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de gases poluentes a atmosfera, causa incêndios em zonas rurais podendo danificar redes
elétricas, além da possibilidade do fogo atingir reservas e mananciais.
Abandonando-se essa prática, de colheita de cana-de-açúcar queimada, o palhiço
constituído por ponteiros, folhas verdes, palhas e frações de colmos remanescentes após
operações de colheita, poderia ser recolhido e utilizado visando geração de energia elétrica,
nas próprias usinas e destilarias (RIPOLI, 2002).
No processamento da cana-de-açúcar, há alta demanda de energia térmica, mecânica e
elétrica. Após a extração do caldo, é possível queimar o bagaço obtido em caldeiras,
produzindo vapor que é utilizado para obter as três fontes de energia. É importante ressaltar
que, do total da energia contida na planta de cana-de-açúcar, o álcool responde por cerca de
um terço, estando o restante distribuído entre o bagaço, os ponteiros e a palhada. Logo, a co-
geração movimenta uma cadeia energética com potencial de dobrar a energia obtida pela
produção do álcool (BIODIESELBR, 2007).
Na cultura da cana-de-açúcar, a colheita sem queimada deixa, sobre o solo, uma
espessa camada de palha, que pode superar 20 t ha
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. A palha, associada às modificações
técnicas necessárias para implementar a colheita mecânica da cultura, criou um novo sistema
de produção de cana-de-açúcar, popularmente denominado cana crua (VELINI; NEGRISOLI,
2000). A mecanização da colheita de cana crua não só aumenta o rendimento operacional do
procedimento como também reduz seu impacto ambiental, por dispensar a queima de
resíduos.
Segundo Magalhães e Braunbeck (1998), nos últimos anos têm crescido o interesse
por colhedoras de cana picada, principalmente em áreas com topografia adequada em função
de problemas relacionados à mão-de-obra. Essas máquinas cortam, picam, limpam e carregam
a cana-de-açúcar em operações integradas.
De acordo com Fernandes et al. (1977, citado por NEVES et al., 2003) a adoção dessa
modalidade de colheita de cana crua introduz certos inconvenientes, tais como: aumento dos
índices de impurezas na carga, que implicam na redução da qualidade tecnológica da matéria-
prima fornecida para moagem e perdas de cana no campo. Considera-se como impureza toda
a matéria estranha ao processamento industrial da cana-de-açúcar, ou seja, que não se prestam
à extração de açúcar ou de álcool. Geralmente, as impurezas vegetais como folhas, ponteiros e
raízes compreendem a maior porcentagem de impurezas nas cargas transportadas à usina,
seguidas pelas impurezas minerais como terra, pedras e eventuais pedaços de metal.
Ao realizar a colheita mecanizada de cana crua, as impurezas transportadas aumentam,
assim como as perdas de matéria prima. Isso se deve ao fato de não ocorrer a pré-limpeza do