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INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Doutorado em Biologia Celular e Molecular
ANGIOGÊNESE E FIBROSE HEPÁTICA EXPERIMENTAL
QUELI TEIXEIRA LEMOS
Rio de Janeiro
2008
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Livros Grátis
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iii
Instituto Oswaldo Cruz
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
QUELI TEIXEIRA LEMOS
ANGIOGÊNESE E FIBROSE HEPÁTICA EXPERIMENTAL
Tese apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Doutor em Biologia Celular e
Molecular.
Orientador: Dr. Zilton de Araújo Andrade
RIO DE JANEIRO
2008
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iv
Instituto Oswaldo Cruz
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
QUELI TEIXEIRA LEMOS
ANGIOGÊNESE E FIBROSE HEPÁTICA EXPERIMENTAL
ORIENTADOR (ES): Prof. Dr. Zilton de Araújo Andrade
Aprovada em: 25/08/2008
EXAMINADORES:
Prof. Dr. Mitermayer Galvão dos Reis - Presidente
Prof. Dr. Fausto Edmundo Lima Pereira
Prof. Dr
a
. Márcia Maria de Souza
Prof. Dr. Raimundo Paraná Filho
Prof. Dr. Arion Barbosa Almeida Junior
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2008
v
As coisas que os olhos não viram,
e os ouvidos não ouviram, e não
chegaram ao coração do homem,
são as que Deus preparou para os
que o amam.
I Corintios 2:9
vi
Ao meu Senhor Jesus, minha fortaleza,
socorro presente em todos os
momentos.
Ao meu amado esposo Kleber, pelo
incentivo, exemplo de determinação e
paciência.
Aos meus filhos: Kleber e Kevin,
minhas maiores realizações na vida.
A minha mãe, família e amigos pelo
apoio e confiança.
vii
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Zilton A. Andrade, um grande exemplo de pesquisador e profissional para
todas as pessoas que tiveram a honra de tê-lo como orientador, pela confiança,
disponibilidade e carinho o qual trata a todos sem distinção. Minha grande
admiração, respeito e gratidão. Estará sempre em minhas orações. Muito obrigada
À Professora Dr. Sônia G. Andrade, pela revisão do trabalho e pelo exemplo de
pesquisadora que tanto nos inspira. Muito obrigada.
Ao Coordenador do Curso de Biologia Celular e Molecular, Dr. Milton Ozório Moraes,
pelo apoio institucional. Muito obrigada.
Ao Diretor do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Dr. Mitermayer Galvão dos Reis,
pelo apoio institucional, atenção e exemplo de determinação que muito me inspirou.
Muito obrigada.
Ao CPqGM, como órgão facilitador para o desenvolvimento de todo o trabalho
experimental.
À Bióloga Elisângela Trindade do Laboratório de Patologia Experimental, pelo
auxílio, amizade e disponibilidade. Muito obrigada.
À Bióloga e Mestre Ana Cristina pela cooperação nas imuno-histoquímicas, pela
atenção e carinho a mim dispensado. Muito obrigada.
À Doutora Márcia Maria de Souza, pelo auxilio, incentivo e preciosa amizade. Muito
obrigada.
À Mestre, Bárbara Cristina Alves de Assis, pela cooperação na realização do modelo
com soro de porco, disponibilidade, amizade e grande exemplo de determinação e
competência. Obrigada.
viii
Ao Sr. Antônio Carlos S. Santos, Técnico do Laboratório de Patologia Experimental
pelo auxilio com o manuseio dos animais no laboratório e disponibilidade. Muito
obrigada.
Aos Amigos do Laboratório de Patologia Experimental, pela ajuda e amizade a mim
dispensada. Que Deus os abençoe. Muito obrigada.
Aos Amigos do Laboratório de Chagas Experimental Autoimunidade e Imunologia
Celular pelo incentivo. Muito obrigada.
Às Técnicas do Laboratório de Histopatologia do Centro de Pesquisa Gonçalo
Moniz, pela competência com a qual realizaram os cortes e colorações histológicas
deste trabalho. Muito obrigada
Às Secretárias da s-graduação do Instituto Oswaldo Cruz, pela disponibilidade,
paciência e atenção. Muito obrigada.
À Secretária da pós-graduação do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Taíse
Coutinho Caíres, pela disponibilidade, simpatia e atenção. Muito obrigada
A Rejane Márcia Chaves de Menezes, chefe da experimentação do Biotério do
Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz pelo cuidado e organização dos animais no
biotério, eficiência e agilidade com que desempenha seu trabalho. Muito obrigada.
À Bibliotecária Ana Maria Fiscina Sampaio, do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz
pela ajuda na organização das referências bibliográficas, correções e pela
disponibilidade e simpatia. Muito obrigada.
A Todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização
desse trabalho, muito obrigada.
Apoio Financeiro: CNPq
ix
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO 01
2 JUSTIFICATIVA 02
3
3.1
3.2
OBJETIVO
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
02
02
02
4 HIPÓTESE 03
5 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 04
5.1 Angiogênese 04
5.2 Fibrose hepática
08
5.2.1 Aspectos Morfológicos da fibrose hepática 12
5.2.2 Modelos Experimentais 13
5.2.2-1
Modelo de indução de fibrose septal por Soro de Porco 13
5.2.2-2
Modelo de indução de fibrose septal por Capillaria hepática
15
5.2.2-3
Modelo de Indução de fibrose septal por Tetracloreto de
Carbono(CCl
4
)
17
5.2.2-4
Modelo de indução de fibrose pela Ligadura do Colédoco 19
5.2.2-5
Modelo de indução de fibrose pela Infecção por S. mansoni
20
6 MATERIAIS E MÉTODOS 24
6.1 Animais
24
6.2 Grupos Experimentais 24
6.2.1 Grupo Experimental com Esquistossomose murina
24
6.2.2
Grupo Experimental com Capillaria hepatica
24
6.2.3 Grupo Experimental com Soro de Porco 24
6.2.4 Grupo Experimental com CCl
4
25
6.2.5 Grupo Experimental com Ligadura do colédoco 25
x
6.3 Anestesia 25
6.4 Eutanásia 25
6.5 Histopatologia 25
6.6 Imuno-histoquímica 26
6.6.1 Imuno-fluorescência 26
6.6.2 Imuno-peroxidase 26
7 RESULTADOS 27
7.1 Generalidades 27
7.2
Modelos
28
7.2.1 Grupo Experimental com Esquistossomose murina 28
7.2.2
Grupo Experimental com Capillaria hepatica
29
7.2.3 Grupo Experimental com Soro de Porco 30
7.2.4 Grupo Experimental com CCl
4
31
7.2.5 Grupo Experimental com Ligadura do colédoco 32
8 DISCUSSÃO
43
8.1 Generalidade 43
8.2 Peculiaridades 47
9 CONCLUSÕES 56
10 PERSPECTIVAS FUTURAS 56
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
VEGF.....................Fator de crescimento do endotélio Vascular
Fator VIII.............. Fator de Von Willenbrand
Ang1......................Angiopoetina 1
FGFb......................Fator de crescimento de fibroblasto beta,
TGF-β1...................Fator de crescimento transformador de
crescimento beta-1
PDGF......................Fator de crescimento derivado de plaqueta
TNF-α......................Fator de necrose tumoral alfa
HGF.........................Fator de crescimento do hepatócito
IGF-1........................Fator de crescimento semelhante a insulina-1
MCP-1......................Proteína quimiotática para monócito-1
xii
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
ANGIOGÊNESE E FIBROSE HEPÁTICA EXPERIMENTAL
RESUMO
TESE DE DOUTORADO
Queli Teixeira Lemos
Na cicatrização dos ferimentos a fase de intensa proliferação vascular (tecido de
granulação) constitui um aspecto crucial indicativo da formação do tecido fibroso do
reparo. Vários trabalhos recentes têm chamado a atenção para a semelhança deste
processo com a patogênese da fibrose hepática. De fato, tem sido demonstrado que
a proliferação vascular (angiogênese) ocorre como uma alteração proeminente em
várias doenças crônicas fibrosantes do fígado. Os modelos experimentais de fibrose
septal induzida pela infecção por Capillaria hepatica no rato, por ligadura do ducto
biliar do rato, e pela esquistossomose no camundongo foram recentemente
utilizados para demonstrar a estreita relação entre angiogênese e fibrose hepática.
O presente trabalho procura investigar, comparativamente, a presença de
angiogênese, suas características evolutivas, intensidade e peculiaridades nos
modelos experimentais de fibrose hepática mais comumente utilizados. Para tal,
cinco modelos diferentes e bem padronizados de fibrose hepática foram escolhidos:
a) Fibrose septal induzida pela infecção com o helminto Capillaria hepatica no rato;
b) Fibrose septal induzida pelo tratamento repetido com soro de porco em ratos; c)
Fibrose com cirrose, provocada pelo tratamento crônico com o tetracloreto de
carbono (CCl
4
); d) fibrose biliar provocada pela ligadura total do colédoco de ratos; e
e) fibrose granulomatosa e periportal produzida em camundongos pela infecção
crônica pelo Schistosoma mansoni. A primeira etapa do trabalho consistiu na
produção experimental de cada tipo de fibrose hepática. A segunda etapa consistiu
na avaliação dos resultados através do estudo qualitativo com técnicas histológicas
e imuno-histoquímicas, tendo sido avaliadas: as características dos elementos
celulares, matriciais e vasculares. Além da atenção dada ao comportamento do
endotélio (fator VIII), da membrana basal vascular (laminina, fibronectina, colágeno
tipo IV), paredes vasculares (actina, elastina) e da participação do fator de
crescimento do endotélio vascular VEGF, uma atenção especial foi dada ao
comportamento dos pericitos, elementos celulares cruciais na fibrogênese e
possivelmente a razão de ser da angiogênese, em virtude do seu papel na formação
e remodelamento do tecido conjuntivo fibroso.
O comportamento da angiogênese, sua intensidade, sua relação sequencial com o
depósito de matriz extracelular, foram particularmente consideradas em cada modelo
per se, e depois analisada comparativamente. Todos os modelos exibiram
angiogênese associada com fibrogênese, sendo que a inter-relação patogenética
mais evidente foi sugerida nos modelos da capilaríase e da ligadura do ducto biliar.
xiii
ANGIOGENESIS AND EXPERIMENTAL HEPATIC FIBROSIS
ABSTRACT
DOCTORAL THESIS
Queli Teixeira Lemos
During wound healing the development of marked vascular proliferation (granulation
tissue) represents a crucial phase of the repair process. Recent publications call
attention to the main characteristics of this process being present during the
pathogenesis of hepatic fibrosis. As a matter of fact, prominent vascular proliferation
(angiogenesis) appears associated with fibrosis in chronic hepatic diseases. The
experimental models of hepatic fibroses, such as that induced by Capillaria hepatica
infection in rats, bile-duct ligation and murine schistosomiasis have been recently
used to demonstrate the close relationship between angiogenesis and hepatic
fibrosis.
The present investigation concerns a qualitative and comparative study on the
presence, evolution, prominence, and peculiarities of angiogenesis in the most
common experimental rat models of hepatic fibrosis: a) Capillaria hepatica-induced
septal fibrosis; b) pig-serum-induced fibrosis; c) carbon tetrachloride (CCl
4
)-induced
fibrosis with cirrhosis; d) main bile duct ligation, and e) the murine model of chronic
granulomatous and periportal fibrosis caused by Schistosoma mansoni infection.
First step was concerned with the characterization of cells, vessels, and extra cellular
matrix by histological and immuno-histochemical techniques, being specifically
observed the behavior of the endothelium (factor VIII), vascular basement membrane
(laminin, fibronectin, type IV collagen), the vascular walls (actin, elastin), and the
presence of the vasculo-endothelium growth factor - VEGF). Special attention was
paid to the presence of pericytes, a key-element in fibrogenesis, and probably a
rational explanation for the role of angiogenesis in hepatic fibrosis, considering the
role pericytes are known to play during formation and remodeling of connective
fibrous tissue.
After analyzing the angiogenesis behavior and intensity, and its sequential
relationship with fibrosis production in each model, a comparative study was made.
All models studied exhibited prominent angiogenesis, the most evident relationship
with hepatic fibrosis formation being exhibited by the Capillaria hepatica and the bile-
duct ligation models.
1
1- INTRODUÇÃO
A fibrose representa um achado comum nas doenças crônicas do fígado, sendo
considerada como uma tendência para a cicatrização das lesões inflamatórias
crônicas ou degenerativas. Ela é caracterizada por mudanças quantitativas e
qualitativas nos componentes da matriz extracelular, principalmente pelo aumento da
síntese e acúmulo do colágeno fibrilar dos tipos I e III. Representa um quadro de
comprometimento funcional em muitas doenças hepáticas, tendo grande valor
prognóstico, podendo estar associada com a cirrose ou até mesmo o câncer
hepático, o que torna o seu estudo de grande relevância.
RAPAPPORT et al. (1983) chamaram a atenção para o fato do desenvolvimento da
cicatrização na cirrose hepática vir invariavelmente acompanhado por uma intensa
proliferação vascular, sugerindo que o remodelamento tecidual e o reparo fibroso
poderiam representar a construção do caminho para o fluxo sanguíneo anormal na
cirrose. Contudo, o mecanismo que disparava essa intensa proliferação vascular
permaneceu por ser determinado.
Até pouco tempo a angiogênese era vista apenas no contexto do processo de
reparo, onde naturalmente, após processo inflamatório crônico, o tecido lesado inicia
um depósito de material conjuntivo na tentativa de reparar os danos causados ao
tecido. Nesse momento ocorre uma formação local de novos vasos que vão se
ramificando a fim de levar aporte de oxigênio e nutrientes para o tecido novo,
denominado de tecido de granulação.
A fibrose e a angiogenese eram até então estudadas como processos distintos.
Entretanto, descobertas recentes têm chamado a atenção para a participação desse
processo na fibrose hepática. ROSMORDUC et al. (1999) estudando a angiogênese
na cirrose biliar experimental do rato demonstraram que a hipóxia hepatocelular
induzia o aumento da ntese do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF),
e que este poderia ser o promotor da proliferação micro-vascular associada à fibrose
hepática. Esse fato chamou a atenção para a estreita relação entre os dois
processos.
A proliferação de células vasculares hepáticas ou “remodelamento vascular” tem
sido firmemente associado à fibrose (UENO et al, 2006). Artigos recentes vêm
demonstrando a relação entre citocinas e moléculas da matriz envolvidas na fibrose,
que também são importantes na formação de novos vasos, como por exemplo: O
TGF-β, que indiretamente induz à formação de novos vasos sanguíneos in vivo,
2
principalmente quando associado com o fator de crescimento de fibroblasto (FGF)
(KALLURI & SUKHATMA, 2000).
Estudo da fibrose induzida pelo parasito Capillaria hepatica, realizada em nosso
laboratório, permitiu observar uma proeminente angiogênese ocorrendo no início do
depósito do colágeno no processo fibroso (SOUZA et al, 2006). Este fato nos
despertou o interesse em pesquisar a partir de outros modelos experimentais a
participação da neovascularização na fibrose hepática, em vista da importância do
entendimento de cada passo da cascata fibrosante, desde a agressão hepática até a
síntese do excesso de matrix extracelular, que poderia trazer dados de grande
potencial para o entendimento da patogenia e para aplicações terapêuticas.
2- JUSTIFICATIVA
Uma vez constatada a participação da angiogênese como um processo geral,
precursor da fibrose, a utilização de drogas anti-angiogênicas, poderia ser
considerada como uma medida terapêutica adicional.
3- OBJETIVOS
3.1- Objetivo Geral
Investigar a participação da angiogênese na patogenia da fibrose utilizando diversos
modelos de indução de fibrose hepática.
3.2- Objetivos Específicos
3.2.1. Investigar se uma uniformidade geral no comportamento dos vasos
sanguíneos e dos fatores de angiogênese no processo de fibrogênese hepática em
diferentes modelos experimentais, quais sejam: Fibrose induzida pela administração
do Soro de Porco, pela infecção com a Capillaria hepatica, pela administração
repetida do tetracloreto de carbono (CCl
4
), pela ligadura do canal colédoco em ratos,
e pela infecção com o Schistosoma mansoni em camundongos.
3
3.2.2. Avaliar a partir de análises histológicas, com técnicas de imuno-fluorescência
indireta e de imuno-histoquímica, os componentes vasculares: Endotélio (fator VIII),
membrana basal (laminina, fibronectina, colágeno tipo IV), parede vascular (actina,
elastina) e o fator angiogênico (VEGF).
4- HIPÓTESE
1. A angiogênese é um processo geral que antecede a formação da fibrose e está
relacionada ao desenvolvimento do processo fibroso. Os vasos que proliferam
trazem consigo células especializadas responsáveis pelo excesso do depósito da
matriz extracelular.
2. Como os modelos experimentais diferem na etiologia e na dinâmica do processo
fibroso, o comportamento da angiogênese poderia também exibir características
peculiares para cada caso.
4
5- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1- Angiogênese
A formação de novos vasos pode ocorrer por diferentes processos. No início do
desenvolvimento embrionário os vasos são formados pelo processo conhecido como
vasculogênese, em que as células endoteliais progenitoras se diferenciam e
proliferam dentro de um tecido avascular e se juntam para formar uma rede tubular
primitiva, denominada de plexo vascular primitivo (UENO et al, 2006). A
angiogênese refere-se ao processo pelo qual esta trama inicial é modificada,
compreendendo a formação de novos vasos via brotamento de células endoteliais
maduras de vasos pré-existentes (YANCONPOULOS et al, 2000).
A angiogênese normalmente ocorre durante o período embrionário, porém ao longo
da vida permanesce quiescente, sendo observada apenas em alguns processos
fisiológicos como na cicatrização dos ferimentos e ciclo ovariano, e em algumas
doenças como: a psoríase, o diabetis, o câncer e as doenças inflamatórias. A
formação de novos vasos é de suma importância para a regularização do fluxo
sanguíneo e aporte de oxigênio e nutrientes bem como para o transporte de células
de defesa para tecidos lesados (WALSH & PEARSON, 2001).
O controle da angiogênese é feito por um balanço entre fatores endógenos:
promotores e inibidores. Vários fatores solúveis, proteínas da matriz, e diferentes
tipos celulares participam da regulação desse complexo processo in vivo (UENO et
al, 2006). Quando os mecanismos de controle falham a angiogênese, seja excessiva
ou deficiente, torna-se patológica.
A angiogênese, portanto, compreende um processo complexo que envolve desde
mediadores solúveis, interações célula-célula e célula-matriz extracelular, bem como
forças biomecânicas, podendo ser resumida nas seguintes etapas: aumento da
permeabilidade vascular e depósito de fibrina extra-vascular; desarranjo da parede
vascular, com remoção dos pericitos; degradação da membrana basal e da matriz
extracelular; migração da célula endotelial através da matriz extracelular
remodelada; proliferação da lula endotelial; formação de estruturas tubulares;
inibição da proliferação e migração da célula endotelial; reconstituição da membrana
basal; maturação dos complexos juncionais; construção da parede vascular, através
do recrutamento e diferenciação de células murais, pericitos e células de músculo
liso; estabelecimento de fluxo sanguíneo no novo vaso.
5
Dentre os diversos fatores descritos como angiogênicos, um dos mais importantes é
o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF). O VEGF tem um papel central
na divisão, migração e formação tubular das células endoteliais vasculares, além de
regular a vasculogênese (MUSTONEN & ALITALO, 1995; SHIBUYA, 1995; BROWN
et al, 1997; FERRARA & DAVIS-SMYTH, 1997). Acredita-se que também apresente
um papel essencial na sobrevivência dessas células uma vez que inibe a apoptose e
a regressão de capilares. O VEGF possui uma potente habilidade de aumentar a
permeabilidade vascular e a vasodilatação. O aumento da vasodilatação promove o
aumento do fluxo sangüíneo que precede a angiogênese (NAGY et al, 2007).
ROSMORDUC et al. (1999) sugeriram que a angiogênese é primariamente
estimulada pelo VEGF em resposta a hipóxia hepatocelular.
O VEGF é uma glicoproteína ligada à heparina, peso molecular de 45 Kda, que
possui dois receptores: o FLT-1 (Fms-Like tirosina quinase) e FLK-1(fígado fetal
quinase), ambos tirosina quinase transmembrana, regulados pela hipóxia.
Acreditava-se que os receptores VEGFR tirosina quinase eram específicos de
células endoteliais, atualmente sabe-se que várias células expressam ambos os
receptores. Estudos mostram que o VEGF tem ão autócrina via receptores, tanto
em células endoteliais, quanto em não endoteliais.
O fator de crescimento derivado de plaqueta (PDGF) e o fator de crescimento de
fibroblasto (FGF) também participam ativamente do processo de angiogênese
(FOLKMAN & KLAGSBRUN, 1997; GOSPODAROWICZ et al, 1987; LEVEEN et al,
1994). O FGF produzido em células tumorais e também em vários tipos de células
normais, inclusive endoteliais promove a angiogênese por um efeito direto ou
indireto nas células endoteliais, induzindo a replicação e a migração dessas células,
ou regulando a expressão do VEGF. Esse fator demonstrou ter um efeito sinérgico
na indução da angiogênese in vitro.
Múltiplos fatores têm sido descritos como responsáveis pela expressão aumentada
do VEGF na angiogênese patológica. Tem-se sugerido que a isquemia, assim como
o aumento de certos fatores de crescimento são os responsáveis pelo aumento da
expressão do VEGF na inflamação crônica e na cicatrização (NAGY et al, 2007).
BROGI et al. (1994) demonstraram in vitro que a hipóxia estimula a expressão de
genes de VEGF, tanto em células endoteliais quanto em células do músculo liso
vascular e fibroblastos. Como tecido inflamado freqüentemente é tecido em hipóxia,
a inflamação pode promover a angiogênese induzindo a liberação de diversos
fatores angiogênicos.
6
A relação entre inflamação e angiogênese é evidenciada também quando muitos
fatores que são angiogênicos mostram-se como fatores pró-inflamatórios, e muitos
agentes designados especificamente como inibidores angiogênicos podem também
inibir a inflamação (WALSH & PEARSON, 2001).
A angiogênese prolongada e excessiva é uma característica dos processos
inflamatórios em muitos órgãos, inclusive no fígado. As células inflamatórias:
monócitos, macrófagos, plaquetas, mastócitos e outros leucócitos liberam
numerosos fatores angiogênicos incluindo fator de crescimento endotelial vascular
(VEGF), angiopoetina (Ang1), fator de crescimento de fibroblasto beta (FGFβ), fator
transformador de crescimento beta 1(TGF-β1), fator de crescimento derivado de
plaqueta (PDGF), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), fator de crescimento do
hepatócito (HGF), fator de crescimento semelhante a insulina-1 (IGF-1), proteína
quimiotática para monócito-1(MCP-1), entre muitas outras (PINEDO et al, 1998;
SELJELID et al, 1999). Alguns desses fatores também atraem células em estado de
degeneração que, por outro lado, liberam fatores angiogênicos adicionais
(SCHAPER et al, 1996; COUSSENS et al, 1999).
Os estudos sobre angiogênese concentravam-se apenas nos componentes
endoteliais, principalmente quando o primeiro fator angiogênico foi descoberto.
Contudo, os capilares sangüíneos são constituídos por dois tipos celulares, as
células endoteliais e os pericitos. Atualmente, os pericitos têm despertado grande
interesse dos pesquisadores, principalmente como contribuinte funcional da
angiogênese tumoral. Os pericitos são células perivasculares que estão
mergulhadas na membrana basal dos microvasos em contato íntimo com as células
endoteliais, compartilhando pequenas moléculas, íons, e servindo também como
suporte para as mesmas. São células de origem mesenquimal que foram descritas
inicialmente por Charles Rouget como célula de músculo liso devido à presença de
actina. Estudos recentes vêm chamando a atenção para a participação dessas
células no processo fibroso, pelo seu potencial em se transformar em miofibroblasto
(RAJKUMAR et al, 2005).
Estudar a participação do processo angiogênico e tentativas de inibi-los pode
representar no mínimo uma forma de reduzir a inflamação, ajudando a restaurar a
estrutura e função tecidual após doenças inflamatórias crônicas.
Atualmente tem-se utilizado inibidores de angiogênese a fim de se observar o papel
da mesma em alguns processos. Existem duas classes de inibidores de
angiogênese: os diretos e os indiretos. Os inibidores de angiogênese diretos tais
7
como a vitaxina, a angiostatina e outros, evitam que as células dos endotélios
vasculares proliferem e migrem em resposta a um espectro de proteínas pró-
angiogênicas, como VEGF, FGFβ, IL-8, PDGF e fator de crescimento endotelial
derivado de plaqueta (PD-EGF). Os inibidores diretos da angiogênese praticamente
não induzem resistência porque agem mais em lulas endoteliais geneticamente
estáveis, do que em células neoplásicas instáveis mutantes (KERBEL,1991).
Os inibidores angiogênicos indiretos geralmente previnem a expressão ou bloqueiam
a atividade de uma proteína neoplásica que ativa a angiogênese ou bloqueia a
expressão de receptores em células endoteliais (RAK et al., 2000 e 2002; KERBEL
et al, 1998).
Alguns pacientes têm sido tratados com inibidores de angiogênese diretos, tais como
interferon-alfa (IFN-α), por até 7 anos (FOLKMAN et al, 1997) e com endostatina por
mais de 1 ano (FOLKMAN, 2001). Foi demonstrado que essas drogas têm muita
baixa toxicicidade (MARLER et al, 2002) e a resistência adquirida à droga foi
raramente vista em animais que foram tratados por longos períodos de tempo com
angiostatina ou endostatina (BOEHM et al, 1997).
D'AMATO e colaboradores (1994), demonstraram que a droga anti-inflamatória
talidomida pode inibir a angiogênese induzida por FGFβ ou VEGF em ensaios
realizados utilizando córneas de coelho (GIMBRONE et al, 1974). A talidomida inibe
a formação de novos vasos sangüíneos em coelhos e camundongos
independentemente da habilidade destes em suprimir a infiltração de células
inflamatórias hospedeiras (D'AMATO et al, 1994). O tratamento com talidomida
suprime a produção de fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) que tem sido
demonstrado como anti-angiogênico (SETTLES et al, 2001; BAUDITZ et al, 2002;
D'AMATO et al, 2001). Contudo, outros mais potentes inibidores de TNF-α, tais
como pentoxifilina e dexametasona, têm pouca ou nenhuma atividade em ensaios
de angiogênese de córnea (FOLFMAN, 2001). A supressão de TNF-α não deve ser
encarada como o fator principal da atividade anti-angiogênica da talidomida.
Pacientes com mieloma múltiplo ou síndromes mielodisplásicas tratados com
talidomida, apresentaram níveis plasmáticos de proteínas pró-angiogênicas VEGF e
FGFβ significantemente diminuídos comparados aos níveis pré-tratamento. Esta
diminuição esteve relacionada com a eficácia da terapia com talidomida
(BERTOLINE et al, 2001). A talidomida não tem um efeito antiproliferativo em células
de mieloma múltiplo in vitro (D'AMATO et al, 2001), embora altas concentrações de
talidomida (acima de 100µM) sejam requeridas para tal efeito.
8
Trabalho recente demonstrou que a talidomida não revelou capacidade para inibir a
angiogênese que se desenvolve na esquistossomose experimental do camundongo
(LIMA et al, 2007).
O IFN-α tem sido largamente usado não apenas como um agente antiviral para o
tratamento de hepatite crônica, mas também, como um agente citotóxico para o
tratamento de certas leucemias e alguns cânceres de bexiga (FOLKMAN et al,
1997). A primeira evidência de que o IFN- α tem atividade anti-endotelial foi
verificada em 1980 quando se demonstrou que as células endoteliais tinham a sua
motilidade inibida in vitro em uma maneira dose-dependente e reversível (BROUTY
& ZETTER, 1980), e subseqüentemente foi demonstrada a inibição da angiogênese
in vivo (SIDKY & BORDEN, 1987; DVORAK & GRESSER, 1989). Estudos
experimentais em camundongos mostraram que a eficácia anti-angiogênica do IFN
é ótima em baixas doses e tende a cair em altas doses (SLATON et al,1999).
Em recente Editorial do Journal of Hepatology foi sugerido que o uso de drogas anti-
angiogênicas poderá vir a se constituir no meio mais eficaz para o tratamento das
doenças crônicas do fígado, que os tratamentos hoje disponíveis para tal estão
longe de serem satisfatórios (LAI & ADAMS, 2005).
5.2- Fibrose hepática
A fibrose hepática ocorre como conseqüência de muitas formas de doenças crônicas
do fígado, sendo um processo dinâmico e complexo que envolve a ativação de
vários tipos celulares e a participação de muitas moléculas levando à produção
excessiva de proteínas da matriz extracelular (BURT, 1993; DAY, 1996; FRIEDMAN,
1999).
A patogênese da fibrose em doenças crônicas do fígado em humanos ainda tem
aspectos pouco conhecidos (FRIEDMAN, 2004). Entretanto fica bem evidente sua
associação com dois fatores: a inflamação crônica e a necrose hepatocelular
repetida.
O avanço no conhecimento do metabolismo do colágeno tem ajudado no
entendimento da cinética da fibrose no parênquima hepático. Três aspectos têm
destaque nesse processo: 1) a ativação de fibroblastos e células relacionadas; 2) a
maturação das fibras extracelulares; 3) e a degradação (catabolismo) dessas fibras
(POPPER & UDENFRIEND, 1970; MCGREE & PATRICK, 1972). Normalmente, o
9
fígado mantém um equilíbrio entre as quantidades relativas de parênquima e
estroma, através da produção concomitante das proteínas de depósito, com as
enzimas proteolíticas específicas, responsáveis pela degradação da matriz
extracelular (MARTINEZ-HERNANDES & CHUNG, 1984).
A principal fonte das proteínas da matriz extracelular (MEC) do fígado são as células
perisinusoidais denominadas de células estreladas ou células de Ito (ARESON et al,
1988). Elas são consideradas as chaves efetoras da resposta fibrótica, sendo o
principal alvo das citocinas fibrogênicas (FRIEDMAN, 1993). Os estudos
demonstram que após necrose de hepatócitos, populações de células
perisinusoidais são ativadas. Uma vez ativadas essas células proliferam e passam a
produzir aproximadamente 5 vezes mais colágenos fibrilares tipos I e III e
glicoproteínas associadas (STENGER, 1966). Em lesões agudas este fenômeno é
transitório. Contudo em doenças crônicas a ativação das células perisinusoidais
ocorre associada a uma modulação fenotípica para miofibroblastos, adquirindo um
formato alongado com um proeminente retículo endoplasmático, aumentando a
expressão de RNA para vários componentes da matriz extracelular, diminuindo
consideravelmente a quantidade de vitamina A intracelular e passando a exibir
marcadores para alfa actina de músculo liso (BURT, 1993; FRIEDMAN, 1999). Em
muitas espécies, as células perisinusoidais são os principais sítios de estocagem de
vitamina A. São lipócitos que, em estado de quiescência, expressam o citoesqueleto
de proteína desmina e contêm citoplasma largamente composto por gotículas
lipídicas de ésteres de retinol. Elas normalmente são responsáveis pela produção da
matriz extracelular, secretando predominantemente colágeno tipo IV, fibronectina,
cadeias específicas de laminina e pequenas quantidades de colágenos fibrilares tipo
I e III (DAY, 1996; CABALLERO-MENDONZA et al, 1999).
Sugere-se que a ativação das células perisinusoidais é mediada, em parte pela
alteração na composição dos elementos da matriz extracelular que ocorre durante a
lesão do fígado, e por várias citocinas fibrosantes, sendo o fator de crescimento
tumoral (TGF-β) e o fator de crescimento plaquetário (PDGF) as principais (BURT,
1993 ).
Dois outros tipos celulares parecem exercer grande influência no processo
fibrogênico, as células endoteliais residentes nos sinusóides, as quais, quando
lesadas sintetizariam isoformas de fibronectina que estimulariam a ativação das
células estreladas; e também as células de Kupffer, macrófagos residentes, que
quando ativados são componentes críticos na cascata da fibrogênese hepática
10
(ALCOLADO et al, 1997). Tem-se sugerido uma estimulação parácrina entre as
células de Kupffer e as células estreladas uma vez que, foi observado logo após a
ativação das células estreladas a presença de um grande número de células de
Kupffer (FRIEDMAN, 1999). Algumas das citocinas fibrosantes têm origem nessas
células ativadas e também provêem das plaquetas e da própria matriz.
Estudos imuno-histoquímicos in vivo de lesões agudas (indução de zonas de
necrose) e crônicas (ligação do ducto biliar do fígado), têm mostrado que expansões
de populações de monócitos/macrófagos precedem populações de lipócitos, e
ambos os tipos celulares acumulam-se exclusivamente dentro de áreas de necrose
(IKEDA et al, 1993). Também revelaram a transformação dos lipócitos para células
transitórias, após lesões agudas, e para miofibroblastos após as lesões crônicas.
Trabalhos in vitro demonstraram que, uma vez ativadas, as células de Kupffer
liberam numerosas citocinas/fatores de crescimento, com efeito na ativação e
proliferação dos lipócitos (TGF-α e β e TNFα), e na fibrogênese (TGFβ) (LOREAL et
al, 1993; WINWOOD & ARTHUR, 1993).
A célula de Kupffer é provavelmente o centro da resposta do fígado a muitas
agressões. Dentre as várias citocinas fibrosantes liberadas por esta célula, o TGFβ
é a principal. O TGFβ é uma citocina multifuncional que tem um papel central em
torno da cicatrização e reparo tecidual. Quando um tecido é lesado um processo de
reparo se inicia com um grande aumento na secreção do TGFβ juntamente com
várias proteínas da matriz (ALCOLADO et al., 1997). Essa citocina pode promover o
acúmulo da matriz extracelular pela indução de inibidores das metaloproteinases e
do ativador do plasminogênio. Além das células parenquimais, outras células
também podem produzir o TGFβ, as células de infiltrado inflamatório tais como
linfócitos, monócitos/macrófagos e plaquetas (BRANTON & JEFFREY, 1999). Outras
citocinas como as interleucinas 1 e 4 (IL-1 e IL-4), tem sido implicadas na
fibrogênese hepática. Contudo, nenhuma tão consistente como o TGFβ.
Recentemente um peptídeo vasoativo denominado de endotelina-1 foi observado
como estimulador hepático para síntese de colágeno. Segundo os pesquisadores
esse peptídeo também promove a ativação e proliferação das células estreladas,
contribuindo desta forma para a fibrogênese pelo aumento do número dessas
células no fígado (MAHER, 1999).
O acúmulo excessivo do colágeno no fígado no processo fibrogênico envolve além
dos macrófagos e células perisinusoidais, a síntese de proteínas específicas, as
metaloproteinases e seus inibidores. Esse acúmulo decorre também do fato do
11
colágeno depositado no meio extracelular, organizado em fibrilas e protofibrilas,
estabelecerem ligações dissulfídicas, chamadas de “cross-links”, que resultam em
uma maior coesão e resistência dos feixes que vão se formando, tornando as fibras
colágenas mais resistentes à ação das colagenases (PEREZ-TAMAYO et al, 1987).
A degradação das proteínas da matriz é catalisada por várias famílias de enzimas
incluindo as plasminas e as metaloproteinases da matriz (MMP), das quais 23 já
foram bem descritas (BRANTON & JEFFREY, 1999).
A família das metaloproteinases que está subdividida em 3 grupos é composta pelas
colagenases, que degradam colágeno intersticial, particularmente os tipos I, II, e III;
por gelatinases que também degradam colágeno do tipo IV e V, desnaturando o
colágeno e a elastina; e a estromelisina que degrada as proteínas da membrana
basal como o colágeno IV e V e outras proteínas como: gelatina, fibronectina
lamininas e proteoglicanos. A atividade extracelular dessas enzimas é regulada por
vários mecanismos que incluem desde alterações na transcrição nica e sínteses
proenzimáticas, quanto na inibição específica de formas ativadas por inibidores
teciduais de metaloproteinases (TIMPS) (BRANTON & JEFFREY, 1999; ARTHUR,
2000).
Algumas evidências correntes indicam que as células estreladas ativadas e as
células de Kupffer tenham também um papel central na ntese das
metaloproteinases da matriz. Em condições definidas essas células sintetizam
colagenase tipo IV/gelatinase (72KDa e 95KDa respectivamente) e possivelmente
estromelisinas. As células estreladas estariam também contribuindo para a
regulação da atividade extracelular dessas enzimas pela secreção de inibidores
teciduais de metaloproteinases as alfa 1-antitripisina e alfa 2- macroglobulina. Essas
células apresentam, portanto, ambas as habilidades, tanto para degradar, quanto
para regular a degradação da matriz no fígado normal e do colágeno intersticial
fibrilar depositado durante o processo de fibrose do fígado (ARTHUR, 1994).
As células estreladas são pericitos especiais que têm a propriedade de armazenar
vitamina A no fígado. Essas células chegam a comportar até 80% de toda vitamina A
do corpo (SATO et al. 2003). Diferentemente dos pericitos capilares, estas células
estão em contato íntimo com as células endoteliais, não existindo uma membrana
basal entre elas, apenas fibras colágenas intersticiais e alguns componentes da
membrana basal (BERGERS & SONG, 2005). Atualmente, muitos autores acreditam
que a ênfase dada anteriormente à participação dessas células na fibrogênese
hepática tenha sido exagerada (RAMADORI, 2004; SANCHO-BRU et al. 2005).
12
Como a vitamina A é lipossolúvel, a gordura associada facilita o isolamento de tais
células através de gradientes de separação, permitindo o seu isolamento e cultivo,
facilitando assim o seu estudo in vitro.
Estudos derivados de observações in vivo, sobretudo feitos na esquistossomose
murina (FONSECA et al, 2005) e humana (ANDRADE et al, 1999) e na capilaríase
do rato (SOUZA et al, 2006) têm chamado a atenção para outros elementos
celulares dos espaços porta na fibrogênese hepática.
5.2.1- Aspectos Morfológicos da fibrose hepática
A fibrose no fígado pode ocorrer sob várias designações: a) Fibrose portal - onde
os espaços porta aparecem ampliados, muito maiores do que se pode esperar,
considerando o calibre de seus vasos e ductos. Este tipo de fibrose aparece em
vários processos, sobretudo nas hepatites crônicas e na forma hépatoesplênica da
esquistossomose (CHEEVER & ANDRADE, 1970). b) Fibrose septal que aparece
como finos e longos cordões de tecido fibroso dissecando o parênquima ao longo da
zona I do ácino, fazendo geralmente conexão entre espaços porta; entre estes e as
veis centrais ou terminando abruptamente no interior do parênquima (septos
incompletos) (FERREIRA & ANDRADE, 1993); c) Fibrose peri-sinusoidal que
consiste no depósito de colágeno na região para-sinusoidal exibindo um quadro de
reforço da trama reticular do fígado, sendo um dos componentes da capilarização
dos sinusóides (SOUZA et al, 2000). Denota a ativação de um sistema sinusoidal
relacionado com a formação da fibrose hepática, e que inclui as células sinusoidais
de Kupffer e as células estreladas hepáticas; d) Fibrose peri-central - representada
pela fibrose que se desenvolve em torno das veias centrais, comuns no alcoolismo
crônico; e) Fibrose difusa - caso em que a fibrose parece envolver e isolar células
hepáticas entre si ou em pequenos grupos, por todo o fígado; f) Fibrose focal que
consiste na formação de um pequeno nódulo, densamente colagenizado, resultante
da cicatrização de uma lesão focal, geralmente um abcesso ou granuloma.
Como o fígado tem uma enorme capacidade de reserva funcional, a presença de
fibrose per se não representa a causa direta de insuficiência hepática. Na realidade
são as alterações vasculares presentes no interior do tecido fibroso que determinam
a insuficiência hepática, bem como a hipertensão portal.
13
5.2.2- Modelos Experimentais
Os modelos experimentais têm sido propostos a fim de se entender os mecanismos
patogênicos da fibrose hepática, contudo é importante ressaltar que nenhum deles
reproduz exatamente a fibrose do gado humano (BHUNCHET & WAKE, 1992;
CHOJKIER et al, 1988; YOKOI et al, 1988; WU & NORTON, 1996). Entretanto têm
trazido importantes contribuições para o entendimento do mecanismo celular e
molecular implícito no processo. Achados em comum, observados nos modelos
experimentais têm sido de grande importância para o entendimento de vários
processos patológicos, como exemplo, tem-se o extenso uso de modelos in vitro
para a investigação das células estreladas do fígado, de onde tem partido a maioria
dos dados sobre fibrogênese hepática e o estudo em modelos animais
experimentais demonstrando o papel desempenhado pelo TGF- β na fibrogênese do
fígado (TSUKAMOTO et al, 1990). Os modelos experimentais de indução de fibrose
em animais são categorizados de acordo com o fator etiológico como: tóxico,
nutricional, alcoólico, genético ou imunológico (TSUKAMOTO et al, 1990).
5.2.2- 1. Modelo de indução de fibrose septal por Soro de Porco
A fibrose septal induzida por soro de porco foi descrita inicialmente por
PARONETTO & POPPER (1966) quando tentavam a indução de um modelo
imunológico de hepatite com a injeção de soros heterólogos em ratos. Consiste em
uma fibrose fina, formada após repetidas injeções intraperitoniais de soro de porco
(PARONETTO & POPPER, 1966; RUBIN et al, 1968). Sabe-se que o elemento do
soro que desencadeia o processo está ligado à sua fração albumina. Entretanto tem
se demonstrado que a reprodutibilidade é relativamente baixa uma vez que, apenas
40 a 70% dos animais submetidos ao tratamento desenvolvem o quadro fibrótico
(SOUZA et al, 2000).
Nesse modelo a fibrose parece se iniciar na zona perisinusoidal, onde se acredita
que as células estreladas proliferam e secretam o excesso de matriz. As porções do
tecido hepático, isoladas pelos septos fibrosos mantêm a estrutura lobular ou acinar
normal (RUBIN et al, 1968; ANDRADE, 1991).
14
A via de administração do soro parece ser de grande importância no sucesso da
obtenção da fibrose nesse modelo, pois quando se substitui a via peritoneal pela
subcutânea a fibrose septal hepática não se forma (ANDRADE & GODOY, 1996).
Apesar da fibrose estar associada à inflamação crônica e contínuas reações de
reparo a lesões teciduais (ALCOLADO et al, 1997; ANDRADE, 1991), acredita-se
que nesse caso trata-se de um modelo onde a fibrose ocorre na ausência de
inflamação crônica e necrose, ou seja, uma forma pura” de se produzir fibrose sem
degeneração ou regeneração hépato-celular. Entretanto, NAKANO em 1986,
utilizando a microscopia eletrônica, observou danos em vasos e hepatócitos antes
do desenvolvimento da fibrose. Uma leve, mas distinta necrose de hepatócitos nos
estágios mais recentes levou o autor a sugerir que esta fibrose poderia ser resultante
de danos hepáticos causados possivelmente por distúrbios das veias portais.
SHIGA et al. (1997) após 16 semanas de inoculações de ratos com o soro de porco,
obtiveram um grau de fibrose avançada e uniforme em quase todos os casos e
observaram mudanças hepatocelulares tais como necrose, apoptose e proliferação
dos ductos biliares freqüentemente. Os autores também observaram abundantes
fibras elásticas em áreas de avançada fibrose, presença de células musculares lisas
alfa-actina, desmina-positivas e macrófagos ao redor de veias centrolobulares e em
septos fibrosos, o que interpretaram como resultado do processo de necrose hépato-
celular. Os autores sugeriram que a necrose e a apoptose de hepatócitos
observadas nesse trabalho poderiam representar lesões hepatocelulares devido à
hipóxia ou ao desenvolvimento secundário de vasos intrahepáticos para o
remodelamento, após mudanças hemodinâmicas na circulação intrahepática. Em
1998 eles publicaram que a fibrose nesse modelo se desenvolve ao longo das
paredes de vasos neoformados entre as veias centrolobulares vizinhas, sugerindo
que um processo de capilarização e venularização de sinusóides paralelo ao
desenvolvimento da fibrose, possivelmente ocorre como um processo de adaptação
para a manutenção do fluxo sangüíneo para os lóbulos.
Nos trabalhos publicados até o presente, não há referências específicas sobre a
participação de elementos vasculares ou de fatores de angiogênese na patogenia da
fibrose neste modelo.
15
5.2.2- 2. Modelo de indução de fibrose septal por Capillaria hepatica
A capilaríase em ratos é um excelente modelo para o estudo da patogenia da fibrose
considerando-se que a reprodutibilidade dos aspectos morfológicos ocorre em 100%
dos animais, e que a mortalidade é mínima ou nula (FERREIRA & ANDRADE,
1993). Este processo de fibrose hepática é muito parecido, morfológica e
patogeneticamente, com a do modelo anterior.
O primeiro relato de fibrose septal como manifestação da capilaríase hepática foi
feito por FERREIRA & ANDRADE (1993). Esses autores observaram o
desenvolvimento de septos fibrosos finos e longos, formando conexões porta-porta,
em ratos infectados experimentalmente com ovos embrionados do parasito.
Acreditava-se que, quando as lesões inflamatórias focais de origem parasitária direta
mostravam evidências de involução, começavam a aparecer os septos fibrosos em
torno das lesões parasitárias focais e ao mesmo tempo, em várias outras áreas do
fígado, sem aparente continuidade direta com as lesões parasitárias. Pouco a pouco
todo o fígado vem a ficar septado pelos tratos fibrosos, que tendem a delimitar
porções, por vezes nodulares (SOUZA et al, 2000).
Ratos infectados com esse helminto, regularmente desenvolvem fibrose septal em
um pequeno espaço de tempo. Atualmente sabe-se que a formação da fibrose
septal inicia-se após aproximadamente 17-20 dias de infecção tornando-se mais
evidente após os 30 dias. Aparentemente essa fibrose não tem uma relação direta
com as lesões causadas pelo parasito porque aparecem em áreas bem distantes
dos nódulos parasitários (FERREIRA & ANDRADE, 1993), levando a crer que esta
tenha uma base imunológica (LEMOS et al, 2002).
A C. hepatica é um nematódeo que parasita várias espécies de mamíferos, sendo
que os roedores assumem um importante papel, por se constituírem no principal
reservatório natural da Capillaria. Esse parasito apresenta uma distribuição
geográfica cosmopolita, tendo sido encontrado em todas as regiões do mundo de
climas e condições ambientais diversos (FERREIRA & ANDRADE, 1993).
A infecção por C. hepatica se pela ingestão pelo hospedeiro de ovos
embrionados, que vão eclodir ao nível do ceco. As larvas liberadas desses ovos
migram pelo sistema porta para o fígado onde se desenvolvem até a fase adulta, 15
dias pós-infecção. Após 20 dias, as fêmeas liberam os ovos que vão permanecer no
parênquima hepático até a morte do hospedeiro. Quando o animal ingere ovos de
16
Capillaria não embrionados, esses são transportados via sistema digestório, sendo
eliminados nas fezes, caracterizando assim a infecção espúria (GALVÃO, 1976).
São raros os casos de infecção humana por C. hepatica, sendo até o momento
registrado, apenas 40 casos, quatro dos quais no Brasil (PIAZZA et al, 1963;
SAWAMURA et al, 1998; JUNKER-VOSS et al, 2000). Contudo, suspeita-se que a
freqüência de seres humanos infectados seja muito maior devido à alta prevalência
de ratos infectados encontrados em muitas regiões, aliado ao fato de grande número
destes roedores serem encontrados nos locais onde habitam as pessoas das
camadas mais desfavorecidas da nossa sociedade, onde as condições de higiene
também são precárias. Além disso, existe uma grande dificuldade em se
diagnosticar a infecção no homem, tendo em vista que o ciclo de vida do parasito no
mesmo ocorre sem a liberação dos ovos nas fezes.
NASCIMENTO (1986) sugeriu que o homem apresenta uma resistência natural a
essa doença, tendo em vista que os casos de contaminação relatados na espécie
humana ocorreram durante períodos de queda de imunidade. Ressaltou ainda o fato
de que quase todos os casos graves ocorreram em crianças com menos de cinco
anos de idade vivendo em péssimas condições sócio-econômicas ou em pacientes
com algumas condições patológicas concomitantes.
As lesões produzidas pela infecção por C. hepatica em humanos estão presentes
em pleno parênquima hepático, podendo ser descritas como reações
granulomatosas em torno de ovos e fragmentos de vermes, acompanhadas de
infiltrado inflamatório constituído por: eosinófilos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos
e por vezes, células gigantes do tipo corpo estranho seguindo-se a fibrose.
Não existe ainda tratamento específico para esta parasitose e o método único para
diagnóstico é a ultra-sonografia, seguida de biopsia hepática, sendo muitas vezes
necessário utilizar a laparotomia ou laparoscopia devido aos ovos se concentrarem
em focos, podendo não ser alcançados pela biópsia de agulha. Contudo, GALVÃO
(1976) sugeriu a possibilidade de diagnóstico destes casos através de testes
imunológicos, após resultados positivos dos testes pela imunofluorescência, em
cortes em parafina de material de necrópsia humana que mostravam uma área de
necrose no fígado circundada por um halo de fibrose. Os cortes foram tratados com
soro de camundongos infectados pela C. hepatica.
SOUZA et al. (2006) observaram que na fibrose induzida pela C. hepatica ocorria
uma proeminente proliferação de vasos antes mesmo da formação dos septos
fibrosos. Os autores sugeriram que esses vasos neoformados precedendo o
17
depósito de colágeno, poderiam estar contribuindo para o desenvolvimento do
processo fibroso.
5.2.2-3. Modelo de indução de fibrose septal por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
)
O modelo de fibrose induzida pelo Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) é dos mais
estudados. Resulta de uma lesão química que induz fibrose e cirrose hepática,
representando um protótipo de lesão tóxica que é compartilhado por muitos
compostos químicos semelhantes (ROBBINS & CONTRAN, 1983). O CCl
4
é
responsável por causar necrose de hepatócitos nas áreas centro-lobulares levando
ao desenvolvimento da fibrose (ROSA et al, 1991; MARTINEZ-HERNANDES, 1985).
Foi inicialmente usado por Simpson (1849) como anestésico, mas logo foi
descartado devido à sua toxicidade. Hoje é largamente empregado na indústria
química como reagente e solvente (HALL, 1916).
Sabe-se que a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono se pela conversão do
mesmo para um metabólito altamente reativo e tóxico o radical triclorometil, o CCl
3
, o
qual é ativado por um sistema de oxidase de função mista - citocromo P-450, que
está presente no retículo endoplasmático liso dos hepátocitos e de outras células
(GOLBEY et al, 1994). O tetracloreto tem sido utilizado para induzir lesões agudas
em fígado de animais de laboratório, especialmente em espécies de roedores
(KANTA et al, 1992). Myren (1989) demonstrou que injeções subcutâneas de CCl
4
em camundongos são seguidas por uma extensa necrose centrolobular, com
diminuição da atividade enzimática oxidativa em 24 horas. Contudo apesar de ser o
modelo de hepatotoxidade mais estudado, não reproduz uma resposta necrogênica
em todas as espécies (PEREZ-TAMAYO et al, 1987).
Em ratos, as lesões hepatocelulares inicialmente se manifestam por alterações do
metabolismo lipídico, tornando-se evidentes dentro de 30 minutos após a
administração intragástrica de CCl
4
, levando a um desencadeamento de distúrbios
patológicos hepáticos como: alterações bioquímicas e estruturais do retículo
endoplasmático liso, atividade reduzida das enzimas dos microssomas e síntese
diminuída das proteínas hepáticas, as quais tornam-se evidentes nas primeiras
horas de intoxicação. No intervalo de 2 a 4 horas ocorre o aumento de cálcio nas
mitocôndrias, alterações eletrolíticas, aumento do volume dos hepatócitos e uma
seqüência de distúrbios como: depleção do glicogênio hepático, ruptura dos
18
lisossomos e perda de enzimas intracelulares. Com 24 horas, as lesões mais
extensas são evidenciadas e caracterizadas por lesão mitocondrial e intensa
necrose centrolobular (SHI et al, 1998).
PROCTOR & CHATAMARA (1983) utilizaram o CCl
4
para criarem um dos métodos
mais interessantes, simples e bem padronizado de produção controlada de cirrose
em ratos. Administrando o CCl
4
por via digestiva e ajustando a dose de acordo com
o peso do animal, esses investigadores conseguiram induzir cirrose micronodular até
a fase descompensada com uma baixa taxa de mortalidade. Posteriormente ROSA
et al. (1991) estabeleceram os níveis críticos de variação de peso, acima ou abaixo
do qual as dose de CCl
4
seriam modificadas.
Segundo MCGREE & PATRICK (1972) com uma única dose de CCl
4,
a taxa de
síntese de componentes do tecido conjuntivo pode aumentar de 4 a 8 vezes
demonstrando que se trata de um bom modelo para a identificação das células
sinusoidais que possuem atividade fibrogênica.
Recentemente, tem sido demonstrado que as células estreladas hepáticas (CEHs)
podem expressar VEGF e receptores para VEGF no fígado após intoxicação com
CCl
4
in vitro (ISHIKAWA et al, 1999; ANKOMA-SEY et al, 2000).
A cirrose hepática é caracterizada pela coexistência de necrose, regeneração
nodular e septos fibróticos, que levam à insuficiência hepática progressiva e
irreversível. A despeito das extensas investigações funcionais e morfológicas, os
mecanismos responsáveis pela falha progressiva do fígado cirrótico são ainda
debatidos (MACSWEEN et al, 1987; SCHIFF & SCHIFF, 1993). Alguns autores
acreditam que a insuficiência hepática na cirrose é causada pelo desarranjo da
estrutura hepática (VAUBOURDOLLE et al, 1989; MARTINEZ-HERNANDEZ &
MARTINEZ, 1991). Sendo assim, o papel principal pode ser atribuído às alterações
patológicas da microvasculatura. SCHAFFNER & POPPER (1963), descreveram a
presença de uma membrana basal nos sinusóides do gado cirrótico, sendo esse
fenômeno conhecido como capilarização dos sinusóides hepáticos.
Subseqüentemente outros trabalhos sugeriram que a modificação dos sinusóides
pode contribuir para impedir a troca de nutrientes entre os hepatócitos e o sangue
que perfunde o fígado (MARTINEZ-HERNANDEZ, 1984 e 1985).
Estudo realizado em nosso Laboratório permitiu verificar que durante todo o
processo de instalação da fibrose hepática e evolução da mesma para cirrose
causada pela administração intragástrica de CCl
4
em ratos, ocorre uma grande
produção de vasos que tendem a circunscrever os nódulos fibróticos recém
19
formados. Quando realizadas técnicas de imunofluorescência indireta em secções
hepáticas representativas das fases iniciais da intoxicação, conseguiu demonstrar a
expressão de laminina e colágeno IV nos septos nodulares. Após a suspensão do
tratamento, quando ocorre clara redução do teor de colágeno, comprovada
microscópica e bioquimicamente, ainda se conseguiu demonstrar a expressão de
vasos nos septos o que atesta que, pelo menos parte das alterações
microvasculares, permanece inalterada após a regressão parcial da fibrose.
5.2.2- 4. Modelo de indução de fibrose pela ligadura do Colédoco
O modelo de fibrose hepática induzida por ligadura do ducto biliar representa um
modelo experimental da cirrose biliar humana (GRESSNER, 1991; BURT, 1993;
FRIEDMAN, 1993). A obstrução biliar extra-hepática por ligadura e secção do
colédoco em ratos é o modelo favorito para observação da colestase extra-hepática.
O colédoco, também conhecido por ducto biliar extra-hepático, recebe a bile
secretada no gado e canaliza para o duodeno. A ligadura desse canal leva ao
aparecimento da colestase, ou seja, estase biliar por diminuição ou ausência de
fluxo pelas vias biliares, levando aos sintomas característicos como a icterícia e
algumas alterações patológicas (ORELLANA et al, 1999).
VIRCHOW (1857) relatou pela primeira vez uma possível relação entre lesão do
ducto biliar principal e cirrose no fígado, o que foi comprovado mais tarde com os
trabalhos de LEGG (1873) e OGATA (1913).
CARLSON et al, (1977) demonstraram que a ligadura do ducto biliar resultava no
aumento imediato da pressão intraductular seguida de um aumento significativo da
velocidade de síntese de colágeno e da ativação da prolil hidroxilase. Após 2
semanas, período quando os níveis dessa enzima estavam bastante elevados, a
resposta fibro-proliferativa então se acentuava.
As alterações histológicas mais comuns observadas em muitos animais após a
obstrução biliar é a dilatação do ducto biliar, proliferação ductular, necrose de células
hepáticas, severa inflamação e fibrose portal e lobular (POPPER, 1977; KOEPPEL
et a, 1997; ORELLANA et al, 1999).
Variado grau de fibrose hepática é observada na obstrução biliar extra-hepática,
mais precisamente em áreas portais, em torno de hepatócitos e de ductus biliares
proliferados (DESMET, 1995).
20
A necrose celular hepática tem sido indicada como uma das mais freqüentes
alterações na obstrução ductular, iniciando poucas horas após o processo.
Acreditava-se que a necrose ocorria devido à ação tóxica da bile. Atualmente sabe-
se que se em decorrência da ação tóxica de substâncias derivadas da estase
biliar; mecânica e da elevação da pressão no sistema biliar.
Segundo KOEPPEL et al. (1997) o déficit na perfusão microvascular e aumento da
infiltração leucocitária observadas 3 a 7 dias pós-ligadura do colédoco, poderia
representar uma fonte em potencial de lesão hepática durante a obstrução biliar. Os
neutrófilos antes de migrarem para os tecidos aderem às células endoteliais dos
sinusoides podendo contribuir para lesões teciduais pela liberação de citocinas
inflamatórias e radicais tóxicos de oxigênio e promover lesões de células endoteliais
contribuindo para os distúrbios microcirculatórios nos sinusóides hepáticos.
Apesar da atenção que tem sido dada às células estreladas hepáticas, como as
principais produtoras das proteínas de matriz extracelular, no modelo de ligadura de
ducto biliar, outras células mesenquimais podem estar envolvidas nos estágios
recentes de desenvolvimento da fibrose. Os fibroblastos intersticiais, incluindo as
chamadas células da segunda camada encontradas nas proximidades imediatas das
paredes das veias centrais e da cápsula do fígado, e fibroblastos do trato portal, têm
sido identificados como potencialmente fibrogênicos como demonstrado em estudos
de fibrose hepática induzida em animais por ligadura do ducto biliar (ABDEL-AZIZ et
al, 1991; BHUNCHET & WAKE, 1992; MIYAZAKI et al., 1993). Os achados de
TUCHWEBER et al. (1996) indicam que nas fases recentes da ligadura do ducto
biliar existe uma marcante proliferação das células epiteliais, associadas com a
proliferação dos fibroblastos periductulares portais que rapidamente expressam alfa
actina de músculo liso (α-SM). Acrescenta-se ainda, que esta população fibroblástica
pode ter um papel dominante no início da fibrose portal após a ligadura.
5.2.2- 5. Modelo de Indução da fibrose pela infecção por S. mansoni
A fibrose periportal hepática representa uma característica das lesões patológicas na
forma hepato-esplenica na esquistossomose humana e consiste na fibrose portal
ampliando e inter-conectando os espaços porta. Ela foi inicialmente descrita por
SYMMERS (1904) que a denominou de fibrose pipestem, por uma comparação que
ele fez com um fígado que tivesse sido atravessado por inúmeros cabos de
21
cachimbos de porcelana e depois fosse examinado na sua superfície de secção
(clay-pipe stem cirrhosis).
Na fibrose pipestem, apesar do gado apresentar inflamação portal, granulomas
periovulares, obstrução vascular devido à deposição maciça de ovos e expansão do
espaço porta pela fibrose com total ou parcial destruição dos ramos da veia portal, o
parênquima hepático mostra uma arquitetura normal (BOGLIOLO, 1957). A estrutura
do ducto biliar e os ramos da arteria hepática também se mantêm preservados.
Alguns modelos têm sido usados para reprodução dessa patologia. O modelo
experimental utilizando babuínos tem demonstrado sucesso devido à semelhança
anatômica, genética e imunológica à doença humana. Contudo os custos com a
aquisição e manutenção desses animais tornam o modelo inviável (NYINDO &
FARAH, 1999). Um outro modelo usando chimpanzés infectados com S. mansoni
também tem sido utilizado para reproduzir experimentalmente a fibrose, entretanto
esta não ocorre por hipertensão portal como em humanos (SADUN et al, 1970).
Granulomas periovulares e a fibrose periportal que se formam no fígado de
camundongos infectados pelo S. mansoni têm se constituído em um modelo
importante para o estudo da patogenia da fibrose e da sua degradação. Os ovos
chegam continuamente ao fígado e, desta maneira, lesões em diferentes etapas de
evolução podem ser estudadas.
Camundongos infectados com S. mansoni desenvolvem fibrose portal devido ao
acúmulo de ovos na área periportal, semelhante à fibrose pipestem observada em
pacientes humanos (ANDRADE & CHEEVER, 1993; ANDRADE, 1987).
A maciça infecção em camundongos produz uma hipertensão portal, relacionada ao
número e tamanho dos granulomas, os quais provavelmente não são relevantes
para o mecanismo de hipertensão portal em humanos (CHEVEER, 1969). Contudo
camundongos também partilham das lesões obstrutivas venosas portais
aparentemente responsáveis pela hipertensão portal em humanos.
Este modelo foi descrito inicialmente por WARREN (1966) e confirmado mais tarde
por ANDRADE (1987). Atualmente tem sido um dos modelos mais utilizados para o
estudo experimental da fibrose hepática não por reproduzir em vários aspectos a
doença humana, mas também por apresentar um baixo custo, uma vez que os
reagentes para camundongos encontram-se mais disponíveis no mercado e a
facilidade de manipulação dispensa maiores cuidados. O modelo tem similaridades e
diferenças com a fibrose pipestem humana. Contudo, pelo desenvolvimento da
22
fibrose e distribuição preferencial dos ovos no espaço periportal, o modelo reproduz
os principais aspectos desse tipo de fibrose (ANDRADE et al, 1998).
Para se obter uma fibrose sistematizada em camundongos infectados com S.
mansoni é fundamental que a infecção seja leve e acompanhada por mais de 16
semanas, que é o período de estabelecimento da fibrose, período crônico da
doença. Infecções pesadas (150 cercárias), geralmente não reproduzem o modelo,
podendo levar a ocorrência de uma distorção da vascularização portal até a morte
do hospedeiro antes da fibrose poder se desenvolver (ANDRADE & CHEEVER,
1993).
ANDRADE & WARREN (1964), observando a evolução do granuloma hepático em
torno dos ovos maduros de S. mansoni no modelo murino, verificaram que a
intensidade da resposta inflamatória vai reduzindo com o progresso da infecção. Os
ovos que são depositados mais tarde sofrem uma reação menos intensa, os
granulomas são mais delimitados, com muitos macrófagos e proliferação
fibroblástica e ocorre a diminuição do número de eosinófilos, caracterizando o
processo imunomodulatório.
Acredita–se que as lesões hepáticas graves na esquistossomose não dependem
dos ovos, mas de uma série de fatores, culminando em alterações vasculares,
proliferação de miofibroblastos e a produção de quantidades excessivas de matriz
extracelular (GRIMAUD & BOROJEVIC, 1977; 1986).
Segundo AL ADMANI (1985), na fase inicial da infecção, os granulomas
esquistossomóticos humanos contém principalmente fibronectina. Na fase
intermediária além da fibronectina encontra-se também o colágeno tipo III. Na fase
crônica o colágeno tipo I predomina. Técnicas imuno-histoquímicas demonstraram
que na matriz do granuloma hepático esquistossomótico murino, em estágios
recentes da infecção encontra-se grande quantidade de colágeno tipo III e pouco
tipo I. A laminina e o colágeno tipo IV são encontrados somente em vasos
neoformados na periferia do granuloma (WU et al, 1982).
Como a fibronectina é encontrada abundantemente durante o estágio mais ativo do
granuloma, sugeriu-se que a mesma poderia servir como marcador para o estágio
do granuloma (AL ADMANI, 1985).
O tecido elástico é achado em abundância em lesões fibróticas hepáticas
associadas apenas com a esquistossomose hépato-esplênica em humanos.
Observa-se uma hiperplasia elástica formando uma matriz compacta no espaço
porta alargado e ao longo dos finos e longos septos radiados do espaço porta.
23
Contudo, em camundongos, as fibras elásticas estão praticamente ausentes da
periferia do granuloma periovular e da fibrose portal (ANDRADE & GRIMAUD, 1986;
ANDRADE & FREITAS, 1991), sendo observada apenas dentro do granuloma,
provavelmente oriunda da parede de vasos destruídos.
ANDRADE & BRITO (1981), usando moldes plásticos da veia portal mostraram
numerosos vasos colaterais brotando dos ramos da veia porta intra-hepática dos
camundongos cronicamente infectados com S. mansoni, o que explicaria a curiosa
distribuição dos ovos ao longo dos espaços periportais. Esta mudança vascular
permite que os ovos sejam distribuídos ao longo do tecido periportal por pequenos
vasos (Andrade, 1987).
LOEFFLER et al. (2002) demonstraram em seus estudos in vitro, que antígeno
solúvel de ovos de S. mansoni tem a capacidade de indução da expressão do fator
de crescimento endotelial (VEGF) em células endoteliais humanas, sugerindo que
esta proteína pode ter um importante papel na indução da angiogênese no
granuloma esquistossomótico. Outros fatores têm sido citados na angiogênese do
granuloma como as alterações nas condições do microambiente como a hipóxia, o
pH acido, e baixa concentração de glicose que podem induzir a neovascularização,
em parte também pelo aumento de VEGF.
SILVA et al. (2006) demonstraram através de moldes plásticos do sistema de veias
portais de camundongos Swiss webster e BALB-c infectados com S. mansoni, que
camundongos com fibrose periportal apresentam marcantes mudanças vasculares
não observadas em camundongos com apenas lesões granulomatosas isoladas,
sugerindo que a interação entre os ovos e as mudanças vasculares portais o
fatores importantes para o desenvolvimento da fibrose pipestem. A fibrose periportal
é acompanhada por um processo de neovascularização evidente, demonstrado
através de marcações imunohistoquímicas contra colágeno tipo IV e laminina,
marcadores de membrana basal vascular. Brotamento de vasos colaterais do
principal ramo portal, amputação da ramificação periférica e distorções dos ramos
médios e pequenos foram observados. Essa proliferação vascular tem sido
interpretada como uma possível resposta do organismo a hipóxia causada pela
obstrução dos vasos portais pelos ovos de S. mansoni, na tentativa de manter o
equilíbrio da microcirculação hepática.
24
6- MATERIAIS E MÉTODOS
6.1- Animais
Foram utilizados camundongos da linhagem Swiss Webster para o modelo de
indução de fibrose por infecção com S. mansoni e ratos da linhagem Wistar
(Mammalia Rodentia, Muridae, Rattus Norvegicus Albinus) para compor os outros
quatro grupos experimentais. Os animais foram mantidos no Biotério do Centro de
Pesquisa Gonçalo Moniz/FIOCRUZ sob dieta e água padrão ad libitum e tratados de
acordo com as normas da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-FIOCRUZ).
6.2- Grupos Experimentais
Foram organizados os grupos experimentais de acordo com os métodos propostos
nos objetivos para estudo de diferentes modelos de fibrogênese e papel da
angiogênese.
6.2.1-Grupo Experimental com Esquistossomose murina
Vinte camundongos
foram infectados com 50 cercárias do S. mansoni por via transcutânea. Após 35 dias
de infecção, e a confirmação pelo exame de fezes da positividade dos animais para
a infecção, procedeu-se a eutanásia de dois animais experimentais e um controle, a
cada cinco dias.
6.2.2- Grupo Experimental com Capillaria hepatica
Dez ratos Wistar, de ambos os
sexos, pesando entre 150-200g foram infectados por via gástrica por meio de
entubação com agulha de ponta romba com 800 ovos embrionados de C. hepatica.
Dois animais experimentais e um controle foram submetidos à eutanásia com 20, 30,
40 e 50 dias após infecção.
6.2.3- Grupo Experimental com Soro de Porco
Dez ratos Wistar adultos, de
ambos os sexos, com peso variando entre 200-250g receberam duas injeções
intraperitoneais de soro de porco (1ml) semanais, até perfazerem 32 injeções (16
semanas). O animal controle foi injetado com 1 ml de salina. No dia seguinte após a
última dose do soro procedeu-se a eutanásia.
25
6.2.4- Grupo Experimental com CCl
4
Dez ratos Wistar machos pesando entre 150-
200g foram submetidos à administração gástrica de 0,5ml da solução de CCl
4
a 8 %
em óleo mineral, por meio de entubação com agulha de ponta romba, duas vezes
por semana. Após completarem 12 semanas de tratamento foram submetidos à
eutanásia.
6.2.5- Grupo Experimental com ligadura do colédoco
Dez ratos Wistar, de ambos
os sexos, pesando entre 250-300g foram submetidos à ligadura do colédoco. Uma
laparatomia com uma incisão longitudinal da pele na linha mediana, desde o
apêndice xifóide até a cicatriz umbilical, expôs os órgãos abdominais. O duodeno foi
retraído permitindo a identificação do ducto biliar. Após a identificação do ducto duas
ligaduras foram realizadas e uma ressecção da porção comum entre as duas
ligaduras foi feita para a interrupção total do fluxo. Após 4, 7, 14, 30 e 40 dias da
ligadura dois animais foram submetidos a eutanásia em cada ponto.
6.3- Anestesia
Como anestésico foi usado uma mistura de ketamina (2,5ml), xilasina (0,5ml) e
salina (1ml) administrada 0,2 ml/100g de peso.
6.4-Eutanásia
Para a eutanásia foram usadas doses letais da mistura do anestésico descrito
acima. Após a eutanásia foram removidos fragmentos de fígado para
criopreservação e preservação em formol para realização de técnicas histológicas e
de imuno-histoquímica.
6.5-Histopatologia
Fragmentos de fígado fixados em formol Millonig (pH 7.4), foram incluídos em
parafina e cortados em micrótomo. Secções de 5µm de espessura foram coradas
pelos métodos de Hematoxilina-Eosina, picrosírius vermelho para fibras colágenas
contrastado com verde luz e orceína para fibras elásticas. As secções foram
examinadas em microscópio óptico.
26
5.6-Imuno-histoquímica
5.6.1-Imuno-fluorescência
Fragmentos de tecido hepático foram imediatamente criopreservados em nitrogênio
líquido e estocados em freezer a -70
0
C. Posteriormente foram realizadas secções de
aproximadamente 5 micra de espessura em um criostato a -20
0
C. As secções
obtidas foram posteriormente fixadas em acetona gelada por cinco minutos e
acondicionadas em freezer; em seguida hidratadas com PBS (pH7,4) por cinco
minutos. O bloqueio das reações inespecíficas foi realizado com leite em Molico,
diluído a 10% em PBS pH 7,4, sendo realizada posteriormente a marcação com os
seguintes anticorpos primários: Colágeno tipo IV (1:20), fibronectina (1:25) e
laminina (1:100) a 37°C por 30’ em câmara úmida. Os anticorpos para colágeno IV
(Ref. 20451, Lot. 240), laminina (Ref. 24851, Lot. 188) e fibronectina (Ref.24911, lot.
194) foram produzidos em coelho no Instituto Pasteur em Lyon (França) e cedido
pelo Dr. Jean Aléxis-Grimaud. Após a marcação com os anticorpos primários as
lâminas foram lavadas com PBS pH 7,4, e adicionado o anticorpo secundário anti
IgG de coelho (SIGMA,USA) conjugado com isocianato de fluoresceína, diluído em
PBS (1:20) e azul de Evans, sendo as lâminas acondicionadas em câmara úmida a
37°C por 30’. Os cortes marcados foram examinados em microscópio Zeiss,
Axioskop, com epiiluminação provida de lâmpada HBO de vapor de mercúrio
potência 50w, com filtro de barreira e excitador apropriados para fluorescência.
5.6.2- Imuno-peroxidase
Para a imuno-peroxidase foram usados fragmentos de fígado criopreservados, para
marcação do fator de Von Willebrand (fator VIII - Santa Cruz biotechnology, Sc-
14014) e VEGF (Santa Cruz biotechnology, Sc-152), e fixados em formol para a
marcação de alfa-actina de músculo liso (α-SM-Dako, Clone 1A4, Lot. M0851).
Para criopreservação os fragmentos de tecido hepático foram mergulhados em
Tissue-teck (OCT compound-Miles Inc. Diagnostic Division, Elkhart, USA),
imediatamente congelados em nitrogênio líquido e estocados em freezer a -70
0
C até
o momento do uso.
Foram obtidas secções de 5µm de espessura dos fragmentos de fígado
criopreservados e parafinados que foram montadas em lâminas tratadas com Poly-L-
Lisine a 10% (SIGMA ST.Louis, Mo. USA).
27
As secções obtidas dos fragmentos de fígado criopreservados foram fixadas em
acetona por 5 minutos e conservadas no freezer a -20°C. No dia seguinte, foram
retiradas do freezer e deixadas à temperatura ambiente por 1 hora para estabilizar.
Após a hidratação com PBS por 5 minutos foi feito o bloqueio da peroxidase
endógena usando o bloqueador de peroxidase endógena (DAKO Envision Sistem) 2
vezes por 10 minutos. Os cortes foram lavados em água destilada e hidratados com
PBS/BSA 2 vezes de 5 minutos cada. Em seguida foi feita a inibição das ligações
inespecíficas usando leite desnatado a 10% em PBS, por 20 minutos, à temperatura
ambiente. As secções então foram incubadas em câmara úmida com o anticorpo
primário produzido em coelho, diluído com a solução do Kit DAKO (VEGF 1:100 e
Fator VIII 1:50) e deixadas na geladeira (4°C) overnight. No dia seguinte após
equilibrar a temperatura por 1 hora, as secções foram lavadas com PBS por 3 vezes
de 5 minutos cada e colocado o anticorpo secundário produzido em cabra, anti-
camundongo e anti-coelho conjugado à peroxidase (Kit DAKO Envision Sistem-
Labelled polymer). Após 30 minutos o material foi lavado com PBS por 3 vezes de 5
minutos e procedeu-se a revelação também feita com o Kit da DAKO. Os cortes
foram contra-corados com Hematoxilina.
Para a marcação de alfa-actina de músculo liso (α-SM) foi usado um anticorpo
monoclonal anti-alfa actina humano produzido em camundongos (Dako, Clone 1A4,
Lot. M0851) seguindo o mesmo protocolo anterior, contudo as lâminas antes
passaram pelo processo de desparafinização e a recuperação antigênica foi
realizada com tampão citrato pH 6,0 em banho – maria por trinta minutos.
7-RESULTADOS
7.1 Generalidades
A fibrose hepática foi reproduzida em todos os cinco modelos de indução propostos
nesse trabalho. O início do processo pôde ser observado com a histologia para
picrosírius-vermelho, específica para fibras colágenas, as quais se mostram coradas
em vermelho em contraste com o parênquima em verde (PRANCHA 2-A).
As imunomarcações para os elementos da membrana basal vascular, colágeno IV e
laminina, revelaram marcante angiogênese, aparentemente precedendo o processo
de depósito do colágeno em todos os modelos estudados, portanto
independentemente do agente etiológico. Nos modelos de indução de fibrose com
28
os parasitos S. mansoni e C. hepatica, a angiogênese se mostrou ainda mais
proeminente, sendo observada até mesmo com a coloração de rotina, como a H&E.
Em todos os modelos estudados, até mesmo naqueles onde as alterações hepáticas
são mais características de áreas centrolobulares, como no modelo do CCl
4
, pode-
se observar a ocorrência da fibrose nos espaços-porta.
7.2 Modelos
7.2.1 Grupo Experimental com Esquistossomose murina
Como os camundongos só passaram a liberar os ovos do parasito nas fezes após 35
dias de infecção, os sacrifícios foram realizados após esse período, dois animais a
cada cinco dias. Todos os vinte camundongos infectados desenvolveram fibrose
hepática. Os dois primeiros animais, sacrificados com aproximadamente cinco
semanas de infecção, já apresentavam uma grande quantidade de reações
granulomatosas ao redor de ovos íntegros ou em degradação. Nesse período, como
os granulomas se desenvolviam em pequenos espaços-porta, dava a impressão de
estarem distribuídos isoladamente no interior do parênquima. A expansão dos
espaços-porta, em conseqüência da concentração dos granulomas periovulares, foi
observada nas secções do fígado dos animais sacrificados mais tardiamente,
caracterizando a fibrose de tipo “pipestem”. Tanto a fibrose focal granulomatosa,
quanto à fibrose periportal característica da esquistossomose humana avançada
foram observadas com a coloração de H&E (PRANCHA 1-A) e com o picrosírius-
vermelho para fibras colágenas.
O grande depósito de colágeno alargando o espaço periportal na fase mais
avançada também foi marcante quando usado o anti-colágeno IV. Asreações de
imuno-fluorescências para o colágeno IV e para laminina (elementos da membrana
basal vascular) demonstraram bem a proliferação vascular nos espaços porta e nos
granulomas periovulares isolados (PRANCHA 1-B).
Os granulomas mais recentes, identificados pela presença de ovos íntegros no seu
interior, apresentaram uma maior quantidade de células inflamatórias
mononucleares e alguns polimorfonucleares eosinófilos, os quais formavam um
grande halo ao seu redor, sendo que os vasos se mostravam distribuídos de
maneira mais uniforme (PRANCHA 1-C). À medida que os granulomas iam se
tornando mais fibrosos, maduros, a população celular aparecia mais reduzida e os
vasos passavam a se concentrar mais na periferia.
29
A disposição dos vasos nos granulomas foi demonstrada também com a marcação
para fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) (PRANCHA 1-D) e fator VIII
de lulas endoteliais (PRANCHA 1-E), que acompanhou a cinética descrita acima,
confirmando a rica vascularização dos espaços porta e dos granulomas periovulares
esquistossomóticos.
Muitas células actina-positivas foram identificadas ocupando os espaços porta e o
derredor dos granulomas.
A marcação para fibras elásticas pela coloração por orceína demonstrou apenas os
vasos centrais e espaços-porta, semelhantemente ao grupo controle.
A presença de fibronectina foi observada no interstício das lesões em correlação
com o grau de inflamação presente, mas sem outras características especiais
(PRANCHA 1-F).
7.2.2 Grupo Experimental com Capillaria hepatica
Comparando com os outros modelos estudados, a Capilaríase em ratos foi o modelo
mais constante e regular de indução de fibrose, onde 100% dos animais infectados
desenvolveram a fibrose hepática uniformemente.
Os animais sacrificados após o 2 dias de infecção apresentaram lesões focais
representadas por uma intensa reação inflamatória granulomatosa com
predominância de lulas mononucleares, rodeando vermes e ovos imaturos e
isolando esse material do resto do parênquima, o qual aparentemente manteve a
estrutura normal. A formação dos septos fibrosos, também iniciando a partir dos
espaços porta foi observada mesmo na coloração por H&E, septos estes que não
mostravam sinais de continuidade imediata com as lesões focais diretamente
causadas pelos parasitos.
A presença e disposição das fibras colágenas nas lesões focais e na formação dos
septos nos espaços portais foram observadas nas lâminas coradas com o
picrosírius-vermelho (PRANCHA 2-A).
A proliferação vascular, nos espaços-porta e nos septos, foi revelada pelas
marcações da membrana basal vascular para colágeno IV e com laminina
(PRANCHA 2-B e C). Seguindo o mesmo padrão de distribuição, as
imunomarcações para Fator VIII e VEGF, revelaram a presença de células reativas
no espaço porta e dentro dos septos fibrosos ainda em formação (PRANCHA 2-E e
30
F). A fibronectina de matriz extracelular foi bem evidenciada nos septos e na
periferia das reações inflamatórias parasitárias focais.
No fígado dos animais sacrificados após 30 dias de infecção os septos fibrosos se
estendiam por todo o parênquima, ligando espaços porta a espaços porta e
eventualmente, às veias centrais, dando um aspecto trabecular ao fígado. As lesões
focais apresentaram-se com uma psula fibrosa mais espessa, em torno de restos
de vermes, vermes íntegros, e ovos. O parênquima manteve a arquitetura normal.
Nos espaços porta se observava um discreto infiltrado inflamatório. Os vasos
apareciam em toda a extensão do septo fibroso. Células α-actina-positivas foram
observadas ao longo dos septos e rodeando as lesões inflamatórias focais
(PRANCHA 2-D). As células positivas para fator VIII e VEGF apareciam formando
um halo ao redor dos nódulos fibrosos.
Aos 40 e 50 dias pós-infecção o quadro histológico não diferia muito do que foi
observado aos 30 dias. Alguns vermes exibiam necrose de coagulação com início
de calcificação.
A orceína marcou apenas fibras elásticas dos vasos portais e veia central.
7.2.3 Grupo Experimental com Soro de Porco
Dos ratos inoculados com o soro de porco, apenas 40% dos animais desenvolveram
uma fibrose septal fina e disseminada. A coloração do picrosírius-vermelho
demonstrou o depósito de colágeno, iniciando a formação dos septos fibrosos a
partir do espaço porta (PRANCHA 3-A).
A fibrose se mostrou como septos finos e longos partindo do espaço porta e se
irradiando por todo o parênquima. Os septos conectavam os espaços porta e
raramente as veias centrais formando uma teia que delimitava por vezes porções
nodulares do parênquima, simulando um gado cirrótico. Não se observou necrose
celular precedendo a fibrose, e os espaços-portais mostraram um leve infiltrado
inflamatório crônico.
As imunomarcações para colágeno IV (PRANCHA 3-B) e laminina (PRANCHA 3-C)
demonstraram a proliferação vascular iniciando-se no espaço porta e a aparente
migração desses vasos formando os septos. Células actina-positivas foram
marcadas especificamente ao redor dos vasos (PRANCHA 3-D).
Células positivas para Fator VIII e VEGF delimitaram bem os septos fibrosos
confirmando a forte vascularização dos septos (PRANCHA 3-E e F).
31
7.2.4 Grupo Experimental com CCl
4
Apesar da taxa de mortalidade de aproximadamente 15%, o modelo utilizado
correspondeu às expectativas na indução da fibrose hepática. Apesar de todos os
animais terem sido sacrificados após 12 semanas de inoculação, o modelo permitiu
avaliar a fibrose em vários estágios de desenvolvimento uma vez que, a
reprodutibilidade da fibrose não ocorre de maneira uniforme entre os animais. O
fígado dos animais tratados apresentou desde fibrose em estágio inicial até cirrose
dentro do período do experimento.
No momento do sacrifício, todos os animais apresentaram o fígado com aspecto
macroscópico enrijecido e rugoso. No estudo histopatológico as marcações para
picrosírius-vermelho revelaram grau variado de fibrose entre eles. Nas secções dos
fígados dos animais em estágio inicial da fibrose foram observados discreto infiltrado
inflamatório e início da formação de septos finos partindo tanto de regiões
centrolobulares, quanto do espaço porta. Também uma intensa esteatose nos
hepatócitos foi observada (PRANCHA 4-A). Nos casos considerados intermediários,
os septos finos tomavam grande parte do parênquima ligando espaços porta e
veias centrais; e nos casos mais avançados, onde se observavam septos mais
espessos circulando nódulos bem definidos no parênquima, os espaços porta se
mostraram bem dilatados devido ao depósito da matriz extracelular. Algumas vezes
a fibrose portal se iniciava antes mesmo de haver indícios de fibrose nas regiões
centrolobulares.
Nos casos considerados iniciais e intermediários, a coloração para orceína marcou a
periferia dos vasos portais e centrais. Nos casos mais avançados, onde a cirrose
estava estabelecida, se observou a marcação positiva dos vasos rodeando os
nódulos cirróticos.
A proliferação de vasos nos espaços porta, observada no início da formação dos
septos fibrosos, foi evidenciada nas secções marcadas para laminina e para
colágeno IV (PRANCHA 4-B e C). Células positivas para anti-fator VIII e VEGF foram
observadas nos septos oriundos dos espaços-porta e vasos centrais e mais tarde,
também ao redor dos nódulos cirróticos (PRANCHA 4-D e E).
Células actina-positivas foram observadas na periferia do espaço porta, veias
centrais, e nos septos fibrosos que pareciam migrar tanto da veia central quanto dos
espaços porta (PRANCHA 4-F).
32
7.2.5- Grupo Experimental com ligadura do colédoco
Os animais submetidos à ligadura do ducto biliar, sacrificados 4 dias pós-obstrução,
ainda não mostravam alterações macroscópicas acentuadas, apenas uma leve
dilatação do coto proximal do ducto e fígado com aspecto granular. Após o sétimo
dia a icterícia era notada através das orelhas, patas e urina amarelada dos animais.
O coto proximal do ducto biliar apresentava-se bastante dilatado e o fígado
levemente aumentado.
No trigésimo e quadragésimo dias, o côto proximal já se mostrava altamente dilatado
em todos os animais, com uma dimensão média de 6,5cm. Todos os animais
apresentavam um quadro de icterícia e hépato-esplenomegalia. O fígado aumentado
mostrava-se com aspecto superficial rugoso.
Os estudos histopatológicos demonstraram que, após os quatro dias da ligadura do
ducto biliar, já ocorria moderada reação ductular nos espaços-porta. Com as
secções coradas com H&E se observava a proliferação de células ductulares nos
espaços-porta acompanhada de um infiltrado inflamatório de polimorfosnucleares
rodeando os ductos (PRANCHA 5-A). Células actina-positivas também foram
observadas na periferia do espaço porta (PRANCHA 5-B) As marcações para
laminina e colágeno IV de membrana basal se mostraram positiva, tanto revelando a
presença desses elementos nos ductos biliares, como nos vasos proliferados nos
espaços porta (PRANCHA 5-C). Nesse mesmo período a marcação positiva intensa
já ocorria para VEGF na periferia dos espaços-porta.
Após sete dias a proliferação de células ductulares foi acentuada e se estendia de
um a outro espaço-porta vizinho (PRANCHA 5-D). Nesse período as marcações
para VEGF e fator VIII foram positivas e bem delimitadas nos espaços porta,
revelando a proliferação vascular acompanhando a ductular (PRANCHA 5-E e F).
Aos 14 dias, o fígado mostrou os espaços-porta bem mais alargados devido à
intensa proliferação ductular. Também ocorreu maior infiltrado inflamatório de
polimorfonucleares e linfócitos. Após os 30 dias uma extensa fibrose, com septos
conjuntivos contendo os ductos e vasos proliferados, conectava os espaços-porta
entre si.
Aos 40 dias s-ligadura o fígado apresentava a arquitetura lobular hepática
altamente alterada, os espaços porta alargados, e uma intensa proliferação de
ductos por todo o parênquima chegando a isolar áreas de hepatócitos.
33
PRANCHA 1
Schistosoma mansoni
Fig. A Fígado com estrutura do parênquima conservada, mostrando alguns
granulomas periovulares esparsos (a) e ampliação fibrosa dos espaços porta
(b), onde aparecem granulomas confluentes. H & E, 40X.
Fig. B Espaço porta mostrando fibrose evidente e numerosos vasos
sanguíneos, característico da forma avançada da esquistossomose (fibrose de
tipo pipestem). Imuno-fluorescência indireta para laminina. 100X
Fig. C Vasos sanguíneos distribuídos nos granulomas revelados pela
marcação da membrana basal vascular pela imuno-fluorescência indireta para
colágeno IV. 200X.
Fig. D A proliferação dos pequenos vasos sanguíneos, distribuídos de
maneira difusa, bem evidenciada nesta secção de um granuloma periovular
recente, marcado histoquimicamente para VEGE. 400X.
Fig. E Granuloma periovular mais antigo, com proliferação vascular mais
evidente na sua periferia. Imuno-histoquímica para anti-Fator VIII. 200X.
Fig. F Intensa marcação para fibronectina na matriz extracelular do espaço
porta e do granuloma esquistosomótico. 100X.
34
F
C
E
A
D
Schistosoma mansoni
B
a
b
D
Schistosoma mansoni
B
a
b
35
PRANCHA 2
Capillaria hepatica
Fig. A Aspecto característico da fibrose septal induzida pela infecção por C.
hepática no rato após 20 dias de infecção. Finos septos fibrosos aparecem
ligando os espaços porta. Picrosírius vermelho, 40X
Fig. B Presença de numerosos vasos no espaço porta no início do processo
fibroso. Imunofluorescência indireta para colágeno IV. 200X.
Fig. C A marcação da membrana basal vascular revela bem evidente a
presença de numerosos vasos desde os espaços porta até os finos septos
fibrosos daí irradiados. Imunofluorescência indireta para laminina. 100X
Fig. D – Células actina-positivas nos espaços porta aparecem no seio dos
finos septos fibrosos. Anti-α
αα
α-actina, 100X
Fig. E Presença de células positivas para Fator VIII nos espaços porta e nos
septos ainda no início de sua formação. 400X.
Fig. F – Marcação positiva para VEGF nos espaços porta, o que aparece
também ao longo dos septos fibrosos. 400X.
36
Capillaria hepatica
C
B
D
A
E
F
37
PRANCHA 3
Soro de Porco
Fig. A Secção de fígado de animais inoculados com soro de porco
demonstrando a deposição de colágeno na formação dos finos septos fibrosos
que conectam os espaços porta entre si. Picrosírius-vermelho. 100X.
Fig. B Evidencia dos vasos nos espaços porta marcados pelo anti-colágeno
IV ainda no início da formação dos septos. 100X.
Fig. C Proliferação dos vasos nos espaços porta e na direção dos septos,
numa fase bem inicial da formação dos mesmos. Imunofluorescência para
Laminina. 200X.
Fig. D Imunohistoquímica para α-actina marcando especificamente a parede
muscular do vaso porta principal. Anti-α
αα
α-actina. 100X.
Fig. E Presença de células que expressam reatividade para Fator VIII dentro
dos septos fibrosos. 100X.
Fig. F – Marcação positiva para VEGF também delimitando bem os septos
fibrosos. Anti-VEGF. 100X.
38
A
B
Laminina
C
E
F
Soro de Porco
D
39
PRANCHA 4
CCl
4
Fig. A – Secção de fígado de animais inoculados com CCl
4
apresentando
processo inflamatório, esteatose e fibrose. Coloração em H&E. 200X.
Fig. B Presença de vasos nos septos fibrosos, bem evidenciado pela
marcação da sua membrana basal pela anti-laminina. Imunofluorescência
indireta. 200X.
Fig. C As paredes vasculares aparecem bem evidentes tanto nos espaços
porta, como nos septos fibrosos. Imunofluorescência para colágeno IV. 200X.
Fig. D – Positividade para Fator VIII dentro dos septos fibrosos. 200X
Fig. E A marcação para VEGF também evidencia a proliferação vascular ao
redor dos nódulos da cirrose. Anti-VEGF. 200X
Fig. F Células α-actina positivas ao redor dos vasos hepáticos, evidenciando
parede muscular, e células migrando para os septos fibrosos (pericitos-
miofibroblastos?).
40
A
CCL
4
B
C
D
E
F
41
PRANCHA 5
Ligadura do Colédoco
Fig. A Fígado de rato com ligadura do colédoco há 4 dias, exibindo sinais de
proliferação ductular em torno de um ducto mediano e um infiltrado de células
mononucleares. 200X.
Fig. B Aspecto semelhante ao anterior mostrando que a maior parte das
células peri-ductais proliferadas são α-actina-positivas, que aparecem também
rodeando os vasos nos espaços periportais. 400X.
Fig. C Início da proliferação ductular e vascular demonstrando a presença
de fibras colágenas aos 4 dias pós-ligadura. Imunofluorescência para
colágeno IV. 200X
Fig. D Proliferação ductular e vascular se irradiando para o interior do
parênquima aos7 dias após a ligadura do colédoco. Anti-laminina. 400X
Fig. E – Presença de reatividade para VEGE em torno de vasos e ductos
proliferados 7 dias após a ligadura do colédoco. Anti-VEGF. 200X
Fig. F Presença de células positivas para fator VIII nos espaços periportais
aos 7 dias da ligadura do colédoco. 400X.
42
E
Ligadura do
Colédoco
B
A
C
D
F
E
Ligadura do colédoco
Colédoco
B
A
C
D
F
43
8 – DISCUSSÃO
8.1 - GENERALIDADES
Foi possível observar e documentar neste trabalho, através das marcações para os
componentes vasculares do endotélio (fator VIII); membrana basal (laminina,
fibronectina, colágeno tipo IV); parede vascular (actina, elastina) e fator pró-
angiogênico (VEGF) a participação da angiogênese no desenvolvimento da fibrose
nos cinco modelos experimentais propostos. Uma proeminente proliferação de vasos
no início da formação dos septos fibrosos em todos os modelos foi observada com a
marcação para laminina e colágeno IV de membrana basal vascular e confirmada
com as marcações para VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular) e fator
VIII, que já se faziam presentes antes mesmo do aumento do colágeno. Estes
achados sugerem que a angiogênese, de fato, exerce um papel importante no
desencadeamento do processo fibroso como sugerido no estudo com o modelo da
Capillaria hepatica realizado por SOUZA et al. (2006).
A participação da angiogênese já está bem estabelecida no processo de
cicatrização. Atualmente um maior interesse tem sido dado à ocorrência destas
alterações em condições patológicas. Na cicatrização, após lesão tecidual uma
intensa proliferação de vasos ocorre, formando um tecido designado como tecido de
granulação devido ao aspecto granuloso de sua superfície. Há muitos anos esse
evento tem sido interpretado como um recurso da natureza para fornecer aporte de
oxigênio e nutrientes ao tecido cicatricial que está sendo formado. Após a
cicatrização, o excesso de vasos é reabsorvido, deixando o novo tecido mais firme,
esbranquiçado e compacto. Estudos recentes têm chamado a atenção para a
importância da angiogênese relacionada à fibrose e outras doenças hepáticas como
o ncer e a hepatite (CARMELIET & JAIN, 2002). Essa importante associação foi
observada neste estudo uma vez que, tanto nos modelos de indução por infecções
parasitárias (C. hepatica e S. mansoni), quanto nos modelos de indução por
substância tóxica (CCl
4
), soro de porco e ligadura do colédoco, a angiogênese
esteve presente. A intensa proliferação de vasos demonstrada no início do
desenvolvimento do processo fibroso pode realmente estar representando a
formação de um arcabouço para um posterior depósito de material conjuntivo como
sugerido por RAPAPPORT et al. (1983).
44
O aumento da expressão de VEGF demonstrada em associação com a intensa
proliferação vascular e principalmente nos locais de posterior depósito do colágeno,
precedendo o processo fibroso, ressalta a importância deste, como fator promotor da
angiogênese na fibrogênese hepática. O VEGF pode ser produzido por rios tipos
de células hepáticas inclusive pelas próprias células endoteliais. Segundo
BEAUSSIER et al (2005), a hipóxia é o maior estímulo para a expressão do VEGF
nesses diferentes tipos de células. Estudo in vitro demonstrou que a hipóxia pode
induzir a expressão de VEGF em hepatócitos e também a produção de VEGF,
receptores Flt-1 e colágeno I em células estreladas ativas (UENO et al, 2006).
A progressão da fibrose tem sido ligada às lesões associadas com a hipóxia e a
neovascularização. CORPECHOT et al. (2002), após estudo com modelo
experimental de indução de cirrose por dietilnitrosamina em ratos, também
sugeriram que a hipóxia pode estar envolvida na progressão das doenças hepáticas
crônicas através da participação tanto na angiogênese, quanto na fibrogênese,
tendo demonstrado que apenas a hipóxia era suficiente para aumentar a expressão
de VEGF e de colágeno I no fígado.
A estreita relação entre os dois processos é sugerida, dentre outros aspectos, devido
ao fato de que fatores de crescimento que são atuantes no desenvolvimento do
processo fibroso, também têm se revelado como potentes fatores pró-angiogênicos
(KALLURI & SUKHATME, 2000).
Muitas células positivas para α-actina migrando para formarem
os septos foram
observadas e marcadas no início do desenvolvimento do tecido fibroso.
Provavelmente se tratavam dos miofibroblastos, já descritos por outros autores como
células imuno-reativas para α-actina de músculo liso responsáveis pelo excesso de
depósito da matriz extracelular na fibrose. Eles são produzidos apenas após
ativação de células precursoras em resposta à lesão tecidual, não estando
presentes no fígado normal. Entretanto, a origem desses miofibroblastos ainda é um
enigma a ser determinado.
Muitos trabalhos têm sido realizados com a finalidade de identificar a origem celular
da ntese aumentada da matriz extracelular na fibrose hepática. O maior destaque
tem sido dado às células estreladas hepáticas. No início do ano de 1970, essas
células foram consideradas como as células de maior contribuição para o depósito
da matriz na fibrogênese hepática. Muitos artigos vinham enfatizando que a ativação
destas células era um evento fundamental para promover a fibrose. Foi demonstrado
que em condições patológicas de estresse e lesão tecidual as células estreladas
45
eram ativadas e adquiriam um fenótipo de miofibroblastos e essa ativação incluía
desde a síntese de colágeno fibrilar, atividade contrátil, secreção de fatores
vasoativos, quanto a secreção de metaloproteinase e seus inibidores (GRIKO et al,
1995).
Acreditava-se que as células estreladas juntamente com os macrófagos residentes
no fígado conhecidos como células de Kupffer formavam o eixo da resposta
fibrogênica. Contudo, as células estreladas são células hepáticas perisinusoidais
residentes nos espaços de Disse, localizado entre a lamina endotelial e os
hepatócitos, o que justificaria a sua participação na fibrose perisinusoidal.
Entretanto, estariam realmente estas células participando da fibrose que se
estabelece em outras áreas do fígado, como observada nos modelos de ligadura do
colédoco e CCl
4,
onde a fibrose se inicia nos espaços porta e veias centrolobulares?
Segundo RAMADORI (1991), essas células possuem a capacidade de proliferação e
migração, que explicaria a sua atuação na resposta fibrogênica tanto na região
centrolobular, septal, quanto portal. Entretanto FONSECA et al. (2005) estudando a
participação dessas células na fibrogênese portal hepática na capilaríase,
demonstrou que, apesar da capacidade dessas células migrarem para essa região, a
sua presença não ocorreu de forma relevante durante o desenvolvimento do
processo. Este achado reforçou a idéia da possível participação de outros tipos
celulares na fibrose hepática.
Atualmente acredita-se que o fato das células estreladas armazenarem uma grande
quantidade de lipídios no seu citoplasma, possivelmente facilitou o seu isolamento
por gradiente de solução e conseqüentemente permitiu o seu estudo in vitro,
destacando a sua importância em detrimento de outras possíveis células
fibrogênicas (GUYOT et al, 2006; RAMADORI, 2004). De acordo com SANCHO-
BRU et al. (2005) o modelo de ativação de células estreladas em cultura não
reproduz exatamente o fenótipo ativado achado no fígado humano cirrótico,
sugerindo que estas células estreladas podem ter um papel importante na
fibrogênese, mas que o dogma de que são as únicas células responsáveis pelo
excesso da matriz nesse processo é algo a ser revisto (GUYOT et al, 2006).
Outras células atualmente têm sido implicadas no processo fibroso, como sendo
capazes de se diferenciarem em miofibroblastos e possuindo a capacidade de
síntese das proteínas do tecido conjuntivo (STATON, 2004). Dentre elas estão os
fibroblastos do trato portal, residente do tecido conjuntivo que rodeia os vasos e
ductos biliares; as células do músculo liso da parede dos vasos, os fibroblastos da
46
segunda camada da veia centrolobular; as células endoteliais e as células
perivasculares denominadas de pericitos, que atualmente m despertado o
interesse de muitos pesquisadores pelo fato de se tratar de células mesenquimais
que atuam como células tronco, tendo a capacidade de se diferenciarem, assumindo
fenótipos variados conforme as circunstâncias (RAMADORI, 2004). Segundo
GUYOT et al. (2006) a variação na distribuição da fibrose justamente decorre do fato
de que diferentes células com potencial fibrogênico podem estar envolvidas no
processo, ou diferentes tipos celulares podem predominar em diferentes modelos.
A proliferação de vasos precedendo a fibrose, observada em todos os modelos aqui
estudados, chama a atenção para a provável participação das células vasculares no
processo fibroso. Os vasos sanguíneos podem estar servindo como um suporte para
o transporte de pericitos residentes na sua periferia. Como atualmente sabe-se que
essas células têm a capacidade de se diferenciarem em fibroblastos ou
miofibroblastos, poderiam estar representando uma conexão entre os processos
angiogênico e fibrogênico. Contudo, as marcações realizadas neste trabalho não
permitiram essa afirmação, uma vez que os pericitos são células que estão
presentes em vários órgãos e a depender da sua localização e função, expressam
moléculas diferentes, não exibindo apenas um único marcador específico.
Entretanto, atualmente uma combinação de marcações para desmina, α-actina,
receptor de PDGF e regulador da proteína G têm sido sugeridos para a sua possível
identificação (GERHARDT & BETSHOLTZ, 2003).
Adicionalmente tem sido postulado que miofibroblastos hepáticos também podem
surgir da transição epitelial mesenquimal e de lulas progenitoras multipotentes e
migratórias, originárias da medula óssea (IREDALE, 2007). Essas células
apresentam ampla distribuição em diferentes órgãos e estão presentes nos vasos
sanguíneos, tornando-se uma fonte para obtenção de diferentes tipos célulares.
Após lesão hepática grave, onde a capacidade funcional e/ou proliferativa dos
hepatócitos se acha comprometida, evidências indicam que também células
progenitoras multipotentes conhecidas como células ovais podem ser recrutadas
para proliferação e diferenciação emrias linhagens hepatocelulares. Células ovais
consistem em uma população de células não parenquimatosas de pequeno porte,
com citoplasma escasso e núcleo ovóide, que proliferam a partir da tríade portal e
invadem o parênquima durante as etapas iniciais da carcinogênese experimental,
humana e regeneração hepática pós lesão por agentes tóxicos. Acredita-se que
essas células tenham origem em um compartimento de células progenitoras,
47
possivelmente localizadas nos canalículos biliares terminais, designados canais de
Hering e/ou regiões periductulares (NAVES & MORENO 2000).
Para uma possível identificação da origem destes miofibroblastos, se faz necessário
um estudo imuno-histoquímico complementar com outros marcadores, juntamente
com um estudo ultra-estrutural para a caracterização das células mesenquimais
presentes no tecido fibroso. De posse do perfil imunológico e morfológico
possivelmente a identificação e avaliação do papel das mesmas no processo poderá
vir a ser melhor analisado.
Um outro aspecto observado no presente estudo foi o padrão de distribuição da
fibrose. Com exceção do modelo induzido pelo CCl
4
, onde as lesões fibrosas
evidentes ocorrem também na zona acinar 3, nos demais modelos aqui estudados, a
fibrose parece se iniciar e se propagar predominantemente nas zonas periportais
(zona acinar 1). O espaço porta é uma área de drenagem de todo o parênquima
hepático onde os espaços de Disse funcionam como os capilares linfáticos iniciais
convergindo para os espaços porta e se dirigindo progressivamente para o hilo
hepático e, finalmente canal torácico. Assim os produtos gerados nas lesões que
afetam o parênquima podem acabar como mediadores da inflamação e da fibrose se
concentrando nos espaços porta, onde podem estimular várias estruturas e tipos
celulares.
8.2 - PARTICULARIDADES
O modelo da Capillaria hepatica, seguido pelos modelos da Ligadura do Colédoco e
da Esquistossomose, foram os que apresentaram angiogênese mais proeminente.
O modelo da C. hepatica nos permitiu acompanhar melhor a evolução das lesões
uma vez que 100% dos animais infectados desenvolveram a fibrose de maneira
uniforme. Um outro aspecto favorável no estudo utilizando esse modelo foi o fato de
que, devido a estudos prévios, sabia-se o período exato do início do processo, o que
dava uma certeza de que o material obtido dos animais sacrificados aos 20 dias pós-
infecção permitiria se observar realmente as lesões iniciais. Nessa fase,
documentamos uma intensa proliferação de células α-actina-positivas juntamente
com células reativas para fator VIII e VEGF nas regiões portais migrando para os
septos, sugerindo uma intensa proliferação vascular. Contudo, a partir da análise
das secções marcadas para laminina e colágeno IV de membrana basal vascular,
48
comparadas com as secções do fígado do mesmo período submetidas à coloração
pelo picrosírius-vermelho para colágeno, confirmamos a ocorrência da angiogênese
nos espaços periportais no início da formação dos septos fibrosos. Esses achados
corroboram o relato de SOUZA et al. (2006) em seu estudo ultrastrutural onde
descreve uma intensa proliferação de células mesenquimais que se enfileiravam
formando os septos que até então, 25°dias pós-infecção, apresentavam raras fibrilas
colágenas. Segundo os autores citados acima, nessa fase se observa
predominância de células endoteliais e fibroblastos e raras células estreladas foram
observadas. Desta forma, as células α-actinas positivas que foram observadas
podem representar células mesenquimais que foram transportadas com os vasos.
No modelo de indução da fibrose pela ligadura do colédoco, as marcações para
colágeno IV e laminina não nos permitiram diferenciar proliferação ductular da
vascular pelo fato dessas estruturas compartilharem esses dois elementos. No
material obtido aos 4 dias pós-ligadura não foi observado positividade para Fator VIII
de células endoteliais, contudo a presença de células reativas para VEGF era
abundante na periferia dos espaços portais, não permitindo confirmar a ocorrência
de proliferação vascular nesse período, mas sugerindo que o processo estava se
iniciando, uma vez que esse fator de crescimento atua justamente na proliferação da
células endoteliais vasculares. Aos 7 dias as marcações específicas para fator VIII
juntamente com VEGF revelaram uma intensa proliferação de células endoteliais
demonstrando um ativo processo angiogênico ocorrendo nesse período, onde se
observa o depósito do material conjuntivo juntamente com a intensa proliferação de
ductos biliares e processo inflamatório moderado. Esses achados condizem com o
que foi observado por ROSMORDUC et al (1999) que ressaltaram não ter observado
uma proliferação acentuada de células endoteliais, através de marcações para Ki67,
antes de uma semana.
MEDINA (2005) observou o aumento do número de estruturas vasculares no trato
portal na cirrose biliar primária humana, contudo sugeriu que essa angiogênese era
estimulada por fatores pró-angiogênicos liberados na região periportal pela
inflamação crônica e fibrose, ou seja, acreditavam que a angiogênese ocorria em um
estágio mais avançado do processo.
Nesse modelo as reações se iniciam com a degeneração de hepátocitos devido à
retenção de ácido biliar; ocorre estase no ácino 1 devido às lesões nas membranas
provocadas por esses ácidos, eventual infarto periportal e reação ductular
progressiva. Segundo DESMET (1995) essa multiplicação de ductos pré-existentes,
49
metaplasia de hepatócito periportal juntamente com a ativação de células
progenitoras é que estariam associadas à fibrose periductular, sendo o passo para o
aumento do depósito da matriz que resultaria na fibrose biliar e eventualmente em
cirrose biliar verdadeira.
Segundo ROSMORDUC et al (1999) a angiogênese que ocorre no modelo de
ligadura é primariamente estimulada pelo VEGF em resposta a hipóxia
hepatocelular. Eles observaram um aumento de 95% da expressão do VEGF após 2
semanas de hipóxia nos hepatócitos. E relataram que nesse período ocorria o
aumento da proliferação de células endoteliais vasculares periportais, seguida por
um aumento significativo da densidade do fator de Von Willenbrand nas áreas
fibróticas.
O desenvolvimento de shunts e capilarização de sinusóides devido à diminuição da
perfusão microvascular, que é uma característica bem estabelecida em casos de
cirrose e outras doenças hepáticas que restringe o acesso do soluto sanguíneo aos
hepatócitos, promovem a hipóxia e assim estimulam a produção do VEGF. A
estimulação da produção e liberação desses promotores angiogênicos vão estimular
a migração e proliferação de células endoteliais de vasos pré-existentes (UENO et
al., 2006).
Foram observadas muitas células positivas para α-actina na periferia dos espaços
portais, rodeando as estruturas vasculares e ductulares, e também migrando para o
interior dos septos. O acúmulo de miofibroblastos juntamente com a matriz
extracelular ao redor de ductos proliferados tem sido investigado na montagem da
lesão colestática (KINMAN & HOUSSET, 2002). Contudo apesar do principal alvo da
inflamação e destruição tecidual nesse modelo, ocorrer primariamente no ducto
biliar, os vasos presentes ali na periferia também são afetados. Assim as células α-
actinas positivas, poderiam tratar-se tanto de miofibroblastos originários das células
periductulares como sugerido por alguns autores, como também de pericitos
presentes na periferia dos vasos.
KINNMAN et al. (2000) acreditavam que mesmo nesse modelo onde as reações
ocorrem na região periportal, as células estreladas hepáticas estariam envolvidas no
depósito da matriz extracelular devido à sua capacidade de migração e proliferação.
Entretanto, esses autores mais tarde relataram ter observado nos estágios mais
recentes do processo, o envolvimento dos fibroblastos que rodeavam as estruturas
biliares do trato portal, chegando à conclusão de que seriam essas células as
responsáveis pelo excesso da matriz nesse modelo. Entretanto sugeriram que
50
células estreladas possivelmente teriam uma participação no processo, contudo
apenas quando a área portal, aumentada de tamanho, invadisse o parênquima
(KINNMAN et al., 2003).
KINMAN & HOUSSET (2002), evidenciaram que as células estreladas hepáticas
submetem-se a uma transição para miofibroblastos após a ligadura do ducto e
mostram quimioatração para ductos biliares na colestase hepática. Contudo também
sugeriram que a origem dos miofibroblastos peribiliares pode ser atribuída à ativação
e proliferação de fibroblastos portais. De acordo com os autores as células epiteliais
do ducto biliar também demonstraram contribuir ativamente para a promoção e
regulação dessa fibrogênese, através da síntese e liberação de inúmeros
mediadores tais como: fator transformador de crescimento beta (TGF-β), fator de
aumento do tecido conjuntivo, fator de crescimento derivado de plaquetas e
endotelina-1, que têm como alvo diferentes tipos de células hepáticas, incluindo
células estreladas e fibroblastos portais. Acredita-se que a fibrose periportal se
desenvolva na colestase e provavelmente também em outros tipos de doenças
hepáticas através da interação entre células epiteliais do ducto e miofibroblastos
peribiliares.
De acordo com relatos de KINMAN et al (2003), quando ocorre à redução do fluxo
biliar na cirrose colestática, a intensa proliferação ductular leva à destruição dos
hepatócitos que estão mais próximos do campo portal e consequentemente
desencadearia a ativação de fibroblastos periductulares.
Sabe-se que o principal fator responsável pela indução das lesões no modelo da
ligadura do colédoco além da composição da bile, é o aumento da pressão na região
portal. O recrutamento de células inflamatórias que chegam a esta região em
resposta as lesões teciduais promove a destruição dos ductos biliares e da primeira
camada de hepatócitos levando ao aumento desse campo. Este fato poderia
justificar a ativação dos fibrobrastos portais, uma vez que foi demonstrado que
para os mesmos assumirem um fenótipo de miofibroblastos necessitaria serem
submetidos a grandes pressões. Contudo, uma vez que os pericitos também estão
próximos aos nos ductos biliares, esses também poderiam estar contribuindo para o
depósito da matriz extracelular no espaço porta nesse modelo.
No modelo de indução de fibrose com a infecção com S. mansoni, a participação dos
fibroblastos portais também tem sido sugerida. A ativação dessas células poderia ser
justificada pelo alargamento dessa área devido ao constante depósito de ovos e
51
também proliferação ductular, que podem promover um aumento de pressão nessa
região.
O modelo murino de esquistossomose nos permitiu estudar tanto a fibrose
granulomatosa, quanto a fibrose periportal. Camundongos infectados com o S.
mansoni podem desenvolver as duas formas de esquistossomose observadas em
humanos: A forma hépato-intestinal, caracterizada pela presença de granulomas
periovulares e a forma mais grave, hepatoesplênica, caracterizada pela grande
concentração de granulomas e intensa fibrose periportal, conhecida como fibrose
tipo pipestem.
Após infecção, vermes adultos instalam-se nos vasos sanguíneos mesentéricos e no
sistema portal hepático do hospedeiro. Nesse local ocorre a postura dos ovos que
serão carreados pelo sistema circulatório até os capilares hepáticos. A contínua
chegada de ovos nos capilares promovendo lesões obstrutivas nos vasos e abertura
de vasos colaterais nos espaços portais aonde os ovos irão se acumular, juntamente
com fatores liberados pelos mesmos após amadurecimento, irão desencadear
intensa reação granulomatosa e depósito de matriz nos espaços portais, revelando
um quadro de fibrose periportal.
Dos camundongos que infectamos poucos apresentaram a fibrose periportal. O
tempo de infecção dos animais foi de grande importância para a obtenção desse tipo
de fibrose, uma vez que só foram vistas nos animais que foram sacrificados após os
60 dias de infecção. A maioria apresentou apenas granulomas periovulares isolados,
distribuídos pelo parênquima hepático, preservando a arquitetura normal do fígado.
No passado acreditava-se que camundongos infectados por longos períodos
desenvolveriam sistematicamente uma fibrose periportal devido a um depósito
maciço de ovos ao longo das veias periportais intra-hepáticas. Mais tarde foi
demonstrado que até mesmo, em camundongos isogênicos infectados, apenas 30-
50% desenvolvem esse tipo de lesão (Andrade & Cheever, 1993). Hoje se sabe que
o período de infecção não é o único fator determinante para o desenvolvimento
desse tipo de fibrose, outros fatores parecem estar envolvidos. Grimaud & Borojevic
(1977,1986) baseado em estudos estruturais sugeriram que lesões hepáticas
severas na esquistossomose dependem de uma série de fatores que culminam em
danos vasculares, proliferação de miofibroblastos e produção excessiva de matriz
por essas células e não apenas dos ovos do parasito.
Alterações vasculares são reconhecidamente proeminentes na forma pato-
esplênica da doença. Andrade & Cheever (1971) haviam descrito a ocorrência de
52
distorções nos pequenos e médios capilares e brotamento de vasos a partir da veia
porta, promovido pela embolização de grande número de ovos na fase crítica da
infecção. Andrade (1987) havia relatado que a presença desses ovos no interior de
veias e capilares dilatados precedia a concentração de granulomas periportais, o
que indicava que as mudanças vasculares que precedem à fibrose periportal eram
realmente importantes para o seu desenvolvimento. Entretanto na fibrose focal, os
granulomas isolados eram até pouco tempo conhecidos e descritos em livros de
texto como estruturas avasculares. SILVA et al. (2006) também os descreveram em
seus estudos como estruturas avasculares que apresentavam apenas uma corôa de
vasos sanguíneos na sua periferia. Contudo é de se estranhar desde o início do
processo a ocorrência de infiltração celular, proliferação fibroblástica e depósito de
colágeno sem a participação dos vasos sanguíneos.
Diferentemente do que foi observado por esses autores, utilizando as marcações
para os elementos vasculares, pudemos observar intensa vascularização tanto nos
espaços periportais fibrosos, quanto nos granulomas periovulares isolados.
Possivelmente a descrição de SILVA et al (2006) decorreu do fato de terem avaliado
secções de gado de animais sacrificados em períodos mais tardios, uma vez que,
apesar do depósito de ovos ocorrer de forma contínua, nessa fase da infecção, se
observa uma predominância de granulomas maduros que são mais fibrosos e pouco
vascularizados.
As marcações para fator VIII, laminina e colágeno IV confirmaram a intensa
proliferação vascular observada nos espaços portais e nos granulomas
esquistossomóticos registrados nesse trabalho. A dilatação do espaço porta ocorre
tanto pelo agregado de granulomas periovulares, devido à maciça deposição de
ovos, quanto pela formação de um tecido de granulação. Essas evidências de
proliferação vascular nesse modelo indicam que a angiogenêse tem um papel na
formação do tecido de granulação que precede a fibrose periportal. A distribuição
dos vasos na fibrose granulomatosa esquistossomótica se assemelha ao tecido de
granulação que antecede o processo de reparo. Granulomas recentes identificados
pela presença de ovos íntegros no interior, apresentavam grande número de vasos
distribuídos de maneira mais uniforme e, à medida que iam se tornando mais
maduros, ou seja, mais compactamente fibrosos, os vasos tendiam a se
posicionarem na periferia desses granulomas. Essas observações corroboram o que
foi publicado por BAPTISTA & ANDRADE (2005), os quais concluíram que a
53
associação do tecido conjuntivo neo-formado e diferenciação com proliferação
vascular é bem representada durante a formação do granuloma esquistossomótico.
Nesse modelo também se pôde verificar muitas células α-actinas positivas presentes
tanto nos granulomas periovulares, no início do processo, quanto no denso tecido
fibroso periportal. Segundo estudo experimental realizado por BARBOSA et al.
(1993) miofibroblastos derivados de células estreladas participariam da formação de
granulomas periovulares nos espaços-portais. Entretanto na fibrose periportal
ANDRADE et al. (1999) em estudo ultrastrutural em humanos, não evidenciaram
importância das células estreladas, demonstrando a participação de células do
músculo liso vascular, que gradualmente tendiam a desaparecer.
Como após infecção os ovos do parasito migram para o fígado através do sistema
porta, ficando retidos nas porções mais estreitas dos vasos portais, possivelmente a
obstrução dos microvasos dos espaços periportais promovem lesões
microvasculares como demonstrado por ANDRADE (1987) que, conseqüentemente,
estimulariam as células endoteliais a proliferarem e a migrarem a fim de restabelecer
o fluxo sanguíneo normal, promovendo também a liberação de vários fatores tanto
fibrogênicos (TGF-b) quanto angiogênicos (VEGF e PDGF) antes mesmo de uma
reação inflamatória crônica, levando à ativação de células fibrogênicas ali presentes.
Diferentemente dos dois modelos anteriores, nos animais tratados com CCl
4
as
lesões hepáticas se concentraram principalmente ao redor dos vasos centrais. Pode-
se observar necrose hepatocelular, reação inflamatória e grande concentração de
células α-actina-positivas ao redor das veias centrolobulares. Essas células,
provavelmente são as responsáveis pelo depósito da grande quantidade da matriz e
inicio da formação dos septos nessa região. Alguns autores acreditam tratar-se de
células da segunda camada dos vasos centrais que teriam um importante papel
nesse tipo de fibrose (fibrose pericentral). Outros acreditam tratar-se das células
estreladas, devido à proximidade do local em que residem (REEVES & FRIEDMAN
2004).
O aumento da expressão de VEGF foi observado nessa região provavelmente
devido à redução do oxigênio comprometido pelo tratamento com o CCl
4
. Tem-se
demonstrado que após intoxicação com tetracloreto de carbono, além dos
hepatócitos, as células estreladas hepáticas também expressam VEGF e seus
receptores (ISHIKAWA et al., 1999). Seguindo o aumento do VEGF foi observada
uma intensa proliferação de células positivas para fator VIII.
54
Paralelo às reações na região centrolobular, a coloração do picrosírius-vermelho
para colágeno nos revelou concomitante desenvolvimento de fibrose também nos
espaços periportais e proliferação de células endoteliais visualizadas pela
positividade para fator VIII. Como nos outros modelos, a participação da
angiogênese no início dessa fibrose periportal foi confirmado também com as
marcações para colágeno IV e laminina.
Na fibrose induzida por CCl
4
foi observado que o TFGβ pode diretamente ou através
de outras lulas, induzir a formação de novos vasos sanguíneos in vivo,
principalmente quando associado com o fator de crescimento de fibroblasto (FGF). O
TGFβ é uma citocina identificada durante o estágio inicial da resposta fibrótica antes
mesmo dos sinais de inflamação e aumento de número de fibroblastos. Ele é
expresso em células perisinusoidais estreladas, em miofibroblastos e em fibroblastos
portais durante processo fibroso. Acredita-se que essa citocina também exerça um
papel importante na maturação das células da periferia dos vasos, os pericitos
(KALLURI & SUKHATMA, 2000). O TGFβ estimularia a expressão de colágeno I e III
em células mesenquimais (RAMADORI, 2004).
No modelo do Soro de Porco, assim como no modelo de indução de fibrose pelo
CCl
4
, a fibrose também se desenvolveu tanto na região centrolobular quanto nas
zonas periportais. Os septos se irradiavam das zonas portais para as centrolobulares
resultando na formação de pseudolóbulos. O depósito de colágeno tipo IV foi
demonstrado por ser predominante na matriz da fibrose principalmente nos estágios
mais recentes, juntamente com a intensa proliferação de células positivas para fator
VIII e VEGF que se iniciava nos espaços periportais e migravam para os septos,
sugerindo a participação das células endoteliais sinusoidais na produção do
colágeno nesse modelo. Estes achados corroboram o que foi descrito por SHIGA et
al (1998) que demonstraram que desde o início até o período mais avançado do
processo se observa deposição de colágeno tipo I, III e IV, com predominância do
colágeno IV nas fases mais iniciais.
Segundo SHIGA et al (1997), a fibrogênese neste modelo segue as mudanças
vasculares ou hemodinâmicas da circulação hepática. Alterações hemodinâmicas da
circulação intrahepática induziriam necrose, apoptose e degeneração hepatocelular
e estas mudanças teriam um importante papel na patogênese da fibrose induzida
pelo soro de porco, contudo não detectadas muitas vezes devido ao pequeno
número de células lesadas e rápida fagocitose pelos macrófagos. Estes autores
demonstraram a presença de macrófagos e de células desmina e α-actina positivas
55
rodeando as veias centrolobulares e os septos fibrosos e também proliferação de
fibras elásticas nos septos em estágios mais avançados indicando uma gradual
ocorrência de necrose hepatocelular. Em nossas secções o observamos necrose
e apoptose de hepatócitos, moderado processo inflamatório nas áreas
periportais.
BHUNCHET et al (1992) acreditavam que a resposta imune aos antígenos era
realmente o fator decisivo para a indução da fibrose. Através dessa resposta,
macrófagos incluindo células de Kupffer seriam ativados e estimulariam as células
estreladas perisinusoidais e fibroblastos intersticiais (portais, capsular e células da
segunda camada da parede da veia portal) iniciando o processo fibroso. Mais tarde
esses mesmos autores (BHUNCHET et al, 1996) demonstraram que ratos neonatos
tolerizados com soro de porco não desenvolviam fibrose quando submetidos na fase
adulta. Eles acreditavam que a necrose de hepátocitos pode ser ignorada como fator
da fibrogênese nesse modelo.
A gênese da fibrose induzida por soro de porco é ainda bastante controversa.
PARONETO & POPPER (1966), foram os primeiros a considerarem o modelo como
a forma de se obter fibrose, sem precedentes de necrose e inflamação crônica,
possivelmente induzida por complexos imunes, contudo não esclarecendo como
esses complexos atuariam para desencadear o processo. Entretanto, esses mesmos
autores também observaram uma grande proliferação de ductos biliares na rota dos
septos periportais, sugerindo que os mesmos poderiam ter um papel no
desenvolvimento da cirrose nesse modelo. Essa proliferação ductular foi confirmada
nos trabalhos de SHIGA et al. (1997), que também demonstraram em estudo
estrutural a presença de células endoteliais expressando Fator VIII nos septos
fibrosos, sugerindo o aumento do fluxo sanguíneo no início do processo. A
positividade para laminina e para colágeno IV que foi demonstrada nesse trabalho
rodeando os espaços periportais e veias centrolobulares, poderia representar tanto
uma proliferação ductular, quanto vascular uma vez que, como já mencionado,
esses elementos estão presentes nas duas estruturas, e assim, como nos outros
modelos, a proliferação de muitas células positivas para fator VIII e VEGF foi
observada nos septos.
NAKANO (1986) após observarem um espessamento da parede da veia portal
levando a um estreitamento do lúmen do vaso, alterações de hepatócitos e restos de
células antes do início da fibrose, sugeriu que a fibrose resultava de lesões
hepáticas que poderiam ter sido causadas por distúrbio da veia portal.
56
O fato de a angiogênese ter se mostrado presente em todos os modelos,
precedendo o depósito da matriz conjuntiva, chama a atenção para a sua
importância no desenvolvimento do processo fibroso. Entretanto, um estudo mais
profundo tanto dos elementos celulares, quanto dos fatores envolvidos no processo
fibrogênico, se faz necessário para uma maior compreensão do papel da mesma no
processo fibroso.
9- CONCLUSÕES
1. A angiogênese se mostrou como um importante fator no desenvolvimento do
processo fibroso, uma vez que precedeu o depósito do colágeno, em todos os
modelos estudados, independente do agente etiológico.
2. A angiogênese se apresentou mais proeminente nos modelos da Capilaríase
hepática do rato, na ligadura do colédoco e na Esquistossomose murina.
3. O espaço porta se revelou como foco da resposta fibrosa em todos os modelos,
independente do estímulo usado para indução da fibrose.
10- PERSPECTIVA FUTURA
Realizar estudo ultra-estrutural e análise imuno-histoquímica para identificar os
elementos celulares envolvidos na fibrogênese hepática experimental.
Avaliar a resposta fibrogênica após a utilização de drogas anti-angiogênicas.
57
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