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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
RESPOSTAS TERMORREGULATÓRIAS DE MENINOS PÚBERES OBESOS E
NÃO-OBESOS DURANTE PEDALADA NO CALOR
Paulo Lague Sehl
Porto Alegre
2010
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
RESPOSTAS TERMORREGULATÓRIAS DE MENINOS PÚBERES OBESOS E
NÃO-OBESOS DURANTE PEDALADA NO CALOR
Paulo Lague Sehl
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento
Humano da Escola de Educação Física da
Universidade do Rio Grande do Sul para
obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Dr
a
Flávia Meyer
Porto Alegre
2010
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2
3
"Foi o tempo que dedicaste
à tua rosa que a fez tão importante"
Antoine de Saint-Exupéry
4
AGRADECIMENTOS
Às crianças que literalmente suaram por este estudo; e também aos seus
respectivos responsáveis, pela participação, interesse e comprometimento.
Às Escolas que me abriram suas portas; e aos meios de comunicação
Diário Gaúcho, Zero-Hora e Correio do Povo, pelo auxílio na divulgação desta
pesquisa.
Ao colega Ms. Jocelito Bijoldo Martins, por compartilhar seu conhecimento
e, sobretudo, por sua amizade ao longo desses dois anos.
À mestranda Gabriela Leites, pela imensa ajuda durante as coletas, fosse
suando no calor da mara ambiental, ou “congelando” no frio do laboratório
de bioquímica.
Às colegas e amigas do grupo, Cláudia Perrone e Andrea Fontoura, por
todo o apoio quando precisei.
Ao fisiologista Giovani Cunha, pelos ensinamentos, auxílios e amizade
durante essa jornada.
Aos professores Dr. Alvaro Reishak de Oliveira, Dr
a
. Flávia Meyer e Dr.
Flávio Antônio de Souza Castro, com os quais tive aula no mestrado e que
fizeram por merecer minha sincera admiração profissional.
Aos colegas que ingressaram comigo no curso; e aos que, ao longo dessa
jornada, também me incentivaram: André Lopes, Geórgia Becker e Roberta
Bgeginski; Eduardo Cadore, Rossana Nogueira e Diana Perin.
Aos cnicos do Laboratório (Alex, Luciano, Luiz, Rafael, Dani e Vanessa),
funcionários e acadêmicos desta Escola; ao pessoal do PPG, em especial ao
André e à Ana; à Márcia Dornelles; à UFRGS, ao LAPEX e ao CAPES:
todos contribuíram para o desenvolvimento e a conclusão deste estudo.
Às pessoas que contribuíram e/ou me incentivaram para iniciar esta formação
acadêmica: Dr. Marcos Ferreira, Dr
a
Beatriz Seligman, professora Carini
Delavald, Dr
a
. Nídia Nunes, Ms. Simone Heikin e Ms. Geraldo Jobim.
Aos amigos e alunos que compreenderam e toleraram minha “falta de tempo”,
e foram flexíveis com ela, fico muito grato.
Por essas razões, também agradeço com amor à minha família, em especial
à minha mãe (Maria Tereza), ao meu pai (Fernando) em memória e aos
5
meus irmãos (Fernando, Carlos e Denise), por toda educação, carinho e
apoio que sempre me proporcionaram.
Agradeço à minha namorada Carini Delavald, pelo seu amor, e por estar ao
meu lado e compreender esta fase “inquieta” que é o mestrado.
E, por fim, meus sinceros agradecimentos à Dr
a
Flávia Meyer, por sua
orientação constante e amizade ao logo desses anos; por me incentivar,
ensinar, corrigir, tranquilizar e, sobretudo, por investir e acreditar nesta
conquista.
Obrigado.
6
RESUMO
Estratégias de aclimatização ao calor e recomendações de segurança à saúde para
crianças e jovens que se exercitam no calor são enfatizadas na literatura, devido
principalmente à limitação da perda de calor pela sudorese, em comparação aos
adultos; e acredita-se que, nos meninos obesos, essa resposta possa ser mais
prejudicada. Aspectos relacionados à termorregulação e à sudorese, além de
recomendações para a prática prolongada de exercícios no calor, em crianças e
jovens, incluindo obesos, foram revisados na literatura; e um estudo experimental foi
realizado. Objetivo: Comparar a temperatura retal (T
retal
), a sudorese e a sensação
subjetiva de calor (SSC) entre meninos púberes obesos e não-obesos que pedalam
em uma similar intensidade relativa de esforço e na mesma condição ambiental.
Métodos: No estudo experimental, meninos púberes fisicamente ativos foram
alocados em dois grupos (obesos, n = 17; e não-obesos, n = 16). Ambos pedalaram
dentro de uma câmara ambiental (35°C, 40-45% UR) por 30 min, a 50-60% do
VO
2pico
;
e, após 10 min de repouso, pedalaram até a exaustão (90% do VO
2pico
). A
T
retal
, a frequência cardíaca (FC), a sudorese, a taxa de percepção de esforço (TPE)
e a SSC foram avaliadas durante os 30 min de pedalada; e a T
retal
e a FC, durante a
pedalada mais intensa. Resultados: O aumento da T
retal
e da FC, assim como as
respostas da sudorese foram similares entre os grupos, durante os 30 min de
pedalada. A TPE foi maior nos obesos dos 25 aos 30 min de pedalada; e a SSC,
durante os 30 min de pedalada. Obesos pedalaram intensamente (90% do VO
2pico
)
por menos tempo que os não-obesos, e a ∆T
retal
foi maior nos não-obesos.
Conclusão: A prescrição do exercício nas condições do protocolo seguido no
presente estudo pode ser fisiologicamente segura para meninos púberes obesos
fisicamente ativos e aclimatizados ao calor; mas não generalizadas a meninos
obesos sedentários e/ou não-aclimatizados ao calor. O maior desconforto térmico
dos meninos obesos ressalta a importância das mensurações subjetivas no auxílio à
escolha da modalidade de exercício mais adequada para os meses do verão, o que
pode prevenir riscos de doenças relacionadas ao calor.
Palavras-chave: termorregulação, sudorese, obesidade, pediatria, exercício físico no
calor.
7
ABSTRACT
Strategies of acclimatization to the heat and health safety recommendations for
children and adolescents exercising in the heat are emphasized in the literature,
particularly due to the limitation of heat loss through sweating as compared to adults;
moreover, it is thought that this response may be impaired in obese children. Aspects
relevant to thermoregulation and sweating, as well as recommendations for the
prolonged practice of exercises in the heat by children and adolescents, including
obese ones, were reviewed in the literature, and an experimental trial was performed.
Aim: To compare the rectal temperature (T
rect
), sweat rate, and subjective sensation
of heat (SSH) between obese and non-obese pubertal boys who cycled at a similar
relative effort intensity and in the same environmental conditions. Methods: In the
experimental trial, physically active pubertal boys were placed in two groups (obese,
n = 17; and non-obese, n = 16). Both cycled inside an environmental chamber (35°C,
40-45% RH) for 30 min. at 50-60% VO
2peak
, rested for 10 min., and then cycled to
exhaustion (90% VO
2peak
). T
rect
, heart rate (HR), sweat rate, rate of perceived
exertion (RPE) and subjective sensation of heat (SSH) were assessed during the 30
min. of cycling; and T
rect
and HR during the most intense cycling. Results: The
increase in T
rect
and HR as well as the sweating responses were similar between the
groups during the 30-minute cycling. The RPE was greater in the obese at 25-30
minutes of cycling; and the SSH throughout the 30 minutes. The obese cycled
intensely (90% VO
2peak
) for shorter than the non-obese, and T
rect
was greater in the
non-obese. Conclusion: The prescription of exercise in the protocol conditions used
in the present study may be physiologically safe for physically active, heat acclimated
obese pubertal boys, but it cannot be generalized to obese boys who are sedentary
and/or non-acclimated to the heat. The greatest thermal discomfort of obese boys
highlights the importance of including subjective assessments in selecting the most
suitable exercise modality for the summer months, which may avoid risks and
prevent heat-related disorders.
Keywords: thermoregulation, sweating, obesity, pediatrics, physical exercise in the
heat
8
APRESENTAÇÃO
Resultados parciais deste estudo foram aceitos (ANEXO A) na forma de
resumo (ANEXO B) para apesentação em congresso internacional 2
nd
Joint
Meeting North American Society for Pediatric Medicine (NASPEM) a ser realizado
de 22 a 26 de setembro de 2010, em Ontario, Canadá.
Com o objetivo de submeter um artigo original à publicação em periódico
científico internacional, esta dissertação está estruturada sob forma adaptada,
composta pelos seguintes capítulos:
1) Introdução, que relata os aspectos do tema até então estudados, o
problema em questão e seus objetivos, geral e específicos; 2) Revisão de
Literatura, que abrange as principais investigações sobre exercício no calor em
crianças e adolescentes, destacando aqueles que são obesos; 3) o experimento
propriamente dito, sob a forma de Manuscrito Original Expandido, intitulado
“Respostas termorregulatórias de meninos púberes obesos e não-obesos que
pedalam no calor”; e, por fim, 4) as Considerações Finais, de acordo com os
principais desfechos desta dissertação.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Indicadores do estado de hidratação ................................................. 22
Quadro 2 Recomendações para crianças e jovens durante atividades físicas no
calor ................................................................................................................... 25
Quadro 3 Restrição de atividades físicas em diferentes níveis de estresse térmico
................................................................................................................... 26
Figura 1 Desenho do protocolo experimental. ................................................... 44
Figura 2 Temperatura retal, frequência cardíaca e taxa de percepção de esforço
durante 30 minutos de pedalada. ....................................................................... 48
Figura 3 Concentração de sódio [Na
+
], cloro [Cl
-
] e potássio [K
+
] no suor. ........ 50
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características dos grupos ................................................................. 40
Tabela 2 Sensação subjetiva de calor durante pedalada e recuperação .......... 49
Tabela 3 Volume de suor, ingestão de líquido e balanço hídrico ....................... 50
Tabela 4 Balanço eletrolítico em mmol
.
l
-1
após 30 minutos de pedalada. .......... 51
Tabela 5 Freqüência cardíaca e temperatura retal no teste de desempenho .... 51
11
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E UNIDADES
ASC - área de superfície corporal
bpm - batimentos por minuto
Carga
máx
- carga máxima em watts
CHO - carboidrato
CO
2
- gás carbônico
Cl
-
- cloro
[Cl
-
] - concentração de cloro
C- graus Celsius
cm - centímetros
dp - desvio-padrão
FC - freqüência cardíaca
FC
máx
-
freqüência cardíaca máxima
FC - variação da freqüência cardíaca
g - grama
GEU - gravidade específica da urina
h - hora
IBUTG - índice de bulbo úmido termômetro de globo
IMC - índice de massa corporal
IMC P95 - índice de massa corporal maior ou igual ao percentil 95
IMC < P85 - índice de massa corporal menor do que o percentil 85
K
+
- potássio
[K
+
] - concentração de Potássio
kg - quilograma
km
.
h
-1
-
quilômetros divididos por horas
kj
.
kg
-1.
°C
-1
- quilojoules divididos por quilogramas e graus celsius
12
min - minutos
ml - mililitros
ml
.
kg
-1
- mililitros divididos por quilograma
ml
.
m
-2
- mililitros divididos por metro ao quadrado
mmol
.
l
-1
- milimoles de um soluto divididos por litro de solução
mEq
.
l
-1
- miliequivalentes divididos por litro de solução
m - metro
m
2
-
metro ao quadrado
m
2.
kg
-1
-
metro ao quadrado dividido por quilograma
Na
+
- sódio
[Na
+
] - concentração de sódio
W - watts
O
2
- oxigênio
rpm - rotações por minuto
SSC - sensação subjetiva de calor
T
central
- temperatura central
T
retal
- temperatura retal
T
retal
- variação da temperatura retal
T
ambiente
> T
pele
- temperatura ambiental maior que a temperatura da pele
T
bu
- temperatura do bulbo úmido
T
g
- temperatura do globo
T
bs
- temperatura do bulbo seco
% de UR - umidade relativa do ar
VO
2
-
volume de oxigênio consumido
VO
2pico
-
consumo de oxigênio de pico
VO
2máx
-
consumo máximo de oxigênio
VCO
2
- volume de gás carbônico produzido
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14
1.1 Problema ................................................................................................. 15
1.2 Objetivos .................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo geral. ............................................................................................ 15
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................. 16
2 REVISÃO DE LITERATURA. .................................................................... 17
2.1 Termorregulação em crianças e jovens obesos e não-obesos ........... 17
2.2 Riscos da desidratação causada pelo exercício no calor .................... 20
2.3 Aclimatização ao calor e recomendações à saúde ............................... 23
2.4 Hidratação com reposição de eletrólitos e carboidrato ....................... 26
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 29
3 MANUSCRITO ORIGINAL EXPANDIDO .................................................. 35
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 59
APÊNDICES ...................................................................................................... 60
ANEXOS ............................................................................................................ 73
14
1 INTRODUÇÃO
Exercícios físicos prolongados no calor exigem estratégias de aclimatização e
recomendações de segurança à saúde da população pediátrica (AMERICAN
ACADEMY OF PEDIATRICS, 2000), que, comparada à adulta, apresenta
desvantagens termorregulatórias, devidas principalmente à limitação da perda de
calor pela sudorese (SHIBASAKI et al., 1997; FALK, DOTAN e BAR-OR, 1992;
MEYER et al., 1992; BAR-OR, 1989; DAVIES, 1981; ARAKI et al., 1979;
DRINKWATER et al., 1977; WAGNER et al., 1972). Embora não esteja
completamente evidenciado, acredita-se que, nas crianças obesas, a limitação da
sudorese e os riscos à saúde e ao desempenho, relacionados à hipertermia, possam
ser mais evidentes que nos seus pares não-obesos, quando se exercitam no calor
(DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2010 e 2009; HAYMES, McCORMICK e
BUSKIRK, 1975).
O menor calor específico da gordura, em relação aos outros tecidos, tem sido
considerado uma explicação para a maior temperatura central (T
central
) de obesos
que se exercitam no calor (HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975; BUSKIRK,
BAR-OR e KOLLIAS, 1969). Isso foi demonstrado quando meninos obesos
caminharam em uma mesma velocidade que seus pares não-obesos (HAYMES,
McCORMICK e BUSKIRK, 1975); o que pode ter sido mais dispendioso
energeticamente aos obesos, devido ao deslocamento da massa corporal (BUTTE et
al., 2007; FALK, 1998).
Por outro lado, a menor razão entre a área de superfície corporal (ASC) e a
massa corporal de obesos (MILLER e BLYTH, 1958; ROBINSON, 1942), bem como
a menor condutância de calor da gordura em relação aos outros tecidos
(ZAHORSKA-MARKIEWICZ, 1982), têm sido explanações para a limitação da perda
de calor pela sudorese, recentemente observada nessa população (DOUGHERTY,
CHOW e KENNEY, 2010 e 2009). Porém, os meninos obesos que apresentaram
menor volume de suor durante similar intensidade de esforço submáximo no calor
eram menos condicionados aerobicamente (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY,
2010) ou menos aclimatizados ao calor (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2009)
que seus pares não-obesos, sendo estes (condicionamento aeróbico e aclimatização
ao calor) dois fatores que afetam as respostas da sudorese (BUONO e SJOHOLM,
1988; WENGER, 1988).
15
Assim, para fins de pesquisa, o exercício prolongado em cicloergômetro tem
sido sugerido para atenuar os efeitos da massa corporal na termorregulação (FALK,
1998); e o VO
2pico
, expresso alometricamente ou pela massa livre de gordura, para
equiparar o condicionamento aeróbico entre crianças e adolescentes com diferentes
tamanhos e composições corporais (MILANO et al., 2009; ROWLAND, 2005). Tais
recomendações, no entanto, não têm sido exploradas nos recentes estudos que
compararam obesos e não-obesos durante exercício no calor.
Profissionais são frequentemente solicitados sobre os tipos de exercícios
mais seguros e eficazes para crianças obesas; e o exercício aeróbico e contínuo,
pelo fato de melhorar a composição corporal e reduzir os riscos cardiovasculares
associados ao excesso de adiposidade (MCGUIGAN et al., 2009; FAIGENBAUM,
2007), é bastante prescrito. Entretanto, os efeitos do calor em parâmetros
fisiológicos e subjetivos dessa população durante a pedalada contínua no calor são
ainda desconhecidos.
1.1 Problema
As respostas termorregulatórias, de sudorese e subjetivas ao exercício no
calor diferem entre púberes obesos e não-obesos, do sexo masculino, durante
exercício no calor, em uma similar intensidade relativa de esforço submáximo e nas
mesmas condições climáticas?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Comparar respostas termorregulatórias, de sudorese e subjetivas ao exercício
submáximo no calor entre meninos púberes obesos e não-obesos.
16
1.2.2 Objetivos específicos
Comparar, entre meninos púberes obesos e não-obesos, as seguintes
respostas:
da temperatura retal (T
retal
) durante exercício realizado no calor;
da frequência cardíaca (FC) durante exercício realizado no calor;
da taxa de percepção de esforço (TPE) durante exercício realizado no
calor;
da sensação subjetiva de calor (SSC) durante exercício realizado no calor;
o volume de suor e a concentração de eletrólitos (Na
+
, Cl
-
, K
+
) no suor
causados pelo exercício realizado no calor;
a perda eletrolítica (Na
+
, K
+
, Cl
-
) pelo suor no calor;
o grau de hidratação após exercício realizado no calor;
o balanço hidreletrolítico após exercício realizado no calor;
a ingestão voluntária de líquidos disponíveis para serem ingeridos ad
libitum durante exercício realizado no calor; e
o tempo de desempenho durante pedalada de alta intensidade no calor.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
Esta revisão de literatura aborda os principais fatores pelos quais crianças e
jovens podem estar mais suscetíveis que adultos aos riscos à saúde relacionados à
hipertermia. Nessa perspectiva, a hipótese de que crianças e jovens obesos
poderiam apresentar prejuízos termorregulatórios em relação aos não-obesos é
discutida ao longo do texto, assim como as recomendações gerais para a prática de
exercícios físicos no calor.
2.1 Termorregulação em crianças e jovens não-obesos e obesos
A termorregulação é afetada por fatores ambientais: temperatura e umidade
relativa do ar (UR), radiação e velocidade do vento. Adicionalmente, existem
características individuais, morfológicas e fisiológicas que, quando associadas ao
elevado estresse ambiental, podem prejudicar a termorregulação de crianças e
jovens, principalmente quando obesos (Bar-Or e Rowland, 2004).
Nas crianças e nos adolescentes, a razão entre a ASC e a massa corporal é
maior do que nos adultos; dessa forma, ela disponibiliza uma maior superfície de
pele relativa para receber o calor do ambiente e armazená-lo em uma menor massa
corporal. Apesar de essa maior relação disponibilizar uma maior área de pele
relativa também para liberar no ambiente o calor corporal produzido pelo exercício,
crianças apresentam menores volumes de suor que os adultos quando o exercício
físico é realizado em uma similar intensidade relativa e uma mesma condição
ambiental (SHIBASAKI et al., 1997; FALK, DOTAN e BAR-OR, 1992; MEYER et al.,
1992; BAR-OR, 1989; DAVIES, 1981; ARAKI et al., 1979; DRINKWATER et al.,
1977; WAGNER et al., 1972;).
O fato de as glândulas sudoríparas subdesenvolvidas resultarem em uma
menor saída de suor por glândula nas crianças (SHIBASAKI et al.,1997; FALK et al.,
1992) e em uma menor produção absoluta de calor corporal constitui uma possível
justificativa para a menor sudorese em crianças durante o exercício físico,
comparada à de adultos (FALK et al., 1992). Consequentemente, crianças mais
imaturas (pré-púberes) parecem depender mais de um fluxo sanguíneo cutâneo
maior para uma transferência de calor por convecção para a pele, do que da
dissipação de calor pela principal defesa fisiológica contra o superaquecimento: a
18
evaporação do suor (MEYER et al., 1992; DAVIES, 1981). Em meninos pré-púberes,
o volume de suor tem sido reportado como cerca de 40% menor do que nos homens
durante o exercício no calor (ARMSTRONG e MARESH, 1995). Essa diferença
tende a se estreitar entre meninos e homens, durante a puberdade, em virtude das
alterações na maturação biológica ocorridas no sexo masculino, melhorando as
respostas da termorregulação pelo suor (FALK, BAR-OR e McDOUGALL, 1992).
Crianças obesas possuem menor ASC relativa à massa corporal, comparada
à das não-obesas (HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975). Além disso,
modificação do contorno do corpo, pelo acúmulo de gordura, capaz de diminuir
ainda mais a razão entre a ASC e a massa corporal (BAR-OR, 1983). Essa menor
razão (m
2.
kg
-1
) poderia ser vantajosa em situações de calor extremo (T
amb
> T
pele
),
quando a criança obesa disponibiliza menor área de superfície de pele relativa para
receber o calor do ambiente e armazená-lo em maior massa corporal (BAR-OR,
1983; HAYMES et al., 1974). Entretanto, o menor calor específico da gordura (1,63
kj
.
kg
-1.
C
-1
), comparado ao da massa livre de gordura (3,35 kj
.
kg
-1.
C
-1
), tem sido
apontado como um fator que pode favorecer o maior aumento da (T
central
) em
obesos, comparados aos não-obesos, ao se exercitarem no calor. O menor calor
específico corporal é dependente do nível de adiposidade (FALK, 1998); assim, um
menor estresse térmico seria necessário para elevar a T
central
de crianças obesas
(maior adiposidade), quando comparadas a crianças não-obesas (menor
adiposidade) com massas corporais similares.
Em adultos obesos, durante exposições ao calor, tanto em repouso
(ZAHORSKA-MARKIEWICZ, 1982) quanto em exercício (MILLER e BLYTH, 1958), o
efeito da gordura em aumentar a T
retal,
em relação aos pares não-obesos,
não foi
evidenciado na literatura. A menor razão entre a ASC e a massa corporal parece ser
uma explicação plausível para o menor aumento da T
retal
em mulheres obesas,
comparado ao aumento nas não-obesas, durante o repouso de 60 minutos no calor
(47C de bulbo seco e 39C de bulbo úmido); mas não para o similar aumento da
T
retal
em homens, obesos e não-obesos, que caminharam durante 45 e 60 minutos,
respectivamente, no calor (48-50°C de bulbo seco e 20-30% UR). Porém, a menor
razão entre a ASC e a massa corporal na obesidade, associada à menor
condutância de calor pela gordura, em relação aos outros tecidos corporais, pode
ser fator limitante para a perda de calor metabólico durante exercícios,
19
principalmente quando T
amb
> T
pele
, podendo limitar a dissipação de calor pela
evaporação do suor (ZAHORSKA-MARKIEWICZ, 1982; MILLER e BLYTH, 1958;
ROBINSON, 1942).
Poucos estudos compararam as respostas termorregulatórias ao exercício no
calor e o volume de suor provocado por ele entre crianças obesas e não-obesas
(DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2010, 2009; HAYMES, McCORMICK e
BUSKIRK, 1975; HAYMES et al., 1974). O grupo de Haymes (1975) observou
maiores T
retal
e FC em meninos pré-púberes obesos que caminharam
intermitentemente (três sessões de 20 min, intervaladas em 5 min) na mesma
intensidade absoluta de esforço (4,8 km
.
h
-1
) de seus pares não-obesos, em quatro
diferentes condições ambientais (21,1°C, 26,7°C, 29,4°C e 32,2°C; todas 22-25% de
UR). Entretanto, os meninos obesos exercitaram-se em maior intensidade relativa de
esforço (%VO
2máx
), devido ao menor VO
2máx
verificado, associado à sustentação e
ao deslocamento da maior massa corporal (maior custo energético para locomoção).
Ainda nesse estudo, o volume de suor causado pelo exercício aumentou conforme o
aumento da temperatura ambiental, mas foi sempre similar entre os grupos, inclusive
quando corrigido pela ASC. Em semelhante condição ambiental e mesmo protocolo
de exercício, BAR-OR, LUNDEGREN e BUSKIRK (1969) haviam verificado maior
elevação da T
retal
e da FC em mulheres obesas, quando comparada à elevação em
não-obesas. Nesse tipo de protocolo experimental, a menor potência aeróbica
máxima (VO
2máx
) e um custo energético elevado para locomoção (BUTTE et al.,
2007) poderiam estar relacionados às respostas de maior ascensão na T
retal
e na FC
em obesos, comparados aos não-obesos, principalmente quando se exercitam em
mesma intensidade absoluta de esforço.
Falk (1998) sugere que investigações na área da termorregulação sejam
realizadas em cicloergômetro, a fim de evitar que o custo energético da locomoção e
as dimensões e composições corporais na produção de calor metabólico possam
afetar a avaliação de variáveis termorregulatórias. Entretanto, não foram
encontrados na literatura estudos que comparassem variáveis termorregulatórias
entre crianças obesas e não-obesas, de mesmo estágio maturacional, em mesma
intensidade relativa de esforço, exclusivamente em cicloergômetro.
Em outro protocolo intermitente (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2009),
com estresse térmico mais elevado (38C e 50% de UR), a intensidade do exercício
foi padronizada (30% do VO
2pico
); e o cicloergômetro foi adicionado, combinado com
20
esteira ergométrica (duas sessões de esteira (20 min) e uma sessão de
cicloergômetro (20 min), intervaladas em 5 min). Os autores não observaram
diferenças no aumento da T
central
entre os grupos, mas um menor volume de suor
corrigido pela ASC foi encontrado entre meninos obesos não-aclimatizados ao calor
e com menor VO
2pico
, corrigido pela massa corporal, que o dos não-obesos.
Resultados semelhantes foram reportados recentemente (DOUGHERTY, CHOW e
KENNEY, 2010) em meninos obesos aclimatizados ao calor, similarmente aos seus
pares não-obesos, durante caminhada em mesma intensidade relativa, em
diferentes temperaturas de bulbo seco (34°C, 36°C, 38°C, 40°C, 42°C). Entretanto
esses meninos obesos também eram menos condicionados aerobicamente, em
relação aos seus pares não-obesos, mesmo quando o VO
2pico
foi corrigido pela
massa livre de gordura.
Além da maturação sexual, fatores como o grau de aclimatização ao calor e o
nível de condicionamento aeróbico influenciam as respostas da sudorese
(WENGER, 1988; BUONO e SJOHOLM, 1988), conforme detalhado no tópico 2.3
Aclimatização ao calor e recomendações à saúde. A dificuldade de equiparar
crianças obesas e não-obesas pelo condicionamento aeróbico e pela aclimatização
ao calor tem sido fator limitante nos estudos que comparam esses grupos.
2.2 Riscos da desidratação causada pelo exercício no calor
A desidratação, causada pela maior perda de fluidos pelo suor, em relação à
reposição hídrica, é considerada um dos precursores das desordens relacionadas ao
calor, associadas principalmente ao aumento da T
central
(GODEK, GODEK e
BARTOLOZZY, 2005). As crianças, apesar de terem uma menor sudorese (corrigida
pela ASC ou pela massa corporal), comparada a de adultos, em similares esforços e
estresse térmico (FALK, 1998), também correm o risco de desidratação
(potencialmente cerca de 1% por hora) (MEYER e BAR-OR, 1994).
Meyer e Bar-Or (1994) demonstraram, em situação laboratorial, com controle
das condições ambientais e da intensidade de exercício, que as crianças têm
potencial à desidratação tanto quanto os adultos, se nenhum líquido for ingerido. No
entanto, elas frequentemente não sentem necessidade de beber água o suficiente
para repor as perdas de fluidos pelo suor, durante o exercício prolongado (MEYER
et al.,1992; BAR-OR, DOTAN e INBAR, 1980). Assim, a falta de hidratação
21
adequada, durante o exercício, mesmo frente à disponibilidade de água para beber
ad libitum, pode predispor essa população à desidratação severa e prejudicar tanto o
desempenho quanto a saúde (MEYER e PERRONE, 2004; BAR-OR, DOTAN e
INBAR, 1980).
Embora a água seja uma bebida facilmente disponível, parece existir
preferência entre as crianças pela bebida com sabor, o que, de fato, pode servir de
estratégia preventiva à desidratação, uma vez que elas tenderão a beber mais desta
(WILK e BAR-OR, 1996; MEYER et al., 1994). A adição de sódio (20-25 mmol
.
l
-1
) e
carboidrato (CHO) (6%) à solução com sabor é outra medida importante, capaz de
aumentar a ingestão voluntária de líquidos, evitando a desidratação significativa ou
severa (RIVERA BROWN et al., 2008; WILK, RIVERA-BROWN e BAR-OR, 2007;
HORSWILL et al., 2005; RIVERA-BROWN et al., 1999; WILK et al., 1998; WILK e
BAR-OR, 1996). Esse procedimento tem mostrado aumentar em cerca de 90% a
ingestão voluntária em crianças, quando a comparação é feita com a água pura
(WILK e BAR-OR, 1996).
Os relatos de desidratação em crianças não se limitam apenas às situações
simuladas em laboratórios. Tal investigação tem sido realizada durante atividades
esportivas, demonstrando a desidratação também em situações mais práticas
(CASA et al., 2005; WILK, ARAGON-VARGAS e BAR-OR, 2001). Embora a
influência da desidratação no desempenho físico de crianças ainda não tenha sido
tão explorada (MEYER, O’CONNOR e SHIRREFS, 2007), seu impacto nesse âmbito
deve ser considerado, pois, tal como nos adultos, a desidratação em crianças pode
prejudicar a função cognitiva (D’ANCI, CONSTANT e ROSENBERG, 2006; BAR-
DAVID, URKIN e KOZMINSKY, 2005). Dougherty et al. (2006) demonstraram que
meninos de 12 a 15 anos de idade, praticantes de basquete, tiveram prejuízo no
desempenho quando observada a desidratação relativa a 2% da massa corporal. No
entanto, a hidratação com bebidas contendo 6% de CHO melhorou
significativamente o desempenho das habilidades desses meninos no esporte,
quando comparada à hidratação com água pura.
A desidratação de 1 a 3% da massa corporal tem sido descrita em jovens
desportistas que praticam esportes coletivos (CASA et al., 2005; BROAD et al.,
1996). Levando em consideração que mesmo uma desidratação leve (1-2% da
massa corporal) é capaz de prejudicar o desempenho, aumentar a T
central
e antecipar
22
a fadiga em adultos (SAWKA, 1992), os menores sinais de desidratação devem ser
cuidadosamente monitorados em crianças e adolescentes.
Os estados de hidratação comumente presentes na população pediátrica
durante exercícios no calor são definidos como euhidratação (estado normal de
conteúdo de água corporal) e hipohidratação (o grau do déficit de água corporal). A
desidratação se refere ao processo em que ocorre o déficit de água corporal e a
desidratação voluntária à restrição proposital da ingestão de fluídos (AMERICAN
ACADEMY PEDIATRICS, 2005).
Conforme demonstra o Quadro 1, além da variação da massa corporal,
parâmetros urinários de cor e gravidade específica também são usuais na avaliação
do estado de hidratação.
Estado de hidratação
% ∆ massa corporal (kg)
Cor da urina
GEU
Euhidratação
+1 a -1
1 ou 2
< -1010
Desidratação mínima
-1 a -3
3 ou 4
1010-1020
Desidratação significativa
-3 a -5
5 ou 6
1021-1030
Desidratação grave
> -5
> 6
> 1030
Quadro 1. Indicadores do estado de hidratação. GEU: gravidade específica da urina. Fonte:
National Athletic Trainer`s Association (NATA), 2000.
Fatores como a modalidade de exercício e os períodos de recuperação
também parecem afetar a ingestão voluntária de fluidos quando a população em
estudo é composta por adolescentes (IULIANO, 1998). Isso foi demonstrado quando
meninos atletas (~ 15 anos de idade) apresentaram uma maior ingestão de fluidos
durante a pedalada, quando comparada à corrida, em uma simulação de duatlon.
Nesse estudo, os meninos com mais de 15 anos de idade apresentaram cerca de o
dobro do volume de suor por hora (~ 1,3 l
.
h
-1
) observado nos meninos com menos
de 15 anos (0,64 l
.
h
-1
); mas ambos os grupos desidrataram, apesar da
disponibilidade de água (IULIANO, 1998).
A principal consequência da desidratação é o aumento excessivo na T
central
(GODEK, GODEK e BARTOLOZZY, 2005). Assim, a criança desidratada está mais
propensa às doenças relacionadas ao calor do que a criança completamente
23
hidratada (TAJ-ELDIN e FALAKI, 1968). Para um dado nível de desidratação, as
crianças estão sujeitas a maior aumento na T
central
do que os adultos (BAR-OR,
DOTAN e INBAR, 1980). Nelas, os sinais associados aos comprometimentos da
desidratação incluem tontura, letargia, agitação, irritabilidade, confusão, e cãibras
musculares (BAR-OR E ROWLAND, 2004). As crianças e os adolescentes fazem
parte de um grupo populacional que, muitas vezes, não percebe a necessidade da
hidratação durante a atividade física (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS,
2005).
A American Academy of Pediatrics (2005) especula que, no meio esportivo,
crianças e adolescentes podem provocar a desidratação (desidratação voluntária) a
fim de se enquadrarem em determinada categoria de massa corporal para
competição. Esse é um erro prejudicial à saúde e ao desempenho, que poderia
ocorrer também entre as crianças obesas, caso estas acreditem que a hidratação
durante o exercício possa prejudicar o processo de emagrecimento. A gordura tem
menos conteúdo de água do que os outros tecidos corporais; assim, os indivíduos
obesos possuem baixo conteúdo de água corporal total por unidade de massa
corporal (BAR-OR e ROWLAND, 2004). Consequentemente, um determinado estado
de hipohidratação representa ao obeso, na relação entre água total e unidade de
massa corporal, maior déficit de água.
A relação entre o sobrepeso e o risco de choque térmico e morte pelo calor
foi documentada, inclusive em crianças sobrepesadas, durante a prática de futebol
americano (BARCENAS, HOEFFLER e LIE, 1976; FOX et al., 1966; SCHICKELE,
1947; MALAMUD, HAYMAKER e CUSTER, 1946). É bastante provável que crianças
obesas, devido ao seu baixo nível de condicionamento aeróbico, associado à
sobrecarga da massa corporal, durante atividades que requeiram sua sustentação e
deslocamento, terminem o exercício precocemente em relação a crianças não-
obesas.
2.3 Aclimatização ao calor e recomendações à saúde
A aclimatização ao calor (induzida em ambiente natural) e a aclimatação ao
calor (induzida por curto período, frequentemente em laboratório), quando
resultantes de repetidas exposições ao exercício no calor, geram respostas de
adaptações por meio de diversos ajustes fisiológicos, beneficiando a prática de
24
atividades físicas no calor (WENGER, 1988). Essas adaptações são capazes de
facilitar a transferência de calor dos músculos ativos para a pele, contribuindo para
uma melhor dissipação do suor pela sua evaporação. O aumento do bito cardíaco
resultante da diminuição da frequência cardíaca (FC) e do aumento do volume de
ejeção, da sudorese e do volume sanguíneo plasmático, associado à redução da
T
central
, da temperatura média da pele e da produção metabólica de calor, constitui
um quadro clássico de indivíduo aclimatizado e/ou aclimatado ao exercício no calor
(WYNDHAM et al., 1976; NADEL e STOLWIJK, 1971). Além disso, durante
exercícios, o início mais precoce da sudorese, com suor mais diluído, e a diminuição
de sódio (Na) no suor e na urina também são possíveis respostas dessas repetidas
exposições ao calor (SAWKA, WENGER e GANDALF, 1996; ARMSTRONG e
MARESH, 1991).
Em crianças, assim como em adultos, a aclimatização ou aclimatação ao
calor e o condicionamento aeróbico melhoram as respostas relacionadas à
termorregulação durante o estresse fisiológico causado pelo exercício no calor
(WAGNER et al.,1972). Porém, tem sido relatado que a aclimatação ao calor para
crianças ocorre mais lentamente do que para adultos (BAR-OR, 1989; INBAR,
1981), alcançando grau de aclimatação um pouco menor (WAGNER et al., 1972).
Uma criança precisará de aproximadamente 8 a 10 exposições (30 a 45 min cada)
para aclimatar-se suficientemente. Essas exposições devem ser feitas uma por dia,
ou em dias intercalados, que o exercício intenso e prolongado, praticado antes da
aclimatação, pode ser prejudicial ao bem-estar e ao desempenho físico da criança,
podendo levar a doenças relacionadas ao calor, incluindo exaustão e choque
térmico (FOX et al., 1966). Contudo, quando o verão inicia, crianças podem ficar
mais vulneráveis a doenças provocadas pelo calor, devido à falta de aclimatação e/
ou ao aumento do volume de treinamento (BERGERON, MCKEAG e CASA, 2005;
GODEK, GODEK e BARTOLOZZY, 2005). Curiosamente, crianças indígenas que
vivem em climas tropicais exibem volume de suor e tolerância ao exercício no calor
semelhantes aos de adultos (RIVERA-BROWN et al., 2006, 1999).
Em meninos (pré-púberes e púberes) obesos, a aclimatação ao calor foi
estudada (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2009). Durante seis repetidas
exposições ao exercício no calor (aclimatação), o grupo de Dougherty (2009)
observou menor decréscimo da T
central
e menor aumento do volume de suor de
meninos obesos, comparados aos não-obesos. Os autores ressaltaram que o
25
processo de aclimatização ao calor nos meninos obesos (pré-púberes e púberes),
mesmo nos meses de verão, pode ocorrer de forma mais lenta, comparado ao de
meninos não-obesos. Entretanto, os meninos obesos, além de menor
condicionamento aeróbico, iniciaram, na primeira sessão de exercício, com maior
T
central
basal.
Conforme o Quadro 2, a American Academy of Pediatrics (2000) restringe a
prática de exercícios em ambientes quentes que possam provocar doenças
relacionadas ao calor.
Esses níveis seguem o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
(IBUTG), que combina as medidas de temperatura do ar (temperatura do bulbo seco
T
bs
), umidade (temperatura do bulbo úmido T
bu
) e radiação (temperatura do
globo T
g
), de acordo com a equação IBUTG = 0,7 T
bu
+ 0,2 T
g
+ 0,1 T
bs
. As
recomendações específicas sobre as restrições de atividades físicas de acordo com
os níveis de estresse térmico foram elaboradas pelo Comitê em Medicina do Esporte
e Condicionamento da American Academy of Pediatrics (2000).
Devido a características fisiológicas e morfológicas próprias que predispõem
crianças e adolescentes a riscos relacionados ao calor, a American Academy of
Pediatrics (2000) também enfatiza algumas recomendações referentes à prática
pediátrica de exercício no calor, conforme demonstradas no Quadro 3.
IBUTG (°C)
RESTRIÇÕES DAS ATIVIDADES
< 24
Qualquer atividade é permitida. Em atividades prolongadas, cuidar os
sinais de hipertermia e de desidratação.
24-25,9
Fazer intervalos maiores na sombra e estimular a ingestão de líquidos
a cada 15 minutos.
26-29
Interromper as atividades daqueles que não estiverem aclimatizados
ao calor ou que apresentarem qualquer outro fator de risco. Limitar as
atividades para todos os demais.
> 29
Cancelar qualquer atividade atlética.
Quadro 2. Restrição de atividades em diferentes níveis de estresse térmico. Fonte:
American Academy of Pediatrics, 2000.
26
Além das características específicas da gordura subcutânea, o baixo nível de
aptidão física, quando associado ao exercício no calor, pode ser fator prejudicial à
saúde da população pediátrica obesa, necessitando de monitoramento, até então,
conforme as recomendações gerais para essa população. Devido à falta de
recomendações específicas quanto à limitação ou à restrição do exercício no calor
para crianças obesas, as recomendações propostas neste capítulo devem ser
consideradas.
2.4 Hidratação com reposição de eletrólitos e carboidrato
Juntamente com água, eletrólitos são perdidos pelo suor. O conteúdo do suor
é influenciado por muitos fatores, incluindo seu volume e o estado de aclimatização
do indivíduo. Indivíduos treinados e indivíduos sedentários possuem diferenças
quanto ao conteúdo eletrolítico do suor: os treinados apresentam quantidades
significativamente menores de sódio (Na
+
) e cloro (Cl
-
) (PATTERSON, GALLOWAY
A intensidade das atividades com duração acima de 15 minutos deve ser reduzida
sempre que a umidade relativa, a radiação solar e a temperatura do ar estiverem
acima dos níveis críticos (Quadro 2).
No início de uma atividade física extenuante ou após uma viagem para uma
localidade com clima mais quente, a intensidade e a duração do exercício devem,
inicialmente, ser limitadas e, após, gradualmente aumentadas, durante um período
de 10 a 14 dias, para acompanhar a aclimatização ao calor. Quando esse período
não é possível, o tempo de participação do indivíduo na atividade deve ser
encurtado.
Antes de atividades físicas prolongadas, a criança deve ser bem hidratada. Durante a
atividade, a bebida deve ser encorajada (a cada 20 min, 150 ml de água ou de uma
bebida com sabor e Na
+
para uma criança pesando 40 kg, e 250 ml para um
adolescente pesando 60 kg), mesmo que a criança não sinta sede. A pesagem antes
e depois da sessão ajuda a verificar o nível de hidratação.
As roupas devem ser claras e leves, e de um material que facilite a evaporação do
suor.
Quadro 3. Recomendações para jovens e adolescentes durante atividades no calor. Fonte:
American Academy of Pediatrics, 2000.
27
e NIMMO, 2000). Porém, o aumento das concentrações de Na
+
e Cl
-
nos indivíduos
treinados pode dar-se conforme o aumento da sudorese, em menor tempo para
reabsorção desses eletrólitos no ducto da glândula sudorípara, devido à
consequente passagem mais rápida do líquido precursor (semelhante ao plasma)
por esse ducto (BUONO, BALL e KOLKHORST, 2007).
O Na
+
é o cátion mais abundante do líquido extracelular, e a sua
concentração plasmática exerce papel fundamental no equilíbrio hídrico. Regulada
pelos rins, por meio de hormônios como a aldosterona e a vasopressina (WILLIANS,
2002), a concentração de Na
+
([Na
+
]) é reduzida no sangue durante o exercício, uma
vez que o Na
+
é o principal eletrólito perdido no suor. Assim, a inclusão de Na
+
na
bebida torna-se vantajosa pois, além de evitar a hiponatremia ([Na
+
] sanguíneo <130
mmol
.
l
-1
) (NATA, 2000), mantém a percepção de sede, aumenta a absorção de água
no intestino e promove maior ingestão voluntária (WENDT, VAN-LOON e
LICHTENBELT, 2007; AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2007).
Em adultos, a hiponatremia tem sido descrita principalmente em eventos
prolongados (> 3h) (NATIONAL ATHLETIC TRAINER’S ASSOCIATION, 2000) no
qual um excesso de líquidos sem Na
+
ou com quantidades restritas (inadequadas)
do mesmo é ingerido, além de haver uma sudorese intensa, diminuindo a taxa de
Na
+
durante o exercício (HSIEH, 2004). A maioria dos indivíduos com o Na
+
sanguíneo de 125 a 135 mmol
.
l
-1
demonstram ser assintomáticos. Porém, quando os
valores são menores (120-125 mmol
.
l
-1
), sintomas como cãibra, náusea, vômito,
cefaléia, letargia, confusão mental e edema nos pés e das mãos podem ocorrer.
Diminuição ainda maior de Na
+
, especialmente quando muito rápida, pode resultar
em edema cerebral, convulsões e coma (MURRAY e EICHNER, 2004). Crianças e
adolescentes poderiam apresentar risco de hiponatremia durante o exercício
(PATEL et al., 2005), mas esse risco não tem sido investigado, tampouco em
crianças obesas. Desequilíbrios eletrolíticos, especialmente em relação às grandes
perdas de Na
+
pelo suor, parecem também estar relacionados com cãibras induzidas
pelo calor. O Na
+
é adicionado em bebidas esportivas juntamente com quantidades
inferiores de Cl
-
e K
+
e a quantidade de Na
+
necessária para reposição pode variar
em função da magnitude de sua perda pelo suor (MEYER et al., 1992).
Considerando as taxas mais baixas de suor em indivíduos mais jovens do
sexo masculino, pode-se esperar, de acordo com Meyer et al. (1992), que as perdas
totais de Na
+
pelo suor sejam menores nas crianças. No entanto, a manutenção da
28
hidratação em crianças durante o exercício com bebidas esportivas contendo cerca
de 20 mmol
.
l
-1
de Na
+
não necessariamente resulta em sobrecarga de Na
+
. De fato,
um leve balanço negativo de Na
+
(ingestão menor que as perdas pelo suor e pela
urina) pode ocorrer sem afetar a [Na
+
] plasmático (MEYER, BAR-OR e WILK, 1995).
A ingestão de carboidrato (CHO) recomendada em uma bebida é de 6%
(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2007), considerando que valores
acima desse percentual aumentam a osmolaridade e o conteúdo calórico da bebida,
podendo diminuir a taxa de esvaziamento gástrico e, assim, provocar um possível
desconforto gastrintestinal (MURRAY et al., 1999). Durante o exercício, o CHO
melhora o tempo de desempenho na população pediátrica (RIDDEL et al., 2001). Tal
resultado foi verificado em meninos de 10 a 14 anos de idade que, quando
pedalaram a 90% do VO
2máx
, melhoraram seus tempos de desempenho em 40%
(RIDDEL et al., 2001). A concentração de CHO encontrada em bebidas esportivas
pode ser apropriada para poupar o glicogênio muscular, principalmente para o obeso
que deseja emagrecer. Isso poderia prolongar exercício físico e, consequentemente,
aumentar o gasto calórico, contribuindo para o emagrecimento.
A composição das bebidas esportivas permite otimizar a absorção de água e
acelerar o esvaziamento gástrico e a absorção intestinal (evitando desconfortos
gastrintestinais), ao contrário de outras bebidas, preferidas por crianças
(principalmente as obesas), como os refrigerantes. Assim, embora as bebidas
esportivas tenham sido elaboradas para adultos fisicamente ativos, não evidência
científica de que elas possam causar efeitos colaterais em crianças (MEYER e BAR-
OR, 1994).
29
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35
3 MANUSCRITO ORIGINAL EXPANDIDO
Este capítulo aborda o experimento, propriamente dito, sob a forma de
um manuscrito original expandido (intitulado abaixo), que será submetido a um
periódico científico internacional para publicação.
Respostas termorregulatórias de meninos púberes obesos e não-obesos
durante pedalada no calor
Thermoregulatory responses of obese and lean pubescent boys
during cycling in the heat
36
RESUMO
Acredita-se que crianças obesas, comparadas a não-obesas, tenham desvantagens
termorregulatórias quando se exercitam no calor devido à limitação da perda de
calor pela sudorese. Objetivo: Comparar a sudorese, a temperatura retal (T
retal
) e a
sensação subjetiva de calor (SSC) entre meninos púberes obesos e não-obesos que
pedalam em similar intensidade relativa de esforço e uma mesma condição
ambiental. Métodos: Dezessete obesos (IMC = 29,4 ± 4,3 kg
.
m
-2
) e 16 não-obesos
(IMC = 16,8 ± 1,7 kg
.
m
-2
), fisicamente ativos e aclimatizados ao calor, participaram
do estudo. Em uma câmara ambiental (35°C, 40-45% UR), os meninos pedalaram
por 30 min entre 50-60% do VO
2pico
e, após 10 min de descanso, pedalaram até a
exaustão (90% do VO
2pico
). Durante os 30 min de pedalada, a T
retal
, a frequência
cardíaca (FC), a taxa de percepção de esforço (TPE) e a SSC foram monitoradas, e
o VO
2
foi verificado no 15º min. A hidratação foi ad libitum. O volume de suor foi
calculado pela diferença da massa corporal corrigida pela ingestão de líquido, e uma
amostra de suor foi coletada para análise da concentração de eletrólitos. A T
retal
, a
FC e o tempo de desempenho foram registrados durante pedalada mais intensa.
Foram utilizados teste t independente, teste u de Mann-Whitney e two
way ANOVA
para comparação intergrupos; e ANOVA de medidas repetidas e teste t pareado
para comparações intragrupos. Resultados: O aumento da T
retal
e da FC foi similar
entre os grupos, durante os 30-min de pedalada; e o volume de suor, quando
corrigido pela massa corporal, foi menor (p = 0,044) nos obesos (4,8 ± 3 vs 7 ± 2,6
ml
.
kg
-1
) mas similar quando corrigido pela área de superfície corporal (ASC) (200 ± 9
e 212 ± 6 ml
.
m
-2
). Os grupos não diferiram nas concentrações de eletrólitos (Na
+
, Cl
-
e K
+
) no suor; tampouco nas perdas totais destes. A SSC foi maior nos obesos
durante os 30 min de pedalada. Estes sustentaram a pedalada mais intensa por
menos tempo que os não-obesos, e a ∆T
retal
foi maior nos não-obesos (p = 0,045).
Conclusão: Apesar de os dois grupos aumentarem similarmente a T
retal
e a FC
durante os 30 min de pedalada, a SSC foi maior nos obesos, além de eles toleraram
por menos tempo o teste de desempenho.
Palavras-chave: exercício - termorregulação - sudorese - obesidade - pediatria
37
ABSTRACT
Obese children, as compared to non-obese ones, are thought to have
thermoregulatory disadvantages as they exercise in the heat because of the
limitation in losing heat by sweating. Aim: To compare the sweat rate, rectal
temperature(T
rect
) and the subjective sense of heat (SSH) between obese and non-
obese pubertal boys cycling at the same relative intensity of effort and environmental
conditions. Methods: Seventeen obese (BMI=29.4±4.3 kg
.
m
-2
) and 16 non-obese
(BMI=16.8±1.7 kg
.
m
-2
) boys who were physically active and acclimated to the heat
participated in the study. In an environmental chamber (35°C, 40-45% UR), the boys
cycled for 30 minutes between 50-60% of VO
2peak
and, after 10 min of rest, they
cycled to exhaustion (90% of VO
2peak
). During the 30-min cycling, the T
rect
, heart rate
(HR), rate of perceived effort (RPE) and SSH were monitored and the VO
2
was
checked at minute 15. Hydration was ad libitum. The sweat rate was calculated by
the difference in the body mass corrected for the ingestion of liquid, and a sample of
sweat was collected for electrolyte concentration analysis. T
rect
, HR and performance
time were recorded during the more intense cycling stage. Independent t test, Mann-
Whitney’s u test and two-way ANOVA were used for intergroup comparisons, and
repeated measures ANOVA and paired t test for intragroup comparisons. Results:
The increase in the T
rect
and HR, during 30-min of cycling, were similar across the
groups. The sweat rate as corrected by body mass was smaller (p=0.044) in the
obese (4.8±3 vs. 7±2.6 ml
.
kg
-1
) but similar as corrected by the body surface area
(BSA) (200±9 and 212±6 ml
.
m
-2
). The groups did not differ as for electrolyte
concentrations in the sweat, or as for the total loss of these. The SSH was greater in
the obese boys during the 30-min cycling. They sustained more intense cycling for
less time than the non-obese, and the T
rect
was greater in the non-obese (p=0.045).
Conclusion: Although the two groups did show similar increases in T
rect
and HR
during the 30-min cycling, the SSH was greater in the obese, who endured the
performance test for less time.
Keywords: Exercise, thermoregulation, sweat rate, obesity, pediatrics
38
INTRODUÇÃO
A recomendação de exercícios físicos para a população pediátrica obesa é
consensual, tanto para reduzir a adiposidade e melhorar o condicionamento físico
(CALI e CAPRIO, 2008; FAIGENBAUM, 2007; BELL et al., 2007) quanto para
prevenir doenças associadas dessa condição epidêmica (MCGUIGAN et al., 2009;
FAIGENBAUM, 2007). As respostas fisiológicas e perceptivas de jovens obesos que
habitam e se exercitam em climas quentes e úmidos precisam ser elucidadas para a
garantia do seu bem-estar e da sua segurança ao participar de programas de
atividades físicas.
A prática prolongada de exercícios físicos no calor por parte da população
pediátrica pode ser preocupante (AMERICAN ACADEMY PEDIATRICS, 2005),
principalmente devido à limitação da perda de calor pela sudorese, em comparação
aos adultos (SHIBASAKI et al., 1997; MEYER et al., 1992; FALK, BAR-OR e
McDOUGALL, 1992; DAVIES, 1981). Embora pouco observadas (DOUGHERTY,
CHOW e KENNEY, 2010 e 2009; HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975;
HAYMES et al., 1974), acredita-se que as respostas termorregulatórias nos meninos
obesos possam ser prejudicadas em relação aos seus pares não-obesos,
predispondo essa população à hipertermia e a doenças relacionadas ao calor.
Poucos estudos compararam as respostas termorregulatórias entre crianças
com diferentes níveis de adiposidade, durante exercícios em ambientes quentes.
Nos primeiros desses estudos (HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975;
HAYMES et al., 1974), as crianças exercitaram-se em mesma intensidade absoluta
de esforço; e os meninos obesos (HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975),
comparados aos não-obesos, apresentaram maiores T
central
e FC, e similar sudorese
relativa à ASC. Em dois estudos mais recentes (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY,
2010 e 2009), quando a intensidade do exercício foi relativizada e individualizada
pelo VO
2pico
, meninos obesos demonstraram similar T
central
, maior sensação subjetiva
de calor (SSC) e menor volume de suor relativo à ASC, comparados aos não-
obesos.
O condicionamento aeróbico afeta as respostas termorregulatórias (BUONO e
SJOHOLM, 1988) e o VO
2pico
, quando corrigido pela massa corporal, é comumente
subestimado em obesos (ROWLAND, 2005). Sua expressão por um coeficiente
alométrico ou pela massa livre de gordura tem sido recomendada para equiparar o
39
condicionamento aeróbico entre crianças e adolescentes com diferentes tamanhos e
composições corporais (ARMSTRONG e WELSMAN, 2000; ROWLAND, 2005). Tais
recomendações, entretanto, não têm sido exploradas nos recentes estudos que
compararam meninos obesos e não-obesos durante exercício no calor.
O exercício aeróbico e contínuo é bastante prescrito por profissionais para
melhorar a composição corporal e o condicionamento físico de obesos. Porém, os
efeitos dessa prática nos parâmetros termorregulatórios e perceptivos ao calor, e,
ainda, na composição eletrolítica do suor de crianças e jovens obesos que vivem e
se exercitam em clima predominantemente quente são ainda desconhecidos.
Este estudo teve como objetivo comparar (a) as respostas da T
retal
, da
sudorese e da SSC entre meninos púberes obesos e não-obesos, durante uma
sessão de exercício submáximo no calor; e (b) a tolerância ao exercício de alta
intensidade, pelo tempo de permanência, realizado com o mesmo protocolo
experimental, após o exercício submáximo.
MÉTODOS
Este estudo, de caráter descritivo e comparativo ex-pos-facto foi, aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), com o Parecer n° 2008157 (ANEXO C). Todos os procedimentos do
estudo foram esclarecidos pelo investigador aos participantes; e, após a aceitação
verbal dos meninos, um dos responsáveis assinava o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (APÊNDICE A).
Sujeitos
Trinta e três meninos púberes (17 obesos e 16 não-obesos), com faixa etária
entre 12 e 15 anos de idade, participaram do estudo, que foi divulgado por meio de
anúncios em jornais de grande circulação e da distribuição de informativos em
escolas de ensino e recreativas. Todos eram fisicamente ativos mas não atletas
competitivos sem qualquer doença, exceto a obesidade, nem faziam uso de
medicamentos que afetassem o sistema cardiovascular e/ou as respostas
termorregulatórias.
40
O tamanho amostral (15 sujeitos por grupo) foi calculado (software PEPI 4.0),
com base na variabilidade da T
retal
e do volume de suor dos sete primeiros avaliados
(obesos e não-obesos) desse estudo, considerando Poder estatístico de 90% e p <
0,05. O número total de participantes nesse estudo levou em consideração as
exclusões ocorridas durante as avaliações referentes ao exercício no calor.
As avaliações ocorreram entre janeiro e início de abril de 2010, que são
meses predominantemente quentes (28-42C e 40-95% UR) no Sul do Brasil.
Assumiu-se, então, que os meninos encontravam-se em similares condições de
aclimatização ao calor, já que praticavam atividades físicas outdoor.
Os meninos compareceram para uma sessão de avaliação preliminar, 24 a 72
horas antes da sessão de exercício no calor, no Laboratório de Pesquisa do
Exercício da Escola de Educação Física da UFRGS.
As características dos grupos (obesos e não-obesos) são apresentadas na
Tabela 1, incluindo os 33 meninos que completaram o estudo.
Avaliação preliminar
Quarenta e oito meninos compareceram à avaliação preliminar
acompanhados de seus responsáveis, e apenas um menino recusou-se a participar
do estudo. Sete meninos foram excluídos, por critérios relacionados à maturação
Tabela 1. Características dos grupos
Características
Obesos
(n = 17)
Não-obesos
(n = 16)
p
#
Tanner
II-III
II-IV
Idade (anos)
12,7 ± 1,6
13 ± 1,4
0,545
Estatura (cm)
158,2 ± 8,4
153 ± 10,7
0,131
MC (kg)
74,3 ± 15,7
39,8 ± 8,7
< 0,001
IMC (kg
1.
m
-2
)
29,42 ± 4,3
16,8 ± 1,7
< 0,001
ASC (m
2
)
1,76 ± 0,21
1,32 ± 0,19
< 0,001
ASC/MC (m
2.
kg
-1
)
0,024 ± 0,002
0,033 ± 0,002
< 0,001
VO
2pico
(l
.
min
-1
)
2,5 ± 0,5
1,9 ± 0,4
0,003
VO
2pico
(ml
.
kg
-1.
min
-1
)
34,6 ± 5,9
50,1 ± 4,9
< 0,001
VO
2pico
(ml
.
kg
-0,50.
min
-1
)
295,2 ± 48,9
313 ± 36,52
0,247
FC
máx
(bpm)
185 ± 13,1
185 ± 10,8
0,914
Carga
máx
(watts)
182 ± 55
161 ± 44,6
0,231
Tanner: estágio maturacional; MC: massa corporal; IMC: índice de massa corporal; ASC:
área de superfície corporal; VO
2pico
: potência aeróbica de pico; FC
máx
: frequência cardíaca
máxima. Carga
máx
: carga máxima obtida no teste de VO
2pico
. Valores expressos em média
± desvio-padrão.
#
Teste t independente (comparação intergrupos).
41
sexual (pré-púbere) ou ao sobrepeso (IMC P85 e < P95), e outros sete
participantes da avaliação preliminar não retornaram ao laboratório para realização
da sessão de exercício no calor.
Os responsáveis foram questionados sobre o histórico de saúde geral dos
voluntários; e, para avaliar os hábitos de atividades físicas, os meninos foram
entrevistados (APÊNDICE B). Todos os meninos praticavam pelo menos 400 min
semanais de atividades físicas de acordo com recomendações de atividades
físicas para crianças e jovens (≥ 300 min por semana) (BIDDLE, CAVILL AND
SALLIS, 1998) sem incluir as aulas de educação física escolar. As atividades
físicas praticadas incluíam pedaladas, caminhadas e jogos de futebol em praças e
parques, de 2 a 5 vezes por semana. Vinte destes meninos (nove obesos e 11 não-
obesos) praticavam, de 2 a 3 vezes por semana, algum esporte como futebol,
basquete e atletismo há pelo menos seis meses, em escolas recreativas.
Foram mensuradas a estatura (estadiômetro SECA, 0,01 m) e a massa
corporal (balança G-TECH modelo BALGLA 3C, 0,05 kg), e o índice de massa
corporal (IMC) foi calculado. Obesos e não-obesos foram definidos por meio das
curvas de percentil do IMC P95 e < P85 (CDC, 2000; ANEXO D). Os meninos com
sobrepeso (IMC P85 e < P95) foram excluídos. O estágio de maturação (TANNER,
1962; ANEXO E) foi autoavaliado pelos meninos, e foram incluídos no estudo
somente os púberes (estágios II, III e IV).
O VO
2pico
foi obtido em cicloergômetro (ERGO FIT 167, Espanha, resolução 5
W) por meio do protocolo McMaster (BAR-OR e ROWLAND, 2004), com incremento
de carga (25 a 50 W) a cada 2 min, de acordo com a estatura dos meninos. Foi
utilizada calorimetria indireta de circuito aberto (analisador de O
2
e CO
2
MEDGRAPHICS modelo CPX/D, resolução breath by breath), e considerou-se o
maior valor de consumo de oxigênio (VO
2
) até o encerramento do teste. Os meninos
foram instruídos a manter uma cadência de 60-70 rpm durante o teste, que foi
finalizado na presença de pelo menos dois dos seguintes critérios: platô no VO
2
;
solicitação do avaliado para suspender o teste; cadência de pedalada 50 rpm,
mesmo quando encorajado pelo investigador; frequência cardíaca (FC) > 200 bpm; e
taxa de percepção de esforço (TPE) > 19 (BORG, 1970; ANEXO F).
A análise de correlação de Pearson (r), entre o VO
2pico
absoluto (ml
.
min
-1
) e a
massa corporal (r = 0,775; p < 0,05) e entre o VO
2pico
corrigido pela massa corporal
(ml
.
kg
-1.
min
-1
) e a massa corporal (r = -0,799; p < 0,05), indicaram que o VO
2pico
pode
42
ser super ou subestimado nos meninos obesos. Foi calculado pela regressão linear,
um expoente alométrico comum (0,50) à massa corporal de obesos e não-obesos, e
o VO
2pico
alométrico foi determinado pela função potência (Y = aX
b
), em que “a” é
uma constante de escala e “b” é o valor do expoente referente à massa corporal (X)
(ARMSTRONG e WELSMAN, 2000; ROWLAND, 2005). Após corrigido o VO
2pico
pela alometria (ml
.
kg
-0,50.
min
-1
), verificou-se que a massa corporal o demonstrou
correlação significativa sobre o VO
2
alométrico (r = 0,027; p > 0,05).
Os meninos foram instruídos a evitar exercícios cansativos nas 24 h
anteriores à sessão de exercício no calor. Como todos eram avaliados pela manhã,
o desjejum era fornecido para ser similar entre os participantes, e incluía duas
porções de pão branco, uma porção de geléia e 400 ml de quidos (suco de frutas e
leite achocolatado). Além disso, os meninos também podiam ingerir água se
julgassem necessário.
Exercício no calor
Os meninos chegaram ao laboratório após o desjejum, entre sete e oito horas
da manhã, acompanhados por um responsável. Os procedimentos sobre a sessão
experimental foram reforçados, e foi descartada a presença de qualquer mal-estar
ou processo infeccioso nos participantes.
Após urinarem, a massa corporal dos meninos, que vestiam apenas calção,
foi registrada (balança G-TECH modelo BALGLA 3C, 0,05 kg), e uma amostra de
urina foi armazenada para avaliação da cor (ARMSTRONG et al., 1994; ANEXO G)
e da gravidade especifica (GEU; refratômetro ATAGO 2722-E04), que são
indicadores do estado de hidratação (NATIONAL ATHLETIC TRAINER’S
ASSOCIATION, 2000). Um termômetro retal (PHYSITEMP RET-1) flexível e com
cobertura descartável foi inserido cerca de 10-12 cm além do esfíncter anal (LEE et
al., 2010; MEYER et al., 1992; HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975; HAYMES
et al., 1974), para indicar a T
central
. Um adesivo com uma gaze central (3M
Tegaderm+pad, ref. 3582) foi fixado na região escapular (PATTERSON,
GALLOWAY e NIMMO, 2000) para absorver o suor, conforme detalhado em Técnica
de coleta e análise do suor. Esses procedimentos foram realizados ainda em
condição ambiental termoneutra (21-22°C), cerca de 30 min antes do exercício no
calor.
43
Em uma câmara ambiental (RUSSELLS, Holanda, 3,63 m x 2,39 m x 3,81 m,
1°C e 1% UR) com temperatura de 35°C e 40-45% de UR, os meninos pedalaram
(ERGOFIT 167, Espanha) durante 30 min, na cadência entre 60-70 rpm, em uma
carga (W) correspondente a 50-60% do respectivo VO
2pico
, avaliado na sessão
preliminar. A média da carga da pedalada em watts foi similar (p = 0,15) entre o
grupo de obesos (86,7 ± 21,9) e não-obesos (76,6 ± 16,2). Para certificar a
intensidade de exercício desejada, o VO
2
foi mensurado (MEDGRAPHICS modelo
CPX/D, breath by breath) no 15º min de pedalada, por três minutos.
Uma bebida refrigerada (~15
°
C) de sabor uva, contendo carboidrato (6% de
CHO) e eletrólitos (Na
+
19,5 mmol
.
l
-1
; Cl
-
18,2 mmol
.
l
-1
; K
+
5,2 mmol
.
l
-1
), ficava ao
alcance do meninos para que bebessem à vontade. Informações sobre a bebida não
foram reveladas; e, logo antes do exercício, uma única orientação foi dada: “Ficará
disponível uma bebida, ao seu alcance, para que você possa beber quando quiser.
Entendido?”. As garrafas foram pesadas (balança OHAUS modelo CS2000, 1g)
antes e depois do exercício.
A T
retal
, a FC (POLAR modelo S610; POLAR ELECTRO OY, Finland, 1 bpm) e
a TPE (BORG, 1970) foram registradas a cada 5 min. A SSC foi mensurada pré-
exercício (minuto zero), durante o exercício (minuto 15) e ao final do exercício
(minuto 30), por meio de uma escala de 0 a 10 cm, no qual 0 = nada quente, 5 =
quente e 10 = extremamente quente (YOUNG et al., 1987; ANEXO H).
Os critérios para interrupção do exercício foram os seguintes: T
retal
39°C
(HAYMES et al., 1974, HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975; MEYER et al.,
1992); FC > 95% da FC
máx
(por 3 min); sintomas como náusea, cefaléia, tontura; ou
se pelo menos duas destas situações ocorressem: solicitação do menino para
suspender o teste; impossibilidade de manter a cadência orientada (≤ 50 rpm); e
TPE > 19.
Ao final dos 30 min, os adesivos de suor foram retirados, conforme detalhes
em Técnica de coleta e análise do suor. Após, os meninos urinaram; e, vestindo
apenas calção e com o corpo seco, a massa corporal foi mensurada.
44
Teste de desempenho
Após 10 min de repouso, foi realizado um teste para avaliar o tempo de
desempenho para pedalar em uma carga correspondente a 90% do VO
2pico
. Os
meninos foram orientados a manterem uma cadência entre 60-70 rpm e o estímulo
verbal foi padronizado pelo investigador. Os critérios de interrupção do teste foram:
T
retal
39°C; FC FC
máx
; sintomas como náusea, cefaléia, tontura; impossibilidade
de manter a cadência (≤50 rpm) ou solicitação do menino para suspender o teste.
Após, durante 30 min de recuperação, foram registradas a T
retal
, a FC (ambas
a cada cinco minutos) e a SSC (nos minutos 0, 15 e 30) (ANEXO I).
O desenho do protocolo experimental está demonstrado na Figura 1.
Figura 1. Desenho do protocolo experimental. U: urina (coloração e gravidade específica);
kg: medida da massa corporal; Vol: volume da bebida (ml); IP
retal
: introdução do probe retal.
FA: fixação dos adesivos; RA: retirada dos adesivos; VO
2
: potência aeróbica; SSC:
sensação subjetiva de calor; T
retal
: temperatura retal; FC: frequência cardíaca; TPE: taxa de
percepção de esforço; e RP
retal
: retirada do probe retal.
45
Técnica da coleta e análise do suor
O suor foi coletado por meio de adesivos fixados na pele que continham uma
gaze absorvente (3M Tegaderm+Pad, ref 3582). A região de fixação foi a escápula
direita (sobre a espinha da escápula ~ 5 cm lateral à coluna vertebral), após
higienização da pele com água deionizada e secagem com gaze esterilizada
(PATTERSON, GALLOWAY e NIMMO, 2000). Esse local foi escolhido por não
atrapalhar a pedalada e por evitar contaminação, pelo fato de ser de difícil acesso
das mãos dos meninos. Essa região também reflete uma boa estimativa da perda
total de eletrólitos no suor (PATTERSON, GALLOWAY e NIMMO, 2000). Os
adesivos foram retirados logo após os 30 min de pedalada, com pinça esterilizada, e
transferidos para uma seringa descartável, onde foram espremidos. As amostras de
suor foram armazenadas em microtubos de 1,5 ml (EPPENDORF), para posterior
análise das concentrações de sódio [Na
+
], cloro [Cl
-
] e potássio [K
+
], no analisador
de eletrólitos (AVL 9180, ROCHE, 0,1 mEq
.
l
-1
), em duplicata. Os resultados
intrasujeitos foram similares, e foi considerado o valor médio das duas análises.
Cálculos
A ASC foi estimada usando-se a equação de Dubois e Dubois (1916), e a
razão entre ASC e massa corporal (m
2.
kg
-1
) foi calculada. O volume do suor dos 30
min de pedalada foi determinado pela diferença da massa corporal acrescida pela
ingestão de líquidos. Esse volume foi dividido pela massa corporal e pela ASC. O
balanço hídrico foi calculado pela diferença entre a ingestão de líquidos e as perdas
pelo suor. As perdas de eletrólitos no suor foram calculadas pela multiplicação de
cada eletrólito no suor pelo volume de suor absoluto. A ingestão de eletrólitos foi
calculada pela multiplicação da concentração de cada eletrólito na bebida pelo
volume de líquido ingerido, e o balanço eletrolítico total foi estimado como a
diferença entre a ingestão de cada eletrólito e suas perdas pelo suor.
46
Análise Estatística
O teste de Shapiro-Wilk foi aplicado para verificar a normalidade dos dados; e
o de Levene, para verificar a homocedasticidade das variâncias. Dados paramétricos
foram descritos como médiadesvio-padrão. Two-way ANOVA e teste t
independente foram utilizados para comparar grupos. ANOVA de medidas repetidas,
acrescentada de um post hoc (Bonferroni), e teste t pareado foram aplicados na
comparação intragrupos. Dados não-paramétricos, quando transformados em bases
logarítmicas, foram comparados pelo teste t independente e descritos como mediana
(amplitude interquartílica). Quando a assimetria persistiu, o teste u de Mann-Whitney
foi utilizado para comparar grupos, e os dados foram expressos da mesma forma.
Foram aplicados também os testes de regressão linear e de correlação de Pearson.
O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05) e todas as análises foram
realizadas no programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science)
versão 13.0.
RESULTADOS
Entre todos os meninos púberes, 12 obesos e 12 não-obesos encontravam-se
no estágio II pela classificação de Tanner; cinco obesos, no estágio III; e quatro não-
obesos, no estágio IV. Como mostra a Tabela 1, os grupos eram similares na idade,
na estatura e na FC
máx
.
Os obesos apresentaram um maior VO
2pico
absoluto que os não-obesos, mas
menor quando
corrigido pela massa corporal, e similar quando feita a alometria,
assim como a carga
máx
do teste.
Dois meninos obesos (estágio II de Tanner) pararam de pedalar aos 10 min
da pedalada de 30 min: um por apresentar tontura e atingir FC > FC
máx
; e o outro por
cefaléia, TPE = 20 e por querer interromper. Logo, esses meninos foram excluídos
das análises referentes ao exercício no calor. Todos os demais completaram o
protocolo/exercício com T
retal
< 39°C.
A coloração da urina pré-exercício foi similar entre os obesos (4 ± 1,4) e os
não-obesos (4 ± 1,5), assim como a GEU (1.020 ± 0.006 nos obesos e 1.020 ± 0.007
nos não-obesos), indicando que os dois grupos iniciaram o exercício levemente
47
hipohidratados. O percentual do VO
2
, mensurado no 15º min de pedalada, também
foi similar entre obesos (51,6 ± 3%) e não-obesos (53,3 ± 4%) (APÊNDICE C).
A Figura 2 ilustra o comportamento da T
retal
e da FC nos 30 min de pedalada.
A T
retal
inicial aos 30 min de pedalada foi similar (p=0,119) entre os obesos (37,4 ±
0,3°C) e os não-obesos (37,3 ± 0,2°C). A interação entre grupo e tempo, na T
retal
e
na FC (F
(6,24)
= 6,16; p = 0,001; Poder = 0,991 e F
(6,23)
= 3,481; p = 0,014; Poder =
0,870, respectivamente), indicou que o comportamento dessas variáveis, ao longo
do tempo, foi diferente em cada grupo (APÊNDICE D); embora similar entre obesos
e não-obesos, a cada 5 dos 30 min de pedalada no calor (minuto 0, 5, 10, 15, 20, 25
e 30) (todos p > 0,05). A T
retal
foi maior (p < 0,001) no 30° min do que em todos os
momentos anteriores da pedalada nos dois grupos (37,8 ± 0,3°C nos obesos e 37,9
± 0,2°C nos não-obesos), mas sem diferenças entre eles (p > 0,05). Durante a
recuperação posterior ao teste de desempenho, os dois grupos reduziram
similarmente a T
retal
e a FC ao longo dos 30 min (F
(6,23)
= 1,125; p = 0,379; Poder =
0,352) (APÊNDICE E).
A Figura 2 ilustra o comportamento da TPE durante a pedalada de 30 min. A
TPE não apresentou interação (F
(6,24)
= 1,036; p = 0,427) entre grupo e tempo,
porque poucas diferenças foram observadas entre os grupos ao longo do tempo.
Assim, a TPE foi similar entre os grupos nos minutos 5 (p = 0,488), 10 (p = 0,221),
15 (p = 0,121) e 20 (p = 0,05). Entretanto, foi maior nos meninos obesos nos minutos
25 (p = 0,040) e 30 (p = 0,019). A comparação da TPE inter e intragrupos está
disponível no Apêndice F.
48
Figura 2. Temperatura retal (T
retal
), frequência cardíaca (FC) e taxa de percepção de esforço
(TPE) durante os 30 minutos de pedalada. Média ± desvio-padrão.
#
Teste t independente
(Obesos > não-obesos no momento).
A SSC foi maior entre os obesos em todos os momentos da pedalada,
conforme mostra a Tabela 2. Porém, o houve interação entre grupo e tempo na
SSC (F
(2,28)
= 0,051; p = 0,950; Poder = 0,057), provavelmente porque os obesos
iniciaram o exercício com maior SSC. A SSC intragrupos no 30° min foi maior (p <
0,001) do que no minuto zero, mas similar ao 15° min.
49
Durante os 30 min de recuperação, não houve diferença entre os grupos
(F
(2,27)
= 0,689; p = 0,511) em cada momento (minutos 0, 15 e 30); e
independentemente do grupo, a SSC no 30° min foi menor (p < 0,001) que no minuto
zero e similar ao 15° min (Tabela 2).
Tabela 2. Sensação subjetiva de calor durante pedalada e recuperação
Minutos
Variável
Grupo
0
15
30
p
##
SSC (cm)
exercício
Obesos
(n = 15)
3,6 ± 2,7
a
6,7 ± 1,2
b
7,6 ± 2
b
0,001
Não-obesos
(n = 16)
1,3 ± 1,4
a
4,1 ± 1,5
b
5,2 ± 2,2
b
0,001
p
#
0,008
0,001
0,003
SSC (cm)
recuperação
Obesos
(n = 15)
5,7 ± 2,9
a
1,9 ± 1,5
b
1,2 ± 1,5
b
<0,001
Não-obesos
(n = 15)
5,2 ± 2,2
a
2,2 ± 1,2
b
1,9 ± 1,6
b
<0,001
p
#
0,651
0,570
0,571
SSC: sensação subjetiva de calor (cm).
#
Teste t independente (comparação intergrupos).
##
ANOVA de medidas repetidas (comparação intragrupos).
a b
(letras iguais não diferem
estatisticamente pelo teste de Bonferroni). Valores expressos em média ± desvio-
padrão.
Como mostra a Tabela 3, o volume de suor correspondente aos 30 min de
pedalada, foi similar entre os grupos (p > 0,05), quando expresso em valor absoluto
e relativo à ASC. Entretanto, o volume de suor foi maior (p < 0,05) nos meninos não-
obesos, comparados aos obesos, quando corrigido pela massa corporal. A massa
corporal reduziu nos dois grupos (p = 0,001) em similar magnitude absoluta (obesos
247 ± 204 g e não-obesos = 183 ± 178 g, p = 0,373) e relativa à massa corporal
inicial (0,3 ± 0,2% nos obesos e 0,4 ± 0,4% nos não-obesos, p = 0,40). A ingestão de
líquidos foi similar entre os grupos, resultando em um déficit hídrico também similar
(p > 0,05; Tabela 3).
50
A Figura 3 ilustra as similares [Na
+
] (p = 0,181), [Cl
-
] (p = 0,317) e [K
+
] (p =
0,172) no suor, entre os grupos. Ainda, conforme a Tabela 4, o mesmo ocorreu em
relação à perda de Na
+
, Cl
-
e K
+
pelo suor e à ingestão desses eletrólitos pelo
líquido, resultando em um déficit eletrolítico similarmente negativo para Na
+
, Cl
-
e K
+
entre os grupos.
Figura 3. Concentração de sódio [Na
+
], cloro [Cl
-
] e potássio [K
+
] no suor. Valores expressos
em média ± desvio-padrão.
Tabela 3. Volume de suor, ingestão de líquido e balanço hídrico
Grupo
Volume de suor
Ingestão
Balanço
hídrico
ml
ml
.
m
-2
ml
.
kg
-1
ml
ml
Obesos (n = 15)
352
± 215
201
± 123
5
± 3
23
(0-136)
-247
± 204
Não-obesos (n = 15)
279
± 112
213
± 80
7
± 2
25
(0-141)
-198
± 153
p
#
0,253
0,760
0,044
0,450
0,463
Volume de suor absoluto (ml), relativo à ASC (ml
.
m
-2
), relativo à massa corporal (ml
.
kg
-1
) e
balanço hídrico (ml): valores em média ± desvio-padrão. Ingestão (ml): valores em mediana
(amplitude interquartílica).
#
Teste t independente (comparação intergrupos).
51
Tabela 4. Balanço eletrolítico em mmol
.
l
-1
após 30 min de pedalada
Eletrólito
Grupo
Perda pelo suor
Ingestão
Balanço
eletrolítico
Na
+
Obesos (n = 15)
24,9 ± 23,0
0,4 (0-2,6)
-22,8 ± 21,2
Não-obesos (n=15)
23,6 ± 11,6
0,5 (0-2,7)
-22 ± 12
p
#
0,695
0,450
0,727
Cl
-
Obesos (n=15)
20,4 ± 19,6
0,4 (0-2,5)
-18,5 ± 17,8
Não-obesos (n=15)
18,5 ± 9,8
0,5 (0-2,6)
-17,1 ± 10,2
p
#
0,601
0,450
0,628
K
+
Obesos (n=15)
1,5 ± 0,8
0,1 (0-0,7)
-0,9 ± 0,9
Não-obesos (n=15)
1,5 ± 0,8
0,1 (0-0,7)
-0,8 ± 0,8
p
#
0,533
0,450
0,789
#
Teste t independente (comparação intergrupos). Perda de eletrólito pelo suor (Na
+
, Cl
-
e K
+
)
e balanço eletrolítico: valores expressos em média ± desvio-padrão. Ingestão (eletrolítica):
valores expressos em mediana (amplitude interquartílica).
No teste de desempenho, os meninos não-obesos pedalaram por mais tempo
(média 108 s de 76 a 214 s, p=0,04) que seus pares obesos (média 68 s, 57-102 s)
e atingiram, conforme demonstrado na Tabela 5, um maior aumento da T
retal
(p <
0,05). A FC aumentou nos dois grupos (p < 0,05) similarmente (Tabela 5). Apenas
um menino (não-obeso) não realizou esse teste por apresentar náusea, tontura,
calafrios e muita sede (T
retal
= 38,5°C; ∆T
retal
= 1°C). Outros dois meninos (um obeso
e outro não-obeso) também apresentaram tontura logo após a pedalada de 30 min;
mas os sintomas logo desapareceram, durante os 10 min que antecederam o teste
de desempenho.
Tabela 5. Frequência cardíaca e temperatura retal durante teste de desempenho a 90% do
VO
2pico
Grupo
FC (bpm)
T
retal
(°C)
Inicial
Final
Inicial
Final
Obesos (n = 15)
130
± 15
183
± 9
53
± 16
37,8
± 0,3
37,8
± 0,3
0
(0-0,1)
Não-obesos (n =15)
135
± 15
184
± 8
49
± 15
37,8
± 0,2
38
± 0,3
0,1
(0-0,2)
p
#
0,406
0,840
0,481
0,502
0,193
0,045
&
FC: frequência cardíaca; T
retal
: temperatura retal. FC inicial, FC final, FC, T
retal
inicial, T
retal
final: valores expressos em média ± desvio-padrão. T
retal
: valores expressos em mediana
(amplitude interquartílica).
#
Teste t independente e
&
Teste
u
de
Mann-Whitney (comparação
intergrupos).
52
DISCUSSÃO
Este estudo, que comparou respostas termorregulatórias ao exercício no calor
em meninos púberes obesos e não-obesos, indicou que: 1) ambos os grupos
aumentaram similarmente a T
retal
e a FC durante 30 min de pedalada submáxima no
calor; 2) o volume de suor foi menor nos obesos apenas quando corrigido pela
massa corporal; 3) as [Na
+
], [Cl
-
] e [K
+
] do suor e a quantidade de Na
+
perdida foram
similares entre os grupos; 4) meninos obesos relataram maior TPE após os 20 min
de pedalada e maior SSC ao longo da pedalada; e 5) meninos não-obesos tiveram
maior tempo de pedalada em uma carga correspondente a 90% do VO
2pico
,
resultando em maior aumento da T
retal.
foi observado (HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975) maior T
retal
e
FC, quando cinco meninos obesos caminharam intermitentemente (três sessões de
20 min intervaladas em 5 min), em uma mesma velocidade, em diferentes condições
de temperatura (21,1°C, 26,7°C, 29,4°C e 32,2°C; todas 22-25% de UR). Porém,
além da sobrecarga da caminhada para os obesos, a velocidade fixa de 4,8 km
.
h
-1
poderia representar um maior %VO
2pico
nos obesos do que nos não-obesos.
Em um estudo (DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2009), sob condição
térmica de 38°C e 50% UR, combinando duas sessões de 20 min de caminhada
com uma sessão de pedalada (20 min) a 30% VO
2pico
, não foi observada diferença
no aumento da T
central
(medida por pílula gástrica) entre meninos obesos (0,53°C) e
não-obesos (0,77°C). Então, como não houve diferença no aumento da T
central
entre
obesos e não-obesos com o presente protocolo de exercício/calor, a comparação do
menor calor específico da gordura (1,63 kj
.
kg
-1.
C
-1
) ao da massa livre de gordura
(3,35 kj
.
kg
-1.
C
-1
) para elucidar um possível maior aumento da T
central
em obesos
(FALK, 1998; HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975; BUSKIRK, BAR-OR e
KOLLIAS, 1969) não se aplica ao presente estudo.
O volume de suor nos 30 min de pedalada, entre os meninos obesos (~350
ml) deste estudo, foi cerca do dobro do observado nos meninos obesos do estudo
de Dougherty, Chow e Kenney (2009), os quais, em uma hora caminhando e
pedalando, suaram cerca de 312 ml. Porém, estes meninos viviam em clima
temperado e não estavam aclimatizados ao calor. No estudo do grupo de Dougherty
(2009), os obesos apresentaram menor volume de suor corrigido pela ASC
comparado ao dos não-obesos. Em um estudo mais recente desse grupo
53
(DOUGHERTY, CHOW e KENNEY, 2010) evidenciou-se que, quando aclimatizados,
o volume de suor corrigido pela ASC dos meninos obesos foi menor, embora o
VO
2pico
(corrigido tanto pela massa corporal quanto pela massa livre de gordura)
permanecesse inferior nos obesos.
A aclimatização ao calor (WENGER, 1988), assim como o condicionamento
aeróbico (BUONO e SJOHOLM, 1988), tende a atenuar o aumento da T
central
e
aumentar o volume de suor decorrente do exercício. No presente estudo, assumiu-
se o mesmo grau de aclimatização entre obesos e não-obesos, que foram testados
na mesma época do verão, viviam em clima subtropical e praticavam atividades
físicas outdoor. A dificuldade encontrada foi garantir um similar condicionamento
aeróbico entre os obesos e os não-obesos. Apesar de o VO
2pico
corrigido pela massa
corporal ter sido cerca de 30% menor nos obesos, quando expresso
alometricamente, o VO
2pico
foi similar entre os grupos. Assim, quando os grupos de
obesos e não-obesos são similares no grau de aclimatização e condicionamento
aeróbico, não parece haver diferenças no volume de suor, mesmo corrigido pela
ASC, o que foi aqui mostrado. Para o protocolo utilizado, não se aplicaria a
explicação de que a menor razão entre ASC e massa corporal dos obesos, em
relação aos não-obesos (ROBINSON, 1942), e a menor condutância de calor pela
gordura em relação aos outros tecidos (ZAHORSKA-MARKIEWICZ, 1982) limitariam
a sudorese nessa população.
As concentrações de eletrólitos no suor em crianças e jovens durante o
exercício foram pouco estudadas, embora não em obesos (McDERMOTT et al.,
2009; MEYER et al., 1992). Foi observado, por meio do protocolo utilizado neste
estudo, superiores [Na
+
] (~ 50-60%) e [Cl
-
] (~ 50%) (MEYER et al., 1992), e inferior
[K+] (~ 50%) (McDERMOTT et al., 2009; MEYER et al., 1992) no suor dos dois
grupos, em relação às concentrações previamente reportadas para esses eletrólitos
em crianças de mesma idade, embora não-aclimatizadas ao calor. Os efeitos da
aclimatização ao calor nas concentrações de eletrólitos no suor de crianças ainda
são desconhecidos; o que, independentemente do protocolo, da técnica de análise e
da condição ambiental, limita um confronto dos resultados aqui encontrados com
outros. Apesar de a coleta do suor limitar-se a uma única região, assume-se que o
erro para extrapolação das perdas totais de eletrólitos pelo suor foi semelhante para
todos os participantes.
54
Observou-se um insignificante percentual de desidratação (< 1%) e um leve
déficit de ~ 0,4 g de Na
+
nos dois grupos, quando disponibilizada uma bebida
carboeletrolítica para os meninos ingerirem espontaneamente. Embora um leve
déficit de Na
+
possa ocorrer sem afetar a [Na
+
] plasmático (MEYER, BAR-OR e
WILK, 1995), este estudo limitou-se a avaliar as perdas apenas pelo suor, não
incluindo as da urina. O tempo do protocolo/exercício de nosso estudo foi curto para
avaliar a hidratação voluntária, mas demonstrou que, nessa condição e, conforme
evidenciado também com atividades mais prolongadas (WILK, RIVERA-BROWN e
BAR-OR, 2007; RIVERA-BROWN et al., 1999; MEYER, BAR-OR e WILK,1995), a
ingestão da bebida esportiva, em volumes adequados que contém cerca de 20
mEq
.
l
-1
de Na
+
não representou sobrecarga eletrolítica às crianças.
No presente estudo, observou-se que os três meninos que não ingeriram
qualquer quantidade do líquido foram os que apresentaram sintomas de náuseas e
tontura nos 30 min de pedalada. Um menino não-obeso apresentou, além dos
sintomas acima, calafrios e muita sede típicos sintomas de exaustão pelo calor
ao final dos 30 min, apresentando T
retal
final = 38,5°C. Os outros dois meninos (um
obeso e outro não-obeso) apresentaram sintomas breves e respostas similares, com
exceção da TPE e da SSC (maior no obeso). Em adultos, os sintomas relacionados
à exaustão pelo calor aparecem quando a T
central
aproxima-se dos 38,5-39°C
(LATZKA et al.,1998), a qual pode ser ainda mais elevada em atletas de endurance
(40°C) (GONZALEZ-ALONSO, CALBET e NIELSEN, 1999)
Valores mais elevados da T
retal
foram observados nos meninos não-obesos,
durante a pedalada intensa até a exaustão. Esse maior aumento da T
retal
(p = 0,045)
é certamente decorrente do maior tempo da pedalada (108 vs 68 s), que provoca
maior produção de calor metabólico.
No presente estudo, a TPE foi maior nos obesos do que nos não-obesos a
partir dos 25 min da pedalada; enquanto que a SSC foi maior desde o início da
pedalada. O grupo de Dougherty (2010) também encontrou resultados semelhantes
nas TPE e SSC para meninos obesos aclimatizados, que caminharam em uma
mesma intensidade relativa de esforço que os não-obesos no calor. De acordo com
os resultados aqui encontrados, as sensações de desconforto no calor nem sempre
são refletidas pela exacerbação em parâmetros fisiológicos.
No presente protocolo, optou-se pelo exercício em cicloergômetro para evitar
o deslocamento da massa corporal, que poderia sobrecarregar os obesos (BUTTE et
55
al., 2007; FALK, 1998), e pela similaridade na intensidade de esforço relativizando
pelo VO
2pico
(51,6% nos obesos e 53,3% nos não-obesos). As respostas agudas ao
exercício foram observadas por meio de exercício contínuo (30 min de pedalada),
diferentemente dos protocolos intermitentes realizados (DOUGHERTY, CHOW e
KENNEY, 2010, 2009; HAYMES, McCORMICK e BUSKIRK, 1975; HAYMES et al.,
1974) e a condição ambiental adotada (35°C e 40-45% UR) foi similar às do verão
no Sul do Brasil.
CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou, por meio de um exercício contínuo de 30 min, que
meninos púberes obesos e não-obesos, aclimatizados ao calor do verão subtropical
e similares quanto ao VO
2pico
alométrico, não diferem no comportamento da T
retal
, da
FC e da sudorese, quando pedalam em uma intensidade relativa de esforço
submáximo e uma condição ambiental similares. Por outro lado, indicadores
subjetivos demonstraram que meninos obesos, mesmo quando aclimatizados ao
calor, tendem à maior taxa de percepção de esforço e relatam maior sensação
subjetiva de calor durante 30 min de pedalada. Isso demonstra que, mesmo na
ausência de comprometimento dos parâmetros fisiológicos, o exercício prolongado
no calor pode ser mais desconfortável para os obesos.
Desse modo, ressalvamos que: a) averiguar o conforto térmico de crianças e
jovens obesos durante as práticas de exercícios no calor é útil para a garantia do
seu bem-estar, da sua adesão ao programa de exercício físico e da escolha de
atividades mais adequadas; e b) essas repostas aplicam-se a meninos obesos
aclimatizados que praticam atividades físicas no calor, sem poder generalizar
àqueles não-aclimatizados e/ou sedentários.
56
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59
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que a combinação de fatores que poderiam prejudicar a
termorregulação em meninos obesos, envolvendo o calor específico da gordura, à
razão entre a ASC e a massa corporal, além da condutância de calor pela gordura,
não se aplica em nosso protocolo experimental. Assim, a prescrição de 30 min de
pedalada contínua, a 35°C e 40-45% de UR, numa carga correspondente a 50-60%
do VO
2pico
, pode ser fisiologicamente segura para meninos púberes obesos que
praticam atividades físicas outdoor regulares no calor; mas ressalvamos que esses
devam ser monitorados por meio de indicadores subjetivos, de esforço e sensação
térmica, para garantia do bem-estar e escolha da modalidade mais adequada,
especialmente para os meses do verão. Porém, desconhecemos os efeitos de nosso
protocolo em meninos obesos não-aclimatizados e sedentários. Assim, profissionais
devem ficar atentos ao índice de estresse ambiental, à ingestão e composição
adequada de líquidos e aos sinais e sintomas da hipertermia em crianças e jovens,
incluindo obesos. Estas recomendações podem minimizar a chance de
comprometimentos à saúde relacionados ao exercício no calor.
Sugerimos que, por meio de protocolos experimentais no calor, estudos
futuros investiguem parâmetros fisiológicos e subjetivos em crianças obesas de
ambos os sexos: 1) incluindo, além da sessão exercício no calor, uma sessão de
exercício em ambiente termoneutro para verificar se um aumento das respostas
subjetivas ocorre entre crianças obesas, independentemente do estresse ambiental;
e 2) incluindo a mensuração do fluxo sanguíneo, que pode estar comprometido em
crianças obesas que se exercitam no calor prolongadamente.
60
APÊNDICES
61
APÊNDICE A - Termo de consentimento informado livre e esclarecido
Seu dependente está sendo convidado a participar de um estudo para conhecer as
respostas de meninos adolescentes que se exercitam no calor.
Ele terá que comparecer, dois dias ao Laboratório de Pesquisa do Exercício (LAPEX)
localizado na Escola de Educação Física da UFRGS. No primeiro dia será aplicado um
questionário sobre a saúde do menino e prática de atividade física. Serão feitas medidas de
peso, altura e dobras cutâneas, para avaliar a quantidade de gordura no corpo. Avaliaremos
também o estágio de desenvolvimento de maturidade do corpo. Nesse dia será realizado um
teste em bicicleta para avaliar o desempenho do menino para exercícios prolongados.
Num segundo dia, o menino irá pedalar numa sala quente (35°C e 40% de umidade
relativa durante 30 minutos). Antes de pedalar, o menino (de bexiga vazia) será pesado.
Logo após, serão colocados nas costas, coxa, peito e antebraço adesivos absorventes para
coletar amostras do suor, que serão retirados ao terminar o exercício. Um termômetro para
obter o valor da temperatura interna durante o exercício será utilizado. A medida será feita
em contato com o reto, a melhor maneira para controlar possíveis riscos à saúde que o
menino possa apresentar quando se exercita no calor. Após o exercício o menino vai urinar
para ser pesado novamente. Após um descanso de 10 minutos, realizará outro teste na
bicicleta para verificar o tempo que consegue manter a pedalada.
Em ambas as visitas, os responsáveis poderão acompanhar todos os procedimentos
da pesquisa.
Nenhum efeito prejudicial à saúde é esperado durante ou após cada uma das
sessões. É possível que ocorra um cansaço, que é normal após a prática da atividade física.
Os voluntários serão acompanhados e terão assistência durante todos os
procedimentos por uma equipe treinada, responsável pelo estudo.
A disponibilidade de tempo para estes experimentos é de aproximadamente 1 hora
na primeira visita e 2 horas na segunda visita.
Todas as informações provenientes desta pesquisa terão caráter confidencial e serão
mantidos os anonimatos dos participantes.
Os participantes poderão, em qualquer momento, recusar-se a participar ou
abandonar a pesquisa, mesmo após a assinatura deste termo de consentimento. Os
participantes não terão despesas financeiras durante a participação deste estudo.
Se você ou os seus familiares tiverem alguma pergunta antes de se decidir, sinta-se
à vontade para fazê-la.
Eu, ____________________________________________________________e meu filho
(a) _________________________________________________________ fomos
informados (as) dos objetivos acima especificados e da justificativa desta pesquisa, de
62
forma clara e detalhada. Todas as minhas dúvidas foram esclarecidas e sei que poderei
solicitar novos esclarecimentos a qualquer momento. Fui informado (a) também que meu
filho (a) poderá ser retirado do estudo a qualquer momento, mesmo depois de assinado este
termo, tenho ciência de que não terei gastos com esta pesquisa, e foi-me certificado pelo
profissional Paulo Lague Sehl que as informações por mim fornecidas terão caráter
confidencial.
Assino o presente documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma em
minha posse e outra em posse do pesquisador responsável.
Assinatura do responsável pelo participante na pesquisa
Assinatura do investigador
Em caso de dúvidas entre em contato com o pesquisador Paulo Lague Sehl pelo telefone
(51) 91176735
Porto Alegre, ______ de ________________ de 2008.
Mestrando: Professor Paulo Lague Sehl; telefone (51) 91176735
Orientadora: Dra Flávia Meyer; telefone (51) 99715135
Comitê de Ética e Pesquisa- UFRGS; telefone (51) 33083629
63
APÊNDICE B - Questionário de saúde e atividade física
QUESTIONÁRIO DE SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA
IDENTIFICAÇÃO No. ________
1. Nome______________________________________________________
2. Data de nascimento_____________idade____telefone______________
3. Nome dos pais ou responsáveis_________________________________
SAÚDE
4. Apresenta alguma doença? ( )Sim ( )Não
Qual?__________________________________________________________
5. Usa algum medicamento?________________________________________
6. Já fizeste alguma cirurgia? ( )Sim ( )Não Qual?___________________
7. Você sente algum tipo de desconforto ao realizar algum tipo de atividade física (Dores,
mal estar, tonturas, enjôos)?______________________________
________________________________________________________________
8. Alguma vez o seu médico ou algum profissional disse que você não deveria praticar
exercícios físicos? ( )Sim ( )Não
EXERCÍCIO
9. Na escola você participa das aulas de Ed. Física? ( )Sim ( )Não
Quantas horas por semana?_________________________________________
10. Tipo de atividade que pratica na Ed.Física? __________________________
11. Você transpira na sua aula de Ed. Física?
( )nunca ( )as vezes ( )freqüentemente ( )sempre
12. Quantas vezes por semana e quanto tempo você pratica?
________________________________________________________________
13. Você pratica algum tipo de esporte (escolinha) fora da Ed. Física?
( )sim ( )não Se sim qual? ______________________________________
14. Quantas vezes por semana?______________________________________
15. Há quanto tempo (meses ou anos) prática exercício? __________________
64
16. Quais as suas atividades preferidas durante seu período de lazer?________
________________________________________________________________
17. Você transpira durante suas atividades de lazer?
( )nunca ( )as vezes ( )freqüentemente ( )sempre
18. Você assiste televisão? ( )sim ( )não
19. Quantas horas por dia? __________________________
20. Quantas vezes por semana? ( ) todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
21. Você joga vídeo game? ( )sim ( )não
22. Quantas horas por dia? __________________________
23. Quantas vezes por semana? ( )todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
24. Você joga ou realiza alguma atividade no computador? ( )sim ( )não
25. Quantas horas por dia? __________________________
26. Quantas vezes por semana? ( )todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
27. Você caminha? ( )sim ( )não
28. Quantas horas por dia? __________________________
29. Quantas vezes por semana? ( )todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
30. Depois dessas caminhadas, você fica cansado?
( )nunca ( )às vezes ( )freqüentemente ( )sempre
31. Você anda de bicicleta? ( )sim ( )não
32. Quantas horas por dia? __________________________
33. Quantas vezes por semana? ( )todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
34. Você joga futebol (lazer)? ( )sim ( )não
Qual posição?_________________Quantas vezes por semana?_____________
35. Realiza outra forma de atividade física que não tenha citado? ( )sim ( )não
Se sim: Quais? ____________________________________________________
36. Como você vai e volta do colégio?
( )ônibus ( )carro ( )Kombi ( )caminhando
Quanto tempo de ida e volta?___________________________________________
37. Você caminha para outro lugar, a não ser para o colégio? ( )sim ( )não
36. Quantas horas por dia? __________________________
37. Quantas vezes por semana? ( )todos os dias ( )3-4 vezes ( )<2 vezes
38. Na sua casa apartamento tem escadas? ( )sim ( )não
39. Se sim, quantos andares?_________
40. Você os utiliza? ( )nunca ( )às vezes ( )freqüentemente ( )sempre
41. O que costuma fazer no intervalo do colégio?_________________________
42. Que hora acorda?_______Que hora dorme?________Dorme à tarde?_____
43. Você se considera acima do peso? ( )sim ( )não
65
44. Você se considera uma pessoa fisicamente ativa? ( )sim ( )não
45. Durante o exercício você costuma suar muito? Sua roupa fica molhada?
( )Sim ( )Não
46. Você costuma beber algum tipo de bebidas quando realiza algum tipo de atividade
física? ( )Sim ( )Não Qual? _____________________________
Declaro a veracidade das informações acima.
Ass: ___________________________________________________
Data: __________________________________________________
66
APÊNDICE C Consumo de oxigênio durante 30 minutos de pedalada no calor
Tabela. Consumo de oxigênio durante 30 minutos de pedalada no calor
Grupo
VO
2
ml
.
min
-1
%
ml
.
kg
-1.
min
-1
%
ml
.
kg
-0,50.
min
-1
%
Obeso
(n=15)
1344±319
51,6±3
17,7±3
51,6±3
153,4±28
51,6±3
Não-obeso
(n=16)
1038±237
53,3±4
27,3±3
53,3±4
167,4±24
53,3±4
p
#
0,009
0,240
<0,001
0,240
0,178
0,230
VO
2
: potência aeróbica; ml
.
min
-1
: VO
2
absoluto; ml
.
kg
-1.
min
-1
: VO
2
relativo à massa corporal;
ml
.
kg
-0,50.
min
-1
: VO
2
alométrico; %VO
2
: percentual da potência aeróbica relativa ao VO
2pico
.
Valores expressos em média±desvio-padrão.
#
Teste t independente (comparação
intergrupos). p<0,01 e p<0,001 (diferença significativa intergrupos).
67
Apêndice D Comparações intra e intergrupos da temperatura retal e freqüência cardíaca durante pedalada de 30 minutos
Tabela. Temperatura retal e freqüência cardíaca durante pedalada de 30 minutos no calor
Tempo (minutos)
Variável
Grupos
0
5
10
15
20
25
30
p
##
dp
dp
dp
dp
dp
dp
dp
T
retal
(°C)
exercício
Obesos
(n=15)
37,4± 0,3
ab
37,4±0,3
ab
37,4±0,3
a
37,5±0,3
ab
37,5±0,4
b
37,7±0,3
c
37,8±0,3
d
<0,001
Não-obesos
(n=16)
37,3±0,2
ab
37,3±0,2
a
37,4±0,2
b
37,5±0,2
c
37,7±0,2
d
37,8±0,2
e
37,9±0,2
f
<0,001
p
#
0,229
0,150
0,652
0,509
0,155
0,156
0,140
FC (bpm)
exercício
Obesos
(n=15)
93±9
a
148±18
b
153±18
bc
158±20
cd
162±15
cd
164±15
de
169±14
e
<0,001
Não-obesos
(n=15)
87±16
a
151±14
b
161±12
c
166±12
d
166±13
cd
166±14
cd
167±13
cd
<0,001
p
#
0,226
0,577
0,161
0,192
0,429
0,691
0,680
T
retal
: temperatura retal. FC: freqüência cardíaca.
##
ANOVA para medidas repetidas (comparação intragrupos).
#
Teste t independente
(comparação intergrupos).
a
b
c
d
e
f
(letras iguais não diferem pelo teste post hoc de Bonferroni). Valores expressos em média ± desvio-padrão
(m±dp).
68
Apêndice E - Comparações intra e intergrupos da temperatura retal e freqüência cardíaca após protocolo de exercício
Tabela. Temperatura retal e freqüência cardíaca durante recuperação de 30 minutos no calor
Tempo (minutos)
Variável
Grupos
0
5
10
15
20
25
30
p
##
m±dp
m±dp
m±dp
m±dp
m±dp
m±dp
m±dp
Tretal (°C)
REC
Obesos
(n=15)
37,8±0,3
a
37,8±0,3
a
37,7±0,3
ab
37,7±0,3
c
37,6±0,4
b
37,6±0,4
bcd
37,6±0,4
d
0,013
Não-obesos
(n=16)
38±0,3
a
37,9±0,3
ab
37,9±0,3
bc
37,8±0,4
c
37,8±0,3
cd
37,7±0,3
de
37,6±0,2
e
<0,001
p
#
0,193
0,119
0,176
0,213
0,177
0,412
0,473
FC (bpm)
REC
Obesos
(n=15)
183±9
a
110±13
b
110±13
b
105±11
b
106±11
b
104±13
b
102±12
b
<0,001
Não-obesos
(n=15)
184±8
a
103±3
b
101±14
b
103±12
b
104±12
b
96±26
b
103±10
b
<0,001
p
#
0,840
0,425
0,07
0,622
0,537
0,298
0,861
T
retal
: temperatura retal. FC: freqüência cardíaca.
##
ANOVA para medidas repetidas (comparação intragrupos).
#
Teste t independente
(comparação intergrupos).
a
b
c
d e
(letras iguais não diferem pelo teste post hoc de Bonferroni). Valores expressos em média ± desvio-padrão
(m±dp). REC: recuperação.
69
Apêndice F - Comparação intra e intergrupos da taxa de percepção de esforço durante 30 minutos de pedalada
Tabela. Taxa de percepção de esforço durante 30 minutos de pedalada no calor
Tempo (minutos)
Variável
Grupos
5
10
15
20
25
30
p
##
dp
dp
dp
dp
dp
dp
TPE
Obesos
(n=15)
10±1
a
12±1,5
b
14±2
c
15±2
d
17±2
de
17±3
e
0,001
Não-obesos
(n=16)
9±2
a
11±3
b
12±3
b
13±3
cd
14±3
c
15±3
d
0,001
p
#
0,488
0,221
0,121
0,05
0,04
0,019
TPE: taxa de percepção subjetiva de calor.
##
ANOVA para medidas repetidas (comparação intragrupos).
#
Teste t independente (comparação
intergrupos).
a
b
c
d
e
(letras iguais não diferem pelo teste post hoc de Bonferroni). Valores expressos em média ± desvio-padrão (m±dp).
70
Apêndice G - Comparações do percentual da freqüência cardíaca durante pedalada e recuperação
Tabela. Percentual da freqüência cardíaca durante pedalada e recuperação no calor (ambos ao longo de 30 minutos)
Tempo (minutos)
Variável
Grupos
0
5
10
15
20
25
30
p
##
dp
dp
dp
dp
dp
dp
dp
FC (%)
Exercício
Obesos
(n=15)
64±9
a
79±8
b
82±8
b
85±9
b
87±7
b
88±6
b
91±6
b
p<0,001
Não-obesos
(n=16)
62±7
a
81±7
b
87±6
c
89±6
c
90±5
c
90±5
c
90±5
c
p<0,001
p
#
0,450
0,433
0,064
0,105
0,249
0,473
0,721
FC (%)
REC
Obesos
(n=15)
99±72
a
59±7
b
59,3±7
b
56,5±6
b
57±7
b
56±7
b
55,4±7
b
p<0,001
Não-obesos
(n=15)
99,2±5
a
55±14
b
54,3±7
b
55,4±6
b
56±5
b
51,14
b
55,6±4
b
p<0,001
p
#
0,889
0,357
0,570
0,600
0,448
0,282
0,904
##
ANOVA para medidas repetidas (comparação intragrupos).
#
Teste t independente (comparação intergrupos).
a
b
c
(letras iguais não diferem
pelo teste post hoc de Bonferroni). Valores expressos em média ± desvio-padrão (m±dp). REC: recuperação.
71
Apêndice H - Ficha de avaliação 1ª visita: Avaliações Preliminares
Nome: Telefone:
ID: Responsáveis: Email:
VO
2pico
(Teste McMaster)
Idade: Data: Avaliador:
Data de nascimento: Massa C. (kg):
Data da avaliação: Estatura (cm):
Avaliador: Estágio min Carga
VO
2
FC Borg
1
a
2
a
0
Massa C . (kg):
1
Estatura (cm):
2
IMC 3
Percentil 4
Classificação 5
6
Dobras cutâneas (mm)
7
Tríceps 8
Subesc. 9
Abdominal 10
Crista I.
Supra E.
VO
2máx:
Carga
máx:
Coxa
VO
2 relativo:
Perna
FC
máx:
Soma TR +SC
%G
Massa gorda (kg)
VO
2 rel 50%:
Massa magra (kg)
Carga
relativa 50%:
FC
50%:
Pemetros (cm) 1
a
2
a
VO
2 rel 60%:
Braço
Carga
relativa 60%:
Antebraço
FC
60%:
Abdominal
Cintura
Quadril Est. (cm) watts
Incremento
Duração RPM
Coxa >120 12,5 12,5 2 50
Perna 120-139,9 12,5 25 2 50
Tórax 140-159,9 25 25 2 50
160
25 50 meninos 2 50
Tanner 25 meninas 2 50
Mestrando: Paulo Lague Sehl
Telefone: (51) 91176735 OBS:
Email: psehl@hotmail.com
Antropometria e Tanner
1
a
Visita - Avaliação Geral
Termorregulação, Sudorese e Desempenho em Meninos Púberes Obesos e o-obesos
Protocolo McMaster - bicicleta ergométrica
72
Nome: 0 min 15 min 30 min Cargas pré-determ.
ID: Temp: Carga exerc (50-60%):
UR (%): Carga desemp (90%):
WBGT:
14- Garrafa 1 Pós (ml)
1- Probe 14-Garrafa 2 pós?
Volume (ml) descartado Volume (ml) armazenado
Coloração Coloração
Gravidade específica Gravidade específica
3- Massa C. Pré (kg) 17- Massa C. Pós (kg)
4- Patches 18- Colocar frequencímetro
5- Frequencímetro 19- Teste Desempenho 90%
FC e T
retal
Hora início:
FC
Temp
int
Hora entrada câmara: Início
Fim
6- Garrafa 2 exerc (ml) ? Duração:
7- FC repouso:
8- T
retal
rep:
Hora início:
Hora de início: Minuto FC
T
retal
Minuto Watts FC
T
retal
Borg 0
0 5
5 10
10 15
15 20
20 25
25 30
30 Hora final:
Hora final:
21-Garrafa início rec (kg)
10- Retirar paches 21-Outra ? (kg)
11- Urinar
12- Retirar frequencímetro
Volume (ml) armazenado
13- Secar o corpo Coloração
Obs: Gravidade específica
VO
2 50%:
VO
2
15 min:
23- Retirar frequencímetro
VO
2 60%:
Carga: 24- Secar o corpo
FC 50% - 60% : 25- Peso Pós (kg)
Carga 50% VO
2
: 26- Garrafa pós rec (ml)
Carga 60% VO
2
: 27- Outra (pós rec)?(ml)
Carga 90% VO
2
: 28- Retirar Probe
Hora saída:
Mestrando: Paulo L. Sehl
Telefone: (51) 91176735
Email:psehl@hotmail.com
Termorregulação, Sudorese e Desempenho em Meninos Púberes Obesos e Não-obesos
16- Urina Pós-exercício
Protocolo Exercio no Calor Avaliadores:
2- Urina Pré-exercício
9- Protocolo Exercício 30 min
6- Garrafa 1 Pré (ml)
20- Recuperação 30 min
22- Urina Pós-REC
Apêndice I Ficha de avaliação 2ª visita: Protocolo Exercício no Calor
73
ANEXOS
74
Anexo A Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (UFRGS)
75
Anexo B Abstract NASPEM
76
ANEXO C - Abstract 2
nd
Joint Meeting North American Society for Pediatric
Medicine (NASPEM)
Thermoregulatory Responses of Obese and Lean Pubescent Boys during
Cycling in the Heat
PL. Sehl, GT. Leites, JM. Bijoldo, F. Meyer. UFRGS, Porto Alegre, Brazil.
Introduction: The belief that obese children have impaired thermoregulation during
exercise in the heat may be due to their sweating response. Purpose: To compare
sweat volume (SV) and rectal temperature (T
re
) of obese and lean pubescent boys
during a 30-min exercise in the heat. Methods: Nine obese (age 12.8±1.5 yrs; BMI
29.7±4.5 kg
.
m
-2
, body fat 65±13%) and 9 lean (age 12.7±0.9 yrs; BMI 16.6±1.5 kg
.
m
-
2
, body fat 10.9±3%) physically active boys participated in the study. VO
2peak
,
determined in a first visit (indirect calorimetry in cycloergometer), was 35.2±7.2 in the
obese and 51±6.1 for ml
.
kg
-1.
min
-1
in the lean group. The experiment consisted of 30-
min cycling at 50-60% VO
2peak
in a chamber (35°C, 40-45% RH). During cycling, T
re
(Physitemp, Ret-1) and heart rate (HR) (Polar) were constantly monitored, and VO
2
was checked once at midway. SV was calculated from change in body mass (after
urination), corrected by the voluntary fluid intake.
Independent t-test was used to
compare groups. Results: SV, after 30-min cycling corrected by body mass, was
lower (p=0.05) in the obese (4.64±2.79 vs 7.33±2.79 ml
.
kg
-1
); but, when corrected by
body surface area, it was similar between groups (193±119 and 217±73.8 ml
.
m
-2
).
Absolute change in body mass was similar and negative in both groups (0.2±0.2 and
0.2±0.1 kg), but represented a significant lower (p=0.038) % dehydration in the obese
(0.3±0.3%) compared to the lean (0.6±0.3%) group. T
re
increase was similar in the
obese (0.35±0.3°C) and lean (0.62±0.34°C) groups, and also HR increase
(47.5±20.9 and 44.3±13.2 bpm, respectively). Conclusion: This exercise in the heat
protocol indicated some trend to a lower SV among obese boys, but similar increase
in core temperature.
77
ANEXO D Curvas de percentis de acordo com o índice de massa corporal e a
idade para crianças e jovens do sexo masculino (CDC, 2000)
Anexo A Carta de aceite NASPEN
78
ANEXO E Desenvolvimento puberal masculino de Tanner (1962)
79
ANEXO F Escala de percepção subjetiva de esforço (Borg, 1970)
Escala de Borg Percepção Subjetiva de Esforço
6 -
7 muito fácil
8 -
9 fácil
10 -
11 relativamente fácil
12 -
13 ligeiramente cansativo
14 -
15 cansativo
16 -
17 muito cansativo
18 -
19 exaustivo
20 -
80
ANEXO G Escala de coloração da urina de Armstrong
81
ANEXO H Escala de Sensação subjetiva de calor de Young et al. (1987):
mensuração durante a pedalada
Escala de Sensação Subjetiva de Calor
Exercício
Nome: _________________________________________________ ID: _________________
Exercício (0 minuto)
Nada quente Quente Extremamente quente
Exercício (15 minutos)
Nada quente Quente Extremamente quente
Exercício (30 minutos)
Nada quente Quente Extremamente quente
82
ANEXO I Escala de Sensação subjetiva de calor de Young et al. (1987):
mensuração durante a recuperação
Escala de Sensação Subjetiva de Calor
Recuperação
Nome: _________________________________________________ ID: _________________
Recuperação (0 minuto)
Nada quente Quente Extremamente quente
Recuperação (15 minutos)
Nada quente Quente Extremamente quente
Recuperação (30 minutos)
Nada quente Quente Extremamente quente
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