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VIVIAN CUNHA GALLETTA KERN
Leucoplasia oral:
tratamento cirúrgico com laser de CO
2
e de diodo
e análise por imuno-histoquímica da expressão de proteínas
relacionadas à carcinogênese (p53, COX-2 e EGFR)
São Paulo
2010
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VIVIAN CUNHA GALLETTA KERN
Leucoplasia oral:
tratamento cirúrgico com laser de CO
2
e de diodo
e análise por imuno-histoquímica da expressão de proteínas
relacionadas à carcinogênese (p53, COX-2 e EGFR)
Tese apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Doutor
em Odontologia
Área de Concentração: Diagnóstico Bucal
Orientador: Prof. Dr. Dante Antonio
Migliari
São Paulo
2010
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou
eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação da Publicação
Serviço de Documentação Odontológica
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
Kern, Vivian Cunha Galletta
Leucoplasia oral: tratamento cirúrgico com laser de CO
2
e de diodo
e análise por imuno-histoquímica da expressão de proteínas
relacionadas à carcinogênese (p53, COX-2 e EGFR) / Vivian Cunha
Galletta Kern; orientador Dante Antonio Migliari. -- São Paulo, 2010.
89p. : fig., tab.; 30 cm.
Tese (Doutorado) -- Programa de Pós-Graduação em Odontologia.
Área de Concentração: Diagnóstico Bucal -- Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo.
1. Leucoplasia bucal – Tratamento cirúrgico – Lasers. 2.
Carcinogênese bucal. 3. Marcadores biológicos de tumor. I. Migliari,
Dante Antonio. II. Título.
CDD 617.63
BLACK D65
FOLHA DE APROVAÇÃO
Kern VCG. Leucoplasia oral: tratamento cirúrgico com laser de CO
2
e de diodo e
análise por imuno-histoquímica da expressão de proteínas relacionadas à
carcinogênese (p53, COX-2 e EGFR). Tese apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em
Odontologia.
Aprovado em: / /
Banca Examinadora
Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________
Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________
Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________
Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________
Prof(a). Dr(a)._____________________Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________
Aos meus pais, Silvia e Paulo Galletta, pelo exemplo de dedicação ao
estudo e ao trabalho, e pelo permantente estímulo e apoio às minhas atividades
acadêmicas.
Aos meus avôs Liete e José Meinberg, Leonor e Domingos Galletta, por
terem sido ao longo de suas vidas pessoas verdadeiramente altruístas, modelos que
tento seguir.
A meu marido, Jorge Kern, pelo amor, compreensão, paciência e o apoio
durante este período em que muitas vezes preteri nossa vida particular para poder
concluir este trabalho.
Ao meu irmão Gilberto Galletta e à Inês Dias, por compartilharem este e
outros momentos importantes de minha formação pessoal e profissional.
Aos meus pacientes, pelo carinho e por permitirem o meu aprendizado,
científico e humano.
AGRADECIMENTOS
Aos colegas da disciplina de Estomatologia Clínica, em especial, Alessandra
Rodrigues de Camargo, Ana Cláudia Luiz, Ana Paula Candido dos Santos, Ângela
Miura, Anna Torrezani, Bianca Freo, Camila de Barros Gallo, Carina Domaneschi,
Erica Fernanda Patrício da Silva, Gabriela Artico, Ingrid Schneider, Silvio Hirota,
Vivian Pellegrini, pela amizade e pelo companheirismo durante os anos que
trabalhamos juntos.
Aos professores da disciplina de Estomatologia Clínica, Andréa Lusvarghi
Witzel, Celso Augusto Lemos Jr., Fábio Abreu Alves, Fernando Xavier Silveira, Ester
Goldenberg Birman e Norberto Nobuo Sugaya, por compartilhar conhecimento, e
contribuir para meu desenvolvimento como clínica e aspirante a pesquisadora.
Às funcionárias do departamento de Estomatologia, em especial, à Cecília
Muniz, Cida Andrade, Iracema Mascarenhas, Néia dos Santos e Zilda, pela
convivência e pelo trabalho dedicado à pós-graduação.
Aos colegas da disciplina de Patologia Bucal, em especial a Alexandra Fontes
da Costa, Brunno Santos de Freitas Silva e Renata Acay, pela orientação e apoio
durante as atividades laboratoriais e à Flávia Capela contribuição expressiva na
análise das reações deste trabalho.
Às técnicas do laboratório de Patologia Bucal, Elisa Santos e Beatriz (Bia)
Costa, por me acompanharem pacientemente durante a realização dos
procedimentos laboratoriais necessários para o desenvolvimento deste estudo,
desde a silanização das lâminas, inclusão dos blocos, corte dos espécimes até as
reações de imuno-histoquímica.
Aos professores da disciplina de Patologia Oral, em especial, a Prof.ª Suzana
Castanhede Orsini Machado de Sousa por permitir a realização da investigação
laboratorial deste trabalho.
Às colegas de pós-graduação, Tatiana Toporcov e Kazue Kanegani, pela
realização dos testes estatísticos e pela contribuição na interpretação dos resultados
do trabalho.
Às funcionárias do Laboratório Especial de Lasers em Odontologia (LELO),
Liliane Souza e Eugênia (Gê) Pereira Brandão, pela dedicação com a qual
contribuíram para o desenvolvimento de nosso trabalho no LELO.
Às professoras da disciplina de Dentística, Ana Cecília Aranha e Patrícia
Freitas, por me receberem no LELO 6 anos, e pela colaboração com o
desenvolvimento do protocolo de lasers em Estomatologia.
Ao professor Carlos de Paula Eduardo por ter me concedido a oportunidade
de fazer parte da equipe do LELO, uma experiência essencial em minha formação
profissional, e por estar disponível a investir em novas idéias e conceitos,
contribuindo para a renovação da prática na clínica odontológica.
À professora da disciplina de Cirurgia Maria Cristina Zindel Delboni, por abrir
as portas da clínica de pós-graduação, possibilitando a coleta de material dos
pacientes atendidos naquele ambulatório, e pela conduta ética com a qual me
recebeu.
À professora da disciplina de Patologia Geral, Luciana Corrêa, pela
cooperação neste e em outros trabalhos, por meio de um diálogo aberto, elucidativo,
contribuindo com meu crescimento acadêmico.
À professora do Mestrado Profissionalizante de Lasers em Odontologia e
amiga Luciane Hiramatsu Azevedo, minha eterna gratidão pela convivência clínica e
científica, pelo incentivo permanente com o qual me estimulou a buscar
aperfeiçoamento profissional e pessoal.
Ao professor Fábio Daumas Nunes, por concordar com a realização deste
trabalho em cooperação com a disciplina de Patologia Bucal e por ter
acompanhando de perto minhas atividades clínicas, participando ativamente do
trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dante Antonio Migliari, pela dedicação à minha
orientação na prática clínica e na redação de artigos científicos, desde meu ingresso
como estagiária na disciplina de Estomatologia Clínica até a conclusão deste
trabalho e por haver transmitido os valores éticos de conduta clínica e acadêmica
que tento seguir em minha vida profissional.
Any intelligent fool can make things bigger, more complex, and more violent.
It takes a touch of genius -- and a lot of courage -- to move in the opposite direction
Albert Einstein
Kern VCG. Leucoplasia oral: tratamento cirúrgico com laser de CO
2
e de diodo e
análise por imuno-histoquímica da expressão de proteínas relacionadas à
carcinogênese (p53, COX-2 e EGFR). [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo,
Faculdade de Odontologia; 2010.
RESUMO
Leucoplasia oral (LO) é uma lesão potencialmente maligna, definida como uma placa
branca que não pode ser caracterizada como outra doença da mucosa oral. Dentro
de certo consenso, as LOs devem ser tratadas, mas nenhum tratamento disponível
tem a capacidade de prevenir a transformação maligna. Este trabalho teve como
objetivo avaliar a eficácia do tratamento cirúrgico das LOs por lasers de CO
2
e diodo
e verificar a ocorrência de desfechos clínicos de recidivas, desenvolvimento de
novas lesões ou transformação maligna após o tratamento. Adicionalmente foi
realizado estudo imunohistoquímico em material biopsiado das lesões e em tecido
normal gengival (grupo controle). Fatores reconhecidamente de risco como hábitos
nocivos (álcool e tabagismo), características clínicas das lesões, grau de displasia,
bem como a expressão dos anticorpos investigados, foram analisados e
relacionados com a ocorrência de desfechos clínicos em 40 pacientes atendidos no
ambulatório de Estomatologia Clínica. Os cortes histológicos das lesões foram
classificados de acordo com o grau de displasia e com um sistema binário, e
subsequentemente foram testados para os anticorpos anti-p53, anti-COX-2 e anti-
EGFR através de reação imuno-histoquímica. Análise de Kaplan-Meier, seguida do
teste de log-rank e análise de regressão de Cox avaliaram a ocorrência de
recorrência, desenvolvimento de novas lesões e transformação maligna e possíveis
fatores relacionados com esses desfechos clínicos. Teste de odds ratio e de x
2
avaliaram a expressão dos anticorpos investigados em LOs e grupo controle.
Pacientes com LO apresentaram idade média de 60,5 anos e a relação
homem/mulher foi de 1,35:1. Hábitos de tabagismo e etilismo foram prevalentes em
homens. A maior parte das lesões era < 2 cm (57,1%), tinha aspecto homogêneo
(67,3%) e displasia epitelial (61,2%); apenas 7 lesões eram de “alto risco” (sistema
binário). Desfechos clínicos de recorrência, desenvolvimento de novas lesões ou
transformação maligna foram observados em 37,5% dos pacientes; 2 pacientes
desenvolveram malignidade em sítios distintos da LO inicial. Análise estatística
mostrou associação entre desfecho de recorrência e lesões de alto risco, e entre
desfecho de desenvolvimento de novas lesões e mulheres acima de 60 anos. Os
anticorpos p53 e COX-2 foram mais expressos em LOs que no grupo controle, mas
a expressão de nenhum anticorpo foi relacionada com os desfechos clínicos
avaliados. O tratamento por lasers de alta potência (CO
2
e diodo) mostrou-se
eficiente na remoção das lesões, embora não tenha evitado desfechos clínicos de
recorrência, desenvolvimento de novas lesões e transformação maligna. Lesões de
alto risco e mulheres acima de 60 anos constituíram fatores de risco aos desfechos
clínicos, enquanto os anticorpos analisados o foram eficientes para prognosticar a
evolução das LOs.
Palavras-Chave: Leucoplasia bucal. Marcadores biológicos. Ciclooxigenase 2.
Receptor do fator de crescimento epidérmico. Proteína supressora de tumor p53.
Análise de sobrevida.
Kern VCG. Oral leukoplakia: surgical treatment with CO
2
and diode lasers and
analysis of the expression of proteins related to carcinogenesis (p53, COX-2 e
EGFR) by immunohistochemistry [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo,
Faculdade de Odontologia; 2010.
ABSTRACT
Oral leukoplakia (OL) is a potentially malignant lesion, defined as a white patch that
cannot be characterized as any other disease of the oral mucosa. In general, OL
should be treated; however no treatment available has been able to prevent
malignant transformation. The aim of this study was to evaluate the efficacy of
surgical treatment with CO
2
and diode lasers in 40 patients with OL and the
occurrence of clinical outcomes of recurrence, development of new lesions or
malignant transformation, after treatment. Additionally, an immunohistochemistry
study was performed in OL biopsy-specimen and in gingival normal tissue (control
group). Recognized risk factors such as habits (alcohol and tobacco), clinical
characteristics of lesions, grade of dysplasia, as well as the expression of
immunohistochemistry reaction were analyzed. Histological slides of lesions were
classified according to the grade of dysplasia and a binary system, and subsequently
tested for the anti-p53, anti-COX-2 and anti-EGFR antibodies by
immunohistochemistry assay. Kaplan-Meier analysis along with log-rank test and Cox
regression analysis were used to assess the occurrence of clinical outcomes and the
association with risk factors. Odds ratio and x
2
tests evaluated the expression of the
investigated antibodies in OLs and in the control group. Patients with OL had a mean
age of 60.5 years and the men/women ratio was of 1.35:1. Smoking and alcohol
habits were more prevalent among men than in women. Lesions were clinically
characterized as measuring less than 2 cm (57.1%), with a homogenous aspect
(67.3%) and histologically with epithelial dysplasia (61.2%); only 7 lesions were
classified as of high-risk (binary system). Clinical outcomes (recurrence, development
of new lesions and malignant transformation) were observed in 37.5% patients; 2
patients developed malignancy in areas distant from the initial OL site. Statistical
analysis showed association between recurrence and high-risk lesions, and between
development of new lesions and women over 60 years old. Anti-P53 and anti-COX-2
antibodies were more expressed among OL than in the control group, but no
antibody expression was related to the clinical outcomes analyzed. Surgical
treatment with high-power lasers (CO
2
and diode) showed to be efficient in the
removal of OL lesions, but it did not avoid clinical outcomes of recurrence,
development of new lesions and malignant transformation. High-risk lesions and
women over 60 years old constituted risk factors for the clinical outcomes, while the
analized antibodies were not usefull markers to characterize OL lesions with higher
risk of malignancy.
Keywords: Oral leukoplakia. Biological markers. Ciclooxygenase 2. Epidermal growth
factor receptor. Tumor suppressor protein p53. Survival analysis.
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1 - Curva de Kaplan-Meier para os desfechos em conjunto (recorrência,
nova lesão ou transformação maligna) .................................................50
Figura 5.2 - Curva de Kaplan-Meier para o desfecho de recorrência........................50
Figura 5.3 - Curva de Kaplan-Meier para o desfecho de novas lesões.....................51
Figura 5.4 - Curva de Kaplan-Meier dos grupos de pacientes apresentando lesões
iniciais de alto ou baixo risco, para os desfechos em conjunto
(recorrência, desenvolvimento de novas lesões ou transformação
maligna) (A) e para o desfecho de recorrência isoladamente (B) .........52
Figura 5.5 - Curva de Kaplan-Meier dos grupos de pacientes para o desfecho de
desenvolvimento de novas lesões de acordo com o gênero (A) e a idade
(B) .........................................................................................................53
Figura 5.6 - Padrão de marcação do anticorpo anti-p53 nas LOs (A) e no grupo
controle (B) (aumento de 100 x) ...........................................................57
Figura 5.7 - Padrão de marcação do anticorpo anti-COX-2 nas LOs (A) e no grupo
controle (B) (aumento de 100 x); em detalhe pode-se observar
marcação citoplasmática de células epiteliais na camada basal,
parabasal e espinhosa (aumento de 400 x) ..........................................57
Figura 5.8 - Padrão de marcação do anticorpo anti-EGFR S (A) e anti-EGFR SM (B)
no grupo controle (aumento de 100 x); nota-se a expressão dos dois
clones nos mesmos estratos do epitélio (camada basal) ......................58
Figura 5.9 - Padrão de marcação do anticorpo anti-EGFR S e anti-EGFR SM no
grupo de LOs (aumento de 100 x); nota-se a expressão do anti-EGFR S
restrito à camada basal (A), enquanto a expressão do anti-EGFR SM se
estende até camada espinhosa (B) ......................................................58
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Critérios citológicos e arquiteturais utilizados para a classificação
binária ..................................................................................................39
Tabela 4.2 - Fatores considerados para análise estatística .....................................43
Tabela 5.1 - Idade e hábitos de risco (fumo e álcool) de acordo com o gênero de
pacientes com LO, atendidos na Clínica de Estomatologia de 2003 a
2009.....................................................................................................45
Tabela 5.2 - Características clínicas (tipo e tamanho) de acordo com a localização
das LO (n=49)......................................................................................46
Tabela 5.3 - Detalhamento de características clínicas e histológicas de pacientes
com LO que tiveram desfechos de recorrência, desenvolvimento de
novas lesões ou transformação maligna..............................................49
Tabela 5.4 - Análise de regressão univariada de Cox para desfechos clínicos em
conjunto (recorrência, desenvolvimento de novas lesões e
transformação maligna)........................................................................54
Tabela 5.5 - Análise de regressão multivariada de Cox para desfechos clínicos em
conjunto (recorrência, desenvolvimento de novas lesões e
transformação maligna)........................................................................54
Tabela 5.6 - Análise de regressão univariada de Cox para o desfecho clínico de
recorrência ...........................................................................................55
Tabela 5.7 - Análise de regressão univariada de Cox para o desfecho clínico de
desenvolvimento de novas lesões .......................................................56
Tabela 5.8 - Análise de regressão multivariada de Cox para o desfecho clínico de
desenvolvimento de novas lesões .......................................................56
Tabela 5.9 - Distribuição da marcação dos anticorpos nos grupos de pacientes com
LO e grupo controle..............................................................................60
Tabela 5.10 - Distribuição da marcação dos anticorpos nos grupos de pacientes de
LO com desfecho clínico e sem desfecho clínico.................................60
Tabela 5.11 - Distribuição da marcação dos anticorpos de acordo com a classificação
binária ..................................................................................................61
Tabela 5.12 - Distribuição da marcação dos anticorpos de acordo com a classificação
da displasia (OMS, 2005).....................................................................61
Tabela 5.13 - Distribuição da marcação das proteínas EGRF S e EGFR SM entre as
lesões leucoplásicas ............................................................................62
Tabela 5.14 - Distribuição da marcação das proteínas EGRF S e EGFR SM entre
espécimes do grupo controle ...............................................................62
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
AgNOR silver-stainable nucleolar organizer region (região organizadora
nucleolar corada por prata)
COX-2 ciclo-oxigenase 2
EGFR epidermal growth factor receptor (receptor do fator de crescimento
epidérmico)
HPV human papilloma virus (papiloma vírus humano)
IC intervalo de confiança
LO leucoplasia oral
Mm milímetro
Ml mililitro
nm nanômetro
OMS Organização Mundial da Saúde
PAS periodic acid shiff
PG prostraglandina
p53 proteína supressora de tumor p53
S tipo selvagem
SIL squamous intraepithelial lesions (lesões escamosas intra-epiteliais)
SIN squamous intraepithelial neoplasia (neoplasia escamosa intra-epitelial)
SM tipo selvagem e mutante
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................17
2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................21
2.1 LEUCOPLASIA ORAL: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SUA
ETIOLOGIA ................................................................................................21
2.2 FATORES ASSOCIADOS À TRANSFORMAÇÃO MALIGNA DAS
LEUCOPLASIAS ORAIS ............................................................................24
2.3 PROCEDIMENTO DE BIÓPSIA E AZUL DE TOLUIDINA..........................27
2.4 TRATAMENTO DA LEUCOPLASIA ORAL.................................................27
2.4.1 Modalidades terapêuticas........................................................................27
2.4.2 Tratamento cirúrgico com lasers de CO
2
e de diodo.............................28
2.5 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA LEUCOPLASIA ORAL E USO DE
MARCADORES MOLECULARES..............................................................30
2.5.1 Grau de displasia e classificação binária...............................................30
2.5.2 Marcadores moleculares p53, COX-2 e EGFR........................................31
2.5.3 Justificativa deste estudo........................................................................34
3 PROPOSIÇÃO ...........................................................................................36
4 CASUÍSTICA - MATERIAL E MÉTODOS..................................................37
4.1 CASUÍSTICA..............................................................................................37
4.2 MÉTODO....................................................................................................37
4.2.1 Critérios de diagnóstico da LO................................................................37
4.2.2 Anamnese, exame clínico e procedimento de biópsia..........................38
4.2.3 Alise histopatológica, grau de displasia e classificação binária .....38
4.2.4 Expressão de marcadores imuno-histoquímicos..................................39
4.2.4.1 Reações de imuno-histoquímica.................................................................39
4.2.4.2 Análise da expressão dos anticorpos.........................................................41
4.2.5 Tratamento cirúrgico com laser de alta potência..................................42
4.2.6 Desfechos clínicos pós-tratamento cirúrgico dos pacientes...............42
4.2.7 Alise estatística ....................................................................................43
4.2.7.1 Curva de Kaplan-Meier, log-rank e análise de regressão de Cox para
análise de desfechos clínicos .....................................................................43
4.2.7.2 Odds ratio e x
2
para análise da expressão dos marcadores imuno-
histoquímicos..............................................................................................44
5 RESULTADOS...........................................................................................45
5.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E HÁBITOS................................45
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LOS................................................46
5.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO COM LASER DE ALTA POTÊNCIA ............46
5.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA .................................................................47
5.5 DESFECHOS CLÍNICOS OBSERVADOS (RECORRÊNCIAS,
DESENVOLVIMENTO DE NOVAS LESÕES E TRANSFORMAÇÃO
MALIGNA)... ...............................................................................................48
5.5.1 Curva de Kaplan-Meier (análise de sobrevida), log-rank e análise de
regressão de Cox......................................................................................48
5.6 EXPRESSÃO DOS ANTICORPOS ANTI-P53, ANTI-COX-2, ANTI-EGFR S
E ANTI-EGFR SM.......................................................................................56
5.6.1 Alise da expressão dos anticorpos ....................................................59
6 DISCUSSÃO ..............................................................................................63
7 CONCLUSÕES ..........................................................................................70
REFERÊNCIAS.........................................................................................................71
ANEXOS...................................................................................................................81
17
1 INTRODUÇÃO
Leucoplasia é uma lesão com potencial de malignização, caracterizada por
placas ou manchas brancas, que pode ocorrer na mucosa oral, faringe e laringe
(Slaughter et al., 1953; Axéll et al., 1996). Em reunião coordenada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) em Londres, Reino Unido, em Maio de 2005, atualizou-se
o conceito de leucoplasia oral (LO), segundo o qual o “termo leucoplasia deve ser
usado para identificar placas brancas de risco incerto, tendo excluído (outras)
doenças ou condições conhecidas que não possuem potencial aumentado de
transformação maligna” (Warnakulasuriya et al., 2007).
O diagnóstico da LO é feito por exclusão de fatores etiológicos, com exceção
do consumo de tabaco, e pelo exame histopatológico para exclusão de outras
doenças específicas. A LO de etiologia desconhecida é denominada idiopática, e a
associada ao tabagismo de LO tabaco-associada (Axéll et al., 1996; Reibel, 2003).
Outros fatores que podem estar associados à LO, e que também não excluem seu
diagnóstico, são o consumo habitual de álcool, a presença de Candida sobreposta à
LO e a presença do papilomavírus humano (HPV). Esses fatores também têm sido
relacionados ao risco de transformação maligna (Napier; Speight, 2008; van der
Waal, 2009).
O consumo crônico de álcool permanece controverso na etiologia das LOs e é
descrito na literatura mais frequentemente como um fator sinérgico ao tabaco do que
como um fator de risco independente para o surgimento das leucoplasias (Dietrich et
al., 2004; Napier; Speight, 2008).
Outro fator controverso é a associação de Candida ssp à LO. Ainda não se
sabe se a Candida ssp causa lesões brancas não removíveis à raspagem, ou se é
uma infecção superposta às leucoplasias pré-existentes, que esse microrganismo
está presente particularmente em LO localizadas em dorso de língua ou em mucosa
jugal (van der Waal, 2009).
A presença do HPV em algumas lesões de LO e em espécimes de carcinoma
epidermoide oral indica que esse vírus pode desempenhar algum papel na evolução
da carcinogênese oral. Entretanto, ainda não evidências consistentes entre a
relação do HPV e o prognóstico das LO (Napier; Speight 2008).
18
De acordo com a literatura, a taxa de transformação maligna das LOs varia de
4% a 6%, porém pode chegar a 18%, dependendo da população e dos hábitos
prevalentes em determinadas áreas geográficas (Reibel, 2003).
Características clínicas, localização das lesões e presença de displasias
epiteliais constituem fatores importantes para a análise do potencial de
transformação maligna. Aspecto clínico não homogêneo (vegetações e áreas
eritematosas coexistentes) associado à localização anatômica (assoalho bucal e
ventre de língua) e tipo de mucosa (não queratinizada) são características que
implicam maior grau de suscetibilidade de transformação maligna (van der Waal;
Axéll, 2002; Bánóczy et al., 2003; Jaber et al., 2003; Reibel, 2003). Alterações
displásicas do epitélio estão associadas à atipia celular, perda da maturação normal
e da sua estratificação (Pindborg et al., 1997). Quanto mais proeminentes e
numerosas elas são, mais severa é a displasia, que pode ser classificada em leve,
moderada ou intensa (Pindborg et al., 1997).
De forma geral, por apresentarem risco de malignização, as LOs devem ser
tratadas. No entanto, o tratamento não assegura a eliminação de risco do
desenvolvimento do carcinoma epidermoide e tampouco elimina a ocorrência de
recidivas da lesão (van der Wall; Axéll, 2002; Reibel, 2003; Lodi et al., 2007). Dois
aspectos se mostram relevantes para as leucoplasias: o tratamento e uso de
marcadores para associar o potencial de malignização.
O tratamento das LOs é cirúrgico, embora medicamentos tópicos, como o
ácido retinoico, também sejam utilizados, com indicação restrita a alguns casos (Lodi
et al., 2002). A remoção das lesões pode ser realizada por cirurgia convencional,
cirurgia por laser de alta potência, crioterapia, eletrobisturi e terapia fotodinâmica
(Laskaris, 2000).
A crioterapia apresenta eficácia limitada devido à falta de precisão da
profundidade de tecido congelado, enquanto a eletrocauterização promove um pós-
operatório desfavorável devido ao dano térmico nos tecidos manipulados, em geral
maior que o dano térmico causado pelo laser (Laskaris, 2000; Yeh, 2000).
Terapia fotodinâmica pode ser uma terapia de eficiência semelhante ao
tratamento cirúrgico, mas certamente possui o custo mais alto entre os métodos,
pois além do laser (não cirúrgico ou de baixa potência), requer substância
fotossensível, que encarece o procedimento (Sieron et al., 2003).
19
O tratamento cirúrgico com laser de alta potência mostra-se vantajoso em
relação à técnica cirúrgica convencional, permitindo controle de sangramento
transoperatório, melhor visibilidade da área cirúrgica e intervenção em lesões
extensas. Os comprimentos de onda de 10.600 nm do laser de CO
2
,
e de 808 nm do
laser de diodo são frequentemente utilizados em tecidos moles, sendo o primeiro
absorvido intensamente pela água e o segundo pela hemoglobina (Ishii et al., 2003;
D’Arcangelo et al., 2007). A alta absorção de energia do laser pelos tecidos
caracteriza o corte preciso e superficial do feixe, minimizando o dano térmico aos
tecidos adjacentes, além da diminuição de bacteremia. O reparo tecidual é
caracterizado pela redução da contração da ferida cirúrgica, uma vez que a
quantidade de miofibroblastos observada em incisões por laser é menor do que a
observada em incisões por bisturi (Luomanen et al., 1988; Zeinoun et al., 2001). No
entanto, o tempo de reparação nas cirurgias a laser é prolongado em relação à
cirurgia convencional (Fisher; Frame, 1984; Luomanen et al., 1988; Luomanen,
1992).
Sendo a LO uma doença potencialmente maligna, o exame histopatológico
convencional é útil para identificar alterações displásicas, porém nem sempre
suficiente para determinar o potencial de malignidade (van der Waal et al., 1997).
Características clínicas também podem não ser suficientes para caracterizar o
potencial das lesões (van der Waal; Axéll, 2002; Jaber et al., 2003; Reibel, 2003). A
introdução de marcadores biológicos pode ampliar a identificação de lesões de maior
risco, auxiliar no planejamento do tratamento e reduzir taxas de transformação
maligna das lesões (Scully; Sudbø; Speight, 2003; Tsantoulis et al., 2006; Mithani et
al., 2007).
O objetivo do uso de marcadores moleculares é possibilitar a identificação de
alterações na expressão de proteínas codificadas por oncogenes ou por genes
supressores de tumores e relacioná-los ao potencial de malignização das LOs
(Warnakulasuriya, 2000).
O evento genético mais comum na carcinogênese oral é a mutação do gene
supressor de tumor p53. O p53 protege a integridade do genoma através da
apoptose ou da cessação do ciclo celular quando ocorre dano ao DNA celular
(Giaccia; Kastan, 1998; Smith et al., 2001). Outros genes estudados, mais
recentemente, o EGFR e o COX-2 foram relacionados com a promoção da
proliferação celular, entre outros processos da carcinogênese oral (Smith et al.,
20
2001; Atula et al., 2006; Tsantoulis et al., 2006; Harari et al., 2007). Estudos mostram
o aumento da expressão de proteínas codificadas pelos genes p53, EGFR e COX-2
em displasia oral (Shin et al., 1994; Cruz et al., 2002; Renkonen et al., 2002). De
acordo com um modelo elaborado por Lippman et al. (2005), esses três genes estão
relacionados com a progressão da carcinogênese oral, a partir da ativação do
EGFR, e subsequentemente, com eventos moleculares envolvendo o COX-2,
aumentando a frequência de mutações (possivelmente do p53), levando então à
proliferação desregulada do epitélio (Lippman et al., 2005).
O ambulatório de Estomatologia atende pacientes procedentes da
comunidade local e referenciados à FO-USP para o tratamento de diversas doenças,
incluindo as lesões brancas, principalmente a LO. Embora o temos uma
prevalência exata da LO em nosso ambulatório, o número de atendimento
registrados varia entre 5 e 6 casos anuais.
O propósito deste presente estudo foi inicialmente estabelecer um protocolo
de tratamento das LOs. Adicionalmente, investigar os benefícios clínicos do uso de
marcadores imuno-histoquímicos nessas lesões para melhor monitoramento dos
pacientes.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 LEUCOPLASIA ORAL: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SUA
ETIOLOGIA
Desde 1994, a partir do Simpósio de Uppsala, a definição das LOs tem sido
modificada com o objetivo de uniformizar critérios de diagnóstico, com base no
conceito atual sobre a biologia de doenças orais potencialmente malignas. O novo
consenso estabeleceu que a leucoplasia é uma “lesão predominantemente branca
que o pode ser caracterizada como outra lesão definível: algumas leucoplasias se
transformarão em câncer”, considerando ainda a associação da LO com o tabaco
(Axéll et al., 1996; Warnakulasuriya et al., 2007).
Estima-se que a prevalência mundial da LO varia entre 1% e 5%; os
resultados dos estudos epidemiológicos diferem de acordo com a etnia e hábitos da
população avaliada, além dos critérios clínicos utilizados no diagnóstico das lesões
(Roosaar et al., 2007; Napier; Speight, 2008). A maior parte dos estudos é realizada
em países onde a população avaliada é de “alto risco” em virtude de seus hábitos
intensos de alcoolismo ou tabagismo, como a Índia, ou em países desenvolvidos
onde comumente populações procedentes de hospitais são avaliadas, o que poderia
superestimar os valores reais (Lim et al., 2003; Fisher et al., 2005; Napier; Speight,
2008). Uma revisão sistemática de trabalhos publicados desde 1986, que utilizou
critérios de diagnóstico definidos pelo Simpósio de Uppsala, estimou a prevalência
global da leucoplasia entre 1,7% e 2,7%. No entanto, ressaltaram a limitação dessa
revisão, pois os estudos utilizados para a avaliação nem sempre consideraram
populações representativas da população adulta (Petti, 2003).
Consumo crônico do tabaco e do álcool, infecção por Candida sp,
características clínicas e grau de displasia, são alguns fatores associados à
incidência da LO e a sua taxa de transformação maligna. O uso do tabaco é
fortemente associado à incidência da leucoplasia em países em que o hábito é
prevalente na população em diversas formas de consumo (nuts, quids, areca), assim
como nos países desenvolvidos, em que o cigarro é a forma mais frequente. O
hábito de fumar mais de 20 cigarros por dia foi associado à ocorrência da LO,
22
aumentando o risco de aparecimento dessa lesão em 2,4 a 15 vezes (Dietrich et al.,
2004). Paradoxalmente, LOs em indivíduos o tabagistas parecem ter maior risco
para o desenvolvimento de malignização das lesões (Napier; Speight, 2008).
Hamadah e Thomson (2009), observou que pacientes não fumantes e que não
consumiam álcool regularmente tiveram piores taxas de sobrevivência após 5 anos
do tratamento cirúrgico (Hamadah; Thomson, 2009). Outros estudos apontam maior
risco de transformação maligna das LOs entre as mulheres que não possuem o
hábito de tabagismo, sugerindo que LOs idiopáticas teriam maior risco de
cancerização entre este gênero (Silverman et al., 1984; Schepman et al., 1998).
O papel do álcool na etiologia da LO ainda é controverso, mas o consumo
regular de bebidas alcóolicas em quantidade além do recomendado é comum entre
pacientes com lesões potencialmente malignas e malignas (Napier; Speight, 2008).
O consumo excessivo do álcool pode ter efeito sinérgico ao cigarro, pois fumantes
que também são etilistas possuem maior risco a neoplasias malignas orais que
somente fumantes. Esse efeito ocorre possivelmente porque a ingestão crônica de
álcool causa o aumento da penetração de carcinógenos na mucosa oral, seja
através do aumento da solubilidade dos carcinógenos ou através do aumento da
permeabilidade da mucosa oral a estas substâncias nocivas presentes no tabaco
(Wight; Ogden, 1998; Reichart, 2001).
Lim et al. (2003) detectou o aumento do risco de lesões malignas ou
potencialmente malignas em 350% para fumantes de mais de 20 cigarros por dia,
tanto em homens quanto em mulheres. Homens que relatavam beber mais de 20
unidades de álcool por semana tinham risco 3 vezes maior de desenvolver neoplasia
maligna ou LO (Lim et al., 2003). Um estudo epidemiológico na Suécia acompanhou
a evolução de LO e constatou que após 10 anos todos os indivíduos que
desenvolveram neoplasia maligna eram fumantes e alcoólicos moderados (Roosar et
al., 2007). Em outro estudo, realizado na Itália, a LO foi encontrada em 13,8% dos
casos de um grupo de homens adultos (> 40 anos) considerado de alto risco por
causa da prevalência dos hábitos de tabagismo e etilismo, ainda que a associação
estatística para os hábitos e a LO tenha sido negativa (Campisi; Margiotta, 2000).
Jaber et al. (1999) observou em seu estudo que o desenvolvimento de displasia
epitelial oral foi influenciado sinergicamente pelo tabaco e pelo álcool (Jaber et al.,
1999).
23
A maior parte dos estudos confirma a prevalência da LO em homens
(Lumerman et al., 1995; Saito et al., 2001; Jaber et al., 2003; Lim et al., 2003; Petti,
2003; Lee et al., 2006), possivelmente por serem mais frequentes hábitos de
tabagismo e consumo de álcool entre este gênero (Napier; Speight, 2008). No
entanto, como mencionado anteriormente, mulheres portadoras de LO sem hábitos
podem ter maior taxa de malignização das lesões (Schepman et al., 1998; Saito et
al., 2001; Napier; Speight, 2008).
Associação entre o fungo Candida ssp e carcinogênese oral é questionável.
Não se sabe se a Candida ssp está relacionada à etiologia da LO, ou se é uma
infecção superposta às lesões leucoplásicas. Na literatura relatos do aumento da
transformação maligna em LOs infectadas por Candida ssp, e estudos em animais
revelam que o fungo tem alto potencial de produção endógena de nitrosaminas,
substâncias carcinogênicas na mucosa oral (Reibel, 2003). Porém clinicamente,
essa associação nem sempre é verificada. Silverman et al. (1984) indentificou LOs
superpostas à Candida ssp, porém não enontraram relação com casos de
transformação maligna (Silverman et al., 1984). Ainda assim, lesões com
identificação do fungo Candida ssp por citologia esfoliativa ou por PAS de biópsia
incisional devem ser tratadas com antifúngico, e o exame citológico deve ser
repetido para verificação da efetividade da terapia, a fim de eliminar possível
superposição das lesões por Candida ssp (van der Wall et al., 1997; Holmstrup et al.,
2006).
A citologia esfoliativa é um método de diagnóstico de rotina para lesões
potencialmente malignas em colo de útero, que também pode ser utilizado em
mucosa oral. Trata-se de um teste minimamente invasivo, sem a necessidade de
anestesia local, para a coleta de amostra do epitélio estratificado de mucosa. Células
provenientes de raspagem da mucosa, e visualizadas em microscópio óptico
representariam a presença ou não de displasia, identificada inicialmente em células
provenientes da camada basal. Embora falso negativos ou falso positivos possam
ocorrer, a técnica tem sido aprimorada, como na citologia esfoliativa de base líquida,
para permitir resultados mais fidedignos (Epstein et al., 2002).
Outro fator relacionado à etiologia das LOs, a presença do papilomavírus
humano (HPV), especialmente dos subtipos 16 e 18, foi observada em LOs e em
neoplasias malignas orais, mas seu papel na carcinogênese oral permanece
contraditório (Napier; Speight, 2008). Um trabalho recente realizou teste para
24
identificação do HPV em 167 pacientes com LO que foram acompanhados
clinicamente para verificação de transformação maligna. Os autores não
encontraram associação entre a presença do HPV e a transformação maligna,
sugerindo que a identificação do HPV em LOs não é indicador do prognóstico das
lesões (Yang et al., 2009).
2.2 FATORES ASSOCIADOS À TRANSFORMAÇÃO MALIGNA DAS
LEUCOPLASIAS ORAIS
Na mucosa oral, a LO pode ocorrer antes do surgimento do carcinoma de
células escamosas, com taxas variáveis descritas na literatura, dependendo da
população estudada e o tempo de estudo (Schepman et al., 1998). De fato, quanto
maior o período de acompanhamento das leucoplasias, maior é a taxa de
malignização das lesões (Silverman et al., 1984; Schepman et al., 1998; Napier;
Speight, 2008). Em seu estudo, Schepman et al. avaliou 166 pacientes por 29
meses em média, e detectou 2,9% de transformação maligna ao ano. Esta taxa
aumentou em 50% quando o tempo de acompanhamento foi prolongado para 200,8
meses (Schepman et al., 1998). Lee et al. (2000) reportou 31,4% de transformação
maligna das leucoplasias no período de 10 anos (Lee et al., 2000), Lumerman et al.
obteve taxa de 16% durante uma média de 18.4 meses (Lumerman et al., 1995), e
Holmstrup relatou 12% em 7,5 anos (Holmstrup et al., 2006). No entanto, um cálculo
da taxa global de transformação maligna mostrou que apenas 1,36% das LO
desenvolvem malignidade por ano (Petti, 2003). Scheifele e Reichart (2003) sugerem
a padronização de uma taxa de transformação anual para comparar resultados,
que as taxas descritas nos diversos trabalhos da literatura variam com o período de
acompanhamento (Scheifele; Reichart, 2003).
Em nações desenvolvidas, a maior parte dos indivíduos é acometida pela LO
entre a e década de vida, nos países em desenvolvimento ocorrem, em
média, de 5 a 10 anos antes (Silverman et al., 1984; Lumerman et al., 1995; Jaber et
al., 2003; Napier et al., 2003; Dietrich et al., 2004; Nagao et al., 2005; Napier;
Speight, 2008). A taxa de transformação maligna parece não variar com a idade
(Petti, 2003). Em estudo retrospectivo de 630 pacientes, divididos em grupos com
25
idade acima e abaixo de 35 anos, não foi identificada diferença significativa entre os
grupos a taxa de transformação maligna, que foi de 5,0% para o grupo jovem, e de
5,6% para o grupo mais velho (Jaber et al., 2003).
Na tentativa de relacionar um “perfil clínico” da LO com seu potencial de
cancerização, as lesões são classificadas por sua superfície em homogêneas
(superfície plana branca) e não homogêneas (superfície eritroleucoplásica, nodular e
exofítica), pelo tamanho (<2 cm, >2 cm a 4 cm, >4 cm) e localização (áreas com
maior ou menor risco) (Axéll et al., 1996; van der Wall; Axéll, 2002). Alguns trabalhos
reportam a mucosa jugal como o sítio de maior incidência da leucoplasia (Reichart,
2000; Napier; Speight, 2008), enquanto outros reportam assoalho e língua (Frame et
al., 1984; Chu et al., 1988; Flynn et al., 1988; Roodenburg et al., 1991; Lumerman et
al., 1995; Shepman et al., 1998; Thomson; Wylie, 2002; Napier et al., 2003; van der
Hem et al., 2005; Hamadah; Thomson, 2009) ou gengiva/rebordo alveolar (Nagao et
al., 2005).
O risco de transformação maligna e de displasia epitelial intensa tem sido
relacionado com a localização em borda lateral de língua e assoalho bucal, e com
característica de superfície não homogênea (Silverman et al., 1984; Holmstrup et al.,
2006), mas essa associação nem sempre é verificada. Em amostra de LO
predominante em língua e assoalho, Schepman et al. (1998) não encontrou maior
taxa de malignização relacionada com a localização das lesões, mas sim com o
aspecto clínico não homogêneo (Schepman et al., 1998). Outro trabalho extenso
relatou não haver associação estatística entre as características clínicas de
superfície ou localização da lesão e o grau de displasia epitelial em população do
Oeste europeu (Jaber et al., 2003). Saito et al. (2001) descreveu maior taxa de
transformação maligna em leucoplasia de língua, nenhum caso foi reportado em
assoalho. O autor destacou a possibilidade da falha do tratamento utilizado ser
responsável pela prevalência de casos de malignização em língua, que a
criocirurgia teve alta taxa de insucesso e foi utilizada na maior parte dos casos
naquela localização (Saito et al., 2001).
O tamanho da LO e o aspecto da superfície também parecem estar
relacionados com o risco aumentado à transformação maligna. Napier et al.
concluíram que lesões de grande extensão (que envolvem mais de um sítio
anatômico) tinham aproximadamente 6 vezes mais risco de progressão para
carcinoma epidermoide, enquanto outros fatores analisados (gênero, idade,
26
tabagismo, aspecto da superfície, localização e tamanho das lesões) não
influenciaram a ocorrência de transformação maligna (Napier et al., 2003). Holmstrup
et al. também observaram risco 5 vezes maior de lesões maiores que 200 mm
2
para
a transformação maligna, e 7 vezes maior em lessões com aspecto não homogêneo
(Holmstrup et al., 2006). Porém, nem sempre as características clínicas das LOs
(tamanho, localização e a superfície da lesão) são relacionadas com maior riscos de
cancerização (Saito et al., 2001; Thomson; Wylie, 2002; van der Hem et al., 2005).
Outra característica das LOs que pode indicar risco diferenciado a
malignização é o número de lesões presentes na mucosa. LOs múltiplas devem ser
analisadas de maneira distinta das LOs únicas, por possuírem outra suscetibilidade
genética, ainda pouco estudada. Nesses casos, deve ser enfatizada a possibilidade
do aumento do risco de cancerização das lesões orais e da mucosa do trato
gastrointestinal como um todo (Lee et al., 2000). O acometimento da LO em
múltiplos sítios sugere que o campo de cancerização abrange uma extensão maior
da mucosa oral que em LOs únicas (Hamadah et al., 2009). Em estudo sobre
leucoplasias de acometimento ltiplo, foram realizadas ltiplas biópsias
incisionais a fim de determinar um “mapaclínico-histológico das lesões espalhadas
pela mucosa, com o objetivo de determinar um protocolo de tratamento cirúrgico por
laser restrito às lesões em sítios de maior displasia. Todos os pacientes adultos
avaliados eram fumantes e consumiam álcool. A maior parte das lesões (cerca de
70%) apresentava hiperplasia (sem displasia) ou displasia leve. Leucoplasias
homogêneas ocorreram mais frequentemente em mucosa jugal, mucosa alveolar e
borda lateral de língua. De maneira similar às LOs únicas/localizadas, as
leucoplasias múltiplas apresentaram displasia moderada ou carcinoma in situ em
regiões concideradas de alto risco (palato mole, região de fauces, ventre de língua e
assoalho de boca), independente do aspecto clínico da lesão. Portanto, sugeriu-se a
remoção cirúrgica de lesões localizadas nessas áreas de displasia intensa, ainda
que os autores afirmem não ser possível prever o comportamento de LOs múltiplas,
baseado apenas em aspectos clínicos e histopatológicos (Thomson; Hamadah,
2007). Outro estudo, de Saito et al., verificou maior taxa de transformação maligna
em pacientes com múltiplas lesões do que em pacientes com lesões localizadas
(Saito et al., 1999)
27
2.3 PROCEDIMENTO DE BIÓPSIA E AZUL DE TOLUIDINA
O diagnóstico da leucoplasia depende não somente da exclusão de fatores
etiológicos conhecidos, mas também de um procedimento de biópsia incisional bem
realizado. Espécime da biópsia deve ser representativo da lesão para definir a
graduação da displasia epitelial presente no tecido (Lumerman et al., 1995). O azul
de toluidina é um corante metacromático que pigmenta DNA mitocondrial em células
que contêm volume aumentado de ácido nucleico, o qual sugere proliferação local
anormal. Aplicação tópica do azul de toluidina tem sido utilizada como um
procedimento clínico adjunto de baixo custo e fácil manipulação para o
reconhecimento de lesões malignas e displasia epitelial de alto grau. A sensibilidade
e a especificidade do corante para identificar lesões malignas são altas, em
contraste com a dificuldade de interpretação do resultado em leucoplasias, onde o
corante apresenta variações da intensidade do azul. Apesar da variação da
sensibilidade do teste para lesões displásicas descrita na literatura, este corante
pode auxiliar na seleção do sítio da biópsia incisional (Allen, 1998; Epstein et al.,
2002; Meltzer, 2007).
2.4 TRATAMENTO DA LEUCOPLASIA ORAL
2.4.1 Modalidades terapêuticas
Poucos estudos compararam os índices de transformação maligna de LOs
tratadas cirurgicamente com os de LOs sem tratamento (Saito et al., 2001; Homstrup
et al., 2006; Arduino et al., 2009), porém nota-se nesses estudos uma tendência de
indicação do tratamento para lesões com características clínicas e histológicas de
maior risco. Além disso, não existe nenhum estudo randomizado controlado
publicado na literatura (Lodi et al., 2002).
Tradicionalmente, o tratamento indicado para a LO é a excisão cirúrgica,
independente da severidade de displasia epitelial ou das características clínicas das
28
lesões (Kademani; Dierks, 2007; van der Wall, 2009). Outros tipos de tratamento,
como o ácido retinoico tópico, a crioterapia ou a terapia fotodinâmica, foram
investigados, mas nenhum apresentou resultados que comprovadamente
indicassem eficácia na prevenção da transformação maligna das LOs (Lodi et al.,
2002).
Em revisão sistemática, Lodi et al. (2002) avaliou trabalhos que utilizaram
bleomicina tópica, ácido retinoico tópico, vitamina A sistêmico e beta caroteno
sistêmico como tratamento para a leucoplasia. Apesar da melhora clínica das lesões,
nenhuma dessas terapias foi considerada eficiente para a prevenção da
transformação maligna, e eventualmente houve efeitos adversos de várias
severidades, não justificando o benefício dessas modalidades terapêuticas (Lodi et
al., 2002).
O tratamento com crioterapia possui altos índices de recidiva, provavelmente
pela falta de precisão do volume final de tecido congelado, além da desvantagem de
apresentar longos períodos para reparação (Yeh, 2000; Saito et al., 2001).
A cirurgia convencional tem como vantagem a conservação das margens da
lesão removida para exame histopatológico, mas requer procedimento adicional de
enxerto para lesões extensas e pode causar cicatriz limitante de função para casos
persistentes de recidiva (Kademani; Dierks, 2007).
2.4.2 Tratamento cirúrgico com lasers de CO
2
e de diodo
Atualmente, a remoção de LOs com laser de CO
2
(α = 10.600 nm) é a
modalidade de tratamento mais comum (Lodi; Porter, 2008). Além do CO
2
, outro
laser amplamente utilizado para cirurgia em tecidos moles é o de diodo (α = 808
nm); o primeiro laser é intensamente absorvido pela água e o segundo pela
hemoglobina (Ishii et al., 2003; D’arcangelo et al., 2007).
Entre as vantagens da cirugia com lasers de alta potência, estão o controle de
sangramento, diminuição da bacteremia e melhor visualização do campo cirúrgico, a
redução da formação de cicatriz favorecendo o manejo das LOs e preservando a
mobilidade dos tecidos moles irradiados (Luomanen et al., 1988; Luomanen, 1992).
Particularmente, a cirurgia com laser para LOs extensas é vantajosa, pois permite a
29
remoção de grandes áreas sem a necessidade de incisões auxiliares ou enxertos
para fechamento da ferida cirúrgica (Meltzer, 2007). Como a reparação se pela
migração do epitélio novo formado na periferia para o centro da lesão, alguns
autores sugerem a vaporização das bordas da lesão, com a intenção de diminuir a
possibilidade de recidiva (Ishii et al., 2003; van der Hem et al., 2005; Hamadah;
Thomson, 2009).
A principal desvantagem da técnica com laser em relação a cirurgia com
lâmina de bisturi é a cicatrização prolongada, de 4 semanas em média (Kademani;
Dierks, 2007; Meltzer, 2007). As complicações após tratamento cirúrgico com lasers
de alta potência compreendem o desenvolvimento de granulomas (Chu et al., 1988;
Vivek et al., 2008), a sialodenite causada pela obstrução do ducto da glândula
submandibular e parestesia de língua (Thomson; Wylie, 2002).
Apesar das vantagens do uso dos lasers de alta potência para a remoção das
LOs, o tratamento não assegura a eliminação do risco de desenvolvimento do
carcinoma de células escamosas e tampouco elimina recidivas da lesão (van der
Wall; Axéll, 2002; Reibel, 2003; Lodi; Porter 2008).
Após a remoção cirúrgica das LOs por laser de alta potência, recorrências são
frequentes nos locais adjacentes às lesões primárias, assim como o surgimento de
novas lesões em sítios diferentes do sítio inicial, independentemente do tempo entre
a excisão e a reaparição da lesão (Schepman et al., 1998; Laskaris, 2000; van der
Waal; Axéll, 2002; Lodi; Porter, 2008). Na literatura, as taxas de recorrência
compreendem entre 10% e 57% (Chu et al., 1988; Chiesa et al, 1990; Roodenburg
et al., 1991; Schepman et al., 1998; Schoelch et al, 1999; Saito et al., 2001;
Thomson; Wylie, 2002; Ishii et al., 2003; Chandu; Smith, 2005; van der Hem et al.,
2005; Vivek et al., 2008; Hamadah; Thomson, 2009). Essa variação pode ser
atribuída aos tipos de lasers utilizados, parâmetros de irradiação, critérios de
inclusão, período de acompanhamento e etnia da população estudada (Lodi; Porter,
2008).
Autores que utilizaram microscópio associado ao laser de alta potência para
melhor visualização das margens das lesões reportaram as menores taxas de
recorrências, entre 10–38% (Frame et al., 1984; Chiesa et al. 1990; Roodenburg et
al., 1991; Chu et al., 1988; van der Hem et al., 2005), enquanto trabalhos que não
dispunham de tal equipamento relataram taxas entre 22–57% (Flynn et al., 1988;
Schoelch et al., 1999; Thomson; Wylie, 2002; Chandu; Smith, 2005; Hamadah;
30
Thomson, 2009). Em relação aos critérios de inclusão e exclusão, é importante
observar que estudos que incluíram pacientes com lesões em lábio apresentaram
taxas menores de desfechos clínicos (Chiesa et al., 1990; Roodenburg et al., 1991;
van der Hem et al., 2005).
Outro critério relativo à metodologia dos estudos é o grau de displasia das
LOs tratadas. No trabalho de Vivek et al. (2008) pacientes com lesões que
apresentaram displasia intensa foram excluídos e apenas 3 casos de transformação
maligna e 3 casos de recorrência foram registrados após 3 anos de seguimento dos
pacientes (Vivek et al., 2008). Holmstrup et al. avaliou retrospectivamente pacientes
tratados e não tratados por cirurgia convencional para o desfecho de transformação
maligna e constatou que a taxa de transformação maligna foi de 12% para o primeiro
grupo e de 4% para o segundo, concluindo que o tratamento cirúrgico não foi
eficiente na prevenção da transformação maligna. No entanto, o critério para seleção
dos pacientes no grupo a ser tratado era presença de displasia epitelial ou
localização da LO em borda ou ventre de língua e assoalho bucal. Dessa forma,
71% das lesões tratadas cirurgicamente apresentaram displasia epitelial, enquanto
apenas 12% das lesões não tratadas apresentaram displasia na biópsia incisional
(Holmstrup et al., 2006). Os critérios escolhidos pelo autor para determinar o
tratamento das LOs correspondem a fatores de maior risco à transformação maligna
e provavelmente influenciaram nos resultados do trabalho.
2.5 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA LEUCOPLASIA ORAL E USO DE
MARCADORES MOLECULARES
2.5.1 Grau de displasia e classificação binária
O grau de displasia epitelial presente em leucoplasia ainda permanece o
melhor método para avaliar lesões de maior risco de desenvolver carcinoma (Lee et
al., 2000; Cowan et al., 2001; Reibel, 2003; van der Wall, 2009). Entretanto, a
análise histopatológica é subjetiva, podendo ocorrer diferenças de atribuição da
severidade de displasia entre examinadores (Abbey et al., 1995; Fisher et al., 2004).
31
Para um diagnóstico mais acurado, é sugerida a revisão da mina por outro
avaliador que não seja o primeiro patologista, e entre duas regiões distintas do corte.
A de maior severidade deve prevalecer como resultado com o objetivo de não
subdiagnosticar uma lesão, pois espécimes de biópsia excisional mostram graus
variáveis de displasia ao longo do epitélio (Pentenero et al., 2003).
O sistema de classificação mais utilizado para determinar o grau de displasia
é o da OMS, que reconhece cinco estágios histopatológicos em lesões epiteliais
precursoras (LOs) de acordo com atipias citológicas e mudanças arquiteturais
observadas no epitélio: hiperplasia escamosa, displasia leve, displasia moderada,
displasia intensa e carcinoma in situ (World Health Organization Classification of
Tumours, 2005). Outros sistemas de classificação histológica das LOs foram
sugeridos na literatura, como o ponto de corte AgNOR (Silver-stainable Nucleolar
Organizer Region), que pode ser útil para distinguir entre displasia leve ou
moderada, o SIN (Squamous Intra-epithelial Neoplasia), utilizado para a
classificação de lesões cervicais pré-malignas e o SIL (Squamous Intraepithelial
Lesions), utilizado entre patologistas laringologistas (Chattopadhyay; Ray, 2008; van
der Waal, 2009). Em relação a esses sistemas, a OMS não indica o uso do SIN, pois
esta nomenclatura considera a presença de neoplasia inserida no epitélio, e não
evidências de que todas as LOs evoluirão em neoplasias (Warnakulasuriya et al.,
2008). Recentemente o grupo de especialistas da OMS do Centro de Câncer e Pré-
câncer Oral sugere o uso de um sistema binário para classificar as lesões em “baixo
risco” e “alto risco” com o objetivo de prognosticar o risco de transformação maligna
das LOs com mais eficiência (Warnakulasuriya et al., 2008; van der Waal, 2009).
Esse sistema foi desenvolvido e testado por Kujan et al., com resultados satisfatórios
em relação à concordância entre os escores dos patologistas (Kujan et al., 2006).
2.5.2 Marcadores moleculares p53, COX-2 e EGFR
Ainda que características clínicas ou histológicas indiquem o risco de
cancerização das LOs, o carcinoma epidermoide oral pode surgir de lesões
“inócuas”, sem displasia ou com aspectos clínicos considerados de baixo risco (Cruz
et al., 1998; Cowan et al., 2001; Holmstrup et al., 2006).
O uso de marcadores
32
moleculares pode representar um avanço na intervenção de lesões orais com risco
de malignização. cnicas mais sensíveis para a identificação de marcadores
moleculares permitem o reconhecimento de modificações precoces do epitélio, antes
mesmo que a alteração da morfologia do tecido seja clinicamente perceptível
(Regezi et al., 1995; Srinivasan; Jewell, 2001; Warnakulasuriya et al., 2008).
A mutação do gene p53 é um dos eventos genéticos mais comuns da
carcinogênese oral, e é encontrada em até 80% dos carcinomas de células
escamosas orais (Cruz et al., 1998). Os genes supressores de tumor, como o p53,
têm a função de evitar que as lulas adquiriram características malignas, por meio
da regulação de “check-points” durante o ciclo celular, monitorando a replicação do
DNA e da mitose. Acredita-se que a supressão do crescimento celular induzida pelo
p53 promove um mecanismo pelo qual células geneticamente danificadas têm tempo
para a reparação de seu DNA, razão pela qual o p53 é chamado de “guardião do
genoma” (Cruz et al., 1998). O p53 quando mutado é inativado, ocorrendo perda da
regulação da proliferação, diferenciação e morte celular (Mithani et al., 2007). A
detecção da proteína p53 através da imuno-histoquímica geralmente indica
presença da sua forma ineficaz, pois sua forma nativa e funcional possui meia-vida
curta (Giaccia; Kastan, 1998). A expressão do p53 tem sido detectada por
imunohistoquímica em 10–50% das LOs, sendo mais intensa conforme o aumento
do grau de displasia, e está relacionada com lesões de maior risco de transformação
maligna, indicando a possibilidade desse marcador molecular em identificar lesões
de alto risco de malignização (Regezi et al., 1995; Cruz et al., 1998; Lee et al., 2000;
Tanda et al., 2000; Piatelli et al., 2002; Kurokawa et al., 2003; Fan et al., 2006). No
entanto, alguns trabalhos não encontraram associação entre o aumento da proteína
p53 e a mutação do seu gene precursor em leucoplasias e enfatizam a necessidade
de outros marcadores para uso em lesões iniciais da carcinogênese (Shanavaz et
al., 2000; Warnakulasuriya, 2000). Resultados conflitantes são atribuídos a
diferenças de metodologia, como a técnica laboratorial para detecção da proteína ou
da mutação do gene, o acompanhamento ou não dos pacientes para verificar o
comportamento clínico da lesão, além do uso de diferentes métodos de
quantificação da expressão do anticorpo no tecido epitelial (Warnakulasuriya, 2000).
Estudos de imuno-histoquímica mostram marcação positiva do p53 no núcleo de
células epiteliais, sendo que em tecidos normais ela é restrita à camada basal,
33
enquanto em LOs ela pode ocorrer em camadas mais superiores do epitélio (Cruz et
al., 2002; Fan et al., 2006).
As COX são enzimas responsáveis pela catalisação da reação de síntese de
prostaglandinas (PGs). A COX-1 está presente na maioria dos tecidos em sua forma
constitutiva e media a síntese de PGs que desempenham funções fisiológicas
normais, como a proteção da mucosa gastrointestinal. No entanto, a COX-2 não é
detectada na maioria dos tecidos normais e sua produção pode ser induzida em
resposta a estímulos de citocinas pró-inflamatórias, fatores de crescimento e
promotores de tumores. Cada produto derivado das PGs desempenha uma série de
atividades biológicas, e diversas malignidades aparentam produzir maior quantidade
de certas PGs (por exemplo, PGE
2
) possivelmente alterando a proliferação celular, a
angiogênese, e a apoptose (Banerjee et al., 2002; Lin et al., 2002). A COX-2 pode
ser identificada em vários tipos de neoplasias malignas, principalmente as do trato
gastrointestinal, e em LOs (Chan et al., 1999; Banerjee et al., 2002; Renkonen et al.,
2002; Shibata et al., 2005; Sawhney et al., 2007). Estudos verificaram através de
reações de imuno-histoquímica a marcação positiva do COX-2 no citoplasma celular
do epitélio de LOs, enquanto a expressão da COX-2 em tecidos normais é
praticamente inexistente (Renkonen et al., 2002; Shibata et al., 2005; Atula et al.,
2006).
Receptores de fatores de crescimento (epidermal growth factor receptor) são
moléculas pertencentes à família” denominada erbB ou HER, reguladoras do
crescimento celular (proliferação, migração e diferenciação celular) pois transmitem
sinais extracelulares de proliferação, provenientes de seus ligantes, para o
citoplasma, através da membrana plasmática. Hiperatividade ou aumento da
expressão do EGFR induz a ativação de diversos substratos intracelulares,
desencadeando sinais de mitose e outros eventos ligados à progressão de tumores
(Harari et al., 2007; Specenier; Vermorken, 2007). Quando inibição do EGFR, o
ciclo celular é bloqueado na fase G1 e outros mecanismos de controle da
proliferação são desencadeados, entre eles a hipofosforilação do retinoblastoma
(Rb). 4 subtipos de receptores da erbB (EGFR/erbB1, erbB2/neu, erbB3 e
erbB4), mas o EGFR/erbB1 é o subtipo superexpresso em grande parte dos
carcinomas de células escamosas orais, e está relacionado a um pior prognóstico
dessa malignidade (Hiraishi et al., 2006). A imuno-histoquímica tem sido uma técnica
amplamente utilizada para detectar a expressão do EGFR em carcinomas orais
34
(Grandis et al., 1996; Hiraishi et al., 2006), mas pouco se sabe sobre esse receptor
em LOs (Srinivasan; Jewell, 2001). Assim como o p53, o EGFR foi encontrado super
expresso em tecido adjacente a carcinomas de cabeça e pescoço, e sua expressão
é expandida às camadas superiores do epitélio à medida que se observa o aumento
de displasia epitelial (Shin et al., 1994; van Oijen et al., 1998).
evidências da relação entre a expressão do p53 e da COX-2. A expressão
da COX-2 foi verificada em neoplasias malignas de cabeça e pescoço que
continham a variante mutante do p53, enquanto foi verificada supressão da
transcrição da COX-2 pela atividade do gene supressor de tumor p53 em seu estado
normal (Subbaramaiah et al., 1999; Gallo et al., 2003). Essa associação parece
ocorrer especialmente em neoplasias malignas de estadiamento inicial, não
ocorrendo a mesma relação em neoplasias em estágio avançado (Atula et al., 2006).
A ativação da sinalização do EGFR pode levar ao aumento da transcrição da
COX-2, e consequentemente ao aumento da produção de PGE
2
. Essa PG pode
induzir a sinalização do EGFR estimulando a proliferação celular por um mecanismo
complexo de feedback (Dannenberg et al., 2005). Há evidências da eficácia do
bloqueio simultâneo das vias da carcinogênese mediadas pela COX-2 e pelo EGFR
para a inibição do crescimento do carcinoma epidermoide, sendo, portanto possíveis
agentes de quimioprevenção (Chen et al., 2004; Choe et al., 2005).
Segundo um modelo de progressão da carcinogênese oral, o EGFR, COX-2 e
p53 estão envolvidos em diferentes estágios da progressão do epitélio displásico à
neoplasia maligna (Lippman et al., 2005). No entanto, não estudos que avaliem a
expressão desses 3 marcadores moleculares em LOs. A expressão do p53, COX-2 e
EGFR em LOs através de reações imuno-histoquímicas poderia ser útil na
investigação de LOs de maior risco à transformação maligna.
2.5.3 Justificativa deste estudo
Aspectos clínicos e histopatológicos das LOs não são suficientes para
identificar lesões que poderão desenvolver malignidade. O uso de marcadores
moleculares pode ser útil para identificar LOs com maior potencial de malignização e
auxiliar no monitoramento dos pacientes de risco. O tratamento adequado das LOs
35
também é relevante, e o laser de alta potência pode constituir um recurso
terapêutico para essa finalidade.
36
3 PROPOSIÇÃO
Os objetivos deste estudo foram:
1. Determinar características clínicas e demográficas dos pacientes com LO;
2. Avaliar o efeito do tratamento de LOs por excisão com laser de CO
2
e de diodo;
3. Avaliar a expressão das proteínas p53, COX-2 e EGFR em cortes histológicos
de biópsia incisional das lesões tratadas;
4. Identificar fatores que podem afetar a recorrência, desenvolvimento de novas
lesões ou transformação maligna da LO.
37
4 CASUÍSTICA-MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CASUÍSTICA
Este estudo foi composto por 40 pacientes com leucoplasia oral (LO),
atendidos consecutivamente no ambulatório da Disciplina de Estomatologia Clínica
da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP) no período
de 2003 a 2009. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
FO-USP (protocolo 160/2007; Anexo A). Os pacientes foram informados sobre os
objetivos do estudo e o termo de consentimento livre e esclarecido foi obtido de cada
participante, conforme as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos (Anexo B).
4.2 MÉTODO
4.2.1 Critérios de diagnóstico da LO
O diagnóstico da LO foi baseado nos critérios estabelecidos no Simpósio
Internacional sobre Lesões Brancas da Mucosa Oral, realizado em Uppsala, Suécia,
em 1994, segundo os quais, as LOs devem ter um diagnóstico provisório inicial
baseado em dados do exame clínico (ou seja, a identificação de uma lesão
predominante branca em forma de placa ou mancha que não pode ser caracterizada
como nenhuma outra doença da mucosa oral), e outro definitivo auxiliado pela
exclusão de fatores etiológicos, quer sejam mecânico (trauma por fricção ou
mordiscatum), físico ou químico exceção do tabagismo) e pelo exame
histopatológico. O exame histopatológico é indicado tanto para excluir lesões que
podem ter aparência clínica semelhante às das LOs (especificamente o líquen plano
oral em placa, o nevo branco esponjoso e a candidose hiperplásica) como para
identificar a presença ou não de displasia epitelial. Pacientes em cujas lesões
38
brancas foram identificados possíveis fatores etiológicos, e nas quais não houve
sinais de regressão em um período de 8 semanas após a eliminação dos fatores,
foram incluídos no estudo como portadores de LO. Lesões localizadas em lábio não
foram consideradas para a análise, já que podem coexistir com a queilite actínica.
4.2.2 Anamnese, exame clínico e procedimento de biópsia
Informações sobre uso contínuo de medicação sistêmica e/ou tópica,
antecedentes médicos recentes e pregressos, história familiar de neoplasias, hábitos
nocivos (tabagismo e etilismo), idade, gênero, e etnia foram registradas em
prontuário específico (Anexo C). Exame físico intraoral incluiu localização, tamanho
e caracterização morfológica das LO (homogênea e não homogênea).
Previamente a biópsia, material obtido das superfícies das lesões por
raspagem foram corados com PAS para pesquisa de Candida spp. Pacientes PAS-
positivos foram tratados com antifúngico por duas semanas e retestados.
Posteriormente, as lesões foram coradas com azul de toluidina para selecionar áreas
mais representativas de biópsia. Áreas de aspecto não homogêneo da superfície da
lesão (regiões exofíticas, eritematosas, erosivas ou ulceradas) foram
preferencialmente biopsiadas independente de positividade para o azul de toluidina.
Em pacientes com múltiplas lesões foram realizadas múltiplas biópsias. Lesões
menores do que aproximadamente 1 cm foram removidas por biópsia excisional.
Espécimes foram fixados em formol a 10% e enviados para análise histopatológica
no Laboratório de Patologia Bucal da FO-USP.
4.2.3 Análise histopatológica, grau de displasia e classificação binária
Os critérios de análise histopatológica das LOs seguiram a classificação da
OMS (2005) que subdivide as lesões em hiperplasia, displasia discreta, moderada
ou intensa e carcinoma in situ, de acordo com a severidade e extensão de
alterações citológicas e arquiteturais presentes no epitélio (World Health
39
Organization Classification of Tumours, 2005). Adicionalmente, foi utilizado um
sistema binário que classifica as lesões de acordo com o número de alterações
observadas na arquitetura do epitélio e na morfologia celular (descritas na Tabela
4.1), caracterizando lesão de “alto risco” (com no mínimo 4 alterações arquiteturais e
5 citológicas) e de “baixo risco (menos que 4 alterações arquiteturais ou menos de 5
alterações citológicas) (Kujan et al., 2006; Warnakulasuriya et al., 2008). Tanto a
análise histológica, quanto o grau de displasia, foram realizadas pelo serviço de
rotina da disciplina de Patologia Bucal da FO-USP. A análise do sistema binário foi
realizada por um patologista “cego” em relação aos dados clínicos.
Tabela 4.1 - Critérios citológicos e arquiteturais utilizados para a classificação binária
Alterações arquiteturais Alterações citológicas
1. Estratificação irregular do epitélio 1. Variação do tamanho do núcleo
2. Perda da polaridade da camada basal 2. Variação da forma do núcleo
3. Projeções em gota 3. Variação do tamanho celular
4. Aumento do número de figuras mitóticas 4. Variação da forma celular
5. Mitoses anormais superficiais
5. Aumento da proporção
núcleo/citoplasma
6. Queratinização precoce 6. Aumento do tamanho do núcleo
7. Pérolas de queratina 7. Figuras mitóticas atípicas
8. Aumento do tamanho e da forma do
nucléolo
9. Hipercromatismo
Baseado em Kujan et al. (2006)
4.2.4 Expressão de marcadores imuno-histoquímicos
4.2.4.1 Reações de imuno-histoquímica
O teste de imuno-histoquímica foi realizado em todos os espécimes viáveis de
biópsia incisional das LOs e em 20 amostras de tecido de gengiva clinicamente
40
saudável obtidas de procedimentos cirúrgicos de exodontia realizados na Clínica
Odontológica da FO-USP. Previamente à coleta de tecido de gengiva saudável, os
pacientes foram informados sobre os objetivos do estudo e o termo de
consentimento livre e esclarecido foi obtido de cada participante (Anexo D).
Para a realização das reações imuno-histoquímicas, os cortes foram
submetidos aos seguintes anticorpos separadamente: anticorpo monoclonal de
camundongo anti-p53 humano (clone DO-7, DAKO, Carpinteria, Califórnia, USA),
anticorpo monoclonal de camundongo anti-COX-2 humano (clone CX-294, DAKO),
anticorpo monoclonal de camundongo anti-EGFR humano tipo selvagem (S) (clone
DAK-H1-WT, DAKO), e anticorpo monoclonal de camundongo anti-EGFR tipo
selvagem e mutante (SM) (kit Pharm Dx for manual use, clone 2-18C9, DAKO).
Para controle positivo e negativo das reações foram utilizados espécimes de
carcinoma epidermoide oral para os anti-p53 e anti-COX-2, e de condiloma
acuminado oral para o anti-EGFR S. Como controle do anti-EGFR SM foi utilizada
lâmina fornecida pelo fabricante. O controle negativo foi realizado omitindo o
anticorpo primário.
A partir dos espécimes fixados em formol e emblocados em parafina, foram
preparados cortes com espessura de 3 µm, estendidos em lâminas de vidro
silanizadas, e deixados em estufa a 60°C por 24 hor as antes de iniciar as reações
imuno-histoquímicas. Primeiramente, os cortes foram desparafinados em dois
banhos de xilol e, em seguida, reidratados em cadeia descendente de etanóis. Após
a reidratação, foi feita a remoção do pigmento formólico através de incubação em
hidróxido de amônia a 10% em solução alcoólica (etanol 95%), por 10 minutos, e
lavagem em água subsequentemente.
Os cortes receberam tratamento de recuperação antigênica, com EDTA pH
9,0 para o anti-p53 e TRIS-EDTA pH 9,0 para o anti-COX-2 e o anti-EGFR S, em
banho maria, durante 30 minutos. Ao final do tratamento de recuperação antigênica,
os cortes foram imediatamente lavados em água corrente, durante 10 minutos, e
imersos em água destilada. Em seguida, seguiram para a etapa de bloqueio da
peroxidase endógena tecidual, realizada pela incubação em dois banhos, de 15
minutos cada, em solução 1:1 de peróxido de hidrogênio a 10% e metanol. Repetida
a lavagem em água, foram imersos em solução de TRIS pH 7,4, com dois banhos de
5 minutos cada.
41
Os anticorpos foram diluídos em solução tampão de TRIS, pH 7,6, acrescidos
de albumina bovina a 1%, em uma diluição de 1:75 para o p-53 e de 1:100 para o
anti-COX-2 e o anti-EGFR S e foram incubados sobre os cortes durante 30 minutos
para o anti-p53, e 120 minutos para o anti-COX-2 e o anti-EGFR S. Para a
incubação do anticorpo de ligação e do complexo terceário, foi usado o sistema o kit
LSAB+ (DAKO) para o anti-p53 e o sistema Advance HRP (DAKO) para os anti-
COX-2 e anti-EGFR S. Todas as condições experimentais precedentes, e as
descritas a seguir, foram otimizadas previamente em laboratório.
As reações foram reveladas pela diaminobenzidina (DAKO Liquid DAB+,
K3468) através de incubação por 10 minutos e, após lavagem em TRIS e água
deionizada, para remoção de excessos, os cortes foram contracorados com
hematoxilina de Mayer. Desde a utilização do anticorpo secundário até a
contracoloração todos as etapas foram realizadas automaticamente com o auxílio do
Autostainer DAKO e entre cada etapa realizada na máquina, os cortes passaram por
lavagens em solução tampão de TRIS pH 7,6.
Para o anti-EGFR SM, o tratamento de recuperação antigênica, bloqueio da
peroxidase endógena, incubação do anticorpo e do complexo terceário, revelação e
contracoloração, foram utilizados reagentes contidos no kit e as reações foram
realizadas manualmente de acordo com as instruções do fabricante.
Desidratação em série crescente de etanóis seguida de diafanização em xilol
e montagem das lamínulas com resina Permount, concluíram as reações realizadas
e as minas seguiram para análise em microscopia de luz (microscópio modelo
CHS, Olympus Optical Co., Ltd, Japão).
4.2.4.2 Análise da expressão dos anticorpos
A expressão dos anticorpos anti-p53, anti-EGFR (S e SM) e anti-COX-2 foi
avaliada por dois indivíduos calibrados previamente, os quais realizaram análise
qualitativa, verificando se houve marcação positiva e em que estrato do epitélio
(camada basal, parabasal ou espinhosa) ocorreu (Cruz et al, 1998; Shin et al., 1994).
Células foram consideradas positivas para os anticorpos quando houve marcação do
42
núcleo celular para o anti-p53, do citoplasma para o anti-COX-2, e da membrana
celular para os anti-EGFR.
4.2.5 Tratamento cirúrgico com laser de alta potência
O tratamento cirúrgico consistiu da excisão das LOs com laser de CO
2
(UM–
L30, Union Medical Engeneering Co, EUA; 10.600 nm, 5–10 W, modo contínuo) ou
laser de diodo (GaAlAs, ZAP softlase, ZAP Lasers Inc., EUA; 808 nm, 2–4 W, modo
contínuo). O laser de CO
2
foi preferencialmente utilizado devido às propriedades de
seu comprimento de onda, que promove corte rápido e dano térmico superficial. O
laser de diodo foi utilizado para lesões de difícil acesso cirúrgico (por exemplo,
palato mole) devido ao seu sistema de entrega que permite o contato da fibra óptica
com o tecido, reduzindo riscos de acidentes por irradiação em tecidos normais
adjacentes.
A cnica de excisão inclui em geral a demarcação das lesões por
vaporização com 1 mm de profundidade a 5 mm de sua margem. Em seguida, com o
auxílio de uma pinça clínica posicionada no sulco demarcado, as lesões foram
tracionadas verticalmente e ressecadas em sua base utilizando o laser como um
instrumento de corte. O tecido conjuntivo subjacente à área removida foi deixado
exposto à cavidade bucal, com reparação da área cirúrgica ocorrendo por segunda
intenção. Complicações ocorridas após o tratamento cirúrgico foram tratadas e
registradas. Os pacientes foram monitorados a cada 3 meses, sendo o período
mínimo de acompanhamento de 6 meses. Pacientes que não retornaram às
consultas de seguimento não foram excluídos e seus dados foram registrados até a
data da última consulta.
4.2.6 Desfechos clínicos pós-tratamento cirúrgico dos pacientes
Os desfechos clínicos considerados foram: recorrências, aparecimento de
novas lesões, ocorrência de transformação maligna.
43
4.2.7 Análise estatística
4.2.7.1 Curva de Kaplan-Meier, log-rank e análise de regressão de Cox para
análise de desfechos clínicos
Os desfechos clínicos (recorrência, novas lesões e transformação maligna)
foram analisados pela curva de Kaplan-Meier (análise de sobrevida).
A curva de Kaplan-Meier, complementada pelo teste de log-rank, foi utilizada
para analisar fatores que podem afetar a ocorrência dos desfechos clínicos,
especificamente gênero, idade, localização da lesão, tamanho da lesão, superfície
da lesão, grau de displasia, classificação binária, consumo de álcool, tabagismo e
história familiar de neoplasia maligna. Os fatores foram dicotomizados para facilitar a
análise estatística, conforme detalhado na tabela 4.2.
Tabela 4.2 - Fatores considerados para análise estatística
Fatores Dicotomização
Gênero Feminino Masculino
Idade 60 anos < 60 anos
Localização da
lesão
Borda língua, ventre língua,
fauce, assoalho bucal
Demais localizações
Tamanho da lesão 2 cm < 2 cm
Superfície da lesão Não homogênea Homogênea
Grau de displasia Intensa
Ausente, discreta ou
moderada
Classificação
binária
Alto risco Baixo risco
Álcool Consumo habitual (>200g/semana) Consumo esporádico
Tabagismo Sim Não
História familiar de
neoplasia maligna
Sim Não
44
O risco (hazard ratio) da ocorrência dos desfechos para cada fator estudado
foi avaliado pela análise univariada de regressão de Cox. Análise multivariada de
regressão de Cox foi realizada para verificar se associação entre os fatores ou se
são independentes para os desfechos clínicos analisados. Para a análise
multivariada de Cox somente os fatores com P < 0,1 obtidos na análise univariada
foram considerados. Significância estatística foi estabelecida para P < 0,05.
4.2.7.2 Odds ratio e x
2
para análise da expressão dos marcadores imuno-
histoquímicos
Teste de odds ratio (razão de chance) foi utilizado para avaliar a frequência
da expressão dos anticorpos anti-p53, anti-EGFR e anti-COX-2 entre os grupos de
lesões LO e grupo controle (tecido de gengiva normal), entre lesões com e sem
desfechos clínicos, entre lesões de alto e baixo risco e entre lesões que
apresentaram e que não apresentaram displasia epitelial intensa.
Teste de x
2
avaliou possíveis diferenças de expressão entre os anticorpos
EGFR S e EGFR SM nos grupos de lesões LO e no grupo controle (tecido de
gengiva normal).
45
5 RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E HÁBITOS
A amostra deste estudo consisitiu de 40 pacientes, 23 homens– idade média
de 56,56 anos (variação, 28–84 anos)– e 17 mulheres, idade média de 64,53 anos
(variação, 33–88 anos).
Dezesseis pacientes relataram história familiar de neoplasia maligna,
envolvendo o trato gastrointestinal (6 casos), a mucosa oral (4 casos), a mama ( 2
casos), o útero, pele e pulmão (1 caso em cada órgão), e 1 caso de localização não
especificada. Dois pacientes relataram história pregressa de neoplasia maligna (1
caso mama, e outro com 2 neoplasias distintas, em cordas vocais e próstata).
Consumo habitual de tabaco e/ou álcool foi constatado em 19 homens
(82,6%), dos quais 7 (30,4%) relataram consumo regular de tabaco e álcool, 11
(47,8%) somente de tabaco e 1 (4,3%) somente de álcool, enquanto 5 (21,7%) não
relataram hábitos de risco. Entre as mulheres, foi constatado hábito de tabagismo
em 6 pacientes (35.3%) e nenhum envolvendo consumo de álcool (Tabela 5.1).
Apenas 2 pacientes (homens) cessaram o hábito de fumar após serem orientados a
respeito da relação da LO com o tabaco.
Tabela 5.1 - Idade e hábitos de risco (fumo e álcool) de acordo com o gênero de pacientes com
LO atendidos na Clínica de Estomatologia, de 2003 a 2009
Gênero
Homens Mulheres
Idade
< 60 anos 15 6
60 anos 8 11
Tabagismo
20 cig/dia 11 6
> 20 cig/dia 7 0
não 5 11
Álcool*
< 200 g/semana 3 0
200 g/semana 5 0
não 15 17
*De acordo com o consumo seguro de álcool estabelecido pelo Centers for Disease Control and
Prevention, 2005
46
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LOS
Características clínicas e localização das lesões estão detalhadas na tabela
5.2. O aspecto homogêneo foi a característica clínica predominante nas LOs (33/49;
67,3%), a maioria das lesões media menos que 2 cm de diâmetro (28/49; 57,1%), e
os sítios mais afetados foram: borda de língua (13/49; 26,5%), mucosa jugal (10/49;
20,4%) e assoalho bucal (7/49; 14,3%).
Tabela 5.2 - Características clínicas (tipo e tamanho) de acordo com a localização das LOs (n = 49)
Características de superfície Tamanho
Localização Homog Não homog
Total <2 cm 2 a 4 cm >4 cm Total
Borda de língua 6 7 13 2 8 3 13
Mucosa jugal 9 1 10 8 2 0 10
Assoalho bucal 5 2 7 4 3 0 7
Palato duro 3 1 4 4 0 0 4
Gengiva 1 1 2 1 0 1 2
Rebordo alveolar 3 1 4 4 0 0 4
Palato mole 3 0 3 3 0 0 3
Fauces 0 2 2 1 1 0 2
Dorso de língua 1 1 2 1 1 0 2
Ventre de língua 0 1 1 0 1 0 1
Trígono
retromolar
1 0 1 1 0 0 1
Subtotal 32 17 49 29 16 4 49
Homog = homogênea
Não homog = não homogênea
5.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO COM LASER DE ALTA POTÊNCIA
Um total de 49 lesões foi observado nos 40 pacientes; 9 pacientes
apresentavam mais de uma lesão. O tempo médio de acompanhamento dos
pacientes foi de 22 meses (variação, 6–71 meses).
47
Remoção cirúrgica por laser de alta potência foi o tratamento preferencial
para a maioria das lesões. Tratamento por vaporização foi indicado em 8 lesões
devido à proximidade delas à superfície dental (3 casos), a ductos salivares (2
casos) e a vasos sanguíneos superficiais (3 casos). Biópsia excisional com laser de
alta potência foi realizada em 12 lesões menores que 1 cm.
Durante o pós-operatório o sintoma mais frequentemente relatado foi de
“queimação”, controlado pelo uso de bochechos com cloridrato de benzidamina
0,15%. O uso de análgesicos foi prescrito quando necessário. A ocorrência de dor
esteve associada à localização da LO, principalmente em borda de língua e mucosa
jugal. Medicação antiinflamatória não esteroidal foi utilizada para 7 pacientes, 5
tinham LOs em borda de língua, 1 em mucosa jugal e 1 em assoalho. Os sintomas
ocorreram predominantemente do 3º ao 10º dia após a intervenção cirúrgica.
Reparo com re-epitelização completa da mucosa tratada por cirurgia a laser
foi observado em 4 a 5 semanas após o tratamento. Durante a reparação 2
pacientes apresentaram tecido hiperplásico de aspecto granulomatoso, removidos
por vaporização com laser de CO
2
em um caso, e por cirurgia convencional em
outro, com subsequente reparação completa.
5.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA
Análise histopatológica das biópsias das LO revelou que 61,2% dos
espécimes apresentaram displasia epitelial (30/49), 9 (18,3%) com displasia intensa,
14 (28,6%) com displasia moderada e 7 (14,3%) com displasia leve. Análise pela
classificação do sistema binário (Kujan et al., 2006) identificou apenas 7 lesões de
alto risco e 42 lesões de baixo risco.
48
5.5 DESFECHOS CLÍNICOS OBSERVADOS (RECORRÊNCIAS,
DESENVOLVIMENTO DE NOVAS LESÕES E TRANSFORMAÇÃO MALIGNA)
Recorrência (reaparecimento da lesão no mesmo sítio inicial) foi observada
em 7 pacientes (17,5%); desenvolvimento de novas lesões (surgimento de lesão de
LO em sítio distinto do inicial) em 4 pacientes (10%); desfechos de recorrência
seguidos de desenvolvimento de nova lesão em 4 pacientes (10%). Desfechos
clínicos (recorrência ou desenvolvimento de novas lesões) foram mais frequentes
em língua (6 casos) e assoalho bucal (3 casos). Dois pacientes (5%) desenvolveram
lesão maligna (carcinoma epidermoide) em sítios diferentes da lesão inicial.
Malignização ocorreu em média 11,3 meses após o tratamento da lesão inicial.
Detalhamento dos casos com desfechos clínicos são mostrados na tabela 5.3.
5.5.1 Curva de Kaplan-Meier (análise de sobrevida), log-rank e análise de
regressão de Cox
Curva de Kaplan-Meier mostrou que a probabilidade de os pacientes estarem
livres de qualquer desfecho clínico após 20 meses foi de aproximadamente 50%
(Figura 5.1). Para o desfecho de recorrência isoladamente, foi de aproximadamente
70% (Figura 5.2), e para o desfecho de novas lesões, de 50% (Figura 5.3). Após 20
meses de acompanhamento, a curva manteve-se no mesmo nível para o desfecho
de recorrência, porém decresceu para o desfecho de novas lesões.
Tabela 5.3 - Detalhamento de características clínicas e histológicas de pacientes com LOs que tiveram desfechos de recorrência, desenvolvimento de novas
lesões ou transformação maligna
Idade Gênero
Localização
da lesão
Grau de displasia
(OMS, 2005)
Classificação
do risco
(Kujan, 2006)
Desfecho
Tempo para o
desfecho
Tempo de
acompanhamento
1 28 M Borda língua Intensa Alto risco Recorrência 3 meses 30 meses
2 62 F Assoalho bucal Intensa Baixo risco
Recorrência
Nova lesão
6 meses
7meses
27 meses
3 78 F Mucosa jugal Moderada Baixo risco Recorrência 8 meses 13 meses
4 66 F Gengiva vestibular Sem displasia Baixo risco Nova lesão 17 meses 29 meses
5 78 F Mucosa jugal Sem displasia Baixo risco
Recorrência
Nova lesão
6 meses
20 meses
24 meses
6 70 M Borda língua Moderada Alto risco Recorrência 9 meses 56 meses
7 73 F Mucosa jugal Moderada Baixo risco
Recorrência
Nova lesão
2 meses
24 meses
43 meses
8 55 M Ventre língua Sem displasia Baixo risco Recorrência 1 mês 6 meses
9 64 F Borda língua Moderada Baixo risco Nova lesão 7 meses 20 meses
10 83 M Fauce Intensa Alto risco
Transformação
maligna
6 meses 12 meses
11 58 F Dorso língua Sem displasia Baixo risco Recorrência 6 meses 27 meses
12 55 F Assoalho bucal Discreta Baixo risco Nova lesão 4 meses 6 meses
13 38 M Dorso língua Moderada Baixo risco
Recorrência
Nova lesão
24 meses
24 meses
49 meses
14 79 F Borda língua Moderada Baixo risco Nova lesão 41 meses 67 meses
15 38 M Rebordo alveolar Sem displasia Baixo risco Recorrência 12 meses 27 meses
16 45 M Borda língua Intensa Baixo risco Recorrência 9 meses 71 meses
17 57 F Mucosa jugal Sem displasia Baixo risco
Transformação
maligna
19 meses 20 meses
18 58 M Assoalho bucal Intensa Alto risco Recorrência 1 mês 18 meses
49
50
Figura 5.1 - Curva de Kaplan-Meier para os desfechos clínicos em conjunto (recorrência,
desenvolvimento de novas lesões ou transformação maligna)
Figura 5.2 - Curva de Kaplan-Meier para o desfecho de recorrência
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
Pro
babilidade livre de recorrência
Probabilidade livre de qualquer desfecho
51
Figura 5.3 -Curva de Kaplan-Meier para o desfecho de desenvolvimento de novas lesões
Teste de log-rank mostrou associação estatisticamente significante para o
grupo de pacientes com lesões de alto risco em comparação com os de lesões de
baixo risco, para os desfechos clínicos analisados conjuntamente (P = 0,009) e para
o desfecho de recorrência isoladamente (P = 0,037) (Figuras 5.4A e 5.4B). Para o
desfecho de novas lesões isoladamente, verificou-se associação estatisticamente
significante para o grupo de pacientes > 60 anos (P = 0,024) e para as mulheres (P
= 0,059) (Figuras 5.5A e 5.5B).
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
Probabilidade livre de novas lesões
52
Figura 5.4 - Curva de Kaplan-Meier dos grupos de pacientes apresentando lesões iniciais
de alto ou baixo risco, para os desfechos clínicos em conjunto (recorrência,
desenvolvimento de novas lesões ou transformação maligna); log-rank P =
0,009 (A) e para o desfecho de recorrência isoladamente; log-rank P = 0,037
(B)
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
Baixo risco
Alto risco
Probabilidade livre de recorrência
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
Baixo risco
Alto risco
Probabilidade livre de recorrência
53
Figura 5.5 - Curva de Kaplan-Meier dos grupos de pacientes para o desfecho de
desenvolvimento de novas lesões de acordo com o gênero; log-rank P =
0,059 (A) e a idade; log-rank P = 0,024 (B)
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
< 60 anos
60 anos
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
0
20
40
60
80
Tempo após a cirurgia (meses)
Homens
Mulheres
Probabilidade livre de novas lesões
Probabilidade livre de novas lesões
54
O resultado da análise de regressão univariada de Cox (Tabela 5.4) para os
fatores associados aos desfechos clínicos analisados em conjunto mostrou que
pacientes classificados como portadores de lesões de alto risco apresentam um
risco maior para o desenvolvimento de desfechos clínicos do que pacientes com
lesões de baixo risco (hazard ratio = 4,09; IC = 1,65–10,14). Outros fatores
analisados (gênero, idade, localização da lesão, superfície da lesão, grau de
displasia, álcool, tabagismo, história familiar de neoplasia maligna) não tiveram
influência estatisticamente significante como fatores de risco para a ocorrência de
desfechos clínicos (P > 0,05). Com relação ao tamanho das lesões, observou-se
maior risco para o desenvolvimento dos desfechos clínicos em lesões maiores que 2
cm do que lesões menores que 2 cm, porém a diferença não foi estatisticamente
significante (P = 0,094). Utilizando a análise de regressão multivariada de Cox para
avaliar se existe associação entre lesões de alto risco e lesões > 2 cm para a
ocorrência dos desfechos clínicos verificou-se que lesões de alto risco constituem
por si fator de risco independentemente do tamanho da lesão (hazard ratio = 4,8;
IC = 1,72–13,49; Tabela 5.5).
Tabela 5.4 - Análise de regressão univariada de Cox para desfechos clínicos em conjunto
(recorrência, desenvolvimento de novas lesões e transformação maligna)
Variável
Hazard ratio P
IC (95%)
Gênero 1,06 0,895 0,41–2,70
Idade 1,51 0,370 0,61–3,75
Localização da lesão 0,94 0,894 0,38–2,32
Tamanho da lesão**
2,19
0,094
0,87–5,53
Superfície da lesão 1,37 0,486 0,55–3,41
Grau de displasia 2,24 0,124 0,80–6,26
Classificação binária
4,09
0,002*
1,65–10,14
Álcool 0,68 0,651 0,13–3,50
Tabagismo 0,88 0,781 0,36–2,11
História familiar de neoplasia maligna 0,64 0,382 0,24–1,72
* estatisticamente significante (P < 0,05)
** variável considerada para análise de regressão multivariada (P < 0,01)
Tabela 5.5 - Análise de regressão multivariada de Cox para desfechos clínicos em conjunto
(recorrência, desenvolvimento de novas lesões e transformação maligna)
Variável
Hazard ratio P
IC (95%)
Tamanho da lesão 2,4 0,069 0,93–6,26
Classificação binária 4,8 0,003 1,72–13,49
55
Análise de regressão univariada de Cox foi usada para testar isoladamente os
desfechos de recorrência e novas lesões, mas não para transformação maligna, pois
houve apenas 2 casos com este desfecho.
Análise de regressão univariada de Cox usada para testar os desfechos
clínicos isoladamente mostrou que o risco para o desfecho de recorrência (Tabela
5.6) foi maior para pacientes com lesões de alto risco comparado com o de
pacientes com lesões de baixo risco (hazard ratio = 3,69; IC = 1,03–13,11). Como
nenhuma outra variável testada apresentou valor de P estatisticamente significante e
valores de P < 0,1, para o desfecho de recorrência não foi realizada análise de
regressão multivariada de Cox. O risco do desfecho de novas lesões (Tabela 5.7) foi
maior para pacientes do gênero feminino (hazard ratio = 4,22; IC = 0,94–18,85) e
para pacientes com idade 60 anos (hazard ratio = 5,32; IC = 1,10–25,54), mas
somente o último apresentou diferença estatisticamente significante. Análise de
regressão multivariada de Cox para pacientes do gênero feminino e pacientes com
idade 60 anos mostrou que os dois fatores (idade e gênero) são interdependentes
para a ocorrência de novas lesões. Os dois fatores isoladamente não têm influência
estatisticamente significante no desenvolvimento de novas lesões (P > 0,05; Tabela
5.8).
Tabela 5.6 - Análise de regressão univariada de Cox para o desfecho clínico de recorrência
Variável
Hazard ratio P
IC (95%)
Gênero 0,58 0,393 0,17–1,99
Idade 0,96 0,950 0,31–2,98
Localização da lesão 0,76 0,637 0,25–2,28
Tamanho da lesão 1,93 0,240 0,64–5,85
Superfície da lesão 1,52 0,443 0,51–4,50
Grau de displasia 2,55 0,122 0,77–8,39
Classificação binária 3,69 0,044* 1,03–13,11
Álcool 1,01 0,990 0,19–5,17
Tabagismo 1,34 0,617 0,42–4,24
História familiar de neoplasia maligna 0,57 0,367 0,16–1,92
*estatisticamente significante (P < 0,05)
56
Tabela 5.7 - Análise de regressão univariada de Cox para o desfecho clínico de desenvolvimento de
novas lesões
Variável
Hazard ratio P
IC (95%)
Gênero**
4,22
0,059
0,94–18,85
Idade
5,32
0,037*
1,10–25,54
Localização da lesão 0,64 0,459 0,20–2,04
Tamanho da lesão 2,62 0,168 0,66–10,36
Superfície da lesão 0,40 0,244 0,09–1,83
Grau de displasia 0,52 0,577 0,05–4,95
Classificação bináriaº
Álcool 1,16 0,874 0,17–7,74
Tabagismo 0,38 0,167 0,09–1,49
História familiar de neoplasia maligna 1,70 0,447 0,42–6,81
* estatisticamente significante (P < 0,05)
** variável considerada para análisede regressão multivariada (P < 0,01)
º não foi possível realizar o teste
Tabela 5.8 - Análise de regressão multivariada de Cox para o desfecho clínico de
desenvolvimento de novas lesões
Variável
Hazard ratio P
IC (95%)
Gênero 3,10 0,138 0,69–13,90
Idade 4,14 0,101 0,75–22,64
5.6 EXPRESSÃO DOS ANTICORPOS ANTI-P53, ANTI-COX-2, ANTI-EGFR S E
ANTI-EGFR SM
As reações imunohistoquímicas foram realizadas em 39 das 49 lesões de LO;
10 blocos parafinados de biópsia de LO não apresentavam material suficiente para
processar as reações.
O anticorpo anti-p53 foi positivo em 26 lesões de LO (26/39; 66,6%) e em 4
espécimes do grupo controle (4/20; 20%). No entanto, a expressão no grupo
controle foi restrita à camada basal, enquanto no grupo LO não houve predomínio de
expressão em uma camada específica (Figuras 5.6A e 5.6B).
57
Figura 5.6 - Padrão de marcação do anticorpo anti-p53 nas LOs (A) e no grupo controle (B) (aumento
de 100 x)
O anticorpo anti-COX2 foi positivo em 21 lesões de LO (21/39; 53,8%),
apresentando padrão de expressão focal e mais frequente na camada basal,
especialmente em lesões com displasia epitelial intensa ou de alto risco. Em
espécimes do grupo controle o anti-COX2 marcou a camada basal em apenas 2
casos (2/20; 10%; Figuras 5.7A e 5.7B).
Figura 5.7 - Padrão de marcação do anticorpo anti-COX-2 nas LOs (A) e no grupo controle (B)
(aumento de 100 x); em detalhe pode-se observar marcação citoplasmática de células
epiteliais na camada basal, parabasal e espinhosa (aumento de 400 x)
58
Os anticorpos anti-EGFR apresentaram padrão de expressão uniforme em
lesões de LO e no grupo controle. O anticorpo anti-EGFR S foi positivo desde a
camada basal até a camada espinhosa em 11 lesões do grupo de LO (11/39; 28%) e
em 11 espécimes do grupo controle (11/20; 55%). O anticorpo anti-EGFR SM foi
positivo desde a camada basal até a espinhosa em 20 lesões de LO (21/39; 53,8%)
e em 10 espécimes do grupo controle (10/20; 50%; Figuras 5.8A, 5.8B e 5.9A, 5.9B).
Figura 5.8 - Padrão de marcação do anticorpo anti-EGFR S (A) e anti-EGFR SM (B) no grupo
controle (aumento de 100 x); nota-se a expressão dos dois clones nos mesmos
estratos do epitélio (camada basal)
Figura 5.9 - Padrão de marcação do anticorpo anti-EGFR S e anti-EGFR SM no grupo de LOs
(aumento de 100 x); nota-se a expressão do anti-EGFR S restrito à camada basal (A),
enquanto a expressão do anti-EGFR SM se estende até camada espinhosa (B)
59
5.6.1 Análise da expressão dos anticorpos
De acordo com os resultados observados na análise microscópica, a variável
expressão dos anticorpos foi dicotomizada para permitir a análise estatística.
Anticorpos anti-p53 e anti-COX-2 dicotomizados em: ausência de marcação e
marcação em qualquer estrato do epitélio (camada basal, parabasal ou
espinhosa).
Anticorpos anti-EGFR S e anti-EGFR SM dicotomizados em: ausência de
marcação na camada espinhosa (sem marcação, marcação nas camadas basal
ou parabasal) e marcação na camada espinhosa.
A análise pelo teste de odds ratio mostrou associação estatisticamente
significante da expressão do p53 (OR = 4,66; IC = 1,45–14,96) e do COX-2 (OR =
10,50; IC = 2,13–51,52) no grupo de pacientes com LO comparados com a do grupo
controle (Tabela 5.9). Não houve diferença estatisticamente significante quando a
expressão dos anticorpos (p53, COX-2, EGFR S e EGFR SM) no grupo de pacientes
com desfechos clínicos foi comparada com a dos pacientes sem desfechos clínicos
(P > 0,05; Tabela 5.10). Não houve diferença estatisticamente significante da
expressão dos anticorpos (p53, COX-2, EGFR S e EGFR SM) entre o grupo de
lesões de baixo risco comparado com a do grupo de lesões de alto risco (P > 0,05;
Tabela 5.11). Não houve associação estatisticamente significante da expressão dos
anticorpos p53, EGFR S e EGFR SM entre as lesões com displasias intensas
comparadas com as lesões de menor grau de displasia e sem displasia (P > 0,05;
Tabela 5.12). Dada a amplitude de expressão do anticorpo anti-COX-2 não foi
possível executar o teste estatístico.
A análise do teste de x
2
mostrou que a diferença de expressão entre os
anticorpos anti-EGFR S e anti-EGFR SM nos cortes histológicos das LOs não foi
estatisticamente significante (P = 0,064; Tabela 5.13). Também não houve diferença
estatisticamente significante de expressão entre os anticorpos anti-EGFR S e anti-
EGFR SM nos cortes histológicos de mucosa gengival normal do grupo controle (P =
1; Tabela 5.14).
60
Tabela 5.9 - Distribuição da marcação dos anticorpos nos grupos de pacientes com LO e grupo
controle
Marcação do
anticorpo
Grupo LO
(n = 39)
Grupo controle
(n = 20)
Odds ratio P
IC (95%)
p53
positiva
negativa
26
13
6
14
4,66
0,016*
1,45–14,96
COX2
positiva
negativa
21
18
2
18
10,50
0,002*
2,13–51,52
EGFR S
esp positiva
esp negativa
11
28
11
9
0,32
0,08
0,10–0,08
EGFR SM
esp positiva
esp negativa
20
19
10
10
1,05
0,8
0,35–3,09
* estatisticamente significante (P < 0,05)
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
Tabela 5.10 - Distribuição da marcação dos anticorpos nos grupos de pacientes de LO com desfecho
clínico e sem desfecho clínico
Marcação do
anticorpo
Grupo com
desfecho
(n = 18)
Grupo sem
desfecho
(n = 21)
Odds ratio P
IC (95%)
p53
positiva
negativa
12
6
14
7
1
0,733
0,16–2,39
COX2
positiva
negativa
11
7
10
11
1,72
0,602
0,48–6,20
EGFR S
esp positiva
esp negativa
5
13
6
15
0,96
0,762
0,23–3,89
EGFR SM
esp positiva
esp negativa
11
7
9
12
2,09
0,414
0,58–7,55
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
61
Tabela 5.11 - Distribuição da marcação dos anticorpos de acordo com a classificação binária
Marcação do
anticorpo
Alto risco
(n = 7)
Baixo risco
(n = 32)
Odds ratio P
IC (95%)
p53
positiva
negativa
3
4
23
9
0,29
0,302
0,05–1,58
COX2
positiva
negativa
6
1
15
17
6,80
0,147
0,73–36,11
EGFR S
esp positiva
esp negativa
1
6
10
22
0,36
0,660
0,03–3,46
EGFR SM
esp positiva
esp negativa
3
4
17
15
0,66
0,940
0,12–3,44
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
Tabela 5.12 - Distribuição da marcação dos anticorpos de acordo com a classificação da displasia
(OMS,2005)
Marcação do
anticorpo
Intensa
(n = 9)
Não intensa
(n = 30)
Odds ratio P
IC (95%)
p53
positiva
negativa
5
4
21
9
0,53
0,686
0,11–2,42
COX2º
positiva
negativa
9
0
12
18
EGFR S
esp positva
esp negativa
1
8
10
20
0,25
0,380
0,02–2,28
EGFR SM
esp positiva
esp negativa
5
4
15
15
1,25
0,930
0,27–5,58
º não foi possível realizar o teste
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
62
Tabela 5.13 - Distribuição da marcação das proteínas EGRF S e EGFR SM entre as lesões
leucoplásicas
Marcação do
anticorpo
EGFR S
(n = 39)
EGFR SM
(n = 39)
X
2
P
X
2
Correção
de Yates
P
esp positiva
esp negativa
11
28
20
19
4,33 0,037 3,42 0,064
* estatisticamente significante (P < 0,05)
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
Tabela 5.14 - Distribuição da marcação das proteínas EGRF S e EGFR SM entre espécimes do grupo
controle
Marcação do
anticorpo
EGFR S
(n = 20)
EGFR SM
(n = 20)
X
2
P
X
2
Correção
de Yates
P
esp positiva
esp negativa
11
9
10
10
0,10 0,751 0,00 1,000
esp positiva: marcação positiva na camada espinhosa
esp negativa: ausência de marcação na camada espinhosa
63
6 DISCUSSÃO
Durante o período de 2003 a 2009, 40 pacientes com LO foram examinados e
diagnosticados em nossa clínica, correspondendo à média de 5,7 pacientes ao ano.
Comparativamente, a frequência de atendimento de pacientes com LO em nossa
clínica aproxima-se à da média de atendimento relatada em outros estudos, de 8,6
pacientes por ano (Schepman et al. 1998; Saito et al., 2001; Thomson; Wylie, 2002;
Chandu; Smith, 2005; van der Hem et al., 2005; Holmstrup et al., 2006). Alguns
desses estudos são realizados em centros de referências, onde a média de
atendimento ultrapassa 11 pacientes por ano.
Embora não haja dados exatos da prevalência da LO em nossa população, o
número de atendimentos anuais registrados neste estudo indica que é uma doença
de relativa frequência, o que demanda investigações constantes, sobretudo por ser
uma lesão cancerizável. O fato de a LO ser uma doença geralmente assintomática,
sendo por isso diagnosticada, na maioria dos casos, em exame clínico de rotina,
representa um dado que pode caracterizar uma sub-representação da doença em
ambulatórios.
Estudos populacionais em geral mostram que a LO afeta predominantemente
indivíduos na faixa etária entre 50 e 70 anos, e com maior incidência em homens,
com a relação homens/mulheres de 2,5 a 3:1 (Petti, 2003). A média de idade
observada nos pacientes deste estudo foi de 60,5 anos, com maior prevalência em
homens, porém a relação homem/mulher foi de 1,3:1, semelhante à de resultados de
outros estudos similares, mostrando que a LO tende a ocorrer com igual frequência
em homens e mulheres em atendimento ambulatorial (Napier; Speight, 2008). A
maior prevalência da doença em homens, verificada em estudos populacionais,
pode ser explicada pela maior exposição dos homens aos hábitos de tabagismo. A
tendência do número de casos de LO ocorrer de forma similar em homens e
mulheres nos ambulatórios deve-se provavelmente a maior procura pela mulher a
cuidados preventivos de saúde, permitindo a identificação da LO com mais
frequência, enquanto nos homens a identificação ocorreria em menor proporção e
de forma mais casual.
Em relação à localização das lesões, este estudo mostrou que borda lateral
da língua, mucosa jugal e assoalho bucal foram os sítios mais afetados, em ordem
64
decrescente. Estudos epidemiológicos indicam resultados um pouco diferentes,
sendo a mucosa bucal a área mais afetada (Napier; Speight, 2008). Características
clínicas predominantemente observadas neste estudo foram o aspecto homogêneo
(67,3%) e tamanho de a4 cm (89,9%). Segundo a literatura, LOs em áreas como
borda lateral da língua e assoalho bucal, aspecto não homogêneo e lesões maiores
que 4 cm apresentam maior risco de malignização (van der Waal, 2009). Todavia, há
registros de malignização de LOs também em lesões de aspecto homogêneo e
menores que 4 cm. Clinicamente não há dados que possam prognosticar com
confiabilidade lesões que irão ou não ter transformação maligna. Baseado nisto, não
houve diferença de conduta clínica entre pacientes que apresentaram lesões
homogêneas e não homogêneas e também lesões menores ou maiores que 4 cm.
Essa conduta incluiu lesões que não apresentaram displasia epitelial. Quanto à
localização, lesões localizadas em borda e assoalho de língua tiveram uma
avaliação mais rigorosa, pois como mencionado, o índice de malignização nessas
áreas é acentuadamente mais elevado.
Um dos objetivos deste estudo foi avaliar a eficácia do laser de alta potência
no tratamento das LOs. Dados do aspecto terapêutico mostraram que os lasers de
alta potência utilizados (de CO
2
e de diodo) foram eficientes para a remoção
cirúrgica das LOs, e o pós-operatório foi bem tolerado pela maioria dos pacientes,
independentemente do tipo de laser. A sintomatologia dolorosa esteve mais
associada a áreas de atrito constante, como borda lateral da língua e mucosa jugal,
do que em áreas menos sujeitas a traumas, como o assoalho bucal.
Complicações pós-operatórias foram observadas somente em dois casos,
caracterizadas pela reparação tardia associada ao aparecimento de granulomas nas
áreas irradiadas. Em um dos casos esta complicação pôde ser atribuída à menor
vascularização do local da cirurgia (palato duro) associada ao intenso bito de
tabagismo, e, no outro caso, à condição sistêmica do paciente (diabetes mellitus) e
possível trauma da região. Complicações após a remoção das LOs por laser de alta
potência provavelmente não são comuns (há poucos casos relatados na literatura),
porém esses tipos lasers devem ser manipulados somente por profissionais
habilitados.
Embora o tratamento preferencial para as LOs seja o cirúrgico, principalmente
pelo uso dos lasers, devido à rapidez e ao melhor controle do sangramento que
esses instrumentos cirúrgicos oferecem, os pacientes não permanecem livres de
65
recorrência ou do aparecimento de novas lesões (Lodi; Porter, 2008). Durante
avaliações periódicas após excisão cirúrgica das LOs, recorrências ou
desenvolvimento de novas lesões foram observados em 37,5% dos pacientes;
recorrências isoladamente corresponderam a 27,5% dos casos. Esses resultados
não diferem dos dados relatados na literatura científica, que registram uma variação
de 10% a 57% (Lodi; Porter, 2008).
Variações do percentual de recorrências e desenvolvimento de novas lesões
têm sido atribuídas a critérios de inclusão e exclusão dos pacientes e aos
equipamentos cirúrgicos utilizados. Especificamente, alguns estudos excluíram
pacientes com alto grau de displasia, favorecendo a diminuição das taxas de
recorrência; outros utilizaram microscópio associado ao laser, o que permite uma
melhor execução da técnica, reduzindo também o grau de recorrência (Frame et al.,
1984; Chu et al., 1988; Chiesa et al., 1990; Roodenburg et al., 1991; van der Hem et
al., 2005; Holmstrup et al., 2006; Lodi; Porter, 2008; Vivek et al., 2008).
Apenas 2 casos com transformação maligna foram observados neste estudo,
correspondendo a 5% da casuística, compatível com os percentuais de
transformação maligna das LOs registrados na literatura (4%–12%). Deve ser
ressaltado que os 2 casos observados ocorreram em localizações distintas do sítio
inicial da LO. O desenvolvimento de lesões malignas em sítios distintos da lesão
inicial também foi notado em outros estudos (Schepman et al., 1998; Chandu; Smith,
2005; Hamadah; Thomson, 2009), sugerindo a presença de alterações distribuídas
em toda a mucosa oral, corroborando com a ideia da existência de um campo de
cancerização que acomete o epitélio oral como um todo. Essas malignizações em
sítios distintos da lesão inicial reforçam a necessidade do acompanhamento dos
pacientes com LO por período indefinido, tão longo quanto possível.
Outro dado importante em relação a esses 2 casos de transformação maligna
foi a detecção do carcinoma epidermoide somente na biópsia excisional. A análise
histopatológica das biópsias incisionais dessas lesões mostraram hiperqueratose
com displasia epitelial intensa. Esse evento foi observado também em outros
trabalhos, pois biópsias incisionais são pouco representativas em lesões
potencialmente malignas (Thomson; Wylie, 2002; van der Hem et al., 2005).
Para evitar a falha na identificação de áreas de malignidade em LOs sugere-
se a realização de biópsias mais extensas (punch com mínimo de 6 mm),
preferencialmente em áreas de aspecto erosivo ou verrucoso (van der Hem et al.,
66
2005). A remoção completa das lesões e sua subsequente análise histopatológica
são importantes para determinar o grau de displasia e detectar eventual presença de
carcinoma epidermoide (Chiesa et al., 1990; Lumerman et al., 1995). Desse modo,
embora o tratamento cirúrgico das LOs não seja eficaz como uma intervenção de
prevenção de transformação maligna, ela pode desempenhar o papel de detectar o
câncer em um estágio inicial quando este não é identificado na biópsia incisional
(Lodi; Porter, 2008).
Após 20 meses de seguimento clínico, a probabilidade dos pacientes estarem
livres de qualquer desfecho clínico (recorrência, desenvolvimento de novas lesões e
transformação maligna) foi de aproximadamente 50%. Após esse período, a curva
para o desfecho de recorrência manteve-se sem variações, enquanto a curva para o
desfecho de novas lesões decresceu. No que se refere às recorrências, ainda que o
controle local das lesões tenha sido aparentemente estabelecido durante o período
analisado, o seguimento dos pacientes deve ser mantido, pois a porcentagem de
pacientes livres de LO tende a diminuir com o tempo de acompanhamento (Chiesa
et al., 1990; Chandu; Smith, 2005; Hamadah; Thomson, 2009).
Dos fatores analisados que podem contribuir com os desfechos clínicos, os
mais significativos foram as alterações morfológicas epiteliais severas,
caracterizadas como lesões de alto risco. Os fatores gênero feminino e idade
superior a 60 anos também estiveram associados ao desenvolvimento de novas
lesões. Portanto, os resultados deste estudo mostraram que lesões de alto risco,
gênero feminino e idade superior a 60 anos devem ser considerados fatores de
maior relevância para o risco de malignização das LOs. Na literatura consultada não
consenso entre os fatores de risco para os desfechos clínicos, inclusive alguns
autores não observaram nenhuma associação entre os fatores e desfechos (Saito et
al., 2001; Thomson; Wylie, 2002; van der Hem et al., 2005). Porém, alguns fatores
como paciente do gênero feminino sem hábitos de tabagismo, tamanho da lesão, e
displasia epitelial intensa, são referenciados como os mais frequentemente
associados aos desfechos clínicos (Schepman et al., 1998; Napier et al., 2003;
Chandu; Smith, 2005; Holmstrup et al., 2006).
Poucos estudos analisaram conjuntamente a classificação binária (lesões de
alto e baixo risco) e o grau de displasia para a ocorrência de desfechos clínicos pós
tratamento cirúrgico de LOs. Como analisado neste estudo, a classificação binária
pode ser mais eficiente do que a classificação da displasia ao prognosticar lesões
67
com maior risco a recorrências, devendo ser incluído na avaliação histopatológicas
das LOs, como também sugerido em recente artigo de Warnakulasuryia et al. (2008).
Considerando apenas fatores intrísecos às lesões (tamanho, aspecto de
superfície e alterações morfológicas do epitélio), algumas condutas como o aumento
da área de excisão, complementada pela vaporização das margens cirúrgicas,
auxiliam na redução de recorrências e asseguram a remoção de lesões com
malignização incipiente, conforme mostram os resultados dos estudos de Chiesa et
al. (1990) e Hamadah e Thomson (2009).
Estudos realizados nas últimas décadas não evidenciaram nenhum tipo de
marcador específico que possa servir como indicador confiável no prognóstico das
LOs (Warnakulasuriya, 2000; Warnakulasuriya et al., 2008). Diversos marcadores
moleculares associados à transformação maligna têm sido investigados para
diferentes tipos de neoplasias malignas. No presente estudo os marcadores EGFR,
COX-2 e p53 foram selecionados para investigação, pois evidências da
participação deles no processo inicial da carcinogênese (Lippman et al., 2005).
Os padrões de expressão do p53, COX-2 e do EGFR SM observados em
nosso estudo estão de acordo com os relatados na literatura (Cruz et al., 2002;
Renkonen et al., 2002; Shibata et al., 2005; Fan et al., 2006). A frequência e o
padrão de expressão dos marcadores p53 e COX-2 observada nas LOs, em
comparação ao observado no grupo controle, sugerem que as LOs têm alterações
moleculares epiteliais semelhantes às observadas em neoplasias malignas orais.
Embora as LOs expressem os marcadores p53 e COX-2 de maneira significativa,
estes marcadores não foram associados a lesões que tiveram desfechos clínicos
desfavoráveis (recorrência, desenvolvimento de novas lesões ou transformação
maligna). A ausência de correlação entre os marcadores e os desfechos clínicos
deve-se provavelmente ao processo biológico de indução epitelial envolvido nos
desfechos de recorrências e no desenvolvimento de novas lesões, não associado
aos marcadores moleculares investigados. Quanto ao desfecho de transformação
maligna, os dados apresentados neste estudo são limitados na avaliação deste
aspecto, uma vez que apenas 2 casos de malignização foram observados. Em
caráter especulativo, pode-se dizer que os marcadores p53 e COX-2 podem ser
úteis como indicadores da existência de potencial de malignização de lesões, mas
não necessariamente como indicadores precisos de transformação maligna.
68
Associação significante entre expressão do p53 e o grau de displasia foi
verificada em 2 estudos (Kurokawa et al., 2003; Cruz et al., 2002), enquanto em
outros essa associação não foi evidenciada (Kannan et al., 1996; Piatelli et al., 2002;
Fan et al., 2006). Os achados do estudo de Kannan et al. (1996) mostraram ainda
que a expressão do p53 foi mais frequente nas lesões não displásicas que nas
displásicas. No presente estudo, também não foi observada uma associação
estatisticamente significante entre a expressão do p53 e o grau de displasia ou em
LOs de baixo risco. Os diferentes resultados apresentados em relação à expressão
do p53 em LOs podem ser explicados pelas diferenças de metodologias no
processamento das reações de imuno-histoquímica e na quantificação da expressão
do anticorpo.
Considerando o grau de displasia observado nas LOs, apenas o COX-2 foi
expresso em todas as lesões apresentando displasia intensa e em 6 das 7 lesões
classificadas como de alto risco. Os dados em relação à severidade da displasia
estão de acordo com os resultados de outro estudo semelhante (Shibata et al.,
2005). Seria importante investigar se LOs com transformação maligna apresentam
marcação positiva para a COX-2, o que não foi possível realizar neste presente
estudo. Esse tipo de investigação apresenta conflito ético, pois a análise da
expressão da COX-2 em LOs como indicador de transformação maligna poderia
ser feita se as lesões permanecessem sem tratamento cirúrgico e fossem
acompanhadas por tempo necessário até a ocorrência da malignização.
A expressão dos dois clones do anti-EGFR (S e SM) observada em tecidos
normais mostra que esses receptores estão presentes normalmente no epitélio da
mucosa oral, enquanto que em LOs uma tendência da perda da expressão do
anti-EGFR S na camada espinhosa do epitélio. A ausência de associação
estatisticamente significante entre a marcação do EGFR SM na camada espinhosa e
as LOs possivelmente ocorreu pelo tamanho insuficiente da amostra. A possibilidade
de que houvesse diferença na expressão entre os clones do anti-EGFR poderia
indicar que não diferença relevante entre o número de receptores presentes em
tecido normal e o leucoplásico, mas que os receptores mutados observados no
epitélio de LOs possivelmente desempenham um papel distinto dos receptores
normais. Para confirmar esta hipótese, seria necessário investigar a expressão em
LOs e tecido epitelial normal de um anticorpo anti-EGFR que marcasse somente os
receptores mutados.
69
Os resultados deste e de outros estudos imuno-histoquímicos mostraram-se
limitados no que diz respeito a ampliar a capacidade de prognosticar LOs com maior
risco de malignização. Fatores como idade, gênero e classificação binária, além de
outros de importância já estabelecida, como a extensão da lesão, localização e grau
de displasia, são os indicadores com os quais devemos nos basear para avaliar
lesões com maior potencial de malignização. O tratamento proposto constitui um
recurso importante de remoção de lesões com malignização precoce clinicamente
não detectáveis, embora não tenha ação de alterar os eventos de recorrência,
desenvolvimento de novas lesões ou transformação maligna.
70
7 CONCLUSÕES
1. LOs são lesões de relativa frequência em nosso ambulatório; mulheres estiveram
menos expostas ao hábito de tabagismo.
2. Tratamento por lasers de alta potência (CO
2
e diodo) mostrou-se eficiente na
remoção das lesões, mas não evitou desfechos clínicos de recorrência,
desenvolvimento de novas lesões e transformação maligna.
3. Idade acima de 60 anos no gênero feminino constituiu fator de risco ao
desenvolvimento de novas lesões após o tratamento.
4. Lesões de alto risco foram associadas à ocorrência de recorrências após o
tratamento.
5. Os marcadores p53, COX-2 e EGFR (clone S e clone SM) não constituíram
indicadores associados ao risco aumentado de desfechos clínicos.
71
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81
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
82
83
ANEXO B – Termo de consentimento para pacientes com LO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACÃO EM
PESQUISA
OBJETIVOS
As informações abaixo são para esclarecer e pedir a sua participação voluntária neste
estudo, que tem o objetivo de acompanhar placas brancas na boca (também chamadas de
leucoplasias orais) tratadas com laser cirúrgico, e realizar estudo laboratorial (também
chamado de reação imunohistoquímica) do material colhido na biópsia incisional de rotina na
Clínica de Estomatologia, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).
O título da pesquisa é “Estudo do potencial de malignização da leucoplasia oral marcadores
imunohistoquímicos e da utilização de laser de CO
2
e de diodo como tratamento”. Este
trabalho está sendo conduzido pela cirurgiã-dentista Vivian Cunha Galletta Kern, aluna
regular do curso de pós-graduação de Diagnóstico Bucal da FOUSP em nível de doutorado.
BENEFÍCIOS
O tratamento convencional das placas brancas em boca (leucoplasias orais) consiste na
remoção cirúrgica, seja por lâmina de bisturi ou laser de alta potência. A utilização do laser
cirúrgico para o tratamento desta condição tem vantagens como: controle de sangramento,
maior visibilidade para o cirurgião, redução do tempo de cirurgia, menor cicatriz, menor
bacteremia, e dispensa a necessidade de sutura (ponto). No entanto, apresenta a desvantagem
de ter uma cicatrização relativamente mais longa que a técnica tradicional. Caso você prefira a
cirurgia por lâmina de bisturi à cirurgia por laser, ou ainda declinar da condição de
participante desta pesquisa, não haverá prejuízo do atendimento e do tratamento na Clínica de
Estomatologia da FOUSP. A duração do tratamento é independente deste estudo, sendo
garantido mesmo após a conclusão da pesquisa.
DESCRIÇÃO DO ESTUDO E RISCO POTENCIAL
Caso você tenha concordado em participar da pesquisa, será realizado o protocolo de
tratamento de rotina da disciplina de Estomatologia Clínica, que consiste em:
- exame de citologia esfoliativa: coleta de células descamativas da mucosa da boca por
meio de raspagem de uma escova estéril na área da lesão branca. Este procedimento não dói,
nem provoca ferida.
- coloração com azul de toluidina: aplicação de ácido acético 1% embebido em
algodão para limpeza da área da lesão branca, em seguida, aplicação do corante azul de
toluidina 10% por 1 minuto, e novamente aplicação de ácido acético 1% para remoção do
excesso de corante. Este procedimento não dói, nem provoca ferida e é realizado para
verificar se há alguma área favorável para a realização da biópsia incisional.
- biópsia incional: coleta de parte da lesão branca através da remoção com lâmina de
bisturi, sob anestesia local. Este procedimento é necessário para confirmação da hipótese
diagnóstica clínica. Eventualmente, durante o pós-operatório, será necessário o uso de
medicamento analgésico, de custo do próprio paciente.
84
Confirmado o diagnóstico de leucoplasia oral, o paciente receberá o tratamento, que
consistirá na remoção cirúrgica da lesão branca com laser cirúrgico. Este procedimento é de
risco mínimo, considerando a possibilidade de acidente pela irradiação de outras áreas que
não sejam a lesão. Eventualmente, durante o pós-operatório, será necessário o uso de
medicamento analgésico, de custo do próprio paciente. Retornos periódicos serão marcados
para controle da doença, durante 1 ano.
Parte da lesão branca removida será enviada ao Serviço de Patologia Bucal da FOUSP,
para a conclusão do diagnóstico e estudo laboratorial denominado de reação de
imunohistoquímica.
GARANTIA DE SIGILO/ DÚVIDAS E ESCLARECIMENTOS
Os registros de sua participação neste estudo são confidenciais, e permanecerão sob a
guarda do pesquisador responsável e à disposição do Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da FOUSP. Não se fará, no curso do estudo ou depois deste e em
qualquer tipo de apresentação ou publicação científica, uso de informação que possa
identificá-lo ou comprometê-lo. Você poderá, entretanto, vir a ser solicitado a confirmar por
escrito que participou desse estudo. Caso tenha alguma dúvida, você poderá perguntar direta e
pessoalmente ao pesquisador, ou ainda através do telefone (11) 3091-7883.
CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
Após ler estas informações e de ter minhas dúvidas suficientemente esclarecidas pelo
pesquisador, eu _____________________________________________________, RG
_______________________, concordo em participar de forma voluntária neste estudo.
São Paulo, ____ de _________________ de _______
__________________________________________________
(Assinatura do participante da pesquisa ou do seu representante legal)
Endereço do participante: ___________________________________________
Bairro:_________________________________CEP:_____________________
Telefone:__________________ Cidade:________________________________
85
ANEXO C – Formulário utilizado para o protocolo de tratamento das leucoplasias orais
PROTOCOLO DE LASERS DE ALTA POTÊNCIA EM LEUCOPLASIAS
Nº USP: Nº Semiologia: ___________
Nome: Idade: _____
Endereço: CEP: _____________
Cidade: Estado: Natural de: _____________
Telefones: res: cel: com:
________________
RG: _____________________ Profissão: ___________________ Gênero: ( )M ( )F
Data de nascimento: ___ /__ / ___ Estado Civil: _________________
leucoderma ( ) feoderma ( ) melanoderma ( ) xantoderma ( )
Características da lesão:
Tamanho: <2cm ( ) >2cm a 4cm ( ) >4cm ( )
Quantidade: Tipo: ( ) homogênea ( ) não-homogênea
Duração: ______dias______meses______anos
Cor: ( ) branca ( ) predominantemente branca ( ) branca com áreas de eritema
Superfície: ( ) lisa ( ) corrugada ( ) estriada ( ) verrucosa ( ) papular
Removível por raspagem: ( ) não ( ) sim Presença de ulcerações: ( ) sim ( ) não
Localização da lesão:
Língua ( ) D ( ) E ( ) dorso ( ) ventre Mucosa jugal ( ) D ( ) E
Rebordo Alveolar Superior ( ) D ( ) E ( ) V ( ) P ( ) anterior
Rebordo Alveolar Inferior ( ) D ( ) E ( ) V ( ) P ( ) anterior
Palato duro ( ) D ( ) E ( ) linha média Palato mole ( ) D ( ) E ( ) linha média
Assoalho de boca ( ) D ( ) E ( ) linha média
Sintomatologia:
Ausente ( ) ardência ( ) dor ( )
Exame histopatológico da(s) lesão(ões):
Data Número do AP Grau de Displasia
86
Exames complementares:
Data
Cit. Esfoliativa
(positivo/negativo para
candidose)
Azul de Toluidina
(positivo/negativo)
HISTÓRIA MÉDICA
Hipertensão ( ) Há quanto tempo: ________________
Medicamento(s): Tempo de uso: ________________
Diabetes ( ) tipo 1 ( ) tipo 2 Há quanto tempo: ________________
Medicamento(s): Tempo de uso: ________________
Cardiopatia ( ) Há quanto tempo: ________________
Medicamento(s): Tempo de uso: ________________
Outras enfermidades ( ) (rim, fígado, pulmão, tireóide)
Há quanto tempo: ________________
Medicamento(s): Tempo de uso: ________________
Outros medicamentos
Medicamento: Tempo de uso: ________________
Medicamento: Tempo de uso: ________________
HISTÓRIA FAMILIAR DE MALIGNIDADE ( ) sim/local:______________ ( ) não
HÁBITOS
Fumo ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: Parou há quanto tempo: _________________
Álcool ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: Parou há quanto tempo: _________________
Drogas ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: Parou há quanto tempo: ________________
87
LASER UTILIZADO: CO2 ( ) DIODO ( ) POTÊNCIA_____W
CONDUTA CLÍNICA E PROCEDIMENTOS REALIZADOS
88
ANEXO D – Termo de consentimento para pacientes do grupo controle
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPACÃO EM
PESQUISA
OBJETIVOS
As informações abaixo são para esclarecer e pedir a sua participação voluntária neste
estudo, que tem o objetivo de acompanhar pacientes com placas brancas na boca,
denominadas de leucoplasia oral (este não e o seu caso), tratadas com laser cirúrgico, e
realizar estudo laboratorial (também chamado de reação imunohistoquímica) do material
colhido na biópsia incisional de rotina na Clínica de Estomatologia, Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). O título da pesquisa é Estudo do
potencial de malignização da leucoplasia oral marcadores imunohistoquímicos e da utilização
de laser de CO
2
e de diodo como tratamento”. Este trabalho está sendo conduzido pela
cirurgiã-dentista Vivian Cunha Galletta Kern, aluna regular do curso de pós-graduação de
Diagnóstico Bucal da FOUSP em nível de doutorado.
BENEFÍCIOS
A sua participação nesta pesquisa não trará benefícios diretos a você, porém poderá
beneficiar pacientes portadores da leucoplasia oral, uma lesão que pode se transformar em
câncer de boca com o passar do tempo, sem tratamento eficiente até o presente momento.
Caso você prefira não participar ou declinar da condição de participante desta pesquisa, não
haverá prejuízo do atendimento e do tratamento na Clínica Odontológica da FOUSP. A
duração do tratamento é independente deste estudo, sendo garantido mesmo após a conclusão
da pesquisa.
DESCRIÇÃO DO ESTUDO E RISCO POTENCIAL
Caso você tenha concordado em participar da pesquisa, será realizada a coleta de um
pequeno fragmento de tecido gengival normal que foi removido durante o procedimento
cirúrgico, sem prejuízo para o fechamento da ferida ou sua cicatrização. Este fragmento será
utilizado para um estudo laboratorial denominado reação imunohistoquímica. O objetivo deste
estudo é comparar a reação deste fragmento com a reação de fragmentos da lesão de
leucoplasia oral de outros pacientes, para possivelmente estabelecer quais lesões de
leucoplasia possuem risco de transformação maligna, ou seja, de se transformarem em câncer
de boca.
O procedimento para a coleta do fragmento de tecido gengival removido durante o
procedimento cirúrgico não tem nenhum risco para você, nem prejudicará seu tratamento.
GARANTIA DE SIGILO/ DÚVIDAS E ESCLARECIMENTOS
Os registros de sua participação neste estudo são confidenciais, e permanecerão sob a
guarda do pesquisador responsável e à disposição do Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da FOUSP. Não se fará, no curso do estudo ou depois deste e em
qualquer tipo de apresentação ou publicação científica, uso de informação que possa
identificá-lo ou comprometê-lo. Você poderá, entretanto, vir a ser solicitado a confirmar por
89
escrito que participou desse estudo. Caso tenha alguma dúvida, você poderá perguntar direta e
pessoalmente ao pesquisador, ou ainda através do telefone (11) 3091-7883.
CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
Após ler estas informações e de ter minhas dúvidas suficientemente esclarecidas pelo
pesquisador, eu _____________________________________________________, RG
_______________________, concordo em participar de forma voluntária neste estudo.
São Paulo, ____ de _________________ de _______
__________________________________________________
(Assinatura do participante da pesquisa ou do seu representante legal)
Endereço do participante: ___________________________________________
Bairro:_________________________________CEP:_____________________
Telefone:__________________ Cidade:________________________________
HÁBITOS
Fumo ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: _______________ Parou há quanto tempo: _________________
Álcool ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: _______________ Parou há quanto tempo: _________________
Drogas ( ) sim ( ) não Há quanto tempo: Quantidade: ________________
Tipo: _______________ Parou há quanto tempo: ________________
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