158
tinha, mas era muito pequeno, de tecnologia muito xanque, você tinha que fazer,...
praticamente tinha que criar um mercado no Rio, pra absorver essa produção, a base, a
Suzano desenvolveu alguma coisa, como empresa e porte e tal, mas isso nunca acabou sendo
feito, pelo menos que eu saiba, no meu tempo aí, nós não conseguimos praticamente articular
nada. Aí tinha, problema de escoamento de produção, se tivesse um mercado consumidor
interno grande, você tinha que devolver aquilo ali perto, e tinha muito espaço, tinha lugar, e
você teria um custo de transporte bem baixo, e tal. Você podia pra exportar, você tinha o
porto do Rio de Janeiro, que era perto, você tinha o porto de Sepetiba que exigia uma
articulação rodoviária (...) pra escoar pelo porto de Sepetiba, fazer um complemento do pólo
gás-químico lá em Sepetiba, ou por ali mesmo. Mas isso aí, até o final do governo Fernando
Henrique você não tinha, quer dizer, tava dois terços feito, a estrutura tava montada, os
contratos estavam feitos, não teve atraso em termos técnicos, complicados no curso da obra,
porque essa empresa (...) foi uma empresa chamada ABBLUX, que é uma baita empresa, e ela
quase quebrou. Não foi por causa disso, mas foi uma tragédia, eles atrasaram, eu lembro que
quando a gente escolheu tinham duas brigando..., uma era a BEC de engenharia e a outra era a
BBlux. A BEC ta lá, é uma empresa do estado americano, tem uma força danada, mas a BEC
não tinha experiência em petroquímica a gás e a BBlux tinha feito 12 plantas. Então a escolha
foi por aí, quem tem experiência pra fazer isso é mais a BBlux. A previsão era de funcionar
antes de 2002. Fazer funcionar antes do final do mandato do Fernando Henrique. Todas essas
coisas que eu to te contando aqui, saíram inseridas num negócio que o Fernando organizou
chamado Conselho Coordenador das Ações Federais no Rio de Janeiro. Isto aqui era
integrado por mim, pelo Elizer Batista e pelo Mario Henrique Simonsen, que eram os
três...Conselho Coordenador das Ações Federais no Rio de Janeiro. A gente elegeu aí três
linhas de projetos prioritários, uma delas, evidentemente era petróleo. Petróleo e gás. A outra
era todo o negócio de telecomunicações (...). E a terceiro era a instalação no Rio e um
hubport, pra ser a porta de entrada para a operação de navios pra containers, não de grãos, de
minérios, como você tem aí, mas para reconverter a exportação brasileira de produtos
primários pra produto industrial, organizando um porto altamente eficiente, aqui no Rio
começou a ser instalado em Sepetiba e ficou pelo meio do caminho. Então você tinha, a
estratégia era desenvolver petróleo e gás, desenvolver telecomunicações, derivado daí, que é
muito grande, e terceiro era dotar o Rio do terminal mais moderno do ponto de vista de
articulação de transporte marítimo. Então o conselho tinha essas três funções, essa saiu, e
dentro disso aqui, e foi inclusive fundamental pra que a gente tivesse gás(ou gasto?), foi uma
decisão que permitiu à Petrobrás tomar empréstimo no exterior sem contaminar o tesouro
nacional. Quer dizer, a Petrobrás não podia se endividar lá fora, porque o endividamento da
Petrobrás era considerado um endividamento, incidia na ...(oposição) no Fundo Monetário. E
a Petrobrás tava, metade desses poços são operacionais hoje, tavam já cubados, você já tinha
idéia de quanto tinha e tal e não tinha investimento para desenvolver os poços. Pra gente ter
gás precisava desenvolver, então eu arranquei do Fernando Henrique uma decisão de que a
Petrobrás por fora, o endividamento externo da Petrobrás não era considerado um
endividamento do tesouro. E a Petrobrás fez uma bruta operação com um grupo de bancos
japoneses e conseguiu financiamento pra desenvolver essa porcariada, que eu já dizia pro
Fernando, “vai que quando chegar no segundo governo a gente ta auto-suficiente”. Não deu,
não deu tempo, porque ele fez isso devagarzinho, tinha muita resistência, tinha gente que
queria privatizar a Petrobrás, mas esse negócio, saiu daqui um baita desenvolvimento da
indústria de gás e petróleo do Rio, a Petrobrás ganhou um (drive) que não tinha, escapou da
lei de licitação pública, essa trapalhada aí, ninguém pode ser eficiente com essa lei maluca aí
de licitação, e isso aí saiu, o gás saiu daqui. O negócio do gás era, esta expansão dos
investimentos da Petrobrás aqui era condição pra você ter matéria prima. Mas foi difícil pra
burro, foi difícil demais de enfrentar lá uma resistência muito grande dentro do governo.