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3.3 EDUCAÇÃO INFANTIL, UM LUGAR PARA BRINCAR
A Educação Infantil para Faria (1999, p.72) é um lugar “onde se pode crescer sem
deixar de ser criança, onde se descobre (e se conhece) o mundo através do brincar, das
relações mais variadas com objetos e pessoas, principalmente entre elas: as crianças”.
Respeitar as crianças e seus direitos, bem como tornar possível esse espaço implica saber
ouvir seus desejos, medos, angústias, sonhos etc. Ao fazer isso, podemos obter informações
sobre seus sentimentos, percepções que podem auxiliar no processo de interação entre o
professor e as crianças. Reis (2002, p.122) argumenta que, “ao desprezar-se o ponto de vista
das crianças na elaboração das regras e normas da creche, em muitos momentos a infância
estaria sendo negada”. Entretanto, Reis (2002, p.123) também entende que “[...] as crianças
brincam, mesmo quando os adultos não proporcionam as condições adequadas”. Embora
muitas delas estejam levando uma vida determinada pelos adultos, por suas relações de
trabalhos, seus horários, o brincar faz parte da cultura humana e é um direito das crianças.
Destaca-se, portanto, o valor e o direito de brincar sem amarras, isto é, não é um
brincar imposto, utilizado meramente como uma estratégia ou recurso ao modelo escolar.
Porém, não sem regras, conforme Brougère (2001), as regras são estabelecidas de forma
flexível, por aqueles e para aqueles que brincam, no desenrolar da atividade.
Na medida em que as crianças crescem, observamos também que o brincar evolui,
pois quando elas tornam-se capazes de simbolizar conseguem também abstrair,
desvinculando-se das situações concretas. Conforme Brougère (2001, p.99-100), “a
brincadeira é uma mutação do sentido, da realidade as coisas se tornam outras. É um espaço à
margem da vida comum, que obedece a regras criadas pelas circunstâncias. Os objetos, no
caso, podem ser diferentes daquilo que aparentam”
A criança, ao brincar, apropria-se das significações estabelecidas e as transforma
segundo seus sentimentos e experiências, além de interiorizar determinados modelos do
mundo adulto. No âmbito dos grupos sociais diversos, ela tem possibilidade de intervir e criar.
A brincadeira tem significativa importância no desenvolvimento das crianças, pois, além de
ser fonte de lazer, é também de conhecimento.
Ao brincarem, segundo Wasjkop (2001, p.33), as crianças “vão construindo a
consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de modificá-
la”, portanto, o brincar é uma forma de experimentar, criar e dominar situações, de lidar com
a realidade, experimentando e prevendo acontecimentos. Enquanto brinca, a criança conversa,
cria, se movimenta, expressa suas fantasias e desejos.