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se utilizavam de argilas não cozidas, geralmente misturadas com fibras vegetais, para
confecção de moradias. Com a construção das pirâmides, os egípcios introduziram
argamassas de cales e gesso e, posteriormente, os povos gregos melhoraram esses
materiais, utilizando calcário calcinado. Mas foi com os romanos que se deu a
produção de um cimento de notável durabilidade, ao serem acrescentadas cinzas
vulcânicas às argamassas de argila e cal (LEA, 1970, apud KIHARA e CENTURIONE,
2005).
As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas
com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega de Santorini ou das proximidades
da cidade italiana de Pozzuoli, as quais possuíam propriedades de endurecimento sob
a ação da água.
Com a Idade Média veio um declínio geral na qualidade e uso do cimento, podendo-se
registrar um avanço na tecnologia dos cimentos somente no século XVIII. Em 1756, um
grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado pelo inglês John Smeaton, que
conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários
moles e argilosos. Já em 1818, o francês Vicat, considerado o inventor do cimento
artificial, obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de
componentes argilosos e calcários.
Posteriormente, em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin realizou um experimento
onde foram queimadas pedras calcárias e argila conjuntamente, transformando-se em
um pó fino. Aspdin então percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-
se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções, uma vez que a mistura
não se dissolvia em água. Ao produto obtido foi dado o nome de cimento Portland, que
recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez
semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.
O cimento Portland fabricado hoje é constituído de clínquer, um material sinterizado e
peletizado, resultante da calcinação, a uma temperatura aproximada de 1450
o
C, de
uma mistura de calcário, argila e eventuais corretivos químicos de natureza silicosa,
aluminosa ou ferrífera, empregados para garantir o quimismo da mistura dentro de
limites específicos (KIHARA e CENTURIONE, 2005). A homogeneidade do clínquer é
garantida através do controle das matérias-primas durante o processo industrial, com