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I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA
E ENGENHARIA DE MATERIAIS
CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS VÍTREOS VISANDO
A RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB
Louise Brasileiro Quirino
CAMPINA GRANDE
OUTUBRO/2008
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA
E ENGENHARIA DE MATERIAIS
CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS VÍTREOS VISANDO
A RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB
Louise Brasileiro Quirino
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciência e
Engenharia de Materiais como requisito
parcial à obtenção do tulo de MESTRE
EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
Orientadora: Profª. Drª CRISLENE RODRIGUES DA SILVA MORAIS
Co-orientador: Profº. Dr. LUIZ EDUARDO CID GUIMARÃES
CAMPINA GRANDE
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III
OUTUBRO/2008
CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS VÍTREOS VISANDO
A RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB
Louise Brasileiro Quirino
Dissertação aprovada em 29 de outubro de 2008, pela banca examinadora
constituída dos seguintes membros:
CAMPINA GRANDE
OUTUBRO/2008
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha Mãe Lili Brasileiro e às minhas Irmãs Anna Rachel e
Karoline pelo total apoio durante todas as etapas da minha vida, e ao meu Pai
Marconi Quirino pelos momentos e oportunidades proporcionados, assim como, ao
meu Amigo e Namorado Diego Fernandes pela compreensão, apoio e incentivo.
Em especial à minha orientadora Crislene Rodrigues da Silva Morais e ao
meu co-orientador Luiz Eduardo Cid Guimarães que acreditaram no meu potencial
e ajudam-me a tornar este trabalho possível.
A todos meus amigos e colegas de graduação e do mestrado que me
ajudaram e incentivaram durante esta pesquisa, e em especial aos amigos: Itamar,
Herbert, Lêda e Vera.
V
CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS VÍTREOS VISANDO
A RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB
RESUMO
O resíduo vítreo é 100% reciclável e seu reaproveitamento, além de reduzir o
impacto ambiental, pode contribuir para a diversificação da fabricação de produtos
e para a diminuição dos custos finais de sua produção. Este trabalho objetivou a
reciclagem em escala artesanal de resíduos vítreos oriundos das vidraçarias e do
descarte urbano da cidade de Campina Grande/PB, visando a sustentabilidade de
um grupo de catadores. Para tanto foram utilizados resíduos de vidros planos e
ocos que após caracterização através das técnicas de: análise química,
termogravimetria e analise térmica diferencial, foram submetidos a diferentes
programações de temperatura, visando a obtenção de novos produtos. A
composição química dos vidros mostrou que os mesmos são do tipo sílica-soda-
cal. A curva DTA apresentou duas pequenas bandas endotérmicas nos intervalos
de 700 a 750ºC e entre 800 e 1000ºC características da fusão do vidro. Na curva
TG observou-se uma perda de massa insignificante (<1%), o que mostra a alta
estabilidade térmica do vidro plano. Percebeu-se que para fusão de esmaltes
vítreos a temperatura de queima ideal foi de 700ºC, para fusão de esmaltes
porcelânicos indicam-se temperaturas em torno de 750ºC. Todas as amostras
apresentaram melhor fusão à temperatura de queima de 800ºC. A partir dos
estudos realizados, foi possível transferir os conhecimentos adquiridos à equipe de
catadores de resíduos da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos através
de oficinas de desenho e pintura, preparação de moldes e beneficiamento,
pigmentação e queima peças desenvolvidas.
Palavras-chave: caracterização, processamento, reciclagem, resíduos vítreos,
sustentabilidade.
VI
CHARACTERIZING AND PROCESSING OF VITREOUS RESIDUES AIMING AT
RECYCLING IN CAMPINA GRANDE-PB MUNICIPALITY
ABSTRACT
Glassy residues are 100% recyclable. Its reuse reduces environmental impact,
contributes to the diversification of manufactured products and fall production’s
costs. This study aimed the recycling, on craft scale, of waste glass from vitreous
residues from the urban disposal of Campina Grande/PB city, targeting the
sustainability of a collectors group. Flat and hollow glasses were characterized by
chemical analysis, TG and DTA, and subjected to different temperature profiles in
order to obtain new products. The chemical composition of glasses employed
showed that they are sodium-calcium-silicates. The DTA curve showed two small
endothermic bands in the 700 - 750ºC range and between 800 and 1000°C which is
characteristic of glass fusion. A negligible loss of weight (<1%) was observed on TG
which confirms the high thermal stability of flat glass. Tests indicate that the ideal
temperature for fusion was 800ºC. From the studies, it was possible to transfer the
acquired knowledge to the residue collectors team of the Unidade de
Beneficiamento de Materiais Vítreos through workshops in drawing, painting, molds
preparation, beneficiation, pigmentation and burning of the working material.
Keywords: characterization, processing, recycling, waste vitreous, sustainability.
VII
PUBLICAÇÕES
QUIRINO, L. B., MORAIS, C. R.S., GUIMARÃES, L. E. C. Caracterização e
processamento de resíduos vítreos visando a reciclagem no município de
Campina Grande-PB. 18º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos
Materiais (CBECiMat). Outubro/2008.
DANTAS L. C., GUIMARÃES, L. E. C., QUIRINO, L. B. Desenho Industrial,
artesanato e participação: a experiência do grupo artesanal Mulheres da Terra
em Pilões- PB. 2006.
VIII
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ IV
RESUMO ............................................................................................................................ V
PUBLICAÇÕES ................................................................................................................ VII
SUMÁRIO ........................................................................................................................ VIII
ÍNDICE DE QUADROS ...................................................................................................... X
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................................... XI
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................................... XII
LISTA DE SIMBOLOS E SIGLAS ................................................................................... XIV
CAPÍTULO I ........................................................................................................................ 1
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................................................ 1
1.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 2
CAPÍTULO II ....................................................................................................................... 3
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................... 3
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 3
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................................... 5
2.3 VIDRO .................................................................................................................................. 8
2.3.1 Histórico ............................................................................................................................... 9
2.3.2 Características do vidro ..................................................................................................... 10
2.3.3 Composição química ......................................................................................................... 12
2.3.4 Classificação dos vidros .................................................................................................... 15
2.3.5 Propriedades dos vidros .................................................................................................... 16
2.3.6 Processos de fabricação de vidro ...................................................................................... 19
2.3.6.1 Fabricação industrial de vidro ........................................................................................ 19
2.3.6.2 Fabricação artesanal de vidro ....................................................................................... 19
2.3.7 Tratamentos térmicos em vidros........................................................................................ 24
2.3.8 Pigmentação de vidros ...................................................................................................... 26
2.3.9 Desvitrificação .................................................................................................................... 26
2.4 RECICLAGEM ................................................................................................................... 28
2.5 PROJETO DE RECICLAGEM ARTESANAL DE VIDRO .................................................. 32
CAPÍTULO III .................................................................................................................... 37
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 37
3.1 MATERIAIS ........................................................................................................................ 37
3.1.1 Vidro ................................................................................................................................... 37
IX
3.1.1.1 Preparação das amostras ............................................................................................. 38
3.1.2 Concreto celular ................................................................................................................. 39
3.1.3 Caulim ................................................................................................................................ 40
3.1.4 Esmaltes vítreos e porcelânicos ........................................................................................ 40
3.2 MÉTODOS ......................................................................................................................... 40
3.2.1 Caracterização dos resíduos vítreos ................................................................................. 40
3.2.1.1 Análise química ............................................................................................................. 40
3.2.1.2 Analise térmica .............................................................................................................. 41
3.2.2 Comportamento vítreo em função das temperaturas de queima ...................................... 41
3.2.3 Capacitações ..................................................................................................................... 42
3.2.3.1 Curso no Ateliê Espaço Zero ......................................................................................... 42
3.2.3.2 Capacitação dos catadores ........................................................................................... 43
3.2.4 Identidade visual do grupo ................................................................................................. 46
CAPÍTULO IV .................................................................................................................... 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................... 47
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS VÍTREOS ............................................................ 47
4.1.1 Análise química .................................................................................................................. 47
4.1.2 Análise térmica diferencial e termogravimetria .................................................................. 47
4.2 COMPORTAMENTO VÍTREO EM FUNÇÃO DAS TEMPERATURAS DE QUEIMA ....... 48
4.2.1 Composição 1 .................................................................................................................... 49
4.2.2 Composição 2 .................................................................................................................... 51
4.2.3 Composição 3 .................................................................................................................... 53
4.2.4 Composição 4 .................................................................................................................... 55
4.2.5 Composição 5 .................................................................................................................... 57
4.2.6 Composição 6 .................................................................................................................... 59
4.3 CAPACITAÇÕES ............................................................................................................... 61
4.3.1 Curso no Ateliê Espaço Zero ............................................................................................. 61
4.3.2 Capacitação dos catadores ............................................................................................... 61
4.4 IDENTIDADE VISUAL DO GRUPO ................................................................................... 69
CAPÍTULO V ..................................................................................................................... 70
5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS ..................................... 70
5.1 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 70
5.2 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS ................................................................ 71
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 72
X
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Composição de vidros comerciais ......................................................... 16
Quadro 2– Propriedades características dos vidros de óxidos ............................... 17
Quadro 3 – Pigmentação de vidros por meio de óxidos .......................................... 26
Quadro 4 – Perfil do segmento de vidros planos no Brasil ..................................... 31
XI
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Lista das composições vítreas e temperaturas de queima .................... 42
Tabela 2 – Análise Química do resíduo vítreo plano e oco ..................................... 47
Tabela 3 – Resultados visuais da composição 1 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 49
Tabela 4 – Resultados visuais da composição 2 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 51
Tabela 5 - Resultados visuais da composição 3 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 53
Tabela 6 – Resultados visuais da composição 4 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 55
Tabela 7 – Resultados visuais da composição 5 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 57
Tabela 8 – Resultados visuais da composição 6 à diferentes temperaturas de
queima ................................................................................................. 59
XII
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa da Paraíba com destaque na cidade de Campina Grande ............. 5
Figura 2 – Resíduos vítreos descartados no lixão da cidade de Campina Grande ... 6
Figura 3 – Destino final dos resíduos vítreos das vidraçarias de Campina Grande–
PB .......................................................................................................... 6
Figura 4 – Mapa dos Bairros de Campina Grande-PB, Brasil ................................... 7
Figura 5 – Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos .................................... 8
Figura 6 – Garrafas de vidro colorido ........................................................................ 8
Figura 7 – Produção de vidro no Brasil em 2006 ...................................................... 9
Figura 8 – Índices de reciclagem do vidro no Brasil entre 1997 e 2007 .................. 10
Figura 9 – Composição do Vidro. ............................................................................ 14
Figura 10 – Estrutura química do vidro sódio-cálcio ................................................ 14
Figura 11 – Temperaturas de resistência dos moldes ............................................. 23
Figura 12 – Posição e resultado da fusão do vidro em relação ao molde ............... 23
Figura 13 – Ângulo de saída das peças .................................................................. 24
Figura 14 – Vidro temperado fragmentado em pequenos pedaços ......................... 25
Figura 15 – Ciclo de vida do vidro ........................................................................... 31
Figura 16 – Peça de vidro obtida através da técnica de fusing e slumping ............. 32
Figura 17 – Amostras resultantes com corpo de prova de terracota ....................... 34
Figura 18 – Resultados da queima com corpo de prova de gesso, feldspato e
quartzo ................................................................................................. 34
Figura 19 – Amostras com sucatas diferentes misturadas ...................................... 34
Figura 20 – Resultados das peças experimentais ................................................... 35
Figura 21 – Resíduos vítreos plano (a) e oco (b) utilizados na pesquisa ................ 37
Figura 22 – Composições vítreas antes da queima ................................................ 38
Figura 23 – Concreto Celular .................................................................................. 39
Figura 24 – Moldes em concreto celular para acomodação das amostras ............. 39
Figura 25 – Forno Jung Blumenau MCJ-10S NICR-NI48,09mV ............................. 41
Figura 26 – Circulo cromático.................................................................................. 43
Figura 27 – Ferramentas utilizadas na preparação dos moldes .............................. 44
XIII
Figura 28 – Cortador de vidros utilizado nesta pesquisa ......................................... 45
Figura 29 – Passo a passo de corte de vidro. ......................................................... 45
Figura 30 – Esmerilhadeira utilizada no polimento das extremidades do vidro ....... 46
Figura 31 – Curva DTA do vidro plano na razão de aquecimento de 10
o
C/min ...... 48
Figura 32 – Curva TG do vidro plano na razão de aquecimento de 10
o
C/min ........ 48
Figura 33 – Resultados com a técnica vistas no curso de Artesanato em Vidro ..... 61
Figura 34 – Alguns dos desenhos de estrutura produzido pelo grupo .................... 61
Figura 35 – Resultados das oficinas de desenhos de simetria e recortes ............... 62
Figura 36 – Pinturas de artistas famosos apresentadas ao grupo de catadores ..... 62
Figura 37 – Alguns dos desenhos elaborados pelo grupo de catadores ................. 63
Figura 38 – Interface do programa Adobe Photoshop CS2 ..................................... 63
Figura 39 – Interface do Corel Draw X4 na vetorização de imagens ...................... 64
Figura 40 – Alguns dos desenhos selecionados e vetorizados ............................... 64
Figura 41 – Catadores durante oficina de desenho ................................................. 65
Figura 42 – Alguns dos desenhos pintados com lápis madeira e giz de cera pelos
catadores.............................................................................................. 65
Figura 43 – Alguns dos desenhos pintados em tinta guache com pincel pelos
catadores.............................................................................................. 65
Figura 44 – Trabalho realizado durante as oficinas de desenvolvimento de moldes
............................................................................................................. 66
Figura 45 – Moldes em concreto celular desenvolvidos pelo grupo ........................ 66
Figura 46 – Limpeza, trituração e corte dos resíduos vítreos .................................. 67
Figura 47 – Aplicação de caulim sobre os moldes de concreto celular ................... 67
Figura 48 – Pigmentação das peças em vidro com técnicas diferenciadas ............ 68
Figura 49 – Alguns dos resultados obtidos pela queima das peças desenvolvidas
pelo grupo ............................................................................................ 68
Figura 50 – Resultados das peças geradas pelo grupo .......................................... 69
Figura 51 – Identidade visual do grupo ................................................................... 69
XIV
LISTA DE SIMBOLOS E SIGLAS
ABIVIDRO Associação Técnica Brasileira das Industriais Automáticas de
Vidros;
ABNT Associação Brasileira de Norma Técnicas;
CBECiMat Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais;
CEMPRE Compromisso Empresarial para a Reciclagem;
COTRAMARE Cooperativa de Trabalhadores de Materiais Recicláveis;
DTA Análise Térmica Diferencial;
EPI’s Equipamentos de Proteção Individuais;
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
NBR Norma Brasileira Regulamentada;
PMCG Prefeitura Municipal de Campina Grande;
PPG-CEMat Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de
Materiais;
UFCG Universidade Federal de Campina Grande.
1
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 INTRODUÇÃO
Visando minimizar os problemas causados pela extração de matéria prima e
pelo descarte de produtos ao meio ambiente, pode-se basear no princípio dos 3Rs,
onde busca-se reduzir, reutilizar ou reciclar quase todos os resíduos sólidos. A
redução do impacto ambiental pode ser atingida, principalmente, através da
implantação do eco-design de produtos e da aplicação de novas tecnologias menos
poluentes.
Eco-design possui como objetivo principal projetar produtos que reduzam o
uso de recursos não-renováveis e/ou minimizem o impacto ambiental. É vista como
uma ferramenta necessária para atingir o desenvolvimento sustentável.
O vidro é 100% reciclável, ou seja, ele pode ser usado e posteriormente
utilizado como matéria-prima, na fabricação de novos vidros. Tal processo utiliza
resíduos descartados como fonte de manufatura, contribuindo, portanto, para
preservação dos recursos naturais e diminuição da poluição.
Embora os resíduos vítreos não sejam tóxicos, eles são lançados, de maneira
aleatória, ocupando um grande volume nos lixões das cidades e podendo provocar
ferimentos e doenças nas pessoas que os manipulam.
O foco deste estudo foi a caracterização físico-química e térmica de resíduos
vítreos, assim como, a compreensão do comportamento das composições treas
diante de diferentes temperaturas de queima. Em um segundo momento realizou-
se a capacitação de catadores da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos,
através de oficinas que possibilitaram o aprendizado sobre técnicas de elaboração
e processamento de resíduos vítreos, levando ao desenvolvimento de produtos
com design inovador, do ponto de vista formal.
2
1.2 OBJETIVOS
Geral
Este trabalho teve como objetivo a caracterização físico-química e térmica de
resíduos vítreos visando o desenvolvimento de produtos reciclados e a
sustentabilidade de um grupo de catadores do município de Campina Grande – PB.
Específicos
Caracterizar química e termicamente os resíduos vítreos planos e ocos,
provenientes dos descartes de vidraçarias e da coleta seletiva do
município de Campina Grande-PB;
Estudar diversas composições entre vidros planos, vidros ocos, esmaltes
porcelânicos e vítreos, visando observar o comportamento vítreo em
função das temperaturas de queima;
Beneficiar os resíduos de vidros planos e ocos;
Capacitar, através de oficinas, os catadores da Unidade de
Beneficiamento de Materiais Vítreos para o desenvolvimento de
produtos em vidro, principalmente através do aprimoramento de
desenhos, desenvolvimento de moldes e beneficiamento, pigmentação e
queima dos vidros.
3
CAPÍTULO II
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Conforme Gomez e Braun (2008), na sociedade do conhecimento é
fundamental a cooperação entre as diversas especialidades das engenharias com
outras áreas de conhecimento. No caso do eco-design, a parceria entre
desenhistas industriais e engenheiros de materiais é crucial, tanto na fase de
concepção quanto no reaproveitamento de resíduos lidos provenientes de
atividades industriais.
Segundo Niemeyer (1998), o design busca integrar os aportes de diferentes
especialistas, desde a especificação de matéria-prima, produção, utilização e
destino final do produto.
Segundo Gregolin (2006) a Ciência e Engenharia de Materiais representa um
campo contínuo e indivisível, associando Ciência e Tecnologia. Está ligada à
geração e aplicação do conhecimento, que relaciona a composição, a estrutura e o
processamento dos materiais com suas propriedades e usos.
Gomez e Braum (2008) afirmam que o eco-design é o termo para uma
crescente tendência nos campos da arquitetura, engenharia e design em que o
objetivo principal é projetar estruturas, habitações, produtos e serviços que de
alguma forma reduzam o uso de recursos não-renováveis ou minimizem o impacto
ambiental. É visto como uma ferramenta necessária para atingir o desenvolvimento
sustentável.
O desenvolvimento sustentável é definido como o crescimento tecnológico e
social que garante a manutenção adequada das condições ambientais tanto no
presente, quanto no futuro. Este conceito visa promover o equilíbrio entre a
4
integridade dos sistemas naturais e o suprimento das necessidades humanas,
permitindo a continuidade desta inter-relação (MEDEIROS, 2006).
Schneider (2008), afirma que a grande busca pelo desenvolvimento
sustentável, visando a preservação dos recursos naturais renováveis e não
renováveis tem gerado um maior interesse pelas pesquisas de reciclagem e
reutilização de materiais.
Segundo Santos (2007), a reciclagem é uma das alternativas de tratamento
de resíduos sólidos mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental quanto do
social. Além de diminuir o volume de lixo e a poluição, quando um sistema de
coleta seletiva bem estruturada, a reciclagem é uma atividade econômica rentável.
Pode gerar emprego e renda para as famílias de catadores de materiais recicláveis,
que devem ser os parceiros prioritários na coleta seletiva.
Rocha (2002), afirma que a reciclagem de resíduos vítreos consiste em utilizar
vidros que foram descartados, como fonte de manufatura de novos produtos.
Este sistema de tratamento de lixo contribui para preservar os recursos naturais e
diminuir a poluição.
O reaproveitamento de resíduos vítreos, além de reduzir o impacto ambiental,
pode contribuir para a diversificação da fabricação de produtos e para a diminuição
dos custos finais de sua produção. Para se decompor na natureza, o vidro leva
milhares de anos. Sendo 100% reciclável, o vidro não produz resíduos na hora da
reciclagem e economiza 30% de energia elétrica (RECICLOTECA, 2003).
Apesar de o vidro ser 100% reciclável ele não é biodegradável o que o torna
um grande problema ambiental quando é simplesmente descartado, pois o
acúmulo de grande quantidade desse material e o mesmo não é absorvido pela
natureza em aterros sanitários (VASQUES et al., 2007).
Conforme Oliveira (2007) a cidade de Campina Grande, situada no estado da
Paraíba não dispõe de coleta seletiva municipal. Existe uma Cooperativa de
Trabalhadores de Materiais Recicláveis (COTRAMARE), fundada em novembro de
5
2001, localizada no lixão, que atualmente tem cerca de 30 cooperados. Todo o
material que é comercializado na cooperativa é catado no próprio lixão.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A cidade de Campina Grande (Figura 1) situa-se no Estado da Paraíba, na
mesorregião do Agreste Paraibano, no Planalto da Serra da Borborema. “Suas
coordenadas geográficas são: 7°13’50 de latitude Su l e 35°52’52 de longitude
Oeste”, tendo uma altitude média de 551m em relação ao nível do mar,
localizando-se a uma distância de 120 km da capital do Estado, João Pessoa
(PMCG, 2006).
Campina Grande é o segundo maior município da Paraíba em população
(380.000 habitantes) e exerce grande influência política e econômica sobre
aproximadamente 42,5% do território estadual, pois a cidade tem 57 municípios
paraibanos que ficam ao seu redor (23.960 km
2
e 1 milhão de habitantes). Este
conjunto é denominado de Compartimento da Borborema, sendo constituído de 5
microrregiões conhecidas como Agreste da Borborema, Brejo Paraibano, Cariris
Velhos, Seridó Paraibano e
Curimataú (PMCG, 2006).
Figura 1 – Mapa da Paraíba com destaque na cidade de Campina Grande
Fonte: http://upload.wikimedia.org, 2008.
6
Segundo Oliveira (2007) Campina Grande possui uma Cooperativa de
Trabalhadores de Materiais Recicláveis (COTRAMARE) onde 75% do material
comercializado na cooperativa é catado no próprio lixão (Figura 2) e 25% são
oriundos da coleta seletiva.
Figura 2 – Resíduos vítreos descartados no lixão da cidade de Campina Grande
Fonte: OLIVEIRA, 2007.
Oliveira (2007) afirma que os destinos finais dados aos resíduos vítreos
gerados por vidraçarias do município de Campina Grande (Figura 3) são o lixão
(76%), sucatas (8%), catadores (8%) e artesanatos (8%). Atualmente a cidade
possui aproximadamente 40 estabelecimentos que comercializam sucatas e
apenas 10% resíduo vítreo (caco), que é proveniente da quebra de peças inteiras.
A maioria dos catadores do lixão cata exclusivamente peças inteiras e apenas 2%
deles catam cacos de vidros.
Figura 3 – Destino final dos resíduos vítreos das vidraçarias de Campina Grande–PB
Fonte: OLIVEIRA, 2007.
7
A Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos está localizada no bairro
do Mutirão do Serrotão (Figura 4), zona oeste da cidade de Campina Grande.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (2007), o Mutirão
do Serrotão possui cerca de 7.400 habitantes, sendo 55% destes homens e 45%
mulheres. O bairro possui um índice de alfabetização de 60,7% e rendimento
mensal de R$ 195,50. É um dos bairros mais humildes da cidade e está localizado
próximo ao presídio e ao lixão.
Figura 4 – Mapa dos Bairros de Campina Grande-PB, Brasil
Fonte:http://upload.wikimedia.org, 2008.
A organização comunitária que funciona no lixão na cidade de Campina
Grande teve início no ano de 1990, por um grupo de voluntários da Paróquia de
São Cristóvão, da Diocese local. Em 2001 foi fundada a Cooperativa de
Trabalhadores de Materiais Recicláveis - COTRAMARE inicialmente com 23
trabalhadores, atualmente com cerca de 80 cooperados. Atualmente o número de
não-cooperados exercendo a atividade de catação no lixão é cerca de 500 homens
e mulheres retirando o sustento de suas famílias do lixão da cidade de Campina
Grande-PB (Estatuto da COTRAMARE, 2001).
O Projeto de Instalação da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos
para os Catadores da COTRAMARE Campina Grande/PB, coordenado pela
8
professora Crislene Rodrigues da Silva Morais foi desenvolvido em um galpão,
cedido pelo Governo do Estado da Paraíba através da Secretaria de Ação Social,
Fundação de Ação Comunitária FAC, com área de 440 m
2
, localizado na Rua
Rafaela de Souza Silva, S/N, no bairro do Serrotão do Mutirão. A unidade (Figura
5) é composta atualmente (após a reforma) de uma sala para capacitação dos
catadores e a unidade de triagem e beneficiamento do vidro, além de uma área
para recepção e estocagem do material adquirido e beneficiado, escritório, copa e
banheiro masculino e feminino.
Figura 5 – Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos
Fonte: Pesquisa direta, 2007.
2.3 VIDRO
De acordo com Reuter (1998), o vidro (Figura 6) é um material transparente
ou translúcido, liso e brilhante, duro e frágil obtido pela associação e fusão de
substâncias minerais que não se cristalizam na solidificação.
Figura 6 – Garrafas de vidro colorido
Fonte: http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem3.htm, 2008.
2.3.1 Histórico
Segundo Alves (2001)
volta do ano 200 a.C., quando artesãos sírios desenvolveram a técnica de sopro. A
produção em massa
deste material
ele assumisse
um papel definitivo na história da humanidade,
em quase
todos os momentos da vida moderna
No Brasil, a história do vidro
holandesa montad
a em Pernambuco pelos artesãos trazidos por Maurício de
Nassau. Em
1735, o vidro passou a ser importado de alguns países da Europa. A
partir do século XIX e início do século XX manufaturas de vidro foram criadas
algumas delas
atuam até hoje no mercado bra
Segundo dados do
(2006)
são produzidas no Brasil 2130 toneladas de vidro por ano
embalagens (31%), vidros domésticos (
(29%). Apesar do índice de reciclagem nacional vir aumentando a cada ano, ele
ainda é baixo: cerca de 43% do total passa pelo processo de reciclagem, enquanto
nos países europeus esse índice se encontra acima de 75%.
Figura 7 –
Produção de vidro no Brasil
Fonte: CEMPRE, 2006.
vidros planos
29%
vidros técnicos
28%
Segundo Alves (2001)
, o
desenvolvimento na arte de fazer vidros deu
volta do ano 200 a.C., quando artesãos sírios desenvolveram a técnica de sopro. A
deste material
, d
urante a Revolução Industrial,
um papel definitivo na história da humanidade,
e hoje está pre
todos os momentos da vida moderna
.
No Brasil, a história do vidro
iniciou
entre 1624 e 1635 com a invasão
a em Pernambuco pelos artesãos trazidos por Maurício de
1735, o vidro passou a ser importado de alguns países da Europa. A
partir do século XIX e início do século XX manufaturas de vidro foram criadas
atuam até hoje no mercado bra
sileiro (ABIVIDRO, 200
Segundo dados do
CEMPRE -
Compromisso Empresarial para Reciclagem
são produzidas no Brasil 2130 toneladas de vidro por ano
embalagens (31%), vidros domésticos (
12%), técnicos (28
%) e os vidros planos
(29%). Apesar do índice de reciclagem nacional vir aumentando a cada ano, ele
ainda é baixo: cerca de 43% do total passa pelo processo de reciclagem, enquanto
nos países europeus esse índice se encontra acima de 75%.
Produção de vidro no Brasil
em 2006
embalagens
31%
domésticos
vidros técnicos
Produção de vidro no Brasil
9
desenvolvimento na arte de fazer vidros deu
-se por
volta do ano 200 a.C., quando artesãos sírios desenvolveram a técnica de sopro. A
urante a Revolução Industrial,
fez com que
e hoje está pre
sente
entre 1624 e 1635 com a invasão
a em Pernambuco pelos artesãos trazidos por Maurício de
1735, o vidro passou a ser importado de alguns países da Europa. A
partir do século XIX e início do século XX manufaturas de vidro foram criadas
,
sileiro (ABIVIDRO, 200
8).
Compromisso Empresarial para Reciclagem
-
são produzidas no Brasil 2130 toneladas de vidro por ano
(Figura 7), entre
%) e os vidros planos
(29%). Apesar do índice de reciclagem nacional vir aumentando a cada ano, ele
ainda é baixo: cerca de 43% do total passa pelo processo de reciclagem, enquanto
embalagens
vidros
domésticos
12%
10
Segundo dados da ABIVIDRO (2008), o índice de reciclagem de vidro no
Brasil em 1997 era de 39%, devido ao crescimento no setor, este indicador atinge
47% em 2007 (Figura 8), obtendo assim um crescimento de cerca de 8% em dez
anos.
Figura 8 – Índices de reciclagem do vidro no Brasil entre 1997 e 2007
Fonte: ABIVIDRO, 2008.
2.3.2 Características do vidro
Segundo Lorenzi (2008) os materiais vítreos possuem características que
provocam curiosidades e possuem também propriedades tecnológicas especiais e
úteis, que decorrem de sua natureza. As substâncias vítreas em estado fundido
são líquidos relativamente viscosos que, ao serem resfriados, aumentam
notavelmente (ou rapidamente) esta viscosidade até que suas moléculas
constitutivas percam toda mobilidade, conservando, entretanto, a mesma
disposição caótica que possuíam no estado líquido. Nos vidros não existe uma
temperatura de fusão bem definida ou fixa como nos sólidos cristalinos onde, neste
ponto, a fase sólida coexiste com a líquida. Sua habilidade de passar progressiva e
reversivelmente a um estado cada vez mais flúido, à medida que a temperatura
aumenta é, também, uma característica muito importante.
Quando uma substância está no estado quido ou fundido e vai sofrendo um
resfriamento, seus átomos, moléculas ou íons, pela perda de energia, vão
diminuindo suas velocidades, até que a força entre os mesmos é tal que pequenos
núcleos de cristais, com átomos fixos em posições específicas, que começam a se
39%
40% 40%
41%
42%
44%
45% 45% 45%
46%
47%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Índice de Reciclagem de Vidro no Brasil
11
formar a partir de tais núcleos. Se as condições permitirem, começará a surgir uma
estrutura cristalina com a mesma estrutura ou fase do núcleo inicial formado, visto
que os átomos que ainda estão em movimento, começarão a se agrupar a tal
núcleo, com seu conseqüente desenvolvimento. É a passagem do estado líquido
para o sólido (LORENZI, 2008).
Conforme Navarro (2005), um sólido cristalino, ao passar do estado sólido
para o líquido sofre uma mudança na fase cristalina, de maneira que aumenta o
grau de liberdade de seus elementos. Isto não ocorre quando um vidro sofre a
mesma transição. Neste caso a fase estrutural permanece a mesma, ou seja, não
há mudança de fase.
Van Vlack (2003) afirma que é devido principalmente à estrutura microscópica
do vidro, que o mesmo é transparente, visto que, seus átomos constituintes não se
arranjam em estruturas ordenadas, sua densidade microestrutural fica
relativamente baixa, sendo que a radiação tem muito mais facilidade para
atravessar a estrutura sem ser absorvida ou colidir.
Segundo dados da ABIVIDRO (2008), as embalagens de vidro possuem
algumas qualidades que se destacam quando comparados às de outros materiais:
Inércia - o vidro não reage quimicamente, por ser neutro, o conteúdo não
sofre alteração de sabor, odor, cor ou qualidade.
Praticidade - após o uso, a embalagem pode ser novamente fechada,
caso não seja utilizado todo o conteúdo.
Versátilidade - formas, cores e tamanhos são atributos possíveis em
peças de vidro.
Higiêne - o vidro é fabricado com elementos naturais, protegendo o
conteúdo durante mais tempo e dispensando a utilização de
conservantes adicionais.
Impermeabilidade - por não ser poroso, funciona como uma barreira
contra qualquer agente exterior.
12
Reutilização - embalagens vazias de vidro podem ser utilizadas para
armazenar qualquer outro conteúdo.
Reciclagem - o vidro pode ser reciclado infinitamente, sem perder sua
qualidade ou pureza. Uma garrafa de vidro gera outra exatamente igual,
independente do número de vezes que o caco de vidro vai ao forno para
ser reciclado.
Retornável - embalagens de vidro podem ser reaproveitadas diversas
vezes, como é o caso, por exemplo, das garrafas de cerveja e
refrigerantes.
Apesar de ser um resíduo sólido não poluente, o vidro não é biodegradável,
ou seja, é um material que não se decompõe, permanecendo no meio ambiente por
tempo indeterminado, reduzindo assim a vida útil de vários lixões e aterros
sanitários em função de uma ocupação volumétrica muito elevada.
O vidro é um material inorgânico e que não entra em combustão, não produz
alterações biológicas ou de contaminação da atmosfera quando da sua
incineração. A sua degradação química e a erosão física são muito lentas e
inoculas em termos ambientais. Por outro lado, a demora da biodegradação do
vidro, quando exposto ao meio ambiente, pode ser associada a um aspecto
negativo deste material (LIMA & ROMEIRO FILHO, 2001).
2.3.3 Composição química
Conforme Patza et al. (2005), as composições individuais dos vidros são
muito variadas, pois pequenas alterações são feitas para proporcionar
propriedades específicas, tais como índice de refração, cor, viscosidade, etc. O que
é comum a todos os tipos de vidro é a sílica, que é a base do vidro.
Azambuja (2002), afirma que o vidro é a mistura perfeitamente dosada de
várias matérias-primas que consistem em silicatos não-cristalinos que também
contêm outros óxidos, notavelmente o CaO, Na
2
O, K
2
O e Al
2
O
3
. Cada substância
tem uma função específica que confere uma dada propriedade ao vidro. Por
13
exemplo, um vidro de soda-cal típico, consiste em aproximadamente 70% SiO
2
,
sendo o restante composto principalmente por Na
2
O (soda) e CaO (cal). Essas
matérias-primas são divididas em cinco grupos principais: sílica (areia), fundentes,
estabilizantes, afinantes e componentes secundários.
Sílica (areia) – tão pura quanto possível e proveniente das areias ou das
rochas de quartzo considerada, pela sua natureza, o vitrificante, ou
seja, a verdadeira base do vidro.
Fundentes têm a função de reduzir a temperatura de fusão da sílica.
Ex.: carbonato de sódio (Na
2
CO
3
), carbonato de potássio (K
2
CO
3
) e
óxido de chumbo (PbO).
Estabilizantes conferem a resistência química a fatores ambientais
como a umidade, o calor, a luz e gases naturais. Ex.: carbonato de bário
(BaCO
3
), carbonato de cálcio (CaCO
3
), carbonato de magnésio (MgCO
3
)
e óxido de alumínio (Al
2
O
3
).
Afinantes têm por função a formação de grandes bolhas gasosas na
massa vítrea em fusão, que ao libertarem-se para a superfície, arrastam
o gás retido sob a forma de minúsculas bolhas. Ex.: óxido de arsênico
(As
2
O
3
), óxido de antimônio (Sb
2
O
3
) e nitrato de sódio (NaNO
2
).
Descorantes utilizado nos vidros brancos para compensarem a cor
esverdeada ou amarelo-esverdeada da massa fundida, resultante das
impurezas das matérias-primas naturais como o ferro, o níquel e o
cobre. Ex.:óxido de manganês (Mn
2
O
7
) e nitrato de potássio (KNO
3
).
Corantes matérias-primas que, misturadas à composição dos vidros
brancos, lhes dão a coloração desejada. Ex.: óxido de prata (Ag
2
O) para
obtenção de vidros amarelos; cobalto (Co) para vidros azuis; manganês
(Mn) para vidros ametista; óxido de ferro (FeO) para vidros verdes.
A composição percentual de vidro sílica-soda-cal típico e as propriedades que
cada componente confere ao material vítreo pode ser apresentada na Figura 9.
14
Figura 9 – Composição do Vidro.
Fonte: PATZA, 2005.
Segundo Patza et al. (2005), o principal componente do vidro é a Sílica (SiO
2
).
A mistura de areia com os demais componentes do vidro é dirigida até o forno de
fusão com temperatura de até 1.700ºC e, nesse estágio, sua consistência é igual a
caramelo. Resfriando-se rapidamente a lica derretida, uma organização
randômica do tetraedro é formada, ligada pelas pontas, originando um material
amorfo conhecido como sílica vítrea.
Por razões práticas e econômicas, o ponto de fusão e a viscosidade elevadas
do silício (Si) são reduzidos adicionando o óxido de sódio (Na
2
O). Estes átomos
(Figura 10), conhecidos como formadores da rede, incorporam a rede do silício-
oxigênio, de acordo com seus estados de valência (PATZA et al., 2005).
Figura 10 – Estrutura química do vidro sódio-cálcio
Fonte: http://grandinetti.org, 2008.
Outros constituintes principais do vidro plano são: o cálcio (Ca) e o magnésio
(Mg) que se incorporam à estrutura da rede como modificadores, cuja ação é tornar
as estruturas mais complexas. Deste modo, durante o processo de resfriamento
15
brusco, estes constituintes dificultam a acomodação dos átomos, fazendo com que
aumente a viscosidade e a estrutura não se sofra a cristalização (PATZA, 2005).
2.3.4 Classificação dos vidros
Os vidros podem ser classificados principalmente pela sua utilização e
composição.
a) Quanto à utilização:
Segundo dados da ABIVIDRO (2008), os vidros podem ser classificados
quanto à utilização em:
Vidros ocos - garrafas, potes, frascos, tigelas, travessas, copos, pratos
e outros vasilhames fabricados em vidro comum nas cores branca,
âmbar verde e azul.
Vidros planos - Esses vidros podem ser classificados em muitas
categorias, segundo diferentes critérios técnicos, como, por exemplo, o
processo de produção, o acabamento, o nível de transparência, a
coloração, dentre outros (PILKINGTON, 2008). Podem ser aplicados em
janelas, portas, fachadas, automóveis.
Vidros técnicos - lâmpadas, tubos de TV, vidros para laboratório, para
ampolas, para garrafas térmicas, vidros oftálmicos e isoladores elétricos.
b) Quando à composição:
Silica vítrea – é obtido pelo aquecimento da areia de sílica ou cristais de
quartzo. Resulta em um vidro bastante viscoso, que possui baixo
coeficiente de expansão térmica e alta pureza, utilizado principalmente
para produção de fibras óticas.
Silicatos alcalinos - os óxidos alcalinos são incorporados nas
composições dos vidros como carbonatos. A adição de alcalinos diminui
a resistência química do vidro podendo este se tornar solúvel em água.
16
Vidros sodo-cálcicos - apresentam entre 8 e 12%, em peso, de óxido
de cálcio e de 12 a 17% de óxido alcalino (principalmente óxido de
sódio). Usualmente, existe uma pequena quantidade de alumina (0,6 a
2,5%) para aumentar a durabilidade química.
Vidros de chumbo este tipo de vidro apresenta óxido de chumbo na
sua formulação e possui maior faixa de trabalho.
Vidros borosilicatos - o óxido de boro é freqüentemente usado como
fluxo em substituição aos óxidos alcalinos. Estes vidros apresentam alta
resistência ao choque térmico e aos ataques químicos.
Vidros alumino-borosilicatos é adicionada a alumina (óxido de
alumínio) em uma formulação de vidro silicato alcalino.
Segundo Akerman (2006), os vidros sodo-cálcicos para embalagem
apresentam 71,0% de óxidos de sílica, 13,5% de óxidos de sódio e 10% de óxidos
de cálcio, como pode ser observado no Quadro 1, que apresenta as composições
típicas de diversos vidros comerciais.
Quadro 1 - Composição de vidros comerciais
SiO
2
Al
2
O
3
B
2
O
3
Na
2
O
K
2
O
CaO
MgO
PbO
Sodo-cálcicos
Embalagem
Plano
Lâmpada
72,0
71,0
73,0
2,0
1,0
1,0
-
-
-
12,5
13,5
16,5
1,0
0,5
0,5
11,0
10,0
5,0
1,5
4,0
4,0
-
-
-
Borossilicato
Pyrex
Fibra isolação
79,0
66,0
2,0
1,5
13,0
3,5
5,5
15,5
-
1,0
-
8,0
-
4,0
-
-
Chumbo
Cristal
Néon
Lente
56,0
63,0
32,0
-
1,0
-
-
-
-
4,0
8,0
1,0
12,0
6,0
2,0
2,0
-
-
2,0
-
-
24,0
22,0
65,0
Alumino-
borossilicato
Farmacêutico
Fibra reforço
Tubo combustão
72,0
55,0
62,0
6,0
15,0
17,0
11,0
7,0
5,0
7,0
-
1,0
1,0
-
-
1,0
19,0
8,0
-
4,0
7,0
-
-
-
Sílica Vítrea
Fibra ótica 99,5 - - - - - - -
Fonte: AKERMAN, 2006.
2.3.5 Propriedades dos vidros
Segundo Rodrigues e Zanotto (1998), a grande variabilidade quando aos tipos
de vidros os torna extremamente atraentes, tanto do ponto de vista científico
quanto tecnológico. Os vidros de óxidos possuem enorme variabilidade e
flexibilidade de propriedades físico-químicas, aliadas à possibilidade de se testar
17
um número infinito de composições, devido ao tipo de estrutura desordenada que
pode aceitar quaisquer elementos químicos em sua estrutura. O Quadro 2
apresenta algumas propriedades dos vidros de óxidos.
Quadro 2– Propriedades características dos vidros de óxidos
Propriedades Características
Óticas
Isotrópicos; Transparentes, opacos ou coloridos com índice de refração: 1,2
a 2,2.
Mecânicas Duros e frágeis (K
Ic
< 1 MPa.m
1/2
).
Elétricas Isolantes a condutores; (Ta) =10
-6
a 10
-18
(ohm.cm)
-1
Químicas Resistentes a ácidos até solúveis em H
2
O.
Térmicas
Expansão: 0,3x10
-6
- 30x10
-6
oC-1. Tg: 150 a 1.200
o
C.
Metaestáveis - podem se cristalizar Vitro-cerâmicas
Matérias-Primas Abundantes. Contêm principalmente O, Si, Al, Ca, Na, Mg.
Processo Facilmente recicláveis.
Fonte: RODRIGUES e ZANOTTO (1998).
a) Propriedades mecânicas
Segundo Navarro (2001), o comportamento do vidro ante os distintos tipos de
esforços mecânicos aos quais pode ser submetido durante seu uso (tração,
compressão, torção, impacto) constitui em geral uma importante limitação para
algumas de suas aplicações. A resistência mecânica de um material pode ser
definida como a resistência que opõe a ação de forças mecânicas externas e
internas.
A baixa deformação mecânica do vidro é decorrente de sua baixa
organização estrutural. Cientistas descobriram novas técnicas que diminuem essa
desorganização estrutural tornando os vidros mais estáveis e resistentes.
Com exceção da adição de alumina, não muito que se possa fazer em
termos de composição química para se aumentar a resistência mecânica dos
vidros, pois, o estado da superfície, têm participação muito superior que as ligações
entre as moléculas. Então deve-se proteger a superfície contra fissuras decorrentes
do manuseio. A têmpera, por exemplo, cria uma tensão de compressão em toda a
superfície da peça dificultando a penetração da trinca e sua propagação
(AKERMAN, 2006).
18
b) Propriedades químicas
Entre as principais características dos vidros destaca-se sua elevada
resistência química que, com exceção de determinadas composições, como alguns
fosfatos, boratos e silicatos alcalinos, creditaram o vidro como um material
insubstituível em muitas aplicações práticas.
Nos vidros binários a incorporação crescente de óxidos alcalinos produz uma
progressiva abertura da rede que facilita a extração dos íons modificadores,
diminuindo sua resistência química. O procedimento mais freqüente empregado
para aumentar a resistência do vidro ao ataque químico é a desalcalinização de
sua superfície. Outro procedimento consiste em proteger a superfície mediante
recobrimento hidrófobo que pode ser obtido reagindo os grupos polares da
superfície do vidro (OH
-
, NH
-
2
, etc.) com moléculas orgânicas (NAVARRO, 2001).
c) Propriedades térmicas
Segundo Akerman (2006), os vidros, em geral, são maus condutores de calor,
pois os elétrons mais externos de seus átomos estão firmemente ligados. Se, por
exemplo, se aquece um dos lados de uma vidraça, a face do vidro deste lado
esquenta, porém o calor leva certo tempo aatravessar a espessura e aquecer a
outra face, pois o vidro oferece resistência à passagem de calor.
As variações de composição exercem certa influência sobre os valores da
condutividade térmica nos vidros. Como esta depende das vibrações térmicas dos
constituintes reticulares, seu valor será maior quanto maior forem suas ligações
químicas. Por isso, a condutividade diminui ao relaxar a rede, ou pela substituição
de íons formadores por outra de menos intensidade de campo ou pela introdução
de íons modificadores (NAVARRO, 2001).
19
2.3.6 Processos de fabricação de vidro
2.3.6.1 Fabricação industrial de vidro
Dentre os processos de fabricação de vidro está o industrial, onde a mistura
de areia com os demais componentes do vidro é dirigida até o forno de fusão
através de correias transportadoras. Com temperatura de até 1.700ºC, a
composição é fundida, afinada e condicionada termicamente, transformando-se
numa massa vítrea pronta para ser conformada. O vidro pode ser conformado por
sopro (vidros ocos), prensagem (pratos), fiação (fibra ótica) e tubos, além da
laminação (vidro plano).
2.3.6.2 Fabricação artesanal de vidro
Segundo Schuartz (2002), a fabricação artesanal de vidro pode ser dividida
em vidro frio e vidro quente devido à forma de trabalho e às ferramentas utilizadas.
a) Vidro frio
As técnicas de vidro frio são aquelas onde não o aquecimento de vidro.
Portanto se trabalha com o vidro fundido, seja ele plano ou oco. Dentre as
técnicas tem-se: corte, lapidação, gravação, jato de areia, corrosão e colagem.
Corte o vidro pode ser “cortado” através do risco feito pelo diamante,
que possui uma dureza superior à do vidro. Ao ser riscado, o vidro cria
um “defeito” na superfície que facilita o corte no local marcado. Em
seguida é exercida uma pequena força no vidro e ocorre a separação.
Lapidação esta técnica visa eliminar rebarbas, cantos vivos e partes
cortantes de qualquer técnica utilizada na confecção da peça.
Gravação utiliza-se uma ponta diamantada muito fina acoplada a um
motor elétrico de baixa rotação. Ao entrar em contato com a peça de
vidro a ponta diamantada remove uma pequena parte da superfície.
20
Jato de areia Consiste em jatear o vidro com areia e água, fazendo
com que o mesmo fique com uma superfície fosca e desgastada; pode
ser utilizado para a opacação e para o desbaste. A opacação é um
recurso de desenho, enquanto o desbaste é um recurso de escultura
que produz baixo relevo.
Corrosão trata-se do ataque da superfície do vidro através do ácido
fluorídrico, que possui um forte poder corrosivo. Ao atacar o vidro, o
ácido deixa uma superfície fosca e desgastada, semelhante à do jato de
areia.
Colagem é um recurso bastante utilizado para restauro e acabamento
de peças, principalmente na área artística. Podem ser utilizados diversos
adesivos, como é o caso do silicone, do epóxi e da resina UV.
b) Vidro quente
Schuartz (2002) afirma que as cnicas de vidro quente o aquelas onde
o aquecimento de vidro. Pode-se dividir em baixas temperaturas e altas
temperaturas. As baixas trabalham com o vidro entre 450 e 950ºC e as altas
trabalham entre 950 e 1600ºC. Cada uma destas técnicas utiliza um tipo de forno
específico. Para trabalhos em baixas temperaturas empregou-se técnicas como a
moldagem, o fusing, o casting e a tocha, enquanto para o trabalho em altas
temperaturas temos o sopro em cana.
Moldagem - consiste no aquecimento do vidro sobre um molde
confeccionado em fibra cerâmica, manta seca ou molhada, ferro-aço,
concreto celular ou gesso, onde o vidro obterá a mesma forma do molde.
Fusing segundo Fernandes (2004), fusing consiste no processo de
fusão de uma ou mais chapas de vidro acomodadas sobre um molde e
fundidas em média a 800°C. Esta técnica é muito uti lizada em ateliês,
por artistas e artesãos. Além dos variados formatos, os produtos obtidos
pelo fusing podem ter inúmeras variações decorrentes do uso de chapas
de vidro de diferentes espessuras, cores, e acabamentos.
21
Casting neste processo um ou mais pedaços de vidro perdem
totalmente sua forma inicial, soldando-se um ao outro; formando assim
um trabalho maciço. Dependendo da qualidade de vidro, as marcas da
solda podem aparecer mais ou menos e até desaparecer.
Tocha (Maçarico) - Trata-se do aquecimento de bastões de vidro,
maciços ou ocos, através de um maçarico a gás.
Sopro em cana Segundo Fernandes (2004), o processo de sopro é
predominantemente utilizado na produção industrial. Artesanalmente é
um processo milenar de difícil execução que consiste na colocação de
massa vítrea na extremidade de uma haste metálica e soprá-la na outra
extremidade. Por ser de difícil execução, requer anos de treino e
experiência dos operadores, necessitando assim, de mão de obra
especializada.
c) Moldes para fabricação artesanal
Para adquirir formatos bi ou tridimensionais pode-se recorrer aos moldes.
Estes, por sua vez, se comportam como fôrmas que com o aquecimento do vidro
permitem a acomodação sobre os mesmos.
Segundo Schuartz (2002), os moldes para vidro podem ser, principalmente,
de: biscoito de cerâmica, gesso e quartzo, wet felt (manta molhada), grafite, placa
de fibra cerâmica, aço, ferro, concreto celular, gesso e manta de fibra cerâmica.
Biscoito de cerâmica são moldes em barro, permanentes e gidos.
Quanto mais são utilizados, mais duros e resistentes ficam. Neste tipo
de molde é fundamental manter um ângulo de saída, pois qualquer
reentrância irá travar o objeto no mesmo.
Gesso e quartzo trata-se de uma mistura, em partes iguais, de gesso
e quartzo. É um molde descartável e se desmancha ao desenformar
quando trabalhado acima de 950ºC. Ideal para esculturas e trabalhos
muito detalhados.
22
Wet felt - é uma manta umedecida que pode ser moldada e ao secar
endurece. É um molde permanente e rígido, um material extremamente
versátil e de fácil utilização, porém dificilmente é encontrado no Brasil.
Grafite trata-se de um molde que possui maior aplicação na indústria
devido ao seu alto custo. É um material extremamente resistente e
permanente, adquirido em blocos que podem ser torneados.
Placa de fibra-cerâmica são placas recortáveis, ideais para formas
geométricas retas. São moldes permanentes que se desgastam em
aproximadamente 20 queimas.
Aço - o fôrmas feitas em chapas de aço repuxadas que dão origem a
um molde permanente, porém sem muitos detalhes devido à cnica de
repuxo.
Ferro são moldes bastante similares aos de aço, porém indicados
para temperaturas inferiores.
Concreto celular - é um molde de fácil fabricação, baixo custo e
fabricação artesanal. Através de ferramentas especializadas o bloco é
esculpido ou escavado, porém não resiste a mais de 10 queimas.
Gesso é um molde feito em gesso comum preparado com a adição de
água e em seguida ressecado. Possui as mesmas propriedades que o
molde de gesso e quartzo, porém trinca a partir de 700ºC.
Manta de fibra cerâmica trata-se do mesmo material da placa de fibra
cerâmica, porém mais fácil de trabalhar. O resultado de um revestimento
de manta é uma superfície rugosa, que pode ser suavizado polvilhando-
se pó de caulim por sobre a mesma.
A escolha do molde ideal pode ajudar no processo de fabricação artesanal de
peças em vidro, tendo em vista que cada molde possui uma temperatura xima
de resistência (Figura 11).
Figura 11 –
Temperaturas de resistência dos moldes
Fonte: SCHUARTZ, 2002.
O vidro pode estar posicionado sobre o molde de três maneiras principais:
i
nterno sem aba, interno com aba e externo
Interno sem aba
do molde
. Neste caso
inicial, diminuindo a largura.
Interno com abas
q
ue requer um mínimo de elasticidade para entrar na parte côncava do
molde
durante a fusão
Externo
trata
lado de fora.
interno sem aba
Posão do vidro em relação ao molde
Figura 12 – Posição
e resultado da fusão
Fonte: SCHUARTZ, 2002.
Manta de fibra cerâmica
Gesso
Concreto celular
Ferro
Aço
Placa de fibra cerâmica
Grafite
Wet felt
Gesso e quartzo
Biscoito de cerâmica
Temperaturas de resistência dos moldes
Temperaturas de resistência dos moldes
O vidro pode estar posicionado sobre o molde de três maneiras principais:
nterno sem aba, interno com aba e externo
(Figura 12).
Interno sem aba
o vidro fica totalmente no interior da parte côncava
. Neste caso
, após a fusão
o vidro desce em relação à posição
inicial, diminuindo a largura.
Interno com abas
o vidro fica apoiado em abas laterais, de maneira
ue requer um mínimo de elasticidade para entrar na parte côncava do
durante a fusão
.
trata
-
se de um molde convexo, onde o vidro é trabalhado pelo
interno sem aba
interno com aba
externo
Posão do vidro em relação ao molde
e resultado da fusão
do vidro em relação ao molde
600 650 700 750 800 850 900
950
Manta de fibra cerâmica
Gesso
Concreto celular
Ferro
Aço
Placa de fibra cerâmica
Grafite
Wet felt
Gesso e quartzo
Biscoito de cerâmica
Temperaturas de resistência dos moldes
23
O vidro pode estar posicionado sobre o molde de três maneiras principais:
o vidro fica totalmente no interior da parte côncava
o vidro desce em relação à posição
o vidro fica apoiado em abas laterais, de maneira
ue requer um mínimo de elasticidade para entrar na parte côncava do
se de um molde convexo, onde o vidro é trabalhado pelo
950
1000
24
Conforme Schuartz (2002), os moldes precisam possuir ângulos de saída das
peças, garantindo, portanto que o vidro não fique fixado ao molde. Para tal adota-
se um ângulo mínimo de 110º com a base (Figura 13), onde valores inferiores
poderão acarretar em perda do molde e da peça, dependendo da temperatura em
que a mesma for submetida.
110º 110º 80º 80º
Ângulo de saída em relação ao molde
Figura 13 – Ângulo de saída das peças
Fonte: SCHUARTZ, 2002.
2.3.7 Tratamentos térmicos em vidros
Durante o processo de fabricação, o vidro deve receber um tratamento
térmico, que fará com que o material obtenha melhores propriedades. Os dois
principais tipos de tratamentos térmicos em vidro são a têmpera e o recozimento.
a) Processo de têmpera
No processo de têmpera, o vidro é submetido a um aquecimento controlado
que eleva sua temperatura e, logo em seguida, passa por resfriamento brusco,
resultando em um choque térmico responsável pelo aumento de sua resistência
mecânica, preservando suas características de transmissão luminosa e
composição química.
O vidro temperado é considerado um vidro de segurança, pois quando
fraturado (Figura 14) se fragmenta em pequenos pedaços, com arestas menos
cortantes. Tem resistência mecânica cerca de quatro a cinco vezes superior à do
vidro comum. Entretanto, depois de acabado, não permite novos processamentos
25
de cortes, furos ou recortes, estes devem ser realizados antes do tratamento
térmico. Os vidros temperados são amplamente utilizados em box de banheiro e
vidros de carro.
Figura 14 – Vidro temperado fragmentado em pequenos pedaços
http://www.vidraria-armando.pt/imagens/temp.jpg
b) Processo de recozimento
Durante o processo de recozimento, o vidro é aquecido de maneira uniforme
até uma determinada temperatura abaixo do seu ponto de fusão. Esta temperatura
é mantida a que todas as tensões (causadas pelo processo de conformação)
sejam removidas. Após o aquecimento, a peça é resfriada lentamente, até a
temperatura ambiente, para que novas tensões não sejam criadas.
O recozimento alivia as tensões geradas durante a conformação e o
resfriamento que possivelmente quebrariam ou pelo menos fragilizariam a peça. A
presença de tensões provoca a diminuição da resistência mecânica e produz
birrefringência.
Segundo Simões (1997), birrefrigência é o termo utilizado para designar a
refração da luz em dois raios polarizados ortogonais entre si. A diferença das
velocidades de propagação dentro do meio e suas refrações acusam pontos de
tensão de compressão e tração no material.
As peças submetidas ao processo de recozimento passam um ciclo térmico
controlado que depende da composição do vidro, da forma e dimensões da peça e
do grau de eliminação de tensões desejado.
26
2.3.8 Pigmentação de vidros
Os vidros podem ser coloridos na massa vítrea, para isso são produzidos com
a adição de óxidos metálicos e/ou terras nobres à composição do vidro. Estas
pequenas adições pigmentam o vidro de maneira homogênea, mas não afetam as
propriedades sicas do mesmo exceto pelas mudanças na transmissão de
energia luminosa.
A maioria dos produtos de vidro plano contém pequenas quantidades de
óxido de ferro que produz um tom cinza geralmente percebido apenas quando a
placa de vidro é vista pela borda.
Para se pigmentar o vidro com tom esverdeado deve-se adicionar óxidos de
ferro (Quadro 3). Para resultados azulados utiliza-se óxido de cobalto. O óxido de
manganês resulta no tom avermelhado e o oxido de níquel para tons amarelados.
Quadro 3 – Pigmentação de vidros por meio de óxidos
Reagente Cor
Fe
2
O
3
Verde-Azulada
Fe
2
O
3
c/ FeS Âmbar-marrom
CoO Azul
CuO c/ CO
2
Vermelha
Cr
2
O
3
Amarela
TiO
2
Lilás
Se Rósea
Pt Azul-clara
C Marrom-preta
A pigmentação de vidros é utilizada na área de embalagens, decorações e
vidros especiais como filtros óticos. Alguns vidros são mais fáceis de colorir, como
é o caso dos vidros de óxido de chumbo, sódio-cálcio e alcalinos, os vidros
borossilicatos e de sílica pura (quartzo) são mais difíceis.
2.3.9 Desvitrificação
A desvitrificação, ou cristalização ocorre quando a superfície do vidro se torna
parcialmente cristalina. Pode ser um processo natural dos materiais siliciosos,
27
onde, conforme o vidro vai absorvendo a umidade da atmosfera ou de um ambiente
submerso ocorre a cristalização da sua superfície, tornando esta hidratada no
decurso dos tempos e, por isso, eventualmente, desvitrificada. Como resultado
tem-se um vidro com aparência congelada ou enevoada, e iridescente
(SCHUARTZ, 2002).
A desvitrificação também pode ocorrer durante o processo de aquecimento do
vidro, onde temperaturas acima de 700ºC, mantidas por muito tempo (resfriamento
lento), podem ocasionar a cristalização da superfície. A cristalização pode ser
definida como a formação de uma fase sólida, com uma ordenação geométrica
regular, a partir de uma fase estruturalmente desordenada. Esta mudança de fase
requer uma diminuição da energia livre do sistema para que o processo seja
espontâneo. Considerando-se que o vidro está num estado metaestável, a
cristalização ocorrerá no sentido de alcançar o equilíbrio.
Segundo Schuartz (2002), durante o processo de fabricação artesanal, para
evitar a desvitrificação e manter a característica amorfa do vidro quando aquecido a
temperaturas acima dos 700ºC, deve-se utilizar o seguinte procedimento de
preparação térmica:
Aquecer o forno até metade da temperatura desejada e manter durante
30 minutos. Portanto, se a temperatura desejada é de 800ºC, deve-se
manter durante 30 minutos nos 400ºC para preparar o vidro para
temperaturas superiores;
Aquecer até a temperatura desejada, portanto aos 800ºC, seguindo o
exemplo anterior;
Ao chegar à temperatura desejada, o forno deve ser levemente aberto
por cerca de 15 segundos (choque térmico). Durante esta etapa pode-se
observar a conformação do vidro. Este estará em um tom alaranjado e
os esmaltes de pigmentação estarão temporariamente transparentes;
O forno deverá ser fechado e as peças devem ser retiradas quando
chegarem à temperatura ambiente.
28
Schuartz (2002) afirma que este procedimento garantirá que a superfície do
vidro não se torne cristalina. Não se trata de um tratamento térmico de têmpera,
contudo, também garantirá um vidro mais resistente a mudanças de temperatura
devido ao leve choque térmico obtido com a abertura do forno. Ao manter a
estrutura desordenada, portanto um sólido amorfo, o vidro possuirá o mesmo brilho
e transparência que antecedem a fusão.
2.4 RECICLAGEM
Paiva & Ribeiro (2005), definem a reciclagem como todas as ações que
tenham como objetivo permitir a reutilização de materiais e/ou produtos, de modo a
estender seu ciclo de vida e diminuir os problemas com a forma de disposição dos
resíduos ou de emissão de poluentes.
Segundo dados do Population Reference Bureau (PRB, 2004), o aumento da
população mundial é atualmente de mais de 79 milhões de pessoas por ano. Esse
ritmo de aumento populacional põe em perigo o desenvolvimento econômico e
social e repercute no meio ambiente com o aumento do lixo e a desenfreada
exploração dos recursos naturais. A reversão desse processo passa pela formação
de uma mentalidade que definitivamente posicione o ser humano como parte
integrante e dependente dos recursos do planeta. Isto pode ser atingido por meio
da adoção de políticas de desenvolvimento sustentável, atendendo às carências
dos seres humanos, sem, entretanto, sacrificar o capital natural da Terra.
A reciclagem dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias para uso como
matérias-primas alternativas não é nova e tem sido efetuada com sucesso em
vários países. As razões que motivam esses países, em geral, são: o esgotamento
das reservas confiáveis; a conservação de fontes não renováveis; melhoria da
saúde e segurança da população; a preocupação com o meio ambiente e a
necessidade de compensar o desequilíbrio econômico provocado pela alta do
petróleo, notadamente nos países onde há marcante escassez de matérias-primas
(ENBRI, 1994).
29
Segundo Assad (2003), para minimizar a quantidade de resíduos lidos e
possibilitar a consecução do objetivo da sustentabilidade ambiental, é necessário
aplicar a política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Reduzir significa consumir menos produtos, preferir aqueles que
ofereçam menor percentual de geração de resíduos e que tenha maior
durabilidade;
Reutilizar é usar novamente as embalagens. Exemplo; os potes
plásticos de sorvetes servem para guardar alimentos ou outros
materiais;
Reciclar envolve a transformação dos materiais, por exemplo, fabricar
um produto novo a partir de um material já usado.
Conforme Armelline (2004) embora os resíduos de vidro não sejam o lixo mais
incômodo, sob o ponto de vista da toxidade, ele assusta pelo seu volume crescente
e requer soluções. Estes são lançados, de maneira aleatória e irregular na beira de
estradas, em terrenos ou nos lixões da cidade podendo provocar ferimentos e
doenças nas pessoas que os manipulam. Essa disposição inadequada acarreta
uma série de problemas para a população que retira dos lixões e aterros o seu
sustento. Os “cacos de vidro” apresentam um perigo à saúde das pessoas uma vez
que podem provocar cortes profundos, ou seja, uma porta de entrada de
microorganismos patogênicos presentes no local.
Segundo Lima (2005), o nível de reciclagem é determinado pela produção da
matéria reciclável em proporção ao total de matéria virgem utilizada no processo
industrial. O Brasil produz, em média, 800 mil toneladas de embalagens de vidro
por ano. E dessas, cerca de 30% são produzidas a partir de sucata de vidro
(cacos). A estimativa do nível de reciclagem do vidro no Brasil é de 47%.
Sabe-se hoje que um quilo de vidro usado pode produzir um quilo de vidro
novo, tantas vezes que forem necessárias. No processo de reciclagem do vidro
economia de matérias primas naturais, de energia - temperatura necessária para
fusão do vidro reciclado é mais baixa - e menor geração de poluentes. Atualmente
30
a maior parte da reciclagem do vidro para produção de novos produtos se dá de
forma industrial.
Conforme Rocha (1997), o vidro como resíduo sólido é 100% e infinitamente
reciclável. Uma tonelada de vidro reutilizado economiza cerca de 290 kg de
petróleo e 1.200 kg de matéria prima que seriam gastos em fusão, enquanto na
produção do vidro “virgemsão gastos 1.200 kg de matéria-prima para cada 1.000
kg de vidro. A extração da matéria-prima necessária à fabricação de vidro material
agride a natureza e o meio ambiente.
A maioria das empresas que fabrica produtos utilizando vidro reciclado
acrescenta matéria prima virgem e outras substâncias na composição da nova
massa. Como essa adição fica entre 40% a 70% de material virgem o que se
obtém são produtos em vidro semi reciclados. O acréscimo de matérias primas
virgem e outros elementos químicos na massa, tem o intuito de aumentar a
transparência do produto final. a produção utilizando 100% de vidro reciclado,
apresenta um material menos transparente, esverdeado e menos valorizado no
mercado sendo por isso menos comum a sua utilização (FERNANDES, 2004).
Segundo Fernandes (2004), o processo de reciclagem de vidro mais comum e
mais conhecido consiste no aquecimento constantemente do vidro até que o
mesmo se torne viscoso, possibilitando a produção de novos produtos.
Conforme dados da ABIVIDRO (2008), o ciclo de vida dos vidros de
embalagens (Figura 15) consiste primeiramente na fabricação destas por meio das
indústrias vidreiras que utilizam as matérias-primas necessárias. Em seguida elas
passam pelo processo de envasamento, onde o conteúdo das embalagens é
introduzido. Após esta etapa os produtos o embalados e distribuídos para os
consumidores. Posteriormente o descarte das embalagens, que são coletadas,
limpas e selecionadas para poderem ser trituradas. Após trituradas as embalagens
de vidro entram no processo de fabricação pelas indústrias e todo o ciclo é
repetido.
31
Figura 15 – Ciclo de vida do vidro
Fonte: ABIVIDRO, 2008.
Segundo Luna (2007), cada vidro possui uma composição química diferente,
impossibilitando a mistura entre os de composições diferentes, devido aos distintos
coeficientes de dilatação. A mistura pode acarretar no estresse na peça, ou seja, o
vidro pode trincar, sem que tenha havido um choque mecânico, portanto é de suma
importância a separação entre o vidro plano e oco.
Conforme dados da ABIVIDRO (2008), no ano de 2007, cerca de 37 milhões
de dólares foram investidos no segmento de vidros planos no Brasil (Quadro 4),
chegando a uma capacidade de produção de 1.240 mil toneladas. Este valor
rendeu cerca de 1.183 milhões de reais ao país e seus índices de exportações
chegaram a 141 milhões de dólares americanos.
Quadro 4 – Perfil do segmento de vidros planos no Brasil
ANO FATURAMENTO
(milhões R$1)
CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO
(mil toneladas)
INVESTIMENTO
(milhões US$)
EXPORTAÇÕES
(milhões US$)
2002 924 1.050 39 71
2003 968 1.050 66 92
2004 998 1.240 63 115
2005 1,033 1.240 21 138
2006 1,095 1.240 25 139
2007 1,183 1.240 37 141
Fonte: ABIVIDRO, 2008.
32
Contudo a reciclagem de vidro plano é vista como inviável devido ao
montante deste ser muito inferior ao de vidros ocos, tornando sua coleta
desvantajosa tanto para os catadores quanto para grandes indústrias. O vidro
plano, contudo, pode ser reciclado artesanalmente, portanto, foi no processo
artesanal de reciclagem de vidro que esta pesquisa se concentrou, neste método o
vidro é fundido novamente para a confecção de novos produtos. Com técnicas
mais baratas e simples, este estudo visa a produção em série, propondo o fomento
da atividade produtiva de rápida e simples execução voltada para mão de obra
pouco qualificada.
2.5 PROJETO DE RECICLAGEM ARTESANAL DE VIDRO
Na pesquisa realizada por Fernandes (2004), sistematizou-se a utilização de
sucata de vidro de embalagens de bebidas visando sua aplicação em produtos,
com objetivo decorativo, na produção em pequenas e médias escalas, de natureza
artesanal. São apresentados os ensaios realizados com diferentes tipos de sucata
de vidro com o objetivo de testar os melhores resultados para reaproveitamento e
transformação do material em novos produtos.
Foi desenvolvida uma metodologia para preparação e utilização de vidros
reciclados: classificação de procedência, cor, limpeza, método de moagem,
classificação granulométrica, aplicação em ensaios, temperaturas de queima - bem
como registro de todos os passos e resultados. Utilizou-se a técnica de fusing
(Figura 16a) e slumping (16b).
Figura 16 – Peça de vidro obtida através da técnica de fusing e slumping
Fonte: FERNANDES, 2004.
33
Foram coletados diferentes tipos de vidros para a realização dos primeiros
testes: garrafas de vidro, potes e embalagens em geral, vidros de carro e vidros
planos. Esses foram classificados de acordo com sua cor, marca, procedência
(local de origem). Devido à necessidade de eliminar resíduo nos vidros coletados,
estes foram submetidos à limpeza: retirada dos rótulos, tampas, restos das bebidas
e outras impurezas.
Depois de limpos os vidros foram submetidos à moagem e classificados em
diversas granulometrias, entre #6 e #100. O processo de trituração foi manual,
podendo ser utilizado moinho de bola.
As amostras foram catalogadas e etiquetadas indicando: cor, proveniência
(marca e fabricação) e granulometria. Posteriormente foram submetidas a diversas
temperaturas de queima para verificar a melhor temperatura/ resultado obtido. Para
essas queimas, as sucatas de vidro foram acomodadas em corpos de prova para
que também fosse testado um possível material para a composição do molde dos
produtos.
Durantes as queimas experimentais foram analisados: a) comportamento dos
diferentes tipos de vidros quando submetidos a médias temperaturas; b)
comportamento dos materiais dos corpos de provas também quando submetidos a
médias temperaturas; c) comportamento entre as sucatas de vidro e os corpos de
prova desmoldabilidade, outras reações; d) análise das características dos vidros
depois da queima.
As queimas foram realizadas com corpos de prova confeccionados de
terracota, proveniente do município de Antonina, região metropolitana de Curitiba, e
devidamente identificados, nas temperaturas: 750°C, 800°C, 850°C, 900°C, 950°C,
1000°C e 1050°C.
Verifica-se que todas as amostras de sucatas de vidro das diferentes malhas
fundiram por completo a 1000°C. Também foi observad o que nesta temperatura o
vidro fixou-se no corpo de prova cerâmico (Figura 17).
34
Figura 17 – Amostras resultantes com corpo de prova de terracota
Fonte: FERNANDES, 2004.
Na queima com os corpos de prova em gesso, feldspato e quartzo, o vidro
moído também fundiu a 1000ºC, e não aderiu ao corpo de prova, como pretendido,
obtendo-se, portanto pequenas chapas de vidro reciclado (Figura 18).
Figura 18 – Resultados da queima com corpo de prova de gesso, feldspato e quartzo
Fonte: FERNANDES, 2004.
As amostras que tiveram sucatas de proveniências, cores e malhas diferentes
misturadas, fundiram normalmente - como as amostras “puras” - fundindo-se entre
si, mas conservando o “grafismo” inicial (Figura 19).
Figura 19 – Amostras com sucatas diferentes misturadas
Fonte: FERNANDES, 2004.
35
As amostras apresentaram bons resultados estéticos e mantiveram-se
translúcidas, embora rústicas pela presença de pequenas bolhas e texturas.
O material do corpo de prova mistura de gesso com feldspato e quartzo
mostrou-se muito frágil para ser submetido a diversas queimas, apesar de permitir
que o vidro se soltasse facilmente depois de fundido e o interferir no formato e
textura do mesmo.
Com esse mesmo material – gesso, feldspato e quartzo – nos corpo de prova,
foram realizadas novas queimas experimentando diferentes formatos para observar
como reagiria o vidro e o próprio material de suporte - molde. Foram feitos moldes
em três formatos: um com formato de caixa; outro com base quadrada e relevo
semi-esférico em uma de suas faces; e um terceiro semelhante ao segundo, mas
com um vazado circular ao invés do relevo. Os moldes foram preenchidos com a
sucata de vidro de automóvel de malha #06 - que essa apresentou melhor
resultado em relação às granulometrias menores - e foram submetidos a
temperatura de 1000°C.
As peças resultantes apresentaram resultados positivos embora, por serem
mais espessas que os primeiros corpos de prova, as peças apresentaram menor
translucidez e tonalidade mais esverdeada. Na peça com formato de caixa, a
hipótese do vidro não ter fundido completamente já que este ficou opaco e áspero
(Figura 20).
Figura 20 – Resultados das peças experimentais
Fonte: FERNANDES, 2004.
36
Como esperado, o material do molde não se mostrou o mais indicado, visto
que não resistiu a diversas queimas, quebrando com facilidade.
Portanto, verificou-se que o trabalho apresentou avanços em relação à
inserção de novas técnicas de produção com aproveitamento de sucata de vidro.
Diante dos testes experimentais realizados e resultados conseguidos podem-se
levantar algumas hipóteses que levarão a novos testes, ensaios e possivelmente a
conclusões mais precisas. Inicialmente deverão ser testados novos materiais para
a confecção do molde. Uma possibilidade seria sua confecção em material
cerâmico impermeabilizado com caulim e alumina. Posteriormente deverão ser
verificadas: as quantidades de matéria prima necessárias por produto, custos de
procedimentos, e como se dariam as reciclagens dos produtos confeccionados,
entre outros. Com relação aos procedimentos de preparação do vidro é importante
verificar como estes seriam em maiores escalas produtivas: se contariam com o
auxilio de máquinas ou seriam manuais; bem como definir a infra-estrutura
necessária para viabilizar uma unidade produtiva.
Apesar disto o caminho percorrido demonstra a vantagem da associação da
tecnologia ao design na busca de soluções que contribuam com o desenvolvimento
e produção de bens sustentáveis.
37
CAPÍTULO III
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo serão apresentados aspectos referentes aos materiais
utilizados na presente pesquisa, assim como as cnicas e processamentos
empregados na caracterização e reciclagem dos resíduos vítreos.
3.1 MATERIAIS
Os principais materiais utilizados nesta pesquisa foram os resíduos vítreos
(plano e oco), provenientes de vidraçarias e do descarte urbano do município de
Campina Grande-PB, além do concreto celular, o caulim e os esmaltes (vítreos e
porcelânicos).
3.1.1 Vidro
O resíduo de vidro plano (Figura 21a) é proveniente de vidraçarias localizadas
na cidade de Campina Grande. Os resíduos de vidro oco (Figura 21b) são
oriundos da coleta seletiva realizada no município. Estes materiais foram
beneficiados (separação por tipo e cor, lavagem e trituração) antes da
caracterização e processamento.
Figura 21 – Resíduos vítreos plano (a) e oco (b) utilizados na pesquisa
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
3.1.1.1
Preparação das amostras
Os resíduos de vidro plano de 4mm e de 10mm foram cortados em quadrados
com 7,5cm (para compor a base das amostras) e quadrados de 4cm para
sobreposição. os vidros
triturados.
Além dos resíduos vítreos foram utilizados os esmaltes para composição
das amostras.
Foram preparadas
10mm), ocos coloridos e esmaltes (ví
composição foram preparadas 1
Figura 22 –
Composições vítreas antes da queima
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A composição 1 (Figura 2
quadrados de lados diferentes
utilizando sobre a base
fileiras. Nas
composições
esmaltes porcelânicos
e vítreos, respectivamente,
formando fileiras
e círculos.
Preparação das amostras
Os resíduos de vidro plano de 4mm e de 10mm foram cortados em quadrados
com 7,5cm (para compor a base das amostras) e quadrados de 4cm para
sobreposição. os vidros
ocos foram classificados (
por cor e tipo
Além dos resíduos vítreos foram utilizados os esmaltes para composição
Foram preparadas
6 (seis)
composições envolvendo vidros planos (4mm e
10mm), ocos coloridos e esmaltes (ví
treo e porcelânico), Figura 22
composição foram preparadas 1
8 (dezoito) amostras.
Composições vítreas antes da queima
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A composição 1 (Figura 2
2i) foi preparada
pela sobreposição de dois
quadrados de lados diferentes
. A composição 2 (Figura 2
utilizando sobre a base
cacos de vidro oco azuis e brancos dispostos
composições
3 (Figura 22iii) e 4 (Figura 22iv) fo
ram
e vítreos, respectivamente,
nas cores
e círculos.
A composição 5 (Figura 22v)
foi preparada a partir do
38
Os resíduos de vidro plano de 4mm e de 10mm foram cortados em quadrados
com 7,5cm (para compor a base das amostras) e quadrados de 4cm para
por cor e tipo
), lavados e
Além dos resíduos vítreos foram utilizados os esmaltes para composição
composições envolvendo vidros planos (4mm e
treo e porcelânico), Figura 22
, e para cada
pela sobreposição de dois
. A composição 2 (Figura 2
2ii) foi preparada
cacos de vidro oco azuis e brancos dispostos
em duas
ram
adicionados os
nas cores
vermelho e verde
foi preparada a partir do
sobreposição de um losango e um quadrado (base 10mm).
22vi) foi prep
arada pela sobreposição de um losango e um quadrado (base 4mm)
fraturado ao meio.
3.1.2 Concreto c
elular
Os moldes
utilizados
em blocos de concreto celular
areia, de alumínio
surgimento de poros, tornando
Os blocos chegaram ao laboratório com dimensões de 70x30x10cm (Figura 22).
Figura 23 –
Concreto Celular
Fonte: Pesquisa direta, 2008
.
Foram confeccionados 6 (seis) moldes com dimensões de
uma meia esfera
(3x1,5cm)
amostras (Figura 24).
Figura 24 –
Moldes em concreto celular para acomodação das amostras
Fonte: Fonte direta, 2008.
sobreposição de um losango e um quadrado (base 10mm).
A composição 6 (Figura
arada pela sobreposição de um losango e um quadrado (base 4mm)
elular
utilizados
na fabricação das peças de vidro fo
ram confeccionados
em blocos de concreto celular
- produto constituído
pela mistura
e água (argamassa), que expande proporcionando o
surgimento de poros, tornando
-o leve -
de alta resistência à compressão e ao fogo
Os blocos chegaram ao laboratório com dimensões de 70x30x10cm (Figura 22).
Concreto Celular
.
Foram confeccionados 6 (seis) moldes com dimensões de
(3x1,5cm)
esculpida em baixo relevo. C
ada um acomodou 3 (três)
Moldes em concreto celular para acomodação das amostras
39
A composição 6 (Figura
arada pela sobreposição de um losango e um quadrado (base 4mm)
ram confeccionados
pela mistura
de cal, cimento,
e água (argamassa), que expande proporcionando o
de alta resistência à compressão e ao fogo
.
Os blocos chegaram ao laboratório com dimensões de 70x30x10cm (Figura 22).
15x30x10cm, com
ada um acomodou 3 (três)
40
3.1.3 Caulim
O caulim utilizado nesta pesquisa foi adquirido no comércio local, tendo sido
utilizado para o isolamento e recobrimento dos moldes de concreto celular. Além de
facilitar o processo de desmoldagem das peças produzidas
3.1.4 Esmaltes vítreos e porcelânicos
Os esmaltes utilizados na pigmentação das amostras foram do tipo vítreo e
porcelânico. Durante a aplicação do mesmo sobre o vidro foi necessária a diluição
em água (proporção de 20% para água, e 80% para o esmalte em pó). Os
esmaltes apresentam temperaturas de fusão diferentes, motivo pelo qual se faz
necessário estudar seu comportamento a fim de otimizar seu uso.
3.2 MÉTODOS
Foram realizados ensaios quanto: a caracterização dos resíduos (análise
química, análise térmica diferencial e termogravimetria); o comportamento do vidro
em função das temperaturas de queima (processamento). Além dos ensaios
também foram realizadas oficinas de formação dos catadores de resíduos vítreos
(capacitação para a reciclagem).
3.2.1 Caracterização dos resíduos vítreos
3.2.1.1 Análise química
Os resíduos de vidros planos e ocos foram submetidos à análise química,
segundo técnicas clássicas e instrumentais no Laboratório de Análise Minerais do
Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande-PB.
3.2.1.2
Analise térmica
a) Análise térmica d
iferencial (DTA)
As curvas de análise térmica difere
um sistema de análise térmica SHIMADSU, modelo DTG
nitrogênio com
cadinho de alumina, fluxo de 1
de 10ºC/min, com massa inicial de 10,1mg e temperatura xima d
Estas análises foram realizadas no
do Departamento de Química da Universidade Federal da Paraíba.
3.2.2
Comportamento
Para analisar o comportamento das composições v
temperaturas de queima, foi utilizado
MCJ-10S NICR-
NI48,09mV (Figura 25) com dimensões internas de 65x50x50cm.
Figura 25 –
Forno Jung Blumenau MCJ
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Foram estudadas 4 (quatro) temperaturas (700ºC, 750ºC, 800ºC e 850ºC) e
três procediment
os para queima das composições, como apresentada na Tabela 1.
Analise térmica
iferencial (DTA)
/ Termogravimetria (TG)
As curvas de análise térmica difere
ncial e termogravimétrica foram obtidas em
um sistema de análise térmica SHIMADSU, modelo DTG
-
60, em atmosfera de
cadinho de alumina, fluxo de 1
10mL.min
-1
e razão de aquecimento
de 10ºC/min, com massa inicial de 10,1mg e temperatura xima d
Estas análises foram realizadas no
Laboratório de Termoquímica e Combustíveis
do Departamento de Química da Universidade Federal da Paraíba.
Comportamento
vítreo
em função das temperaturas de queima
Para analisar o comportamento das composições v
ítreas em função das
temperaturas de queima, foi utilizado
um
forno da marca Jung Blumenau, modelo
NI48,09mV (Figura 25) com dimensões internas de 65x50x50cm.
Forno Jung Blumenau MCJ
-10S NICR-NI48,09mV
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Foram estudadas 4 (quatro) temperaturas (700ºC, 750ºC, 800ºC e 850ºC) e
os para queima das composições, como apresentada na Tabela 1.
41
/ Termogravimetria (TG)
ncial e termogravimétrica foram obtidas em
60, em atmosfera de
e razão de aquecimento
de 10ºC/min, com massa inicial de 10,1mg e temperatura xima d
e 1000ºC.
Laboratório de Termoquímica e Combustíveis
do Departamento de Química da Universidade Federal da Paraíba.
em função das temperaturas de queima
ítreas em função das
forno da marca Jung Blumenau, modelo
NI48,09mV (Figura 25) com dimensões internas de 65x50x50cm.
Foram estudadas 4 (quatro) temperaturas (700ºC, 750ºC, 800ºC e 850ºC) e
os para queima das composições, como apresentada na Tabela 1.
42
Tabela 1 – Lista das composições vítreas e temperaturas de queima
Comp.*
Descrição
Temperatura de queima
a b c d e f
1
Vidro plano 4mm + Vidro plano 4mm
700
o
C
750
o
C
800
o
C
850
o
C
800
o
C + T.P.** + C.T.***
800ºC + C.T.***
2
Vidro plano 4mm + vidro oco colorido
3
Vidro plano 4mm + Esmalte Porcelânico
4
Vidro plano 4mm + Esmalte Vítreo
5
Vidro plano 10mm + vidro plano 4mm
6
Solda de 2 Vidros planos de 4mm
* Comp. – composição / ** T.P – Temperatura Patamar / ***C.T – Choque térmico.
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
No primeiro procedimento (temperaturas de queima
a, b, c
e
d
) utilizou-se
um aquecimento dinâmico com taxa de 5,0ºC/min, e resfriamento de 2,0ºC/min. No
segundo (temperatura de queima
e
), o forno foi aquecido até metade da
temperatura desejada e mantida nesta por 30min (isotérmico), em seguida, o
aquecimento foi retomado a atingir a temperatura final. O resfriamento neste
procedimento se deu com a abertura do forno por 15 segundos (choque rmico) e
em seguida, ocorreu com taxa de 2,0ºC/min. No terceiro (temperatura de queima
f
),
o forno utilizou um aquecimento dinâmico com taxa de 5,0ºC/min, e resfriamento
através da abertura do forno por 15 segundos (choque térmico) e em seguida,
fechamento do forno e resfriamento com taxa de 2,0ºC/min. Em todos os
procedimentos, as amostras permaneceram no forno até atingirem a temperatura
ambiente.
3.2.3 Capacitações
3.2.3.1 Curso no Ateliê Espaço Zero
Almejando o domínio de técnicas artesanais de manuseio do resíduo vítreo, a
equipe participou do curso de Artesanato em Vidro, com duração de 12 horas,
realizado em São Paulo SP, para o aprimoramento de técnicas de fusão, sopro
em cana, vitral e acabamento.
43
3.2.3.2 Capacitação dos catadores
Cerca de 20 catadores de resíduos sólidos participaram, na Unidade de
Beneficiamento de Materiais Vítreos, de oficinas em diversas áreas, como:
desenho e pintura, desenvolvimento de moldes e beneficiamento, pigmentação e
queima dos vidros. Para realização das oficinas foram utilizados materiais didáticos
e os necessários à produção das peças de vidro.
a) Oficina de desenho e pintura
Durante oficinas de desenho, foi estudada a técnica de análise estrutural de
imagens, onde formas geométricas básicas (círculos, elipses, quadrados,
retângulos, triângulos e linhas curvas e retas) são identificadas sobre os desenhos.
O estudo das cores foi introduzido através do círculo cromático (Figura 26),
onde as mesmas são separadas em primárias (vermelho, azul e amarelo), as
secundárias (verde, laranja e violeta), as complementares (azul e laranja; verde e
vermelho; violeta e amarelo). Também foram estudados conceitos de cores
quentes (tons vermelhos e amarelos) e frias (tons azuis e verdes).
Figura 26 – Circulo cromático
Fonte: http://www.atelier-online.com/image-files/circulo-cromatico.gif, 2008.
44
Os estudos quanto à História da Arte foram introduzidos com base nos livros:
Vida e Obra de Picasso; Curso de desenho e pintura; Mestres da pintura, Picasso,
Gauguim e Modigliani; Vincent Van Gogh.
Os desenhos produzidos pelos catadores foram, posteriormente, catalogados
selecionados e tratados graficamente, a fim de proporcionar um maior contraste e
definição dos mesmos com o auxílio de um editor de imagens (Photoshop CS2).
Em seguida estes foram vetorizados em programa gráfico (Corel Draw X4). As
imagens vetorizadas não perdem qualidade ao serem ampliadas, que os vetores
são funções matemáticas que se adéquam facilmente às escalas.
Alguns desenhos foram ampliados, reproduzidos e pintados, com lápis
madeira, giz de cera coloridos e tintas guache, pelos catadores a fim de utilizar
como modelo na pigmentação das peças de vidro.
b) Desenvolvimento de moldes
Através de oficinas, os catadores desenvolveram habilidades na preparação
dos moldes em concreto celular, onde blocos foram diminuídos a fim de obterem
tamanhos compatíveis ao do desenho. Em seguida os desenhos foram repassados
para os blocos com auxílio do papel carbono e esculpidos.utilizando as técnicas
descritas por Schuartz (2002), utilizando o ângulo de saída de 110º com a base. A
ferramenta manual utilizada para esculpir o concreto celular foi o formão (Figura
27a) e a elétrica foi Dremel (Figura 27b).
Figura 27 – Ferramentas utilizadas na preparação dos moldes
Fonte: http://lx1.letti.com.br/b2c/frutodearte/images/ferramenta%202.jpg e
http://lifesatrip.files.wordpress.com/2007/08/dremel500.jpg, 2008.
45
As posições dos vidros, em relação aos moldes foram de três tipos (interno
sem abas, interno com abas e externo) e sua aplicação foi determinada através do
tipo de cada desenho e grau de dificuldade.
c) Beneficiamento, pigmentação e queima dos vidros
Foram realizadas diversas oficinas, com o objetivo de proporcionar o
conhecimento acerca das formas de beneficiamento de resíduos vítreos, bem como
os procedimentos para pigmentação e queima das peças.
Quanto ao beneficiamento foram desenvolvidas atividades de limpeza (em
água corrente e remoção de rótulos de vidros ocos), separação por tipo e cor,
trituração (manual), cortes (retos e curvos) e o polimento das extremidades. Para o
corte foi utilizado uma ferramenta com ponta diamantada, denominada “cortador de
vidro” (Figura 28).
Figura 28 – Cortador de vidros utilizado nesta pesquisa
Fonte: http://www.hobbyceramica.com.br/img/acess_vidro/cortador_g.jpg, 2008.
Para realização do corte, deve-se riscar o vidro de uma extremidade a outra,
com formas retas ou levemente curvas. O risco deve “arranhar” a superfície do
vidro, que em seguida deverá sofrer um choque mecânico com a parte posterior do
cortador de vidros, exatamente no risco, porém na face inferior. Este choque
mecânico irá provocar um defeito que ao ser pressionado fará com que o vidro seja
separado (Figura 29).
Figura 29 – Passo a passo de corte de vidro.
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
46
Após o corte deve ser realizado o polimento das extremidades do vidro, com
uso de esmerilhadeira (Figura 30), além de ferramentas manuais (lixas metálicas),
utilizando um ângulo de 45º entre o vidro e a lixa, evitando assim, acidentes.
Figura 30 – Esmerilhadeira utilizada no polimento das extremidades do vidro
Fonte: http://www.amorimferragens.com.br/imagens/makita/ga7020.jpg, 2008.
Em seguida, os catadores participaram de oficinas sobre cnicas a serem
utilizadas para pigmentação das peças. Dentre estas utilizou-se pigmentos diluídos
em água (aplicado com auxílio de pincéis) e pigmentos em pó (aplicação direta
sobre o vidro, com auxílio de peneira).
Para a aprendizagem, a cerca do processo de queima das peças, foram
realizadas oficinas onde o grupo recebeu informações sobre operação e uso do
forno da marca Jung Blumenau, modelo MCJ-10S NICR-NI48,09mV, com taxa de
aquecimento de 5,0ºC/min, bem como orientações sobre taxa de aquecimento e
resfriamento ideal para o processo de fabricação das peças.
3.2.4 Identidade visual do grupo
No intuito de identificar os produtos desenvolvidos pelos catadores da
Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos, foi necessária a escolha de um
nome e o desenvolvimento de uma identidade visual para o grupo.
A metodologia utilizada foi a de criação seletiva com análise crítica da
identidade visual por meio do grupo, onde buscou-se utilizar um design autêntico
que valorizasse a logomarca.
47
CAPÍTULO IV
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo trata dos resultados obtidos através das análises químicas e
térmicas dos vidros, dos resultados alcançados com os testes de composições
versus queimas e também com a capacitação dos catadores de resíduos vítreos.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS VÍTREOS
4.1.1 Análise química
Para uma melhor caracterização do resíduo do Vidro plano e oco, foram
realizadas análises químicas (AQ) convencionais. A Tabela 2 apresenta a
composição química do resíduo vítreo plano e oco que possuem características de
sílica-soda-cal de acordo com os valores percentuais dos óxidos de silício (69,76%
e 67,3%), de sódio (7,90% e 11,7%) e de cálcio (5,60% e 9,8%).
Tabela 2 – Análise Química do resíduo vítreo plano e oco
Amostras
P.F.
(%)
SiO
2
(%)
Al
2
O
3
(%)
Fe
2
O
3
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
MgO
(%)
Na
2
O
(%)
R.I.
(%)
Resíduo
Vítreo Plano
0,17
69,76
8,54 nd 0,02
5,60
3,43 7,90 2,94
Resíduo
Vítreo Oco
nd 67,7 4,5 nd 0,7 7,8 1,2 9,2 nd
P.F. – perda ao fogo, R.I. – resíduos insolúveis, nd – não determinado
4.1.2 Análise térmica diferencial e termogravimetria
As Figuras 31 e 32 apresentam, respectivamente, a curva DTA e TG para o
resíduo vítreo, obtidas à razão de aquecimento de 10ºC/min e atmosfera de
nitrogênio.
48
Figura 31 – Curva DTA do vidro plano na razão de aquecimento de 10
o
C/min
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Figura 32 – Curva TG do vidro plano na razão de aquecimento de 10
o
C/min
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A curva DTA apresenta duas pequenas bandas endotérmicas entre 700ºC e
750ºC e entre 800ºC e 1000
0
C, estas características da fusão do vidro, estes
valores corroboram com os obtidos por Lucena (2008). Na curva TG observou-se
uma perda de massa total de apenas 0,1mg (1%) o que mostra a alta estabilidade
térmica do vidro plano.
4.2 COMPORTAMENTO VÍTREO EM FUNÇÃO DAS TEMPERATURAS DE QUEIMA
Os resultados do estudo do comportamento vítreo em função das
temperaturas de queima podem ser verificados a seguir.
4.2.1 Composição 1
A Tabela 3 apresenta os resultados visuais da composição 1 (Vidro plano de
4mm + vidro plano de 4mm),
utilizadas durante a realização do processo de conformação.
Tabela 3 – Resultados
visuais da composição 1 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp.
1a 700ºC
1b 750ºC
1c 800ºC
1d 850ºC
1e 800ºC
1f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A Tabela 3 apresenta os resultados visuais da composição 1 (Vidro plano de
4mm + vidro plano de 4mm),
em função das temperaturas máximas de queima
utilizadas durante a realização do processo de conformação.
visuais da composição 1 à diferentes temperaturas de queima
Vista Frontal
Vista Lateral
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
49
A Tabela 3 apresenta os resultados visuais da composição 1 (Vidro plano de
em função das temperaturas máximas de queima
visuais da composição 1 à diferentes temperaturas de queima
Vista Lateral
50
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os vidros o
fundiram, suas extremidades continuaram cortantes e não houve conformação dos
materiais ao molde, tendo os mesmos permanecidos brilhantes e transparentes.
Para temperatura de queima de 750ºC, pode-se observar que se iniciou o
processo de fusão dos vidros e suas extremidades perderam o corte. Observa-se
uma pequena conformação dos materiais ao molde e os mesmos se mantêm
brilhosos e transparentes.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar que os vidros
fundem totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de ocorrer a
conformação total do material ao molde. Pode-se ainda observar a perda de brilho
e transparência, que podem ser explicadas pelo processo de desvitrificação
(cristalização), tendo em vista que não ocorreu o resfriamento brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar a fusão completa dos
vidros, tendo ocorrido o escoamento da massa vítrea para o interior do molde,
fazendo com que a amostra perdesse sua forma inicial. Da mesma forma que o
anterior, ocorreu a perda de brilho e transparência, devido ao processo de
desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar que os
vidros fundiram totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de
ocorrer a conformação total do material ao molde. Pode-se ainda observar peças
com brilho e transparência, característicos de materiais vítreos.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
51
4.2.2 Composição 2
A Tabela 4 apresenta os resultados visuais da composição 2 (Vidro plano
4mm + vidro oco colorido), em função das temperaturas máximas de queima
utilizadas durante a realização do processo de conformação.
Tabela 4 – Resultados visuais da composição 2 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp. Vista Frontal Vista Lateral
2a 700ºC
2b 750ºC
2c 800ºC
2d 850ºC
2e 800ºC
2f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
52
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os vidros o
fundiram, suas extremidades continuaram cortantes e não houve conformação dos
materiais ao molde, tendo os mesmos permanecidos brilhantes e transparentes.
Para temperatura de queima de 750ºC, pode-se observar que se iniciou o
processo de fusão dos vidros e suas extremidades perderam o corte. Observa-se
uma pequena conformação dos materiais ao molde e os mesmos se mantêm
brilhosos e transparentes.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar que os vidros
fundem totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de ocorrer a
conformação total do material ao molde. Podendo ainda observar a perda de brilho
e transparência, que podem ser explicadas pelo processo de desvitrificação
(cristalização), tendo em vista que não ocorreu o resfriamento brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar a fusão completa dos
vidros, onde ocorreu o escoamento da massa vítrea para o interior do molde,
fazendo com que a amostra perdesse sua forma inicial. Da mesma forma que o
anterior, ocorreu a perda de brilho e transparência, devido ao processo de
desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar que os
vidros fundiram totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de
ocorrer a conformação total do material ao molde. Pode-se ainda observar peças
com brilho e transparência, característicos de materiais vítreos.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
53
4.2.3 Composição 3
A Tabela 5 apresenta os resultados visuais da composição 3 (Vidro plano
4mm + esmalte porcelânico), em função das temperaturas máximas de queima
utilizadas durante a realização do processo de conformação.
Tabela 5 - Resultados visuais da composição 3 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp. Vista Frontal Vista Lateral
700ºC
3b 750ºC
3c 800ºC
3d 850ºC
3e 800ºC
3f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
54
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os esmaltes
porcelânicos se aderem ao vidro, porém com acabamento áspero e fosco, suas
extremidades continuaram cortantes e não houve conformação do material ao
molde, tendo o vidro (base) permanecido brilhante e transparente.
Para temperatura de queima de 750ºC, os esmaltes porcelânicos se aderem
ao vidro, com acabamento brilhante e liso. A base se mantém brilhosa e
transparente, suas extremidades perdem o corte e observa-se uma pequena
conformação do material ao molde.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar uma pequena perda
de intensidade das cores dos esmaltes porcelânicos. As extremidades do vidro
tornaram-se abauladas, além de ocorrer a conformação total do material ao molde.
Podendo ainda observar a perda de brilho e transparência do vidro, que podem ser
explicadas pelo processo de desvitrificação (cristalização), tendo em vista que não
ocorreu o resfriamento brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar uma maior perda de
intensidade das cores dos esmaltes porcelânicos. As extremidades do vidro
tornaram-se abauladas, além de ocorrer a conformação total do material ao molde.
Houve o escoamento da massa vítrea para o interior do mesmo, fazendo com que
a amostra perdesse sua forma inicial. Também ocorreu a desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar um
resultado similar ao obtido aos 800ºC, porém com brilho e transparência.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
55
4.2.4 Composição 4
A Tabela 6 apresenta os resultados visuais da composição 4 (Vidro plano
4mm + esmalte vítreo), em função das temperaturas máximas de queima utilizadas
durante a realização do processo de conformação.
Tabela 6 – Resultados visuais da composição 4 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp. Vista Frontal Vista Lateral
4a 700ºC
4b 750ºC
4c 800ºC
4d 850ºC
4e 800ºC
4f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
56
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os esmaltes vítreos
se aderem ao vidro, com acabamento brilhante e liso, suas extremidades
continuaram cortantes e não houve conformação do material ao molde, tendo o
vidro (base) permanecido brilhante e transparente.
Para temperatura de queima de 750ºC, os esmaltes vítreos se aderem ao
vidro, porém com uma pequena perda de intensidade dos pigmentos. As
extremidades da base perderam o corte, observa-se uma pequena conformação do
material ao molde e a mesma se mantém brilhosa e transparente.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar uma maior perda de
intensidade das cores dos esmaltes vítreos. As extremidades do vidro tornaram-se
abauladas, além de ocorrer a conformação total do material ao molde. Podendo
ainda observar a perda de brilho e transparência, que podem ser explicadas pelo
processo de desvitrificação (cristalização), tendo em vista que não ocorreu o
resfriamento brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar uma grande perda de
intensidade das cores dos esmaltes vítreos. As extremidades do vidro tornaram-se
abauladas, além de ocorrer a conformação total do material ao molde, houve o
escoamento da massa vítrea para o interior do mesmo, fazendo com que a amostra
perdesse sua forma inicial. Também ocorreu a desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar um
resultado similar ao obtido aos 800ºC, porém com brilho e transparência.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
57
4.2.5 Composição 5
A Tabela 7 apresenta os resultados visuais da composição 5 (Vidro plano
10mm + vidro plano 4mm), em função das temperaturas máximas de queima
utilizadas durante a realização do processo de conformação.
Tabela 7 – Resultados visuais da composição 5 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp. Vista Frontal Vista Lateral
700ºC
5b 750ºC
5c 800ºC
5d 850ºC
5e 800ºC
5f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
58
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os vidros iniciaram a
fusão, suas extremidades continuaram cortantes e não houve conformação dos
materiais ao molde, tendo os mesmos permanecidos brilhantes e transparentes.
Para temperatura de queima de 750ºC, pode-se observar o processo de fusão
dos vidros e suas extremidades perderam o corte. Observa-se uma pequena
conformação dos materiais ao molde e os mesmos se mantêm brilhosos e
transparentes.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar que os vidros
fundem totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de ocorrer a
conformação total do material ao molde. Podendo ainda observar a perda de brilho
e transparência, que podem ser explicadas pelo processo de desvitrificação
(cristalização), tendo em vista que não ocorreu o resfriamento brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar a fusão completa dos
vidros, onde ocorreu o escoamento da massa vítrea para o interior do molde,
fazendo com que a amostra perdesse sua forma inicial. Também ocorreu a
desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar um
resultado similar ao obtido aos 800ºC, porém com brilho e transparência.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
59
4.2.6 Composição 6
A Tabela 8 apresenta os resultados visuais da composição 6 (Solda de 2
vidros planos de 4mm), em função das temperaturas máximas de queima utilizadas
durante a realização do processo de conformação.
Tabela 8 – Resultados visuais da composição 6 à diferentes temperaturas de queima
Item Temp. Vista Frontal Vista Lateral
700ºC
6b 750ºC
6c 800ºC
6d 850ºC
6e 800ºC
6f 800ºC
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
60
Percebe-se que para a temperatura de queima de 700ºC os vidros iniciaram a
fusão e solda, suas extremidades continuaram cortantes e não houve conformação
dos materiais ao molde, tendo os mesmos permanecidos brilhantes e
transparentes.
Para temperatura de queima de 750ºC, pode-se observar o processo de fusão
e solda entre os vidros e suas extremidades perderam o corte. Observa-se uma
pequena conformação dos materiais ao molde e os mesmos se mantêm brilhosos e
transparentes.
Para temperatura de queima de 800ºC, pode-se observar que os vidros
fundem e soltam totalmente e suas extremidades tornaram-se abauladas, além de
ocorrer a conformação total do material ao molde. Podendo ainda observar a perda
de brilho e transparência, que podem ser explicadas pelo processo de
desvitrificação (cristalização), tendo em vista que não ocorreu o resfriamento
brusco da amostra.
Na temperatura de queima de 850ºC, pode-se observar a solda e fusão
completa dos vidros, onde ocorreu o escoamento da massa vítrea para o interior do
molde, fazendo com que a amostra perdesse sua forma inicial. Também ocorreu a
desvitrificação.
A temperatura de 800ºC foi a mais adequada para fusão desta composição,
porém, devido à desvitrificação, foi necessária a realização de uma nova queima
que obedecesse aos procedimentos alertados por Schuartz para evitar o
acabamento fosco. Durante este novo procedimento pode-se observar um
resultado similar ao obtido aos 800ºC, porém com brilho e transparência.
Durante o ultimo procedimento foi repetida a temperatura de 800ºC com
aquecimento constante e choque térmico no final. Tal experimento resultou em
peças similares às obtidas anteriormente, comprovando que no procedimento de
Schuartz o essencial é o choque térmico, que evita a desvitrificação, e não o
processo de aquecimento até a temperatura patamar.
4.3 CAPACITAÇÕES
4.3.1
Curso no Ateliê Espaço Zero
Durante a participação da equipe no curso de
possível adquirir noções básicas
wet felt
(manta molhada)
e beneficiamento.
Os resultados obtidos
Figura 33 –
Resultados com a técnica
Fonte: Pesquisa direta
4.3.2 Capacitação d
os
a) Oficina de d
esenho
Com o uso da técnica de análise estrutural de imagens, foi possível a
produção de diversos desenhos pelo grupo (
produzidas, pode-
se obser
estruturação de desenhos e imagens.
Figura 34 – Alguns dos d
esenh
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Curso no Ateliê Espaço Zero
Durante a participação da equipe no curso de
A
rtesanato em
possível adquirir noções básicas
em:
confecção de moldes em concreto celular
(manta molhada)
; fusão do vidro; sopro em cana
; além de técnicas em vitral
Os resultados obtidos
no
curso podem se vistos na
Resultados com a técnica
vistas no curso de Artesanato em
Vidro
os
catadores
esenho
e pintura
Com o uso da técnica de análise estrutural de imagens, foi possível a
produção de diversos desenhos pelo grupo (
Figura 34).
Através das estruturas
se obser
var que ocorreu a aprendizagem, no que diz respeito à
estruturação de desenhos e imagens.
esenh
os de estrutura produzido pelo grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
61
rtesanato em
Vidro, foi
confecção de moldes em concreto celular
e
; além de técnicas em vitral
curso podem se vistos na
Figura 33.
Vidro
Com o uso da técnica de análise estrutural de imagens, foi possível a
Através das estruturas
var que ocorreu a aprendizagem, no que diz respeito à
62
Através da realização da oficina sobre simetria, utilizando dobras e recortes
de papel (Figura 35), foi possível observar o desenvolvimento da criatividade e
habilidades manuais do grupo, além da percepção da representação de imagens
com partes iguais.
Figura 35 – Resultados das oficinas de desenhos de simetria e recortes
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Visando o desenvolvimento do processo criativo, a história da arte foi,
brevemente, apresentada, a partir, da exibição de obras e um pouco da vida de
artistas famosos como Matisse (Figura 36a), Monet (Figura 36b), Picasso (Figura
36c) e Salvador Dali.
Figura 36 – Pinturas de artistas famosos apresentadas ao grupo de catadores
Fonte: http://galeriapablopicasso.blogspot.com, 2008.
Durante as oficinas de desenho foram geradas várias representações pelos
catadores, algumas delas podem ser visualizadas na Figura 37. Em seguida os
desenhos foram catalogados e alguns selecionados, visando a produção de peças
em vidro. Após a seleção estes desenhos foram editados graficamente (Photoshop
CS2), como mostra a Figura 38, onde houve a separação, aumento de contraste e
ampliação dos desenhos.
63
Figura 37 – Alguns dos desenhos elaborados pelo grupo de catadores
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Figura 38 – Interface do programa Adobe Photoshop CS2
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
As imagens selecionadas foram vetorizadas, a fim serem utilizadas para as
aulas de pintura, bem como a produção dos moldes (Figura 39).
64
Figura 39 – Interface do Corel Draw X4 na vetorização de imagens
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Alguns dos resultados obtidos através da separação, tratamento e vetorização
dos desenhos podem ser verificados na Figura 40.
Figura 40 – Alguns dos desenhos selecionados e vetorizados
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Através oficinas de pinturas dos desenhos selecionado, os catadores
utilizaram diversos materiais (lápis madeira, giz de cera coloridos e tintas guache)
sobre o papel. Houve a interação do grupo, possibilitando assim um trabalho em
equipe (Figura 41).
65
Figura 41 – Catadores durante oficina de desenho
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A Figura 42 apresenta alguns dos resultados obtidos pelo grupo. Pode-se
observar a utlização, não convencional, de diversas cores e texturas. A Figura 43
apresenta os resultados obtidos através do uso técnica de pintura em guache sobre
o papel. Este aprendizado irá contribuir no processo de pigmentação dos vidros.
Figura 42 – Alguns dos desenhos pintados com lápis madeira e giz de cera pelos catadores
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Figura 43 – Alguns dos desenhos pintados em tinta guache com pincel pelos catadores
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
b) Desenvolvimento
Nesta etapa
, os catadores
auxílio de ferramentas manuais e elétricas
Figura 44 –
Trabalho realizado durante as oficinas de desenvolvimento de
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Como resultados foram
conformações,
baseados nos desenhos elaborados pelo grupo (Figura 4
Figura 45 – Moldes
em concreto celular desenvolvidos pelo grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
As
posições dos vidros, em relação aos moldes foram de três tipos (interno
sem abas, interno com abas e externo) e sua aplicação foi determinada através do
tipo de cada desenho e grau de dificuldade.
Durante as oficinas
moldes, garantindo assim o andamento do projeto.
dos moldes
, os catadores
desenvolveram
moldes em concreto celular, com o
auxílio de ferramentas manuais e elétricas
(Figura 44).
Trabalho realizado durante as oficinas de desenvolvimento de
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Como resultados foram
produzidos moldes de diferentes tamanhos
baseados nos desenhos elaborados pelo grupo (Figura 4
em concreto celular desenvolvidos pelo grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
posições dos vidros, em relação aos moldes foram de três tipos (interno
sem abas, interno com abas e externo) e sua aplicação foi determinada através do
tipo de cada desenho e grau de dificuldade.
Durante as oficinas
, pôde-
se observar o aprendizado de dese
moldes, garantindo assim o andamento do projeto.
66
moldes em concreto celular, com o
Trabalho realizado durante as oficinas de desenvolvimento de
moldes
produzidos moldes de diferentes tamanhos
, formas e
baseados nos desenhos elaborados pelo grupo (Figura 4
5.
posições dos vidros, em relação aos moldes foram de três tipos (interno
sem abas, interno com abas e externo) e sua aplicação foi determinada através do
se observar o aprendizado de dese
nvolvimento dos
67
c) Beneficiamento, pigmentação e queima dos vidros
Os resultado obtidos nesta etapa foram de fundamental importância para o
processo de reciclagem dos resíduos vítreos.
Como atividades de beneficiamento dos resíduos vítreos, foram realizados
procedimentos de limpeza, separação por tipo e cor, além da trituração e corte. A
Figura 46 apresenta os resultados obtidos pelo grupo durante estas oficinas.
Figura 46 – Limpeza, trituração e corte dos resíduos vítreos
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Foi possível identificar algumas dificuldades durante esta etapa devido à
impossibilidade de utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s), tendo
em vista que em algumas atividades, seu uso comprometeu os resultados, no que
diz respeito à precisão.
Antes da pigmentação das peças, se fez necessário o recobrimento dos
moldes com caulim (Figura 47), a fim de preencher os poros existentes no concreto
celular, além de isolá-lo do vidro após a fusão, facilitando com isso o processo de
desmoldagem das peças.
Figura 47 – Aplicação de caulim sobre os moldes de concreto celular
Fonte: Pesquisa direta, 2008
A Figura 48
apresenta alguns trabalhos em que a pigmentação dos vidros foi
realizada
pelos catadores
Figura 48 –
Pigmentação das peças em vidro
Fonte: Pesquisa
direta, 2008.
Os resultados obtidos após as queimas das peças das Figuras 4
verificados na Figura 4
9
peças (Figura 48a e 49
a).
Figura 49 – Alguns dos r
esultados
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
A Figura 50
apresenta outros resultados obtidos
domínio das técnicas estudadas, onde
sustentabilidade do grupo
apresenta alguns trabalhos em que a pigmentação dos vidros foi
pelos catadores
, através d
o uso de esmaltes diluídos e em pó.
Pigmentação das peças em vidro
com técnicas diferenciadas
direta, 2008.
Os resultados obtidos após as queimas das peças das Figuras 4
9
, onde pode ser observada a mudança na coloração das
a).
esultados
obtidos pela queima das peças desenvolvidas pelo grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
apresenta outros resultados obtidos
pelos catadores
domínio das técnicas estudadas, onde
pode-se
vislumbrar a possibilidade de
sustentabilidade do grupo
.
68
apresenta alguns trabalhos em que a pigmentação dos vidros foi
o uso de esmaltes diluídos e em pó.
com técnicas diferenciadas
Os resultados obtidos após as queimas das peças das Figuras 4
8 podem ser
, onde pode ser observada a mudança na coloração das
obtidos pela queima das peças desenvolvidas pelo grupo
pelos catadores
após o
vislumbrar a possibilidade de
Figura 50 –
Resultados das peças
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
4.4
IDENTIDADE VISUAL
Visando a identificação visual dos produtos desenvolvidos pelo grupo de
catadores da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos, foi gerado um nome
fantasia denominado
CAVí (Centro de Arte em Vidros) e gerada uma logomarca
representativa (Figura 51).
Figura 51 –
Identidade visual do grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
Resultados das peças
geradas pelo grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
IDENTIDADE VISUAL
DO GRUPO
Visando a identificação visual dos produtos desenvolvidos pelo grupo de
catadores da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos, foi gerado um nome
CAVí (Centro de Arte em Vidros) e gerada uma logomarca
representativa (Figura 51).
Identidade visual do grupo
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
69
Visando a identificação visual dos produtos desenvolvidos pelo grupo de
catadores da Unidade de Beneficiamento de Materiais Vítreos, foi gerado um nome
CAVí (Centro de Arte em Vidros) e gerada uma logomarca
70
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS
5.1 CONCLUSÕES
Tendo em vista que este projeto teve como objetivo a caracterização físico-
química e térmica de resíduos vítreos visando o desenvolvimento de produtos
reciclados e a sustentabilidade de um grupo de catadores do município de
Campina Grande – PB, pode-se concluir que:
a) Caracterização dos resíduos
Quanto à análise química, os resíduos de vidro plano e oco são compostos,
basicamente por óxido de silício, óxido de sódio e óxidos de cálcio, sendo portanto
denominado de vidro de sílica-soda-cal.
A termogravimetria possibilitou o estudo do comportamento térmico destes
resíduos evidenciando sua alta sob as condições de análise. Os resultados de
análise térmica diferencial evidenciaram bandas endotérmicas referentes à fusão
dos resíduos. Estas informações possibilitaram a determinação das temperaturas
de queima a serem estudadas no processo de reciclagem.
b) Comportamento vítreo em função das temperaturas de queima
Dentre as diferentes temperaturas de queima estudadas, foi possível concluir
que a temperatura de 800ºC mostrou-se ideal para os materiais e composições
utilizados nesta pesquisa.
As diferentes composições utilizadas, entre vidro plano, oco e esmaltes
apresentaram resultados satisfatórios do ponto de vista artístico, possibilitando
suas aplicações em diversas áreas, como pastilhas para revestimento, peças
ornamentais, louças, dentre outros.
71
c) Capacitação dos catadores
Os catadores envolvidos nas oficinas adquiriram conhecimentos teóricos e
práticos a cerca do processo de reciclagem de materiais vítreos, alem de
desenvolverem suas habilidades artísticas, até então desconhecidas por eles,
resultando no aumento da auto-estima e sustentabilidade do grupo.
5.2 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS
Baseado nos resultados obtidos nesta pesquisa, recomenda-se:
Estudar outras composições com diferentes resíduos vítreos (espelhos,
lâmpadas, lentes ópticas, etc.), visando o reaproveitamento e a
reciclagem;
Estudar a possibilidade de composições, através da junção de materiais
cristalinos e amorfos, como por exemplo cerâmicas, metais e vidros;
Estudar diferentes processos e temperaturas de queima visando a
obtenção de novas texturas, efeitos e acabamentos;
Estudar diferentes materiais para o desenvolvimento de moldes, visando
novos procedimentos de obtenção dos mesmos;
Intensificar as capacitações, junto ao grupo de catadores, visando a
utilização de outros materiais e técnicas, possibilitando assim novas
perspectivas de geração de emprego e renda.
72
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( http://www.livrosgratis.com.br )
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