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Ou seja, quando comparado a localidade de hoje, concorda-se com o que já foi
afirmado por Yázigi (2001), anteriormente, de um espaço que acaba ganhando ares de
fragmento de cidade grande, perdendo-se inclusive as características e qualidade da vida de
uma cidade pequena. A partir do olhar de Luchiari (2001), depreende-se que o imaginário
coletivo define a concepção social de natureza e a traduz, transformando-a em artefatos
materiais e simbólicos, ou seja, em cultura. Esse imaginário coletivo, em Guaibim, sofreu
transformações com o processo de turistificação, introduzindo elementos que marcam a
cultura do lugar, portanto, é inegável que a paisagem seja portadora de sentido. De acordo
com Corrêa,
A produção de um novo contexto material altera a forma/paisagem e introduz novas
funções, valores e objetos. Esses objetos, formas dotadas de conteúdos, permeadas
pelas ações e contextualizadas por um sistema de valores, são imbuídos de
significação e intencionalidades. (LUCHIARI, 2001, p.12-13)
Refletindo sobre o que propõe esse autor, é possível compreender que ocorreram
mudanças no que era a Vila de São José para o destino turístico Guaibim, que acabou se
tornando um lugar turístico, sem um prévio planejamento, o que reflete diretamente na
organização desse espaço tão carente de infraestruturas, não apenas para a comunidade, mas
até mesmo para receber o turista. Essa visão desse espaço é comum também aos hoteleiros
que, quando questionados sobre as mudanças que ocorreram na paisagem de Guaibim,
principalmente no que concerne à infraestrutura, em unanimidade as respostas foram as
seguintes:
“Mudou muita coisa já que não se tinha energia, água, estradas, transportes, e a gente ia para Valença
andando ou de animal. Pra mim mudou muita coisa. Pelos menos antes do turismo não tinha emprego e agora
tem, ainda que seja poucos, tem. Pra mim mudou tudo, não tinha supermercados e hoje tem, tem asfalto, hoje é
melhor, apesar de precisar melhorar muita coisa. [...] hoje ainda falta muita coisa, tem lugares sem calçamento,
esgotamento não tem, ficando tudo a céu aberto, descendo para o rio, quer dizer, para a praia. Falta emprego,
pois só tem no verão. Não tem lazer para a crianças, nem um bom ensino. Num tem atividade para os meninos
que estão crescendo e aí eles se envolvem no mundo das drogas.” ( Entrevista realizada em Agosto 2009, com a
C.C, 40 anos, gerente de Pousada.)
“Aqui, o que mais tem mudado é o número de construções que vem crescendo muito, agora a
infraestrutura é ruim ainda [...] precisa melhor a iluminação, construir uma orla, melhorar a pavimentação das
ruas, pois tem muitas que, quando chove, alaga tudo, uma praça, que agora é que estão começando a arrumar.” (
Entrevista realizada em Agosto de 2009, J.M, 56 anos, proprietário de Pousada.)