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maior apoio. Talvez em razão destas pessoas terem tido maiores oportunidades,
nesses momentos de contato, de fazer perguntas e esclarecer dúvidas, conforme
pode ser observado no depoimento de uma das mulheres participantes do grupo de
manejadores.
“A relação foi boa, porque pelo tempo que eu convivi com as pessoas deu
pra ver que não era o que os outros falavam, que diziam que se a gente
desse brecha eles iam tomar tudo da gente. Depois eu vi que não era o que
o pessoal dizia, gente que até tava no começo do grupo com a gente. Acho
que essas pessoas hoje estão arrependidas” (Mulher, tesoureira da
comunidade Monte Sinai, secretária do GMPOA)
O que se observou, de modo geral, nos depoimentos dos dois grupos
entrevistados, foi a manifestação de apoio ao projeto de peixes ornamentais e à
nova atividade de manejo proposta. Questionados se apoiariam o projeto caso este
ainda não tivesse iniciado suas atividades de pesquisa no setor, todos os membros
do GMPOA afirmaram que ofereceriam apoio. Entre as lideranças essa adesão
representa 71% dos entrevistados. Apesar do apoio manifestado pelos participantes
do grupo de manejadores e pelas lideranças locais – o que demonstra estarem
satisfeitos com o que vem sendo desenvolvido – vale lembrar que a atividade ainda
está em seus primeiros passos, muitos desafios ainda precisam ser superados pelo
projeto e pelos manejadores. Os trechos a seguir revelam algumas opiniões,
aprendizados, expectativas, desafios...
“A opinião é que o projeto deve continuar e nos ajudar, porque a gente sabe
caminhar com as nossas pernas, mas acho que o projeto deve fortalecer
cada vez mais o grupo, assim como o grupo tá tentando se fortalecer
buscando envolver outras comunidades” (Homem, presidente da
comunidade Santo Estevão, líder do GMPOA).
“O projeto não atrapalhou nada, até porque os peixes que trabalham são
peixes que a gente não usava. No caso de pesquisadores, foi dos projetos
que mais respeitaram porque vinha sempre com a gente, falava com os
membros, mas também com os presidentes de comunidade. Porque outros
vão direto com a pessoa que eles vão trabalhar e, muitas vezes, essas
pessoas não sabem repassar para a comunidade, aí fica individual e não
em grupo” (Homem, presidente da comunidade Belo Monte).
“A minha opinião é que ele tá trazendo um recurso pra gente, porque é uma
renda. Acho que se não fosse isso a gente nunca ia saber que tinha esses
peixes ornamentais, então acho que é uma coisa boa” (Homem, presidente
da localidade do Ubim, membro do GMPOA).
“Pra mim foi bom porque não conhecia peixe ornamental, só ouvia falar de
acará-disco. E com o projeto a gente teve mais conhecimento não só da
terra, mas também das coisas que tem na água e foi bom pra gente
conhecer a nossa riqueza e isso diminui o nosso trabalho na roça” (Mulher,
tesoureira da comunidade Monte Sinai, secretária do GMPOA).