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Na análise de Soares:
Até o fim do ciclo da laranja, a cidade de Nova Iguaçu nada mais foi que
duas longas ruas, uma de cada lado da estrada de ferro, e nelas se
alinhavam residências e estabelecimentos comerciais, sendo que estes,
assim como a praça, o cinema, a prefeitura e a matriz, se situavam nas
proximidades da estação (1960, p. 74.).
Abreu tem uma visão semelhante à de Soares quando analisa o processo
de ocupação dos subúrbios cariocas. Para o autor:
O processo de ocupação dos subúrbios tomou, a principio, uma forma
tipicamente linear, localizando-se as casas ao longo da ferrovia e, com
maior concentração em torno das estações. Aos poucos, entretanto, ruas
secundárias, perpendiculares à via férrea, foram sendo abertas pelos
proprietários de terras ou por pequenas companhias loteadoras, dando
início assim a um processo de crescimento radial, que se intensificaria cada
vez mais com o passar dos anos (1996, p. 50).
Em relação à diferenciação espacial entre os distritos formadores do
município de Nova Iguaçu, assinala o documento da Fundação para o
Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (FUNDREM):
Na época do apogeu da citricultura, três áreas de características diferentes
podiam ser distinguidas nos distritos que então formavam o município de
Nova Iguaçu. A primeira, compreendendo os distritos de Cava, Queimados,
Xerém e Estrela, caracterizava-se por uma população rarefeita, pelo relevo
acidentado e pela presença de pântanos, florestas e latifúndios. A segunda
correspondia ao distrito sede, intensamente aproveitado pela citricultura,
apresentando uma numerosa população rural e terras já fragmentadas.
Numa terceira área, mais próxima ao então Distrito Federal, e
compreendendo os distritos de Nilópolis (antigo São Mateus), São João de
Meriti e Duque de Caxias, a urbanização fazia notáveis progressos (1977,
p. 18).
Em fins da década de 30, a força de trabalho da região distribuía-se entre
atividades sazonais de plantação, colheita e armazenamento de laranjas nos
grandes barracões; a agricultura de pequenos sítios alquilados nos arrabaldes e
voltada para a subsistência e comercialização do excedente; e, por fim, nas olarias
de tijolos e telhas. Entretanto, os laranjais, os barracões de beneficiamento e as
olarias não impediram que o eixo da relação com a terra se transferisse,
gradualmente, para a órbita da indústria.