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AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO
NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL
Cristiane Mac-Cormick Rodrigues
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil.
Orientadores: Webe João Mansur
Andreia Sofia Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
Setembro de 2010
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AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO
NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL
Cristiane Mac-Cormick Rodrigues
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Webe João Mansur, Ph.D.
________________________________________________
Prof. José Antonio Fontes Santiago, D. Sc.
________________________________________________
Prof. Jules Ghislain Slama, D. Sc.
________________________________________________
Prof. Francisco Cláudio Pereira de Barros, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
SETEMBRO DE 2010
iv
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Rodrigues, Cristiane Mac-Cormick
Avaliação Acústica de um Estúdio de Gravação
Implantado numa Edificação Comercial/ Cristiane Mac-
Cormick Rodrigues. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.
XXI, 130 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Webe Mansur
Andreia Sofia Carvalho Pereira
Dissertação (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2010.
Referências Bibliográficas: p. 118-121.
1. Acústica de Ambientes. 2. Isolamento de Ruídos. 3.
Estúdios de Gravação. I. Mansur, Webe et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa
de Engenharia Civil. III. Titulo.
iii
"Dedico este trabalho aos meus pais, que são meus exemplos de vida e minha
inspiração"
" Pedras no caminho? Guardo todas,
um dia vou construir um castelo..."
(Fernando Pessoa)
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família por todo o amor, dedicação e apoio ao longo da minha
vida e de toda a caminhada para a conclusão deste trabalho.
Ao meu orientador, Professor Webe João Mansur pela disponibilidade e apoio
ao longo da elaboração desta dissertação.
A minha co-orientadora, Professora Andreia Sofia Carvalho Pereira, que mesmo
estando longe fisicamente, foi de uma importância fundamental para a realização deste
trabalho. Agradeço pelas inúmeras conversas sobre o conteúdo da dissertação, por todo
seu apoio, contribuição, disponibilidade e ensinamentos transmitidos.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear, e todas as pessoas da instituição, que
de alguma forma contrubuiram para que eu concluísse com êxito esta etapa de
desenvolvimento pessoal e profissional.
Ao João Abdalla, pelo apoio incondicional, suporte, encorajamento e
principalmente pelo carinho e apoio emocional.
Aos amigos Diego Vivas e Thais Helena Britto, pelo apoio e presença constante
durante a realização deste trabalho, além da disponibilização do estúdio para que eu
pudesse realizar meu estudo.
Enfim, agradeço a todos os amigos que de alguma forma contribuíram para a
realização deste trabalho, sem eles, a caminhada seria muito mais árdua.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO
NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL
Cristiane Mac-Cormick Rodrigues
Setembro/2010
Orientadores: Webe João Mansur
Andreia Sofia Carvalho Pereira
Programa: Engenharia Civil
Cada tipo de edificação precisa atender a alguns requisitos específicos para
garantir a qualidade acústica voltada para sua funcionalidade. Este trabalho tem como
objetivo principal motivar e contribuir para um aumento do conhecimento atual no que
concerne à implantação de estúdios de gravação em espaços comerciais, através de um
estudo de caso que consistiu num pequeno estúdio de gravação, implantado em uma
edificação comercial. A análise da qualidade acústica do ambiente é efetuada
inicialmente através da caracterização do espaço e das soluções construtivas
implementadas com importância para o seu comportamento acústico. São
posteriormente quantificados alguns parâmetros acústicos objetivos especificamente,
tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento aos sons aéreos de divisórias
através da realização de ensaios experimentais. Por último são ainda avaliados
parâmetros acústicos subjetivos, através da aplicação de um questionário dirigido aos
usuários deste espaço sendo eles: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial,
vivacidade, clareza, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e classificação geral.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
ACOUSTIC EVALUATION OF A RECORDING STUDIO IN AN IMPLANTED
COMMERCIAL BUILDING
Cristiane Mac-Cormick Rodrigues
September/2010
Advisors: Webe João Mansur
Andreia Sofia Carvalho Pereira.
Department: Civil Engineering
Each type of building must meet specific requirements to ensure proper acoustic
comfort. This study's main objective is to motivate and contribute to an increase in the
current knowledge regarding the acoustic demands for recording studios in commercial
spaces, by analyzing a case study that consisted of a small recording studio, installed in
a commercial building. The analysis of the acoustic quality of the environment is made
through the characterization of the space and of constructive solutions implemented in
what concerns to the importance on the acoustic behavior. Evaluation of objective
parameters such as reverberation time, background noise and airborne sound insulation
of partitions is made by conducting experimental tests. Evaluation of subjective
parameters is also performed by applying a questionnaire to users of this space. These
parameters were: exterior noise, interior noise, spatial impression, liveliness, clarity,
involvement, tone, timbre and balance overall.
vii
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO.....................................................................................................
01
1.1 - Motivação e Objetivo da Pesquisa.......................................................................
01
1.2 - Relevância do Estudo...........................................................................................
03
1.3 - Estrutura da Dissertação.......................................................................................
04
2 – ACÚSTICA DE AMBIENTES..........................................................................
06
2.1 - Introdução............................................................................................................
06
2.2 - Propagação do som num espaço fechado.............................................................
07
2.2.1 - Reflexão, Transmissão e Absorção.......................................................
07
2.2.2 - Tipos de Fontes.....................................................................................
08
2.2.3 - Defeitos Acústicos de um espaço fechado............................................
10
2.2.3.1 - Eco.........................................................................................
10
2.2.3.2 - Eco Flutuante (Flutter Echo).................................................
10
2.2.4 - Modos Acústicos de Espaços Fechados...............................................
11
2.3 - Parâmetros de Qualidade Acústica......................................................................
12
2.3.1 - Ruído de Fundo.....................................................................................
12
2.3.2 - Tempo de Reverberação......................................................................
16
2.3.3 - Outros parâmetros...............................................................................
20
2.3.3.1 - EDT (Early Decay Time).....................................................
21
2.3.3.2 - RASTI (Room Acoustics or Rapid Speech Transmission In-
dex)....................................................................................................
21
2.3.3.3 - Definição – D
50
......................................................................
21
2.4 - Materiais e Sistemas Sonoros Absorventes........................................................
21
viii
2.4.1 - Materiais porosos ou fibrosos...............................................................
22
2.4.2 - Ressonadores........................................................................................
23
2.4.3 - Membranas...........................................................................................
25
2.5 - Difusão................................................................................................................
26
2.5.1 - Efeitos da geometria, tamanho e absorção da sala na difusão sonora..
28
2.5.2 - Difusores...............................................................................................
28
2.6 - Parâmetros Subjetivos.........................................................................................
30
3 – ISOLAMENTO ACÚSTICO..............................................................................
32
3.1 - Introdução............................................................................................................
32
3.2 - Isolamento de ruídos aéreos................................................................................
34
3.2.1 - Paredes Simples....................................................................................
35
3.2.2 - Paredes Duplas......................................................................................
36
3.2.3 - Paredes de alta performance acústica....................................................
37
3.2.4 - Isolamento de Portas.............................................................................
38
3.2.5 - Isolamento de Janelas...........................................................................
39
3.3 - Isolamento de ruídos de impacto.........................................................................
40
4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DE ESTÚDIOS.............
42
4.1 - Características Gerais dos Estúdios.....................................................................
42
4.2 - Dimensões dos Estúdios.....................................................................................
45
4.3 - Tempo de Reverberação......................................................................................
48
4.4 - Materiais absorventes e difusores........................................................................
51
4.5 - Requisitos para o Ruído de Fundo.......................................................................
57
ix
4.6 - Isolamento de Ruídos..........................................................................................
59
4.6.1 - Isolamento de Ruídos Aéreos................................................................
59
4.6.2 - Isolamento de Ruídos de Impacto.........................................................
64
4.6.3 – Solução “Room Within a Room”.........................................................
64
4.7 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação............................
65
4.8 - Ruído proveniente dos sistemas de ventilação.....................................................
66
5 – METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS ACÚSTICOS....
68
5.1 - Caracterização Física do Espaço.........................................................................
68
5.2 - Avaliação de Parâmetros Objetivos.....................................................................
68
5.2.1 - Tempo de Reverberação......................................................................
71
5.2.2 - Ruído de Fundo....................................................................................
71
5.2.3 - Isolamento Sonoro..............................................................................
72
5.3 - Avaliação de Parâmetros Subjetivos...................................................................
76
6 – ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS......................
77
6.1 - Objeto do Estudo.................................................................................................
77
6.2 - Avaliação da Caracterização Física do Estúdio...................................................
80
6.2.1 - Isolamento.............................................................................................
81
6.2.2 - Tipos de Revestimentos........................................................................
85
6.2.3 - Dimensões do Estúdio..........................................................................
87
6.2.4 - Sound Lock...........................................................................................
88
6.2.5 - Portas Acústicas....................................................................................
88
6.2.6 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação............
89
x
6.3 - Parâmetros Acústicos Objetivos.........................................................................
90
6.3.1 - Avaliação Tempo de Reverberação.....................................................
90
6.3.1.1 - Sala de Gravação do Estúdio................................................
90
6.3.1.2 - Sala Técnica..........................................................................
93
6.3.2 - Avaliação do Ruído de Fundo.............................................................
94
6.3.2.1 - Sala de Gravação do Estúdio................................................
94
6.3.2.2 - Sala Técnica..........................................................................
96
6.3.3 - Isolamento Acústico............................................................................
98
6.3.3.1 - Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica........
98
6.3.3.2 - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha..
101
6.4 - Avaliação dos Parâmetros Acústicos Subjetivos................................................
104
6.5 - Estudo de Soluções para melhora da Qualidade Acústica do Estúdio e do
Isolamento Acústico.....................................................................................................
111
6.5.1 - Qualidade Acústica..............................................................................
111
6.5.2 - Recomendações para Melhorias..........................................................
112
6.5.2.1 - Tempo de Reverberação.......................................................
112
6.5.2.2 - Ruído de Fundo.....................................................................
112
6.5.2.3 - Equilíbrio Tímbrico..............................................................
113
6.5.2.4 - Isolamento Acústico..............................................................
113
7 – CONCLUSÕES....................................................................................................
115
7.1 - Considerações Finais...........................................................................................
115
7.2 - Sugestões para futuras pesquisas.........................................................................
117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
118
xi
APÊNDICE A.............................................................................................................
122
APÊNDICE B.............................................................................................................
124
APÊNDICE C.............................................................................................................
130
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Exemplo de absorção, reflexão e transmissão de som incidente em uma
superfície. Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.........................................................8
Figura 2.2: Curvas de igual sensação sonora (isofônicas) / Superfície de audição. Fonte:
MATEUS, 2008.................................................................................................................9
Figura 2.3: Intervalo de frequência de certos tipos de fonte. Fonte: adaptado de MEHTA
et al., 1999.......................................................................................................................10
Figura 2.4: Curvas NC. Fonte: MEHTA et al., 1999.......................................................14
Figura 2.5: Tempos de reverberação recomendados para diversos tipos de recintos
fechados em função do volume da sala. Fonte: NEPOMUCEMO, 1968........................18
Figura 2.6: Tempo de Reverberação Aparente. Fonte: TADEU, MATEUS, ANTONIO,
GODINHO, MENDES, 2007..........................................................................................19
Figura 2.7: Tempo de Reverberação NBR 12179. . Fonte: ABNT, 1992.......................20
Figura 2.8: Coeficiente de absorção em materiais porosos ou fibrosos. Fonte: TADEU,
MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES, 2007...................................................23
Figura 2.9: Exemplo de um Ressonador. Fonte: MOREIRA, 2008................................24
Figura 2.10: Ressonadores de Cavidade. Fonte: MOREIRA, 2008................................25
Figura 2.11: Esquema de funcionamento de uma membrana acústica. Fonte:
MOREIRA, 2008.............................................................................................................26
Figura 2.12: Onda sonora incidente num obstáculo e sua: (a) Reflexão; (b) Absorção e
(c) Difusão. Fonte: Crutchfield, 2008..............................................................................27
Figura 2.13: a) Elemento de um difusor policilíndrico. Fonte: Metha et al, 1999..........29
Figura 2.14: Perfil de um difusor MLS. Fonte: Metha et al, 1999.................................29
Figura 2.15: Exemplo de um difusor unidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999...29
Figura 2.16: Exemplo de um difusor bidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.....29
xiii
Figura 3.1: Transmissão Ruído Aéreo. Fonte: METZEN, 2002.....................................34
Figura 3.2: Curva típica de perda de transmissão para paredes simples. Fonte:
GERGES, 2000................................................................................................................36
Figura 3.3: Exemplo de parede dupla..............................................................................37
Figura 3.4: Exemplo de parede de alta performance acústica.........................................37
Figura 3.5: Curva de exemplo de perda de transmissão de uma porta de madeira. Fonte:
QUIRT, 1985...................................................................................................................38
Figura 3.6: Ruído de impacto sobre piso, entre pavimentos de edifícios. Fonte: www
.ecophon.com.es/templates/Print.asp?id=14204& renderoption=5&CurrFName =/
templates /eco_FDPage1.as.............................................................................................40
Figura 3.7: Pavimento Flutuante em Madeira. Fonte: MATEUS, 2008..........................41
Figura 3.8: Lajes Flutuantes em concreto. Fonte: MATEUS, 2008...............................41
Figura 4.1: Tipos de Estúdios Sonoros. Fonte: adaptado de LONG, 2006....................44
Figura 4.2: Ambientes não paralelos reduzem os efeitos acústicos ocasionados em salas
pequenas, melhor que os ambientes retangulares. Fonte: adaptado de MEHTA et al.,
1999.................................................................................................................................46
Figura 4.3: Tempos de Reverberação recomendados para estúdios de gravação. Fonte:
adaptado de MEHTA et al., 1999....................................................................................48
Figura 4.4: Tempos de Reverberação para Estúdios de 500-1000Hz. Fonte: adaptado de
LONG, 2006....................................................................................................................49
Figura 4.5: Sugestão de Tempos de Reverberação para Salas de Controle. Fonte:
adaptado de LONG, 2006................................................................................................51
Figura 4.6: Exemplo de “bass traps” e seu posicionamento parede/parede/teto. Fonte:
adaptado www.sixstringstudios.com/studioconstruction.html........................................52
Figura 4.7: Vista Superior de Posicionamento de “bass traps”. Fonte: adaptado
www.sevenstring.org/forum/recording-studio/48 ..........................................................53
Figura 4.8: Difusor Policilindrico. Fonte: http://audiolist.cjb.net...................................54
xiv
Figura 4.9: Difusor Piramidal. Fonte: http://audiolist.cjb.net..........................................54
Figura 4.10: Típico layout de um Estúdio de Gravação com 500m². Fonte: adaptado
NEWELL, 2008...............................................................................................................56
Figura 4.11: Típico layout de um Estúdio de Gravação e Sala de Controle, destacando
os itens de absorção. Fonte: adaptado MEHTA et al., 1999...........................................57
Figura 4.12: Estrutura suspensa com apoios antivibratórios. Fonte: MATEUS, 2008...61
Figura 4.13: Apresentação de um “sound lock” em uma sala de controle. Fonte:
adaptado NEWELL, 2008...............................................................................................62
Figura 4.14: Exemplo de composição de porta acústica. Fonte: adaptado NEWELL,
2008.................................................................................................................................63
Figura 4.15: Porta Acústica. Fonte: NEWELL, 2008......................................................63
Figura 4.16: Corte esquemático da solução room within a room”. Fonte: adaptado
ELSEA, 1996...................................................................................................................64
Figura 4.17: Típica solução de isolamento adotada em estudios. Fonte: adaptado
MEHTA et al., 1999........................................................................................................65
Figura 4.18: Opções de projetos para janela entre estúdio e sala técnica. Fonte:
www.audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=249................................................66
Figura 5.1: Medidor de Nível de Pressão Sonora............................................................70
Figura 5.2: Amplificador e gerador de sinal que se ligam à fonte sonora......................70
Figura 5.3: Fonte Sonora................................................................................................71
Figura 5.4: Medição do nível médio de pressão sonora..................................................73
Figura 5.5: Curva padrão de referência para sons aéreos de acordo com a ISO 717-1.
Fonte: MATEUS, 2008....................................................................................................75
Figura 5.6: Ajuste a curva de referência. Fonte: MATEUS, 2008.................................76
Figura 6.1: Planta esquemática do 1º pavimento do Edifício Comercial (sem escala)...78
Figura 6.2: Estúdio Centoeum - Planta Baixa 1º pav (sem escala).................................78
xv
Figura 6.3: Estúdio Centoeum – Mezanino (sem escala)................................................79
Figura 6.4: Imagem do interior do Estúdio Centoeum....................................................79
Figura 6.5: Imagem do interior da Sala Técnica do Estúdio Centoeum..........................80
Figura 6.6: Construção de paredes independentes às existentes.....................................82
Figura 6.7: Detalhe do isolamento da janela...................................................................83
Figura 6.8: Detalhes dos elementos de composição do piso. .........................................83
Figura 6.9: Detalhes da colocação dos painéis de madeira de cobertura do estúdio.......84
Figura 6.10: Detalhe da utilização de lã de rocha e isopor..............................................84
Figura 6.11: Laje de cobertura do estúdio.......................................................................85
Figura 6.12: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior do estúdio de
gravação, incluindo difusores..........................................................................................85
Figura 6.13: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior da Sala
Técnica.............................................................................................................................86
Figura 6.14: Utilização de ressonador com material absorvente.....................................86
Figura 6.15: Dispositivos para quebra do paralelismo da sala do estúdio.......................87
Figura 6.16: Sound Lock Estúdio Centoeum...................................................................88
Figura 6.17: Detalhe construtivo das portas acústicas.....................................................89
Figura 6.18: Detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de
gravação...........................................................................................................................90
Figura 6.19: Tempo de Reverberação obtido através de medições na sala de Gravação vs
recomendação METHA et al. (1999)..........................................................................92
Figura 6.20: Gráfico comparativo entre valores recomendados por LONG (2006) e
valores medidos...............................................................................................................93
Figura 6.21: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos no
estúdio..............................................................................................................................95
xvi
Figura 6.22: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos na sala
técnica..............................................................................................................................97
Figura 6.23: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica..............................99
Figura 6.24: Gráfico D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1)......................................100
Figura 6.25: Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha......................101
Figura 6.26: Gráfico D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1)......................................103
Figura 6.27: Gráfico com a caracterização da amostra.................................................104
Figura 6.28: Resultados para a pergunta: Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro
do estúdio sons oriundos de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito,
buzinas, etc.?..................................................................................................................105
Figura 6.29: Resultados para a pergunta: Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical
ou durante os ensaios da banda, você consegue identificar sons provenientes do próprio
local, como barulho de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.?..........105
Figura 6.30: Resultados para a pergunta sobre ruído interno com respostas classificadas
por tipo de músico.........................................................................................................106
Figura 6.31: Resultados para a pergunta: Impressão Espacial: Você considera que a
geometria do estúdio contribui para sua qualidade acústica?........................................107
Figura 6.32: Resultados para a pergunta: Vivacidade: Você diria que em relação a
reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais "viva", isto é, bastante reverberante, ou
mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que reflete pouco som?........................107
Figura 6.33: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação
musical , você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento
e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?...............................108
Figura 6.34: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Durante os ensaios da
banda, você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento e/
ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?...............................108
Figura 6.35: Resultados para a pergunta: Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem
a sensação de estar imerso no som, ou rodeado por ele?...............................................109
xvii
Figura 6.36: Resultados para a pergunta: Timbre: Você percebe alguma alteração no
timbre do seu instrumento causado pela acústica da sala?............................................109
Figura 6.37: Resultados para a pergunta: Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o
equilíbrio tímbrico relativo a frequências graves e agudas do estúdio?........................110
Figura 6.38: Resultados para a pergunta: Classificação Geral: De um modo geral, como
você classificaria a acústica do estúdio?........................................................................110
Figura 6.39: Fotos internas da sala 102 – Consultório Psicológico...............................113
Figura 6.40: Exemplo da possível solução a ser adotada..............................................114
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonoro de alguns ruídos. Fonte:
adaptado de MEHTA et al., 1999......................................................................................8
Tabela 2.2: Os valores dos níveis de pressão sonora em função da frequência relativa a
cada curva NC. Fonte: MEHTA et al., 1999...................................................................15
Tabela 2.3: Curvas NC recomendadas e níveis de ruído de fundo equivalentes em
dB(A). Fonte: Isbert, A. - Diseño Acústico de Espacios Arquitectónicos, Edicions UPC,
Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona, 1998..................................................15
Tabela 3.1: Condições de tolerância ao Ruído para caixilhos. Fonte: NBR 10821,
2001.................................................................................................................................40
Tabela 4.1: Dimensões preferências a adotar em compartimentos retangulares pequenos.
Fonte: Louden M.M. Dimensional ratios of rectangular rooms with good distribution
of eigentones” Acustica, vol. 24, 1971, pp. 101-104.......................................................48
Tabela 4.2: Nível de Ruído de Fundo para Estúdios e Salas de Som. Fonte: adaptado
LONG, 2006....................................................................................................................58
Tabela 4.3: Níveis de isolamento para construções destinadas a música. Fonte: adaptado
de LONG, 2006..............................................................................................................60
Tabela 6.1: Tempos de Reverberação medidos em 1/3 de oitavas nas frequências
apresentadas, medidos na sala de gravação.....................................................................91
Tabela 6.2: Tempo de Reverberação medido em 1/3 de oitava na Sala Técnica............93
Tabela 6.3: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala de gravação com aparelhos desligados.....................................................................94
Tabela 6.4: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala de gravação com aparelho split ligado.....................................................................95
Tabela 6.5: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala técnica com aparelhos desligados.............................................................................96
xix
Tabela 6.6: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala técnica com aparelhos desligados.............................................................................97
Tabela 6.7: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico - Sala Emissora: Estúdio
/ Sala Receptora: Sala Técnica........................................................................................99
Tabela 6.8: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica Tabela de Cálculo
D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1)........................................................................100
Tabela 6.9: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico- Sala emissora: Sala
Técnica / Sala receptora: Sala vizinha...........................................................................102
Tabela 6.10: Tabela de cálculo do D
nT,w
- Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora:
Sala vizinha (norma de referência: ISO 717-1).............................................................102
xx
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ABNT - Associação brasileira de normas técnicas
COPPE/UFRJ - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
CTS - Classe de Transmissão Sonora
dB - decibéis
dB(A) - decibéis ponderação A
D50 - Definição
EDT - Early Decay Time (Tempo de decaimento inicial)
Hz - Hertz
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO - Internacional Organization for Standartization
Leq - Nível de Pressão Sonora Equivalente
NBR – Norma brasileira
NC – Noise Criteria (Critério para ruído)
NPS - Nível de Pressão Sonora
RASTI Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index (Índice Rápido de
Transmissão da Fala)
RF – Ruído de Fundo
TR - Tempo de Reverberação
xxi
Capítulo 1
Introdução
1.1 - Motivação e Objetivo da Pesquisa
A qualidade acústica dos ambientes vem se tornando um aspecto relevante para
um bom desenvolvimento de diversas atividades. No Brasil, a pertinência do tema vem
se revelando pelo crescente interesse que a comunidade científica brasileira tem
demonstrado pelo assunto, através da publicação recente de inúmeros trabalhos
acadêmicos nas diversas áreas da acústica de edificações. Destaca-se ainda a publicação
recente da norma brasileira NBR 15575, em vigor desde 2010, que visa estabelecer para
os edifícios habitacionais de até cinco pavimentos, condições acústicas mínimas de
habitabilidade, além de outros requisitos que são definidos. Este documento revela-se
importante, pois estabelece parâmetros mínimos de desempenho acústico para os
elementos construtivos que até a data não eram avaliados no Brasil. Espera-se então que
esta norma venha a contribuir para uma melhoria do conforto acústica nestes edifícios.
Em paralelo, os usuários dos espaços m adquirindo nos últimos anos uma
maior consciência sobre este tema, reforçando a necessidade de uma maior qualidade
acústica nas edificações através da reivindicação desta exigência para os espaços. Esta
atitude, além da definição de legislação e normalização, motivará os diversos
intervenientes no ato construtivo a facultarem, progressivamente, melhores condições
acústicas às edificações, contribuindo assim para uma melhoria global na qualidade de
vida nos espaços habitáveis.
Os aspectos abordados são recentes e, embora constituindo um passo para a
melhoria real da qualidade acústica dos espaços, nos dias atuais, no Brasil, observam-se
diversos problemas relativos à falta de preocupação com a acústica, que causam
transtornos em diversos espaços, como em salas de aula, residências, ou mesmo em
espaços comerciais, o que demonstra que muito tem ainda que ser feito ao assunto.
1
De fato, são muitos os espaços que requerem um estudo cuidadoso da
componente acústica. Entre eles, inclui-se o caso dos estúdios de gravação, objeto de
análise no presente trabalho. Na concepção destes espaços deve-se garantir a qualidade
acústica do ambiente onde são realizadas as gravações, para a qual, em muito,
contribuem os revestimentos aplicados, mas também o desempenho acústico das
soluções construtivas no que se refere ao isolamento a sons aéreos e de impacto. Neste
último aspecto interessa que sons provenientes de outros locais não interfiram nas
gravações, mas também no caso do estúdio se localizar em edifícios ou zonas onde
coexistam outras atividades sensíveis ao ruído, é também fundamental assegurar que a
atividade ali realizada não produza incomodo nos espaços vizinhos. É importante
ressaltar que os equipamentos de gravação têm também um papel muito importante na
garantia da qualidade da gravação. Pelo exposto, compreende-se que a concepção destes
estúdios seja uma atividade complexa.
Devido ao grande avanço tecnológico e preços de equipamentos de gravação
bem mais acessíveis, a quantidade de estúdios no país aumentou consideravelmente.
Esses estúdios foram implantados nos mais diversos locais, indo desde a própria
residência, conhecidos como “home studio”, como em locais predominantemente
comerciais. Entretanto, tem se verificado que nem sempre se tomou o devido cuidado na
criação destes espaços, onde a concepção acústica tem sido feita normalmente sem
critérios específicos para este tipo de atividade. De fato, os grandes investimentos
iniciais, com equipamentos de alta tecnologia, nem sempre propiciaram o sucesso aos
estúdios, pois a acústica que é proporcionada pelo espaço em si é elemento primordial a
este tipo de ambiente.
Verifica-se que não existe normalização suficiente no país, que norteie os
projetistas quanto aos parâmetros e índices que devem ser atendidos para a obtenção da
qualidade acústica necessária a este tipo de espaço. Também não existem normas
brasileiras específicas para desempenho acústico de edifícios comerciais, uma vez que a
implantação de estúdios nestes edifícios é usualmente alvo de reclamação dos usuários
pela questão do incômodo gerado pelo som que vaza do estúdio.
Este trabalho tem como objetivo principal motivar para esta temática e contribuir
para um aumento do conhecimento atual no que concerne à implantação de estúdios de
gravação em espaços comerciais, através do estudo de um pequeno estúdio de gravação,
implantado em uma edificação comercial. O estúdio escolhido como objeto de estudo
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foi concebido sem a existência de um projeto acústico específico, elaborado por um
profissional da área, o que põe à prova a qualidade acústica do ambiente. Além disso,
produz uma perturbação acústica significativa numa sala vizinha, uma vez que ele es
localizado em um edifício comercial, onde existem salas com áreas de atuação bem
distintas.
Com o intuito mencionado, é efetuada primeiramente uma compilação dos
requisitos acústicos que estes espaços devem de um modo geral cumprir, de modo a
proporcionar um adequado desempenho acústico. Posteriormente é analisado o estudo
de caso citado, através da caracterização física das soluções acústicas implementadas e
da realização de ensaios experimentais para avaliar alguns parâmetros acústicos
objetivos, especificamente o tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento aos
sons aéreos de divisórias. Foi ainda realizado um questionário dirigido aos usuários
deste espaço de modo a poder quantificar alguns parâmetros acústicos subjetivos, sendo
eles: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial, vivacidade, clareza,
envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e classificação geral. Os resultados destes
questionários são confrontados com as demais caracterizações.
Como objetivos específicos deste trabalho, podem-se citar:
· Analisar comparativamente os resultados obtidos com as especificações encontradas
na bibliografia existente;
· Produzir base técnica para, juntamente com outros estudos, subsidiar a produção de
normalização acústica para edifícios comerciais.
1.2 - Relevância do Estudo
Quanto à relevância do presente estudo, pode-se mencionar que, na literatura
técnica brasileira, muito pouco a respeito de acústica para estúdios pequenos, ao
mesmo tempo em que existe uma demanda tão grande deste tipo de edificação. Existe
portanto uma realidade muito pouco adequada em se tratando deste tipo de ambiente.
Infelizmente, os próprios projetistas de edificações não dão a devida atenção à
parte acústica, pois raramente encontra-se um projeto específico para esta especialidade,
o que resulta normalmente em ações corretivas posteriores para se atingir a qualidade
3
acústica esperada, e as soluções encontradas são sempre complexas e de custos
elevados.
Somando se aos fatos descritos, no Brasil a legislação referente à acústica de
edificações é bastante precária e faltam leis federais, estaduais e municipais que
estipulem condições mínimas referente a desempenho acústico de edificações, o que
contribui para o não cumprimento das normas técnicas, que além de serem pouco
eficazes passam a ser meramente ilustrativas.
1.3 - Estrutura da dissertação
O presente trabalho é composto por sete capítulos, estando organizado da
seguinte forma:
Capítulo 1 Introdução ao trabalho, indicando a motivação e o objetivo da pesquisa
desenvolvida, a relevância do estudo e apresentando a estrutura da dissertação.
Capítulo 2 Apresenta os conceitos básicos referentes à acústica de ambientes,
apontando os principais parâmetros que são considerados para avaliá-los.
Capítulo 3 Neste capítulo são abordados os principais aspectos relacionados ao
isolamento acústico.
Capítulo 4 São abordadas as principais características que devem ser atendidas por
estúdios de gravação, indicando os principais parâmetros que devem ser analisados para
a verificação da qualidade acústica de um estúdio, apresentando algumas soluções
acústicas comumente utilizadas nestes espaços, tendo em conta a sua especificidade.
Capítulo 5 Descrevem-se as metodologias utilizadas de avaliação dos parâmetros
acústicos utilizados no presente trabalho para o estudo de caso.
Capítulo 6 – Neste capítulo é analisado o estudo de caso sendo efetuada a caracterização
das soluções construtivas adotadas no estúdio relevantes para o seu comportamento
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acústico. São ainda apresentados e discutidos diversos parâmetros acústicos obtidos
através de ensaios experimentais e de um questionário respondido pelos usuários. Por
último são apontadas sugestões de possíveis melhoras que podem ser feitas no estúdio,
visando o aspecto da qualidade acústica e do isolamento acústico.
Capítulo 7 – Conclusões gerais do trabalho, e sugestões para futuras pesquisas.
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Capítulo 2
Acústica de Ambientes
O ambiente acústico interfere de forma significativa no estado sensitivo dos
usuários de um dado ambiente. Este capítulo aborda os conceitos básicos referentes a
acústica de ambientes, apontando os principais parâmetros que são considerados para
avaliá-los.
2.1 - Introdução
Enquanto a acústica arquitetônica estuda como isolar o som, a acústica de
ambientes estuda as condições acústicas de cada sala em si, procurando favorecer a
audibilidade e as condições de conforto acústico no seu interior (NEPOMUCENO,
1968). Embora de um modo geral estas áreas de acústica sejam tratadas de forma
isolada, existe uma forte ligação entre elas. A título de exemplo refere-se que um mau
isolamento de uma sala pode gerar ruído de fundo no interior da mesma, proveniente do
exterior que vai condicionar as condições de audição.
A geometria da sala, volume, e as características de absorção das faces e
materiais que revestem o ambiente têm grande influencia tanto na qualidade do som
quanto no nível sonoro que se estabelece nos vários pontos da sala (MEHTA et al.,
1999).
Existem diversos parâmetros que permitem analisar o comportamento do som no
ambiente, tais como as características físicas da sala, o tempo de reverberação, o ruído
de fundo e os níveis sonoros. A qualidade acústica também pode ser avaliada de forma
subjetiva, como por exemplo, através da aplicação de questionários em usuários e testes
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de inteligibilidade. A análise conjunta dos resultados irá caracterizar a qualidade
acústica da sala.
2.2 - Propagação do som num espaço fechado
O som, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT
(ABNT, 2000, 1987), é definido como sendo uma forma de energia proveniente de um
corpo emitindo em uma ou mais direções, certos movimentos vibratórios, que se
propagam em meios elásticos e acústicos e que podem ser perceptiveis pelo ouvido
humano.
Cada partícula que compõe o meio de propagação do som desenvolve um
movimento em torno de sua posição de equilíbrio, isto é, a partícula vibrante transmite
seu movimento para a partícula adjacente, que também o transmite para a próxima,
fazendo com que o som se propague em um meio. A propagação das ondas sonoras
pode ser harmoniosa, gerando neste caso um som, ou incômoda, gerando neste caso um
ruído, dependendo esta classificação da análise subjetiva de cada indivíduo (HARRIS,
1998; BERANEK & VÉR, 1992).
A propagação das ondas sonoras em espaços fechados, pode gerar, segundo
BERANEK (1960), certos fenômenos, como reflexão, transmissão, absorção e difusão,
que são influenciados diretamente pelas características da onda e do meio onde ela se
propaga.
2.2.1 - Reflexão, Transmissão e Absorção
Entende-se por reflexão o fenômeno que ocorre quando uma onda sonora
incidente em uma superfície que separa dois meios distintos, retorna a energia ou parte
da energia incidente ao meio de origem. Neste processo existem dois tipos de onda: uma
onda transmitida e outra refletida. Se toda energia incidente for completamente
refletida, o processo é considerado equivalente, isto é, as duas ondas do processo terão
mesma freqüência e amplitude, propagando-se em sentidos contrários. (BIES &
HANSEN, 2002; HASSALL & ZAVERI, 1979). Quando parte da onda sonora
7
incidente atravessa a superfície que separa os dois meios, tem-se o fenômeno
denominado de transmissão. Quando parte da onda sonora incidente é atenuada ou
distorcida pela superfície ou pelo meio, tem-se o fenômeno da absorção. Tais
fenômenos são representados na Figura 2.1.
Figura 2.1: Exemplo de absorção, reflexão e transmissão de som incidente em uma
superfície. Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.
2.2.2 - Tipos de Fontes
A maioria dos sons está na faixa de nível de pressão 0 a 120 dB, que equivalem
a amplitudes de pressão sonora de 2x10-5 a 20 Pa. Na Tabela 2.1 são apresentados os
valores de Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonora de algumas fontes de ruído.
Tabela 2.1: Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonoro de alguns ruídos. Fonte:
adaptado de MEHTA et al., 1999.
Som
refletido
20%
Som
incidente
100%
Som absorvido
Som
transmitido
30%
Som
refletido
20%
Som absorvido
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De acordo com EGAN (1998), uma pessoa jovem e saudável é capaz de ouvir
sons no intervalo de freqüência de aproximadamente 20 a 20.000 Hz e esse intervalo é
dividido em faixas de freqüência, onde as faixas de freqüência padronizadas mais
utilizadas são as bandas de freqüência de 1/1 oitava ou 1/3 de oitava. Sons de alta
freqüência (> 2.000 Hz) incomodam mais que sons de média ou baixa freqüência
porque o ouvido humano é menos sensível para sons de baixa freqüência (ver Figura
2.2).
A faixa de freqüência da voz humana se estende de aproximadamente 100 Hz até
5 KHz, cobrindo cerca de 5 oitavas. Este intervalo de frequência é o geralmente é
avaliado nos problemas de acústica de edificações. Aproximadamente 75% da energia
sonora da fala é composta por vogais, que são os componentes de baixa freqüência da
fala. É o som das vogais que distingue a fala de um indivíduo. As consoantes são os
componentes de alta freqüência da fala. A energia contida nas consoantes é
relativamente pequena, mas são as consoantes que determinam a inteligibilidade da fala
humana. Freqüências abaixo de 500 Hz contribuem insignificantemente para a
inteligibilidade da fala (MEHTA et al., 1999). A música apresenta um espectro de ruído
mais alargado abrangendo a banda de frequência dos 63 Hz e dos 8000Hz. Dependo do
instrumento músical o som poderá ser mais rico em frequências graves ou agudas. A
Figura 2.2 mostra os limites de freqüências para alguns tipos de som.
Figura 2.2: Curvas de igual sensação sonora (isofônicas) / Superfície de audição. Fonte:
MATEUS, 2008.
9
Figura 2.3: Intervalo de frequência de certos tipos de fonte. Fonte: adaptado de MEHTA
et al., 1999.
2.2.3 - Defeitos Acústicos de um espaço fechado
2.2.3.1 - Eco
O eco é uma conseqüência da reflexão sonora. Define-se eco como a repetição
de um som que chega ao ouvido por reflexão 1/15 de segundo ou mais depois do som
direto e que é identificado pelo ouvido como sendo um segundo som. Considerando-se
a velocidade do som em 345 m/s, o objeto que causa essa reflexão no som deve estar a
uma distância do ouvinte (se for este que emite o som) de 23 m ou mais, para que ele
perceba um eco.
2.2.3.2 - Eco Flutuante (Flutter Echo)
É um caso particular das ondas estacionárias. São as repetições rápidas que
podem ser ouvidas, quando, por exemplo, batemos palmas em ambientes fechados.
Ocorre quando existe a sobreposição de ondas refletidas cujos caminhos percorridos se
diferenciem de um número inteiro de comprimentos de onda. Neste caso, haverá
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momentos de intensificação do som pelas coincidências das fases, e outros com a
anulação do som pela defasagem da onda. Para uma pessoa, esses aumentos e
diminuições na intensidade sonora produzirá a mesma sensação de um eco.
Sempre que encontrados em uma sala de audição devem ser tratados, quer por
meio de absorção, por métodos geométricos, ou por difusão (NEWELL, 2008).
2.2.4 - Modos Acústicos de Espaços Fechados
Para se caracterizar rigorosamente o campo sonoro que se estabelece em um
recinto fechado, na presença de uma fonte sonora, é uma tarefa difícil, principalmente
no que diz respeito a geometrias irregulares da sala e/ou a grande heterogeneidade das
características de absorção sonora dos materiais de revestimento do espaço.
As frequências de ressonância de espaços fechados são responsáveis pela
determinação da forma da propagação sonora.
O som ao propagar-se no interior de um espaço fechado sofre reflexões
sucessivas. Dependendo da forma e dimensões dos elementos que envolvem a sala, bem
como das condições de contorno das envolventes, pode ocorrer formação de ondas
estacionárias, condicionando fortemente a propagação nas frequências próprias
associadas a estas ondas.
No caso de um compartimento paralelipipedico, as frequências do ar neste
compartimento podem ser obtidas através da expressão (Noise Reduction, Leo Beranek,
MacGraw Hill, 1960, USA.):
f
n,m,k
=
c
2
n
2
L
x
2
m
2
L
y
2
k
2
L
z
2
, (Hz) (2.1)
em que, n, m e k correspondem à ordem das frequências ao longo das direções x, y e
z; , e são as dimensões do espaço acústico e c corresponde à velocidade do som.
Pela análise desta expressão verifica-se que o número de modos acústicos é
ilimitado, sendo a sua distribuição discreta em frequencia. Observa-se ainda que para
dimensões de compartimentos elevadas, como é o caso de grandes auditórios, os
primeiros modos situam-se em frequências muito baixas.
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De um modo geral os primeiros modos acústicos dos compartimentos
encontram-se espaçados entre si, no eixo da frequência condicionando o nível sonoro.
Nas altas frequências estes encontram-se sobrepostos deixando de haver concentrações
discretas de energia uma vez que estes deixam de dominar a resposta. Admitindo que a
existência de modos é inevitável convém selecionar uma relação entre as dimensões da
sala tal que a distribuição dos mesmos em frequência seja o mais uniforme possivel.
Desta forma conseguem-se evitar as concentrações de energia em bandas estreitas de
frequência, responsáveis pelo aparecimento de colorações intensas do som.
Verifica-se ainda que se as dimensões dos compartimentos são pequenas, como
é o caso dos estúdios de gravação musical, as primeiras frequências próprias de vibração
do espaço tendem a surgir para frequências mais elevadas, principalmente acima dos
100Hz.
Em sala que não tem a forma de paralelepípedo, para se determinar os modos
próprios de vibração, é necessário a utilização de métodos de cálculo mais complexos,
por exemplo, através de elementos finitos ou de elementos de contorno.
2.3 - Parâmetros de Qualidade Acústica
2.3.1 - Ruído de Fundo
O ruído pode ser classificado como ruído ambiente quando se trata de um ruído
associado a um certo ambiente em um tempo específico, sendo usualmente composto
pelo som de muitas fontes em diferentes direções, próximas e distantes, incluindo as
fontes sonoras de interesse. O ruído pode ainda ser classificado como ruído de fundo,
quando se refere ao ruído total de todas as fontes que não são a fonte de interesse
(HARRIS, 1998).
O ruído de fundo não deve mascarar o sinal de interesse e pode ter origem
interna ou externa à edificação. A transmissão de ruído externo para o interior dos
ambientes pode ser feita através do ar e da estrutura da edificação. O ruído interno em
salas geralmente é oriundo de ventiladores, ar condicionado e outros equipamentos (e.g.
equipamento informático ou eletrônico).
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As principais fontes geradoras do ruído de fundo em edificações são o ruído de
tráfego de veículos e o proveniente de atividades de construção civil. O ruído externo
pode passar para o interior da edificação através de paredes, aberturas, portas e janelas.
Na maioria dos estudos sobre conforto acústico, o ruído de fundo no ambiente é
avaliado pelo nível de pressão sonora equivalente medido em dB(A). Esta é uma
medida global que não fornece informações sobre a distribuição do nível de pressão
sonora por freqüência (GERGES, 2000). Porém, sabe-se que existem diferenças na
percepção do ruído pelo ouvido em freqüências diferentes. Desta forma, a medida do
ruído de fundo em função da freqüência é uma medida importante para conhecer melhor
o comportamento do som no ambiente medido.
Segundo GERGES (2000), após muitas pesquisas foi desenvolvido um critério
que avalia o ruído de fundo de um ambiente, traduzido pelas chamadas curvas NC
(critério de ruído). As curvas NC são conjuntos de níveis de pressão sonora pré-
determinados em função de freqüências em bandas de 1/1 oitava que podem ser
comparados com os níveis de pressão sonora medidos no ambiente. A classificação do
NC de um ambiente é determinada pelo valor que superpõe todos os valores medidos no
ambiente pela curva padrão. A Figura 2.4 mostra o gráfico de curvas NC e os valores
dos níveis de pressão sonora em função da freqüência relativos a cada curva são
apresentados na Tabela 2.2. Através da observação destas curvas, verifica-se que
seguem de forma aproximada à evolução da sensibilidade do ouvido humano em função
da frequência. Para uma determinada curva NC os níveis sonoros máximos permitidos
nas baixas frequências são sempre maiores do que nas altas frequências, uma vez que o
ouvido humano tem uma menor sensibilidade aos sons de baixa frequência. O nível de
ruído de fundo pode-se representar alternativamente através do nível de ruído
equivalente expresso em dB (A), podendo-se verificar que este se encontra cerca de 10
dB acima do valor da curva NC.
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Figura 2.4: Curvas NC. Fonte: MEHTA et al., 1999.
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Tabela 2.2: Os valores dos níveis de pressão sonora em função da frequência relativa a
cada curva NC. Fonte: MEHTA et al., 1999
Na Tabela 2.3 encontram-se as curvas NC recomendadas para os alguns tipos de
espaços e a correspondência em nível sonoro equivalente expresso em dB(A).
Tipos de espaços
Curva NC
recomendada
Equivalência em dB (A)
Estúdios de gravação 15 28
Salas de concerto e
teatros
15-25 28-38
Salas de
conferências/aula
20-30 33-42
Hotéis (quartos
individuais)
20-30 33-42
Bibliotecas 30-35 42-46
Restaurantes 35-40 46-50
Salas de computadores 35-45 46-55
Tabela 2.3: Curvas NC recomendadas e níveis de ruído de fundo equivalentes em
dB(A). Fonte: Isbert, A. - Diseño Acústico de Espacios Arquitectónicos, Edicions UPC,
Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona, 1998.
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A norma brasileira NBR 10152 (1987) Níveis de ruído para conforto acústico,
fixa os níveis de ruído de fundo compatíveis com o conforto acústico nos seguintes
ambientes: hospitais, escolas, hotéis, residências, auditórios, restaurantes, escritórios,
igrejas e templos e locais para esportes, e utiliza o parâmetro NC para indicar os valores
de nível de ruído de fundo ideais para estes ambientes através de uma tabela, que mostra
também os valores de nível de pressão sonora medidos em dB(A). Níveis superiores aos
estabelecidos pela norma são considerados de desconforto, sem necessariamente
provocar danos à saúde (ABNT, 1987).
2.3.2 - Tempo de Reverberação
Quando um som é gerado dentro de um ambiente escuta-se primeiramente o som
direto e, em seguida, o som refletido pelas superfícies existentes. Ao prolongamento do
som resultante das múltiplas reflexões produzidas pelas superfícies se o nome de
reverberação
Define-se como tempo de reverberação o tempo necessário para que, depois de
cessada a fonte, a intensidade do som se reduza de 60 dB. Se as paredes do local forem
muito absorventes (pouco reflexivas), o tempo de reverberação será muito pequeno,
caso contrário ocorrerão muitas reflexões e o tempo de reverberação será grande.
Existe uma relação entre tempo de reverberação e os parâmetros geométricos da
sala. Sabine (1964 apud MEHTA et al. 1999) desenvolveu a equação, denominada de
equação de Sabine indicando que o cálculo do tempo de reverberação (TR) é função
somente de dois parâmetros: a absorção (A) e o volume da sala (V). A absorção da sala
é determinada através do tipo de revestimentos que a compõem e do seus componentes
(e.x: mobiliário, cortinas, tapetes) através de seus respectivos coeficientes de absorção
sonora (α).
n
A
V
TR
16.0
=
, (s) (2.2)
16
onde:
V é volume da sala (m³);
An = Σ αn . Sn + Aeq é a área de absorção total na sala (m2);
Aeq é a área de absorção equivalente do mobiliário sem ou com ocupação (m²);
αn é o coeficiente de absorção do material e Sn é a área do material (m²).
A equação de Sabine possui limitações, designadamente quando aplicada a salas
de grandes dimensões e pouco reflexivas, onde a média dos coeficientes de absorção
dos materiais é superior a 0,2. Para essas situações outras equações foram desenvolvidas
e devem ser usadas, como por exemplo, a Equação de Eyring (NEWELL, 2008), dada
por:
TR=
0.16V
S ln
1α
, (s) (2.3)
onde,
V é o volume da sala (m³);
S é a área total das superfícies dos materiais (m²);
e α refere-se à média dos coeficientes de absorção.
A Figura 2.5 mostra os valores de tempo de reverberação ideais em função do
volume e do uso das salas avaliados na freqüência de 500 Hz.
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Figura 2.5: Tempos de reverberação recomendados para diversos tipos de recintos
fechados em função do volume da sala. Fonte: NEPOMUCEMO, 1968.
Para medir o Tempo de Reverberação em uma sala são utilizados equipamentos
específicos. Primeiramente gera-se um sinal sonoro, que deve ser amplificado até que
preencha toda a sala. Em seguida o sinal é cortado e é medido quanto tempo o som leva
para decair 60 dB.
18
Entretanto, na prática, nem sempre esta redução no nível sonoro de 60 dB pode
ser possível, principalmente nos casos em que o ruído de fundo existente seja elevado.
Nestes casos, considere-se, por exemplo, que o nível sonoro na presença de uma fonte
sonora atinge 90 dB, numa determinada banda de frequências, enquanto que o ruído de
fundo atinge 50 dB. Ao ser desligada a fonte sonora, a redução no nível sonoro limita-se
a 40 dB (90-50). Perante este cenário apenas é possível determinar uma duração
aparente de reverberação, inferior ao tempo de reverberação conforme esquema
representação na Figura 2.6. (TADEU, MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES,
2007). O tempo de reverberação obtém-se normalmente extrapolando o valor para 60
dB a partir de um decaimento de 30dB ou mesmo de 20 dB. Nestes casos, o tempo de
reverberação obtido denomina-se de T
30
ou T
20
.
Figura 2.6: Tempo de Reverberação Aparente. Fonte: TADEU, MATEUS, ANTONIO,
GODINHO, MENDES, 2007.
O tempo de reverberação é medido geralmente em função da freqüência em
bandas de 1/1 oitava ou de 1/3 de oitava.
A norma brasileira NBR 12179 de 1992 Tratamento Acústico em Recintos
Fechados, tem como objetivo fixar os critérios fundamentais para a execução de
tratamentos acústicos em recintos fechados. Este documento apresenta duas fórmulas
para o cálculo do tempo de reverberação: Fórmula de Sabine e Fórmula de Eyring.
Segundo a norma, o tratamento acústico é o modo pelo qual se procura dar aos
ambientes boas condições de clareza e inteligibilidade, de acordo com as atividades
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desenvolvidas em cada um deles. E o condicionamento acústico é o modo onde se
procura garantir a boa distribuição do som e também o seu tempo ótimo de reverberação
(ABNT, 1992).
A norma NBR 12179 de 1992 apresenta a Figura 2.7, onde se definem os valores
de tempo ótimo de reverberação recomendados de acordo com o volume do ambiente e
da atividade nele desenvolvida. A indicação na norma que mais se assemelha estúdios
de gravação é o estúdio de rádio para música.
Figura 2.7: Tempo de Reverberação NBR 12179. Fonte: ABNT, 1992.
2.3.3 - Outros parâmetros
Além dos fatores que foram apresentados anteriormente, existem outros
parâmetros que podem auxiliar na determinação da qualidade acústica de ambientes, e
entre eles, podemos destacar:
20
2.3.3.1 - EDT (Early Decay Time)
O EDT, Early Decay Time, ou tempo de reverberação mais cedo, é caracterizado
como o tempo que a energia sonora leva para decair 10 dB. Este tempo está associado
com a primeira parte do decaimento sonoro (10 dB) após cessada a fonte sonora, mas
também extrapolando para um decaimento de 60 dB. Este parâmetro permite avaliar o
efeito das primeiras reflexões, que são as mais perceptíveis para os ouvintes.
2.3.3.2 - RASTI (Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index)
O parâmetro RASTI, Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index, é
chamado de índice rápido de transmissão e utiliza uma escala que varia de 0 a 100%
(ou de 0 a 1), onde “0” corresponde a uma inteligibilidade nula, enquanto que o valor
“100” corresponde a uma inteligibilidade perfeita, mas na prática, ambas são
inatingíveis. (MATEUS, 2008)
2.3.3.3 - Definição - D50
Definição, que é representada por D50, é o parâmetro determinado pela razão
entre a energia que chega ao receptor nos primeiros 50 milisegundos e a energia total.
Seus valores variam entre 0 a 1 ou pode ser representado em porcentagem de 0 a 100%,
mas de um mode geral, este valor deverá ser superior a 50%. (MATEUS, 2008)
2.4 - Materiais e Sistemas Sonoros Absorventes
Conforme mencionado anteriormente, entende-se por absorção, a propriedade de
alguns materiais em não permitir que o som seja refletido totalmente por uma
superfície. Os materiais de revestimento, absorvem energia sonora em maior ou em
menor quantidade.
A absorção do som é controlada por duas grandezas: a porosidade e a vibração
das massas que vibram em coerência.
Os materiais ou sistemas absorventes sonoros podem ser classificados em:
21
Materiais porosos ou fibrosos: materiais texturados, onde a absorção de energia é
mais eficiente nas altas frequências (≈ 1600 Hz a 6400 Hz).
Ressonadores de cavidade: absorvem energia nas frequências médias (≈ 400 Hz e
1600 Hz).
Membranas ressonantes: a absorção de energia sonora é mais eficiente nas baixas
frequências ( ≈ 100 Hz a 400 Hz).
2.4.1 - Materiais porosos ou fibrosos
De acordo com NEPOMUCENO (1968), os materiais absorventes porosos são
caracterizados pela porosidade e pela resistência específica a vazão por unidade de
comprimento. A queda de pressão que se observa entre duas faces do material poroso é
devida ao fato de ter tal pressão de vencer não as perdas devidas ao escoamento
como também a reatância de massa do ar no interior dos poros.
Os materiais porosos possuem apenas parte do volume preenchido por matéria
sólida, sendo o restante constituído por pequenas cavidades cheias de ar, com
comunicação entre si e para o exterior, e o ar contido nesses orifícios está submetido a
pequenos movimentos oscilatórios que permite, através do atrito sobre as paredes
sólidas, a transformação de parte da energia sonora em energia térmica.
Normalmente, os materiais absorventes porosos se aplicam como revestimentos
de superfícies uma vez que, além do mecanismo de absorção sonora, ele também atua
como atenuador da onda sonora, através de um processo de interferência entre a onda
incidente na superfície do material e a onda emergente após reflexão na superfície rígida
em que se apóia o material absorvente.
Como se descreveu, estes materiais são constituídos por pequenas câmaras de ar
ou por pequenos poros que comunicam entre si. As ondas sonoras com comprimentos
de onda pequenos (frequências elevadas) penetram nestas pequenas câmaras de ar e
propagam-se nestes interstícios fazendo movimentar o ar que se encontra no seu
interior. Alguns exemplos destes materiais são as lãs minerais (lã de rocha, de vidro,
etc.), aglomerados de cortiça, alcatifas e tecidos.
O coeficiente de absorção destes materiais varia com a frequência, conforme
ilustra a Figura 2.8. Verifica-se que aumentando a espessura dos materiais absorventes,
consegue-se uma maior absorção nas baixas e médias frequências.
22
Figura 2.8: Coeficiente de absorção em materiais porosos ou fibrosos. Fonte: TADEU,
MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES, 2007.
2.4.2 - Ressonadores
Um ressonador é constituído por uma cavidade preenchida por ar ligada ao
ambiente exterior através de um orifício.
O ressonador funciona, quando uma onda sonora ao entrar” num ressonador,
põe em movimento a massa de ar do orifício do ressonador. Se a frequência do som
incidente for próxima da frequência característica do ressonador, a velocidade e a
amplitude do movimento da massa de ar do gargalo aumentam, provocando vibrações
acentuadas no ressoador as quais, por atrito, acabam por dissipar, parte da energia
sonora incidente.
23
Figura 2.9: Exemplo de um Ressonador. Fonte: MOREIRA, 2008.
Na Figura 2.9 está representado um ressonador de cavidade, apresentando seus
principais componentes.
O mais simples ressonador absorvente é o de Helmholtz e é utlizado para atenuar
o som. Neste caso, a frequência correspondente à vibração máxima (frequência de
ressonância) é dada por:
0
'
(Hz)
2
c S
f
VL
π
=
, (s) (2.4)
em que
S
é a área da abertura (m
2
),
'
L
refere-se ao comprimento efetivo dessa abertura
(m), V é o volume da cavidade (m
3
), e c é a velocidade do som (m/s)
Por motivos de desenvolvimento prático, os ressonadores comuns tem a
frequência de ressonância entre 100 e 800Hz, o que permite a obtenção de absorção
para médias frequências. Para se aumentar a absorção dos ressonadores, atenua-se ainda
o movimento do ar nos orifícios, enchendo os mesmo de material poroso. O grau de
absorção do ressonador alcança teoricamente seu máximo quando a resistência à vazão
for da ordem de grandeza da impedância específica do ar e é, nesse caso, teoricamente
100%. Quando ambas as resistências não são iguais, obtém-se o máximo na frequencia
24
de ressonância, mas nesse caso, a absorção é menor que 100%. Por este motivo deve-se
fazer a resistência a vazão sempre grande, porque tem-se, dessa maneira, um fator de
qualidade menor e uma absorção grande dentro de faixa maior de frequências.
(NEPOMUCENO, 1968).
Um painel com aberturas de diferentes dimensões, funciona como um conjunto
de ressoadores de cavidade que absorvem energia sonora em frequências diferentes,
conforme apresentado na Figura 2.10.
Figura 2.10: Ressonadores de Cavidade. Fonte: MOREIRA, 2008.
2.4.3 - Membranas
A Figura 2.11 apresenta um exemplo de membrana acústica, que é constituída
por uma placa flexível separada de uma base de suporte, vertical ou horizontal, através
de apoios.
25
Figura 2.11: Esquema de funcionamento de uma membrana acústica. Fonte:
MOREIRA, 2008.
Neste caso, a absorção do som é obtida através da dissipação da energia sonora
no movimento da membrana. O som ao incidir nesta placa provoca o seu movimento
vibratório, dissipando desta forma parte da energia incidente. Parte da energia sonora é,
então, transformada em energia cinética que por sua vez se vai dissipar devido a atritos
internos de deformação e de atrito nos apoios. Existem frequências de excitação para as
quais a placa vibra com mais facilidade. Estas frequências estão associadas aos modos
de vibração próprios do elemento placa-separador. Os modos próprios de vibração de
uma placa dependem da distância entre apoios e da rigidez da própria membrana.
2.5 - Difusão
Tal como foi abordado anteriormente, a reflexão de uma onda sonora, existe
em maior ou menor amplitude e depende das características dos materiais que
constituem os obstáculos. No entanto, este fenômeno também depende do tipo de
superfície. Para superfícies rígidas, a onda sonora é refletida apenas numa direção e
depende do ângulo de incidência da mesma. No caso de superfícies irregulares, a onda
sonora incidente é refletida em várias direções. Este fenômeno denomina-se por difusão.
Na Figura 2.12 apresentam-se imagens dos vários comportamentos de uma onda
sonora ao incidir num obstáculo.
26
Figura 2.12: Onda sonora incidente num obstáculo e sua: (a) Reflexão; (b) Absorção e
(c) Difusão. Fonte: Crutchfield, 2008.
Precisamos da difusão para bem distribuir a energia acústica dentro do recinto de
audição, que a difusão espalha o som reverberante por toda a sala, proporcionando
melhor controle das reflexões e modos de ressonância, não impedindo a formação de
ondas estacionárias como também eliminando pontos mortos, que são lugares onde os
componentes do som não aparecem devido a interferências de fase e evitando ecos de
curta duração (“flutter echo”) e o efeito “comb-filter”, que ocorre quando dois sons
iguais são tocados simultaneamente, porém, com atraso de um para o outro. Superfícies
planas podem ser “quebradas” colocando-se difusores nas mesmas. Uma difusividade
aceitável pode ser encontrada usando-se difusores fixos e / ou rotativos.
Quando o som é uniformemente distribuído pela difusão, ele passa a ter a
fidelidade da fonte sonora dispersa por uma área de audição mais ampla, livre de
interferências e com pleno aproveitamento e otimização da potência sonora original.
Não existe um limite definido quanto ao número de difusores a ser utilizado.
Aumentando o número de difusores, a difusividade aumenta proporcionalmente até
aproximar-se de um valor máximo, e permanece constante com o aumento da
quantidade de difusores. O número ótimo de difusores estacionários é aquele em que
esse valor constante é atingido.
Qualquer objeto pode difundir o som, e por isso existem diversos tipos de
difusores.
27
2.5.1 - Efeitos da geometria, tamanho e absorção da sala na difusão sonora
A difusão sonora é função da geometria da sala, e salas retangulares com
paredes paralelas possuem uma pobre difusão. Na verdade, quanto mais a sala sair da
forma retangular e quanto mais irregular forem as superfícies de suas paredes, maior
será a difusão sonora nesta sala.
O tamanho da sala é outro fator que afeta a difusão. A difusão é mais facilmente
obtida em salas grandes do que em pequenas, assim sendo, em espaços pequenos
destinados a estúdios de gravação, é difícil conseguir uma boa difusão sonora, a menos
que sejam usados difusores de som em suas superfícies .
Salas com superfícies muito reflexivas aumentam a difusão sonora. Por outro
lado, quando se promove a absorção de som dentro de uma sala, a difusão diminui.
Mesmo quando apenas uma das superfície da sala é altamente absorvente, como o piso,
por exemplo, é difícil se obter a difusão necessária, a menos que outros meios de
ampliar a difusão sejam incorporados. (METHA et al, 1999)
2.5.2 - Difusores
Quando não se consegue atingir a difusão necessária dentro de uma sala, podem
ser usados difusores sonoros para aumentar a difusão do ambiente. Um difusor de som é
um elemento de superfície que produz reflexão difusa.Toda a superfície reflexiva com
irregularidades de tamanho comparável ao comprimento de onda de som, vai funcionar
como um difusor. Quanto maior as irregularidades e tamanho de sua superfície, melhor
será o difusor.
Assim, um difusor pode ter uma variedade de geometrias e pode ser de
diferentes tipos de materiais, como placas de gesso, madeira compensada, ou painéis de
disco rígido que são comumente usados, mas os metais e materiais de alvenaria também
podem ser utilizados.
Existem vários tipos de elementos difusores, denominados: difusores
policilíndricos (Figura 2.13) e de Schröeder (RPG), podendo estes subdividirem-se em
difusores MLS (Figura 2.14), QRD unidimensionais (Figura 2.15), QRD bidimensionais
(Figura 2.16).
28
Figura 2.13: Elemento de um difusor policilíndrico. Fonte: Metha et al, 1999.
Figura 2.14: Perfil de um difusor MLS. Fonte: Metha et al, 1999.
Figura 2.15: Exemplo de um difusor unidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.
Figura 2.16: Exemplo de um difusor bidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.
29
2.6 - Parâmetros Subjetivos
Segundo NEPOMUCENO (1968), apesar de existirem diversos equipamentos
capazes de medir os parâmetros necessários para a avaliação acústica de um espaço, a
decisão final quanto a qualidade acústica de um ambiente será sempre do ouvido
humano, isto é, do usuário e da sua percepção acústica e seus critérios de julgamento da
qualidade sonora de um instrumento, uma voz ou de um sistema acústico.
Para a avaliação subjetiva, a elaboração de questionário visando avaliar a
percepção acústica dos usuários dos ambientes, é sempre o mais indicado.
Segue uma breve descrição qualitativa dos principais parâmetros subjetivos para
se avaliar a qualidade acústica de um ambiente:
Ruído Exterior: É o efeito de sons escutados dentro do local de estudo, mas que são
oriundos de fontes de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito, buzinas, etc.
(MACHADO, 2008).
Ruído Interior: É o efeito de sons escutados no próprio local, provenientes do próprio
espaço, como o ruído de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.
(MACHADO, 2008).
Impressão Espacial: É a sensação acústica espacial do ambiente pelo ouvinte, que é
causado pelas reflexões sonoras que o atingem. (IAZZETTAA, et al, 2004).
Vivacidade: É o efeito de persistência do som no espaço, e que está diretamente
relacionada ao tempo de reverberação da sala. Salas reverberantes são ditas salas
"vivas", e as salas que apresentam elevado índice de absorção e que refletem pouco
som para o ouvinte são ditas salas "mortas/secas". É uma qualidade relacionada
diretamente ao tempo de reverberação da sala. (IAZZETTAA, et al, 2004).
Clareza ou Definição: Quando a música tocada numa sala soa bem definida e as notas
musicais são claramente separadas no tempo e distintamente ouvidas, com articulações
sonoras límpidas e precisas, dizemos que a sala apresenta bom grau de clareza e este
30
grau de definição depende diretamente do tipo de superfícies refletoras do som
existentes na sala em questão.
Eco: Impressão determinada por reflexões atrasadas do som emitido pela fonte, mas
que podem ser ouvidas claramente. A origem deste fenômeno pode ser a existência de
paredes e tetos com características bastante refletoras.(MACHADO, 2008).
Envolvimento: refere-se à impressão subjetiva de estar “imerso” ou rodeado pelo
campo acústico. Este envolvimento resulta da maneira como o som reverberante se
distribui no espaço.
Timbre: O timbre dos instrumentos não deve ser alterado pela sala e uma mesma nota
musical tocada em diferentes instrumentos possui timbres diferentes que são
caracterizados pelo número e pela intensidade dos harmônicos. Quando ocorre alguma
mudança no timbre do instrumento pela interferência acústica da sala, diz-se que a sala
introduz “colorido” ao som. (BISTAFA, 2003).
Equilíbrio Tímbrico: De acordo com MACHADO (2008), o equilíbrio timbrico e a
relação entre os níveis das frequências graves e agudas do som.
Classificação Geral: A impressão geral da qualidade acústica do usuário, em relação
ao ambiente.
31
Capítulo 3
Isolamento Acústico
O tratamento acústico é o principal item abordado dentro da acústica
arquitetônica, visando sempre proporcionar aos ambientes boas condições de clareza e
inteligibilidade, de acordo com a atividade desenvolvida. Este tratamento abrange o
condicionamento acústico, abordado no capítulo anterior e o isolamento. O
condicionamento acústico trata da distribuição do som no ambiente. Por outro lado, o
isolamento acústico procura garantir o nível sonoro interno ideal num dado espaço,
tendo em conta a finalidade a que se destina, sendo importante a sua análise quando
existem espaços vizinhos onde se produz ruído capaz de condicionar o nivel sonoro no
interior do espaço em causa. Neste capítulo serão abordados os principais aspectos
relacionados ao isolamento acústico.
3.1 - Introdução
O isolamento acústico tem por objetivo impedir que os sons se propaguem de
um lado para o outro de uma divisória, ou no mínimo, que ao se transmitirem percam a
maior parte da sua intensidade. Se é necessária uma redução significativa do ruído entre
dois espaços, as paredes ou pisos que os separa, deverão transmitir apenas uma pequena
fração da energia sonora.
As construções atuais não favorecem a acústica dos ambientes. A utilização, em
larga escala, de estruturas em concreto armado, além de aumentar os ruídos devido à
mecanização do ambiente, os edifícios passaram a constituir verdadeiros conjuntos
monolíticos por onde se propagam com maior facilidade todos os tipos de vibrações.
32
Por outro lado, ao serem geralmente de espessura muito reduzidas as espessuras
das paredes, formam uma proteção pouco eficaz contra os ruídos do exterior.
De acordo com seu meio de propagação, o isolamento de ruído pode ser
denominado:
1) Ruído aéreo: quando a fonte de propagação atua diretamente no ar, por exemplo,
vozes e instrumentos musicais;
2) Ruído de impacto: quando a fonte geradora atua diretamente sobre a estrutura, por
exemplo, ruído gerado por bombas de água ou por passos e objetos caindo sobre um
piso (SILVA, 2000).
No Brasil, existem algumas normas relacionadas com o conforto acústico,
principalmente a norma NBR 10151 - Acústica - Avaliação do ruído em áreas
habitadas, visando o conforto da comunidade Procedimento, de Junho de 2002 e a
NBR 10152 - Níveis de ruído para conforto acústico, de Dezembro de 1987. Estas
normas fornecem um conjunto de parâmetros acústicos e definem requisitos admissíveis
para os diferentes tipos de espaço, definindo um critério de incomodidade e de ruído de
fundo. Entretanto elas não tratam especificamente sobre a determinação de como devem
ser feitas às avaliações de desempenho dos sistemas construtivos em ensaios de campo e
quais são os critérios deverão ser utilizados em termos de isolamento acústico.
Diante desta lacuna que existia na normalização brasileira, foi elaborada a norma
NBR 15575 - Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos Desempenho para
edifícios de até cinco pavimentos, aprovada em Maio de 2008 e que passou a vigorar a
partir do dia 12 de Junho de 2010 (BOLETIM ABNT, 2008), que tem foco
principalmente na funcionalidade da construção, inclusive em relação ao conforto
acústico, abordando aspectos que faltam na NBR 10151 e NBR 10152. Entretanto, estas
normas não são descartadas, e sim citadas para continuarem sendo utilizadas, fazendo
com que as edificações atendam também aos requisitos aí estabelecidos
Na parte referente a medições in situ, a NBR 15575 (2008), não estabelece
padrões próprios, e indica como referência as normas da série ISO 140 (1998) -
Acoustics -- Measurement of sound insulation in buildings and of building elements.
33
3.2- Isolamento de ruídos aéreos
No momento em que as ondas sonoras atingem uma parede, ocorrem dois
fenômenos distintos: uma parte da energia é refletida e outra parte é armazenada em seu
interior, fazendo com que a parede vibre e se converta em uma fonte de ruído, conforme
ilustra a Figura 3.1. Este ruído é irradiado com a mesma freqüência do som incidente,
porém, seu nível de é mais baixo que o nível do som incidente (MEISSER, 1973).
Figura 3.1: Transmissão Ruído Aéreo. Fonte: METZEN, 2002
A grande influência sobre a capacidade de qualquer estrutura para fornecer
isolamento de som é sua capacidade de amortecimento. O amortecimento é o grau em
que uma onda de propagação dentro de um material ou estrutura é internamente
absorvida, havendo normalmente uma conversão da energia vibratória em calor.
(NEWELL, 2008).
Para se obter um bom planejamento para a eficácia do sistema de isolamento,
deve-se atentar principalmente para os seguintes fatores (AMORIM, LICARIÃO,
2005):
1) Localização e classificação do som: objetiva e física;
2) Os níveis sonoros previsto para o espaço, levando-se em consideração a atividade
que será exercida no ambiente;
3) Custo: utilização de opções técnicas visando reduzir a utilização de materiais
isolantes, que em geral, são mais custosos:
34
a. Determinar o nível de ruído produzido por fontes e dependências,
classificando-os conforme o nível aceitável;
b. A locação: edificações, fontes e cômodos, segundo a função e silêncio
necessários locais ruidosos e silenciosos devem situar-se o mais distante
possível;
c. A locação de fontes e máquinas que transmitam seus ruídos através da
estrutura devem ficar diretamente acima das fundações (DE MARCO, 1982);
d. Adequar aberturas (portas e janelas) aos interesses do isolamento.
Para isolar a transmissão do som em salas próximas, precisa-se em primeiro
lugar verificar como o som pode ser transportado de uma sala para outra, e ele pode
atravessar via paredes, porosidades da parede e via paredes acopladas.
(NEPOMUCENO, 1968).
A massa de uma parede qualquer está diretamente relacionada com a sua
capacidade de isolamento acústico: quanto menor a massa de uma parede, maior a
probabilidade dela vibrar e conseqüentemente dela transmitir. Então, a situação inversa
também é verdadeira.
Para se definir se um material é acusticamente “duro” oumole”, deve se prever
sua resistividade acústica, que é a velocidade do som no material multiplicado por sua
densidade. Se o material tiver a resistividade alta, será considerado “duro” e se tiver a
resistividade baixa, será denominado “mole”.
3.2.1 - Paredes Simples
O nível de isolamento conferido por este tipo de parede é função da massa do
elemento e da freqüência do som que vier a atingir a parede, conforme se observa na
Figura 3.2, que apresenta a curva típica de uma parede simples.
35
Figura 3.2: Curva típica de perda de transmissão para paredes simples.
Fonte: GERGES, 2000.
A curva do isolamento sonoro em paredes simples pode ser definida através da
“Lei da Massa” ou “Lei de Berger”. (NEPOMUCENO, 1968)
3.2.2 - Paredes Duplas
O uso de paredes duplas (ver Figura 3.3) é um recurso bastante utilizado para
obtenção de uma performance acústica mais elevada de uma divisória. São geralmente
executadas em alvenaria, com um espaço de ar entre elas, que pode estar vazio mas se
for preenchido com material absorvente, como lã de rocha torna-se mais eficiente.
36
Figura 3.3: Exemplo de parede dupla.
O tipo de material, que pode ser alvenaria, gesso, etc, o sistema de montagem e o
tipo de material no interior da caixa-de-ar, a espessura da lâmina de ar, são exemplos de
características que vão determinar a qualidade acústica de uma parede dupla.
3.2.3 - Paredes leves de alta performance acústica
Paredes leves de alta performance acústica, são formadas por duas placas de
gesso, sendo mais largas que paredes simples, medindo aproximadamente entre 12 e 30
cm de espessura, e que possuem duas estruturas de sustentação independentes para cada
uma das placas. Devido a esta estrutura, estas paredes possuem uma menor transmissão
de vibrações entre as placas de gesso. Usadas para dividir duas salas, podem conferir
um isolamento entre 55 a 60 dB. A Figura 3.4 exemplifica uma parede leve de alta
performance.
Figura 3.4: Exemplo de parede de alta performance acústica.
37
3.2.4 - Isolamento de Portas
As portas são geralmente elementos acusticamente fracos e o isolamento de som
fornecido por uma porta, não depende apenas do tipo de porta, mas também do modo
como é instalada. Seus índices de isolamento são menores que os das paredes em que
elas se encontram inseridas. Isto se deve ao fato destes elementos possuirem massas
superficiais menores que as das paredes e, também, devido às frestas que existem entre
as portas e os caixilhos (SILVA, 2000). Como conseqüência, o isolamento final da
parede onde se encontram inseridas diminui relativamente ao que seria conferido pela
parede na ausência da porta.
A curva sólida na Figura 3.5 mostra a perda de transmissão para uma porta de
madeira típica. Mesmo substituindo este painel por uma porta com chumbo, não
aumentaria o seu isolamento, uma vez que o principal problema é a transmissão do som
através de frestas existentes no entorno do perímetro da porta e não o material que a
compõe. (QUIRT, 1985)
Figura 3.5: Curva de exemplo de perda de transmissão de uma porta de madeira.
Fonte: QUIRT, 1985.
38
A curva tracejada na Figura 3.5 mostra o aumento da perda de transmissão,
quando as frestas ao redor do perímetro da porta são seladas. O mergulho perto de 500
Hz é devido à rigidez do painel de madeira maciça. A perda de transmissão para a
maioria das portas se assemelha com esta curva tracejada.
Ainda de acordo com QUIRT (1985), juntas de borracha ou neoprene
comprimido entre a porta e o quadro são bastante eficazes, mas pode aumentar o esforço
necessário para fechar a porta. Os vedantes magnéticos (como aqueles usados para
portas de refrigeradores) funcionam bem com portas de metal.
Para se conseguir desempenho melhor, deve-se utilizar portas com sistema
construtivo e de vedação especiais, denominadas no Brasil de portas acústicas.
3.2.5 - Isolamento de Janelas
A transmissão de som através de janelas é regida pelos mesmos princípios
físicos que afetam as paredes e as medidas de controle de ruído são influenciados pelas
propriedades do vidro e as características dos conjuntos. (QUIRT, 1985)
Por isso, a utilização de vidros duplos nas esquadrias, proporcionam uma
melhoria quanto o isolamento acústico do conjunto.
A norma brasileira NBR 10821 Caixilho para Edificações, de 2001, orienta os
projetistas sobre os parâmetros de desempenho acústico que devem ser considerados em
relação às condições de tolerância ao ruído (função do uso de um determinado
ambiente) e às condições de exposição ao ruído (função do local de implantação do
edifício). Ela estabelece que o caixilho, de acordo com seu tipo, as condições de uso do
ambiente e as ações sonoras externas, deve ter uma determinada atenuação sonora
definida pela Classe de Transmissão Sonora, CTS, que é um indicador de desempenho
quanto à atenuação sonora. Quanto maior o seu valor, maior a atenuação sonora e,
portanto, menor a quantidade de ruídos ou sons externos que adentram ao ambiente, de
acordo com a Tabela 3.1 apresentada. (ABNT, 2001).
Existem ainda as normas as NBR 10829 e NBR 10830, que se referem a ensaios
de campo para obtenção dos índices acústicos.
39
Tabela 3.1: Condições de tolerância ao Ruído para caixilhos. Fonte: NBR 10821, 2001.
3.3 - Isolamento ruídos de impacto
Outro item que deve ser analisado é o isolamento aos ruídos de impacto, que são
ruídos produzidos por uma excitação mecânica aplicada, em um curto período de
tempo, diretamente na estrutura e que se propaga através desta, causando vibração e
irradiando energia no ambiente receptor . Alguns exemplos de ruído de impacto são:
passos sobre a laje e queda de objetos sobre o piso, conforme ilustrado na Figura 3.6.
Figura 3.6: Ruído de impacto sobre piso, entre pavimentos de edifícios.
Fonte: www.ecophon.com.es/templates/Print.asp?id=14204&
renderoption=5&CurrFName=/templates/eco_FDPage1.as.
40
Existem dentro de um edifício várias fontes geradoras de ruído de impacto, e tais
sons gerados se propagam pela estrutura com muito pouca atenuação, fato que acorre,
devido aos elevados valores de densidade e de velocidade do som nos materiais sólidos
GERGES (2000).
Para os pavimentos geralmente executados em concreto armado, são geralmente
definidas três tipos de soluções para reduzir este tipo de ruído: pavimentos flutuantes
em madeira (ver Figura 3.7), revestimentos de piso flexiveis (vinilicos e linóleos de
base flexivel, revestimentos em aglomerado de cortiça) e lajes flutuantes em concreto
(ver Figura 3.8).
Figura 3.7: Pavimento Flutuante em Madeira. Fonte: MATEUS, 2008.
Figura 3.8: Lajes Flutuantes em concreto. Fonte: MATEUS, 2008.
41
Capítulo 4
Principais Características Acústicas de
Estúdios
O objetivo deste capítulo é apresentar as principais características que devem ser
atendidas por estúdios de gravação, indicando os principais parâmetros acústicos que
devem ser analisados para a verificação da qualidade acústica de um estúdio. São ainda
abordadas algumas soluções acústicas comumente utilizadas nestes espaços, tendo em
conta a sua especificidade.
4.1 - Características Gerais dos Estúdios
Um estúdio ou ateliê é o lugar destinado ao trabalho de pessoas ligadas a arte,
para que elas possam desenvolver sua função. Os estúdios podem ser tanto salas
pequenas, quanto grandes edifícios inteiros, como observamos na indústria fonográfica,
cinematográfica e televisa.
Entre os estúdios destinados a emissões e gravações sonoras, podem-se destacar
basicamente dois tipos: estúdios de radiodifusão, que é a transmissão de ondas de
radiofreqüência para rádio, e estúdios de gravação. Embora existam alguns estúdios
grandes de radiodifusão concebidos para acomodar uma orquestra e uma platéia, a
maioria dos estúdios de rádio são pequenas salas, cujo objetivo principal é a transmissão
de voz e/ou música gravada. Os estúdios de gravação também são, de um modo geral,
pequenos em tamanho, e, seu principal propósito, é a gravação musical, pelo que em sua
42
concepção, deverão ser observadas as características particulares de cada um deles, de
modo que funcionem de acordo com a sua definição.
Os estúdios de rádio, onde é gerada a programação, são compostos por salas
insonorizadas, onde existem os mixers, ou misturadores que permitem harmonizar as
saídas das salas do estúdio e sala de controle para transmissão em cadeia, se for o caso.
Nas salas do estúdio onde será emitida a mensagem, estão situados os microfones, que
captam os sons emitidos, vozes e eventualmente música ao vivo. Estes são enviados aos
equipamentos de mixagem e editoração, depois aos pré-amplificadores, amplificadores,
moduladores, estágios de potência e finalmente às antenas, para serem irradiados em
forma de ondas eletromagnéticas, capazes de se propagaram pelo espaço a longas
distâncias. Esses estúdios têm características distintas dos estúdios de gravação de
música. Nos estúdios de rádio, a sala de gravação da mensagem é geralmente composta
por revestimentos com características muito absorventes nas médias e altas frequências
para que a componente do som, resultante da voz humana, (que produz um espectro rico
em médias e altas frequências), que atinja o microfone seja quase exclusivamente som
incidente. Estas salas são geralmente revestidas com materiais como espumas, tecidos
ou cortiças.
Os estúdios de gravação são instalações físicas destinadas à gravação de som
que pode ser produzido pela voz e/ou por diversos tipos de instrumentos, produzindo
diversos estilos musicais. Idealmente, o espaço deverá ser projetado de forma a se
obterem as propriedades acústicas desejadas. Diferentes tipos de estúdios se adequam a
gravações de bandas musicais, dublagens e sons para filmes, ou mesmo a gravação de
uma orquestra. À semelhança de um estúdio de radio e um estúdio de gravação típico,
consiste de uma sala, o "estúdio" propriamente dito, onde os instrumentistas e vocalistas
fazem suas execuções; e de uma "sala de controle", onde estão os equipamentos de
gravação e manipulação do som (MEHTA et al., 1999).
O objetivo da gravação e posterior p1ayback é proporcionar uma experiência
que recria a performance original. Algumas performances nunca são ouvidas por uma
platéia em sua forma original e só existem como sinais eletrônicos.
No caso mais simples, o som é gravado através de um microfone e sua única
interação com a sala é durante o monitoramento. Quando existem vários músicos, a
gravação pode ser feita com todos os músicos presentes ao mesmo tempo, ou com
músicos tocando suas partes em estúdios independentes. Quando músicos tocam juntos,
43
particularmente instrumentos altos como baterias, devem ser isolados em quartos
separados, de modo que os sons não invadam os microfones dos outros. Cantores ou
fontes que necessitam de um ambiente especial, tais como pianos, também podem ser
colocados em espaços separados. Uma grande orquestra sinfônica é gravada em um
salão, utilizando microfones distintos para cada seção, além de um par estéreo sobre a
linha central da sala. (LONG, 2006)
A Figura 4.1 ilustra várias tipologias de espaços destinados a estúdios de
gravação ou radiodifusão, conforme abordado anteriormente.
Figura 4.1: Tipos de Estúdios Sonoros. Fonte: adaptado de LONG, 2006.
44
De acordo com a literatura existente para estúdios de gravação de música, o
espaço deve ser projetado levando-se em consideração o estilo musical que ali será
gravado. Segundo Cooper (1996), “... Se o objetivo for trabalhar basicamente com
música pop, rock e música com recursos eletroacústicos, isolação é o critério mais
importante, para que instrumentos tocados num mesmo ambiente, ao mesmo tempo,
possam ser gravados em canais separados. No entanto, se o estúdio estiver sendo
montado para gravar instrumentos acústicos, música de câmara, cordas ou metais, então
a ambiência da sala é o principal fator a ser levado em conta, para valorizar o conjunto.
Mas, também, se pode querer as duas coisas e, além disso, ainda poder ensaiar no
estúdio. Neste caso a palavra chave é versatilidade”.
A bibliografia disponível estabelece um conjunto de parâmetros objetivos para o
projeto de estúdios e salas de gravação. O nível de ruído de fundo no interior da sala
(BERANEK, 1971) e o seu tempo de reverberação (BERANEK, 1962; SCHRÖDER,
1965; POLACK, 1992) são os parâmetros comumente apresentados como definidores
da qualidade acústica de um estúdio. A arquitetura da sala de gravação e da sala técnica
também devem ser observados com atenção.
4.2 - Dimensões dos Estúdios
Conforme abordado no Capítulo 2, para que a densidade modal referente a um
compartimento pequeno seja alta, a escolha das dimensões do compartimento de
gravação deve ser efetuada de forma criteriosa. Segundo MEHTA et al. (1999), quando
os comprimentos das ondas sonoras coincidem com as distâncias entre paredes, teto e
chão, geralmente existem freqüências do espectro de áudio que podem produzir "ondas
estacionárias" no ambiente.
Para NEWELL (2008), paredes paralelas devem ser evitadas, dificultando assim
o aparecimento de ondas estacionárias, conforme Figura 4.2.
45
Figura 4.2: Ambientes não paralelos reduzem os efeitos acústicos ocasionados em salas
pequenas, melhor que os ambientes retangulares. Fonte: adaptado de MEHTA et al.,
1999.
As salas de gravação não devem ter distâncias iguais, ou até mesmo múltiplas,
entre paredes e entre piso e teto, tendo em vista que este tipo de dimensionamento
facilita a ocorrência de ondas estacionárias, como visto anteriormente. Além disso, a
maior dimensão do espaço não deve ser mais de quatro vezes maior do que a menor
dimensão. Mas deve-se também evitar ambientes muito pequenos, onde se terá uma
dificuldade muito maior para se corrigir através de tratamento acústico os problemas
ocasionados pelas diversas reflexões ocorridas neste tipo de ambiente. Salas maiores em
geral são mais fáceis de ser tratadas acusticamente.
Na fase de concepção da sala de gravação do estúdio, o ideal é verificar se as
dimensões da sala são viáveis ou se vão conduzir a um comportamento acústico crítico.
Se as dimensões são viáveis, é necessário então avaliar quais materiais deverão ser
usados, e de que maneira, para que se possa eliminar as imperfeições acústicas que
possivelmente ainda poderão ocorrer. Se são críticas, principalmente quando se
pretende conceber um estúdio numa sala existente, as dimensões devem ser
redefinidas, e, como geralmente não se pode mudar as paredes de lugar, o ideal é
construir uma nova parede à frente da existente, ou rebaixar o teto.
Existem várias referências a relações entre dimensões que devem ser usadas de
forma a otimizar a densidade modal. A Tabela 4.1 apresenta uma listagem de
proporções recomendadas por Louden M.M.(1971) em função de uma ordem de
qualidade decrescente. De acordo com esta tabela, a relação recomendada é a que
corresponde a adotar os valores 1: 1.9:1.4.
46
Ordem de qualidade
Dimensões preferenciais a serem adotadas
em compartimentos retangulares pequenos
1:X:Y
1 1:1.9:1.4
2 1:1.9:1.3
3 1:1.5:2.1
4 1:1.5:2.2
5 1:1.2:1.5
6 1:1.4:2.1
7 1:1.1:1.4
8 1:1.8:1.4
9 1:1.6:2.1
10 1:1.2:1.4
11 1:1.6:1.2
12 1:1.6:2.3
13 1:1.6:2.2
14 1:1.8:2.3
15 1:1.1:1.5
Tabela 4.1: Dimensões preferências à adotar em compartimentos retangulares pequenos.
Fonte: Louden M.M. “ Dimensional ratios of rectangular rooms with good distribution
of eigentones” Acustica, vol. 24, 1971, pp. 101-104.
Deve-se ainda nesta análise prévia para a implantação do estúdio, avaliar a parte
de instalação da edificação, principalmente a parte elétrica e sistemas de ar
condicionado, sobretudo se for necessária a construção de paredes extras ou de
rebaixamento de tetos, verificando as possíveis interferências com eletrodutos e dutos
de ar condicionado, garantido a qualidade das soluções acústicas previstas.
47
4.3 - Tempo de Reverberação
Assim como em outras salas que precisam de qualidade acústica para o
desenvolvimento das atividades a que se destinam, os estúdios devem ter um Tempo de
Reverberação adequado para garantir uma boa qualidade acústica da gravação.
O tempo de reverberação recomendado para estúdios de gravação é menor que o
tempo de reverberação correspondente para um auditório ou salas destinadas a
concertos. Os tempos de reverberação recomendados para estúdios são apresentados na
Figura 4.3. Nesta figura, a área entre as linhas que representam os tempos de
reverberação aconselhados para salas de música (linha superior) e de fala (linha
inferior), apresenta os valores recomendados para estúdios destinados a múltiplos usos
(em que a qualidade da música, e fala são relevantes). Auditórios e salas de concerto,
têm tempos de reverberação normalmente calculados a partir de 125 Hz a 4 kHz,
enquanto os tempos de reverberação para estúdios são calculados a partir de 63 Hz a 8
kHz. (MEHTA et al., 1999).
Figura 4.3: Tempos de Reverberação recomendados para estúdios de gravação.
Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.
48
LONG (2006), apresenta um gráfico, conforme Figura 4.4, com tempos de
reverberação recomendados, de acordo com o estilo musical que será gravado.
Entretanto, para pequenos estúdios não há uma recomendação de tempo de reverberação
ideal. Ele apenas recomenda que o gráfico Tempo de Reverberação x Frequência, seja o
mais linear possível.
Figura 4.4: Tempos de Reverberação para Estúdios de 500-1000Hz. Fonte: adaptado de
LONG, 2006.
Para sala de controle, ou técnica, as exigências relativamente à reverberação têm
mudado ao longo do tempo. A à segunda metade dos anos 50 quando, em termos
musicais, gravava-se, basicamente, orquestras e instrumentos sem amplificação, o
projeto acústico das salas técnicas dos estúdios procurava criar um ambiente parecido
com aquele em que a música seria reproduzida, como uma sala de estar de uma
residência comum. Isso implicava em tempos de reverberação elevados, próximos de
1s. Esta filosofia de projeto é designada de Live”, uma vez que produz um ambiente
acusticamente “vivo”.
Com o advento do rock e da música pop em todo o mundo, as salas técnicas dos
estúdios tiveram que ser adaptadas para trabalhar com a sonoridade dos novos
instrumentos: guitarra elétrica, contrabaixo elétrico, bateria e órgão elétrico que
49
produzem elevados níveis sonoros, o que tornou necessário reduzir os tempos de
reverberação a níveis bastante baixos (menores que 0,2s). Os projetos das salas técnicas
limitavam-se a controlar entenda-se, reduzir bastante o tempo de reverberação e
algumas anomalias acústicas, como os ecos flutuantes (“flutter-echoe”). Esta filosofia
de projeto, designada de “dead”, posto que resulta num ambiente acusticamente
“apagado”, predominou até ao advento do som estereofônico (2 canais), no início da
segunda metade dos anos 60. A partir daquele momento, quando se passou a valorizar a
imagem estereofônica, ou seja, a divisão dos sons entre dois canais, as interferências
causadas por reflexões sonoras em superfícies e objetos colocados no ambiente da sala
técnica tornaram-se bem mais perceptíveis e, por isso, indesejáveis. nos anos 70,
diversos estúdios tentaram se adaptar a uma filosofia de projeto que previa superfícies
altamente reflexivas na frente do técnico e altamente absorventes atrás, com resultados
pouco animadores.
No início dos anos 80, o arquiteto e studio designer americano Don Davis,
juntamente com outros profissionais, desenvolveram a filosofia de projeto conhecida
como LEDE (Live End Dead End), que tinha como objetivo estender o intervalo de
tempo entre o som original e as suas primeiras reflexões, de modo que o cérebro
pudesse distinguir um do outro, e ignorá-las. (PASSERE, BISTAFA 2002).
A Figura 4.5 apresenta os valores recomendados de tempos de reverberação
para salas de controle.
50
Figura 4.5: Sugestão de Tempos de Reverberação para Salas de Controle. Fonte:
adaptado de LONG, 2006.
Esses valores são baseados no estilo de música que será gravado, seja ele
acusticamente “muito vivo” ou “muito apagado”. Salas concebidas para a reprodução ou
transmissão de voz devem estar na linha very dead, “muito apagado”, já ambientes
destinados a música, podem ser um pouco mais reverberantes, ou seja, na linha very
live. (LONG, 2006).
4.4 - Materiais absorventes e difusores
O controle da reverberação num estúdio é conseguido através da aplicação de
revestimentos absorventes ou através de difusão. Quando se pretende ter uma absorção
uniforme em frequência, deverão utilizar-se as diversas soluções construtivas descritas
no Capítulo 2, que permitem absorver o som nas várias bandas de frequência. A
utilização de revestimentos à base de espuma apenas é eficiente nas médias, e
sobretudo, altas frequências, não permitindo controlar as baixas frequências. Tendo em
vista o que foi abordado no capítulo anterior, em estúdios onde se pretendam efetuar
51
vários tipos de gravação, a adoção de soluções de acústica móvel pode também ser
interessante.
Um dos artifícios que podem ser usados para melhorar as condições acústicas da
sala, são os “bass traps”, conhecidos também como armadilhas de graves, que permitem
a absorção em baixas frequências. O efeito de um bom bass trap” permite que o som
fique muito mais limpo e claro. Serve perfeitamente para salas de gravação, ensaio,
auditórios e “home theater”.
Para se tornarem bastante eficientes, a melhor indicação é colocá-los na junção
de três superfícies, como parede/parede/teto, conforme ilustrado nas Figuras 4.6 e 4.7
ou parede/parede/piso.
Figura 4.6: Exemplo de “bass traps” e seu posicionamento parede/parede/teto.
Fonte: adaptado www.sixstringstudios.com/studioconstruction.html
52
Figura 4.7: Vista Superior de Posicionamento de “bass traps”.
Fonte: adaptado www.sevenstring.org/forum/recording-studio/48
A difusão em estúdios de gravação ou estúdios de audição pode também ser útil,
contribuindo para uma sensação de espacialidade e envolvimento do som. Quando
existem ecos flutuantes, a aplicação de difusores permite reduzir ou eliminar ecos
repetitivos sem adicionar absorção excessiva. A difusão pode também ajudar os
materiais absorventes a serem mais efetivos, criando um campo reverberante que
assegure que a energia acústica interaja com os materiais absorventes.
Embora existam diferentes filosofias sobre quanta reverberação natural estúdios
de gravação devem ter, todos os profissionais de estúdio concordam que reflexões
periódicas causadas por paredes paralelas devem ser evitadas. Portanto, a difusão é
freqüentemente utilizada para a eliminação destas reflexões.
Exitem diversos tipo de difusores, conforme alguns exemplos ilustrados nas
Figuras 4.8 e 4.9, e não existe um limite pré definido para a quantidade que pode ser
utilizada em uma sala. O tipo mais simples de difusor é constituído por uma ou mais
folhas de compensado colocadas em uma parede com um pequeno ângulo, para evitar
que o som se reflita repetidamente entre as paredes.
53
Figura 4.8: Difusor Policilíndrico. Fonte: http://audiolist.cjb.net
Figura 4.9: Difusor Piramidal. Fonte: http://audiolist.cjb.net
Um difusor evita reflexões diretas, e, portanto, produz um som muito mais
aberto, transparente e natural do que uma simples superfície plana ou curva. Além de ter
uma sonoridade menos colorida do que uma parede angular ou curva na sala de
controle, os difusores servem a outro propósito útil em salas de gravação: eles podem
reduzir vazamentos entre os instrumentos sendo gravados ao mesmo tempo. Quando
uma parede angular simplesmente reflete um som - possivelmente em direção a um
54
microfone designado para pegar um outro instrumento - um difusor espalha o som
através de uma gama muito mais vasta. Portanto, tudo que chegar ao microfone errado
tem seu nível reduzido porque apenas uma pequena parte do som original chegou lá. O
resto foi espalhado para outras partes da sala.
Normalmente em estúdios de gravação, os difusores podem ser colocados nas
costas do baterista, de frente para um naipe de sopros, no teto, acima da cabeça de um
locutor ou cantor, ou cobrindo áreas maiores com espaçamentos.
A Figura 4.10 apresenta um layout hipotético para um estúdio de 500m²,
destacando o posicionamento dos difusores.
55
Figura 4.10: Típico layout de um Estúdio de Gravação com 500m².
Fonte: adaptado NEWELL, 2008.
Nas salas técnicas, superfícies difusoras podem ser colocados nas costas do
técnico, ou seja, na parede oposta à dos monitores, chamadas de colunas de som. Na
Figura 4.11 apresenta-se um layout típico de uma sala técnica onde se encontra
identificado a posição das superfícies difusoras (atrás da mesa de controle) e
absorvedoras (junto às colunas de som).
56
Figura 4.11: Típico layout de um Estúdio de Gravação e Sala de Controle, destacando
os itens de absorção. Fonte: adaptado MEHTA et al., 1999.
4.5 - Requisitos para o Ruído de Fundo
Um eficiente isolamento acústico contra ruídos indesejáveis no interior do
estúdio de gravação e contra vibrações, são os requisitos fundamentais para que no
interior do estúdio, o nível de ruído de fundo seja baixo e não comprometa a qualidade
acústica das gravações. (MEHTA et al., 1999).
Por outro lado outros equipamentos produzem ruído de fundo no interior dos
estúdios. Nos últimos anos, com os novos sistemas de ar condicionado, juntamente com
o aparecimento de cada vez mais unidades de disco do computador nas salas de
controle, os níveis de ruído de fundo ficaram mais elevados. Níveis de ruído acima de
25 ou 30 dB(A) na sala de gravação ou na sala técnica do estúdio, começam a
sobrepor-se à operação de gravação.
Atualmente, um grande número de estúdios de gravação, que estão atingindo
proporções alarmantes de ruído de fungo, que tem 50 dB(A) ou mais de ruído de disco
rígido e do sistema de refrigeração na sala de controle. (NEWELL, 2008).
A maioria dos instrumentos musicais foram concebidos para ter volume
suficiente de modo a serem ouvidos claramente sobre o sopro de uma platéia silenciosa,
57
mas se o ruido de fundo em uma sala de gravação for superior a, aproximadamente, 30
dB(A), haverá uma tendência dos microfones absorverem os ruídos externos, com nível
suficiente para degradar a clareza das gravações.
Nas salas técnicas, deve-se esperar um nível de ruído de fundo tão baixo quanto
ao da sala de gravações. Caso contrário, com níveis semelhantes aos produzidos pelos
instrumentos no estúdio, podiam não ser controlados os níveis de ruído de fundo na
gravação, porque tenderiam a ser mascarados pelo maior nível de ruído de fundo na sala
de controle.
LONG (2006) apresenta uma a Tabela 4.2 com valores de referência para se
avaliarem os níveis de ruído de fundo de determinados ambientes.
Embora o valor de NC 10 para estúdios de gravação, não seja formalmente
definido, ele é considerado como sendo de aproximadamente 4 dB abaixo do critério
NC 15, entre 63 Hz e 500 Hz e de 5 dB abaixo do NC 15, a 1000 Hz e acima deste
valor. Note que níveis de ruído de fundo maiores, em salas de prática de música não são
desejáveis, devido ao mascaramento que eles fornecem .
Tipo de Ambiente Níveis de Ruído
Sala de Estar NC 25-30
Salas de Pratica de Música NC 30-35
Banda / Orquestra / Sala para Coral NC 25-30
Pós Produção de Vídeo NC 25-30
Sala de Audição / Home Theater NC 20-25
Estúdio de Projeção NC 25-30
Estágio de Som (Filme) NC 20-25
Fase de Montagem NC 20-25
Sala Técnica NC 15-20
Estúdio de Gravação NC 10-15
Tabela 4.2: Nível de Ruído de Fundo para Estúdios e Salas de Som.
Fonte: adaptado LONG, 2006.
58
4.6 - Isolamento de Ruídos
Como visto anteriormente, um bom isolamento contra ruído e vibrações é um
item bastante importante para o caso de estúdios de gravação, visando controlar os
níveis de ruído de fundo no seu interior. Da mesma forma, o isolamento do estúdio é
essencial para evitar incomodo em compartimentos vizinhos, pelo som que ali é gerado,
sobretudo quando o estúdio se situa em edifícios onde existem outras atividades.
O isolamento proposto pelos elementos construtivos deve ser, por isso, eficaz
nos dois sentidos, isto é, não deve permitir a passagem do ruído proveniente do
ambiente exterior (tráfego, ruído de vizinhança, etc) para dentro do estúdio, bem como
evitar que o som do estúdio seja ouvido no exterior. Em alguns casos, é fácil isolar o
som externo, mas é muito mais complicado conseguir evitar que o som do estúdio vaze
para as edificações ou compartimentos vizinhos. Tal deve-se ao fato dos níveis sonoros
geralmente produzidos no interior dos estúdios de gravação serem significativamente
elevados.
4.6.1 - Isolamento de Ruídos Aéreos
De um modo geral, os elementos separadores, como as paredes ou pavimentos,
isolam o ruído aéreo de forma semelhante nos dois sentidos, uma vez que os métodos
utilizados para estimar o isolamento aos sons aéreos de barreiras, são aplicáveis para a
previsão do isolamento nos dois sentidos.
Os requisitos de isolamento para os elementos construtivos devem ser
estabelecidos através da avaliação prévia dos níveis de ruído provenientes do exterior e
dos níveis de ruído de fundo máximos admissíveis no interior do estúdio. A diferença
entre estes dois níveis permitirá obter o isolamento que será exigido ao elemento
construtivo separador. Por outro lado, quando se pretende isolar o ruído proveniente do
estúdio para o exterior (outros compartimentos), um raciocínio análogo terá que ser
aplicado. Neste caso, será necessário avaliar o ruído produzido no interior do estúdio e
os níveis de ruído de fundo tolerados nos espaços vizinhos.
59
K. Jepper et al. (1980) elaborou um quadro com valores recomendados para
isolamento acústico entre salas destinadas a música, conforme Tabela 4.3. Nela,
também estão ainda incluídos valores para o ruído de fundo.
Tabela 4.3: Níveis de isolamento para construções destinadas a música. Fonte: adaptado
de LONG, 2006.
Conforme mencionado no Capítulo 3, revestir simplesmente as paredes com
carpete, tecido ou outro material comum absorvente não trará qualquer resultado
prático, quando se pretende obter isolamento aos sons aéreos, pois o som precisa de
"massa" para ser bloqueado. Dessa forma, ainda que eventualmente possa melhorar a
acústica interna, diminuindo reflexões, a camada fina de carpete ou tecido não oferecerá
qualquer resistência à transmissão do som aéreo.
Por isso, devem-se usar materiais pesados e densos, sendo que o nível de
isolamento depende essencialmente da freqüência do som incidente e das características
construtivas da parede (quanto mais densa, maior o isolamento).
Contudo, nem, sempre é possível a utilização de elementos pesados pelo que
outras opções podem também ser utilizadas, nomeadamente soluções leves constituídas
por uma seqüência de camadas constituídas por materiais com resistividade diferente.
(AMORIM, LICARIÃO, 2005). Estas soluções podem ser executadas por exemplo por
60
várias camadas de gesso cartonado ou aglomerado de madeira e material absorvente.
Estes elementos construtivos podem ainda ser interessantes como soluções de reforço,
quando se pretende aumentar o isolamento de paredes existentes, uma vez que retiram
pouco espaço aos compartimentos existentes. É importante atentar para os detalhes de
fixação das placas de gesso (geralmente devem ser utilizados apoios antivibráticos),
para que não haja um contato direto entre as paredes que permita a transferência
mecânica do som de uma para a outra. Também é preciso eliminar todas as fendas e
quaisquer tipos de frestas, através das quais o som poderá vazar.
O teto e o piso originais do recinto também deverão ser avaliados dentro do
mesmo objetivo de criar barreiras para a transferência do som aéreo. O mesmo princípio
da parede com várias camadas pode ser aplicado ao teto, devidamente adequado às
condições físicas (estrutura suspensa com apoios antivibratórios conforme representado
na Figura 4.12). Uma atenção maior deverá ser dada quanto à vedação de frestas e furos,
uma vez que o teto rebaixado geralmente é usado para a instalação de luminárias,
passagem de cabos e dutos de ar condicionado.
Figura 4.12: Estrutura suspensa com apoios antivibratórios. Fonte: MATEUS, 2008.
61
As janelas são, geralmente um ponto fraco no isolamento acústico, por isso
devem ser tratadas criteriosamente. No caso de janelas voltadas para o exterior, a
melhor solução é eliminá-las definitivamente, fechando-as com alvenaria. Caso isso não
seja possível, então é necessário transformá-las em janelas especiais, com vidros mais
espessos (preferencialmente duplos) e vedações eficientes, ou mesmo utilizar caixilho
duplo quando se pretendem níveis altos de isolamento.
Uma forma de isolar os estúdios de ruídos exteriores provenientes de portas é
através de uma solução representada na Figura 4.13, designada por sound lock”. Esta
solução é constituída por um pequeno compartimento que separa dois espaços a isolar,
revestido com material muito absorvente para atenuar o ruído que atravessa estes
espaços. Esta solução reduz os requisitos acústicos exigidos às portas individualmente.
Figura 4.13: Apresentação de um “sound lock” em uma sala de controle. Fonte:
adaptado NEWELL, 2008.
Uma alternativa ao “sound lock” são as portas acústicas. Existem várias no
mercado que permitem obter níveis elevados de isolamento, no entanto, o seu custo é
alto. Além de serem constituídas por materiais que conferem um grau elevado de
isolamento, quando aplicadas devem ficar bem seladas no contorno, para que o
isolamento seja de fato garantido. As Figuras 4.14 e 4.15 apresentam alguns pormenores
construtivos destas portas acústicas.
62
Figura 4.14: Exemplo de composição de porta acústica. Fonte: adaptado NEWELL,
2008.
Figura 4.15: Porta Acústica. Fonte: NEWELL, 2008.
63
4.6.2 - Isolamento de Ruídos de Impacto
O piso do estúdio pode ainda ser uma parte crítica, pois é nele que ocorrem os
maiores níveis de ruído de impacto, sobretudo, no caso de bateria e percussão (pedal de
bumbo, tambores colocados no chão, etc). Colocar um tapete grosso não resolve esse
tipo de problema, embora possa atenuar o ruído de passos, pois apenas permite reduzir o
ruido nas médias e altas frequências. De fato, estes tipos de instrumentos podem
também produzir ruído de baixa frequência que tem que ser isolado. Além disso, esta
solução não permite introduzir uma melhoria no isolamento aos sons aéreos. Assim, a
solução mais indicada é criar um piso de preferência em concreto, acima do original
(piso flutuante), e isolado deste por meio de algum tipo de suspensão resiliente que seja
eficaz para reduzir também o ruído de baixa frequência (apoios de borracha, por
exemplo).
4.6.3 - Solução “ Room Within a Room”
As Figuras 4.16 e 4.17 combinam todos os aspectos abordados anteriormente
constituindo o sistema geralmente designado room within a room” adotado em
estúdios de gravação. Esta solução consite na construção de um espaço isolado dentro
de uma sala pré existente. Para tal, não deverá existir qualquer conexão sólida entre as
parede e os elementos estruturais da sala existente, inclusive com o chão. As paredes
de reforço são apoiadas no piso flutuante e nas laterais através de apoios antivibratórios.
Esta solução permite isolar o compartimento de todos os ruídos e vibrações
provenientes do exterior e vice versa.
Figura 4.16: Corte esquemático da solução “room within a room”. Fonte: adaptado
ELSEA, 1996.
64
Figura 4.17: Típica solução de isolamento adotada em estúdios Fonte: adaptado
MEHTA et al., 1999.
4.7 – Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação
Em estúdios de gravação, existe uma grande janela que separa a sala de controle
do estúdio projetada para fornecer comunicação visual entre as salas, mantendo um
isolamento acústico elevado. O isolamento final do conjunto irá depender do isolamento
da parede de separação, da janela e da área que cada um destes elementos ocupa. Para
que a janela tenha um isolamento alto, esta deverá possuir vidro duplo, montado de tal
forma que não haja contato direto entre as estruturas de fixação de cada um.
65
Exemplos de projetos da janela é dado na Figura 4.18. A construção de vidro
duplo é preferida devido ao seu desempenho em baixa frequência. As bordas da
cavidade entre os painéis são revestidas com espuma de neoprene ou placas de fibra de
vidro, envolto em um pano, para permitir a absorção de borda (desta forma são
eliminadas as ressonâncias que ocorrem na caixa de ar responsáveis por quebras no
isolamento nas altas freqüências). Cada painel deve ser apoiado em separado em seu
próprio sistema de cravação e laje isolada. Os vidros das janelas deverão ser angulares,
mas nem tanto por razões de acústica, mas para reduzir a reflexão da luz e melhorar a
visualização dos monitores.
Figura 4.18: Opções de projetos para janela entre estúdio e sala técnica. Fonte:
www.audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=249
4.8 - Ruído proveniente dos sistemas de ventilação
Além da preocupação com o isolamento do ruído ambiente externo, é preciso
avaliar também o ruído que será produzido pelo sistema de ar condicionado a ser
instalado no estúdio. Além do ruído junto à máquina, deve-se levar em conta ainda a
possível transferência desse ruído através do duto de ar e também por transmissão
mecânica, pela vibração da estrutura dos dutos e contato desta com as paredes e teto do
estúdio. Para reduzir o ruído que se propaga ao longo do duto de ar pode-se revesti-lo
66
internamento com material absorvedor ou ainda aplicar atenuadores acústicos nas
condutas. Para evitar a transferência da vibração da máquina pelo duto, é comum fazer
um desacoplamento mecânico do mesmo, seccionando-o e unindo as partes com uma
peça flexível. Tais providências em geral causam perda de eficiência da máquina, o que
deve ser também considerado.
67
Capítulo 5
Metodologias de avaliação de parâmetros
acústicos
A qualidade acústica do estúdio objeto de pesquisa foi avaliada através da
análise conjunta das soluções construtivas e revestimentos, parâmetros objetivos e
subjetivos. Neste capítulo descrevem-se as metodologias utilizadas na caracterização
acústica do estúdio.
5.1 - Caracterização Física do Espaço
A caracterização física do espaço inclui o levantamento das soluções
construtivas do ambiente. Primeiramente, foi realizado um levantamento minucioso do
espaço para a determinação das dimensões da sala.
Foi depois elaborado um relatório fotográfico detalhado buscando identificar
todos os dispositivos utilizados para, de alguma forma, interferir na acústica do espaço,
assim como todo o tipo de revestimentos aplicados, nomeadamente os materiais que
compõem as superfícies das paredes, tetos e pisos do estúdio e sala técnica. Incluiu-se
ainda nesta etapa, o levantamento dos equipamentos aí existentes.
5.2 - Avaliação de Parâmetros Objetivos
Os parâmetros objetivos utilizados neste trabalho vão de acordo com o que foi
apresentado no Capítulo 4 e são: o tempo de reverberação, o ruído de fundo e o
68
desempenho quanto ao isolamento sonoro do ruído aéreo garantido pelas paredes
internas.
Os parâmetros tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento sonoro do
ruído áereo de paredes internas, foram medidos no local, tomando como base os
procedimentos descritos nas seguintes normas: norma ISO 140-4 (1998) Acoustics --
Measurement of sound insulation in buildings and of building elements -- Part 4: Field
measurements of airborne sound insulation between rooms; norma ISO 717-1 (1996) -
Acoustics -- Rating of sound insulation in buildings and of building elements -- Part 1:
Airborne sound insulation e norma ISO 354 (2003) - Acoustics -- Measurement of
sound absorption in a reverberation room.
A norma ISO 140-4 (1998) apresenta os procedimentos e quais parâmetros
devem ser medidos, in situ, para avaliar o desempenho do isolamento sonoro de paredes
internas entre dois compartimentos. Após a medição dos parâmetros descritos
anteriormente, a ISO 717-1 (1996) apresenta os procedimentos para a obtenção do valor
único do isolamento sonoro, denominado diferença padronizada de nível ponderada,
D
nT,w
. Para a medição do tempo de reverberação foi utilizado o procedimento descrito na
norma ISO 354 (2003).
Foram utilizadas normas internacionais como padrão para os procedimentos de
medição, tendo em vista que, conforme exposto no Capítulo 3, não existem normas
nacionais que especifiquem tais procedimentos.
As medições no estúdio foram realizadas com os equipamentos da empresa
Sillentium Engenharia, que possuem certificados de calibração com prazos de validade
em vigor, emitidos pela empresa GROM-LAB: Laboratório de Calibração e Ensaios, a
qual está integrada à Rede Brasileira de Calibração e devidamente credenciada pelo
INMETRO.
Os equipamentos utilizados, que estão representados nas Figura 5.1, Figura 5.2 e
Figura 5.3, foram: medidor de nível de pressão sonora (Fabricante: Svantek; Modelo:
Svan 949; Data da Calibração: 12/11/2008); calibrador acústico (Fabricante: Brüel &
Kjaer, Modelo: 4230, Data da Calibração: 12/11/2008); fonte sonora com amplificador
e gerador de sinal (Fabricante: Brüel & Kjaer; Modelo: 4205).
69
Figura 5.1: Medidor de Nível de Pressão Sonora.
Figura 5.2: Amplificador e gerador de sinal que se ligam à fonte sonora.
70
Figura 5.3: Fonte Sonora.
5.2.1 - Tempo de Reverberação
Para a medição dos tempos de reverberação necessários neste estudo, foram
utilizados os procedimentos descritos na norma ISO 354 (2003). Esta norma descreve o
procedimento de medição da absorção sonora em ambiente reverberante, e determina
que as medições devem ser feitas em terças de oitava, na faixa de frequência de 100 Hz
a 5.000Hz. É medido o tempo requerido para o decaimento do nível de pressão sonora
em 60dB, depois de cessada a fonte sonora.
Ainda de acordo com a norma citada, ISO 354 (2003), os registros devem ser
armazenados em pelo menos três posições de microfones, com dois decaimentos por
posição. Este microfone deve estar a pelo menos um metro de distância da superfície
testada, um metro das demais superfícies do ambiente e dois metros da fonte sonora.
5.2.2 - Ruído de Fundo
Neste trabalho em particular, o nível de ruído de fundo será medido
primeiramente com todos os equipamentos das salas desligados, e em seguida, com os
equipamentos, como condicionadores de ar e computadores, ligados. Com esta
71
avaliação pretende-se fazer um comparativo quanto à utilização de tais equipamentos
em gravações realizadas no estúdio.
De acordo com a ISO 140-4 (1998), deve-se ainda medir o nível de ruído de
fundo para assegurar que as medições realizadas no compartimento receptor não
estejam sendo alteradas por outros ruídos provenientes ou do exterior, ou do próprio
interior do compartimento alvo do estudo, como redes elétricas.
5.2.3 - Isolamento Sonoro
Para a realização das medições em campo do isolamento sonoro de paredes
internas de edificações, a NBR 15575 refere dois métodos distintos, que são o método
de engenharia e o método simplificado de campo. O que diferencia os dois métodos, é
que o método de engenharia indica os procedimentos necessários para a realização da
medição e o método simplificado de campo permite realizar uma estimativa do
isolamento sonoro, em condições específicas, quando dificuldades de se medir o
tempo de reverberação, seja por falta de equipamento adequado, seja por elevado ruído
de fundo (NETO, 2009).
Neste trabalho as medições foram realizadas através do método de engenharia,
tendo em vista que é mais rigoroso e tecnicamente mais completo.
Segundo a norma ISO 140-4 (1998), para que se possa avaliar o isolamento
quanto ao ruído aéreo entre compartimentos, é necessário que se faça à medição dos
seguintes parâmetros:
Nível médio de pressão sonora num compartimento, L
i
: deverá ser feita a medição
na sala de emissão, que será denominado de L
1
, e na sala receptora, denominado L
2,
conforme apresentado na Figura 5.4.
72
Figura 5.4: Medição do nível médio de pressão sonora.
Tempo de Reverberação, T : deverá ser feita a medição do tempo de reverberação na sala
receptora, que será denominado de T
2.
Nível de Ruído de Fundo, RF : deverá ser medido o nível de ruído de fundo, visando
garantir que as medições realizadas na sala receptora não foram afetadas por outros ruídos,
externos ou internos, que não fizessem parte do estudo. Após a medição do nível de ruído
de fundo, será calculado o L
2
Corrigido que corresponde ao nível de pressão sonora na sala
receptora com correção para ruído de fundo. O ideal, é que o nível de ruído de fundo esteja
acima de 10 dB abaixo do nível do sinal, combinado com o ruído de fundo. Mas como
nem sempre esta situação ocorre, para se efetuar a correção do ruído de fundo, de acordo
com a norma, deve-se seguir as seguintes regras:
Se a diferença entre os níveis do sinal e do ruído de fundo for menor ou igual a
6 dB, em qualquer faixa de freqüência, deve-se utilizar a correção de 1,3 dB.
Se a diferença dos níveis do sinal e do ruído de fundo for menor que 10 dB e
maior que 6 dB, a correção deve ser efetuada através da seguinte equação:
L = 10log (10
Lsb/10
– 10
Lb/10
) (5.1)
73
Onde:
L – é o nível do sinal corrigido, em dB;
L
sb
– é o nível do sinal e do ruído de fundo associados, em dB;
L
b
– é o nível do ruído de fundo, em dB.
Durante os ensaios foi utilizada uma fonte sonora em duas posições distintas
conforme especifica a ISO 140-4 (1998). A medição dos níveis sonoros nos dois
compartimentos foi efetuada com um microfone localizado em cinco posições por cada
posição de fonte, sendo no total registradas dez medições. Além disso, foram
respeitadas as distâncias mínimas de separação dos microfones, em virtude do tamanho
reduzido dos espaços em estudo, que neste caso foram: 0,5m entre a posição do
microfone e os limites da sala ou difusores; 1,0m entre a posição do microfone e a fonte
sonora.
Finalizada a etapa de medição dos parâmetros acima referidos, a norma ISO
140-4 (1998) define que sejam calculados os seguintes parâmetros:
Diferença de Nível, D : é a diferença, em dB, dos níveis médios de pressão sonora obtidos
na sala emissora e na sala receptora, por uma ou mais fontes sonoras situadas dentro de uma
delas:
D = L
1
- L
2
(5.2)
Onde:
L
1
- É o nível médio de pressão sonora na sala emissora
L
2
- É o nível médio de pressão sonora na sala receptora corrigido do ruído de
fundo
Diferença Padronizada de Nível, D
nT
: é a diferença dos níveis médios de pressão sonora
obtidos na sala emissora e na sala receptora, por uma ou mais fontes sonoras situadas dentro
de uma delas, em dB, corrigidos em função do tempo de reverberação da sala receptora:
D
nT
= D + 10 log (T/T
0
) (5.3)
74
Onde:
D
- É a diferença de níveis, em dB;
T
- É o tempo de reverberação da sala receptora, em segundos;
T
0
- É o tempo de reverberação de referência, sendo utilizado para edifícios
habitacionais o valor T
0
= 0,5s.
Após a obtenção dos parâmetros descritos anteriormente, através do
procedimento referenciado na ISO 717-1 (1996), é obtido o valor único do isolamento
sonoro, denominado diferença padronizada de nível ponderada (D
nT,w
). Este índice é
determinado através da comparação entre a curva do espectro de freqüências do
coeficiente avaliado, D
nT
, e uma curva padrão com valores de referência estabelecidos
pela norma, conforme demonstrado pela Figura 5.5.
Figura 5.5: Curva padrão de referência para sons aéreos de acordo com a ISO 717-1.
Fonte: MATEUS, 2008.
Primeiramente faz-se o ajuste da curva de referência à curva resultante da
medição até se cumprir a seguinte condição: o valor médio dos desvios desfavoráveis,
calculado através da divisão da soma dos desvios desfavoráveis, pelo número total de
bandas, deverá ser o maior possível, sem ultrapassar 2 dB. Refira-se que um desvio é
considerado desfavorável se o valor da curva de referência se encontrar acima do valor
da curva referente á medição. Terminado o ajuste, conforme ilustrado na Figura 5.6,
75
obtém-se o número único D
nT,w
, que consiste no valor da curva de referência na
freqüência de 500 Hz.
Figura 5.6: Ajuste a curva de referência. Fonte: MATEUS, 2008.
5.3 - Avaliação de Parâmetros Subjetivos
Para a avaliação dos parâmetros subjetivos, foi elaborado um questionário
visando obter a percepção acústica dos músicos usuários do estúdio.
Foram escolhidos para o questionário os parâmetros apresentados no Capítulo 2,
que são: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial, vivacidade, clareza ou
definição, eco, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico, classificação geral.
Para cada parâmetro, foi utilizada uma escala apropriada variando a classificação
de pouco/baixo a muito/elevado.
O questionário foi distribuído para todos os usuários, que identificavam qual
instrumento que tocavam, ou se eram vocalistas. O questionário encontra-se no
Apêndice A.
76
Capítulo 6
Estudo de Caso
Neste capítulo efetua-se a descrição do estudo de caso, que inclui a avaliação das
características físicas do estúdio, a análise dos parâmetros acústicos resultantes das
medições realizadas e dos resultados do questionário de aferimento dos parâmetros
subjetivos. Sempre que possível é efetuada a avaliação acústica do espaço de acordo
com as recomendações estabelecidas nas normas brasileiras e outras indicações
referenciadas em publicações nacionais e internacionais consultadas, que constam no
Capítulo 4.
6.1 - Objeto do Estudo
O estúdio analisado está implantando em uma sala dentro de um prédio
comercial no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
O prédio comercial foi construído em 2006 e possui diversas salas, que são
ocupadas para as mais diversas finalidades, como consultórios médicos e escritórios.
O Estúdio Centoeum foi implantando em 2008, e ocupa uma sala com direito
duplo no andar térreo do edifício, mais especificamente a sala de número 101, conforme
apresentado no desenho esquemático do primeiro pavimento, ilustrado na Figura 6.1.
77
Figura 6.1: Planta esquemática do 1º pavimento do Edifício Comercial (sem escala).
Internamente, a sala 101 ocupada pelo Estúdio Centoeum, é dividida conforme
apresentado nas Figuras 6.2 e 6.3, onde no primeiro andar fica o estúdio de gravação e a
sala técnica e no mezanino encontra-se uma sala de estar para os músicos se reunirem
antes das gravações, o escritório administrativo do estúdio, copa, banheiro e depósito.
Figura 6.2: Estúdio Centoeum - Planta Baixa 1º pav (sem escala).
78
Figura 6.3: Estúdio Centoeum – Mezanino (sem escala)
Atualmente, o Estúdio Centoeum conta com instrumentos e equipamentos
modernos de alta tecnologia, conforme se pode observar nas Figuras 6.4 e 6.5 referentes
a imagens do interior do estúdio e sala técnica.
Figura 6.4: Imagem do interior do Estúdio Centoeum
79
Figura 6.5: Imagem do interior da Sala Técnica do Estúdio Centoeum
Por suas dimensões, o estúdio em questão pode ser considerado um estúdio
pequeno, sendo aí gravada principalmente música popular brasileira (MPB) e rock.
Durante as visitas efetuadas ao estúdio foi possível, através de conversas com os
usuários, perceber que existem alguns problemas acústicos relacionados com o espaço,
especialmente no que diz respeito à parte do ruído de fundo causado pelo equipamento
de ar condicionado durante as gravações, reverberação insuficiente em alguns casos,
como em gravações de voz, que é posteriormente corrigida através de meios
informáticos e ao incômodo causado na sala 102, vizinha ao estúdio, que será alvo do
estudo neste trabalho, referente ao fraco desempenho acústico do isolamento ao ruído
aéreo da parede divisória destas unidades. Deste modo, na avaliação experimental das
condições acústicas do espaço procurou-se quantificar alguns destes itens.
6.2 - Caracterização Física do Estúdio
O estúdio objeto de estudo não teve nenhum tipo de projeto para sua construção,
embora tenha sido executado com a ajuda de um profissional não qualificado, mas com
experiência em construções com estas características e especificidade. Esta é uma
80
realidade comum neste tipo de construção no Brasil, pois os poucos profissionais
qualificados em acústica, normalmente cobram valores muito altos para a elaboração de
projetos específicos, ficando seu trabalho restrito a grandes empresas, ou grandes
estúdios. Apesar disso, pôde-se observar o cumprimento de vários requisitos que são
garantia de uma boa qualidade acústica deste tipo de ambiente.
6.2.1 - Isolamento
Na construção do estúdio, foram registradas algumas etapas que evidenciam a
preocupação, principalmente no que diz respeito ao isolamento das salas de gravação e
técnica. A Figura 6.6, por exemplo, apresenta a fase de construção de uma parede
complementar à parede já existente, formando assim uma parede dupla. Segundo alguns
autores, para que esta composição apresente resultados mais eficientes, as paredes
construídas devem ser de materiais distintos, com massa e rigidez diferentes, garantindo
assim que elas não possuam a mesma freqüência crítica, o que resultaria na vibração em
uníssono das paredes, que acabariam produzindo ressonância, causando uma baixa
perda de transmissão ao conjunto. (BATISTA, 1998; GERGES, 2000; MEISSER,
1973). O que pode ser observado no estúdio é exatamente este processo, uma vez que a
parede existente é de tijolo cerâmico comum, revestido com uma fina camada de gesso,
e a parede que foi construída na frente, foi feita em bloco de concreto. Observe-se ainda
na Figura 6.6 que nas paredes as juntas horizontais e verticais foram adequadamente
preenchidas com argamassa, o que garante igualmente um isolamento final melhorado.
Esta solução foi observada na parede exterior e na divisória com a recepção do edifício,
possibilitando reforçar o isolamento destas paredes por forma a garantir que não haja
influência do ruído exterior durante as gravações. Da mesma maneira, também será
minimizado o incômodo eventual do ruído gerado pelo estúdio nos espaços contíguos.
Após esta etapa, foram fixados nas paredes construídas painéis de madeira, conforme se
pode verificar na Figura 6.6, que foram preenchidos por lã de rocha, fechados com outro
painel de madeira e posteriormente foram aplicados os revestimentos. Para garantir uma
maior eficácia, estes painéis deveriam ficar desligados da parede de apoio, através de
apoios antivibratórios e apoiados num piso flutuante para criar uma solução room
within a room”, conforme abordado no Capítulo 4.
81
Figura 6.6: Construção de paredes independentes às existentes.
Numa fachada, as janelas constituem de um modo geral um ponto fraco no
isolamento, não bastando apenas reforçar o isolamento da parte opaca. Neste caso, na
frente da janela original da parede de fachada da edificação que se encontra dentro da
sala de gravação, foram colocados três painéis de vidro de 10 mm de espessura,
distanciados de aproximadamente de 7 a 11 cm, não havendo contato direto entre a
estrutura de fixação de cada um, e nem com a janela original, conforme apresentado na
Figura 6.7. A cavidade entre os painéis foi vedada ao longo da sua periferia com
espuma de neoprene. Além disso, no interior da caixa de ar, ao longo do perímetro da
abertura foi colocado material absorvente, de forma a eliminar ressonâncias geradas
que produzem quebras no isolamento. Os vidros não são paralelos, o que confere uma
melhoria no isolamento, pois reduz as quebras no isolamento associadas as frequências
de ressonância na caixa de ar. A solução adotada revela –se adequada, conferindo um
isolamento melhor da fachada.
82
Figura 6.7: Detalhe do isolamento da janela.
No piso do estúdio, foram igualmente implementadas algumas medidas
conducentes à melhoria do isolamento conferido por este elemento construtivo.
Conforme se pode observar pela Figura 6.8, foi utilizado uma solução composta por um
painel de madeira com espessura de aproximadamente 2cm, apoiado sobre apoios
flexíveis em borracha em contato com o contra piso existente. Acima desse painel é que
foi instalado o piso definitivo do estúdio que é um piso de madeira flutuante, muito
utilizado no Brasil em diversos tipos de construção. Apesar desta solução introduzir
alguma eficácia acústica, a execução de uma laje em concreto flutuante sobre apoios de
borracha seria mais eficaz para esta situação para reduzir a transmissão de ruído de
baixa frequência. A solução adotada deveria evitar a conexão sólida com as paredes de
blocos no contorno, para garantir a execução do sistema “room within a room”.
Figura 6.8: Detalhes dos elementos de composição do piso.
83
Quanto ao teto, foi utilizada uma solução constituída por painéis de madeira com
caixa de ar, preenchidos com de rocha, que se encontram apoiados nas paredes de
blocos, conforme se ilustra nas Figuras 6.9 e 6.10. Sobre essa composição foi colocado
isopor, que não seria o material mais adequado em termos de acústica, pois ele não
oferece uma absorção sonora favorável. Acima deste conjunto, conforme apresentado na
Figura 6.11, foi construída a laje de cobertura do estúdio, ou seja, a laje de piso do
mezanino. Para garantir a execução do sistema room within a room deveria ter sido feito
um teto falso com apoios antivibratórios.
Figura 6.9: Detalhes da colocação dos painéis de madeira de cobertura do estúdio.
Figura 6.10: Detalhe da utilização de lã de rocha e isopor.
84
Figura 6.11: Laje de cobertura do estúdio
6.2.2 - Tipos de Revestimentos
As Figuras 6.12 e 6.13 apresentam imagens do interior da sala de gravação e da
sala técnica, mostrando a utilização de materiais reflexivos e materiais absorventes. Na
sala de gravação a parede dos fundos, uma parte de uma das paredes laterais e o teto,
são revestidos em tecido e representam cerca de 57% da área total de superfície deste
ambiente. O restante é revestido em material reflexivo, no caso em estudo, painéis lisos
de madeira, aplicados no chão e nas paredes. na sala técnica, a utilização de
revestimentos com material absorvente, no caso tecido, representa 72% da área total de
superfície deste ambiente, e encontram-se em parte da parede que contém o visor para a
sala de gravação, na parede do fundo, nos cantos entre as paredes laterais e no teto,
sendo as demais áreas revestidas em painéis lisos de madeira. A Figura 6.12 mostra
ainda a utilização de difusores em uma das paredes da sala de gravação. Um difusor,
conforme visto no Capítulo 4, evita reflexões diretas, e, portanto, produz um som muito
mais aberto, transparente e natural do que uma simples superfície plana.
Figura 6.12: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior do estúdio de
gravação, incluindo difusores.
85
Figura 6.13: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior da Sala
Técnica.
Outro artifício que foi utilizado pelo estúdio foi uma solução que consiste no uso
combinado de ressonadores com um material absorvente, que neste caso foi tecido,
conforme se ilustra na Figura 6.14. De acordo com o apresentado no Capítulo 3, este
sistema permite introduzir absorção nas médias frequências através do uso de
ressonadores e nas altas frequências através do uso de tecido. Esta solução foi aplicada
numa área de parede relativamente reduzida.
Não foi observado o uso de dispositivos conhecidos como armadilhas de graves
(“bass trap”), que melhoram as condições acústicas da sala, pois permitem a absorção
sonora em baixas frequências.
Figura 6.14: Utilização de ressonador com material absorvente.
86
6.2.3 - Forma e dimensões do Estúdio
Podemos observar na Figura 6.15, que foram implantados alguns dispositivos na
sala, como cantos cortados, tetos com rebaixo nas laterais, elementos construídos na
diagonal, rodapés largos, etc., buscando quebrar o paralelismo do ambiente, uma vez
que, conforme abordado no Capítulo 4, todos os profissionais de estúdio concordam que
reflexões periódicas causadas por paredes paralelas devem ser evitadas.
Figura 6.15: Dispositivos para quebra do paralelismo da sala do estúdio
Quanto às dimensões do estúdio, conforme podemos verificar na Figura 6.2, ele
atende as recomendações indicadas na bibliografia, pois não tem distâncias iguais, nem
mesmo múltiplas, entre paredes e entre piso e teto, dificultando assim a ocorrência de
ondas estacionárias.
A proporção das dimensões do estúdio é de 1:1.9:1.1, o que de acordo com a
Tabela 4.1 (vd. Capítulo 4) que é indicativa de dimensões preferenciais a adotar em
compartimentos retangulares pequenos, que se encontra entre a primeira e a segunda
colocação desta tabela.
87
6.2.4 - Sound Lock
No Estúdio Centoeum foi utilizada uma solução do tipo “sound lock”, conforme
pode ser verificado na planta do estúdio na Figura 6.2. Esta solução permite efetuar a
recepção do estúdio da sala de gravação. Ele apresenta dimensões bem pequenas e é
revestido de carpete, material bastante absorvente, conforme exposto na Figura 6.16.
Este espaço foi construído exatamente como o referenciado na bibliografia (vd.
Capítulo 4).
Figura 6.16: Sound Lock Estúdio Centoeum
Conforme visto anteriormente, esta solução é utilizada para atenuar o ruído que
atravessa dois espaços, além de reduzir os requisitos acústicos exigidos às portas
individualmente.
6.2.5 - Portas Acústicas
São três as portas acústicas do Estúdio Centoeum: a porta de entrada da sala
técnica, a porta de entrada para o “sound lock” e a porta de saída do “sound lock” para a
sala de gravação. As portas foram revestidas no próprio estúdio com tecido por um lado
e carpete do outro, conforme apresentado na Figura 6.17. No meio foi utilizada de
rocha para o isolamento. Para vedação, foi utilizado um sistema de encaixe, que permite
o perfeito isolamento do sistema.
88
Figura 6.17: Detalhe construtivo das portas acústicas
6.2.6 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação
A janela que permite a comunicação visual entre a sala técnica e a sala de
gravação é composta por três painéis de vidro de 10 mm de espessura, distanciados de
aproximadamente de 7 a 11 cm, não havendo contato direto entre a estrutura de fixação
de cada um.
A cavidade entre os painéis foi vedada ao longo da sua periferia com espuma de
neoprene. Além disso no interior da caixa de ar, ao longo do perímetro da abertura foi
colocado material absorvente por forma a eliminar ressonâncias geradas que
produzem quebras no isolamento. Esses vidros ainda são angulares, mas conforme
exposto no Capítulo 4, esse procedimento melhora a visualização dos monitores, pois
reduz as reflexões da luz em cima destes equipamentos. Além disso, juntamente com o
tecido colocado na caixa de ar, também ajuda a atenuar as quebras no isolamento
associadas as frequências de ressonância na caixa de ar. A Figura 6.18 apresenta o
detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação.
89
Figura 6.18: Detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação.
6.3 - Parâmetros Acústicos Objetivos
Nesta seção são apresentados os parâmetros acústicos objetivos obtidos através
de medições realizadas no local, de acordo com os procedimentos descritos no capítulo
anterior. Foram avaliados os seguintes parâmetros: tempo de reverberação da sala de
gravação e sala técnica; ruído de fundo na sala de gravação e sala técnica e isolamento
aos sons aéreos entre a sala de gravação e a sala técnica e entre a sala técnica e a sala
vizinha que já não faz parte do estúdio (sala sl. 102).
6.3.1 - Avaliação Tempo de Reverberação
6.3.1.1 - Sala de Gravação do Estúdio
Para a medição do tempo de reverberação na sala de gravação do estúdio foi
utilizado o método do ruído interrompido, de acordo com o procedimento descrito no
capítulo anterior. Durante os ensaios, inicialmente foi gerado um ruído rosa e, em
seguida, mediu-se o tempo que este levou para cair cerca de 20 ou 30 dB. Estes valores
90
foram depois multiplicados por 2 ou por 3, automaticamente pelo software do aparelho
de medição, para que fossem obtidos os tempos de reverberação. Para cada ponto de
medição foram feitas três leituras e posteriormente calculada a média geométrica,
conforme preconiza a norma ISO 354.
A partir dos gráficos que se encontram no Apêndice B, foi elaborada a Tabela
6.1, que apresenta um resumo com os Tempos de Reverberação que foram medidos na
sala de gravação do estúdio, de 100 Hz a 4 kHz.
Tabela 6.1: Tempos de Reverberação medidos em 1/3 de oitavas nas frequências
apresentadas, medidos na sala de gravação.
Segundo a bibliografia apresentada no Capítulo 4, MEHTA et al. (1999),
apresenta um gráfico (vd. Figura 4.3) com o tempo de reverberação recomendado para
estúdios de gravação. De acordo com o volume do espaço, que no caso do objeto de
estudo é aproximadamente 31m³, os limites inferiores (voz) e superior (música) para
tempo de reverberação recomendados por MEHTA et al. (1999) encontram-se
representados na Figura 6.19 definindo a área hachurada. Nesta figura estão também
apresentados os valores medidos na sala de gravação do Estúdio Centoeum e a média
destes valores.
91
Figura 6.19: Tempo de Reverberação obtido através de medições na sala de
Gravação vs recomendação METHA et al. (1999).
Como se pode observar na Figura 6.19 acima, os valores medidos no estúdio não
estão dentro dos valores recomendados por METHA et al. (1999). Entretanto, LONG
(2006), não recomenda valores específicos de tempo de reverberação para estúdios
pequenos, apenas refere que para este tipo de espaço, o gráfico de Tempo de
Reverberação x Frequência deve ser o mais linear possível, e podemos observar que
entre 400Hz e 4KHz os valores medidos no estúdio são bem próximos, tornando o
gráfico linear neste intervalo. Observe-se que a forma da curva do tempo de
reverberação que foi obtida na sala reflete os revestimentos que foram aplicados no
ambiente. Existe na sala de gravação uma quantidade significativa de tecido que
introduz absorção nas altas frequências, por isso se obtêm os tempos de reverberação
baixos nestas frequências. Por outro lado, entre as frequências de 100Hz e 315Hz,
obtiveram-se valores mais altos pois nestas frequências soluções do tipo ressonador que
seriam eficazes, têm na sala aplicação pontual.
92
6.3.1.2 - Sala Técnica
Para a medição dos tempos de reverberação da sala técnica, entre 100 Hz e 4
kHz, em 1/3 de oitava, foi utilizado o mesmo procedimento descrito para a sala de
gravação. A Tabela 6.2 apresenta os resultados das medições.
Tabela 6.2: Tempo de Reverberação medido em 1/3 de oitava na Sala Técnica.
Para salas técnicas, a bibliografia destaca principalmente os tempos de
reverberação associados à sensação acústica da sala, podendo variar de “muito viva” a
“muito apagada”, de acordo com o volume da sala. (LONG, 2006).
O volume da sala técnica do estúdio é aproximadamente 18 m
3
e a Figura 6.20
apresenta o gráfico comparativo entre os valores medidos e os valores sugeridos por
LONG (2006) para salas técnicas com este volume.
Figura 6.20: Gráfico comparativo entre valores recomendados por LONG (2006) e
valores medidos.
93
Conforme exposto na Figura 6.20, a sala técnica do Estúdio Centoeum possui
tempo de reverberação mais próximos a ambientes com percepção acústica média, isto
é, entre salas muito vivas e muito apagadas. Conforme abordado no Capítulo 4, segundo
PASSERI, BISTAFA (2002), a partir dos anos 80 os profissionais de estúdio
desenvolveram a filosofia de projeto conhecida como LEDE (Live End Dead End), que
tinha como objetivo estender o intervalo de tempo entre o som original e as suas
primeiras reflexões, de modo que o cérebro pudesse distinguir um do outro, e ignorá-
las.
6.3.2 - Avaliação do Ruído de Fundo
6.3.2.1 - Sala de Gravação do Estúdio
O ruído de fundo, conforme apresentado no Capítulo 2, será todo o ruído que
chega aos microfones, na posição do receptor, que não seja o ruído em análise.
No caso do estúdio, o ruído de fundo foi medido em duas condições distintas: a
primeira com todos os equipamentos da sala de gravação desligados, tendo sido obtidos
os valores apresentados na Tabela 6.3.
Tabela 6.3: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala de gravação com aparelhos desligados.
Resultados abaixo de 10 dB estão além da faixa de medição do aparelho,
podendo apresentar desvios superiores a 0,1 dB. Tais resultados deverão ser
considerados apenas como orientativos e não quantitativos, e por isso aparecem valores
negativos na Tabela 6.3.
94
Após esta medição, foi ligado o condicionador de ar, que é um split, único
equipamento, além dos instrumentos, que funciona na sala durante as gravações e os
valores do ruído de fundo encontrados são apresentados na Tabela 6.4.
Tabela 6.4: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala de gravação com aparelho split ligado.
Conforme apresentado no Capítulo 2, o nível para conforto acústico de um
ambiente deverá ser analisado de acordo com o nível de pressão sonora medido em dB
(A) ou pela classificação do NC. Os níveis medidos nas Tabelas 6.3 e 6.4 acima,
representam o ruído de fundo do ambiente, e a partir destes valores foi possível fazer a
classificação do NC para as duas situações descritas, conforme apresentado na Figura
6.21, que apresenta os valores medidos no gráfico das curvas NC.
Figura 6.21: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos no estúdio.
95
Para estúdios de gravação o valor de NC recomendado é de 10-15, o que é
atendido pelo Estúdio Centoeum com o condicionador de ar desligado,com exceção da
frequência dos 2000Hz, conforme se observa na Figura 6.21. com o split ligado, se
pode observar que em altas freqüências, principalmente entre 1000Hz e 2000Hz que
estão no intervalo de freqüências relativas à fala, os níveis de ruído de fundo
(corresponde à classificação NC35) ficam acima dos valores recomendados, e como
visto anteriormente, níveis acima começam a sobrepor-se à operação de gravação.
Segundo o proprietário do Estúdio, quando são feitas gravações, principalmente de voz
e violão (que produzem níveis sonoros não muito altos), o split permanece sempre
desligado.
Observa-se aqui que devem ser tomados alguns cuidados na escolha de
equipamentos que serão utilizados dentro de uma sala de gravação, principalmente
quando se trata de condicionadores de ar e sempre que possível deve-se optar por
aqueles menos ruidosos, para que o ruído de fundo não se torne elevado e prejudicial.
6.3.2.2 - Sala Técnica
Na sala técnica, os valores de ruído de fundo também foram medidos nas
mesmas condições da sala de gravação. Inicialmente com os equipamentos desligados e
em seguida com equipamentos ligados, que neste caso são computadores e o split.
Na primeira situação, os valores obtidos são apresentados na Tabela 6.5 abaixo:
Tabela 6.5: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala técnica com aparelhos desligados.
com os equipamentos ligados, o ruído de fundo apresentou os valores
indicados na Tabela 6.6, abaixo:
96
Tabela 6.6: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na
sala técnica com aparelhos desligados.
Através da Figura 6.22 que apresenta os valores descritos acima no gráfico das
curvas NC, foi possível classificar a sala técnica como NC entre 25 com equipamentos
desligados e NC 35 com equipamentos ligados.
Figura 6.22: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos na sala
técnica.
Para salas técnicas, na mesma Tabela 4.2 apresentada por LONG (2006), que se
encontra no Capítulo 4, os valores de NC vão de 15-20. Pela Figura 6.22, podemos
observar que com os equipamentos desligados a sala técnica, embora não atenda aos
valores recomendados por LONG (2006), na frequência dos 2000 Hz, nas restantes
frequências está dentro do recomendado. Entretanto com equipamentos ligados,
observamos o mesmo ocorrido com a sala de gravação, que apresenta valores acima dos
97
recomendados (classificação correspondente a NC 35). Como abordado nos capítulos
anteriores, nas salas técnicas, deve-se esperar um nível de ruído de fundo tão baixo
quanto ao da sala de gravações. Caso contrário, com níveis semelhantes aos produzidos
pelos instrumentos no estúdio, podia não se conseguir controlar os níveis de ruído na
gravação, porque tenderiam a ser mascarados pelo maior nível de ruído de fundo na sala
de técnica. Entretanto, de acordo com o proprietário do estúdio, ele consegue controlar
por meios digitais as interferências causadas por ruídos de fundo.
6.3.3 - Isolamento Acústico
Foram realizadas duas situações distintas de medição para avaliação do
desempenho do isolamento acústico do estúdio: a primeira teve a sala de gravação do
estúdio como sala emissora e a sala técnica como espaço receptor e em seguida,
utilizou-se a sala técnica como emissora, e a sala vizinha à sala técnica, que não faz
parte do complexo do estúdio, como espaço receptor, a fim de avaliar o isolamento
sonoro da parede divisória entre as salas do prédio comercial.
6.3.3.1 - Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica
Primeiramente, conforme exposto na Figura 6.23, mediu-se o nível de pressão
sonora do estúdio, L
1,
que no caso é o ambiente emissor. O tempo de medição, como se
tratava de microfone móvel, foi superior a 30s, conforme especifica a norma. Em
seguida, com a fonte ainda no estúdio, mediu-se o nível de pressão sonora da sala
técnica, L
2
, que é a sala receptora.
98
Figura 6.23: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica.
Após estas medições, foram utilizados os demais valores medidos anteriormente
(tempo de reverberação e nível de ruído de fundo na sala técnica) , que são exigidos
pela ISO 140-4, para a avaliação do desempenho acústico. Os valores destes parâmetros
estão apresentados na Tabela 6.7.
A parede divisória entre estes dois ambientes é composta de uma alvenaria dupla
em blocos de concreto de vedação de 115 mm mais o visor, composto por três painéis
de vidro de 10 mm de espessura, distanciados de aproximadamente de 7 a 11 cm.
Tabela 6.7: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico - Sala Emissora: Estúdio
/ Sala Receptora: Sala Técnica.
99
De acordo com a ISO 717-1, foi calculado o valor único do isolamento sonoro,
denominado diferença padronizada de nível ponderada, D
nT,w
.
A Tabela 6.8 apresenta os valores encontrados e a Figura 6.24 apresenta o
gráfico do D
nT,w
.
Tabela 6.8: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica – Tabela de Cálculo
D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1).
Figura 6.24: Gráfico D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1).
100
O valor único do isolamento sonoro, D
nT,w,
encontrado está abaixo do esperado,
tendo em vista que o estúdio é capaz de produzir até 110dB em uma gravação (valores
obtidos pelo proprietário utilizando os meios digitais do estúdio). Estes resultado revela
que existe transmissão do som para a sala técnica que pode influenciar os níveis sonoros
aí gerados. Para as gravações estes níveis sonoros não serão prejudiciais já que o técnico
de som faz o tratamento do som com auxílio de fones. No entanto, estes níveis poderão
causar incômodo no consultório vizinho.
6.3.3.2 - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha
Após a medição das salas pertencentes ao estúdio, foram feitas as medições
utilizando a sala técnica do estúdio como sala emissora e a sala vizinha, como sendo a
sala receptora, conforme se esquematiza na Figura 6.25.
Figura 6.25: Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha.
A parede que separa estas duas unidades comerciais, de acordo com as
informações obtidas pelos proprietários, é de alvenaria cerâmica de vedação, revestida
com gesso nas duas faces.
Os valores dos vários parâmetros necessários para a avaliação do desempenho
acústico de acordo com a ISO 140-4, conforme apresentado no Capítulo 5 estão
apresentados na Tabela 6.9.
101
Tabela 6.9: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico- Sala emissora: Sala
Técnica / Sala receptora: Sala vizinha.
De acordo com a ISO 717-1, foi calculado o valor único do isolamento sonoro,
D
nT,w
, entre a parede da sala técnica (sl. 101) e da sala vizinha (sl. 102).
A Tabela 6.10 apresenta os valores encontrados e a Figura 6.26 apresenta o
ajuste gráfico efetuado para obter o índice D
nT,w
.
Tabela 6.10: Tabela de cálculo do D
nT,w
- Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora:
Sala vizinha (norma de referência: ISO 717-1).
102
Figura 6.26: Gráfico D
nT,w
(norma de referência: ISO 717-1).
Conforme abordado anteriormente, não existe norma brasileira que determine
um valor específico de D
nT,w
para edifícios comerciais. Entretanto o valor encontrado
entre a parede que separa a sala técnica (sl.101) do consultório da sala vizinha (sl. 102),
possui D
nT,w
de 35 dB, que é considerado um valor baixo para isolamento em uma
habitação, de acordo com a norma brasileira NBR 15575 (2010), ainda mais para este
tipo de situação, onde a parede divisória divide um estúdio, que produz valores altos de
ruído, e entre um consultório de psicologia, que precisa de privacidade. Pode-se indicar
de um modo estimativo que se na sala técnica se gera cerca de 80 dB, no consultório
poderá gerar-se 40dB, que já é indicativo de incômodo, sobretudo porque neste espaço o
único som gerado é o de vozes. Na realidade em algumas frequências (sobretudo nas
baixas, onde as paredes isolam menos), o valor de 40 dB deverá ser ultrapassado de
forma significativa.
103
6.4 - Avaliação dos Parâmetros Acústicos Subjetivos
Nesta seção são analisados os parâmetros subjetivos avaliados a partir de um
questionário respondido pelos usuários, conforme apresentado no Apêndice A. Os
parâmetros avaliados foram: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial,
vivacidade, clareza ou definição, eco, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e
classificação geral. O questionário dos usuários do estúdio foi dividido de maneira a se
investigar a percepção acústica dos músicos. Foram respondidos no total 35
questionários. As respostas dos músicos frente às perguntas têm indicações bastante
parecidas com o que foi observado na avaliação objetiva.
A Figura 6.27 apresenta um gráfico com a caracterização da amostra por tipo de
atuação dos músicos.
Figura 6.27: Gráfico com a caracterização da amostra.
A Figura 6.28 mostra que 100% dos usuários avaliaram o ruído externo como
não perceptível dentro do estúdio.
104
Figura 6.28: Resultados para a pergunta: Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro
do estúdio sons oriundos de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito,
buzinas, etc.?
A Figura 6.29 revela que 40% dos músicos conseguem identificar fortemente
sons provenientes do próprio local, e dentro destes 40%, que 90% representam
vocalistas e/ou músicos que tocam violão (ver Figura 6.30).
Figura 6.29: Resultados para a pergunta: Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical
ou durante os ensaios da banda, você consegue identificar sons provenientes do próprio
local, como barulho de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.?
105
Figura 6.30: Resultados para a pergunta sobre ruído interno com respostas classificadas
por tipo de músico.
Através da analise dos resultados apresentados na Figuras 6.29 e 6.30, se pode
perceber o problema evidenciado na avaliação objetiva proveniente ao ruído de
fundo, tanto na sala de gravação quanto na técnica, devido aos equipamentos ligados,
principalmente os condicionadores de ar, do tipo split.
Quanto à avaliação sobre impressão espacial do estúdio, os músicos
apresentaram resultados variando entre suficiente e extremamente, distribuídos
conforme apresentado na Figura 6.31. Estes resultados mostram que de um modo geral,
os músicos acreditam que a geometria do estúdio contribui de forma positiva para sua
qualidade acústica da sala.
106
Figura 6.31: Resultados para a pergunta: Impressão Espacial: Você considera que a
geometria do estúdio contribui para sua qualidade acústica?
A Figura 6.32 apresenta que cerca de 57% dos músicos avaliam a reverberação
do estúdio como boa, 40% aceitável e apenas cerca de 3% avaliaram o estúdio com
pouca reverberação. Estes valores estão em concordância com o que foi verificado na
avaliação objetiva dos tempos de reverberação que foram medidos no estúdio.
Figura 6.32: Resultados para a pergunta: Vivacidade: Você diria que em relação a
reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais "viva", isto é, bastante reverberante, ou
mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que reflete pouco som?
107
Em relação à Clareza, os músicos avaliaram que conseguem ouvir sua gravação
musical bastante ou extremamente claro, conseguindo identificar os sons provenientes
de seu instrumento e/ou sua voz, conforme ilustrado pelo gráfico da Figura 6.33.
Figura 6.33: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação
musical , você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento
e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?
A Clareza durante os ensaios foi avaliada por cerca de 51% dos músicos como
boa. A Figura 6.34 apresenta os resultados obtidos pelos questionários para este quesito,
que de uma maneira geral foi bastante positivo.
Figura 6.34: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Durante os
ensaios da banda, você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu
instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?
108
Referente à impressão subjetiva de estar “imerso” ou rodeado pelo campo
acústico, a Figura 6.35 apresenta que cerca de 83% dos músicos avaliaram ter bastante a
sensação de estar “imerso” no som, enquanto 17% avaliaram como aceitável. Este
parâmetro esta diretamente relacionado ao tempo de reverberação, uma vez que este
envolvimento resulta da maneira como o som reverberante se distribui no espaço.
Figura 6.35: Resultados para a pergunta: Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem
a sensação de estar imerso no som, ou rodeado por ele?
Conforme apresentado no Capítulo 2, o timbre dos instrumentos não deve ser
alterado pela sala. Cerca de 77% dos músicos disseram que percebem muito pouca
alteração no timbre dos seus instrumentos durante ensaios, enquanto 14% percebem
pouco e os demais nem percebem. A Figura 6.36 apresenta o gráfico destes resultados.
Figura 6.36: Resultados para a pergunta: Timbre: Você percebe alguma alteração no
timbre do seu instrumento causado pela acústica da sala?
109
A relação entre os níveis das frequências graves e agudas do som foi avaliada
por 43% dos músicos como equilibrada. Entretanto, conforme apresenta a Figura 6.37, a
maioria avaliou o estúdio como muito grave, o que mostra que o estúdio deve prever a
utilização de dispositivos, como por exemplo “bass traps”, para melhorar este
parâmetro.
Figura 6.37: Resultados para a pergunta: Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o
equilíbrio tímbrico relativo a frequências graves e agudas do estúdio?
Finalizando a série de perguntas em relação à acústica do estúdio, foi feita uma
pergunta sobre a impressão geral da qualidade acústica do ambiente, onde o estúdio
obteve uma avaliação bastante positiva, conforme apresentado na Figura 6.38.
Figura 6.38: Resultados para a pergunta: Classificação Geral: De um modo geral, como
você classificaria a acústica do estúdio?
110
6.5 - Estudo de Soluções para melhora da Qualidade Acústica do Estúdio e do
Isolamento Acústico
Nesta seção serão apresentadas sugestões de possíveis melhoras que podem ser
feitas no estúdio, visando o aspecto da qualidade acústica e do isolamento acústico,
demonstrando os benefícios esperados após a implantação das melhorias.
6.5.1 - Qualidade Acústica
Conforme demonstrado anteriormente, alguns dos principais fatores que
determinam a qualidade acústica de um ambiente estão sendo atendidos pelo Estúdio
Centoeum, como por exemplo às características físicas das salas de gravação e técnica.
O tempo de reverberação, que apesar de não estar dentro do valor recomendado
por METHA et al. (1999), atende ao que foi recomendado por LONG (2006), mas no
teste subjetivo os usuários também apontaram este item como mediando, podendo então
ser tomadas algumas mudanças no estúdio, buscando melhorar o tempo de reverberação
das salas.
Outro fator que foi evidenciado após a avaliação apresentada no capítulo
anterior, foi à questão do ruído de fundo que deve ser observada de maneira mais
rigorosa, pois como foi constatado, para gravações principalmente de voz e violão no
estúdio, o condicionador de ar, split, deve permanecer desligado, pois causa uma
interferência significativa nas gravações, e dependendo do intervalo de tempo
necessário para estes tipos de gravação, o ambiente pode se tornar desconfortável,
devido à falta de climatização do ambiente.
Apesar da avaliação objetiva não ter detectado, uma vez que não foram avaliadas
frequências abaixo dos 100Hz, a avaliação subjetiva demonstrou que para alguns
músicos, o ambiente não apresentou um equilíbrio mbrico, ficando classificado como
muito grave.
Outro parâmetro que pode ser observado como deficiente após a avaliação
apresentada no capítulo anterior, foi o desempenho do isolamento acústico entre a sala
do estúdio e o consultório psicológico, que é a sala vizinha.
111
6.5.2 - Recomendações para Melhorias
6.5.2.1 - Tempo de Reverberação
Apesar do tempo de reverberação do estúdio ter apresentado valores
satisfatórios, para que ele atinja os valores recomendados tanto por METHA et al.
(1999), quanto por LONG (2006), o ideal seria ter os valores medidos, principalmente a
partir de 400Hz, fossem acrescidos cerca de 0,1 a 0,2 segundos. Para isto, a solução
mais prática poderia ser a troca de alguns revestimentos em tecido, principalmente de
pequenos panos, para o revestimento mais reflexivo, emminas de madeira, igual as
existentes no estúdio ou introduzindo soluções do tipo ressonador para equilibrar as
frequências entre os 100Hz e os 315 Hz
Poderia também ser revista a quantidade de difusores existentes, pois
diminuindo a quantidade, também se pode atingir os níveis desejados.
6.5.2.2 - Ruído de Fundo
Conforme exposto no Capítulo 4, o ideal é que o sistema de condicionamento de
ar dos estúdios seja um equipamento central, externo as salas de gravação e técnica, e
que seja distribuído para estes ambiente através de dutos, revestidos internamente com
material absorvedor ou ainda aplicar atenuadores acústicos nos condutores. Para evitar a
transferência da vibração da máquina pelo duto, deve-se fazer um desacoplamento
mecânico do mesmo, seccionando-o e unindo as partes com uma peça flexível, mas
sempre avaliando a perda de eficiência da máquina causada por tais soluções. Deve-se
buscar um equilíbrio entre tais providências.
No caso do estúdio objeto do estudo, tal solução demandaria um custo muito
alto, além de grandes transtornos, por se tratar de uma obra de grandes interferências,
tendo que quebrar e refazer rebaixos e revestimentos existentes. Sendo assim, a melhor
a solução seria a busca de condicionadores de ar interno, tipo split mesmo, mas com
menores índices de ruídos, ou seja, mais silenciosos. existem diversos modelos no
mercado, mais modernos do que os existentes tanto na sala de gravação, tanto na sala
técnica, o que diminuiria os níveis de ruído de fundo e, principalmente na sala de
112
gravação, que proporcionariam uma melhora nas condições climáticas na gravação de
voz e violão, pois poderiam permanecer ligados dentro do recinto durante a gravação.
6.5.2.3 - Equilíbrio Tímbrico
Para se atenuar o efeito dos graves no estúdio, o ideal seria a utilização de os
“bass traps”, conhecidos também como armadilhas de graves, que permitem a absorção
em baixas frequências. O efeito de um bom “bass trap” é ótimo e o som fica muito mais
limpo e claro.
Para se tornarem bastante eficientes, a melhor indicação é colocá-los na junção
de três superfícies, como parede/parede/teto, o que poderia ser utilizado no estúdio
objeto do estudo.
6.5.2.4 - Isolamento Acústico
Conforme avaliado no capítulo anterior, o isolamento acústico proporcionado
pela parede divisória entre a sala técnica do estúdio, sl.101 e a sala do consultório
vizinha, sl. 102, não apresenta um bom desempenho.
Cabe ressaltar, que o principal problema vivenciado por estas duas unidades
comerciais, é o baixo desempenho acústico oferecido pela parede original da edificação,
divisória destes dois ambientes.
O estúdio foi realizado tendo em conta parte significativa das recomendações
sugeridas pela bibliografia para poder aumentar o isolamento do ambiente, entretanto,
nem com este tratamento, o desempenho acústico consegue atingir níveis satisfatórios.
Figura 6.39: Fotos internas da sala 102 – Consultório Psicológico
113
A proprietária da sala, apresentou inclusive a preocupação em relação à acústica
de sua própria sala, pois segundo ela, a recepcionista também consegue ouvir
claramente as suas consultas.
Para esta sala, o ideal para que não haja uma perda grande de espaço, uma vez
que a proprietária necessita da sala com as dimensões atuais, seria a colocação na
parede que faz divisa com o estúdio, de duas placas de gesso, podendo ser do tipo gesso
acartonado (drywall), com um espaço entre elas de aproximadamente 15cm, e adicionar
uma camada de pelo menos 5cm de lã mineral de vidro entre elas.
Se as duas placas forem de espessuras diferentes, isso também ajuda. E se deve
tomar um cuidado especial para que não haja nenhuma fresta na estrutura, pois qualquer
vazamento de ar entre os cômodos implicará na perda do isolamento. A Figura 6.40
apresenta um exemplo da solução descrita.
Figura 6.40: Exemplo da possível solução a ser adotada.
Com esta solução se deve obter uma melhora significativa na acústica da sala,
além de uma melhora no desempenho acústico entre o estúdio e o consultório.
Caixa de ar, com apoio antivibratil de parede do tipo
CDM-ISO-QR (1 por montante a meia altura). Caso o montante
possa funcionar fixo apenas ao piso e ao tecto falso, poderá
evitar-se este apoio, ficando uma pequena caixa de ar, entre a
parede e o montante (cerca de 5 a 10 mm, eventualmente
preenchidos com banda flexível autoadesiva)
Painéis semi-rígidos de lã de rocha
com cerca de 5 cm de espessura e
densidade de 70 kg/m3
Montante de 48mm (ou 70 mm)
Parede de
separação
2 placas de gesso cartonado (13+13mm)
114
Capítulo 7
Conclusões
Este trabalho objetivou aprofundar a temática da qualidade acústica de pequenos
estúdios de gravação musical. Para isto foi analisada a qualidade acústica de um estúdio
de gravações implantado numa edificação comercial. Foi efetuado um trabalho
exaustivo de levantamento das soluções implementadas tanto no que concerne à
acústica do ambientes, quanto a analise do isolamento.
Pode se perceber quais os aspectos que favorecem a qualidade acústica destes
ambientes e quais as dificuldades associadas à instalação de um estúdio num espaço
comercial.
7.1 - Considerações Finais
Durante este trabalho se pode observar que no Brasil não existem muitos
profissionais com as especializações necessárias para a execução de projetos acústicos
específicos para estúdios, o que acaba se tornando um dos maiores desafios enfrentados
por quem deseja construir um estúdio ou home-studio. Por isso muitas vezes estes
ambientes, principalmente no caso de pequenos estúdios, são construídos por
profissionais que seguem sua própria experiência para executá-los, o que nem sempre é
suficiente, que estes profissionais desconhecem os princípios da acústica específica
para este tipo de ambiente.
Mesmo quando são elaborados projetos acústicos, não existe nenhum guia que
oriente arquitetos e engenheiros de como fazer os projetos de estúdios, isto em face de
pouca literatura em língua portuguesa e do enfoque pouco prático das publicações
115
estrangeiras. Em geral estes projetistas são sempre associados a alto custo, o que faz
com seu trabalho fique restrito a grandes obras, de grandes estúdios.
O Estúdio Centoeum, que foi o objeto de estudo deste trabalho, é exemplo desta
realidade, e para realizar a avaliação acústica do espaço, foi efetuada uma caracterização
física exaustiva do ambiente, foram feitas avaliações de parâmetros objetivos e foi ainda
realizada uma avaliação de parâmetros subjetivos.
A avaliação dos parâmetros objetivos realizada através de medições in situ no
estúdio, permitiu obter os principais parâmetros apresentados pela bibliografia, que
foram: o tempo de reverberação, o ruído de fundo e o desempenho do isolamento
acústico entre a parede divisória da sala de gravação e da sala técnica do estúdio e da
parede entre a sala técnica e a vizinha, que é um consultório de psicologia.
Através da análise destes parâmetros, se pode observar que estes foram
atendidos parcialmente pelo estúdio.
Pela caracterização física do espaço, se pode perceber que na fase de construção
foram executados diversos procedimentos recomendados pela bibliografia. A geometria
do espaço e a escolha dos revestimentos também foram de acordo com as
recomendações bibliográficas.
Mas apesar de todos os cuidados que foram observados para a construção do
estúdio, eles não foram suficientes para garantir o tempo de reverberação ideal tanto
para a sala de gravação, quanto para a sala técnica, conforme foi observado pelos
resultados e comparativos apresentados, e para este parâmetro houve algumas
recomendações para a melhora deste fator.
O ruído de fundo também não foi satisfatoriamente atendido, principalmente
quando os equipamentos condicionadores de ar estavam ligados dentro dos ambientes.
O desempenho do isolamento acústico da parede divisória entre o estúdio e o
consultório também se apresentou insuficiente. Este fato deve-se principalmente em
face da precariedade de normas brasileiras quanto ao desempenho de edificações,
principalmente comerciais. Como não existem pré requisitos determinados, as
construtoras tendem a utilizar materiais com qualidade cada vez mais baixa, visando
cada vez mais os lucros, e esquecendo a prioridade, que são os consumidores.
A única norma brasileira, ABNT NBR 15575-4 “Edifícios habitacionais de até
cinco pavimentos Desempenho Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e
internas” (2010), que avalia o desempenho de edificações, constituiu um grande passo
116
para a melhoria da qualidade acústica do parque habitacional no Brasil, no entanto, se
restringe à área habitacional, não incluindo prédios comerciais.
A avaliação de parâmetros subjetivos foi realizada através da aplicação de
questionário entregue aos músicos usuários do estúdio. Os resultados dos questionários,
estiveram em concordância com a avaliação objetiva do espaço. De uma forma geral o
estúdio foi avaliado como tendo uma boa acústica .
7.2 - Sugestões para trabalhos futuros
Ainda existem poucas pesquisas sobre estúdios de gravação de dimensões
reduzidas no Brasil O estudo realizado sugere que seria interessante avaliar a qualidade
acústica destes ambientes usando outros parâmetros como EDT (Early Decay Time),
índice RASTI, definição (D50) e confrontar os resultados com a opinião dos usuários. A
análise de outros estúdios seria igualmente interessante de forma a obter informação que
possibilite completar as especificações técnicas existentes para estes espaços. A
realização de guias técnicos que ajudem no desenvolvimento de um projeto acústico
desta natureza revela-se importante para a realidade brasileira.
Esta pesquisa pode ser aprofundada incorporando melhor avaliação dos
parâmetros escolhidos.
Além disso, deve se estender à pesquisa, buscando a obtenção de mais
informações para munir o mercado precário quanto ao desenvolvimento de projetos
acústicos.
Somado a estes itens, pode-se destacar a necessidade de reunir informação que
permita a elaboração de Normas técnicas brasileiras referentes à parte acústica,
inclusive em edificações comerciais, que possuem salas com atividades tão distintas e
coladas umas às outras, tornando a convivência entre vizinhos um verdadeiro problema.
117
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Rectangular Rooms With Good Distribution of Eigentones. Acustica, Volume 24,
1971.
MACHADO, ALBERTO L. P. Caracterização Acústica de Cafés-Concerto. Portugal,
2008, Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil Epecialização em Construção de
Edifícios) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
MATEUS, Diogo. Acústica de Edifícios e Controlo de Ruído. DEC-FCTUC,
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120
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PASSERI Jr, Lineu; BISTAFA, Sylvio R. Análise e Diagnóstico das Características
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cnrc.gc.ca/eng/ibp/irc/bsi/85-sound-tranmission.html.).
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Universidade Federal de Santa Maria.
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TADEU, A.; MATEUS, D.; ANTÓNIO, J.; GODINHO, L.; MENDES, P. Acústica
Aplicada. DEC-FCTUC, Coimbra, 2007.
121
Apêndice A
____________________________________________________________
Questionário
APRESENTAÇÃO
Prezado Músico,
Meu nome é Cristiane Mac-Cormick, sou engenheira civil e mestranda na área de acústica pela
COPPE/UFRJ e estou desenvolvendo um estudo sobre a qualidade acústica do Estúdio
Centoeum. Gostaria de contar com a sua colaboração, respondendo este questionário, que
servirá de embasamento para minha dissertação de mestrado, assim como fornecerá base de
dados para que o estúdio busque sempre atender a suas expectativas. Desde agradeço.
Cordiais saudações.
Nome:________________________________________________ Data:___/___/____
Sua função na banda:____________________________________
Instruções: Para responder o questionário, marque um X na alternativa que mais lhe for
conveniente.
1) Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro do estúdio sons oriundos de fora do
recinto, como conversas, barulho de trânsito, buzinas, etc.?
Não
perceptível
Muito
fraco
Fraco Aceitável Forte
Bastante
forte
Extremamente
forte
2) Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical ou durante os ensaios da banda, você
consegue identificar sons provenientes do próprio local, como barulho de equipamentos de ar
condicionado, computadores, etc.?
Não
perceptível
Muito
fraco
Fraco Aceitável Forte
Bastante
forte
Extremamente
forte
3) Impressão Espacial: Você considera que a geometria do estúdio contribui para sua
qualidade acústica?
Não
detectado
Muito pouco Pouco Suficiente Bastante Extremamente
4) Vivacidade: Você diria que em relação a reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais
"viva", isto é, bastante reverberante, ou mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que
reflete pouco som?
Totalmente
“seco”
Muito pouco
reverberante
Pouco
reverberante
Reverberância
Aceitável
Boa
Reverberância
Bastan-
te “viva”
Extrema-
mente
“viva”
122
5) Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação musical , você consegue identificar
claramente os sons provenientes de seu instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma
massa confusa de som?
Nada
claro
Muito pouco
claro
Pouco claro
Clareza
Aceitável
Clareza
boa
Clareza
bastante boa
Extremamente
claro
6) Clareza ou Definição: Durante os ensaios da banda, você consegue identificar claramente
os sons provenientes de seu instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa
confusa de som?
Nada
claro
Muito pouco
claro
Pouco claro
Clareza
Aceitável
Clareza
boa
Clareza
bastante boa
Extremamente
claro
7) Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem a sensação de estar imerso no som, ou
rodeado por ele?
Nem um pouco
Muito
pouco
Pouco Aceitável Bastante Extremamente
8) Timbre: Você percebe alguma alteração no timbre do seu instrumento causado pela
acústica da sala?
Nem um pouco
Muito
pouco
Pouco Aceitável Bastante Extremamente
9) Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o equilíbrio tímbrico relativo a frequências
graves e agudas do estúdio?
Excessivamente Grave Muito Grave Equilibrado Muito Agudo Excessivamente Agudo
10) Classificação Geral: De um modo geral, como você classificaria a acústica do estúdio?
Muito Ruim Ruim Mediana Suficiente Boa Muito Boa Excelente
Caso queira fazer mais algum comentário, utilize as linhas abaixo:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
123
Apêndice B
____________________________________________________________
Gráficos TR Estúdio – Sala de Gravação
O software utilizado durante as medições gerou os gráficos, apresentados nas figuras
abaixo. Os gráficos são apresentados por frequências.
Figura B.1: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 100 Hz de frequência.
Figura B.2: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 125 Hz de frequência.
124
Figura B.3: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 160 Hz de frequência.
Figura B.4: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 200 Hz de frequência.
Figura B.5: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 250 Hz de frequência.
125
Figura B.6: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 315Hz de frequência.
Figura B.7: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 400Hz de frequência.
Figura B.8: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 500Hz de frequência.
126
Figura B.9: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 630Hz de frequência.
Figura B.10: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 800Hz de frequência.
Figura B.11: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 1KHz de frequência.
127
Figura B.12: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 1,25KHz de frequência.
Figura B.13: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 1,6KHz de frequência.
Figura B.14: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 2KHz de frequência.
128
Figura B.15: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 2,5KHz de frequência.
Figura B.16: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 3,15KHz de frequência.
Figura B.17: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do
Estúdio para 1/3 oitava e 4KHz de frequência.
129
Apêndice C
____________________________________________________________
Gráficos RF Estúdio – Sala de Gravação
O software utilizado durante as medições gerou o gráfico apresentado na figura abaixo.
O gráfico é apresentado por frequências.
Figura C.1: Gráfico da Representação do Ruído de Fundo na Sala do Estúdio para 1/3
oitava.
130
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