.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 19
A letra T indica que o eletrodo é tubular com fluxo interno;
E finalmente o número 1, indica as características operacionais, sendo que
T-1 indica: corrente CC, polaridade positiva, para utilização com CO
2
puro.
Segundo MACHADO (1996), este tipo de arame tubular é usado em passe
único ou multipasse, em CCEP (Corrente Continua Eletrodo Positivo), em todas as
posições, produz pouco respingo excelente remoção de escória. Apresenta cordão
com geometria plana ligeiramente convexa, com boa tenacidade e fluxo rutílico.
Os arames tubulares podem ter diferentes formas de seções transversais,
Figura 2.8, conforme a classificação do Instituto Internacional de Soldagem
(International Institute of Welding IIW).
Figura 2.8 Seções transversais típicas de arames tubulares segundo o IIW,
(MARQUES et al., 2007).
Os arames tubulares com formas mais complexas apresentam efeitos
secundários por produzirem o inicio do arco em vários pontos e pré-aquecem mais
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 20
eficientemente o fluxo de forma a fundi-lo numa maior taxa, tornando o arco mais
suave.
2.5.3 Gás de proteção
O gás de proteção tem como principal função a de proteger a poça de fusão da
ação danosa do nitrogênio, oxigênio e do hidrogênio, mantendo-os fora da atmosfera
dessa zona, para evitar a formação de óxidos e de nitretos, que resultam em juntas
soldadas defeituosas, como retenção de escória, porosidades e fragilizações do
cordão, (RODRIGUES, 2005). Por estas razões devem ser excluídos esses
elementos nocivos da região de fusão, com o uso dos gases de proteção.
O gás de proteção exerce influência sobre a morfologia do cordão (penetração,
largura, forma), nas características do arco, no modo de transferência metálica, nas
propriedades mecânicas do cordão, e na possibilidade do aparecimento de
mordeduras, assim como sobre a velocidade de soldagem máxima a ser utilizada e
no custo da soldagem.
Dessa forma, a escolha do tipo de gás de proteção a ser usado na soldagem,
constitui uma variável importante na determinação da qualidade da solda e na
produtividade do processo. Os gases comumente usados para fins de proteção o
o dióxido de carbono (gás ativo), o argônio e o hélio (gases inertes), e na forma de
misturas do argônio com proporções relativamente pequenas de oxigênio, hidrogênio
e nitrogênio (para a soldagem de materiais não-ferrosos), (TESKE, 2006).
As especificações de Gás de Proteção para Soldagem AWS A5. 32/A5. 32M-97
estabelece padrões para a pureza e umidade de componentes crus desses gases de
proteção, como por exemplo, argônio, gás carbônico, oxigênio e hélio. Essa norma
estabelece ainda as tolerâncias para as misturas de componentes e métodos para
testar e registrar estas especificações, propiciando ao usuário, uma maior segurança
em receber o que realmente está se requerendo, a fim de atender as suas
necessidades específicas, (RODRIGUES, 2006).
O desenvolvimento dos gases para aplicações em soldagem tem sido
alavancado, especialmente quando se quer aumentar a produtividade e para
melhorar as características metalúrgicas da junta soldada, (QUINTINO & PIRES
apud TESKE, 2006). É possível que os resultados esperados não sejam alcançados
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 21
na aplicação da mistura do gás de proteção para soldagem, dada às dificuldades
quando da escolha do gás, devido à falta de informações detalhadas, sobre as suas
características operacionais, (TESKE, 2006).
O argônio é o mais utilizado que o hélio, por propiciar um arco mais estável.
Estudos de DILLENBECK & CASTAGNO apud RODRIGUES (2005), mostram que,
dentre todos os gases de proteção, o argônio, além de ser o mais disponível no
mercado, tem demonstrado ser um excelente gás, devido ao seu baixo potencial de
ionização. Entretanto quando utilizado na soldagem de chapas de aço, isto causa
uma redução de tensão gerando baixa energia no arco, resultando em menor
penetração e no aparecimento de mordeduras.
O CO
2
é um dos gases mais utilizados tanto no processo GMAW como no
FCAW. Quando aquecido em altas temperaturas, se dissocia, formando CO, que é
mais estável que o CO
2
, o que implica num efeito oxidante forte, MACHADO (1996).
O CO
2
comparativamente com o hélio e o argônio, tem uma maior penetração de
parede lateral e admite velocidades de soldagens mais elevadas, gerando um arco
de maior densidade de energia de soldagem, (BAUNÉ apud RODRIGUES, 2005).
Com o gás CO
2
tem-se baixo custo de soldagem, baixa quantidade de calor
irradiado, melhor relação profundidade/largura da solda e o menor nível de
hidrogênio difusível no metal do cordão de solda. Entretanto possui a desvantagem
de gerar maior quantidade de respingos quando comparado às misturas ricas em
argônio, (RODRIGUES, 2005). Nesta pesquisa, associando a utilização do CO
2
puro
com arame rutílico OK Tubrod 71 Ultra fabricado pela ESAB, obteve-se cordões de
solda com baixo nível de respingos, confirmando assim, o que informa as
especificações cnica daquele fabricante, justificando com isso a utilização do gás
CO
2
puro, o que contribuiu decisivamente para reduzir os custos da soldagem
utilizada nesse trabalho.
Como visto na literatura pesquisada há vantagens da utilização de misturas de
gases pelos ganhos técnicos que esse emprego proporciona, mas como foi
comentado por MODENESI e SILVA apud TESKE (2006); no Brasil, o elevado custo
de alguns gases usados na obtenção dessas misturas, em um mercado pequeno,
tem dificultado o desenvolvimento de pesquisas que possam viabilizar
comercialmente misturas complexas, capazes de satisfazer fabricantes e usuários.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 22
2.6 Regiões da junta soldada
A velocidade de resfriamento de uma junta soldada, segundo MARQUES et al.
(2007), é uma característica importante na soldagem dos aços carbono, pois quando
aquecidos em temperaturas elevadas eles são austenizados na região da solda e,
durante o resfriamento, os produtos da transformação da austenita dependem
fortemente das condições de resfriamento.
A curva da variação da temperatura (T) em função tempo (t) descreve
principalmente as condições de resfriamento, sendo chamada de ciclo térmico de
soldagem, (MARQUES et al., 2007).
Figura 2.9 Curva de temperatura em diferentes pontos de uma junta soldada,
(COLPAERT, 2008).
O Corte y-yindicado na Figura 2.9, representa o ciclo térmico de aquecimento
e resfriamento durante a soldagem, distribuição ao longo da seção transversal da
junta soldada, partindo do centro do cordão em direção ao metal de base.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 23
Este comportamento permite definir, para uma solda por fusão com eletrodo
consumível, três regiões básicas: A zona fundida (ZF) ou metal de solda, zona
termicamente afetada (ZTA) e metal de base, MARQUES (2007). Entre as zonas ZF
e ZTA, coexiste uma chamada de zona de ligação, (WAINER et al., 1992) Estas
regiões estão esquematizadas na Figura 2.10.
Figura 2.10 Desenho esquemático das regiões de uma junta soldada
Adaptada de (CAMPOS, 2005).
2.6.1 Zona Fundida
Região onde o material fundiu-se e solidificou-se durante a soldagem e
também na diluição entre metal de base e metal de solda. As temperaturas de pico
são superiores à temperatura de fusão do metal de base. Nessa região ocorre o
fenômeno chamado de crescimento competitivo de grãos, esquematizado na Figura
2.11, (CAMPOS, 2005). Isso é durante a solidificação, os grãos tendem a crescerem
na direção do gradiente máximo de temperatura. Apesar disso, os grãos também
têm suas próprias direções preferenciais de crescimento, chamadas de direções de
crescimento fácil. Para materiais de estruturas CFC e CCC essa direção é a <100>.
Durante a solidificação, grãos com direção preferencial de crescimento fácil crescem
na direção do gradiente máximo de temperatura, impedindo o crescimento de outros
grãos cujas direções de crescimento não estão orientadas com essa direção,
(CAMPOS, 2005).
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 24
Figura 2.11 Desenho esquemático do fenômeno de crescimento competitivo,
(CAMPOS, 2005).
2.6.2 Zona termicamente afetada ZTA
A zona termicamente afetada (ZTA) ou zona afetada pelo calor (ZAC) é a
região o fundida do metal de base que teve sua microestrutura e/ou propriedades
alteradas pelo ciclo térmico durante a soldagem. Está localizada ao lado da zona
fundida. As temperaturas de pico nesta região são superiores à temperatura crítica
do material e inferiores a sua temperatura de fusão.
À esquerda da Figura 2.12, a seguir, é mostrada a representação esquemática
de distribuição de temperatura na ZTA e à direita relaciona essa distribuição de
temperatura ao diagrama Fe-C, com efeito, da temperatura máxima de soldagem e
seu gradiente no resfriamento, sobre as fases de equilíbrio e possíveis efeitos sobre
a microestrutura da ZTA.
A região transformada de granulação grosseira, também chamada de região de
crescimento de grão da austenita, ocorre entre 1100
o
C e 1500
o
C (WAINER et al.
1992). A granulação grosseira da austenita dificulta a sua transformação em ferrita
durante o resfriamento, isso é aumenta a sua temperabilidade, (MARQUES et al.,
2008). De um modo geral essa região e caracterizada por uma ferrita apresentando
morfologia em placas e a presença de bainita, (MARQUES et al., 2007).
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 25
Figura 2.12 Representação esquemática de distribuição de temperatura
na ZTA, (COLPAERT, 2008).
Região transformada de granulação fina ou região de refino de grão, para aços
estruturais pode ocorre entre 900
o
C e 1100
o
C (WAINER et al. 1992). Aqui também
ocorre a transformação da austenita em ferrita, porém com uma deformação menor
daquela, e isso associado à temperatura e tempo menores que na região anterior,
não é suficiente para ocorrer à recristalização primária, ou seja, o crescimento de
grão, resultando numa estrutura fina de ferrita e perlita, com pequenos tamanhos de
grão (colônia), (WAINER et al. 1992 e MARQUES et al., 2007).
A região parcialmente transformada e a região revenida ou esferoidizada
nominada por (WAINER et al, 1992), são chamadas de região intercrítica por
(MARQUES et al., (2007)). Segundo WAINER et al. (1992), ocorre entre 700
o
c e
950
o
C, dependendo da velocidade de resfriamento a austenita pode se decompor
em perlita, bainita ou martensita maclada, sendo uma região que apresenta
propriedades mecânicas inferiores a do metal de base. Na região de esferoidização
de carbonetos, ou melhor, a esferoidização das lamelas de cementita da perlita, que
ocorre entre 700
o
C e 750
o
C, resulta numa redução da resistência mecânica, que é
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 26
de difícil identificação em ensaio de tração, haja vista que a esferoidização ocorre
somente numa estreita faixa da ZTA, (WAINER et al. 1992).
Em alguns casos, particularmente na soldagem multipasse, constituintes de
elevada dureza e baixa tenacidade podem se formar nesta região sendo a
microestrutura mais complexa, (MARQUES et al., 2007). Porém esse tipo de
soldagem em aços de Alta Resistência e Baixa Liga (ARBL), como o que foi utilizado
nessa pesquisa, regiões do passe anterior o austenitizadas pelo passe
subsequente, pois cada passe pode afetar o passe imediatamente abaixo, causando
a transformação da microestrutura durante o resfriamento e, assim refinando-a,
(MARQUES et al., 2008 e DAVIS & KING apud SANTOS NETO, 2003). A natureza
dos microconstituintes formados, assim como a dureza dessa região, depende de
sua velocidade de resfriamento, (DAVIS & KING apud SANTOS NETO, 2003).
2.6.3 Zona de ligação
Compreende a região de fronteira entre a ZF e a ZTA. A partir dessa linha é
iniciada a solidificação e o crescimento dos grãos em direção à linha central do
cordão de solda, formando o metal de solda, (CAMPOS, 2005). Este processo é
chamado de crescimento epitaxial, no qual o início da solidificação na poça de fusão
ocorre principalmente pelo crescimento de grãos do metal de base que estão na
linha de fusão, assegurando a continuidade metalúrgica entre a ZF e a ZTA,
(MARQUES et al, 2007). Isso é mostrado na figura 2.13.
Figura 2.13 Crescimento epitaxial e colunar próximos à linha de fusão de uma
junta soldada. Adaptada de (DAVID et al., 2005).
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 27
A distribuição de soluto na poça de fusão durante a solidificação é um
importante fenômeno resultando em segregação que pode afetar significativamente
a soldabilidade, a microestrutura e as propriedades do material da junta soldada,
(DAVID et al., 2005).
2.7 Microconstituintes presentes na zona de fusão
Os constituintes mais comuns da ZF de aços ferríticos são identificados
segundo esquema de classificação do International Institute of Welding - IIW,
conforme a Tabela 2.3.
Tabela 2.3 Classificação do IIW para microconstituintes de metal de solda de aços
de baixo carbono. (COLPAERT, 2008).
Categoria
Subcategoria do constituinte
Abreviatura
Ferrita primária
PF
Ferrita de contorno de grão
PF(G)
Ferrita intragranular
PF (I)
Ferrita com segunda fase
FS
Ferrita com segunda fase não-alinhada
FS (NA)
Ferrita com segunda fase alinhada
FS (A)
Placas laterais de ferrita (side plates)
FS (SP)
Bainita
FS(B)
Bainita superior
FS (UB)
Bainita inferior
FS (LB)
Ferrita acicular
AF
Agregado ferrita carboneto
FC
Perlita
FC(P)
Martensita
Martensita em ripas
M(L)
Martensita maclada
M(T)
As características desses microconstituintes são apresentadas a seguir:
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 28
Ferrita primária PF
a) Ferrita no contorno de grão PF (G): Veios de grão poligonais
associados com contornos austeníticos anteriores (ferrita proeutetóide
que cresce ao longo da austenita primária nos contornos de grãos).
b) Ferrita poligonal intragranular PF (I): Grãos poligonais de ferrita,
localizados dentro dos grãos austeníticos primários e maiores três vezes
do que os grãos ou lâminas adjacentes de ferrita acicular.
Ferrita Acicular AF. Pequenos grãos de ferrita não-alinhada encontrada
dentro de grãos da austenita primária.
Ferrita com segunda fase FS
a) Com alinhamento da segunda fase FS (A): Duas ou mais placas
paralelas de ferrita. Pode ser classificados como ferrita de Widmastatten
e bainita superior FS (UB) ou bainita inferior FS (LB).
b) Com a segunda fase não-alinhada FS (NA): Ferrita envolvida
completamente em (i) microfibras aproximadamente equiaxiais ou
distribuídas aleatoriamente ou (ii) lâminas isoladas de ferrita acicular
(AF).
c) Agregado de ferrita com carboneto FC: uma estrutura fina de ferrita
com carboneto incluindo perlita FC (P). Se for claramente identificado
como perlita, deve ser designado como FC(P). Se for menor que as
lâminas adjacentes dentro do grão austenítico primário, deve ser
desprezado.
Martensita M. Colônia de martensita maior que as ripas de ferrita adjacentes.
Pode ser classificado como martensita laminar M (L) ou maclada M (T).
MODENESI, (2004) identificou alguns desses microconstituintes os quais são
mostrados na Figura 2.14.
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 29
Figura 2.14 Microconstituintes da ZF em aços ferríticos, (MODANESI, 2004).
2.8 Microconstituintes presentes na ZTA
Em soldas de aço de baixo carbono uma grande quantidade de ferrita é
associada com altos níveis de resistência, enquanto que microestruturas como
martensita e bainita estão associadas a um baixo nível de resistência.
Martensita e bainita são também associadas a altas taxas de resfriamento,
assim diminuindo a quantidade de manganês, ou reduzindo a taxa de resfriamento
com o aumento do aporte térmico ou pré-aquecimento, a quantidade de ferrita
acicular aumenta, melhorando assim a resistência da solda.
Em geral, a obtenção de boa tenacidade em juntas soldadas se torna difícil
quando a tenacidade precisa ser elevada, (COLPAERT, 2008). De uma forma geral,
dois mecanismos principais são efetivos para aumentar a tenacidade da ZTA de
aços estruturais: (i) o controle do crescimento do grão austenítico, especialmente
nas regiões que atingiram temperatura mais elevadas (próxima à linha de fusão), e
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 30
(ii) a nucleação de ferrita intragranular PF (I), reduzindo trajetória livre de trincas e
causando sua mudança de direção, processos que aumentam a energia absorvida
na fratura (ensaio Charpy).
Segundo CAMPOS (2005), os efeitos do processo e dos parâmetros de
soldagem na microestrutura são devidos aos efeitos térmicos e de composição
química. Os efeitos da composição química estão ligados à zona de fusão, enquanto
os efeitos térmicos além da ZF afetam também a ZTA.
2.9 Dureza
As elevadas taxas de resfriamento e a composição de grãos grosseiros podem
promover a formação de microconstituintes frágeis e duros no metal fundido e na
ZTA de aços soldados, (SANTOS NETO, 2003). Aliados a estes fatores, a presença
de hidrogênio difusível no processo de soldagem pode levar o conjunto soldado a
apresentar falha por trincamento a frio, (KOU, 1987).
Um dos procedimentos que pode alterar a dureza é o aumento da energia de
soldagem (ou aporte térmico) fornecida ao processo, durante a soldagem, a fim de
diminuir a taxa de resfriamento e com isso favorecer a formação e microconstituintes
finais com menor dureza.
Com o aumento da energia de soldagem e a consequente diminuição da taxa
de resfriamento, a tendência da formação de uma ZTA maior, porém apresenta
microconstituintes de menor dureza. Em aços de baixo carbono, comprovam-se a
redução da dureza com o aumento dessa energia, (EROGLU & AKSOY, 2000 apud
SANTOS NETO, 2003).
Na soldagem multipasse, o passe seguinte causa uma redução na dureza do
cordão de solda na ZTA do passe anterior, em razão de promover por meio da
temperatura interpasse um tratamento térmico do metal depositado nesse passe,
resultando o refinamento de grãos no metal da ZF e da ZTA, além de melhorar a
tenacidade e diminuir as tensões residuais, (SANTOS NETO, 2003). Essa
temperatura favorece a formação de microconstituintes dúcteis, (ABSON apud
SANTOS NETO, 2003), e ainda possibilita um pré-aquecimento, fazendo estender o
tempo de resfriamento (necessário para decair a temperatura de 800
o
C a 500
o
C),
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 31
conduzindo a formação de microconstituintes mais favoráveis às propriedades
mecânicas (SANTOS NETO, 2003).
2.10 Energia de Soldagem
Um parâmetro importante para caracterizar o processo de soldagem é a
energia de soldagem ou aporte rmico (heat input). Na soldagem a arco, pode-se
considerar o arco como única fonte de calor, (MARQUES et al., 2007). Essa energia
é definida pela Equação 2.1
(J/cm) em H
v
V.I.
Eq. 2.1
Onde:
H = Energia de soldagem (J/cm)
η = Rendimento térmico do processo
V = Tensão no arco (V)
I = Corrente de soldagem (A)
v = Velocidade de soldagem (cm/min)
Um valor de referência para o rendimento do térmico do processo com arame
tubular é 0,80, segundo QUITES (2002).
2.11 Qualidade da junta soldada
Os arames tubulares utilizados na soldagem FCAW-G produzem um arco mais
largo do que os arames sólidos na soldagem GMAW. Na soldagem com arame
sólido com Ar + CO
2
, apresenta um arco pequeno e uma área de transferência de
metal muito concentrada, (ARAÚJO apud RODRIGUES, 2005). As gotas atravessam
o arco ao longo de uma linha de centro, uma após outra em alta frequência,
penetrando na poça de fusão dentro de uma área de projeção relativamente
pequena. Toda a energia contida nas gotas se concentra nessa área, ao contrário,
no modo de transferência do metal de solda do arame tubular na soldagem FCAW-
G, as gotas espalham-se, formando um arco mais largo, se projetando numa área
maior, havendo uma distribuição mais equitativa da energia de soldagem. Este tipo
de arco do FCAW-G, produz uma poça de fusão calma e plana resultando num
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 32
cordão de solda de aspecto liso e com boa molhabilidade, o que contribui
significativo na qualidade da junta soldada, (RODRIGUES, 2005).
Na soldagem GMAW apresenta penetração profunda e estreita do tipo
dediforme (finger) Figura 2.15.
Figura 2.15 Transferência de gotas em arames sólidos e tubulares,
(RODRIGUES, 2005).
Ou seja, a distribuição não uniforme da fusão do metal de base abaixo da
região da largura do cordão, expõe a riscos de defeitos como a falta de fusão, e na
ocorrência de um pequeno desalinhamento do arame tubular numa junta em ângulo,
ocasionará uma falta de fusão lateral no cordão de solda. Na soldagem FCAW-G,
isso é evitável, em razão desse processo apresentar uma penetração mais larga e
mais rasa do que no GMAW, admitindo uma tolerância muito maior para o
desalinhamento do arame tubular, em relação ao eixo longitudinal do cordão de
solda, reduzindo o risco de ocorrer falta de fusão. Essa morfologia da penetração
mais larga e rasa do FCAW-G, é ainda mais evidente quando se utiliza a proteção
com gás CO
2
, pois esse gás tem uma condutibilidade térmica maior, fazendo com
que a energia térmica do arco se dissipe sobre uma área maior, favorecendo uma
penetração na forma circular, (ARAUJO apud RODRIGUES, 2005).
A energia absorvida avaliada pelo método Charpy, é particularmente
apropriado para comprovar a tendência para a fratura frágil (fragilidade a quente ou
a frio, ou falha do material), conforme ABNT NBR 6157 (1980). Os resultados dos
ensaios de impacto são de natureza qualitativa, (CALLISTER, 2002) e tais
Capitulo 2 - Revisão da Literatura 33
resultados não podem ser usados diretamente como valores de energia para
cálculos de engenharia, AWS D.1.1-96. Segundo a ABNT NM 281-1: 2003, o ensaio
consiste em romper um corpo-de-prova dotado de um entalhe no centro e apoiado
nas extremidades, por meio de um golpe de um pendulo oscilante, em uma
determinada temperatura de ensaio e sob condições definidas, A energia absorvida
em Joule é a determinação da resistência ao impacto do material. A Figura 2.16
apresenta as superfícies de fratura para o aço ASTM A-36 para as temperaturas
indicadas na parte superior.
Figura 2.16 Fotografias de superfícies de fratura de corpos-de-prova,
(CALLISTER, 2002).
A aparência da superfície da falha é um indicativo da natureza da fratura. No
caso de fraturas dúcteis, essa superfície é fibrosa ou opaca (ou de caráter de
cisalhamento), Callister, (2002).
O ensaio de resistência à tração tem como propósito verificar os valores do
limite de resistência à tração do material. Fundamentalmente, os testes de
resistência à tração, envolvem o carregamento da amostra até a ocorrência da
tensão de falha, sendo geralmente obtidos pelo teste de simples tensão uniaxial.
São realizados comumente em uma ou duas direções, longitudinal ou transversal. As
amostras longitudinais são orientadas paralelamente com a direção de laminação, e
as transversais perpendicularmente a essa direção, WELDING HANDBOOK, (2001).
34
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo, serão apresentadas as propriedades dos materiais de base e
de adição, os equipamentos utilizados na soldagem e a metodologia empregada
para a preparação dos experimentos, os procedimentos de soldagem adotados e a
seleção dos valores de tensão, V
alim
e DBCP, utilizados. Mostrará, ainda, como foi
realizada a medição da taxa de deposição, a caracterização micro e
macroestrutural, os procedimentos empregados nos ensaios de resistência ao
impacto, resistência à tração e de dureza, além da caracterização da morfologia do
cordão de solda, no processo FCAW-G.
3.1 Materiais
3.1.1 Metal de base
O metal de base da junta soldada, objeto deste estudo, é o aço ASTM A-36.
Trata-se de um aço estrutural naval de baixa liga e baixo carbono e de média
resistência, cuja composição química é apresentada na Tabela 3.1 e propriedades
mecânicas na Tabela 3.2..
Tabela 3.1 - Composição química do aço estrutural ASTM A-36. (BELGO)
Carbono
x.
Manganês
x.
Silício
x.
Cobre
Fósforo
máx.
Enxofre
máx.
0,26%
1,35% (1)
0,4%
(2)
0, 04%
0, 05%
(1) Para cada redução de 0,01% do C ximo especificado, um acréscimo de 0,06% de Mn é
especificado até o valor máximo de 1,35%.
(2) Quando especificado, igual a 0,20% (min).
Tabela 3.2 - Propriedades mecânicas do aço estrutural ASTM A-36. (BELGO)
Limite de Escoamento
(MPa)
Resistência à Tração
(MPa)
Alongamento
BM (mm) = 200 (%)
250 (min)
5 Espessura 16 mm
400 a 550
20
BM = Base de medição
35
A resistência ao impacto do aço A-36 no ensaio Charpy, segundo a ASTM é
de 34 J (valor médio) para as temperaturas do corpo-de-prova de 0, -20 e -40°C.
3.1.2 Metal de adição
O metal de adição utilizado nesta pesquisa é o arame tubular OK Tubrod
71Ultra da ESAB, normatizado pela AWS A 5.29, com a classificação E71 T-1,
cujas especificações técnicas como classificação, composição química,
propriedades mecânicas e homologações, informadas pelo fabricante ESAB, são
apresentadas no ANEXO A.
3.2 Equipamentos utilizados na soldagem
A soldagem foi realizada no Laboratório de Soldagem e Aspersão Térmica da
UTFPR em Curitiba - PR, utilizando os equipamentos abaixo descritos e
identificados na Figura 3.1, a seguir:
uma fonte de energia (1) para soldagem multiprocesso marca IMC
MODELO INVERSAL 450 e seus acessórios, que reúne num mesmo
equipamento, todas as características necessárias que possibilitam a sua
utilização em vários processos de soldagem;
um cabeçote alimentador de arame (2) e do controle remoto do sistema (8)
de deslocamento automatizado da tocha;
um sistema de deslocamento automatizado da tocha de soldagem (6)
chamado TARTÍPOLE V1, que permite controlar, pelo painel, a velocidade
de soldagem garantindo a repetibilidade do valor desse parâmetro durante
os experimentos;
um mecanismo de ajuste vertical (5), acoplado ao sistema de
deslocamento da tocha (6), que permite a regulagem manual da DBCP.
36
a) alimentador do arame b) sistema de movimentação e ajuste
c) Conjuntos de solda e de controle
Figura 3.1 Equipamentos utilizados para soldagem dos experimentos.
Sendo:
1) Fonte de energia;
2) Cabeçote alimentador de arame;
3) Cilindro de gás CO
2
com regulador de vazão;
4) Sistema de alimentação do arame tubular;
5) Dispositivo de ajuste vertical;
6) Sistema TARTÍPOLE V1;
7) Sistema de inclinação manual da tocha;
9) Controle remoto do sistema de deslocamento automatizado da tocha.
1
2
3
4
5
7
6
8
37
As principais características da fonte são:
Corrente nominal de 300 A;
Tipo de corrente contínua ou alternada (constante ou pulsada);
Potência máxima consumida de 12 kW;
Fator de serviço de 100% para a capacidade xima de 450 A;
Fator de trabalho de 0,94;
Tensão em vazio de 56 V.
3.3 Metodologia
A metodologia adotada é apresentada inicialmente de forma esquemática na
Figura 3.2, descrevendo como foi feita a seleção dos parâmetros e de seus valores
utilizados, a preparação dos experimentos, os procedimentos de soldagem
utilizados, a pesagem dos experimentos para o cálculo da taxa de deposição de
cada um, o corte e a retiradas de amostras para os ensaios mecânicos (de
resistência ao impacto pelo método Charpy, de resistência à tração e de dureza), e
para os ensaios metalográficos (caracterização microestrutural e macroestrutural).
O Pré-teste foi realizado em oito chapas sem chanfros com simples deposição
do cordão de solda, utilizando os parâmetros e valores selecionados para cada um
dos experimentos, consoante Tabela 3.3. O objetivo dessa etapa foi assegurar que
tais valores fossem adequados para abertura do arco elétrico, à completa formação
dos cordões de solda e para aspectos ligados à qualidade da solda e à quantidade
de respingos.
Após a esquematização mostrada na Figura 3.2, é apresentada uma
descrição de cada uma dessas etapas.
38
Figura 3.2 Esquematização da preparação, caracterização e ensaios dos
experimentos.
Aquisição de 26 chapas cortadas com
130 x 250 x 9,5 mm
Usinagem dos chanfros em V de 30
0
e
face da raiz c/ 2 mm, em 18 chapas
Posicionamento das 18 chapas
chanfradas c/ abertura da raiz de 2 mm
Orientação
da junta c/ a
direção de
laminação
Ponteamento e formação da junta com
ângulo de chanfro (α) de 60
o
Solagem FCAW-G dos 9 experimentos
Cortes e retiradas de amostras para ensaios
mecânicos e metalográficos.
Ensaios
metalográficos
Ensaio de
resistência à
tração
Ensaio Charpy
Ensaio de
dureza
Caracterização
microestrutural
Caracterização
macroestrutural
Ensaios
mecânicos
Seleção dos
parâmetros
de soldagem
Preparação
das amostras
Usinagem das
amostras
Pré-teste em 8
chapas s/ chanfro
Confirmação
dos valores
parâmetros
Pesagem chapas ponteadas
Pesagem chapas soldadas
39
3.3.1 Seleção dos parâmetros de soldagem
Os parâmetros de soldagem utilizados nesta pesquisa foram a tensão do arco
(V), a velocidade de alimentação do arame (V
alim
) e a distância bico de contato-peça
(DBCP), selecionados com base em RODRIGUES (2005), que utilizou ferramentas
estatísticas de análise de planejamento fracionário e de fatorial completo,
selecionou-os como os parâmetros de soldagem mais influentes no processo FCAW.
Neste trabalho, cada um dos três parâmetros foi variado em dois níveis, obtendo-se
oito experimentos. Os valores da Tabela 3.5, foram selecionados com base em
RODRIGUES, (2005) e nas especificações técnicas disponibilizada pela ESAB,
constante do ANEXO A.
O Experimento Pc corresponde ao ponto central entre os níveis baixo e alto
do fator, e os seus valores foram calculados pelas médias da tensão entre 26 e 34 V,
da V
alim
entre 10 e 12,5 m/min e da DBCP entre 16 e 20 mm.
Tabela 3.3 Valores dos parâmetros variáveis utilizados nos experimentos.
Experimento
Tensão
(V)
V
alim
(m/min)
DCBP
(mm)
Pc
30
11,25
18
1
26
10
16
2
34
10
16
3
26
12,5
16
4
34
12,5
16
5
26
10
20
6
34
10
20
7
26
12,5
20
8
34
12,5
20
Foi mantida fixa durante a soldagem a velocidade de soldagem em 30 cm/min,
inclinação da tocha com ângulo de 70º na posição “puxando”, e recuo do bico de
contato parametrizado em 6 mm, Figura 3.3.
40
Figura 3.3 Representação esquemática da DBCP e do recuo de 6 mm.
(WAINER, 1992).
3.3.2 Preparação das chapas e pré-teste
Foram utilizadas vinte e seis chapas laminadas de aço ASTM A-36 com
espessura de 9,5 mm, fornecidas cortadas nas dimensões de 130 x 250, deste total,
8 foram utilizadas no pré-teste e 18 nos experimentos, as quais tiveram uma das
laterais de 250 mm (orientada para a direção de maior resistência à tração em
materiais laminados), usinada numa fresadora universal, um chanfro em V, com
ângulo de bisel (β) de 30º, e face da raiz (s) com 2 mm, Figura 3.4..
Figura 3.4 Detalhe da junta de topo com ângulo de 60º, face e
abertura da raiz de 2 mm.
41
Para a correta orientação da direção de laminação das chapas de 130 x 250
mm, antes do ponteamento, as late riais chanfradas, foram posicionadas frente a
frente, alinhando-se com o eixo longitudinal da junta, sendo então ponteadas com a
abertura da raiz de 2 mm, resultando uma junta plana de topo com ângulo de
chanfro (α) de 60
o
, Figura 3.5.
Figura 3.5 Fotografia da junta de topo antes da soldagem
Objetivando a caracterização da morfologia do cordão de solda, foram
realizadas várias deposições sobre oito chapas-teste sem chanfro, para estudar a
influência da tensão do arco, da velocidade de alimentação do arame e da DBCP
sobre a morfologia (largura, penetração e reforço) da região soldada, a fim de que
fossem adotados na soldagem dos experimentos, os valores adequados desses
parâmetros. A da corrente de soldagem decorrente de cada experimento foi
registrada (APÊNDICE A) a fim de possibilitar os cálculos da energia de soldagem
pela Equação 2.1.
3.3.3 Procedimentos de soldagem
Na execução da soldagem dos experimentos foi empregando o processo
FCAW-G utilizando como gás de proteção auxiliar o CO
2
, regulado para uma vazão
constante de 15 litros/min e arame tubular de 1,2 mm de diâmetro, com acionamento
mecanizado (controle automatizado da alimentação do arame e do deslocamento do
cabeçote de soldagem pelo equipamento), porém sem tecimento.
42
Os cordões de soldas foram então executados com alinhamento na direção de
laminação das chapas. Obteve-se 9 conjuntos de chapas soldadas para os
experimentos, conforme Figura 3.6.
Figura 3.6 Fotografia dos chapas soldadas mostrando a orientação da direção de
laminação e do cordão de solda.
Os cordões de solda foram realizados na posição plana de topo em dois
passes principais na face chanfrada, sendo o primeiro passe de raiz e o segundo de
acabamento. Antes da soldagem do segundo passe, foi feito esmerilamento sobre o
passe raiz e a limpeza com escovação rotativa.
Após a realização do segundo passe, foi realizado esmerilamento no verso das
chapas pela raiz da solda e realizado um passe reverso. Figura 3.7.
Figura 3.7 - Corte transversal do cordão de solda mostrando os passes efetuados.
43
3.3.4 Taxa de deposição
Objetivando expressar a taxa de deposição do metal de adição em kg/h, antes
do corte e retiradas das amostras, a massa de cada conjunto de chapa soldado, foi
medida numa balança eletrônica de precisão marca MART, com capacidade máxima
de 20 kg e calibração certificada.
A taxa de deposição foi expressa em unidade de massa por unidade de tempo,
e calculada pela Equação 3.1. Na qual m
final
representa
a massa do conjunto soldado
medida depois da soldagem do segundo passe, e antes da aplicação do passe
reverso, e m
inicial
é a massa do conjunto (somente ponteado) medida antes da
realização do primeiro passe de solda. Os valores são apresentados no APÊNDICE
B.
(kg/h) em
ts
mm
TD
inicialfinal
Eq. 3.1
O tempo de soldagem de cada passe foi calculado segundo a Equação 3.2 em
função do espaço percorrido pelo arame tubular durante a soldagem, dividido pela
velocidade de soldagem v (cm/min). O espaço foi tomado como sendo o
comprimento da chapa, sendo este padronizado em 25(±0,2) cm, medido na direção
de laminação das chapas. Os valores são apresentados no APÊNDICE C.
(h) em
60.
25
ts
v
Eq. 3.2
3.3.5 Localização das amostras para corpos-de-prova
A Figura 3.8, mostra o esquema de retirada de amostras para a confecção dos
corpos-de-prova para os ensaios Charpy, de resistência à tração e metalográficos. A
Norma ANSI/AWS D1. 1-96 recomenda desprezar o inicio e o final do comprimento
do cordão de solda, visando obter amostras de uma região da junta soldada na qual
tenha ocorrida à homogeneização da temperatura durante a soldagem. Portanto foi
serrada e refutada a largura de 30 mm das extremidades de cada conjunto soldado,
corte AB mostrado na Figura 3.8.
44
Figura 3.8 Localização da retirada das amostras para corpos-de-prova.
3.3.6 Caracterização microestrutural
A preparação metalográfica foi iniciada com o recorte transversal do cordão
de solda em cortadora metalográfica AROTEC Modelo COR-40, com disco de corte
AA-4 Liso, Ø 230 x 1,5 mm, sob refrigeração, depois disso foi realizado o
embutimento em baquelite, seguido do lixamento com granulometrias na sequência
de 220, 240, 400, 600, 800 e 1200. Após o lixamento foi realizado o polimento
utilizando pastas abrasivas de alumina com granulometrias e sequência de 1µm, 0,3
µm, e 0,05 µm, seguido do ataque químico com Nital 5%, durante 15 s de imersão.
As análises das micrografias foram realizadas em um microscópio óptico
OLYMPUS, modelo BX51M, com aumentos de 25, 100, 200 e 500X, com o objetivo
de caracterizar as regiões do cordão de solda. Uma réplica de cada experimento foi
considerada como representativa para a aquisição de imagens.
Nas análises microestruturais foram examinados os microconstituintes na zona
de fusão, zona de ligação, zona termicamente afetada e no metal de base.
3.3.7 Caracterização macroestrutural
A morfologia do cordão de solda foi analisada por meio de macrografias
realizadas utilizando os mesmos procedimentos dos ensaios metalográficos, até o
polimento. Em seguida foi realizado o ataque químico por imersão em reagente Nital
10% durante 60 s. As amostras preparadas foram então analisadas utilizando o
microscópio óptico marca OLYMPUS. A largura, o reforço e a penetração do cordão
45
de solda, Fig.3.9, foram medidas três vezes, sendo a sua média considerada como
dimensão válida.
Figura 3.9 Desenho esquemático das dimensões do cordão de solda
Adaptada de (TESKE, 2006).
3.3.8 Ensaios de resistência ao impacto
Com o propósito de verificar a influência dos parâmetros utilizados sobre a
resistência ao impacto, foram comparados os valores mínimos de energia absorvida
no ensaio Charpy criogênico, ao valor médio de 34 J, recomendado para o aço
ASTM A-36 (metal de base). Os resultados da energia absorvida em Joule serão
apresentados em relação à tensão, velocidade de alimentação e DBCP.
A resistência ao impacto foi avaliada por meio do ensaio Charpy, utilizando
corpos-de-prova com entalhe em V, tipo transversal, (perpendicular ao eixo
longitudinal da solda). Os corpos-de-prova do tipo dimensões reduzidas (sub-size)
de 10 x 5 mm e comprimento de 55±0,6 mm, com profundidade do entalhe de 2 mm,
segundo a norma ABNT NBR 6157 /1980. Este procedimento é usado para materiais
cujas dimensões não permitem o uso do corpo-de-prova padrão (10 x 10 mm). A
localização para as retiradas das amostras seguiu as recomendações da norma
ASTM E23, Welding Handbook (2001), Figura 3.10, assim como o número mínimo
de três corpos-de-prova para cada seção examinada, sejam ZF, ZTA e metal de
base (MB). A posição de usinagem do entalhe foi conforme Tabela 3.4.
Tabela 3.4 Posicionamento do entalhe nas regiões do cordão de solda e MB
Seção examinada
ZF
ZTA
MB
Posição do entalhe
Coincidente com
centro do cordão
A 2 mm do centro
do cordão
Em qualquer
região do MB
46
Figura 3.10 Representação esquemática da localização dos corpos-de-prova
Charpy. (FIGUEIREDO, 2004).
As amostras das chapas para os corposde-prova do ensaio Charpy foram
rebaixadas na sua espessura nominal de 9,5 mm para 5,1mm e depois retificadas
para 5,0±0,05 mm. Na sequência foram recortadas utilizando cortadora
metalográfica AROTEC modelo COR-40, com disco de corte AA-4 Liso, Ø 230 x 1,5
mm, sob refrigeração, obtendo-se as dimensões de 10x5 mm, com seção resistente
de 8x5 mm, segundo a norma ABNT NBR 6157 (1980).
Na sequência, os corpos-de-prova foram entalhados em "V" com profundidade
de 2±0,05 mm e raio 0,25±0,025 mm, usinados numa brochadeira vertical marca
PANAMBRA, utilizando ferramenta (brocha) com perfil normatizado para tal fim,
Figura 3.11.
Figura 3.11 Dimensões do corpo-de-prova reduzido e o detalhe do entalhe Charpy.
Adaptada de (ABNT NBR 6157, 1980).
Os testes foram realizados num pêndulo para ensaio de resistência ao impacto,
com capacidade de 0 a 300J, marca PANAMBRA modelo JB 300B, com o martelo
de 150 J, acionado eletricamente e com indicação analógica da energia absorvida
em (J).
a=10± 0,05 mm, b=5± 0,05 mm, r=0,25 ±0,025 mm, v= 45
o
± 2
o
55 (±0,06)
mm
47
A temperatura de ensaio foi de acordo com a norma AWS D1. 1 (2008), na qual
disciplina que esses ensaios devem ser realizados a uma temperatura máxima de -
18
o
C, sendo usada à temperatura de -20
o
C. Para tanto, as amostras foram
resfriadas a -50
o
C, num equipamento chamado ultra freezer marca INDREL modelo
IULT 335D, em seguida equalizadas para a temperatura de ensaio.
3.3.9 Ensaios de resistência à tração
Para a preparação dos corpos-de-prova com vistas a avaliar a resistência do
cordão de solda, foram retiradas três amostras de cada experimento, totalizando 27
corpos-de-prova, com a localização segundo a Norma AWS D1. 1 96, na direção
transversal da amostra na qual o seu eixo longitudinal é perpendicular ao eixo
longitudinal do cordão de solda.
As amostras foram serradas utilizando serra de fita contínua, marca
RONEMARK modelo MR-250, Figura 3.12. Em seguida, foram usinadas em máquina
CNC, com as dimensões e tolerâncias, conforme norma ABNT NBR 6152.
Figura 3.12 Fotografia de amostras serradas para confecção de corpos-de-
prova ensaio de tração.
Os ensaios de resistência à tração dos cordões de solda foram executados
segundo a norma ABNT NBR 6152, a qual recomenda temperatura ambiente entre
48
10
o
C e 35
o
C, seguindo ainda os demais procedimentos e as orientações dessa
norma quanto às dimensões, tolerâncias e forma dos corpos-de-prova, condições de
ensaio (velocidades do ensaio, métodos de fixação, determinações e incertezas dos
valores das tensões).
Os testes foram realizados numa quina marca EMIC modelo DL-2000, com
célula de carga Trd12 de compacidade até 20 kN, controlada por computador, por
meio do programa TESC Versão 3.05. O ensaio foi à temperatura ambiente de 25
o
C
e a velocidade de tensionamento de 25 mm/min.
3.3.10 Ensaios de dureza
Para a avaliação da dureza foi utilizado o ensaio Vickers (HV) por meio de
medições com o durômetro marca MITUTOYO modelo HM-100 Serie 810-127 A,
com carga de 1,0 kgf, utilizando software HM Versão 5.0 equipado com penetrador
piramidal de diamante com base quadrada. A medição foi na seção transversal da
solda em doze pontos, possibilitando a obtenção de um perfil de dureza ao longo
cordão de solda, distribuído em três linhas conforme Figura 3.13. O tempo de
permanência sob carga para cada ensaio foi de 30s, Os corpos-de-prova foram os
mesmos utilizados para os ensaios metalográficos. O distanciamento mínimo entre
impressões consecutivas de 0,5 mm seguiu o previsto pela norma ASTM E 389
(1998).
Figura 3.13 Desenho esquemático da seção transversal da solda e das
impressões de dureza. Adaptada de (CAMPOS, 2005).
49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios
realizados consoante descrição no Capítulo 3, os quais foram comparados em
relação às mudanças dos valores preestabelecidos para cada parâmetro variável,
assim como foi feita à discussão pertinente aos efeitos dessas mudanças nas
propriedades, na taxa de deposição do metal de adição, nas microestruturas do
metal de base e da solda.
4.1 Microestruturas encontradas nas regiões da solda
4.1.1 Zona Fundida (ZF)
A região da zona fundida apresentou os seguintes microconstituintes, grãos
colunares de ferrita acicular AF, com ferrita de contorno de grãos PF(G), regiões
com ferrita de segunda fase alinhada FS (A) e ferrita intragranular poligonal PF (I),
Figuras 4.1 A e 4.1 B a seguir. A presença dessas microestruturas era esperada
conforme citado no item 2.7.
Foi observada a presença de grãos de perlita colunares FC (P), Figura 4.1 A,
que cresceram a partir dos grãos do metal de base (na mesma direção
cristalográfica) e ferrita primária PF (I), Figura 4.1 B.
Figura 4.1 Microconstituintes encontrados na Zona Fundida.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 50
4.1.2 Zona Termicamente Afetada (ZTA)
A região da ZTA apresentou grão de ferrita ao se aproximar do metal de base e
na região contígua a zona fundida, apresentou ferrita com segunda fase alinhada FS
(A), Figura 4.2 A. Na região próxima do segundo passe foram encontrados grãos
refinados de ferrita e de perlita, Figura 4.2 B.
Esse refino de grão era esperado e decorreu provavelmente da austenitização
da região do passe anterior pelo passe subsequente, alinhando-se com as
afirmativas de Marques et al., (2008) e Davis & King apud Santos Neto, (2003).
Figura 4.2 - Microconstituintes encontrados na ZTA.
A presença de grande quantidade de ferrita nas microestruturas encontradas
nessa zona que a mesma esta associada a altos níveis de resistência, como foi
citado no item 2.8, o que veio a se confirmar no comportamento do material da
solda, comprovando-se os resultados dos ensaios de resistência à tração, mostrados
na Tabela 4.7 (p.62).
4.1.3 Zona de Ligação
Na região da Zona de Ligação as microestruturas observadas na fronteira entre
a ZF e a ZTA, Figura 4.3 A, apresentou grãos colunares de perlita FC(P), ferrita de
contorno de grão PF(G) e ferrita acicular AF (ripas claras), Figura 4.3 (B).
Capitulo 4 Resultados e Discussão 51
Figura 4.3 - Microconstituintes encontrados na Zona de Ligação.
Foram encontrados ainda grãos de perlita colunares que cresceram a partir dos
grãos do metal de base (na mesma direção cristalográfica) e ferrita primária (PF). No
metal de base foi observada a presença de colônias de perlita FC(P) e ferrita
primária (PF) ou proeutetóide com morfologia acicular, Figura 4.4..
Figura 4.4 - Microconstituintes encontrados próxima da linha de ligação.
4.2 Morfologia do cordão de solda
Nos pré-testes de caracterização morfológica da largura, do reforço e da
penetração do cordão de solda observou-se a adequada seleção dos valores
utilizados da tensão, V
alim
e DBCP, a facilidade com que a transferência metálica foi
Capitulo 4 Resultados e Discussão 52
efetuada e a formação mínima da escória, necessitando apenas de uma rápida
limpeza com escova de aço rotativa, para preparar o conjunto ao passe seguinte.
4.2.1 Efeito da tensão.
A Figura 4.5 apresenta as macrografias obtidas para as tensões do arco de 26
V e 34 V, com a mesma DBCP de 16 mm e velocidade de alimentação de 10 m/min.
Verifica-se a redução da penetração e do reforço e a aumento da largura do cordão
de solda com a mudança do nível de tensão.
4.5 a) 26 V 4.5 b) 34 V
Figura 4.5 Alterações na morfologia da solda com o aumento de 26 V para 34 V.
Conforme dados da Tabela 4.5, a largura aumento 23,43%, com a mudança
da tensão de 26 V para 34 V. Tal comportamento está de acordo com descrito na
literatura, (WAINER et al., 1992).
Tabela 4.1 Resultados da determinação da morfologia em relação à tensão.
Morfologia
Tensão (V)
26
34
Largura
Unidade
(mm)
12,29
15,17
Comportamento
Aumentou
-
23,43%
Reforço
Unidade
(mm)
2,62
2,41
Comportamento
Reduziu
-
8,01%
Penetração
Unidade
(mm)
7,61
6,96
Comportamento
Reduziu
-
8,54%
Capitulo 4 Resultados e Discussão 53
O comportamento do reforço do cordão para os mesmos níveis de mudança da
tensão apresentou redução de 8,01%, Tabela 4.1. Esse comportamento se alinha,
por analogia, com a afirmativa de RODRIGUES (2005), que ao estudar o índice de
convexidade (relação do reforço pela largura do cordão), concluiu que, aumentando-
se a tensão, tem-se uma diminuição desse índice. Isso foi verificado com a mudança
da tensão de 26 V para 34 V, que fez reduziu em 8,01% o reforço e aumentou em
23,43% a largura, validando assim o comportamento do reforço em relação ao
aumento da tensão.
Com relação do efeito da tensão sobre a penetração, a Tabela 4.1 mostra que
a penetração reduziu em 8,54% com a mudança da tensão de 26 V para 34 V. Tal
comportamento está de acordo com a literatura, (WAINER, 1992).
De forma geral o comportamento da morfologia do cordão não apresentou
alterações significativas nos valores absolutos da largura, que aumentou 2,88 mm,
do reforço e da penetração que reduziram respectivamente 0,65 mm e 0,21 mm, em
relação à mudança da tensão de 26 V para 34 V, Figura 4.6..
Morfologia X Tensão
0
2
4
6
8
10
12
14
16
26 V 30 V 34 V
Tensão (V)
Dimensãoes do cordão de
solda (mm)
Largura Reforço Penetração
Figura 4.6 Comportamento da morfologia do cordão de solda em função da
tensão.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 54
4.2.2 Efeito da velocidade de alimentação
Conforme a Tabela 4.2 com a mudança V
alim
de 12,5 m/min para 10 m/min,
ocorreu aumento da largura, do reforço e da penetração do cordão de solda
respectivamente de 14,26%, 8,6% e 10,43%.
Tabela 4.2 Resultados da determinação da morfologia em relação a V
alim.
Morfologia
V
alim
(m/min)
10
12,5
Largura
Unidade
(mm)
12,53
14,26
Comportamento
Aumentou
-
13,80%
Reforço
Unidade
(mm)
2,44
2,65
Comportamento
Aumentou
-
8,60%
Penetração
Unidade
(mm)
6,71
7,41
Comportamento
Aumentou
-
10,43%
Resumidamente o comportamento da morfologia do cordão em relação às
mudanças de valores da V
alim
não apresentou alterações significativas na largura, no
reforço e na penetração. Figura 4.7.
Morfologia X V
alim
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
10,00 11,25 12,50
Valim (cm/min)
Dimnsões do cordão de solda
(mm)
Largura Reforço Penetração
Figura 4.7 - Comportamento da morfologia do cordão de solda em função da V
alim.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 55
4.2.3 Efeito da DBCP.
Os dados da Tabela 4.3, indicam que a mudança na DBCP de 16 para 20 mm,
a largura reduziu 1,66 mm, o reforço apenas 0,21 mm e a penetração 0,68 mm. Esse
comportamento está de acordo com o apresentado no gráfico da Figura 2.5 (p.13).
Tabela 4.3 - Resultados da determinação da morfologia em relação à DBCP.
Morfologia
DBCP (mm)
16
20
Largura
Unidade
(mm)
13,73
12,07
Comportamento
Reduziu
-
12,09%
Reforço
Unidade
(mm)
2,72
2,51
Comportamento
Reduziu
-
7,72%
Penetração
Unidade
(mm)
7,72
7,04
Comportamento
Reduziu
-
8,80%
De forma geral o comportamento da morfologia do cordão, consoante a Figura
4.8, não apresentou alterações significativas nos valores absolutos da largura,
reforço e penetração, em relação às mudanças da distância bico de contato-peça.
DBCP x Morfologia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
16 18 20
DBCP (mm)
Dimensões do cordão de
solda (mm)
Largura Reforço Penetração
Figura 4.8 - Comportamento da morfologia do cordão de solda em função da
DBCP.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 56
4.3 Taxa de deposição
Os valores da taxa de deposição de cada experimento são apresentados no
APÊNDICE B.
A Tabela 4.4 apresenta para cada parâmetro de soldagem os valores médios
da taxa de deposição selecionados para cada nível de tensão, V
alim
e DBCP
utilizados.
Tabela 4.4 Resultados da taxa de deposição obtida em relação à tensão, V
alim
e DBCP.
Parâmetro de
soldagem
Taxa de deposição (Kg/h)
Valor Médio
(kg/h)
Desvio
Padrão
Tensão
(V)
26
3,42
4,14
3,24
3,60
3,60
0,39
34
3,06
4,32
3,42
4,21
3,75
0,89
V
alim
(m/min)
10
3,42
3,06
3,24
3,42
3,28
01,8
12,5
4,14
4,32
3,60
4,21
4,07
0,13
DBCP
(mm)
16
3,42
3,06
4,14
4,32
3,74
0,59
20
3,24
3,42
3,60
4,21
3,62
0,42
4.3.1 Efeito da tensão na taxa de deposição
Em relação a esse parâmetro, o maior valor médio da taxa de deposição foi de
3,75 kg/h para a tensão de 34 V, Tabela 4.4, sem que ocorresse porosidade ou
mordedura no cordão de solda. Representando um aumento médio de 4,17% em
relação à tensão de 26 V. Esse comportamento está de acordo com RODRIGUES
(2005), o qual verificou que o aumento isolado da tensão não causa uma variação
significativa, porém a interação tensão-DBCP maximiza a taxa de deposição para a
combinação da tensão máxima com DBCP mínima. Como será mostrado a seguir no
item 4.3.3.
4.3.2 Efeito da velocidade de alimentação na taxa de deposição
Com a mudança da V
alim
de 10 m/min para 12,5 m/min, a taxa de deposição
apresentou um aumento no valor médio de 24,08%. Tabela 4.4.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 57
Esse comportamento da proporcionalidade da taxa de deposição com a V
alim
alinha-se com a literatura apresentada no item 2.4.2, a qual cita a relação direta da
corrente de soldagem com a velocidade de alimentação, e ainda com o gráfico da
Figura 2.3 (p.9).
4.3.3 Efeito da DBCP na taxa de deposição
Os dados da Tabela 4.4, mostram que a mudança na DBCP de 16 mm para 20
mm resultou uma redução média na taxa de deposição de 3,23%.
Esse comportamento condiz com o relatado na literatura citada no item 2.3 e
mostrado no gráfico da Figura 2.3 (p.9), na qual segundo RODRIGUES (2005), a
partir de 15 mm e até um valor de 17,5 mm na DBCP, tem-se um acréscimo da taxa
de deposição, e a partir desse valor essa resposta começa a diminui, o que se
confirmou nos resultados obtidos nessa pesquisa, para a DBCP de 20 mm.
Relacionado os efeitos concomitantes da tensão, velocidade de alimentação e
distância bico de contato-peça, sobre o comportamento da taxa de deposição,
destaca-se a velocidade de alimentação como o parâmetro de maior significância,
conforme Figura 4.9.
Taxa de deposição X Tensão, V
alim
e DBCP
3,0
3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
3,6
3,7
3,8
3,9
4,0
4,1
4,2
1 2 3
Pametros
Taxa de deposição (kg/h)
Tensão (V) Valim (m/min) DBCP (mm)
Figura 4.9 Comportamento da taxa de deposição em relação à tensão, V
alim
e
DBCP.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 58
4.3.4 Efeito da energia de soldagem na taxa de deposição
O gráfico da Figura 4.10 mostra a taxa de deposição máxima de 4,32 kg/h
correspondendo à energia de soldagem de 145,7 J/cm, ocorrida para o Experimento
4, com os seguintes parâmetros: 34V, 12,5 m/min e 16mm, conforme Tabela 4.5.
Taxa de deposição X Energia de soldagem
2,5
2,7
2,9
3,1
3,3
3,5
3,7
3,9
4,1
4,3
4,5
91,1 94,85 104 108,16 115,2 127,84 130,56 134,91 145,79
Energia de soldagem (J/cm)
Taxa de depsosição (Kg/h)
Figura 4.10 Taxa de deposição em relação à energia de soldagem.
Tabela 4.5 Resultados da taxa de deposição e da energia de soldagem.
Experimento
Tensão
(V)
V
alim
(m/min)
DBCP
(mm)
Corrente
(A)
Taxa de
deposição
(kg/h)
Energia de
soldagem
(J/cm)
PC
30
11,5
18
240
4,14
115,20
1
26
10
16
228
3,42
94,85
2
34
10
16
240
3,06
130,56
3
26
12,5
16
260
4,14
108,16
4
34
12,5
16
268
4,32
145,79
5
26
10
20
219
3,24
91,10
6
34
10
20
235
3,42
127,84
7
26
12,5
20
250
3,60
104,00
8
34
12,5
20
248
4,21
134,91
Capitulo 4 Resultados e Discussão 59
Por outro lado a menor taxa de deposição foi de 3,24 kg/h com a energia de
91,10 J/cm, ocorrida para Experimento 5, que teve os seguintes parâmetros de
soldagem: 26 V, 10 m/min e 20 mm, Tabela 4.5. Podendo-se inferir que a tensão,
não de forma isolada, mas quando associada à baixa velocidade de alimentação
(a
menor foi de 10 m/min), foi o parâmetro de maior contribuição para a redução da
energia de soldagem e da taxa de deposição, isso foi verificado nos Experimentos 1
e 5, Tabela 4.5.
4.4 Resistência ao impacto
Os resultados obtidos da energia absorvida (J) nos ensaios de resistência ao
impacto, Charpy criogênico, nas zonas ZF, ZTA e metal de base, em relação à
tensão, V
alim
e DBCP, utilizados, o apresentados na Tabela 4.6. O detalhamento
dos valores obtidos de cada um desses parâmetros encontra-se tabelados no
APÊNDICE B.
Tomando como referência o valor de 35,30 J, correspondente à média da
energia absorvida verificada para o metal de base (100%), comparativamente se
verifica que, a região da ZF apresentou uma redução de 1,7% (34,71 J) e na ZTA de
2,43% (34,46 J), mesmos assim esses valores estão acima do mínimo recomendado
de 34 J, para o Aço ASTM A-36. Podendo-se concluir que a proximidade nos valores
de energia absorvida apresentados foi um resultado positivo, e que não houve
interferência significativa na resistência ao impacto para os níveis de valores da
tensão, velocidade de alimentação e DBCP utilizados nesta pesquisa.
Tabela 4.6 Resultados da energia absorvida em relação à tensão, V
alim
e DBCP.
Regiões
da solda
Tensão (V)
V
alim
(m/min)
DBCP (mm)
Valor
médio (J)
26
34
10
12,5
16
20
Energia absorvida (J)
ZF
34,27
34,31
34,99
34,64
35,06
34,67
34,71
ZTA
34,55
35,01
34,17
35,49
32,37
35,26
34,46
MB
35,30
35,40
35,30
36,03
35,29
34,47
35,30
No APÊNDICE B são apresentados os valores da energia absorvida, obtidos
em três corpos-de-prova de cada uma das regiões da solda.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 60
Foi verificado que todos os corpos-de-prova rompidos nos ensaios Charpy,
apresentaram à fratura de aspecto fosco ou fibroso correspondendo à fratura dúctil,
CALLISTER, (2002), caracterizada por deformação bastante pronunciada antes da
ruptura total da seção resistente original.
De forma geral, praticamente todos os valores médios estão acima do valor
mínimo de 34 J recomendado para o aço ASTM A-36, portanto aceitáveis, a exceção
para um caso ocorrido na região da ZTA com a DBCP de 16 mm, cuja média
registrou 32,37 J.
4.5 Resistência à tração
Os ensaios de tração transversal comprovaram a integridade das juntas
soldadas, em razão de que todos os corpos de provas romperam no metal de base.
Na Figura 4.11 são apresentados os corpos-de-prova dos experimentos PC, 1,4 e 8,
soldados com os seguintes parâmetros de (30 V, 11,25 m/min, 18 mm), (26 V, 10
m/min, 16 mm), (34 V, 12,5 m/min; 16 mm) e (34 V, 12,5m/min, 20 mm).
Figura 4.11 Fotografias de corpos-de-prova rompidos no ensaio de tração.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 61
As médias dos resultados desses ensaios tomadas para os parâmetros de
soldagem tensão, velocidade de soldagem e distância bico de contato-peça
mostrados na Tabela 4.7, apresentaram uma uniformização de valores acima do
valor mínimo de resistência à tração recomendado pela ASTM para o aço A-36, que
é de 400 MPa, portanto são aceitáveis. É mostrado também o valor médio da
energia de soldagem (J/cm) para cada um dos três parâmetros relacionados.
Tabela 4.7 Resistência à tração em relação à tensão, V
alim
e DBCP.
Parâmetros de
soldagem
Resistência à Tração
(MPa)
Média
(MPa)
Desvio
padrão
Energia
(J/cm)
Tensão
(V)
26
410,9
404,2
413,2
409,4
4,3
98,9
34
403,9
406,3
405,8
405,3
1,3
136,2
V
alim
(m/min)
10
410,9
406,3
413,2
410,1
3,5
106,8
12,5
403,9
404,2
405,8
404,6
3,0
136,2
DBCP
(mm)
16
405,9
403,9
406,2
405,3
1,3
112,8
20
412,3
410,2
411,8
411,4
1,1
97,6
4.5.1 Efeitos da tensão na resistência à tração
Com relação à tensão foi verificado o maior valor médio de resistência à tração
para a tensão de 26 V, Tabela 4.7, porém, a energia de soldagem foi a mais baixa
(98,9 J/cm). Esse comportamento deve ser explicado conjuntamente com a variação
da DBCP, como mostrado Figura 2.6 (p.14), a qual relaciona a tensão e corrente.
Quando a DBCP é aumentada (de l
1
p/ l
2
), a tensão aumenta e a corrente diminui, e
consequetemente a energia de soldagem diminui, o que ficou evidenciado através
dos resultados mostrados na Tabela 4.7. Em suma, o valor médio ligeiramente maior
da resistência à tração para 26 V, provavelmente foi em razão da menor energia de
soldagem aportada ao material quando da soldagem com esse nível de tensão.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 62
4.5.2 Efeitos da velocidade de alimentação na resistência à tração
A Tabela 4.7 mostra que para a V
alim
de 10 m/min foi obtido o maior valor médio
de resistência à tração e menor de energia de soldagem em relação a V
alim
12,5
m/min, provavelmente em razão da proporcionalidade da velocidade de alimentação
com a corrente de soldagem, como citado no item 2.4.2, o que pode ter ocasionado
menores transformações metalúrgicas no metal de base.
4.5.3 Efeitos da DBCP na resistência à tração
A média dos resultados para a DBCP de 16 mm apresentou menor valor de
resistência à tração em relação à DBCP de 20 mm, e maior valor de energia de
soldagem. Isso provavelmente em razão de que, quanto maior for a DBCP, menor
será a corrente, o que faz reduzir o aporte térmico, e com isso menor transformação
metalúrgica no metal de base, como comentado no item 2.4.3 e verificada pela
redução da energia de soldagem, como mostra a Tabela 4.7..
Em razão da manutenção da integridade das juntas soldadas ficou comprovado
nesses ensaios, que não houve prejuízo da resistência à tração do material de base,
em razão dos valores utilizados nessa pesquisa da tensão, velocidade de
alimentação e DBCP.
4.6 Dureza
Objetivando a verificação de possíveis alterações da dureza nas regiões do
cordão de solda, foi realizada a caracterização da dureza dos conjuntos soldados
em função da variação da tensão, da velocidade de alimentação e da DBCP.
O aumento da dureza em soldagem está associado à formação de fases mais
duras e mais susceptíveis ao trincamento pela fragilização tanto do material de base
como do material da solda.
4.6.1 Efeitos da tensão na dureza
Os resultados da dureza Vickers em relação à tensão de soldagem mostrados
na Figura 4.12, tomada nos pontos de 1 a 4 sobre a ZF, revelam maiores valores de
dureza para a tensão de 26 V.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 63
Efeito da tensão na Dureza HV
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos de medição
Dureza (HV1)
Tensão 26 V Tensão 30 V Tensão 34 V
ZF
ZTA
MB
Figura 4.12 Comportamento da dureza na ZF, ZTA e MB em relação à tensão.
Na ZTA (pontos 4 a 8), se observa aumento dos valores da dureza para a
tensão de 34 V, e uma redução para a tensão de 26 V, mantendo-se quase que
constante até a região do metal de base.
Fato importante observado foi que, embora os maiores valores de dureza
tenham sido na ZTA para a tensão de 34 V (Figura 4.12), mesmo assim foram
menores do que os registrados na ZF para a tensão de 26 V, mostrando-se viável a
utilização da tensão de 34 V.
4.6.2 Efeitos da velocidade de alimentação na dureza
O comportamento da dureza em relação à velocidade de alimentação
visualizado no gráfico da Figura 4.13, apresentou o desenho das curvas semelhante
ao da tensão (Figura 4.12), porém diferentemente dos valores desses parâmetros
que apresentaram comportamento inverso, ou seja, para o maior nível de V
alim
(12,5
m/min), correspondendo ao de menor nível de tensão usado (26 V). Esse
comportamento se alinha com a relação tensão x V
alim
mostrado na Figura 2.4 (p 12).
Capitulo 4 Resultados e Discussão 64
Efeito da V
alim
na Dureza HV
0
50
100
150
200
250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Disncia ao centro do cordão (mm)
Dureza (HV)
Valim 10,0 m/min Valim 11,25 m/min Valim 12,5 m/min
ZF
ZTA
MB
Figura 4.13 Comportamento da dureza na ZF. ZTA e MB em relação à V
alim.
4.6.3 Efeitos da DBCP na dureza
A Figura 4.14 a seguir, apresenta graficamente a visualização dos valores
médios obtidos de dureza para as três regiões, zona de fusão (ZF), ZTA e metal de
base (MB), em função da distância ao centro do cordão de solda. Os valores
indicam que, para todas as medições efetuadas no metal da solda, a ZF apresentou
maiores valores de durezas do que as demais regiões do cordão de solda, assim
como a ZTA registrou durezas maiores que a do metal de base.
Efeito da DBCP na dureza
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos de medição
Dureza (HV1)
DBCP 16 mm DBCP 18 mm DBCP 20 mm
ZF
ZTA
MB
Figura 4.14 Efeito da distância bico de contato-peça na dureza.
Capitulo 4 Resultados e Discussão 65
Com base nos resultados das médias das durezas de cada região dos
conjuntos soldados, mostrados no gráfico da Figura 4.15, pode-se concluir que, com
a mudança na DBCP de 16 para 20 mm, ocorreu uma diminuição da dureza na
ordem de 15,13% na ZF, aumentos de 16,59% na ZTA e de 9,53% na região do
metal de base próxima ao cordão de solda.
Com a alteração na DBCP de 16 para 20 mm a dureza aumentou na ZTA em
16,59% e no metal de base em 9,53%.
Dureza nas Zonas do Cordão de Solda
230,0
195,2
157,3
183,4
145,8
159,7
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
1
Zonas ZF ZTA MB
Dureza (HV1)
DBCP 16 mm ZF DBCP 20 mm ZF DBCP 16 mm ZTA
DBCP 20 mm ZTA DBCP 16 mm MB DBCP 20 mm MB
Figura 4.15 Durezas na ZF, ZTA e Metal de Base dos cordões de solda.
66
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões gerais
Para os valores de parâmetros utilizados nessa pesquisa pode-se concluir que:
O aumento da tensão de soldagem de 26 V para 34 V resultou numa maior
largura do cordão de solda, com aumento de 23,4%. Por outro lado reduziu o
reforço em 8,0% e a penetração em 8,5%.
Mudança na velocidade de alimentação do arame (V
alim
) de 10 m/min para
12,5 m/min resultou um acréscimo de 13,8% na largura, de 8,6% no reforço e
de 10,4% na penetração.
Com o aumento da distância bico de contato-peça (DBCP) de 16 para 20 mm,
houve reduções nas três dimensões do cordão de solda, sendo de 12,0% na
largura, de 7,7% no reforço e de 8,8% na penetração.
Mesmo ocorrendo variações de dureza nas diferentes regiões da solda (ZF,
ZTA e MB), com a zona de fusão apresentando valores mais elevados,
provavelmente pela presença nessa região de agregados de ferrita com
carbonetos (FC) incluindo perlita FC(P), todos os valores de dureza
encontrados ficaram dentro dos limites normatizados para qualificar a
fragilização da solda.
Os ensaios de resistência à tração e de resistência ao impacto confirmaram
os níveis adequados exigidos por norma para todas as condições de ensaio.
A taxa de deposição foi alterada mais intensamente pela variação da
velocidade de alimentação, aumentando em 24,08%. Por outro lado, não
houve alteração significativa com relação às medias da tensão que aumentou
em 4,17% e da DBCP, que reduziu em 3,23%.
Obteve-se taxa de deposição da ordem de 4,32 kg/h, valor esse bem superior
se comparável às taxas de deposição obtidas pelo processo GMAW, quando
utilizado V
alim
de 12,5m/min, tensão de 34 V e DBCP de 16 mm. Destaca-se a
velocidade de alimentação, dentre os parâmetros utilizados, como sendo o de
maior significância na taxa de deposição.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 67
5.2 Recomendações para trabalhos futuros
Análise econômica dos resultados utilizando misturas de gases.
Estudo dos parâmetros de soldagem utilizando outros tipos de juntas.
Análise da produtividade dos parâmetros de soldagem utilizando arame
tubular autoprotegido.
Análise de inclusões de óxidos em cordão de solda produzido pelo FCAW,
utilizando microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Produção Científica no Período (Março 2008 Agosto 2009)
PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO PERÍODO
Solidification of Undercooled Pb-Sb Alloys
José Costa de Macedo Neto, Emanuel Rezende Rodrigues, Luiz Ivan
Negrin, José Luiz Valin Rivera, Áureo Anderson de Assis Monteiro,
Gildeones Andrade Protázio and José Lindon Johnson de Melo.
Abstract Rapid Solidification Processing (RSP), of metals and alloys, is establish by
increasing of the undercooling applying high cooling rates (102 - 106 K/s) or by reduce
nucleation sites using low cooling rates (1 K/s). Melt undercooling opens new solidification
pathways for new non-equilibrium phases and unusual microstructures. Several techniques
have been developed to reduce nucleation sites and produce increased undercooling in metals
and alloys including the fluxing technique. The aim of this paper is to study the influence of
the undercooling level on microstructures of Pb-7,6 % Sb alloy by using the fluxing
technique. Samples without flux and with flux 30% P2O5 + 20% Sn O + 50% SnF2 (%mol)
were used. The increasing undercooking occurred in sample that used flux and the refinement
primary dendrites and eutectic was observed when the undercooking increases. Increasing the
undercooking led to a higher growth rate, hence morphological refinement occurs.
Key Words Undercooking, Pb-Sb alloys, microstructure, rapid solidification.
Referências 69
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Apêndice A Morfologia em relação à Tensão, V
alim
e DBCP 73
APÊNDICE A MORFOLOGIA EM RELAÇÃO À TENSÃO, V
ALIM
E
DBCP.
Resultados da morfologia em relação à tensão
Tensão
Largura (mm)
Média
Desvio
Padrão
26 V
11,78
12,80
12,30
12,26
12,29
0,42
34 V
15,60
15,53
14,40
15,13
15,17
0,57
Reforço (mm)
26 V
2,77
2,85
2,66
2,19
2,62
0,30
34 V
2,48
2,60
2,00
2,55
2,41
0,28
Penetração (mm)
26 V
7,62
7,62
7,60
7,59
7,61
0,02
34 V
6,96
7,04
7,06
6,79
6,96
0,12
Resultados da morfologia em relação à V
alim
V
alim
(m/min)
Largura (mm)
Média
Desvio
Padrão
10,0
11,78
12,60
13,22
13,22
12,53
0,59
12,5
13,99
13,53
14,40
15,13
14,26
0,68
Reforço (mm)
10,0
2,77
2,18
2,60
2,19
2,44
0,30
12,5
2,85
2,99
2,19
2,55
2,65
0,35
Penetração (mm)
10
6,32
6,52
6,95
7,04
6,71
0,34
12,5
7,73
7,72
7,12
7,06
7,41
0,37
Resultados da morfologia em relação à DBCP
DBCP
(mm)
Largura (mm)
Média
(mm)
Desvio
Padrão
16
13,78
13,60
13,99
13,53
13,73
0,21
20
12,52
11,22
12,24
12,30
12,07
0,58
Reforço (mm)
16
2,77
2,48
2,85
2,77
2,72
0,16
20
2,66
2,52
2,29
2,55
2,51
0,16
Penetração (mm)
16
7,62
7,82
7,73
7,72
7,72
0,14
20
6,95
7,04
7,12
7,06
7,04
0,04
Apêndice B Taxa de Deposição e Energia de Soldagem 74
APÊNDICE B - TAXA DE DEPOSIÇÃO E ENERGIA DE SOLDAGEM
Experimento
Resultados
Taxa de
deposição
(1)
Energia de
Soldagem
(2)
Corrente
Massa das amostras (kg)
(A)
m
inicial
m
final
∆m
kg/h
(J/cm)
PC
240
4,870
4,985
0,115
4,14
115,20
1
228
4,870
4,965
0,095
3,42
94,85
2
240
4,820
4,905
0,085
3,06
130,56
3
260
4,870
4,985
0,115
4,14
108,16
4
268
4,890
5,010
0,120
4,32
145,79
5
219
4,840
4,930
0,090
3,24
91,10
6
235
4,875
4,970
0,095
3,42
127,84
7
250
4,865
4,965
0,100
3,60
104,00
8
248
4,855
4,972
0,117
4,21
134,91
(1) Calculada pela Equação 3.1, com o tempo de soldagem para dois passes,
conforme APÊNDICE C.
(2) Calculada pela Equação 2.1.
Apêndice C Cálculo do tempo de soldagem 75
APÊNDICE C - CÁLCULO DO TEMPO DE SOLDAGEM
Espaço percorrido pelo arame tubular durante a soldagem
25
cm
Velocidade de soldagem (v ), constante
30
cm/min
Tempo de soldagem por passe.
(h) em
60.
25
ts
v
1 passe
0,0139
h
2 passes
0,0278
h
Apêndice D Resultados do Ensaio Charpy 76
APÊNDICE D RESULTADOS DOS ENSAIOS CHARPY
Energia absorvida no ensaio Charpy em relação à tensão, V
alim
e DBCP.
Parâmetro
Região
da solda
Energia absorvida (J)
Desvio
padrão
Unidade
Valor
1
2
3
Média
Tensão
(V)
26
ZF
33,32
34,48
35,00
34,27
0,86
ZTA
33,62
34,12
35,90
34,55
1,20
MB
34,50
36,40
35,00
35,30
0,98
34
ZF
34,58
34,64
33,7
34,31
0,53
ZTA
35,40
35,07
34,56
35,01
0,42
MB
35,99
34,6
35,60
35,40
0,72
V
alim
(m/min)
10
ZF
34,37
36,21
34,40
34,99
1,05
ZTA
35,84
36,79
29,88
34,17
3,75
MB
34,50
36,40
35,00
35,30
0,98
12,5
ZF
34,58
34,64
34,70
34,64
0,06
ZTA
35,4
35,07
35,99
35,49
0,47
MB
36,90
35,40
35,80
36,03
0,78
DBCP
(mm)
16
ZF
36,31
34,86
34,00
35,06
1,17
ZTA
31,47
35,77
29,88
32,37
3,05
MB
34,50
36,40
34,96
35,29
0,99
20
ZF
34,58
34,64
34,8
34,67
0,11
ZTA
35,40
35,07
35,3
35,26
0,17
MB
33,60
34,50
35,30
34,47
0,85
Anexo A Especificações técnicas do arame tubular 77
ANEXO A ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ARAME TUBULAR
Anexo A Especificações técnicas do arame tubular 78
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