127
dinheiro que seria para o Movimento Social vai para o bolso dele, e a gente não
pode deixar, porque ele já recebe muito bem pra não fazer porra nenhuma.
O que que acontecia antes? Quem ocupava e fazia toda essa relação com o governo e
com o Estado era sempre um setor, os empresários, se você pegar mesmo de 82 pra
cá, Fernando Henrique, quem é que apropriou mais? Todos, eles indicavam os
principais ministérios, ocupavam Conselhos de Fundos Públicos pra financiar
fomento das entidades deles [...]. Então esse pessoal da Brigadas que lhe falou que
quem financia paga a banda é verdade, mas aí quem é que financia? É o Estado
Brasileiro. O Estado Brasileiro deve financiar mesmo, pelo menos
proporcionalmente como financia os empresários, ele deve financiar os
trabalhadores e as suas múltiplas organizações. Não é o governo, é o Estado
Brasileiro, isso é sutileza muito grande, porque já no governo Fernando Henrique
Cardoso o MST recebia recursos públicos do governo Fernando Henrique Cardoso,
não é uma coisa que o governo Lula inventou. Que é o problema aqui agora... então,
sempre foi apropriado pelo Estado, pelos empresários, desde 1500 foi pelos
empresários. O que está acontecendo, até já no governo do Fernando Henrique
começou acontecer um pouquinho, começou... o Collor colocou o Magre que era da
Força Sindical como ministro do trabalho, começou outros setores também
gradualmente ocupar espaço, não significa que a CUT, a CUT nunca teve no
governo, institucionalmente. Assim como a FIEMG quando indica um ministro ou
um secretário não é a FIEMG que tá ali, tem uma separação, é muito difícil fazê-la,
mas formalmente, por exemplo, o Marinho era presidente da CUT, ele foi pro
Ministério do Trabalho, ele não era mais presidente da CUT, saiu, claro, deixou de
ser presidente e licenciou formalmente e foi assumir. O Paulinho, ele é deputado
federal, ele é presidente da Força Sindical, é diferente o legislativo do executivo,
mas se a CUT tiver um presidente que se eleger deputado federal ele vai licenciar! aí
vai cumprir o papel dele de parlamentar entendeu, aí o vice-presidente assume.
Então essas... não é errado que o presidente da Força Sindical se eleja deputado,
porque todos os empresários lançam deputados, porque nós trabalhadores não
podemos lançar? O MST não possa? A CUT não possa? Devemos, que são outras
arenas, outros terrenos que vão construindo brechas pra obter conquistas para os
nossos representantes, e não só para os nossos representantes, mas para a sociedade,
democratização da sociedade, políticas públicas universais, essa coisa toda. Agora,
isso que você falou que não consegue entender, antes, eu não gosto muito dessa
idéia de parceria, esse termo exatamente, todo mundo abusa desse termo, eu prefiro
o termo aliado, esse termo ele possibilita uma movimentação diferente, entendeu,
porque via de regra acontece isso que você falou mesmo, sobretudo as entidades que
não são nossas, vinculados a nós, pagou fica vassalo, totalmente, sobretudo quando é
gente despolitizada, que não tem partido político que orienta ideologicamente,
entendeu. Agora é porque a compreensão é como se fosse o governo pagando, não é
o governo, é o Estado Brasileiro, como ele financia tudo, ele financia tudo, se você
pegar as empresas aí, EMBRAER, tudo, eles pegam dinheiro fora, eles mamam na
teta do Estado Brasileiro, aí quando começam outros a receberem recursos “ah, é um
crime!” Não é um crime (Temístocles, CUT).
O trecho anterior demonstra o posicionamento do representante da CUT, que afirma
não ser apenas direito dos movimentos sociais receberem dinheiro do Estado, mas também
que se faz importante para a conquista de suas bandeiras políticas ocuparem cargos
institucionais, apoiar candidaturas para o legislativo, na busca de ampliar seus espaços no
Estado a partir da inserção nele de representantes dos movimentos sociais. Também Liliane
(ABGLT) ressalta a construção da luta política através da via institucional, sinalizando a
importância da participação dos movimentos sociais nos Conselhos, na construção do PPA e,