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ferrarias e marcenarias, dentre outros empreendimentos, fornecendo tijolos, cabos, pás,
enxadas e martelos, bem como foram sendo manufaturados aros, rodas e eixos (de madeira e
de metal) para as carroças, viabilizando os trabalhos do cotidiano rural.
Fotografias mostram vários momentos da relação entre famílias de colonos e a criação
de suínos. As atividades nas pequenas propriedades rurais eram exercidas pelos membros das
familias, ocorrendo distribuição e divisão de algumas tarefas. Pais, acompanhados dos filhos
maiores e, muitas vezes, até de crianças pequenas, executavam os trabalhos da lavoura, em
conjunto, preparando a terra, plantando e colhendo. No espaço doméstico, enquanto os
homens preparavam o pasto e tratava dos animais, as mulheres, tiveram papel marcante “pois
trabalhavam juntamente com os homens e, ao chegarem em casa, realizavam, ainda, serviços
domésticos”
117
. Geralmente tiravam leite das vacas e se ocupavam das lidas da casa.
Cozinhavam, amassavam e assavam o pão, lavavam, costuravam, limpavam a casa e
cuidavam dos filhos. Registros de pessoas trabalhando, tratando de vacas, de galinhas ou
mesmo de suínos praticamente não existem nas fotografias, porém, o resultado do trabalho, o
porco já criado e gordo ou o pé de mandioca já crescido, o fruto gerado do trabalho, este sim
recebeu destaque em fotos.
A prática da produção familiar baseava-se principalmente na produção para
subsistência e para o mercado.
118
Assim, através da produção agropecuária, a suinocultura
veio a se integrar à agricultura, tornando-se uma das principais atividades econômicas do
município. A própria colonizadora, através do Empório Toledo Ltda., após 1954, passou a
comercializar a produção “sempre crescente... que era transportada por precária estrada à
Ponta Grossa, Curitiba e até São Paulo”
119
, escoada também para centros de abate do Estado
do Rio de Janeiro e Minas Gerais
120
e para frigoríficos de Santa Catarina
121
. Em 1958 esses
117
GREGORY, Valdir; VANDERLINDE, Tarcísio; MYSKIW, Antônio Marcos. Mercedes: uma história de
encontros. Marechal Cândido Rondon: Editora Germânica, 2004. p. 56.
118
ELFES, Alberto. Estudos agro-economico e social: Guaira, Toledo, Palotina, Nova Aurora, Santa Helena,
Assis Chateaubriand, Terra Roxa do Oeste, Marechal Candido Rondon e Formosa do Oeste. Curitiba: INDA,
1970. p. 20-24. Na obra de Elfes, pesquisador alemão, constam algumas “preliminares” que consideramos
interessante transcrever: “Para executarmos o presente estudo realizamos três viagens; Entramos em contato
com: 9 prefeituras, 3 escritórios da ACARPA, 3 sindicatos de proprietários rurais, 1 sindicato de trabalhadores
rurais, 1 agência do Banco do Brasil. Visitamos: 23 estabelecimentos. Independente dos mencionados contatos,
entrevistamos cerca de trinta habitantes da região, trabalhadores rurais e industriais, colonos, comerciantes,
soldados, professores de escola primária, motoristas e compradores de suínos ... Em Curitiba procuramos contato
com o: IBGE, DEE, DER, PLANEPAR, CEPRES. Os dados estatísticos apresentados no presente estudo
baseiam-se em dados oficiais, fornecidos pelas autoridades, prefeituras, informações fornecidas pelos
agricultores, em observações pessoais”.
119
NIEDERAUER, op. cit., p. 149-150.
120
SAATKAMP, op. cit., p. 137-140.
121
SPECK, Lori. A dinâmica do espaço agrário do município de Marechal Cândido Rondon. O Portal da
Informação, Marechal Cândido Rondon, ano 1, n. 27, p. 12, 28 jul. 2002.