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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC
FACULDADE DE FARMÁCIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUÃO EM FARCIA
Letícia Mello Rechia
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE
GEL A BASE DE EXTRATO DE Melissa Officinalis L.
Florianópolis
2010
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2
Letícia Mello Rechia
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE
GEL A BASE DE EXTRATO DE Melissa Officinalis L.
Dissertação submetida ao Programa de
Ciências Farmacêutica da
Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do Grau de
Mestre em Farmácia.
Orientador: Profa. Dra. Simone
Gonçalves Cardoso
Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto
Kanis
Florianópolis
2010
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4
5
A Deus que é a base de tudo,
A minha querida mãe pelo amor e apoio interminável,
Ao meu pai que foi e sempre será meu maior exemplo (com saudades),
Ao meu esposo por ser de forma incondicional tão especial,
A minha irmã pela amizade e parceria.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a cima de tudo à Deus por iluminar o meu caminho,
por me dar saúde, oportunidade e força a cada dia.
Ao meu querido pai, Venício, in memorian, que me mostrou
sempre os verdadeiros valores e princípios da vida, e jamais mediu
esforços para nos mostrar a importância do conhecimento e a
importância de fazer o bem. Obrigada pela educação dada as tuas filhas,
obrigada por sempre acreditar e apostar em mim, e obrigada acima por
todo e seu amor.
À minha querida mãe, Maria Inês, por ser um exemplo de
força e coragem. Por todo apoio e ajuda dada em todos os momento.
Meu amor e eterna gratidão pelos ensinamentos, conselhos, cuidados e
presença diária, mesmo em pensamentos e orações. Sobretudo obrigada
por sua amizade, amor e por sempre confiar em mim.
Ao meu querido esposo, Ramon, por estar ao meu lado de forma
incondicional e pelo apoio dado em toda a caminhada. Obrigada por ter
acreditado em mim muitas vezes mais do que eu mesma, e por sempre
incentivar minha jornada pessoal e profissional, obrigada sobretudo por
me fazer feliz. Meu grande amigo, parceiro e confidente. Quando digo
obrigada por você ser tão especial, é porque não meço esforços ao
agradecer à Deus por ter colocado você no meu caminho. Obrigada meu
amor por todo seu amor...
À minha irmã, Larissa, pela parceria e incentivo de todos os
momentos. Por sua confiança, e por ver em mim um exemplo a ser
seguido. Obrigada mãe e pai por terem me dado um irmã tão especial.
Apesar da distância minha eterna grande amiga...
7
À minha orientadora, Simone, meu agradecimento por ter me
aceito como aluna, pela oportunidade e suporte para realização da
pesquisa, confiança, dedicação e orientação no desenvolvimento deste
trabalho. Obrigada por me ajudar a conquistar um sonho.
Ao meu co-orientador, Luiz, obrigada pela atenção, amizade e
orientação de longo tempo. Obrigada por ter contribuído de forma
fundamental no start de minha carreira profissional. Obrigada por me
ajudar a conquistar um sonho.
A todos os meus familiares, pelo apoio e incentivo de todos os
momentos.
À indústria farmacêutica AUSTEN e aos colaboradores, pela
amizade, apoio, incentivo e impulso profissional. Obrigada pela
oportunidade e pela ajuda.
À indústria farmacêutica PRATI,DONADUZZI, e em especial
aos colaboradores do laboratório de Controle de Qualidade, pela
oportunidade, ajuda e incentivo.
A todos os meus amigos, pela amizade, lealdade, compreensão
e apoio.
Ao programa de s-graduação em Farmácia da Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC, pela oportunidade de realização do
mestrado.
Aos meus colegas do laboratório de Controle de Qualidade, do
curso de s-graduão em Farmácia, da Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, pela ajuda durante toda a etapa de desenvolvimento do
trabalho.
8
Um homem que não se alimenta de
seus sonhos, envelhece cedo.
William Shakespeare
9
RESUMO
A Melissa officinalis é uma planta da família Lamiacea que possui, entre
as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral
contra o rus do herpes simples. Essa atividade é atribuída aos
constituintes químicos derivados de ácidos fenólicos, como o ácido
caféico, acido clorogênico e, principalmente, o ácido rosmarínico, os
quais agem na inibição da replicação do DNA e RNA viral. O objetivo
deste trabalho foi desenvolver uma formulação semi-sólida, na forma de
gel, à base de Melissa officinalis,, para ser futuramente utilizada no
tratamento do herpes labial, como uma alternativa ao tratamento com
antivirais sintéticos. O extrato utilizado no desenvolvimento do gel foi
caracterizado, e um estudo de p-seleção com três polímeros -
Carbopol
®
, Pemulen
®
e Hidoxipropilmetilcelulose - foi realizado para a
definição da base polimérica a ser utilizada. Após este estudo, o extrato
seco de Melissa officinalis L. foi incorporado no gel de Carbopol, na
concentração de 2,7%, juntamente com a glicerina, empregada como
agente plastificante, e os conservantes metilparabeno e propilparabeno.
O pH do gel ficou em torno 5,0. Um método por cromatografia líquida
de alta eficiência com detecção no ultravioleta foi desenvolvido e
validado para quantificar os principais marcadores químicos
responsáveis pela atividade antiviral da planta: ácido rosmarínico, ácido
caféico e ácido clorogênico. O método utilizou fase móvel com sistema
gradiente: FMA 2% de ácido fosfórico e m água, FMB acetonitrila, 0
10 min 40% FMB, 11 15 min 10% FMB; coluna C
18
, Kinetex
(100 x
2,6 mm, 4,6 µm); fluxo 1mL/min e detecção em 300 nm. Os três
marcadores foram quantificados em um tempo inferior a 15 minutos. Os
resultados indicaram que o todo atendeu aos critérios de validação
em relação aos parâmetros de linearidade (r > 0,99), precisão (< 5%) e
exatidão (101,34%) para todos os três marcadores avaliados, indicando
que o mesmo pode ser utilizado para fins quantitativos. Estudo de
estabilidade acelerada (40
0
C ± 2
0
C e 75% ± 5%) da formulação,
acondicionada em embalagem de plástico e de alumínio, foi conduzido
durante seis meses, avaliando-se as características organolépticas, pH,
viscosidade, teor e comportamento microbiológico. O pH manteve-se
inalterado durante todo o período de estudo, e não houve alteração
quanto às características microbiológicas. Porém, observou-se alteração
de teor e mudança de coloração no gel acondicionado nas embalagens
plásticas. Após 3 meses de estudo verificou-se, também, diminuição
10
significativa da viscosidade da formulação. Em razão deste resultado,
novas formulações foram preparadas com valores de pH mais elevados,
5,50 e 6,50, as quais apresentaram comportamento mais estável nos 3
primeiros meses de estudo.
Palavras-chave: Melissa officinalis L., Desenvolvimento de formulação,
Validação analítica, Estudo de estabilidade.
11
ABSTRACT
Melissa officinalis is a Lamiacea family plant that has, among many
known pharmacological activities, the antiviral activity against herpes
simplex virus. It is attributed to the chemical constituents of phenolic
acid derivatives such as caffeic acid, chlorogenic acid, and especially
rosmarinic acid, that acts to inhibit the replication of DNA and RNA.
This study aimed to develop a semi-solid formulation in gel form, based
on Melissa officinalis, for the future use in the treatment of labial
herpes, as an alternative to the synthetic antiviral treatment. The extract
used to develop the gel was characterized, and a study of pre-selection
with three polymers - Carbopol
®
, PEMULEN
®
and
Hidoxipropilmetilcelulose - was performed to define the base polymer
to be used. After this study, the dried extract of Melissa officinalis L.
was incorporated in Carbopol
®
gel at a concentration of 2.7% with
glycerin, employed as a plasticizing agent, and methylparaben and
propylparaben as preservatives. The gel pH was around 5.0. A method
for high performance liquid chromatography with UV detection was
developed and validated to measure the key chemical markers
responsible for the antiviral activity of the plant: rosmarinic acid, caffeic
acid and chlorogenic acid. The method used a mobile phase gradient
system: FMA 2% phosphoric acid in water, FMB acetonitrile, 00-10
min 40% FMB, 11-15 min 10% FMB; C
18
column,
â
Kinetex (100 x 2.6
mm , 4.6 mm); 1mL/min flow and detection at 300 nm. The three
markers were quantified in less than 15 minutes. The results indicated
that the method has met the validation criteria regarding the parameters
of linearity (r> 0.99), precision (<5%) and accuracy (101.34%) for all
three markers evaluated, indicating that the same can be used for
quantitative purposes. Accelerated stability study (40
0
C ± 2
0
C and 75%
± 5%) of the formulation, packaged in plastic and aluminum, was
conducted over six months, to evaluate the organoleptic characteristics,
pH, viscosity, and microbiological behavior. The pH remained
unchanged during the study, and no change concerning the
microbiological characteristics. Although, there was a change in content
and color for the gel packaged in plastic containers. After three months
of study there was also a significant decrease in the formulation
viscosity. Because of this result, new formulations were prepared with
higher pH values, 5.50 and 6.50, which showed more stable behavior in
the first 3 months of study.
12
Keywords: Melissa officinalis L., formulation development, analytical
validation, stability studies.
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 rmulas estruturais dos derivados de ácidos felicos.......31
Figura 2 Estrutura geral de polímeros de Carbopol
®
..........................38
Figura 3 Esquema da molécula de pomero de Carbopol
®
na forma
não ionizada............................................................................................38
Figura 4 Liberação do fármaco a partir de um polímero.....................41
Figura 5 Fluxograma de estudo de pré-formulação feito para definição
da formulação em gel a base de Melissa officinalis L............................53
Figura 6 Perfil cromatográfico do extrato seco de Melissa officinalis
L., 1 Ácido caféico, 2 Ácido rosmarínico, 3 Ácido clorogênico, 4
Extrato seco de Melissa officinalis L.....................................................63
Figura 7 Gel desenvolvido a base de Melissa officinalis L.................72
Figura 8 Fluxograma de validação da metodologia de análise da
formulação em gel a base de Melissa officinalis L................................75
Figura 9 Cromatogramas obtidos por CLAE para ácido rosmarínico
SQR (AR, ACa e ACl)...........................................................................83
Figura 10 Cromatogramas obtidos por CLAE para amostra do gel de
Melissa officinalis L...............................................................................83
Figura 11 Cromatogramas representativos do teste de especificidade
(A) 5%, (B) 10% e (C) 15% a mais de excipiente.................................85
Figura 12 Representação gráfica da curva de calibração do AR obtida
por CLAE...............................................................................................86
Figura 13 Representação gráfica da curva de calibração do ACa obtida
por CLAE...............................................................................................86
Figura 14 Representão gráfica da curva de calibrão do ACl obtida
por CLAE...............................................................................................86
Figura 15 Cromatograma com a demonstração do efeito da
temperatura da coluna a 35
0
C...............................................................91
Figura 16 Cromatograma com a demonstração do efeito da alteração
do fluxo da FM para 1,02 mL/min.........................................................92
Figura 17 Fluxograma de estudo de estabilidade acelerada da
formulação em gel a base de Melissa officinalis L................................95
Figura 18 Formulação do gel a base de Melissa officinalis L. após
estudo de estabilidade acelerada de 180 dias. (1) gel acondicionado em
embalagem de alumínio, (2) gel acondicionado em embalagem de
plástico..................................................................................................100
Figura 19 Formulação do gel a base de Melissa officinalis L. após
estudo de estabilidade acelerada de 90 dias, (1) gel acondicionado em
embalagem de alumínio pH 6,50 (2) gel acondicionado em
embalagem de plástico pH 6,50 (3) gel acondicionado em
14
embalagem de plástico pH 5,50 (4) gel acondicionado em
embalagem de alumínio pH 5,50......................................................110
15
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Marcadores químicos da Melissa officinalis L.....................32
Tabela 2 Termos para definição da solubilidade do extrato vegetal...55
Tabela 3 Preparo da solução teste e da solução branco para análise do
extrato de Melissa por espectrofotometria no visível.............................56
Tabela 4 Sistema de pontuação para definição do polímero a ser
utilizado no desenvolvimento da formulação.........................................58
Tabela 5 Resultados da análise do extrato seco de Melissa officinalis
L..............................................................................................................62
Tabela 6 Resultados da avaliação de concentração de uso e custo dos
polímeros................................................................................................65
Tabela 7 Resultados da avaliação de processo de preparo sugerido
pelos fornecedores para cada polímero..................................................65
Tabela 8 Resultados da avaliação de aparência para cada polímero
utilizado para os testes de desenvolvimento da formulação...................67
Tabela 9 Análise dos resultados obtidos na etapa de desenvolvimento
das formulações para escolha do polímero a ser utilizado no gel a base
de Melissa officinalis L..........................................................................67
Tabela 10 Componentes da formulação do gel de estudo para o
tratamento do herpes labial.....................................................................71
Tabela 11 Condições cromatográficas do método desenvolvido........77
Tabela 12 Formulações desenvolvidas para estudo da
especificidade.........................................................................................78
Tabela 13 Composição da formulação avaliada no estudo da precisão
do método por CLAE.............................................................................79
Tabela 14 Condições da formulação para estudo de exatidão.............81
Tabela 15 Áreas absolutas para construção da curva de calibração do
Ácido clorogênico, Ácido caféico e Ácido rosmarínico........................87
Tabela 16 Resultados da análise de regressão dos dados para a
quantificação de ácido rosmarínico, ácido caféico e ácido clorogênico
pelo método por CLAE..........................................................................88
Tabela 17 Resultados obtidos na análise de precisão por
CLAE.....................................................................................................88
Tabela 18 Resultados obtidos no teste de recuperação de ácido
rosmarínico, ácido caféico, e ácido clorogênico em na formulação
através de CLAE....................................................................................89
Tabela 19 Avaliação da robustez do método por cromatografia líquida
de alta eficiência atras da determinação de ácido rosmarínico, ácido
caféico, e ácido clorogênico em gel.......................................................90
Tabela 20 Resultados do teste de estabilidade referente às caracteres
16
organolépticas do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados
em diferentes materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R.
durante 180 dias......................................................................................99
Tabela 21 Resultados do teste de estabilidade referente ao pH do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias....101
Tabela 22 Resultados do teste de estabilidade referente a viscosidade
do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes
materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180
dias........................................................................................................103
Tabela 23 Resultados do teste de estabilidade referente ao teor do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias....105
Tabela 24 Resultados do teste de estabilidade referente à análise
microbiológica do gel a base de Melissa officinalis L. armazenado a
40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.......................................................106
Tabela 25 Resultados do teste de estabilidade referente a análise de
espalhabilidade do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados
em diferentes materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R.
durante 90 dias......................................................................................107
Tabela 26 Resultados do teste de estabilidade referente às caracteres
organolépticas do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados
em diferentes materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R.
durante 90 dias......................................................................................109
Tabela 27 Resultados do teste de estabilidade referente ao pH do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90 dias......111
Tabela 28 Resultados do teste de estabilidade referente a viscosidade
do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes
materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90
dias........................................................................................................112
Tabela 29 Resultados do teste de estabilidade referente ao teor do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90 dias......113
Tabela 30 Resultados do teste de estabilidade referente a análise de
espalhabilidade do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados
em diferentes materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R.
durante 90 dias......................................................................................114
17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
% Por cento
> Maior que
< Menor que
® Marca Registrada
°C Graus Celsius
µg Micrograma
µl Microlitro
µm Micrometro
A NOVA Teste estatístico de análise de variância
ACa Ácido caféico
ACl Ácido Clorogênico
ACN Acetonitrila
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AR Ácido rosmarínico
BPFC Boas Práticas de Fabricação e Controle
CCD Cromatografia em camada delgada
CLAE Cromatrografia quida de alta eficncia
cm Centímetros
CMC Carboximetilcelulose
CMD Concentração da média determinada
cP Centipoise
DP Desvio padrão
DPR Desvio padrão relativo
FM Fase móvel
g Gramas
h Horas
HCl Ácido clorídrico
HIV Human Immunodeficiency Virus
HPLC High Performance/Pressure Liquide
Chromatography
HPMC Hidroxipropilmetilcelulose
HSV Herpes simplex virus
HSV1 Herpes simplex virus type 1
ICH International Conference on Harmonisation
ISO International Organization for Standardization
mg Miligrama
mg/mL Miligrama por Mililitro
mL Mililitro
mm Milimetro
18
nm Nanômetro
mero
NaOH Hidróxido de Sódio
NBR Norma Brasileira
pH Potencial Hidroniônico
pKa Constante de dissociação ácida
PPT Precipitação
qsp Quantidade suficiente para
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RE Resolução
rpm Rotações por minuto
SQR Substância química de referência
T0 Tempo zero dias
T180 Tempo cento e oitenta dias
T90 Tempo noventa dias
TSB Caldo de caseína soja
U.R. Umidade relativa
U.V. Ultra violeta
UFC Unidade formadora de colônia
US$ Dólar norte americano
USP The United States Pharmacopeia
V/V Volume por volume
WHO World Human Organization
19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................23
1.1 OBJETIVOS.....................................................................................24
1.1.1 Objetivo geral..............................................................................24
1.1.2 Objetivos específicos...................................................................25
2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................26
2.1 HERPES...........................................................................................26
2.2 FÁRMACOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO DO
HERPES.................................................................................................27
2.2.1 Fármacos sintéticos.....................................................................27
2.2.1.1 Aciclovir.....................................................................................28
2.3 MELISSA OFFILINALIS LAMIACEAE.........................................29
2.3.1 Constituintes químicos................................................................29
2.3.1.1 Polifenóis....................................................................................30
2.3.2 Propriedades farmacológicas.....................................................32
2.3.3 Atividade antiviral.......................................................................33
2.4 FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS..........................34
2.4.1 Géis...............................................................................................35
2.4.1.1 Polímeros....................................................................................36
2.4.1.1.1 Carbopol
®
................................................................................36
2.4.1.1.2 HPMC (hidroxipropilmetilcelulose)........................................38
2.4.1.1.3 Pemulen
®
.................................................................................39
2.4.1.2 Conservantes..............................................................................39
2.4.1.3 Agente plastificante....................................................................41
2.4.2 Aparência da formulação...........................................................42
2.5 ESTUDOS DE P-FORMULAÇÃO............................................42
2.6 VALIDAÇÃO METODOLOGIA ANALÍTICA.............................43
2.7 ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS............46
2.7.1 Estudo de estabilidade acelerada...............................................48
2.7.2 Estudo de estabilidade de medicamentos fitoterápicos............48
2.8 EMBALAGENS FARMAUTICAS............................................48
3 CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO
FITOTEPICA EM FORMA DE GEL A BASE DE MELISSA
OFFICINALIS......................................................................................50
3.1 INTRODUÇÃO...............................................................................50
3.2 MATERIAIS ETODOS............................................................51
3.2.1 Equipamentos e reagentes..........................................................51
3.2.2 Materia-prima vegetal................................................................52
3.2.2.1 Método.......................................................................................53
3.2.2.1.1 Ensaios de pureza da Matéria-Prima vegetal.........................54
20
3.2.2.1.1.1 Características organolépticas do extrato seco de Melissa
officinalis L.............................................................................................54
3.2.2.1.1.2 Análise qualitativa por Cromatografia de Camada Delgada
(CCD).....................................................................................................54
3.2.2.1.1.3 Solubilidade..........................................................................54
3.2.2.1.1.4 Perda por dessecação..........................................................55
3.2.2.1.1.5 Determinação do teor de derivados hidroxicinâmicos........55
3.2.2.1.1.5.1 Análise quantitativa por Cromatografia quida de Alta
Eficiência................................................................................................55
3.2.2.1.1.5.2 Análise quantitativa por Espectroscopia de ultravioleta
visível.....................................................................................................56
3.2.2.1.1.6 Análise microbiológica.........................................................57
3.2.2.1.2 Seleção da base polimérica.....................................................58
3.2.2.1.2.1 Concentração de uso / custo................................................59
3.2.2.1.2.2 Processo de preparo das bases poliméricas........................59
3.2.2.1.2.2.1 Necessidade de aquecimento para geleificação................59
3.2.2.1.2.2.2 Necessidade de correção de pH para geleificação.......... 60
3.2.2.1.2.2.3 Tempo de geleificação.......................................................60
3.2.2.1.2.3 Aparência.............................................................................60
3.2.2.1.3 Determinação da concentração de ativo na formulação........60
3.2.2.1.4 Seleção de conservantes e agentes plastificante.....................61
3.2.2.1.5 Preparo da formulação...........................................................61
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................61
3.3.1 Caracterização do extrato seco de Melissa officinalis L..........61
3.3.2 Desenvolvimento das formulações.............................................64
3.3.2.1 Concentração de uso / custo......................................................64
3.3.2.2 Processo de preparo...................................................................65
3.3.2.3 Aparência...................................................................................66
3.3.2.4 Análise dos resultados de pontuação.........................................67
3.3.2.5 Concentração de ativo na formulação.......................................69
3.3.2.6 Seleção de conservantes e agentes plastificante........................69
3.3.2.7 Proposta de formulação e técnica de preparo...........................70
4 CAPÍTULO II - DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DA
METODOLOGIA DE ANÁLISE PARA QUANTIFICAÇÃO DOS
MARCADORES QUÍMICOS ÁCIDO ROSMARÍNICO, ÁCIDO
CLOROGÊNICO E ÁCIDO CAICO............................................73
4.1 INTRODUÇÃO................................................................................73
4.2 MATERIAIS ETODOS............................................................75
4.2.1 Substância Química de Referência............................................76
4.2.2 Equipamentos e Reagentes.........................................................76
4.2.3 Desenvolvimento do método analítico por CLAE................... 76
21
4.2.3.1 Especificidade............................................................................77
4.2.3.2 Linearidade................................................................................78
4.2.3.2.1 Curva analitica do AR.............................................................78
4.2.3.2.2 Curva analitica do ACa...........................................................79
4.2.3.2.3 Curva analitica do ACl............................................................79
4.2.3.3 Precisão......................................................................................79
4.2.3.4 Exatidão (Teste de recuperação)...............................................80
4.2.3.5 Robustez.....................................................................................82
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................82
4.3.1 Especificidade..............................................................................83
4.3.2 Linearidade (curva analítica).....................................................85
4.3.3 Precisão.........................................................................................88
4.3.4 Exatidão........................................................................................89
4.3.5 Robustez.......................................................................................89
5 CAPÍTULO III ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA
DA FORMULAÇÃO DESENVOLVIDA..........................................93
5.1 INTRODUÇÃO................................................................................93
5.2 MATERIAIS ETODOS............................................................93
5.2.1 Equipamentos e reagentes..........................................................93
5.2.2 Estabilidade acelerada................................................................94
5.2.2.1 Parâmetros avaliados no estudo................................................96
5.2.2.1.1 Características organolépticas do gel de Melissa officinallis
L..............................................................................................................96
5.2.2.1.2 Análise do potencial hidrogeniônico (pH)..............................96
5.2.2.1.3 Análise da Viscosidade aparente............................................96
5.2.2.1.4 Estabilidade química...............................................................96
5.2.2.2.5 Estabilidade microbiológica...................................................97
5.2.2.2.6 Espalhabilidade.......................................................................98
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................98
5.3.1 Características organolépticas...................................................98
5.3.2 Análise de pH.............................................................................101
5.3.3Análise de viscosidade................................................................102
5.3.4 Estabilidade química.................................................................104
5.3.5 Estabilidade microbiológica.....................................................106
5.3.6 Espalhabilidade.........................................................................107
5.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE DA FORMULAÇÃO COM
ALTERAÇÃO NO PH.........................................................................108
5.4.1 Análise características organolépticas.....................................108
5.4.2 Análise de pH.............................................................................110
5.4.3 Análise de viscosidade...............................................................111
5.4.4 Estabilidade química.................................................................112
22
5.4.5 Espalhabilidade.........................................................................113
6 DISCUSSÃO GERAL.....................................................................115
7 CONCLUSÕES...............................................................................117
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................118
23
1 INTRODUÇÃO
A utilização de plantas com fins medicinais, para o tratamento,
cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática
medicinal da humanidade (VEIGA JUNIOR et al., 2005). O seu uso é
baseado na crença popular e nas várias culturas que as utilizam como
recurso terapêutico. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
no inicio da década de 90, cerca de 65 a 80% da população que viviam
em países desenvolvidos dependiam de plantas medicinais para seus
cuidados primários de saúde (AKERELE, 1993). No ano de 2000, 80%
da população mundial utilizavam medicamentos derivados de plantas
(BHATTARAM et al., 2002).
Estimativas revelam que no ano de 2003 o mercado mundial de
produtos farmacêuticos movimentou cerca de US$ 22 bilhões/ano com
produtos de fontes naturais, sendo que 25% eram plantas, 13%
microorganismos e 3% animais (HOSTETTMANN; QUEIROZ;
VIEIRA, 2003; NIERO et al., 2003). No Brasil, no ano de 2006, o setor
fitoterápico movimentou R$ 1 bilhão em toda a cadeia produtiva, e
empregou mais de 100 mil pessoas (ABIFITO, 2006).
Uma recente pesquisa feita pelo jornal folha UOL mostrou que
o Brasil deixou de gerar cerca de US$ 5 bilhões ao ano por não
conseguir transformar sua flora em medicamentos. Essa é a diferença
entre o valor movimentado pelo mercado brasileiro de fitoterápicos e
por mercados como o francês, o japonês e o alemão, países com uma
biodiversidade muito menor que a brasileira, mas que tiveram sucesso
na transformação de moléculas de plantas em medicamentos. A pesquisa
mostrou ainda que até hoje, só um fitoterápico baseado na flora
brasileira foi desenvolvido em território nacional, o anti-inflamatório
Acheflan® (MIOTO, 2010).
O mercado mundial de fitoterápicos envolve hoje cerca de US$
44 bilhões, segundo a consultoria Analize and Realize, e, eles afirmam
ainda que esse valor está crescendo. Segundo a Associação Brasileira de
Empresas do Setor Fitoterápico, não existem dados oficiais sobre o
tamanho desse mercado no Brasil. As estimativas variam entre US$ 350
milhões e US$ 550 milhões. Os pesquisadores acreditam que o país, por
ser dono da maior biodiversidade do planeta, deveria ter um papel de
liderança na área (MIOTO, 2010).
A fitoterapia constitui uma forma de medicina que vem
crescendo visivelmente ao longo dos anos, e talvez o principal fator a
contribuir consideravelmente para o crescimento em questão consista na
evolução dos estudos científicos, particularmente os estudos químicos e
24
farmacogicos, que comprovam a eficia das plantas medicinais
(CECHINEL FILHO & YUNES, 1998).
Há, estudos que mostram a incorporação de extratos vegetais
em produtos dermatológicos e, segundo Sonaglio e colaboradores
(2004), esses extratos vegetais podem ser lidos, como extrato seco ou
pós; semi-sólidos, como extrato mole; ou líquidos, como soluções
extrativas nos mais diversos sistemas de solventes.
Entre as inúmeras escies vegetais de interesse medicinal
encontra-se a planta Melissa officinalis, que pertence à família
Lamiaceae, é originária da Europa e Ásia, considerada Mediterrânea e
prefere climas temperados a quentes. É conhecida popularmente como
erva-cidreira, melissa romana, ou chá da França. A parte da planta
utilizada para fins medicamentosos o as folhas e as sumidades floridas
(TESKE et al., 1997; BLANCO, 2004).
De acordo com a resolução RE n° 89 da Anvisa (BRASIL,
2004), a Melissa officinalis encontra-se na lista de fitotepicos de
registro simplificado, para uso como sedativa, carminativa e
antiespasmódica. Porém, muitos trabalhos publicaram estudos in vivo
e in vitro demonstrando a ação antiviral da Melissa officinalis contra o
vírus herpes simples. Esta atividade é atribuída aos constituintes
químicos como ácido caféico, ácido clorogênico, ácido ferúlico e,
principalmente, ácido rosmarínico, que agem na inibição da replicação
do DNA e RNA viral. Devido a esta atividade, formulações a base de
extrato de Melissa são utilizadas em outros países para tratamento do
herpes labial (ESCOP, 1996; GARDINER, 2000; ALACHI, 2003;
JASMIM & NAJI, 2003; KOYTCHEV et al., 2008, WHO, 2004).
O tratamento atual para infecções causadas pelo vírus do herpes
simples é realizado normalmente com o antiviral aciclovir, na forma
semi-sólida de uso tópico. Porém, principalmente para pacientes com
baixa imunidade, o aciclovir e outros antivirais convencionais vêm
apresentando certa resistência com recorrência da infecção pelo vírus do
herpes (FATAHZADEH & SCHWARTZ, 2007).
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi desenvolver uma
formulação a base de Melissa officinalis para o tratamento do herpes
labial, caracterizar essa formulação a partir de marcadores químicos
responsáveis pela atividade farmacológica, bem como realizar o estudo
de estabilidade da formulação.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
25
Desenvolver, validar a metodologia analítica, e estudar a
estabilidade de uma forma farmacêutica tópica a base de extrato de
Melissa Officinalis L., para futuras aplicões no tratamento do herpes
bucal.
1.1.2 Objetivos espeficos
1. Realizar a caracterização físico-química e microbiológica do
extrato de Melissa officinalis L.;
2. Desenvolver uma formulação semi-sólida em forma de gel, a
base de polímero contendo extrato de Melissa officinalis L.;
3. Desenvolver e validar um método de doseamento por
Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) para a
formulação desenvolvida, caracterizando os três principais
marcadores qmicos de compostos felicos: ácido
rosmarínico, ácido clorogênico e ácido caféico;
4. Realizar estudo de estabilidade acelerada na formulação
desenvolvida, a temperatura de 40
0
C e 75% de umidade
relativa, durante 6 meses, avaliando o comportamento físico-
químico e microbiológico da formulão durante esse período.
26
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 HERPES
Herpes simples é a chamada dor de frio” ou bolha febril que
geralmente ocorre nos lábios, podendo envolver a boca (estomatite
herpética), a mucosa genital, a conjuntiva, a pele da face e outras regiões
(LIMA, 2004).
As lesões da pele, boca e conjuntiva são causadas pelo vírus do
herpes simples tipo 1. As lesões genitais são causadas pelo rus do
herpes tipo 2, que difere sorologicamente do tipo 1. A diferença do tipo
1 para o tipo 2 se pela antigenicidade, uma glicoproteína de
superfície (gC). Os herpes vírus são grandes vírus de DNA de filamento
duplo, circundados por um envoltório, e são neurotrópicos (ROBBINS,
2001; AZULAY, 2008).
O vírus do herpes, uma doença infecciosa, representa, com o
resfriado e gripe comum, uma das viroses mais freqüentes no homem. A
exposição ao vírus geralmente inicia-se na infância e, por volta da
quarta
década de vida, mais de 90% dos indivíduos tem anticorpos anti-
HSV. O vírus é considerado de difícil eliminação, pois entra em um
estado quiescente dentro das células humanas quando não se replicam
nem geram peptídeos derivados virais suficientes para sinalizar sua
presença para as células T citotóxicas. Este esgio é denominado de
latência e não causa doença. Num segundo momento, quando a resposta
imune inicial ceder, o vírus será reativado e causará o episódio da
doença (PARHAM, 2001; AZULAY, 2008).
O vírus herpes simples caracteriza-se clinicamente pela
formação de vesículas rgidas e brilhantes, dispostas em grupo de 5 a
10 lesões que lembram cacho de uva, em torno de orifícios (boca, vulva
e ânus), essas vesículas se rompem com facilidade, e expõem o líquido
infeccioso (AZULAY, 2008). O vírus infecta primeiramente as células
epiteliais e sensoriais que servem a área da infecção. A resposta imune
elimina o vírus do epitélio, mas ele persiste em estado latente nos
neurônios sensoriais. Vários estresses podem reativar o vírus, incluindo
luz solar, infecção bacteriana, alterações hormonais, fadiga física e
mental, estresse emocional, febre, infecções que diminuam a resistência
orgânica e mudanças bruscas de temperatura. Após a reativação, o vírus
viaja através dos axônios dos neurônios sensoriais e reinfecta o tecido
epitelial (PARHAM, 2001; LIMA, 2004)
A replicação viral nas células epiteliais e a produção de
peptídeos virais reestimulam as células T CD 8, que matam as células
27
infectadas, criando uma nova úlcera. Esse ciclo geralmente se repete ao
longo da vida. Os neurônios são locais preferenciais para o vírus latente
se ocultar, pois expressam números muito pequenos de moléculas MHC
de classe I, reduzindo ainda mais o potencial de apresentação de
peptídeos virais às células T CD 8 (PARHAM, 2001).
O vírus simples pode causar herpes simples, conjuntivites,
úlceras bucais, infecções genitais, e raramente, porém de forma grave,
encefalite. Nos pacientes imunocomprometidos, o rus do herpes
simples é muito mais agressivo (RANG et al., 2004).
Estimativas mostram que de 45% a 98% da população mundial
e de 40% a 63% da população dos Estados Unidos reportam ser HSV1
soropositivo, ou seja, tiveram infecção por herpes do tipo 1. Nos
Estados Unidos, a infecção por HSV1 é muito influenciado pela raça da
população, dados revelam que 35% de crianças, de 5 anos de idade,
negras apresentaram contato e infecção pelo vírus HSV1 , e para
crianças brancas, a estimativa cai para 18% (FATAHZADEH &
SCHWARTZ, 2007).
2.2 FÁRMACOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO DO
HERPES
Existe, uma grande variedade de tratamentos tem sido proposta
para combater as manifestações do herpes vírus simples, sendo, na sua
maioria, tratamentos paliativos para a dor e supressores da reprodução
viral e raramente como agentes de cura (SILVA, 2000).
Os tratamentos com medicamentos tópicos são para os casos
mais brandos, deixando os de uso sistêmico para os casos mais
complicados e severos, como as manifestações clínicas ocorridas em
pacientes imunodeprimidos (SILVA, 2000; MORELI; CALMET;
JINGADE, 2010).
As infecções por HSV são consideradas um problema sério para
pacientes imunodrepimidos, principalmente os contaminados por HIV.
Além disso, outro grave problema desses pacientes é o desenvolvimento
da resistência aos medicamentos convencionais (MUKHTAR et al.,
2008).
Os tratamentos convencionais se dão, na maioria das vezes, a
partir de fármacos sintéticos, porém, as pesquisas fitoterápicas vem
ganhando força no tratamento do herpes labial (TOTH et al., 2003;
MORELLI, 2010).
2.2.1 Fármacos sintéticos
28
O mercado de medicamentos antivirais apresenta mais de 30
rmacos aprovados para o tratamento dessas infecções (DE CLERQ,
2001), destacando-se aciclovir, ganciclovir, valaciclovir, fanciclovir,
sovirudina, foscarnet e vidarabina. Trifluorotimidina e idoxuridina.
(FUCHS & WANNMACHER, 1998; SILVA, 2006). Devido à maior
seletividade de ação, baixa toxicidade e boa eficácia, o aciclovir é o
rmaco de escolha (CRAIG & STITZEL, 1996; SILVA, 2006).
2.2.1.1 Aciclovir
O aciclovir é um análogo acíclico do nucleosídeo guanina que
carece de uma 3`- hidroxila na cadeia lateral. Seu espectro antiviral
restringe-se aos herpesvírus (DE CLERQ, 2001; RANG et al., 2004).
O mecanismo de ação do aciclovir é denominado inativação
suicida, pois o molde de DNA é interrompido devido ao aciclovir ligar-
se à enzima e conduzir à alteração irreversível da DNA polimerase (DE
CLEREQ, 2001).
O aciclovir pode ser administrado por via oral, intravenosa, ou
tópica. Quando administrado por via oral, apenas 20% da dose é
absorvida, e a concentração plasmática máxima é atingida em 1 -2 horas
após administração. O aciclovir é excretado pelos rins, em parte por
filtração glomerular em parte por secreção tubular (RANG et al., 2004).
Os efeitos indesejáveis do aciclovir são baixos. Pode ocorrer
inflamação local durante a injeção intravenosa se houver
extravasamento da solução. Foi relatada a ocorrência de disfunção renal
quando o aciclovir é administrado por via intravenosa. Podem ocorrer
náuseas e cefaléia e, raramente, encefalopatia. A administração de
aciclovir em base de propilenoglicol, por via tópica, pode causar
irritação na mucosa (WHITLEY, 2002; RANG et al., 2004).
Segundo NOLKEMPER e colaboradores, 2006, estudos
demonstraram que o aciclovir apresentou ineficiência no tratamento do
herpes simples tipo 2, indicando resistência no tratamento. A resistência
viral contra o aciclovir representa um grande problema na terapia de
doenças causadas pelo vírus do herpes simples, principalmente para
pacientes imunocomprometidos, onde as infecções geralmente são mais
sérias. A prevalência de resistência ao tratamento com aciclovir em
pacientes imunocomprometidos é de 6 a 14%.
Adicionalmente, algumas plantas destacam-se por possuir
estudos ou ação no tratamento do herpes labial. A Uncaria tomentosa e
a Croton lechleri, são duas plantas bastante estudadas. A Uncaria
tomentosa tem, porém, um destaque maior, e apresenta maior número
29
de publicações, já que possui sua eficácia comprovada (WILLIANS,
2001). A Uncaria tomentosa, conhecida popularmente como unha de
gato, é comercializa no mercado brasileiro como medicamento tópico na
forma de gel-creme (HERBARIUM, 2010).
Os triterpenóides da Calendula arvensis também foram
estudados na terapia antiviral contra o rus do herpes simples e
apresentam alguns resultados positivos para essa atividade antiviral
(TOMMASI, 1991).
Vale destacar ainda a ão antiviral contra o vírus do herpes
simples demonstrada pelas raízes da planta Carissa edulis, planta
originária do Kênia, que possui resultados positivos nos estudos
realizados in vivo e in vitro (MUKHTAR et al., 2008).
Como tratamento fitoterápico contra o herpes destaca-se a
Melissa officinalis, planta que possui atividade antiviral (TOTH et al.,
2003; JASSIM, 2003; KOYTCHEV et al., 2008; NOLKEMPER, 2006;
SANCHEZ-MEDINA, 2007; MORELLI, 2010). A Melissa officinalis,
quando comparada com outros fármacos de referência, como o
tromantadina, usada para o tratamento pico de herpes simples,
apresentou um menor risco de sensibilização (KOYTCHEV et al., 2008).
O mecanismo de ação da Melissa officinalis no combate do
herpes simples, após aplicação tópica, consiste na inibição da replicação
do RNA e do DNA viral. Os responsáveis por esta ação virustática da
Melissa officinalis são os polifenóis, os quais agem contra o vírus do
herpes simples devido a sua reação com o vírus ou com proteínas da
membrana celular, onde a substância fenólica ocupa o receptor viral na
parede celular e previne a absorção do vírus (JASSIM et al., 2003;
KOYTCHEV et al., 2004; MORELLI et al., 2010).
2.3 MELISSA OFFILINALIS LAMIACEAE
2.3.1 Constituintes químicos
Os principais constituintes da Melissa officinalis L. responsáveis
por suas diversas atividades farmacológicas são: óleos essenciais que
possuem de 0,5 a 1% de teor nas plantas, e estes são formados por
monoterpenos (40%), sesquiterpenos (35%), citral a, citral b, citronelal,
geraniol, nerol, β-cariofileno, linalol; polifenóis derivados do ácido
hidroxicinâmico como ácido rosmarínico (aproximadamente 6%), ácido
clorogênico, ácido caféico e ácido ferúlico; taninos (4%); glicosídeos
flavônicos; ácido triterpênicos (ácido ursólico e oleânico) (WHO, 2004;
30
GARDINER, 2000, ESCOP, 1996; ALACHI, 2003; MORELLI et al.,
2010).
2.3.1.1 Polifenóis
O termo polifenóis foi criado para substituir o termo “taninos
vegetaise inclui os compostos solúveis em água, com peso molecular
variado, que vão desde simples ácidos fenólicos a taninos condensados
altamente polimerizados (KING, 1999).
Os polifenóis encontram-se intensamente distribuídos no reino
vegetal, e estão presentes em diversas partes das plantas: tecidos
germinativos, folhas, raízes, sementes, caule e casca. Estão também
distribuídos entre os microorganismos, fazendo parte do metabolismo
animal (SIMÕES et al., 2001; CUNHA-SANTINO et al., 2002).
A presença de compostos fenólicos em plantas vem sendo
muito estudado devido ao fato desses compostos apresentarem
atividades farmacológicas e antinutricionais, e ainda por apresentarem
inibição da oxidação lipídica e de proliferação fúngica, e de serem
responsáveis pela cor e aroma de muitos alimentos (SOARES, 2002).
Os polifenóis são substâncias redutoras e, portanto, oxidam-se com
facilidade, resultando em subsncias coradas. A cor desses produtos de
oxidação deve-se ao elevado grau de conjugação (SIMÕES et al., 2001).
Esses compostos pertencem a uma classe de compostos que inclui uma
grande diversidade de estruturas, simples e complexas, que possuem
pelo menos um anel aromático, no qual ao menos um hidrogênio é
substituído por um grupamento hidroxila. (SIMÕES et al., 2001; PETTI,
2009).
Os polifenóis presentes nas plantas podem ser classificados
como ácidos fenólicos ou flavonóides. Os ácidos fenólicos por sua vez,
dividem-se em dois grupos, os derivados do ácido hidroxibenzóico e os
derivados do ácido hidroxicinâmico (SIMÕES et al., 2001). A figura 1
apresenta as formas estruturais desses derivados.
31
Figura 1 Fórmulas estruturais dos derivados de ácidos fenólicos
Os ácidos fenólicos praticamente não se encontram na forma
livre em plantas. O grupo carboxílico (-COOH) destes compostos é
muito reativo e transforma-se em ésteres por reação álcoois alifáticos ou
fenóis, e em amidas quando combinado com compostos amínicos
(MOKOBOKI et. al., 2002).
Ésteres e heterosídeos de ácidos fenólicos e do ácido cinâmico
representam um grupo que também possuem ampla distribuição no
Reino Vegetal. Nesse grupo destacam-se os derivados do ácido caféico.
O primeiro composto conhecido dessa série foi o ácido clorogênico,
obtido de grãos de café por Payen em 1846. Outros tipos de ésteres
também são amplamente distribuídos em plantas, destacando-se os
derivados do ácido tartárico e do ácido láctico, como o ácido 2-O-
cafeoil-3-(3,4-di-hidróxi-fenil)-D-tico, denominado ácido rosmarínico,
de ampla ocorrência na sub-família Nepetoideae (Lamiaceae), por
exemplo o alecrim, sálvia, orégano, e melissa (SIMÕES et al., 2001).
Os ácidos fenólicos caracterizam-se por terem um anel
benzênico, um grupamento carboxílico e um ou mais grupamentos de
hidroxila na molécula, conferindo propriedades antioxidantes (SOARES,
2002).
Na planta Melissa officinalis L., destacam-se três desses
marcadores qmicos, o ácido rosmanico, o ácido caféico, e o ácido
clorogênico, e estes estão apresentados na tabela 1.
32
Tabela 1 - Marcadores químicos da Melissa officinalis L.
Marcador
químico
Estrutura química
Solubilidade
1
pKa
2
Ácido
Rosmarínico
Solúvel em
água
2,80
Ácido
Caféico
Solúvel em
água
4,30
Ácido
Clorogênico
Solúvel em
água
2,06
1
King, 1999
2
Chi, 2009.
O ácido caféico é um derivado do ácido cinâmico, amplamente
distribuído no reino vegetal, presente em praticamente todos os tecidos
vegetais. O ácido clorogênico pertence ao grupo de substâncias
derivadas do ácido fenilacrílico, apresenta ampla distribuição no reino
vegetal, sendo encontrado na forma de ésteres, glicosídeos e amidas. O
ácido rosmarínico é um éster de ampla distribuição em plantas, derivado
do ácido ctico, de grande ocorrência na subfamília Lamiaceae.
(SIES et al., 2001).
Estudos demonstraram que o ácido rosmarínico tem uma
significativa ação antioxidante. E é ainda considerado um dos principais
constituintes responsáveis pela atividade antiviral da Melissa officinalis.
Por isso, tem-se atribuído muita atenção a este composto no tratamento
do herpes simples (TÓTH et al., 2003; KOYTCHEV et al., 2008).
2.3.2 Propriedades farmacológicas
Estudos farmacológicos demonstram a diversidade do potencial
terapêutico da Melissa officinalis, que apresenta efeitos sedativos,
digestivos, antivirais, antimicrobianos, antifúngicos, vasodilatadores,
antitussígenos, antioxidantes, inibitórios da síntese de proteínas,
antitireoidianos, antimutagênicos, dentre outros (TYLER, 1994;
ESCOP, 1996; TESKE et al., 1997; GARDINER, 2000; WHO, 2004).
33
De acordo com a resolução RE n° 89 da Anvisa (BRASIL,
2004), a Melissa officinalis encontra-se na lista de fitotepicos de
registro simplificado, para uso como sedativa, carminativa e
antiespasmódica.
Para o uso externo, a Melissa officinalis é utilizada no
tratamento do herpes bucal e genital em forma de cremes, pomadas ou
chás. Os cremes ou pomadas devem conter 1% de um extrato aquoso
liofilizado, e deve ser aplicado de 2 a 4 vezes ao dia sobre a lesão, por
no ximo 14 dias (TYLER, 1994; ESCOP, 1996; WHO, 2004;
NOLKEMPER et al., 2006; SANCHEZ-MEDINA et al., 2007;
MORELLI et al., 2010).
2.3.3 Atividade antiviral
Os primeiros estudos da atividade antiviral da Melissa
officinalis foram realizados em 1978 na Europa. Estes estudos
demonstraram que o extrato aquoso da planta continha uma variedade
de substâncias polifenólicas, incluindo produtos de oxidação do ácido
caféico e seus derivados, que demonstraram atividade antiviral,
contendo, ainda, taninos, ácido clorogênico e ácido rosmarínico
(TYLER, 1994; GARDINER, 2000).
Os produtos de oxidação do ácido caféico possuem grande
importância no combate do herpes simples. Estes produtos são
responsáveis pela inibição do vírus simples do herpes tipo 1 e do rus
simples do herpes tipo 2 (TYLER, 1994; GARDINER, 2000)
Além dos produtos de oxidação do ácido caféico, o ácido
rosmarínico e o próprio ácido caféico têm fundamental importância no
tratamento do herpes simples, quando relacionado ao uso da Melissa
officinalis (TÓTH et al., 2003; KOYTCHEV et al., 2008).
Em um estudo clínico envolvendo 115 pacientes com lesão
bucal de herpes simples, aplicou-se um creme contendo 1% de extrato
aquoso liofilizado de Melissa officinalis, e observou-se uma redução
significativa do tempo de cicatrização da lesão cutânea de herpes
simples. Notou-se também, um intervalo maior entre a reincidência da
doença. Outro parâmetro observado foi que o tempo de permanência da
lesão tratada com o produto fitoterápico, comparando com tratamento
com rmaco sintético, diminuíu de 10-14 dias para 6-8 dias (ESCOP,
1996; WHO, 2004; MORELLI et al., 2010).
Outros 116 pacientes com lesão de herpes bucal foram tratados
com placebo, e com o creme contendo 1% de extrato aquoso liofilizado
de Melissa officinalis. Observou-se redução significativa nas lesões após
34
5 dias de utilização do creme, quando comparado com o placebo (WHO,
2004; ESCOP, 1996).
Em um estudo semelhante, 116 pacientes que possuíam a forma
aguda da doença, aplicaram o creme a base de Melissa officinalis (70:1).
O tratamento teve inicio após 72 h do inicio dos sintomas, e aplicação
foi de 2 a 4 vezes ao dia, por 5 a 10 dias. A cicatrização foi considerada
excelente para 41% dos pacientes que utilizaram a formulação
fitoterápica, e 19% para os pacientes que utilizaram a formulão
placebo (SANCHEZ-MEDINA et al., 2007).
Em 2003, um estudo realizado com 66 pacientes, demostrou a
ação terapêutica da Melissa officinalis no combate ao herpes simples. O
critério usado na terapia foi a avaliação dos sintomas durante os dois
primeiros dias, quando os sintomas geralmente se apresentam mais
intensos. Destes 66 pacientes, 34 com recorrência de herpes labial
aplicaram topicamente a planta e os outros 32 pacientes com recorrência
da lesão utilizaram formulações de placebo. Os pacientes que receberam
a formulação fitoterápica tiveram uma maior redução dos sintomas,
quando comparada ao grupo que utilizou placebo. Estes efeitos contra o
vírus do herpes foram relatados devido à presença do ácido cafeíco,
ácido rosmarínico e ácido ferúlico na Melissa officinalis (ALACHI,
2003).
Tinturas ou soluções hidroalcóolicas de Melissa officinalis são
utilizadas no tratamento cutâneo do herpes simples. Tinturas são
comercializadas na concentração de 1:1 a 1:5 (proporção do peso de
folhas) e com teor alclico de 25 a 45%. Essas tinturas possuem
derivados hidroxicinâmicos que variam de 6 a 11%, dentre eles
destacam-se principalmente ácido rosmarínico (2 7%), ácido caféico e
ácido clorogênico (3 -5%) (SANCHEZ-MEDINA et al., 2007).
Na Europa, um produto farmacêutico contendo Melissa
officinalis para uso externo é usado no tratamento dos tipos 1 e 2 do
vírus simples do herpes. Este produto apresenta extrato de Melissa
officinalis concentrado, representando 0,7 g de folhas por grama de
pomada. É usado para diminuir o tempo de cicatrização das lesões e
para reduzir o grau de reincidência (TYLER, 1994).
2.4 FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS
As preparações farmacêuticas semi-sólida incluem as pomadas, as
pastas, as emulsões cremosas, os géis, e as espumas gidas. A
propriedade que lhes é comum é a capacidade de adesão a superfície de
aplicação por um período razoável de tempo antes de serem removidas
35
por lavagem ou devido ao uso. Esta adesão deve-se ao comportamento
reológico pstico, que permite aos semi-sólidos manter a sua forma e
aderir com o filme até a aplicão de uma foa externa, caso em que
deformas e fluem (LACHMAN et al., 2001).
Entre as formas farmacêuticas semi-sólidas, os géis ganham
destaque em produtos dermatológicos e farmacêuticos por apresentarem
algumas vantagens, em relação aos cremes e pomadas, como fácil
espalhabilidade, por não serem gordurosos, e por poderem veicular
princípios ativos hidrossolúveis e lipossomas (CORREA et al., 2005).
2.4.1 Géis
Os géis são definidos como sistemas semi-sólidos constituídos por
dispersões de pequenas partículas inorgânicas ou de grandes moléculas
orgânicas, encerrada s ou interpenetradas por um líquido (ANSEL &
POPOVICH, 2000). Os polímeros usados para preparar géis
farmacêuticos incluem as gomas naturais adraganta, pectina, carrageno,
ágar, ácido algínico e materiais sintéticos semi-sintéticos como a
metilcelulose, a hidroxietilcelulose, a carboximetilcelulose, e os
Carbopol
®
. Os géis ou geles como são chamados, são preparados por
um processo de fusão ou, por procedimento especial requerido pelas
características e geleificação do gelante (LACHMAN et al., 2001).
Existem duas classes de géis, os géis hidrobicos, nas quais
bases (oleogéis) geralmente consistem em parafina liquida como
polietileno ou óleos gordurosos gelificado, e os géis hidrofílicos
(hidrossolúveis, hidrogéis), cujas bases consistem de água, glicerol ou
propilenoglicol (GENNARO, 2004).
Os géis hidrossolúveis tem sido muito usados em produtos
cosméticos e dermatológicos, pois apresentam fácil espalhamento, não
são gordurosos e podem veicular ativos hidrossolúveis. As substâncias
formadoras de géis, geralmente são polímeros, que quando dispersos em
meio aquosos, doam viscosidade a formulação (CORA et al., 2005).
Uma das análises mais impactantes no estudo de um gel, é a
análise de reologia, que, segundo Ansel e colaboradores 2000, pode ser
definida pelo estudo do fluxo levando-se em conta as características de
viscosidade de pós, líquidos e semi-sólidos. São divididos em duas
categorias: newtonianos e não-newtonianos. O fluxo newtoniano
caracteriza-se por viscosidade constante, independente da velocidade de
cisalhamento aplicada (exemplo: água). O fluxo não-newtoniano
caracteriza-se por mudança da viscosidade com o aumento da
velocidade de cisalhamento.
36
A viscosidade é a medida da resistência do fluido ao fluxo de
um sistema apos a aplicação de estresse. Sendo assim, quanto maior a
viscosidade, maior será a resistência e a força aplicada para produzir o
fluxo com determinada velocidade (THOMPSON, 2006; CORREA et
al., 2005).
Os géis hidrossolúveis possuem na maioria das vezes,
comportamento reológico do tipo pseudoplástico e tixotrópco, ou seja,
deformam-se durante a aplicão tornando-se mais fluidos, facilitando o
espalhamento e recuperando a viscosidade inicial no momento em que
encerra a aplicação, evitando que o gel escorra (AULTON, 2005).
uma grande diversidade de matérias-prima disponíveis para
a preparação de géis, sendo que esses agentes gelificantes podem ser
divididos em três classes: derivados de celulose (metilcelulose,
hidroxietilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose, carboximetilcelulose
sódica); polímeros não-celulósicos naturais ou semi-sintéticos (gomas,
pectina, ágar, ácido algínico); e polímeros do ácido acrílico (carbômeros
Carbopol
®
) (LOPES et al., 2005).
2.4.1.1 Polímeros
Polímeros são substâncias de alta massa molecular constituídas
de unidades monoméricas repetitivas. Eles devem suas propriedades
peculiares ao seu tamanho, sua forma tridimensional e, algumas vezes, a
sua simetria. Polímeros em que todas as unidades monoméricas são
idênticas são referidos como homopolímeros; aqueles formados de mais
de um tipo de momero são chamados de copolímeros (LIEBERMAN
et al., 1996; FLORENCE & ATTEWOOD, 2003).
Os polímeros polares serão capazes de interagir com a água
para prover energia suficiente para remover cadeias poliméricas
individuais do estado lido. A velocidade de dispersão dos polímeros
solúveis em água depende da massa molecular: maior a molécula,
maiores serão as forças que mantêm as cadeias unidas. Mais energia tem
que ser gasta para forçar as cadeias a se separarem do solvente. Quanto
maior o grau de cristalinidade do polímero, menor a velocidade de
sedimentação (FLORENCE & ATTEWOOD, 2003).
2.4.1.1.1 Carbopol
®
Carbopol
®
é um polímero de ácido acrílico de alto peso
molecular (variando de 2 a 30x10
6)
) com ligação cruzada. É fornecido
na forma pulverizada, como ácido livre. É um dos polímeros mais
37
comuns para fase aquosa. Muito utilizado em formulações
farmacêuticas liquidas ou semi-sólidas, como is, suspensões e
emulsões (CORREA et. al., 2005; BONACUINA et. al., 2004).
O Carbopol
®
940 é o mais utilizado para produzir géis
cristalinos e brilhantes, e apresenta o maior efeito espessante dentre as
resinas de carbopol
®
. O uso picos desses géis é vantajoso pois
apresentam bom comportamento reológico, e permanecem maior tempo
no local administrado (MERCLIN et al., 2004).
A resina de Carbopol
®
quando em dispersão em água, umecta e
forma uma dispersão aquosa com valor de pH na faixa de 2,8 3,2.
Nesse estado, a cadeia polimérica do carbopol
®
esta extremamente
enovelada e sua capacidade espessante é limitante. Para atingir o
máximo de viscosidade a mocula deve se desenovelar completamente.
Embora sejam ácidos fracos (pka>5,0 na maioria dos casos), facilmente
reagem para formação de sais correspondentes (FERREIRA, 2000).
Existem dois mecanismos para o desenrolamento da molécula,
dando um alto efeito de viscosidade ou a melhor propriedade bioadesiva.
O mecanismo mais comum envolve a neutralizão dos grupamentos
ácidos do polímero com uma base orgânica ou inorgânica, como por
exemplo, trietanolamina ou hidróxido de sódio, e essa neutralização
ionizará a resina com cargas negativas ao longo da cadeia do polímero.
A repulsão entre essas cargas contribui para desdobrar a estrutura,
enquanto o entrelaçamento das cadeias produz uma matriz
tridimensional. O resultado é a formação instantânea de um gel de alta
viscosidade. O segundo mecanismo consiste na adição de uma estrutura
hidroxil a resina. A combinação de um grupo carboxil a um ou mais
grupos hidroxil fornece espessura a resina devido a formação de pontes
de hidrogênio. Alguns doadores de grupos hidroxil comumente
utilizados são glicerina, propilenoglicol e polietilenoglicol
(TABERNER et al., 2001; SILVA et al., 2005; CORREA, et. Al., 2005;
THOMPSON, 2006).
O máximo de transparência e viscosidade é conseguido no gel
de carbopol
®
com pH 7,0, mas a faixa de pH 4 a 5,5 é considerada boa
para os quesitos mencionados (FERREIRA, 2000).
O Carbopol
®
possui uma boa estabilidade frente a variações de
temperatura, e por isso é bastante utilizado em formas farmacêuticas
bioadesivas para pele, mucosa bucal e gastrointestinal (ISLAM et al.,
2004). Possui ainda uma ampla aplicação na área dermatológica e
farmacêutica. Algumas vantagens dos géis de carbomêros são: alta
viscosidade com baixa concentração, amplos intervalos de viscosidade e
bom comportamento de fluidez, compatibilidade com muitos
38
excipientes e ativos, propriedades bioadesivas, boa estabilidade térmica,
excelentes características organolépticas e de aceitação dos pacientes
(ISLAM et al., 2004).
A figura 2 ilustra a estrutura química do Carbopol
®
, e a figura 3
mostra a molécula no estado não ionizado, ou seja, nessa forma a cadeia
esta enovelada.
Figura 2 Estrutura geral de polímeros de Carbopol
®
Figura 3 Esquema da molécula de polímero de carbopol
®
na forma
não ionizada.
2.4.1.1.2 HPMC (hidroxipropilmetilcelulose)
O hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) é um polímero
39
hidrofílico, composto de unidades de β(14)-D glicose ligadas por
ligações glicosídicas. A Farmacopéia Européia de 1992 descreve o
HPMC como uma parte da Celulose orto-metilada e da Celulose orto (2
hidroxipropilada). É encontrado em diversas graduações que variam
em viscosidade e em quantidade para substituição. A graduações podem
ser classificadas, definindo-se um número indicativo de viscosidade
aparente, em cP, de uma solução a 2% em água a 20
0
C. O HPMC tem
sido utilizado como matriz para liberação controlada de fármacos
(BAUMGARTNER, 2000) e apresenta a possibilidade de formar gel em
meio aquoso (VUEBA et al., 2004). Outras aplicações como agentes
removedores de tintas, adesivos, colas, cosméticos, revestimentos, na
agricultura e em produtos têxteis, tem sido atribuídas ao HPMC
(PEKEL, 2004).
Segundo Sudhakar et. al., 2006, o polímero HPMC se comporta
muito bem frente alterões de pH de formulações, ou seja, ele é
considerado estável numa faixa de pH de 3,0 até 11,0. O HPMC é
incompatível apenas com condões de pH extremos.
2.4.1.1.3 Pemulen
®
Os emulsificantes poliméricos Pemulen
®
são
predominantemente polímeros de ácidos poliacrílicos de alto peso
molecular. Estes emulsificantes pririos possuem uma pequena porção
com afinidade pelo óleo (lipofílica) além de uma porção com afinidade
pela água (hidrofílica). A estrutura química permite que estes
copolímeros funcionem como emulsificantes primários em emulsões
óleo-água. Os polímeros de Pemulen
®
podem formar emulsões
óleo/água. A poão lipofílica é adsorvida na interface óleo-água, e a
porção hidrofílica intumece na água formando uma rede de gel em torno
das gotas de óleo, fornecendo uma estabilidade de emulsão excepcional
para uma grande variedade de óleos (CORREA et al., 2005;
GONÇALVES & OLIVEIRA, 2007).
O Pemulen
®
proporciona numerosos benefícios as emulsões
água:óleo, dentre eles destacam-se o uso como emulsificante universal,
excelente estabilidade, baixa irritabilidade, rápida liberação na fase
oleosa e processo simples de formação de emulsão. Possui uma melhor
estabilidade quando neutralizados com base orgânica ou inorgânicas
para formação de formulações com pH 4,0 8,0 (GONÇALVES, 2007).
2.4.1.2 Conservantes
40
Pela possibilidade de contaminação microbiana em polímeros
de base aquosa, como o Carbopol
®
, Hidroxipropilcelulose e Pemulen
®
,
torna-se de extrema importância a utilizão de conservantes na
formulação.
Além da estabilidade das preparações contra a degradação
química e física, ocasionadas pela mudança das condições ambientais no
interior de uma formulação, certas preparações líquidas e semi-sólidas
precisam ser preservadas contra a contaminação microbiana (ANSEL et
al., 2000).
As preparações aquosas constituem meios excelentes de
crescimentos para microorganismos, em especial xaropes, emulsões,
suspensões, e semi-sólidos (ANSEL et al., 2000).
Dentre os conservantes utilizados para formulações semi-
sólidas de base aquosa, destaca-se os parabenos (metilparabeno e
propilparabeno, por exemplo), utilizados pela indústria farmacêutica,
alimentícia e de cosméticos desde a década de 1920. Os parabenos são
antimicrobianos de largo espectro, hidrossolúveis, insípidos, incolores e
inodoros. Com tais características, são largamente empregados na
formulação de rmacos. As concentrações de parabenos nos
medicamentos são variáveis, porém dificilmente excedem 1%. A
combinação de metilparabeno e propilparabeno é bastante utilizada em
formulações farmacêuticas (BALBANI et al., 2006).
Os parabenos após seu metabolismo são convertidos em parte
ao ácido ρ -hidroxibenzóico, cuja estrutura química é similar à do ácido
acetilsalicílico, substância bem conhecida em causar reações de
hipersensibilidade. Embora as reações anafiláticas aos parabenos sejam
incomuns, eles podem desencadear urticária e angioedema em
indivíduos com intolerância aos salicilatos. Os mesmos sintomas podem
ocorrer pelo uso de outros conservantes, como o ácido benzóico e seus
sais (benzoatos de sódio, potássio e cálcio) (BALBANI et al., 2006;
SILVA et al., 2008). Conservantes à base de sais de enxofre
(metabissulfitos de sódio, potássio e cálcio, por exemplo) também já
foram apontados como causadores de rinite persistente (perene) e
urticária crônica.
O conservante antifúngico benzoato de sódio aparece
relacionado com o surgimento de erupções cutâneas como urticária
imune associada à angioedema, eczema atópico, dermatites de contato e
casos de reações anafiláticas. Segundo estudos a cada 1.000 pacientes,
10 experimentaram reações de hipersensibilidade ao cloreto de
benzalcônio, correspondendo a uma prevalência de 1% (SILVA et al.,
2008).
41
2.4.1.3 Agente plastificante
A distribuição de moléculas de plastificante num sistema
polimérico minimiza o entrelaçamento das cadeias e, portanto, permite
que cadeias individuais de polímero deslizem umas sobre as outras. Esse
movimento permite alterações pidas na forma da resina e promove um
efeito de suavidade para os tecidos subjacentes (SILVA et al., 2007).
Quando um sistema matricial contém um polímero de
intumescimento e entra em contato com a água, ocorre uma mudança do
estado treo para o maleável, como podemos observar na figura 4. A
água age como líquido plastificante, ficando retida entre as cadeias
poliméricas, afastando-a uma das outras, resultando numa diminuição
das forças de atração intermoleculares polímero-polímero, aumentando
a mobilidade das cadeias (LOPES et al., 2005). O álcool acelera a
penetração do plastificante dentro do polímero para produzir tempo de
geleificão clinicamente aceitável (SILVA et al., 2007).
Figura 4 - Liberação do fármaco a partir de um polímero (LOPES et al.,
2005).
Dentre os agentes plastificantes utilizados em sistemas
poliméricos semi-sólidos em forma de gel, destacam-se o propilenogicol
e a glicerina.
O Propilenoglicol, conhecido também pelo nome sistemático de
propano-1,2-diol, é um composto orgânico (um álcool diol), usualmente
um líquido oleoso sem sabor, inodoro e incolor, que é higroscópico e
misvel com água, acetona, e clorofórmio. A Glicerina, também
designada de glicerol ou 1,2,3-propanotriol, é um álcool alifático
trivalente de fórmula molecular CH
2
OH-CHOH-CH
2
OH. É um líquido
viscoso, incolor, doce (aspecto xaroposo) e higroscópico ao ar. É
misvel com a água e com álcool mas insolúvel em alguns solventes
orgânicos como hidrocarbonetos, éteres e acetato de etilo (SILVA et al.,
2007).
42
2.4.2 Aparência da formulação
No desenvolvimento de uma formulação, mesmo visando-se
um veículo para maximizar a biodisponibilidade do fármaco, ainda é
importante salientar que a formulação seja esteticamente aceitável ao
paciente (JAIN & TIWARY, 2005).
Embora os pacientes não sejam muito resistentes à aplicação de
preparações tópicas, eles geralmente preferem preparações que sejam
facilmente removíveis da embalagem de acondicionamento, que
espalhem facilmente no local indicado, que sejam de cil aplicação, que
tenham boa aderência e, ainda, uma boa aparência e dor agradável. Em
geral, o principal objetivo estético no desenvolvimento de uma
formulação tópica, é que a mesma seja imperceptível aos olhos, e que
não seja pegajosa e oleosa (JAIN & TIWARY, 2005; BARRY, 2005).
Formulações muito espessas podem ser de difícil aplicação na
pele ou formar filmes sobre a lesão, podendo deixar a pele dolorida.
Porém, deixar uma camada espessa sobre a lesão pode ser uma
vantagem por proteger a mesma de lesões mecânicas, químicas, ou
radioativas. Para géis, o controle da consistência esta ligado
principalmente a concentração do polímero (JAIN & TIWARY, 2005).
Alguns adjuvantes podem ser usados para obter as
características físico-químicas desejadas do produto, para melhorar a
aparência ou ainda para melhorar a sensação do produto quando
aplicado na pele. Também, é importante considerar as características de
cada tipo de pele, visto que as formulações devem promover protão
eficaz sem ocasionar efeitos indesejáveis (CHORILLI et al., 2006).
2.5 ESTUDOS DE P-FORMULAÇÃO
O estudo de pré-formulão é a fase do desenvolvimento
farmacêutico no qual se busca informações sobre as características
físico-químicas do fármaco, tais como solubilidade e estabilidade, e
como o comportamento do mesmo frente a prováveis adjuvantes
farmacêuticos (RODRIGUES & FERRAZ, 2007).
Nos estudos de pré-formulação, quando se pretende selecionar de
forma adequada os componentes de uma formulão, itens como a
concentração de excipientes e ativos, as condições do processo de
fabricação, as características da embalagem, entre outros aspectos,
devem ser avaliados. A finalidade deste estudo é principalmente,
alcançar a composição quali-quantitativa do produto, definir as
43
características físico-químicas, as características de embalagem
primária, e das condições do processo de fabricação.
No preparo do produto final, além do principio ativo, existe a
necessidade do emprego de excipientes. Este pode, por exemplo, ser
utilizado com um ou mais solvente, podem ser adicionados às
formulações como conservantes para evitar crescimento microbiano,
como estabilizantes para evitar a decomposição do fármaco, e como
corantes ou flavorizantes para ampliar a atratividade do produto
(ANSEL, 2000).
2.6 VALIDAÇÃO METODOLOGIA ANALÍTICA
Segundo a NBR ISO/ICE, 2001, a validação de um método
analítico é a confirmação, por exame e fornecimento de evidência
objetiva, de que os requisitos específicos para um determinado uso
pretendido são atendidos. A indústria farmacêutica brasileira utiliza
atualmente a legislação da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
(BRASIL, 2003), como referência a validão da metodologia analítica,
onde está estabelecido que o objetivo de uma validação é demonstrar
que o método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a
determinação qualitativa, semi-quantitativa e/ou quantitativa de
rmacos e outras substâncias em produtos farmacêuticos. Por sua vez, a
organização mundial da saúde (WHO, 1992), define que validação
analítica é a garantia de que o procedimento analítico selecionado dará
resultados reprodutíveis e confiáveis para a proposta pretendida.
A validação deve garantir, por meio de estudos experimentais,
que o todo atenda às exigências das aplicações analíticas,
assegurando a confiabilidade dos resultados. Para tanto, deve apresentar
especificidade, linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade, limite de
quantificação, exatidão, adequada à análise (BRASIL, 2003).
A validação de um método analítico é um processo dinâmico e
imprescindível para a demonstração de sua adequabilidade para a
aplicação pretendida e deve ser considerada parte de qualquer estudo de
desenvolvimento de metodologia (ERMER, 2001). Nenhum dos órgãos
como USP, ANVISA e ICH trazem regulamentações específicas para
marias-primas vegetais e fitoterápicos. Sendo assim, os parâmetros de
desempenho analíticos utilizados estão fundamentados nos utilizados
para medicamentos convencionais.
Conforme RE nº 899, de 29 de maio de 2003, os testes
quantitativos para a determinação do princípio ativo em produtos
farmacêuticos ou mariasprimas, o classificados na categoria I, e
44
para essas o exigidos os testes de especificidade, linearidade, precisão
(repetibilidade), exatidão e robustez.
Especificidade é a capacidade que o método possui de medir
exatamente um composto em presença de outros componentes tais como
impurezas, produtos de degradação e componentes da matriz. . Para
análise quantitativa (teor) e análise de impurezas, a especificidade pode
ser determinada pela comparação dos resultados obtidos de amostras
(fármaco ou medicamento) contaminadas com quantidades apropriadas
de impurezas ou excipientes e amostras não contaminadas, para
demonstrar que o resultado do teste não é afetado por esses materiais.
Quando a impureza ou o padrão do produto de degradação não
estiverem disponíveis, pode-se comparar os resultados do teste das
amostras contendo impurezas ou produtos de degradação com os
resultados de um segundo procedimento bem caracterizado (por
exemplo metodologia farmacopéica ou outro procedimento validado).
Estas comparações devem incluir amostras armazenadas sob condições
de estresse (por ex. luz, calor umidade, hidrólise ácida/básica,
oxidação). Em métodos cromatográficos, deve-se tomar as precaões
necesrias para garantir a pureza dos picos cromatográficos. A
utilização de testes de pureza de pico (por exemplo, com auxilio de
detector de arranjo de fotodiodos ou espectrometria de massas) é
interessante para demonstrar que o pico cromatográfico é atribuído a um
só componente (BRASIL, 2003).
Linearidade é a capacidade de uma metodologia analítica de
demonstrar que os resultados obtidos são diretamente proporcionais à
concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo
especificado. Recomenda-se que a linearidade seja determinada pela
análise de, no mínimo, 5 concentrações diferentes. Dessa forma, a
linearidade avalia se os resultados obtidos terão uma proporção direta as
concentrações das substâncias em estudo dentro de um intervalo, e, para
o estudo da linearidade, faz-se necesrio a confeão de uma curva
padrão. A relação linear dos resultados dos testes deverá ser tratada para
a determinação do coeficiente de correlação (r), da inclinação da reta (a)
e do coeficiente angular (b). O cririo mínimo aceitável do coeficiente
de correlação (r) deve ser igual a 0,99 (BRASIL, 2003).
O intervalo especificado é a faixa entre os limites de
quantificação superior e inferior de um método analítico. Normalmente
é derivado do estudo de linearidade e depende da aplicação pretendida
do método (Tabela 3). É estabelecido pela confirmação de que o todo
apresenta exatidão, precisão e linearidade adequados quando aplicados a
amostras contendo quantidades de substâncias dentro do intervalo
45
especificado (BRASIL, 2003).
A precisão é a avaliação da proximidade dos resultados obtidos
em uma rie de medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma
amostra. Esta é considerada em três níveis. Repetibilidade (precisão
intra-corrida): concordância entre os resultados dentro de um curto
período de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação. A
repetibilidade do todo é verificada por, no mínimo, 9 determinações,
contemplando o intervalo linear do método, ou seja, 3 concentrações,
baixa, dia e alta, com 3 réplicas cada ou mínimo de 6 determinações
a 100% da concentração do teste. Precisão intermediária (precisão inter-
corridas): concordância entre os resultados do mesmo laboratório, mas
obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou equipamentos
diferentes. Para a determinação da precio intermediária recomenda-se
um mínimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes.
Reprodutibilidade (precisão inter-laboratorial): concordância entre os
resultados obtidos em laboratórios diferentes como em estudos
colaborativos, geralmente aplicados à padronização de metodologia
analítica, por exemplo, para inclusão de metodologia em farmacopéias.
Estes dados não precisam ser apresentados para a concessão de registro.
A precisão de um método analítico pode ser expressa como o desvio
padrão ou desvio padrão relativo (coeficiente de variação) de uma série
de medidas. O valor ximo aceitável deve ser definido de acordo com
a metodologia empregada, a concentração do analito na amostra, o tipo
de matriz e a finalidade do método, não se admitindo valores superiores
a 5% (BRASIL, 2003).
A exatidão de um método analítico é a proximidade dos
resultados obtidos pelo método em estudo em relação ao valor
verdadeiro. Nas formas farmacêuticas, pode ser demonstrada pela
análise de uma amostra, na qual quantidade conhecida de fármaco foi
adicionada a uma mistura dos componentes do medicamento (placebo
contaminado); nos casos em que amostras de todos os componentes do
medicamento estão indisponíveis, aceita-se a análise pelo todo de
adição de padrão, no qual adiciona-se quantidades conhecidas do analito
(padrão de referência) ao medicamento. A exatidão é calculada como
porcentagem de recuperação da quantidade conhecida do analito
adicionado à amostra, ou como a diferença porcentual entre as médias e
o valor verdadeiro aceito, acrescida dos intervalos de confiança. A
exatidão do método deve ser determinada após o estabelecimento da
linearidade, do intervalo linear e da especificidade do mesmo, sendo
verificada a partir de, no mínimo, 9 determinações contemplando o
intervalo linear do procedimento, ou seja, 3 concentrações, baixa, média
46
e alta, com 3 réplicas cada (BRASIL, 2003).
A robustez de um método analítico é a medida de sua
capacidade em resistir a pequenas e deliberadas variações dos
parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso normal.
Durante o desenvolvimento da metodologia, deve-se considerar a
avaliação da robustez. Constatando-se a susceptibilidade do método à
variações nas condições analíticas, estas deverão ser controladas e
precauções devem ser incluídas no procedimento (BRASIL, 2003).
A Cromatografia Líquida de Alta eficiência (CLAE) vêm se
destacando na química analítica por ser reconhecida como a mais
adequada para a determinação quantitativa dos marcadores químicos,
permitindo identificar e quantificar as substâncias, mesmo na presea
de interferentes da matriz vegetal ou no analito (FARIAS et. al., 2003).
A CLAE é considerada um método rápido e preciso, permitindo a
separação e doseamento de quantidades relativamente pequenas de
material (ZUANAZZI e MONTANHA, 2003).
2.7 ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS
Garantir a qualidade de um medicamento é, também, garantir a
eficácia e segurança durante sua vida útil, desta forma, as avaliações de
estabilidade de produtos farmacêuticos são necessárias para que se
possam assegurar as características terapêuticas adequadas ao produto
até o seu uso, bem como, estabelecer seu prazo de validade (GRIMM,
1987).
A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores
ambientais como temperatura, umidade e luz, e de outros relacionados
ao próprio produto como propriedades físicas e químicas de substâncias
ativas e excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua
composição, processo de fabricação, tipo e propriedades dos materiais
de embalagem. Dentre esses, temperatura e umidade são os principais
fatores de instabilidade das formulações, pois podem facilmente induzir
a degradação das substâncias, mesmo em curto prazo (BRASIL, 2005).
Os aspectos qmicos da formulação referem-se normalmente a
estabilidade química do fármaco e a sua compatibilidade com os outros
componentes da formulação. Pode-se enfatizar que o acondicionamento
da forma farmacêutica é um fator importante, contribuindo para a
estabilidade do produto, razão pela qual deve ser parte constitutiva dos
programas de estudo de estabilidade. Um dos princípios do
delineamento das formas farmacêuticas é o de assegurar que a
integridade química do fármaco seja mantida durante o tempo de vida
47
útil do medicamento. De modo geral, os fármacos sofrem decomposição
por quatro principais fatores: hidrólise, oxidação, fotólise, catálise com
traços de metais (AULTON, 2006).
Formulações que contenham como veículo água, permitem que o
rmaco fique mais vulnerável a diversas reações químicas de
degradação, incluindo hidrolise, oxidação, complexação, polimerazação
etc (FERREIRA, 2007).
O material de acondicionamento possui papel relevante na
estabilidade de formulações cosméticas ou farmacêuticas, pois pode
proteger o produto da exposição a luz, da umidade e dos gases
atmosféricos, mas não pode evitar o efeito da variação da temperatura
do ambiente onde é armazenada (BABY, 2005).
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância sanitária, cita,
como referência padrão para estudos de estabilidade de formulações
farmacêuticas, a RE Nº. 1, de 29 de julho de 2005. Esta trata dos estudos
necessários para registro e comercialização de medicamentos, trazendo
em anexo, um guia para realização d estudos de estabilidade.
Conforme descrito na RE 01/2005, o estudo de estabilidade
pode ser dividido em estudo de estabilidade de acompanhamento, estudo
de estabilidade de longa duração, e estudo de estabilidade acelerada.
O estudo de estabilidade de acompanhamento é realizado para
verificar se o produto farmacêutico mantém suas características sicas,
químicas, biológicas, e microbiológicas conforme os resultados obtidos
nos estudos de estabilidade de longa duração, sendo que este deve ser
realizado anualmente ou bianualmente, dependendo do número de lotes
produzidos pela empresa farmacêutica, para comprovação da qualidade
do produto com a estabilidade p-estudada (BRASIL, 2005).
Estudo de estabilidade de longa duração é projetado para
verificação das características físicas, químicas, biológicas e
microbiogicas de um produto farmacêutico durante e, opcionalmente,
depois do prazo de validade esperado. Os resultados são usados para
estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar as condições
de armazenamento (BRASIL, 2005).
E por fim, o estudo de estabilidade acelerado, é um estudo
projetado para acelerar a degradação química e/ou mudanças físicas de
um produto farmacêutico em condições forçadas de armazenamento. Os
dados assim obtidos, juntamente com aqueles derivados dos estudos de
longa duração, podem ser usados para avaliar efeitos químicos e físicos
prolongados em condições não aceleradas e para avaliar o impacto de
curtas exposições a condições fora daquelas estabelecidas no rótulo do
produto, que podem ocorrer durante o transporte (BRASIL, 2005).
48
2.7.1 Estudo de estabilidade acelerada
Estudo de estabilidade acelerada tem o conceito acelerar o
índice de degradação química e física da substância ativa do
medicamento, utilizando condições extremas de acondicionamento
(FLORENCE & ATTWOOD, 2003).
Os objetivos do estudo de estabilidade acelerado são, a rápida
detecção da deterioração em diferentes formulações iniciais do mesmo
produto, o que é usado na seleção da melhor forma de formulação de
uma serie de possíveis escolhas; a predição do prazo em que o produto
permanecerá válido para uso. Quando armazenado sob condições
esperadas ou especificas de armazenamento; o fornecimento de um
modo rápido de controle de qualidade, o qual assegura que nenhuma
alteração inesperada ocorreu no produto armazenado (AULTON, 2005).
Os produtos farmacêuticos semi-sólidos, com embalagem de
acondicionamento semi-permeável, são mantidos durante o período de
estudo de estabilidade acelerada (6 meses) nas condições climáticas de
40 ºC ± 2 ºC de temperatura, 75% UR ± 5% de umidade relativa
(BRASIL, 2005).
2.7.2 Estudo de estabilidade de medicamentos fitoterápicos
Estudos demonstram que testes de estabilidade de formulações
fitoterápicas apresentam grande importância principalmente para
determinação das condições de estocagem de extratos ou medicamentos,
e garantia do tempo de validade dos mesmos, pois devido a alta
complexidade das moléculas, as formulações fitoterápicas possuem uma
maior tendência para alterações físicas e qmicas (KOPLEMAN &
AUSGSBURGER, 2001).
No estudo de estabilidade de fitoterápicos, algumas alterações
como colorações, odores e sabores são bastante característicos para
esses produtos, e devem ser cuidadosamente avaliados no estudo de
estabilidade (VEIGA, 2005).
2.8 EMBALAGENS FARMACÊUTICAS
Um medicamento é uma associação de um ou mais fármacos,
com um ou mais excipientes e/ou veículos, os quais apresentam energia
interna e estão sujeitos a reagir entre si, mediados ou não por fatores
intrínsecos, relativos a formulação (hidrólise, oxidação, fotólise, pH,
49
tamanho da partícula e incompatibilidade) e extrínsecos, relativos a
fatores ambientais (temperatura, umidade, gases atmosféricos e
radiões) (RODRIGUES, 2007).
O uso de embalagens adequadas em produtos farmacêuticos
garante aos pacientes que os medicamentos administrados permaneçam
completamente protegidos contra reações externas adversas
(RODRIGUES & FERRAZ, 2007).
Embalagem é um meio econômico, através do qual um
produto é protegido, apresentado, munido da identificação, da
informação, das condições de armazenamento, comodidade e indicações
como uso e conservação (CARSTENSEN & RODHES, 2000).
Embora todos os fatores identificados na definição de
embalagem contribuem para a função e o desempenho geral da
embalagem, a palavra proteção tende a estar mais alinhada com a
validade do produto. A proteção está relacionada com os riscos físicos,
climáticos, biológicos e químicos (CARSTENSEN & RODHES, 2000).
Nas embalagens plásticas são frequentemente utilizados
aditivos que atuam como estabilizadores contra radiação UV, com o
objetivo de prevenir a fotodegradação causada pela luz solar e pela
radião UV artificial. Os estabilizadores contra radiação UV são
classificados como aditivos de antienvelhecimento e podem estabilizar a
radião UV que incide na embalagem e nos produtos, evitando a
degradação de ambos (ALVES, 2008).
50
3 CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO DE UMA
FORMULAÇÃO SEMI-LIDA FITOTEPICA CONTENDO
MELISSA OFFICINALIS
3.1 INTRODUÇÃO
Os fármacos raras vezes são administrados isoladamente; ao
contrário, fazem parte de uma formulação combinada com um ou mais
agentes não medicinais com funções variadas e específicas. Com o uso
seletivo desses agentes não medicinais, denominados excipientes
farmacêuticos, resultam formas farmacêuticas de rios tipos. Os
excipientes solubilizam, suspendem, espessam, diluem, emulsificam,
estabilizam, conservam, colorem, flavorizam e possibilitam a obtenção
de formas farmacêuticas estáveis, eficazes e atraentes. O fármaco e os
excipientes utilizados podem ser compatíveis entre si para gerar um
produto estável, atraente, fácil de administrar e seguro. Devem ser
compatíveis também com a via de administração. O produto deve ser
manufaturado de acordo com as medidas apropriadas de Boas Práticas
de Fabricação e Controle, e acondicionado em recipientes que
contribuem para a estabilidade (ANSEL & POPOVICH, 2000).
Além de proporcionar o mecanismo para a liberação segura e
conveniente da dose precisa, as formas farmacêuticas são necessárias
por outros motivos como por exemplo proteger o fármaco das
influências destrutivas do oxigênio atmosférico ou da umidade,
mascarar o odor ou sabor desagradável, proporcionar ão do fármaco
em tempo controlado, proporcionar ão ideal do rmaco a partir de
pontos de administração tópica, entre outros (ANSEL & POPOVICH,
2000; RODRIGUES, 2007).
Antes de transformar um fármaco em medicamento, é
importante predeterminar o tipo de produto desejado, na medida do
possível, para estabelecer a estrutura para as atividades de
desenvolvimento do produto (ANSEL & POPOVICH, 2000).
Dessa forma, os estudos de pré-formulação farmacêutica são de
suma importância para garantia da eficácia, da estabilidade química,
física e microbiológica do medicamento assim como de todos os
componentes da formulação.
O desenvolvimento de uma formulação fitoterápica, para fins de
registro e comercializão, precisa contemplar alguns cririos
obrigatórios para comprovação da sua segurança e eficácia. Para isso, de
acordo com a RDC 14/10 (BRASIL, 2010), as empresas poderão utilizar
quatro alternativas.
51
A primeira delas é a obtenção de pontuação definida a partir da
apresentação de estudos farmacológicos e toxicológicos presentes nas
obras contidas na Lista de Referências bibliográficas para avaliação de
segurança e eficácia de fitoterápicos”. Essa norma disciplina a utilização
de artigos científicos e monografias publicadas sobre a espécie que se
pretende registrar para comprovar segurança e eficácia. No mínimo, a
metade dos artigos apresentados deve ser sobre ensaios clínicos. Os
estudos citados m que se referir ao derivado específico que se pretende
registrar e apresentar as mesmas indicações solicitadas para o produto em
dosagens semelhantes às testadas no estudo (BRASIL, 2010).
Uma segunda forma possível para a comprovação de segurança e
eficácia é a apresentação de estudos pré-clínicos e clínicos, como ocorre
com os medicamentos novos registrados na ANVISA. Os fitoterápicos
possuem um guia para ensaios toxicológicos pré-clínicos específico, a
RE n
0
90/04, que estabelece os cririos mínimos aceitáveis para o estudo
toxicológico agudo, sub-crônico e crônico, os testes para medicamentos
de uso tópico e o estudo especial de genotoxicidade. Para os estudos
clínicos, devem ser seguidas as determinões do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), através das RE 196/96 e 251/97 (BRASIL, 2010).
Outra forma possível é a apresentação de levantamento
bibliográfico etnofarmacológico, mostrando eficácia e seguraa do
produto que tenha uso comprovado por um período igual ou superior a 20
anos. Nesse caso, é necessário considerar o tempo de uso proposto para o
medicamento, que deve ser episódico ou curto, e uma busca detalhada
por substâncias químicas potencialmente tóxicas ao usuário. É necessário
ainda apresentar comprovação de que o produto não é potencialmente
tóxico, sendo para isso solicitado um teste de toxicologia pré-clínica
(BRASIL, 2010).
Existe ainda uma lista de espécies vegetais de registro
simplificado, publicada como IN no. 05/08, que contempla 36 espécies
vegetais para as quais é dispensada a comprovação de eficácia e
segurança, considerando a quantidade de estudos que já foi publicado
sobre cada uma dessas espécies (BRASIL, 2010).
3.2 MATERIAIS ETODOS
3.2.1 Equipamentos e reagentes
Balança semi-analítica, OHAUS, modelo AR3130
Balança analítica, OHAUS, modelo Adventurer AR2140
pHmêtro, GEHAKA, modelo: PG1800
52
Viscometro, BROOKFIELD, modelo: LVT
Sistema purificador de água de osmose reversa, GEHAKA,
modelo: OSMOSE 50LX
Ultrassom, UNIGUE, modelo: USC-5000H
Agitador Magnético, FISATOM, modelo: MQ2008
Estufa de secagem, QUIMIS, Q317B
Espectrofotômetro, Micronal, B-582
Anisaldeído sulfúrico, 0807903, Vetec
Acetato de etila, 0908238, Vetec
Hexano, 0901452, Vetec
Acetonitrila, D9N024079N, Carlo Erba
Cabine de segurança biológica, VECO, BiosafeA1
Incubadora de Fungos: marca Nova Ética, modelo 411D
Incubadora de Bactérias: marca Nova Ética, modelo 411D
Cromatógrafo quido, Shimadzu, equipado com controlador
SCL-10 AT
vp
, com bomba modelo LC-10AT
vp
, detector com
comprimento de onda variável UV modelo SPD-10 AT
vp
,
injetor automático com com “loop” variável SIL-10 AF
vp
e
integrador automático computadorizado através do Software
CLASS VP 5.0
Coluna cromatográfica C
18
(100 x 4,6 mm d.i. x 2,6 µm)
Kinetex
Ágar Casoy, Oxoid
®
Ágar Sabourand dextrose, Oxoid
®
Ágar MacConckey, Oxoid
Ágar Sal Manitol, Oxoid
®
Ágar Verde Brilhante, Oxoid
®
Caldo lactosado, BHD
®
Caldo TSB, BHD
®
Carbopol
®
Pemulen
®
Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC)
Glcerina
Metilparabeno
Pripilparabeno
3.2.2 Matéria-prima vegetal
O extrato seco de Melissa officinalis L. foi proveniente da
Sanrisil S.A. (São Paulo, Brasil). O extrato foi produzido a partir de
53
folhas e sumidades floridas da planta de Melissa officinalis L., e
continha, como excipiente, a maltodextrina, um adjuvante utilizado para
aumentar a solubilidade do extrato em água.
3.2.2.1 Método
A figura 2 apresenta o fluxograma de desenvolvimento de
formulação, cujos métodos eso apresentados na sequência.
Figura 5 Fluxograma de estudo de pré-formulão realizada para
definição da formulação em gel a base de Melissa officinalis L.
Caracterização MP
vegetal
Estudo de P-formulação
Seleção base
polimérica
- Características
organolépticas
- Solubilidade
- Perda por secagem
- Identificação
- Teor
- Análise
microbiológica
- Concentração de uso
/ custo
- Aparência
- Processo de preparo:
Tempo de gelificação
Correção de pH
Aquecimento
Concentração de ativo na
formulação
Seleção de conservantes e
agentes plastificante
Preparo da formulação
54
3.2.2.1.1 Ensaios de pureza da Matéria-Prima vegetal
3.2.2.1.1.1 Características organopticas do extrato seco de Melissa
officinalis L.
As características organolépticas, tais como cor, odor, sabor e
aspecto do gel, foram avaliados. Os testes foram realizados através da
inspeção visual e percepção direta de uma amostra de 10 g da
formulação. Com auxílio de uma espátula, a amostra foi espalhada sobre
um superfície branca para melhor realização da análise visual.
3.2.2.1.1.2 Análise qualitativa por Cromatografia de Camada Delgada
(CCD)
Para a análise qualitativa do extrato seco de Melissa officinallis
L. utilizou-se otodo de CCD adaptado da Farmacopéia Portuguesa 7
a
edição (FARMACOPÉIA PORTUGUESA, 2002), empregando acetato
de etila e hexano (10:90 v/v) como fase móvel, e sílica como fase
estacionária.
Foram utilizadas, como substâncias de referência, os padrões de
ácido rosmarínico (SIGMA, SP), ácido caféico (SIGMA, SP) e ácido
clorogênico (SIGMA, SP). Os pades foram preparados diluindo 10 mg
de cada padrão (AR, ACa, ACl), separadamente, em 100 mL de água.
Cada solução foi mantida sob agitação por 30 min.
A amostra para análise foi preparada diluindo 1g de extrato
seco em 100 mL de água purificada. A solução foi mantida sob agitão,
em agitador magnético, por 30 minutos. Alíquotas de cerca de 1 µL da
amostra e dos padrões foram aplicados nas placas e, após migração, as
manchas foram reveladas com solução de anisaldeído sulrico, e leitura
em câmara UV a 365 nm.
3.2.2.1.1.3 Solubilidade
A solubilidade do extrato seco de Melissa officinalis L. em água
foi determinada pesando-se 100 mg da amostra e adicionando, conforme
tabela 2, as quantidade de água a 25
0
C para avaliação da solubilidade,
conforme Farmacopéia Brasileira 4
a
edição.
55
Tabela 2 Termos para definição da solubilidade do extrato vegetal
Termo descritivo
Quantidade de água
Muito solúvel
Inferior a 0,1 mL
Facilmente solúvel
de 0,1 a 1 mL
Solúvel
de 1 a 3 mL
Ligeiramente solúvel
de 3 a 10 mL
Pouco solúvel
de 10 a 100 mL
Muito pouco solúvel
de 100 a 1000 mL
Praticamente insolúvel ou
insolúvel
Superior a 1000 mL
3.2.2.1.1.4 Perda por dessecação
Utilizou-se o método gravimétrico descrito na F.Bras. IV, em
que 1,0 g do extrato seco de Melissa officinalis L. em cadinho de
porcelana seco e previamente tarado. Secou-se a amostra em estufa, a
105 °C, até massa constante, por aproximadamente 2 horas. Calculou-se
a perda, como porcentagem da massa inicial, de acordo com a seguinte
expressão:
% perda = (massa inicial massa final/massa inicial) x 100 eq.1
por dessecação
3.2.2.1.1.5 Determinação do teor de derivados hidroxicinâmicos
A análise de teor foi avaliada através dos métodos por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), para quantificação
dos marcadores: ácido rosmarínico, ácido caféico e ácido clorogênico, e
por espectrofotometria, para determinação de derivados
hidroxicinâmicos expressos em ácido rosmanico.
3.2.2.1.1.5.1 Análise quantitativa por Cromatografia quida de Alta
Eficiência
A amostra para análise foi preparada diluindo 1g de extrato
seco em 100 mL de água purificada. A solução foi mantida sob agitação,
em agitador magnético, por 30 minutos, e filtrada em papel filtro e
membrana filtrante, e avaliada utilizando as condições desenvolvidas e
validadas, apresentadas no Capítulo II, e apresentadas na Tabela 11.
56
Os teores foram obtidos com utilização das equações da reta da
curva padrão de ácido rosmarínico, ácido caféico, e ácido cloronico,
apresentados nas figuras 12, 13 e 14 respectivamente.
3.2.2.1.1.5.2 Análise quantitativa por Espectroscopia de ultravioleta -
visível
A amostra para análise (SA) foi preparada diluindo 0,1 g de
extrato seco em 100 mL de água purificada. A solução foi mantida em
agitação em agitador magnético por 30 minutos, filtrada em papel filtro.
Foi utilizado espectrofotômetro UV-Vis, Micronal, modelo B-
582, no comprimento de onde de 505 nm. O método de doseamento de
derivados hidroxicinâmicos expressos em ácido rosmarínico foi
realizado de acordo com as condições analíticas foram adaptados da
farmacopéia Portuguesa 7
a
edição. (FARMACOPÉIA PORTUGUESA,
2002).
A tabela 3 amostra o preparo das amostras para leitura no
espectrofotometria no visível.
Tabela 3 Preparo da solução teste e da solução branco para alise do
extrato de Melissa por espectrofotometria no visível.
SA
HCl
0,5M
NaNO
2
:Na
2
Mo
AP
NaOH
10%
ST
1
mL
2 mL
2 mL
3 mL
2 mL
SB
1
mL
2 mL
--
5 mL
Agitação
da
solução, 3
minutos
repouso
2 mL
*HCl: Ácido Clorídrico; NaOH: Hidróxido de sódio; NaNO
2
:Na
2
Mo: Solução aquosa com
10% de nitrito de sódio e 10% de molibdato de sódio; ST: Solução teste; Solução branco; AP:
água purificada
Imediatamente após a adição dos reagentes o espectrofotômetro
foi zerado com a solão branco e foi feita a leitura da solução teste, em
505 nm.
Para calcular a concentração de derivados hidroxicinâmicos
expressos em ácido rosmarínico, foi utilizado a equação da reta obtida a
partir de uma curva de calibração de concentração de AR padrão
(mg/mL) (r = 0,99956) em relação a absorbância conforme equação 2.
X = Y + 0,04799 / 24,71049 eq.2
57
3.2.2.1.1.6 Análise microbiológica
Foi avaliada por meio da contagem de microrganismos viáveis
totais (bactérias, fungos e leveduras) e pesquisa de patógenos
específicos (Salmonella sp, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli
e Staphylococcus aureus), conforme preconizado na F.Bras. IV (1988).
Para realização destes testes, todo o material e meios de cultura
utilizados foram previamente esterilizados em autoclave a 121
0
C,
durante 15 minutos.
Para o teste de contagem de microorganismos viáveis, utilizou-
se o método de contagem em placas. Amostra de 1g extrato seco de
Melissa officinalis L. foram solubilizadas em 10 mL de água estéril.
Após homogeneização, a amostra foi filtrada, e obteve-se assim a
diluição 1:10. Utilizou-se como diluente tampão fosfato pH 7,0,
contendo 1% de Tween 80. Após homogeneização da diluição 1:10,
transferiu 1,0 mL para outro frasco contendo 9 mL do diluente, para
obter a diluição de 1:100.
Foi empregado o método de semeadura em profundidade (pour
plate), em que alíquotas de 1 mL de cada diluão foram transferidas
para placas de petri, em duplicata, sobre as quais foram vertidos 20 mL
dos meios específicos, liquefeitos a 45ºC. Para bactérias utilizou-se
como meio o ágar caseína-soja (TSA-Tryptic Soy Agar) e, para fungos,
utilizou-se o meio ágar Sabouraud-dextrose.
As placas com ágar caseína-soja foram incubadas em estufa à
temperatura de 35
0
C ± 2
0
C durante 4 dias, enquanto as placas com
Sabouraud-dextrose foram incubadas em estufa a 25
0
C ± 2
0
C durante 7
dias Após o período de incubação, foram realizadas as contagens de
colônias nas placas onde ocorreu o crescimento, e o resultado foi
expresso eem UFC/mL.
Para a pesquisa de patógenos, 1 mL da diluição 1:10 preparada
para a contagem de microrganismos viáveis foi transferida para tubo
contendo 9 mL do caldo TSB (caldo de caseína soja), o qual foi
incubado 35
0
C ± 2
0
C por 24h, para enriquecimento não seletivo. Após
o período de incubação, alíquotas do meio enriquecido foram
transferidas, por estrias em superfície, para os meios de cultura
específicos. Os meios utilizados foram: ágar MacConkey (E. coli), ágar
Verde Brilhante (Salmonella sp.), ágar Sal Manitol (S. aureus). As
placas foram incubadas invertidas, a 35
0
C ± 2
0
C, durante 48 horas.
Decorrido o tempo, foi efetuada a verificação de presença ou ausência
de colônias. Tubos com 1 mL da solução enriquecida e com 9 mL de
58
caldo lactosado e caldo verde brilhante, foram mantidos 35
0
C ± 2
0
C por
24h, para pesquisa de colifirmes totais e fecais, respectivamente.
3.2.2.1.2 Seleção da base polirica
Para seleção da base polimérica a ser utilizada na preparão do
gel em estudo, foram previamente selecionados três polímeros
comumente utilizados na farmacotécnica das indústrias farmacêuticas
para preparações semi-sólidas: Carbopol 940
®
,
Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) e Permulen® (polímero cruzado
acrilato/ C 10-30 alquil acrilato).
Para essa seleção, foram avaliados os seguintes itens:
Concentração de uso e custo dos polímeros,
Processo de preparo das bases poliméricas,
Aparência das bases poliméricas.
Para definição do polímero a ser utilizado no desenvolvimento
do gel e demais estudos, foi elaborado um sistema de pontuação entre os
três polímeros pré-selecionados para definição dessa escolha conforme
apresentado na tabela 4.
Tabela 4 Sistema de pontuação para definição do polímero a ser
utilizado no desenvolvimento da formulação
Fator
Resultado
Pontuação
Concentração de
uso
Maior concentração
Concentração
intermediária
Menor concentração
- 1
0
+ 1
Custo
Maior custo
Custo intermediário
Menor custo
- 1
0
+ 1
Tempo de
gelificação*
Maior tempo
Tempo intermediário
Menor tempo
- 1
0
+ 1
Aquecimento no
preparo*
Necessário
Não necessário
- 1
+ 1
Correção do pH no
preparo*
Necessário
Não necessário
- 1
+ 1
*Itens avaliados na análise de processo de preparo das bases poliméricas
59
A pontuação para cada item foi dada após comparação entre os
polímeros. Após, foi feito um somatório de pontos para cada polímero,
sendo que o polímero que obteve a pontuação maior foi o escolhido.
Cada análise foi realizada conforme descrito nos itens que
seguem abaixo.
3.2.2.1.2.1 Concentração de uso / custo
A partir das fichas técnicas dos fabricantes dos polímeros foram
avaliadas as concentrações de uso para cada polímero e, assim, foi
padronizada a utilização da menor concentração indicada, a fim de
produzir um gel com baixo custo.
Avaliou-se o custo de polímeros de três fornecedores desses
insumos para as indústrias farmacêuticas. A partir do valor obtido na
cotação foi avaliado o custo do material por bisnaga de 30 g.
3.2.2.1.2.2 Processo de preparo das bases poliméricas
A base polimérica dos três polímeros em estudo foi preparada
pesando em balança analítica, OHAUS, Adventurer AR2140, a
quantidade definida no item 3.2.2.1.2.1, suficiente para preparo de 100
mL da formulação (base polimérica). A formulação (polímero e água na
quantidade q.s.p. em temperatura ambiente) foi colocada sob agitação a
600 rpm no agitador Magnético, FISATOM, MQ2008. Todas as
preparações e análises foram feitas em triplicata.
As instruções de preparo e peculiaridade de cada polímero
foram avaliadas junto a partir do laudo de análise ou ficha cnica dos
fabricantes dos polímeros. A partir desses dados preparou-se as bases
poliméricas avaliando-se os seguintes pontos:
Necessidade de aquecimento para geleificação
Necessidade de correção de pH para geleificação
Tempo de geleificação
As demais etapas do preparo foram avaliadas conforme segue
nos itens abaixo.
3.2.2.1.2.2.1 Necessidade de aquecimento para gelificação
Após preparo prévio da base polimérica conforme item
3.2.2.1.2.2, foi avaliado a indicação do fabricante quanto a necessidade
ou não de aquecimento no preparo do produto. Para os polímeros que o
60
fabricante indicava necessidade de aquecimento no processo de
geleificão, este foi realizado no preparo da base polimérica.
3.2.2.1.2.2.2 Necessidade de correção de pH para geleificação
Após preparo prévio da base polimérica conforme item
3.2.2.1.2.2, foi avaliado a indicação do fabricante quanto há necessidade
ou não de correção de pH no preparo do produto. Após dispersão visual
do polímero junto à água, avaliou-se se o mesmo formou ou não uma
solução com aspecto de gel, e assim, avaliando a necessidade ou não de
correção de pH com adição de base orgânica ou inorgânica a formulação.
3.2.2.1.2.2.3 Tempo de geleificação
Foi cronometrado o tempo necessário para gelificação a partir
do momento que foi adicionado água ao polímero até obtenção de uma
sistema com consistência e aparência de um gel (com necessidade ou
não de aquecimento ou correção de pH ).
3.2.2.1.2.3 Aparência
A análise de aparência do gel formado foi realizada de forma
visual.
A análise foi realizada colocando 10 g do gel em um tubo de
ensaio de vidro transparente, e este foi colocado contra a luz para
melhor visualização das características do gel.
3.2.2.1.3 Determinação da concentração de ativo na formulação
Para determinação da concentração de ativo na formulação, três
fatores foram levados em considerão: concentração de extrato nas
formulações já desenvolvidas e avaliadas em estudos clínicos,
especificação em farmacopéias e teor de princípio ativo no extrato de
Melissa officinalis L.
As formulações fitoterápicas em geral, principalmente as já
comercializadas para o tratamento do herpes labial na Europa e EUA a
base de Melissa officinalis L., utilizam 1% de extrato na formulação
desenvolvida. Estudos clínicos que mostram a ação antiviral da Melissa
officinalis L., utilizam formulações com extratos produzidos na
proporção de 70:1, ou seja, a cada 70 g de planta é produzido 1 g de
extrato (ESCOP, 1996; WHO, 2004; SANCHEZ-MEDINA, 2007;
61
MORELLI, 2010).
A Farmacopéia Portuguesa 7
a
edição possui, dentre as
monografias farmacopéicas, a monografia da planta Melissa officinalis
L., sendo que nesta consta que a planta deve possuir no mínimo 4% de
Ácido Rosmarínico (AR) (FARMACOPÉIA PORTUGUESA, 2002).
Dessa forma, considerando que a formulação deveria ter 1% de
extrato (extrato com extração total de 70:1), que a Farmacopéia
Portuguesa preconiza que a planta de Melissa deve ter ao menos 4% de
AR, e que estudos clínicos mostram que formulações que utilizaram
extratos com extração total de 70:1 possuem ação antiviral, levou-se em
consideração a relação de extrato:planta do extrato fornecida pelo
fabricante do extrato utilizado no desenvolvimento da formulação, para
então determinar quanto desse extrato é necessário para o gel
desenvolvido.
3.2.2.1.4 Seleção de conservantes e agentes plastificantes
A seleção dos conservantes e agente plastificante da formulação
foi definida a partir de uma pesquisa na literatura, avaliando, entre os
estudos publicados na área de desenvolvimento de formulações semi-
sólidas fitoterápicas e entre os medicamentos dessa forma farmacêutica
comercializados, quais são os conservantes e agentes plastificantes de
primeira escolha, e quais se enquadrariam com a formulação a ser
desenvolvida.
3.2.2.1.5 Preparo da formulação
A partir dos resultados obtidos nos itens anteriores, e das
peculiaridades de cada componente da formulão, foi desenvolvida a
forma de preparo do gel a base de Melissa officinalis L.
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para desenvolvimento de uma formulação é necessário a
caracterização adequada da matéria-prima assim como a qualidade do
veículo na qual a mesma será incorporada.
3.3.1 Caracterização do extrato seco de Melissa officinalis L.
A tabela 5 apresenta os resultados da caracterização do extrato
seco de Melissa officinalis L.
62
Tabela 5 Resultados da análise do extrato seco de Melissa officinalis L.
Análise
Especificação
Resultado
Características
organolépticas
--
Coloração
amarronzada, de
aspecto homogêneo,
odor agradável
Solubilidade
1
1:10 até 1:30
1:30
Perda por secagem
1
< 10%
3,43% ± 0,24
Identificação de AR,
ACa e ACl por
CCD
2
Positivo para AR,
ACa, ACl
Positivo
Teor
espectrofotômetro
2
> 5 % derivados
hidroxicinâmicos
expressos em ácido
rosmarínico
5,53% ± 0,42
Teor AR CLAE
Teor ACa CLAE
Teor ACl CLAE
--
2,96 ±0,01 %
0,0561±0,0006 %
0,0232±0,0004%
Bactérias totais
3
1x10
4
UFC/g
<100
UFC/g
Fungos
3
1x10
2
UFC/g
<100
UFC/g
Bactérias patógenas
3
Ausência*
Ausência
Referências:
1
WHO, 1992,
2
Farmacopeia Portuguesa 7
a
edição;
3
Farmacopeia Brasileira
4
a
edição.
*Coliformes totais e fecais, , Salmonella sp., Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e
Staphylococcus aureus
As especificações de qualidade da Matéria-prima vegetal foram
definidas de acordo com o laudo do fornecedor, de acordo com a WHO
(1992), com a Farmacopeia Portuguesa 7
a
edição e com a Farmacopeia
Brasileira 4
a
edição.
Para a análise das características organolépticas, os resultados
obtidos foram considerados satisfatórios, pois a coloração marrom foi
compatível com a coloração dos lábios, o odor foi agradável e o aspeto
do extrato foi homogêneo.
O extrato de Melissa officinalis L. apresentou solubilidade em
água a temperatura de 25
0
C, na relação de uma parte de extrato para 30
partes de solvente (1:30) o que classifica a substância solúvel conforme
Farmacopéia Brasileira 4
a
edição. Em geral, extratos de plantas não
apresentam boa solubilidade, dessa forma, a adição de maltodextrina
63
como adjuvante no extrato de Melissa officinalis L. favoreceu a
solubilidade.
O excesso de água em drogas vegetais é responsável pelo
crescimento de fungos e bactérias, assim como pela hidrólise de
constituintes, podendo acarretar na sua degradação (CUNHA et al.,
2003; FARIAS et al., 2003). Os resultados obtidos na análise de perda
por dessecação do extrato seco de Melissa officinalis L. encontraram-se
dentro das especificações preconizada pelo WHO e indicadas nas
farmacopéias Britânica (2000) e Portuguesa (2000), que estabelecem
limite máximo de 10% (ximo 10% em relação ao peso). A
Farmacopéia Brasileira (1996) estabelece limite máximo de 5%. Os
valores encontrados para o extrato (Tabela 5) atendem as especificações
de todas as farmacopéias.
A cromatografia em camada delgada (ou fina) é uma técnica
simples, barata e muito importante para a separão rápida e análise
qualitativa de pequenas quantidades de material. Ela é usada para
determinar a pureza do composto, identificar componentes em uma
mistura comparando-os com padrões; acompanhar o curso de uma
reação pelo aparecimento ou desaparecimento de substâncias, e ainda
para isolar componentes puros de uma mistura. Entre os métodos
cromatográficos aplicados no estudo de plantas, a CCD é amplamente
empregada, uma vez que fornece dados para a identificação de matérias-
primas vegetais e produtos fitoterápicos derivados (CARVALHO, et.
al., 2006; VALENTE et. al., 2006).
Na análise de identificação por CCD foi possível verificar a
presença dos três marcadores químicos de interesse no extrato de
Melissa officinalis L., o ácido rosmarínico, o ácido caféico e o ácido
clorogênico. Conforme pode ser visualizado na Figura 6, o ácido
clorogênico foi o composto mais polar e o ácido rosmarínico, o mais
apolar.
Figura 6 Perfil cromatográfico do extrato seco de Melissa officinalis
64
L., 1 - Ácido caféico, 2 - Ácido rosmanico, 3 - Ácido cloronico, 4 -
extrato seco de Melissa officinalis L.
A caracterização microbiológica do extrato seco de Melissa
officinalis L. apresentou resultados em acordo com as especificações,
indicando sua qualidade.
Para determinação do teor do extrato seco de Melissa officinalis
L. utilizou-se dois métodos de análise, o método por espectrofotometria
com leitura no Vis, e o método por cromatografia líquida de alta
eficiência com leitura no UV. A cnica por CLAE é uma mais
utilizadas na quantificação de subsncias orgânicas ou de misturas de
substâncias, e a maioria dos códigos oficiais preconiza a utilização desta
técnica em função de suas inúmeras vantagens, como rapidez,
simplicidade, sensibilidade, precisão, exatidão e capacidade de
automação (BITTENCOURT, 2003). Como pode ser observado na
tabela 5, o teor de derivados hidroxicinâmicos obtido pelo método
espectrofotométrico foi de 5,53%. Embora o resultado seja expresso em
ácido rosmarínico, outros derivados hidroxicinâmicos podem absorver e
ser quantificados no comprimento de onda de análise. No método por
CLAE, no entanto, os derivados hidroxicinâmicos podem ser
quantificados isoladamente, justificando a diferença de teor obtida para
o ácido rosmarínico entre os diferentes métodos. É posvel observar
ainda uma diferença significativa entre o teor de AR, ACa e ACl no
extrato, porém, o AR é o componente químico mais estudado e o que
apresenta melhores resultados antivirais (TOTH, 2003; SANCHRZ-
MEDINA, 2007).
3.3.2 Desenvolvimento das formulações
3.3.2.1 Concentração de uso / custo
A análise de concentração de uso foi feita avaliando as
indicações do fornecedor quanto ao uso do polímero. Já a análise de
custo foi avaliada com base no orçamento dos polímeros de três
diferentes fornecedores desses materiais para a indústria farmacêutica.
Os resultados da avaliação de custo dos polímeros geleificantes e
concentrações de uso estão apresentados na tabela 6.
65
Tabela 6 Resultados da avaliação de concentração de uso e custo dos
polímeros.
Pontuação
Polímero
Concentração
de uso*
Custo**
(R$/30g gel)
Concentração
Custo
Carbopol
®
1 2%
0,013±0,003
+ 1
0
HPMC
2 10%
0,016±0,004
- 1
- 1
Pemulen
®
1 3%
0,011±0,002
+1
+1
*conforme indicação do fornecedor;
**média do preço de 3 fornecedores de MP para industria farmacêutica.
Na avaliação da concentração de uso os polímeros Carbopol
®
e
Pemulen
®
tiveram a mesma pontuação, +1, e o polímero HPMC
apresentou pontuação de -2. Vale ressaltar que a variação de custo
apresentada não é significatica entre Carbopol
®
e Pemulen
®
.
3.3.2.2 Processo de preparo
A análise do processo de preparo foi realizada avaliando as
peculiaridades do processo de geleificação de cada polímero. Dessa
forma, as bases poliméricas foram preparadas nas menores
concentrações de utilização, conforme tabela 6, e conforme
especificações do fabricante nos quesitos necessidade de aquecimento
ou correção de pH. A tabela 7 apresenta os resultados, assim como as
pontuações obtidas nessa alise.
Tabela 7 Resultados da avaliação de processo de preparo sugerido
pelos fornecedores para cada polímero
Pontuação
Polímero
NA
NC
pH
TG
(min)
Aquecimento
pH
Geleificação
Carbopol®
®
NN
NE
30±2
+ 1
0
+1
HPMC
NE
NN
45±3
- 1
+ 1
0
Pemulen
®
NE
NE
96±8
0
- 1
- 1
*NN: não necessário; NE: necessário; NA: necessidade de aqueciemnto; NC: necessidade de
correção; TG: tempo de geleificação;
Conforme tabela 7, na preparação do gel de Carbopol
®
(1%),
não foi necessário o aquecimento da solão, porém, para a base
polimérica de HPMC (2%) foi necessário o aquecimento da solução a
66
80
0
C. Isso ocorreu também na preparação do gel de Pemulen
®
, onde foi
necessário o aquecimento da solução a 70
0
C. Para o HPMC a
pontuação foi inferior pois a temperatura de aquecimento necessária foi
maior, quando comparada ao aquecimento do Pemulen
®
. A necessidade
de aquecimento no preparo da base polirica foi considerada como
item negativo do preparo, pois isto tornaria o processo mais lento e
trabalhoso, principalmente considerando uma transposição para
produção em grande escala, quando seriam necessários equipamentos
para produção e envase com aquecimento.
Às bases poliméricas de Carbopol
®
e Pemulen
®
, para formão
da base geleificante, foi adicionado trietanolamina 1% e 2%
respectivamente. Essa adão foi necessária pois na dispersão em meio
aquoso desses polímeros, os grupamentos ácidos precisam ser
neutralizados com uma base, para então produzirem um sistema
geleificado de alta viscosidade. A pontuação dada ao polímero
Pemulen
®
foi menor, já que a quantidade necessária de trietanolamina
foi superior, quando comparada ao Carbopol
®
.
Os resultados da análise de tempo de geleificação apresentaram
diferenças significativas, sendo que para o Carbopol
®
foi necessário
apenas 30 minutos para total geleificação do polímero e para o
Pemulen
®
foi necessário um tempo três vezes maior para que isso
ocorresse. Essa dificuldade de geleificação do Pemulen
®
se deve
também a baixa solubilidade do polímero em água, que o mesmo
possui uma pequena porção lipofílica em sua estrutura (CORREA,
2005; GONÇALVES & OLIVEIRA,, 2007).
Para a etapa de processo de preparo, conforme tabela 7, o
polímero Carbopol
®
foi o que obteve uma maior pontuação.
3.3.2.3 Aparência
A análise de aparência das bases poliméricas foi realizada após
preparação das mesmas conforme item 4.3.2.2. Os resultados obtidos
estão apresentados na tabela 8.
67
Tabela 8 Resultados da avaliação da aparência para cada polímero
utilizado para os testes de desenvolvimento da formulação
Polímero
Aparência
Especificação
Pontuação
Carbopol
®
Gel transparente,
brilhante e límpido
+1
HPMC
Gel transparente e
límpido
0
Pemulen
®
Gel branco e leitoso
Gel
transparente,
brilhante,
límpido.
-1
Definiu-se que as bases poliméricas em estudo deveriam
apresentar uma boa transparência, que fosse brilhante e mpida, com
características ideais para a futura aplicação labial (JAIN, 2005;
BARRY, 2005). Além disso, considerou-se a incorporação a esta base
de um extrato de coloração amarronzada, semelhante à coloração labial.
Avaliando a tabela 8 percebe-se que os géis de Carbopol
®
e
HPMC apresentaram um boa aparência, porém, ao realizar a
comparação visual dos dois géis, percebeu-se que o gel de Carbopol
®
apresentou brilho, o que não foi observado no gel de HPMC. Por estes
motivos, o gel de Carbopol
®
recebeu a maior pontuação.
3.3.2.4 Análise dos resultados de pontuação
Na tabela 9 estão apresentados o somatório de pontuação para
seleção do polímero a ser utilizado na formulação.
Tabela 9 Análise dos resultados obtidos na etapa de desenvolvimento
das formulação para escolha do polímero a ser utilizado no gel a base de
Melissa officinalis L.
Polímero
Concentração
e custo
Processo de
preparo
Aparência
Pontuação
total
Carbopol
®
+1
+2
+1
+4
HPMC
-2
0
0
-2
Pemulen
®
+2
-2
-1
-1
O somatório da pontuação foi maior para o polímero Carbopol
®
,
o qual foi considerado o polímero de primeira escolha no
desenvolvimento do gel fitoterápico.
68
Alguns estudos de desenvolvimento de formulação e estudo de
estabilidade dos polímeros p-selecionados, tamm apresentaram o
Carbopol
®
como o polímero que apresentou resultados mais
interessantes e de primeira escolha.
Sing e colaboradores, em 2007, desenvolveram três géis
fitoterápicos e acompanharam a estabilidade dos mesmos. Os três
polímeros avaliados foram o Carbopol
®
, a carboximetilcelulose (CMC),
e a hidroxipropilmetilcelulose (HPMC). O estudo de estabilidade
realizado com as três diferentes formulações apresentou resultados
diferentes e interessantes ao final do estudo. Os autores observaram uma
diminuição significativa no pH do gel de CMC, tendo sido observada,
ainda, alteração no aspecto físico, com perda da consistência semi-sólida.
Alterações físicas foram também observadas no gel de HMPC.
Variações de coloração foram observadas nos géis de Carbopol
®
e
HMPC, que se apresentaram mais escuros. Em razão destes resultados,
os autores selecionaram o gel de Carbopol
®
como o mais estável para
desenvolvimento das formulações fitoterápicas.
Em outro estudo, Corrêa e colaboradores (2005), avaliaram o
comportamento reológico de diferentes géis hidrofílicos, avaliando os
polímeros Carbopol
®
e Pemulen
®
. Foi avaliado também no estudo, o
comportamento reológico em relação à temperatura e tempo de
armazenamento. Os resultados obtidos foram satisfatórios para as
formulações estudadas, pois a formulação com 1% de Carbopol
®
,
mantidas à temperatura ambiente e à 40
0
C, durante 28 dias, mantiveram
os mesmos resultados de viscosidade. Esse comportamento também foi
observado na formulação com Permulen a 1%, mantida durante 28 dias
à temperatura ambiente e à 40
0
C.
O trabalho de Queiroz e colaboradores (2008), teve por objetivo
desenvolver e avaliar a estabilidade de preparações semi-sólidas
contendo extrato de Matricaria recutita L. empregando diferentes
polímeros, Carbopol
®
, HPMC, e Natrosol®. Os autores concluiram que
o Carbopol
®
apresentou-se em melhores condições de estabilidade
físico-química do que os polímeros de Natrosol® e HPMC, durante os
90 dias de observação.
Vale ressaltar, ainda, o estudo de Sudhakar e colaboradores
(2006), que indicaram que o Carbopol
®
foi resistente à contaminação
bacteriana, destacando-se, também, por ser muito utilizado em
formulações bioadesivas. Os autores salientaram, também, que soluções
de HPMC são sucessíveis à degradação bacteriana, enzimática,
degradação provocada por calor e por atrito. Em relação ao HPMC, os
autores dizem que o pomero é estável em uma ampla faixa de pH (3,0
69
11,0), e que é um agente formador de filmes poliméricos.
É importante destacar, também, que hoje existem no mercado
farmacêutico alguns medicamentos fitoterápicos apresentados na forma
de gel, os quais o provenientes da indústria farmacêutica Herbarium,
maior empresa farmacêutica de medicamentos fitoterápicos do Brasil.
Esta empresa comercializa atualmente três medicamentos fitoterápicos
na forma de gel, Arnica gel®, Própolis gel®, Gel-creme Imunomae
estes são a base de Pemulen
®
, Carbopol
®
e Aristoflex® respectivamente.
3.3.2.5 Concentração de ativo na formulação
Para determinar a concentração de ativo na formulação levou-se
em consideração os seguintes pontos:
- As formulações fitoterápicas semi-sólidas utilizam, em geral,
1% de extrato na formulação (ESCOP, 1996; WHO, 2004;
SANCHEZ-MEDNA, 2007; MORELLI, 2010);
- Farmacopéia Portuguesa preconiza que a planta de Melissa
deve ter, no mínimo, 4% de AR;
- A relação planta:extrato do extrato seco fornecido pela
Sanrisil® é de 2:1.
Dessa forma, o cálculo foi feito da seguinte maneira:
Segundo Farmacopéia Portuguesa, a planta de Melissa
officinalis L. possui 4,0% de AR, ou seja, 1 g de planta deve possuir
pelo menos 40 mg de AR. Considerando uma extração total de 2:1, tem-
se que em 2 g de planta equivale a 1g de extrato, ou seja, em 1 g de
extrato possui 80 mg de AR. Desta forma, 1 g de formulação deverá ter
0,8 mg de AR (1% extrato), o que corresponde a 0,08% AR na
formulação.
Conforme tabela 5, o extrato de Melissa officinalis possui
2,96% de AR, tendo em vista que a formulação precisará ter 0,08% de
AR, a formulação terá então 2,7% de extrato de Melissa officinalis.
3.3.2.6 Seleção de conservantes e agentes plastificantes
Além do polímero e do extrato, a formulação deve possuir
outros componentes que também são essenciais, como os conservantes e
o agente plastificante.
Os conservantes foram escolhidos a partir de um levantamento
daqueles mais utilizados no mercado em formulações semi-sólidas e
dentre os mais indicados pela literatura. Os produtos Arnica gel®,
Própolis gel®, Gel-creme Imunomax® utilizam o propilparabeno
70
(Nipazol) e o metilparabeno (o Nipagim). Além desses, outros produtos
farmacêuticos fitoterápicos semi-sólidos utilizam esses mesmos
conservantes, como o Hemoplant® e o Aloe gel®.
Os parabenos (metilparabeno e propilparabeno) são utilizados
pela indústria farmacêutica, alimentícia e de cosméticos desde a década
de 1920. Os parabenos são antimicrobianos de largo espectro,
hidrossolúveis, insípidos, incolores e inodoros. Com tais características,
são largamente empregados na formulação de fármacos. As
concentrações de parabenos nos medicamentos são variáveis, porém
dificilmente excedem 1%. A concentração usual é de 0,1% para o
Nipagim, e 0,01% para o Nipazol. A solubilidade dos mesmos é maior
em álcool, por isso muitas vezes esse veículo é utilizado (SONI, 2001;
BALBANI, 2006).
Em 2006 foi publicado um estudo de Balbani e colaboradores,
os quais realizaram uma pesquisa com 76 bulas de medicamentos orais,
e verificaram que 45,2% destes medicamentos utilizavam o
metilparabeno como conservante da formulão, e 35,6% utilizavam o
propilparabeno. Segundo Soni e colaboradores (2001), a combinação de
metilparabeno e propilparabeno nas formulações farmacêuticas é a
forma mais utilizada.
Como agente plastificante optou-se por utilizar a glicerina,
que muitos estudos realizados com o Carbopol
®
utilizam a Glicerina,
pois ela pode modificar as características de pontes de hidrogênio entre
o polímero e a água, facilitando a mobilidade e a viscosidade da cadeia
polimérica, e ainda aumentando o espaço entre as cadeias poliméricas
(Islam, 2004). Segundo Contreras e colaboradores (2001), existe uma
relação direta entre a concentração da glicerina e a elasticidade do
polímero, e isso se da devido à formação de pontes de hidrogênio entre
os polímeros e glicerina. Nesse estudo, esse comportamento foi
observado apenas quando o Carbopol
®
estava a 1%, a 0,5% não foi
possível essa observação.
3.3.2.7 Proposta de formulação e técnica de preparo
A partir dos pontos levantados nos itens anteriores, chegou-se a
uma formulação de escolha para continuação das demais análises, cujos
componentes e quantidades estão apresentados na Tabela 10.
71
Tabelas 10 Componentes da formulação do gel de estudo para o
tratamento do herpes labial
Componentes
Função
farmacotécnica
Quantidade
Extrato seco de
Melissa officinalis L.
Ativo
2,7%
Carbopol
®
Espessante
1,0%
Glicerina
Umectante
5,0%
Metilparabeno
Conservante
0,1%
Propilparabeno
Conservante
0,01%
Álcool etílico
Veículo
0,3%
Trietanolamina
Basificante
1%
Água purificada
Veículo
30 g q.s.p.
A formulação foi preparada dispersando o extrato seco de
Melissa officinalis L. em 30% da água necessária para toda a
formulação. A solução ficou sob agitação por 30 minutos, e após foi
filtrada e separada. O Carbopol
®
foi disperso em 60% da água utilizada
para toda a formulação. A solução ficou sob agitação por 40 min, a a
formação de um gel homogêneo. Sob a dispersão de Carbopol
®
em
agitação foi adicionada a glicerina. Foi adicionado, também, sob
agitação, a solução de extrato de Melissa que havia sido previamente
separada. O metilparabeno e o propilparabeno foram dissolvidos na
quantidade total de álcool da formulação e, após, adicionados sob a
dispersão de Carbopol
®
e glicerina, sob agitação. Após total
homogeneização da formulação, foi adicionada lentamente, sob agitão,
a trietanolamina, e a formulação completa ficou sob agitação por 30
minutos. A formulação foi acondicionada em bisnagas de plástico e de
alumínio, com capacidade de 30 g.
Após este processo, verificou-se o pH, a viscosidade, o teor, e
realizou-se avalião microbiológica, cujos resultados estão
apresentados no capítulo III, expressos como tempo zero do estudo de
estabilidade da formulação, realizado nas condições de 40
0
C e
75%U.R..
A figura 7 mostra a aparência do gel desenvolvido.
72
Figura 7 Gel desenvolvido a base de Melissa officinalis L.
73
4 CAPÍTULO II - DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DA
METODOLOGIA DE ANÁLISE PARA QUANTIFICAÇÃO DOS
MARCADORES QUÍMICOS ÁCIDO ROSMARÍNICO, ÁCIDO
CLOROGÊNICO E ÁCIDO CAFÉICO
4.1 INTRODUÇÃO
Atualmente, os fitoterápicos equiparam-se aos medicamentos
sintéticos nos requisitos para o registro, sendo exigidas avaliações desde
a matéria-prima vegetal, passando pelos derivados, até o produto final, o
medicamento (BRASIL, 2010).
A RDC 14/10 define que a produção de fitoterápicos siga as
BPFC, regulamentadas pela RDC n
0
17/10 (BRASIL, 2010).
Os controles nas diversas etapas de produção abrangem: a
maria-prima que pode ser a planta ou o derivado da planta e o produto
final, o medicamento fitoterápico (BRASIL, 2010).
Para a matéria-prima vegetal, é avaliada a confirmação da
identidade botânica, sua integridade, caracteres organolépticos, presença
de material estranho como cinzas, umidade, contaminantes micro e
macroscópicos, incluindo fungos, bactérias e micotoxinas e metais
pesados (BRASIL, 2010).
São solicitados testes físico-químicos do extrato (derivado da
planta), incluindo: caracterização organoléptica, resíduo seco, pH, teor
alcoólicoe densidade (para extratos líquidos); umidade/perda por
dessecação e solubilidade; densidade, índice de refração, rotação óptica
(para óleos essenciais); e índice de acidez, de éster, de iodo (para óleos
fixos). Deve também ser incluído nos resultados um laudo do
fornecedor da matéria-prima, considerando-se que não serão dadas as
informações da droga vegetal (BRASIL, 2010).
No produto final, o controle varia de acordo com a forma
farmacêutica, mas sempre avalia a integridade e estabilidade do produto
(inclusive pela dosagem de marcadores), além do controle dos níveis de
contaminação microbiana (BRASIL, 2010).
O controle de qualidade tornou-se uma ferramenta
imprescindível para a indústria farmacêutica, pois a partir dele pode-se
garantir um medicamento seguro e eficaz. A confiabilidade dos
resultados do controle de qualidade de medicamentos é alcançada
através da validação dos métodos analíticos (SETHI, 1996).
Para se empregar algum dos vários métodos existentes para
ensaio de teor de qualquer amostra é preciso resultados confiáveis e
seguros. Para determinar que quantidade de uma substância em uma
74
formulação, deve-se realizar o doseamento segundo todo
farmacopêico ou validado para este fim. Para isto, realiza-se a validação
do todo analítico objetivando-se a produção de resultados com
confiabilidade.
Conforme a Resolução 899 (BRASIL, 2003), a qual dispõe de
um guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos, a
validação deve garantir, através de estudos experimentais, que o método
atende às exigências analíticas, assegurando a confiabilidade dos
resultados. A validação de um procedimento analítico objetiva então
demonstrar que o mesmo é adequado para a análise pretendida (ICH,
2005). Segundo a CDER/FDA, 2000, validar é estabelecer evidências
documentadas que garantam que um determinado procedimento irá
reproduzir resultados de acordo com especificações p-determinadas.
A validão para determinação do teor de substância ativa de
uma formulação, principalmente de substâncias de origem vegetal, na
maioria das vezes é realizada pelo método por Cromatografia Líquida de
Alta eficiência (CLAE). Dentre os vários métodos cromatográficos, a
CLAE é uma das mais novas e mais importante técnica de uma família
inteira de técnicas de separação. O seu emprego em vários laboratórios é
considerado altamente indispensável. Conhecer suas vantagens,
limitações, componentes e os critérios de escolha entre as opções de
equipamento é essencial para o emprego ideal da técnica, e assim
explorar toda sua capacidade (SKOOG et al., 2002).
A quantificação por CLAE tem sido adotada por ser uma
metodologia bastante versátil e prática, podendo ser totalmente
automatizada. Esta cnica emprega colunas recheadas de materiais
especialmente preparados (fase estacionária) e uma fase móvel que é
eluída sob pressão. A CLAE tem a capacidade de realizar separações de
vários compostos presentes em diversos tipos de amostras, em poucos
minutos, com alta resolução, eficiência e sensibilidade (GUIMARÃES,
1997).
O método de cromatografia liquida de alta eficiência é
inquestionavelmente o mais amplamente utilizado dentre todas as
técnicas de separação analítica. As principais razões para escolha do
todoo a sensibilidade, apida adaptabilidade a determinações
quantitativas precisas, e a adequação para a separação de espécies o
voláteis ou frágeis termicamente, mas, acima de tudo, por sua ampla
aplicabilidade a substâncias de grande interesse para as instrias e para
os campos da ciência (SKOOG et al., 2002).
Para a Melissa officinalis L., a CLAE é o método de primira
escolha para fins de quantificação de teor no extrato e na formulação.
75
Estudos realizados por NOLKEMPER et. al. (2006); FECKA et. al.
(2007); TOTH et. al. (2003) e SANCHE-MEDINA et.al. (2007),
utilizaram métodos por CLAE para determinação de teor e estudos de
estabilidade empregando coluna C18 na maioria das vezes e leitura na
faixa de 240 320 nm. Desta forma, métodos confiáveis e robustos
foram desenvolvidos e já estudado dando segua as técnicas utilizadas
para separação dos componetes da Melissa.
Este estudo teve por objetivo desenvolver e validar o método,
conforme RE 899 (BRASIL, 2003), através da CLAE para análise
quantitativa dos principais compostos químico responsáveis pela
atividade antiviral da Melissa officinalis L. na forma farmacêutica gel.
4.2 MATERIAIS E MÉTODOS
A figura 8 apresenta o fluxograma de validação da metodologia
analitica da formulação, cujos itens estão apresentados na sequência.
Figura 8 Fluxograma de validação da metodologia de análise da
formulação em gel a base de Melissa officinalis L.
Validação método analítico
RE 899, de 29 de maio de 2003
Categoria 1
“Testes quantitativos para a determinação do princípio ativo
em produtos farmacêuticos ou matériasprimas”
- Especificidade;
- Linearidade;
- Precisão;
- Exatidão;
- Robustez.
76
4.2.1 Substâncias Químicas de Referência
Como substância química de referência foi utilizado o ácido
rosmarínico (Sigma Aldrich, Brasil), o ácido caféico (Sigma Aldrich,
Brasil), e o ácido clorogênico (Sigma Aldrich, Brasil).
4.2.2 Equipamentos e Reagentes
Água ultra purificada
Ácido fosfórico grau HPLC (Merck
, Alemanha)
Acetonitrila grau HPLC (Carlo Erba
, Itália)
Cromatógrafo líquido, Shimadzu (Japão), equipado com
controlador SCL-10 AT
vp
, com bomba modelo LC-10AT
vp
,
detector com comprimento de onda variável UV modelo SPD-
10 AT
vp
, injetor automático com com “loop” variável SIL-10
AF
vp
e integrador automático computadorizado através do
Software CLASS VP 5.0
Coluna cromatográfica C
18
(100 x 4,6 mm d.i. x 2,6 µm)
Kinetex
Balança analítica, OHAUS, modelo Adventurer AR2140
pHmêtro, GEHAKA, modelo: PG1800
Sistema purificador de água de osmose reversa, GEHAKA,
modelo: OSMOSE 50LX
Ultrassom, UNIGUE, modelo: USC-5000H
Agitador Magnético, FISATOM, modelo: MQ2008
4.2.3 Desenvolvimento do método analítico por CLAE
A validação de um método proposto visa demonstrar a sua
adequabilidade para a análise pretendida, garantindo que as condições
estabelecidas e a certificação de que suas características satisfaçam as
exigências de especificidade, linearidade, precisão, exatidão e robustez
(BRASIL, 2003; ICH, 2005).
Na tabela 11 encontram-se as condições cromatográficas
desenvolvidas para o método de quantificação por CLAE.
77
Tabela 11 Condições cromatográficas do método desenvolvido
Características
Descrição
Coluna
Kinetex®, 10 cm, C
18
, 2,6 µm de tamanho de
partícula, 4,6 µ m de diâmetro interno.
Fase móvel
A: 2% de ácido fosfórico em água
B: acetonitrila
Gradiente
0 10 min 40% A
11 15 min 10% B
Fluxo
1 mL/min
Comprimento de
onda
300 nm
Volume injetado
20 µL
Temperatura
25
0
C
*A = fase móvel A; B = fase móvel B.
A fase móvel A foi preparada a partir da mistura de ácido
fosrico e água, na proporção 2:98 (V/V). A fase móvel foi filtrada sob
vácuo, através de membrana de nylon, com porosidade 0,45 µm e 47
mm de diâmetro.
As soluções das amostras e dos padrões foram filtradas em
membranas de celulose regeneradas com porosidade 0,45 µm e 13 mm
de diâmetro, antes de serem analisadas.
A coluna foi previamente estabilizada, através da passagem de
fase vel durante 30 minutos, com fluxo de 1 mL/min.
4.2.3.1 Especificidade
Foram preparadas formulações placebo com concentrações de
excipientes superiores (5, 10 e 15%) as utilizadas na formulação
desenvolvida, cuja composição esta apresentada na tabela 12, para
verificar a influência dos excipientes metilparabeno, propilparabeno,
glicerina, Carbopol
®
, e trietanolamina na determinação da concentração
dos marcadores químicos da Melissa officinalis L.
78
Tabela 12 Formulações desenvolvidas para estudo da especificidade
Constituintes da
Formulação
Formulação
01
Formulação
02
Formulação
03
Extrato seco de
Melissa officinalis
--
--
--
Metilparabeno
0,0525 g
0,055 g
0,0575 g
Propilparabeno
0,00525 g
0,0055 g
0,00575 g
Carbopol
®
0,525 g
0,55 g
0,575 g
Glicerina
2,625 g
2,75 g
2,875 g
Trietanolamina
0,052 5
0,055 g
0,0575 g
Água q.s.p.
50 g
50 g
50 g
Concentração a
mais de excipiente
na formulação
5%
10%
15%
A formulação foi preparada conforme item 3.3.2.7. Após
preparação, 1 g da formulação foi transferido para balão volumétrico de
25 mL com auxilio de 15 mL de água purificada. A solão foi colocada
em equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em seguida, completou-
se o volume com o mesmo solvente. Injetou-se 20 µ L da solução no
cromatógrafo conforme condições preconizadas na tabela 11.
4.2.3.2 Linearidade
A linearidade foi avaliada através de três curvas analíticas, com
5 níveis de concentração (70 130%) baseadas na concentração de
trabalho (32,0 µg/mL para AR; 1,8 µg/mL para ACa; 1,2 µg/mL para
ACl).
4.2.3.2.1 Curva analítica do AR
Para obtenção da curva de calibração pesou-se, analiticamente,
10 mg de AR SQR e transferiu-se para balão volumétrico de 100 mL
com auxilio de 50 mL de água purificada. A solução foi colocada em
equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em seguida, completou-se o
volume com o mesmo solvente. A partir desta solução (100 µg/mL),
foram feitas diluições em balões volumétricos nas concentrações de 20,0,
26,0, 32,0, 38,0 e 44,0 µg/mL, utilizando água como solvente para
completar o volume do balão volumétrico utilizado.
79
4.2.3.2.2 Curva analítica do ACa
Para obtenção da curva de calibração pesou-se, analiticamente,
1 mg de ACa SQR e transferiu-se para bao volumétrico de 100 mL
com auxilio de 50 mL de água purificada. A solução foi colocada em
equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em seguida, completou-se o
volume com o mesmo solvente. A partir desta solução (10 µg/mL),
foram feitas diluições em balões volutricos nas concentrações de 1,0,
1,4, 1,8, 2,2 e 2,5 µg/mL, utilizando água como solvente para completar
o volume do bao volumétrico utilizado.
4.2.3.2.3 Curva analítica do ACl
Para obtenção da curva de calibração pesou-se, analiticamente,
1 mg de AR SQR e transferiu-se para bao volutrico de 100 mL com
auxilio de 50 mL de água purificada. A solução foi colocada em
equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em seguida, completou-se o
volume com o mesmo solvente. A partir desta solução (10 µg/mL),
foram feitas diluições em balões volumétricos nas concentrações de 0,6,
0,8, 1,2, 1,4 e 1,6 µg/mL, utilizando água como solvente para completar
o volume do bao volumétrico utilizado.
4.2.3.3 Precisão
Para avaliação da precisão do método, foram realizadas seis
análises do gel desenvolvido (composição apresentada na tabela 13).
Tabela 13 Composição da formulação avaliada no estudo de precisão
do método por CLAE.
Componentes
Quantidade
Extrato seco de Melissa officinalis
1,35 g
Metilparabeno
0,05 g
Propilparabeno
0,005 g
Carbopol
®
0,5 g
Glicerina
2,5 g
Trietanolamina
0,05 g
Água purificada q.s.p.
50 g
A formulação foi preparada conforme item 3.3.2.7. Após
80
preparação, 1 g da formulação foi transferido para balão volumétrico de
25 mL com auxilio de 15 mL de água purificada. A solução foi colocada
em equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em seguida, completou-
se o volume com o mesmo solvente. Injetou-se 20 µ L da solução no
cromatógrafo conforme condições preconizadas na tabela 11.
As injeções ocorreram em triplicata, em um mesmo dia.
Os resultados foram expressos como desvio padrão relativo
(DPR) a partir da equação 3.
DPR = (CMD / DP) x 100 eq.3
Onde: DPR = desvio padrão relativo; DP = desvio padrão; CMD =
concentração media determinada
4.2.3.4 Exatidão (Teste de Recuperação)
A exatidão foi determinada através do teste de recuperação da
substância química de referência, adicionando-se concentrações
crescentes dos marcadores a formulação.
Foram preparados placebos do gel, conforme item 3.2.2.1, as
quais foram adicionada concentrações conhecidas dos marcadores
conforme tabela 14.
81
Tabela 14 Condições da formulação para estudo de exatidão
Formulação
PLC
AR
ACa
ACl
[ ] T
(mg/mL)
Carbopol
®
0,25 g
Metilparabeno
0,025 g
Propilparabeno
0,0025g
Glicerina
1,25 g
Trietanolamina
0,025 g
S
80%
Água
purificada
q.s.p.
25 g
8
mL
3 mL
1
mL
0,64AR
0,012ACa
0,004ACl
Carbopol
®
0,25 g
Metilparabeno
0,025 g
Propilparabeno
0,0025 g
Glicerina
1,25 g
Trietanolamina
0,025 g
S
100%
Água
purificada
q.s.p.
25 g
10
mL
4 mL
1,25
mL
0,8AR
0,016ACa
0,005ACl
Carbopol
®
0,25 g
Metilparabeno
0,025 g
Propilparabeno
0,0025 g
Glicerina
1,25 g
Trietanolamina
0,025 g
S
120%
Água
purificada
q.s.p.
25 g
12,5
mL
5 mL
1,5
mL
1,0 AR
0,02 ACa
0,006
ACl
AR = ácido rosmarínico; ACA = ácido caféico; ACL = ácido clorogênico; [ ] = concentração.
[ ] solução padrão AR = 2 mg/mL; [ ] solução padrão ACa = 0,1 mg/mL; [ ] solução padrão
ACl = 0,1 mg/mL; S: solução; PLC: placebo, T: teórica
A formulação foi preparada conforme item 3.3.2.7 Após
preparação, 1 g de cada formulação foi transferido para balão
volumétrico de 25 mL com auxilio de 15 mL de água purificada. A
solução foi colocada em equipamento de ultra-som por 10 minutos e, em
seguida, completou-se o volume com o mesmo solvente. Injetou-se 20
µL da solução no cromatógrafo conforme condições preconizadas na
tabela 11.
A partir da área obtida, calculou-se a exatidão de cada amostra
através da equação 4.
82
Exatidão (%) = Concentração media experimental x 100 eq.4
Concentrão teórica
4.2.3.5 Robustez
A robustez do método foi avaliada através da observação de
modificações nas condições cromatográficas estabelecidas, tais como:
modificação no fluxo de 1,0 mL/min para 0,98 mL/min e 1,02 mL/min,
alteração no pH da fase móvel de 2,0% de ácido fosfórico para 1,5% e
2,5% e alteração na temperatura da coluna cromatográfica de 25
0
C para
30
0
C e 35
0
C.
Para este ensaio, a formulação foi preparada conforme item
3.3.2.6. Após preparação, 1 g de cada formulação foi transferido para
balão volumétrico de 25 mL com auxilio de 15 mL de água purificada.
A solução foi colocada em equipamento de ultra-som por 10 minutos e,
em seguida, completou-se o volume com o mesmo solvente. Injetou-se
20 µL da solução no cromatógrafo conforme condições preconizadas na
tabela 11.
A partir da área obtida, calculou-se a concentração experimental
de cada amostra através da equação extraída das curvas analíticas.
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No desenvolvimento do todo por CLAE utilizou-se coluna
cromatogfica C
18,
por ser amplamente utilizada em laboratórios
farmacêuticos de controle de qualidade, e optou-se por trabalhar com
uma coluna compactada (2,6 x 4,6 mm) onde o fabricante sugere a
utilização de pH mais baixos, que este fato facilita a separação dos
componentes em estudo. A coluna utilizada possui apenas 10 cm, o que
deixa o tempo de corrida menor, agilizando a análise. Nesse sentido,
obteve-se como ponto de partida para o desenvolvimento dotodo, as
condições analíticas definidas no estudo de FECKA et. al. (2007) onde,
a partir dessas condições, diversas proporções, gradientes e fluxos de
fases móveis, foram elaboradas para a execução do método analítico.
Os resultados foram satisfatórios, pois com o todo
desenvolvido, obteve-se um tempo de retenção reprodutível para todos
os marcadores em estudo, obtendo-se boa eficiência (prato teóricos >
2000) e picos simétricos (< 2), com curto tempo de análise (<10 min). O
cromatograma obtido para as SQR esta apresentado na figura 9, e o
cromatograma obtido para as amotras na figura 10.
83
Figura 9 Cromatogramas obtidos por CLAE SQR (AR, ACa e ACl)
Figura 10 Cromatogramas obtidos por CLAE para amostra do gel de
Melissa officinalis L.
Os cromatogradas foram obtidos nas seguintes condições
cromatográficas coluna C
18
, Kinetex
(100 x 2,6 mm, 4,6 µm); fase
móvel com sistema gradiente: FMA 2% de ácido fosfórico e m água,
FMB acetonitrila, 0 10 min 40% FMB, 11 15 min 10% FMB; fluxo
1 mL/min; volume injetado: 20 µL. Detecção: 300 nm.
4.3.1 Especificidade
84
A partir dos resultados obtidos nos cromatogramas, foi possível
observar que os excipientes não possuem o mesmo tempo de retenção
que os componentes químicos da formulação. Apenas o metilparabeno
apresenta tempo de retenção mais próximo ao do ácido rosmarínico
(Figura 11). Mesmo assim, foi possível observar que, mesmo em
concentrações elevadas, os excipientes da formulação não interferiram
nas áreas dos principais componentes químicos da formulação (Figura
10).
A
B
85
C
Figura 11 Cromatogramas representativos do teste de especificidade
(A) 5%, (B) 10% e (C) 15% a mais de excipiente.
4.3.2 Linearidade (curva analítica)
Os resultados obtidos na avaliação da linearidade do todo
demonstraram que as soluções de AR, ACa e ACl SQR apresentaram
correlação linear entre as áreas dos picos e as concentrações, nos
intervalos utilizados. Gráficos de concentração versus áreas absolutas
foram plotados e demonstram boa linearidade na faixa de concentração
de 0,6 a 1,8 µg/mL para o ACl, 1,0 a 3,0 µg/mL para o ACa, e 20,0 a
50,0 µg/mL para o AR (Figuras 12, 13, 14 respectivamente). O
coeficiente de correlação foi superior a 0,99 para todos os marcadores.
A Tabela 15 apresenta as áreas absolutas correspondentes a cada uma
das diluições de ACl, ACa e AR SQR para as três curvas padrão
construídas. A análise da variância (ANOVA) realizada sobre os valores
de áreas absolutas da curva de calibração, apresentados na Tabela 16,
demonstra que a regressão linear foi significativa (P 0,05).
De acordo com Ribani e colaboradores (2004) é importante que
o cálculo dos coeficientes de regressão de uma curva analítica seja
acompanhado de uma verificação que indique se todos os pontos
utilizados estão dentro da faixa linear dinâmica (intervalo de
concentrações no qual se pode construir uma curva analítica linear).
Uma forma de fazer esta avaliação é construir um gráfico das respostas
relativas (obtidas da divisão da resposta pelas suas respectivas
concentrações) no eixo y e as concentrações correspondentes, em escala
logarítmica, no eixo x. O método é considerado linear até o ponto onde
86
a resposta relativa intercepta a linha de 95 ou 105%. Para os três
marcadores utilizados as repostas ficaram na faixa de 95 a 105%. Na
plotagem do gráfico de resíduos (diferença entre o valor observado e o
valor projetado pela reta de regressão para cada valor de x) também não
se verificou nenhuma tendência, e os erros aleatórios foram pequenos.
Figura 12 - Representação gráfica da curva de calibração do AR obtida
por CLAE.
Figura 13 - Representação gráfica da curva de calibração do ACa obtida
por CLAE.
Figura 14 - Representação gráfica da curva de calibração do ACl obtida
por CLAE.
87
Tabela 15 Áreas absolutas obtidas para construção da curva de
calibração do Ácido clorogênico, Ácido caféico e Ácido rosmarínico
MQ
[ ]
(µg/mL)
Áreas absolutas
Média± DP
DPR
(%)
ACl
0,6
0,9
1,3
1,5
1,7
22279
30323
46629
52677
56736
21965
30635
44866
52334
57205
22016
30448
45763
52936
56708
22087±192
30469±166
45753±887
52649±315
56883±322
0,87
0,54
1,94
0,60
0,57
ACa
1,0
1,4
1,8
2,2
2,6
88992
123607
162394
194707
223886
89310
124322
159928
191937
225285
88795
123572
160838
192529
225071
89032±278
123834±488
161053±1341
193058±1121
224747±861
0,31
0,39
0,83
0,58
0,38
AR
21,0
27,0
33,0
39,0
46,0
701126
920307
1123845
1328188
1580349
699697
922073
1106543
1312110
1592520
699793
923011
1109941
1327702
1593326
700205±921
921797±1490
1113443±10402
1322667±10557
1588732±8383
0,13
0,16
0,93
0,80
0,53
AR = ácido rosmarínico; ACA = ácido caféico; ACL = ácido clorogênico; MQ = marcador
químico; [ ] = concentração; DPR = desvio padrão relativo
88
Tabela 16 Resultados da análise de regressão dos dados para a
quantificação de ácido rosmarínico, ácido caféico e ácido clorogênico
pelo método por CLAE
Resultados
a
Parâmetros
AR
ACa
ACl
Faixa de concentração linear
(µg /mL)
21 46
1,0 2,6
0,6 1,7
Inclinação (a)
37713
5050,6
1939,7
Intercepto (b)
35153
85164
33024
Coeficiente de Correlação (r)
0,9992
0,9989
0,9942
Análise de variância
Regressão linear
b
3681,65
2821,75
511,07
a
Dados obtidos a partir de três curvas padrões,
b
Limite de confiança 95%
4.3.3 Precisão
Os resultados de precisão do método foram demonstrados
através da repetibilidade (intra-dia). Os valores experimentais médios
obtidos para a determinação de AR, ACa e ACl nas amostras analisadas,
demonstraram que o método reproduziu os valores das seis preparações
avaliados na mesma concentração. A tabela 17 apresenta os resultados
obtidos nessa análise.
Tabela 17 - Resultados obtidos na análise de precio por CLAE
AR
ACa
ACl
Amostra
(µg/mL)*
(%)
(µg/mL)*
(%)
(µg/mL)*
(%)
1
847,0
104,57
13,8
86,25
5,6
87,50
2
832,0
102,72
13,2
82,50
5,6
87,50
3
838,0
103,46
13,3
83,12
5,8
90,62
4
845,0
104,32
13,7
85,62
5,8
90,62
5
839,0
103,58
13,4
83,75
5,7
89,06
6
846,0
104,44
13,6
85,00
5,8
90,62
Média
841,0
103,85
13,5
84,37
5,6
89,32
DPR
1,07%
2,22%
1,75%
AR = ácido rosmarínico; ACA = ácido caféico; ACL = ácido clorogênico
*Cada valor é a média de três injeções
Analisando os resultados obtidos, verificou-se que o método
89
apresentou precisão adequada, visto que os valores de DPR estão abaixo
do limite do limite estabelecido de 5% (BRASIL, 2003).
4.3.4 Exatidão
A exatidão do método foi avaliada pelo teste de recuperação,
cujas quantidades estabelecidas de padrões foram adicionadas a uma
formulação placebo. Os valores obtidos na recuperação estão
apresentados na Tabela 18, sendo que a média das recuperações foi de
98,92%, 104,03% e 101,07% para o AR, ACa e ACl, respectivamente,
demonstrando que o método apresentou exatidão adequada.
Tabela 18 Resultados obtidos no teste de recuperação de ácido
rosmarínico, ácido caféico, e ácido clorogênico na formulação através
de CLAE.
Concentração de SQR (µg/mL)
Marcador
Teórica
Recuperada*
% Recuperação
AR
640,0
800,0
1000,0
643,7
806,7
953,5
100,58
100,84
95,35
ACa
12,0
16,0
20,0
12,7
16,2
21,0
105,83
101,25
105,0
ACl
4,0
5,0
6,0
3,9
5,3
6,1
97,5
104,0
101,7
AR=ácido rosmarínico; ACa=ácido caféico; ACl=ácido clorogênico
*Cada valor é a média de três determinações
A partir dos resultados da tabela 18, pode-se avaliar que o
todo proposto foi exato.
4.3.5 Robustez
Na avaliação da robustez observou-se que mudando as
condições cromatográficas como, fluxo, temperatura e pH da fase móvel
para o gel de Melissa officinalis L. (Tabela 19).
90
Tabela 19 - Avaliação da robustez do método por CLAE através da
determinação de AR, ACa, e ACl em gel.
Condição alterada
Teor (µg±DP)
DPR (%)
AR
pH Fase móvel (1,73)
842,48±1,92
0,23
pH Fase móvel (1,93)
839,19±2,34
0,28
Fluxo 0,98 mL/min
846,08±3,86
0,46
Fluxo 1,02 mL/min
911,99±4,17
0,46
Temp. coluna (30
0
C)
843,02±1,39
0,16
Temp. coluna (35
0
C)
897,31±5,24
0,58
Método proposto
841,00 ± 9,0
1,07
ACa
pH Fase móvel (1,73)
14,16±0,41
2,8
pH Fase móvel (1,93)
14,03±0,32
2,3
Fluxo 0,98 mL/min
13,66±0,29
2,1
Fluxo 1,02 mL/min
--
--
Temp. coluna (30
0
C)
14,73±0,25
1,70
Temp. coluna (35
0
C)
17,60±1,03
5,85
Método proposto
13,50±0,30
2,22
ACl
pH Fase móvel (1,73)
5,55±0,16
2,88
pH Fase móvel (1,93)
5,06±0,12
2,37
Fluxo 0,98 mL/min
5,38±0,21
3,90
Fluxo 1,02 mL/min
--
--
Temp. coluna (30
0
C)
5,69±0,28
4,92
Temp. coluna (35
0
C)
--
--
Método proposto
5,60±0,10
1,75
a
Coluna C
18
, Kinetex
(100 x 2,6 mm, 4,6 µm); fasevel com sistema gradiente: FMA 2% de
ácido fosfórico e m água, FMB acetonitrila, 0 10 min 40% FMB, 11 15 min 10% FMB;
fluxo 1 mL/min; volume injetado: 20 µL. Detecção: 300 nm.
Quando houve a alteração no fluxo da FM, percebeu- se que
uma pequena mudança no tempo de retenção dos marcadores. Essa
alteração no tempo de retenção dos marcadores ocorreu também quando
a coluna foi submetida à temperatura de 35
0
C. Para as alterações feitas
no pH da FM e aumento da temperatura da coluna para 30
0
C, o perfil
cromatográfico não sofreu alterações significativas.
Quando avaliados os teores, após as modificações nas
91
condições cromatográficas em relação a pH da FM, alteração na
temperatura para 30
0
C, e alteração do fluxo para 0,98 mL/min, observa-
se que os mesmo não tiveram alterações significativas sendo o CV
inferior a 2%. Porém, na alteração da temperatura para 35
0
C, acredita-se
que ocorreu um coeluição dos picos de ACa e ACL, pois a área do pico
de ACa aumentou, e o pico de ACl não apareceu na corrida. Para o
aumento do fluxo para 1,02 mL/min observou-se que o foi possível
uma boa separação do excipiente metilparabeno do AR, o que pode
interferir na obtenção das áreas e conseqüentemente no valor do teor de
AR. Os cromatogramas da corrida realizada a 35
0
C e com a alteração
no fluxo para 1,02 mL/min estão apresentados nas figuras 15 e 16
respectivamente.
Figura 15 Cromatograma com a demonstração do efeito da
temperatura da coluna a 35
0
C
92
Figura 16 Cromatograma com a demonstração do efeito da alteração
do fluxo da FM para 1,02 mL/min
Conforme os resultados obtidos, pode-se afirmar que o método
é robusto para alterações no pH da fase móvel, para alteração na
temperatura da coluna até 30
0
C e diminuição do fluxo para 0,98 mL/min.
Porém, verifica-se que o método não pode sofrer alterações em relação
ao aumento da temperatura da coluna para 35
0
C, e aumento da fluxo da
FM para 1,02 mL/min, pois para estes quesitos o método não
apresentou-se robusto. Desta forma, restringe-se o método para o fluxo
superior a 1mL/min, e temperatura da coluna superior a 30
0
C.
93
5 CAPÍTULO III ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA
DA FORMULAÇÃO DESENVOLVIDA
5.1 INTRODUÇÃO
A estabilidade pode ser definida como o tempo durante o qual o
rmaco manm sua integridade em termos de qualidade, quantidade e
identidade qmica. As reações de degradação de medicamento ocorrem
a velocidades definidas e são de natureza química. Dependem de rios
fatores como temperatura, radiações, umidade, oxigênio e outros gases
atmosféricos, pressão, solventes, mudanças de pH, contaminação
microbiogica, etc (LACHMAN et al., 2001).
Para padronização de produtos fitoterápicos, o estudo de
estabilidade é de suma importância, pois a instabilidade pode modificar
três quesitos essenciais: qualidade, eficácia e segurança. A estabilidade
mostra o tempo pelo qual o fármaco retém sua integridade e pode ser
afetada por fatores como temperatura, pH, luminosidade e ar
(FERREIRA, 2007).
Conforme a Organização Mundial da saúde (WHO, 1996) e
ICH (2005) os testes de estabilidade devem considerar as zonas
climáticas onde o produto esta sendo comercializado. Estas zonas são os
espaços geograficamente delimitados de acordo com os critérios de
temperatura e umidade aplicável quando da realização dos estudos de
estabilidade (BRASIL, 2005). O Brasil está situado na zona clitica IV
(quente/úmida) onde as condições de temperatura e umidade relativa
estabelecidas são de 40
0
C ± 2
0
C e 75% ± 5%, em estudo acelerado de
seis meses, ou 30
0
C ± 2
0
C e 75% ± 5%, em estudo de longa duração de
vinte e quatro meses (condições preconizadas para substancias lidas
ou semi-sólidas). Am desta zona, outras ts são definidas: zona I
(clima temperado), zona II (mediterrâneo) e zona III (quente e seco), as
quais possuem temperaturas de análise e umidade relativa mais baixas
que as consideradas na zona IV (WHO, 1996; BRASIL, 2005).
A legislação brasileira, fazendo-se valer atras da ANVISA,
exige uma extensa lista de medidas a serem tomadas para o registro de
um medicamento fitoterápico, e dentre eles destaca-se o estudo de
estabilidade (BRASIL, 2004).
5.2 MATERIAIS ETODOS
5.2.1 Equipamentos e reagentes
94
Câmara Climática (MECALOR, EC/1,2/AR-URC)
Balança semi-analítica (OHAUS, modelo AR3130)
Balança analítica (OHAUS, modelo Adventurer AR2140)
pHmêtro (GEHAKA, modelo: PG1800)
Viscosímetro (BROOKFIELD, modelo: LVT)
Sistema purificador de água de osmose reversa (GEHAKA,
modelo: OSMOSE 50LX)
Ultrassom (UNIGUE, modelo: USC-5000H)
Bomba de vácuo (Primar
)
Agitador Magnético (FISATOM, modelo: MQ2008)
Cabine de segurança biológica (VECO, BiosafeA1)
Incubadora de Fungos (Nova Ética, modelo 411D)
Incubadora de Bactérias (Nova Ética, modelo 411D)
Cromatógrafo líquido, Shimadzu, equipado com controlador
SCL-10 AT
vp
, com bomba modelo LC-10AT
vp
, detector com
comprimento de onda variável UV modelo SPD-10 AT
vp
,
injetor automático com com “loop” variável SIL-10 AF
vp
e
integrador automático computadorizado através do Software
CLASS VP 5.0
Coluna cromatográfica C
18
(100 x 4,6 mm d.i. x 2,6 µm)
Kinetex
Ágar Casoy (Oxoid®)
Ágar Sabourand dextrose (Oxoid®)
Ágar MacConckey (Oxoid®)
Ágar Sal Manitol (Oxoid®)
Ágar Verde Brilhante (Oxoid®)
Caldo lactosado (BHD®)
Caldo TSB (BHD®)
Água ultra purificada
Ácido fosfórico grau HPLC (Merck
, Alemanha)
Acetonitrila grau HPLC (Carlo Erba
, Itália)
5.2.2 Estabilidade acelerada
O estudo de estabilidade acelerada da formulação em gel a base
de Melissa officinalis L. foi realizado conforme especificações da RE
01/2005, durante o período de seis meses. A figura 17 demonstra o
fluxograma seguido para realização do estudo.
95
Figura 17 Fluxograma de estudo de estabilidade acelerada da
formulação em gel a base de Melissa officinalis L.
O gel a base de Melissa officinalis L. foi acondicionado em
embalagens de 30 g de alumínio e de plástico (polietileno de baixa
densidade) e ambas as apresentações foram colocadas em mara
Climática, MECALOR, EC/1,2/AR-URC, para estudo de estabilidade
acelerada. 20 bisnagas de cada material de embalagem foram colocadas
nas condições preconizadas de 40
0
C ± 2
0
C; 75% U.R. ± 5%, e a cada
tempo de estudo tempo zero (T0), tempo 90 dias (T90), e tempo 180
dias T(180) 6 bisnagas foram retiradas para realização das análises.
Todas as análises deste estudo foram realizadas em triplicata para
verificar possíveis alterações na formulação.
Tempo zero (T0)
Estudo de Estabilidade
acelerada
40
o
C ± 2
o
C; 75%
U.R. ± 5%
- Características
organolépticas
- pH
- viscosidade
- espalhabilidade
- Teor
- Análise
microbiogica
Tempo 3 meses
(T90)
Tempo 6 meses
(T180)
- Características
organolépticas
- pH
- viscosidade
- Teor
Análise dos resultados
Definição prazo de validade da
formulação
- Características
organolépticas
- pH
- viscosidade
- espalhabilidade
- Teor
- Análise
microbiogica
96
5.2.2.1 Parâmetros avaliados no estudo
5.2.2.1.1 Características organolépticas do gel de Melissa officinallis L.
Foi verificada na análise das características organolépticas, a
coloração, o odor, o aspecto, a transparência e ausência de grumos ou
precipitados. O teste foi realizado através da inspão visual e
percepção direta de uma amostra de 10g da formulação colocada um
tubo de ensaio de vidro transparente, e este foi colocado contra a luz
para melhor visualização das características do gel.
5.2.2.1.2 Análise do potêncial hidrogeniônico (pH)
A análise de pH da formulação foi realizada em pHmêtro
digital, GEHAKA, modelo: PG1800, previamente calibrado com
soluções tampão de fosfato e biftalato pH 7,0 e 4,0. O eletrodo foi
inserido diretamente na amostra a temperatura ambiente (25
0
C) para
verificação do potencial hidrogeniônico da formulação em relação ao
tempo.
5.2.2.1.3 Análise da Viscosidade aparente
Para avaliação da viscosidade empregou-se o viscosímetro
rotacional BROOKFIELD, modelo LVT, no qual a amostra é medida
por velocidade de rotação de eixos metálicos (spindle) imersos na
amostra (FERREIRA, 2000).
Uma quantidade de aproximadamente 100 g de amostra, a
temperatura ambiente (25
0
C), foi colocada em um becker de vidro para
leitura da viscosidade. Utilizou-se como ferramenta para o viscosímetro
o aparato spidle LV4, e este foi colocado dentro da amostra a uma
rotação de 1,5 rpm durante 3 minutos. O resultado obtido foi
transformado em centiPoise (cP) através do fator de correção dado pelo
equipamento.
5.2.2.1.4 Estabilidade química
A degradação química foi avaliada por meio da análise de teor
de AR, ACa e ACl do gel de Melissa officinalis L., utilizando o método
validado por CLAE conforme capítulo II deste mesmo trabalho.
Foi diluída 1g da formulação em 25mL de água purificada. A
solução foi filtrada, e 20 µL desta foi injetada no cromatógrafo mas
97
condições pré-definidas conforme descrição na tabela 11.
5.2.2.2.5 Estabilidade microbiológica
Foi avaliada através da contagem de microrganismos viáveis
totais (bactérias, fungos e leveduras) e pesquisa de patógenos
específicos (Salmonella sp, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli
e Staphylococcus aureus), conforme preconizado na F.Bras. IV (1988).
Para realização destes testes, todo o material e meios de cultura
utilizados foram previamente esterilizados em autoclave a a 121
0
C,
durante 15 minutos.
Para o teste de contagem de microrganismos viáveis, utilizou-se
o método de contagem em placas. Amostras 1g do gel de Melissa
officinalis L. foi disperso em 10 mL de tampão fosfato pH 7,0. Após
homogeneização, a amostra foi filtrada, e obteve-se assim a diluição
1:10. O diluente tampão fosfato pH 7,0, contem 1% de Tween 80. O
Tween foi adicionado ao meio para atuar como inativante para o
conservante presente na formulação (PINTO et al., 2003). Após
homogeneização da diluição 1:10, transferiu 1,0 mL para outro frasco
contendo 9 mL do diluente, para obter a diluição de 1:100.
Foi empregado o método de semeadura em profundidade (pour
plate), em que alíquotas de 1 mL de cada diluão foram transferidas
para placas de petri, em duplicata, sobre as quais foram vertidos 20 mL
dos meios específicos, liquefeitos a 45ºC. Para bactérias utilizou-se
como meio o ágar caseína-soja (TSA-Tryptic Soy Agar) e, para fungos,
utilizou-se o meio ágar Sabouraud-dextrose.
As placas com ágar caseína-soja foram incubadas em estufa à
temperatura de 35
0
C ± 2
0
C durante 4 dias, enquanto as placas com
Sabouraud-dextrose foram incubadas em estufa a 25
0
C ± 2
0
C durante 7
dias Após o período de incubação, foram realizadas as contagens de
colônias nas placas onde ocorreu o crescimento, e o resultado foi
expresso eem UFC/mL.
Para a pesquisa de patógenos, 1 mL da diluição 1:10 preparada
para a contagem de microrganismos viáveis foi transferida para tubo
contendo 9 mL do caldo TSB (caldo de caseína soja), o qual foi
incubado 35
0
C ± 2
0
C por 24h, para enriquecimento não seletivo. Após
o período de incubação, alíquotas do meio enriquecido foram
transferidas, por estrias em superfície, para os meios de cultura
específicos. Os meios utilizados foram: ágar MacConkey (E. coli), ágar
Verde Brilhante (Salmonella sp.), ágar Sal Manitol (S. aureus). As
98
placas foram incubadas invertidas, a 35
0
C ± 2
0
C, durante 48 horas.
Decorrido o tempo, foi efetuada a verificação de presença ou ausência
de colônias. Tubos com 1 mL da solução enriquecida e com 9 mL de
caldo lactosado e caldo verde brilhante, foram mantidos 35
0
C ± 2
0
C por
24h, para pesquisa de colifirmes totais e fecais, respectivamente.
5.2.2.2.6 Espalhabilidade
Uma placa circular de vidro com diâmetro de 20 cm x 0,2mm
foi colocada sobre uma outra placa de vidro utilizada como suporte, e
sob estas foi colocado uma folha de papel milimetrado. Foi inserido no
orifício da placa circular, 0,5g da amostra com auxilio de uma seringa, e
a superfície foi nivelada com uma espátula. Sobre a placa circular, foi
adicionado um peso de 250 g, e após 1 minuto foi calculada a superfície
atingida pelo gel, através da medição do diâmetro em duas posições
opostas, com posterior cálculo do diâmetro médio.
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teste de estabilidade acelerada visa conferir a formulação,
condições para o envelhecimento acelerado, permitindo definir o perfil
de estabilidade sica, físico-química, química e microbiológica. Trata-
se então de um teste de orientação, indicando se os veículos em estudo
conferem a estabilidade adequada (BRASIL, 2005).
Abaixo, no decorrer deste capítulo, estão apresentados os
resultados do gel a base de Melissa officinalis L. acondicionados em
diferentes materiais de embalagem, armazenados a 40
o
C ± 2
o
C; 75%
U.R. ± 5%, e estudados durante 6 meses. Os resultados demonstram a
qualidade do material para determinação do prazo de validade
provisório do medicamento.
5.3.1 Características organolépticas
A verificação da homogeneidade, cor, odor, consistência e
textura constituem o método mais simples para verificar a qualidade do
produto. Algumas modificações de cor e odor pode dar indicação de
alterações químicas e microbiológicas (PRISTA, VILAR, 1995). As
características organolépticas guardam relação com a integridade e a
qualidade das amostras, mas não podem ser usadas com fins analíticos,
sendo consideradas subjetivas (FERREIRA, 2000). É desejável a
99
aparência homogênea e com odor agradável.
Na tabela 20 estão apresentados os resultados das características
organolépticas dos géis acondicionados em embalagem de alumínio e
embalagem de plástico durante o estudo de estabilidade acelerado.
Tabela 20 Resultados das características organolépticas do gel a base
de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais de
embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.
Caracteres de análise
Embalagem
T
(dias)
Aspecto
Cor
Odor
PPT
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável,
caract.
A
90
Homogêneo,
translúcido,
alteração na
textura e na
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável,
caract.
A
Alumínio
180
Homogêneo,
translúcido,
alteração na
textura e na
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável,
caract.
A
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável,
caract.
A
90
Homogêneo,
translúcido,
alteração na
textura e na
consistência
Marrom
claro
Agradável,
caract.
A
Plástico
180
Homogêneo,
translúcido,
alteração na
textura e na
consistência
Marrom
escuro
Agradável,
caract.
A
*PPT: precipitação; A: ausência; T: tempo
Conforme tabela 20, as preparações semi-sólidas acondicionada
100
em embalagens de plástico e alumínio se mantiveram estáveis em
relação ao odor homogeneidade durante todo o período de estudo.
Foram observadas variações na textura e consistência nos tempo 90 e
180 dias de ambos os tipos de acondicionamento. Entretanto, para o
quesito coloração foi observado que o gel, quando acondicionado nas
embalagens plásticas, sofreram escurecimento durante o período de
estudo. As diferenças na coloração do gel acondicionado em embalagem
de alumínio e em embalagem de plástico, após 6 meses de estudo de
estabilidade acelerada, podem ser visualizadas na Figura 18.
Figura 18 Formulação do gel a base de Melissa officinalis L. após
estudo de estabilidade acelerada de 180 dias. (1) gel acondicionado em
embalagem de alumínio, (2) gel acondicionado em embalagem de
plástico
Segundo Singh e colaboradores (2008), variações de cor e odor
em geral não são consideradas significativas para formulações
fitoterápicas, uma vez que a temperatura elevada pode interferir nas
características organolépticas da formulações semi-sólidas, havendo
necessidade de orientação ao paciente quanto à temperatura e o local de
acondicionamento adequando, conforme o tipo de formulação.
As embalagens plásticas utilizadas no estudo são de polietileno
de baixa densidade. Esse material costuma ser resistente a maioria dos
solventes, mas em temperaturas acima de 60
0
C ele é atacado por alguns
hidrocarbonetos aromáticos, óleos e gorduras. O polietileno é uma boa
barreira para a umidade, mas permite a passagem de gases um tanto
facilmente (COUTINHO, 2003). Devido a possível permeabilidade ao
ar do material de embalagem utilizado no estudo de estabilidade, vale
1
2
101
ressaltar que a degradação de fármacos podem ocorrer por quatro
principais fatores: hidrólise, oxidação, fotólise e catálise. A hidrólise e
oxidação são os mecanismos mais comuns e, em geral, a luz e os íons
metálicos catalisam um processo oxidante subseente. A oxidação é
controlada pelo ambiente, ou seja, traços de metais, oxigênio e agentes
oxidantes (AULTON, 2005). Dessa forma, uma possível oxidação
decorrente da permeabilidade ao oxigênio no gel pode ter ocorrido, por
isso o mesmo teve sua coloração alterada após os 90 / 180 dias de
estudo.
5.3.2 Análise de pH
A determinação do pH é muito importante no estudo de
estabilidade, pois alterações no valor de pH podem ocorrer em função
de impurezas, hidrólise, decomposição e erro do processo. Essas
instabilidades podem ocorrer também devido ao tempo de estocagem
e/ou condições inadequadas de transporte e armazenamento
(FERREIRA, 2000; ANSEL, 2000).
Na tabela 21 estão apresentados os resultados obtidos de pH dos
géis acondicionados em embalagem de alumínio e embalagem de
plástico, mantidos 40
0
C ± 2
0
C; 75% U.R. ± 5% durante 180 dias.
Tabela 21 - Resultados do teste de estabilidade referente ao pH do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.
Embalagem
Tempo (dias)
pH ± DP
0
4,92 ± 0,02
90
4,89 ± 0,03
Alumínio
180
4,90 ± 0,02
0
4,92 ± 0,02
90
4,88 ± 0,04
Plástico
180
4,87 ± 0,03
O gel de Melissa officinalis L., submetido ao estudo de
estabilidade acelerada, acondicionando em bisnaga de plástico e
alumínio, apresentou valor de pH próximo a 5,0, sendo compatível com
o pH fisiológico da pele (5,0 7,0).
Os resultados da avaliação do pH, apresentados na tabela 21,
102
demonstram que não ocorreram variações significativas ( P 0,05) em
relação ao pH inicial do gel, nas diferentes embalagens, durante o tempo
avaliado, sugerindo a não formação de compostos de degradação ácidos
ou básicos.
5.3.3 Análise de viscosidade
O controle da viscosidade em função do tempo é também uma
forma de monitorar indiretamente a degradação química e estabilidade
física, ou seja, modificações em nível molecular podem produzir
mudanças na viscosidade. As alterações de viscosidade durante o
período de armazenamento podem ser produzidas por mudanças na
microestrutura da formulação (floculação, coalescência ou
sedimentação), podendo significar sinais de instabilidade físico-química
nas formulações (LIEBERMAN et al., 1996).
Nas preparações de uso tópico, uma viscosidade apropriada é
essencial para obter a suavidade e a consistência desejáveis, fazendo
com que o produto seja facilmente aplicável, permaneça em contato com
a área afetada e produza sensação agradável ao paciente (THOMPSON,
2006). Os pacientes geralmente preferem formulões tópicas que sejam
fáceis de serem espalhadas e tenham suavidade, que não deixem
resíduos detectáveis e sejam aderentes a área tratada sem tornar-se
pegajosa ou de difícil remoção (BARRY, 2005).
Na tabela 22 estão apresentados os resultados obtidos de
viscosidade dos is acondicionados em embalagem de alumínio e
embalagem de plástico, mantidos 40
o
C ± 2
o
C; 75% U.R. ± 5% durante
180 dias.
103
Tabela 22 Resultados do teste de estabilidade referente a viscosidade
do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes
materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180
dias.
Embalagem
Tempo
(dias)
Leitura (rpm)
Fato de
correção
Viscosidade
(cP) ± DP
0
37,67
4.000
150.680 ±
2.680
90
32,67
4.000
130.680 ±
2.680
Alumínio
180
31,00
4.000
124.000 ±
4.000
0
37,67
4.000
150.680 ±
2.680
90
31,33
4.000
125.320 ±
6.680
Plástico
180
29,67
4.000
118.680 ±
2.680
Os resultados, apresentados na tabela 22, demonstram que
ocorreu uma redução gradativa ( P 0,05) da viscosidade do gel com o
tempo de permanência do material a 40
0
C e 75% U.R. em ambas as
apresentações. A viscosidade inicial da formulação que era de 150.680
cP reduziu 18% e 21% para as embalagens alunio e plástico
respectivamente, em 180 dias de estudo.
Esse comportamento mostra a perda da estabilidade do gel em
relação ao tempo, o que vem a corroborar os resultados apresentados de
características organolépticas. A perda de estabilidade apresentada com
a diminuição da viscosidade e diminuição da textura e consistência pode
estar relacionada ao pH de preparo da formulação, ou seja, disperes
aquosas de Carbopol
®
exibem um pH de 2,8 3,2, e nesse estado, a
cadeia polimérica do Carbopol
®
esta extremamente enovelada e sua
capacidade espessante é limitante. Para obtenção de uma maior
viscosidade, a molécula deve se desenovelar completamente, e para isso
é necessário um aumento no pH da solução com a adição de uma base
orgânica ou inorgânica. Com a neutralização do polímero com uma base
apropriada, a resina ficará no estado ionizado, e a repulsão entre essas
cargas contribuirá para o desdobramento da estrutura, deixando-a mais
104
consistente, e resultando na formação instantânea de um gel de alta
viscosidade. Dessa forma, quanto mais ionizado estiver a molécula,
mais estável ficará o sistema polimérico. Para o gel de Carbopol
®
, a
ionização total da molécula, assim como o máximo de viscosidade,
ocorrerá em pH 7,0 (FERREIRA, 2000; TABERNER, 2001;
MOHAMMAD et al., 2004; SILVA, 2005). Pelo fato da formulação
desenvolvida não apresentar toda a estrutura polimérica na forma
ionizada, já que o pH do gel apresentou-se em torno de 5,0, é provável
que a estrutura polimérica tenha formado algumas pontes de hidrogênio
e que a alta temperatura em que o gel foi submetido durante o estudo de
estabilidade pode ter provocado quebra das ligações cruzadas e das
pontes de hidrogênio existentes na estrutura do Carbopol
®
que pode ter
provocado a perda de viscosidade.
Em função dos resultados encontrados sugere-se que uma nova
formulação com pH mais elevado seja desenvolvido.
5.3.4 Estabilidade química
A maioria das drogas estão sujeitas a alguma forma de
degradação química, e uma das conseqüências da degradação é que
preparações medicamentosas envelhecidas não apresentam mais a
potência desejada (FLORENCE, 2003).
Os resultados obtidos na análise de teor das amostras de gel de
Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais de
embalagem submetidos ao estudo de estabilidade acelerada durante 180
dias, encontram-se descritos na Tabela 23.
105
Tabela 23 Resultados do teste de estabilidade referente ao teor do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.
Embalagem
Tempo
(dias)
Teor AR ±
DP
(µg/mL)
Teor ACa ±
DP
(µg/mL)
Teor ACl
± DP
(µg/mL)
0
877,24 ± 2,14
14,94 ± 0,19
6,17 ± 0,04
90
882,31 ± 1,18
15,13 ± 0,04
5,52 ± 0,10
Alumínio
180
899,01 ± 3,92
16,96 ± 0,50
7,04 ± 1,69
0
877,24 ± 2,14
14,94 ± 0,09
6,17 ± 0,04
90
874,70 ± 2,39
14,98 ± 0,03
5,50 ± 0,07
Plástico
180
725,89 ± 4,82
18,95 ± 1,55
6,48 ± 0,17
Resultados de análise obtidos pelo método validade apresentado no capitulo II; AR: Ácido
Rosmarínico; ACa: Ácido Caféico; Ácido Clorogênico.
O teor da formulação acondicionada em embalagem de
alumínio não apresentou o mesmo comportamento da formulação
acondicionada em embalagem plástica, já que o teor de AR aumentou
em 2,5% (P 0,05), e o mesmo ocorreu com o teor de ACa (P 0,05) e
ACl (P 0,05) que aumentaram 13,5% e 14,10% respectivamente. Vale
ressaltar ainda que houve uma pequena perda de massa do produto após
180 dias de estudo de estabilidade para ambas as apresentações (0,30%
± 0,13 para embalagem de alumínio e 1,13% ± 0,21 para embalagem
plástica), fato que pode ter contribuído para o aumento do teor de AR e
ACl no gel acondicionado na embalagem de alumínio.
Os resultados, apresentados na tabela 23, demonstram que
ocorreu uma redução no teor de AR no gel acondicionado em
embalagem plástica (P 0,05) em relão ao tempo de permanência do
material nas condições de 40
0
C e 75% U.R.. O teor inicial de AR da
formulação que era de 877,24 µg/mL reduziu em 17% . Contudo, é
possível observar, ainda pra o gel acondicionado em embalagem plástica,
que o teor de ACa e ACL aumentou 27% e 5% respectivamente. O
aumento no teor de ACl não foi considerado significativo (P 0,05),
porém, o aumento no teor de ACa e a diminuição do teor de AR
apresentaram-se bastante relevantes (P 0,05). Todos os marcadores
avaliados são derivados hidroxicinâmico, e o ácido caféico é derivado
do ácido rosmarínico. Assim, o ácido rosmarínico pode ter hidrolisado,
formando o ácido caféico, fato que provavelmente ocorreu durante o
estudo de estabilidade da formulação.
106
A perda de estabilidade em relação ao teor de AR da
formulação acondicionada em embalagem plástica se deve,
provavelmente, ao mesmo fato justificado para a alteração na coloração
do gel acondicionado nesse mesmo material. A embalagem plástica
polietileno de baixa densidade o é impermeável ao oxinio e a luz,
dessa forma há a possibilidade de uma degradação por hidrólise ou
oxidação.
5.3.5 Estabilidade microbiológica
A qualidade microbiológica de produtos constitui um dos
atributos essenciais para o seu desempenho adequado, principalmente
em relação a segurança e aceitabilidade destes produtos. Falha nas
medidas preventivas e de controle do processo de fabricão pode
resultar em produtos inadequados ao consumo (BALBANI, 2006).
Os resultados obtidos na análise microbiológica das amostras de
gel de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais de
embalagem, submetidos ao estudo de estabilidade acelerada durante 180
dias, encontram-se apresentados na Tabela 24.
Tabela 24 - Resultados do teste de estabilidade referente à análise
microbiogica do gel a base de Melissa officinalis L. armazenado a
40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.
Análise microbiológica
Bactérias
totais
(UFC/g)
Fungos e
leveduras
(UFC/g)
Patógenos*
Tempo
de
análise
(dias)
A
P
A
P
A
P
T0
< 100
< 100
< 100
Ausência
Ausência
T180
< 10
< 10
< 10
Ausência
Ausência
*Coliformes totais e fecais, , Salmonella typhimuriun, Pseudomonas aeruginosa,
Escherichia coli e Staphylococcus aureus
A: embalagem de alumínio; P: embalagem de pstico
Os resultados de estabilidade microbiológica demonstraram que
o gel, em ambos os materiais de acondicionamento, mantiveram-se
estáveis quanto a esse parâmetro, indicando que os conservantes
atuaram de forma eficaz ao impedirem que a contagem microbiana
ficasse acima do permitindo. Para produtos não estéreis de uso pico se
107
admite a presença limitada de carga microbiana, sendo recomendado
que os limites seja de, no máximo, 10
2
UFC/mL para bactérias, e 10
1
UFC/mL, para fungos (PINTO et. al., 2003; Farmacopéia Brasileira,
1996; USP, 31).
Devido a presença (dentro da especificação) de bactérias
aeróbias viáveis e fungos e leveduras no extrato de Melissa officinalis L.
utilizado para o desenvolvimento da formulação, esperou-se que o gel
também apresentasse, dentro da especificação, bactérias aeróbias viáveis
e fungos e leveduras. Dessa forma, os resultados demonstraram
presença desses microorganismos, contudo, a quantidade dos mesmos
diminuíram após os 180 dias de estudo de estabilidade, fato que pode
estar relacionado a ão bactericida da Melissa officinalis L que vem
sendo estudado (TOTH, 2003; GUTIERREZ, 2009), assim como a ação
eficaz dos conservantes empregados na formulão.
5.3.6 Espalhabilidade
O teste de espalhabilidade tem como objetivo constatar se as
formulações estudadas matem seus valores de espalhabilidade, sob as
condições de armazenamento estabelecidas, durante o peridos de tempo
analisado.
A espalhabilidade de gel de Melissa officinalis L. foi
determinada e acompanhada em relação ao tempo, após 180 dias,
quando submetido a estudo de estabilidade realizado a temperatura de
40
0
C e 75% U.R.
A tabela 25 apresenta os valores de espalhabilidade da
formulação no T0 e T180.
Tabela 25 Resultados do teste de estabilidade referente à análise de
espalhabilidade do gel a base de Melissa officinalis L. armazenado a
40
0
C e 75% U.R. durante 180 dias.
Embalagem
Tempo (dias)
Espalhabilidade (mm) ± DP
0
803,33 ± 23,33
Alumínio
180
1666,67 ± 166,67
0
803,33 ± 23,33
Plástico
180
1866,67 ± 233,33
De acordo com os resultados encontrados na tabela 25,
108
demonstram que ocorreu uma redução espalhabilidade do gel com o
tempo de permanência do material a 40
0
C e 75% U.R. em ambas as
apresentações (p0,05). Esse comportamento mostra a perda da
estabilidade do gel em relação ao tempo, o que vem a corroborar os
resultados apresentados de viscosidade.
5.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE DA FORMULAÇÃO COM
ALTERAÇÃO NO PH
Considerando que foram verificadas alterações na textura,
consistência e viscosidade no gel a base de Melissa officinalis L. no
tempo 90 dias de estudo de estabilidade, foram preparadas novas
formulações com o valor de pH mais elevado, de 5,5 e 6,5, com o
objetivo de manter os valores de viscosidade em relação ao tempo. A
tentativa de elevar o pH para manter a formulação mais estável pode ser
viável que estudos reológicos com géis de Carbopol 940
®
neutralizados com trietanolamina e preparados com água e glicerina,
demonstram que a complexidade da estrutura é aumentada em valores
de pH mais elevados, em função da repulsão entre as cargas
(MOHAMMAD et al., 2004). O novo estudo foi realizado por 90 dias.
As formulações foram preparadas conforme tabela 10, porém a
quantidade de trietanolamina foi alterada para as duas formulações, foi
adicionado 3 e 4% para os pH 5,50 e 6,50 respectivamente.
Para essas formulações, a estabilidade foi estudada quanto as
características organolépticas, pH, viscosidade, espalhabilidade e análise
de teor.
5.4.1 Análise características organolépticas
Os resultados das características organolépticas do gel a base de
Melissa officinalis L. no estudo anterior (formulações pH = 5,0)
apresentaram alteração na consistência e textura em ambas as
embalagens de acondicionamento a partir de 90 dias de estudo de
estabilidade acelerada. Alterações na coloração do gel também foram
observadas no gel acondicionado em embalagens plásticas. Dessa forma,
na tentativa de melhora dos resultados obtidos anteriormente, a tabela
26 traz os resultados encontrados durante os 90 dias de estudo das
formulações com alteração no valor de pH.
109
Tabela 26 Resultados do teste de estabilidade referente às caracteres
organolépticas do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados
em diferentes materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R.
durante 90 dias.
Caracteres analisadas
Embalagem
T
(dias)
Aspecto
Cor
Odor
PPT
pH 5,50
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
Alumínio
90
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
Plástico
90
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
escuro
Agradável
caract.
A
pH 6,50
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
Alumínio
90
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
0
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
claro a
verde
Agradável
caract.
A
Plástico
90
Homogêneo,
translúcido,
boa textura e
consistência
Marrom
escuro
Agradável
caract.
A
110
Conforme tabela 26, as preparações semi-sólidas
acondicionadas em embalagens de plástico e alumínio se mantiveram
estáveis em relação ao aspecto, odor, e integridade física da formulação
durante todo o período de estudo. Entretanto, foi observado alteração de
coloração (escurecimento) no gel acondicionado nas embalagens
plásticas, durante o período de estudo. As diferenças na coloração do gel
acondicionado em embalagem de alumínio e em embalagem de plástico,
após 3 meses de estudo de estabilidade acelerada, podem ser
visualizadas na Figura 19.
pH 6,50 pH 5,50
Figura 19 Formulação do gel a base de Melissa officinalis L. após
estudo de estabilidade acelerada de 90 dias, (1) gel acondicionado em
embalagem de alumínio pH 6,50 (2) gel acondicionado em
embalagem de plástico pH 6,50 (3) gel acondicionado em
embalagem de plástico pH 5,50 (4) gel acondicionado em
embalagem de alumínio pH 5,50
Conforme já discutido no item 6.2.4.1, a alteração na coloração
da formulação provavelmente esta relacionada a característica do
material de embalagem que a mesma esta acondicionada, pois o
polietileno de baixa densidade na maioria das vezes é permeável ao
oxigênio e iluminação.
5.4.2 Análise de pH
Na tabela 27 estão apresentados os resultados obtidos de pH dos
géis acondicionados em embalagem de alumínio e embalagem de
plástico, mantidos 40
o
C ± 2
o
C; 75% U.R. ± 5% durante 90 dias.
1
2
4
3
111
Tabela 27 - Resultados do teste de estabilidade referente ao pH do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90 dias.
Embalagem
Tempo (dias)
pH ± DP
pH 5,50
0
5,65±0,06
Alumínio
90
5,61±0,02
0
5,65±0,06
Plástico
90
5,59±0,02
pH 6,50
0
6,51±0,04
Alumínio
90
6,43±0,02
0
6,51±0,04
Plástico
90
6,44±0,04
Os resultados da avaliação do pH, apresentados na tabela 27,
demonstram que não ocorreram variações significativas em relão ao
pH inicial do gel (P 0,05), nas diferentes embalagens, durante o tempo
avaliado, sugerindo ao formão de compostos de degradação ácidos
ou básicos para as formulações com pH alterado.
5.4.3 Análise de viscosidade
Na tabela 28 estão apresentados os resultados obtidos de
viscosidade dos is acondicionados em embalagem de alumínio e
embalagem de plástico, mantidos 40
o
C ± 2
o
C; 75% U.R. ± 5% durante
90 dias
112
Tabela 28 Resultados do teste de estabilidade referente a viscosidade
do gel a base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes
materiais de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90
dias.
Embalagem
Tempo
(dias)
Leitura
viscosímetro
(rpm)
Fato de
correção
Viscosidade
(cP) ± DP
pH 5,50
0
66,00
4.000
264.000±4.000
Alumínio
90
64,67
4.000
258.667±6.667
0
66,00
4.000
264.000±4.000
Plástico
90
65,17
4.000
260.680±1.320
pH 6,50
0
75,67
4.000
302.680±6.680
Alumínio
90
74,33
4.000
297.320±2.680
0
75,67
4.000
302.680±6.680
Plástico
90
75,33
4.000
301.320±2.680
Os resultados da avaliação da viscosidade, apresentados na
tabela 28, demonstram que não ocorreram variações significativas dos
resultados (P 0,05) em relação ao valor inicial, nas diferentes
embalagens, durante o tempo avaliado. Esse resultado sugere que a
tentativa de aumento do pH da formulação para a manutenção da
viscosidade foi eficaz, pois percebeu-se que com aumento do pH em 0,5
e 1,0% foi suficiente para que o gel se tornasse mais estável.
5.4.4 Estabilidade química
Os resultados obtidos na análise de teor das amostras de gel de
Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais de
embalagem, submetidos ao estudo de estabilidade acelerada durante 90
dias, encontram-se descritos na Tabela 29.
113
Tabela 29 Resultados do teste de estabilidade referente ao teor do gel a
base de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes materiais
de embalagem, e armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90 dias.
Embalagem
Tempo
(dias)
Teor AR ±
DP
(µg/mL)
Teor ACa ±
DP
(µg/mL)
Teor ACl
± DP
(µg/mL)
pH 5,50
0
820,96±1,24
17,04±0,93
6,67±0,62
Alumínio
90
826,39±2,07
16,93±0,71
6,42±0,80
0
820,96±1,24
17,04±0,93
6,67±0,62
Plástico
90
805,10±2,96
17,28±1,02
6,14±0,39
pH 6,50
0
805,66±2,78
16,97±0,88
6,01±0,46
Alumínio
90
814,46±1,95
16,06±0,59
6,59±0,31
0
805,66±2,78
16,97±0,88
6,01±0,46
Plástico
90
783,12±3,11
17,87±1,24
5,96±0,63
Resultados de análise obtidos pelo método validade apresentado no capitulo II;
AR: Ácido Rosmarínico; ACa: Ácido Caféico; Ácido Clorogênico.
Os resultados, apresentados na tabela 29, demonstram a mesma
tendência dos resultados apresentados no item 5.3.4, ou seja, ou seja, o
teor de AR, ACa e ACl do gel acondicionado na embalagem de
alumínio se manteve estável (P 0,05) durante os 90 dias estudado.
Contudo, no gel acondicionado em embalagem pstico houve
diminuição do teor de AR (P 0,05) e aumento do teor de ACa. Como
mencionado isso ocorreu provavelmente pelos fatos ditos
anteriormente: moléculas semelhantes; possibilidade de hidrólise do
ácido rosmarínico, levando à formação do ácido caféico e possibilidade
de permeação da embalagem ao oxigênio e luz.
5.4.5 Espalhabilidade
Os resultados obtidos na análise de espalhabilidade das
amostras de gel de Melissa officinalis L., acondicionados em diferentes
materiais de embalagem, submetidos ao estudo de estabilidade acelerada
durante 90 dias, encontram-se descritos na Tabela 30.
114
Tabela 30 Resultados do teste de estabilidade referente à análise de
espalhabilidade do gel a base de Melissa officinalis L. armazenado a 40
0
C e 75% U.R. durante 90 dias.
Embalagem
Tempo (dias)
Espalhabilidade (mm)
± DP
pH 5,50
0
599,33 ± 30,67
Alumínio
90
599,00 ± 21,00
0
599,33 ± 30,67
Plástico
90
620,00 ± 30,00
pH 6,50
0
403,33 ± 53,33
Alumínio
90
433,33 ± 53,33
0
403,33 ± 53,33
Plástico
90
443,33 ± 16,67
Os resultados da avaliação da espalhabilidade, apresentados na
tabela 30, demonstram que não ocorreram variações significativas
(p0,05) dos resultados em relação ao valor inicial, nas diferentes
embalagens, durante o tempo avaliado. Esse resultado sugere que a
tentativa de aumento do pH da formulação para a manutenção da
viscosidade foi eficaz, pois percebeu-se que com aumento do pH em 0,5
e 1,0% foi suficiente para deixar o gel mais estável.
Vale ressaltar ainda, que ao comparar os resultados de
espalhabilidade obtidos nos géis com pH 5,50 e 6,50 ao gel anterior (pH
5,0), percebe-se que o valor espalhabilidade diminuiu, ou seja, os
resultados são proporcionais ao aumento de viscosidade apresentado
nessas formulações (pH 5,50 e 6,50).
115
6 DISCUSSÃO GERAL
A utilização crescente de plantas e medicamentos fitoterápicos
na medicina tradicional para o tratamento das necessidades primárias de
saúde, e as conseqüentes pesquisas e entrada desses medicamentos no
mercado brasileiro, tem deixado claro a necessidade de um controle de
qualidade seguro desses produtos.
Com a busca de um tratamento alternativo para as infecções
labiais causadas pelo rus do herpes simples, devido principalmente à
resistência desenvolvida por pacientes imunocomprometidos, a Melissa
officinalis L. vem ganhando destaque nas pesquisas e mercado
internacional.
Dessa forma, o desenvolimento de um gel, a garantia da sua
qualidade e estabilidade em relação ao tempo, fazem da formulação
estudada nesse trabalho uma sugestão de futura alternativa para
tratamento do herpes labial.
Os resultados de caracterização do extrato seco de Melissa
officinalis L. mostraram que os parâmetros físico-químicos e
microbiogicos avaliados atenderam as especificações de qualidade
necessária para utilização do mesmo na formulação desenvolvida.
A formulação semi-sólida foi desenvolvida a partir de uma pré-
seleção de polímeros, que apresentou o Carbopol
®
como o polímero de
escolha no desenvolvimento da mesma. O extrato seco de Melissa
officinalis L. foi incorporado na base polimérica, assim como a glicerina
e os conservantes metilparabeno e propilparabeno.
Para avaliação do gel foi necessário o desenvolvimento de um
todo analítico que permitisse a análise simultânea dos três
marcadores químicos da Melissa, responsáveis pela atividade antiviral,
que são os ácido rosmarínico, caféico e clorogênico. O todo analítico
de escolha foi a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, e foi
necessária a utilização de gradiente para melhor resolução entre os
compostos. O método desenvolvido mostrou-se satisfario,
apresentando linearidade, especificidade, precisão e exatidão para os
três marcadores químicos avaliados. Em relação à robustez, no entanto,
verificou-se que o pode haver alterações de fluxo além de 0,98 a 1,0
mL/min, e alterações na temperatura da coluna além de 25 a 30
0
C.
O estudo de estabilidade acelerada realizada por 180 dias
demonstra que o gel acondicionado em bisnaga de alunio manteve-se
estável em relação as características organolépticas, pH, análise
microbiogica e teor. Para o gel acondicionado em bisnaga de plástico,
o pH e as características microbiológicas mantiveram-se estáveis.
116
Verificou-se, no entanto, desenvolvimento de colorão o
característica, o que pode estar relacionada à permeabilidade do
polietileno de baixa densidade, que ocasionou degradação do AR em
17%. A partir de 90 dias, o gel acondicionado em ambos materiais de
embalagem mostrou diminuição significativa da viscosidade, fato que
pode estar relacionado ao pH da formulão desenvolvida. Em razão
deste resultado, novas formulações foram preparadas com valores de pH
mais elevados, 5,5 e 6,5, as quais apresentaram comportamento mais
estável em relação a esse quesito nos três primeiros meses de estudo.
Contudo, alterações na coloração do gel acondicionado em embalagem
plástica foram novamente observadas. Os estudos com estas
formulações deverão ser conduzidos até o tempo de 180 dias.
Considerando os resultados obtidos até o momento, a
formulação com pH 5,5 , acondicionada em bisnaga de alumínio, parece
ser a de escolha para futuros estudos de avaliação antiviral.
117
7 CONCLUSÕES
Os resultados de caracterização fisico-química e microbiologica
do extrato seco de Melissa officinalis L. atenderam as
especificações de qualidade preconizadas.
O polímero selecionado foi o Carbopol®, sendo essa a base
polimérica usada a 1% para a formação do gel contendo 2,7%
de extrato seco de Melissa officinalis L.
O método analítico desenvolvido por cromatografia líquida de
alta eficiência mostrou-se satisfatório, sendo linear (r > 0,99),
específico, preciso (DPR < 5%), exato (recuperação dia de
101,34%) e parcialmente robusto (restrito para fluxo de 0,98
1,0 mL/min e temperatura da coluna de 25 30
0
C), para os três
marcadores químicos do gel de Melissa officinalis L.
O estudo de estabilidade acelerado (40
o
C ± 2
o
C; 75% U.R. ±
5%), realizado por 180 dias, indicou que a formulão com pH
5,0 apresentou alteração na textura, consistência e viscosidade
do gel, independente do material de embalagem (alumínio ou
de plástico). O gel acondicionado em embalagem plástica
apresentou, também, alteração de cor e de teor (diminuição de
ácido rosmarínico e aumento de ácido caféico).
O estudo de estabilidade de formulações com pH alterado para
5,5 ou 6,50, realizado por 90 dias a 40
o
C ± 2
o
C e 75% U.R. ±
5%, demonstrou que a textura, consistência e viscosidade não
se alteraram em ambas as embalagens avaliadas (alumínio ou
plástico). No entanto o gel acondicionado em embalagem
plástica também apresentou alteração de cor e de teor
(diminuição de ácido rosmarínico e aumento de ácido caico).
As alterações de cor e teor observadas no gel acondicionado em
embalagens plásticas pode ser devido à permeabilidade do
polietileno de baixa densidade que constitui esta material.
Sugere-se que estudos futuros sejam conduzidos com gel com
pH 5,5 ou 6,5, acondicionado em embalagem de alumínio.
118
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