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(MENDES, 2009). Entretanto, não foi observado qualquer uma dessa tendência no trabalho de
campo.
Os/as professores/as que vêm procurando introduzir “inovações metodológicas” no
ensino de matemática, mesmo de forma incipiente, sem muito fundamento, reconhecem que
essas atividades são as que mais chamam atenção dos/das estudantes:
Olha, posso dar um exemplo. Eu agora pedi que eles fizessem uma paródia usando
a matemática e em outras duas turmas, eu pedi que eles fizessem uma ponte entre a
matemática e temas de outras disciplinas, conteúdo de outras disciplinas e eles
estão até empolgados. Então, a questão da interdisciplinaridade, a questão da
aplicação da matemática, eu senti que eles estão buscando, estão curiosos em
descobrir, em fazer alguma coisa, nesse momento não por causa da nota, mas eles
estão assim buscando, estão interessados na proposta. (“D”)
O lúdico. Porque eles agem, eles interagem, eles gostam, é..., se bem que eles não
associam o lúdico à aula, você tem que falar muito, eles acham que é aula livre, né?
Então, você tem que trabalhar essa questão. [...] Olha eu trabalho com...
amarelinha, com aquela música cada um no seu quadrado, eles amaram. Na
geometria, tem a questão da bola, do triângulo, do cone, vamos confeccionar, é...
trabalho muito com a música, onde eu tento inserir, ou até mesmo eles, eles
conseguem criar, fazem trabalhos maravilhosos, colocam as letras nas músicas,
minha filha, é maravilhoso, precisa ver, eles fazem isso também; na música, precisa
ver! Trabalho também um pouquinho de educação física, voltado né? Eles vão
pular corda, eles vão contar um dois, três...e ai depois a gente pergunta os múltiplos
[...]. (“A”).
Olha ... É eu tenho trabalhado desde que eu fiz o curso do Gestar que é uma forma
diferenciada de trabalhar vários conteúdos em uma só atividade e é uma coisa que
chama muita atenção deles e até aqueles alunos que não gostam de ficar em sala de
aula.., as atividade do Gestar é geral, eles participam, eles gostam bastante. (“B”).
A postura autoritária do professor, o tradicionalismo no ensino, a falta de preocupação
com a aprendizagem dos alunos, o excesso de abstracionismo dos conteúdos sem
contextualização e a negativação dos resultados foram os assuntos mais ressaltados pelos
alunos, principalmente nas filmagens. Alguns alunos ressaltaram as “brincadeiras”, a
“indisciplina” e a “falta de estudo” como fatores que contribuíram para o fracasso e a
reprovação na disciplina, assumindo a culpa pelo “insucesso”, entretanto reforçam que o/a
professor/a não procura “explicar” melhor.
Os dois educadores que trocaram de turma a pedido dos alunos do 3º ano vespertino,
atribuem aos alunos a responsabilidade pela aprendizagem escolar, não admitem inovações no
ensino, são rígidos em suas colocações:
Tudo é uma questão de interpretação. Se a gente faz, por exemplo, um trabalho em
sala de aula, se a gente lê o texto todo pra ele, bota a fórmula ali, pronto, eles
gostam, eles conseguem, eles não tem dificuldade nenhuma nisso, eles não têm
dificuldade. Até a gente jogar a fórmula, eles decoram a fórmula, a gente se
predispõem colocar a fórmula na prova, porque a questão da gente, a gente já viu,
com relação a matemática não é a fórmula em si, não é ele saber calcular, é a
preguiça de interpretar, ou seja, ele não aceitar interpretar matemática, ele aceita