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RENATA DUARTE DE SOUZA
RESPOSTA INFLAMATÓRIA AGUDA, LESÃO AXONAL E
DESMIELINIZAÇÃO APÓS ISQUEMIA FOCAL EXPERIMENTAL NO
ESTRIADO DE RATOS ADULTOS
Belém-Pa
2006
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RENATA DUARTE DE SOUZA
RESPOSTA INFLAMATÓRIA AGUDA, LESÃO AXONAL E
DESMIELINIZAÇÃO APÓS ISQUEMIA FOCAL EXPERIMENTAL NO
ESTRIADO DE RATOS ADULTOS
Dissertação apresentada ao colegiado do
Curso de Pós-graduação em Neurociências
e Biologia Celular da Universidade Federal
do Pará, para obtenção do título de Mestre
em Ciências Biológicas.
Área de concentração: Neurociências
Orientador: Prof. Dr. Walace Gomes Leal
Belém-Pa
2006
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Aprovada em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof. Dr. Walace Gomes Leal
UFPA -Orientador
_______________________________________________
Prof. Antonio Pereira Jr.
UFPA
_______________________________________________
Prof. Dr. .
UFPA
________________________________________________
Prof. Dr.
UFPA
A parte experimental deste trabalho foi realizada
no Laboratório de Neuroanatomia Funcional,
Departamento de Morfologia, Centro de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Pará, sob
a orientação do Professor Dr. Walace Gomes
Leal, entre Maio de 2005 a Julho de 2006. No
período de Fevereiro a Agosto de 2006, a autora
recebeu bolsa da CAPES.
Aos meus pais, Maria Tereza e Josemar,
com muito amor e eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo de bom que acontece em minha vida.
Ao meu esposo Fábio Rodrigues, pelo amor, carinho, cumplicidade, dedicação e
compreensão, especialmente na fase final deste trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Walace Gomes Leal, pela orientação, incentivo e
conhecimentos transmitidos nesta área tão complexa, a Neurociência.
Ao Prof. Dr. Cristovam Wanderley Picanço Diniz, chefe do Laboratório de
Neuroanatomia Funcional da Universidade Federal do Pará, que permitiu a realização
dos experimentos desta dissertação em seu laboratório.
Aos meus amigos de Laboratório, Rafael Lima e Ana Maria Rabelo, pela ajuda
constante na realização da fase experimental deste trabalho e pela companhia divertida
durante todo o período do mestrado. Os bons momentos que passamos juntos ficarão
sempre na lembrança, com certeza.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia
Celular, pelos ricos conhecimentos transmitidos.
Aos colegas do Laboratório de Neuroanatomia Funcional da Universidade
Federal do Pará, pela ajuda com as tarefas laboratoriais e empréstimo de materiais para
a realização desta dissertação.
Ao Departamento de s-Graduação da PROPESP/UFPA, pelo auxílio com a
bolsa da CAPES
RESUMO
Durante doenças neurodegenerativas agudas e crônicas, uma cascata de eventos
patológicos que inclui resposta inflamatória, excitotoxicidade e, estresse oxidativo
induz perda tecidual secundária, tanto na substância cinzenta quanto na branca.
Lesão axonal e desmielinização são alterações histopatológicas importantes da
fisiopatologia destas doenças. Apesar deste fato, poucos estudos têm investigado os
padrões temporais da resposta inflamatória, lesão axonal e desmielinização, que
ocorrem após lesão isquêmica do sistema nervoso central (SNC). Nesta dissertação,
descrevemos os padrões de resposta inflamatória aguda, de lesão axonal e da
bainha de mielina, após lesão isquêmica focal induzida por microinjeções de 10
pmoles de endotelina-1, no estriado de ratos adultos. Os animais foram
perfundidos nos tempos de sobrevida 1, 3 e 7 dias após as referidas injeções.
Secções de 20 µm foram coradas pela hematoxilina e marcadas por
imunohistoquímica para neutfilos (anti-MBS-1), macrófagos/microglia ativados
(anti-ED1), lesão axonal (anti-APP) e mielina (anti-MBP). Foram realizadas
contagens dos números de neutrófilos e macrófagos nos tempos de sobrevida
especificados e as comparações entre os grupos foram feitas por análise de
variância com correção de Tukey, considerando-se como nível de variância P<
0.05. Houve recrutamento de neutrófilos e macrófagos para o parênquima estriatal
tanto para o sítio de injeção de endotelina-1 como para regiões circundjacentes. O
pico máximo de recrutamento de neutrófilos ocorreu no primeiro dia pós-lesão,
diminuindo nos tempos de sobrevida subseqüentes (P<0.05). Macrófagos ativados
foram evidenciados no estriado isquêmico a partir do primeiro dia pós-lesão, mas o
recrutamento máximo destas células inflamatórias ocorreu entre 3 e 7 dias
(P<0.05). Danos progressivos à bainha de mielina nos tratos de substância branca
foram observados principalmente nos tempos de sobrevida mais tardios. Não foi
encontrada lesão axonal em nenhum dos tempos de sobrevida avaliados. Os
padrões de resposta inflamatória aguda aqui descritos não estão de acordo com
estudos prévios, os quais relataram ausência de recrutamento de neutrófilos após a
injeção de ET-1 no estriado de ratos. Os resultados da presente dissertação
sugerem que a inflamação aguda e a desmielinização progressiva, mas não a lesão
ao cilindro axonal, são importantes componentes da lesão isquêmica estriatal
aguda.
Palavras-Chave: Isquemia focal, Neutrófilos, Macrófagos, Mielina, Lesão axonal,
Neurodegeneração.
ABSTRACT
Following acute and chronic neurodegenerative disorders, a cascade of pathological
events including inflammatory response, excitotoxicity, oxidative stress induces
secondary tissue loss in both gray and white matter. Axonal damage and demyelination
are important components of the white matter demise during these diseases. In spite of
this, few studies have addressed the patterns of inflammatory response, axonal damage
and demyelination following focal ischemic damage to the central nervous system
(CNS). In the present study, we describe the patterns of inflammatory response, axonal
damage and myelin impairment following microinjections of 10 pmoles of ET-1 into
the rat striatum. Animals were perfused at 1 day, 3 days and 7 days after injection. 20
µm sections were stained by hematoxylin and immunolabed for neutrophils (anti-MBS-
1), activated macrophages/microglia (anti-ED1), damaged axons (anti-APP) and
myelin (anti-MBP). There were recruitment of both neutrophils and macrophages to the
damaged striatal parenchyma with maximum recruitment at 1 day and 7 days,
respectively. Progressive myelin impairment in the white matter tracts has been
observed mainly at late survival times. Damaged axons were not present in all evaluated
survival times. The patterns of acute inflammatory response described are not in
agreement with a previous study, which reported absence of neutrophil recruitment
following endothelin-1 injection into the rat striatum. These results suggest that acute
inflammation and demyelination, but not damage to axonal cylinder are important
components of acute striatal ischemic damage.
Key words: Focal ischemia, Neutrophils, Macrophages, Myelin, Axonal damage
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Secção parassagital correspondente ao local de injeção
27
Figura 2- Prancha com fotomicrografias pela técnica de Hematoxilina
33
Figura 3 - Prancha com fotomicrografias pela imunohistoquímica MBS1
35
Figura 4- Médias das contagens do número de neutrófilos e macrófagos: 1, 3
e 7 dias após a injeção
36
Figura 5-Prancha com fotomicrografias pela imunohistoquímica ED1
38
Figura 6- Prancha com fotomicrografias pela imunohistoquímica -APP
40
Figura 7- Prancha com fotomicrografias pela imunohistoquímica MBP
41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
......................................................................................................
1
1.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
............................................................
1
1.1.1 Epidemiologia
.....................................................................................................
1
1.1.2 Centro Isquêmico e Penumbra Isquêmica
2
.......................................................
1.1.3 Degeneração Secundária
...................................................................................
6
1.1.4 Fatores Etiológicos e Fisiopatologia
.................................................................
7
1.1.4.1 Excitotoxicidade
...............................................................................................
7
1.1.4.2 Despolarização Periinfarto
................................................................................
9
1.1.4.3 Inflamação
........................................................................................................
10
1.1.4.4 Acidose tecidual
................................................................................................
14
1.1.4.5 Estresse Oxidativo
............................................................................................
14
1.1.4.6 Apoptose
...........................................................................................................
15
1.2 ISQUEMIA NA SUBSTÂNCIA BRANCA
..........................................................
18
1.3 ISQUEMIA FOCAL EXPERIMENTAL POR INJEÇÃO DE ENDOTELINA-
1
20
1.4 O PARADIGMA EXPERIMENTAL
.....................................................................
22
1.5 OBJETIVOS ..........................................................................................................
23
1.5.1 Objetivo Geral
....................................................................................................
23
1.4.2 Objetivos Específicos
.........................................................................................
23
2. MÉTODOS EXPERIMENTAIS
...........................................................................
24
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O MÉTODO EXPERIMENTAL
UTILIZADO
.................................................................................................................
24
2.2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1
...........
24
2.3 PERFUSÃO E ANÁLISE HISTOLÓGICA
..........................................................
28
2.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E IMUHISTOQUÍMICA 29
2.4.1 Visualização dá Área da Lesão
........................................................................
29
2.4.2 Estudos Imunohistoquímicos
............................................................................
29
2.4.2.1 Marcadores Inflamatórios
.................................................................................
29
2.4.2.2 Mielina
..............................................................................................................
30
2.4.2.3 Lesão Axonal
....................................................................................................
30
2.4.3 Análise Qualitativa
............................................................................................
30
2.4.4 Análise Quantitativa
31
..........................................................................................
2.4.5 Análise Estatística
..............................................................................................
31
3. RESULTADOS
.......................................................................................................
32
3.1 PADRÕES HISTOPATOLÓGICOS GERAIS
......................................................
32
3.2. RESPOSTA INFLAMATÓRIA APÓS LESÃO ESTRIATAL ISQUÊMICA
.....
34
3. 3. LESÃO AXONAL
................................................................................................
37
3. 4. LESÃO AXONAL
................................................................................................
39
4. DISCUSSÃO
............................................................................................................
42
4.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
...........................................................................
42
4.2 RESPOSTA INFLAMATÓRIA NO ESTRIADO APÓS INJEÇÃO FOCAL
DE ET- 1
.............................................................................................................................
43
4.3 DANOS PROGRESSIVOS À BAINHA DE MIELINA NOS TRATOS DE
SUBSTÂNCIA BRANCA DO ESTRIADO APÓS LESÃO ISQUÊMICA
...............
46
5. CONCLUSÃO
.........................................................................................................
49
6. REFERÊNCIAS
......................................................................................................
50
1. INTRODUÇÃO
1.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
1.1.1 Epidemiologia
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) integra um grupo de doenças
heterogêneas, no qual dois fatores principaiso responsáveis pela patonese: a
oclusão dos vasos sangüíneos e a hemorragia cerebral (DIRNAGL et al., 1999;
MERGENTHALER et al., 2004; CARMICHAEL, 2006; RIJNTJES, 2006). Isto
permite a classificação dos AVEs em isquêmicos e hemorrágicos (DIRNAGL et al.,
1999; LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004). No AVE isquêmico, a obstrução
dos vasos ocasiona uma redução permanente ou transiria do fluxo sangüíneo em
uma determinada região cerebral, provocando lesão tecidual (DIRNAGL et al., 1999;
LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004). Em aproximadamente 75% dos casos, a
artéria é ocluída por um êmbolo ou por uma trombose local (DIRNAGL et al., 1999;
MERGENTHALER et al., 2004).
Epidemiologicamente, o AVE constitui-se em uma das principais causas de
morte na população (TAYLOR et al., 1996; LO, 2003). No ano de 1999, cerca de 5.5
milhões de pessoas morreram em conseqüência desta alteração patológica, o que
corresponde a aproximadamente 10% de todos os óbitos provocados pelos mais
diversos fatores (TAYLOR et al., 1996; DIRNAGL et al., 1999; LO, 2003;
MERGENTHALER et al., 2004).
No Brasil, os dados epidemiológicos sobre AVE são bastante limitados.
Porém, alguns estudos relatam que a distribuição dos óbitos por doenças do aparelho
circulatório, entre as quais o AVE - vem aumentando entre adultos jovens, já a partir
dos 20 anos, assumindo o patamar de primeira causa de falecimentos na faixa dos 40
anos e predominando nas faixas etárias subseqüentes (FALCAO, 2004). Estes autores
descrevem ainda que de acordo com dados do Sistema de Informação Hospitalar do
Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), no período de um ano, do total de internações de
moradores do Recife em hospitais próprios ou conveniados ao SUS no Estado de
Pernambuco, que as doenças do aparelho circulatório ocupam o segundo lugar nas
internações hospitalares, excluídas as complicações da gravidez, parto, puerpério e os
transtornos mentais. No total das internações por DAC, 37% destas estão situadas
entre 20 a 59 anos.
Além da alta incidência, o AVE é uma das alterações patológicas que provoca
em seus sobreviventes grandes limitações funcionais e déficits neurológicos. Somente
nos Estados Unidos da América (EUA), aproximadamente quatro milhões de pessoas
convivem com suas seelas debilitantes (TAYLOR et al., 1996).
1.1.2 Centro Isquêmico e Penumbra Isquêmica
O acidente vascular isquêmico neural caracteriza-se por complexos eventos
espaciais e temporais que duram algumas horas ou muitos dias (LO, 2003;
MERGENTHALER et al., 2004; CARMICHAEL, 2006; FREGNI & PASCUAL-
LEONE, 2006; HLUSTIK & MAYER, 2006; RIJNTJES, 2006) e resulta de uma
redução permanente ou transitória do fluxo sanguíneo do encéfalo. A redução do fluxo
sanguíneo é, em muitos casos, causada pela oclusão de uma artéria cerebral, seja
através de um êmbolo ou de uma trombose local, gerando isquemia e conseqüente
lesão tecidual (DIRNAGL et al., 1999; MERGENTHALER et al., 2004). Na
isquemia cerebral, são comumente distinguidas duas regiões: o centro do infarto e
uma zona periférica, chamada de penumbra isquêmica. Associadas a estas duas
regiões, há diferentes tipos de morte celular, incluindo necrose e apoptose (DIRNAGL
et al., 1999; LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004). Uma redução significativa
do fluxo sanguíneo na área isquêmica central causa alterações nos processos
metabólicos, no suprimento energético celular e na homeostase iônica, o que gera
perda da integridade celular por necrose ou apoptose em poucos minutos (DIRNAGL
et al., 1999; MERGENTHALER et al., 2004).
O centro isquêmico sofre despolarização anóxica (pouco suprimento de
oxigênio) dentro de 1-3 minutos, com concomitante aumento na concentração
extracelular de K
+
que chega, aproximadamente, a 70 mM. Ocorre influxo excessivo
de cálcio nas células e conseente diminuição desse íon no meio extracelular dentro
de 1-2 minutos. Durante o período de reperfusão (quando o fluxo sanguíneo é
restabelecido), por exemplo, duas horas após isquemia focal temporária, a
concentração de extracelular de K
+
pode retornar aos níveis fisiológicos. Apesar deste
fato, o fenômeno patológico descrito possui manifestações morfológicas que
consistem de infarto (necrose) tecidual em todo o centro (LIPTON, 1999). A rapidez
da morte neuronal e glial no centro isquêmico faz com estas células não possam ser
salvas por meio de intervenções terapêuticas. A perda tecidual no centro isquêmico,
portanto, é permanente.
Os eventos na penumbra isquêmica são menos drásticos, mas podem levar ao
infarto caso um procedimento terapêutico não seja implementado. A penumbra
isquêmica, que é uma zona periférica dentro do território de fluxo comprometido,
sofre danos médios devido à perfusão residual de vasos sanguíneos colaterais
(DIRNAGL et al., 1999; LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004). O rompimento
da homeostase celular na região da penumbra leva a um processo mais lento de morte
neuronal e glial e, conseqüentemente, a um aumento progressivo da área de lesão.
Nesta região, a cascata de sinalização inflamatória e apoptótica, bem como outros
eventos patológicos, exercem um papel importante na gênese dos danos teciduais
(STOLL et al., 1998; DIRNAGL et al., 1999; DEL ZOPPO et al., 2000; MATTSON
et al., 2000; IADECOLA & ALEXANDER, 2001; ALLAN & ROTHWELL, 2003;
LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004; SUGAWARA et al., 2004;
JEMMERSON et al., 2005). A região de penumbra, que logo as o AVC é de
aproximadamente 50%, reduz-se com o tempo, aumentando o centro da lesão
isquêmica (MERGENTHALER et al., 2004).
lulas cerebrais que estão comprometidas pela ativação excessiva de
receptores glutamatérgicos, influxo excessivo de Ca
++
, radicais livres, lesão
mitocondrial e de DNA podem morrer por necrose ou apoptose. O tipo de morte
celular depende, em parte, da natureza e intensidade do estímulo, do tipo celular e do
estágio do seu ciclo de vida ou desenvolvimento (MARTIN et al., 1998). Necrose é o
mecanismo de morte celular predominante que ocorre após oclusão vascular aguda
permanente, enquanto que um dano mais leve provoca morte celular por apoptose, um
tipo de morte celular programada (MARTIN et al., 1998; DIRNAGL et al., 1999;
MERGENTHALER et al., 2004). Evidências experimentais sugerem que a morte
celular programada é mais freqüente na região de penumbra isquêmica (DIRNAGL et
al., 1999; GINSBERG, 1999; MERGENTHALER et al., 2004).
No centro isquêmico, os níveis de ATP caem para aproximadamente a 25%
dos valores basais e permanecem assim entre 5 minutos e 4 horas da isquemia. Na
isquemia temporária, estes níveis de ATP retornam à aproximadamente dois terços do
normal em até 4 horas. Os níveis de oxigênio retornam ao normal, mostrando que o
fluxo sanguíneo comprometido não é a base para o dano tecidual que ocorre durante a
reoxigenação (DIRNAGL et al., 1999; LOVE, 1999; CHOI, 2000; LO, 2003;
ALEXANDROVA & BOCHEV, 2005).
Na região de penumbra isquêmica, a utilização de glicose é elevada nos
estágios iniciais após o AVE, mas cai para aproximadamente a 50% do normal (igual
ao do centro isquêmico) em 3 horas e meia, o que sugere comprometimento
significativo da função celular neste período. Em algumas regiões da penumbra, a taxa
de utilização da glicose está bem reduzida durante os estágios iniciais de reperfusão, o
que é considerado uma valiosa evidência que o tecido sofrerá infarto (ZHAO et al.,
1994; LIPTON, 1999). O fluxo sanguíneo na penumbra isquêmica diminui durante o
acidente vascular, mas permanece bem mais elevado do que no centro isquêmico.
Apesar desta diferença de fluxo sanguíneo, pode ocorrer infarto da região de
penumbra isquêmica através de mecanismos secundários, que serão discutidos
posteriormente (LIPTON, 1999; ALEXANDROVA & BOCHEV, 2005;
HELDMANN et al., 2005; MARQUARDT et al., 2005; CARMICHAEL, 2006;
HILLIS, 2006; RIJNTJES, 2006).
ainda outro ponto importante a ser destacado que é a integridade da barreira
hematoencefálica (BHE), a qual depende da interação da matriz celular e é composta
de células endoteliais e astrócitos. Após insultos isquêmicos, a matriz extracelular e os
mecanismos de sinais intracelulares são danificados. Proteases, especialmente as
metaloproteinases da matriz extracelular (MMPs), possuem um papel importante
nestas alterações patológicas. MMP2 e MMP9 são induzidas 1-3 horas após isquemia
cerebral (LO, 2003). A expressão de MMPs correlaciona-se com o dano à BHE, o
risco de transformação hemorrágica e a extensão do dano neuronal (LO, 2003). A
destruição da lâmina basal por MMPs permite a migração de leucócitos e pode levar a
um edema vasogênico (LO, 2003). A inibição genética, bem como a inibão
farmacológica de MMPs, não apenas reduze o dano à BHE, mas também o volume do
infarto (LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004).
1.1.3 Degeneração Secundária
Sob a denominação degeneração neuronal secundária reúne-se um grupo de
eventos destrutivos que podem afetar células, as quais não foram ou foram apenas
marginalmente afetadas pela lesão inicial (TATOR & FEHLINGS, 1991; LYNCH &
DAWSON, 1994; YAMAURA et al., 2002). No SNC, os neurônios e seus axônios
que não foram ou que foram apenas parcialmente afetados pela lesão primária podem
degenerar tardiamente se não forem salvos através de intervenção terapêutica. Em
doenças neurodegenerativas agudas do SNC, uma lesão primária na substância
cinzenta pode alastrar-se e comprometer a substância branca, ou vice-versa, induzindo
lesão axonal e, deste modo, aumentando de forma significativa o déficit funcional
(DE_KEYSER et al., 1999; DEWAR et al., 1999; COLEMAN & PERRY, 2002;
STYS, 2005).
Os mecanismos de degeneração neuronal secundária não estão totalmente
estabelecidos, mas acredita-se que inúmeros fatores podem estar envolvidos. Destes
fatores, inflamação, neurotoxicidade mediada por glutamato, apoptose e formação de
radicais livres parecem possuir importância crucial (TATOR & FEHLINGS, 1991;
TATOR & KOYANAGI, 1997; GOMES-LEAL, 2002a; FREIRE, 2004; GOMES-
LEAL, 2005). Além desses, existem evidências na literatura que destacam também a
isquemia pós-traumática, desequilíbrios iônicos, formação de metabólitos e outros
neurotransmissores (ácido gama amino butírico – GABA, opióides, serotonina), os
quais parecem, em determinadas situações experimentais, contribuir para a morte
neuronal (TATOR & FEHLINGS, 1991; LYNCH & DAWSON, 1994; TATOR &
KOYANAGI, 1997).
Diminuição do fluxo sanguíneo com perfusão insuficiente de oxigênio
(hipóxia) para o tecido e subseqüente comprometimento metabólico são achados
comuns em casos de trauma cerebral e medular, além de AVE (LYNCH &
DAWSON, 1994; SCHWAB & BARTHOLDI, 1996; DIRNAGL et al., 1999;
MERGENTHALER et al., 2004). Estes eventos patológicos podem levar à
degeneração neuronal, estresse oxidativo, excitotoxicidade e desequilíbrio iônico
(HALL & BRAUGHLER, 1993; LOVE, 1999; PETTY & WETTSTEIN, 1999).
Tratamentos que o eficazes para diminuir a área de lesão isquêmica em animais de
experimentação também reduzem a área de lesão induzida por trauma (HIROSE &
CHAN, 1993; WEAVER et al., 1997; BORDI & UGOLINI, 1999; DEWAR et al.,
1999; PIN et al., 1999; SCHULZ et al., 1999).
1.1.4 Fatores Etiológicos e Fisiopatologia
Com relação aos eventos fisiopatológicos do AVE e de outras doenças
neurodegenerativas agudas, estes são extremamente complexos e envolvem diversos
mecanismos, os quais resultam em prejuízos ao metabolismo do tecido cerebral,
ocasionados pela oclusão vascular que interrompe o fluxo sangüíneo local (LO, 2003;
MERGENTHALER et al., 2004). Entre os principais mecanismos relacionados à
fisiopatologia do AVE podem ser citados a excitotoxicidade, a produção de radicais
livres, acidose tecidual, as despolarizações periinfarto, inflamão e apoptose
(DIRNAGL et al., 1999; LO, 2003; MERGENTHALER et al., 2004).
1.1.4.1 Excitotoxicidade
O tecido neural possui um consumo relativamente alto de oxigênio e glicose e
depende quase que exclusivamente da fosforilação oxidativa para a produção de
energia. Desta forma, a diminuição do fluxo sangüíneo restringe a chegada de
substratos, em especial de oxigênio e glicose ao cérebro (DIRNAGL et al., 1999).
Com esta redução, as reservas energéticas são perdidas e conseqüentemente ocorre
desequilíbrio iônico, liberação de neurotransmissores e inibição da recaptação destes,
especialmente do glutamato, que é o principal aminoácido excitatório do sistema
nervoso central de vertebrados (MELDRUM, 2000a; LO, 2003; MERGENTHALER
et al., 2004).
O Glutamato exerce sua ação através de três tipos principais de receptores ionótropicos pós-sinápticos nas membranas
das células: N-Metil-D-Aspartato (NMDA), Kainato e -amino-3-hidroxil-5-metil-4- ácido isoxazolpropiônico (AMPA). Além
disso, o referido aminoácido excitatório tamm se liga a receptores metabotrópicos, um tipo de receptor acoplado a um sistema
envolvendo a participação de proteínas G, o qual funciona através da liberação de segundos mensageiros, que por sua vez ativam
canais iônicos presentes na membrana (CONN & PIN, 1997).
Para ratificar a importância do glutamato na fisiologia do SNC, destaca-se que 80% da população total de neurônios
do córtex cerebral são glutamatérgicos (MELDRUM, 2000a). A liberação e a inibição da recaptação dos neurotransmissores
possui um papel primordial na excitotoxicidade, visto que acarreta o acúmulo excessivo de glutamato no meio extracelular
induzindo a ativação dos receptores glutamatérgicos citados a pouco– AMPA e Kainato- nas membranas celulares de neurônios e
glia (MELDRUM, 1994; MELDRUM, 2000b). Com a ativação dos receptores, o potencial de membrana é perdido, ocorre a
despolarização e, conseqüentemente, o influxo de Cloreto (Cl
-
), Sódio (Na
+
) e Cálcio (Ca
+
) para o meio intracelular.
Especificamente, a ativação dos canais de cálcio dependente de voltagem permite a entrada abrupta deste cátion, iniciando uma
série de eventos citoplasmáticos e nucleares fundamentais para o dano tecidual, tais como, a ativação de diversas proteases -
calpaínas, fosfolipases e endonucleases, que degradam os componentes estruturais do citoesqueleto e da matriz extracelular, tão
essenciais para a integridade celular (MELDRUM, 1994; MELDRUM, 2000b).
Apesar de seus efeitos deletérios diretos, estas enzimas quando ativadas,
podem ainda gerar espécies reativas de radicais livres, resultando em peroxidação
lipídica e danos à membrana celular. Como exemplo das referidas enzimas, podem ser
citadas a fosfolipase A
2
e a cicloxigenase (CHEN & STRICKLAND, 1997).
Além disso, o cálcio também é fundamental para a produção da enzima sintase
do óxido nítrico (NOS), responsável pela ntese de óxido nítrico, o qual reage com o
ânion supexido para formar substâncias extremamente lesivas, tais como o
peroxinitrito e as hidroxilas, que promovem danos teciduais (DIRNAGL et al., 1999) .
1.1.4.2 Despolarização Periinfarto
O centro da região isquêmica cerebral é caracterizado pelo déficit no fluxo
sangüíneo, baixos níveis de ATP, depleção das reservas energéticas, desequilíbrio
iônico e falência do metabolismo local, os quais resultam em aumento da
concentração extracelular de glutamato e possio para a região. Estes fatores
associados fazem com que a morte tecidual ocorra em poucos minutos, visto que, as
células neuronais são submetidas a despolarização anóxica e não são mais capazes de
se repolarizar (DIRNAGL et al., 1999; MERGENTHALER et al., 2004).
Entretanto, nos estágios iniciais da oclusão vascular na periferia dessa região
central, ou seja, na área denominada penumbra isquêmica, a perfusão sangüínea é
ainda mantida por meio da circulação dos vasos colaterais. Assim, a repolarização das
células neuronais pode ocorrer, porém com grande consumo energético (DIRNAGL et
al, 1999; MERGENTHALER et al, 2004) .
Durante os estágios iniciais da oclusão vascular, a região da penumbra
corresponde à cerca da metade ou um terço do volume da lesão e ainda é capaz de
metabolizar glicose. Porém com o decorrer do tempo, e por todos os fatores descritos
acima, as células neuronais desta região também morrem (principalmente por
apoptose), expandindo o processo lesivo (DIRNAGL et al, 1999; MERGENTHALER
et al, 2004; MARQUARDT et al, 2005). Este evento patológico exemplifica o
fenômeno de degeneração secundária, discutido previamente.
Nos modelos experimentais de AVE em ratos, camundongos e gatos foi
constatado que na penumbra ocorrem repetidas despolarizações, também chamadas de
despolarizações periinfarto, as quais podem ser bloqueadas através do uso de
antagonistas de receptores glutamatérgicos, tanto do tipo NMDA quanto do tipo
AMPA (ROTHMAN & OLNEY, 1986; CHOI, 2000; SCHABITZ et al., 2000;
MERGENTHALER et al., 2004). Isso demonstra que, pelo menos em animais, a
preservação do tecido neuronal da penumbra isquêmica torna-se uma necessidade,
quando o objetivo é a neuroproteção. Contudo, em humanos, o foi possível detectar
esse tipo de despolarização, nem por meio eletrofisiológico nem funcional, o que não
deixa claro o seu papel da fisiopatologia do AVE (DIRNAGL et al., 1999;
MERGENTHALER et al., 2004).
1.1.4.3 Inflamação
A inflamação é um componente essencial do mecanismo de defesa contra
infecções, tanto no SNP quanto no SNC. O encéfalo possui várias características que
fazem com que a resposta inflamatória que nele ocorre, seja diferente da que acontece
nos demais órgãos (MATYSZAK, 1998; WYSS-CORAY, 2002; ALLAN &
ROTHWELL, 2003). Existe uma barreira natural que regula o fluxo de substâncias
que entram e saem do SNC, a barreira hematoencefálica (BHE), a qual protege o
encéfalo de substâncias lesivas, limitando a entrada de moléculas grandes e células
circulantes (KABANOV & BATRAKOVA, 2004).
Esta BHE fornece ao SNC uma restrição às lulas do sistema imune, o que
torna a resposta inflamatória no tecido nervoso menos intensa que nos outros tecidos
(KABANOV & BATRAKOVA, 2004). Este fato levou o sistema nervoso a ser
considerado como um órgão de “privilégio imunológico (MATYSZAK, 1998;
WYSS-CORAY, 2002; ALLAN & ROTHWELL, 2003).
Desse modo, no SNC, o estágio inicial da inflamação, que começa poucas
horas após a isquemia, é caracterizado pela expressão de moléculas de adesão celular
no endotélio vascular, assim como pela circulação de leucócitos linfócitos,
granulócitos, monócitos/macrófagos - no sangue (VILLARREAL et al., 2001;
WAKEFIELD & KUMAR, 2001; GOMES-LEAL, 2002b). Estas moléculas de
adesão interagem com receptores de superfície nos neutrófilos, os quais, por sua vez,
aderem ao endotélio, atravessam o leito vascular e entram no parênquima cerebral. No
caso de um processo isquêmico, esses neutrófilos acumulam-se nos microvasos
sangüíneos da região da penumbra, interrompendo a circulação para a referida região,
o que agrava o processo isquêmico.
Após lesão aguda do sistema SNC, o pico de recrutamento de neutrófilos é de
24 horas, um tempo mais tardio, quando comparado a tecidos não neurais, onde o
maior recrutamento dessas células ocorre em cerca de 8-12 horas após uma lesão
primária (SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL, 2005). Em seguida a onda de
recrutamento de neutrófilos que, como mencionado, cessa após 24 horas da lesão
primária, ocorre o recrutamento de monócitos sanguíneos para o sítio da lesão
isquêmica (SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL, 2005). Estes monócitos
transformar-se-ão em macrófagos ativados no parênquima neural e tornam-se o tipo
celular predominante no período entre cinco e sete dias depois da isquemia (STOLL et
al., 1998; DIRNAGL et al., 1999; ALLAN & ROTHWELL, 2003;
MERGENTHALER et al., 2004). Dessa forma, observa-se que as interações celulares
citadas possuem papel valioso na inflamação do tecido cerebral induzida pelo AVE
(STOLL et al., 1998; DIRNAGL et al., 1999; ALLAN & ROTHWELL, 2003;
MERGENTHALER et al., 2004).
Existem também moléculas que são expressas pelas células endoteliais, poucas
horas após a isquemia, sendo as principais ICAM-1 ou VCAM-1, as quais medeiam a
interação com os leucócitos. O bloqueio desta interação com anticorpos contra ICAM-
1, CD18 e CD11b não somente reduz o acúmulo dos leucócitos, mas a área de infarto
tecidual (PELLEGATTA et al., 1996; MATUTE et al., 1997).
Os leucócitos, juntamente com os neurônios e as células da glia- astrócitos e
microglia- produzem citocinas, em particular citocinas proinflamatórias, tais como, o
fator de necrose tumoral (TNF), as interleucinas-1 e 6 (IL-1 e IL-6), as quais
exacerbam os danos provocados pela lesão isquêmica (DIRNAGL et al., 1999;
BECKER et al., 2001). Além das citocinas inflamatórias, algumas citocinas anti-
inflamatórias também são sintetizadas, entre as quais a TGF-1 e a IL-10. Estas
citocinas regulam a inflamação, diminuindo-a e, por conseguinte, exercem efeito
protetor no contexto da isquemia cerebral (MERGENTHALER et al., 2004).
Além da produção de citocinas, há também duas enzimas essenciais no estágio
da inflamação que o a sintase do óxido nítrico imunológica (iNOS) e a
ciclooxigenase tipo II (COX2). Em modelos experimentais de isquemia cerebral,
existem estudos que demonstram que a inibição da iNOS reduz o tamanho do infarto
em aproximadamente 30%, amesmo se o tratamento começar apenas 24h após a
indução da isquemia (IADECOLA & ROSS, 1997; CHANG et al., 2004; PEREZ-
ASENSIO et al., 2005). É importante destacar ainda o fato desta enzima produzir uma
grande quantidade de NO, o qual é altamente tóxico, devido a sua participação na
formação do peroxinitrito. A COX2 é mais facilmente detectada na região da
penumbra isqmica. Participa ativamente na produção de radicais livres, o que a
torna potencialmente lesiva para o local citado (NOGAWA et al., 1997; HARA et al.,
1998). Dessa forma, tanto a iNOS quanto a COX2 apresentam-se como alvos de
grande interesse terapêutico, visto que em modelos experimentais de roedores, ambas
apresentaram efeito protetor por 6-24 h após a isquemia (CHOPP & ZHANG, 1996) .
É importante destacar a participação da microglia durante a lesão isquêmica.
Estas lulas gliais possuem um papel fundamental na inflamação do SNC, uma vez
estas representam as células imunes primárias desta região (KREUTZBERG, 1996;
MINGHETTI & LEVI, 1998; STOLL et al., 1998; STREIT et al., 2004). A sua
principal atuação neste processo envolve a região da penumbra, onde são capazes de
produzir várias citocinas proinflamatórias, bem como, metabólitos tóxicos incluindo
ânion superoxido e peroxinitrito (STOLL et al., 1998; STREIT et al., 2004). Além
disso, a microglia ainda apresenta grande poder de fagocitose nos acidentes
isquêmicos (STOLL et al., 1998; STREIT et al., 2004). Além das células microgliais,
é válido destacar o papel exercido pelos astrócitos no processo inflamatório que ocorre
após AVE (ASCHNER, 1998; STOLL et al., 1998; MERGENTHALER et al.,
2004). Estas células sintetizam inúmeras citocinas pro-inflamatórias, além de fatores
neuroprotetores (ASCHNER, 1998).
Entretanto, é válido mencionar que existem evidências experimentais de o
processo inflamatório pode possuir efeito benéfico após lesão do SNC (LAZAROV-
SPIEGLER et al., 1998; RAPALINO et al., 1998; KNOLLER N, 2005;
SCHWARTZ & YOLES, 2005). Recentemente, relatou-se um ensaio clínico de fase I,
no qual o transplante autólogo de macrófagos foi bem tolerado por alguns pacientes
humanos com lesão aguda medula espinhal (KNOLLER N, 2005). Estas pessoas
apresentaram melhor prognóstico clínico que o grupo não submetido ao tratamento.
1.1.4.4 Acidose tecidual
Na fisiopatologia do AVC, a redução do suprimento de oxigênio ocasiona um
acúmulo de lactato via glicólise anaeróbica e, por conseguinte, acidose tecidual.
Assim, de acordo com a hipótese lactato-acidose, a acidose induzida pela isquemia
produz consideráveis danos aos tecidos após um evento isquêmico focal cerebral, ou
seja, ainda que as taxas de glicose estejam elevadas não redução do dano no tecido
cerebral (MERGENTHALER et al., 2004). Entretanto, permanecem obscuros os
mecanismos de como isso acontece, mas sabe-se que a acidose tecidual interfere
inclusive com a síntese intracelular de proteínas e bloqueia os receptores NMDA
(MERGENTHALER et al., 2004).
1.1.4.5 Estresse Oxidativo
Diversos estudos experimentais têm destacado o papel do estresse oxidativo na
fisiopatologia das doenças neurológicas, em especial os que utilizam modelos de
isquemia e reperfusão, como os de isquemia focal/global transitória em roedores
(LOVE, 1999; LEWEN et al., 2000; ALEXANDROVA & BOCHEV, 2005;
CHONG et al., 2005). Nesses trabalhos, o fluxo sangüíneo cerebral é reduzido pela
oclusão dos vasos, diminuindo por conseguinte, os níveis de oxigênio àquelas regiões.
Em seguida, é realizada a reperfuo, que proporciona reoxigenação aos tecidos e
fornece substratos para numerosas reações enzimáticas. Durante a reperfusão, ocorre a
formação de radicais livres, ânion superóxido, peroxinitrito, ânion hidroxila que
podem induzir lesão do tecido neural (LOVE, 1999; LEWEN et al., 2000;
NOSHITA et al., 2002; SUGAWARA et al., 2004). A utilização experimental de
enzimas anti-oxidantes, que tamponam radicais livres, possui efeito neuroprotetor
após isquemia (NOSHITA et al., 2002).
1.1.4.6 Apoptose
Também denominada morte celular programada, a apoptose tem início
algumas horas após a isquemia ou, ocasionalmente, passados alguns dias desta. Em
geral, a apoptose acontece tardiamente em relação ao evento isquêmico, na região da
penumbra, diferindo-se temporal e espacialmente das mortes neuronal e glial
instantâneas, que caracterizam o centro da lesão (DIRNAGL et al., 1999; SCHULZ et
al., 1999; SNIDER et al., 1999; ELDADAH & FADEN, 2000; ZIPFEL et al., 2000;
MERGENTHALER et al., 2004).
O tipo de morte celular predominante durante a isquemia depende do grau de
intensidade da lesão ou da natureza da via sinalizadora (DIRNAGL et al., 1999; LO,
2003; MERGENTHALER et al., 2004). A cascata bioquímica que leva à morte por
apoptose envolve uma complexa interação molecular, que culmina na ativação de um
grupo de proteases conhecidas como caspases, uma família de aspartases de cisteína
(MERGENTHALER et al., 2004), catalisadoras de destruição celular (ELDADAH &
FADEN, 2000; HENGARTNER, 2000; LO, 2003; LOSSI et al., 2005). Estas
proteases são expressas em células cerebrais adultas e jovens, particularmente nos
neurônios. São clivadas e ativadas de maneira seqüencial, através de vias intrínsecas e
extrínsecas, sendo a primeira basicamente mitocondrial e a segunda, induzida pela
ligação dos receptores FAZ e TNF (ELDADAH & FADEN, 2000;
HENGARTNER, 2000; LO, 2003; LOSSI et al., 2005).
Na via intrínseca, são característicos os níveis elevados de cálcio intracelular,
espécies reativas de oxigênio, glutamato e leo no DNA (ELDADAH & FADEN,
2000; HENGARTNER, 2000; LO, 2003; LOSSI et al., 2005). Além disso, é
fundamental citar o papel desempenhado pelas mitocôndrias no processo,
principalmente durante a liberação da enzima citocromo c, uma proteína solúvel em
água localizada na periferia da membrana desta organela e constituinte essencial da
cadeia respiratória mitocondrial (HENGARTNER, 2000). Estudos in vitro mostram
que ocorre a liberação da referida proteína da mitocôndria para o citoplasma em
condições patológicas. Por exemplo, em ratos,a citocromo c é translocada para o
compartimento citosólico após isquemia focal transiria (WATANABE et al., 1998).
Contudo, para que ocorra a liberação de citocromo c, é necessária a presença
das proteínas Bcl-2, as quais são subdivididas em funções p-apoptóticas Bid, Bax,
Bad, Bag- e anti-apoptótica Bcl-2, Bcl-x
L
. Na via intrínseca, Bad e Bax translocam-
se à membrana interna mitocondrial com a finalidade de formar poros de
permeabilidade transitória (PTP), os quais desencadeiam a liberação da proteína citada
(HENGARTNER, 2000). Adicionalmente, a citocromo c pode ainda ser liberada para
o citoplasma, caso a membrana mitocondrial seja diretamente danificada por radicais
livres (HENGARTNER, 2000).
A citocromo c interage com o homólogo CED-4, Apaf-1, trifosfato
deoxiadenosina e ATP, para formar apoptosomas (HENGARTNER, 2000). Estes
ativam a caspase 9, a qual é provavelmente o iniciador da cascata dependente de
citocromo c. Além desta, ainda estão envolvidas, respectivamente, as seguintes
caspases 2, 6, 8 e 10 (HENGARTNER, 2000). A caspase 3 ativa a DNAse,
provocando danos ao DNA, enquanto a caspase 11 é uma pró-caspase crítica para a
ativão das caspases 1 e 3 (HENGARTNER, 2000; LO, 2003).
Enfim, as caspases são responsáveis pela clivagem de mais de 30 proteínas, o
que pode provocar danos ao DNA e conseqüentemente, levar a lula à morte por
apoptose. Entre as proteínas clivadas estão a polimerase poli(ADP-ribose) PARP,
capaz de mediar reparos no DNA por meio da geração de polímeros de ADP-ribose, e
algumas proteínas do citoesqueleto (HENGARTNER, 2000; LO, 2003). A ativação
excessiva de PARP causa depleção de ATP, o que é considerado, por alguns
pesquisadores, um fator citotóxico (HENGARTNER, 2000; LO, 2003). Além disso, a
PARP também é capaz de induzir suicídio celular através de uma via independente de
caspases, através do fator indutor de apoptose (AIF). Confirmando essa idéia,
pesquisas experimentais em camundongos demonstraram que o bloqueio de PARP
diminui consideravelmente o infarto após oclusão transitória da artéria cerebral média
(ELIASSON et al., 1997; ELIASSON et al., 1999).
Em uma outra via molecular de apoptose, o ativador de caspases derivado das
mitocôndrias (Smac) é liberado por estímulos apoptóticos, liga-se à proteína inibidora
de apoptose (IAP), inativando-a e promovendo a ativação da caspase-3
(HENGARTNER, 2000; LO, 2003; SUGAWARA et al., 2004). A IAP possui efeitos
anti-apoptóticos, inibindo apoptosomas e a caspase-3 (MERGENTHALER et al.,
2004; SUGAWARA et al., 2004).
A via extrínseca de apoptose é iniciada por componentes da família de
receptores de morte celular, como por exemplo, o Fas e o TNF-α. Estes ligantes agem
em seus respectivos receptores o que leva o acoplamento à molécula adaptadora
FADD. Este evento molecular ativa a procaspase 8 (LO, 2003; MERGENTHALER et
al., 2004). Por sua vez, a caspase 8 ativa a caspase 3, a qual cliva PARP e ativa CAD,
promovendo danos ao DNA e morte celular (LO, 2003).
Por fim, é válido ressaltar que existe interação entre essas vias intrínseca e
extrínseca. Por exemplo, a caspase-8 pode estimular uma das proteínas da família Bcl-
2, a Bid e iniciar a via mitocondrial de apoptose (SUGAWARA et al., 2004).
1.2 ISQUEMIA NA SUBSTÂNCIA BRANCA
Nos estudos clássico em Neuropatologia, tem-se privilegiado os padrões de
degeneração na substância cinzenta e negligenciado-se os eventos degenerativos na
substância branca (DE_KEYSER et al., 1999; DEWAR et al., 1999; COLEMAN &
PERRY, 2002). No entanto, recentemente percebeu-se que a lesão axonal induz mais
déficits neurológicos do que a lesão do corpo celular, principalmente em doenças
neurodegenerativas agudas (AGRAWAL & FEHLINGS, 1997b; STYS, 1998;
KANELLOPOULOS et al., 2000; LI et al., 2000; IRVING et al., 2001; LI & STYS,
2001; STYS, 2004; STYS, 2005). A ineficácia dos estudos clínicos em descobrir
agentes terapêuticos para as doenças do SNC, pode ser em grande parte devida ao fato
destes agentes o serem capazes de proteger a substância branca (DE_KEYSER et
al., 1999; DEWAR et al., 1999).
Recentemente, as realizações de outros estudos estão contribuindo para o
estabelecimento dos mecanismos responsáveis pela lesão axonal, principalmente
durante trauma e isquemia (STYS, 2005). Em processos isquêmicos, o
comprometimento da mielina, dos corpos de oligodendrócitos e de axônios
correspondem a um evento histopatológico de grande importância, que deve contribuir
enormemente para os déficits funcionais (IRVING et al., 1997; YAM et al., 1997;
STYS, 1998; YAM et al., 1998; PETTY & WETTSTEIN, 1999).
Uma parcela dos acidentes isquêmicos acontece diretamente na substância
branca, ou ainda, esta região pode ser afetada tardiamente após uma lesão primária na
substância cinzenta (PANTONI et al., 1996; PETTY & WETTSTEIN, 1999;
KANELLOPOULOS et al., 2000). Os mecanismos moleculares que levam à lesão da
substância branca parecem envolver excitotoxicidade mediada por receptores do tipo
AMPA/KAINATO, reversão da atividade de ATPases transportadoras de glutamato
presentes na mielina, concomitante ao influxo de Na
+
e Ca
++
(AGRAWAL &
FEHLINGS, 1997b; AGRAWAL et al., 1998; MCDONALD et al., 1998; STYS,
1998; AGRAWAL et al., 2000; LI et al., 2000; LI & STYS, 2001; PARK et al.,
2003).
Contudo, existem poucos estudos que tenham investigado o comprometimento
da substância branca através de modelos de isquemia focal (HUGHES et al., 2003).
Um dos poucos modelos disponíveis, onde a substância branca pode ser
primariamente lesada, sem afetar a substância cinzenta é o proposto por Hughes et al.,
(2003), onde pequenas quantidades do peptídeo vasoconstritor endotelina-1 (ET-1)
são injetadas em no parênquima neural. Abaixo discutiremos este modelo.
1.3 ISQUEMIA FOCAL EXPERIMENTAL POR INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1
A família dos peptídeos conhecidos como endotelinas (ETs) é constituída por
três componentes: ET–1, ET–2; ET-3, os quais foram isolados originalmente do
sobrenadante de cultura de células endoteliais (YANAGISAWA et al., 1988a;
YANAGISAWA et al., 1988b; YANAGISAWA & MASAKI, 1989). São
reconhecidos como potentes agentes vasoconstritores e podem ser encontrados em
diversas espécies animais, inclusive nos humanos (YANAGISAWA et al., 1988b;
MASAKI & YANAGISAWA, 1992; MOTTE et al., 2005).
Os variados tipos de endotelina têm suas atividades mediadas por dois subtipos
de receptores acoplados à cascata de proteína G, que são denominados ET
A
e ET
B
(PARK & THORNHILL, 2000). O primeiro subtipo citado, ou seja, o ET
A
apresenta
maior afinidade pelas ET-1 e ET-2 do que pela ET3, estando localizado
predominantemente nas células musculares lisas das artérias piais do córtex cerebral
(MASAKI & YANAGISAWA, 1992). A finalidade deste receptor é mediar a
vasoconstrição no leito vascular. Já o subtipo ET
B
possui igual afinidade pelos três
tipos de ETs, sendo encontrado nas células endoteliais. Seu efeito é produzir
vasodilatação por meio da produção de substâncias vasodilatadoras (RUBANYI &
POLOKOFF, 1994; MOTTE et al., 2005).
Os receptores de endotelina podem ser expressos em células neurais, tais como
neurônios, microglia, células gliais, células epiteliais do plexo corióide e células
ependimais dos ventrículos cerebrais (MASAKI & YANAGISAWA, 1992;
RUBANYI & POLOKOFF, 1994).
A ET-1 é um potente vasoconstrictor de artérias cerebrais de médio e grande
calibre (YANAGISAWA et al., 1988b). Esta propriedade fez com que pesquisadores
utilizassem a injeção intracerebral de ET-1 como um modelo de isquemia focal do
SNC (FUXE et al., 1989; AGNATI et al., 1991; FUXE et al., 1992; HOM et al.,
1992; HUGHES et al., 2003). Em um experimento, Fuxe et al., (1992) realizaram
injeções estereotáxicas de 430 pMoles de ET-1 no estriado, o que causou uma redução
no fluxo sanguíneo nesta região de até 60% em uma hora e de 40% após três horas da
injeção do referido neurotóxico (Fuxe et al, 1992).
Em 2003, Hughes e colaboradores propuseram um modelo de isquemia focal
da substância branca, onde injeções estereotáxicas de quantidades bem menores de
ET-1 (10 pmoles/l) foram suficientes para induzir uma redução de até 60% (por mais
de 3h) do fluxo sanguíneo local no estriado e córtex cerebral, com concomitante dano
neural, incluindo lesão axonal, resposta inflamatória, lesão de oligodendrócitos e
desmielinização (HUGHES et al., 2003). Este modelo foi inovador, considerando-se
que é possível com o mesmo restringir a lesão isquêmica a uma pequena área, como a
substância branca cortical.
Estes achados são de suma importância, uma vez que, a extensão e a duração
da redução no fluxo sangüíneo cerebral definem o prognóstico patológico.Em
modelos experimentais de AVE, constatou-se que uma redução de 80% a 90% na
perfusão sangüínea cerebral em um espaço curto de tempo aproximadamente 30
minutos ou menos, invariavelmente resulta em falência energética e morte neuronal
(BOLANDER et al., 1989). Outras investigações mostram que reduções menos
severas na perfusão cerebral, porém por um período mais longo de tempo, como por
exemplo, acima de três horas, podem levar à morte neuronal. Ou seja, mesmo
pequenas e breves reduções no fluxo sangüíneo podem levar a morte de neurônios
(HUGHES et al., 2003).
Além dos experimentos em animais, estudos clínicos demonstraram o aumento
nos níveis sangüíneos e no fluído cerebroespinhal de ET-1 em pacientes, nas primeiras
18 horas após o AVE (LAMPL et al., 1997). Estes estudos demonstraram certa
correlação entre os níveis deste pepdeo com os déficits neurológicos ocasionados
pela leo cerebral. Dessa forma, quanto mais elevados forem os níveis de ET-1, mais
severas são as limitações e incapacidades apresentadas pelos pacientes (ZIV et al.,
1992).
1.4 O PARADIGMA EXPERIMENTAL
Como relatado anteriormente, a substância branca é altamente vulnerável à
isquemia (PANTONI et al., 1996) e demonstrou-se que a lesão de axônios,
oligodendrócitos e bainha de mielina são importantes alterações patológicas que
contribuem para os déficits funcionais decorrentes de trauma, AVE e outras doenças
neurodegenerativas agudas (YAM et al., 1997; LI et al., 1999; LI et al., 2000;
IRVING et al., 2001; STYS, 2005). Apesar disso, poucos estudos (HUGHES et al.,
2003) investigaram, em diferentes tempos de sobrevida, a evolução temporal da
resposta inflamatória, lesão axonal e desmielinizão após isquemia focal no CNS.
Na presente dissertação, descrevemos os padrões de resposta inflamatória,
lesão axonal e da bainha de mielina em diferentes tempos de sobrevida após injeções
focais de ET-1 no estriado de ratos adultos. Dessa forma, estendemos os
conhecimentos relatados por investigações prévias (HUGHES et al., 2003), através de
uma análise sistemática do comprometimento destes parâmetros histopatológicos.
1.5 OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
Descrever os padrões inflamatórios, de degeneração da bainha de mielina e
lesão axonal em diferentes tempos de sobrevida, após isquemia focal induzida por
microinjeções de ET-1 no estriado de ratos adultos.
1.4.2 Objetivos Específicos
1.4.2.1 Implementar o modelo de isquemia focal através de microinjeções de ET-1 no
estriado de ratos adultos.
1.4.2.2 Descrever a evolução da área de lesão isquêmica no modelo experimental
proposto.
1.4.2.3 Descrever qualitativa e quantitativamente os padrões de recrutamento de
neutfilos e macrófagos, em diferentes tempos de sobrevida, as lesão isquêmica
experimental.
1.4.2.4 Descrever os padrões neurodegenerativos na substância branca, com ênfase no
comprometimento da bainha de mielina e de axônios.
1.4.2.5 Estabelecer parâmetros de comprometimento histopatológico no modelo de
isquemia focal em questão, para estudos futuros que utilizem abordagens
neuroregenerativas e neuroprotetoras
2. MÉTODOS EXPERIMENTAIS
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O MÉTODO EXPERIMENTAL
UTILIZADO
Estudos prévios determinaram o modelo experimental de isquemia focal que
foi utilizado na presente dissertação (HUGHES et al., 2003). Desse modo, usou-se o
efeito vasoconstritor da ET-1 para indução de isquemia focal no estriado de ratos
adultos, através de microinjeções intracerebrais desta substância.
Este todo lesivo é um modelo experimental de AVE, no qual injeções de
pequenas quantidades do vasoconstritor citado induzem isquemia focal, porém sem o
comprometimento da barreira hematoencefálica (FUXE et al., 1989; AGNATI et al.,
1991; HUGHES et al., 2003). Este modelo experimental é considerado inovador,
comparado aos métodos mais tradicionais, os quais preconizam a obstrução
experimental de artérias cerebrais, tais como a artéria cerebral média (LIPTON, 1999).
Além disso, é bem menos trabalhoso, pois não necessita para sua implementação, da
complicada cirurgia para a obstrução das artérias cerebrais.
2.2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1
No presente estudo, foram utilizados ratos machos adultos da linhagem Wistar
(N=8 por tempo de sobrevida, incluindo 3 animais controle), os quais pesavam em
média 290 g e que foram cedidos pelo biotério da Universidade Federal do Pará
(UFPA). Estes animais foram profundamente anestesiados com injeção intraperitoneal
(i.p) de uma mistura de Vetanarcol® (cloridrato de cetamina, 72 mg/ Kg – Laboratório
Koning S.A) e Kenzol® (cloridrato de xilazina, 9 mg/ Kg Laboratório Koning S.A).
Antes dos animais serem posicionados no aparelho estereotáxico (Insight, Brasil), os
reflexos corneanos e de retirada das patas foram testados. A estereotaxia foi realizada
somente quando estes reflexos foram completamente abolidos pela anestesia.
Com o animal devidamente posicionado no aparelho estereotáxico, foi
realizada a tricotomia e a assepsia do campo cirúrgico com solução de iodo a 2%. Em
seguida, uma incisão na linha mediana foi realizada, no sentido antero-posterior, para
a exposição da calota craniana.
Para as injeções de ET-1 (Sigma, EUA) no estriado dos ratos adultos, foram
utilizadas as seguintes coordenadas esterotáxicas, tomando-se como referência o ponto
Brégma (PAXINOS, 1982): antero-posterior = 0.5, médio-lateral = 4.0, dorso-ventral
= 5.5. As o estabelecimento da área de injeção por meio da estereotaxia, uma
pequena abertura foi feita no crânio dos animais com auxílio de uma broca
odontológica (carbide PM nº6, Meisinger) até a exposição da dura-máter, a qual foi
removida do campo cirúrgico. Em seguida, uma micropipeta de vidro com ponta de
10-20 µm e graduões de 1l (Sigma, Brasil), foi posicionada no estereotáxico de
acordo com coordenadas anteriormente descritas, para a injeção intraestriatal por
pressão (Figura 1) de 10 pmoles de ET-1 diluídos em 1 l de solução salina estéril
(N= 5 animais/tempo de sobrevida). Após esta injeção, a micropipeta foi mantida
estacionária por mais 5 minutos, antes de ser retirada lentamente do parênquima
neural, a fim de evitar refluxo da substância neurotóxica. Nos animais controle,
apenas injetou-se o mesmo volume de solução salina estéril (N= 3 animais/tempo de
sobrevida). Para a identificação da área de lesão, uma pequena quantidade do corante
azul de colanil foi adicionada, tanto à solução contendo o neurotóxico como à solução
controle. Por fim, as camadas musculares foram repostas e suturadas.
Durante todo o procedimento, os animais foram aquecidos por uma manta
térmica e a temperatura deles controlada através de termômetro retal.
Após a cirurgia, os animais foram mantidos com água e comida à vontade,
durante os tempos de sobrevida de 24 horas, 72 horas (3 dias) e 168 horas (7 dias).
Todos os experimentos foram realizados de acordo com as normas sugeridas pela
Society for Neuroscience, pelo National Institutes of Health (NIH, USA) e com
anuência do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais de Experimentação da UFPA
(CEPAE/UFPA).
Figura 1. Esquema ilustrativo mostrando o sítio de injeção de endotelina-1 no estriado
de ratos adultos (pipeta). e= estriado; c = cápsula interna; g= globo pálido.
2.3 PERFUSÃO E ANÁLISE HISTOLÓGICA
Após os tempos de sobrevida especificados, os animais foram profundamente
anestesiados com injeção intraperitoneal (i.p) de uma mistura de Vetanarco
(cloridrato de cetamina,72 mg/ Kg, Laboratório Koning S.A) e Kenzol® (cloridrato de
xilazina, 9 mg/ Kg, Laboratório Koning S.A) e perfundidos através do ventrículo
esquerdo do coração com solução salina a 0,9% heparinizada, seguida por
Paraformaldeído a 4% (Sigma, EUA) diluído em tampão fosfato 0,2M (pH 7.4).
Depois deste procedimento, os encéfalos foram removidos das caixas cranianas e, s-
fixados no mesmo fixador utilizado para a perfuo, por um período de 24 horas.
Em seguida a pós-fixão, o tecido encefálico foi mantido em gradientes de
solução crioprotetora, segundo o seguinte protocolo: crioprotetora a 25% (30
minutos), a 50% (4-6 h), a 100% (24-48 h). Os cérebros crioprotegidos foram
congelados em gel de imersão para criostato (Tissue Tek) a uma temperatura de -55°C,
em criostato provido de efeito Peltier (Carl Zeiss, Microm, Alemanha). Os blocos
foram posicionados no criostato para obtenção de secções coronais e parasagitais do
encéfalo com espessura de 20 µm. Também foram coletadas algumas secções de 50
µm, para coloração de rotina e visualização da área de lesão. Todas estas secções
foram montadas diretamente em lâminas gelatinizadas e mantidas em um freezer a -
20°C, aguardando imunohistoquímica ou outra técnica de coloração.
2.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E IMUHISTOQUÍMICA
2.4.1 Visualização dá Área da Lesão
Para visualização da área de lesão, secções de 20 µm foram coradas pela
hematoxilina. A zona da injeção de ET-1 foi reconhecida pela presença do corante
azul de colanil, co-injetado com o referido neurotóxico; pelo palor tecidual (perda de
coloração na neurópila) e ainda, por perda e/ou necrose de corpos neuronais e gliais
induzidos pelo processo isquêmico.
2.4.2 Estudos Imunohistoquímicos
Com a finalidade de avaliar os padrões de resposta inflamatória, alterações na
bainha de mielina e lesão axonal no modelo experimental proposto, realizou-se uma
série de estudos imunohistoquímicos. Os anticorpos utilizados são apresentados na
tabela 1.
Tabela 1. Anticorpos, fabricantes e diluição utilizados na presente dissertação.
Anticorpo
Fabricante
Diluição
ED-1 Serotec 1:500
-
1
CNS Inflammation Group
1:2000
ß
-
APP
Zymed
1:50
MBP Chemicon international 1:500
2.4.2.1 Marcadores Inflamatórios
Para identificar a presença de macrófagos/microglia ativados, na área de lesão
e em regiões circundjacentes, foi utilizado o anticorpo ED1 (1:500, Serotec), que
reconhece um epítopo na membrana de lisossomas localizados no citoplasma de
macrófagos ativados (ROBINSON et al., 1986).
Os neutfilos foram marcados com o anticorpo policlonal MBS-1 (1:2000,
CNS Inflammation Group, Southampton University, UK), o qual reconhece epítopos
presentes na maioria da população de neutrófilos.
2.4.2.2 Mielina
Para a avaliação das alterações na bainha de mielina, utilizou-se o anticorpo monoclonal anti-
proteína básica de mielina (do inglês, MBP myelin
2001).
2.4.2.3 Lesão Axonal
Com o intuito de investigar a ocorrência de lesão axonal durante o processo de degeneração secun
que a imunocitoquímica para o -APP é um marcador sensível de lesão axonal
(GENTLEMAN et al., 1993; MCKENZIE et al., 1996), tanto experimentalmente,
como em estudos de distúrbios patológicos em seres humanos (LI et al., 1995).
2.4.3 Análise Qualitativa
Todas as secções coradas pelos diferentes métodos histológicos e imunohistoquímicos
foram inspecionadas em microscópio óptico (Nikon, Optiphot-2, Japão). Imagens com
os campos mais ilustrativos foram obtidas de secções estriatais dos cérebros dos
animais injetados com ET-1, bem como dos controles, em todos os tempos de
sobrevida avaliados. Para tanto, foi utilizada uma câmara digital acoplada a um
microscópio óptico (Stereoinvestigator, MicroBrightField, EUA). Brilho, resolução e
contraste das imagens digitalizadas foram ajustados com auxílio do programa de
computador Adobe Photoshop CS2 (versão 9.0).
2.4.4 Análise Quantitativa
Os números de neutrófilos e macrófagos/microglia ativados (3 campos/secção;
3 secções/animal) foram contados com o auxílio de uma gradícula de 1 mm
2
de área
acoplada à ocular de microscópio óptico (Nikon, Optiphot-2, Japão), utilizando-se a
objetiva de 40X. As contagens foram realizadas nas regiões estriatais com maior
densidade de células, considerando-se um campo central e 2 campos laterais separados
por 1 mm.
2.4.5 Análise Estatística
As médias e os desvios padrão das contagens foram obtidos para todos os
grupos de dados. As comparações entre os grupos foram realizadas pela análise de
variância (ANOVA) para um critério com correção a posteriore de Tukey. O vel de
significância foi de P<0.05. As dias foram plotadas em coordenadas cartesianas,
em função do tempo de sobrevida. A análise estatística descrita foi realizada
utilizando-se o software Bioestat 4.0 (AYRES, 2005). Os gráficos foram feitos
utilizando-se o Microsoft Excel (Microsoft Office 2003).
3. RESULTADOS
3.1 PADRÕES HISTOPATOLÓGICOS GERAIS
Neste estudo, a lesão do tecido neural foi induzida por meio da injão de 10
pmoles de ET-1 no estriado de ratos adultos e, visualizada em secções coronais e
parassagitais coradas pela hematoxilina (Figura 1) Nestas secções, o sítio de injão
da ET-1 foi evidenciado pela presença do corante azul de colanil, injetado juntamente
com o referido neurotóxico ou com a solução salina estéril, bem como pelos padrões
neurodegenerativos incluindo palor tecidual e perda de corpos celulares.
A injeção de ET-1 induziu edema, perda tecidual progressiva e resposta
inflamatória intensa (Figura 2C-H). Os animais controle, os quais foram injetados
apenas com solução salina estéril, não apresentaram o mesmo padrão lesivo (Figura
2A-B). A perda tecidual progressiva com características necróticas foi maior nos
tempos de sobrevida de 3-7 dias (Figura 2G). Estes resultados confirmam relatos
anteriores que sugeriram que microinjeções de ET-1 são um excelente método de
isquemia focal experimental (HUGHES et al., 2003).
Houve evidente recrutamento de células inflamatórias desde o primeiro dia
após a injeção (Figura 2C-H). Como confirmado pelos estudos imunohistoquímicos
descritos a seguir, tanto neurotrófilos como macrófagos ativados foram encontrados
na área da lesão e em regiões adjacentes (Figura 2C-H). Células da linhagem
polimorfonuclear (neutrófilos) foram encontradas em grande quantidade no
parênquima estriatal lesado no tempo de sobrevida de 1 dia (Figura 2C-D). Estas
células foram raramente encontradas no tempo de sobrevida de 3 dias (Figura 2E-F) e
desapareceram do parênquima estriatal lesado 7 dias após a injeção (Figura 2G-H).
Figura 2. Análise histopatológica em secções coronais coradas pela hematoxilina.
Animais controle injetados com solução salina estéril (A-B) ou isquêmicos injetados
com endotelina-1, 1 (C-D), 3 (E-F) e 7 dias (G-H) após a injeção. Células
inflamatórias (setas) podem ser observadas no ou próximas ao sítio de injeção. As
células inflamatórias são preferencialmente da linhagem polimorfonuclear no tempo
de sobrevida de 1 dia (C-D) e da linhagem mononuclear nos tempos de sobrevida 3-7
dias (E-H). A perda tecidual aumenta com os tempos de sobrevida mais tardios (G).
Notar o azul de colanil no sítio de injeção (A-C). Escalas: 50 µm (A,C,E,G); 20 µm
(B,D,F,H).A partir de 3 dias, células da linhagem mononuclear (macrófagos)
tornaram-se predominante no tecido lesado (Figura 2E-F). Estas células foram
raramente encontradas no tempo de sobrevida de 1 dia (Figura 2C-D) e foram
abundantes no parênquima estriatal dos animais injetados com ET-1, 7 dias após a
injeção (Figura 2G-H).
Estes padrões de recrutamento foram confirmados pelos estudos
imunocitoquímicos descritos a seguir e diferem de estudos prévios (HUGHES et al.,
2003), que relataram a ausência de recrutamento de neutrófilos após injeção de ET-1.
3.2. RESPOSTA INFLAMATÓRIA APÓS LESÃO ESTRIATAL ISQUÊMICA
Como já mencionado na descrição da histopatologia básica, no presente estudo
houve um evidente recrutamento de células inflamatórias para a área da lesão. Estes
resultados foram confirmados através da utilização de anticorpos específicos para
neutfilos (anti-MBS-1) e macrófagos (anti-ED1). Estes anticorpos foram utilizados
com sucesso em estudos anteriores para a imunomarcação de células inflamatórias
após lesão experimental aguda no SNC de ratos (GOMES-LEAL, 2005).
Neutrófilos foram encontrados no estriado lesado, no sítio de injeção de ET-1 e
em regiões adjacentes, principalmente no tempo de sobrevida de 1 dia (Figura 3C-D).
Estas células não foram encontradas, ou o foram em pequenas quantidades no mesmo
tempo de sobrevida dos animais injetados com solução salina estéril (Figura 3A-B). A
análise quantitativa revelou que a média do número de neutrófilos foi de cerca de 11
4 células/campo neste tempo de sobrevida (Figura 4). No tempo de sobrevida de 3
dias, houve uma diminuição significativa no número de neutrófilos no parênquima
estriatal (Figura 3E-F). O número médio de neutfilos por campo de contagem caiu
para aproximadamente 2 1 neste tempo de sobrevida (Figura 4).
Figura 3. Recrutamento de neutrófilos no estriado de ratos adultos injetados com
endotelina-1. Animais controle injetados com solução salina estéril (A-B) ou
isquêmicos injetados com endotelina-1, 1 (C-D), 3 (E-F) e 7 dias (G-H) após a injeção.
As setas apontam para neutrófilos marcados pelo anticorpo MBS-1. A quantidade de
neutfilos é maior no tempo de sobrevida de 1 dia (C-D). Notar o azul de colanil no
sítio de injeção (C-H). As secções foram contracoradas com hematoxilina Escalas: 50
µm (A,C,E,G); 20 µm (B,D,F,H).
Figura 4. Contagem do número de macrófagos e neutrófilos recrutados para o
parênquima estriatal de ratos adultos após lesão isquêmica. Médias das contagens do
número de neutrófilos (barras claras) e macrófagos (barras escuras) realizadas em 1, 3 e
7 dias após a injeção. O pico máximo de recrutamento de neutrófilos ocorreu no tempo
de sobrevida de 1 dia (*P<0.05), diminuindo após 3 dias (*P<0.05) e desaparecendo 7
dias após a injão (*P<0.05). O número de macrófagos no estriado aumentou
significativamente entre 3 e 7 dias, com pico máximo no tempo de sobrevida de 7 dias
(*P<0.05). As comparações foram feitas por ANOVA, com correção a posteriore de
Tukey. Barras de erro são desvios padrão.
Neutrófilos não foram encontrados, mesmo no sítio de injeção de ET-1, no tempo de
sobrevida de 7 dias (Figuras 3G-H e 4). Este decréscimo do número de neutrófilos em
função do tempo de sobrevida foi estatisticamente significativo (P<0.05, ANOVA-
Tukey). Estes dados diferem dos relatados anteriormente por Hughes et al (2003).
Neste estudo, os autores não encontraram marcação para neutrófilos, utilizando o
anticorpo MBS-1, após injeção de ET-1 no estriado de ratos adultos, em nenhum dos
tempos de sobrevida analisados (6h, 1, 3 e 7dias).
A quantidade de células ED1+ (macrófagos/microglia ativados) aumentou
progressivamente no parênquima estriatal entre 1 e 7 diass-injeção (Figuras 5C-H e
4). No estriado de animais controle injetados com solução salina estéril, houve
recrutamento de poucos macrófagos para o parênquima estriatal (Figura 5 A-B).
Poucas células ED1+ (8 2 células/campo) foram encontradas no tecido estriatal no
tempo de sobrevida de 1 dia (Figuras 4 e 5C-D). O número de células ED1+ aumentou
para 21 1 células/campo no tempo de sobrevida de 3 dias e para 35 7
células/campo 7 dias após a injeção (Figuras 4 e 5E-H). Estas diferenças foram
estatisticamente significativas (P<0.05, ANOVA-Tukey).
3. 3. LESÃO AXONAL
Para a marcação de axônios lesados, foi utilizada a imunohistoquímica para a
proteína precursora β-amilóide (β-APP, do inglês β-amyloid precursor protein), que é
uma técnica já estabelecida como um excelente marcador de lesão axonal
{GENTLEMAN, 1993). Nos tempos de sobrevida investigados, não se encontrou
marcação pela imunohistoquímica
Figura 5. Recrutamento de macrófagos revelados pela imunohistoquímica para ED1 no
estriado de ratos adultos injetados com endotelina-1. Animais controle injetados com
solução salina estéril (A-B) ou isquêmicos injetados com endotelina-1, 1 (C-D), 3 (E-F)
e 7 dias (G-H) após a injeção. As setas apontam para células ED1+. A quantidade de
células ED1+ no parênquima estriatal é maior entre 3 e 7 diass-lesão. Notar o azul de
colanil no sítio de injeção. As secções foram contracoradas com hematoxilina. Escalas:
50 µm (A,C,E,G); 20 µm (B,D,F,H). As secções foram contracoradas com
hematoxilina. Escalas: 50 µm (A,C,E,G); 20 µm (B,D,F,H).
do precursor β-amilóide (Figura 6). Estes resultados sugerem que não houve
comprometimento do cilindro axonal no presente modelo de isquemia focal. Resultado
similar foi relatado anteriormente por Hughes et al., (2003) após injeção de ET-1 no
estriado de ratos.
3.3. ALTERAÇÕES NA BAINHA DE MIELINA
Com a finalidade de averiguar alterações na bainha de mielina, foi utilizada a
imunohistoquímica para a proteína básica de mielina (MBP, do inglês myelin basic
protein). Esta imunohistoquímica foi usada com sucesso em trabalhos prévios, os
quais utilizavam modelos experimentais de doenças neurodegenerativas agudas
(IRVING, 2001; DOS SANTOS ET AL., 2006). Houve perda progressiva da
reatividade para MBP em função do tempo de sobrevida (Figura 7B,D,F), ou seja, a
perda de reatividade para MBP pôde ser observada a partir de 1 dia após a injeção de
ET-1 (Figura 7B) e acentuou-se nos tempos de sobrevida de 3 e 7 dias (Figura 7D,F).
Os animais controle não apresentaram tal alteração (Figura 7A,C,E)
Figura 6. Imunohistoquímica para o precursor beta amilóide um marcador de lesão
axonal no estriado de ratos adultos submetidos à isquemia focal. Animais controle
injetados com solução salina estéril (A-B) ou isquêmicos injetados com endotelina-1, 1
(C-D), 3 (E-F) e 7 dias (G-H) após a injeção. Não houve imunoreatividade em axônios
tanto em animais controle (A-B), como em animais isquêmicos (C-H) para todos os
tempos de sobrevida observados. As setas apontam para a substância branca sem lesão
axonal em B, F e H e para uma célula inflamatória em D. Notar o azul de colanil no
sítio de injão. As secções foram contracoradas com hematoxilina . Escalas: 50 µm
(A,C,E,G); 20 µm (B,D,F,H).
Figura 7. Desmielinização progressiva no estriado de ratos adultos injetados com
endotelina-1. Tratos de substância branca estriatais no lado contralateral (A,C,E) e no
lado ipsilateral do estriado injetado com 10 pMoles de endotelina-1, 1 (B), 3 (D) e 7
dias (F) após a injeção. Notar a perda mais intensa da reatividade para proteína básica
de mielina nos tempos de sobrevida mais tardios (D e F). Escala = 50 µm.
4. DISCUSSÃO
4.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
Na presente dissertação, realizamos microinjeções de ET-1 no estriado de ratos
adultos com a finalidade de induzir isquemia focal, para avaliarmos os padrões
temporais de resposta inflamatória, lesão axonal e desmielinização. Também
estendemos os resultados descritos previamente em outras investigações, utilizando o
mesmo modelo experimental {Hughes, 2003 #914}, através da análise sistemática dos
referidos parâmetros histopatológicos em três tempos de sobrevida: 1, 3 e 7 dias.
A maior vantagem deste modelo de isquemia é a natureza focal da lesão
produzida. A injeção de 10 pmoles de ET-1 no estriado de ratos induz uma lesão
restrita a esta região do SNC, com eventos patológicos secundários que incluem
inflamação aguda e desmielinização. A presente investigação confirmou estudos
anteriores, os quais sugeriram que microinjeções de ET-1 constituem um excelente
método de isquemia focal transitória (CLARKE et al., 1989; FUXE et al., 1989;
AGNATI et al., 1991; HUGHES et al., 2003). Injeções de pequenas quantidades
deste neurotóxico reduzem mais de 60% do fluxo sangüíneo cerebral local (HUGHES
et al., 2003).
Outra vantagem é que esta técnica necessita de menos tempo para ser
executada que os modelos clássicos, os quais utilizam a oclusão experimental de
artérias, como, por exemplo, a artéria cerebral média. Além disso, a injeção de ET-1,
através de micropipetas de vidro com diâmetro interno variando entre 10-20 µm,
permite diferenciar claramente os eventos patológicos primários e secundários, tanto
na substância cinzenta quanto na substância branca (GOMES-LEAL, 2004; GOMES-
LEAL, 2005). Além disso, fica claro a partir dos resultados apresentados, que injeções
focais de ET-1 em áreas específicas do SNC de ratos representam um modelo para
investigação de procedimentos terapêuticos, incluindo estudos de isquemia na
substância branca (HUGHES et al., 2003).
4.2 RESPOSTA INFLAMATÓRIA NO ESTRIADO APÓS INJEÇÃO FOCAL DE
ET-1
Os resultados mostraram resposta inflamatória intensa após microinjeções de
ET-1 no estriado de ratos, com recrutamento tanto de leucócitos mononucleares, como
de leucócitos polimorfonucleares. Estes achados foram observados em secções
coradas pela hematoxilina, assim como, em secções imunomarcadas por anticorpos
específicos contra células da resposta inflamatórias aguda. Estes dados claramente
diferem dos previamente relatados por Hughes et al., (2003). Estes autores não
encontraram recrutamento de neutrófilos após microinjeções de ET-1 no estriado de
ratos, em nenhum dos tempos de sobrevida avaliados. Também, no referido estudo, a
ativão de macrófagos/microglia não ocorreu até 72 horas após a injeção de ET-1,
enquanto que a ativação destas células inflamatórias, na presente dissertação, foi
observada a partir do tempo de sobrevida de 24 horas.
As razões para estes resultados discrepantes não são bem claras. Nesta
dissertação, foi utilizada a mesma concentração de ET-1 (10 pmoles/µl), bem como a
mesma linhagem de ratos Wistar, usada por Hughes e colaboradores (2003).
Entretanto, utilizamos coordenadas estereotáxicas ligeiramente diferentes. As injeções
realizadas no presente estudo são mais posteriores ao Brégma que as usadas pelos
referidos autores. Ainda assim, esta é uma explicação improvável para os resultados
discrepantes, uma vez que não há evidências científicas para esta variação regional da
resposta inflamatória no estriado de ratos submetidos a alguma condição patológica.
Existe a possibilidade de que a explicação para estes resultados discrepantes
esteja nas diferenças entre os procedimentos imunohistoquímicos utilizados e não em
mecanismos patológicos intrínsecos. Em nosso estudo, foi realizado o pré - tratamento
das secções com ácido bórico 0.2M, pH 9.0, previamente aquecido a 65
0
C por 25
minutos. Este procedimento aumenta a intensidade da marcação imunohistoquímica,
induz recuperação antigênica e foi usado com sucesso em investigações anteriores
(PICANCO-DINIZ, 2004; GOMES-LEAL, 2005).
O recrutamento de leucócitos mononucleares e polimorfonucleares têm sido
relatado por diversos estudos utilizando modelos experimentais de doenças do SNC
(BOLTON & PERRY, 1998; CARLSON et al., 1998; SCHNELL et al., 1999;
GOMES-LEAL, 2004; 2005) e após doenças neurodegenerativas agudas em seres
humanos (AKOPOV et al., 1996; HOLMIN et al., 1998). Demonstrou-se que o pico
máximo de recrutamento de neutrófilos ocorre cerca de 1 dia após lesão aguda do
cérebro (BOLTON & PERRY, 1998) e da medula espinhal (CARLSON et al., 1998;
SCHNELL et al., 1999; GOMES-LEAL, 2005). Nestes mesmos estudos, o
recrutamento máximo de macrófagos ocorre em cerca de 7 dias após a lesão primária
(BOLTON & PERRY, 1998; CARLSON et al., 1998; SCHNELL et al., 1999;
GOMES-LEAL, 2004; 2005).
Akopov et al., (1996) investigaram a dinâmica do acúmulo de leucócitos
polimorfonucleares em infartos cerebrais humanos, bem como a associação deste
evento patológico com a lesão cerebral e os subseqüentes déficits neurológicos. A
dinâmica do acúmulo das citadas células inflamatórias foi estudada de 3 a 6, 6 a 12, 12
a 24 horas e 6 a 9, 28 a 30, e 90 dias após o AVE. Paralelamente, foi realizada a
avaliação das respostas neurológicas e de volume do infarto no momento da admissão
dos pacientes, de 6 a 9 dias e de 28 a 30 dias após o AVE. O referido estudo
demonstrou acúmulo intenso de leucócitos polimorfonucleares nas regiões do infarto
cerebral. Além disso, demonstrou, através de técnicas estatísticas, uma correlação
direta do acúmulo patológico dos leucócitos polimorfonucleares com os danos
cerebrais observados e com prognóstico neurológico desfavorável.
A resposta inflamatória foi investigada após contusões cerebrais humanas
(HOLMIN et al., 1998). Logo as o trauma, a inflamão é principalmente
intravascular e dominada pelas lulas polimorfonucleares, mas as células
inflamatórias infiltram o parênquima cerebral em pacientes submetidos à cirurgia,
cerca de 3 a 5 dias s-lesão (HOLMIN et al., 1998). Estes mesmos autores
mostraram que as células inflamatórias podem produzir efeitos potencialmente
deletérios, tais como degeneração celular aguda e efeitos degenerativos de longa
duração em humanos (HOLMIN et al., 1998).
Numerosos estudos experimentais confirmaram e aumentaram os
conhecimentos iniciais existentes sobre o papel patológico das células inflamarias
em doenças neurodegenerativas agudas (BLIGHT, 1994; TAOKA et al., 1997;
TAOKA et al., 1998; POPOVICH et al., 1999). Inibidores da elastase de neutrófilos
atenuam acentuadamente os distúrbios motores nas patas traseiras de ratos submetidos
à compressão da medula espinhal (TAOKA et al., 1998). Resultados similares foram
obtidos através da depleção de leucócitos e administração do anticorpo monoclonal
anti-selectina-P (TAOKA et al., 1997). Além disso, a depleção do recrutamento de
macrófagos hematogênicos com de sílica (BLIGHT, 1994) ou lipossomas
encapsulados de clodronato (POPOVICH et al., 1999) induz melhor recuperação
motora em ratos submetidos à lesão aguda da medula espinhal.
Os resultados descritos acima fornecem suporte aos achados da presente
dissertação, os quais referem que os tipos citados de leucócitos são recrutados para o
estriado isquêmico e que estas células inflamatórias podem exercer um papel
determinante na etiologia da perda tecidual progressiva encontrada após microinjeções
de ET-1. Esta hipótese pode ser testada em estudos futuros, que utilizem
procedimentos para inibir o recrutamento e a ativação de células inflamatórias. Nessas
investigações futuras, os resultados devem ser interpretados com precaução,
considerando-se os efeitos benéficos da resposta inflamatória, o que tem sido
reportado por inúmeras investigações (LAZAROV-SPIEGLER et al., 1996;
RAPALINO et al., 1998). Recentemente, relatou-se em um estudo de fase I que o
transplante autólogo de macrófagos foi bem tolerado em pacientes com lesão aguda da
medula espinhal (KNOLLER, 2005). Entre os oito pacientes estudados, três obtiveram
significante recuperação de suas funções motoras e sensoriais após o tratamento
(KNOLLER, 2005).
4.3 DANOS PROGRESSIVOS À BAINHA DE MIELINA NOS TRATOS DE
SUBSTÂNCIA BRANCA DO ESTRIADO APÓS LESÃO ISQUÊMICA
Houve uma perda contínua de reatividade para MBP nos tratos de substância
branca, após injeção focal de ET-1 no estriado de ratos adultos. Estudos anteriores
haviam descrito danos à bainha de mielina, 1 dia após microinjeções de ET-1 na
referida região cerebral (HUGHES et al., 2003). Neste mesmo estudo citado, não
foram descritos danos à mielina nos tempos de sobrevida mais tardios. Apesar disso,
em outro estudo foi detectada uma evidente redução dos níveis de MBP no estriado
isquêmico, mesmo duas semanas após oclusão da artéria cerebral média (IRVING et
al., 2001). Estes resultados apóiam os achados da presente dissertação de que ocorre
comprometimento da bainha de mielina em tempos de sobrevida tardios.
Embora na presente dissertação não se tenha investigado os padrões de
degeneração de oligodendrócitos, há diversas evidências na literatura de que estas
células gliais são lesadas após isquemia, tanto no estriado como no córtex cerebral de
ratos (IRVING et al., 1997; IRVING et al., 2001; HUGHES et al., 2003). Resultados
similares foram descritos as injeções de agonistas glutamatérgicos nestas regiões do
SNC (IRVING et al., 1996a; FOWLER et al., 2003). Estes achados histopatológicos
também foram relatados após AVE e traumatismo craniano em humanos (IRVING et
al., 1996b).
Desta forma, os resultados da presente dissertação, bem como os relatados por
outros autores, sugerem que lesão à bainha de mielina e aos oligodendrócitos é um
componente importante da fisiopatologia do AVE e de outras desordens neurais
agudas. Os mecanismos responsáveis pelas alterações patológicas na substância
branca ainda estão sendo investigados, mas parecem envolver excitotoxicidade
glutamatérgica através da ativação excessiva de receptores do tipo não-NMDA,
localizados principalmente em astrócitos, nos corpos de oligodendrócitos e na bainha
de mielina (LI et al., 1999; LI et al., 2000; LI & STYS, 2001; STYS, 2004). A
reversão patológica de bombas metabólicas transportadoras de glutamato,
ocasionando liberação excessiva deste aminoácido excitatório a partir do axônio para
o meio extracelular, com subseqüente excitotoxicidade através de influxo excessivo de
Na
+
e Ca
++
parece ser um evento crucial durante degeneração da substância branca (LI
et al., 1999; LI & STYS, 2001; STYS, 2005).
Futuramente, outros estudos poderão investigar possíveis abordagens
terapêuticas para a proteção de oligodendrócitos e bainha de mielina durante lesões
isquêmicas. Os parâmetros histopatológicos estabelecidos neste e em estudos
anteriores (IRVING et al., 2001; FOWLER et al., 2003; HUGHES et al., 2003)
podem ser usados como base para comparações com os mesmos parâmetros em
animais submetidos a procedimentos neuroprotetores ou neuroregenerativos.
Evidências experimentais sugerem que antagonistas de canais de dio (AGRAWAL
& FEHLINGS, 1997b) e de AMPA/Kainato (AGRAWAL & FEHLINGS, 1997a; LI
et al., 1999; LI & STYS, 2000; MCCRACKEN et al., 2002) protegem a substância
branca, após lesão traumática e isquêmica em modelos in vitro e in vivo.
Novos procedimentos terapêuticos experimentais, como por exemplo, terapia
com células-tronco (MAHMOOD et al., 2006; SHEN et al., 2006a; SHEN et al.,
2006b) e amplificação da neurogênese endógena (ARVIDSSON et al., 2002;
KOKAIA et al., 2006; THORED et al., 2006) poderão ser testados, utilizando o
modelo de isquemia focal por injeção de ET-1.
4.4 AUSÊNCIA DE LESÃO AXONAL APÓS MICROINJEÇÕES DE ET-1 NO
ESTRIADO DE RATOS ADULTOS
Na presente dissertação, não foi verificada lesão axonal após microinjeções de
ET-1 no estriado de ratos. Este achado experimental é similar ao previamente relatado
Hughes et al., (2003), utilizando um paradigma experimental semelhante. Isto é
surpreendente, visto que microinjeções da mesma quantidade de ET-1o capazes de
induzir lesão axonal na substância branca do córtex cerebral de ratos (HUGHES et al.,
2003). Além disso, a ocluo transitória da artéria cerebral média de ratos induz lesão
axonal no córtex e no estriado desses animais, a partir de 1 dia pós-lesão (IRVING et
al., 2001). Esses resultados sugerem que diferentes tratos de substância branca podem
ser mais ou menos vulneráveis ao dano isquêmico, dependendo do modelo
experimental empregado.
Por outro lado, lesões da bainha de mielina e alterações patológicas em
oligodendrócitos na ausência de danos ao cilindro axonal, o achados que estão de
acordo com numerosos estudos prévios, os quais sugerem que astrócitos,
oligodendrócitos e a bainha de mielina são bastante vulneráveis a excitotoxicidade
após trauma e isquemia, devido apresentarem um grande número de receptores
AMPA/Kainato (AGRAWAL & FEHLINGS, 1997b; YAM et al., 1998;
ROSENBERG et al., 1999; LI & STYS, 2000). Estes receptores não estão presentes
no cilindro axonal ou o estão em pequenas quantidades, o que explicaria sua menor
vulnerabilidade (STYS, 2005).
5. CONCLUSÃO
Na presente dissertação, verificamos os padrões de resposta inflamatória, lesão
axonal e desmielinização após lesão focal isquêmica induzida por microinjeções de
endotelina-1 no estriado de ratos. Os resultados mostraram recrutamento de células
inflamatórias, tanto de leucócitos mononucleares quanto polimorfonucleares, bem
como danos à bainha de mielina mesmo na ausência de lesão axonal, principalmente
nos tempos de sobrevida mais tardios. Estes resultados aumentam os conhecimentos
previamente relatados em outros estudos, que utilizaram o modelo experimental de
isquemia focal por injeção de ET-1 e sugerem que a bainha de mielina é mais
vulnerável à isquemia que o cilindro axonal. Estudos futuros devem investigar, com
base nos parâmetros histopatológicos descritos nesta e em outras investigações, os
efeitos de novos métodos terapêuticos experimentais, incluindo amplificação da
neurogênese endógena e a terapia com células tronco.
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