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poder, o Estado. A (re)emergência do movimento indígena, inserida nos Novos Movimentos
Sociais, representa, de acordo com Libertad Borges Bittencourt, “uma das mudanças mais
significativas na cultura política dos povos indígenas, uma vez que, a partir da organização,
estes povos se consolidam como atores políticos”
79
.
Considerado objeto de estudo permanente, movimento social é um tema abordado por
diversos pesquisadores em diferentes contextos e lugares históricos. Uma característica
própria da América Latina, segundo Fernando Calderón e Elizabeth Jelin, em Classes sociais
e movimentos na América Latina
80
, “é que não existem movimentos sociais puros, ou
claramente definidos, dada a multidimensionalidade não só das relações sociais, mas também
dos próprios sentidos de ação”.
A ação política de novos sujeitos sociais a partir de novas formas de intervenção e,
consequentemente, novas demandas, envolvendo não só a questão da terra, mas a busca por
uma democracia mais participativa, direito à educação e à moradia, fez com que surgisse um
novo arcabouço teórico para dar conta deste fenômeno.
De acordo com Mária da Glória Gohn, o termo “Novos Movimentos Sociais” está
ligado às recentes formas de intervenção social proporcionada a partir da década de 90. A
expressão foi “cunhada na Europa, nas análises de Clauss Offe, Touraine e Melucci” e
engloba diversos movimentos, por exemplo, ecológicos, das mulheres e pela paz. Estes novos
Movimentos, “se contrapõem aos velhos movimentos, em suas práticas e objetivos, ou seja, se
contrapõem também ao movimento operário-sindical, organizado a partir do mundo do
trabalho”.
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79
BITTENCOURT, Libertad Borges. O movimento indígena organizado na América Latina – a luta para superar a exclusão. In:
ENCONTRO DA ANPHLAC, 4., 2001, Vitória (ES). Anais eletrônicos... Vitória (ES): ANPHLAC, 2001. Disponível em
http://www.anphlac.cjb.net. Acesso em novembro 2009.
80
CALDERÓN, Fernando; JELIN, Elizabeth. Classes Sociais e Movimentos Sociais na América Latina: perspectivas e realidades. In:
Revista Brasileira de Ciências Sociais, n.5, vol.2. 1987, p.1-20.
81
GOHN, M. G. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 2000, p.251