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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
RADIOGRAFIA INTRA-ORAL E CONVENCIONAL DA
HEMIARCADA SUPERIOR DIREITA DE GATOS DOMÉSTICOS
Anelise Carvalho Nepomuceno
Médica Veterinária
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Setembro de 2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
RADIOGRAFIA INTRA-ORAL E CONVENCIONAL DA
HEMIARCADA SUPERIOR DIREITA DE GATOS DOMÉSTICOS
Anelise Carvalho Nepomuceno
Orientador: Prof. Dr. Julio Carlos Canola
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Cirurgia Veterinária
(Diagnóstico por Imagem)
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Setembro de 2010
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Nepomuceno, Anelise Carvalho
A441r
Radiografia intra-oral e convencional da hemiarcada superior
direita de gatos domésticos / Anelise Carvalho Nepomuceno.
Jaboticabal, 2010
vii, 48 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2010
Orientador: Júlio Carlos Canola
Banca examinadora: Paola Castro Moraes, Carlos Artur Lopes
Leite
Bibliografia
1. Gatos. 2. Odontologia veterinária. 3.Radiologia. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 619:616-073:636.8
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
ANELISE CARVALHO NEPOMUCENO- Nascida em Lavras-MG, em 17 de
setembro de 1981. Médica-veterinária pela Universidade Federal de Lavras, título
obtido em 27 de janeiro de 2006. Possui Curso de Especialização em Residência
Médico-Veterinária na área de Diagnóstico por Imagem em Pequenos Animais pela
Universidade Federal de Lavras, com início em 14 de agosto de 2006 e término em 14
de agosto de 2008. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária,
subárea Diagnóstico por Imagem, pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
UNESP- Campus de Jaboticabal, com início em agosto de 2008, sendo bolsista da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP. Durante o
Mestrado participou do 15th Congress of the International Veterinary Radiology
Association- IVRA, em Búzios-RJ, onde apresentou o trabalho intitulado : “Adaptation of
the parallel and bisecting-angle dental radiographic technic using Han Shin positioner in
felines”. Foi aprovada em Concurso Público para Professora Substituta da Universidade
Federal de Lavras, onde ministrou a disciplina de Diagnóstico por Imagem, com início
em 20 de abril de 2010 e término em 19 de julho de 2010.
A Deus que nunca me desampara diante das provações da vida. Pelas oportunidades
de todos os dias e por mais uma etapa vencida.
À minha querida e guerreira mãe que em todos os momentos da minha vida se doou
para a realização de meus sonhos.
Ao meu pai, in memoriam, por toda sua dedicação a mim. Embora tenha se ausentado
durante a caminhada está sempre comigo em meu coração e pensamento. Saudades
eternas!
Aos meus queridos irmãos pela presença constante em minha vida, proporcionando
momentos de carinho, risadas, companheirismo e solidariedade.
À minha segunda família “Bigode”: Letícia Tortola, Eliana Mayra Torrecillas Scaloppi,
Simone Cristina Picchi, Raquel Valim Labres, Lonjoré Leocádio de Lima, Érika
Auxiliadora Giachetto Scaloppi e Haroldo Xavier Linhares Volpe por terem me recebido
tão bem em Jaboticabal e pelos eternos momentos agradáveis de convívio.
Às adoráveis amigas da Pós-Graduação Thassila Cintra, Rosana Zanatta, Vanessa
Páfaro, Adriana Meirelles e Carolina Toni.
À amiga Denise Gomes de Melo por estar sempre disponível para me ajudar no que for
preciso e pelos bons momentos desde a Residência.
À amiga Camila Neves que fez da minha estadia em Jaboticabal mais divertida e feliz
com suas conversas, conselhos e histórias.
Às cadelas Tila, Isabela e Sharon pelos ensinamentos diários de companheirismo,
lealdade e de como ser feliz na simplicidade.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao meu Professor e Orientador Júlio Carlos Canola pela compreensão, pelos
ensinamentos, pelo incentivo e por ter depositado confiança em mim antes de conhecer
o meu trabalho.
Ao Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias -UNESP de Jaboticabal por me dar a oportunidade de
realização do Mestrado.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela aprovação do meu
projeto, pela concessão da bolsa e pelas condições fornecidas para a realização desta
pesquisa.
À Universidade Federal de Lavras, pela minha Formação em Medicina Veterinária, por
fornecer condições para realização do meu experimento e por ter me dado
oportunidade de experiência na Docência.
Aos componentes da banca avaliadora de Qualificação Professora Dra. Paola Castro
Moraes e Professor Dr. José Wanderley Cattelan pelas proveitosas correções.
Aos componentes da banca avaliadora de Defesa Professor Dr. Carlos Artur Lopes
Leite e Professora Dra. Paola Castro Moraes pela gentileza de terem aceitado o convite
e pela prestigiosa participação neste trabalho.
Ao Professor Almírio José Borelli pelas preciosas dicas e idéias e pela paciência em me
ajudar na interpretação das radiografias odontológicas.
Aos Professores Gérson Rodrigues dos Santos e Daniel Furtado Ferreira pela
prestatividade e pelo tempo mais que dedicado à realização da Estatística deste
trabalho.
Á Professora Dra. Flávia Maria de Oliveira Borges Saad que gentilmente cedeu os
animais do Departamento de Zootecnia para a realização deste experimento.
Aos zootecnistas João Paulo e Rosana C. Silva pela fundamental ajuda na
apresentação, identificação e contenção dos felinos do Departamento de Zootecnia.
Ao meu irmão Rodrigo por ter me emprestado o carro para o transporte dos animais
durante o experimento.
À querida amiga Tatiana Silveira pelo apoio e incentivo constante para o mundo
acadêmico e pela valiosa ajuda na realização do experimento.
À Fernanda Dornellas Florentino Silva pela grande amizade construída, pelos
conselhos, pelas risadas e pela ajuda com os gatinhos.
Aos participantes e peças-chave do experimento Ana Luiza Fernandes Coutinho Meyer,
Maurício Oliveira Salán, Denise Gomes de Melo, Luciane dos Reis Mesquita, Priscilla
Mirian de Souza Silva, Ingrid Oliveira Campos e Juliana de Bortoli.
Ao meu primo Vinícius pelo caprichoso trabalho com as fotos desta dissertação, pela
sua amizade e por seu apoio e incentivo ao longo da vida.
A todos os gatos que participaram do experimento pela preciosa contribuição científica.
i
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. ii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ iv
LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................... v
RESUMO .................................................................................................................................. vi
ABSTRACT ............................................................................................................................. vii
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 3
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 16
4.1 Animais ...............................................................................................................................................16
4.2 Preparação do paciente .....................................................................................................................16
4.3 Técnicas radiográficas ........................................................................................................................17
4.3.1 Exposição radiográfica intra-oral ................................................................................................17
4.3.2 Exposição radiográfica convencional ..........................................................................................22
4.4 Análise dos dados ...............................................................................................................................25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 27
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 41
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 42
APÊNDICE ............................................................................................................................... 47
ii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Crânio de gato adulto representando a dentição permanente. Superiores: a-
incisivos, b- canino, c- pré-molar, d- pré-molar, e- pré-molar, f- molar.
Inferiores: g- canino, h- pré-molar, i- pré-molar, j- molar
...........................................................................................................................4
Figura 2. Modelo de ficha odontográfica de gatos com sua respectiva identificação,
segundo o Sistema Triadan Modificado. Adaptado de Odontograma do
Laboratório de Odontologia Comparada LOC- FMVZ-
USP................................................................................................................... 5
Figura 3. Crânio de gato adulto representando a localização anatômica do arco
zigomático (seta vermelha), que se projeta sobre as raízes dos dentes pré-
molares e molares superiores .......................................................................... 6
Figura 4. Imagem radiográfica de canino superior de gato. Canal pulpar (seta azul),
dentina (seta vermelha), osso alveolar (seta amarela) e espaço periodontal
(círculo)............................................................................................................. 7
Figura 5. Gatil do Centro de Manutenção de Animais do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Lavras (UFLA)........................................................ 16
Figura 6. Aparelho gerador de raios x, GNATUS Modelo Timex 70
®
, utilizado na
obtenção de exposições radiográficas intra-orais em
gatos............................................................................................................... 18
Figura 7. A, posicionadores de filmes radiográficos Cone Indicator
®
. B, filmes dentais
Kodak Insight
®
. C, posicionador e filme acoplado ao cilindro do aparelho de
raios x odontológico.................................................................................... 19
Figura 8. Posicionador e filme na cavidade bucal de um gato, tangencial ao focinho,
para exposição radiográfica dos dentes incisivos
superiores....................................................................................................... 20
Figura 9. Posicionador e filme no interior da cavidade bucal de um gato, ligeiramente
lateral à direita em relação ao focinho, para exposição radiográfica do canino
superior direito.................................................................................................20
iii
Figura 10. Posicionador e filme na cavidade bucal de um gato lateralmente à direita em
relação ao focinho, para radiografia de dentes pré-molares e molar da arcada
superior direita............................................................................................... 21
Figura 11.Aparelho gerador de raios x MEDITRONIX, Modelo BR 200
®
utilizado para
projeções radiográficas extra-orais convencionais em
gatos................................................................................................................22
Figura 12. Posicionamento rostrocaudal de um gato com a boca aberta, mantida com
auxílio de elásticos, para a projeção radiográfica convencional de dentes
incisivos...................................................................................................... 23
Figura 13. Posicionamento oblíquo lateral direito de um gato com a boca aberta,
mantida com auxílio de elásticos, para projeção radiográfica convencional
dos dentes canino, pré-molares e
molar........................................................................................................... 24
Figura 14. Histograma representando achados clínicos observados ao exame de
inspeção da hemiarcada superior direita em 30
gatos........................................................................................................... 28
Figura 15. Hemiarcada superior direita de gato, macho com três anos de idade,
apresentando cálculo dental (seta vermelha) e fratura de canino (seta
branca) ...................................................................................................... 29
Figura 16. Imagens radiográficas da maxila superior direita, obtidas com auxílio de
posicionador-filme intra-oral, de um gato, macho com três anos de idade,
sem alterações ósseas. A, radiografia dental de incisivos. B, radiografia
dental de canino. C, radiografia dental de pré-molares e
molar........................................................................................................... 31
Figura 17. Imagens radiográficas da maxila superior direita, obtidas por radiografia
convencional extra-oral, de um gato, macho, com três anos de idade e sem
alterações ósseas. A, posicionamento rostrocaudal de boca aberta para
visibilização dos incisivos. B, radiografia convencional em posicionamento
oblíquo lateral direito, para visibilização de canino, pré molares e molar.
Note a sobreposição do arco zigomático com o , e dentes pré-
molares (seta)..............................................................................................32
Figura 18. Imagens radiográficas do canino superior direito apresentando canal
radicular amplo (setas), obtidas por meio das cnicas intra e extra-oral em
gato . A, radiografia intra-oral. B, radiografia convencional (extra-oral).... 37
iv
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Tabela com quatro partes e duas categorias da variável aleatória (Extra-oral e
Intra-oral), usada para testar significância de mudanças pelo Teste de
McNemar. UNESP, Jaboticabal, 2010............................................................ 26
Tabela 2. Relação de custos, em dólar (Dólar comercial em R$ 1,67) das técnicas
radiográficas intra-orais e extra-orais em exame da cavidade oral de gatos.
UNESP, Jaboticabal, 2010.............................................................................. 33
Tabela 3. Relação dos achados radiográficos evidenciados em exposições intra-orais e
extra-orais de dentes incisivos, canino, pré-molares e molar da maxila direita
em 24 gatos. UNESP, Jaboticabal, 2010...................................................... 35
Tabela 4. Relação dos achados radiográficos diagnosticados em 24 gatos por meio de
exposições intra-orais e extra-orais de dentes incisivos, canino, pré-molares e
molar da maxila direita. UNESP, Jaboticabal, 2010....................................... 38
v
LISTA DE ABREVIATURAS
CEPUA Comissão de Ética na Pesquisa e Utilização Animal
cm centímetros
CNEN- Conselho Nacional de Energia Nuclear
FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo
H
0
Hipótese zero
H
1
Hipótese um
IVRA- International Veterinary Radiology Association
kg - quilogramas
kVp Kilovoltagem
L - Litros
LOC-FMVZ-USP Laboratório de Odontologia Comparada- Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia- Universidade de São Paulo
LROF Lesão de Reabsorção Odontoclástica em Felinos
mA Miliamperagem
mg - miligramas
MG Minas Gerais
mm milímetros
SP São Paulo
UFLA Universidade Federal de Lavras
UNESP Universidade Estadual Paulista
- qui-quadrado
X²c qui-quadrado calculado
X²t qui-quadrado tabelado
vi
RADIOGRAFIA INTRA-ORAL E CONVENCIONAL DA HEMIARCADA SUPERIOR
DIREITA DE GATOS DOMÉSTICOS
RESUMO - A proposta inicial deste projeto de pesquisa constituiu-se em avaliar a
hemiarcada superior direita de gatos domésticos por meio de técnicas radiográficas
odontológicas do paralelismo, à semelhança do que é utilizada em seres humanos,
empregando-se filmes intra-orais aos posicionadores de Han Shin. As imagens obtidas
por esta metodologia foram correlacionadas com as técnicas radiográficas
convencionais (extra-orais), com o intuito de se estabelecer vantagens ou
desvantagens como praticidade, nitidez e facilidade para detectar possíveis afecções
dentais e periodontais. Foram utilizados 30 gatos, sem raça definida, 17 machos e 13
fêmeas, faixa etária entre dois e três anos, criados e confinados em gatis do Centro de
Manutenção de Animais do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Lavras/MG. Com os animais sob anestesia geral, foram realizadas radiografias da
hemiarcada superior direita, incluindo, de acordo com a técnica, três incisivos, canino,
três pré-molares e molar em radiografias intra-orais e extra-orais. As imagens
radiográficas foram analisadas e efetuaram-se comparações qualitativas entre pares
intra-orais e convencionais dos mesmos animais. Para se estabelecer a cnica
radiográfica dental mais bem adaptada, foram realizadas análises estatísticas por meio
do Teste de McNemar (Qui-quadrado modificado). De acordo com esse teste, a técnica
intra-oral mostrou ser superior a extra-oral (p≤0,05), não somente para achados
referentes a espaço periodontal aumentado, canal radicular amplo e arredondamento
de ápice, mas também para a avaliação mais bem detalhada de dentes caninos, pré-
molares e molares em gatos.
PALAVRAS-CHAVE: gatos, odontologia veterinária, radiologia
vii
INTRAORAL AND CONVENCIONAL RADIOGRAPHY OF THE RIGHT MAXILLA
HEMIARCADE OF DOMESTIC CATS
ABSTRACT: The aim of this research was to evaluate the right maxilla
hemiarcade of cats through parallel dental radiographic techniques, similar to that used
in humans, applying Han Shin intraoral film positioner. Images obtained by this method
were correlated with conventional radiographic techniques (extraoral). The goal was to
establish advantages and disadvantages such as practicality, sharpness and easiness
to detect possible dental and periodontal diseases. Thirty mixed breed cats were
evaluated, 17 males and 13 females, ages two to three years old, raised and confined in
catteries in the Center of Rearing of Animals of Department of Zootecnia of Federal
University of Lavras/MG. Radiographies of the right maxilla were taken with the animals
under general anesthesia, and according to the technique, three incisors, canine, three
premolars and molar teeth were included in the intraoral and extraoral images. The
radiographic images were analyzed and qualitative comparison of pairs of intraoral and
conventional images from the same animals were achieved. To establish the dental
image procedures that was better adapted for cats, the McNemar Test (Modified Qui-
Square) was used for statistical analysis. The intraoral technique was superior than the
extraoral (p≤0,05), not only for findings relating to increased periodontal space, broad
root canal and rounded apex, but also for a more detailed evaluation of canine, premolar
and molar teeth in cats.
KEYWORDS: cats, veterinary dentistry, radiology
1
1. INTRODUÇÃO
A radiologia bucal em gatos é utilizada como parte integrante do tratamento e
profilaxia da doença periodontal. As técnicas disponíveis na medicina veterinária se
correlacionam com equipamentos convencionais e exposições extra-orais, ou cnicas
intra-orais por meio de aparelhos de raios x odontológicos e filmes periapicais.
Os gatos domésticos possuem alta incidência de afecções orais particulares.
Grande parte dessas alterações pode ser diagnosticada apenas com o exame clínico
bucal, porém nas radiografias dentais revela-se a real gravidade dessas afecções
podendo expor informações que auxiliam no tratamento.
Quando o exame radiológico dental não sobrevém ao exame clínico da cavidade
oral, a tendência é que se subestime ou até mesmo se negligencie doenças relevantes,
o que faz da radiologia odontológica um auxílio importante no diagnóstico de alterações
orais em gatos.
A monitoração de dentes por meio de técnicas radiográficas (intra ou extra-orais)
é uma alternativa viável em medicina veterinária, especialmente em pequenos animais,
para diagnóstico, profilaxia ou tratamento de doença periodontal.
As principais indicações da radiologia dental em gatos incluem: profilaxia de
rotina para avaliar condições nosológicas ocultas, bolsas periodontais detectadas por
sondagem, dentes fraturados, fístulas dentais, aumento de volume de tecidos moles ou
fraturas mandibulares, dentes não erupcionados em animais jovens, gengivites crônicas
ou estomatites, neoplasias bucais, ausência de dentes ou dentes supranumerários,
tratamento endodôntico, extração dental, avaliação da progressão de tratamentos e
mudanças na mandíbula ou maxila causadas por hiperparatireoidismo renal ou
nutricional secundário. Em gatos domésticos, a radiologia odontológica é de especial
importância na detecção e avaliação das lesões de reabsorção odontoclástica e de
doenças periodontais.
Em decorrência da pequena dimensão da cavidade oral dos gatos e da
2
dificuldade em se radiografar suas estruturas, com este projeto buscou-se estabelecer
qual das técnicas, intra ou extra-oral convencional, reproduz com fidedignidade as
estruturas dentais em suas respectivas classificações, normais ou com alterações,
proporcionando aos médicos veterinários resultados concisos para o exercício da
clínica cirúrgica odontológica desta espécie animal.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
Os dentes dos animais carnívoros são classificados, de acordo com a morfologia
e a função, em incisivos, caninos, pré-molares e molares. Os incisivos o cortantes e
perfurantes, os caninos apreensivos, os pré-molares apreensivos e cortantes e os
molares triturantes. A dentição decídua do gato contém, na maxila, seis incisivos, dois
caninos e seis pré-molares, e na mandíbula seis incisivos, dois caninos e quatro pré-
molares. A fórmula da dentição decídua para esta espécie é 2 (i 3/3, c 1/1, p 3/2). Os
incisivos permanentes emergem entre três a cinco meses, seguidos pelos caninos
(quatro a cinco meses), pré-molares (quatro a seis meses) e molares (quatro a cinco
meses) (GIOSO, 2003).
Os gatos adultos possuem 30 dentes. A fórmula da dentição permanente para essa
espécie é 2 (I 3/3, C 1/1, P 3/2, M 1/1); sendo seis incisivos, dois caninos, seis pré-
molares e dois molares na maxila superior; seis incisivos, dois caninos, quatro pré-
molares e dois molares na mandíbula (EMILY & PENMAN, 1990; FARROW, 1994). Na
dentição permanente dos gatos, observa-se que os dois caninos da maxila são
ligeiramente maiores que os da mandíbula (Figura 1). somente três pré-molares,
mas estes são chamados de segundo, terceiro e quarto (de rostral para caudal)
(CARVALHO, 2004).
4
A hipodontia, ausência congênita de um ou mais dentes em gatos, é um achado
bastante comum que deve ser diferenciado de ausências por outras causas como
traumatismos, extrações, lesões reabsortivas e doença periodontal. O segundo pré-
molar maxilar tem sido amplamente estudado, e sua ausência é interpretada como
tendência atual na redução da dentição quando comparado com a dentição normal dos
demais carnívoros. O primeiro molar superior também é frequentemente ausente por
agenesia, tanto em gatos domésticos quanto nos selvagens (ALFELD, 2008). Quando
presente, o único molar superior manifesta-se rudimentar (CARVALHO, 2004).
Os dentes incisivos são sempre unirradiculares. O canino, considerado o mais
longo dos dentes, apresenta raiz única e de dimensão grande. Os gatos não possuem o
primeiro pré-molar superior. No arco maxilar, o segundo pré-molar é unirradicular
(menor pré-molar superior) e o terceiro birradicular. O quarto pré-molar é o maior dente
do grupo e é chamado de dente carniceiro, sendo o único nos gatos com três raízes
(KOWALESKY, 2005). As raízes triplas costumam produzir densidades de
sobreposições à radiografia, o que não deverá ser confundido com densidades
nosológicas (ZONTINE, 1974). O molar superior apresenta forma rudimentar e duas
Figura 1. Crânio de gato adulto representando a dentição
permanente. Superiores: a- incisivos, b- canino, c-
pré-molar, d- 3º pré-molar, e- 4º pré-molar, f- molar.
Inferiores: g- canino, h- pré-molar, i- pré-molar, j-
molar.
5
raízes que geralmente são fundidas. Nota-se ausência deste em alguns animais
(KOWALESKY, 2005).
Quando o espaço entre os dentes é mais extenso do que o habitual, passa a ser
chamado de diastema. O espaço fisiológico entre o dente incisivo lateral superior e o
dente canino é chamado de espaço oclusal (CARVALHO, 2004).
O Sistema Triadan Modificado utiliza três números para identificar os dentes. O
primeiro dígito significa o quadrante, a série 100 é usada para a maxila direita, a 200 a
maxila esquerda, 300 mandíbula esquerda e 400 mandíbula direita. De acordo com
BELLOWS (1999), o segundo e o terceiro dígito significam o dente específico. O
incisivo central termina como sendo o algarismo arábico número um, os próximos
incisivos em dois e três, os caninos em quatro, os primeiros pré-molares em seis e os
molares em nove (Figura 2).
Figura 2. Modelo de ficha odontográfica de gatos com sua respectiva identificação, segundo o
Sistema Triadan Modificado. Adaptado de Odontograma do Laboratório de Odontologia
Comparada LOC- FMVZ-USP.
A morfologia cranial complexa dos gatos apresenta característica como cabeça
curta com formato e tamanho uniformes e superfície dorsal convexa, o reduzido
tamanho dos dentes e a localização da órbita em posição mais rostral que no cão, que
podem influenciar no posicionamento e na interpretação de imagens radiográficas
dentais. O arco zigomático é formado pela porção escamosa do temporal e pelo osso
MANDÍBULA
D
I
R
E
I
T
A
E
S
Q
U
E
R
D
A
6
zigomático (que se fundem), curva-se lateralmente e passa sobre a órbita e une-se
novamente à parte facial do crânio. A superfície lateral do osso zigomático é convexa e
a superfície medial (orbital) côncava em todas as direções, projetando-se sobre os
últimos dentes posteriores. Este posicionamento anatômico dificulta a realização de
radiografias periapicais do pré-molar e molar superior pela ocorrência de sobreposição
radiopaca do zigomático nas estruturas dentais (CARVALHO, 2004; DuPONT &
DeBOWES, 2009).
Figura 3. Crânio de gato adulto representando a localização
anatômica do arco zigomático (seta vermelha), que se
projeta sobre as raízes dos dentes pré-molares e
molares superiores.
A familiaridade com a anatomia radiográfica normal da cavidade oral dos gatos é
de fundamental importância para a interpretação radiográfica. A dentina compreende o
material mais duro da boca e possui densidade radiográfica de osso. A coroa do dente
é a porção localizada acima da gengiva, e sua ponta é denominada de cúspide. O colo,
porção curta que conecta a coroa à raiz, é onde normalmente a gengiva se insere. A
raiz é a porção que se encontra abaixo da gengiva e está envolvida pelo osso alveolar
da mandíbula ou maxila. A ponta da raiz é denominada de ápice, e na radiografia dos
gatos, apresenta-se com formato em delta. A fina camada que recobre a raiz dental é o
cemento. A dentina da coroa é recoberta por uma fina camada, chamada de esmalte.
7
Ela é considerada a substância mais mineralizada do corpo (BELLOWS, 1993;
DuPONT & DeBOWES, 2009).
A cavidade pulpar é o espaço interno do dente que abriga vasos sanguíneos e
linfáticos, nervos e tecido conjuntivo. Como na radiografia não é possível identificar
essas estruturas, o que se vê é apenas uma área de densidade radiolucente. O
ligamento periodontal é uma estrutura de tecido mole que recobre o cemento.
Radiograficamente aparece como uma linha radiolucente entre a raiz dental e o osso
alveolar. A lâmina dura é um denso osso alveolar que aparece na radiografia como uma
fina e distinta linha radiodensa, com localização próxima ao ligamento periodontal. A
crista alveolar é uma área óssea localizada entre dentes adjacentes (BELLOWS, 1993;
DuPONT & DeBOWES, 2009). Na Figura 3, podem-se observar os aspectos
radiográficos do dente de um gato.
Figura 4. Imagem radiográfica de canino
superior de gato. Canal pulpar
(seta azul), dentina (seta
vermelha), osso alveolar (seta
amarela) e espaço periodontal
(círculo) (Fonte: DuPONT &
DeBOWES, 2009).
Nos gatos jovens, com menos de um ano de idade, o ápice encontra-se aberto e
8
a cavidade pulpar espessada para permitir rico suporte sanguíneo para o dente em
desenvolvimento. O osso alveolar mandibular exibe padrão trabecular com baixa
densidade radiográfica (ZONTINE, 1974; BELLOWS, 1993). Segundo HARVEY &
BONNIE (1992), o ápice fecha-se entre 12 a 18 meses de idade e a cavidade pulpar
diminui de tamanho ao longo da vida.
Alguns achados radiográficos são considerados normais ou fisiológicos por se
desenvolverem com o avançar da idade. São eles: fechamento do ápice, estreitamento
da cavidade pulpar, aumento da densidade e perda da trabeculação do osso alveolar,
indistinção da lâmina dura e discreta regressão da crista alveolar. A cavidade pulpar
pode ser vista em animal idoso como uma estreita linha radiolucente (ZONTINE, 1974).
O conhecimento anatômico é imprescindível no diagnóstico por imagens durante
a interpretação de radiografias extra-orais, uma vez que a sobreposição de diferentes
estruturas muitas vezes confunde o examinador. Também nas radiografias intra-orais,
em que as alterações dentais, em sua maioria, se apresentam de maneira sutil, é
importante esse grau de conhecimento (CARVALHO, 2004).
As afecções orais são de grande importância pela casuística e gravidade com
que se apresentam em gatos. Para a avaliação da cavidade oral, o acometimento do
dente, da raiz e da perda óssea, decorrentes de doença periodontal ou reabsorção
odontoclástica, entre outras enfermidades comuns, se faz necessário o uso de cnicas
radiográficas intra e/ou extra-oral (ALFELD et al., 2007). De acordo com LOMMER et
al., (2000), a radiografia dental é essencial para um diagnóstico apurado, no plano
terapêutico, e para avaliar o sucesso de uma terapia após extrações ou procedimentos
endodônticos.
A lesão de reabsorção odontoclástica em felinos (LROF), de origem
desconhecida, acomete gatos adultos e promove reabsorção radicular grave, que causa
dor à mastigação e perda de elementos dentais. É comum o surgimento concomitante
da doença periodontal com a LROF. Os dentes pré-molares e molares são comumente
afetados, embora lesões sejam observadas em dentes caninos e incisivos (EMILY &
PENMAN, 1990; ALFELD et al., 2007).
BELLOWS (1993) aponta que a progressão das lesões nesta doença pode ser
9
radiograficamente classificada em estágios, que variam de um a cinco. O primeiro
estágio caracteriza-se por lesões confinadas ao esmalte ou cemento; no estágio dois a
lesão extende-se para a dentina; o estágio três envolve o sistema endodôntico; no
quarto estágio perda da estrutura dental com exposição da cavidade pulpar; e, por
último, o quinto estágio apresenta completa perda dental e possíveis fragmentos de
raízes retidos.
As lesões odontoclásticas iniciam-se abaixo da gengiva, muitas vezes sem
apresentarem sintomas clínicos, embora possa haver reabsorção grave da raiz. Sendo
assim, radiografias orais são recomendadas para todos os gatos. Com base nessa
indicação, foi observado que o terceiro pré-molar mandibular é quase sempre o primeiro
dente a ser acometido, e não havendo evidência de reabsorção radicular neste, é
pouco provável que os demais estejam acometidos (NIEMIEC, 2007).
Em um estudo de mapeamento dental das lesões reabsortivas baseado em
radiografias dentais em 107 gatos, foi detectado que os dentes mais acometidos foram
o canino maxilar e o molar mandibular. No primeiro, as lesões concentraram-se na
porção apical da raiz e no segundo ficaram restritas à porção coronal (HARVEY et al.,
2004).
VENTURINI (2006), ao correlacionar a faixa etária dos felinos com a frequência
de lesões reabsortivas e de doença periodontal, constatou diferença significativa, sendo
os animais entre cinco e nove anos os mais acometidos por lesão reabsortiva e a
doença periodontal maior nos gatos com mais de nove anos de idade. Quanto às
fraturas dentais em seu estudo, a maior quantidade ocorreu em dentes caninos,
especialmente os superiores. HARVEY & BONNIE (1992) relataram que as fraturas
dentais acometem parcial ou totalmente a coroa e que a maioria é vista em dentes
caninos em gatos. BELLOWS (1993) descreveu que as fraturas de raízes o menos
comuns quando comparadas às fraturas de coroa, e quando ocorrem, acometem com
maior frequência os dentes incisivos. Segundo MARRETTA (1992), fraturas dentais são
achados comuns em exame físico, resultado de traumatismos, mas que podem levar a
complicações como exposição da polpa, pulpite bacteriana, necrose pulpar, granulomas
apicais, abscessos periapicais, osteomielite e sepse. Os achados clínicos associados
10
com doença periodontal incluem gengivite, estomatite, recessão de gengivas com
exposição da raiz, cálculo ou placa dental, mobilidade do dente e fístulas.
Com o surgimento de uma nova especialidade para o tratamento odontológico
em pequenos animais, e com o avanço progressivo na área, torna-se importante o
estabelecimento de todos diagnósticos mais precisos, que possam auxiliar no
tratamento e prognóstico mais seguros (MILES et al., 1989; SAN ROMAN et al., 1990;
CAVALCANTE et al., 2002).
Existem dois tipos de técnicas radiográficas intra-orais mais utilizadas na
odontologia veterinária: técnica do paralelismo e técnica da bissetriz. Na técnica do
paralelismo o filme é colocado paralelo ao longo do eixo do dente, e o feixe de raios x
direcionado perpendicularmente ao filme a ao dente. O filme deve estar adjacente ao
dente para evitar distorções ou magnificações na imagem (HARVEY & BONNIE, 1992;
BELLOWS, 1993; LOMMER et al., 2000; NIEMIEC et al., 2004b). A técnica da bissetriz
é realizada quando o dente a ser radiografado não está em paralelo com o filme
radiográfico, existe um ângulo entre eles, esse ângulo é bisseccionado com uma linha
imaginária e o feixe de raios x é direcionado para essa linha de bissecção (LOMMER et
al., 2000).
HARVEY & BONNIE (1992) descrevem que a escolha da técnica radiográfica
depende da localização do tecido a ser radiografado dentro da boca e do tipo de filme a
ser utilizado. Relatam que pequena variação na aplicação da técnica radiográfica pode
ocorrer resultante da necessidade de adaptação à anatomia da cavidade oral dos
gatos.
O tamanho dos filmes dentais mais utilizados na odontologia de gatos é relativo
aos números arábicos zero, dois e quatro. Os dois primeiros números são considerados
filmes periapicais e o último é chamado de oclusal. Os tipos de filme rotineiramente
empregados são D speed (Ultra-speed) e E speed (Ektaspeed Plus). A diferença está
no tamanho dos cristais de haleto de prata que indicam a quantidade de raios x
requerida. O E speed requer aproximadamente metade da exposição à radiação que o
D speed, porém este último apresenta imagem com contraste alto e detalhe mais
refinado (HARVEY & BONNIE, 1992; BELLOWS, 1993; LOMMER et al., 2000;
11
NIEMIEC et al., 2004b).
O manejo do filme dental exige prática e conhecimentos importantes para se
chegar a um diagnóstico refinado. A película dental é composta por três partes: filme,
papel e chumbo. O filme, envolvido em papel preto, apresenta em sua face posterior
uma película de chumbo. Este conjunto é protegido da luz por um estojo plástico que
possui identificação externa circular destinada à orientação do posicionamento. A
revelação do filme dental comumente é feita em caixa portátil, que contêm recipientes
com produtos químicos, reduzindo o tempo despendido, uma vez que não necessita de
câmara escura (NIEMIEC et al., 2004a; NIEMIEC et al., 2004b). O filme dental,
introduzido primeiramente no revelador, por um período de cinco segundos, deve ser
removido após a formação da imagem. Em seguida deve ser enxaguado (20
segundos), fixado por 10 minutos e novamente enxaguado por 30 segundos (HARVEY
& BONNIE, 1992).
De acordo com EISNER (1988), o uso da radiografia intra-oral é indicado no
estudo da dimensão das raízes, no diagnóstico de lesões ósseas que ocorrem na
região do órgão dental e na avaliação dos impactos ou fraturas de dentes e estruturas
adjacentes. EMILY & PENMAN (1990) recomendam essa técnica pelas vantagens de
manipulação, pequena dispersão de radiação, qualidade na imagem e rapidez no
processamento das películas. VERSTRAETE (1999) descreve que a maleabilidade do
cilindro do cabeçote do aparelho de raios x odontológico minimiza a manipulação do
paciente e facilita o posicionamento correto. Entretanto, HOLMSTRON (1991) relatou
complicações na realização da técnica, como o posicionamento da angulação correta
(levando a encurtamentos ou alongamentos), e a sobreposição de estruturas, devido à
movimentação do filme.
HARVEY & BONNIE (1992) compararam o custo relativo das técnicas extra-oral
com a intra-oral e encontraram preço inferior a ser despendido na aquisição de um
equipamento gerador de raios x odontológico. Os pontos a serem destacados também
incluem o baixo valor do filme intra-oral, independência com relação ao manuseio de
chassi e écrans, praticidade das câmaras escuras portáteis e fácil manipulação dos
filmes.
12
Complementando as indicações da radiografia intra-oral, HOLMSTRON et al.
(1992) informam que o tamanho reduzido do filme radiográfico intra-oral e sua
considerável maleabilidade fazem com que o mesmo possa ser adaptado à cavidade
oral do cão, e recomendam a prática da cnica na avaliação de dentes não
erupcionados ou impactados com possíveis lesões, além do acompanhamento durante
a limpeza para avaliar a extensão da doença periodontal. Segundo GIOSO (2003), a
vantagem da técnica intra-oral em cães é a mínima distorção da imagem, aproximando-
a ao ximo da imagem real, especialmente ao comprimento dos dentes. BELLOWS
(1993) descreveu que radiografias dentais foram decisivas para a completa avaliação e
o tratamento de doenças dentais em cães, além de auxiliarem no diagnóstico de lesões
associadas ao periápice, como granulomas e cistos.
Outra vantagem da técnica intra-oral, utilizando-se aparelho radiográfico
odontológico, relaciona-se a menor quantidade de velamento de filmes, maior
mobilidade, maleabilidade e interação com a estrutura a ser radiografada (HENNET,
1995).
VERSTRAETE et al., (1998); VERSTRAETE (1999) e LOMMER et al., (2000), ao
radiografarem cavidade oral de gatos em tratamento dental com aparelho odontológico,
fizeram uso da técnica da bissetriz para os dentes incisivos e caninos. Para os dentes
pré-molares e molares maxilares utilizaram a técnica extra-oral e filme dental de
tamanho dois, onde não encontraram ocorrência frequente da sobreposição do arco
zigomático com estes dentes, problema comum associado com a técnica intra-oral da
bissetriz.
HARVEY & BONNIE (1992) recomendam a técnica da bissetriz para todos os
dentes maxilares de gatos por meio de filmes dentais e aparelhos odontológicos, assim
como preconizou ALFELD (2008) em radiografias de 50 cadáveres de gatos utilizando
se de filme intra-oral de tamanho dois (2) para incisivos e caninos superiores e tamanho
zero (0) para pré-molares e molares superiores. HARVEY & BONNIE (1992) e
BELLOWS (1993) citam que a técnica do paralelismo pode ser usada apenas em
dentes pré-molares e molares mandibulares em gatos. Esses pacientes não
apresentam o palato duro côncavo como nos seres humanos, o que impossibilita a
13
colocação do filme paralelo às raízes dos dentes da maxila.
MARRETTA (1992) recomenda, para radiografia oral em gatos, filmes dentais e
aparelho de raios x odontológico, e a projeção rostral maxilar para dentes incisivos e
caninos superiores. Para pré-molares e molares maxilares as projeções oblíquas direita
e esquerda.
Segundo BELLOWS (1993), com a utilização de filmes intra-orais o cálculo
dental em cães aparece como projeções radiopacas e irregulares na junção esmalte-
cemento. Segundo BORELLI (1998), o índice de lculos dentais foi elevado em
exames radiográficos intra-orais de cães.
Quanto ao diagnóstico de cistos dentígeros em cães, KRAMEK et al. (1996)
destacam a importância do uso de filmes periapicais e da técnica intra-oral pela riqueza
de detalhes dessas lesões.
Segundo ZONTINE (1974), para radiografias dentais extra-orais em cães e
gatos, deve-se fazer o posicionamento lateral oblíquo com a boca aberta para avaliar
dentes caninos, pré-molares e molares maxilares, e o posicionamento dorsoventral para
os incisivos superiores. Em radiografias extra-orais, TICER (1975) propõe, para cães,
posicionamento lateral oblíquo de boca aberta para radiografar a arcada maxilar; para
os incisivos maxilares o animal é colocado em decúbito ventral com o chassi dentro da
boca, e com o feixe de raios x angulado em 20º para inserir no eixo longitudinal do
dente. A área de interesse deve estar próxima ao filme e os raios x direcionados para a
maxila. Quanto à exposição radiográfica, BELLOWS (1993) sugere 100mA, 0,1s e
60kVp para gatos em exame extra-oral.
HARVEY & BONNIE (1992) afirmam que radiografias convencionais são úteis na
avaliação da cavidade oral, mas perda de detalhes devido à grande distância foco-
filme (aproximadamente 75cm). De acordo com TYNDALL (1996) e MYER (1998), a
utilização de técnicas extra-orais no diagnóstico de alterações ósseas radiculares em
gatos leva a sobreposição de estruturas em imagens radiográficas, com perda
considerável de detalhes, que conduz a diagnósticos errôneos, os quais podem
interferir no tratamento em curso.
O exame radiográfico extra-oral no ser humano é mais adequado mediante a
14
necessidade de avaliar estruturas maiores (FREITAS & PANELLA, 1998). Porém, nos
gatos, por terem a forma compacta do crânio, apresentam grande desafio na obtenção
de imagens dentais devido à sobreposição do arco zigomático sobre os dentes
maxilares. A determinação correta do ângulo dos raios x e do filme é a chave para
evitar frustrações ao se realizar radiografias dentais nesta espécie (LOMMER et al.,
2000; NIEMIEC & FURMAN, 2004; DUPONT & DEBOWES, 2009).
Foi ressaltada que a radiografia odontológica é exigência obrigatória em
diagnósticos mais completos de doenças periodontais, endodôntica, lesões de
reabsorção causadas por cáries, fraturas, enfermidades ósseas e neoplasias
(GORREL, 1998). Ainda, segundo esse pesquisador, a prática da odontologia em
animais sem a utilização de técnicas radiográficas constitui negligência profissional.
ZONTINE (1974) e LOMMER et al. (2000) recomendam anestesia ou sedação
profunda em animais a serem submetidos à exposição radiográfica dental, uma vez que
suportes especiais para filmes radiográficos proporcionam desconforto ao paciente
(FREITAS et al., 1998). Em trabalho experimental, BORELLI (1998) cita que a técnica
radiográfica intra-oral com posicionadores (técnica do paralelismo) é útil na avaliação
dental de cães, e também recomenda que todo animal deve ser submetido à anestesia
geral para a realização dessa técnica.
Segundo VERSTRAETE et al. (1998) e ALFELD et al. (2007), radiografias orais
(intra-orais e extra-orais) ilustraram com acurácia o grau de acometimento da lesão
odontoclástica em gatos, uma vez que a avaliação clínica é insuficiente para a correta
graduação dessa doença.
O estudo radiográfico em gatos com filmes intra-orais e/ou extra-orais ilustra a real
gravidade das doenças, dando informações para estadiamento das enfermidades, o
que é relevante para determinar planos de tratamento, fundamentando assim a
importância do emprego desse exame durante a avaliação clínica da cavidade oral
(ALFELD et al., 2007).
O Teste do Qui-quadrado modificado por McNemar é um método de análise
estatística para a comparação entre os pares de radiografias intra e extra-orais dos
mesmos animais. Este Teste é utilizado quando os dados são tomados aos pares,
15
sendo cada indivíduo considerado seu grupo controle, e esses mesmos dados, ainda,
são qualitativos nominais com dois possíveis valores (FERREIRA, 2005; SIEGEL &
CASTELLAN, 2006).
16
3. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Animais
Foram utilizados 30 gatos domésticos, sem raça definida, 17 machos e 13
fêmeas, com faixa etária entre dois e três anos, criados e confinados em gatis no
Centro de Manutenção de Animais do Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Lavras (Figura 4).
Este modelo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética na Pesquisa e
Utilização Animal (CEPUA) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) com Parecer
002/2008.
Figura 5. Gatil do Centro de Manutenção de Animais do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
4.2 Preparação do paciente
No Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras/MG, os 30 animais
passaram por exame clínico, avaliando-se parâmetros como peso, temperatura,
auscultação cardíaca e pulmonar e palpação abdominal, no intuito de determinar
17
1
Acepran® 1% Vetnil
2
Dopalen® 10% Vetbrands
3
Dormium® 15mg/3ml União Química
4
GNATUS, Modelo Timex 70® Potência fixa 70kVp e 7,0mA
condição clínica geral. Como critérios para os procedimentos anestésicos, os pacientes
foram submetidos à avaliação cardiológica.
Após exame clínico e cardiológico específico, os animais submetidos a jejum
alimentar e hídrico receberam medicação pré-anestésica constituída de maleato de
acepromazina
1
na dose de 0,1mg/kg, por via intramuscular. Após quinze minutos, cada
animal foi induzido por meio de anestesia geral dissociativa constituída de cloridrato de
cetamina
2
na dose de 15mg/kg e maleato de midazolam
3
na dose de 0,3mg/kg por via
intramuscular em uma mesma seringa. Este protocolo anestésico foi escolhido por ser o
procedimento de rotina pré-estabelecido nesse Hospital Veterinário para intervenções
simples.
Com o animal anestesiado e em decúbito lateral esquerdo sobre uma mesa, foi
realizado exame clínico da cavidade oral, englobando, especialmente, a hemiarcada
superior direita. As informações foram anotadas em fichas individuais de exame clínico
da cavidade bucal denominadas odontograma (Apêndice).
4.3 Técnicas radiográficas
4.3.1 Exposição radiográfica intra-oral
Para a realização do exame radiográfico intra-oral, foi utilizado um aparelho
gerador de raios x de uso odontológico GNATUS
4
(Figura 5). O tempo de exposição,
para todos os gatos, foi de 0,4s.
18
5
Cone Indicator® Infantil
6
Kodak insight® Tamanho zero, D speed
Figura 6. Aparelho gerador de raios x, GNATUS Modelo
Timex 70
®,
utilizado na obtenção de exposições
radiográficas intra-orais em gatos.
Neste experimento foram utilizados posicionadores de filmes radiográficos Cone
Indicator
®
para crianças, conhecido como Han Shin
5
, sendo um modelo para os dentes
incisivos e o canino e outro modelo para os pré-molares e o molar da arcada superior
direita. No modelo disponível para radiografar os dentes incisivos e o canino, o filme
dental foi acoplado na plataforma do posicionador em sentido vertical, e estes inseridos
intra-oralmente paralelos ao eixo longo do dente. Para os dentes pré-molares e molar o
filme foi colocado no posicionador em sentido horizontal, permanecendo perpendicular
ao eixo longo do dente. Ato contínuo, durante as exposições radiográficas, o
posicionador de filme foi preso ao cilindro do cabeçote do aparelho de raios x, por meio
de um anel constituído neste, para proporcionar o correto paralelismo entre o filme
radiográfico e o eixo longitudinal dos dentes.
O filme radiográfico dental Kodak Insight
®6
, para crianças, foi empregado na
técnica intra-oral (Figura 6). Para cada animal foram utilizados três filmes dentais, um
para radiografar os três dentes incisivos, outro para o canino e o terceiro para os três
pré-molares e o molar da arcada superior direita.
19
Figura 7. A, posicionadores de filmes radiográficos Cone
Indicator
®
. B, filmes dentais Kodak Insight
®
. C,
posicionador e filme acoplado ao cilindro do
aparelho de raios x odontológico.
Inicialmente, para exposição radiográfica dos dentes incisivos, o conjunto
posicionador-filme foi introduzido no interior da cavidade bucal, na região rostral,
tangencial ao focinho, com os dentes caninos apoiados sobre o filme, em paralelismo
(Figura 7).
A
B
C
20
Figura 8. Posicionador e filme na cavidade bucal de um
gato, tangencial ao focinho, para exposição
radiográfica dos dentes incisivos superiores.
O dente canino foi radiografado com o animal em decúbito esternal. O conjunto
posicionador-filme na cavidade bucal foi posicionado ligeiramente lateral à direita em
relação ao focinho, com o dente canino superior direito apoiado sobre o filme, em
paralelismo (Figura 8).
Figura 9. Posicionador e filme no interior da cavidade
bucal de um gato, ligeiramente lateral à direita
em relação ao focinho, para exposição
radiográfica do canino superior direito.
21
7
Icakill® 7%
Com o animal em decúbito lateral esquerdo, o conjunto posicionador-filme foi
introduzido na cavidade bucal, lateralmente ao focinho, e os três pré-molares e o molar
posicionados sobre o filme, em paralelismo, foram radiografados (Figura 9).
Figura 10. Posicionador e filme na cavidade bucal de um
gato, lateralmente à direita em relação ao
focinho, para radiografia de dentes pré-molares
e molar da arcada superior direita.
Após as exposições radiográficas, os filmes foram submetidos à revelação
manual, em caixa de revelação radiográfica odontológica, utilizada em odontologia
humana.
As radiografias intra-orais foram expostas em secadora de ar quente por
aproximadamente cinco minutos, estocadas em cartelas plásticas próprias e
identificadas. A interpretação radiográfica foi feita em negatoscópio, em ambiente
escurecido, utilizando-se lupas, e os achados radiográficos anotados em fichas
odontográficas individuais.
No término do procedimento radiográfico de cada animal, foi utilizada solução
aquosa de cloreto de benzalcônio
7
, para a esterilização dos posicionadores de Han
Shin.
22
8
MEDITRONIX, Modelo BR200® Potência 100kVp 200mA
9
Konix® Tamanho 24x30cm
10
Écran Lumax® Tamanho 24x30cm
11
Fuji Medical®Tamanho 24x30cm
4.3.2 Exposição radiográfica convencional
Para a exposição radiográfica convencional extra-oral, foi utilizado um aparelho
gerador de raios x MEDITRONIX
8
(Figura 10). Os chassis utilizados foram da marca
Konix
®9
, com tela intensificadora
10
, contendo filmes radiográficos Fuji Medical
11
de
tamanho correspondente.
Figura 11. Aparelho gerador de raios x MEDITRONIX,
Modelo BR 200
®
utilizado para projeções
radiográficas extra-orais convencionais em
gatos.
Foi realizada a exposição radiográfica convencional da região craniana dos
animais, visando englobar na hemiarcada superior direita os três dentes incisivos, o
canino, os três pré-molares e o molar. A cnica utilizada foi calculada de acordo com a
espessura do crânio, e as unidades corresponderam a 40kVp, 200mA e 0,26s.
Foram utilizadas duas projeções para cada animal, uma englobando os três
dentes incisivos e a outra o canino, os três pré-molares e o molar. A projeção
convencional, rostrocaudal, para os dentes incisivos foi feita com o animal em decúbito
23
ventrodorsal, cabeça sobre o chassi e a boca aberta com auxílio de elásticos. O feixe
de raios x foi direcionado em 30º para estes dentes (Figura 11).
Figura 12. Posicionamento rostrocaudal de um gato com a
boca aberta, mantida com auxílio de elásticos,
para a projeção radiográfica convencional de
dentes incisivos.
Para visibilizar o dente canino, os pré-molares e o molar, o animal foi
posicionado em decúbito lateral direito, com a cabeça sobre o chassi, em
posicionamento oblíquo lateral direito de boca aberta (Figura 12).
24
Figura 13. Posicionamento oblíquo lateral direito de um
gato com a boca aberta, mantida com auxílio
de elásticos, para a projeção radiográfica
convencional dos dentes canino, pré-molares
e molar.
Após exposição radiográfica, os filmes foram revelados manualmente em sala
escura fazendo-se uso de tanque de inox de 13 litros para revelador e fixador,
respectivamente.
As radiografias reveladas e secas sob ar quente por cinco minutos foram
estocadas em envelopes de papel pardo. A interpretação radiográfica foi feita em
negatoscópio, em ambiente escurecido, e os achados radiográficos anotados em
odontográficas individuais.
Os procedimentos radiográficos, intra-orais e convencionais foram
realizados sob supervisão dosimétrica direta, monitorada pelo Conselho Nacional de
Energia Nuclear - CNEN, Belo Horizonte/MG. Os executantes deste projeto tiveram
acesso aos procedimentos radiográficos e equipamentos de proteção plumbíferos
(0,25mm Pb) como luvas, protetor de tireóides, óculos e aventais.
Os valores dos aparelhos geradores de raios x, filmes radiográficos, revelador,
fixador, chassis, écrans e posicionador Han Shin foram orçados para se estabelecer
custo-benefício entre as duas técnicas radiográficas.
25
4.4 Análise dos dados
Os achados de exame clínico da cavidade oral dos gatos foram computados e
dispostos em histograma com as respectivas porcentagens.
As radiografias foram analisadas em busca de achados radiográficos
compatíveis com doença periodontal ou doença óssea adjacente como preconizado por
BORELLI (1998). Foram feitas comparações qualitativas entre os pares de radiografias
intra e extra-orais dos mesmos animais, realizadas por um único examinador, buscando
pontos de contraste entre ambas e visando estabelecer qual técnica melhor se adéqua
à avaliação radiográfica do estado oral do paciente.
A Estatística aplicada foi o Teste de McNemar, utilizado quando os dados são
tomados aos pares, sendo cada indivíduo considerado o seu grupo controle, e esses
dados são qualitativos nominais com dois possíveis valores (FERREIRA, 2005; SIEGEL
& CASTELLAN, 2006). Para testar a significância de qualquer mudança observada por
esse método, é usada uma tabela de frequências de quatro partes para representar o
primeiro e o segundo conjunto de respostas. Os valores totais da tabela foram
preenchidos primeiramente, em seguida os valores centrais, até que se definissem os
valores de B e C, para então serem lançados na equação de McNemar. As
características gerais estão ilustradas na Tabela 1, adaptada de SIEGEL &
CASTELLAN, (2006). Foi utilizada significância de 5% (p=0,05) neste Modelo
Experimental.
26
Tabela 1. Tabela com quatro partes e duas categorias da variável aleatória
(Extra-oral e Intra-oral), usada para testar significância de mudanças
pelo Teste de McNemar.UNESP, Jaboticabal, 2010.
INTRA-ORAL
EXTRA-ORAL
PRESENÇA AUSÊNCIA TOTAL
PRESENÇA
AUSÊNCIA
TOTAL
p11 (A) p12 (B)
p21 (C) p22 (D)
n
A distribuição amostral de calculado (X²c) foi realizada a partir da equação
abaixo, e qui-quadrado com um grau de liberdade (gl =1).
X²c= (B-C)²
B+C
Assim, duas Hipóteses de interesse foram consideradas:
H0: p12=p21
H1: p12 ǂp21
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
À avaliação clínica e cardiológica não foram constatadas alterações que
indicasse a exclusão dos animais deste modelo experimental.
A técnica radiográfica do paralelismo, utilizando suportes especiais para o filme
radiográfico, proporcionou desconforto ao paciente (FREITAS et al., 1998). Para evitar
este tipo de transtorno aos animais, fez-se uso da anestesia geral fixa, como
recomendado por ZONTINE (1974) ;BORELLI (1998) e LOMMER et al. (2000).
O midazolam amenizou a tensão provocada pela cetamina, o que proporcionou
ampla abertura bocal. Nenhum dos animais apresentou sinais de depressão cardíaca
ou respiratória durante a anestesia. Em alguns casos, foi necessário o aprofundamento
do plano anestésico com reaplicações de cloridrato de cetamina na dose aproximada
de 5mg/kg.
Entre os achados ao exame clínico da hemiarcada superior direita dos 30 gatos,
80% corresponderam à presença de cálculo dental, 20% à hiperemia gengival, 13,3% à
ausência do 2º pré-molar, 10% à fratura de canino, 3,3% à exposição pulpar de canino,
ausência do molar e ausência do incisivo 101. Dos 30 animais, quatro (13,3%) não
apresentaram alterações dentais visíveis (Figura 13).
28
Figura 14. Histograma representando achados clínicos observados ao exame de inspeção da hemiarcada
superior direita em 30 gatos.
A doença periodontal foi a afecção mais comum (80%), apesar dos animais
deste experimento apresentarem idade máxima de três anos. VENTURINI (2006)
encontrou em 169 gatos com idade entre um e cinco anos, submetidos a diferentes
tipos de alimentação, uma percentagem de 30,2% dessa afecção. Esta discrepância
numérica poderia ser atribuída vários fatores, entre eles a própria composição da ração,
mas esta conjuntura deve ser comprovada por meio de novos estudos.
As fraturas dos elementos dentais são comuns em gatos, especialmente
envolvendo os dentes caninos superiores. Esta observação foi detectada em 10% dos
animais deste experimento (Figura 14), corroborando com o relato de VENTURINI
(2006).
0
5
10
15
20
25
ACHADOS CLÍNICOS
24
4
NÚMERO DE ANIMAIS
Cálculo dental 80%
Eritema gengival 20%
Ausência do 2º pré-molar 13,3%
Fratura de canino 10%
Exposição pulpar de canino 3,3%
Ausência do molar 3,3%
Ausência do incisivo 101 3,3%
Sem alterações 13,3%
6
4
3
1
1
1
29
O eritema gengival ou gengivite, induzida por placa bacteriana, foi diagnosticada
macroscopicamente em 20% dos gatos, todavia o foi encontrada perda dental,
atribuída a periodontite crônica, como relatada por MARRETTA (1992).
A ausência do segundo pré-molar maxilar, associada à tendência na redução da
dentição dos gatos, ocorreu em 13,3% dos animais avaliados. O primeiro molar superior
ausente por agenesia em 3,3% dos gatos é frequente, tanto em gatos domésticos
quanto em selvagens (ALFELD, 2008).
Figura 15. Hemiarcada superior direita de gato, macho com
três anos de idade, apresentando cálculo dental
(seta vermelha) e fratura de canino (seta
branca).
O índice alto de cálculo dental (80%) observado macroscopicamente nos animais
deste experimento não foi confirmado em radiografias intra-orais e extra-orais, fato que
diferiu dos relatos de BELLOWS (1993) e BORELLI (1998) ao informarem que o cálculo
dental aparece como projeções radiopacas irregulares facilmente visíveis em cães.
Provavelmente a não visibilização à radiografia dos cálculos neste experimento ocorreu
em razão da baixa mineralização dessas estruturas. Embora o pH da saliva do gato
(7,5) e do cão (7,3 - 7.8) sejam semelhantes, existem variações na concentração de
eletrólitos salivares como cálcio, cloreto, potássio, sódio e bicarbonatos entre essas
30
espécies (NRC 2006).
HARVEY & BONNIE (1992) e BELLOWS (1993) recomendam a técnica intra-oral
do paralelismo apenas para dentes mandibulares em gatos. Com este modelo
experimental foi possível comprovar sua eficácia para todos os dentes da hemiarcada
maxilar direita, neste caso radiografando-se dentes da hemiarcada direita de gatos.
Resultado semelhante foi observado por BORELLI (1998) ao adaptar a técnica do
paralelismo com auxílio de posicionadores do tipo Han Shin em cães.
A técnica intra-oral produziu imagens radiográficas com riqueza de detalhes dos
dentes incisivos e do canino, sem sobreposições ou dificuldade de posicionamento
(Figura 15AB). Para os dentes pré-molares e molar, houve dificuldade em se conseguir
angulação correta atribuída às características anatômicas da boca dos gatos que
possuem o palato duro raso, o que dificulta o posicionamento mais profundo do filme
em sua direção, especialmente nos animais de menor porte. Desta forma, a angulação
da cabeça em direção contrária ao posicionador foi necessária para se obter imagens
mais bem representativas desses dentes. Esta dificuldade é minimizada em gatos de
maior porte físico, nos quais a técnica pode ser considerada eficaz (Figura 15C). A
sobreposição de estruturas ósseas nas imagens dos pré-molares e molar, sobretudo do
arco zigomático sobre as raízes dentais, é a principal interferência nesta técnica, tal
como o observado por NIEMIEC & FURMAN (2004), que trabalharam com peças
ósseas de crânios de gatos.
31
Figura 16. Imagens radiográficas da maxila superior direita,
obtidas com auxílio de posicionador-filme intra-oral,
de um gato, macho com três anos de idade, sem
alterações ósseas. A, radiografia dental de incisivos.
B, radiografia dental de canino. C, radiografia dental
de pré-molares e molar.
A técnica radiográfica para o exame extra-oral foi calculada com base na
espessura do crânio. As unidades 40kVp, 200mA e exposição de 0,26s, diferentes das
descritas por BELLOWS (1993), proferiu radiografias consideradas de qualidade
diagnóstica com o aparelho de raios x utilizado.
Para visibilizar o dente canino, pré-molares e o molar, o animal foi posicionado
em decúbito lateral direito oblíquo, com a cabeça sobre o chassi e a boca aberta.
Porém, para os dentes incisivos a projeção radiográfica rostrocaudal com o animal em
decúbito ventrodorsal diferiu do posicionamento dorsoventral oblíquo proposto por
ZONTINE (1974).
Na técnica extra-oral, fazendo-se uso de raios x não odontológico e chassi
metálico de 24 x 30cm, ocorreram limitações técnicas para radiografar os dentes da
arcada superior direita dos gatos. A dificuldade foi imposta pelo tamanho da cabeça, o
ângulo de abertura da boca e o tamanho pequeno dos dentes nos gatos, que dificultam
angular o feixe de radiação para observá-los de forma alongada, à semelhança do que
é passível em cães com a projeção rostrocaudal com a boca aberta e ângulo de
exposição de 20º (TICER, 1975). Pela dificuldade de posicionamento, a cabeça dos
A
B
C
32
gatos foi posicionada em rostrocaudal com a boca aberta e ângulo de exposição de 30º,
o que permitiu obter imagens dos dentes incisivos em eixo longitudinal (Figura 16A).
Os dentes pré-molares e molar, com a técnica extra-oral, se apresentaram nas
imagens radiográficas com sobreposição de suas raízes com o osso zigomático,
dificultando a interpretação radiográfica (Figura 16B). Esta interferência foi minimizada
por NIEMIEC & FURMAN (2004), ao radiografarem peças ósseas de crânio de gatos
com aparelho de raios x odontológico e filme dental extra-oral. Contudo, neste trabalho,
isso não foi factível, mesmo fazendo-se ensaios com fluoroscopia em aparelho de raios
x convencional. VERSTRAETE et al., (1998); VERSTRAETE (1999) e LOMMER et al.,
(2000) citam que tornaram mínima esta interferência ao radiografarem dentes pré-
molares e molares em gatos por meio de técnica extra-oral denominada técnica extra-
oral quase paralela”, utilizando aparelhos de raios-x odontológicos providos com
difusores cilíndricos e filmes dentais.
Figura 17. Imagens radiográficas da maxila superior direita obtidas por
radiografia convencional extra-oral de um gato, macho, com três
anos de idade e sem alterações ósseas. A, posicionamento
rostrocaudal de boca aberta para visibilização dos incisivos.
B,radiografia convencional em posicionamento oblíquo lateral
direito, para visibilização de canino, pré- molares e molar. Note a
sobreposição do arco zigomático com o , e dentes pré-
molares (seta).
Concordante ao que foi proposto por HARVEY & BONNIE (1992), o custo relativo
da técnica intra-oral foi menor que o da técnica extra-oral. O aparelho gerador de raios
A
33
x odontológico apresenta custo inferior quando comparado aos raios x convencionais. O
filme intra-oral é mais barato em relação ao convencional, o volume de produtos
químicos (revelador e fixador) para o processamento dos filmes odontológicos é
pequeno e não há necessidade de chassis e écrans.
O custo das medicações utilizadas nos animais é semelhante, visto que o
protocolo anestésico foi padronizado para ambas as técnicas. A tabela abaixo contém
as principais diferenças em relação ao custo das técnicas intra-oral e extra- oral (Tabela
2).
Tabela 2. Relação de custos, em dólar (Dólar comercial em R$ 1,67), das técnicas radiográficas
intra-orais e extra-orais em exame da cavidade oral de gatos. UNESP, Jaboticabal,
2010.
INTRA-ORAL
EXTRA-ORAL
Aparelho gerador de raios x
US$ 2814¹
US$ 13772²
Filme radiográfico
US$ 59 (100 unidades)³
US$ 69
(100 unidades)
4
Revelador
US$ 2 (475mL)
5
US$ 64 (13L)
4
Fixador
US$ 2 (475mL)
5
US$ 47 (13L)
4
Chassis com écrans
-
US$ 271
4
Posicionador Han Shin
US$ 35¹
-
¹ Consulta à Dental Innova Ltda. (Lavras-MG)
² www.cdk.com.br
³ Consulta à Dental São Cristóvão Ltda (Lavras-MG)
4
Consulta à NDT Comercial Ltda (Belo Horizonte- MG)
5
www.twenga.com.br
Em relação aos achados radiográficos evidenciados em exposições intra-orais e
extra-orais de dentes incisivos, caninos, pré-molares e molares da maxila direita em 30
gatos, seis animais não apresentaram qualquer tipo de alteração radiográfica. Dos 24
animais restantes, a técnica intra-oral foi considerada de eficácia à técnica extra-oral na
detecção de achados radiográficos englobando os diferentes tipos de dentes. Do total
de observações realizadas, 53 achados considerados fisiológicos e de anormalidades
para a espécie foram detectados pelo exame inta-oral e 26 pelo exame extra-oral.
34
Para cada grupo de dentes incisivos, canino, pré-molares e molar, o exame intra-
oral destacou quatro achados radiográficos em comparação a dois do exame extra-oral
para os incisivos, 35 em relação a 19 para o canino e 14 achados em comparação a
cinco para os dentes pré-molares e molar.
Alterações radiográficas relativas à reabsorção ósseas, membrana periodontal
aumentada, entre outras, foram observadas em 24 felinos com a técnica intra-oral,
sendo o dente canino o mais acometido. Foram encontradas, para este dente, um total
de 35 achados, oito corresponderam a canal radicular amplo, oito arredondamento de
ápice, seis membrana periodontal aumentada, seis ápices abertos, três fraturas de
cúspide, três reabsorções do ápice e uma área radiolucente no ápice alveolar.
Nos dentes incisivos foram encontradas quatro lesões, sendo duas
caracterizadas por membrana periodontal aumentada, uma relacionada à ausência do
incisivo 101 e uma por diastema.
Para os pré-molares e molar totalizaram-se 14 achados, oito canal radicular
amplo, quatro ausência do 2º pré-molar, uma ausência do molar e uma lise óssea.
Nas imagens extra-orais, o canino também foi a estrutura que apresentou maior
mero de alterações. Foram encontradas 19 lesões, que corresponderam a oito canais
radiculares amplos, seis ápices abertos, três fraturas de cúspide e dois
arredondamentos de ápices.
Para os incisivos, duas lesões corresponderam à ausência do incisivo 101 e
diastema. Para os pré-molares e molar, cinco lesões caracterizaram-se por quatro
ausências do pré-molar e uma à ausência do molar. A relação dos achados
radiográficos encontra-se na Tabela 3.
Não houve diferenças na detecção de achados radiográficos entre as duas
técnicas radiográficas para lesão do tipo ápice aberto, fratura de cúspide, ausência do
pré-molar, ausência do molar, ausência do incisivo 101 e diastema. Isto pode ser
explicado por serem lesões de características grosseiras ou facilmente visíveis pela sua
extensão. Ver destaque na Tabela 3.
35
Tabela 3. Relação dos achados radiográficos evidenciados em exposições intra-orais e extra-orais de dentes incisivos, canino, pré-
molares e molar da maxila direita em 24 gatos. UNESP, Jaboticabal, 2010.
Achados Radiográficos
INTRA-ORAL
EXTRA-ORAL
Incisivos
Canino
Pré-molares e Molar
Incisivos
Canino
Pré-molares e Molar
Membrana periodontal aumentada
2
6
0
0
0
0
Canal radicular amplo
0
8
8
0
8
0
Ápice aberto
0
6
0
0
6
0
Fratura de cúspide
0
3
0
0
3
0
Arredondamento de ápice
0
8
0
0
2
0
Reabsorção de ápice
0
3
0
0
0
0
Ausência do 1º P-molar
0
0
4
0
0
4
Ausência do Molar
0
0
1
0
0
1
Ausência do incisivo 101
1
0
0
1
0
0
Diastema/Inclinação
1
0
0
1
0
0
Desorganização óssea/Lise
0
0
1
0
0
0
Área radiolucente em ápice
0
1
0
0
0
0
Total
4
35
14
2
19
5
36
A técnica intra-oral proporcionou detalhamento de lesões consideradas
minuciosas como membrana periodontal aumentada, arredondamento de ápice,
reabsorção em ápice, lise óssea e área radiolucente em ápice. Tais lesões
caracterizam-se por pequenas particularidades e exigem maior nitidez nas imagens
radiográficas para serem detectadas visualmente.
Embora o achado de canal radicular amplo seja considerado uma lesão
grosseira, esta foi mais bem observada por meio da técnica intra-oral em pré-molares
em relação à extra-oral, pelo fato de eliminar a sobreposição do arco zigomático sobre
estes dentes.
Segundo VENTURINI (2006), a LROF tem relação significativa com a idade e
acomete especialmente animais entre cinco e nove anos. A baixa incidência de
reabsorção observada neste experimento pode ser atribuída às idades dos animais
radiografados, de dois a três anos.
Por outro lado a detecção de oito animais apresentando canal radicular amplo e
seis ápices abertos contradizem a idade real informada dos animais utilizados neste
experimento. De acordo com ZONTINE (1974), HARVEY & BONNIE (1992) e
BELLOWS (1993), o ápice deve estar fechado aos 18 meses de idade e a cavidade
pulpar diminui de tamanho nos animais adultos. Com base nestas informações pode-se
aventar que a idade dos oito animais que apresentaram estas alterações não eram as
que foram indicadas inicialmente. Há que se considerar a constante que no exercício da
clínica médica os responsáveis pelos animais apresentados geralmente omitem
informações verdadeiras sobre o histórico do caso clínico.
O aspecto radiográfico de canino da hemiarcada direita superior de gato
apresentando canal radicular amplo, observado por meio de exames radiográficos intra-
oral e extra-oral, está ilustrado na Figura 17.
37
Figura 18. Imagens radiográficas de canino superior direito
apresentando canal radicular amplo (setas),
obtidas por meio das técnicas intra e extra-oral em
gato macho, com idade informada de dois anos. A,
radiografia intra-oral. B, radiografia convencional
(extra-oral).
As fraturas envolvendo a cúspide de três dentes caninos, observadas
macroscopicamente neste estudo, foram confirmadas aos exames radiográficos,
independente da cnica utilizada. De acordo com VENTURINI (2006), este tipo de
lesão é relativamente comum em caninos superiores de gatos.
O descarte dos achados radiográficos destacados na Tabela 3 foi realizado de
acordo com o Teste de McNemar para significância de mudanças, cujo interesse está
somente nas células em que podem ocorrer mudanças (FERREIRA, 2005; SIEGEL &
CASTELLAN, 2006).
A análise dos dados coletados foi realizada por totais de achados radiográficos
encontrados. Foram avaliados seis tipos de dados correspondentes a espaço
periodontal aumentado, canal radicular amplo, arredondamento de ápice, reabsorção
de ápice, desorganização óssea/lise e área radiolucente em ápice (n=72). Foram
realizadas análises por total de grupos de dentes (n=144) e por total geral dos achados
radiográficos envolvendo os dentes incisivos canino, pré-molares e molares (n=432)
utilizando os dados apresentados na Tabela 4.
A
B
38
Tabela 4. Relação dos achados radiográficos diagnosticados em 24 gatos por meio de exposições intra-orais e extra-orais de dentes
incisivos, canino, pré-molares e molar da maxila direita. UNESP, Jaboticabal, 2010.
Achados Radiográficos
INTRA-ORAL
EXTRA-ORAL
Incisivos
Canino
Pré-molares e Molar
Incisivos
Canino
Pré-molares e Molar
Membrana periodontal aumentada
2
6
0
0
0
0
Canal radicular amplo
0
8
8
0
8
0
Arredondamento de ápice
0
8
0
0
2
0
Reabsorção em ápice
0
3
0
0
0
0
Desorganização óssea/Lise
0
0
1
0
0
0
Área radiolucente em ápice
0
1
0
0
0
0
Total
2
26
9
0
10
0
39
A tabela de Distribuição do Qui-quadrado para significância de 5% e grau de
liberdade igual a um forneceu o valor de qui-quadrado tabelado correspondente a X² t =
5,0.
O calculado foi comparado ao X²t, e para os achados radiográficos
correspondentes a espaço periodontal aumentado X²c = 8, canal radicular amplo X²c= 8
e arredondamento de ápice X²c=6. A Hipótese Ho rejeitada indica que as diferenças
não ocorreram ao acaso, ou seja, os tratamentos foram diferentes (p≤0,05).
Para reabsorção em ápice X²c=3, desorganização óssea/lise X²c=1 e área
radiolucente em ápice X²c=1, não houve rejeição da Hipótese H0 e sem haver
diferenças (p>0,05).
A não comprovação estatística da superioridade do exame intra-oral sobre o
extra-oral para observação de reabsorção em ápice, desorganização óssea/lise e área
radiolucente em ápice, pode estar relacionada ao número pequeno de animais
avaliados ou números pequenos de lesões encontradas, visto que estas foram
visibilizadas exclusivamente pelo exame intra-oral.
Para os grupos de dentes, os tratamentos foram diferentes para caninos X²c= 16
e pré-molares e molares X²c= 9 (p≤ 0,05), e não houve diferenças para os incisivos
X²c= 2 (p>0,05).
Na análise estatística por total geral de achados radiográficos para os diferentes
tipos de dentes, X²c= 27 representa a existência de sensibilidade diagnóstica entre as
duas técnicas radiográficas utilizadas para avaliar a hemiarcada direita superior de
gatos (p≤0,05). O exame radiográfico extra-oral não permitiu observar alterações
dentais minuciosas como membrana periodontal aumentada, reabsorção de ápice do
dente canino, desorganização/lise óssea e área de radiolucente em ápice canino, como
relataram HARVEY & BONNIE (1992).
O arredondamento de ápice do dente canino foi visibilizado apenas em dois
animais, quando comparado ao exame intra-oral, o qual caracterizou oito lesões deste
tipo. Lesões maiores ou mais grosseiras como ausência de dentes, canal radicular
espesso, ápice aberto, diastema e fraturas foram facilmente observadas por meio da
técnica extra-oral. Como citado por FREITAS & PANELLA (1998), este modelo de
40
exame radiográfico torna-se mais adequado mediante a necessidade de exploração
radiográfica mais ampla, o que pode ser feito com o uso de aparelhos de raios x e
filmes convencionais.
41
5.CONCLUSÃO
Com base nas observações é factível concluir sobre a superioridade da
técnica radiográfica intra-oral na avaliação de dentes da hemiarcada superior em
gatos, especialmente em função da minúcia das lesões pesquisadas. A técnica
dispensa recursos financeiros elevados, evita sobreposição do arco zigomático com as
raízes dos dentes pré-molares e molares, o que implica em obtenção de imagens
radiográficas mais bem definidas e nítidas também deste grupo de dentes.
42
* ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR. 6023 ago. 2002.
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47
APÊNDICE
48
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