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fígado mantém um equilíbrio entre as quantidades relativas de parênquima e
estroma, através da produção concomitante das proteínas de depósito, com as
enzimas proteolíticas específicas, responsáveis pela degradação da matriz
extracelular (MARTINEZ-HERNANDES & CHUNG, 1984).
A principal fonte das proteínas da matriz extracelular (MEC) do fígado são as células
perisinusoidais denominadas de células estreladas ou células de Ito (ARESON et al,
1988). Elas são consideradas as chaves efetoras da resposta fibrótica, sendo o
principal alvo das citocinas fibrogênicas (FRIEDMAN, 1993). Os estudos
demonstram que após necrose de hepatócitos, populações de células
perisinusoidais são ativadas. Uma vez ativadas essas células proliferam e passam a
produzir aproximadamente 5 vezes mais colágenos fibrilares tipos I e III e
glicoproteínas associadas (STENGER, 1966). Em lesões agudas este fenômeno é
transitório. Contudo em doenças crônicas a ativação das células perisinusoidais
ocorre associada a uma modulação fenotípica para miofibroblastos, adquirindo um
formato alongado com um proeminente retículo endoplasmático, aumentando a
expressão de RNA para vários componentes da matriz extracelular, diminuindo
consideravelmente a quantidade de vitamina A intracelular e passando a exibir
marcadores para alfa actina de músculo liso (BURT, 1993; FRIEDMAN, 1999). Em
muitas espécies, as células perisinusoidais são os principais sítios de estocagem de
vitamina A. São lipócitos que, em estado de quiescência, expressam o citoesqueleto
de proteína desmina e contêm citoplasma largamente composto por gotículas
lipídicas de ésteres de retinol. Elas normalmente são responsáveis pela produção da
matriz extracelular, secretando predominantemente colágeno tipo IV, fibronectina,
cadeias específicas de laminina e pequenas quantidades de colágenos fibrilares tipo
I e III (DAY, 1996; CABALLERO-MENDONZA et al, 1999).
Sugere-se que a ativação das células perisinusoidais é mediada, em parte pela
alteração na composição dos elementos da matriz extracelular que ocorre durante a
lesão do fígado, e por várias citocinas fibrosantes, sendo o fator de crescimento
tumoral (TGF-β) e o fator de crescimento plaquetário (PDGF) as principais (BURT,
1993 ).
Dois outros tipos celulares parecem exercer grande influência no processo
fibrogênico, as células endoteliais residentes nos sinusóides, as quais, quando
lesadas sintetizariam isoformas de fibronectina que estimulariam a ativação das
células estreladas; e também as células de Kupffer, macrófagos residentes, que
quando ativados são componentes críticos na cascata da fibrogênese hepática