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indesejada e à assistência pré-natal em nível ambulatorial. Os serviços de saúde que prestam
assistência à gravidez adolescente, em geral, são voltados, para o atendimento às adolescentes
mulheres. Em relação ao pai adolescente, Levandowski, Piccinini (2004) relatam que é comum,
quando a adolescente engravida, todos os olhares dos profissionais de saúde e as políticas
públicas de saúde voltarem-se para a mulher grávida. No entanto, ao adolescente “grávido”
pouca atenção tem sido dispensada. Parece que o mesmo fica, ainda, dissociado no processo
gravídico puerperal.
Neste sentido, Corrêa e Ferriani (2006) referem que as políticas de saúde, ainda hoje,
não vêm sendo estruturadas de forma a inserir o pai adolescente na assistência pré-natal, parto e
pós-parto. Para os autores conceber a paternidade na adolescência como parte integrante do
processo gestacional favoreceria o surgimento de serviços que prestassem atendimentos a
questões gerais que envolvem a vida de adolescentes homens.
Tendo como base as desigualdades de gênero, os direitos e deveres dos homens e
mulheres são diferentes frente a paternidade e maternidade, já que as mulheres são
responsabilizadas pela reprodução, cuidado e educação dos filhos; e dos homens, ainda hoje,
espera-se que realizem o sustento financeiro e o comando da família, apesar de, em muitas
situações, este ficar, também, a cargo da mulher. (MANDÚ, 2001).
Outro fato comum nas questões relacionadas à gravidez entre adolescentes é o de que
ainda vigora uma concepção de paternidade na adolescência vista, muitas vezes, como
inconsequente e descomprometida. Os pais adolescentes mais facilmente procuram fugir da
responsabilidade pela gestação, ou quando a assumem apenas cumprem as suas
responsabilidades legais, não exercendo, de fato, o cuidado ao filho. Em relação às jovens, a
concepção é oposta. Na sua grande maioria, essas assumem a maternidade, mesmo em casos
onde a gravidez foi indesejada. Tendo em vista a relação heterossexual e o envolvimento de
uma gravidez, planejada ou não, na maioria das vezes, a responsabilidade fica por conta da
mulher, fato corroborado não só pelo senso comum como também pela literatura, quando afirma
que se tem dedicado mais à maternidade que à paternidade. (TRINDADE; BURNS, 1999).
Ao contrário do relatado por estes autores, atualmente, temos evidenciado que essa
concepção vem, frequentemente, sendo refutada, tendo em vista que diversos pais adolescentes
assumem seus filhos querendo desempenhar o papel de pai conforme suas características e
singularidades sendo apoiados, na maioria das vezes, por suas famílias. Verifica-se, assim, que a
paternidade é um processo em constante construção, que se dá através das interações.
(MEINCKE; CARRARO, 2009).
É comum que os adolescentes acabem aceitando a gravidez quando é indesejada e com
isso passem a modificar de forma radical a sua rotina de vida, aceitando as responsabilidades do