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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE UNIVALE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ELISEU MIRANDA DE ASSIS
PREVALÊNCIA DE ENTEROPASITORES E CONDIÇÕES
SANITÁRIAS NA COMUNIDADE INDÍGENA MAXAKALI
GOVERNADOR VALADARES/MG BRASIL
2010
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ELISEU MIRANDA DE ASSIS
PREVALÊNCIA DE ENTEROPASITORES E CONDIÇÕES
SANITÁRIAS NA COMUNIDADE INDÍGENA MAXAKALI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências Biológicas da
Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE,
como requisito para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. George Luiz Lins
Machado Coelho.
GOVERNADOR VALADARES/MG BRASIL
2010
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2
Ficha catalográfica elaborada pela ―Biblioteca Dr. Geraldo Vianna Cruz‖ - UNIVALE
Assis, Eliseu Miranda de
Prevalência de enteroparasitoses e condições sanitárias na
comunidade indígena Maxakali / Eliseu Miranda de Assis. -- 2010.
105 f.
Dissertação (mestrado) -- Universidade Vale do Rio Doce,
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas,
Governador Valadares, MG, 2010.
Orientador: George Luiz Lins Machado Coelho
1. Doenças parasitárias. 2. Parasitologia. 3. Índios Maxakali. I.
Coelho , George Luiz Lins Machado. II. Universidade Vale do Rio
Doce. III. Título.
CDD 614.55
3
ELISEU MIRANDA DE ASSIS
PREVALÊNCIA DE ENTEROPASITORES E CONDIÇÕES
SANITÁRIAS NA COMUNIDADE INDÍGENA MAXAKALI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da
Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE, como requisito para obtenção do Título
de Mestre em Ciências Biológicas.
Aprovação em 20 de Julho de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________________________
Prof. Dr. George Luiz Lins Machado Coelho
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Orientador
__________________________________________________________
Profª. Drª. Profa. Dra. Alda Maria Soares Silveira
Universidade Vale do Rio Doce
__________________________________________________________
Profº. Dr. Cláudio Santiago Dias Júnior
Universidade Federal de Minas Gerais
4
A Deus que frente aos obstáculos me deu
força.
Aos meus pais (in memorian), vocês me
fazem falta.
Ao meu orientador Dr. George, pela coragem
em propor este desafio e acreditar que eu
seria capaz de chegar ao fim.
Aos meus amigos que sempre suportaram as
minhas fragilidades.
A Schirlei, pelo apoio incondicional em todos
os momentos.
5
AGRADECIMENTOS
À FAPEMIG, à CNPq, à CAPES, ao DISEI Minas Gerais- Espírito Santo e à
FUNAI pelo apoio neste trabalho.
À UNIVALE, UFOP e UNIPAC - Teófilo Otoni pelo apoio com a infraestrutura.
Aos Coordenadores e funcionários do PÓLO BASE, em Machacalis - MG, por
auxiliar em todos os momentos.
Ao povo Maxakali pela contribuição na realização desse estudo.
A Débora, Acácia, Wilibalde, Márcio, Paulo, Gilbert, Juliana, Taíse e Joyce
que me auxiliaram na coleta dos dados em campo e aos amigos Andréia, Zenilde,
Edeilde, Marlon e família, Ronaldo, Luciano e a todos que sempre estiveram ao meu
lado.
6
“Meu pai contou pra mim, eu vou contar para
o meu filho. Quando eu morrer, ele conta
para o filho dele. É assim. Ninguém
esquece.”
Kelé Maxakalí
7
Resumo
O processo de colonização acarretou a extinção e a exclusão de muitas sociedades
indígenas que viviam no território dominado pelo homem branco. Observa-se que
doenças hoje triviais, como gripe, sarampo e coqueluche e outras mais graves, como
tuberculose e varíola, vitimaram muitas vezes sociedades indígenas inteiras.
Percebe-se que seus territórios, aldeias, vilas e moradias, não são atendidos por
políticas públicas voltadas ao saneamento básico e que a má disposição dos dejetos
possibilita o contato do homem com parasitas responsáveis por diversas doenças. A
partir dessas evidências, o objetivo geral deste estudo foi o de levantar informações
a respeito das condições de saúde da população indígena Maxakali estimando a
prevalência das enteroparasitoses e correlacionando-a com a infra-estrutura
sanitária e as condições socioeconômicas. A etnia Maxakali, apesar de todas as
tentativas de extermínio, é uma das poucas que conseguiram permanecer com os
vários aspectos de sua cultura sendo a segunda maior população indígena aldeada
do Estado de Minas Gerais com aproximadamente 1516 indivíduos, concentrando
sua pirâmide etária na primeira idade. O estudo foi do tipo transversal censitário.
Como resultado encontramos uma taxa de positividade de 89,48%, com pequena
variação quanto ao sexo; quanto a aldeia, a de Rafael (Topázio) foi a que
apresentou a maior frequência de infecção parasitária, com 96,6% de amostras
positivas. Os parasitas mais freqüentes foram a Entamoeba histolytica, Entamoeba
coli, e os Ancilostomídeos. O S. mansoni apresentou 23,7% de positividade. A taxa
de poliparasitismo foi de 71,63%. O poliparasitismo foi mais freqüente nas faixas
etárias de 19 a 59 anos com 93,9% de casos positivos. As parasitoses associaram-
se significativamente com a infra-estrutura dos domicílios, isto é, quanto piores as
condições de saneamento maiores foram as taxas de infecção. Como relevância,
este trabalho destaca-se por ser o primeiro a identificar a prevalência de parasitoses
e as condições de saneamento na população indígena Maxakali, confirmando o grau
de vulnerabilidade social, elevada taxa de infecção parasitária, elevado índice de
poliparasitismo, ausência completa de infraestrutura para tratamento de água e
destino dos dejetos nas aldeias, sendo aspectos semelhantes encontrados em
outras etnias indígenas, no Brasil.
Palavras chave: Índios Maxakali. Enteroparasitoses. Poliparasitismo.
8
ABSTRACT
The process of colonization and exclusion led to the extinction of many indigenous
societies that lived in the territory dominated by the white man. Observe that now
trivial diseases like influenza, measles and whooping cough and other more serious
conditions like tuberculosis and smallpox, often victimized indigenous societies
whole. It is perceived that their territories, towns, villages and houses are not served
by public policies related to sanitation and poor disposal of waste enables contact
with the human parasites responsible for various diseases. Based on these
evidences, the general aim of this study was to gather information about the health
conditions of indigenous people Maxakali estimating the prevalence of intestinal
parasites and correlating it with the health infrastructure and socioeconomic
conditions. Ethnicity Maxakali, despite all attempts at extermination, is one of the few
who managed to stay with the various aspects of their culture being the second
largest indigenous population in the village of Minas Gerais with approximately 1516
individuals, concentrating his pyramid at the youngest age . The study was a cross-
sectional census. As a result, we found a positivity rate of 89.48%, with little variation
by gender, as the village, Rafael (Topaz) showed the highest frequency of parasitic
infection, with 96.6% of positive samples. The most frequent parasites were the
protozoa Entamoeba histolytica, Entamoeba coli, and Ancilostomídeos. Ascaris
lumbricoides showed only 4.9% positivity. Poliparasitism rate was 71.63%. The
multiple parasitic infections were more frequent in the age groups 19-59 years with
93.9% of positive cases. Parasitic infections were significantly associated with the
infrastructure of the domiciles, ie, the worst sanitation conditions were higher
infection rates. As important, this work stands out for being the first to identify the
prevalence of parasitic diseases and sanitation conditions in the indigenous
population Maxakali, confirming the degree of social vulnerability, high rate of
parasitic infection, high rate of multiple parasitic infections, the complete absence of
infrastructure Water Treatment and Sewage facilities in villages, with similar features
found in other indigenous groups in Brazil.
Keywords: Indians Maxakali. Intestinal parasites. Polyparasitism.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
FIGURA 1
Organização do modelo assistencial indígena..............................
21
FIGURA 2
Mapa político do Centro-Leste do Brasil.......................................
23
FIGURA 3
Mapa histórico do Brasil Centro-Leste..........................................
27
FIGURA 4
Pirâmide etária da população indígena Brasileira........................
29
FIGURA 5
Pirâmide etária da população indígena Maxakali.........................
30
FIGURA 6
Distribuição dos povos indígenas em Minas Gerais.....................
44
FIGURA 7
Distribuição dos grupos residenciais da Aldeia Água Boa............
45
FIGURA 8
Distribuição dos grupos residenciais da Aldeia Pradinho.............
47
FIGURA 9
Terra Indígena...............................................................................
49
FIGURA 10
Localização do território Maxakali.................................................
50
GRÁFICOS
GRÁFICO 1
Participantes da pesquisa coproparasitológica.............................
58
GRÁFICO 2
Amostragem dos participantes do exame coproparasitológico
quanto ao sexo..............................................................................
58
GRÁFICO 3
Representativo por faixa etária dos participantes e não
participantes do exame parasitológico..........................................
59
GRÁFICO 4
Percentual de adesão ao EPF por aldeia.....................................
60
GRÁFICO 5
Sexo dos participantes que não entregaram material para
exame EPF...................................................................................
61
GRÁFICO 6
Amostragem dos participantes do exame coproparasitológico de
acordo com o sexo........................................................................
63
GRÁFICO 7
Resultado do exame EPF de acordo com a idade........................
64
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Mortalidade Maxakali por principais grupos de causas................
31
TABELA 2
Estudo comparativo da taxa de positividade de acordo com o
método parasitológico...................................................................
52
TABELA 3
Resultado do exame EPF de acordo com a aldeia.......................
66
TABELA 4
Prevalência de parasitas apontados nesse estudo.......................
67
TABELA 5
Prevalência de parasitas apontados nesse estudo por aldeia......
68
TABELA 6
Prevalência de parasitas por sexo e faixa etária..........................
71
TABELA 7
Prevalência de Protozoários patogênicos de acordo com sexo,
idade e aldeia................................................................................
72
TABELA 8
Prevalência de protozoários não patogênicos de acordo com o
sexo, idade e aldeia.....................................................................
73
TABELA 9
Prevalência de parasitas da Classe Helmintos de acordo com o
sexo, idade e aldeia......................................................................
74
TABELA 10
Infraestrutura dos domicilios nas aldeias indígenas Maxakali,
Nordeste de Minas Gerais, 2009..................................................
77
TABELA 11
Descrição dos domicílios nas aldeias indígenas Maxakali,
Nordeste de Minas Gerais, 2009..................................................
78
TABELA 12
Origem e armazenamento da água usada para beber, cozinhar
lavar roupas, vasilhas e tomar banho nas aldeias indígenas
Maxakali, Nordeste de Minas Gerais, 2009..................................
79
TABELA 13
Condições de higiene nas residências das aldeias indígenas
Maxakali, Nordeste de Minas Gerais, 2009..................................
80
TABELA 14
Geo-helmintoses nas aldeias indígenas Maxakali, Nordeste de
Minas Gerais, 2009.....................................................................
82
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BA - Bahia
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
CID-10 - Código Internacional de Doenças
CONEP - Comissão Nacional de ética em PESQUISA
DISEI - Distritos Sanitários Especiais Indígenas
EPF - Exame parasitológico de fezes
FUNAI - Fundação Nacional do Índio
FUNAS - Fundação Nacional de Saúde
GPS - Global Positioning System (Sistema de Posição Global)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MG/ES - Minas Gerais/ Espírito Santo
OMS - Organização Mundial de Saúde
PIN - Postos Indígenas
SIASI - Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena
SPI - Serviço de Proteção ao índio
SUSA - Unidades Sanitárias de Saúde
UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
UNIPAC - Universidade Presidente Antônio Carlos
UTM - Universal Transverso de Mercator
12
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.........................................................................................
13
2
REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................
16
2.1
Indígena no Brasil....................................................................................
16
2.2
A saúde indígena no Brasil......................................................................
19
2.3
História indígena em Minas Gerais..........................................................
22
2.4
Os Maxakali.............................................................................................
26
2.5
Enteroparasitoses....................................................................................
32
2.6
Poliparasitoses.........................................................................................
38
2.7
Saneamento básico.................................................................................
40
3
JUSTIFICATIVA......................................................................................
42
4
OBJETIVOS.............................................................................................
43
4.1
Objetivo geral...........................................................................................
43
4.2
Objetivos específicos...............................................................................
43
5
MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................
44
5.1
Desenho de estudo..................................................................................
44
5.2
Área de estudo.........................................................................................
44
5.3
Aspectos legais de bioética, biossegurança, expedições científicas,
propriedade intelectual e outras determinações......................................
51
5.4
Exame parasitológico...............................................................................
51
5.4.1
Inquérito sanitário.....................................................................................
53
5.4.2
Dados populacionais................................................................................
53
5.4.3
Processamento e análise de dados.........................................................
53
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................
54
6.1
Inquérito parasitológico............................................................................
54
6.2
Limitações da pesquisa............................................................................
54
6.3
Resultados do parasitológico...................................................................
57
6.4
Resultados do inquérito sanitário.............................................................
75
6.5
Correlação entre saneamento e parasitoses...........................................
81
7
CONCLUSÃO..........................................................................................
85
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................
86
REFERÊNCIAS....................................................................................................
89
13
APÊNDICE...........................................................................................................
102
APÊNDICE A.......................................................................................................
103
14
1 INTRODUÇÃO
O indígena é considerado como a parcela da população brasileira que
apresenta problemas de inadaptação à sociedade nacional. Isso ocorre devido à
conservação de costumes, hábitos ou por meras lealdades, que estão vinculadas a
uma tradição p-colombiana (RIBEIRO, 1957).
O processo de colonização acarretou a extinção e a exclusão de muitas
sociedades indígenas, que viviam no território dominado pelo homem branco
eurocêntrico. Sua ocorrência deu-se pela ação das armas, escravização, contágio
por doenças trazidas dos países distantes, e, ainda, em razão da aplicação de
políticas visando à "integração" dos índios à nova sociedade dominante, com forte
influência europeia.
Em relação ao contágio observa-se que doenças hoje triviais, como gripe,
sarampo e coqueluche e outras mais graves, como tuberculose e varíola, vitimaram,
muitas vezes, sociedades indígenas inteiras, por não terem os índios imunidade
natural a estes males (FUNAI, 2007).
No processo de exclusão social, econômica e cultural, que perdura cinco
séculos, as populações indígenas localizadas em território brasileiro, amparadas por
conquistas e direitos sociais garantidos por carta magna, continuam a mercê do
acaso e do esquecimento. Percebe-se que seus territórios, aldeias, vilas e moradias,
não são atendidas por políticas blicas voltadas ao saneamento básico e a
disposição dos dejetos possibilita o contato do homem com parasitas responsáveis
por ancilostomose, ascaridíase, amebíase, esquistossomose, teníase, entre outras
enteropasitoses. Além disso, a água quando contaminada pode transmitir também
outros agentes patogênicos de doenças bacterianas (febre tifoide; febre paratifoide;
disenteria bacilar; enteroinfecções em geral; cólera) e viróticas (hepatite infecciosa;
poliomelite) (NEVES, 2000).
Nessa perspectiva, vale explicitar que as precárias condições ambientais,
decorrentes da insalubridade das habitações, são, potencialmente, favoráveis para o
15
aumento das infecções por parasitas e, algumas vezes, até contribuem para maior
intensidade de transmissão.
Sob esse aspecto, o saneamento básico é, sem dúvida, a medida que resulta
em benefícios duradouros para a comunidade, sendo imprescindível a construção de
redes de esgotos e tratamento de água a fim de prevenir as doenças de veiculação
hídrica, isto é, o saneamento é fundamental para a promoção da saúde no homem,
buscando não apenas a ausência de doenças, mas também o bem-estar físico,
mental e social.
Coimbra Jr. e Santos (2001) analisando o perfil epidemiológico da população
indígena no Brasil, destacam o papel de diversas doenças infecto-parasitárias, no
perfil de morbimortalidade, incluindo endemias como tuberculose, malária e
leishmaniose, bem como das gastroenterites e infecções respiratórias, estas últimas
com impacto particularmente intenso no segmento infantil.
Inquéritos realizados em índios da Amazônia e do Nordeste indicam
acentuada presença de poliparasitismo, atingindo todas as faixas etárias em ambos
os sexos, devido à ausência de condições sanitárias, como a inexistência de uma
infra-estrutura de destino adequado dos dejetos e acesso a água de boa qualidade,
demonstrando uma escassez ou administração de recursos públicos para com
as populações indígenas do país (FONTBONNE et al, 2001; MIRANDA et al, 1998;
SALZANO e CALLEGARI-JACQUES, 1988).
Outro ponto importante refere-se as carências nutritivas que geralmente se
associam aos processos infecciosos, estabelecendo um ciclo de ações sinérgicas no
qual a desnutrição favorece a infecção levando ao seu agravamento. Ao se
constatar que a contaminação por parasitas esse agravamento se torna maior
ainda, situação comum observada em populações indígenas.
Deve ser destacado que é comum a utilização de cursos de água (rios e
igarapés) pela população indígena para higiene pessoal e lavagem de utensílios,
estabelecendo as condições propícias à propagação de enteroparasitoses e outros
agentes patogênicos. Dessa forma, observa-se que as enteroparasitoses podem
interferir na absorção de nutrientes, agravando os quadros de desnutrição, e podem
16
causar complicações significativas, como obstrução intestinal, prolapso retal e
formação de abscessos, além de estarem relacionadas a problemas de crescimento
físico e desenvolvimento cognitivo em crianças (FONTBONNE et al, 2001;
LINHARES, 1992; SANTOS et al, 1993; LAWRENCE et al,1980).
A partir dessas evidências, o objetivo geral deste estudo foi o de levantar
informações a respeito das condições de saúde da população indígena Maxakali,
estimando a prevalência das enteroparasitoses e permitindo às autoridades
competentes a tomada de decisão frente aos problemas levantados, usando como
indicadores as ferramentas de análise epidemiológica e cartográfica.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 INDÍGENA NO BRASIL
Conforme uma definição técnica das Nações Unidas (1986):
as comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que,
contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à
invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios,
consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão
decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus
territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência
continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões
culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos (GERSEM, 2006, p.
27).
Segundo a FUNAI (2009)
1
, os habitantes do continente americano descendem
de populações advindas da Ásia, sendo que os vestígios mais antigos de sua
presença na América, obtidos por meio de estudos arqueológicos, datam de 11 a
12,5 mil anos. Em relação aos povos indígenas, que hoje vivem na América do Sul,
sabe-se que são originários de povos caçadores que aqui se instalaram, vindos da
América do Norte através do istmo do Panamá, e que ocuparam virtualmente toda a
extensão do continente há milhares de anos.
No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11
e 12 mil anos atrás, mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí
que comprovariam ser mais antiga esta ocupação. Ainda segundo a FUNAI (2009), a
migração ocorrida no Brasil pelos portugueses em 1500, até o início do século XX,
foi a responsável pela extinção de muitas sociedades indígenas que viviam no
território.
Este fato se deve tanto pelo contágio de doenças trazidas pelos estrangeiros,
quanto pelo uso da força, por meio de guerras por posse de terra, entre portugueses
e índios. Nesse aspecto, estima-se que naquela época existiam entre 01 e 10
1
http:// http://www.funai.gov.br/indios/fr_conteudo.htm
18
milhões de índios e que na Bacia Amazônica existiram 5.600.000 habitantes.
Também em termos estimativos, os linguistas têm aceitado que cerca de 1.300
línguas diferentes eram faladas pelas muitas sociedades indígenas então existentes
no território que corresponde aos atuais limites do Brasil.
Coimbra Jr. et al. (2002), lembram que as consequências do expansionismo
europeu marcaram as comunidades nativas das Américas trazendo aos índios no
Brasil consequências que afetaram profundamente, como por exemplo: epidemias
de doenças, trabalho forçado, morte violenta, marginalização e até mesmo extinção
de inúmeras etnias.
Ribeiro (1982) aponta um déficit do contingente populacional indígena em
1957, entre o número mínimo de 68.100 e o máximo de 99.700 indivíduos,
representando uma rápida extinção dos povos remanescentes e de sua assimilação
na população brasileira. Isso possibilitou que até a década de 70 houvesse uma
fatídica integração progressiva das populações indígenas à sociedade nacional.
Para Farage (1991), desde os primeiros tempos de colonização até o início do
século XX, a assistência à saúde do índio limitava-se, basicamente, a um
complemento assistencial dependente da política da catequese. Nesse período,
algumas iniciativas isoladas, individuais ou vinculadas a políticas locais,
acompanharam os processos de expansão das fronteiras nacionais.
No documento O índio brasileiro, divulgado pelo Ministério da Educação
(2006), é colocado que os povos indígenas, em contato com o mundo global,
aprenderam também a conhecer e a valorizar a medicina dos brancos, verificando-
se isso nas demandas crescentes por medicamentos, hospitais, laboratórios e outros
meios científicos e tecnológicos.
A partir do século XX, em razão do consenso de que a população indígena
requeria uma estrutura específica para o atendimento a seus problemas, em
particular os de saúde, devido a fatores culturais e operacionais (áreas de difícil
acesso), além das epidemiológicas (falta de memória imunológica dos grupos de
contato recente para as doenças infecciosas que causavam altos índices de
mortalidade), foi instituído, em 1910, com a atuação de Rondon e seus seguidores, o
19
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), passando a assistência indígena como
responsabilidade do Estado, em nível nacional (LIMA, 1992; BLACK, 1994; SANTOS
et al, 2006).
Na segunda metade do culo XX, destaca-se a atuação das Unidades
Sanitárias Aéreas (SUSA) do Ministério da Saúde, que buscavam prestar
atendimento curativo, preventivo e de diagnóstico à saúde indígena nas regiões de
difícil acesso. Em 1960, o SPI deu lugar à Fundação Nacional do Índio (FUNAI),
criada em 1967, órgão do Ministério do Interior (LIMA, 1992; BLACK, 1994;
SANTOS, 2006).
O modelo de atendimento à saúde passou então a contar com os Postos
Indígenas (PIN), que possuíam um auxiliar de enfermagem, para desenvolver ações
curativas emergenciais e garantia à continuidade de tratamentos prolongados
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Entretanto, esse novo modelo de atenção, não
contava ainda com a participação dos índios no processo (GERSEM, 2006).
Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, o protagonismo
político foi reconhecido aos povos indígenas na garantia e na efetivação dos seus
direitos, e a participação no desenvolvimento de políticas públicas de seu interesse.
Com isso, inúmeros órgãos governamentais e não-governamentais passaram a
atuar, nos diversos campos da ação indigenista, o que permitiu o surgimento de
programas específicos gerenciados por diferentes instituições. (GERSEM, 2006).
Em 1991, ocorre a transferência da gestão da saúde indígena da FUNAI para
o Ministério da Saúde. Ainda em 1991, através do Decreto 23 pelo então
Presidente Fernando Collor de Melo, foram implantadas os DSEIs (Distritos
Sanitários Especiais Indígenas). Em 1999, foi consolidada a Lei Arouca, que se
baseava na ―distritalização‖ sanitária sob a responsabilidade do Ministério da Saúde
e seria estabelecida pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2007). Foram
implantados 34 DSEIs, distribuídos por todas as regiões do país.
O balanço do processo de implantação do subsistema de saúde indígena no
Brasil, organizado por meio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, revela
avanços significativos que têm contribuído para a melhoria das condições de vida e
20
saúde dos povos indígenas que habitam o território nacional, mas ainda estão muito
distantes das condições mínimas desejadas (GERSEM, 2006; SOUZA, 2007).
2.2 A SAÚDE INDIGENA NO BRASIL
Em 1988, um marco histórico-social indígena. A Constituição Federal
promulgada estipulou o reconhecimento e o respeito das organizações socioculturais
dos povos indígenas, assegurando-lhes a capacidade civil plena e estabelecendo
como privativa da União a competência para legislar e tratar as questões indígenas
(BOLETIM INFORMATIVO ESPECIAL FUNASA).
A partir da II Conferência Nacional da Saúde para os Povos Indígenas,
realizada em 1993, quando se recomenda a criação do Distrito Sanitário Especial
Indígena, como modelo assistencial, com garantia de respeito às especificidades
sócio-culturais, a FNS Fundação Nacional de Saúde, através do COSAI, assina
convênios com ONG’S e organizações indígenas para a atenção à saúde indígena
(MENDONÇA, 2002).
A Resolução 02 da FUNAI de 27/10/94 cria a CIS - Comissão Intersetorial,
que aprova o Modelo de Atenção Integral à Saúde das Populações Indígenas, foi
reforçada em 1996 com a X Conferência Nacional. Em 1999, com a promulgação da
Lei N° 9.836, de 23/09/1999, os serviços de atenção à saúde indígena passam a ser
de inteira responsabilidade da FUNASA, que cria o Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena, tendo como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas.
São criados 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas DSEIS, em todo o
país, com base na Portaria N° 852, de 30/09/99, localizados em pontos estratégicos,
no território brasileiro, tendo como responsabilidade a implementação das ações de
Atenção Básica nas aldeias (BRASIL, 1999).
21
O distrito sanitário é um modelo de organização de serviços, orientado para
ser um espaço etnocultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo
delimitado. O Dsei é responsável pelo conjunto de atividades técnicas, medidas
racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, tendo como objetivo promover a
reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias, mas também organizar as
atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência,
estimulando o controle social.
Em 2000, como parte da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas, foi criado o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI).
Esse sistema visa à coleta, ao processamento e à análise de informações para o
acompanhamento da saúde das comunidades indígenas, abrangendo óbitos,
nascimentos, morbidade, imunização, produção de serviços, recursos humanos e
infra-estrutura. Anteriormente ao SIASI, até 1999, as informações de saúde dos
povos indígenas eram gerenciadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Em
geral, alguns dados vitais, particularmente nascimentos e óbitos, eram coletados nas
aldeias sem que fossem consolidados, analisados ou divulgados, satisfatoriamente.
Outro aspecto importante alcançado foi o aumento considerável de recursos
financeiros específicos para a saúde indígena brasileira. Em 2000, foi destinada uma
verba no valor de R$ 90.600.820,00 para a saúde indígena. No ano de 2005, R$
255.043.890,00, representando um aumento de 281,5% ou R$ 164.443.070,00.
Entretanto, apesar do maior investimento na saúde indígena no país, esses avanços
não foram capazes de reduzir os indicadores de não-saúde aos níveis aceitáveis da
população indígena.
Atualmente, a estrutura da FUNASA para a saúde indígena encontra-se
localizada em todo o território nacional, à exceção dos estados do Piauí e Rio
Grande do Norte. Nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e
Espírito Santo, existem ainda as Assessorias Indígenas, que cumprem o mesmo
papel do DSEI (BOLETIM INFORMATIVO ESPECIAL FUNASA).
22
Figura 1 - Organização do modelo assistencial indígena.
2
Fonte: http://dab.saude.gov.br/
A cobertura à saúde indígena conta com 337 los-base, distribuídos em 460
municípios e 751 Postos de Saúde, sendo 55 na zona rural e 22 em zona urbana,
dos quais 674 estão localizados em terras indígenas. O outro tipo de sistema são as
Casas de Apoio à Saúde do Índio (Casais), que totalizam 60 casas localizadas em
municípios de referência dos Dseis FUNASA (2009)
3
.
2
Disponível em: http://dab.saude.gov.br/
3
Disponível em: http:// www.funasa.gov.br/internet/desai/sistemaOperacionalizacao.asp#
23
2.3 HISTÓRIA INDÍGENA EM MINAS GERAIS
Conforme Resende e Langfur (2007), durante os séculos XVI e XVII, diversos
grupos indígenas habitavam o interior do estado de Minas Gerais. Com a explosão
da mineração no interior, no culo XVIII, esses habitantes refugiaram-se nas
florestas a leste da capitania, conhecida como sertão do leste (Oriental).
Com a decadência do ciclo do ouro das Gerais, os colonizadores, procurando
novas fontes de riqueza mineral, começaram a avançar florestas adentro, levando à
apropriação brusca de terras dos nativos por meio da violência, forçando esses
habitantes a utilizarem do mesmo recurso para se defenderem. Através de
massacres, tuberculose, álcool, sífilis e varíola, os brancos acabaram com os
primeiros donos do Estado de Minas Gerais (JOSÉ, 1965).
Entre 1760 e 1808, o príncipe Regente João declarou guerra aos Botocudos,
que durou cerca de meio século de conflitos, envolvendo índios no sertão do leste.
Após a Guerra aos Botocudos, começaram também as expedições militares e
paramilitares que marcharam para dentro das florestas de Minas colonial. Esses
fatores foram cruciais para a dizimação da população indígena bem como para a
apreensão destes habitantes, tornando-os cativos. Em relação aos maxakalis, foram
aliados dos colonizadores nessa guerra dos botocudos um dos motivos de sua
sobrevivência (RESENDE e LANGFUR, 2007).
Para Ribeiro (1977), o povo Maxakali sobreviveu a essas situações graças às
condições geográficas e climáticas que encontraram quando se fixaram no extremo
Nordeste do Estado de Minas, com divisa na ponta sul do estado da Bahia, que
contavam com um clima tropical (quente) com um índice pluviométrico de mais de 2
metros ao ano. Ao longo da costa, pântanos, mangues e palmeiras tropicais. O
fator determinante para a sobrevivência dessa população foram as florestas densas
do Vale do Rio Doce, que até então não haviam sido exploradas, servindo de abrigo
para os índios e impedindo a penetração dos neobrasileiros no seu esconderijo
(RUBINGER, 1963).
24
FIGURA 2
4
- Mapa político do Centro-Leste do Brasil (adaptação de Hammond's map of Latin
América) .
Segundo Monteiro (2002), ainda no século XVIII, foi decretada uma região
denominada ―zona tampão‖ que compreendia o rio de Contas (BA) e o rio Doce
(MG/ES), conformando uma área de intenso trânsito de populações indígenas, de
indefinição fundiária e alvo de frentes econômicas. Essa zona separava as áreas de
extração de ouro do litoral e do acesso indiscriminado às regiões de Minas.
Com a decadência do ciclo do ouro no século XIX, ainda segundo Monteiro
(2002), essa região foi aberta à colonização, logo foram feitas tentativas com
colônias nacionais e militares para a ocupação do rio Doce, proporcionando um
aumento no confronto com os índios arredios e com aqueles que mantinham
contatos intermitentes com os nacionais, e, para minimizar essa situação, foram
criados aldeamentos para os ―índios bravos‖.
O aldeamento do Mutum, fundado pelo frei Bento de Bubbio, insere-se no
projeto de favorecer a ocupação do Vale do Rio Doce, transformando os indígenas
em cidadãos úteis através do trabalho e da catequese. O aldeamento recebia ainda
a visita frequente de vários grupos indígenas ―nômades‖, genericamente conhecidos
por Botocudos (MONTEIRO, 2002).
4
Fonte: Popovich, 1994.
25
O objetivo era aldear 1500 índios, entretanto, esse aldeamento subsistiu até
os primeiros anos da República em precárias condições, com as construções em
ruínas e o reduzido número de índios aldeados em profundo estado de pobreza. O
aldeamento indígena na margem direita do rio Doce contava com algumas poucas
sesmarias concedidas e pequenas posses. as terras da margem esquerda eram
descritas como de rica vegetação, onde predominavam os terrenos devolutos,
conformando uma região inteira a explorar e a povoar (MONTEIRO, 2002).
Com a construção da estrada de ferro Vitória-Minas, em 1909, houve uma
aceleração da colonização indígena nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais e,
com isso, foi necessária a intervenção do SPI para sanar conflitos entre índios e
operários encarregados das obras (MONTEIRO, 2002).
A instalação do SPI determinou a imediata criação do Posto Indígena
Pancas, localizado na serra João Leopoldino, com área de influência indo das
margens do rio Pancas às do Doce, incluindo a do baixo Mutum. O posto indígena
tinha como atribuição atrair os Gutkrak, os Minhajirum do Capitão Nazaré, os Nakre-
ehé e os aldeados do Mutum, identificados pelo nome genérico de Naknenuk
(MANIZER, 1919).
No ano de 1912, o SPI reformulou sua estrutura administrativa, passando a
Inspetoria do Espírito Santo a responsabilizar-se pela assistência a todos os grupos
indígenas que viviam no rio Doce nos dois Estados. Foi fundado um Posto de
Atração na cidade de Aimorés, dedicado à atração dos Jiporok, e os índios do antigo
Aldeamento Central do Manhuaçu, que estavam ocupando sua sesmaria em Itueto
levados para o Pancas, o que terminou por não ocorrer, pois eles optaram por se
localizar em Krenak, em 1917 (MONTEIRO, 2002).
Após várias migrações desses índios, em 1929, se instalaram
definitivamente às margens do Rio Eme, passando a compartilhar a trajetória dos
Krenak. Os Jiporok que habitavam Aimorés seriam enviados para o Pancas.
Contudo, grave epidemia surgiu entre eles em 1913, fazendo-os refugiar para as
regiões de matas (MONTEIRO, 2002).
26
A construção da estrada de ferro trouxe efeitos implacáveis no destino
dessas populações, pois tornou os índios dependentes da assistência prestada pelo
SPI e das trocas que estabeleciam com os fazendeiros instalados entre os rios
Pancas, Mutum e Doce. Entretanto, o maior problema enfrentado pelos grupos ali
concentrados decorreu da pressão dos arrendatários junto ao governo do estado,
preocupado em expandir seus lotes, inviabilizando a permanência dos índios no
local (MONTEIRO, 2002).
Na década de 30, o governo capixaba, interessado em transformar a área
indígena num centro produtor de café, propôs ao SPI transferir os índios para o
Posto destinado aos Krenak, no rio Eme, em Minas Gerais. Lentamente, o SPI foi
transferindo os índios do Pancas até que, em 1939, todos os índios foram
transferidos e as terras foram devolvidas ao Estado do Espírito Santo que titulou os
arrendatários, colonos e fazendeiros invasores das terras do Posto Indígena
(MONTEIRO, 2002).
Conforme estudo realizado por Dias et al. (2008), Minas Gerais é o quinto
estado com o maior contingente indígena do Brasil, no ano de 2000. Houve um
aumento de 800% no número de autodeclarados indígenas, no período de 1991 a
2000, totalizando 48.720 pessoas residentes em Minas Gerais de etnia indígena.
Esse estudo foi baseado em informações fornecidas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
As informações dispostas pela FUNAI dão conta de que a população indígena
total em Minas Gerais não ultrapassa 7.500, por considerar índio somente aquele
que reside em aldeias (MINAS GERAIS, 2008). Ainda de acordo com Dias et al
(2008), verifica-se também um aumento de 22.598 na população total de índios que
se declararam naturais dos municípios de Minas Gerais e que nunca migraram, entre
1991 e 2000.
Nesse sentido, uma questão de grande relevância apontada nesta pesquisa
foi o fato de a população que se declara indígena nos anos de 1991 a 2000 ter se
concentrado na zona urbana, predominantemente, na região metropolitana de Belo
Horizonte e grandes cidades do Estado como Uberlândia, Montes Claros, Juiz de
Fora, exceção feita a São João das Missões, município com a segunda maior
27
população autodeclarada indígena do estado e que acolhe a maior população
indígena aldeada de Minas Gerais, os Xacriabá.
2.4 OS MAXAKALI
De acordo com Paraíso (1996) e Nimuendajú (1958), os remanescentes
Maxakali do Vale do Mucuri, em Minas Gerais, se denominam Monacó bm. Todavia,
conforme o antigo chefe de posto e grande conhecedor da língua, da organização
social e da história dos Maxakali, Joaquim S. de Souza, eles se identificam como
Kumanaxú. Por sua vez, Popovich (1994), profunda conhecedora da língua falada
por eles, registra Tikmu'ún como o termo que adotam para si mesmos
5
.
A mesma autora ainda afirma que os Maxakali - palavra em língua
desconhecida, aplicada pela primeira vez na área do rio Jequitinhonha - não podem
ser identificados como um único grupo, mas como um conjunto de vários. A
denominação decorre de esses grupos se articularem politicamente como aliados e
terem se aldeado conjuntamente, sobretudo após 1808, quando ocorreu a invasão
sistemática de seus territórios e se ampliaram os conflitos com outros grupos,
particularmente, com os denominados Botocudos.
Em 1939, Nimuendajú (1958) encontrou uma população de Maxakali reduzida
a 120-140 indivíduos no local onde ainda se acham hoje. Com a invasão dos
neobrasileiros, vieram também as epidemias, sendo que a primeira foi de varíola
que, por sua vez, foi seguida de outra de sarampo à qual não puderam resistir.
Em 1941, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) estabeleceu um posto para
prestar assistência à tribo, que estava em perigo iminente de extinção. Conforme o
censo feito pelo posto, em 1942, havia somente 59 sobreviventes e, como medida
para deter o saque das roças indígenas por parte do gado, o posto colocou cercas,
possibilitando o crescimento da população, ainda que lentamente. Em 1943, havia
118 Maxakali e, em 1957, conforme o censo realizado por Moretzsohn havia 189
indivíduos (RUBINGER, 1963b).
5
Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/maxakali/769
28
FIGURA 3
6
- Mapa histórico do Brasil Centro-Leste. As datas indicam a locação Maxacali nas áreas
específicas. Adaptação do Handbook of South American Indians, vol. 1, p. 382, compilado por Curt
Nimuendaju).
A etnia Maxakali, apesar de todas as tentativas de extermínio, é uma das
poucas que conseguiram permanecer com os vários aspectos de sua cultura. Apesar
de serem caçadores, coletores e semi-nômades, a adoção da agricultura foi um fator
relevante para a sobrevivência desse grupo.
Rubinger (1980), em sua obra Índios Maxakali: resistência ou morte‖, afirma
que:
a capacidade de flexibilidade deste grupo é o fator que possibilitou a
resistência tão expressiva após 300 anos de exploração. Este grupo esteve
por quatro vezes em situação de risco de eliminação durante todo o
processo de colonização, e considera as diferenças na efetivação da
colonização dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como primeiro fator
relevante deste processo, levando em consideração tanto as atividades
econômicas quanto a postura tomada pelos indígenas frente à colonização .
6
Fonte: Popovich, 1994.
29
O povo Maxakali é a segunda maior população indígena aldeada do Estado
de Minas Gerais. A população atual é de aproximadamente 1516 indivíduos, a
pirâmide etária concentra-se na primeira idade e poucos são os adultos com mais de
45 anos.
Vale ressaltar que as aldeias Maxakali o distribuídas em vários pequenos
grupos residenciais, variando o número de palhoças (miptut) onde vivem várias
famílias, passando constantemente por cisões que formam outros grupos
(CARVALHO e ALVES, 2009).
Como se pode observar nos relatos históricos e nos relatos dos mais velhos,
o que chamamos hoje ―Maxakali‖ o vários grupos de falantes desta língua que
foram levados a se agrupar e a ocupar o atual território, entre os braços dos rios
Itanhém e Jucuruçu, em Minas Gerais, próximos às fronteiras da Bahia (Figura 2).
Sua organização social é, de acordo com Popovich (1994), uma mostra da luta
desesperada pela sobrevivência, identidade do povo e a história de sua colonização
pelos neobrasileiros e portugueses.
Os grupos têm origem em diferentes regiões que se estendem desde o litoral
até os cursos dos rios Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e os acima citados. Hoje,
praticam 10 grandes grupos ritualísticos que indicam, por várias razões, uma
possível origem clânica. Os termos de vários destes grupos rituasticos foram
registrados como autodenominações de grupos falantes do Maxakali nos séculos
XVIII e XIX (TUGNY, 2007).
Em 2005, a população brasileira possuía um índice de 33,9 habitantes com
faixa etária superior a 60 anos, para cada 100 menores de 15 anos. Já na população
indígena, essa relação demonstrou-se menor, caracterizando uma razão de 12,5
idosos acima de 60 anos para cada 100 menores de 15 anos (SIASI, 2009
7
).
7
Disponível em: http://www.funasa.gov.br/internet/desai/sistemaSiasiDemografiaIndigena.asp
30
FIGURA 4 Pirâmide etária da população indígena brasileira.
Fonte: www.funasa.gov.br/internet/desai/sistemaSiasiDemografiaIndigena.asp#
A população Maxakali apresenta elevados níveis de pobreza, pois quase 85%
das famílias vivem com renda mensal igual ou inferior a meio salário mínimo.
Grande parte da sua população recebe recursos de programas governamentais (1/3
das famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família e Bolsa Escola).
O alcoolismo continua a ser um grave problema, sendo apontado pelo Distrito
Sanitário Especial Indígena (DSEI/MG-ES) como a terceira principal causa de morte
entre os integrantes dessa etnia, bem como um importante fator de impacto no
coeficiente de mortalidade infantil, que além dos danos à saúde, está associado a
outros fatores que têm dizimado a população Maxakali, como a miséria, desnutrição
e principalmente a violência que resulta em graves lesões e homicídios. Fatos estes
que são observados nos hospitais locais e nas experiências vivenciadas em campo,
determinando na população uma predominância de indivíduos jovens. Na nossa
experiência de campo, poucos foram os adultos maiores de 50 anos que
encontramos nas aldeias, dados estes confirmados na pirâmide etária.
31
75 +
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
05 a 09
00 a 04
Masc
Fem
FIGURA 5 Pirâmide etária da população indígena Maxakali
Fonte: SIASI-FUNASA/MS, 05/04/2010.
Sua população concentra-se nas primeiras idades, sendo o grupo de 00 a 04
anos com 24,03%, de 05 a 09 anos com 18,7%, de 10 a 14 anos com 13,31%, de 15
a 19 com 11,14% e as demais faixas etárias variam com proporções menores do
que 10%, chegando a determinadas faixas etárias ao índice de 0,4%.
Dos 1497 envolvidos no estudo, 753 eram do sexo feminino e 744 do
masculino, sendo que 88 destes eram menores de 01 ano, 379 se encontrava na
faixa etária entre 1 e 5 anos, 313 na faixa etária entre 6 e 12 anos, 217 a idade era
entre 13 e 18 anos, 469 entre 19 e 59 anos e apenas 31 tinha a idade maior ou igual
a 60 anos.
Informações repassadas pelo Ministério da Saúde (2007) demonstram que
nos Maxakali as doenças infecciosas e parasitárias, que na sua maioria estão
relacionadas com os aspectos sanitários e higiênicos, o apontadas como a
principal causa de morte na população em geral e também em crianças com idade
inferior a 05 anos, neste grupo indígena, conforme tabela a seguir:
32
TABELA 1
8
Mortalidade Maxakali por principais grupos de causas Dsei MG/ES, 2000-2007
População
Capitulo
Descrição
2000 a 2007
( Proporção
%)
Risco de
morrer* em
cada 100
Maxakali
População
Geral
I
Doenças infecciosas e parasitárias.
20,57
3,18
X
Doenças do aparelho respiratório.
20,00
3,09
XX
Causas externas de morbidade.
10,29
1,59
IV
Doenças endócrinas, nutric. e
metabólicas .
9,71
1,50
XVIII
Sintomas, sinais e achados anormais.
9,14
1,41
P < 5 ano
I
Doenças infecciosas e parasitárias.
26,67
10,79
XVIII
Sintomas, sinais e achados anormais.
25,83
10,46
XXI
Outros.
13,33
5,40
XIX
Lesões, envenenamento e algumas
outras conseqüências de causas
externas.
13,33
5,40
XVII
Malformações congênitas,
deformidades e anomalias
cromossômicas.
10,00
4,05
*População (média da população total dos anos 2003 e 2004).
*População (média da população <5 anos de idade 2003 e 2004).
Fonte: Siasi_Local Pólo Base Machacalis/MG DSEI MG/ES, junho de 2008.
Mesmo assim, os Maxakali como um todo oferecem resistência às influências
do mundo exterior. Isso se pela grande importância atribuída ao uso da língua
indígena, pela não aceitação de estranhos sem a recomendação dos líderes e
amigos dos grupos, desestimulando os casamentos interétnicos, mantendo o
segredo dos ritos, contribuindo para a manutenção de uma sociedade resistente e,
acima de tudo, sobrevivente.
8
Fonte: Siasi_Local Pólo Base Machacalis/MG DSEI MG/ES, junho de 2008.
33
2.5 ENTEROPARASITOSES
As enteroparasitoses são definidas como doenças causadas por parasitos,
que habitam normalmente o intestino do hospedeiro, em diferentes seguimentos.
Esses parasitos são representados por protozoários e helmintos. Os protozoários
são todos os organismos protistas eucariontes, constituídos por uma única célula
que, para sobreviver, realizam todas as funções mantenedoras da vida. os
helmintos constituem um grupo numeroso, com três filos: Platyhelmintes,
Aschelmintes, Acanthocephala, incluindo espécies de vida livre e parasitas (NEVES,
2003).
Barnes (1990) define os helmintos como vermes filiformes, que apresentam
um dos mais bem sucedidos planos de organização funcional e simetria bilateral.
Destacam-se dois grandes filos deste grupo: os Platelmintos ou vermes achatados e
os Nematelmintos ou vermes cilíndricos. Aproximadamente, 50 espécies foram
consideradas como parasitas do homem, dentre estas, uma dúzia destaca-se por ser
importante agente causador de doenças.
As helmintoses intestinais humanas têm ocupado um lugar de destaque entre
as doenças parasitárias no Brasil, uma vez que isso se pela sua ampla
distribuição geográfica, sendo encontrados tanto na zona rural quanto urbana de
vários estados brasileiros, prevalecendo desta maneira onde as condições sócio-
econômicas são precárias (SILVA, 1987).
Em virtude de sua alta prevalência, as doenças parasitárias têm constituído
no Brasil um grave problema de saúde pública, contribuindo para problemas
econômicos, sociais e médicos, dentre os quais os déficits orgânicos, sendo
associados frequentemente a quadros de diarréia crônica, desnutrição com
comprometimento direto ao desenvolvimento físico e intelectual, principalmente, na
parcela jovem da população (PEDRAZZANI et al, 1988, SALATA et al,1972; AMATO
et al,1969).
34
Segundo Zaiden (2006, p. 13):
as parasitoses, doenças advindas da associação entre seres vivos, onde
existe uma unilateralidade de benefícios, são causados por parasitos de
diferentes tipos (o agressor) em hospedeiros (que alberga os parasitos) e
podem causar a infecção (penetração, desenvolvimento e multiplicação de
um agente infeccioso no homem ou no animal) provocando alterações no
estado físico, mental e emocional, interferindo diretamente na qualidade de
vida.
Ainda segundo a autora, as parasitoses intestinais são infecções causadas
por helmitos (vermes) e também por protozoários no aparelho digestivo, podendo
atingir outros órgãos (pulmões e fígado), resultando em complicações que cursam
com o risco de vida quando não tratadas.
É relevante destacar que vários fatores podem determinar a maior ou a menor
incidência de enteroparasitoses em uma comunidade, tais como: nível de
saneamento básico, de higiene e de educação sanitária; estado nutricional;
manipulação imprópria dos alimentos; assistência médica inacessível; entre outros.
Também, é importante salientar que as enteroparasitoses ainda constituem
um dos mais rios problemas de saúde pública, afetando cerca de 3,5 bilhões de
pessoas no mundo. No Brasil, conforme a OMS (2003), a cada ano, cerca de 65.000
óbitos acontecem correlacionados a ancilostomídeos e 60.000 associados a áscaris,
o que equivale a aproximadamente 14 mortes/hora, devido a estes parasitas.
As doenças parasitárias ainda continuam representando um significativo
problema de saúde pública, segundo Harpham (1991), haja vista o grande número
de indivíduos afetados e as várias alterações orgânicas que podem provocar,
inclusive sobre o estado nutricional.
As enfermidades parasitárias são apontadas como indicadores de
desenvolvimento socioeconômico de um país e um frequente problema de saúde
pública, afetando principalmente indivíduos jovens, desencadeando, além de
problemas gastrointestinais, baixo rendimento corporal e consequente atraso no
desenvolvimento escolar (ABRAHAM et al, 2007).
35
Na visão de Zaiden (2006), os protozoários de maior prevalência em seres
humanos são: Giardia lamblia, Entamoeba coli, Endolimax nana. E os helmintos são:
Hymenolepis nana e Ascaris lumbricoides.
A Giardia lamblia é um protozoário flagelado responsável por quadros de
diarréia e dores abdominais, que adquire especial importância em pessoas
desnutridas, com imunodeficiências, com fibrose cística e, em geral, na idade
pediátrica, podendo ser encontrada em duas formas: cisto, forma inativa ou de
trofozoíto, forma ativa; sendo que o cisto é a forma infectante para o ser humano
(CASTRO, 2001).
O ciclo da giardíase inicia-se com a ingestão dos cistos maduros através da
água e alimentos contaminados que, ao chegar ao estômago, sofrem ação do meio
ácido, desencistam e liberam os trofozoítos, iniciando o processo de multiplicações
sucessivas por fissão binária longitudinal e colonização, preferencialmente na
mucosa do duodeno, podendo ser localizado também no jejuno, condutos biliares e
vesícula biliar. Por outro lado, finaliza com o encistamento dos trofozoítos e
subsequentemente com a eliminação desses cistos contidos nas fezes para o meio
externo (NEVES, 2000).
Os sintomas da giardíase são: diarréia aquosa e dor abdominal, ou gradual,
com sintomatologia crônica, intermitente, por vezes debilitante, caracterizada por
dejeções moles ou diarréicas de odor fétido, flatulência, distensão abdominal e
anorexia, sendo esta última associada ao comprometimento de absorção de
açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis, podendo significar perda de peso,
crescimento inadequado e anemia (COMITÊ DE ENFERMIDADES INFECCIOSAS
ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA, 1997; AUCOTT,1996).
A Entamoeba coli é uma ameba cosmopolita, com maior incidência nas
regiões intertropicais, comensal do intestino grosso do homem, que vive em
harmonia sem prejuízo para o hospedeiro e é transmitida por meio de água ou
alimentos contaminados com material fecal contendo cistos maduros. É um
protozoário que, por si só, é incapaz de produzir lesões, mas indica que
existência de contaminação do meio ambiente (água, alimentos) por material fecal
36
(NEVES, 2003; REY, 1992, CIMERMANN e CIMERMANN, 1999; GOULART e
LEITE, 1978).
Segundo Silva e Gomes (2000), Neves (2003), Silva (1999) e Rey (1992), a
Endolimax nana é um tipo de ameba comensal. Mas mesmo sendo comensal, existe
a possibilidade de sintomatologia quando considerada a faixa etária ou a presença
de hiperinfecção, tendo como principais sintomas dores abdominais, diarréia,
flatulência, vômitos e fadiga.
A Hymenolepis nana é um parasito de distribuição mundial, ocorrendo
especialmente em crianças e adultos que vivem em locais fechados. O verme adulto
habita o intestino delgado do homem, principalmente jejuno e íleo. Os ovos são
encontrados nas fezes e a larva cisticercoide pode ser encontrada nas vilosidades
intestinais do próprio homem ou na cavidade geral do inseto hospedeiro
intermediário (pulgas e carunchos de cereais). Os ovos no estômago sofrem uma
leve digestão no meio ácido. Ao atingir o duodeno, a oncosfera eclode liberando
larva que, através dos movimentos dos acúleos e por ação lítica das glândulas de
penetração, invadem a mucosa intestinal e se fixam nas microvilosidades do jejuno e
íleo, originando por volta de 04 dias uma larva cisticercóide, que após 10 dias está
madura e se fixa no seu hábita. Vinte dias depois se torna verme adulto, iniciando a
eliminação de proglotes repletas de ovos. Seu período vital dura de 14 a 18 dias,
depois morre e é eliminada com as fezes (NEVES, 2003).
O Ascaris lumbricoides é um verme que apresenta ovos e formas larvais e
adultas, cilíndricos, longos, robustos e com extremidades afiladas. É um parasita
monóxeno, cujo ciclo se inicia com a contaminação oral, migração ascendente das
larvas na árvore respiratória e finaliza com o retorno das mesmas no intestino. Sua
infecção pode ser desenvolvida através da ingestão de água e alimentos
contaminados com ovos contendo a forma larvária infectante (BEZERRA et al,
2003). Esses ovos fecundados são resistentes a baixas temperaturas e sensíveis ao
calor, com morte em temperatura superior a 45º. O ovo, encontrando condições que
viabilizem seu desenvolvimento, evolui para larva rabditoide, a qual, após uma
semana, sofre modificações para uma segunda e terceira larva rabditoide infectante.
Os ovos larvados, na forma infectante, ingeridos pelo adulto e pela criança, passam
pelo estômago onde são sensibilizados pelo suco gástrico e eclodem no duodeno.
37
As larvas infectantes atravessam a mucosa intestinal, caem na corrente sanguínea e
invadem o fígado, coração direito, pulmão, onde sofrem muda para L
4
, rompem
vasos sanguíneos, caem nos alvéolos e sofrem nova muda para L
5
; migram para a
faringe através da árvore brônquica onde podem ser deglutidos, atravessando o
estômago sem sofrer danos, se fixam no intestino e desenvolvem-se em adultos
jovens. O ciclo vital de ascadeos maduros é estimado de 01 a 02 anos (NEVES,
2003; PESSOA e MARTINS, 1978).
O Trichuris trichiura, é um parasita encontrado em todo o mundo,
principalmente em países de clima úmido e temperatura quente como o Brasil. Sua
infecção é responsável pela tricuríase uma doença parasitária com importante
impacto universal. Esse parasita se alimenta de sangue e restos de tecidos do
hospedeiro, as infestações podem causar ao homem: anemias, úlceras intestinais e
até infecções secundárias causadas por outros microorganismos. A pessoa
parasitada pode apresentar ainda perda de peso, fraqueza, cólicas abdominais e
diarréia com presença ou não de sangue, a transmissão é fecal-oral ocorrendo na
maioria das vezes pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos do
verme sendo seu período de incubação em torno de 60 90 dias. Na maioria das
infecções os portadores são assintomáticos (NEVES 2003, SILVA 1999, E REY
1992).
O Enterobius vermicularis, é um nematódeo intestinal tendo como reservatório
o homem, o modo de transmissão também é fecal-oral podendo ser de forma direta:
do ânus para a cavidade oral, através dos dedos, principalmente nas crianças,
doentes mentais e adultos com precários hábitos de higiene ou indireta: através da
poeira, alimentos e roupas contaminados com ovos. O ciclo de vida do parasita dura
de 2 a 6 semanas sendo a sintomatologia dependente da quantidade de vermes
resultante de infecções sucessivas, que ocorre alguns meses depois da infecção
inicial. Sua sintomatologia clínica pode cursar assintomática ou apresentar, como
característica principal, o prurido retal, frequentemente noturno, que causa
irritabilidade, desassossego, desconforto e sono intranquilo (REY, 1992).
A ancilostomose é causada por três tipos de vermes: o Necator americanus e
outros de duas espécies do gênero Ancylostoma, o A. duodenalis e o A. ceylanicum,
que infectam o ser humano através da transmissão percutânea. A fêmea, de acordo
38
com a espécie, põe entre quatro e 30 mil ovos por dia. Esses ovos são liberados nas
fezes, se as condições climáticas forem propícias, eclodem e entre cinco e dez dias
tornam-se larvas infectantes. A infecção ocorre quando a larva atravessa a pele do
indivíduo por meio do contato direto com solo contaminado (por exemplo, ao se
andar descalço na terra). Dependendo da quantidade de vermes, o infectado pode
ou não desenvolver a doença. Os sintomas são a palidez (o que caracteriza o nome
popular de amarelão), desânimo, dificuldade de raciocínio, cansaço e fraqueza. Com
o tempo, a situação pode progredir e se agravar, aparecendo dores musculares,
abdominais, hipertensão, sopro cardíaco, tonturas e ausência das menstruações nas
mulheres. A ancilostomose é particularmente perigosa para as grávidas, pois pode
afetar o desenvolvimento do feto, e para as crianças, retardando (por vezes de modo
irreversível) seu desenvolvimento mental e físico (NEVES, 2003; PESSOA e
MARTINS, 1978).
O Strongyloides stecoralis, infectando o ser humano, também através da
transmissão percutânea é um verme comum em áreas quentes e úmidas causando
a estrongiloidíase, possui um estágio larval ineficaz, durante o qual pode penetrar na
pele, migrar para a corrente sangüínea, e daí para os pulmões subindo para a
traquéia onde é engolido. A exposição ocorre quando a pele entra em contato direto
com o solo contaminado. O individuo pode variar de assintomático até o surgimento
de dores abdominais, vômitos e diarréia. Pode haver tosse por ocasião da passagem
das larvas através dos pulmões. Uma infestação grave de vermes adultos pode
danificar a mucosa intestinal e causar absorção podendo ocorrer perda de peso
em pessoas gravemente infectadas (NEVES, 2003).
A esquistossomose mansônica é uma doença parasitária, causada pelo
trematódeo Schistosoma mansoni, cujas formas adultas habitam os vasos
mesentéricos do hospedeiro definitivo e as formas intermediárias, as cercarias, se
desenvolvem em caramujos gastrópodes aquáticos do gênero Biomphalaria,
transmitida ao ser humano através da via percutânea. Trata-se de uma doença,
inicialmente assintomática, que pode evoluir para formas clínicas extremamente
graves e levar o paciente ao óbito. O S. mansoni pertence à família
Schistosomatidae, sendo a espécie causadora da esquistossomose no Brasil. O S.
mansoni possui um ciclo de vida com dois estádios distintos que alternam gerações
39
entre um hospedeiro intermediário e um hospedeiro definitivo (vertebrado). Três
espécies de moluscos do gênero Biomphalaria, glabrata, tenagophila e straminea
são os hospedeiros intermediários do S. mansoni no Brasil (PESSOA e MARTINS,
1982). A infecção humana induz diferentes manifestações clínicas podendo variar
desde manifestações toxêmicas, a manifestações cutâneas do tipo urticária,
hepatomegalia diarréia característica com presença de muco e sangue, surtos febris,
tosse seca entre outros.
O Schistosoma mansoni, é um trematódeo, do gênero Schistosoma, não é
transmitido pela via fecal-oral, mas se destaca pela sua alta morbi-mortalidade e sua
incidência com estimativa de mais de 200 milhões de doentes no mundo. Existem
cinco espécies (S. haematobium, S. japonicum, S. mekongi, S. intercalatum e S.
mansoni), sendo esta última a única espécie existente em nosso meio. Sua
patogenia está ligada a vários fatores, tais como cepa do parasita, carga parasitária
adquirida, idade, estado nutricional e resposta imunitária da pessoa. Na sua forma
crônica, os casos assintomáticos passam a ser disseminadores da doença.
2.6 POLIPARASITOSES
Segundo Machado et al. (1999), a presença dos agentes causadores das
doenças enteroparasitárias pode aumentar, sobremaneira, tanto em quantidade
como em qualidade a sintomatologia das doenças causadas pelo poliparasitismo,
sendo definido conforme as alterações ambientais que proporcionam condições
favoráveis ao surgimento, presença e manutenção concomitante de diversos tipos
de enteroparasitoses.
Estudos realizados por Nolla e Cantos (2005), Muniz et al. (2002), Melo e
Bohland (1999), Alves et al. (1998) e Ramos e Salazar-Lugo (1997), que analisavam
as condições socioeconômicas, de saneamento básico e de educação sanitária,
apontam que as classes menos favorecidas são as que apresentam a situação de
40
desnutrição, pobreza e maior suscetibilidade à monoparasitismo e poliparasitismo,
inclusive entre familiares.
Bórsquez et al. (2004), Marcos et al. (2003); Saturnino, Nunes e Silva (2003),
Giraldi et al. (2001), Rocha et al. (2000), Costa-Macedo et al. (1998) e Guimarães e
Sogayar (1995) mostram que a prevalência de poliparasitismo é maior no meio rural
se comparado com o meio urbano, tendo como fator o contato direto com solo
contaminado, consumo de água sem tratamento adequado e contaminação
alimentar.
A variável estação do ano também foi apontada como um fator propensor
para a incidência da poliparasitose. Conforme estudo realizado por Otto et al. (1998),
o ambiente torna-se hostil para os parasitos nos períodos de seca e baixa umidade
relativa do ar, inapropriados para o desenvolvimento dos enteroparasitas.
Vários autores (FORTES et al., 2004; COSTA-MACEDO E REY, 2000;
FERREIRA; FERREIRA; MONTEIRO, 2000; ROCHA et al., 2000; MACHADO et al.,
1999; TSUYUOKA et al., 1999; RAMOS; SALAZAR-LUGO, 1997; MOURA et al.,
1997) afirmam que a redução e a manutenção do poliparasitismo, na faixa
pediátrica, estão relacionadas a diversos fatores como: condições ambientais,
aumento da renda familiar, maior escolaridade dos pais, saneamento e melhoria nos
acessos aos serviços de saúde e que situações antagônicas a essas contribuem
para um aumento da prevalência das enteroparasitoses.
Estudos também relatam que a alimentação estabelece uma correlação com
o poliparasitismo. Esta relação se devido aos alimentos como: verduras, frutas,
legumes estarem contaminados por ovos, larvas e cistos de enteroparasitas sem a
higienização adequada e pela própria contaminação causada pelos manipuladores
(HELLER et al., 2004, TRAVIEZO-VALLES et al., 2004; UCHOA et al., 2001;
OLIVEIRA; GERMANO, 1992).
Verifica-se também em vários estudos que o fator tratamento inadequado da
água para o consumo humano tem corroborado para o surgimento de
poliparasitismo, não pelo consumo de água sem tratamento, mas também pela
contaminação dos mananciais aquíferos de abastecimento, levando a um ciclo difícil
41
de ser interrompido (HELLER et al., 2004; SANTOS et al., 2004; FRANCO, ROCHA-
EBERHARDT e CANTUSIO-NETO (2002), UCHOA et al., (2001); PAULINO,
CASTRO e THOMAZ-SOCOL, 2001; LUDWIN et al., 1999, SEMENAS et al., 1999 e
RAMOS e SALAZAR-LUGO, 1997).
2.7 SANEAMENTO BÁSICO
Segundo levantamentos feitos pela Organização Mundial de Saúde (2002), os
gastos com doenças de veiculação hídrica no Brasil chegam a US$ 2,5 bilhões por
ano, sendo que as doenças ligadas à falta de saneamento básico adequado
mataram 10.844 pessoas, em 1998. As doenças diarréicas ligadas a falta de
sistemas de esgotamento sanitário adequados atingem principalmente as crianças,
onde causam altos índices de mortalidade. No Brasil, de 1996 a 1999 aconteceram
17.719 óbitos por diarréias em menores de um ano, o que representa uma média de
14 óbitos/dia (COSTA et al., 2004).
O verbo sanear possui em seu significado: tornar são, habitável, sanar,
remediar, restituir ao estado normal (FERREIRA, 1999). A expressão saneamento
básico trata dos problemas desde o abastecimento d’água à coleta e disposição dos
esgotos sanitários até o controle da poluição causada por esses esgotos, à
drenagem urbana (águas pluviais) e ao acondicionamento, coleta, transporte e
destino final dos resíduos sólidos (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS,
2009)
9
.
As doenças causadas pela falta de saneamento básico são decorrentes tanto
da quantidade como da qualidade das águas de abastecimento, do afastamento e
destinação adequada dos esgotos sanitários, do afastamento e destinação
adequada dos resíduos lidos, da ausência de uma drenagem adequada para as
águas pluviais e, principalmente, pela falta de uma educação sanitária.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, 2009)
10
.
9
http://www.pet.ufal.br/petcivil/downloads/quintoano/SaneSaude.doc
10
Idem.
42
Conforme a Lei 11.445, de 05 de janeiro de 2007, saneamento básico é o
conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de: abastecimento
de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
Garante ainda o atendimento dos serviços de saneamento básico de forma
universal e integral sendo abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde
pública e à proteção do meio ambiente. E, para isso, deve estabelecer uma
articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de
combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da
saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade
de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante.
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico mostram que 48% dos
municípios e 67% dos domicílios brasileiros não dispunham de rede para coletar
seus dejetos, que acabam em fossas sépticas rudimentares, ou, pior, são lançados
diretamente em rios, comprometendo a qualidade de suas águas. Mais
precisamente, dos 11 bilhões de litros de esgoto que saem todos os dias das casas
brasileiras, ¾ vão parar diretamente nos cursos de água (IBGE, 2000).
Para Gonçalves et al. (2003), a falta de políticas do meio ambiente e de
educação sanitária são os fatores contribuintes para a elevação das taxas de
parasitismo no Brasil, verificando-se com maior ênfase nas periferias dos grandes
centros.
A contaminação da água, solo e alimentos pelos ovos, cistos ou larvas destes
parasitos tornam fácil sua disseminação e de suas patologias. Dessa maneira, a
implantação de sistemas adequados para o tratamento de esgoto e encanamento de
água potável, juntamente com a educação sanitária da população, o diagnóstico e o
tratamento de indivíduos infestados contribuem, decisivamente, para a redução da
incidência das enteroparasitoses (PUPULIN et al.,1997).
43
3. JUSTIFICATIVA:
Este trabalho se justifica considerando:
As poucas investigações realizadas por meio de censos ou inquéritos,
associadas à falta de confiabilidade dos registros de informações sobre
taxas de natalidade, morbidade, mortalidade e estado nutricional que
impossibilita traçar de maneira conclusiva o perfil epidemiológico da etnia
Maxakali, residente na região nordeste do estado de Minas Gerais;
Ao Importante papel das doenças parasitarias na morbidade e mortalidade
indígena e a existência de estudos que demonstram acentuada presença
de poliparasitismo em outras etnias (COIMBRA JR. e SANTOS, 2001);
A resultados de Inquéritos realizados em comunidades indígenas da
Amazônia e do Nordeste nos quais indicam acentuada presença de
poliparasitismo atingindo todas as faixas etárias e ambos os sexos;
A ausência de conhecimento das condições sanitárias bem como a
inexistência de uma infra-estrutura de destino adequado dos dejetos e
acesso a água de boa qualidade nas aldeias indígenas e a utilização
habitual de cursos de águas (rios, igarapés) para higiene pessoal de
utensílios e consumo;
A característica semi-nômade desta população, favorecendo o consumo
de alimentos e água sem a higiene e o tratamento adequado;
A inexistência de trabalhos que mostrem a realidade da etnia maxakali,
considerando as variáveis, saneamento, enteroparasitoses e as suas
correlações.
44
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o estado de saúde da população residente na Terra Indígena
Maxakali, através da determinação de prevalência das enteroparasitoses,
correlacionando-a com a infra-estrutura sanitária e as condições socioeconômicas.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Determinar a prevalência das enteroparasitoses nas aldeias Maxakali,
correlacionando-a com variáveis demográficas;
2. Caracterizar o saneamento básico nas aldeias Maxakali;
3. Comparar a prevalência das enteroparasitoses, em função do grau de
saneamento das aldeias;
4. Caracterizar as condições de moradia e infra-estrutura nas aldeias.
45
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 DESENHO DO ESTUDO
Estudo do tipo transversal censitário, realizado para identificar os casos
prevalentes próximos no espaço e os grupos populacionais em risco.
5.2 ÁREA DE ESTUDO
O estudo compreendeu as terras indígenas Maxakali, localizadas no estado
de Minas Gerais, onde a questão fundiária está regularizada pela FUNAI (Figura 6).
FIGURA 6 Distribuição dos povos indígenas em Minas Gerais.
Fonte: Núcleo de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado de Educação de MG,
disponível
em:<http://www.descubraminas.com.br/destinosturisticos/det_mapa.asp?tag_origem=P&id_origem=1
814&id_mapa=270&id_lista=270&sequencia=1.
AZUL clã original / VERMELHO clã dissidente
Ladainha
46
O território consiste nas terras indígenas de Água Boa (município de Santa
Helena de Minas/MG) e Pradinho (município de Bertópolis/MG), totalizando 05 mil
hectares, onde atualmente se localiza a maior concentração da população Maxakali
e que podemos considerar como clã original e na Aldeia Verde (município de
Ladainha/MG), somando mais 500 hectares, terra recentemente adquirida pela
FUNAI, após o conflito e a cisão entre grupos, ocorridos em 2004. Outro grupo de 65
pessoas se encontra em assentamento em Topázio (município de Teófilo Otoni/MG),
em mais uma terra recentemente adquirida pela FUNAI
11
Clã dissidente (Figura 6).
A aldeia de Água Boa (Kõnãg Mai) está localizada a 12 km da cidade de
Santa Helena de Minas, que por sua vez distante 24 km de Machacalis, e 240 km de
Teófilo Otoni, maior centro urbano da região. Em fevereiro de 2005, havia na
localidade de Água Boa dezessete grupos residenciais espalhados numa extensão
aproximada de 06 km, cada um variando entre duas e dez palhoças, sendo
identificados pelo nome da pessoa mais influente do grupo (TUGNY, 2007).
Figura 7 - Terra Indígena: Aldeia Água Boa: Santa Helena de Minas/MG Reconhecimento Geográfico:
Ludugério Recadastramento: Novembro/2008 Reproduzido por: Roberto Carlos de Oliveira.
11
Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/maxakali/769
47
Conforme Popovich (1994), os Maxakali de Água Boa estão bem
familiarizados com a cultura brasileira local e o dialeto regional, isso porque eles
mantêm contatos constantes com funcionários do governo e trabalhadores do posto.
A autora afirma: O grupo está em processo de aculturação ou de se tornar
agricultores, e um dos valores que almejam é serem iguais aos vizinhos
neobrasileiros ('ãyuhuk), mantendo, ao mesmo tempo, sua identidade Maxakali.
A aculturação dessa aldeia é acarretada pela dependência crescente que a
etnia Maxakali obteve do povo neobrasileiro como atendimento médico do governo e
mais oportunidades de trabalho como diaristas. Consequentemente começaram
novos conflitos entre as duas normas culturais, tanto dentro como fora dos grupos
domésticos.
Os Maxakali que residem em Água Boa m basicamente três tipos de
residências: casas individuais ou residências para famílias nucleares ou extensas;
pequenos grupos residenciais de duas ou três moradias, constituídas de
patriarca/matriarca e um ou mais filhos casados com famílias; um grupo grande,
constituído de patriarca/matriarca com filhos casados e suas famílias, e uma casa
religiosa dos homens. O tipo de residência mais comum atualmente nesta aldeia são
as casas individuais, por permitir liberdade na escolha do próprio estilo de vida, do
que se conformar ao grupo maior (POPOVICH, 1994).
A aldeia do Pradinho (Pananiy) está localizada a 13 km da pequena cidade de
Batinga e, assim como Água Boa, está distribuída em grupos residenciais, pouco
definidos e constantemente em modificações, identificados pelo nome da pessoa
mais influente do grupo. Em fevereiro de 2002, havia dez grupos Milton, Guigui,
Amélio, Vicente, Dotor, Maroto, Marcelino, Israel, Marinho e Aldeia Nova.
De acordo com Popovich (1994), em Pradinho, os indivíduos são resistentes a
mudanças. O processo de aculturação nessa aldeia é mais lento pelos
ressentimentos existentes contra as explorações dos neobrasileiros. Ao contrário do
que ocorre com a Aldeia Água Boa, Pradinho tem recebido pouca assistência
médica e, portanto, não desenvolveu a mesma dependência.
48
A mesma autora relata que, atualmente, não tem ocorrido migração de uma
área para a outra, isso porque uma defende o lado ―progressista‖ enquanto a outra
segue o modelo ―tradicional‖.
Figura 8 - Terra Indígena: Aldeia Pradinho: Bertopolis/MG Reconhecimento Geográfico: Ludugério
Recadastramento: Novembro/2008 Reproduzido por: Roberto Carlos de Oliveira.
Na Aldeia Verde, ou Ham Yuxux‖, sessenta famílias habitam, somando mais
ou menos 139 indivíduos, número flutuante devido aos constantes deslocamentos
dos Maxakali. Este grupo é liderado por Noêmia Maxakali, que se encontra desde
janeiro de 2007, em um território comprado pela FUNAI, de 552 hectares de terra, no
Município de Ladainha, no Vale do Mucuri.
A Aldeia Verde encontra-se ainda dividida em quatro outros ―subgrupos‖, que
são representados cada qual por suas lideranças. Percebe-se, porém, que um dos
grupos apresenta-se como central, ocupando uma região onde geralmente
acontecem as reuniões e onde se encontram a casa de rezas e o terreiro para a
realização dos rituais religiosos.
49
A região onde se localiza a Aldeia Verde no Município de Ladainha/MG possui
uma grande parcela de mata, elemento essencial para a realização da religião
Maxakali, porém tem se apresentado como insuficiente para realizar a auto-
sustentação econômica do grupo. A maior parte da área é composta por morros e
por um solo de baixa fertilidade.
Apesar de ser recortada por riachos e pequenos rregos e até mesmo uma
pequena cachoeira, dificuldade por parte dos indígenas de acesso. A água em
algumas áreas é de boa qualidade, como no grupo de Totó, e ainda não apresenta
risco à saúde; no entanto, em outros lugares, onde as crianças costumam tomar
banho com frequência, apresenta-se como nociva acarretando frequentemente febre
e diarréia.
Existe o Grupo de Totó, Grupo de Tavinho, Grupo de Noêmia (este grupo é
considerado o grupo central) e o Grupo de Pinheiro, este último no final de 2008
voltou para a aldeia de Água Boa, causando uma diminuição na demografia da
Aldeia Verde (CARVALHO; ALVES, 2009).
50
FIGURA 9 - Terra Indígena: Aldeia Verde Município: Ladainha/MG Aldeias: Noêmia, Totó.
Fonte: Siasi_local (2008). Reconhecimento Geográfico: Ludugério Recadastramento: Novembro/2008
Reproduzido por: Roberto Carlos de Oliveira.
A Aldeia Cachoeirinha, em Topázio, distrito de Teófilo Otoni, em Minas
Gerais, também conhecida como Aldeia de Rafael, existe menos de dois anos e
surgiu após cisão com o grupo da Aldeia Verde, em Ladainha. A área é uma fazenda
com pouca infra-estrutura de estradas e com ausência de saneamento. Nela ainda
existe uma casa onde antigamente era a sede que, inicialmente, fora habitada pelo
grupo de Rafael. Atualmente, esta casa foi destruída pelos próprios Maxakali, sendo
sua nova habitação a aproximadamente 01 km da antiga sede, seguindo os mesmos
costumes das outras aldeias.
51
FIGURA 10 Localização do território Maxakali.
Fonte: Extraído da Campanha Internacional pela Regularização do Território Maxakali, 1996.
52
5.3 ASPECTOS LEGAIS DE BIOÉTICA, BIOSSEGURANÇA, EXPEDIÇÕES
CIENTÍFICAS, PROPRIEDADE INTELECTUAL E OUTRAS DETERMINAÇÕES
PERTINENTES.
Os dados e informações obtidos com a pesquisa foram e serão utilizados
apenas para fins técnico-científicos, retornando o estudo em benefício para a
comunidade investigada, com preservação de dados que são de natureza privada.
Por se tratar de pesquisa que envolve seres humanos em populações
indígenas, nos termos da resolução do Conselho Nacional de Saúde, através das
Portarias 196/96, 251/97 e 304/00, a pesquisa passou pela aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Ouro Preto parecer nº 2005/58
pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), parecer nº 902/2006.
A pesquisa passou ainda por uma aprovação da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI) autorização nº 73/CGEP/06 em agosto de 2008.
5.4 EXAME PARASITOLÓGICO
Os exames parasitológicos foram realizados no laboratório de Parasitologia
da Universidade Presidente Antônio Carlos, localizada no município de Teófilo Otoni,
região nordeste de Minas Gerais.
A técnica utilizada para o exame parasitológico foi o TF-Test. A coleta de
amostras de fezes foi realizada em três dias alternados, em tubos independentes,
contendo formol. O Kit TF-Test é um método inovador (www.immunoassay.com.br),
e capaz de evidenciar o maior número de formas parasitárias intestinais, que em
um exame são utilizadas 03 (três) amostras, coletadas em dias alternados e
unificadas em uma dupla filtragem por centrifugação, tornando-se assim um método
muito mais eficaz e facilitando o encontro das formas parasitárias, em amostras
fecais de baixa e média infecção, com um índice de sensibilidade de 97,8%.
53
Em um ensaio realizado por Moreira (2008), este método adotado também
demonstrou ser mais abrangente em relação a outras técnicas convencionais (Kato
Katz, HPJ, Willis e Baerman), demonstrando ser mais sensível para helmintos e
protozoários (vide tabela 2), motivo pelo qual nos levou a escolha desta técnica para
a análise parasitológica da população Maxakali.
TABELA 2: estudo comparativo da taxa de positividade de acordo com o método parasitológico.
Fonte: Moreira, 2009.
54
5.4.1 Inquérito Sanitário
As condições de saneamento dos domicílios das terras indígenas foram
caracterizadas mediante dados primários e secundários obtidos, respectivamente, a
partir da observação das condições sanitárias existentes, e registradas em
questionários pré-formulados (ANEXO A) com registro fotográfico dos domicílios
visitados.
5.4.2 Dados Populacionais
Os dados populacionais da área de estudo foram obtidos nos arquivos oficiais
do Sistema de Informação à Saúde Indígena (SIASI), providos pelo DSEI, e
atualizados a partir da realização dos inquéritos.
5.4.3 Processamento e Análise dos Dados
As informações obtidas no DSEI, a localização dos domicílios, os resultados
dos exames parasitológicos e as características sanitárias foram trabalhados em um
banco de dados construído na plataforma Access do Epi Info.
Para cada uma das unidades domiciliares, foram obtidas as coordenadas x, y
a partir de GPS, utilizando a projeção ―Sistema Universal Transverso de Mercator‖
(UTM). Dessa forma, as informações obtidas nos inquéritos e levantamentos foram
georreferenciadas e gerados mapas temáticos no programa Map Info.
Os casos também foram analisados segundo variáveis demográficas (idade,
sexo, zona de residência e distrito de residência), e sanitárias pela distribuição de
frequência.
55
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 INQUÉRITO PARASITOLÓGICO
O universo dos habitantes das terras indígenas Maxakali, segundo dados
censitários (SIASI, 2009), é de 1516 índios residentes nas aldeias. Foram
distribuídos os frascos para coleta das amostras de fezes a 1497 desses índios.
As aldeias foram: a Aldeia Verde, localizada no município de Ladainha; Água
Boa, localizada no município de Santa Helena de Minas, sendo subdividida nas
microaldeias, que recebem o nome da liderança (Bade, Cachoeira, Gilmar, Joviel,
Kokiti, Marcelo, Maria Diva, Valdemar e Zé Pirão); Aldeia de Vila Nova, localizada no
Município de Bertópolis; e Rafael no distrito de Topázio. Todas as aldeias analisadas
e percorridas estão localizadas na região nordeste do Estado de Minas Gerais.
6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Algumas considerações são necessárias para que o leitor, ao se defrontar
com os resultados analisados, consiga compreender os valores que obtivemos
principalmente no inquérito parasitológico.
O levantamento de dados na etnia Maxakali perdurou aproximadamente sete
meses, tendo seu início em fevereiro de 2009, na Aldeia Verde, no município de
Ladainha, e sua conclusão em meados de setembro, na Aldeia cachoeira, aqui
agrupada com a população da Aldeia Água Boa.
Inicialmente, todas as fases da pesquisa passaram por várias conformações
necessárias, visando a adequar nossas perspectivas à população estudada. Estes
reconhecimentos iniciais ocorreram mediante contatos com a cultura local, através
56
de trabalhos publicados e em contato com a equipe do pólo base Maxakali, que lida
diretamente com esta população determinada.
A partir das definições prévias de como seriam iniciadas as atividades, foi
constituída a equipe que, inicialmente, contou com 10 participantes, sendo sua
inserção de forma voluntária, desde que atendessem a alguns pré-requisitos que
diziam respeito à área de atuação. Assim, a equipe foi constituída por: 02
nutricionistas, 01 acadêmica do curso de Nutrição do período, 04 enfermeiros, 02
acadêmicos do e períodos de Enfermagem e 01 acadêmico do peodo do
curso de Farmácia, totalizando desta maneira 10 pessoas inseridas no processo da
pesquisa de campo.
Todos os participantes do trabalho passaram por avaliação médica e
laboratorial para a emissão de atestado de saúde, que foram encaminhados à
FUNAI.
Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) Minas Gerais- Espírito Santo
e também da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Outras instituições nos apoiaram
com a infraestrutura entre elas a UNIVALE (Universidade Vale do Rio Doce), UFOP
(Universidade Federal de Ouro Preto) e da UNIPAC (Universidade Presidente
Antônio Carlos - Teófilo Otoni).
A princípio, foram fornecidos pela coordenação do Pólo-Base censos
atualizados da população, que agrupamos por aldeia e família; a partir daí,
confeccionamos os impressos para registro das informações, que seriam coletadas,
e organizamos os frascos para a coleta do parasitológico. Esta organização se deu
utilizando como referência o chefe da família por onde agrupávamos os demais
membros, ou seja, em cada aldeia a que chegávamos, estavam separados os
coletores, necessitando apenas a identificação da residência para a entrega e
explicação sobre a forma da coleta. Surpreendentemente, tentamos utilizar a
experiência aplicada por Moreira (2008), nos Krenak, porém a etnia Maxakali
57
apresentava diferenças culturais e sociais que nos levou a adaptar a outra
metodologia.
A primeira dificuldade encontrada foi o idioma, pois poucos são os índios
Maxakali que falam a Língua Portuguesa, determinando um prolongamento na
coleta dos dados, visto que não conseguíamos identificar sem ajuda dos guias quem
era a pessoa a nossa frente, mesmo tendo o censo em mãos.
Em virtude da necessidade desta identificação para que a coleta e o repasse
das informações fossem feitos frases básicas que facilitassem o alcance dos
objetivos, como exemplo: Qual o seu nome? De qual Aldeia você é? Onde está o
seu filho? Onde esta sua esposa? E principalmente como perguntar em Maxakali: se
está tudo bem? Esta última pronúncia era crucial para a continuidade do trabalho,
porque se chegássemos a alguma aldeia ou grupo ou até mesmo a uma casa e a
resposta fosse a de que não estava bom no idioma Maxakali, esta resposta era um
alerta para que adiássemos o trabalho ou mesmo suspendêssemos a pesquisa
naquele momento. Vale ressaltar que isso aconteceu algumas vezes, motivados
naquele momento por divergências internas entre os subgrupos.
Antes do início dos trabalhos, em cada aldeia e subgrupos, reuníamos as
lideranças indígenas. Geralmente, o líder fala o idioma português e vale salientar
que é com bastante dificuldade, a fim de explicar o que seria feito durante aqueles
dias de pesquisa, na aldeia, e, a partir desta explanação inicial, o líder traduzia a
nossa fala para o idioma maxakali. Esta dificuldade nesta interrelação aconteceu em
todas as aldeias e em todas as casas onde chegávamos. O trabalho de distribuição
e coleta do exame parasitológico só foi possível porque foi disponibilizado pela
coordenação do pólo um agente de saúde indígena, que fazia o papel de tradutor
das informações necessárias para o sucesso da pesquisa.
Durante a fase da coleta dos frascos com as amostras, percebemos que a
cobertura não estava satisfatória, isto é, estava abaixo do esperado, o que nos levou
a algumas tentativas de reversão desta situação, tais como: nós nos encontramos
com as lideranças locais para reforçar a importância da participação e da
identificação do parasita, como medida de melhorar a saúde após o tratamento; nós
nos reuníamos com os líderes e explicávamos os riscos dos parasitas para a saúde
58
das crianças e dos adultos; envolvemos a equipe médica com o apoio da
coordenação do pólo, mas na maioria das tentativas não obtive sucesso. Como
última tentativa, remuneramos um agente de saúde indígena para que fosse fora do
seu horário de trabalho em cada casa reforçar a importância da coleta e recolher os
coletores com as amostras, mesmo assim a cobertura permaneceu baixa. Assim,
ouvíamos durante estes contatos que a entrega das fezes para o exame era um ato
vergonhoso, e que para alguns o fato de tomar o medicamento e ver o parasita sair
nas fezes representava a saída de algo que era dele.
Este relato revela os percalços e as dificuldades encontrados e superados, no
decorrer do processo de coleta da pesquisa, e os empecilhos encontrados nas
interrelações culturais, étnicas, linguísticas e sociais. Como pesquisadores
envolvidos, a equipe empenhou-se no processo e diversas discussões foram
promovidas, a fim de tentar entender a cultura Maxakali e as dificuldades
encontradas, neste processo de pesquisa de campo. Todavia, mesmo havendo tais
obstáculos sociais, culturais e geográficos, a equipe manteve com afinco seu
empenho na realização da pesquisa.
6.3 RESULTADOS DO INQUERITO PARASITOLÓGICO
Apesar de as lideranças Maxakali terem sido devidamente orientadas quanto
à realização da pesquisa, assim como os indígenas em suas residências na
investigação de aspectos sanitários, e na coleta de materiais para exames
parasitológicos de fezes, somente 555 (37,07%) indivíduos entregaram os
recipientes com amostras de fezes para a pesquisa coproparasitológica (Gráfico 1).
Das amostras recebidas, 146 (9,75%) foram consideradas como perda.
Algumas delas segundo informações da equipe do laboratório responsável pela
analise, estava relacionada à quantidade insuficiente do material enviado, a
ausência de material ou amostra duvidosa. Para minimizar as perdas de informações
foram distribuídos novos frascos para nova coleta.
59
GRÁFICO 1 Participantes da pesquisa coproparasitológica.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Examinando a literatura sobre inquéritos parasitológicos existentes (SANTOS
et al., 1985; CONFALONIERI, 1989), em populações indígenas, não foram
encontrados relatos quanto à baixa adesão ou dificuldade como a vivenciada na
etnia Maxakali, mesmo em índios da Amazônia que pela extensão territorial e a
dificuldade de acesso às aldeias, estas pesquisas apresentavam coberturas
maiores.
GRÁFICO 2 Amostragem dos participantes do exame coproparasitológico quanto ao sexo.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
60
Dos 37,07% (555) que entregaram as amostras para o exame
coproparasitológico, 46,84% (260) eram do sexo feminino e 53,15% (295) do sexo
masculino (Gráfico 2).
Em todas as aldeias visitadas, não houve a total adesão à realização dessa
pesquisa. Foi perceptível que, de acordo com o engajamento das lideranças locais a
esse projeto, o índice de participação por parte do grupo era maior. Entre os
individuos não participantes do inquerito parasitologico, 65,9% destes a faixa etaria
era inferior a 01 ano, nos individuos entre 01 e 05 anos a não participação foi de
61,5%, no grupo de 6 e 12 anos o percentual de não participação foi de 55,3%, a
faixa etaria entre 13 e 18 anos a não adesão foi de 72,4%, no grupo de 19 a 59 anos
a não participação foi de 63,5% e com percentual mais elevados de não participação
estavam os individuos maiores de 60 anos com 74,2% de não adesão.
35%
38%
44%
28%
36%
26%
65%
62%
56%
72%
64%
74%
0
50
100
150
200
250
300
350
< 01 ano
1 a 5 anos
6 a 12 anos
13 a 18 anos
19 a 59 anos
> = 60 anos
Participantes
Não participantes
GRÁFICO 3 Representativo por faixa etária dos participantes e não-participantes do EPF.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Ao analisarmos os grupos etários (gráfico 03) para identificarmos em qual
destes houve uma menor adesão à pesquisa parasitológica, encontramos no grupo
maior de 60 anos uma participação de 25,80%; em segundo lugar, temos o grupo de
13 a 18 anos com 27,64% de participação. É possível inferir, baseados nas
experiências de campo, que, nestes grupos específicos, o fator timidez possa ter
61
sido determinante para esta baixa adesão. Consideramos como fator timidez
baseado na experiência vivenciada em campo, a forma como eram entregues os
coletores com as amostras sendo embrulhadas em várias sacolas ou na maioria das
vezes escondidas sobre a palha do telhado durante o recolhimento, também era
perceptível a expressão facial de vergonha durante a esta entrega.
No grupo menor de 01 ano, houve a participação de 34,09%. Os demais
grupos de 19 a 59 anos apresentaram adesão de 36,46%. O grupo de 01 a 05 anos
teve adesão de 38,52% e a maior adesão foi no grupo de 06 a 12 anos com 44,72%.
Acreditamos que o fator determinante a esta maior adesão neste grupo possa estar
relacionada à participação nos programas nutricionais e que a proximidade com os
membros da equipe de saúde tenha sido um fator que influenciou a coleta.
Várias tentativas para o aumento nesta adesão foram tomadas, conforme
descrito nas limitações da pesquisa, mesmo assim não tivemos muito sucesso no
aumento destes percentuais.
Quando comparados à adesão por aldeias, as de maior foi Aldeia verde em
ladainha com 75,80% de adesão, Aldeia Agua Boa com 50,20% de adesão e as de
menor adesão foram a Aldeia Vila Nova ( Pradinho) com 14,10%, e Aldeia de Rafael
em Topazio com 29%.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Água Boa
Aldeia Verde
Pradinho
Rafael
GRÁFICO 4 Percentual de adesão ao EPF por aldeia.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
62
A aldeia Verde, em Ladainha, teve um percentual de 75,8% de participação.
Este fator justifica-se na forte influência da cacique no trabalho e sua preocupação
quanto aos riscos na saúde que a parasitose representa, percebido nos diálogos que
tivemos com a mesma e na sua fala perante o grupo sobre a paralisia causada pela
esquistossomose em uma criança que ela conhecia.
Outro fator a considerar é o parentesco neste grupo, já que muitos dos
membros desta aldeia pertencem a mesma família e tiveram experiências em
outras coletas de fezes para análise parasitológica para fins de diagnóstico e
tratamento promovidos pela equipe local de saúde no período em que
permaneceram provisoriamente na cidade de Campanário, pós conflito que
determinou a fusão.
As demais aldeias apresentaram baixas taxas de adesão, a aldeia Água Boa
com apenas 49,8% a aldeia de Rafael teve adesão de 29 % e como menor taxa de
adesão ficou a aldeia Vila Nova( Pradinho) com 24,2% de participação. Nesta última
este fato era esperado devido à baixa dependência que esta tem dos serviços
médicos em consequência de uma maior resistência a ―aculturação‖.
GRÁFICO 5 Sexo dos participantes que não entregaram material para exame EPF.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
N 942
63
Houve pouca variação quando comparados com os percentuais por sexo dos
participantes que não entregaram as amostras de fezes 458 (60,8%) do sexo
feminino e 484 (65,1%) do sexo masculino (Gráfico 5).
Verificou-se, nesse estudo, que dos 409 resultados, 366 (89,48%) da
população que realizou o teste coproparasitológico estava infectada por algum tipo
de parasita. Houve um equilíbrio entre os resultados quanto ao sexo, sendo que
88,73% das mulheres e 90,30% dos homens indígenas participantes da pesquisa
tiveram seus resultados positivos.
Esses resultados foram semelhantes aos observados por outros autores, em
suas pesquisas. Gillio et al. (2006), em Aldeias Trevo, entre maio/setembro de 2003,
registraram uma prevalência de 69,5% de parasitoses naquela tribo. Fontbonne et
al. (2001) observaram que a enteroparasitose é questão de regra na comunidade
dos Pankararu em Sergipe, sendo que, em cada família, havia no mínimo um
membro parasitado, ressaltando neste estudo que um dos principais fatores para o
índice elevado de enteroparasitoses nas tribos indígenas pode estar relacionado ao
caráter de coletivização observado dentro das aldeias, na qual a probabilidade de se
infestar fora do ambiente doméstico é grande, fator este também observado na etnia
Maxakali.
Outros autores, como Coimbra Jr., C.E.A.; Santos, R.V. e Ott A. M. T. (1985),
estudando grupos indígenas dos vales do Rio Guaporé e Mamoré em Rondônia,
encontraram uma prevalência de 49% de positivos na sua análise. Ferrari et al.
(1992) encontraram, nos exames coproparasitológicos em índios Karitiana no estado
de Rondônia, uma prevalência de 38,7% nas amostras analisadas. Borges et al.
(2009), verificando a prevalência de parasitoses intestinais em indígenas da
comunidade Mapuera (Oriximiná), também no estado do Pará, encontraram
prevalência de positividade em 57,8% das amostras, ressaltando que o principal
parasita encontrado foi o Blastocystis hominis, parasita não muito comum em
inquéritos com etnias indígenas.
64
Miranda et al. (1998), estudando a ocorrência e os aspectos epidemiológicos
do parasitismo intestinal na aldeia Paranatinga da tribo indígena Parakanã, na
Amazônia Oriental Brasileira, em abril de 1992 e em fevereiro de 1995, encontraram
nas amostras de 126 índios (população de 215) 80,2% de positividades nestes
exames. Confalonieri e Araujo (1989), examinando amostras de fezes de índios
Yanomâmi no estado de Roraima, em duas comunidades (Serra de Surucucus e nas
proximidades do rio Mucajaí), encontraram 74,2% de positividades em suas
análises. Wiebbelling (2002) encontrou nos exames parasitológicos de índios Mbyá-
Guarani da aldeia Cantagalo, no município de Viamão, Rio Grande do Sul, 69,5% de
positividades nas amostras analisadas.
Os dados encontrados nos Maxakali estão entre as mais altas taxas de
positividades em inquéritos realizados com etnias indígenas, sendo, no entanto,
inferior aos encontrados por Lawrence et al. (1980), Genaro e Ferraroni (1984), entre
os índios Ticuna, que revelaram índices superiores a 95%.
Quando comparadas às taxas de positividade em relação ao sexo, houve no
masculino uma diferença de 1,57% a mais no número de casos positivos e o mesmo
percentual para o sexo feminino em relação aos casos negativos (gráfico 6).
Nos trabalhos analisados, não foram encontradas associações
estatisticamente significantes em relação ao sexo.
GRÁFICO 6 Resultado do exame EPF de acordo com o sexo.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
N 409
65
O parasitismo teve como faixa etária predominante 19 a 59 anos com 93,9%,
seguido por 06 a 12 anos com 93,1%, 13 a 18 anos com 90,7%, 01 a 5 anos com
86,5%, maiores de 60 anos com 75% e menores de 01 ano com 55,6%. (gráfico 7).
GRÁFICO 7 Resultado do exame EPF de acordo com a idade.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Fontbonne (2001) verificou que a idade predominante no parasitismo, na tribo
Pankararu, em Sergipe, está acima dos 15 anos. Entretanto, no estudo citado, o
autor utilizou como critério de avaliação por faixa etária o fracionamento em menores
que 15 anos, não utilizando o mesmo critério para os maiores de 15 anos. Nas
idades inferiores a 15 anos, tem-se 5 a 9 anos com 15,6%, 10 a 14 anos com 13,6%
e 0 a 04 anos com 12,1%. Houve 02 casos que não tinham registro de idade tendo
como prevalência 100% de resultados positivos. Araújo (2005) observou em
resultados de 2.843 exames parasitológicos de fezes, no município de Seropédica,
no estado do Rio de Janeiro, que a faixa etária predominante do parasitismo se
encontrava nos grupos de 06 a 11 anos, seguidos de 12 a 23 anos.
Costa Macedo et al. (1999), estudando o parasitismo por Ascaris
lumbricoides em crianças menores de dois anos, no estado do Rio de Janeiro
encontrou prevalências de infecção por A.lumbricoides de 3,3% em crianças
66
menores de 12 meses, os nossos achados foram para esta faixa etária de 14,3%,
valendo ressaltar que o trabalho citado trata de crianças não indigenas onde a
infraestrutura e os hábitos culturais são fatores diferenciais.
Outros autores Ludwig et al. (1999); Ferreira et al. (1991); Coelho et al.
(1999) encontraram em seus estudos uma tendência de diminuição da
prevalência de parasitoses, em relação ao aumento da idade principalmente para o
A. lumbricoides, correlacionando este fato ao desenvolvimento de imunidade
progressiva e duradoura e ao desenvolvimento de hábitos de higiene e saúde não
consolidados nas primeiras faixas etárias, não sendo encontrado esta tendência no
nosso trabalho.
Quando comparados aos nossos resultados, encontramos uma relação
inversa, ou seja, quanto maior a faixa etária na etnia Maxakali maior a prevalência
de parasitoses. Vale ressaltar que os autores citados anteriormente realizaram seus
estudos em população não índigena, o que inviabiliza uma comparação quanto ao
perfil imunitário pela inexistência de estudos com esta análise.
Quanto aos hábitos de higiene na experiência vivenciada em campo, não
foram perceptíveis diferenças entre estes grupos que justificassem estes resultados.
Portanto, é possível afirmar que existe uma tendência na população estudada em
relação a infecção parasitária aumentando os percentuais à medida que se
aumenta a faixa etária.
Dentre as aldeias pesquisadas, percebe-se que a aldeia Verde ( Ladainha) foi
a que apresentou 86% de resultados positivos com 86 casos; seguida pela Aldeia
Água Boa com 170 casos positivos (88,1%); Vila Nova, com 28 casos positivos
(94,3%); e Aldeia de Rafael, com 366 casos positivos (96,6%) de prevalência
(Tabela 3).
67
TABELA 3 Resultado do exame EPF de acordo com a aldeia.
Aldeia
N
Positivos
Prevalência
Aldeia Verde
100
86
86,0%
Água Boa
193
170
88,1%
Vila Nova
87
82
94,3%
Rafael
29
28
96,6%
Total
409
366
89,5%
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Estes resultados podem estar associados, no caso da Aldeia de Rafael, à
falta de infraestrutura sanitária, percebida pela ausência de local adequado para o
destino dos dejetos, mas também à possível contaminação da fonte de água pela
proximidade observada entre o local usado para as eliminações intestinais e a fonte
de água.
Esta aldeia é o assentamento mais novo na população estudada, ocorrida
após cisão entre o grupo da Aldeia Verde no município de Ladainha, estando sua
estruturação em fase inicial.
Outro fator importante deste grupo está relacionado à sua característica
permanente de andanças aos municípios circunvizinhos, sendo este processo feito a
e em grupos, favorecendo o consumo de água e alimentos durante o trajeto de
fontes não confiáveis e de higiene inadequada.
Em segundo lugar, na prevalência de parasitas por aldeia, temos a Aldeia de
Vila Nova com 94,3% de positividade. Esta aldeia possui 06 banheiros comunitários,
sendo 03 masculinos e 03 femininos; a água para consumo vem de um poço
artesiano que possui dois reservatórios tampados; e, dentre as aldeias, é a que
possui maior número de casas de alvenaria.
No entanto, nos vários depoimentos obtidos no trabalho de campo, percebe-
se uma unanimidade da população na preferência em usar a água para consumo,
higiene pessoal e de utensílios do rio em vez de poço artesiano, podendo ser este o
fator que justifique a prevalência alta de parasitas encontrados. As inferências em
68
relação à água são baseadas em evidências observadas no trabalho de campo, não
foram realizadas análises da qualidade desta água utilizada no nosso trabalho.
Na Aldeia Verde e na Água Boa, existem hábitos comuns às demais aldeias,
como a utilização de rios, córregos e lagoas para consumo de água, higiene pessoal
e de utensílios.
Observou-se que os parasitas mais prevalentes na etnia Maxakali foram os
protozoários patogênicos, com 274 casos (prevalência de 67,0%), seguidos dos
helmintos, com 248 casos (prevalência de 60,7%), e os protozoários não
patogênicos, com 197 casos (prevalência de 48,2%) (Tabela 4).
TABELA 4 Prevalência de parasitas apontadas nesse estudo.
Parasitas
Resultados positivos
Prevalência
Protozoários patogênicos
274
67,0%
Helmintos
248
60,7%
Protozoários não patogênicos
197
48,2%
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Os protozoários patogênicos também foram encontrados como os mais
prevalentes por outros autores em outras etnias indígenas Fontbonne et al
(2001) nos Pankarurus no estado de Pernambuco; Gilio et al (2005) nos índios
Kaingang, reserva Rio das Cobras, Paraná; Coimbra Jr., C.E.A., Santos, R.V., e Ott
A.M.T. (1985) em populações indígenas Pacaas Novos, Massacá, Araju, Canoé,
Jabuti, Mequém, Tupari e Macurap, nos Vales dos rios Guaporé e Mamoré em
Rondônia.
Quanto aos parasitas encontrados nas amostras analisadas, a Entamoeba
histolytica foi o parasita mais prevalente, encontrado em 48,9% das amostras;
seguido da Entamoeba coli com 40,8%, Ancilostomídeos com 37,9% de prevalência;
Giardia lamblia com 32%; Schistosoma. mansoni com 23,7%. Com menores
prevalências, encontram-se: o Hymenolepis nana com 18,6%; Endolimax nana com
10,3%; Strongyloides stercoralis com 5,4% Áscaris Lumbricóides com 4,9%; e com
apenas 0,5% os parasitas Trichiuris trichiura. (Tabela 5).
69
TABELA 5 - Prevalência de Parasitas por Aldeia.
PARASITAS
ALDEIA
VERDE
N 100
ALDEIA ÁGUA
BOA
N 193
ALDEIA VILA
NOVA
N 87
ALDEIA
RAFAEL
N 29
E. hystolitica/dispar
49 (49%)
86(44,6%)
52 (59,8%)
13(44,8%)
Giardia lamblia
14 (14%)
62 (32,1%)
43 (49,4%)
12(41,4%)
E. coli
30 (30%)
80(41,5%)
48 (55,2%)
09 (31%)
E. nana
14 (14%)
23 (11,9%)
05 (5,7%)
00 (0%)
H. nana
19 (19%)
41 (21,2%)
09 (10,3%)
07 (24,1%)
S. mansoni
32 (32%)
34 (17,6%)
21 (24,1%)
10 (34,5%)
A. lumbricoides
02 (2%)
02 (1%)
02 (2,3%)
14 (48,3%)
A. duodenalis
30 (30%)
58 (30,1%)
53 (60,9%)
14 (48,3%)
S. stecoralis
06(6%)
13 (6,7%)
02 (2,3%)
01 (3,4%)
T. trichiura
00 (0%)
00 (0%)
02 (2,3%)
00 (0%)
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Dentre os enteroparasitas encontrados neste estudo, merece destaque a
Entamoeba histolytica, pelo potencial para a produção de um grande número de
formas infectantes. Estima-se que existam cerca de 500 milhões de pessoas
infectadas no mundo por E. histolytica, sendo uma das principais causas de morte
(100.000/ano) no mundo, entre as parasitoses humanas. Os cistos permanecem
viáveis (ao abrigo da luz solar e em condições de umidade) durante cerca de 20
dias, sendo talvez este o fator determinante desta prevalência elevada na população
estudada, pois o ambiente das aldeias (com seu grande número de várzeas e
nascentes) propicia as condições ideais para a sobrevivência deste parasita.
Estes achados são semelhantes aos de outros autores em populações
indígenas. Fontobone et al (2001) encontraram prevalência de E. histolytica 82,4%,
Giardia 62%, A. lumbricoídes 51,2%. Enquanto Confalonieri e Araujo (1989)
encontraram prevalência para T. trichiuria 43,3%; E. histolytica de 40%, Giardia
19,5%, A. duodenale 30%, sendo semelhantes aos encontrados por Gílio et al
(2006) em índios da reserva de Rio das Cobras, no Paraná, com achados de
prevalência também elevados sendo: 36,5% para A. lumbricoídes e 17% para E.
histolytica.
Outros pesquisadores, como Borges et al (2009), encontraram, em índios do
Pará, 59% de prevalência para E. coli e 43,4% para E. histolytica. Miranda, Xavier e
70
Menezes (1998) encontraram para A. lumbricoídes 37,9%; Coimbra Jr., C.E.A.,
Santos, R.V. e Ott A. M. T. (1985) encontraram prevalência em índios de Rondônia
de 21,3% para A. lumbricoídes, 12,7% para E. histolytica, 12,2% para A. duodenale
e 8,8% para a Giardia. Os demais protozoários observados (Entamoeba coli,
Endolimax nana e Iodamoeba butschilii) são comensais, não sendo patogênicos.
Os cistos de G. lamblia e E. histolytica/E. dispar são eliminados juntamente
com as fezes para o meio ambiente, sendo que a transmissão humana ocorre pela
via fecal-oral, ou seja, através da ingestão de água e alimentos contaminados
associando a surtos de gastroenterite, assumindo papel significante em grupos
etários de baixa idade e/ou subnutridos, devido à sua ação espoliativa prejudicando
a absorção intestinal.
Na população estudada, são comuns internações hospitalares por diarreia e
estados de desnutrição (Tabela 1), merecendo atenção especial.
Menos de 20% dos casos de infecções intestinais pela Giardia nos adultos
apresentam sintomatologia. Os portadores assintomáticos podem excretar os cistos
nas fezes, durante semanas ou meses, os quais são bastante resistentes,
permanecendo viáveis por longo período de tempo no meio ambiente, contaminando
a água e os alimentos.
A infecção pela Ascaris lumbricoides foi de apenas 4,9%, valor muito abaixo
dos encontrados em outros trabalhos com etnias indígenas. Este fato pode ser
associado às condições ambientais das aldeias elencadas, onde existem
temperaturas elevadas, em média acima de 32°C, ausência de solo arenoso, sendo
estas condições ideais para a sobrevivência deste parasita. É perceptível ainda que
as prevalências encontradas, nas análises parasitológicas de estudos prévios,
possam estar associadas a baixas condições de higiene, ausência de destino
adequado para os dejetos, ausência de fossas sanitárias e contaminação da água,
assim como na etnia Maxakali. Não encontramos registros ou informações a respeito
de tratamento em massas para este parasita que justificassem estes percentuais.
71
A ascaridíase, ancilostomíase e a tricuríase, nos trabalhos consultados,
representam as parasitoses intestinais mais frequentes, sendo diferentes dos
encontrados nesta pesquisa, exceto para os ancilostomídeos.
Ao analisarmos a prevalência por sexo e faixa etária, verificamos uma
tendência para E. Hystolistica com relação à idade, crescendo na medida em que
aumenta idade, não havendo diferença considerável quanto ao sexo (49,5% no
masculino e 48,4% para o feminino). Esta ausência de diferença considerável
quanto ao sexo também é observada na Giardia lamblia com discreta prevalência
no sexo masculino (32,7% no masculino e 31,5% no sexo feminino).
A infecção pelo ancilostomídeo, apresenta taxa de infeão considerável com
pouca variação quanto ao sexo (40,8%) no masculino e no feminino (43,8%), sendo
a mesma tendência encontrada na Entamoeba coli, todavia com uma prevalência
maior no sexo feminino (Tabela 6).
A Entamoeba coli e a Endolimax nana são protozoários comensais, não
patogênicos do intestino humano; sua contaminação pode estar associada à
ingestão de cistos na água provenientes de riachos ou reservatórios de água não
tratada, tendo o seu cisto resistência no meio ambiente, em boas condições de
umidade e temperatura.
O Schistosoma mansoni, apresentou 23,7% de prevalência, sendo os
percentuais maiores encontrados nas aldeias de Rafael em Tópazio com 34,5% e na
Aldeia verde em ladainha com 32%. Não encontramos nas nascentes, lagoas e rios
que cortam as aldeias a presença do caramujo do tipo Biomphalaria, podendo ser
atribuído a contaminação fora do ambiente das aldeias durante as andanças nas
cidades circunvizinhas ou mesmo o fato de terem habitado provisoriamente
(aproximadamente 02 anos) uma fazenda na cidade de Campanário (Minas Gerais),
após a cisão ocorrida em 2004 na aldeia de Água Boa.
72
Sexo
Idade (anos)
N
Eh/d
Gd
Ec
En
Hn
Sm
Al
Anc
Ss
Tt
Masculino
< 01 ano
11
02(18,2%)
04(36,4%)
03(27,3%)
00(0%)
02(18,2%)
01(9,1%)
00(0%)
01(9,1%)
01(9,1%)
00(0%)
1 a 5 anos
54
24(44,4%)
23(42,6%)
20(37%)
06(11,1%)
07(13%)
10(18,5%)
04(7,4%)
20(37%)
01(9,1%)
00(0%)
6 a12 anos
53
25(47,2%)
17(32,1%)
21(39,6%)
02(3,8%)
10(18,9%)
18(34%)
04(7,5%)
24(45,3%)
02(3,8%)
00(0%)
13 a 18 anos
17
10(58,8%)
03(17,6%)
07(41,2%)
02(11,8%)
06(35,3%)
05(29,4%)
00(0%)
11(64,7%)
04(23,5%)
00(0%)
19 a 59 anos
59
34(57,6%)
16(27,1%)
21(35,6%)
10(16,9%)
09(15,3%)
13(22%)
02(3,4%)
23(39%)
00(0%)
01(1,7%)
≥ 60 anos
2
02(100%)
01(50,0%)
01(50,0%)
00(0%)
00(0%)
00(0%)
00(0%)
01(50,0%)
00(0%)
00(0%)
Sub Total Masculino
196
97(49,5%)
64(32,7%)
73(37,2%)
20(10,2%)
34(17,3%)
47(24%)
10(5,1%)
80(40,8%)
08(4,1%)
01(0,5%)
Feminino
< 01 ano
07
03(42,9%)
01(14,3%)
02(28,6%)
00(0%)
01(14,3%)
01(14,3%)
01(14,3%)
03(42,9%)
01(14,3%)
00(0%)
1 a 5 anos
57
25(43,9%)
19(33,3%)
20(35,1%)
04(7%)
20 (35,1%)
11(19,3%)
04(7%)
20(35,1%)
04(7%)
01(1,8%)
6 a12 anos
48
24(50%)
12(25%)
25(52,1%)
05(10,4%)
08(16,7%)
15(31,3%)
01(2,1%)
21(43,8%)
02(4,2%)
00(0%)
13 a 18 anos
26
16(61,5%)
10(38,5%)
10(38,5%)
02(7,7%)
02(7,7%)
10(38,5%)
01(3,8%)
13(50%)
02(7,7%)
00(0%)
19 a 59 anos
73
34(46,6%)
25(34,2%)
36(49,3%)
11(15,1%)
11(15,1%)
13(17,8%)
03(4,1%)
18(24,7%)
04(5,5%)
00(0%)
≥ 60 anos
02
01(50%)
00(0%)
01(50%)
00(0%)
00(0%)
00(0%)
00(0%)
00(0%)
01(50%)
00(0%)
Sub Total Feminino
213
103(48,4%)
67(31,5%)
94(44,1%)
22(10,3%)
42(19,7%)
50(23,5%)
10(4,7%)
21(43,8%)
14(6,6%)
01(0,5%)
Total
409
200(48,9%)
131(32%)
167(40,8%)
42(10,3%)
76(18,6%)
97(23,7%)
20(4,9%)
101(37,9%)
22(5,4%)
02(0,5%)
TABELA 6 - Prevalência de Parasitas por sexo e faixa etária.
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
73
Ao somar todos os resultados positivos encontrados para esses parasitas,
encontra-se como resultado 858, e como a população estudada equivale a 409,
conclui-se pela presença de poliparasitismo com 71,63%, (293) indivíduos com mais
de um parasita, o monoparasitismo foi 17,84%, (73) indivíduos com apenas um
parasita. Quando analisados por aldeia, a de Rafael (Topázio) teve uma prevalência
de 48,3% de poliparasitismo, seguidas de Vila Nova (Pradinho) com 31%, Aldeia
Verde (Ladainha) com 23% e Água Boa com 19,6%.
Esses dados vão ao encontro do estudo de Fontbonne et al. (2001), que, na
sua pesquisa, identificaram casos de poliparasitismo com no mínimo 03 espécies de
parasitas diferentes na mesma casa, encontrando no máximo 09 e, em média, 05.
Gilio et al (2006) encontraram prevalência de 70,7% de poliparasitismo na sua
pesquisa, sendo, para Lawrence (1980), uma questão comum em populações
indígenas.
A faixa etária com maior índice de parasitismo decorrido de protozoários
patogênicos está concentrada nos indivíduos com idade 60 anos com prevalência
de 75% e o sexo masculino com prevalência de 68,9%. A aldeia Vila Nova foi a que
apresentou a maior prevalência de protozoários patogênicos com 82,8% (Tabela 7).
TABELA 7 Prevalência de protozoários patogênicos de acordo com o sexo, idade e aldeia.
Variável
N
Positivos
Prevalência
Sexo
Feminino
213
139
65,3%
Masculino
196
135
68,9%
Idade
< 1 ano
18
9
50%
1 a 5 anos
111
75
67,6%
6 a 12 anos
101
66
65,3%
13 a 18 anos
43
29
67,4%
19 a 59 anos
132
92
69,7%
≥ 60 anos
4
3
75%
Aldeia
Aldeia Verde
100
56
56%
Água Boa
193
125
64,8%
Rafael
29
21
72,4%
Vila Nova
87
72
82,8%
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
74
Quanto aos protozoários não patogênicos foi observado uma prevalência de
51,2%, no sexo feminino, e de 44,9% no sexo masculino. Para a faixa etária, a maior
prevalência foi encontrada nos indivíduos com idade entre 19 a 59 anos com 56,1%.
A Aldeia Vila Nova foi a que apresentou a maior prevalência (57,5%) (Tabela 8).
A literatura examinada demonstra que, quanto à frequência da faixa etária,
os grupos mais acometidos estão entre 03 e 06 anos, permanecendo elevada de
06 a 09 anos, com tendência e manutenção ao decréscimo à medida que se
aumenta a faixa etária, dados contrários aos resultados encontrados na etnia
Maxakali.
TABELA 8 Prevalência de protozoários não patogênicos de acordo com o sexo, idade e aldeia.
Idade
< 1 ano
18
5
27,8%
1 a 5 anos
111
45
40,5%
6 a 12 anos
101
51
50,5%
13 a 18 anos
43
20
46,5%
19 a 59 anos
132
74
56,1%
≥60 anos
04
02
50%
Aldeia
Aldeia Verde
100
43
43%
Água Boa
193
95
49,2%
Rafael
29
09
31%
Vila Nova
87
50
57,5%
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
Quando avaliada a presença de cestoda foram encontradas apenas o
Hymenolepis nana, sendo de acordo com o sexo, mais prevalência no sexo
feminino (19,7%). A idade predominante da infecção foi a de 01 a 05 anos com
prevalência de 48,1%. A maior prevalência ocorreu na Aldeia de Rafael com 24,1%
(Tabela 5,6).
Variáveis
N
Positivo
Prevalência
Sexo
Feminino
213
109
51,2%
Masculino
196
88
44,9%
75
A infecção por Schistosoma mansoni (Cestoda) manteve uma equiparação
quanto ao sexo com frequência, no sexo feminino de 23,5%, e no masculino com
24%. A maior prevalência foi entre os indivíduos com 13 a 18 anos (67,9%). A aldeia
de Rafael foi a que apresentou a maior prevalência (34,5%). Um dos fatores
associados a contaminação por este parasita pode estar associada à utilização de
fontes de água para a higiene pessoal e de utensílios nas lagoas, nascentes e rios
existentes nas aldeias, levando a uma maior exposição aos fatores de risco para a
infecção.
Na infecção pela classe dos Helmintos, houve uma maior prevalência no sexo
masculino (60,7%). A faixa etária com maior prevalência foi a de 13 a 18 anos com
74,4%. A aldeia com maior prevalência foi a de Rafael (96,6%) (Tabela 9).
TABELA 9 Prevalência de parasitas da classe Helmintos de acordo com o sexo, idade e aldeia.
Variável
N
Positivos
Prevalência
Sexo
Feminino
213
129
60,4%
Masculino
196
88
60,7%
Idade
< 1 ano
18
06
33,3%
1 a 5 anos
111
68
61,3%
6 a 12 anos
101
72
71,3%
13 a 18 anos
43
32
74,4%
19 a 59 anos
132
68
51,5%
≥ 60 anos
04
02
50%
Aldeia
Aldeia Verde
100
59
59%
Água Boa
193
102
52,8%
Rafael
29
28
96,6%
Vila Nova
87
59
67,8%
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
As condições que propiciam a presença e o aumento das parasitoses em uma
determinada população estão diretamente relacionadas a hábitos de higiene
inadequados e nutrição. As comunidades indígenas no Brasil, pela sua evolução
histórica e cultural, apresentam hábitos de higiene diferentes dos preconizados para
76
evitar a contaminação por estes parasitas. Somando-se a isso, a questão da
nutrição com ingesta insuficiente de nutrientes, quer seja pelo baixo poder aquisitivo
ou mesmo pela ausência das condições para caça, pesca e coleta de alimentos,
hábitos comuns das etnias indígenas, fatores que determinam a elevação da
infecção parasitária nestes grupos.
Como fatores promotores de infecções parasitárias, pode ser citado o papel
desempenhado pelo solo, na propagação das parasitoses (Ancilostomídeos), que
o hábito de andar descalço é muito comum, sendo visualizado na comunidade
estudada. Ainda, há também a defecação peridomiciliar e nas proximidades dos rios,
testemunhada pela equipe na pesquisa de campo, tendo a auncia de sanitários
nas residências investigadas um fator estimulante deste hábito.
6.4 RESULTADO DO INQUÉRITO SANITÁRIO
A maioria dos problemas, que afeta as populações indígenas, está
intrinsecamente relacionada a questões sanitárias e ambientais, como exemplo
temos as altas taxas de parasitoses, elevados índices de internações e mortes por
doenças diarréicas e desnutrição, estando correlacionados à falta de saneamento e
ao baixo poder aquisitivo nestes grupos.
As doenças resultantes da falta ou inadequação de saneamento no Brasil,
especialmente em áreas pobres, vêm se agravando, como dengue,
esquistossomose e diarreia. É comprovado que sistemas regulares de tratamento de
esgoto sanitário, abastecimento de água, coleta de lixo e as melhorias sanitárias
domiciliares contribuem para a redução da mortalidade, principalmente em crianças,
por doenças de veiculação hídrica.
Considerando a complexidade dos fatos, realizamos o inquérito sanitário para
avaliar as condições dos domicílios desta população indígena e buscar correlações
entre esta e a infestação parasitária .
77
Dos domicílios investigados, no total de 188 (100%), 149 (79,7%) estavam
perto de uma rede elétrica destes, quase todos próximo a rede elétrica tinha energia
instalada na sua residência 144(77%).
Quanto ao número de cômodos das casas, 134 (71,3%) possuíam apenas um
cômodo; 34 (18,1%) dois cômodos; 10 (5,3%) 03 cômodos; 04 (2,1%) possuíam 04
cômodos, 03 (1,6%) possuíam 05 cômodos. Com cinco, seis e nove cômodos foram
encontradas apenas uma residência (0,5%) com estas características. Estas
residências com mais de 04 cômodos, geralmente, são os postos de saúde, escolas
ou, no caso das propriedades recentemente adquiridas pela FUNAI, eram as antigas
sedes das fazendas que também são usadas como moradia nas aldeias Aldeia
Verde-Ladainha (09 cômodos onde era a antiga sede da fazenda) e em Água Boa
(escola).
Quanto ao número de quartos nas residências, 158 (84%) possuíam apenas
um quarto; 21 (11,2%) dois quartos, 02 (1,1%) com três quartos e com 04 (1,1%)
quartos apenas duas. 05 residências não foram avaliadas internamente, uma vez
que não obtivemos autorização do chefe da moradia ou em virtude de estarem
fechadas naquele momento. Referente ao número de salas, 171 (91%) não
possuíam e 17 (9%) possuíam uma sala. Quando investigamos a presença da
cozinha dentro de casa, 23 (12,2%) têm cozinha dentro da casa e 178 (94,7%)
possuíam a cozinha na área externa. O que fora considerado no inquérito como
cozinha era o local usado para o preparo dos alimentos que, na maioria dos
domicílios, se resumia à presença de uma fogueira onde as refeições eram
preparadas. Nesta avaliação 10 (5,3%) residências não possuíam cozinha nem
dentro e nem fora do domicilio.
Quanto à presença de banheiros, investigamos a existência de banheiro
completo e incompleto, destes apenas 03 (1,6%) possuíam ele completo, sendo um
na Aldeia Verde em Ladainha, situado na sede antiga da fazenda e também utilizado
pelos profissionais que ali trabalham; os outros dois ficavam um na casa do cacique
da Aldeia de Vila Nova e o outro em uma residência na mesma aldeia. 184 (97,9%)
dos domicílios não possuíam banheiros, utilizando os construídos pela FUNASA, nas
aldeias de Vila Nova e Ladainha. Nas demais aldeias e mesmo nestas onde havia os
78
banheiros, a maioria das pessoas fazia suas necessidades de eliminações intestinais
nos terrenos, matas e proximidades dos rios.
Nos domicílios investigados, 184 (98,9%) não possuíam outros cômodos na
casa, sendo usado apenas um cômodo para dormir em 160 (85,6%) destes
domicílios e 21 (11,2%) usavam dois cômodos com esta finalidade (tabela 10).
Tabela 10: Infraestrutura dos domicílios nas aldeias indígenas Maxakali.
Rede de energia elétrica perto da casa
Luz elétrica na casa
Sim
149(79,7%)
Sim
144(77%)
Não
38(20,3%)
Não
43(23%)
Total
187(100%)
Total
187(100%)
Números de cômodos da casa
Quartos
01
134(71,3%)
01
158(84%)
02
34(18,1%)
02
21(11,2%)
03
10(5,3%)
03
02(1,1%)
04
04(2,1%)
04
02(1,1%)
05
03(1,6%)
Não avaliado
05(2,7%)
06
01(0,5%)
Total
188(100%)
09
01(0,5%)
Não avaliado
01(0,5%)
Total
188(100%)
Sala
Cozinha dentro da casa.
00
171(91%)
Tem
23(12,2%)
01
17(9,0%)
Não Tem
165(87,8%)
Total
188(100%)
Total
188(100%)
Cozinha do lado de fora da casa
Banheiro completo.
Tem
178(94,7%)
Não tem
184(97,9%)
Não Tem
10(5,3%)
Tem
03(1,6%)
Total
188(100%)
Não avaliado
01(0,5%)
Total
188(100%)
Banheiro incompleto
Outro cômodo na casa
Não tem
184(97,9%)
Não tem
184(98,9%)
Tem
04(2,1%)
Tem
02(1,1%)
Total
188(100%)
Total
186(100%)
Número de cômodos usados para dormir.
01
160(85,6%)
02
21(11,2%)
03
02(1,1%)
Não avaliado
04(2,1%)
Total
187(100%)
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
79
Quanto à descrição da casa, 174 (92,6%) tinham piso de terra; 14 (7,4%)
tinham piso de cimento; 90 (47,9%) tinham o telhado com telhas; em 61 (32,4%) o
telhado era coberto com palhas; em 31 (16,5%) os telhados eram cobertos com
lona e palha; 03 (1,6%) usavam lona e 03 (1,5%) usavam telha e palha. Em
relação às paredes, 98 (52,1%) eram de pau-a-pique; 23 (12,7%) de madeira
(troncos de aproximadamente 08 cm cúbicos partidos ao meio e empilhados
lateralmente); 39 (20,7%) as paredes eram de palhas; 16 (8,5%) tinham as
paredes de tijolos; quanto ao revestimento pelo lado de fora, 172 (91,5%) não
tinham as paredes revestidas e 16 (8,5%) tinham; quanto ao revestimento do lado
de dentro da casa, 168 (89,4%) não tinham e apenas 20 (10,6%) tinham
revestimento interno das paredes.
Nos domicílios investigados, 100 (53,2%) não tinham porta de entrada na
casa, 88 (46,8%) tinham porta, porém não necessariamente era de tábua e 164
(87,2%) dos domicílios não possuíam janelas (Tabela 11).
Tabela 11: Descrição dos domicílios nas aldeias indígenas Maxakali.
Piso de terra
Telhado
Sim 174(92,6%)
Telha 90(47,9%)
Não 14(7,4%)
Palha 61(32,4%)
Total 188(100%)
Lona 03(1,6%)
Lona e Palha 31(16,5%)
Telha e Palha 03(1,5%)
Total 188(100%)
Paredes
Revestimento da parede do lado de fora
Tijolos 16(8,5%)
Revestida 16(8,5%)
Pau-a-pique 98(52,1%)
Não revestida 172(91,5%)
Palha 39(20,7%)
Total 188(100%)
Madeira 23(12,7%)
Madeira e palha 09(4,8%)
Pau-a-pique e palha 03(1,6%)
Total 188(100%)
A caixa d'água está limpa
O banheiro está limpo
Sim 07(3,7%)
Sim 16(8,6%)
Não 02(1,1%)
Não 06(3,2%)
Não tem 178(95,2%)
Não tem banheiro 165(88,2%)
Total 187(100%)
Total 187(100%)
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
80
Sobre o tratamento da água do cano, 187 (100%) não possuíam água
tratada, utilizando a proveniente do poço artesiano, porém eram usadas também
outras fontes de água para a higiene e consumo (Tabela 10).
Da água usada para o consumo, 140 (72,1%) armazenavam em baldes de
plástico; 33 (16,9%) em baldes e panelas de alumínio; 11 (5,6%) em garrafa pet e
vasilha de plástico; 02 (1,0%) armazenavam em balde de alumínio; 03 (1,5%)
armazenavam em galão de plástico e garrafa pet; 05 (2,5%) não informaram o
local de armazenamento não sendo também visualizada durante o inquérito e
apenas 01 (0,5%) armazenava diretamente na geladeira (Tabela 10). O Filtro de
vela foi visualizado em apenas duas residências, porém fora observado o consumo
de outro local de armazenamento (baldes); Quanto ao hábito de manterem esta
água tampada, 162 (86,2%) não tampavam e 17 (9,0%) tinham o costume de
tampar( tabela 12).
Tabela:12 Origem e armazenamento da água usada para beber, cozinhar, lavar roupas,
vasilhas e tomar banho nas aldeias Maxakali 2009.
Poço artesiano 37(19,9%)
Mina 02(1,1%)
Ribeirão ou riacho 10(5,4%)
Lagoa, barragem, açude 40(21,5%)
Poço artesiano e mina 63(33,9%)
Poço artesiano e rio 27(14,5%)
Poço, lagoa, mina e rio 07(3,7%)
Total 186(100%)
Armazenamento da água de beber
Balde plástico 140(72,1%)
Balde de alumínio 02(1,0%)
Garrafa pet e vasilha de plástico 11(5,6%)
Balde e panela de alumínio 33(16,9%)
Galão de plástico e garrafa pet 03(1,5%)
Geladeira 01(0,5%)
Não informado 05(2,5%)
Total 193(100%)
A água de beber fica tampada
A casa tem caixa d'água
Sim 17(9,0%)
Sim 09(4,8%)
Não 162(86,2%)
Não 178(94,7%)
Não avaliado 09(4,8%)
Não avaliado 01(0,5%)
Total 188(100%)
Total 188(100%)
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
81
Quanto a possuir reservatório (caixa d’água), 178 (94,7%) não possuíam e
09 (4,8%) sim, dentre os quais 07 (3,7%) mantinham a caixa limpa. Para o destino
da água do vaso sanitário, 19 (10,1%) eram para a fossa; 29 (15,4%) para o
terreno; 139 (73,9%) não possuíam vaso sanitário.
Quando observada a limpeza da residência, 91 (48,7%) estavam limpas; 96
(51,3%) não estavam; 119 (63,3%) tinham lixo espalhado no quintal e em 69
(36,7%) não haviam sido visualizadas a presença de lixo no quintal.
Nestas residências investigadas, 45 (23,8%) tinham o hábito de fazer
fogueira dentro da casa e a maioria, 144 (76,2%), fazia a fogueira no lado de fora
(Tabela 13).
Tabela 13: Condições de Higiene nas residências das aldeias indígenas Maxakali 2009.
Lixo espalhado no quintal da casa.
A casa está limpa.
Sim
119(63,3%)
Sim
91(48,7%)
Não
69(36,7%)
Não
96(51,3%)
Total
188(100%)
Total
187(100%)
Fogueira dentro da casa.
Tratamento da água do cano
Sim
45(23,8%)
Tratada
00(0%)
Não
144(76,2%)
Não tratada
187(100%)
Total
189(100%)
Total
187(100%)
Destino da água do vaso sanitário
Distância da fossa e a fonte d'água
Fossa
19(10,1%)
Não tem fossa/ fonte de água
175(90,2%)
Terreno
29(15,4%)
±100 m
02(1,0%)
Não tem vaso sanitário
139(73,9%)
±150 m
11(5,7%)
Não avaliado
01(0,5%)
±3 km
04(2,1%)
Total
188(100%)
±4 a 5 km
02(1,0%)
Total
194(100%)
A caixa d'água está limpa
O banheiro está limpo
Sim 07(3,7%)
Sim 16(8,6%)
Não 02(1,1%)
Não 06(3,2%)
Não tem 178(95,2%)
Não tem banheiro 165(88,2%)
Total 187(100%)
Total 187(100%)
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
82
Podemos afirmar, baseados nos dados apresentados, que a população
indígena Maxakali encontra-se em situação de risco para doenças de veiculação
hídrica, podendo ser correlacionadas à ausência de infraestrutura mínima,
comprovada pela falta de tratamento da água, dos dejetos, pela falta de insumos
básicos como filtro de velas, banheiros, ausência de janelas nos domicílios
permitindo renovação continua do ar, ausência de portas, reservatórios dágua, locais
impróprios para o armazenamento da água usada no consumo além de hábitos
primitivos de consumirem água diretamente de rios, igarapés sem conhecimento da
sua qualidade, detalhados nas tabelas 10,11,12 e 13.
6.5 CORRELAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E PARASITOSES
Segundo dados censitários sobre o nível nacional de Saneamento Básico,
48% dos municípios e 67% dos domicílios brasileiros não dispunham de rede para
coletar seus dejetos, que acabam em fossas pticas rudimentares, ou, pior, são
lançados diretamente em rios, comprometendo a qualidade de suas águas (IBGE,
2000).
Podemos considerar como ações integrantes do saneamento: 01 - o
abastecimento de água, caracterizado como o fornecimento às populações de água
em quantidade suficiente e com qualidade que a enquadre nos padrões de
potabilidade; 02 - esgotamento sanitário, compreendendo a coleta dos esgotos
gerados pelas populações e sua disposição de forma compatível com a capacidade
do meio ambiente em assimilá-los; 03 - limpeza pública, incluindo todas as fases de
manejo dos resíduos sólidos domésticos, até sua disposição final, compatível com
as potencialidades ambientais; 04 - drenagem pluvial, significando a condução das
águas pluviais, de forma a minimizar seus efeitos deletérios sazonais sobre as
populações e as propriedades; 05 - controle de vetores de doenças transmissíveis,
especialmente artrópodes e roedores (HELLER, 1998).
Buscamos a correlação entre a infraestrutura encontrada nas aldeias e a
presença de positividade nos exames parasitológicos, cruzando as diversas
variáveis: limpeza da caixa d’água; água para consumo armazenada com tampa;
83
limpeza dos banheiros; destino da água do vaso sanitário; cozinha do lado de fora
da casa; banheiro completo; lixo espalhado no quintal da casa; limpeza da casa;
constituição das paredes; local da guarda da água de beber; presença de luz
elétrica; caractestica do piso da casa e presença de portas para entrar na casa
(Tabela 14).
Tabela 14: Geo-helmintoses nas aldeias indígenas Maxakali, Nordeste de Minas
Gerais, 2009.
Positivo
Negativo
Total
Valor de
P
Limpeza da caixa d'água
Sim
24(85,7%)
04(14,3%)
28
0.3714
Não
04(100%)
00 (0%)
4
Não tem caixa d'água
312(90,2%)
34(9,8%)
346
Total
340(89,9%)
38(10,1%)
378
A água de beber fica em lugar tampada.
Sim
51(91,1%)
05(8,9%)
56
0.3318
Não
280(89,5%)
33(10,5%)
313
Total
341(90,0%)
38(10,0%)
379
Limpeza do banheiro
Sim
62(88,6%)
08(11,4%)
70
0.2527
Não
16(80,0%)
04(20,0%)
20
Não tem banheiro
260(91,2%)
25(8,8%)
285
Total
338(90,1%)
37(9,9%)
375
Destino da água do vaso sanitário.
Fossa
77(87,5%)
11(12,5%)
88
0.0930
Terreno
59(83,09%)
12(16,9%)
71
Não tem vaso sanitário
205(93,2%)
15(6,8%)
220
Total
341(90,0%)
38(10,0%)
379
Cozinha do lado de fora da casa.
Sim
311(90,7%)
32(9,3%)
343
0.3875
Não
33(84,6%)
06(15,4%)
39
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Banheiro completo.
Não tem
316(89,8%)
36(10,2%)
352
0.3712
Tem
12(100%)
00(0%)
12
Não avaliado
16(88,9%)
02(11,1%)
18
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Lixo espalhado no quintal da casa.
Sim
232(88,9%)
29(11,1%)
261
0.1307
Não
111(92,5%)
09(7,5%)
120
Total
343(90,0%)
38(10,0%)
381
84
A casa esta limpa.
Sim
170(91,4%)
16(8,6%)
186
0.0005
Não
173(88,7%)
22(11,3%)
195
Total
343(90,0%)
38(10,0%)
381
Paredes da casa
Tijolos
57(90,5%)
06(9,5%)
63
0.0252
Pau-a-pique
142(94,0%)
09(6,0%)
151
Palha
73(86,9%)
11(13,1%)
84
Lona + palha
03(100%)
00(0%)
03
Madeira + palha
69 (85,18%)
12(14,8%)
81
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Local de guardar a água de beber
Filtro de vela
18(94,7%)
01(5,3%)
19
0.3445
Pote
15(93,8%)
01(6,3%)
16
Balde, panela, garrafa pet, geladeira
302(89,3%)
36(10,6%)
338
Não é guardada
03(100%)
00(0%)
03
Total
338(89,9%)
38(10,1%)
376
A casa tem luz elétrica
Sim
213(91,8%)
19(8,2%)
232
0.0649
Não
131(91,8%)
19(12,7%)
150
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Piso da casa é de terra
Sim
301(90,4%)
32(9,6%)
333
0.3593
o
43(87,8%)
06(12,2%)
49
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Portas para entrar na casa
Sim
178(90,8%)
18(9,2%)
196
0.0016
Não
166(89,2%)
20(10,8%)
186
Total
344(90,1%)
38(9,9%)
382
Fonte: Inquérito realizado na etnia Maxakali, 2009.
As únicas correlações estatisticamente significantes (p>0,050) foram
encontradas em relação à limpeza da casa (p-0.0005), constituição das paredes da
casa (p-0.0252) e a presença de portas para entrar na casa (p-0.0016 e não muito
significativa o destino da água do vaso sanitário (p-0.0930) e a presença de luz
elétrica na residência (p-0,0649) (Tabela 14).
Prado et al. (2003) encontraram, em seu estudo, diferença significativa na
associação entre a falta de rede de esgoto, no domicílio, e uma maior contaminação
parasitária, tendência aqui também encontrada. Quihui et al. (2006) encontraram
associação significativa entre renda familiar, evacuação em áreas abertas,
desemprego e baixa escolaridade das mães com aumento da infecção parasitária.
85
Aimpum et al. (2004) encontraram diferença entre o consumo de água potável e não
potável e a presença de infecção parasitária. Nematiam et al. (2004) encontraram
associação entre o níveis de escolaridade das mães e diminuição das taxas de
infecção parasitária em crianças. Merece destaque os resultados para a correlação
entre limpeza da casa e a presença de parasitoses, fato este confirmado como
extremamente significante (p-0.0005) e que merece atenção especial nesta etnia,
pelo fato de ser algo comum nas residências visitadas.
86
6 CONCLUSÃO
1) A taxa de positividade foi de 89,48%, com pequena variação quanto ao sexo;
2) Houve diferença de positividade entre as aldeias, sendo a de Rafael (Topázio)
a que apresentou a maior frequência de infecção parasitária, com 96,6% de
amostras positivas.
3) Os parasitas mais freqüentes foram a Entamoeba histolytica, Entamoeba coli,
e os Ancilostomídeos. O S. mansoni apresentou 23,7% de positividade.
4) A taxa de poliparasitismo foi de 71,63%. O poliparasitismo foi mais freqüente
nas faixas etárias de 19 a 59 anos com 93,9% de casos positivos, e na de 06
a 12 anos com 93,1% de positividade;
5) As parasitoses associaram-se significativamente com a infra-estrutura dos
domicílios, isto é, quanto piores as condições de saneamento maiores foram
as taxas de infecção.
87
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que o corpo humano quer seja de brancos, negros ou índios ou
de qualquer outra etnia é constituído por um conjunto de subsistemas funcionando
em harmonia e que, para tal, faz-se necessário o contato do indivíduo com o seu
ecossistema, desempenhando em sua relação uma perfeita interação, torna-se
possível afirmar que o estado de saúde ou de doenças em determinado instante é
resultante das condições do ecossistema, neste caso, ambiente e natureza e
também das respostas e capacidades dos sistemas individuais envolvidos neste
processo.
No caso das parasitoses, a idéia de inter-relacionamento entre ambos
(parasita e hospedeiro) é implícita pela própria definição de sistemas.
Portanto, modificações ocorridas entre estas inter-relações (parasita,
hospedeiro ou meio ambiente) podem repercutir e influenciar o equilíbrio entre
ambas as partes.
A visão da população indígena como povos naturais, defensores inatos da
natureza, baseia-se na concepção histórica da sua capacidade de manejar estes
recursos naturais de maneira branda, não alterando os princípios do seu
funcionamento e nem colocando em risco as condições de recuperação deste meio.
Neste contexto, é perceptível que a sobrevivência das populações indígenas
no que diz respeito à obtenção dos alimentos e à manutenção da saúde, vem a cada
dia sendo ameaçada podendo ser evidenciada pelas análises das principais causas
de mortalidade nestes grupos, bem como pela expectativa de vida quando
comparado à população não indígena.
Estatísticas mostradas neste trabalho demonstram como principais causas de
mortalidade, na população indígena Maxakali, as doenças infecciosas e parasitárias,
seguidas das doenças carências que também têm seu agravamento determinado
pelas doenças parasitárias ou, no caso das doenças carências, pela não
88
disponibilidade do alimento, seja pela atividade de caça e coleta, ou pela não
aquisição por outras fontes como compra ou troca.
Quando consideramos estas variáveis como determinantes da sobrevivência
destes grupos e a manutenção de seus hábitos culturais, que são na verdade uma
necessidade de preservação de sua identidade encontramos situações
confrontantes. O meio ambiente em que a população indígena está inserida foi
modificado, sendo raros os rios não poluídos ou que ainda preservam quantidade
suficiente de produtos destinados à sua sobrevivência. Assim, o mesmo pode ser
aplicado às reservas florestais, que ou são raras ou possuem donos, o que
inviabiliza as atividades de caça e coleta por esta população. Isso acaba por
determinar uma situação de desigualdade frente a outras populações não indígenas,
tornando-as incapazes de se defenderem frente aos desequilíbrios do meio,
determinando uma situação de vulnerabilidade.
Os efeitos das parasitoses sobre o estado nutricional do hospedeiro
determinam a ocorrência de efeitos catabólicos, alterações metabólicas, alterando a
produção e utilização dos carboidratos e lipídios e até mesmo na metabolização dos
minerais e eletrólitos, podendo ser evidenciado pela baixa estatura, baixo peso e
pouca resistência à infecção, fatores intimamente ligados aos determinantes de
mortalidade nestes grupos.
Em relação às parasitoses, vale ressaltar os casos da Giárdia lamblia, que
nas infecções intensas, interferem no aproveitamento das gorduras e vitamina A,
levando a síndromes de má absorção secundárias (BRANDBORG,1971).
Quanto à ancilostomíase, a perda de proteínas pelo trato gastrointestinal
(TRIAPTHY et al., 1971,1972) e a ocorrência de severa anemia hipocrômica por
perdas sanguíneas repetidas (CHOPIA e KEVANY,1971). Outras patologias também
são determinadas e conhecidas, causadas por outros parasitas, como as lesões
hepáticas causadas pela S. mansoni, obstrução intestinal pela A. lumbricóides e,
principalmente, atrasos no desenvolvimento físico como consequência do
parasitismo.
89
Sobre a infraestrutura sanitária, é perceptível pelos dados apresentados que a
população Maxakali encontra-se nos mais baixos patamares de pobreza,
caracterizados pela grande quantidade de moradias sem infraestrutura, como:
ausência de portas e janelas nas residências; paredes de palhas ou pau-a-pique;
pisos de terra; ausência de banheiros ou acesso a água tratada, bem como a
ausência de um destino adequado para os seus dejetos, sendo possível
correlacionar estas mazelas a um considerável risco de infecção parasitária,
comprovados por vários autores e, claramente, evidenciado no trabalho de Lunardi
et al., 2007. Esta pesquisa, na sua análise de morbimortalidade hospitalar de
indígenas Xavantes, encontrou coerência com a precariedade do perfil sanitário e
nutricional predominante nas aldeias.
Como relevância, este trabalho destaca-se por ser o primeiro a identificar a
prevalência de parasitoses e as condições de saneamento na população indígena
Maxakali, confirmando o grau de vulnerabilidade social, elevada taxa de infecção
parasitária, elevado índice de poliparasitismo, ausência completa de infraestrutura
para tratamento de água e destino dos dejetos nas aldeias, sendo aspectos
semelhantes encontrados em outras etnias indígenas, no Brasil.
Desta forma, existe a necessidade de que o poder blico assegure a esta
população igualdade na dignidade e nos direitos destes indivíduos, buscando
mecanismos que potencializem os direitos dos índios ao uso sustentado dos
recursos naturais, com as mesmas características de preservação mantidas por
estas populações.
O poder público não consegue garantir ao homem "branco" uma saúde
pública de qualidade como garantia de uma vida feliz, porém, diante da realidade
indígena esta impotência é gritante e de fato revela sua total possibilidade de
mudança a curto prazo .
Os desafios na questão indígena não se resumem as doenças ou falta de
saneamento, mas uma realidade mais ampla e abrangente que coloca esta nação
numa atitude de exclusão dos benefícios da atualidade, em todos os campos. O
estudo apresentado revela que possibilidade de amenizar esta situação e
preservar o fundamento essencial de qualquer pessoa: o direito à vida!
90
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103
APÊNDICES
104
APÊNDICE A Questionário de investigação de infra-estrutura
sanitária
PESQUISA UFOP / UNIVALE / FUNASA
“Enteroparasitoses e Desnutrição nas terras indígenas de Minas Gerais: Maxakali”
(1) Nº do questionário __ __ __ __ __
(2) Data da visita ______/ ______/ _________
(3) Aldeia: ________________________________________________
(4) Nº da casa (RG)_____________________
(5) Existe rede de energia elétrica perto da casa? |__1__| sim |__2__| não
(6) A casa tem luz elétrica? |__1__| sim |__2__| não
(7) Quantos cômodos a casa tem? |____| (TOTAL)
Discriminação
Quantidade
01. Quartos
( )0 ( )1 ( )2 ( )3
02. Sala
( )0 ( )1
03. Cozinha dentro da casa
( )0 ( )1
04. Cozinha do lado de fora
( )0 ( )1
05. Banheiro completo
( )0 ( )1
06. Banheiro incompleto
( )0 ( )1
07. Outro cômodo(Qual?)
( )0 ( )1
(8) Quantos cômodos da casa são usados para dormir? |____| (TOTAL)
(9) Como é sua casa:
Discriminação
Tipo de material (pode marcar mais de um X)
01. Piso de terra
|__1__| sim |__2__| não
02. Telhado
(1) Telha (2) Palha (4) Lona
(8) Outro..................................
04. Paredes
(1) Tijolos (2) Pau-a-pique (4) Palha (8) Lona
(16) Outro..........................................
05. Paredes do lado de fora
da casa revestida
|__1__| sim |__2__| não
06. Paredes de dentro da casa
revestida
|__1__| sim |__2__| não
105
08. Portas para entrar na casa
|__1__| sim |__2__| não
09. Janelas
|__1__| sim |__2__| não
(10) A água usada na casa para BEBER, COZINHAR, LAVAR ROUPAS, LAVAR VASILHAS
E TOMAR BANHO vem de onde? (pode mais de um número)
|__1__| do poço artesiano
|__2__| da mina (Olho d’água)
|__3__| do ribeirão ou riacho
|__4__| da lagoa, barragem ou açude
|__5__| de outro lugar (Qual?):……………………………………………………………………
(11) A água dos canos é tratada? |__0__| não |__1__| sim |__2__| não identificado
(12) Onde é colocada a água de beber?
|__1__| no filtro de vela
|__2__| no pote de barro
|__3__| no filtro de vela e no pote de barro
|__4__| outra resposta (Qual?):……………………………………………………………………
|__5__| não é guardada
(13) A água de beber fica em lugar tampado? |__1__| sim |__2__| não |__9__| não tem
(14) Tem caixa d’água na casa? |__1__| sim |__2__| não
(15) A caixa d’água está limpa? |__1__| sim |__2__| não |__9__| não tem
(16) O banheiro está limpo? |__1__| sim |__2__| não |__9__| não tem
(17) Para onde vai a água usada no vaso sanitário?
|__1__| para a fossa
|__2__| para o terreno
|__3__| para o riacho
|__4__| para outro lugar (Qual?):……………………………………………………………………
|__5__| não usa vaso sanitário porque não tem água no banheiro
|__9__| não tem vaso sanitário
(18) Qual a distância entre a fossa (ou sumidouro) e a fonte de água?…………………………
|__0__| não tem fossa ou não tem fonte de água
(19) Tem lixo espalhado no quintal da casa? |__1__| sim |__2__| não
(20) A casa está limpa? |__1__| sim |__2__| não
(21) Tem fogueira dentro de casa? |__1__| sim |__2__| não
106
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