Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Celso Oliveira de Sousa
RELAÇÃO ENTRE DOENÇA RENAL CRÔNICA
PRÉ-DIÁLISE E PERIODONTITE
Dissertação de Mestrado em Periodontia
Rio de Janeiro
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Celso Oliveira de Sousa
RELAÇÃO ENTRE DOENÇA RENAL CRÔNICA
PRÉ-DIÁLISE E PERIODONTITE
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Odontologia (Mestrado), Faculdade de
Odontologia da U.F.R.J. como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título
de Mestre em Odontologia, área de
concentração em Periodontia.
Orientadora: Dra. Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres
Rio de Janeiro
2007
ads:
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Sousa, Celso Oliveira de.
Relação entre Doença Renal Crônica Pré-diálise e Periodontite
/ Celso Oliveira de Sousa, Rio de Janeiro: UFRJ/ F. O., 2007.
xv, 108 f: il.; 29,7 cm.
Dissertação (Mestrado) – UFRJ/ F.O. / Programa de Pós-Graduação
em Odontologia (Periodontia), Rio de Janeiro, 2007.
Orientadora: Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres
Referências Bibliográficas: f. 47-58.
1. Periodontite. 2. Doença Renal. 3. Proteína C reativa.
I. Torres, Maria Cynésia Medeiros de Barros. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Centro de Ciências da Saúde, Faculdade de
Odontologia, Programa de Pós-Graduação em Odontologia
(Periodontia). III. Título.
iv
RELAÇÃO ENTRE DOENÇA RENAL CRÔNICA
PRÉ-DIÁLISE E PERIODONTITE
Celso Oliveira de Sousa
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em
Odontologia (Mestrado), Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro-UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título
de Mestre em Odontologia, área de concentração em Periodontia.
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2007.
Aprovada por:
Carmelo Sansone – Doutor (Presidente da Banca Examinadora)
Departamento de Clínica Odontológica – Faculdade de Odontologia - UFRJ
Alvimar Gonçalves Delgado – Doutor (Membro da Banca Examinadora)
Professor Titular da Disciplina e Serviço de Nefrologia – Faculdade de Medicina
Hospital Clementino Fraga Filho – UFRJ
Ricardo Guimarães Fischer – Doutor (Membro da Banca Examinadora)
Professor Titular de Periodontia da Faculdade de Odontologia – Universidade
Estadual do Rio de Janeiro UERJ
Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres – Doutora (Orientadora)
Departamento de Clínica Odontológica – Faculdade de Odontologia – UFRJ
v
DEDICARIA
Este trabalho é dedicado aos meus pais, por
colocarem minha formação profissional e
pessoal acima de tudo ao longo destes anos, e
a Deus por nunca me desamparar e iluminar o
meu caminho nesta vida.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha fonte de luz, que me dá forças, mostrando o caminho, e por
nos colocar tantas oportunidades e pessoas especiais na nossa trajetória.
Agradeço a todos os pacientes controles e com insuficiência renal crônica
que participaram deste estudo por contribuírem e mostrarem que a nossa vida é
muito, mas, muito preciosa.
A minha mãe Tânia Regina por me dar o mais puro e verdadeiro amor que
possa existir na vida, o amor maternal. Obrigado.
A meu pai Ariovaldo pela dedicação, sendo um exemplo de trabalho e
seriedade.
Aos amigos e companheiros de mestrado e doutorado Cristine, Natascha,
Suzane, Lorena, Nilo, Diogo, Vinícius, David, Davi e Karina Bogosian, pelos
bons momentos compartilhados.
A Hilana Artese amiga companheira de todos os momentos.
Ao setor de Nefrologia do H.U.C.F.F., as equipes de ambulatório. Dr.
Pedro Patrício, Lúcio, André Barreira, Eduardo Rocha, Ana, André Guerra por
me receberem e permitirem a realização deste trabalho.
À minha querida orientadora, Profa. Dra. Maria Cynésia Medeiros de
Barros Torres por me aceitar e “vestir a camisa” comigo neste projeto, além de
acreditar no meu potencial e me amparar nos momentos difíceis. Uma pessoa que
compartilhou e compartilha todos os momentos da construção desta tese.
Aos funcionários do Dpto de Clínica Odontológica: Arlene, Lena,
Rosinha, Simone, Beto pelo apoio, contribuição, e alegria no convívio, e no
atendimento aos pacientes e resolução de pendências burocráticas.
Aos professores e colaboradores do programa de Pós-graduação em
Periodontia da Faculdade de Odontologia da UFRJ: Anna Tereza Thomé Leão,
Carmelo Sansone, Ana Paula Vieira Colombo e Eduardo Jorge Feres Filho.
vii
A Profa. Leila Maria Chevitarese de Oliveira a minha gratidão pelos
ensinamentos, e por despertar em mim o prazer pelo trabalho acadêmico.
Aos funcionários do Laboratório de análises Geraldo e dona Nely pelo
atendimento e resultados imprescindíveis a este estudo.
Aos meus queridos amigos Rafael Masuda, Daniele Mattos, Monique
Sandin e Leandro Fernandes por terem compreendido a ausência e os
momentos de stress.
Ao Professor Ronir Raggio Luiz pelas análises, e nos momentos das
trevas estatísticas por me mostrar o caminho.
Aos residentes da Nefrologia, Eduardo Andraus, Suzana, Mario Sérgio
Magalhães e Bernardo pela grande ajuda. O meu muito obrigado.
Ao Professor Alvimar Gonçalves Delgado por acreditar que poderíamos
formar uma parceria com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes
renais.
A Aline de Fátima Borges Ferreira e Vera Borges Ferreira por fazerem
parte da minha vida, por me mostrarem que para vencermos devemos ter
dedicação, amor, muita perseverança e um espírito vibrador em tudo que
realizamos.
As instituições de fomento à pesquisa e à pós-graduação: CAPES CNPq,
Pró-Reitoria, FAPERJ, pelo suporte financeiro.
Ao amigo Lucio de Souza Gonçalves pelo exemplo de determinação,
perseverança e por me apoiar em todos os momentos desde a época de
graduação, atualização e especialização.
Ao amigo Mario Viana Vettore pelos ensinamentos e pela contribuição ao
longo destes anos.
viii
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom
da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse
toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada
seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada
disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não
trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos,
e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em
parte se aniquilado... Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estes três; mas o maior destes é o Amor”. –
I Coríntios, Capítulo 13, versículos 1-14. Carta do Apóstolo Paulo de Tarso.
Veni, vidi, vici”
Caius Julius Caeser 47 a.c.
ix
RESUMO
A Doença Periodontal tem sido apontada como fator de risco para outras doenças
de caráter crônico, inclusive a Doença Renal Crônica (DRC). A plausibilidade
biológica apresentada se baseia no fato destas doenças apresentarem fatores de
risco em comum como a diabetes mellitus e o tabagismo, além do perfil
exacerbado de mediadores químicos inflamatórios. O objetivo deste estudo caso-
controle foi avaliar os parâmetros clínicos periodontais de uma amostra de
doentes renais crônicos (sem hemodiálise) atendidos no ambulatório de Nefrologia
do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HU/UFRJ) comparada a um
grupo controle de pacientes atendidos no próprio hospital e que não tinham
diagnóstico de DRC. O grupo caso foi composto por 47 pacientes e o grupo
controle de 42 indivíduos. A média de idade para os casos foi de 56,62 ± 11,94
anos, enquanto que para os controles foi de 50,55 ± 7,26 anos. Os parâmetros
clínicos avaliados foram: índice de placa (IP), índice gengival (IG), supuração,
sangramento à sondagem, número de dentes perdidos, profundidade de bolsa
(PB), nível de inserção clínico (NIC), e índice de cálculo. Dados demográficos e
médicos foram: idade, gênero, etnia, peso corpóreo, tabagismo, creatinina
plasmática, ritmo de filtração glomerular, e proteína C reativa (PCR). Indivíduos
com DRC demonstraram mais sinais de inflamação gengival do que controles
(p<0,004), bem como maior índice de placa (p<0,01). Os indivíduos com DRC
também apresentaram mais sinais de destruição dos tecidos periodontais do que
os controles. No grupo caso a PB 7 mm apresentou uma média maior e
estatisticamente significante do que nos controles (p<0,02). Resultados
semelhantes foram encontrados para perda de inserção onde NIC 7 mm, nos
casos, também foi maior e estatisticamente significante do que nos controles
(p<0,01). O número de dentes perdidos também foi significativamente maior nos
pacientes com DRC do que nos controles (p<0,03). Não houve diferenças
significativas entre os grupos para sangramento à sondagem e supuração. O
índice de cálculo apresentou valor dio maior para os casos do que para os
controles (p<0,0001). Não houve diferença significativa entre os grupos para
proteína C reativa. As correlações entre o ritmo de filtração glomerular (RFG) e as
médias de NIC e quantidade de cálculo eram negativas e estatisticamente
significativas, respectivamente, p<0,05 e p<0,01. Os níveis de PCR
correlacionaram positivamente com média de PB, média de NIC, idade e peso
corpóreo, respectivamente, p<0,05, p<0,01, p<0,05, e p<0,01. Os modelos de
regressão logística mostraram que baixo RFG estava associado à idade,
quantidade de cálculo e peso corpóreo, respectivamente, p<0,05, p<0,05, e
p<0,01. As correlações entre os níveis de PCR e triglicerídeos, colesterol total, e
RFG, mostraram que houve correlação positiva e significativa apenas entre PCR e
triglicerídeos, p<0,05.
x
ABSTRACT
Periodontal Disease has been mentioned as a risk factor for chronic diseases,
including Chronic Kidney Disease (CKD). The biologic plausibility presented is
based on the fact that these diseases show common risk factors, such as, diabetes
mellitus, smoking, and an elevated inflammatory profile. The objective of this case-
control investigation was to evaluate clinical periodontal parameters of a sample of
CKD patients (not on dialysis) attending the Nephrology Service in Clementino
Fraga Filho University Hospital (HU/UFRJ) compared to a control group of patients
attending the hospital services for other reasons and with no diagnostic of CKD.
The case group had 47 CKD patients and the control group had 42 individuals. The
mean age of the cases was 56.62 ± 11.94, while the control group was 50.55 ±
7.26. Clinical measurements included: plaque index (PI), gingival index (GI),
suppuration, bleeding on probing, number of teeth, probing depth (PD), attachment
loss (AL), and calculus index. Medical and demographic information included: age,
gender, ethnicity, body weight, smoking profile, plasmatic creatinine, and C
reactive protein (CRP). CKD patients showed statistically more signs of gingival
inflammation than controls (p<0.004), as well as higher plaque index (p<0.01).
CKD patients also showed more signs of periodontal destruction compared to the
controls. In the case group, PD mean 7 mm was statistically more prevalent in
CKD patients than in controls (p<0.02). Similar results were found for severe AL,
showing the mean of sites with AL 7 mm higher for cases (p<0.01). The number
of loss teeth was also significantly higher in CKD patients than controls (p<0.03).
No significant differences between the two groups were found for bleeding on
probing and suppuration. Calculus index showed significantly higher mean values
for cases than controls (p<0.0001). There was no significant difference for C
reactive protein between the groups. Correlations between GFR levels and AL
mean and calculus were negative and significant, respectively, p< 0.05 and p<
0.01. Levels of CRP correlated positively and significantly with PB mean, AL mean,
age and body weight, respectively, p< 0.05, p< 0.01, p< 0.05, and p< 0.01. Logistic
regression models showed that glomerular filtration rate (GFR) was associated
with age, calculus index and body weight respectively, p< 0.05, p< 0.05, p< 0.01.
Correlations between CRP levels and mean cholesterol levels, and GRF, and
triglycerides showed a significant positive between CRP levels and triglycerides
(p< 0.05).
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2 .REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 3
2.1 DOENÇA PERIODONTAL ........................................................................ 3
2.1.1 Etiopatogenia..................................................................................... 3
2.1.2 Epidemiologia .................................................................................... 4
2.2 DOENÇA RENAL CRÔNICA .................................................................... 7
2.2.1 Etiopatogenia..................................................................................... 7
2.2.2 Epidemiologia .................................................................................. 11
2.3 RELAÇÃO ENTRE DOENÇA RENAL CRÔNICA E ALTERAÇÕES
PERIODONTAIS................................................................................................ 13
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................... 26
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 26
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................... 26
3.3 HIPÓTESE.............................................................................................. 26
4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 27
4.1 DESENHO DO ESTUDO: ....................................................................... 27
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO: .................................................................. 27
4.2.1 Critérios de Inclusão do grupo teste ................................................ 28
4.2.2 Critérios de Inclusão grupo controle ................................................ 29
4.2.3 Critérios de Exclusão (casos e controles)........................................ 29
4.3 SELEÇÃO DE PACIENTES:................................................................... 29
4.4 COMITÊ DE ÉTICA:................................................................................ 30
4.5 PARÂMETROS CLÍNICOS PERIODONTAIS:........................................ 30
4.5.1 Índice de placa visível:..................................................................... 30
4.5.2 Índice gengival:................................................................................ 31
4.5.3 Profundidade de bolsa (mm):........................................................... 31
4.5.4 Nível de inserção clínico (mm):........................................................ 31
4.5.5 Sangramento à sondagem:.............................................................. 32
4.5.6 - Supuração: .................................................................................... 32
4.5.7 Índice de Cálculo (VOLPE et al., 1965): .......................................... 32
4.6 PROTEÍNA C REATIVA:......................................................................... 33
4.7 DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS: ....................................................... 33
4.8 QUESTIONÁRIO MÉDICO: .................................................................... 33
4.9 ANÁLISES ESTATÍSTICAS.................................................................... 34
4.10 DEPARTAMENTOS E SERVIÇOS ENVOLVIDOS................................. 34
5 RESULTADOS............................................................................................... 36
6 DISCUSSÃO.................................................................................................. 43
7 CONCLUSÕES .............................................................................................. 48
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 49
9 ANEXOS ........................................................................................................ 55
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AAP- American Academy of Periodontology;
ARIC- Atherosclerosis risk in communities;
DCV- Doença cardiovascular;
DP- Doença periodontal;
DRC- Doença renal crônica;
ETDR- Estágio terminal da doença renal crônica;
HPTS- Hiperparatireoidismo secundário;
NIC- nível de inserção clínico
PB- profundidade de bolsa
PCR- Proteína C reativa
RFG- Ritmo de Filtração Glomerular
SBN- Sociedade Brasileira de Nefrologia;
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estadiamento e classificação da doença renal crônica.......................... 9
Tabela 2 – Características demográficas e tabagismo da população do estudo:.. 37
Tabela 3– Parâmetros clínicos periodontais, PCR, RFG dos casos e controles... 38
Tabela 4 Correlação entre ritmo de filtração glomerular (RFG) e parâmetros
clínicos periodontais.............................................................................................. 40
Tabela 5– Correlação entre ritmo de filtração glomerular (RFG) e parâmetros
clínicos periodontais (categorias de PB e NIC). .................................................... 40
Tabela 6– Correlação entre proteína C reativa e parâmetros clínicos periodontais:
.............................................................................................................................. 41
Tabela 7 Resultados da regressão logística de variáveis independentes (modelo
3) na DRC (RFG menor do que 89 mL/min./1.73m
2
): ........................................... 42
Tabela 8 – Correlação entre PCR e triglicérides, colesterol e RFG: ..................... 42
1
1 INTRODUÇÃO
A Doença Periodontal é caracterizada por um processo inflamatório ao redor
dos dentes em resposta a um acúmulo de placa ou biofilme dental. Este acúmulo
é capaz de incitar uma resposta inflamatória passível de destruir estruturas de
inserção do elemento dentário (LOESCHE & GROSSMAN, 2001; PAGE &
KORNMAN, 1997). A complexidade da patogênese da Doença Periodontal aponta
ainda a existência de fatores que aumentariam o risco para o desenvolvimento,
progressão e recidiva da Doença Periodontal (PAPAPANOU, 1996). A literatura
apresenta alguns fatores de risco bem estabelecidos para a Doença Periodontal,
como o tabagismo e o diabetes mellitus (BERGSTROM & PREBER, 1994;
LOCKER, 1992; HUGOSON et al., 1989; SHLOSSMAN et al., 1990).
Mais recentemente, em função de novas tecnologias, como por exemplo, o
emprego de técnicas de biologia molecular, houve uma retomada do conceito de
que doenças sistêmicas podem interferir na instalação e progressão das doenças
periodontais, bem como, as doenças periodontais influenciarem as condições
sistêmicas (PAGE, 1998; WILLIAM & OFFENBACHER, 2000). Vários estudos
recentes têm buscado esclarecer o papel da Doença Periodontal como potencial
risco para o desenvolvimento e progressão da doença cardiovascular
aterosclerótica. O perfil inflamatório da Doença Periodontal parece exercer um
papel nas Doenças Cardiovasculares (ARIC, 1989; MATTILA, et al., 1989;
2
DeSTEFANO et al., 1993; MATTILA et al., 1995; BECK et al., 1996; BECK et al.,
1998; BECK et al., 2001).
Alguns estudos têm procurado verificar a relação entre doenças periodontais
e doença renal crônica, entretanto, esta relação ainda está longe de estar
esclarecida (NAUGLE et al., 1998; YAMALIK et al., 1991). Recente estudo de
coorte encontrou forte associação entre níveis elevados de creatinina sérica e
destruição periodontal (KSHIRSAGAR et al., 2005).
Forte plausibilidade biológica tem sido sugerida em função de que doenças
crônicas geralmente apresentam severas alterações na resposta inflamatória,
envolvendo mediadores químicos potentes (RAHMATI et al., 2002). A presença de
patógenos periodontais e a resposta gerada por parte do hospedeiro, através de
um quadro inflamatório crônico, parecem influenciar em condições sistêmicas,
como por exemplo, as doenças cardiovasculares. O perfil inflamatório comum às
cardiovasculares, doenças crônicas renais e doenças periodontais, poderia
contribuir para que estas condições pudessem apresentar algum nível de
associação, bem como, fatores de risco comuns (ARIC INVESTIGATORS, 1989;
BECK et al., 2001; KSHIRSAGAR et al., 2005).
3
2
.REVISÃO DA LITERATURA
2.1 DOENÇA PERIODONTAL
2.1.1 Etiopatogenia
As Doenças Periodontais englobam doenças que afetam o periodonto de
proteção, gengivites, e aquelas que afetam os tecidos de sustentação do dente,
periodontites. A gengivite se apresenta como uma doença de caráter inflamatório
como resposta à presença do biofilme supragengival, enquanto a periodontite é
reflexo de uma interação hospedeiro-biofilme subgengival onde o processo imuno-
inflamatório não é capaz de limitar a lesão ao periodonto de proteção, resultando
em perda óssea e de inserção do dente. A periodontite apresenta-se como uma
infecção polimicrobiana de caráter anaeróbico com elevada proporção de
bactérias Gram-negativas, que pode levar a perda do elemento dentário. A
interação biofilme-hospedeiro pode resultar na destruição progressiva das
estruturas de inserção de colágeno do suporte dentário e osso alveolar
(EBERSOLE & CAPPELLI, 2000).
As doenças periodontais são infecções causadas por microorganismos que
colonizam a superfície dentária e que afetam de forma direta ou indireta os tecidos
periodontais (SOCRANSKY & HAFFAJEE, 1994). A interação de alguns
microrganismos com hospedeiro determina o curso e a extensão da doença
resultante (SOCRANSKY et al., 1998).
4
Uma das características da doença periodontal destrutiva é que as reações
de defesa do hospedeiro podem levar a maior destruição local, representando um
mecanismo de agressão indireta mais prejudicial do que propriamente a ação
bacteriana direta. Por esta razão a interação biofilme-hospedeiro representa uma
condição bastante variável de indivíduo para indivíduo (KINANE et al., 2003).
Os processos inflamatórios e imunológicos agem nos tecidos periodontais
para proteger contra a agressão microbiana local e impedem que
microorganismos se disseminem ou invadam o tecido, eventualmente ocorre uma
bacteremia transitória (BECK et al., 1996; KINANE et al., 2003).
A complexidade da interação do biofilme dental – hospedeiro pode ser
influenciada por: qualidade, quantidade e virulência dos microrganismos
presentes; características genéticas do hospedeiro; qualidade da resposta imuno-
inflamatória; e fatores de risco ambientais e sistêmicos que podem ser atribuídos
ao hospedeiro (PAGE & KORNMAN, 1997).
2.1.2 Epidemiologia
A distribuição das doenças periodontais em populações tem sido bem
documentada ao longo dos tempos por inúmeros estudos epidemiológicos. A
prevalência tanto da Gengivite quanto da Periodontite varia consideravelmente
dependendo de diversos fatores, incluindo os critérios para classificação destas
doenças, e a exposição a fatores de risco.
O reconhecimento de que existem diferentes formas de doenças
periodontais resultou em várias tentativas de classificar estas doenças tomando-se
por base as características clínicas das condições periodontais. A classificação
5
mais comumente empregada atualmente foi apresentada em 1999 no Workshop
Internacional para Classificação das Doenças Periodontais”, organizado pela
Academia Americana de Periodontologia (AAP, 1999).
A compreensão da variabilidade dos achados de prevalência das doenças
periodontais também deve considerar a complexa patogenia destas doenças. Por
exemplo, a periodontite apresenta uma prevalência dependente não da
microflora específica, mas também de fatores de risco predisponentes e fatores
genéticos. A conseqüência disto, é que sua prevalência vai variar de acordo com
as características específicas da população, tais como exposição ao fumo e/ou
prevalência de diabéticos na população, além de fatores genéticos como, por
exemplo, o polimorfismo para interleucina 1β (ALBANDAR, 2002).
Segundo, Albandar et al. (1999) cerca de 15% da população apresenta
periodontite de forma avançada (presença de bolsas de 6 mm) e 3 a 4 % dos
indivíduos apresentam formas agressivas de Doença Periodontal.
Pesquisas nas últimas décadas têm trazido maiores evidências da relação
comum entre saúde sistêmica e saúde periodontal. A possibilidade de que
infecções periodontais tenham repercussão em outros órgãos e/ou processos
patológicos tem ampliado a responsabilidade em dimensionar a magnitude dessa
relação. Vários estudos epidemiológicos mais recentes têm buscado esclarecer o
papel da doença periodontal como potencial risco para o desenvolvimento e
progressão de doenças, como por exemplo, da cardiovascular aterosclerótica
(DeSTEFANO et al., 1993; MATTILA et al., 1995; BECK et al., 1996; BECK et al.,
1998; BECK et al., 2001).
6
Considerando o exposto, vários trabalhos têm buscado investigar uma
possível associação entre a Periodontite e a Doença Renal Crônica (DRC)
(KSHIRSAGAR et al., 2005).
7
2.2 DOENÇA RENAL CRÔNICA
2.2.1 Etiopatogenia
A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada por reações inflamatórias e
imunológicas e compartilha com a Doença Periodontal (DP) alguns fatores de
risco comuns tais como: diabetes, fumo e doenças cardiovasculares (The ARIC
INVESTIGATORS
,
1989; KSHIRSAGAR et al., 2005).
As doenças renais podem ser entendidas como perda progressiva da
função de um número cada vez maior de néfrons, resultando na diminuição
gradual da função renal global (insuficiência renal crônica) ou como perda abrupta
total ou quase total do funcionamento dos rins, que podem, eventualmente,
recuperar sua função quase normal (insuficiência renal aguda). A DRC é uma
deterioração bilateral, progressiva e crônica das unidades funcionais do rim
néfrons. A DRC manifesta-se clinicamente quando mais de 50% aproximadamente
de dois milhões de néfrons perdem sua função (LITLLE et al., 2002).
Numa das classificações mais recentes da doença renal foi apresentado o
estadiamento da DRC com base no nível de função renal, independentemente do
diagnóstico. Para efeitos clínicos, epidemiológicos, didáticos e conceituais, a DRC
foi dividida em seis estágios funcionais:
Fase de função renal normal sem lesão renal: importante do ponto de vista
epidemiológico, pois inclui pessoas integrantes dos chamados grupos de risco
para o desenvolvimento da doença renal crônica (hipertensos, diabéticos,
8
parentes de hipertensos, diabéticos e portadores de DRC, etc), que ainda não
desenvolveram lesão renal.
Fase de lesão com função renal normal: corresponde às fases iniciais de lesão
renal com filtração glomerular preservada, ou seja, o ritmo de filtração glomerular
está acima de 90 ml/min/1,73m2.
Fase de insuficiência renal funcional ou leve: ocorre no início da perda de
função dos rins. Nesta fase, os níveis de uréia e creatinina plasmáticos ainda são
normais, não há sinais ou sintomas clínicos importantes de insuficiência renal e
somente métodos acurados de avaliação da função do rim (métodos de
depuração, por exemplo) irão detectar estas anormalidades. Os rins conseguem
manter razoável controle do meio interno. Compreende a um ritmo de filtração
glomerular entre 60 e 89 ml/min/1,73m2.
Fase de insuficiência renal laboratorial ou moderada: nesta fase, embora os
sinais e sintomas da uremia possam estar presentes de maneira discreta, o
paciente mantém-se clinicamente bem. Na maioria das vezes, apresenta somente
sinais e sintomas ligados à causa básica (lupus, hipertensão arterial, diabetes
mellitus, infecções urinárias, etc.). Avaliação laboratorial simples nos mostra,
quase sempre, níveis elevados de uréia e de creatinina plasmáticos. Corresponde
a uma faixa de ritmo de filtração glomerular compreendido entre 30 e 59
ml/min/1,73m2.
Fase de insuficiência renal clínica ou severa: O paciente se ressente de
disfunção renal. Apresenta sinais e sintomas marcados de uremia. Dentre estes a
anemia, a hipertensão arterial, o edema, a fraqueza, o mal-estar e os sintomas
9
digestivos são os mais precoces e comuns. Corresponde à faixa de ritmo de
filtração glomerular entre 15 a 29 ml/min/1,73m2.
Fase terminal de insuficiência renal crônica: como o próprio nome indica,
corresponde à faixa de função renal na qual os rins perderam o controle do meio
interno, tornando-se este bastante alterado para ser incompatível com a vida.
Nesta fase, o paciente encontra-se intensamente sintomático. Suas opções
terapêuticas o os métodos de depuração artificial do sangue (diálise peritoneal
ou hemodiálise) ou o transplante renal. Compreende a um ritmo de filtração
glomerular inferior a 15 ml/min/1,73m2 (Tabela 1).
Tabela 1 - Estadiamento e classificação da doença renal crônica
Estágio
Filtração Glomerular
(ml/min.)
Grau de insuficiência renal
0
> 90
Grupos de risco para DRC ausência de lesão renal
1
> 90
Lesão renal com função renal normal
2
60-89 Insuficiência renal leve ou funcional
3
30-59 Insuficiência renal moderada ou laboratorial
4
15-29 Insuficiência renal severa ou clínica
5
< 15
Insuficiência renal terminal ou dialítica
As manifestações da doença na cavidade oral podem aparecer como
processos inflamatórios tais como gengivites, palidez das mucosas em
decorrência da anemia e perda da demarcação da linha muco gengival. Os
sintomas da xerostomia também são encontrados nestes pacientes, em
decorrência da restrição de fluidos bem como os efeitos colaterais da terapia
medicamentosa, como por exemplo, o uso freqüente de diuréticos. A exposição
10
prolongada desta xerostomia pode predispor o paciente à doença cárie e
inflamação gengival. Isto também predispõem a infecções como a candidíase e a
sialodenite aguda supurativa (LITLLE et al., 2002; PORTER et al., 2004).
Anormalidades ósseas podem ocorrer nos pacientes com DRC. Estas
lesões ósseas são associadas com os defeitos do metabolismo de cálcio,
incluindo: ausência de hidroxilação do 1-hidroxicolecalciferol para uma forma ativa
da vitamina D (1,25 dihidrocolecalciferol), decréscimo da excreção do íon
hidrogênio (como resultado da acidose), hiperfosfatemia e hipocalcemia, e o
hiperparatireoidismo secundário assim como na alteração na bioquímica do fosfato
devido à diálise (PROCTOR et al., 2005).
A diálise compreende um procedimento médico necessário quando o
número de néfrons diminui a ponto de que as manifestações da uremia são
incontroláveis e imprevisíveis. A iniciação da diálise está indicada quando o
clearance de creatinina está abaixo de 10mL/ min (LITTLE, et al., 2002) ou, em
casos especiais (como diabéticos e crianças) quando o clearance de creatinina
está abaixo de 15 ml/ min. (ZATZ, 2000; LITTLE, et al., 2002). A diálise tem por
objetivo remover substâncias tóxicas que se acumulam no sangue através da
utilização de uma membrana presente no interior da máquina de diálise,
(hemodiálise) e que no caso da diálise peritonial é a membrana do peritônio
(diálise peritonial).
Os pacientes que realizam hemodiálise apresentam uma maior tendência
ao sangramento, devido à utilização de anticoagulantes ou a presença de
disfunções plaquetárias, porém estes efeitos podem ser minimizados se o
tratamento odontológico for conduzido fora dos dias seguidos da diálise (LITTLE et
11
al., 2002; PROCTOR et al., 2005). Também em pacientes que realizam
hemodiálise, a endocardite bacteriana tem sido relatada. Em países como Estados
Unidos e Nova Zelândia a recomendação de que grupos de pacientes em
diálise renal, transplantados ou portadores de acesso vascular para a realização
de hemodiálise recebam profilaxia antibiótica previamente ao tratamento
odontológico, porém este não é um consenso. Por exemplo, o guia da British
Society for Antimicrobial Chemotherapy não recomenda a profilaxia antibiótica nos
pacientes com doença renal que necessitem de tratamento odontológico
(PROCTOR et al., 2005).
2.2.2 Epidemiologia
Estudos epidemiológicos apontam três fatores de risco como os mais
comuns para a DRC. Segundo Little et al. (2002) estes fatores seriam: diabetes
mellitus responsável por 34% dos casos, hipertensão arterial por 25%,
glomerulonefrite crônica por 16% e outras causas como doença do rim policístico,
lupus eritematoso sistêmico, neoplasias e nefropatia por aids (LITLLE et al., 2002).
O Brasil apresentou uma prevalência de 70.047 indivíduos que realizaram
diálise no ano de 2002 (Data SUS, 2002).
A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) realizou um censo no ano de
2005 onde foi descrito o número aproximado de quase 600 unidades de diálise no
Brasil. Ainda segundo este mesmo censo, o número total de pacientes em
tratamento dialítico foi de 65.121 pacientes até o mês de Janeiro de 2005. Nesta
distribuição estão debitadas as formas de diálise: hemodiálise, diálise peritonial
contínua cíclica, diálise peritonial crônica ambulatorial, diálise peritonial
12
intermitente e a diálise peritonial automática.
Levando-se em conta dados americanos, para cada paciente mantido em
programa de diálise crônica existiriam cerca de 20 a 25 pacientes com algum grau
de disfunção renal, ou seja, existiriam aproximadamente 1,2 a 1,5 milhões de
brasileiros com DRC. Os gastos gerados com o tratamento da diálise e do
transplante renal no Brasil estariam ao redor de 1,4 bilhões de reais ao ano
(ROMÃO JR., 2004).
As informações epidemiológicas da DRC para vários países estão
disponíveis, contudo, os resultados apresentam grande variabilidade. As
incidências da DRC relatada em alguns países são: Nos Estados Unidos: 337
casos por milhão de pessoas; na Austrália: 90 casos por milhão de pessoas; na
Nova Zelândia: 107 casos por milhão de pessoas e 95 casos por milhão de
pessoas no Reino Unido (PROCTOR et al, 2005; USRDS, 2004).
A incidência aumenta com a idade, variando de acordo com a etnicidade, e
sendo os homens mais comumente afetados do que as mulheres. Nos Estados
Unidos, os caucasianos e americanos negros apresentam maiores incidências do
que asiáticos e americanos nativos (PROCTOR et al., 2005).
A DRC tem implicações de grande importância para a atividade clínica
odontológica. A preocupação dos profissionais e pesquisadores da área de saúde
seria devido aos crescentes números de casos de pessoas com a doença em fase
terminal, no Brasil e no mundo (PROCTOR et al., 2005; USRDS, 2004). A
literatura descreve alterações orais em crianças, adolescentes e adultos.
(EVERSOLE & SILVERMAN, 2004; PROCTOR et al., 2005; DAVIDOVICH et al.,
13
2005). Os sinais e sintomas clínicos da falência renal crônica manifestam-se
geralmente quando o indivíduo chega a um nível crítico de filtração glomerular
aproximadamente < 20 ml/min. (LITTLE et al., 2002). Logo após o diagnóstico de
DRC estes pacientes podem ser submetidos a procedimentos mais conservadores
para seu tratamento, com o intuito de retardar a progressão da doença e preservar
a qualidade de vida para estes indivíduos.
2.3 RELAÇÃO ENTRE DOENÇA RENAL CRÔNICA E ALTERAÇÕES
PERIODONTAIS
Nas últimas décadas um número crescente de estudos tem investigado
uma possível relação, entre as Doenças Renais Crônicas e a Doença Periodontal
(periodontite), mas, essa associação ainda não está claramente estabelecida.
Existem trabalhos que conseguiram demonstrar alguma correlação (DAVIDOVICH
et al., 2005; KSHIRSAGAR et al., 2005), enquanto outros não apresentam
correlação alguma (OSHRAIN et al., 1979; TOLLEFSEN & JOHANSEN, 1985;
YAMALIK et al., 1991; RAHMAN et al., 1992; GAVALDA et al., 1999;
FRANKENTHAL et al, 2002; MARAKOGLU et al., 2003). Grande parte destes
resultados conflitantes pode ser explicada por questões metodológicas e/ou a
interpretação equivocada dos resultados limitantes aos objetivos dos diferentes
estudos. A seguir serão descritas várias pesquisas investigando a relação DRC e
DP.
Alguns trabalhos iniciais levantaram a hipótese de que pacientes com
pacientes com DRC (transplantados ou em hemodiálise), poderiam apresentar
palidez gengival e conseqüente impressão de um processo inflamatório reduzido e
14
menor destruição periodontal do que pacientes saudáveis (OSHRAIN et al., 1979;
YAMALIK et al., 1991). Porém os resultados de pesquisas posteriores não
encontraram respostas consistentes para esta hipótese.
Alguns trabalhos com essa linha de raciocínio foram desenvolvidos, como
por exemplo, o estudo transversal realizado por OSHRAIN et al. (1979). Neste
estudo foram comparados três grupos: transplantados recebendo medicação
imunossupressora (imuran) e corticosteróides (prednisona) (n=20), em
hemodiálise (n=20) e saudáveis considerados imunocompetentes (n=20). Os
índices utilizados foram Índice de placa (IP), Índice gengival (IG) e Índice de
destruição periodontal modificado parcial (profundidade de bolsa em milímetros
somado à retração gengival). Os resultados não mostraram nenhuma diferença
significativa entre os três grupos em relação aos índices: de placa, gengival e o
índice de destruição periodontal modificado parcial. Esses autores sugeriram que
a falta de diferença significativa dos parâmetros clínicos periodontais entre estes
grupos poderia ocorrer devido a uma redução do número de células imuno
competentes em função de uso regular de medicamentos imunossupressores, e
conseqüentemente estes indivíduos apresentariam um processo inflamatório
menos evidente. Cabe pontuar que algumas características metodológicas limitam
conclusões definitivas em relação ao estudo, como por exemplo: não foi medido o
nível de inserção clínico (NIC) e o exame de bolsa periodontal foi restrito a apenas
3 dentes maxilares e 3 mandibulares. Outro ponto importante foi que não houve
esclarecimento no artigo da origem dos indivíduos considerados saudáveis
(controles).
Outros estudos aparentemente também não encontraram uma associação
15
entre a doença periodontal (DP) e DRC. Entretanto, verifica-se que a metodologia
utilizada nestes trabalhos pode ser questionada. Por exemplo, o estudo de
Marakoglu et al. (2003) avaliou o status periodontal de 36 pacientes em
hemodiálise comparando com um grupo controle (sem DRC) pareado em idade,
gênero e quantidade de placa. Os resultados mostraram que 100% do grupo de
pacientes em hemodiálise apresentavam algum grau de DP. Não foi encontrada
nenhuma diferença estatisticamente significativa entre o grupo de hemodiálise e o
grupo controle. Entretanto, os indivíduos alocados no grupo controle foram
pacientes que buscaram atendimento na clínica de Periodontia da universidade,
conseqüentemente, apresentavam necessidades de tratamento periodontal. Ou
seja, os grupos teste e controle se apresentaram muito semelhantes quanto ao
status periodontal.
Da mesma forma, o estudo clínico e histológico de Yamalik et al. (1991) não
encontrou uma associação entre a doença periodontal DP e DRC. Neste estudo
foram avaliadas características histológicas do tecido gengival e o status
periodontal de 44 pacientes, sendo 20 pacientes transplantados renais fazendo
uso de medicação imunossupressora, 12 em hemodiálise e 12 indivíduos
saudáveis sob o ponto de vista sistêmico, porém com DP, considerado como um
grupo controle. Os parâmetros clínicos avaliados foram índice de placa, índice
gengival e profundidade de bolsa. Os resultados mostraram que não houve
diferença significativa entre os grupos quanto à presença de placa, entretanto, o
índice gengival foi estatisticamente menor em pacientes transplantados do que
comparados que os outros dois grupos (p<0,05). A profundidade de bolsa foi
estatisticamente maior no grupo controle (saudável com DP) do que nos outros
16
dois grupos (p<0,05). Entretanto, os indivíduos alocados no grupo controle foram
pacientes que buscaram tratamento periodontal. Portanto, os resultados têm
limitada capacidade em verificar a associação entre DP e DRC.
Uma análise realizada com 65 pacientes de idades entre 17 e 68 anos que
foram divididos em grupos de acordo com o estado de uremia (32 pacientes), que
realizavam hemodiálise (16 pacientes) e outro grupo de transplantados renais (32
pacientes), observou dados clínicos periodontais como: índices de placa e
gengival, profundidade de bolsa, nível clínico de inserção, tomadas radiográficas
realizadas para se estimar a altura óssea alveolar, e número de dentes presentes.
Este estudo demonstrou em seus resultados que o número de unidades de
sangramento gengival foi significativamente associado (p<0,05) com a presença
de placa dental em todos os três grupos. O score da média de gengivite, no grupo
com uremia, foi maior e estatisticamente significativo (p<0,05) comparando-se aos
outros dois grupos. O grupo de transplantados foi o que apresentou menor score
para índice de placa comparado aos outros dois grupos. Ao se realizar a análise
de regressão para a perda óssea alveolar de acordo com a idade, não houve
nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os três grupos estudados.
Porém ao se analisar a perda óssea em relação a uma doença de base, como por
exemplo, a diabetes mellitus, os resultados mostraram maior perda de suporte
ósseo para este grupo quando comparados a grupos de pacientes com outras
doenças sistêmicas. Os grupos foram similares em relação ao número de dentes
presentes, profundidade de bolsa e altura óssea alveolar radiográfica
(TOLLEFSEN & JOHANSEN, 1985).
17
O estudo de Rahman e colaboradores comparou o status periodontal de
três grupos: 54 indivíduos transplantados recebendo terapia imunossupressora, 52
pacientes no estágio de insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise, e
grupo controle de 52 pacientes saudáveis, pareando idade, gênero, status social e
número de dentes presentes. Os parâmetros avaliados foram Índices de placa, de
sangramento à sondagem, de profundidade de bolsa e Índice periodontal. Os
resultados mostraram que tanto o grupo de transplantados quanto o grupo de
hemodiálise apresentaram maiores scores para o índice de placa do que grupo
controle (p<0,05). Entretanto, apesar dos altos índices de placa nos pacientes
transplantados o índice periodontal e a média de profundidade de bolsa foram
significativamente menores neste grupo no que no grupo controle (p<0,05). Não
houve diferença significativa entre os grupos para índice gengival, e índice de
sangramento à sondagem. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre o
grupo transplante e o grupo de hemodiálise nos índices de placa, profundidade de
bolsa e índice gengival (RAHMAN et al., 1992).
Um estudo seccional realizado em 4 diferentes centros de hemodiálise no
sudoeste do estado Virgínia (USA) avaliou o status periodontal de 45 pacientes
com DRC em hemodiálise. Estes pacientes foram divididos em três grupos de
acordo com o tempo em que estavam realizando a hemodiálise: G1- aqueles que
tinham menos de um ano de hemodiálise (n=9), G2 - aqueles que tinham entre um
e três anos (n=22), e G3- aqueles que tinham mais de três anos (n=14). Os
resultados demonstraram que 100% dos indivíduos com DCR (n=45)
apresentaram algum grau de doença periodontal utilizando o índice PDI (Índice
18
Periodontal), 55% apresentavam gengivite de leve a grave, e 45 % periodontite
inicial a moderada. Além disso, 98% dos pacientes da amostra apresentavam
cálculo e 64 % apresentavam um índice de cárie (CPOD) alto. Estes autores
sugeriram que um protocolo de instrução de auto cuidados fosse obrigatoriamente
usado para pacientes em hemodiálise (NAUGLE et al., 1998).
No estudo de Gavaldá et al. (1999), apesar do resultado não ter
demonstrado significância estatística, foi encontrado uma maior perda de inserção
periodontal em pacientes que realizavam hemodiálise em comparação com um
grupo controle saudável.
Alguns estudos sugeriram que a presença de cálculo era maior no grupo de
pacientes com DRC (hemodiálise) do que em indivíduos saudáveis (EPSTEIN et
al.,1980). Entretanto, neste mesmo estudo, não houve diferença estatística quanto
à velocidade de formação de cálculo num período de 2-3 meses entre os dois
grupos. Estes autores sugeriram que fatores específicos de formação do cálculo e
a combinação de fatores salivares (como altos níveis de uréia, proteínas e
fosfatos) estariam envolvidos no aumento dos níveis de cálculo no grupo de
pacientes com DRC (hemodiálise).
Ainda em relação ao depósito de cálculo, no estudo de Gaval et al.
(1999), os resultados mostraram significância estatística quanto à maior
quantidade de cálculo no grupo com DRC (hemodiálise) do que no grupo controle
(p<0,001). Outro resultado obtido foi de que o índice de placa era maior e
estatisticamente significante do que do grupo controle (p<0,001).
A falência renal crônica pode levar ao aumento na atividade da glândula
paratireóide devido a alterações dos níveis séricos de cálcio e fosfato, chamado
19
de hiperparatireoidismo secundário. As mudanças ocorrem desde
desmineralização de lâmina dura até lesões intra-ósseas semelhantes,
histologicamente, a um tumor ósseo de células gigantes Osteodistrofia Renal
(EVERSOLE & SILVERMAN, 2004). Um estudo transversal sobre o
hiperparatireoidismo secundário (HPTS) verificou índice de placa, índice gengival,
profundidade de bolsa, nível de inserção clínica e tomadas radiográficas
panorâmicas padronizadas para avaliação do efeito da HPTS sob o periodonto. A
amostra incluiu 70 indivíduos (35 com HPTS realizando hemodiálise e 35
indivíduos saudáveis-controles atendidos no ambulatório da Cirurgia Buco Maxilo
Facial). O resultado demonstrou que não houve correlação significativa entre os
índices periodontais e altura óssea radiográfica, uma vez que estes pacientes
estão sujeitos a alterações devido à falha de absorção do cálcio (FRANKENTHAL
et al, 2002).
Cabe ressaltar que estes estudos que não demonstraram nenhuma relação
entre a DRC e parâmetros clínicos referentes à tecidos de suporte periodontal,
apresentavam inúmeras limitações metodológicas que nos levaram a questionar
as conclusões encontradas, como por exemplo: número reduzido de indivíduos na
amostra, exames parciais orais, variabilidade quanto aos critérios clínicos
periodontais utilizados, grupo de comparação questionáveis. Além do fato de que
a maior parte destes trabalhos foram em pacientes realizando hemodiálise,
conseqüentemente, utilizando uma série de medicamentos que poderiam estar
interferindo indiretamente nos resultados.
Um estudo realizado em Israel descreveu as condições orais de pacientes
com falência renal crônica comparados a um grupo controle. Os pacientes com
20
doença renal foram divididos em quatro grupos: G1-doença renal crônica sem
diálise (n=22); G2-DRC em diálise (n=22); G3- transplantados com diálise prévia
(n=21); G4 transplantados sem diálise prévia (n=32). Os parâmetros clínicos
periodontais avaliados foram: índice de placa, sangramento gengival, recessão
gengival, crescimento gengival, profundidade de bolsa e nível de inserção clínica.
Os resultados mostraram sangramento gengival, profundidade de bolsa e nível de
inserção clínica significativamente superiores em todos os grupos com DRC
comparados com grupo controle. O índice de placa foi significativamente maior em
pacientes dos grupos G1 e G2 quando comparados com os controles. O
crescimento gengival foi evidente nos grupos dos transplantados (G3 e G4). Esta
correlação estava associada ao uso de NORMITEM e NIFEDIPINA. A duração da
diálise e o estágio terminal de falência renal (ETDR) demonstraram uma
correlação significativa com sangramento, profundidade de bolsa, recessão
gengival e perda de inserção (DAVIDOVICH et al., 2005).
O primeiro estudo a demonstrar grande associação consistente entre a
Doença Periodontal e a Doença Renal Crônica em indivíduos de meia idade foi um
estudo de coorte onde analisou-se uma população de 3223 pessoas (2276
indivíduos apresentavam doença periodontal inicial e 947 periodontite grave) a
partir de 1996 até 2005. Uma análise de sensibilidade mostrou que as doenças
periodontais iniciais e graves estavam cada uma associadas com níveis altos de
creatinina do soro (homens > 1,4 mg /dL; mulheres>1,2 mg/dL; odds ratio de 3,21;
intervalo de confiança 95% (1,32 para 7,76 and odds ratio 5,39, 95% de intervalo
de confiança (2,08 para 13,99) respectivamente (KSHIRSAGAR et al., 2005).
Esta possível associação entre a Doença Renal Crônica e a Doença
21
Periodontal ainda está sob intensa pesquisa para que um corpo de evidências
possa respaldar tal associação. Alguns trabalhos sugerem prováveis mecanismos
que suportem a plausibilidade biológica desta relação.
Um mecanismo possível seria o de que antígenos bacterianos
(lipopolissacarídeos) do biofilme subgengival ao induzirem a secreção de
mediadores inflamatórios (interleucina 6, fator de necrose tumoral α ,
prostaglandinas E
2
e tromboxane B
2)
aceleram a formação de trombos,
aterogêneses e agregação de plaquetas. Desta forma, poderíamos ter danos às
artérias renais de médios e grandes calibres, eventualmente levando a isquemia,
glomeruloesclerose, e insuficiência renal (KSHIRSAGAR et al., 2005). Ou ainda
associado a nefroesclerose hipertensiva. De modo semelhante ao que foi
comprovado na literatura em relação entre Doença Periodontal e Doenças
Coronarianas (MATTILA et al., 1995; BECK et al., 1996). Sendo, portanto, uma
boa hipótese para explicar parte da maior prevalência de Doença Cardiovascular
(DCV) em pacientes com DRC.
Outro mecanismo sugerido no artigo de KSHIRSAGAR et al. (2005) seria o
de que patógenos periodontais, tais como, a Porphyromonas gingivalis poderiam
causar injúria direta ao néfron, visto que inúmeros procedimentos orais levam a
bacteremia transitória. Os indivíduos com doenças periodontais demonstram
episódios recorrentes e constantes bacteremia. As bactérias poderiam então ser
filtradas do sangue nos rins e conseqüentemente seus produtos atingirem
endotélio em regiões dos rins (KSHIRSAGAR et al., 2005).
Um terceiro mecanismo seria não a injúria direta, mas a resposta imuno-
22
inflamatória exacerbada gerada por bactérias periodontopatogênicas que
poderiam afetar tecidos renais (KSHIRSAGAR et al., 2005).
Nas últimas quatro décadas houve uma considerável melhora na
possibilidade de tratamento para as Doenças Renais Crônicas (DRC), hemodiálise
e transplante reduziram consideravelmente a mortalidade entre os pacientes em
estágio final da doença renal (ETDR). O aumento de sobrevida dos pacientes com
doenças crônicas como câncer, doenças coronarianas e doenças renais,
apresenta como conseqüência uma maior necessidade de controle das infecções
bucais. Estes problemas podem estar relacionados a vários fatores tais como, o
estado de imunossupressão, a utilização de medicamentos, radioterapia e
condutas clínicas diversas. O controle do biofilme supra e subgengival reduz o
risco de infecções orais que podem predispor o indivíduo inclusive a septicemia e
endocardite bacteriana. Em função do exposto, a importância de uma dentição
saudável e controle de infecções bucais se tornaram crescentemente importantes
para o sucesso de tratamentos como, por exemplo, o transplante renal. Inclusive,
neste caso os protocolos de imunossupressão conhecidamente predispõem o
paciente a desenvolver infecções e aumento gengival, sugerindo a obrigatoriedade
de tratamento odontológico prévio (KLASSEN & KRASKO, 2002).
Outra questão importante e não esclarecida é que a literatura tem citado
que pacientes com DRC regularmente apresentam aumento dos níveis séricos de
proteína C reativa (PCR) concomitantemente relacionados a problemas
cardiovasculares (WESTHUYZEN & HEALY, 2000, McCULLOUGH, 2004). Da
mesma forma, a literatura apresenta vários trabalhos demonstrando que a doença
periodontal destrutiva parece estar associada ao aumento de PCR (WU et al.,
23
2000; NOACK et al., 2001). O nível sérico elevado de PCR é um dos maiores
preditores de mortalidade nos pacientes em terapia renal substitutiva, e indicam
risco de 4 a 6 vezes maior de morte por doenças cardiovasculares
(WESTHUYZEN & HEALY, 2000).
A proteína C reativa é uma das proteínas plasmáticas de fase aguda.
Rotineiramente é utilizada como marcador de atividade inflamatória aguda devido
a algumas características apresentadas como a meia-vida curta (em torno de 8 a
12 horas) e valores normais muito baixos. Com a presença de estímulos
inflamatórios pode atingir valores até 100 a 1000 vezes o normal em menos de 24
horas, além de elevar-se rapidamente após o estímulo inflamatório, na ausência
de estímulo crônico, normaliza-se em 3 a 4 dias (EBERSOLE & CAPPELLI, 2000).
Devido à presença de alguns periodontopatógenos identificados nas placas
ateromatosas, pesquisadores têm indicado que o processo infeccioso persistente
e/ou injúria mediada pelo sistema imune pode induzir a precipitação da inflamação
vascular (HARASZTHY et al., 2000).
Apesar de a aterosclerose ser de origem multifatorial, inúmeros estudos
tornaram evidente o papel da inflamação na sua patogênese. O aumento de
proteínas de fase aguda da inflamação está fortemente associado ao aumento de
complicações da aterosclerose. A resposta de fase aguda por sua vez é
desencadeada por infecção, trauma, necrose tecidual e malignidade, dentre outros
fatores (LIBBY et al., 2002).
A associação encontrada na literatura relacionando os níveis de Proteína C
reativa (PTN C reativa) e a formação de placas ateromatosas nas doenças
cardiovasculares tem levado pesquisadores a investigarem como a Doença
24
Periodontal, conhecidamente uma doença infecciosa poderia contribuir e agravar a
doença cardiovascular (MENDEZ et al.,1998). Segundo estes autores, indivíduos
com DP apresentaram uma razão de chances de 2,3 de desenvolverem doença
vascular periférica (DVP) dos que os pacientes sem DP. Para estes autores, a DP
pode contribuir para o processo ateroesclerótico devido à (1) uma injúria vascular
direta, como a envolvida na DP promovida por bactérias como a Porphyromonas
gingivalis; (2) a carga bacteriana dentro das bolsas periodontais, pode ser uma
fonte de lipopolissacarídeos (LPS) de bactérias Gram-negativas que alcança a
circulação sistêmica, e (3) elevados títulos séricos de proteína de shock térmico,
conhecidamente induzida pela DP, e que podem apresentar um papel patogênico
na ateroesclerose, devido à atividade citotóxica para células humanas endotelias
danificadas (MENDEZ et al.,1998). Desta forma o interesse pela PCR tem
aumentado e sua importância em relação às doenças infecciosas tem sido
gradativamente exploradas.
Apesar destas possíveis associações não estarem totalmente esclarecidas,
explorar este aspecto no nosso estudo pareceu pertinente, visto que pacientes em
hemodiálise demonstram uma taxa anual de mortalidade de 25%, dentre os quais
50% são atribuídos a doenças cardiovasculares. A mortalidade por doenças
cardiovasculares apresenta freqüentemente uma alta correlação positiva com
níveis de PCR (RAHMATI et al., 2002).
RAHMATI e cols. (2002) questionaram se a doença periodontal destrutiva
poderia contribuir com a elevação dos níveis de PCR em pacientes que estavam
no estágio terminal da doença renal (ETDR) e realizavam a terapia de
hemodiálise. Neste estudo, foram coletadas status do diabetes mellitus e
25
tabagismo, tipo de acesso vascular, dados clínicos e laboratoriais como titulação
de anticorpos tipo Ig G contra seis patógenos periodontais (Actinobacillus
actinomycetemcomitans (A.a.) sorotipos a e b, Porphyromonas gingivalis (P.g.),
Bacteroides forsythus (B.f.), Campylobacter rectus (C.r.) e Prevotella intermedia
(P.i.). Dois grupos no total de 86 pacientes foram criados, sendo que 50 indivíduos
apresentavam valores de PCR 10 mg/L e o outro grupo com 36 pacientes
apresentando valores > 10 mg/L. A média de idade foi de 53,3 ± 16,1 anos, com
mediana do tempo de hemodiálise em 22 meses (alcance de 0 a 148 meses), 46
pacientes (54%) eram do gênero masculino, 28 dos 33 pacientes (38%) eram
diabéticos do tipo II, 10 pacientes (12%) eram fumantes correntes, 8 pacientes
(9%) tinham histórico de tabagismo e 39 pacientes (45%) nunca haviam fumado
antes. Dos 86 pacientes, 20 apresentaram outras razões que não a ligada a fontes
periodontais que justificassem os níveis elevados de PCR. Trinta e seis pacientes
(42%) apresentaram valores maiores que 10mg/L de PCR. Houve um resultado
estatisticamente positivo associado aos níveis do anticorpo IgG para P.gingivalis
em relação ao grupo com elevados níveis de PCR (p<0,05). E após o controle
para fontes não periodontais de elevação dos níveis de PCR (> 10 mg/L),
hemoglobina, saturação de transferrina e triglicerídeos, os valores de IgG para
P.gingivalis ainda eram estatisticamente significativos (p=0,02) (RAHMATI et al.,
2002).
Considerando o exposto, o presente estudo caso-controle avalia as
condições periodontais de indivíduos em estágio 2, 3 e 4 (NATIONAL KIDNEY
FOUNDATION, 2002) e os níveis séricos de PCR.
26
3 PROPOSIÇÃO
3.1 OBJETIVO GERAL
Este projeto de pesquisa teve como objetivo principal verificar a associação
entre a Doença Renal Crônica pré-diálise e a Doença Periodontal (Periodontite),
através de seus parâmetros clínicos e laboratoriais, em pacientes renais crônicos
comparados com um grupo controle.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Comparar os parâmetros clínicos periodontais de pacientes com DRC
(casos) e indivíduos sem DRC (controles).
Comparar os níveis de proteína C reativa no soro de pacientes com DRC
(casos) e indivíduos sem DRC (controles).
3.3 HIPÓTESE
Hipótese Nula:
Não existem diferenças estatísticas significativas entre os parâmetros
clínicos periodontais de pacientes com DRC (casos) e indivíduos sem DRC
(controles).
Não existe diferença estatística significativa entre níveis de proteína C
reativa no soro de pacientes com DRC (casos) e indivíduos sem DRC (controles).
27
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 DESENHO DO ESTUDO:
O presente projeto é um estudo do tipo caso-controle, desenvolvido com
uma amostra de 89 voluntários. O grupo teste (casos) foi composto por 47
indivíduos com evidência clínica e laboratorial de Doença Renal Crônica (DRC)
em pré-diálsie. O grupo controle incluiu 42 indivíduos sem DRC que procuraram
atendimento no serviço de saúde por outras razões médicas.
Ambos os grupos foram submetidos ao exame clínico periodontal de todos
os elementos dentários presentes, exceto terceiros molares. Também foram
coletados dados de saúde geral através de um minucioso questionário médico
(Anexo 1), verificação do clearance da creatinina sérica, e verificação da proteína
C reativa.
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO:
Os indivíduos que fizeram parte deste estudo eram pacientes acima de 35
anos. O grupo teste foi composto de portadores de Doença Renal Crônica (DCR)
com ou sem Doença Periodontal, selecionados do Setor de Nefrologia do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(H.U.C.F.F.). Os pacientes sem Doença Renal Crônica fizeram parte do grupo
controle e foram captados do Setor de Clínica Médica do H.U.C.F.F.
28
4.2.1 Critérios de Inclusão do grupo teste
Todos os pacientes elegíveis para este grupo deveriam estar na faixa etária
de mais de 35 anos de idade e no máximo 75 anos; e no mínimo 15 dentes
presentes. Todos os pacientes selecionados para o grupo teste receberam o
diagnóstico clínico de DRC. O grupo teste (casos) foi composto de indivíduos em:
Estágio 2 no estadiamento da DRC: indivíduos com DRC com taxa de
filtração glomerular > 60ml/min e menor que 89ml/min.
Estágio 3 no estadiamento da DRC: indivíduos com IRC (moderada a
grave) com taxa de filtração glomerular entre 30 a 59 ml/min.
Estágio 4 no estadiamento da DRC: indivíduos com IRC com taxa de
filtração glomerular de 15ml/min a 29ml/min.
A taxa de filtração glomerular foi estimada através do clearance da creatinina
(capacidade de filtragem do néfron). O clearance da creatinina é o volume de
sangue (plasma) depurado de creatinina endógena pelos rins por unidade de
tempo (GUYTON & HALL, 2002; CORESH et al., 2002). A filtração glomerular foi
calculada pela equação de Cockroft & Gault conforme a fórmula abaixo
(COCKCROFT & GAULT, 1976):
Clearance da creatinina= [(140-idade) x peso] / (creatinina x 72)
Observando que para as mulheres, o valor encontrado deve ser
multiplicado pelo fator de correção 0,85.
Os dados laboratoriais (clearance da creatinina e proteína C reativa) foram
coletados do prontuário dos voluntários referentes ao período do exame clínico
periodontal ou solicitados.
29
4.2.2 Critérios de Inclusão grupo controle
Todos os pacientes elegíveis para este grupo deveriam estar na faixa etária
de mais de 35 anos de idade e no máximo 75 anos; e no mínimo 15 dentes
presentes. Indivíduos considerados não portadores de Doença Renal Crônica ou
Aguda que apresentaram clearance > 90ml/min. e eram voluntários da Clínica
Médica.
4.2.3 Critérios de Exclusão (casos e controles)
Não foram incluídos no estudo: pacientes gestantes; pacientes com
doenças ou condições sistêmicas como: HIV +, neoplasias, lupus eritematoso,
febre reumática, história de endocardite prévia, próteses cardíacas e outras
condições cardíacas (doenças cardíacas congênitas cianóticas complexas,
tetralogia de Fallot, cardiomiopatia hipertrófica, prolapso de válvula mitral com
regurgitação); pacientes portadores de incapacidade mental; artrite reumatóide;
pacientes que se submeteram a tratamento periodontal nos últimos 6 meses;
pacientes que fizeram uso de antibiótico nos últimos 4 meses; indivíduos que
utilizavam colutório bucal.
4.3 SELEÇÃO DE PACIENTES:
Os pacientes crônicos renais foram selecionados através do prontuário
médico. Os indivíduos selecionados foram informados dos objetivos do estudo
e convidados a participar de forma voluntária, podendo a qualquer momento
ser informado sobre o seu tratamento ou ainda que por sua decisão, o
30
participar mais do estudo. Todos assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido (Anexo 2). O mesmo procedimento foi utilizado para o grupo
controle.
4.4 COMITÊ DE ÉTICA:
O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comide Ética em Pesquisa do
H.U.C.F.F.(Anexo 3). Todos os pacientes do estudo que foram diagnosticados
com Doença Periodontal foram encaminhados para o tratamento periodontal na
clínica odontológica (2º andar) da Faculdade de Odontologia (U.F.R.J.) ou no
ambulatório (144) do H.U.C.F.F., dependendo de sua condição médica.
4.5 PARÂMETROS CLÍNICOS PERIODONTAIS:
Os dados demográficos e o questionário dico foram realizados antes do
exame clínico periodontal. O exame periodontal foi realizado pelo pesquisador
responsável que foi calibrado adequadamente para executar o exame de forma
pouco variável (LUIZ et al., 2005).
O exame bucal dos voluntários envolvidos no estudo incluiu os parâmetros
clínicos descritos a seguir (Anexo 4):
4.5.1 Índice de placa visível:
Presença (1) ou ausência (0) de placa supragengival visível. Quatro
superfícies foram examinadas: distal, vestibular, mesial e lingual. Este índice é
citado na literatura como variante simplificada do Índice de placa de Silness Loe
de 1964 (AINAMO & BAY, 1975).
31
4.5.2 Índice gengival:
Presença (1) ou ausência (0) de sangramento da margem gengival. Para
avaliar tal índice, uma sonda periodontal foi levada de distal para mesial na
margem da gengiva livre. Quatro superfícies foram examinadas: distal, vestibular,
mesial e lingual.
4.5.3 Profundidade de bolsa (mm):
A medida de profundidade de bolsa foi obtida usando a sonda periodontal
milimetrada de North Carolina (HU-Friedy). A profundidade de bolsa em milímetros
(mm): corresponde à medida que vai da base da bolsa periodontal à margem
gengival (ARMITAGE, 1995). A profundidade de bolsa foi classificada em 3 grupos
(PB= 1 a 3 mm, 4 a 6 mm e 7 mm).
4.5.4 vel de inserção clínico (mm):
O nível clínico de inserção (mm) corresponde a medida que vai da base da
bolsa à junção cemento - esmalte (JCE).
As medições clínicas foram realizadas em 6 sítios por dente (mésio-
vestibular, vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual, lingual, disto-lingual), em
todos os dentes, com exceção dos terceiros molares. A gravidade da DP foi
categorizada em 3 grupos (NIC= 1 a 3 mm, 4 a 6 mm e 7 mm. Indivíduos não
portadores de doença periodontal destrutiva apresentaram periodonto de
sustentação sadio, ou seja, profundidade de sondagem não ultrapassou 3 mm. (
3 mm) nem perda de inserção clínica ( 3 mm.).
32
4.5.5 Sangramento à sondagem:
Presença (1) ou ausência (0) de sangramento à sondagem. As medições
clínicas foram feitas em 6 sítios por dente (mésio-vestibular, vestibular, disto-
vestibular, mésio-lingual, lingual, disto-lingual), em todos os dentes, com exceção
dos terceiros molares (AINAMO & BAY, 1975).
4.5.6 - Supuração:
Presença (1) ou ausência (0) de supuração. As medições clínicas foram
feitas em 6 sítios por dente (mésio-vestibular, vestibular, disto-vestibular, mésio-
lingual, lingual, disto-lingual), em todos os dentes, com exceção dos terceiros
molares.
Todas as medições clínicas foram realizadas pelo pesquisador responsável
previamente calibrado, a fim de diminuir variabilidade. Todos os parâmetros
clínicos foram registrados em ficha periodontal adequada ao estudo (Anexo 4).
4.5.7 Índice de Cálculo (VOLPE et al., 1965):
Este índice tem por finalidade mensurar a quantidade de cálculo dental
supragengival existente. O critério deste índice restringe as medições à região de
face lingual dos dentes ântero-inferiores (bateria labial inferior de canino até
canino), utilizando uma sonda periodontal milimetrada de North Carolina (HU-
Friedy). A técnica consiste em medir o cálculo dentário em três diferentes
angulações da sonda periodontal: 1-Sonda posicionada paralela ao longo eixo do
dente; 2-Sonda posicionada na diagonal da borda disto-incisal e 3-Sonda
33
posicionada na borda mesio-incisal de cada elemento dentário avaliado. Essas
medições geram uma média para cada dente e posteriormente uma média
individual que mensura a quantidade total de cálculo.
4.6 PROTEÍNA C REATIVA:
A proteína C reativa (PCR) foi mensurada usando um ensaio de alta
sensibilidade (N High sensitivity CRP - DADE BEHRING). A PCR de alta
sensibilidade foi mensurada utilizando método de Imunonefelometria. A
sensibilidade deste exame é capaz de detectar limites de PCR de 0,175 mg /L
usando uma amostra diluída de 1/20. A coleta de sangue para a realização da
medição foi realizada no dia do exame periodontal ou dentro de no máximo um
mês após o exame clínico periodontal.
4.7 DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS:
Foi utilizado um protocolo sócio-econômico que obteve informações
sobre características dos pacientes, tanto do grupo controle quanto do grupo
caso, sobre: gênero, idade, e etnia (avaliada pelo auto-relato da cor da pele).
4.8 QUESTIONÁRIO MÉDICO:
Informações detalhadas sobre a saúde geral do paciente e bucal foram
coletadas também através de um protocolo previamente estabelecido (Anexo 1).
Dados sobre resultados de exames laboratoriais de cada paciente, como
por exemplo, albumina sérica, colesterol, triglicerídeos, além da proteína C reativa,
foram registrados na ficha de coleta de dados (Anexo 1).
34
Dados sobre tabagismo foram registrados identificando o indivíduo em
fumante e não fumante.
4.9 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
A análise estatística dos dados foi determinada por avaliação de
comparação entre grupos através do teste de Mann-Whitney-Wilcoxon. Os dados
sócio-demográficos, tais como gênero, etnia, e tabagismo, foram analisadas
utilizando o teste Qui-quadrado. Os parâmetros clínicos foram analisados através
das médias de cada indivíduo e a média de cada grupo. As diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos para os parâmetros clínicos foram
determinadas através do teste de Mann-Whitney-Wilcoxon. No caso do índice de
VOLPE et al. (1965), a comparação entre o valor médio absoluto entre os grupos
utilizou o teste de Mann-Whitney-Wilcoxon. A análise do índice de VOLPE,
categorizado em leve, moderado, e pesado, foi realizado através do teste Qui-
quadrado. As correlações foram realizadas utilizando o Coeficiente de Correlação
de Spearman. Algumas variáveis independentes (IP, IG, SUP, ISS, PB, NIC,
cálculo, PCR, peso corpóreo) foram analisadas através de regressão linear
logística em relação à variável dependente (RFG). Vários modelos de regressão
foram realizados. O Modelo apresentado nos resultados incluiu as variáveis: RFG
com IG, NIC 7 mm, cálculo, idade e peso corpóreo.
4.10 DEPARTAMENTOS E SERVIÇOS ENVOLVIDOS
Este trabalho foi um esforço conjunto de vários departamentos de pesquisa
da área da saúde, coordenado pelo Departamento de Clínica Odontológica da
35
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro-Mestrado
de Periodontia, contando com a participação dos Serviços de Nefrologia e de
Clínica Médica do H. U. C. F. F. e do Setor de Estatística (NESC/UFRJ) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os profissionais envolvidos serão:
Departamento de Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia:
Pesquisador: Celso Oliveira de Sousa (Mestrando em Periodontia)
Professora Orientadora: Dra. Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres
Serviço de Nefrologia: Chefe do serviço: Dr. Alvimar Gonçalves Delgado.
Serviço de Clínica Médica: Chefe do serviço: Dr. Carlos Castelpoggi
Setor de Estatística (NESC/UFRJ): Dr. Ronir Raggio Luiz
36
5 RESULTADOS
O coeficiente de correlação intraclasse (ICC) foi calculado de forma a
avaliar a calibração do examinador em relação aos parâmetros periodontais. Um
único examinador realizou o exame clínico periodontal deste estudo, e o ICC para
PB, NIC, e Índice de VOLPE et al. (1965), foram acima de 0,85 de concordância.
Um total de 89 pacientes fez parte deste estudo, 47 foram alocados no
grupo caso, e 42 indivíduos no grupo controle. A Tabela 2 fornece resultados dos
dados demográficos, e perfil de tabagismo da população. Diferenças
estatisticamente significativas foram observadas para a idade e gênero entre os
dois grupos. Indivíduos no grupo caso apresentaram maior média de idade do que
os controles, bem como, havia mais homens do que mulheres, respectivamente,
p<0,006 e p<0,018. Diferenças também foram encontradas nos grupos em relação
aos níveis de educação, sendo o nível de educação maior no grupo controle do
que no grupo caso (p<0,02). Por outro lado, não houve diferença estatisticamente
significativa para tabagismo e etnia entre os dois grupos.
Uma análise detalhada do status periodontal e da PCR dos grupos foi
apresentada na Tabela 3. Os pacientes com DRC demonstraram mais sinais de
inflamação e destruição periodontal do que os controles. Os índices, gengival e de
placa (IG e IP), demonstraram valores médios maiores sendo estatisticamente
significativos no grupo caso do que no grupo controle, respectivamente, p<0,004 e
p<0,01. A avaliação dos tecidos de suporte periodontais, utilizando profundidade
37
de bolsa periodontal (PB) e o nível de inserção clínico (NIC), demonstraram mais
sinais clínicos de periodontite no grupo caso comparados com o grupo controle.
Tabela 2 – Características demográficas e tabagismo da população do estudo:
Por exemplo, a média dos sítios com profundidade de bolsa 7 mm no
grupo caso apresentou uma diferença estatisticamente significante quando
comparada aos controles (p<0,02). Resultados similares foram encontrados para o
parâmetro de perda de inserção grave, demonstrando que as médias de sítios
com perda de inserção 7 mm do grupo DRC apresentou uma diferença
estatisticamente significante comparado ao grupo controle (p<0,01). Por outro
lado, bolsas rasas (PB 1-3 mm) foram significantemente maiores para os
indivíduos controles do que os casos (p<0,05). Estes resultados demonstraram
que os controles tinham menos Doença Periodontal do que os casos.
CARACTERÍSTICAS
DEMOGRÁFICAS E TABAGISMO
CASO
(n =47)
CONTROLE
(n =42)
p valor
Idade (anos) média ± DP
56,62 ± 11,94 50,55 ± 7,26 0,006*
branco
55,32 45,24
negro
23,41 33,33
Etnia (%)
outros
21,28 21,43
NS
mulheres
44,68 71,42
Gênero (%)
homens
55,31 28,57
0,018
fumante
8,51 9,52
Tabagismo (%)
não fumante
91,49 90,48
NS
DP= desvio padrão
* diferença significativa entre os grupos usando Mann Whitney (p< 0,05)
† diferença significativa entre os grupos usando Qui-quadrado (p< 0,05)
NS – não estatisticamente significante
38
Tabela 3– Parâmetros clínicos periodontais, PCR, RFG dos casos e controles
Parâmetros CASOS (n=47)
CONTROLES (n=42) p valor
IG (média±DP) % sítios
33,7 ± 0,24 20,0 ± 0,18 0,004*
IP (média±DP) % sítios
67,3 ±0,21 55,4 ± 0,22 0,01*
SUP (média±DP)% sítios
4,7 ± 0,09 5,4 ± 0,11 NS
ISS (média±DP) % sítios
56,8 ± 0,22 52,6 ± 0,21 NS
Número de dentes
presentes (média±DP)
19,66 ± 3,90 21,52 ± 3,79 0,03 *
1 a 3 mm
58,3 ± 0,16 65,7 ± 0,16 0,05 *
4 a 6 mm
10,5 ± 0,10 9,9 ± 0,09 NS
PB
% sítios
7mm
31,1 ± 0,14 24,3 ± 0,14 0,02 *
1 a 3 mm
47,9 ± 0,20 58,6 ± 0,20 0,02 *
4 a 6 mm
18,0 ± 0,12 15,7 ± 0,12 NS
NIC
% sítios
7mm
34,1 ± 0,15 25,6 ± 0,15 0,01 *
Cálculo (Volpe) média
3,77 ± 3,20 1,54 ± 2,27 0,0001**
0
17,0
n =8
38,0
n =16
1
12,8
n =6
31,0
n =13 Cálculo (Volpe)
2
70,2
n =33
31,0
n =13
0,001
††
PCR (média±DP)(mg/L)
(mediana±DP)(mg/L
6,31 ± 13,14
2,3 ± 13,14
4,93 ± 8,96
2,2 ± 8,96
NS
RFG (média±DP)
(mL/min./1.73m
2
)
45,60 ± 23,79 104,6 ± 33,78
0,0001**
* diferenças significativas entre os grupos usando Mann Whitney (p< 0,05)
** diferença significativa entre os grupos usando Mann Whitney (p< 0,001)
† † diferenças significativas entre os grupos usando Qui-Quadrado (p< 0,001)
NS – não estatisticamente significante
A perda dentária foi, também, significantemente maior para os pacientes do
grupo DRC do que os controles (p<0,03). Não foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes entre os dois grupos em relação à média de sítios
39
com sangramento à sondagem, supuração e proteína C reativa (Tabela 3).
O índice de cálculo demonstrou valores médios significativamente maiores
para os pacientes do grupo DRC (casos) do que comparado aos controles
(p<0,0001). Da mesma forma, o índice de cálculo categorizado em leve, moderado
e pesado, também se apresentou significativamente maior no grupo caso do que
no controle (p<0,001) (Tabela 3).
As correlações entre os níveis de RFG e parâmetros clínicos periodontais
foram apresentados nas Tabelas 4 e 5. Houve uma correlação negativa
significante entre média de NIC e níveis de RFG (p<0,04). Similarmente, houve
uma correlação negativa significante entre a quantidade de cálculo e níveis de
RFG (p<0,0001). Houve uma correlação positiva significativa entre PB -1-3mm
(bolsas rasas) e níveis de RFG (p<0,04). Houve também uma correlação positiva
significativa entre o NIC de 1-3 mm (destruição periodontal leve) e níveis de RFG
(p<0,01). Por outro lado, houve uma correlação negativa significativa entre PB e
NIC 7 mm (destruição periodontal grave) e níveis de RFG, respectivamente p<
0,04 e p< 0,01.
As correlações entre os níveis de PCR e parâmetros clínicos periodontais,
idade e peso foram apresentadas na Tabela 6. Houve correlação positiva
significativa entre PCR e PB, NIC, idade e peso, respectivamente, p<0,03;
p<0,003; p<0,04; e p<0,01, considerando uma análise da população total do
estudo. Ao realizarmos uma análise similar por grupo teste e controle
separadamente, não encontramos nenhuma correlação entre a PCR e IG, PB,
NIC, idade, peso, índice de cálculo (VOLPE et al., 1965) e número de dentes
presentes no grupo controle. Entretanto, encontramos correlação estatisticamente
40
significativamente positiva entre a PCR e NIC (p= 0,008), e idade (p= 0,016), e
peso (p= 0,003), e uma tendência para o índice de cálculo (p= 0,06).
Tabela 4 – Correlação entre ritmo de filtração glomerular (RFG) e parâmetros
clínicos periodontais.
RFG
PB
Média
NIC Média
IG
Média
Índice
Volpe
Número de
dentes
presentes
Coeficiente
Correlação
-0,118 -0,221* -0,192 -0,441** 0,201
P valor
0,27 0,04* 0,73 0,0001** 0,06
*Valores de Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante (p< 0,05)
** Valores Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante (p< 0,01)
Tabela 5– Correlação entre ritmo de filtração glomerular (RFG) e parâmetros
clínicos periodontais (categorias de PB e NIC).
Sítios com PB Sítios com NIC
RFG
1-3 mm
4-6 mm
7 mm
1-3 mm
4-6 mm
7 mm
Coeficiente de
Correlação
0,217* -0,082 -0,211* 0,262* -0,181 -0,250*
P valor
0,04* 0,45 0,04* 0,01* 0,09 0,01*
*Valores de Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante(p< 0,05)
41
Tabela 6– Correlação entre proteína C reativa e parâmetros clínicos periodontais:
Proteína C reativa
Parâmetros Clínicos
Coeficiente correlação P valor
Média IG
0,161 0,142
Média PB
0,234* 0,03*
Média NIC
0,318** 0,003**
Idade
0,222* 0,04*
Peso corpóreo
0,280** 0,01**
Volpe (absoluto)
0,207 0,057
Número de dentes
-0,016 0,884
* Valores de Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante (p< 0,05)
** Valores de Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante (p< 0,01)
Os resultados da análise de regressão avaliando três modelos foram
apresentadas na Tabela 7. O modelo 1 testou, RFG com NIC 7 mm, idade e IP,
demonstrando uma significância para idade (p< 0,0001). O Modelo 2 testou RFG
com NIC 7 mm, cálculo, idade e peso corpóreo, sendo a significância encontrada
para idade, cálculo e peso (p< 0,001, p< 0,001, p< 0,0001). O modelo 3 testou
RFG com IG, NIC 7 mm, cálculo, idade e peso corpóreo tendo encontrado
significância para idade, cálculo e peso corpóreo (Tabela 7).
42
Tabela 7 – Resultados da regressão logística de variáveis independentes (modelo 3)
na DRC (RFG menor do que 89 mL/min./1.73m
2
):
Variáveis independentes
Coeficiente
de regressão
Erro padrão P valor
NIC 7 mm
-33,95 22,64 0,137
Idade
-1,25 0,35 0,01*
Volpe absoluto
-4,42 1,30 0,01*
Peso corporal
1,02 0,23 0,001**
IG
2,3 16,82 0,891
* Nível de significância (p< 0,01)
** Nível de significância (p< 0,001)
Correlações entre os níveis de PCR e triglicerídeos, colesterol total, e RFG
foram apresentadas na Tabela 8. Houve correlação positiva significativa entre
PCR e triglicerídeos, p<0,05.
Tabela 8 – Correlação entre PCR e triglicérides, colesterol e RFG:
Mediador inflamatório
Triglicerídeos
mg/dL
Colesterol
mg/dL
RFG
Ml/min.
Coeficiente de
Correlação
0,266* 0,048 -0,71
PCR
P valor
0,018* 0,68 0,52
*Valores de Spearman’s rho para variáveis em que a correlação é significante (p< 0,05)
43
6 DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo, em parte, confirmam os achados das
investigações recentes, que reportaram uma associação entre a Doença
periodontal e a Doença Renal Crônica (DAVIDOVICH et al., 2005; KSHIRSAGAR
et al., 2005). Contudo, mais estudos são necessários para se estabelecer esta
possível associação.
Em nosso estudo, nós comparamos os parâmetros periodontais de
pacientes DRC com um grupo controle. O RFG foi utilizado para definir os casos e
os controles, considerando que este é um dos parâmetros mais importantes para
se estimar a função renal em pacientes com doença renal.
Nos resultados relativos às características demográficas e comportamentais
da população do estudo verificamos que os grupos casos e controles
apresentavam similaridade quanto à etnia e ao tabagismo. Entretanto, havia
diferenças em relação á idade e gênero (Tabela 2).
Nossos resultados demonstraram que os pacientes renais crônicos
apresentavam mais sinais de inflamação (IG) do que os controles (p<0,004)
(Tabela 3). Poucos estudos também demonstraram mais inflamação marginal
gengival (gengivites) no grupo de pacientes DRC do que os controles, entretanto,
estes estudos utilizaram pacientes que realizavam hemodiálise (DAVIDOVICH et
al., 2005). A maioria destes estudos em pacientes em hemodiálise encontrou que
estes demonstraram menores sinais de inflamação do que o grupo controle. Esta
44
característica foi clinicamente mencionada como um aspecto da palidez gengival.
Este aspecto pálido pode ser relacionado com a redução da hemoglobina sérica
associada à anemia (JAFFE et al., 1986; YAMALIK et al., 1991; FRANKENTHAL
et al., 2002; PROCTOR et al., 2005). Contudo, outros estudos não encontraram
uma diferença estatisticamente significativa entre DRC recebendo hemodiálise e
um grupo controle em relação ao índice gengival (OSHRAIN et al., 1979;
RAHMAN et al., 1992; MARAKOGLU et al., 2003). Uma importante característica
do nosso estudo foi a avaliação destes parâmetros clínicos em pacientes que
ainda não necessitavam de hemodiálise. Este fato diminuiu a influência de
possíveis fatores de confundimento, geralmente observados nos estudos com
pacientes recebendo hemodiálise e indivíduos transplantados renais, tais como
efeitos colaterais do uso regular de medicamentos (ciclosporina, tacrolimus,
micofenolatomofetil, azatioprina, e antibióticos).
Na população deste estudo, encontramos mais destruição periodontal em
indivíduos com DRC do que os controles. Por exemplo, bolsas profundas ( 7 mm)
foram mais prevalentes nos pacientes com DRC do que no grupo controle
(p<0.02). Padrões similares foram observados para NIC, onde NIC 7 mm foi
mais prevalente nos casos do que nos controles (p<0.01). Por outro lado, bolsas
rasas (PB = 1-3 mm) foram mais prevalentes nos indivíduos controles do que
casos (p<0.05) (Tabela 3). Algumas investigações anteriores avaliaram a relação
entre os parâmetros clínicos de suporte periodontal e DRC, contudo os resultados
foram muito variáveis. Por exemplo, Yamalik et al. (1991) avaliaram o status
periodontal de 3 grupos (transplantados renais, hemodiálise e controle). O grupo
controle apresentou maior profundidade de bolsa quando comparado com outros
45
grupos. Contudo, este estudo demonstrou uma limitação metodológica para
estabelecer uma associação entre DRC e DP quando alocou somente pacientes
que procuravam tratamento periodontal no grupo controle.
Um outro estudo examinou os pacientes com uremia, sob hemodiálise, e
transplantados (regime de imunossupressão). Os resultados demonstraram
nenhuma diferença estatisticamente significante entre os três grupos observando-
se o número de dentes existentes, profundidade de bolsa, e altura óssea
radiográfica (TOLLEFSEN & JOHANSEN, 1985b).
MARAKOGLU et al. (2003), avaliaram o status periodontal de pacientes
recebendo hemodiálise. Os resultados demonstraram que 100% dos pacientes
apresentavam algum grau de envolvimento periodontal, onde 44% demonstravam
gengivite. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada nos
parâmetros clínicos (placa, gengivite e profundidade de bolsa) entre pacientes em
hemodiálise, comparados com um grupo controle. A perda de inserção não foi
avaliada. Este desenho de estudo também demonstrou uma limitação, uma vez
que no grupo controle foram incluídos pacientes que buscavam tratamento
periodontal.
Houve também um número maior de perdas dentárias nos pacientes do
grupo caso quando comparados ao controle (p< 0,03) (Tabela 3).
Nossos resultados demonstraram mais cálculo nos pacientes em DRC
comparado aos grupos controles (p<0.0001) (Tabela 3). Esta associação foi
estabelecida independentemente de outras variáveis na análise de regressão
logística (p<0.001). Alguns outros estudos também demonstraram elevados
índices de cálculo dental nos pacientes de DRC. Gavaldá et al. (1999), observou
46
que as médias de placa e índice de cálculo foram significantemente maiores entre
os pacientes com DRC recebendo hemodiálise comparado aos controles. As
medias das secreções salivares estimuladas foram significantemente mais baixas
entre os pacientes com DRC recebendo hemodiálise. Epstein et al. (1980),
encontraram baixo índice de fluxo salivar nos pacientes recebendo diálise. JAFFE
et al. (1986); KHO et al. (1999); MARTINS et al. (2006) também encontraram
significantemente mais cálculo em adolescentes e adultos com DRC recebendo
hemodiálise comparado aos indivíduos controles.
Nosso estudo levanta a hipótese de que, a destruição dos tecidos
periodontais pode estar associado com a Doença Renal Crônica. Um possível
mecanismo para explicar tal associação seria o aumento de mediadores
inflamatórios sistêmicos e proteínas, decorrente de quadros infecciosos crônicos
(NOACK et al., 2001). Em nossos resultados, não foi encontrada diferença
estatisticamente entre os casos e os controles quanto à proteína C reativa (Tabela
3). Contudo, a PCR foi correlacionada positivamente com PB médio, NIC médio,
idade e peso corpóreo, da população total do estudo, respectivamente, p<0,03,
p<0,003, p<0,04, e p<0.01 (Tabela 6). Bem como, houve uma correlação positiva,
mas não significativa, entre PCR e quantidade de cálculo dental (p<0.057).
Na análise de regressão, verificamos que através do Modelo 3, o peso
corpóreo se apresentava como o fator mais associado com a capacidade
diminuída de filtração glomerular, seguido da idade e da quantidade de cálculo
encontrado.
Outro achado interessante do nosso estudo foi que a PCR se apresentou
positivamente correlacionada com triglicerídeos, o que, de certa forma, corrobora
47
com outros achados na literatura focando a interseção cardiorenal
(WESTHUYZEN & HEALY, 2000, McCULLOUGH, 2004).
Cabe ressaltar que nosso estudo apresenta limitações inerentes ao fato de
estarmos avaliando uma amostra de conveniência. Outra característica
apresentada na população do estudo foi que o grupo caso apresentou uma
diferença estatisticamente significante em relação à idade e escolaridade quando
comparado ao grupo controle. Apesar destas limitações, fica cada vez mais claro
que existe a necessidade de um cuidado maior em relação à saúde periodontal e
o controle de fatores locais (cálculo e placa) de pacientes renais.
O presente estudo demonstrou que pacientes com DRC apresentaram mais
comprometimento periodontal do que pacientes sem DRC. Sugerimos que existe a
necessidade de futuras pesquisas para maiores esclarecimentos da relação entre
DRC e DP.
48
7 CONCLUSÕES
Considerando os objetivos propostos e dos resultados obtidos, algumas
conclusões foram alcançadas:
Ao comparar os parâmetros clínicos periodontais de pacientes com DRC
(casos) e indivíduos sem DRC (controles) podemos concluir que:
Os pacientes com DRC demonstraram mais sinais de inflamação (IG) e
destruição periodontal (NIC e PB) do que os controles.
Os pacientes com DRC demonstraram maior perda dentária do que os
controles.
Os pacientes com DRC apresentaram maior quantidade de cálculo do que
os controles.
Os níveis de proteína C reativa no soro de pacientes com DRC não foram
estatisticamente diferentes dos indivíduos controles.
49
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN ACADEMY OF PERIODONTOLOGY. Proceedings of the World
Workshop in Clinical Periodontics. Chicago: The American Academy of
Periodontology, vol.4 (1), 1999.
AINAMO, J.; & BAY, I. Problems and proposals for recording gingivitis and plaque.
International Dental Journal, vol25, p.2229-2235, 1975.
ALBANDAR, J.M., BRUNELLE, J.A.; KINGMAN, A. Destructive Periodontal
disease in adults 30 years of age and older in United States, 1988-1994, Journal of
Periodontology, vol. 70: p.13-29, 1999.
ALBANDAR, J.M. Global risk factors and risk indicators for periodontal diseases.
Periodontology 2000, vol. 29, p.177-206, 2002.
ARIC INVESTIGATORS. The atherosclerosis risk in communities (ARIC) study:
design and objectives. American Journal of Epidemiology, 129: 687-702, 1989.
ARMITAGE, G.C. Clinical evaluation of periodontal diseases.
Periodontology 2000. Feb; vol.7: p.39-53, 1995.
BECK J.D.; GARCIA R.; GERARDO H.; VOKONAS P. S.; OFFENBACHER S.
Periodontal disease and cardiovascular disease. Journal of Periodontology, vol.
67: p. 1123-1137, 1996.
BECK J.D.; OFFENBACHER S.; WILLIAMS, R. C.; GIBBS, P.; GARCIA R.
Periodontitis: a risk factor for coronary heart disease? Annals of Periodontology.
Vol. 3: p. 127-141, 1998.
BECK, J.D.; ELTER J.R.; HEISS, G.; COUPER, D.; MAURIELLO, S.M.;
OFFENBACHER, S. Relationship of Periodontal Disease to carotid artery intima-
media wall thickness: the Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) study.
Arteriosclerosis. Thrombosis and Vascular Biology, vol. 21: p. 1816–1822, 2001.
BERGSTROM, J. & PREBER, H. Tobacco use as a risk factor. Journal of
Periodontology, vol. 65, p.545-550, 1994.
COCKCROFT, D.W. & GAULT, M.H. Prediction of creatinine clearance from serum
creatinine. Nephron, vol.16, p.31-41, 1976.
50
CORESH, J.; ASTOR, B.C.; McQUILLAN, G.; KUSEK, J.; GREENE, T.; VAN
LENTE, F.; LEVEY, A.S. Calibration and random variation of the serum creatinine
assay as critical elements of using equations to estimate glomerular filtration rate.
American Journal of Kidney Diseases, vol.39, p.920-929, 2002.
DATA SUS 2002. Disponível na INTERNET em
<http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php> . Arquivo consultado em: 07 set.
2005.
DAVIDOVICH, E.; SCHWARZ, Z.; DAVIDOVITCH, M.; EIDELMAN, E.; BIMSTEIN,
E. Oral findings and periodontal status in children, adolescents and young adults
suffering from renal failure. Journal Clinical of Periodontology, 32: p.1076-1082,
2005.
De STEFANO, F. ANDA, L. F.; KAHN, H. S.; WILLIAMSON, D. F.; RUSELL, C. M.
Dental disease and risk of coronary heart disease and mortality. British Medical
Journal, vol.306: p. 688-691, 1993.
EBERSOLE, J.L. & CAPPELLI, D. Acute-phase reactants in infections and
inflammatory diseases. Periodontology 2000, vol. 23, Issue 1, p. 19-49, 2000.
EPSTEIN, S.R.; MANDEL, I.; SCOPP, I.W. Salivary composition and calculus
formation in patients undergoing hemodialysis. Journal of Periodontology, vol. 51,
6, 1980.
EVERSOLE, L.R; SILVERMAN JR, S. Doenças renais e hipertensão. In.:
SILVERMAN, S.; EVERSOLE, L.R.; TRUELOVE, E.L. Fundamentos de Medicina
Oral. Guanabara Koogan 2004.
FRANKENTHAL, S.; NAKHOUL, F.; MACHTEI, E.E.; GREEN, J.; ARDEKIAN, L.;
LAUFER, D.; PELED, M. The effect of secondary hyperparathyroidism and
hemodialysis therapy on alveolar bone and periodontium. Journal of Clinical
Periodontology, vol, 29: p. 479-483, 2002.
GAVALDÁ, C.; BAGÁN, J.V.; SCULLY, C.; SILVESTRE, F.I.; MLLIÁN, M.A.;
JIMÉNEZ, Y. Renal hemodialysis patients: oral, salivary, dental and periodontal
findings in 105 adult cases. Oral Diseases, n°5, p.299-302, 1999.
GUYTON, A.C.& HALL, J.E
.
Fundamentos de GUYTON:
Tratado de fisiologia
médica, 10ª
edição, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002.
HAFFAJEE, A.D.; SOCRANSKY, S.S. Microbial etiological agents of destructive
periodontal diseases. In: SOCRANSKY, S.S & HAFFAJEE, A.D. In: Microbiology of
periodontal diseases. Periodontology 2000, vol.5, p. 78-111, 1994.
HARASZTHY, V.I.; ZAMBON, J.J.; TREVISAN, M. ZEID, M.; GENCO, R.J.
Identification of periodotal pathogens in atheromatous plaques. Journal of
Periodontology. vol.71 (10): p.1554-1560, 2000.
51
HUGOSON, A.; THORSTENSSON, H.; FALK,H.; KUYLENSTIERNA. Conditions in
insulin-dependent diabetics. Journal of Clinical Periodontology, vol. 16, p. 215-223,
1989.
JAFFE, E.C.; ROBERTS, G.J; CHANTLER, C.; CARTER, J.E. Dental findings in
chronic renal failure. British Dental Journal.160 (1): p.18-20, 1986.
KHO HS, LEE SW, CHUNG SC, KIM YK. Oral manifestations and salivary flow
rate, pH, and buffer capacity in patients with end-stage renal disease undergoing
hemodialysis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod, vol.88, p.316-9,
1999.
KLASSEN, J.T. & KRASKO, B.M. The dental health status of dialysis patients.
Journal of the Canadian Dental Association, vol.68, p.34-38. 2002.
KINANE, D. F.; BERGLUNDH, T.; LINDHE, J. Interações entre Parasita e
Hospedeiro na Doença Periodontal. In: Tratado de Periodontia Clínica e
Implantologia Oral, 4ª edição, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003.
KSHIRSAGAR, A.V.; MOSS, K. L.; ELTER, J. R.; BECK, J. D.; OFFENBACHER,
S.; FALK, R.J. Periodontal Disease is associated with renal insufficiency in the
atherosclerosis risk in communities (ARIC). American Journal of Kidney Diseases,
vol45 (4), p.650-657, 2005.
LIBBY, P.; RIDKER, P.M. MASERI, A.; Inflammation and atherosclerosis.
Circulation, 105: p.1135-1143, 2002.
LITLLE, J. W; FALACE, D. A.; MILLER, C. S.; RHODUS, N. L. Chronic renal
failure. In: LITLLE, J.W; FALACE, D.A.; MILLER, C.S.; RHODUS, N.L. Dental
management of the medically compromised patient. Mosby St.Louis, Missouri,
6º ed. p.147-160, 2002.
LOCKER, D. Smoking and oral health in older adults. Canadian Journal of Public
Health, vol. 83: p.429-432, 1992.
LOESCHE, W. J. & GROSSMAN, N. S.: Periodontal disease as specific, albeit
chronic, infection: diagnosis and treatment. Clinical Microbiology Reviews, vol.14,
nº4, p.727-752, 2001.
LUIZ, R. R; COSTA, A..J. L.; NADANOVSKY, P. Epidemiologia bioestatística na
pesquisa odontológica. Editora Atheneu, 2005.
MARAKOGLU, I.; GURSOY, U.K.; DEMIRER, S.; SEZER, H. Periodontal status
chronic renal failure patients receiving haemodialysis. Yonsei Medical Journal,
vol.44, p.648-653, 2003.
52
MARTINS, C.; SIQUEIRA, W.L.; PRIMO, L.G.; OLIVEIRA, E.; NICOLAU, J.
Salivary analysis of patients with chronic renal failure undergoing hemodialysis.
Special Care of Dentistry, 26, p.205-208, 2006.
MATTILA, K. J.; NIEMEIER, M. S.; VALTONNEN, V. V.; RASI, V. P.; KESANIEMI,
Y. A.; SYRJALA, S. L.; JUNGELL, P.S.; ISOLUOMA, M.; HIETANIEMI, K.;
JOKINEN, M. Association between dental health and acute myocardial infarction.
British Medical Journal, vol. 298: p.779-782, 1989.
MATTILA, K. J.; VALTONNEN, V. V.; NIEMINEM, M.S.; HUTTUNEM, J.K.; Dental
infection and the risk of the new coronary events: prospective study of patients with
documented coronary artery disease. Clinical Infectious Diseases, vol. 20: p.588-
592, 1995.
MENDEZ, M.V.; SCOTT, T.; LaMORTE, W.; VOKONAS, P.; MENZOIAN, J.O.;
GARCIA, R. An association between periodontal disease and peripheral vascular
disease. American Journal of Surgery; 176: 153-157, 1998.
MCCULLOUGH, P. A. Cardiovascular disease in chronic kidney disease from
cardiologist’s perspective. Currr Opin Nephrol Hypertens, 13 (6): 591-600, 2004.
NATIONAL KIDNEY FOUDATION,
K/DOQI clinical practice guidelines for chronic
kidney disease: evaluation, classification, and stratification. American Journal of
Kidney Disease, vol.39, (2 suppli 1) S1-266, 2002.
NAUGLE, K.; DARBY, M. L.; BAUMAN, D. B.; LINEBERGER, L. T.; POWERS, R.
The oral health status of individuals on renal dialisys. Annals of Periodontology, vol
3: p.197-205, 1998.
NOACK, B.; GENCO, R. J.; TREVISAN, M.; GROSSI, S.; ZAMBON, J.J.; DE
NARDIN, E. Periodontal infections contribute to elevated systemic C-reactive
protein level. Journal of Periodontology., 72: 1221-1227, 2001.
OSHRAIN, H. I.; MENDER, S.; MANDEL, I. D.; Periodontal Status of patients with
reduced immunocapacity. Journal of Periodontology, vol.50, nº 4, p.185-188, 1979.
PAGE, R.C.; & KORNMAN, K.S. The pathogenesis of human periodontitis: an
introduction. Periodontology 2000, vol.14, p. 9-11, 1997.
PAGE, R.C. The pathobiology of periodontal diseases may affect systemic
diseases: Inversion of a paradigm. Annals of Periodontology, vol 3:108-120, 1998.
PAPAPANOU, P.N. Periodontal diseases: epidemiology. Annals of Periodontology,
vol.1, p.1-36, 1996.
PORTER, S. R.; HEGARTY, A.; SCULLY, C. An update of the etiology and
management of xerostomia. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod.
Vol. 97: p.28-46, 2004.
53
PROCTOR, R.; KUMAR, N.; STEIN, A.; MOLES, D.; PORTER, S. Oral and dental
aspects of chronic renal failure. Journal of Dental Research, vol.84: p.199-208,
2005.
RAHMAN, M., M.; ÇAGLAYAN, F.; ARMAN, B. Periodontal health parameters in
patients with chronic renal failure and renal transplants receiving
immunosuppressive therapy. Journal of Nihon University School of Dentistry, vol.
34, p. 265-272, 1992.
RAHMATI, M. A.; CRAIG, R. G.; HOMEL, P.; KAYSEN, G. A.; LEVIN, N. W. Serum
markers of periodontal disease status and inflammation in hemodialysis patients.
American Journal of Kidney Diseases, vol 40, Nov. p.983-989, 2002.
ROMÃO Jr., J.E. Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação.
Jornal Brasileiro de Nefrologia, vol XXVI, nº 3, supl. 1., p.1-3. Agosto, 2004.
SHLOSSMAN, M.; KNOWLER, W. C.; PETTITT, D. J.; GENCO, R. J. Type 2
diabetes mellitus and periodontal disease. Journal of the American Dental
Association, vol.121, p.532-536, 1990.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Disponível na INTERNET em:
http://sbn.org.br . Arquivo consultado em: 07 set. 2005.
SOCRANSKY, S. S. & HAFFAJEE, A. D. Evidence of bacterial etiology: a historical
perspective. Periodontology 2000, vol.l5, p.7-25, 1994.
SOCRANSKY, S. S.; HAFFAJEE, A. D; CUGINI, M. A.; SMITH, C.; KENT, R. L. Jr.
Microbial complexes in subgingival plaque. Journal of Clinical Periodontology. ,
vol.25, p. 134-144, 1998.
TOLLEFSEN, T. & JOHANSEN, J.R. Periodontal status in patients before and after
renal allotransplantation. Journal of Periodontal Research, vol. 20:p.227-236, 1985.
UNITED STATES RENAL DATA SYSTEM. Annual data report. National Institute of
Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Human health services, 2004.
Disponível em: <http:// www.med.umich.edu/kidney/usrds/index.htm.>. Arquivo
consultado em: 10 jul. 2005.
VOLPE, A.R.; MANHOLD, J.H.; HAZEN, S.P. In vivo calculus assessment: Part I A
method and its examiner reproducibility. Journal of Periodontology, vol. 36,p.292-
298, 1965.
WESTHUYZEN, J. & HEALY, H. Review: Biology and relevance of C-reactive
protein in cardiovascular and renal disease. Ann Clin Lab Sci, 30: 133-143, 2000.
WILLIAMS, R.C. & OFFENBACHER, S. Periodontal Medicine: The emergence of
new branch of periodontology. Periodontology 2000, vol.23 p.9-12, 2000.
54
WU, T.; TREVISAN, M.; GENCO, R.J.; FALKNER, K.L.; DORN, J.P.; SEMPOS,
C.T. Examination of the relation between periodontal health status and
cardiovascular risk factors: serum total and high density lipoprotein cholesterol, C-
reactive protein, and plasma fibrinogen. American Journal of Epidemiology ; 151:
273-282, 2000.
YAMALIK, N.; DELILBASI, L.; GÜLAY, H, CAGLAYAN, F.; HABERAL, M.;
CAGLAYAN, G. The histological investigation of gengiva from patients with chronic
renal failure, renal transplants, and periodontitis: A light and electron microscopic
study. Journal of Periodotology, vol. 62: p. 737-744, 1991.
ZATZ, R. Fisiopatologia Renal. São Paulo: Editora Atheneu, vol.2, 2000.
55
9 ANEXOS
ANEXO 1
Questionário Médico – Pesquisa Renal
N
0
do paciente: _______
Data do Exame ______ / ______/ _________
Grupo teste:
DRC filtração glomerular >60 ml/ min
DRC filtração glomerular entre 30 –59 ml/min
DRC filtração glomerular 15-29
DRC filtração glomerular <
15 ml/min
Grupo controle: Sem Doença Renal (filtração glomerular >90
ml/ min)
Local de Atendimento: ____________________________________
1) DADOS DO PACIENTE.
Nome
________________________________________________________
Diagnóstico Renal:
________________________________________________________
56
Doença de base associada à etiologia da
DRC:___________________________________________________
N
o
do Prontuário do Hospital _______________________________
Sexo masculino feminino
Data de Nascimento _____/____/____
Idade:__________Peso:__________
Cor Branco Negro Pardo
Naturalidade _________________________________________
Nacionalidade ________________________________________
Estado Civil solteiro casado desquitado/divorciado viúvo
Formação 1
o
Grau 2
o
Grau Superior
Completo Incompleto
Trabalha? sim não Aposentado? sim não
Ocupação ____________________________________________
Endereço ____________________________________________
Bairro ________________________________________________
Cidade _____________________ UF _____CEP _____________
Telefone ___________________Celular:____________________
Recado_____________________
2) QUESTIONÁRIO MÉDICO.
Possui insuficiência renal? sim não
Há quantos anos foi diagnosticado com insuficiência renal?____
Possui doente renal na família? Pai Mãe Irmão (ã)
Paciente indicado para transplante renal? sim não
Paciente faz diálise? sim não
Em caso positivo: Hemodiálise? sim não
57
Há quanto tempo?______________
Diálise peritonial? sim não
Há quanto tempo?______________
Apresenta doença do rim policístico? sim não
É hipertenso? sim não
Possui colesterol alto? sim não
Possui triglicerídeos alto? sim não
Está acima do seu peso ideal? sim não
Pratica alguma atividade física? sim não
História de febre reumática? sim não
Possui algum problema hepático? sim não
Qual? _________________________________
Está sofrendo de alguma doença infecciosa? sim não
Qual? _________________________________
Está sofrendo de alguma doença inflamatória? sim não
Qual? _________________________________
Está fazendo uso de algum antibiótico atualmente? sim não
Qual? _________________________________
Usou antibiótico nos últimos seis meses? sim não
Qual? _________________________________
É diabético? sim não – desde a infância? sim não
Há quantos anos foi diagnosticado com diabetes?______________
Toma insulina? sim não – desde a infância? sim não
Toma alguma medicação para o diabetes? sim não
Qual? _________________________________
Esta grávida? sim não
58
Ver no prontuário:
Resultado HIV: sim não? Resultado: positivo negativo
Resultado hepatite B: sim não? Resultado: positivo
negativo
Resultado hepatite C: sim não? Resultado: positivo
negativo
Tem lúpus eritematoso? sim não
Tem alguma doença reumatológica? sim o
Tem ou teve diagnóstico de Neoplasias (Câncer) sim não
Fuma? sim não
Em caso afirmativo:
, quantos cigarros por dia? _______________
Se parou de fumar, quanto tempo faz? ____________________
Classificar posteriormente:
fumante pesado
:
20 pacotes por ano
fumante leve: 1-19 pacotes por ano
ex-fumante pesado
ex-fumante leve
nunca fumou
Apenas para Mulheres.
Teve filhos prematuros ou abaixo do peso ideal? sim não
Toma reposição hormonal? sim não
3) QUESTIONÁRIO ODONTOLÓGICO.
Está em tratamento odontológico? sim o
Seu dentista sabe que você tem problemas renais? sim não
59
Sabe o que é periodontite? sim não,ou piorréia? sim não
perdeu algum dente por periodontite? sim não
Está realizando ou realizou algum tratamento contra as doença
periodontal nos últimos quatro meses? sim não
Possui familiar com periodontite? pai mãe irmão (ã)
Faz uso de fio dental? sim não
Com que freqüência? _________________________
Troca de escova dental com que freqüência? _________________
Faz uso de algum método complementar de higiene oral?
sim não Qual? ______________________________________
Você já perdeu algum dente? sim não
Perdeu-o (s) por estar (em) mole (s)? sim não
Número de dentes presentes: ___________ dentes
60
4) MEDICAMENTOS EM USO.
A)ANTIPLAQUETÁRIOS:
AAS INFANTIL ASPIRINA – PREVENT HEPARINA
SOMALGIN – CÁRDIO TICLID PLAVIX ESCOVER
B) ANTIHISTROMBÍNICOS:
CLEXANE FRAGMIN FRAXIPARINA
MAREVAM ORAL
C) ANTAGONISTAS CANAIS DE CÁLCIO:
ADALAT BALCOR DILTIZEM DILACOROM
PRESSAT
NORVASC CARDIZEM
D) BETA – BLOQUEADORES:
PROPANOLOL INDERAL ATENOL ATENOLOL
SELOKEM
CORDALEX CARBEDILOL CARDICOL COREG
DIVELOL
E) NITRATOS:
SUSTRAT ISORDIL MONOCORDIL NITRONAL
F) INIBIDORES DA ECA:
CAPTOPRIL CAPOTEM RENITEC ENALAPRIL
TRIATEC
GOPTEM PRINIVIL PRINZIDE COVERSYL
G) BLOQUEADORES AT1:
APROVEL BLOWPRESS COZAAR ATACAND
DIOVAN PRITOR
H) HIPOLIPEMIANTES:
MEVACOR PRAVACOL ISOCOR LIPITOR
CITALOR LINVASCOR LIPOBAY
OUTROS:
____________________________________________________
________________________________________________________
Observações:_____________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
61
________________________________________________________
__________
Dados retirados do prontuário dos voluntários do grupo teste:
Níveis de creatinina plasmática:
Indicador de
Insuficiência Renal
Creatinina
Clearance de
creatinina
Taxa de filtração
glomerular
Data da verificação
Dados retirados do prontuário dos voluntários do grupo controle:
Níveis de creatinina plasmática:
Indicador de
Insuficiência Renal
Creatinina
Clearance de
creatinina
Taxa de filtração
glomerular
Data da verificação
62
ANEXO 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTROS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE- Faculdade de Odontologia
Av. Brigadeiro Trompowsky, bloco K/ 2o andar/ sala 56, CCS- Cid.
Universitária-R.J.-CEP: 21.941-590
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Relação entre Doença Renal Crônica e a Doença Periodontal
A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de janeiro, através do
Curso de Mestrado em Periodontia, está realizando em associação com o Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho um estudo sobre a relação entre Doença Renal
Crônica (rim) e a Doença Periodontal (problemas de gengiva). O estudo vai comparar as
condições periodontais (gengivais) de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) com
pacientes em atendimento na clínica médica queo apresentem DRC.
Este termo de consentimento informa sobre o estudo do qual o (a) senhor(a) está
convidado como voluntário. Sua participação incluirá responder a um questionário médico,
realizar um exame bucal e permitir colher de placa (restos de alimentos e bactérias) no
dente. Estes exames são procedimentos simples e indolores, consistindo em exames de
rotina para diagnóstico das condições periodontais (gengivais) e avaliação da composição
microbiológica da placa bacteriana. Outras informações (resultados de exames
laboratoriais) serão verificadas no prontuário do paciente. O benefício do estudo para o
paciente será a identificação de problemas periodontais e encaminhamento para tratamento
adequado na Faculdade de Odontologia e/ou Ambulatório Odontológico do H.U.C.F.F.,
desta forma o participante se mantido informado dos resultados parciais da pesquisa.
Estes procedimentos geralmente não causam desconforto ao paciente, nem risco à sua
saúde. O pesquisador coloca-se a disposição para quais quer esclarecimentos adicionais.
O(A) senhor(a) pode decidir não participar deste estudo sem que nenhum prejuízo
decorra desta decisão. Da mesma forma, o (a) senhor (a) deve sentir-se à vontade para
desligar-se da pesquisa a qualquer momento que julgue conveniente. Devemos salientar,
entretanto, que os benefícios de sua participação serão importantes para melhor
compreendermos a relação entre as doenças gengivais e os rins, bem como não haverá
nenhuma despesa pessoal para o participante.
Por fim gostaríamos de ressaltar que todas as informações relativas a este estudo
serão mantidas confidencialmente, com o compromisso do pesquisador de utilizar os dados
e o material coletado somente para pesquisa, e a publicação dos resultados desta pesquisa
manterá sua identidade em sigilo.
Sendo assim, declaro que entendo todos os termos acima expostos e voluntariamente
aceito participar deste estudo.
Rio de Janeiro, _________/____________/_________
Nome do Voluntário
Assinatura do Voluntário
Pesquisador Responsável: Celso Oliveira de Sousa- Mestrando em Periodontia U.F.R.J.
End: Rua Dr. Augusto Figueiredo n
o
481- Bangu- R.J.-Tel: 3338-8792 / 2562-2035
63
ANEXO 3
64
ANEXO 4 VESTIBULAR
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27
PL (1)
IG (1)
PBS (1)
NCI (1)
SANG (1)
SUP (1)
PALATINA
PL (1)
IG (1)
PBS (1)
NCI (1)
SANG (1)
SUP (1)
VESTIBULAR
37 36 35 34 33 32 31 41 42 43 44 45 46 47
PL (1)
IG (1)
PBS (1)
NCI (1)
SANG (1)
SUP (1)
LINGUAL
PL (1)
IG (1)
PBS (1)
NCI (1)
SANG (1)
SUP (1)
65
ANEXO 5
MANIFESTAÇÕES BUCAIS E DOENÇA RENAL CRÔNICA -
REVISÃO DE LITERATURA
Oral Findings and Chronic Renal Failure – Literature Review
Celso de Sousa Oliveira
1
, Hilana Paula Carillo Artese
1
, André Guerra e Silva
2
,
Alvimar Delgado
3
, Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres
4
1
Mestrandos em Periodontia UFRJ
2
Médico do Departamento de Nefrologia do H.U.C.F.F. UFRJ
3
Chefe do Departamento de Nefrologia H.U.C.F.F. UFRJ
4
Professor Adjunto de Periodontia UFRJ
Autora correspondente: cynesiaster@gmail.com
RESUMO
Este artigo é uma revisão da literatura sobre as manifestações bucais em
pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) enfatizando uma possível associação
entre DRC e Doença Periodontal. Esta associação tem sido apresentada em
estudos mais recentes e com metodologias mais adequadas. Algumas sugestões
de mecanismos biológicos para tal associação também são exploradas.
ABSTRACT
This is a literature review on oral manifestations in chronic renal failure
(CRF) patients, emphasizing a possible relationship between CRF and Periodontal
Disease. This association has been presented on recent studies with improved
66
methodologies. Suggestions for biological mechanisms were explored.
UNITERMOS
Doença Periodontal; Doença Renal Crônica e manifestações bucais.
UNITERMS
Periodontal Disease; Chronic Renal Failure and Oral Findings
INTRODUÇÃO
A Doença Renal Crônica (DRC) pode ser definida como uma lesão renal,
com perda progressiva e irreversível da função dos rins (glomerular, tubular e
endócrina). Em sua fase mais avançada, terminal, os rins perdem a capacidade de
manter a homeostase do indivíduo. A literatura referente aos fatores de risco para
a DRC aponta vários fatores em comum para a Doença Periodontal (DP), como o
diabetes mellitus e o tabagismo (ARIC, 1989).
As doenças renais têm implicações na prática odontológica, como por
exemplo, manifestações bucais, alterações metabólicas decorrentes da falência
renal, restrições ao uso de determinados medicamentos, e considerações
referentes aos pacientes transplantados renais que fazem uso de medicação
imunossupressora (EVERSOLE, 2004; PROCTOR et al., 2005).
A incidência da DRC vem aumentando em todo mundo (ZATZ et al., 2003;
ROMÃO JR., 2004; AGARWAL et al., 2005). Este artigo de revisão resume
informações sobre DRC e suas manifestações bucais, explorando uma possível
associação entre DRC e DP, e sua plausibilidade biológica.
67
REVISÃO DA LITERATURA E DISCUSSÃO
Doença Renal Crônica (DRC)
A doença renal mediada pelo sistema imunológico apresenta diversos
mecanismos que podem lesar os rins, como a deposição de imunocomplexos
circulantes, formação de imunocomplexos in situ, lesão mediada por células T e
participação direta dos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos. Uma vez iniciada
a lesão por esses mecanismos, o processo é continuado pelos mediadores da
inflamação (interleucina 1ß e fator de necrose tumoral α).
Vários testes são utilizados para monitorar a progressão da deteriorização
renal. O exame mais freqüentemente utilizado para avaliar o ritmo de filtração
glomerular (RFG) é realizado através da taxa de depuração (clearance) plasmática
da creatinina (ZATZ, 2000).
Figura 1 – Relação entre os estágios da DRC e as enzimas do soro (LITTLE et al., 2002).
68
O gráfico representa valores e estágios da função renal relacionando-os
com níveis de creatinina sérica e uréia nitrogenada plasmática (BUN). À medida
que o indivíduo vai diminuindo o RFG, vai se percebendo o acúmulo de
metabólitos no organismo. Na maioria das vezes a DRC permanece assintomática
até níveis acima de 20ml/min do RFG. Abaixo disto, o paciente entra no estágio
final da DRC necessitando de terapia de filtração artificial (Figura 1).
Figura 2: Estadiamento (seis estágios) com base no nível de função renal, independente
do diagnóstico, e classificação da DRC (National Kidney Foundation, 2002). O
estadiamento foi proposto para auxiliar a identificação do grau de função renal no nível
clínico, epidemiológico e didático.
Manifestações bucais da DRC
As manifestações bucais da DRC na cavidade oral podem aparecer como
gengivite, palidez da mucosa (decorrente da anemia) e perda da demarcação na
linha muco gengival (OPATRY, 1997). A xerostomia pode ser encontrada, em
decorrência da restrição de fluidos e efeitos colaterais da terapia medicamentosa
(uso freqüente de diuréticos), o que predispõe tanto à doença cárie quanto à
Estadiamento e classificação da DRC
Estágio
Filtração Glomerular
(ml/min)
Grau de Insuficiência Renal
0 > 90
Grupos de risco para DRC
Ausência de Lesão Renal
1 > 90
Lesão Renal com Função Renal
Normal
2 60 – 89 IR Leve ou Funcional
3 30 – 59 IR Moderada ou Laboratorial
4 15-29 IR Severa ou Clínica
5 < 15 IR Terminal ou Dialítica
IR = insuficiência renal; DRC = doença renal crônica.
69
inflamação gengival, candidíase e sialodenite aguda supurativa (PORTER et al.,
2004).
Nos estágios finais da DRC, os níveis de uréia são tão altos que resultam
na secreção de amônia na saliva. Em decorrência desta alcalinidade salivar,
aumenta a susceptibilidade à estomatite com características clínicas semelhantes
àquelas da Gengivite Ulcerativa Necrosante. Outras manifestações bucais têm
sido mencionadas na literatura, tais como: eritema da mucosa bucal com
pseudomembrana cinza ou ulceração gengival e da mucosa jugal; paladar
metálico, disestesia dos lábios e língua, petéquias e equimoses, hipoplasia do
esmalte, obliteração pulpar, queilite angular, aumento gengival, e perda de
inserção (JAFFE et al., 1986; EVERSOLE, 2004; PROCTOR et al., 2005;
DAVIDOVICH et al., 2005). Máculas e nódulos também foram observados em 14%
dos pacientes em hd (KLASSEN & KRASKO, 2002). Algumas formas de
candidíase como, pseudomembranosa (1,9%), eritematosa (3,8%) e atrófica
(3,8%) também foram relatadas em pacientes transplantados (KING et al., 1994),
mostrando maior suscetibilidade a infecções fúngicas nos pacientes
transplantados. Outros achados como líquen plano (decorrente da associação
entre drogas diuréticas e ß-bloqueadores), e leucoplasia pilosa (secundária a
drogas imunossupressoras) também foram detectados (PROCTOR et al., 2005).
A osteodistrofia renal também pode ocorrer nos estágios avançados da
DRC, em conseqüência da glomerulonefrite e pielonefrite. Em decorrência da
função tubular prejudicada pode ocorrer o hiperparatiroidismo secundário. Os
níveis aumentados de paratormônio alteram o transporte de cálcio para fora da
matriz osteóide, podendo ocorrer uma desmineralização do osso, observada
70
freqüentemente no crânio como áreas radiotransparentes focais circunscritas,
perda de lâmina dura ao redor dos dentes, opacificação do trabeculado ósseo
(semelhante a vidro fosco) e tumores marrons. Os tumores marrons aparecem
como radiotransparências, uni ou multiloculares, circunscritas nos ossos gntáticos,
cujo aspecto histológico se assemelha ao granuloma de células gigantes
(EVERSOLE, 2004).
DRC X LESÕES NO PERIODONTO
As alterações periodontais referentes à condição renal estão bem
documentadas na literatura para os casos de aumento gengival, secundário à
terapia com drogas como a ciclosporina e nifedipina (SEYMOUR et al., 1997; LINS
et al., 2005). A ciclosporina é uma droga imunosupressora utilizada na prevenção
da rejeição dos transplantes de órgãos. Os estudos demonstram grande variação
(6 a 85%) na prevalência do aumento gengival decorrente da utilização da
ciclosporina por pacientes renais, em função da dosagem da droga, a duração da
terapia empregada, concentração da droga no plasma e quantidade de placa
bacteriana (ROCHA, 2000).
Existe um aumento na incidência e severidade do aumento gengival quando
a ciclosporina e nifedipina (bloqueadores de canais de cálcio) são prescritos em
conjunto (PROCTOR et al., 2005). O uso do tacrolimus parece apresentar uma
prevalência menor para o aumento gengival quando comparado com a
ciclosporina (SHEEHY et al., 2000).
71
DRC X Doença Periodontal (DP)
Apesar da existência de inúmeros trabalhos científicos demonstrando que
pacientes renais crônicos podem apresentar diversas manifestações bucais
advindas deste envolvimento sistêmico, pouco se sabe sobre a relação entre as
Doenças Periodontais (DPs) e a DRC.
As DPs são resultado de um processo inflamatório em resposta a uma flora
bacteriana periodontopatogênica e seus produtos. Este acúmulo bacteriano é
capaz de incitar uma resposta inflamatória através da interação placa-hospedeiro
que em desequilíbrio pode levar à perda de inserção do dente (PAGE &
KORNMAN, 1997).
Alguns estudos têm procurado verificar a relação entre Doenças
Periodontais e a DRC, entretanto, esta relação ainda não está esclarecida
(NAUGLE et al., 1998, YAMALIK et al., 1991, KSHIRSAGAR et al., 2005).
No final da década de 1970, pesquisas iniciais em pacientes com DRC (em
hd ou o) e transplantados renais (usando drogas imunossupressoras),
sugeriram que estes apresentavam um processo inflamatório reduzido e menor
destruição periodontal quando comparados com indivíduos saudáveis (OSHRAIN
et al., 1979).
Outros trabalhos também enfatizaram o tom relativamente pálido
usualmente presente em pacientes em hd (PROCTOR et al., 2005). Essa palidez
gengival parece estar associada à redução dos níveis de hemoglobina (anemia
resultante da insuficiência de eritropoietina). Algumas pesquisas mostraram que a
gengivite ou índice gengival, costuma se apresentar menor em pacientes com
72
DRC em hd comparados com indivíduos do grupo controle, a despeito de
apresentarem algum grau de inflamação (JAFFE et al., 1986; YAMALIK et al.,
1991; FRANKENTHAL et al., 2002). Outros trabalhos não demonstraram diferença
significativa entre os grupos em relação ao índice gengival (RAHMAN et al., 1992;
MARAKOGLU et al., 2003). Poucos foram os trabalhos que demonstraram índice
gengival significativamente maior em pacientes renais do que em controles
(DAVIDOVICH et al., 2005).
Alguns estudos consideraram não só a presença de gengivite, mas também
parâmetros clínicos referentes a periodontite. Entretanto, os resultados obtidos
foram bastante variados, impossibilitando uma conclusão definitiva sobre a relação
da DRC e DP. YAMALIK et al. (1991) encontraram que a profundidade de bolsa foi
significativamente maior no grupo controle do que os grupos RTR (transplantados
renais em uso de drogas imunosupressoras) e DRC em hd. Entretanto, sob o
ponto de vista metodológico, os pacientes alocados no grupo controle foram
pacientes que procuravam tratamento periodontal (com periodontite) e, portanto,
os resultados têm limitada capacidade em verificar a associação entre DP e DRC.
Outros estudos também não encontraram uma associação entre a DP e a
DRC (RAHMAN et al., 1992; MARAKOGLU et al., 2003). Marakoglu et al. (2003)
avaliaram o status periodontal de pacientes em hd comparando com um grupo
controle (sem DRC). Os resultados mostraram que 100% do grupo de pacientes
em hd apresentavam algum grau de envolvimento dos tecidos periodontais, sendo
44% de gengivite. Não foi encontrada nenhuma diferença estatisticamente
significativa entre o grupo de hd e o grupo controle em relação à profundidade de
bolsa, porém não foi avaliado o nível de inserção clínica. A mesma limitação
73
metodológica foi observada neste estudo similar ao de YAMALIK et al., 1991.
Um estudo transversal realizado em diferentes centros de hd nos EUA
avaliou o status periodontal de pacientes com DRC em hd. Os resultados
demonstraram que 100% dos indivíduos com DCR apresentaram algum grau de
DP utilizando o índice PDI (Índice Periodontal), onde 55% apresentavam gengivite
de leve a grave, e 45 % periodontite inicial a moderada. Além disso, 98% dos
pacientes da amostra apresentavam cálculo (NAUGLE et al., 1988). Cabe
considerar que este estudo não apresentou grupo controle, assim como não
detalhou os materiais e métodos utilizados.
Outros estudos também mostraram que o depósito de cálculo nos pacientes
com DRC era maior do que pacientes sem DRC (EPSTEIN et al.,1980; JAFFE et
al. 1986; KHO et al., 1999; GAVALDÁ et al., 1999; OLIVEIRA, 2005). Esses
autores sugeriram que este achado poderia estar associado à pobre higiene oral e
redução significativa do fluxo salivar. Para Epstein et al. (1980), fatores específicos
de formação do cálculo, diminuição no fluxo salivar e composição salivar estariam
envolvidos com o aumento dos níveis de cálculo nos pacientes em diálise. Quanto
à composição, os níveis de potássio e uréia estavam significativamente elevados
em comparação ao grupo controle. Mas, apesar dos achados, não houve
diferença estatística quanto à taxa de formação de novo cálculo dental entre os
grupos controle e dializados.
Sabe-se que indivíduos com DRC apresentam um declínio no ritmo de
filtração glomerular, e, conseqüentemente um aumento na atividade da
paratireóide, causando uma ação secundária nos níveis de cálcio e fosfato,
conhecido como hiperparatiroidismo secundário (HPTS), que pode trazer
74
conseqüências ao periodonto pela falha na absorção do cálcio. Entretanto, um
estudo em indivíduos com HPTS realizando hd comparados com indivíduos
saudáveis (controles) demonstrou que não houve correlação significativa entre os
índices periodontais e altura óssea radiográfica (FRANKENTHAL et al, 2002).
Um dos melhores estudos disponíveis na literatura, sob o ponto de vista
metodológico, é o de KSHIRSAGAR et al. (2005). Nesta pesquisa os autores
utilizaram dados de um estudo longitudinal prospectivo que investiga a etiologia e
história natural de várias doenças crônicas como as doenças cardiovasculares,
doença renal, dentre outras (ARIC, 1989). KSHIRSAGAR et al. (2005) avaliaram
5.537 indivíduos entre 45 e 64 anos quanto à prevalência de DRC e DP
participantes do estudo ARIC. A distribuição da DP nessa população foi de: 2314
indivíduos (42%) saudáveis ou com gengivite, 2276 (41%) com periodontite inicial
e 947 (17%) com periodontite severa. Os resultados mostraram que as
periodontites inicial e severa estavam associadas a níveis elevados de creatinina
no soro (homens >1,4mg/dL; mulheres >1,2mg/dL), utilizando uma análise de
regressão logística controlando para várias variáveis como idade, gênero, raça,
diabetes mellitus, hipertensão, tabagismo, índice de massa corporal, nível
educacional e proteína C reativa. Estudando a mesma população (ARIC),
Kshirsagar et al. (2007) estabeleceram uma relação estatisticamente significativa
entre a DP e baixos índices de filtração glomerular (< 60 ml/min/1,73 m
2
) através
da análise dos elevados níveis séricos de IgG para alguns patógenos periodontais,
como Porphyromonas gingivalis, Treponema denticola e Aggregatibacter
actinomycetemcomitans.
Outro estudo também apresentou uma associação entre DRC e destruição
75
periodontal, onde pacientes com DRC foram divididos em quatro grupos: G1 com
DRC sem diálise; G2 com DRC em diálise; G3 transplantados com diálise prévia e
G4 transplantados sem diálise prévia. Os resultados mostraram que o
sangramento gengival, a profundidade de bolsa e o NIC estavam
significativamente maiores em todos os grupos com DRC quando comparados
com o grupo controle. O índice de placa foi significativamente maior em pacientes
dos grupos G1 e G2 quando comparados com o grupo controle. O aumento
gengival foi evidente nos grupos dos transplantados (G3 e G4) associada ao uso
de normitem, nifedipina, tacrolimus e ciclosporina. A duração da diálise e o estágio
terminal de falência renal (ETDR) demonstraram uma correlação significativa com
sangramento, profundidade de bolsa, recessão gengival e perda de inserção
(DAVIDOVICH et al., 2005).
DRC X DP - Plausibilidade Biológica
Forte plausibilidade biológica tem sido sugerida em função de alterações
severas na resposta inflamatória, envolvendo mediadores químicos potentes como
a proteína C reativa (RAHMATI et al., 2002). O quadro inflamatório crônico comum
às doenças cardiovasculares, renais crônicas e periodontais poderia contribuir
para algum nível de associação, bem como, fatores de risco comuns a doenças
crônicas já associadas com doença periodontal (ARIC, 1989; BECK et al., 2001).
Esta possível associação entre a DRC e a DP ainda está sob intensa
pesquisa para que um corpo de evidências possa respaldar tal associação. Alguns
trabalhos sugerem prováveis mecanismos que suportem esta associação.
Um mecanismo possível seria o de que antígenos bacterianos
(lipopolissacarídeos) da placa subgengival ao induzirem a secreção de
76
mediadores inflamatórios (interleucina 6, fator de necrose tumoral α ,
prostaglandinas E
2
e tromboxane B
2)
aceleram a formação de trombos,
aterogenese e agregação de plaquetas. Desta forma, poderíamos ter danos às
artérias renais de médios e grandes calibres, eventualmente levando a isquemia,
glomeruloesclerose, e insuficiência renal (KSHIRSAGAR et al., 2005). De modo
semelhante ao que já foi comprovado na literatura em relação à Doença
Periodontal e Doenças Coronarianas (BECK et al., 1996), pode haver uma
associação entre DRC e DP.
Outro mecanismo sugerido por KSHIRSAGAR et al. (2005) seria o de que
patógenos periodontais, tais como, a Porphyromonas gingivalis poderiam causar
injúria direta ao néfron, visto que inúmeros procedimentos orais levam a
bacteremia transitória. Os indivíduos com doenças periodontais demonstram
episódios recorrentes e constantes bacteremia. As bactérias poderiam então ser
filtradas do sangue nos rins e conseqüentemente seus produtos atingirem
endotélio em regiões dos rins.
Um terceiro mecanismo seria não a injúria direta, mas a resposta imuno-
inflamatória exacerbada gerada por bactérias periodontopatogênicas que
poderiam afetar tecidos renais (KSHIRSAGAR et al., 2005).
Conclusão
Esta revisão de literatura revela que manifestações bucais são comumente
encontradas em pacientes com DRC. Diferentes lesões já foram identificadas,
entretanto, a relação entre a DP (periodontite) e DRC aparentemente tem sido
subestimada em função de limitações metodológicas de vários estudos. Pesquisas
77
iniciais o demonstraram uma associação entre a destruição periodontal e DRC
(RAHMAN et al., 1992; MARAKOGLU et al., 2003; JAFFE et al., 1986). Trabalhos
mais recentes começam a apresentar resultados mais convincentes quanto a uma
possível associação entre DP e DRC (KSHIRSAGAR et al., 2005; DAVIDOVICH et
al., 2005). O assunto ainda é controverso e mais pesquisas serão importantes
para sustentar essa possível associação.
A prevalência da DRC vem aumentando no mundo inteiro, e,
possivelmente, os cirurgiões-dentistas devem estar preparados para o manejo das
possíveis complicações orais e sistêmicas decorrente da DRC.
A importância de uma dentição saudável e o controle de infecções bucais é
fundamental para o sucesso do tratamento de pacientes candidatos ao transplante
renal. O controle da placa supra e subgengival reduz o risco de infecções orais
que podem predispor o indivíduo a septicemia e a possibilidade de endoarterite do
acesso vascular para hd ou do cateter para a diálise peritoneal. Os protocolos de
imunossupressão predispõem o paciente ao desenvolvimento de infecções e
aumento gengival, enfatizando a obrigatoriedade do tratamento odontológico
prévio. A valorização de um protocolo que inclua métodos de prevenção às
doenças periodontais também é fortemente recomendado (KLASSEN & KRASCO,
2002).
Bibliografia
1. Agarwal SK, Dash SC, Irshad M, Sreebhuasn R, Singh R, Pandey RM.
Prevalence of chronic renal failure in adults in Delhi, India. Nephrol Dial
Transplant 2005; 20:1638-1642.
78
2. Aric investigators. The atherosclerosis risk in communities (ARIC) study: design
and objectives. Am J Epidemiol 1989; 129: 687-702.
3. Beck JD, Elter JR, Heiss G, Couper D, Muriello SM, Offenbacher S.
Relationship of Periodontal Disease to Carotid Artery Intima-Media Wall
Thickness. The Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study. Arterioscler
Thromb Vasc Biol 2001; 21: 1816-1822.
4. Davidovich E, Schwarz Z, Davidovitch M, Eidelman E, Bimstein E. Oral findings
and periodontal status in children, adolescents and young adults suffering from
renal failure. J Clin Periodontol 2005; 32:1076-1082.
5. Epstein SR, Mandel I, Scopp IW. Salivary composition and calculus formation
in patients undergoing hemodialysis. J. Periodontol. 1980; 51 (6): 336-338.
6. Eversole LR. Doenças renais e hipertensão. In: Silverman JR; Eversole LR;
Truelove EL. Fundamentos de Medicina Oral. Primeira edição. Rio de Janeiro.
Guanabara Koogan, 2004.
7. Frankenthal S, Nakhoul F, Machtei EE, Green J, Ardekian L, Laufer D, Peled
M. The effect of secondary hyperparathyroidism and hemodialysis therapy on
alveolar bone and periodontium. J Clin Periodontol 2002; 29: 479-483.
8. Gavaldá C, Bagán JV, Scully C, Silvestre FJ, Milián MA, Jiménez Y. Renal
hemodialysis patients: oral, salivary, dental and periodontal findings in 105
adult cases. Oral Diseases 1999; 5: 299-302.
9. Jaffe EC, Roberts GJ, Chantler C, Carter JE. Dental findings in chronic renal
failure. Br. Dent. J. 1986; 160 (1): 18-20.
79
10. Jaffe EC, Roberts GJ, Carter JE. Dental maturity in children with chronic renal
failure assessed from dental panoramic tomographs. J Int Dent Child 1990;
20: 54-58.
11. Kho HS, Lee, SW, Chung SC, Kim YK. Oral manifestations and salivary flow
rate, pH, and buffer capacity in patients with end-stage renal disease
undergoing hemodialysis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod
1999; 88: 316-319.
12. King GN; Healy CM, Glover MT, Kwan JT, Williams DM, Leigh IM. Prevalence
and risk factors associated with leukoplakia, hairy leukoplakia, erithematous
candidosis, and hyperplasia in renal transplant recipients. Oral Surg Oral Med
Oral Pathol 1994; 78:718-726.
13. Klassen JT & Krasco BM. The dental health status of dialysis patients. J Can
Dent Assoc 2002; 68: 34-38.
14. Kshirsagar AV, Moss K L, Elter J R, Beck J D, Offenbacher S, Falk RJ.
Periodontal Disease is associated with renal insufficiency in the atherosclerosis
risk in communities (ARIC). Am J Kidney Dis 2005; 45: 650-657.
15. Kshirsagar AV, Offenbacher S, Moss KL, Barros SP, Beck JD. Antibodies to
Periodontal Organisms are Associated with Decreased Kidney Function. Blood
Purification 2007; 25:125-132.
16. Lins RDAU, Maciel MNC, Cruz J, Raposo C. Crescimento gengival induzido por
drogas. Parte I: Etiopatogenia e conceitos atuais. Rev Bras Patol Oral 2005;
4:17-22.
80
17. Litlle JW, Falace DA, Miller CS, Rhodus NL. Chronic renal failure. In: Litlle JW,
Falace DA, Miller CS, Rhodus NL. Dental management of the medically
compromised patient. Mosby St.Louis, Missouri, 6º ed. p.147-160, 2002.
18. Marakoglu I, Gursoy UK, Demirer S, Sezer H. Periodontal status of chronic
renal failure patients receiving hemodialysis. Yonsei Medical Journal 2003; 44:
648-653.
19. Naugle K, Darby ML, Bauman DB, Lineberger LT, Powers R. The oral health
status of individuals on renal dialisys. Ann Periodontol 1998; 3: 197-205.
20. Oliveira CM. Formação de cálculo dental em crianças e adolescents portadores
de insuficiência renal crônica. [Dissertação para Mestrado] Rio de Janeiro:
UFRJ; 2005. 76p.
21. Opatry K. Hemostasis disorders in chronic renal failure. Kidney Intl 1997; 52:
87-89.
22. Oshrain H I, Mender S, Mandel I D. Periodontal Status of patients with reduced
immunocapacity. J Periodontol 1979; 50: 185-188.
23. Page RC & Kornman KS. The pathogenesis of human periodontitis: an
introduction. Periodontol 2000 1997; 14: 9 -11.
24. Porter SR, Hegarty A, Scully C. An update of the etiology and management of
xerostomia. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2004; 97: 28-
46.
25. Proctor R, Kumar N, Stein A, Moles D, Porter S. Oral and dental aspects of
chronic renal failure. J Dent Res 2005; 84 (3): 199-208.
81
26. Rahman MM, Caglayan F, Rahman B. Periodontal health parameters in
patients with chronic renal failure and renal transplants receiving
immunosuppressive therapy. J Nihon Univ Sch Dent 1992; 34: 265-272.
27. Rahmati MA, Craig RG, Homel P, Kaysen GA, Levin NW. Serum markers of
periodontal disease status and inflammation in hemodialysis patients. Am J
Kidney Dis 2002; 40: 983-989.
28. Rocha LAG. Caracterização da distribuição de componentes modificados da
matriz extracelular (células e proteínas) da gengiva aumentada pelo uso da
ciclosporina A em pacientes transplantados renais. [Mestrado] Rio de Janeiro:
UFRJ; 2000. 137p.
29. Romão JE. Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação. J
Bras Nefrol 2004; 26: 1-3.
30. Seymour RA, Thomason JM, Nolan A. Oral lesions in organ transplant patients.
J Oral Pathol Med 1997; 26:297-304.
31. Sheehy EC, Roberts GJ, Beighton D, O’brien G. Oral heath in children
undergoing liver transplantation. Int J Pediatr Dent 2000; 10: 109-119.
32. Yamalik N, Delilbasi L, Gülay H, Caglayan F, Haberal M, Caglayan G. The
histological investigation of gengiva from patients with chronic renal failure,
renal transplants, and periodontitis: A light and electron microscopic study. J
Periodontol 1991; 62: 737-744.
33. Zatz R. Fisiopatologia Renal, 2
a
ed. São Paulo: Editora Ateneu, 2000.
34. Zatz R, Romão JR, JE, Noronha IL. Nephrology in Latin America, with special
emphasis on Brasil. Kidney Int Suppl 2003; 83: S131-S134.
82
ANEXO 6: ARTIGO : JOURNAL OF NEPHROLOGY
Is there an association between Chronic Kidney Disease and
Periodontal Disease?
Celso de Sousa Oliveira
1
, Hilana Paula Carillo Artese
1
, Alvimar Gonçalves
Delgado
2
, Ronir Raggio Luiz
3
, Maria Cynésia Medeiros de Barros Torres
4
1
Post-graduate students, Dental Clinic Department, Periodontology Division,
School of Dentistry, Federal University of Rio de Janeiro, UFRJ - Brazil
2
Associate Professor, Nephrology Division, Clementino Fraga Filho University
Hospital, Federal University of Rio de Janeiro, UFRJ - Brazil
3
Associate Professor, Institute of Public Health Studies, Federal University of Rio
de Janeiro, UFRJ – Brazil
4
Associate Professor, Dental Clinic Department, Periodontology Division, School
of Dentistry, Federal University of Rio de Janeiro, UFRJ Brazil -
ABSTRACT
Background: Recent studies suggest that Periodontal Disease may play a role in
Chronic Kidney Disease (CKD). Periodontitis is a multi- bacterial infection clinically
manifested by inflammation and destruction of tissues around the teeth. We
hypothesize that the periodontal tissue inflammation and destruction may be
associated with CKD. The objective of this case-control investigation was to
evaluate clinical periodontal parameters of CKD patients compared to a control
group.
83
Methods: This study was performed with 47 CKD patients (cases) and 42 controls,
ranging from 35-75 years of age. Clinical measurements included: plaque index,
gingival index, suppuration, bleeding on probing, number of teeth, probing depth,
attachment loss, and calculus index. Medical and demographic information
included: age, gender, body weight, ethnicity, level of education, smoking profile,
plasmatic creatinine, clearance of creatinine, and C reactive protein.
Results: CKD patients showed statistically more signs of inflammation than
controls (p<0.004). Mean plaque index was higher in the cases than in the controls
(p<0.01). CKD patients showed more signs of destruction compared to the control
group. PD 7 mm was statistically more prevalent in CKD patients than in controls
(p<0.02). Similar results were found for severe AL, showing the mean of sites with
AL 7 mm higher for cases (p<0.01). Tooth loss was also significantly higher in
CKD patients than controls (p<0.03). No significant differences between the two
groups were found for bleeding on probing and suppuration. Calculus index
showed significantly higher mean values for cases than controls (p<0.0001). There
was no significant difference for C reactive protein between the groups. Logistic
regression models with low glomerular filtration rate (GFR) as the outcome variable
showed a significant association for age, calculus index and body weight.
INTRODUCTION
Several studies explored the oral manifestations of CKD (RAHMATI et al.,
2002; PORTER et al. 2004; PROCTOR et al., 2005) some of them observed
periodontal features, however, the results were contradictory and the
methodologies used were variable leading to misinterpretations. The majority of
those studies also focused on patients with CKD receiving haemodialysis, or in
84
patients with end-stage renal failure, or immunosuppressed patients (kidney
transplantation). It is not established if there is a relationship between Chronic
Kidney Disease (CKD) and Periodontal Disease (Periodontitis). Nevertheless, a
recent transversal study found a strong association between elevated serum
creatinine levels and periodontal destruction (KSHIRSAGAR et al., 2005; 2007).
Considering the fact that a number of kidney disease cases can not be explained
by the usual primary reasons, such as, diabetes mellitus, pyelonephritis,
glomerulonephritis, nephrosclerosis, polycystic kidney disease and collagen
vascular disease (ZATZ et al., 2003; LITTLE et al., 2002), some other factors may
play a role in CKD pathogenesis. The inflammatory profile of Periodontal Disease
may be one of them. Periodontitis is an infection of the teeth supportive tissues
caused by the interaction between Gram - negative bacteria and the host immune
response (PAGE & KORNMAN, 1997). Subgingival species incite a systemic and
local inflammatory response with result in periodontal destruction (SOCRANSKY &
HAFFAJEE, 1994). CKD has risk factors in common with Periodontal Disease,
such as, diabetes mellitus and smoking. An association between atherosclerotic
cardiovascular disease (ACD) and Periodontal Disease (ARIC, 1989; MATTILA et
al., 1995; BECK et al., 2001) has been found based on the inflammatory mediators
profile contributing on both pathogenesis. Following this scenario, the present
case-control study explores the CKD condition of patients with stages 2, 3 and 4
(National Kidney Foundation, 2002), and its relation to periodontal clinical
parameters, socio-demographic aspects, and C reactive protein.
85
SUBJECTS AND METHODS
Subjects
This case-control study comprised 47 CKD patients (cases) recruited from the
Nephrology Division, and 42 controls recruited from the General Medicine Division
of Clementino Fraga Filho University Hospital (Federal University of Rio de
Janeiro) during 2006/7. All subjects included in the study were informed about the
aims of the study, risks and benefits and signed an informed consent form. The
Ethics Committee of the Institute of Public Health Studies (UFRJ), approved this
study. The population suitable to take part of the study should be 35-75 years of
age and should have at least 15 teeth. Exclusion criteria included: HIV positive
patients, pregnant women, lupus erythematosus and rheumatoid arthritis patients,
individuals requiring antibiotic prophylaxis, and those that received antibiotic
therapy in the last 6 months.
Methods
This case-control study used the glomerular filtration rate (GFR) to define the case
and the control groups. The CKD group (cases) was comprised of patients with
clinical diagnosis of renal failure, and on stage 2 (GFR = 60-89ml/min), stage 3
(GFR = 30-59ml/min.), or stage 4 (GFR = 15-29ml/min.), based on the National
Kidney Foundation guidelines (2002). The control group was comprised of patients
seeking for medical care, however with no signs and symptoms of renal disease
and GFR >90ml/min. Detailed medical history was obtained from all subjects at
86
baseline, as well as information about age, gender, body weight, ethnicity, level of
education and smoking profile. Further information was taken from their clinical
records, such as: plasmatic creatinine, clearance of creatinine, and C reactive
protein (CRP), in the last month. All volunteers received a full-mouth periodontal
examination including the following clinical measurements: plaque index (PI),
gingival index (GI), suppuration (SUP), bleeding on probing (BOP), number of
teeth, probing depth (PD), attachment loss (AL), and calculus index (VOLPE et al.,
1965). A single calibrated examiner, evaluating six sites per tooth (mesio-buccal,
buccal, disto-buccal, mesio-lingual, lingual, and disto-lingual) on all teeth excluding
third molars, performed the periodontal examination. Plaque Index (PI) and
Gingival Index (GI) were dichotomous measurements consisting on visual
presence or absence (0 or 1) of plaque and bleeding, respectively. Probing depth-
PD (mm), attachment loss-AL (mm), suppuration-SUP (0 or 1), bleeding on
probing-BOP (0 or 1), and calculus index, were performed with a North Caroline
(UNS 15mm) Hu-Friedy probe. Calculus index was performed using the following
criteria: The lingual surfaces of the lower anterior teeth were selected as those to
be measured because of their predisposition towards calculus formation. The
periodontal probe was inserted to the most inferior border of visible calculus
formation in such a manner to bisect the lingual surface of the lower incisors, or to
reach diagonally through the point of greatest height of calculus formation (VOLPE
et al., 1965). In order to calculate the GFR values, it was used the Cockcroft-
Gault formula based on serum creatinine concentration. The GFR has been used
to estimate renal function. This formula has been developed to predict creatinine
87
clearance from serum creatinine (S
cr
) in adult males (COCKCROFT & GAULT
,1976):
(140-age) (wt Kg)
C
r
=
72 x S
cr
(mg/100 ml)
Statistical analysis
The comparison between the case and control groups for mean age was obtained
using Mann-Whitney Test. Socio-demographic data, such as gender, ethnicity,
level of education, and smoking habits comparing the two groups were calculated
by Chi-Square Tests. Clinical parameters were averaged for each subject and then
averaged within the subject groups. Significance of differences between groups for
clinical values was determined using the Mann-Whitney Test. PD and AL were also
divided into categories according their level of periodontal destruction: 1-3 mm, 4-6
mm, 7 mm, and significant differences between groups for these clinical values
was determined using the Mann-Whitney Test. The analysis for VOLPE index
comparing the two groups (cases and controls) was performed using Mann-
Whitney Test considering an absolute numeric value (mean value). An analysis for
VOLPE index, comparing the two groups (cases and controls), was also performed
categorizing the index in code 1, 2 and 3, and Chi-Square Test was used.
Spearman correlation coefficients were calculated between clinical periodontal
parameters and GFR for the whole population of the study. Linear logistic
regressions were carried out to assess the association between clinical periodontal
88
parameters (PI, GI, SUP, BOP, PD, AL and calculus), CRP, body weight, and GRF
values in this study population.
Model 1 tested GRF (dependent variable) with AL 7 mm, AGE and PI. Model 2
tested GRF with AL 7 mm, calculus, age and body weight. Model 3 tested GRF
with GI, AL 7 mm, calculus, age and body weight.
RESULTS
An Intraclass Correlation Coefficient Test (ICC) was calculated in order to
evaluate clinical calibration for periodontal parameters. A single examiner
performed the clinical periodontal examination of this study, and the ICC for PD, AL
and VOLPE index were above 0.85.
A total of 89 individuals took part in the study, 47 were placed in the case
group and 42 in the control group. Table 1 provides demographic features and
smoking status of the population. For age and gender, significant differences were
observed between the two groups. Subjects in the case group had higher mean
age than the controls, and more males than females, respectively p<0.006 and
p<0.018. Differences were also found between the groups in the level of education,
being the level of education higher in the control group than the case group
(p<0.02). Nevertheless, there were no significant differences for smoking status
and ethnicity.
A detailed analysis of the periodontal status and CRP of the groups is
shown in Table 2. CKD patients showed more signs of inflammation and
periodontal destruction than controls. Gingival and plaque indexes (GI and PI)
showed higher statistically different mean values in CKD individuals than in
89
controls, respectively, p<0.004 and p<0.01. Similarly, mean plaque value was
higher in the case individuals than the controls (p<0.01). Periodontal supportive
tissues evaluation, measured by probing depth (PD) and attachment level (AL),
showed more signs of Periodontitis in the case group compared to the control
group. For instance, the mean of sites with PD 7 mm of the cases showed a
statistically significant difference than the controls (p<0.02). Similar results were
found for severe attachment loss, showing the mean of sites with AL 7 mm of the
CKD group demonstrated a statistically significant difference from the control group
(p<0.01). On the other hand, shallow pockets (PD 1-3 mm) were significantly
higher for controls individuals than for cases (p<0.05). These results demonstrated
that the controls had less periodontal disease than the cases. Tooth loss was also
significantly higher in CKD patients than controls (p<0.03). No significant
differences between the two groups were found for mean percentage of sites for
BOP, SUP and CRP.
Calculus index showed significantly higher mean values for patients with
CKD (cases) than in the controls (p<0.0001), and also by categorizing the index
(p<0.001).
Correlations between GFR levels and clinical periodontal parameters are
shown in Tables 3 and 4. There were significant negative correlations between AL
mean and GFR levels (p< 0.04). Similarly, there were significant negative
correlations between quantity of calculus and GFR levels (p< 0.0001). There were
significant positive correlations between PD of 1-3mm (shallow pockets) and GFR
levels (p< 0.04). There were also significant positive correlations between AL of 1-
3mm (slight periodontal destruction) and GFR levels (p< 0.01). On the other hand,
90
there were significant negative correlations between PD and AL of 7 mm (severe
periodontal destruction) and GFR levels, respectively, p< 0.04 and p< 0.01.
Correlations between CRP levels and clinical periodontal parameters, age
and body weight were shown in Table 5. There were a significant positive
correlations between CRP and mean PD of the study population, and mean AL of
the study population, age and body weight, respectively, p< 0.03, p< 0.003, p<
0.04 and p< 0.01.
The results of the regression analysis showed for Model 1 significance for
age was found (p< 0.0001). For Model 2 tested significance was found for age,
calculus and body weight (p< 0.001, p< 0.001, p< 0.0001). For Model 3 tested,
significance was found for age, calculus, and body weight (Table 6).
Correlations between CRP levels and mean cholesterol levels, and GRF,
and triglycerides were presented in Table 7. There was a significant positive
between CRP levels and triglycerides (p< 0.05).
91
DISCUSSION
The results of this study, in part, confirm the outcomes of recent investigations,
which reported an association between Periodontal Disease and Chronic Kidney
Disease (DAVIDOVICH et al., 2005; KSHIRSAGAR et al., 2005; 2007). However,
further studies are required to establish this possible association.
In our study, we compared periodontal parameters of CKD patients with a control
group. The GFR was used to define cases and controls, considering that it is the
most important parameter for estimating renal function in kidney disease patients.
In our study, CKD patients showed more signs of inflammation (GI) than controls
(p<0.004). A few studies also demonstrated more gingivitis on CKD patients than
controls, however those studies used patients receiving haemodialysis
(DAVIDOVICH et al., 2005). On the other hand, the majority of studies in the
literature demonstrated that CKD patients showed less signs of inflammation than
a control group. However, these studies also evaluated CKD patient on
haemodialysis. This characteristic was clinically mentioned as a pale gingival
aspect. This pale aspect may be related to a reduction of serum haemoglobin
associated to anemia (TOLLEFSEN & JOHANSEN, 1985 a e b; JAFFE et al.,
1986; YAMALIK et al., 1991; FRANKENTHAL et al., 2002; PROCTOR et al.,
2005). However other studies did not find a significantly statistical difference
between CKD receiving haemodialysis and a control group in relation to gingival
index (OSHRAIN et al., 1979; RAHMAN et al., 1992; MARAKOGLU et al., 2003).
An important characteristic of our study is that, it was performed on CKD patients
before the need for haemodialysis, which decreases possible confounding factors
92
usually observed in studies with patients receiving haemodialysis and renal
transplanted individuals.
In this study population, we found significantly more periodontal destruction
in CKD individuals than in controls. Interestingly, shallow pockets (PD = 1-3 mm)
were more prevalent in control individuals (p<0.05). On the other hand, deep
pockets ( 7 mm) were more prevalent in CKD patients (p<0.02). Similar pattern
was observed for AL, showing that severe AL ( 7 mm) was higher in cases than in
controls (p<0.01). Some previous investigations evaluated the relationship
between periodontal support parameters and CKD, however the results were very
variable. For instance, Yamalik et al. (1991) evaluated the periodontal status of 3
groups (renal transplant, haemodialysis and healthy control). The control group
had higher probing depths when compared with other groups. However, this study
showed a methodological limitation to establish an association between CKD and
PD when allocate only patients seeking periodontal treatment in the control group.
Another study examined groups of patients with uremia, on haemodialysis, and
transplanted (immunosuppressive regimen) patients. The results showed no
statistically significant difference between the three groups regarding the number of
existing teeth, pocket depth, and radiographic alveolar bone height (TOLLEFSEN
& JOHANSEN, 1985b).
MARAKOGLU et al. (2003), evaluated the periodontal status of patients receiving
haemodialysis and compared with a control group of healthy patients. The results
showed that 100% of hemodialysis patients had some degree of periodontal
involvement, where 44% showed gingivitis. No statistically significant difference
93
was observed in the clinical parameters (plaque, gingivitis, and probing depth)
between the two groups, and attachment loss was not evaluated. This study design
also showed a sampling limitation since the control group included patients seeking
periodontal treatment.
Our results showed more calculus in CKD patients compared to controls
(p<0.0001). This association was established independently of other confounding
variables in the logistic regression analysis (p<0.001). Some previous studies also
showed elevated dental calculus index on CKD patients. Gaval et al. (1999),
observed that the mean plaque and calculus index were significantly higher among
CKD patients receiving haemodialysis compared to healthy controls. Mean
stimulated salivary secretions were significantly lower among the CKD patients
receiving hemodialysis. Epstein et al. (1980), found that lower salivary flow rate in
CKD patients on dialysis. JAFFE et al. (1986); KHO et al. (1999); MARTINS et al.
(2006) also found significantly more calculus in children and adults CKD patients
undergoing hemodialysis compared to controls individuals.
We hypothesize that the periodontal tissue destruction may be associated
with Chronic Kidney Disease. Increases on systemic inflammatory mediators and
acute phase proteins are suggested to be of the possible mechanism supporting
this association (NOACK et al., 2001). In our results, we could not find any
statistical difference for CRP between cases and controls (Table 2). However, CRP
was correlated positively with PD mean, AL mean, age and body weight,
respectively, p<0.03, p<0.003, p<0.04, and p<0.01 (Table 5).
94
The results of the regression analysis adjusted for AL 7 mm, age, calculus,
gingival index and body weight, showed an association between reduced GRF
levels and age, calculus and body weight (Table 6).
Correlations between CRP levels and mean cholesterol levels, and GRF,
and triglycerides were presented in Table 7. There was a significant positive
between CRP levels and triglycerides (p< 0.05). These results confirmed the
literature on cardiorenal features (WESTHUYZEN & HEALY, 2000;
McCULLOUGH, 2004).
This study has some limitations. First, the case group had some differences
when compared with the control for age and level of education. Second, the CRP
values were collected at the same day of the periodontal examination or one month
after, depending on the laboratory demand. Future need for studies is necessary in
order to clarify this possible relationship.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors acknowledge the assistance of fellow professors and post-graduate
students for discussion during the period of the project elaboration. This study
was supported by the Foundation for Research Financial Support of the State of
Rio de Janeiro (FAPERJ), Brazil.
95
Bibliografia
35. ARIC INVESTIGATORS. The atherosclerosis risk in communities (ARIC)
study: design and objectives. Am J Epidemiol 1989, 129: 687-702.
36. BECK JD, ELTER JR, HEISS G, COUPER D, MURIELLO SM,
OFFENBACHER S. Relationship of Periodontal Disease to Carotid Artery Intima-
Media Wall Thickness. The Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study.
Arterioscler Thromb Vasc Biol 2001; 21: 1816-1822.
37. COCKCROFT DW, GAULT MH. Prediction of creatinine clearance from
serum creatinine. Nephron 1976; 16: 31-41.
38. DAVIDOVICH E, SCHWARZ Z, DAVIDOVITCH M, EIDELMAN E,
BIMSTEIN E. Oral findings and periodontal status in children, adolescents and
young adults suffering from renal failure. J Clin Periodontol 2005; 32:1076-1082.
39. EPSTEIN, SR; MANDEL, I; SCOPP, IW. Salivary composition and calculus
formation in patients undergoing hemodialysis. Journal of Periodontology, 1980;
vol. 51, n°6.
40. FRANKENTHAL S, NAKHOUL F, MACHTEI EE, GREEN J, ARDEKIAN L,
LAUFER D, PELED M. The effect of secondary hyperparathyroidism and
hemodialysis therapy on alveolar bone and periodontium. J Clin Periodontol 2002;
29: 479-483.
41. GAVALDÁ, C; BAGÁN, JV; SCULLY, C; SILVESTRE, FI.; MLLIÁN, MA;
JIMÉNEZ, Y. Renal hemodialysis patients: oral, salivary, dental and periodontal
findings in 105 adult cases. Oral Diseases, 1999; n°5, p.299-302.
42. JAFFE, E.C.; ROBERTS, G.J; CHANTLER, C.; CARTER, J.E. Dental
findings in chronic renal failure. British Dental Journal. 1986; 160 (1): p.18-20.
43. KHO HS, LEE SW, CHUNG SC, KIM YK Oral manisfestations and salivary
flow rate, pH, and buffer capacity in patients with end-stage renal disease
undergoing hemodialysis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1999;
88: 316-319.
44. KSHIRSAGAR AV, MOSS K L, ELTER J R, BECK J D, OFFENBACHER S,
FALK RJ. Periodontal Disease is associated with renal insufficiency in the
atherosclerosis risk in communities (ARIC). Am J Kidney Dis 2005; 45: 650-657.
45. KSHIRSAGAR AV, OFFENBACHER S, MOSS KL, BARROS SP, BECK
JD. Antibodies to Periodontal Organisms are Associated with Decreased Kidney
Function. Blood Purification 2007; 25:125-132.
96
46. LITLLE, J W; FALACE, DA; MILLER, CS; RHODUS, N L Chronic renal
failure. In: LITLLE, JW; FALACE, DA; MILLER, CS; RHODUS, NL.Dental
management of the medically compromised patient. Mosby St.Louis, Missouri,
6º ed. 2002; p.147-160.
47. MARAKOGLU, I.; GURSOY, U.K.; DEMIRER, S.; SEZER, H. Periodontal
status chronic renal failure patients receiving haemodialysis. Yonsei Medical
Journal, 2003; vol.44, p.648-653.
48. MARTINS, C; SIQUEIRA, WL; PRIMO, LG; OLIVEIRA, E; NICOLAU, J.
Salivary analysis of patients with chronic renal failure undergoing hemodialysis.
Special Care of Dentistry, 2006; 26, p.205-208.
49.
M
M
A
A
T
T
T
T
I
I
L
L
A
A
K
K
J
J
,
,
V
V
A
A
L
L
T
T
O
O
N
N
N
N
E
E
N
N
V
V
V
V
,
,
N
N
I
I
E
E
M
M
I
I
N
N
E
E
M
M
M
M
S
S
,
,
H
H
U
U
T
T
T
T
U
U
N
N
E
E
M
M
J
J
K
K
.
.
D
D
e
e
n
n
t
t
a
a
l
l
i
i
n
n
f
f
e
e
c
c
t
t
i
i
o
o
n
n
a
a
n
n
d
d
t
t
h
h
e
e
r
r
i
i
s
s
k
k
o
o
f
f
t
t
h
h
e
e
n
n
e
e
w
w
c
c
o
o
r
r
o
o
n
n
a
a
r
r
y
y
e
e
v
v
e
e
n
n
t
t
s
s
:
:
p
p
r
r
o
o
s
s
p
p
e
e
c
c
t
t
i
i
v
v
e
e
s
s
t
t
u
u
d
d
y
y
o
o
f
f
p
p
a
a
t
t
i
i
e
e
n
n
t
t
s
s
w
w
i
i
t
t
h
h
d
d
o
o
c
c
u
u
m
m
e
e
n
n
t
t
e
e
d
d
c
c
o
o
r
r
o
o
n
n
a
a
r
r
y
y
a
a
r
r
t
t
e
e
r
r
y
y
d
d
i
i
s
s
e
e
a
a
s
s
e
e
.
.
C
C
l
l
i
i
n
n
I
I
n
n
f
f
e
e
c
c
t
t
D
D
i
i
s
s
1
1
9
9
9
9
5
5
;
;
2
2
0
0
:
:
5
5
8
8
8
8
-
-
5
5
9
9
2
2
.
.
50.
M
M
C
C
C
C
U
U
L
L
L
L
O
O
U
U
G
G
H
H
,
,
P
P
A
A
.
.
C
C
a
a
r
r
d
d
i
i
o
o
v
v
a
a
s
s
c
c
u
u
l
l
a
a
r
r
d
d
i
i
s
s
e
e
a
a
s
s
e
e
i
i
n
n
c
c
h
h
r
r
o
o
n
n
i
i
c
c
k
k
i
i
d
d
n
n
e
e
y
y
d
d
i
i
s
s
e
e
a
a
s
s
e
e
f
f
r
r
o
o
m
m
c
c
a
a
r
r
d
d
i
i
o
o
l
l
o
o
g
g
i
i
s
s
t
t
s
s
p
p
e
e
r
r
s
s
p
p
e
e
c
c
t
t
i
i
v
v
e
e
.
.
C
C
u
u
r
r
r
r
r
r
O
O
p
p
i
i
n
n
N
N
e
e
p
p
h
h
r
r
o
o
l
l
H
H
y
y
p
p
e
e
r
r
t
t
e
e
n
n
s
s
,
,
2
2
0
0
0
0
4
4
;
;
1
1
3
3
(
(
6
6
)
)
:
:
5
5
9
9
1
1
-
-
6
6
0
0
0
0
.
.
51.
N
N
A
A
T
T
I
I
O
O
N
N
A
A
L
L
K
K
I
I
D
D
N
N
E
E
Y
Y
F
F
O
O
U
U
D
D
A
A
T
T
I
I
O
O
N
N
,
,
K
K
/
/
D
D
O
O
Q
Q
I
I
c
c
l
l
i
i
n
n
i
i
c
c
a
a
l
l
p
p
r
r
a
a
c
c
t
t
i
i
c
c
e
e
g
g
u
u
i
i
d
d
e
e
l
l
i
i
n
n
e
e
s
s
f
f
o
o
r
r
c
c
h
h
r
r
o
o
n
n
i
i
c
c
k
k
i
i
d
d
n
n
e
e
y
y
d
d
i
i
s
s
e
e
a
a
s
s
e
e
:
:
e
e
v
v
a
a
l
l
u
u
a
a
t
t
i
i
o
o
n
n
,
,
c
c
l
l
a
a
s
s
s
s
i
i
f
f
i
i
c
c
a
a
t
t
i
i
o
o
n
n
,
,
a
a
n
n
d
d
s
s
t
t
r
r
a
a
t
t
i
i
f
f
i
i
c
c
a
a
t
t
i
i
o
o
n
n
.
.
A
A
m
m
e
e
r
r
i
i
c
c
a
a
n
n
J
J
o
o
u
u
r
r
n
n
a
a
l
l
o
o
f
f
K
K
i
i
d
d
n
n
e
e
y
y
D
D
i
i
s
s
e
e
a
a
s
s
e
e
,
,
2
2
0
0
0
0
2
2
;
;
v
v
o
o
l
l
.
.
3
3
9
9
,
,
(
(
2
2
s
s
u
u
p
p
p
p
l
l
i
i
1
1
)
)
S
S
1
1
-
-
2
2
6
6
6
6
.
.
52.
N
N
O
O
A
A
C
C
K
K
,
,
B
B
;
;
G
G
E
E
N
N
C
C
O
O
,
,
R
R
J
J
;
;
T
T
R
R
E
E
V
V
I
I
S
S
A
A
N
N
,
,
M
M
;
;
G
G
R
R
O
O
S
S
S
S
I
I
,
,
S
S
;
;
Z
Z
A
A
M
M
B
B
O
O
N
N
,
,
J
J
J
J
;
;
D
D
E
E
N
N
A
A
R
R
D
D
I
I
N
N
,
,
E
E
.
.
P
P
e
e
r
r
i
i
o
o
d
d
o
o
n
n
t
t
a
a
l
l
i
i
n
n
f
f
e
e
c
c
t
t
i
i
o
o
n
n
s
s
c
c
o
o
n
n
t
t
r
r
i
i
b
b
u
u
t
t
e
e
t
t
o
o
e
e
l
l
e
e
v
v
a
a
t
t
e
e
d
d
s
s
y
y
s
s
t
t
e
e
m
m
i
i
c
c
C
C
-
-
r
r
e
e
a
a
c
c
t
t
i
i
v
v
e
e
p
p
r
r
o
o
t
t
e
e
i
i
n
n
l
l
e
e
v
v
e
e
l
l
.
.
J
J
o
o
u
u
r
r
n
n
a
a
l
l
o
o
f
f
P
P
e
e
r
r
i
i
o
o
d
d
o
o
n
n
t
t
o
o
l
l
o
o
g
g
y
y
,
,
2
2
0
0
0
0
1
1
;
;
7
7
2
2
:
:
1
1
2
2
2
2
1
1
-
-
1
1
2
2
2
2
7
7
.
.
53. OSHRAIN H I, MENDER S, MANDEL I D. Periodontal Status of patients
with reduced immunocapacity. J Periodontol 1979; 50: 185-188.
54. PAGE RC & KORNMAN KS. The pathogenesis of human periodontitis: an
introduction. Periodontol 2000 1997; 14: 9 -11.
55. PORTER SR, HEGARTY A, SCULLY C. An update of the etiology and
management of xerostomia. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod
2004; 97: 28-46.
56. PROCTOR, R.; KUMAR, N.; STEIN, A.; MOLES, D.; PORTER, S. Oral and
dental aspects of chronic renal failure. Journal of Dental Research, 2005; vol.84:
p.199-208.
57. RAHMAN MM, CAGLAYAN F, RAHMAN B. Periodontal health parameters
in patients with chronic renal failure and renal transplants receiving
immunosuppressive therapy. J Nihon Univ Sch Dent 1992; 34: 265-272.
97
58. RAHMATI MA, CRAIG RG, HOMEL P; KAYSEN GA, LEVIN NW. Serum
markers of periodontal disease status and inflammation in hemodialysis patients.
Am J Kidney Dis 2002; 40: 983-989.
59. SOCRANSKY SS, HAFFAJEE AD. Evidence of bacterial etiology: a
historical perspective. Periodontol 2000 1994; 5; 7-25.
60. TOLLEFSEN T & JOHANSEN JR. The periodontal status of prospective and
renal transplant patients. Comparison with systemically healthy subjects. J
Periodontol Res 1985 a; 20:220-226.
61. TOLLEFSEN T & JOHANSEN JR. Periodontal status in patients before and
after renal allotransplantation. J Periodont Res 1985 b; 20: 227-236.
62. VOLPE, A.R.; MANHOLD, J.H.; HAZEN, S.P. In vivo calculus assessment:
Part I A method and its examiner reproducibility. Journal of Periodontology, 1965;
vol. 36,p.292-298.
63. YAMALIK N, DELILBASI L, GÜLAY H, CAGLAYAN F, HABERAL M,
CAGLAYAN G. The histological investigation of gingiva from patients with chronic
renal failure, renal transplants, and periodontitis: A light and electron microscopic
study. J Periodontol 1991; 62: 737-744.
64. WESTHUYZEN, J & HEALY, H Review: Biology and relevance of C-reactive
protein in cardiovascular and renal disease. Ann Clin Lab Sci, 2000; 30: 133-143.
65. ZATZ R, ROMÃO JR, JE, NORONHA IL. Nephrology in Latin America, with
special emphasis on Brasil. Kidney Int Suppl 2003; 83: S131-S134.
98
Table1 – Demographic features and smoking status of the study population
DEMOGRAPHIC FEATURES
AND SMOKING STATUS
CASE
(n =47)
CONTROL
(n =42)
p value
Age (years)
Mean ± SD
56.62 ± 11.94
50.55 ± 7.26 0.006*
White 55.32 45.24
Black 23.41 33.33
Ethnicity (%)
Others 21.28 21.43
NS
Female 44.68 71.42
Gender
(%)
Male 55.31 28.57
0.018
Smoking 8.51 9.52
Smoking
(%)
No smoking 91.49 90.48
NS
SD= Standard deviation
* Significant differences between groups using Mann Whitney (p< 0,05)
† Significant differences between groups using Chi-Square (p< 0,05)
NS – no statistical significance
99
Table 2 – Clinical periodontal parameters, CRP, GFR of cases and controls
Parameters
CASE (n=47)
CONTROL (n=42)
p value
GI (mean±SD) % sites
33.7 ± 0.24
20.0 ± 0.18
0.004*
PI (mean±SD) % sites
67.3 ±0.21
55.4 ± 0.22
0.01*
SUP (mean±SD) % sites
4.7 ± 0.09
5.4 ± 0.11
NS
BOP (mean±SD) % sites
56.8 ± 0.22
52.6 ± 0.21
NS
Number of teeth
(mean±SD)
19.66 ± 3.90
21.52 ± 3.79
0.03 *
1 a 3 mm 58.3 ± 0.16 65.7 ± 0.16 0.05 *
4 a 6 mm 10.5 ± 0.10 9.9 ± 0.09 NS
PD
7mm
31.1 ± 0.14 24.3 ± 0.14 0.02 *
1 a 3 mm 47.9 ± 0.20 58.6 ± 0.20 0.02 *
4 a 6 mm 18.0 ± 0.12 15.7 ± 0.12 NS
AL
7mm
34.1 ± 0.15 25.6 ± 0.15 0.01 *
Calculus (Volpe)
3,77 ± 3.20 1.54 ± 2.27 0.0001**
0 17.0
n =8
38.0
n =16
1 12.8
n =6
31.0
n =13
Calculus (Volpe)
2 70.2
n =33
31.0
n =13
0.001
CRP (mean±SD)
(mg/L)
6.31± 13.14 4.93± 8.96 NS
GFR (mean±SD)
(mL/min./1.73m
2
)
45.60 ± 23.79
104.6 ± 33.78 0.0001
† †
* Significant differences between groups using Mann Whitney (p< 0,05)
** Significant differences between groups using Mann Whitney (p< 0,001)
† †Significant differences between groups using Chi-Square (p< 0,001)
NS – no statistical significance
100
Table 3 Correlation between glomerular filtration rate (GFR) and clinical
periodontal parameters.
Renal
parameters
PD
mean
AL Mean GI Mean
Volpe
Index
Number of
teeth loss
Correlation
coefficient
-0.118 -0.221* -0.192 -0.441** 0.201 GFR
P value 0.27 0.04* 0.73 0.0001** 0.06
* Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,05)
** Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,01)
Table 4 Correlation between glomerular filtration rate (GFR) and clinical
periodontal parameters (categories of PD and AL).
Sites with PD Sites with AL Renal
parameters
1-3 mm 4-6 mm 7 mm 1-3 mm 4-6 mm 7 mm
Correlation
coefficient
0.217* -0.082 -0.211* 0.262* -0.181 -0.250* GFR
P value 0.04* 0.45 0.04* 0.01* 0.09 0.01*
* Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,05)
101
Table 5 Correlation between C reactive protein and clinical periodontal
parameters:
Parameters C reactive protein
Correlation coefficient P value
Mean GI 0.161 0.142
Mean PD 0.234* 0.03*
Mean AL 0.318** 0.003**
age 0.222* 0.04*
Body weight 0.280** 0.01**
Volpe (absolute) 0.207 0.057
Number of teeth -0.016 0.884
* Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,05)
** Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,01)
Table 6 Results of linear logistic regression of several independent variables on
CKD (GFR less than 89 mL/min./1.73m
2
):
Independent Variables
Regression
Coefficient
Standard
Error
P value
AL 7 mm -33.95 22.64 0.137
age -1.25 0.35 0.01*
Volpe absolute -4.42 1.30 0.01*
Body weight 1.02 0.23 0.001**
GI 2.3 16.82 0.891
* Level of significance (p< 0,01)
** Level of significance (p< 0,001)
102
Table 7 Correlation between C reactive protein and mean cholesterol levels, and
GRF, and triglycerides.
Inflammatory mediator
triglycerides
mg/dL
cholesterol
mg/dL
GRF
Ml/min.
Correlation
coefficient
0.266* 0.048 -0.71
CRP
P value 0.018 0.68 0.52
* Spearman’s rho value for variables that the correlation is significant (p< 0,05)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo