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Com o aquecimento da economia no local por meio do comércio do algodão, açúcar,
tabaco e café, a cidade sofre uma grande transformação urbana. Os engenheiros da época
queriam que no lugar da cidade modesta surgisse um grande centro urbano com ambientes
modernos e construção de ruas largas, pontes e estradas. (MENDES, 2008)
Entre os séculos XVII e XIX, o estilo barroco, com elementos curvos e retos, marcou a
arquitetura religiosa, como, por exemplo, o Mosteiro da Luz. A mudança da arquitetura pôde
ser percebida pelo cidadão da cidade de São Paulo e foi assim descrita no relato de Firmo de
Albuquerque Diniz, em 1828:
Em minha passagem de bonde por várias ruas da cidade, e de carro por
outras, notei desde logo a profunda diferença que ela apresenta em relação
ao tempo de minha residência aqui: o seu aspecto é, sem dúvida, bem outro.
Vi grande número de lojas de fazendas, de ferragens, armazéns de molhados,
armarinhos, casas de modas, de cabeleireiros, de chapeleiros, de pianos e de
outros instrumentos de música, ourivesarias, oficinas de alfaiates, de
sapateiros, hotéis, restaurantes, cafés, alogios (pequenos hotéis italianos),
confeitarias, fábricas de carros, depósitos de mobílias, marcenarias, e tantos
outros estabelecimentos, muitos deles embelezando as ruas com suas
vitrinas, exibindo objetos de bom gosto, de subido valor (DINIZ, 1978. p.
37).
Em meados do século XIX, apareceram as manifestações ecléticas, com uso de vários
materiais e estilos, entre eles: vidro, tijolo, telha plana, frontão, colunas e balaústres. Esse
período é marcado pela instalação da São Paulo Railway ou ―Companhia Inglesa‖, com o
objetivo de construir uma estrada de ferro unindo Santos a Jundiaí, o que iria alterar as bases
econômicas da província de São Paulo por conta do trinômio café-ferrovia-imigração.
Configuram-se assim, no espaço urbano de São Paulo, três pontos de extrema importância
constituídos por Estação da Luz, como conexão dos fazendeiros e também ponto dos
estrangeiros investidores; a Estação Sorocabana (depois Júlio Prestes), como ponto terminal
da ferrovia; e a Estação do Norte, que fazia a ligação São Paulo-Rio de Janeiro, onde
desembarcavam os viajantes provenientes da capital do país (SIMÕES JÚNIOR, 2004).
São Paulo estava deixando de ser uma cidade de tropeiros. Agora, o café
chegava a Santos mais rapidamente. A viagem da fazenda para a capital é
rápida e confortável. Será possível, sem grande transtorno, passar parte do
ano em São Paulo e, talvez – por que não? - morar na capital. O trem que
desceu carregado de café pode, agora, subir com material de construção para
se fazer uma casa igual àquela vista em alguma capital europeia. É possível
morar com desafogo e conforto na capital. Como na sede da fazenda, como
na Europa (TOLEDO, 1983. p.78).
Desta forma, a expansão da economia impôs um ritmo de urbanização acelerado que a
cidade São Paulo nunca havia visto antes.