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UFRRJ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
– ICHS
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E
ESTRATÉGIA EM NEGÓCIOS
DISSERTAÇÃO
Gestão do Conhecimento: Uma Estratégia Para
A Aprendizagem Organizacional – O Caso de Uma
Instituição de Ensino Superior
Teresa Cristina Seabra de Almeida
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E ESTRATÉGIA EM
NEGÓCIOS
Gestão do Conhecimento: Uma Estratégia para
a Aprendizagem Organizacional – O Caso de Uma
Instituição de Ensino Superior
TERESA CRISTINA SEABRA DE ALMEIDA
Sob a Orientação do Professor
Silvestre Prado de Souza Neto
Dissertação submetida como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Ciências no
curso de Mestrado Profissional de
Gestão e Estratégia em Negócios.
Seropédica, RJ
Dezembro de 2008
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UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
658.4038
A447g
T
Almeida, Teresa Cristina Seabra de, 1960-
Gestão do Conhecimento: Uma Estratégia
Para A Aprendizagem Organizacional – O Caso
de Uma Instituição de Ensino Superior /
Teresa Cristina Seabra de Almeida – 2008.
92. : il.
Orientador: Silvestre Prado de Souza
Neto.
Dissertação (mestrado) Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Curso de
Pós-Graduação em Gestão e Estratégia em
Negócios.
Bibliografia: f. 71-73
1. Gestão do conhecimento – Estudo de
casos - Teses. 2. Cultura organizacional –
Estudo de casos - Teses. I. Souza Neto,
Silvestre Prado de, 1952-. II.
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Curso de Pós-Graduação em Gestão
e Estratégia em Negócios. III. Título.
Bibliotecário: _______________________________ Data: ___/___/______
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E ESTRATÉGIA EM
NEGÓCIOS
TERESA CRISTINA SEABRA DE ALMEIDA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências
no curso de Mestrado Profissional de Gestão e Estratégia em Negócios.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM 16/12/2008.
____________________________________________
Profº. Dr Silvestre Prado de Souza Neto
(Orientador)
______________________________________________
Profº. Dr Rovigati Danilo Alyrio.
______________________________________________
Profª Dra Ângela Maria Barreto
DEDICATÓRIA
À minha mãe querida, que nos momentos
difíceis que se impuseram e modificaram a
trajetória inicial desse trabalho, se
manteve sempre ao meu lado, me
fortalecendo e incentivando para que eu
chegasse aqui.
A meu pai (in memorian), referência de
caráter, marca indelével em minha vida.
v
AGRADECIMENTOS
A conclusão de um curso de mestrado é por si só um momento marcante. É mais um
rito de passagem e, como tal, deve ser celebrado junto aqueles que dele participaram, de
alguma forma.
A dissertação que apresento agora, representa, mais do que a conquista de um título,
uma grande vitória. Sobre o esperado – a vida acadêmica e todos os infindáveis compromissos
que, sabemos quando iniciamos, vêm com ela: as aulas presenciais, os artigos a serem escritos
(e publicados!), os trabalhos... que resultaram em crescimento profissional, pessoal e muita
saudade. Do clima em sala de aula, das brincadeiras, das polêmicas, dos encontros e dos
desencontros. Dos já então amigos que se tornaram colegas de classe e dos novos colegas, que
ao término das aulas, sem que percebêssemos, já tinham se tornado amigos. Obrigada a cada
um. Vocês são inesquecíveis!
Mas, e principalmente, vitória sobre o inesperado – um desconhecido. Voluntarioso e
exigente, que, sem aviso prévio, me fez desviar do caminho/tempo programados e me dedicar
a combatê-lo. Passado pouco mais de um ano e depois de infinitos presentes e dádivas
recebidas, quero agradecer, profundamente, a todos que, à sua maneira, próximos ou
distantes, estiveram comigo nos momentos de enfrentamento. Vencemos!
A minha família: Neuza, minha mãe; meus irmãos Carlos Renato, Claudio e Cesar;
minhas cunhadas Eloísa, Cristina e Geórgia e meus sobrinhos Júnior, Raquel, Natália, Diogo,
Leonardo, Pedro e Rodrigo, meus filhos de coração; pela alegria de tê-los comigo.
Ao Professor Silvestre Prado de Souza Neto, meu primeiro e definitivo orientador,
pelo acolhimento e pela generosidade de partilhar comigo seus conhecimentos e sua
reconhecida experiência profissional.
Aos Professores Heloisa Guimarães Peixoto Nogueira, Ana Alice Vilas Boas e
Rovigati Danilo Alyrio, pelo incentivo e por seus preciosos ensinamentos.
À direção da Fundação Oswaldo Aranha – FOA e do Centro Universitário de Volta
Redonda - UniFOA, por disponibilizar as informações necessárias à realização deste estudo.
vi
As amigas, professoras Zilda Contesini, Ilda Cecília e Bernadete pelo incentivo e
suporte com a estatística.
Aos colegas Sônia, Jessé, José Eduardo, ao trio Clayton, Alessandra e Maurício (nem
aqui me atrevo a separá-los), Silvério, Luiz, Wilmar e Luciana, pela companhia nessa
travessia.
Ao Marinho, em especial, pela paciência e disponibilidade em partilhar comigo os
seus múltiplos saberes.
A Angela, Dodora e Rosa, amigas de uma vida, pela certeza da presença.
A Angela, minha “guru”, por me mostrar suas pegadas, facilitando assim a surpresa e
o enfrentamento do inesperado. Obrigada, Comadre.
Não poderia jamais deixar de agradecer a minha equipe da Pró-reitoria de Extensão
por acreditarem tanto em mim e por todo suporte e dedicação.
Aos integrantes da Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro e ao Curso
de Pós-Graduação em Gestão e Estratégia em Negócios.
Por fim, agradeço ao Grande Criador, que me encheu de energia e atendeu a todos os
meus apelos e pedidos de ajuda, incansavelmente. Obrigada Senhor!
vii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
v
AGRADECIMENTOS
vi
SUMÁRIO
viii
ABREVIATURAS
x
LISTA DE FIGURAS
xi
LISTA DE TABELAS
xii
RESUMO
xiii
ABSTRACT
xv
1 INTRODUÇÃO
1
1.1. Problema 1
1.2. Objetivos 3
1.2.1. Objetivo Geral 3
1.2.2. Objetivos Específicos 3
1.3. Limitação do Estudo 4
1.4. Justificativa 5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
8
2.1. Conhecimento 8
2.2. Gestão do Conhecimento 14
2.3. Competência 16
2.3.1. Competências Organizacionais 17
2.3.2. Competência e Gestão do Conhecimento 19
2.4. Capital Intelectual 21
2.5. Aprendizagem Organizacional 25
2.6. Mudança Organizacional 28
3 METODOLOGIA
35
3.1. Tipos de Pesquisa 35
3.2. Meios de Investigação 36
3.3. Caracterização da Amostra 37
3.4. Coleta de Dados 38
3.4.1. Instrumento para Coleta de Dados 39
3.5. Análise e Tratamento dos Dados 40
4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
42
4.1. Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA 42
4.1.1. Breve Histórico 42
4.1.2. Evolução e Análise da Mudança Estrutural 44
4.1.3. Missão 44
viii
4.1.4. Visão 44
4.1.5. Objetivos e Metas 45
4.1.5.1. Objetivos 45
4.1.5.2. Metas 45
4.1.6. Área de Atuação Acadêmica 46
4.1.6.1. Ensino 46
4.1.6.2. Pesquisa 46
4.1.6.3. Extensão 46
4.2 Análise dos Resultados 47
4.2.1 Perfil da Amostra 47
4.2.2 Discussão dos Resultados 50
4.2.2.1 Compartilhamento 51
4.2.2.2 Criação 56
4.2.2.3 Aplicação 61
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
69
REFERÊNCIAS
72
ANEXOS
75
Anexo A - Organograma UniFOA 2006 75
Anexo B - Organograma UniFOA 2008 76
Anexo C – Questionário 77
ix
ABREVIATURAS
IES - Instituição de Ensino Superior
FOA - Fundação Oswaldo Aranha
UniFOA - Centro Universitário de Volta Redonda
MEC - Ministério da Educação
GC - Gestão do Conhecimento
TI - Tecnologia da Informação
DO - Desenvolvimento Organizacional
PRÓ-ACAD - Pró-reitoria Acadêmica
NSA - Núcleo de Seleção Acadêmica
NADD - Núcleo de Apoio ao Discente e Docente
NEAD - Núcleo de Educação à Distância
PRÓ-PPG - Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa
CoEPS - Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
CEUA - Comitê de Ética em Pesquisa em Uso de Animais
CONEP/MS - Comissão de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde
NUPE - Núcleo de Pesquisa
PIC - Programa de Iniciação Científica
PRÓ-EXT - Pró-reitoria de Extensão
NUCOM - Núcleo de Relações Comunitárias e Responsabilidade Social
NUEXT - Núcleo de Cursos de Extensão
NUEMP - Núcleo de Relações Empresariais e Práticas Profissionais
NUACE - Núcleo Artístico-Cultural e Esportivo
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Modos de conversão do conhecimento 12
Figura 2: Gráfico percentual de respondentes por sexo 48
Figura 3: Gráfico percentual de respondentes por idade 49
Figura 4: Gráfico percentual de respondentes por escolaridade 49
Figura 5: Gráfico percentual de respondentes por tempo de trabalho na IES 50
Figura 6: Gráfico percentual de respondentes por tempo de trabalho em cargo de
liderança 51
Figura 7: Gráfico percentual: compartilhamento melhores práticas 54
Figura 8: Gráfico percentual: atualização de arquivos 55
Figura 9: Gráfico percentual: criação de instrumentos para localização das informações 55
Figura 10: Gráfico percentual: distinção entre a informação controlada e de livre acesso 56
Figura 11: Gráfico percentual: mudanças no espaço físico voltadas para o
compartilhamento 57
Figura 12: Gráfico percentual: a organização considera novas idéias, mesmo que
inusitadas 59
Figura 13: Gráfico percentual: envolvimento dos clientes no processo de criação de
produtos e serviços
60
Figura 14: Gráfico percentual: planejamento do espaço de trabalho favorável ao fluxo de
idéias 61
Figura 15: Gráfico percentual: apoio para prosseguir com as boas idéias 61
Figura 16: Gráfico percentual: utilização da informação para melhoria do trabalho 64
Figura 17: Gráfico percentual: reflexão coletiva sobre as lições aprendidas 64
Figura 18: Gráfico percentual: reunião das equipes para avaliação dos resultados 65
Figura 19: Gráfico percentual: aplicação do conhecimento adquirido externamente no
trabalho 66
Figura 20: Gráfico percentual: aplicação de idéias anteriores à situações novas 67
Figura 21: Gráfico percentual: fracasso como oportunidade de aprendizado 67
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quadro Resumo do Percentual da Freqüência de Respostas -
Compartilhamento 52
Tabela 2: Quadro Resumo do Percentual da Freqüência de Respostas - Criação 58
Tabela 3: Quadro Resumo do Percentual da Freqüência de Respostas - Aplicação 62
xii
RESUMO
ALMEIDA, Teresa Cristina Seabra. Gestão do Conhecimento: Uma Nova Forma de
Aprendizagem Organizacional – O Caso de Uma Instituição de Ensino Superior.
Seropédica, RJ. 2008. 91f. Dissertação (Mestrado em Administração, Gestão e Estratégia em
Negócios). Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Seropédica, RJ, 2008.
O atual cenário mundial vem exigindo das empresas uma constante busca pela inovação em
suas práticas administrativas, de modo a levá-las a diferenciar-se de seus concorrentes. A
conscientização da organização sobre como o conhecimento criado ou adquirido é
processado, pode contribuir para a aprendizagem organizacional e tornar-se uma vantagem
competitiva. Este trabalho procura discutir os vários componentes da Gestão do
Conhecimento no ambiente empresarial e avaliá-los, de forma descritiva, no contexto de uma
Instituição de Ensino Superior. Inicialmente, faz-se a introdução ao assunto, discorrendo
sobre o problema a ser investigado e os objetivos a serem alcançados. Para melhor
fundamentar a discussão analisa-se a literatura que trata dos processos de aquisição do
conhecimento, da sua gestão nas empresas à transformação em competências, capital
intelectual e conseqüentemente à aprendizagem organizacional e a necessidade de mudança
nas organizações. A pesquisa realizada junto à Instituição de Ensino Superior procurou
identificar e descrever como a prática gerencial da instituição favorece ou estimula os
processos de geração, difusão e apropriação de conhecimento em seu ambiente.A metodologia
utilizada identifica o estudo de caso com abordagem qualitativa. Como fonte de coleta de
dados fez-se uso de questionário, pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados da
pesquisa permitiram verificar a predisposição, espontânea, da liderança da instituição para
adotar procedimentos vinculados à gestão do conhecimento, independentemente da adoção,
formal ou não, da gestão do conhecimento como estratégia gerencial.
Palavras-Chave: Gestão do Conhecimento, Estratégia Empresarial, Aprendizagem
Organizacional e Mudança.
xiii
ABSTRACT
ALMEIDA, Teresa Cristina Seabra. Knowledge Management: A New Method of
Organizational Learning – Higher Education Institution Case. Seropédica, RJ. 2008. 115
f. Dissertation (Master in Business, Management and Business Strategy). Human and Social
Sciences Institute, Federal Rural do Rio de Janeiro University. Seropédica, RJ, 2008.
The actual world’s scenario requires the business to constantly search for innovation on its
administrative practices to differentiate itself from its competitors. The organization’s
awareness on how the created or acquired knowledge is processed can contribute to the
organizational learning and turned to a competitive advantage. This work seeks to discuss
various components of the Knowledge Management in the business environment and evaluate
them, in a descriptive form, in the context of a Higher Education Institute. Initially an
introduction to the matter is made describing the problem to be investigated and the goals to
be accomplished. To better substantiate this discussion, there is an analysis of works that
treats the process of knowledge acquisition, from its business management up to its skills
transformation, intellectual capital and consequently to its organizational learning and the
need for a change within the organizations. The research held in conjunction with the Higher
Education Institute sought to identify and describe how the institution management practice
favors or stimulates the generation, spread and ownership of knowledge processes in its
environment. The methodology utilized identifies the case study with qualitative approach.
Questionnaire, bibliographic and documental research were used as a source of data
collection. The research results allowed the verification of the institution’s leadership
spontaneous predisposition to adopt procedures bounded to the knowledge management
regardless of formal or non formal adoption of the knowledge management as a managerial
strategy.
Keywords: Knowledge Management, Managerial Strategy, Organizational Learning, Change
xiv
1 INTRODUÇÃO
Pensamento e linguagem tornam o homem capaz de produzir sentidos para sua
existência, dar forma, informare, e, assim, transformar a realidade e a si mesmo. Os sinais, as
palavras, os sons foram, sem dúvida, as primeiras tecnologias da informação e da
comunicação. Informação dirime dúvidas e, assim, valorizada e transformada pelo sujeito
passa a ser conhecimento sobre o mundo e sobre o próprio sujeito. Informação, Comunicação
e Conhecimento estão articulados, ainda que se diferenciem em seus conceitos.
Desde seus primórdios, o homem percebeu a importância de obter e utilizar, de forma
eficiente, as informações do ambiente que o continha: a localização da caça e de abrigos, as
características que identificavam cada tribo, as mudanças climáticas, o uso do fogo, o
emprego da roda, e tantas outras, formas decisivas para a evolução da espécie. Obviamente, o
manejo de informações permitiu, ao longo dos séculos, que os povos saíssem, em muitas
ocasiões, vitoriosos de suas contendas.
Daí se dizer da informação como poder, o que foi reconhecido desde a sociedade
primitiva e, mais intensamente, na Idade Antiga, como demonstram as grandes bibliotecas e
seus acervos.
Na Idade Média, a Igreja Católica é plena de exemplos neste sentido, sendo um deles a
destacar o sistema de inteligência oficializado pelo Papa Xisto V, em 1585. Em 1602, o
prontuário de informações gerido pela Cia. das Índias e que possibilitou as conquistas que
hoje conhecemos.
Francis Bacon, ao cunhar, no final do século XVI, em um trabalho de 1597, intitulado
a “Meditationes Sacrae”, a expressão “conhecimento é poder”, já vislumbrava o potencial
representado pela manipulação eficaz do saber.
Com a ascensão do modelo capitalista a informação científica é bem valorizada pois
dá impulso às fábricas e aos novos produtos industrializados. É a modernidade suplantando as
antigas formas de viver. É o produto industrializado feito para o consumo. A Sociedade
Industrial se desenvolve à medida em que a ciência moderna gera maior informação e
conhecimento.
Com as transformações ocorridas por volta dos meados do século XX, como a escassez de
matéria prima, o aumento das fontes de energia, a preocupação com a ecologia, dentre outras
questões, a economia capitalista percebeu que a informação poderia gerar diferencial para a
competitividade e, assim, o ser humano se torna capital intangível de grande valor às
empresas, já que é nele que se processa o conhecimento.
1
A sociedade moderna dá lugar a um novo momento na história, sustentado pela informação.
A confluência das telecomunicações e da informática dá origem à Sociedade da Informação.
Daí, decorrem as novas formas de gestão nas organizações. O capital humano passa a ter
maior valor pois é capaz de compartilhar informações, necessárias para novos conhecimentos,
tornando-se assim, imprescindível na nova sociedade em andamento.
Assim, o crescente valor e importância de gerenciar, efetivamente, nos dias atuais, o
conhecimento, de forma sistematizada, compreendendo a coleta de informações, análise,
retenção e disseminação, representa, para a humanidade uma questão relativamente nova.
Jargões como “A Era do Conhecimento”, “Sociedade do Conhecimento”, “Conhecimento
Coletivo” e “Gestão do Conhecimento”, dentre outros, tornam-se cada dia mais comuns e
denotam claramente o incrível avanço decorrido da necessidade que as sociedades têm de
fazer melhor e maior uso de seus saberes. Observa-se que quem é capaz de produzir, acessar
ou utilizar conhecimento em favor de seus interesses, adquire um diferencial competitivo e,
portanto, tem maior possibilidade de sucesso frente a seus objetivos.
A Gestão do Conhecimento pode ser definida, num sentido lato, como um processo
através do qual as empresas geram valor, partindo de dados e informações próprias e
coletadas de outras organizações e do ambiente que as cercam , utilizando seus recursos para,
então, gerar e partilhar conhecimento entre colaboradores e departamentos, numa ótica de
definição de práticas ideais. Fleury e Oliveira Junior (2001) definem Gestão do Conhecimento
como a tarefa de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar os conhecimentos que são
relevantes para as organizações, por meio de processos internos ou externos às empresas. O
conhecimento será apresentado como o principal ativo estratégico e está latente na própria
organização e não fora dela e pela Gestão do Conhecimento é que serão produzidos os
resultados superiores esperados.
É interessante observar que a definição acima não se refere ao emprego de tecnologia,
ela enfoca, basicamente, os processos e as pessoas envolvidas em criar, compartilhar,
disponibilizar e influenciar o conhecimento na organização para dar suporte às estratégias de
negócio. De fato, o gerenciamento do conhecimento torna-se mais fácil com o auxílio da
tecnologia, pois, a partir de um determinado volume de informações, a tecnologia passa a
representar um conjunto de recursos essenciais para que o processo se torne, efetivamente,
eficiente.
Assim como acontece na trajetória histórica do homem, as novas concepções de gestão
são estendidas a outros setores da economia, não só às indústrias, mas ao setor de serviços e é,
2
neste sentido que nos vai interessar a Gestão do Conhecimento nas Instituições de Ensino
Superior.
Face ao exposto, pode-se argumentar que as IES representam ainda um enorme
potencial a ser explorado no que se refere à Gestão do Conhecimento, uma vez que, como
produtoras de saberes que, fundamentalmente, se destinam a serem utilizados pelas
organizações de trabalho devem ser, primordialmente, sujeitas de seu próprio processo.
No Brasil, infelizmente, ainda nos encontramos em um estágio bastante precário no
que se refere à participação das IES no desenvolvimento estratégico do país. Ainda não existe
um planejamento nacional que envolva e discipline os investimentos e aplicações conjuntos
entre governo, empresas e universidades, de forma a otimizar (e, obviamente, economizar
recursos) a Gestão do Conhecimento. É bastante atual, a citação de Paulo Mattos de Lemos,
vice-presidente da OPP Química, quando diz que
“No Brasil, nos últimos anos, têm sido realizada muita pesquisa
científica nas universidades e muito pouco desenvolvimento
tecnológico, justamente porque não se sabia para onde direcionar os
recursos. Estima-se que, 80% da pesquisa seja feita dentro de
instituições de ensino e somente 20% nas empresas. Nos EUA, a
relação é inversamente proporcional, com os conhecidos benefícios
em termos de desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico.”
1.1 Problema
É notório que as Instituições de Ensino Superior - IES - produzem um grande volume
de conhecimento. Entretanto, pode-se observar que, não raramente, encontram dificuldade na
aplicação deste em suas práticas administrativas, ou seja, não conseguem gerenciar de forma
adequada o conhecimento que possuem, que obtêm e que geram, de modo a alterar, de
maneira favorável, suas competências focais. Converter conhecimento em competência. Isso
pode gerar discrepâncias entre discurso e atitude, comprometendo, ao final, a credibilidade da
instituição e do ensino oferecido. Pior, talvez, gerando um desperdício de capacitação que
poderia, com certeza, proporcionar vantagem competitiva.
Nesse contexto, a pesquisa proposta pelo presente trabalho pretende responder ao
seguinte questionamento:
3
a gestão acadêmica-administrativa adotada pelo UniFOA favorece a criação, a aplicação
e o compartilhamento do conhecimento, visando a melhoria de seus processos, para
diferenciar-se no mercado e angariar vantagem competitiva?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
As organizações de trabalho da contemporaneidade tem como princípio gerencial
tornar-se mais eficientes, alavancando sua capacidade de produzir e difundir conhecimento,
por meio do desenvolvimento de práticas, fundamentado no gerenciamento adequado do
conhecimento.
Dessa forma, este trabalho tem por objetivo fazer um diagnóstico de como a
instituição analisada trata as informações produzidas e coletadas e, de que maneira essas
informações tramitam e possibilitam agregar valor a sua marca.
1.2.2 Objetivos específicos
Aprofundar o conhecimento acerca do tema Gestão do Conhecimento por meio da revisão
bibliográfica;
Investigar de que maneira o UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda, gerencia o
conhecimento e o aplica na sua gestão empresarial;
Identificar fatores facilitadores e dificultadores para a Gestão do Conhecimento no
UniFOA.
1.3 Limitação do Estudo
Uma das limitações do estudo é conseqüência direta da estratégia de investigação
utilizada, o emprego do estudo de caso. As conclusões e recomendações apresentadas mais à
frente foram geradas a partir das observações e análise das respostas dos questionários
aplicados no Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, o que limita a amplitude do
trabalho, uma vez que se referem a este caso somente, não podendo ser generalizadas embora
possam servir de benchmarkink para futuros interessados.
A segunda limitação refere-se ao recorte temporal, pois a análise ficou delimitada à
observação de como os líderes da IES lidam com as questões do conhecimento no período
4
compreendido entre 2007 e 2008, quando a pesquisa foi realizada e que, pode não se repetir
em outro contexto de espaço-tempo.
Como terceira limitação pode ser considerado o vínculo da pesquisadora no ambiente
da IES, caracterizado por cinco anos de trabalho em funções acadêmicas e administrativas
tendo, portanto, contribuído para a situação ora apresentada.
1.4 Justificativa
O atual cenário mundial vem exigindo das empresas uma constante busca pela
inovação/renovação em suas práticas administrativas, de modo a levá-las a diferenciar-se de
seus concorrentes. Na economia de uma sociedade globalizada o grande diferencial
competitivo das organizações deixou de ser a mão-de-obra ou os recursos naturais e os bens
físicos, para se concentrar na capacidade de gerar conhecimento e, dessa forma produzir
inovação.
Segundo Druker, (2001), no passado, as fontes de vantagem competitiva eram o
trabalho e os recursos naturais, agora e no próximo século, a chave para construir a
riqueza das nações é o conhecimento.
Isto explica, por exemplo o fato de que o poder, antes controlado pelo domínio do
capital, do trabalho e da terra, mudou de mãos. As empresas tradicionais simplesmente têm
desaparecido, ou pelo menos cedido espaço, do topo da lista das mais ricas do planeta para
dar lugar a empresas que exploram o conhecimento. É o caso da Microsoft. Empresas que
têm suas gestões baseadas em conhecimento e tiveram seus valores de mercado alçados a
números várias vezes superiores ao seu valor contábil, como atestam, por exemplo, além da
Microsoft, o Google, a IBM, a Pfizer, entre tantas outras.
Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, multiplicaram-se, nos últimos anos
os investimentos em Tecnologia da Informação (TI). Apenas nos EUA, os registros de
patentes, que beiravam pouco mais de 3 bilhões de dólares, nos anos 80, passaram a mais de
100 bilhões na última década.
Essas modificações, como não poderia deixar de ser, afetam também a organização do
mercado de trabalho. Se antes da década de 90 do século passado bastava saber que a mão de
obra migrara da agricultura para a indústria, agora sabe-se que há outra migração, iniciada na
década citada e ainda não concluída: a da industria para o setor de serviços.
Corroborando com as afirmações acima pode-se observar dados bastante elucidativos.
O relatório da OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico de
5
1998, informa que o uso do conhecimento foi responsável por mais de 50% do PIB dos países
desenvolvidos. (CAVALCANTI; GOMES; PEREIRA, 2001, p. 23)
O acesso à informação e a capacidade de, a partir dela, extrair e aplicar conhecimentos
são vitais para o aumento da competitividade num mercado sem fronteiras. O que torna
imperioso ter conhecimento, aptidão e competência para tratar e interpretar a informação,
saber extrair o que é relevante e acrescentar-lhe valor em tempo útil, pois as modernas
economias são cada vez mais dirigidas e influenciadas pelo conhecimento.
Lógico parece que, como conseqüência direta deste destacado papel do conhecimento,
a procura por profissionais mais qualificados cresceu proporcionalmente. Isso pode ser
atestado pelo fato do desemprego, nos países desenvolvidos, ser muitíssimo menor entre os
que têm maior qualificação. (CAVALCANTI; GOMES; PEREIRA, 2001)
Diante disso, a Gestão do Conhecimento tem galgado posição de destaque como
ferramenta para o desenvolvimento e é considerada como um novo caminho para o
desenvolvimento de competências intrínsecas à natureza do negócio.
Parece relevante ressaltar que o objetivo básico da gestão do conhecimento é fornecer
ou aperfeiçoar a capacidade intelectual da empresa para as pessoas que tomam diariamente as
decisões que, em conjunto, determinam o sucesso ou o fracasso de um negócio. (LARA,
2005, p. 22)
Obviamente, as situações extemporâneas, originadas em fatores que fogem aos
modelos tradicionais e que extrapolam os cenários previsíveis e, portanto, fogem ao controle
das nações, podem alterar esse quadro, significativamente, como é o caso da recente e atual
crise econômica mundial.
A Gestão do Conhecimento tem galgado posição de destaque como ferramenta para o
desenvolvimento e é considerada como um novo caminho para o desenvolvimento e
aprimoramento de competências intrínsecas à natureza do negócio.
Entretanto, observa-se com freqüência, que há uma relevante distância entre o
conhecimento produzido e disseminado pelas Instituições de Ensino Superior e a prática
administrativa. É notória a necessidade de gerenciar adequadamente o conhecimento
adquirido ao longo dos anos, pois sabe-se que ele agrega valor e envolve pessoas em todos os
níveis hierárquicos.
Nossa experiência em Instituições de Ensino Superior aponta para o fato de que as
pessoas que possuem conhecimentos ou capacidades, nem sempre conseguem mobilizá-los de
modo pertinente e no momento oportuno, em uma situação de trabalho. Perrenoud (1999),
defende a idéia de que a atualização daquilo que se sabe em um contexto singular - marcado
6
por relações de trabalho, pela cultura institucional, por eventualidades, imposições temporais,
entre outros - é reveladora da passagem à competência. Esta realiza-se na ação (LE
BOTERF, 1994, p. 16).
Pelo exposto, as Instituições de Ensino Superior, notadamente as particulares, não
podem eximir-se do momento característico da contemporaneidade: velocidade, mudança,
globalização e obviamente conhecimento. É dentro desse contexto, que este trabalho se
justifica.
7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Conhecimento
A necessidade de compreender como o conhecimento se forma, seus significados e
aplicações, parece acompanhar o homem em toda sua trajetória evolutiva. Desde a Grécia
antiga que a filosofia e a epistemologia abordam o estudo do conhecimento (CHAUÍ, 2000).
Quatro séculos antes de Cristo, em uma das primeiras referências diretas ao assunto,
Platão trouxe à discussão o conceito de conhecimento como crença verdadeira justificada,
vinculando assim, o conhecimento a esses dois outros conceitos. De maneira geral, os
filósofos concordam com essa proposição, apesar das diferenças entre racionalismo e
empirismo. As duas teorias divergem quanto à constituição da verdadeira fonte de
conhecimento. Essa divergência encontra-se, basicamente, no método pelo qual o
conhecimento é obtido. Os racionalistas afirmam que se pode obter o conhecimento por
dedução, recorrendo-se a construções mentais como conceitos, leis ou teorias, enquanto os
empiristas contra-argumentam que, só a partir de experiências sensórias específicas se obtém
o conhecimento, portanto, por indução. (NONAKA & TAKEUCHI, 1995).
Todavia, Nonaka e Takeuchi (1995) relatam que essa definição de conhecimento está
longe de ser perfeita em termos lógicos, pois é fato que nossa crença na verdade de um evento
não constitui nosso verdadeiro conhecimento sobre ele. De onde se pode concluir que, é
possível que nossa crença esteja errada. A busca por um conhecimento fundamental, sem
necessidade de prova ou indício, sobre o qual fosse possível assentar todo e qualquer
conhecimento, parece ter sido uma grande inquietação para os filósofos ocidentais, que ainda
que impregnados de ceticismo, tentaram encontrar um método que os ajudasse a estabelecer a
verdade indubitável do conhecimento. (NONAKA & TAKEUCHI, 1995, p. 24).
Cornman, Leher e Pappas (1983) também analisaram a questão do conhecimento e
ceticismo e concluíram que o conhecimento é composto de duas vertentes que o
consubstanciam: uma de cunho objetivo, onde, para que haja o conhecimento sobre um
determinado assunto é necessário que se acredite em algo, e outra, para além da crença, de
que é preciso existir fundamentos que a justifiquem.
De toda forma, o conhecimento, tratado ou não de modo consciente, é,
indiscutivelmente, um argumento filosófico necessário e condicionante da evolução das
sociedades e da própria espécie humana.
8
Ao analisar a evolução da sociedade em direção ao pós-capitalismo, Peter Drucker
(1996) faz referência à “Revolução Gerencial”, na qual se destaca a figura do gerente
profissional e, onde os resultados a serem alcançados pelas empresas passam a ter como
arcabouço fundamental, não a simples preocupação em transmitir o conhecimento, mas,
também, e principalmente, em direcionar os funcionários à preocupação em adquiri-lo. Inicia-
se, portanto, uma nova fase em que as organizações, para tornarem-se eficientes, identificam a
transmissão e assimilação de informações consideradas importantes, como elemento essencial
para que sejam alcançados os resultados pretendidos, concretizando, assim a chamada Era da
Informação.
Portanto, na atual Era da Informação, o conhecimento está se transformando no
recurso organizacional mais importante das empresas. Segundo Areco (2005), o entendimento
é de que vivemos uma nova ordem, onde o conhecimento é uma questão estratégica para as
organizações de trabalho. Ele é, na verdade, um trunfo competitivo de extremo poder, e é de
extrema importância não só sua aquisição, como também sua criação e transferência (ZABOT
& SILVA, 2002, p. 66).
Como decorrência dessa necessidade de compreensão do conhecimento Crawford
(1994, apud ZABOT & SILVA, 2002) aponta quatro características do conhecimento que o
tornam imprescindível nessa nova era. Na primeira, ele afirma que o conhecimento é
difundível e se auto-reproduz, ao contrário das matérias primas da economia industrial. À
medida que é utilizado, o conhecimento tende a se expandir e aprimorar.
A segunda característica do conhecimento é ser substituível. Para o autor, o
conhecimento é capaz de substituir recursos materiais.
Na terceira característica, o conhecimento aparece como transportável. Na atual
sociedade informatizada o conhecimento pode ser movimentado na velocidade da luz.
E a quarta característica é a capacidade do conhecimento de ser compartilhado,
podendo ser transferido para outros indivíduos, sem se perder ou diminuir.
Por ter uma natureza intangível, definir o conhecimento de maneira precisa e única
torna-se uma tarefa difícil e muitas são as definições de conhecimento aplicado às
organizações, disponíveis na literatura.
Para Carbone et al. (2006), o conhecimento é construído e reconstruído a partir das
interações sociais que acontecem no mundo do trabalho, num processo permanente, onde o
trabalhador inventa e renova soluções para questões inusitadas. Essa afirmação é corroborada
por Probst, Rauf e Romhardt (2002) que descrevem conhecimento como o conjunto de
cognição e habilidades que as pessoas empregam para resolver problemas. Ele abrange teoria
9
e prática, as regras cotidianas e as instruções sobre como agir. Baseia-se em dados e
informações, entretanto, é construído pelas pessoas e está determinantemente ligado a elas.
A visão do conhecimento como construção social se apresenta também na literatura de
Polanyi (1983, apud CARBONE et al, 2006) que identifica dois tipos de conhecimento: o
tácito e o explícito. O primeiro, pessoal, vinculado ao contexto, difícil de ser comunicado e
formalizado. O segundo, definido como codificável, relacionado a eventos e objetos,
dissociado de contexto, passível de transmissão sistemática.
Entretanto, foi a partir do início da última década que Nonaka e Takeuchi (1997),
baseados na distinção estabelecida por Polanyi (1983, apud CARBONE et al, 2006),
introduziram no mundo dos negócios essa concepção de duas formas diferentes de
conhecimento: o tácito e o explícito, destacando a necessidade da organização compreender o
conhecimento explícito como aquele que as pessoas são capazes de expressar e transmitir com
maior facilidade por meio da linguagem e de outros canais de comunicação, enquanto o
conhecimento implícito ou tácito é altamente pessoal e, portanto, muito mais difícil de ser
articulado e transmitido na linguagem formal. Em sua obra The tacit dimension, Polanyi
(1983) reconhece a percepção como uma forma de conhecimento tão legítima quanto o
conhecimento conceitual e incorpora a subjetividade e o tácito na construção do
conhecimento pois, para ele, todo conhecimento tem uma dimensão tácita. Sendo a percepção,
assim, uma instância do processo de conhecimento tácito. Fundamentado pela Teoria da
Gestalt, ele compreende a percepção como um processo de integração tácita de sensações no
objeto percebido, às quais confere um significado que não possuíam anteriormente.
Nonaka e Takeuchi (1995, p.7) definem o conhecimento tácito como sendo "altamente
pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com
outros". As ações, experiências, valores, emoções ou ideais de um indivíduo sustentam o seu
conhecimento tácito. Os insights, deduções e conclusões subjetivas também compõem essa
categoria de conhecimentos.
Num enfoque didático, o conhecimento tácito é dividido em duas dimensões. A
primeira, técnica, que abrange um tipo de capacidade adquirida de maneira informal e difícil
de definir ou ainda as habilidades que podem ser descritas pelo termo know how. A segunda e
também importante dimensão, é a cognitiva, que reúne esquemas, modelos mentais, crenças e
percepções tão arraigadas que são aceitas pelo indivíduo como certas. Essa dimensão
cognitiva do conhecimento tácito reflete a imagem que se tem da realidade e a visão do
futuro. Apesar de não poderem ser articulados muito facilmente, esses modelos implícitos
10
moldam a forma com que percebemos o mundo à nossa volta. (NONAKA & TAKEUCHI,
1995).
As tomadas de decisão pouco explicáveis pelo indivíduo estão associadas à intuição e
ao conhecimento tácito. Esse conhecimento inconsciente mantém uma relação estreita com a
identificação e a solução de problemas, assim como a predição e a antecipação, que podem ser
vistos como bases da inovação. Segundo Terra (2001, p. 69-70), a sensação de desconforto
expressa por algumas pessoas em face de uma situação se associa ao pilar identificação de
problemas, enquanto a predição e antecipação seriam os resultados dos períodos de
preparação e incubação característicos dos processos criativos, ou seja, os insights criativos.
Para Sveiby (1998) o conhecimento tácito é baseado em regras, orientado para o agir,
e passível de constante transformação. Zabot e Silva (2002) corroboram com essa definição e
a complementam afirmando que tácito é o conhecimento pessoal incorporado à experiência
individual; engloba o sistema de valores, crenças pessoais, perspectivas e vivências. Enquanto
o explícito, é o conhecimento que pode ser expresso na linguagem formal, inclusive em
afirmações gramaticais e matemáticas, podendo ser transmitido de forma relativamente mais
fácil.
Nesse sentido, se os seres humanos adquirem conhecimentos criando e organizando
ativamente suas próprias experiências (POLANYI, 1996), o conhecimento que pode ser
expresso em palavras e números representa apenas a ponta do iceberg do conjunto de
conhecimentos como um todo. O que significa dizer que “podemos saber mais do que
podemos dizer" (NONAKA & TAKEUCHI, 1995, p. 65).
Parece haver portanto, um consenso na literatura de que o conhecimento
organizacional abrange os conhecimentos implícito e explícito que os indivíduos possuem
sobre os produtos, processos e sistemas e que, o conhecimento explícito pode ser codificado e
expresso em manuais, bancos de dados e nos sistemas de informação (BRYANT, 2003).
Nonaka e Takeuchi (1997) chamam a atenção para o fato de que o modelo ocidental de
administração reconhece o conhecimento explícito como mais útil, pois pode ser facilmente
comunicado. Definido como formal e sistemático, o conhecimento explícito pode ser
transferido e distribuído entre pessoas e áreas de uma organização. Pode ser codificado e
armazenado em diferentes mídias, sob a forma de manuais, regras, normas, desenhos e
tabelas. “É visto como sinônimo de um código de computador, uma fórmula química ou um
conjunto de regras gerais" (NONAKA & TAKEUCHI 1995, p. 7). Devido as suas
características próprias, o conhecimento explícito cresce continuamente pelos benefícios da
11
tecnologia da informação, constituindo assim, analogamente ao conhecimento tácito,
patrimônio de alto valor para as organizações, mesmo que não facilmente mensurável.
Diferente do modelo japonês que vê o conhecimento tácito como de maior importância
por ser ele o ponto de partida para o processo de inovação, resultante do conjunto de insights
e intuições de todos os colaboradores da empresa (TERRA, 2005).
Essa percepção é compartilhada por Zabot e Silva (2002) que consideram o
conhecimento tácito mais importante que o explícito e, por suas características, mais difícil de
ser transmitido por estar enraizado nas experiências, emoções, valores ou ideais individuais.
Portanto, para que possa ser compartilhado, dentro das organizações, o conhecimento tácito
deve ser convertido em explícito, e vice-versa. Esse processo de conversão constitui a
essência da abordagem teórica da criação do conhecimento organizacional.
Os autores mais relevantes dessa abordagem e da definição e uso dos formatos de
conhecimento como tácito e explícito, Nonaka e Takeuchi (1997), consideram que um
trabalho efetivo com o conhecimento somente é possível em um ambiente em que possa
ocorrer a contínua conversão entre esses dois formatos (SILVA, 2004) e observam ainda que
uma ou mais conversões do conhecimento podem ocorrer simultaneamente.
A interação entre os conhecimentos tácito e explícito é descrita por Nonaka e
Takeuchi (1995, p. 62) em quatro modos específicos de conversão do conhecimento que
constituem o que os autores chamaram de "espiral do conhecimento".
Figura 1: Modos de conversão do conhecimento
Fonte: Adaptado de NONAKA & TAKEUCHI (1995, p. 80-81)
12
Esse modelo de conversão do conhecimento passou a ser utilizado por diversos autores
que estudam a gestão do conhecimento, entre eles alguns já citados neste trabalho
(ROSSATO, 2002; ZABOT E SILVA, 2002; SILVA, 2004; LARA, 2005; TERRA, 2005) e
podem ser descritos como:
Socialização - tácito para tácito: definido como um processo de compartilhamento de
experiências que pode gerar a criação de um outro conhecimento tácito, como no caso das
habilidades técnicas. Alguns processos ligados à cultura organizacional podem favorecer essa
conversão, como: a valorização e a discussão de insights, intuições e brainstormings; o
compartilhamento de modelos mentais por intermédio do trabalho em equipe, entre outros.
Nesse modelo, três ações, adotadas de forma rotineira, podem contribuir para a transferência
de conhecimento tácito: observação, imitação e prática.
Externalização – tácito para explícito: processo de conversão do conhecimento tácito
em conceitos explícitos. A externalização é favorecida pelo diálogo ou pela reflexão coletiva
e o conhecimento é expresso na forma de analogias, metáforas, modelos ou hipóteses. É um
modelo que pode ser alcançado pelo compartilhamento do conhecimento. Na realidade, a
externalização constitui o principal caminho para que o conhecimento seja transferido, uma
vez que representa o modo pelo qual os conhecimentos individuais, adquiridos pela
experiência única de cada um de seus membros, são transmitidos aos componentes da
organização.
Combinação – explícito para explícito: processo de sistematização de conceitos em um
sistema de conhecimento organizacional. A combinação ocorre por meio de reuniões,
informes, criação de bancos de dados ou redes de informação, que permitem o conhecimento
sistêmico. É a forma de conversão que ocorre nas universidades e instituições de educação
formal.
Internalização – explícito para tácito: é o processo de interpretação e incorporação dos
conhecimentos explícitos (da organização) em conhecimento tácito (do indivíduo). Esse tipo
de conversão está ligado ao processo de aprendizagem prática; ao aprendizado pessoal a partir
da consulta de registros organizacionais; é o learn by doing.
A repetição contínua e dinâmica desse processo, induzida por fatores internos e
externos à organização, conduzem à espiral de geração do conhecimento. Nesse processo, o
indivíduo teria o papel de criador, o grupo, de sintetizador e a organização, de amplificadora
do conhecimento (TERRA, 2005). Entretanto, para que isso ocorra é preciso que a
organização adote algumas práticas que favoreçam a gestão do conhecimento.
13
2.2 Gestão do Conhecimento
A constante transformação no ambiente das organizações tem provocado uma busca
frenética na identificação de modelos de gestão mais eficazes, fontes de vantagens
competitivas e mecanismos que possam favorecer o desenvolvimento organizacional de forma
sustentada.(CARBONE et al., 2006).
Foi a partir da década de 90 que a Gestão do Conhecimento começou a ganhar
destaque no universo organizacional. Ela surgiu, inicialmente, como uma proposta de tornar a
organização mais eficiente e, assim, gerar um diferencial competitivo a partir da manipulação
adequada das informações e do conhecimento, até então, adquirido e gerenciado.
É de domínio público que o emprego sistematizado do conhecimento promove o
aumento da eficiência organizacional porque permite, inicialmente, a retenção apenas das
informações consideradas relevantes, eliminando outras desprovidas de interesse. Sabe-se
também, que o aumento de competitividade pode ser comprovado quando o conhecimento do
indivíduo é transferido para a organização e, desta, novamente para cada um de seus
colaboradores. O gerenciamento adequado desse círculo tende a transformar a organização em
um organismo vivo, com aptidão para reagir às mudanças e se transformar, continuamente:
são as organizações aprendentes – Learning Organizations (Argyris e Schon, 1978).
Davenport e Pruzak (1998) observam que o conhecimento é transferido nas
organizações, havendo ou não o gerenciamento desse processo, pois o compartilhamento do
conhecimento faz parte do cotidiano organizacional. Entretanto, o processo pode se tornar
mais eficaz através de iniciativas de gerenciamento sistemático.
Considerando que vivemos num mundo onde o volume de informações disponíveis é
cada vez maior e que a grande dificuldade passa a ser identificar aquelas que tenham,
realmente, valor, separar o “joio do trigo” torna-se um grande desafio. Daí a grande
importância em adotar estratégias para gerenciar o conhecimento, uma vez que, conforme
Bukowitz e Williams (2002, p. 17), “a gestão do conhecimento é o processo pelo qual a
organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual”.
Dentre as várias definições de conhecimento descritas na literatura, pode-se identificar
uma unanimidade: o conhecimento, de fato, só existe na cabeça das pessoas. E, portanto, não
pode ser diretamente gerenciado. Por ser invisível, intangível, torna-se difícil de ser
administrado por pessoas habituadas a gerenciar “coisas”. Sob essa ótica, a Gestão do
Conhecimento nas organizações se propõe a facilitar, favorecer e estimular os processos
humanos de criação, compartilhamento e uso de conhecimentos individuais e coletivos,
14
disponibilizando para tanto, os caminhos para a criação de processos gerenciais e organização
da infra-estrura física e digital. (TERRA, 2005)
Em termos gerais, a gestão do conhecimento pode ser definida como a parte do
conhecimento que trabalha tanto com a gestão do conhecimento individual quanto do
organizacional (NONAKA & TAKEUCHI, 1997). Isto significa que, para alcançar um
resultado que derive no aumento de competitividade, não basta investir no indivíduo,
capacitando-o exclusivamente; faz-se necessário o aprimoramento contínuo e correspondente
de toda a organização. Assim, é importante a adoção de processos que permitam administrar o
conhecimento adquirido, de modo a capacitar todo o sistema, a fim de habilitá-lo a reagir,
tempestivamente, aos desafios que surjam.
Portanto, a fim de que os objetivos estratégicos das empresas sejam alcançados no
mundo globalizado e altamente competitivo de hoje, torna-se imprescindível que as empresas
alinhem a Gestão do Conhecimento entre as suas estratégias, de maneira constante, cíclica e
flexível, a fim de que seus ativos intangíveis possam ser eficazmente administrados,
viabilizando a absorção e a transferência sistematizadas de todo o conhecimento que
contribua, decisivamente, para a busca por uma posição de liderança.
Bhatt (2002) considera Gestão do Conhecimento como um processo destinado a
facilitar atividades relacionadas ao conhecimento, tais como criação, captação, transformação
e o seu uso. Considera que o processo de gestão abrange uma gama de atividades que variam
de aprendizado, colaboração e experimentação até a integração de diversos conjuntos de
tarefas e implementação de sistemas de informação, tais como a internet e a intranet.
Já, Moresi (2001), descreve a Gestão do Conhecimento na perspectiva de um conjunto
de atividades que busca aprimorar e controlar todo o conhecimento em uma organização,
objetivando a utilização na obtenção de seus objetivos. Esse conjunto de procedimentos
deverá ter como principal alvo o apoio ao processo decisório nos diversos níveis
organizacional. Para tal, a Gestão do Conhecimento estabelecerá políticas, processos e
tecnologias que possibilitem a coleta, organização, armazenamento, disseminação e utilização
do conhecimento, bem como, proporcione mudanças no comportamento da organização.
Importante ressaltar que a Gestão do Conhecimento tem como mote principal o ser
humano, as pessoas e equipes que compõem uma organização pois, toda informação tem um
componente humano, comportamental, que influencia e contribui para a cultura informacional
da empresa.
Gestão do Conhecimento portanto, é um processo corporativo, focado na estratégia
empresarial, que envolve a gestão das competências, a gestão do capital intelectual, a
15
aprendizagem organizacional e a capacidade da organização de mudar para angariar
diferenciais competitivos.
Segundo Terra (2005), a Gestão do Conhecimento possui "caráter universal", podendo
ser aplicada a empresas de todos os portes e nacionalidades, requerendo para isso, uma
revisão da estrutura, dos processos e sistemas gerenciais para que sejam criados novos
modelos organizacionais; que a capacidade intelectual de cada funcionário seja reconhecida
na sua importância e que, a liderança se disponha a enfrentar, ativamente, as barreiras
inerentes ao processo de transformação.
2.3 Competência
No final da idade média a palavra competência pertencia, tão somente, à linguagem
jurídica e era utilizada para designar alguém ou uma instituição com capacidade para julgar
certas questões (CARBONE et al, 2006). Por expansão, o termo competência ganhou
amplitude e foi reconhecido socialmente como a capacidade do indivíduo em pronunciar-se a
respeito de alguma coisa específica. Com o passar do tempo o significado foi adquirindo
conotação genérica, sobretudo dentro das organizações para qualificar o indivíduo capaz de
realizar com habilidade determinada tarefa (BRANDÃO & GUIMARÃES, 2001).
Atualmente é empregada para nomear uma ampla combinação de conhecimentos,
habilidades e características pessoais que resultam em comportamentos que podem ser
observados e avaliados. Pode ser também compreendida, segundo Carbone et al (2006, p. 43)
(...) não apenas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes necessários para exercer determinada atividade, mas também
como o desempenho expresso pela pessoa, em determinado contexto,
em termos de comportamentos e realizações decorrentes da
mobilização e aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no
trabalho.
Dessa forma, Carbone et al (2006) apresenta as competências humanas como
combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes que podem ser expressas
pelo desempenho profissional, num determinado contexto corporativo e, que agregam valor a
pessoas e organizações.
16
Cabe ressaltar que a competência só pode ser constituída na prática. Não envolve
apenas o saber, mas refere-se também ao saber aplicado em saber fazer. Aprende-se fazendo,
numa situação que requeira esse fazer determinado.
Sob essa ótica, Fleury e Fleury (2001) afirmam que a competência é pensada como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes - capacidades humanas – que, revelam a
capacidade de apresentação de alto desempenho, levando-se em conta que o desempenho está
diretamente ligado a inteligência e ao perfil do indivíduo. Dessa forma, a competência é
percebida como um estoque de recursos do indivíduo. Mesmo considerando-se o indivíduo
como objeto de análise, torna-se imperativo alinhar as competências pessoais às necessidades
estabelecidas pelos cargos, ou posições criadas pelas organizações.
Sveiby (1998, apud Zabot e Silva, 2002), afirma que, quando o termo competência é
aplicado ao indivíduo nas organizações ele o considera mais apropriadamente utilizado do que
o termo conhecimento, pois a competência engloba cinco elementos interdependentes:
o conhecimento explícito, que pode ser adquirido através da educação formal;
a habilidade, que é o saber fazer, adquirido com a prática e o treinamento;
a experiência, resultante da reflexão sobre os erros e acertos cometidos;
os julgamentos de valor, definidos pelo autor como as percepções avaliadas como corretas
e que agem como filtros no processo de saber individual; e
a rede social formada pelas interações com o outro, num determinado ambiente, contexto e
cultura.
Portanto, podemos inferir que a competência não pode ser copiada, pelo menos não na
sua exatidão; conseqüentemente, é transferida pela prática. Dentro do contexto organizacional
é justamente a prática que interessa, pois ela é o conhecimento aplicado que determina a
capacidade da empresa de gerar resultados.
2.3.1 Competências Organizacionais
O conceito de competência organizacional tem sua origem na abordagem da
organização concebida como um conjunto de recursos, segundo FLEURY (2004). Sob essa
ótica, a competitividade de uma organização seria determinada pela inter-relação dinâmica
entre as competências organizacionais e a estratégia de gestão adotada.
De acordo com Prahalad (1997), as competências organizacionais são formadas pelo
conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias e comportamentos que uma organização
17
possui e consegue manifestar de forma integrada na sua atuação, causando impacto no seu
desempenho e contribuindo para os resultados.
Algumas empresas têm conseguido se destacar, dentro do seu segmento de mercado,
pela capacidade constante de inovar em seus produtos ou serviços. Essa competência as torna
diferentes, especiais e, conseqüentemente, mais lucrativas. Essa postura empresarial
diferenciada é chamada de competência essencial.
Na visão de Prahalad e Hamel (1999), competências essenciais são aquelas que
atribuem vantagem competitiva, criam valor percebido pelos clientes e são difíceis de serem
imitadas pela concorrência.
Para Rocha Neto (2004, p. 78)
“O conceito de competências centrais ou essenciais, compreende a
aprendizagem coletiva e o desenvolvimento de habilidades, que
ensejam a oferta de produtos e serviços especiais aos usuários/clientes.
São obtidas como resultado de experiências, refletidas e internalizadas
pelas interações/negociações, que ocorrem dentro e fora dos limites
formais das organizações. Para isto, importa considerar
conhecimentos e competências como os seus ativos mais
importantes”.
O processo de trabalho e aprendizado em equipe como elemento determinante para o
desenvolvimento de competências essências também aparece na literatura de Zarifian (1999),
sustentado pelo argumento de que não se deve desprezar a dimensão de equipe no processo
produtivo. Le Boterf (1999) argumenta que a competência conjunta de uma equipe de
trabalho é uma propriedade que emerge da articulação e da sinergia entre as competências
individuais de seus membros. Durand (1999) também adverte, neste sentido, ao afirmar que
crenças e valores compartilhados no âmbito do grupo influenciam a conduta e a performance
de seus integrantes.
Os artigos de Hamel e Prahalad (1990) sobre as competências da empresa despertaram
interesse nos meios acadêmicos e empresariais do mundo inteiro. Todo e qualquer empresário
busca as famosas vantagens competitivas que o posicione a frente de seus rivais e sejam
difíceis ou até mesmo impossíveis de se imitar, o processo requer uma nova maneira de
pensar, um certo “desaprendizado” e uma readaptação por parte dos dirigentes da organização
(PRAHALAD, 1997).
18
Fleury e Fleury (2000) definem competência, como um saber agir responsável e
reconhecido, que implica em mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos,
habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. No
entanto, ressalvam que, para ser considerado uma competência essencial, esse conhecimento
deve estar associado a um sistemático processo de aprendizagem, que envolve descobrimento,
inovação e capacitação de recursos humanos.
Em síntese, as competências que sustentam o desempenho organizacional precisam,
também, ser gerenciadas em favor do ininterrupto desenvolvimento do conhecimento
empresarial. De acordo com Bitencourt (2004), a gestão de competências é um processo
contínuo e articulado de criação e incremento de conhecimentos, habilidades e atitudes, onde
o indivíduo torna-se responsável pelo seu autodesenvolvimento, pela construção e maturação
de suas competências a partir da interação com os outros no ambiente de trabalho.
Objetivando o aprimoramento de sua capacitação e empregabilidade, pode adicionar valor às
atividades da organização, da sociedade e a si próprio.
As estratégias de administração no momento atual parecem convergir, quase que
obrigatoriamente, para a adoção de uma abordagem mais humanizada do ambiente de
trabalho, que pode nos parecer utópica mas, a sociedade do conhecimento tem produzido um
interessante paradoxo: para se tornarem mais competitivas, as empresas precisam se tornar
também, mais humanas.
2.3.2. Competência e Gestão do Conhecimento
A geração de valor a partir do conhecimento e a implementação de estratégias para
atingir estes objetivos, exigem que as organizações desenvolvam cada vez mais suas
capacidades de pesquisar, analisar, usar, partilhar, tratar, indexar, catalogar, classificar
armazenar , recuperar e gerar novas informações.
Para manter a tão ambicionada liderança econômica e tecnológica, as empresas
precisam investir nesse novo profissional: o trabalhador do conhecimento, numa tradução
livre, knowledge workers (DRUCKER, 2000). Segundo Davenport e Prusak (1998, p. 133),
os trabalhadores do conhecimento “combinam habilidades hard – conhecimento estruturado,
qualificações técnicas e experiência profissional com atributos soft – um claro senso dos
aspectos culturais, políticos e pessoais do conhecimento”.
Essa cobrança permanente e, globalizada, para que as organizações do presente
possam competir e inovar, exige também que esses trabalhadores contemporâneos detenham
19
um novo conjunto de competências. Dentre essas, a competência informacional, que vai além
do saber ler e escrever. O indivíduo letrado vai além daquele que sabe ler e escrever, “ o
presente momento e o futuro estão e estarão exigindo um novo perfil do trabalhador: aquele
que saiba acessar, manejar e usar uma grande quantidade de informação disponível em
diferentes canais” (TEIXEIRA, 2006, p. 77) . São as competências denominadas por
especialistas como Letramento Informacional – Information Literacy.
Abell e Oxbrow (2001, p. 105-126), apresentaram uma pesquisa realizada em várias
organizações privadas e públicas das áreas de saúde, administração, educação, segurança
pública, indústria, engenharia e serviços, na Europa e nos EUA, concluída em 1999, com
diversos tipos de profissionais que desempenhavam funções de gestão do conhecimento, onde
concluíram que as competências e habilidades necessárias à Gestão do Conhecimento podem
ser classificadas em três grupos:
Competências nucleares, profissionais e técnicas são aquelas adquiridas pela educação
formal, capacitação profissional ou técnica, pela formação do indivíduo e por meio da
experiência; evidenciam os atributos pessoais, preferências e experiência sendo, de forma
geral, desenvolvidas de forma continuada. Para Quinn, Anderson e Finkelstein (2002, p. 86)
são consideradas como conhecimento cognitivo ou know-what. Apesar de não constituírem o
foco da Gestão do Conhecimento, deve ser essencial que cada “trabalhador do conhecimento”
seja capaz de manter e desenvolver as próprias competências relacionadas com a função
exercida.
Competências organizacionais, são repetidamente citadas como as competências chave
para a gestão do conhecimento produzido em equipe. Incluem a comunicação, a negociação e
a persuasão, agregadas ainda das habilidades de facilitação, aconselhamento e treinamento, e
ainda, a capacidade para promover o trabalho em equipe e para compreender e interpretar os
processos de negócio. Quinn, Anderson e Finkelstein (2002, p. 86) definem essas
competências como competências avançadas ou know-how e de compreensão do sistema ou
know-why.
Competências que permitem a Gestão do Conhecimento, estão relacionadas à habilidade
de planejar e implementar abordagens de Gestão do Conhecimento. Têm caráter mais
administrativo, à medida que a organização consolida seus processos de gestão do
conhecimento, a ênfase nessas competências diminui. Entretanto, a necessidade de emprego
dessas competências pode se manter ou mesmo aumentar se estiver relacionada a lideranças
do processo de gestão do conhecimento.
20
Os dois primeiros grupos dizem respeito ao indivíduo, enquanto o terceiro está
diretamente vinculado com a Gestão do Conhecimento em equipes, comunidades e redes.
Esses três grupos representam, em conjunto, as competências base que indivíduos, grupos ou
organizações necessitam para implantar a Gestão do Conhecimento.
Os mesmos Abell e Oxbrow (2001, p. 118), identificaram ainda na pesquisa, também
nesse grupo de competências, duas outras que, segundo eles, favorecem a Gestão do
Conhecimento: compreender o processo de conhecimento, e gerir a mudança, que inclui o
desenvolvimento de habilidades para:
identificar os benefícios da mudança para a organização e para os indivíduos;
envolver as pessoas na tomada de decisões;
identificar barreiras e obstáculos à mudança;
compreender a arte de realizar o possível, antes de atingir o impossível;
influenciar os desenvolvimentos organizacionais e de infra-estrutura, e
zelar pela correção do processo.
Dessa forma, cresce a importância do trabalhador do conhecimento à medida que
surgem novos empregos do processamento das informações e dos serviços. Sveiby (1998),
afirma que na economia do conhecimento as máquinas complementam a capacidade mental
do ser humano. Todavia, os ativos intangíveis de uma organização também se tornam
obsoletos e destaca a importância dos trabalhadores do conhecimento estarem
permanentemente comprometidos com o aprendizado (Sveiby, 1998; Crawford, 1994; e
Smith&Kelly, 1997).
2.4 Capital Intelectual ou do Conhecimento
Na definição de Bukowitz e Williams (2002, p. 17) “a gestão do conhecimento é o
processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital
intelectual”. Na atual economia, pródiga em transformações, que tende a um modelo de
gestão mais democrático, valorizando a habilidade, iniciativa e a criatividade como principais
ativos, são as pessoas, estruturas e clientes que compõem o Capital Intelectual de uma
empresa.
Dentro desse contexto, Cavalcanti, Gomes e Pereira Neto (2001) introduziram o
conceito de Capital do Conhecimento que é composto por quatro capitais: capital ambiental,
21
capital estrutural, capital intelectual e capital de relacionamento, que precisam ser
monitorados e gerenciados para uma gestão do conhecimento eficiente e eficaz.
O Capital Ambiental é apresentado como um conjunto de fatores que compõe o
ambiente onde a organização está inserida. Podem ser expressos pelo conjunto de
características sócio-econômicas da região, pelos aspectos legais, valores éticos e culturais,
aspectos governamentais e aspectos financeiros. É caracterizado como o ambiente de
negócios. Portanto o valor de uma empresa torna-se altamente dependente do contexto onde
ela está inserida.
Para sobreviver e se manter em condições de competitividade ela deve saber onde está
pisando a fim de andar na direção que lhe interessar. Dessa forma, faz-se necessário que a
empresa tenha uma visão estratégica claramente definida o que exige mais do que um bom
planejamento estratégico. A gestão das organizações na atual sociedade do conhecimento
prevê, além de uma correta análise do ambiente de negócios a percepção clara, e
compartilhada, de que a empresa precisa construir o futuro, reinventar o mercado.
O Capital Estrutural é constituído pela infra-estrura básica necessária para o
funcionamento da empresa. Costuma ser composto pelo conjunto de sistemas administrativos,
conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e programas de computador. Dos quatro capitais
do conhecimento, é o único efetivamente possuído pela organização e o que permite
mensurar, com maior possibilidade de acerto, seu valor.
Enquanto que, o Capital Intelectual é formado por conjunto de características que
engloba: capacidade, habilidade e experiência somadas ao conhecimento formal das pessoas
que integram uma organização. É um ativo intangível, pertencente ao próprio indivíduo, que
pode ser utilizado pela empresa para agregar valor, aumentar seu prestígio e reconhecimento
social ou gerar lucro.
O Capital de Relacionamento, também denominado competência relacional, é descrito
como a rede de relacionamentos de uma empresa com seus clientes, fornecedores e parceiros,
que podem ser individuais ou institucionais. O capital de relacionamento valoriza e incentiva
a empresa a estabelecer alianças estratégicas que visam ampliar sua permanência no mercado.
A partir de uma visão estratégica, a empresa deve determinar os relacionamentos-
chave para o sucesso do seu negócio e então construir uma estratégia de relacionamento
individualizada para cada um deles. Torna-se necessário identificar que retorno cada tipo de
parceiro é capaz de gerar. Alguns dão retorno financeiro, regra geral, os que recebem mais
atenção por parte da empresa. Outros dão retorno de imagem, o que pode ajudar a empresa a
abrir novas portas e outros ainda que não agregam valor financeiro nem de imagem,
22
entretanto, por serem clientes muito exigentes, obrigam a empresa a manter altos padrões de
qualidade, impedindo assim a sua acomodação ou extinção do mercado.
Entretanto, outros autores abordam o mesmo tema - economia do conhecimento -
referindo-se a esse novo capital como Capital Intelectual. O capital intelectual abrange ativos
difíceis de serem expressos, como a capacidade de uma empresa em aprender e adaptar-se.
O capital intelectual pode ser definido como qualquer coisa que seja valorizada pela
organização que esteja contida nas pessoas, ou seja, derivada de processos, de sistemas e da
cultura organizacional (BUKOWITZ & WILLIAMS, 2002, p. 18).
Na visão de Stewart (1999, apud Lara, 2005) o capital intelectual constitui a matéria
intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser
utilizada para gerar crescimento e riqueza e dessa forma contribuir para a sobrevivência das
organizações na atual era do conhecimento.
Para Edvinsson (1998, apud Lara, 2005, p. 47-48), capital intelectual é o domínio de
conhecimentos, experiência acumulada, tecnologia da organização, relacionamento com
clientes e habilidades profissionais. Ele desenvolve esse conceito afirmando que o capital
intelectual é todo conhecimento que traz alguma vantagem competitiva para a empresa, no
que é corroborado por Terra (2001) que também elege o capital intelectual como a principal
vantagem competitiva das organizações:
[...] baseia-se no capital humano ou ainda no conhecimento tácito que
seus funcionários possuem. Este é difícil de ser imitado, copiado e
"reengenheirado". É ao mesmo tempo individual e coletivo, leva
tempo para ser construído e é de certa forma invisível, pois reside na
"cabeça das pessoas" (TERRA 2001, p. 214).
Apesar do capital intelectual ser descrito como composto pelos capitais: humano e
estrutural, Edvinsson (1998) chama atenção para o fato que o capital humano pode gerar um
tipo de capital estrutural, que inclui banco de dados, sistemas de informação, entre outros e
que, apesar de não ser possível possuir o capital humano, o capital estrutural resultante é de
propriedade da empresa podendo, portanto, ser vendido.
Face a esse contexto, pode-se observar que as empresas têm apresentado algumas
tentativas de reconhecimento da importância do potencial humano como agregador de valor.
Observa-se que com a globalização e o avanço tecnológico, as empresas estão investindo cada
23
vez mais no desenvolvimento de seu capital humano, com o objetivo de ter retorno mais
rápido.
As organizações, segundo Carbone et al (2006), mudaram sua essência de
funcionamento e desenvolveram bases patrimoniais a partir do saber das pessoas, o que exige
mudanças na metodologia de sua contabilização. A contabilidade tradicional refere-se à
temporalidade dos sistemas de mensuração, remontando a transações financeiras pretéritas ou
seja, transações que já ocorreram. Esta, apesar de limitada, pode oferecer projeções da saúde
financeira da empresa.
No caso da IES pesquisada, é possível mensurar essa capacidade financeira por meio
da análise e avaliação do crescimento patrimonial, expansão do número de campi, contratação
de funcionários administrativos e docentes, aumento do número de discentes, entre outros.
Todavia, esses dados não têm a capacidade de gerar indicadores para questões
qualitativas, como fidelidade, satisfação da clientela, credibilidade da marca ou a base de
competência instalada (CARBONE et al 2006), além da qualidade das relações de trabalho ou
a motivação dos funcionários. Esses fatores intangíveis projetam uma capacidade de ação
presente para geração de resultados futuros. Enquanto a contabilidade tradicional preocupa-se
em mostrar o passado, os indicadores de capital intelectual procuram demonstrar a capacidade
que a empresa tem hoje, de avançar para o futuro.
Para Brooking, apud Antunes & Martins (2002), o capital intelectual pode ser dividido
em quatro categorias de ativos:
Ativos de Mercado são os potenciais que a empresa possui e que estão relacionados com o
mercado, como: marca, clientes, fidelidade dos clientes, negócios recorrentes, negócios em
andamento, canais de distribuição, franquias, entre outros.
Ativos Humanos, definidos como o conjunto de benefícios que o indivíduo pode oferecer
às organizações utilizando de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para
resolver problemas, de forma coletiva e dinâmica, para agregar valor aos produtos ou
serviços.
Ativos de Propriedade Intelectual são aqueles que necessitam de proteção legal para
proporcionar às organizações benefícios tais como: know-how, segredos industriais,
copyright, patentes, designs, etc.
Ativos de Infra-Estrutura, que compreendem as tecnologias, as metodologias e os
processos empregados, como cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação
de risco, banco de dados de clientes, etc.
24
Como um bem humano, o capital intelectual das empresas, apresenta-se como um
paradoxo. Se as pessoas constituem uma vantagem competitiva principal, como realmente o
são, tem-se que investir nelas, facilitar seu desenvolvimento e ceder espaço para o
aprimoramento de seus talentos. Entretanto, quanto mais as organizações reconhecerem isso,
mais enriquecerão seus passaportes e aumentarão sua mobilidade potencial.
Todavia, é fato que a gestão de pessoas, realizada por líderes, ocupou o lugar da
administração tradicional e que, reconhecer e valorizar o capital humano é fundamental para
atrair e reter, por um maior espaço de tempo possível, profissionais de sucesso, inovadores e
articulados com o conhecimento, hoje, os principais responsáveis pelo desempenho
diferenciado das empresas capazes de manter vantagens competitivas num mercado tão
exigente.
2.5 Aprendizagem Organizacional
Há não muito tempo ouvia-se constantemente a repetição da máxima: informação é
poder. Se isso é verdade, pode-se observar uma alteração de paradigma, ou uma evolução do
paradigma para: conhecimento é poder. As empresas que adotam uma abordagem estratégica
na sua gestão reconhecem o conhecimento como uma oportunidade de melhorar sua posição
no competitivo e excludente mercado globalizado.
Entretanto, não basta produzir conhecimento ou retê-lo de forma individualizada, faz-
se necessário que o conhecimento organizacional seja compartilhado, deixando assim de ser
propriedade de pessoas e passando a compor o patrimônio empresarial. Somente com a
transição do status de individual para coletivo é que o conhecimento poderá contribuir para a
aprendizagem organizacional.
Surpreendentemente, a definição clara de aprendizado se mostrou esquiva ao longo
dos anos. (...) “Quase todos os acadêmicos vêem o aprendizado organizacional como processo
que se desdobra no tempo e o vinculam à aquisição de conhecimento e à melhoria do
desempenho”. (HARVARD BUSINESS REVIEW, 2000, p. 53)
A reflexão sobre os princípios da Gestão do Conhecimento remete à base da teoria da
Aprendizagem Organizacional, com as cinco disciplinas propostas por Senge (2001) para as
organizações voltadas para a aprendizagem.
Senge (2001), concretizou sua teoria em muitos anos de estudo e pesquisas em
organizações que obtiveram ou não bons resultados em relação à lucratividade e
sobrevivência, mas que só tomaram consciência disso no decorrer do processo. Durante anos,
25
essas organizações concentraram a aplicação de seus conhecimentos em balanços mensais,
desenvolvimento de técnicas gerenciais para alta administração, análise da concorrência e
outros indicadores, entretanto, não levaram em consideração sua mais preciosa alternativa de
geração de lucro e sustentabilidade: as pessoas que dela faziam parte.
A palavra disciplina compreende o significado de uma teoria particular, traduzida
numa série de práticas que, segundo Senge (2001), leva-se toda uma vida para dominar. Na
verdade, para ele, nunca se “domina” uma disciplina: quanto mais se aprende, mais se percebe
quanto ainda há para aprender.
Por compartilharem a crença da contribuição de Senge para a Gestão do
Conhecimento, Shinyashiki, Trevizan e Mendes (2006) também descrevem as idéias por ele
desenvolvidas a respeito das cinco disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, objetivo
comum, aprendizado em equipe e raciocínio sistêmico.
A primeira disciplina, chamada domínio pessoal, propõe o aprendizado da expansão
das capacidades pessoais para obtenção dos resultados desejados e a criação de um ambiente
organizacional que incentive todos os envolvidos a atingir as metas selecionadas. Habilidade,
competência e crescimento espiritual fundamentam o domínio pessoal, e este visa tornar a
vida criativa ao invés de, apenas reativa. Sua prática permite às pessoas a análise do grau de
importância dos acontecimentos em sua vida, permitindo assim que elas visualizem de forma
mais clara o hoje, analisem o que realmente desejam e assim, busquem uma solução para seus
questionamentos.
Modelos mentais é a segunda disciplina. Consiste em refletir, esclarecer e melhorar a
imagem que cada um tem do mundo, com o objetivo de moldar ações e decisões. No contexto
organizacional, as representações individuais são diferentes e demandam muito trabalho para
minimizar as diferenças interpessoais. O reconhecimento e a comunicação dos modelos
mentais exigem reflexão e capacidade de investigação. O principal questionamento é como
trazer à tona, expor e discutir as percepções das pessoas a respeito do mundo, de forma que os
modelos mentais compartilhados possam ser aprimorados. Os modelos mentais devem ser
verificados, pois modelam o agir das pessoas, e desta forma, podem limitar as ações da
organização.
A terceira disciplina descrita por Senge (2001), objetivo comum, aborda as questões
relacionadas à clareza e compartilhamento de objetivos. O autor afirma que é difícil lembrar
de uma organização que tenha se mantido numa posição de grandeza sem compartilhar
objetivos, valores e compromissos em conjunto pelos membros da organização. Quando se
têm objetivos claros e as pessoas estão comprometidas, existe a validação e busca verdadeira
26
da realização dessas intenções que passam a ser compartilhadas pelos integrantes da
organização. Tende-se a construir um objetivo comum que promova os interesses pessoais e
organizacionais simultaneamente.
O objetivo da quarta disciplina, aprendizado em equipe, é estimular o envolvimento do
grupo em relação ao futuro que se pretende criar e elaborar princípios e diretrizes que
favoreçam que esse futuro seja alcançado. Para Senge (2001), aprendizado em grupo é o
processo de alinhamento e desenvolvimento da capacidade de um grupo criar os resultados
que seus membros realmente desejam. Ele prevê três dimensões essenciais:
a necessidade de analisar as questões complexas, canalizando o potencial das mentes
envolvidas e tornando a inteligência do conjunto maior que a individual, onde o todo se torna
maior do que a soma das partes;
a necessidade de sustentar ações inovadoras de forma coordenada - cada membro tem
a consciência que faz parte de uma equipe e atua de forma a complementar as ações dos
outros;
a existência da influência de um grupo sobre outros grupos e, assim, uma equipe
colabora com outras equipes na difusão de técnicas do aprendizado em grupo.
Vê-se, portanto, que é necessário alocar estas necessidades de forma organizada. Para
isso há que se levar em consideração a relevância da quinta e última disciplina, o raciocínio
sistêmico, definido por Senge (2001), como uma estrutura conceitual, um conjunto de
conhecimentos e instrumentos desenvolvidos nos últimos cinqüenta anos, que tem por
objetivo tornar mais claro todo o conjunto e nos mostrar as modificações a serem feitas a fim
de melhorá-lo. Esta é uma disciplina que busca a integração das outras quatro, fundindo-as
num conjunto coerente de teoria e prática. Considera-se, portanto, que o pensamento
sistêmico pode ser a chave para a integração da razão e da intuição.
Percebe-se, realmente, nessas disciplinas um caráter de princípios, pois nelas são
apresentadas as crenças que a organização voltada para a aprendizagem deve ter e não as
práticas que ela deve adotar.
Drucker (2001), sugere que um dos desafios mais importantes das organizações da Era
do Conhecimento é desenvolver práticas sistemáticas para administrar a autotransformação.
Segundo ele, a organização tem que aprender a criar novos conhecimentos por meio de
melhoria contínua de todas as atividades, mediante o desenvolvimento de novas aplicações
com base em seus próprios sucessos, e manter a inovação como processo organizado, visando
sempre responder ao desafio de aumentar continuamente a produtividade dos trabalhadores do
conhecimento e da área de serviços.
27
De acordo com Senge (2001), nas organizações que aprendem, as pessoas expandem
continuamente sua capacidade de criar os resultados que elas realmente desejam, onde formas
novas e expansivas de pensar são encorajadas, onde a aspiração coletiva é livre e onde as
pessoas estão constantemente aprendendo a aprender coletivamente.
Lara (2005) reforça a idéia difundida por vários autores que, a tecnologia da
informação vem evoluindo aceleradamente nos últimos anos e que as empresas terão que
dominar a equação informação-conhecimento-sabedoria e aplicá-la nas resoluções de seus
problemas ou dificilmente conseguirão obter vantagens competitivas capazes de mantê-las no
caminho do crescimento.
Entretanto, é notoriamente sabido que a tecnologia já se transformou em commodity e
sua posse coloca as empresas em condições de igualdade; as pessoas é que fazem a diferença.
Na economia do conhecimento faz-se necessário adotar uma nova forma de gestão, tanto para
as pessoas quanto para tecnologia. Não existe mais espaço para empresas hierarquizadas, que
ainda acreditam no jargão: manda quem pode, obedece quem tem juízo, e sim para empresas
que valorizam a criatividade e o compartilhamento de idéias, empresas que aprendem com
seus colaboradores, parceiros e clientes. (CAVALCANTI; GOMES; PEREIRA, 2001)
A capacidade de gerenciar o intelecto humano e de convertê-lo em produtos e serviços
úteis transforma-se rapidamente na habilidade executiva crítica de nossa era (LARA, 2005, p.
7).
2.6 Mudança Organizacional
Nas últimas décadas, muito tem se falado, discutido, prescrito e tentado sobre o tema
da mudança organizacional (Lima e Bressan, 2003, p. 19). As constantes exigências do
mercado freqüentemente determinam mudanças de procedimentos no ambiente de trabalho.
Segundo Chandler (1977), desde a chegada da estrada de ferro e do telégrafo que a
vida pacata nas organizações foi irremediavelmente perturbada. Essas duas tecnologias
trouxeram com elas a rapidez e a informação para dentro das organizações abrindo-lhes, com
o estreitamento das fronteiras geográficas, a possibilidade de expansão e de realização de
novos negócios. Nesse contexto, Lima e Bressan (2003) observam que, sem sombra de
dúvida, a mudança organizacional não é uma questão nova. Novidade é o ritmo e a força que
as mudanças no ambiente vêm impondo as organizações.
O ambiente que envolve as organizações é extremamente dinâmico, exigindo delas
uma elevada capacidade de adaptação como condição básica de sobrevivência. O processo de
28
mudança organizacional começa com o aparecimento de forças que vêm de fora ou de
algumas partes da organização. Essas forças podem ser endógenas ou exógenas à organização:
As forças exógenas provêm do ambiente, como as novas tecnologias, mudanças em valores
da sociedade e novas oportunidades ou limitações do ambiente (econômico, político, legal e
social).
As forças endógenas que criam a necessidade de mudança estrutural e comportamental
provêm da tensão organizacional: tensão nas atividades, interações, sentimentos ou resultados
de desempenho no trabalho.
Portanto, pode-se dizer, com base em Araújo (2000), que mudança organizacional é
uma alteração significativa dentro da organização, sendo esta articulada, planejada e
operacionalizada por pessoal interno ou externo, com apoio e supervisão da administração
superior.
Wood Jr. (2000), em seu livro sobre mudanças organizacionais, refere-se à mudança
como um tema complexo e multifacetado, que pode ser definida como “qualquer
transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de
qualquer outro componente capaz de gerar impacto em partes ou no composto da
organização”.
Por outro lado, Robbins (1999) define a mudança como uma atividade intencional,
proativa e direcionada para a obtenção das metas organizacionais. Este mesmo autor,
argumenta que o sucesso e o fracasso de uma empresa dependem essencialmente do que seus
funcionários são ou não capazes de realizar e sendo assim, a mudança planejada pode levar a
organização a aprimorar a capacidade de adaptar-se ao ambiente e, paralelamente, mudar o
comportamento das pessoas.
A definição de mudança proposta por Porras e Robertson (1992, apud Lima e Bressan,
2003, p. 21) baseia-se em dois critérios: a categoria (planejada ou não) e a ordem (primeira ou
segunda). Os autores ressaltam que a mudança planejada é resultante de intervenções do
“desenvolvimento organizacional” (DO) e busca a melhoria do desempenho organizacional
ou a elevação do desempenho do indivíduo, pela mudança de seu comportamento no trabalho.
Assim, o comportamento individual apresenta-se como fundamental para a mudança, pois os
autores argumentam que:
Mudança no comportamento dos membros da organização é a
essência da mudança organizacional e, além disso, qualquer mudança
de sucesso irá persistir sobre longo tempo somente se, em resposta às
29
mudanças nas características organizacionais, os membros alterarem
seu comportamento no trabalho de maneira apropriada (1992, apud
Lima e Bressan, 2003, p. 724)
Entretanto, o comportamento do indivíduo no trabalho tende a se consolidar com o
passar do tempo. Roteiros individuais e coletivos se estabelecem, resultando em padrões
resistentes às mudanças e inovações.
Segundo Magalhães (1997), a mudança obedece a um ciclo e precisa ser administrada.
Os comportamentos apresentados frente a um processo de mudança costumam representar os
vários estados que o indivíduo pode vivenciar nas organizações, que são:
Insatisfação: toda mudança começa com um estado de insatisfação. É a negação do estado
anterior. Um desassossego em relação ao que existe. Um desejo de fazer e viver algo
diferente. Pessoas satisfeitas são avessas à mudança.
Inquietação: a partir do momento que a insatisfação se instala, a inquietação é um estado
necessário para a busca de soluções, pois empurra o indivíduo em direção a novas respostas
para antigas expectativas. Pessoas acomodadas são avessas à mudança.
Curiosidade: um espírito inquieto só será útil se for movido pela curiosidade, que é a busca
do novo, do diferente, do complexo e do desconhecido. Pessoas pacatas são avessas à
mudança.
Aprendizagem: mais do que obter uma informação, para gerar mudanças é preciso
apreender conhecimentos. Isso demanda um interesse genuíno em viver experiências e
permutar idéias. Pessoas com pouco conhecimento e mentalidade limitada são avessas à
mudança.
Inovação: exercitar a criatividade e ser capaz de gerar comportamentos e soluções
inovadores é a essência da mudança. Se não houver a implantação de uma metodologia
inusitada não há uma verdadeira mudança. Pessoas sem imaginação são avessas à mudança.
Atuação: pessoas que imprimem energia em suas ações e investem esforços em suas idéias,
produzem mudanças e promovem o progresso. Pessoas inativas são avessas à mudança.
Renovação: pessoas que não acreditam em uma única fórmula de sucesso, são aquelas
sempre bem sucedidas. Se auto inventar continuamente e se entregar a mudanças é o exercício
básico do sucesso. Pessoas inflexíveis são avessas à mudança.
Ainda de acordo com Magalhães (1997), os indivíduos aptos a lidar com a mudança
apresentam algumas características em comum. Eles demonstram ter uma atitude:
30
Positiva – percebe a complexidade da vida, mas vê oportunidades em todos os desafios.
Acredita em seu potencial para encontrar soluções e demonstrar autoconfiança para enfrentar
dificuldades e implementar idéias.
Focada - tem clareza de propósitos e coloca a maior parte de sua energia nos objetivos que
almeja. Prepara-se para as dificuldades e percebe mais oportunidades do que a média, em
relação aos seus alvos de vida.
Flexível – reage de forma criativa e bem humorada. Possui grande maleabilidade frente às
incertezas. É capaz de se adaptar a novos ambientes e aprender com rapidez.
Organizada – sabe elaborar métodos eficazes de trabalho e fazer revisão dos padrões e
procedimentos. Desenvolve procedimentos práticos e efetivos, mesmo em ambientes
conturbados e frente a ambigüidades.
Proativa – se engaja ao invés de resistir. Parte para a ação e enfrenta os problemas na
medida em que aparecem. Investe grande energia para produzir resultados.
Faz-se necessário destacar que o ciclo da mudança não tem começo nem fim, mas
depende de características individuais, de como cada pessoa atua diante das situações
adversas da vida pessoal e profissional.
Para Robbins (2002), uma das descobertas mais bem documentadas nas pesquisas
sobre comportamento organizacional e de pessoas, é que as organizações e seus membros
resistem à mudança. Na visão de Robbins (2002), a resistência à mudança nem sempre
aparece de maneira padronizada. Ela pode ser aberta, implícita, imediata ou protelada. Para as
organizações, torna-se mais fácil administrar as duas primeiras, por serem manifestações
explícitas. O que tem a ver diretamente com os princípios e valores que as pessoas e as
organizações internalizaram do decorrer de suas vidas.
O grande desafio das lideranças está em enfrentar a resistência quando ela é implícita,
pois sua manifestação é mais sutil e, conseqüentemente mais difícil de ser identificada,
podendo manifestar-se como perda de lealdade para com a organização, perda de motivação
para o trabalho, perda da qualidade, aumento do absenteísmo entre outros. De forma
semelhante também se manifestam os traços da resistência demorada, que podem ficar
latentes por um período indeterminado de tempo (semanas, meses ou até anos) e então
explodir de forma, aparentemente, desproporcional ao agente deflagrador.
As fontes de resistência individual à mudança, segundo Robbins (2002), encontram-se
nas características humanas básicas: personalidade, percepções e necessidades. Podendo ser
31
identificados cinco motivos: hábito, segurança, fatores econômicos, medo do desconhecido e
processamento seletivo de informações.
A adoção de hábitos pode ser classificada como um agente facilitador da rotina dos
indivíduos, portanto ter que modificá-los pode levar, naturalmente, à resistência.
Com relação à segurança, o autor considera que indivíduos com elevada necessidade
de segurança costumam resistir à mudança por se sentirem ameaçados.
A preocupação com os fatores econômicos quando da redução dos rendimentos, pode
ser uma fonte de resistência; mudanças nas tarefas também podem gerar resistência quando os
indivíduos temem não conseguir manter o mesmo nível de desempenho.
O medo do desconhecido pode se apresentar nas alterações da rotina ou das tarefas
costumando gerar sentimentos de medo e insegurança pelo simples fato de serem inusitadas.
O processamento seletivo de informações surge como motivo de resistência à
mudança quando, na tentativa de preservar sua percepção de mundo, os indivíduos podem
ignorar seus sinais, processando seletivamente as informações, para manter sua percepção
intacta.
Ainda de acordo com Robbins (2002) as organizações resistem ativamente à mudança
por serem, naturalmente, conservadoras. Por isso, o autor identifica seis fontes para
resistência organizacional que merecem destaque neste contexto:
Inércia estrutural – as organizações tendem a manter a estabilidade em seus processos,
produzindo uma certa inércia em seus mecanismos internos; quando ela se confronta com a
mudança, essa inércia estrutural age para manter a estabilidade.
Foco limitado de mudança – as organizações são compostas por sub-sistemas
interdependentes. Se a mudança em um sub-sistema não for absorvida pelos demais, ela
poderá ser anulada pelo sistema mais amplo.
Inércia de grupo – as normas do grupo podem impedir os indivíduos de mudar seu
comportamento.
Ameaça à especialização – a exclusividade de alguns grupos de especialistas pode ser
ameaçada quando novos processos são implantados.
Ameaça às relações de poder estabelecidas – a redistribuição de autoridade, a criação de
novos cargos e a chegada de novos elementos podem ameaçar as relações de poder já
estabelecidas na organização.
Ameaça à alocação de recursos estabelecidos – grupos que controlam algum tipo de
recurso que possa ser cortado, freqüentemente reagem à implantação da mudança.
32
Numa outra vertente da compreensão da mudança organizacional, encontram-se
autores que destacam os valores individuais e organizacionais como elementos relevantes a
serem analisados nesse processo. Os valores são os pilares internos das organizações, são
ações que se apresentam em condutas que definem "o caráter da Empresa". Toda organização
é fundamentada em um conjunto de valores comuns.
De acordo com Hofstede (1997:23, apud Borges e Guimarães, 2005), os valores
podem ser definidos como “a tendência para se preferir um certo estado de coisas face a
outro”. Em suma, eles são sentimentos orientados, com um lado negativo e outro positivo, que
definem: “mau versus bom; sujo versus limpo; feio versus bonito; normal versus anormal;
paradoxal versus lógico; irracional versus irracional”.
Para Kotter e Heskett (1994), a cultura organizacional é definida pelos valores
compartilhados pelas pessoas em um grupo. Ainda assim, os indivíduos podem ter valores
compatíveis ou conflituosos com os da organização, explicam Tamayo, Mendes e Paz (2000,
apud Gosendo e Torres, 2005).
Freitas (1997, apud Borges e Guimarães, 2005) afirma que apesar das organizações
estarem descobrindo a cada dia novas estratégias e práticas de gestão atrativas sob os aspectos
financeiro e mercadológico, por vezes essas ações não chegam a ser implantadas pelo fato de
requererem valores e pressupostos diferentes dos já incorporados à cultura vigente.
Pode-se também observar a influência dos valores no comportamento e nos processos
organizacionais quando Enz (1988, apud Jacometti, 2005) afirma que as mudanças são
implantadas e legitimadas na organização, dependendo do grau de convergência de interesses
e de valores dos seus integrantes. Dessa forma, o processo de mudança fica sujeito a critérios
de aceitação ou de resistência, determinados pela medida de associação entre os valores
individuais e os organizacionais.
As mudanças nas organizações, com todas as dificuldades que se lhe apresentam, são
apropriadas ao momento que vivenciamos e pode contar com ações de profissionais da
educação e da psicologia para conduzi-las.
A sensibilização dos participantes da organização deve ser bem trabalhada e as decisões
compartilhadas para que a participação conjunta seja motivo de cooperação entre
funcionários. Torna-se fundamental que todos os trabalhadores, de todos os níveis, saibam
que nesta sociedade, o conhecimento é questão estratégica, visto sob a ótica econômica e o
fator humano como recurso, sendo sua capacitação parte da estratégia competitiva.
Todos os segmentos da sociedade foram suscitados a se atualizarem face ao mundo em
33
transformação. Os modelos administrativos para gestão de negócios e serviços não poderiam
ficar aquém das mudanças e respondem aos desafios, modificando-se, ao menos, em suas
concepções acerca dos formatos organizacionais.
Com relação à gestão da informação, seria interessante considerar que se trata de um processo
com etapas seqüências e ou concomitantes. Isto vai exigir das organizações algumas
mudanças de atitudes, como uma espécie de preparação para que a gestão do conhecimento
seja implantada, com chances de sucesso.
Se entendermos gestão do conhecimento como um conjunto de estratégias de ação que
visam fomentar a criação, o compartilhamento/socialização e a retroalimentação do
conhecimento humano, em um determinado espaço organizacional, sem dúvida a gestão do
conhecimento é possível.
Com relação às IES, objeto desta pesquisa, a questão se mostra mais necessária por
ser esta uma instituição produtora de conhecimento e, atualmente, vista como organização
aprendente, num processo dialógico e com necessidades gestionais, como qualquer outra
organização. Como nos fala Zácaro (2003, p. 59):
Não se trata simplesmente de aderir a novos e bonitos títulos,
neologismos e modelos prontos, importados. Trata-se de obter
vantagens competitivas e se estar preparado para aderir a este
movimento irreversível em um mundo que é hoje uma pequena aldeia,
onde vivemos cercados de organizações
A gestão de IES, a partir do modelo da Gestão do Conhecimento, vem ao encontro dos novos
princípios de articulação entre instituições e sociedade, como preconizou Drucker (2001), ao
falar de uma sociedade instruída.
Zácaro (2003, p. 82), de certa forma, reitera a apologia de Drucker (2001), quando
aponta as características da Sociedade Pós Capitalista:
“A idéia é a de uma nova escola-instituição, compreendida como
sistema aberto, vivo, que troca energia com o meio, no qual tudo está
em movimento, em processo, uma Escola verdadeiramente
“construtivista”, “ interacionista”, “sócio-cultural” e “ transcendente”.
34
3 METODOLOGIA
A resposta ao problema da pesquisa, bem como aos objetivos da mesma, amparam-se
nos procedimentos metodológicos aqui apresentados. Já os estudos, preliminares, sobre
conhecimento, gestão do conhecimento, competências, capital intelectual, aprendizagem
organizacional e mudança organizacional procuram orientar, academicamente, o trabalho e
servem para consolidar a pesquisa como estudo de caso.
3.1 Tipos de Pesquisa
São os objetivos da pesquisa que determinam o método, o tipo de pesquisa e a
estratégia a ser utilizada. De acordo com Sellitz et al. (1974), é possível identificar três tipos
de pesquisa segundo seus objetivos:
Se o objetivo da pesquisa é familiarizar-se com o fenômeno ou ter uma nova compreensão
do mesmo, o estudo é denominado “exploratório”.
Se a pesquisa pretende apresentar as características de uma situação, um grupo ou
indivíduo específico e verificar a freqüência com que algo ocorre ou como está ligado a outra
circunstância, o estudo é denominado “descritivo”.
Se o objetivo é verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis, trata-se de um
estudo que verifica hipóteses causais.
A vasta literatura disponível confirma o conceito que a pesquisa descritiva tem por
finalidade observar, registrar e analisar os fenônemos sem, entretanto, entrar no mérito de seu
conteúdo. A pesquisa descritiva não deve sofrer interferência do investigador, que procura
apenas perceber, com o devido cuidado, a freqüência com que o fenômeno acontece.
Destacam-se, nesse modelo, aquelas que visam descrever características de grupos
(idade, sexo, procedência etc.), como também a descrição de um processo numa organização
e/ou a existência de associações entre variáveis.
Para este estudo é significativo também descrever a pesquisa qualitativa que,
diferentemente de uma pesquisa quantitativa, não obriga à formulação de hipóteses, nem
demanda dados numéricos, rigorosamente estabelecidos, para enumerar ou auferir o objeto
teoricamente constituído. Entretanto, é importante ressaltar que nesse tipo de pesquisa,
também existe rigor científico, conforme enfatizam Vieira (2004) e Martin (1990). O uso da
pesquisa qualitativa não impede o estabelecimento de procedimentos científicos, que podem
ser aplicados nas perguntas da pesquisa, nos conceitos e nas variáveis, bem como nos
35
procedimentos de campo. Com as devidas ressalvas, esses procedimentos permitem, até
mesmo, replicações.
Importante destacar também que, os tipos de pesquisa não são mutuamente
excludentes, conforme escreve Vergara (2000), uma superposição entre eles pode ocorrer,
dificultando, assim, definir sob que ótica o estudo se enquadra, obrigando, por vezes, a se
optar por mais de um tipo de pesquisa. “Na prática, esses diferentes tipos de estudo nem
sempre são nitidamente separáveis. Qualquer pesquisa considerada, pode conter elementos de
duas ou mais funções descritivas como características e diferentes tipos de estudo”
(SELLITZ et al, 1975, p. 60).
No presente trabalho foi aplicada, portanto, uma pesquisa descritiva com abordagem
qualitativa, considerando a natureza da investigação, na medida que tanto os objetivos quanto
as questões da pesquisa propõem o entendimento de uma situação não quantificável, visando
compreender como o conhecimento é criado, aplicado e disseminado na IES pesquisada.
3.2 Meios de Investigação
De acordo com Vergara (1998, p. 47), a pesquisa de campo é a “investigação empírica
realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõem de elementos para
explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários...”, e consiste “na observação
dos fatos tal como eles ocorrem, espontaneamente, na coleta de dados e no registro de
variáveis presumivelmente relevantes para ulteriores análises” (RUIZ, 1996, p. 50).
A pesquisa de campo foi eleita como método a ser utilizado, uma vez que, permitiu o
levantamento dos dados necessários à análise do problema formulado. A pesquisa de campo é
realizada após o estudo bibliográfico, para que o pesquisador adquira um bom conhecimento
sobre o assunto, pois é nesta etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, o
meio para a coleta de dados, o tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e
analisados.
Foi também adotada a metodologia de estudo de caso único. Os estudos de casos são
comumente empregados para o reconhecimento de situações específicas, que podem levar ao
conhecimento "generalizável" com o objetivo de contribuir para a compreensão de situações
análogas e a conseqüente aplicação de conduta compatível.
O dilema dessa metodologia está, portanto, na identificação adequada do que o caso
escolhido tem de particular e o que pode constituir instrumental para o reconhecimento das
questões enfrentadas na prática, "sem cair na tentação da busca de generalizações apressadas
ou ilegítimas", nos alerta Tanaka et al. (1999, p. 221). Partindo de uma perspectiva
36
qualitativa, a preocupação se dá "menos com a generalização e mais com o aprofundamento e
abrangência da compreensão" (Minayo,1992, p. 102).
Caracterizado como um estudo intensivo leva em consideração, sobretudo, a
compreensão, como um todo, do assunto investigado. O que, segundo Fachin (2001, p. 42),
pode até favorecer o aparecimento de relações que de outra forma não seriam descobertas.
Na definição de Yin (2001) o estudo de caso se apresenta como uma estratégia de
investigação mais adequada quando queremos saber o “como” e o “porquê” de
acontecimentos atuais, sobre os quais o investigador tem pouco ou nenhum controle, podendo,
ainda assim, fazer observações diretas.
Triviños (1987, p. 110-117) considera o estudo de caso como descritivo, com o
objetivo de aprofundamento de certa realidade, e que só representa aquela realidade, sem a
prerrogativa de extrapolação de resultados, com o propósito de aprofundamento de um tema e
de formulações teóricas, de natureza qualitativa.
Para Roesch (1999, p. 197) o estudo de caso analisa os fenômenos com profundidade
dentro de seu contexto e explora estes fenômenos de vários ângulos, pois além de ser
especialmente recomendado para o estudo de processos, permite flexibilidade para
considerarem-se variáveis da pesquisa identificadas ao longo da prática da coleta de dados.
Faz-se necessário também, compreender que a realização de um estudo de caso exige
um processo de impregnação e investigação, de acordo com Richard Fenno (apud Putnam,
1996, p. 27), onde o pesquisador precisa embrenhar-se nas minúcias de uma instituição para
conhecer seus costumes e suas práticas, seus pontos fortes e fracos, tal como os que vivem seu
dia-a-dia. Essa imersão, segundo os autores, aguça a intuição do pesquisador e fornece muitas
pistas para o entendimento do objeto estudado. Dessa forma, a impregnação pelo ambiente
local ocorreu durante a experiência adquirida pela autora desse trabalho enquanto pró-reitora
de extensão, do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, o que possibilitou o
contato direto com a dinâmica institucional e seus atores.
Ao analisar a construção do estudo de caso, sob o enfoque da filosofia, novamente
Triviños (1987), defende que o estudo de caso enfatiza os aspectos formais do contexto, é
altamente dependente de percepções, de processos de conscientização, da compreensão do
contexto cultural, da história das empresas e do significado dos fenômenos.
A concordância com o pensar de todos os autores citados, norteou a realização deste
estudo de caso.
3.3 Caracterização da Amostra
37
As razões para se conduzir um estudo de caso único se justificam sob certas
circunstâncias, ou seja, quando o caso representa um teste crucial da teoria existente; é um
evento raro ou exclusivo; ou serve a um propósito revelador (YIN, 2001). O objetivo deste
estudo está contemplado na terceira proposição pois, espera-se, ao final do trabalho, poder
responder a problematização que deu origem a pesquisa.
A pesquisa realizada teve por objetivo fazer um diagnóstico de como a liderança da
instituição analisada se comporta em relação às questões voltadas para a aquisição e
disseminação do conhecimento.
Para tanto, optou-se por realizar a pesquisa com os grupos de colaboradores que
ocupavam cargos de liderança tanto na área administrativa, propriamente dita, denominada
mantenedora, a Fundação Oswaldo Aranha - FOA, como na área acadêmica, denominada
mantida - o Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA.
A pesquisa foi realizada em 02 (dois) momentos, com intervalo de 1 (um) ano, 2007 e
2008, sempre no mês de abril, com os mesmos grupos de cargos.
Nos dois momentos os questionários foram distribuídos, para os integrantes da
mantida, em reunião de líderes acadêmicos, onde o objetivo da pesquisa foi esclarecido; e,
encaminhados individualmente, por malote, para os integrantes da mantenedora, com os
objetivos esclarecidos pessoalmente ou por telefone, pela pesquisadora.
A devolução dos questionários se deu nos dois mesmos contextos descritos na entrega
para preenchimento, sendo que os distribuídos à mantenedora foram encaminhados à
secretaria da Pró-reitoria de Extensão.
Em 2007, a população de respondentes era composta de 36 (trinta e seis)
colaboradores ocupando cargos de liderança, distribuídos de forma não equivalente entre as
duas áreas, e 33 (trinta e três) lideres responderam ao questionário.
Em 2008, depois de algumas mudanças no organograma da mantida, o número de
líderes passou para 51 (cinqüenta e um), com 39 (trinta e nove) respondentes.
3.4 Coleta de Dados
A principal forma de coleta de dados é a leitura de livros, revistas, sites, entre outros,
habitualmente utilizada para todos os tipos de pesquisa, chamada de pesquisa bibliográfica.
Existem, basicamente, dois tipos de dados, que podem ser classificados em primários e
secundários. Dados primários são os que não estão disponíveis em documentos, são
diretamente coletados no campo com o propósito de atender às necessidades específicas da
pesquisa em andamento (MATTAR, 1993).
38
Dados secundários, ainda segundo Mattar (1993), são os que se encontram em
documentos, tabulados, ordenados, com propósitos outros ao de atender às necessidades
específicas da pesquisa em curso, e que estão à disposição dos interessados. As fontes de
dados secundários utilizadas foram: a própria IES, relatórios sociais e publicações da
instituição.
Segundo Yin (1990), um dos pontos fortes do estudo de caso é sua habilidade em lidar
com diferentes fontes de evidência – documentos, artefatos, entrevistas e observações.
Para a coleta de dados foram utilizadas as aplicações de questionários, observação
participante, bem como, levantamentos documentais (relatórios sociais, publicações
multimídias produzidas pela IES).
A coleta de dados ocorreu em fases distintas. A primeira, consistiu de uma revisão
bibliográfica, visando conhecer parte da literatura atual sobre Gestão do Conhecimento; e a
segunda, a coleta de dados, propriamente dita, para o estudo de caso.
Como os motivos para escolha do estudo de caso já foram anteriormente elucidados,
faz-se necessário aqui, embasar o objetivo do uso da revisão bibliográfica.
Segundo Carvalho (2001, p. 100), é a atividade de localização e consulta de fontes
diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um
determinado tema”.
Enquanto Marconi e Lakatos (2003, p. 43-44) a descrevem como tendo
“(...) a finalidade de colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é
mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de
um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras, pela
organização do material, segundo as tendências ou versões com que determinado assunto é
abordado.”
3.4.1 Instrumento para coleta de dados
A coleta de dados consubstanciou-se através da aplicação de um questionário, visto
que, segundo Ruiz (1996, p. 51), na técnica do questionário, o informante escreve ou responde
por escrito a um elenco de questões cuidadosamente elaboradas.
Na primeira parte do questionário, foram utilizados 05 (cinco) itens, de múltipla
escolha, que permitiram qualificar o perfil dos respondentes com relação a sexo, faixa etária,
escolaridade, tempo de trabalho na IES e, em cargo de liderança. Estes ítens se basearam, de
certa forma, na intuição e experiência da autora.
39
A segunda parte do questionário conta com 15 (quinze) questões, que procuram
identificar como o conhecimento é tratado pelas lideranças da IES.
Nesta seção, foi utilizada uma escala do tipo Likert de cinco pontos (número ímpar
para se ter um ponto neutro), que é recomendada, quando se busca avaliar a intensidade de um
sentimento ou percepção (Churchill, 1983). Estas 15 (quinze) questões foram derivadas,
diretamente, da revisão da literatura, que conduziu à criação de um instrumento adaptado de
Bukowitz e Williams (2000, p. 33-45), em função dos autores terem criado um instrumento
composto de seções distintas, com perguntas voltadas para os diversos aspectos da gestão do
conhecimento. O que permitiu uma seleção e adaptação das questões mais pertinentes à
compreensão de como as lideranças da IES analisada lidam com três aspectos principais,
inerentes à gestão do conhecimento: criação, aplicação e compartilhamento do conhecimento.
Para análise dos dados, foi utilizado, preliminarmente, o programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS), versão 8.0 para M.S. Windows. Além da observação
participativa e da análise documental.
3.5 Análise e Tratamento dos Dados
A análise de dados em pesquisas qualitativas, segundo Patton (1990),
compreende três atividades interativas e contínuas: a redução, que consiste num processo de
seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados obtidos nas observações de
campo; a apresentação, que é a forma de organização dos dados, de modo a permitir, ao
pesquisador, tirar conclusões e tomar decisões a partir dos dados; delineamento e verificação
da conclusão, fase que procura identificar padrões, explicações, configurações e fluxos de
causa e efeito, seguida de verificação, com retorno aos dados de campo e à literatura, ou,
ainda, confrontando o achado com outro conjunto de dados.
Nesse contexto, os dados obtidos foram analisados, de acordo com a proposta
metodológica descrita:
Análise individual e comparativa dos dados obtidos - constituída por interpretações e
explicações, capazes de responder ao problema e as questões que motivaram a pesquisa;
Identificação de pontos comuns e pontos divergentes sobre o tema da pesquisa;
Aglutinação dos dados nas 03 (três) categorias: criação, aplicação e compartilhamento do
conhecimento, visando uma melhor compreensão do problema colocado pela pesquisa.
40
As conclusões do trabalho foram apresentadas, buscando a relação entre os resultados
do estudo e os objetivos propostos, verificando se os mesmos foram atingidos. Certas
considerações e recomendações foram feitas com o objetivo de aumentar as chances de
sucesso em trabalhos futuros, além de sugerir alguns temas para novos trabalhos.
41
4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
4.1 Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA
4.1.1 Breve Histórico
O Centro Universitário de Volta Redonda teve origem em 1967 com a criação, na
cidade de Volta Redonda, da Fundação Oswaldo Aranha – FOA, instituição sem fins
lucrativos, de caráter educacional, com o objetivo de atender à demanda por Ensino Superior
na região Sul Fluminense. Seu nome é uma homenagem ao ministro das Relações Exteriores
do Governo Getúlio Vargas, personagem importante na fundação do município.
No ano seguinte à sua instituição, a FOA, entidade mantenedora, deu início as
atividades acadêmicas com a implantação da Escola de Ciências Médicas. Em processo de
rápida expansão, dois anos mais tarde, 1970, criou as Escolas de Odontologia e de Engenharia
Civil. Logo a seguir, em 1971, implantou a Escola de Educação Física e em 1974 a Escola de
Ciências Contábeis. Funcionou com essa estrutura até o início da década de 90.
Em 1994, com autorização do Ministério de Educação e Cultura a instituição criou o
Centro de Ensino Superior de Volta Redonda e, em 1999, foi credenciada como Centro
Universitário de Volta Redonda – UniFOA, status que mantém até o presente.
Atento às mudanças tecnológicas, às exigências do mercado e já como centro
universitário, o UniFOA implantou vários curso de interesse regional: Curso Superior de
Tecnologia e Processamento de Dados (1996), hoje extinto; Curso de Ciências da
Computação (1998), que a partir de 2000 passou para Curso de Sistema de Informação;
Fisioterapia (1999); Enfermagem (1999); Nutrição (2000); Engenharia Mecânica (2000);
Engenharia Ambiental (2000) e Serviço Social (2000).
Criou também, a partir de 2000, uma nova modalidade de ensino na época, os
chamados Cursos de Formação Específica Seqüenciais em: Gestão da Produção Industrial
(2000), Gestão de Recursos Humanos (2000), Projeto e Gestão de Redes de Computadores
(2000), Gestão de Marketing e Finanças (2001) e Gestão em Instrumentação Cirúrgica
(2002). A partir de 2005 essa modalidade de ensino foi extinta e a instituição passou a
ofertar, em substituição, os chamados Cursos Superiores de Tecnologia.
Atualmente, o UniFOA tem em funcionamento os Cursos Superiores de Tecnologia
em: Gestão da Produção Industrial, Manutenção Industrial, Gestão de Recursos Humanos,
Redes de Computadores, Gestão de Turismo e Marketing.
42
Em 2002, o UniFOA foi recredenciado pelo MEC e, sempre atento às necessidades
regionais, passou a ofertar novos cursos: Direito (2002), Administração (2004), Graduação
em Educação Física (2005), Engenharia Elétrica (2005), Licenciatura em Letras – Habilitação
em Português e Espanhol (2005) e Licenciatura em História (2006).
Em abril de 2006, repensando sua estrutura organizacional acadêmica diante dos
anseios relacionados ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão, a Instituição, estruturou-se em
Reitoria e Pró-reitorias: Acadêmica, de Pesquisa e Pós-graduação e de Extensão. (Anexo A)
Para apoiar esse nova estrutura e a gestão acadêmica, a Reitoria criou os Centros de Área e
uma série de Núcleos.
A Pró-reitoria Acadêmica – PRÓ-ACAD, responde pelo Ensino e conta com o apoio
do Núcleo de Seleção Acadêmica – NSA, Núcleo de Apoio ao Discente e Docente – NADD e
Núcleo de Educação a Distância e Tecnologias de Ensino – NEAD.
A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação – PRÓ-PPG, é responsável pela pesquisa
científica e institucional e pela produção científica. Foi criado em 2004, o Programa de
Iniciação Científica – PIC, para atender os acadêmicos da Instituição, cuja coordenação atual
é do Núcleo de Pesquisa – NUPE. As principais linhas de pesquisa configuradas a partir das
demandas regionais estão cadastradas no Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq. Para o
assessoramento dos projetos de pesquisas, foram criados os Comitês de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos – CoEPS, registrado na Comissão de Ética em Pesquisa do Ministério da
Saúde – CONEP/MS e o de Pesquisa em Uso de Animais – CEUA. Esses Comitês possuem
regulamentação própria e gestão autônoma.
Enquanto, a Pró-reitoria de Extensão – PRÓ-EXT, oferta por meio do Núcleo de
Cursos de Extensão - NUEXT, cursos de complementação da formação acadêmica,
interdisciplinares, de idiomas e de férias. Esta Pró-reitoria, através do Núcleo de Relações
Comunitárias e Responsabilidade Social – NUCOM, desenvolve programas e projetos de ação
social, nas 8 (oito) áreas temáticas, definidas como prioritárias pelo Plano Nacional de
Extensão, sendo elas: comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio
ambiente, tecnologia e produção, saúde e trabalho. O Núcleo de Relações Empresariais e
Práticas Profissionais – NUEMP promove a mediação das relações da universidade com o
meio empresarial. E o Núcleo Artístico-Cultural e Esportivo – NUACE, que promove ações
culturais e esportivas, visando a complementação da formação acadêmica.
Esses núcleos apresentam uma dupla função: procuram atender a comunidade
acadêmica, que encontra, na sociedade, as oportunidades de elaboração da práxis do
43
conhecimento e, em contra partida, essa mesma sociedade tem suas necessidades e demandas
atendidas pelo Centro Universitário.
4.1.2 Evolução da Mudança Estrutural
A reestruturação do Centro Universitário em Reitoria e Pró-reitorias, promoveu uma
grande mudança na estratégia gerencial da Instituição, uma vez que, determinou a criação de
novos cargos de caracterização administrativa, visando o aperfeiçoamento e controle das
práticas acadêmicas em favor do fortalecimento da marca UniFOA.
Dessa forma, uma série de profissionais, antes, apenas docentes, assumiram e
acumularam cargos de liderança. A nova proposta, pareceu incentivar a motivação e o
comprometimento dos líderes com o desenvolvimento da IES.
No início, a estrutura física não acompanhou a mudança estratégica e alguns núcleos,
recém criados, tiveram que compartilhar o mesmo o espaço. O que, se por um lado, gerava
algumas dificuldades administrativas em função da pouca privacidade, de outro, favorecia o
compartilhamento de informações e, conseqüentemente, agregava agilidade à resolução de
problemas comuns e à criação de novos produtos e serviços educacionais; bem como, parecia
fortalecer os vínculos de trabalho. Com o passar do tempo, a Reitoria foi identificando novos
espaços individualizados para acomodação dos núcleos.
Em 2007, a estrutura física já tinha absorvido a mudança na gestão estratégica. A
Reitoria, visando a adequação da estrutura gerencial às diretrizes da gestão acadêmica,
promoveu então, novas mudanças, agora, na direção e coordenação da estrutura de gestão.
Foram extintos os Centros de Área e destituídos seus diretores; criados novos núcleos de
apoio à gestão e trocada liderança de outros. (Anexo B)
4.1.3 Missão
Promover a formação humana, científico-tecnológica e profissional, fundamentada na
ética e norteada pela responsabilidade social, em função da produção e administração de
conhecimentos, de modo a empreender o bem-estar coletivo.
4.1.4 Visão
Ser um Centro Universitário de excelência em formação e qualificação profissional,
reconhecido nacionalmente pelo grau de comprometimento humano e social que imprime às
suas atividades nas áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão.
44
4.1.5 Objetivos e Metas da Instituição
O Centro Universitário de Volta Redonda, no intuito de cumprir as diretrizes do Plano
de Desenvolvimento Institucional, estabeleceu os seguintes objetivos e metas:
4.1.5.1 Objetivos
Avaliar a realidade sócio-regional adequando a oferta de cursos superiores de graduação,
pós-graduação e extensão, bem como os seus currículos;
Ampliar a participação e o espaço de interlocução da IES, dirigindo suas atividades de
ensino, pesquisa e extensão para o atendimento das demandas sociais;
Consolidar políticas internas visando à qualificação e à capacitação dos segmentos
Docente e Técnico-administrativo;
Consolidar as políticas de ensino, pesquisa e extensão através de programas e projetos que
envolvam, de forma indissociável, a produção e a difusão do conhecimento à formação ética e
socialmente responsável do segmento Discente;
Fortalecer a pesquisa através do desenvolvimento de programas inovadores, de
intercâmbio com instituições nacionais e internacionais, da crescente qualificação de
pesquisadores e grupos de pesquisa, bem como da divulgação do conhecimento produzido;
Consolidar a extensão universitária como espaço pedagógico de formação, fomentando a
realização de atividades culturais, artísticas, esportivas e de lazer.
4.1.5.2 Metas
Promover o ajuste entre a oferta de cursos existentes e a criação de novos cursos
considerando uma ampliação de até 15%;
Implantar 3 (três) Programas de Pós-graduação stricto sensu;
Consolidar a oferta de cursos de Pós-graduação lato sensu, mantendo de 20 a 25 cursos
anuais em funcionamento;
Aumentar em 10% o número de projetos de iniciação científica, em 5% o número de
projetos de pesquisa e em 3% o número de docentes e discentes pesquisadores a cada ano;
Aumentar em 20% a produção técnico-científica e a publicação em periódicos indexados;
Ampliar em 15% o número de parcerias e atendimentos nos núcleos de práticas
profissionais da IES;
Ampliar em 10% a participação dos segmentos docente e discente em atividades
complementares;
45
Ampliar em 10% o número de programas, projetos, atividades e cursos de extensão
dirigidos à comunidade interna e externa;
Consolidar os programas e projetos de Responsabilidade Social desenvolvidos pela IES,
ampliando em 10% a participação dos segmentos discente e docente;
Estimular e apoiar a participação do segmento docente em programas de mestrado e
doutorado visando ao acréscimo de 25% de docentes titulados;
Apoiar a capacitação do segmento técnico-administrativo em cursos e programas, visando
ao acréscimo de 10% de profissionais especializados;
Modernizar o parque computacional em 20% e ampliá-lo em 15%;
Apoiar a cessão de bolsas de fomento a atividades acadêmicas ampliando em 10%, e
implantar um sistema de crédito privado estudantil ao segmento discente;
Ampliar em 15% o número de salas de aula.
4.1.6 Área (s) de atuação acadêmica
Em cumprimento a sua Missão, o UniFOA atua em 3 (três) grandes áreas: Ciências
Biológicas e da Saúde, de Tecnologia e Engenharias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
4.1.6.1 Ensino
A Graduação oferta 24 cursos nas modalidades Bacharelado, Licenciatura e Graduação
Tecnológica e 21 cursos de especialização Lato Sensu promovendo ações diversificadas e
integrando os processos de ensino, pesquisa e extensão, a fim de capacitar o aluno para o
pleno exercício profissional e da cidadania.
4.1.6.2 Pesquisa
Os projetos desenvolvidos pelo Núcleo de Pesquisa - NUPE demonstram outra forma
de atuação acadêmica do UniFOA, promovendo a sistematização e institucionalização da
pesquisa, intensificando a interação docente-discente na prática investigativa, como forma de
fomentar a produção do conhecimento científico na comunidade acadêmica.
4.1.6.3 Extensão
Desenvolve programas, projetos e cursos que propiciam ao acadêmico a possibilidade
de vivenciar a relação ensino/aprendizagem a partir da interlocução com as questões sociais,
46
promovendo à comunidade acadêmica, eventos artístico-culturais e ações de responsabilidade
social, nas diversas áreas.
4.2 Análise dos Resultados
Como já citado na Metodologia, a população de respondentes da pesquisa é composta
pelos grupos de colaboradores que ocupavam cargos de liderança na área administrativa, sob
a responsabilidade da Fundação Oswaldo Aranha - FOA, como também, na área acadêmica,
de responsabilidade do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA.
A pesquisa foi realizada em 02 (dois) momentos, com intervalo de 1 (um) ano, 2007 e
2008, sempre no mês de abril, com os mesmos grupos de cargos.
4.2.1 Perfil da Amostra
Para realização da pesquisa foi elaborado um questionário (Anexo C), composto de 20
(vinte) questões, dividido em duas partes. A primeira parte, composta de 05 (cinco) itens, de
múltipla escolha, voltadas para qualificação do perfil dos respondentes em relação a sexo,
faixa etária, escolaridade, tempo de trabalho na IES e, em cargo de liderança. As respostas
serão apresentadas abaixo, com o auxílio de gráficos de colunas.
1.Sexo
48,5
51,5
48,7
51,3
48,6
51,4
47
47,5
48
48,5
49
49,5
50
50,5
51
51,5
%
2007 2008 Var. Conj.
Sexo
Percentual de respondentes, segundo sexo, 2007-2008.
Masculino
Feminino
Fi
g
ura 2: Gráfico
p
ercentual de res
p
ondentes
p
or sexo
Com o auxílio do gráfico acima, podemos verificar que não houve uma mudança
significativa nos percentuais de homens – 48,5% e 48,7% sucessivamente, em 2007/2008; e
47
51,5% e 51,3% mulheres em 2007/2008, sucessivamente, ocupando cargos de liderança.
Observa-se apenas uma pequena maioria de mulheres, que se manteve sem alteração.
2. Idade
9,1
7,7
8,3
36,4
35,9
36,1
33,3
41
37,5
18,2
0
1,4
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
21-30 31-40 41-50 mais de 51 NR
Idade
Percentual de respondentes, segundo idade, 2007-2008.
2007
2008
Var. Conj.
Fi
g
ura 3: Gráfico
ercentual de res
ondentes
or idade
Pode-se observar uma grande concentração de profissionais nas faixas etárias entre 31-
40 e 41-50 anos. Na primeira, não houve alteração significativa de um ano para outro; na
segunda, já se pode perceber uma concentração um pouco mais significativa pois, os
percentuais mudam de 33,3% em 2007 para 41,0 em 2008. O que parece indicar uma busca
por profissionais mais experientes. Ao mesmo tempo em que se nota, também, uma redução
de 3,0% para 0 na faixa etária acima de 51 anos.
3. Escolaridade
000
3
5,1
4,2
9,1
7,7
8,3
18,2
17,9
18,1
21,2
28,2
25
45,5
33,3
38,9
3
7,7
5,6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
%
2º incompleto 2º completo superior
incompleto
superior
completo
especialização mestrado doutorado
Escolaridade
Percentual de respondentes, segundo escolaridade, 2007-2008.
2007
2008
Var. Conj.
Fi
g
ura 4: Gráfico
p
ercentual de res
p
ondentes
p
or escolaridade
48
De forma geral, nota-se aqui, uma linha de crescimento ascendente na escolaridade
dos respondentes. Entretanto, numa observação mais apurada percebe-se que, se houve um
aumento de especialistas em 2008, houve também, no mesmo ano, uma redução significativa
de mestres, de 45,5% para 33,3% e, ainda, um crescimento importante no número de doutores
que passou de 3,0% para 7,7%, o que representa um crescimento de mais de 50%. O que
parece demonstrar a preocupação da IES em atender a exigência do MEC em relação à
qualificação profissional.
4. Tempo de trabalho na FOA/UniFOA
12,1
7,7
5,6
42,4
28,2
34,7
18,2
23,1
20,8
6,1
15,4
11,1
9,1
20,5
15,3
000
12,1
5,1
8,3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
Menos de 01
ano
01 a 05 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos 21 a 25 anos 26 a 30 anos
Tempo de serviço
Percentual de respondentes, segundo tempo de serviço, 2007-2008.
2007
2008
Var. Conj.
Fi
g
ura 5: Gráfico
p
ercentual de res
p
ondentes
p
or tem
p
o de trabalho na IES
Este gráfico apresenta um crescimento relevante no número de profissionais
contratados para apoio à gestão acadêmica, em 2006, quando da implantação da nova
estrutura do Centro Universitário, pois, em 2007 havia 12,1% dos respondentes com menos de
01 ano de trabalho na IES e 42,4% na faixa entre 01 a 05 anos. Porém, observa-se que, no ano
seguinte houve uma redução importante nessas mesmas faixas que caíram de 12,1% para
7,7% e, de 42,4% para 28,2%, sucessivamente. enquanto, pode-se notar um aumento também
significativo nas faixas entre: 06 a 10 anos, passando de 18,2% para 23,1%; de 11 a 15, de
6,1% para 15,4%; e, de 16 a 20 anos de 9,1% para 20,5%, consecutivamente. De forma, que
pode-se inferir que, passado 01 ano, a direção da IES adotou uma estratégia de recrutamento
interno, buscando dentro do seu próprio quadro de funcionários, profissionais com quem
49
pudesse compartilhar a responsabilidade da gestão acadêmica. A visível redução na faixa
entre 26 e 30 anos, pode ser atribuída à aposentadoria de alguns respondentes.
5. Tempo de trabalho em cargo de liderança na FOA/UniFOA
3
0
1,4
30,3
12,8
20,8
33,3
48,7
41,7
15,2
23,1
19,4
9,1
10,3
9,7
3
5,1
4,2
6,1
0
2,8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
%
Menos de 01
ano
01 a 05 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos Mais de 21 anos NR
Tempo de trabalho
Percentual de respondentes, segundo tempo de trabalho em cargo de liderança no UniFOA, 2007-
2008.
2007
2008
Var. Conj.
Fi
g
ura 6: Gráfico
p
ercentual de res
p
ondentes
p
or tem
p
o de trabalho em car
g
o de lideran
ç
a
Percebe-se aqui, uma correlação entre os itens 4 e 5 do questionário, onde observa-se
uma clara redução do número de respondentes com menos de 01 ano e entre 01 a 05 anos de
trabalho em cargo de liderança; e um crescente aumento nas faixas entre 06 a 10 anos e 11 a
15 anos e, ainda que menor, crescimento tamm na faixa com mais de 21 anos de trabalho
em liderança. O que parece confirmar a atitude da direção da IES na busca de experiência
profissional e conhecimento da sua cultura organizacional.
4.2.2 Discussão dos Resultados
A segunda parte do questionário, foi composta de 15 (quinze) itens, com o objetivo de
identificar como o conhecimento é tratado pelas lideranças da IES.
Nesta seção, foi utilizadas a escala de Likert, com cinco proposições, assim
estabelecidas: 1- discordo totalmente; 2 - discordo parcialmente; 3 - não tenho opinião
formada; 4- concordo parcialmente e 5- concordo totalmente; que na análise dos resultados
foram agrupados em três campos básicos, um de discordância (1 e 2), outro de concordância
(4 e 5) e o terceiro, sem opinião.
Visando favorecer a compreensão e a comparação das respostas dos 02 grupos
pesquisados - 2007 e 2008 - foram criadas 03 tabelas, na mesma seqüência em que as
50
questões foram apresentadas no questionário. As proposições foram agrupadas nas categorias
compartilhamento, aplicação e criação, considerando-se a disponibilidade e o uso dado às
informações obtidas nos processos da Instituição.
As tabelas 1, 2 e 3 mostram o resultado percentual das respostas relativas aos anos de 2007 e
2008, bem como o acumulado nesse período. Observa-se que, mesmo que a instituição não
tenha adotado uma política específica e formalizada para a gestão das informações, existe
uma tendência à prática da Gestão do Conhecimento por parte da liderança da IES, visto que,
a maioria percentual de respostas, seja no ano de 2007, seja no ano de 2008 ou no acumulado,
situa-se nos campos “concordo”. Apenas quatro itens de respostas, um da V6 relativo ao ano
de 2008, dois da V11 relativos ao ano de 2008 e ao acumulado e uma relativa a V18, relativo
ao ano de 2008, têm maioria percentual ou percentual de maior relevância, situados nos
campos “discordo” e “não tenho opinião”.
4.2.2.1 Compartilhamento
A tabela abaixo agrupa as proposições que investigam como e se o conhecimento é
compartilhado na IES.
Tabela 1: Quadro Resumo do Percentual da Freqüência de Respostas
Itens de Respostas
Variáveis Ano f
%
0 1 2 3 4 5
f - 1 11 2 17 2
2007
% - 3,0 33,3 6,1 51,5 6,1
f - 3 11 4 17 4
2008
% - 7,7 28,2 10,3 43,6 10,3
f - 4 22 6 34 6
V6 – As equipes e os indivíduos
documentam e compartilham a
informação sobre seus processos
mais eficazes rotineiramente
Conj
% - 5,6 30,6 8,3 47,2 8,3
f - - 4 1 23 5
2007
% - - 12,1 3,0 69,7 15,2
f - 1 6 1 21 10
2008
% - 2,6 15,4 2,6 53,8 25,6
COMPARTILHAMENTO
V7 – Os meios eletrônicos
(computador) e físicos (papel)
onde são armazenadas as
informações são mantidos
atualizados
Conj f - 1 10 2 44 15
51
% - 1,4 13,9 2,8 61,1 20,8
f 1 - 5 - 12 15
2007
% 3,0 - 15,2 - 36,4 45,5
f - - 6 3 16 14
2008
% - - 15,4 7,7 41,0 35,8
f 1 11 3 28 29
V8 – A organização criou
instrumentos eletrônicos e gráficos
que dirigem as pessoas para os
recursos ou arquivos de
informações disponíveis
Conj
% 1,4 - 15,3 4,2 38,9 40,3
f 1 1 2 3 15 11
2007
% 3,0 3,0 6,1 9,1 45,5 33,3
f - 2 10 8 8 11
2008
% - 5,1 25,6 20,5 20,5 28,2
f 1 3 12 11 23 22
V9 – A organização faz distinção
entre a informação que deve ser
controlada centralmente e aquela
em que todos devem ser livres
para documentar e compartilhar
Conj
% 1,4 4,2 16,7 15,3 31,9 30,6
f 1 1 3 1 17 10
2007
% 3,0 3,0 9,1 3,0 51,5 30,3
f - 1 11 5 14 8
2008
% - 2,6 28,2 12,8 35,9 20,5
f 1 2 14 6 31 18
V10 – As pessoas podem dizer que
as mudanças no espaço de trabalho
são realizadas visando à
necessidade de trabalhar em
conjunto e compartilhar
informações
Conj
% 1,4 2,8 19,4 8,3 43,1 25,0
Fonte: Dados da Pesquisa
De maneira geral, observando a tabela, pode-se perceber uma maior concentração de
respostas de concordância com as proposições, o que parece indicar, que a liderança do
UniFOA adota, espontaneamente, medidas que favoreçam a disseminação do conhecimento
nas equipes sob sua responsabilidade.
Nesse contexto, é importante relembrar que, no período de 2006 a 2007, com a criação
da nova estrutura acadêmica, alguns núcleos de apoio à gestão compartilhavam o mesmo
espaço físico, o que, naturalmente, favorecia o compartilhamento das boas práticas.
Entretanto, em 2008, esses núcleos já tinham sido realocados para espaços próprios e ainda
assim, o percentual de respostas no campo da concordância se mantém muito próximo do que
foi respondido em 2007, demonstrando que, de acordo com Senge (1999), a mudança no
ambiente físico e as práticas gerenciais, se introjetadas pela equipe, podem favorecer a
aprendizagem organizacional através do desenvolvimento de uma “inteligência ambiental”.
52
Como pode-se comprovar observando mais detalhadamente nas figuras de V6 à V10, que
apresentam os gráficos em colunas, permitindo assim, uma melhor visualização e comparação
das respostas nos dois momentos da coleta de dados.
V6 – As equipes e os indivíduos documentam e compartilham a informação sobre
seus processos mais eficazes rotineiramente.
3
7,7
5,6
33,3
28,2
30,6
6,1
10,3
8,3
51,5
43,6
47,2
6,1
10,3
8,3
000
0
10
20
30
40
50
60
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
As equipes e os indivíduos documentam e compartilham a informação sobre seus processos mais
eficazes rotineiramente.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 7: Gráfico percentual: compartilhamento melhores práticas
A variável V6 - “As equipes e os indivíduos documentam e compartilham a
informação sobre seus processos mais eficazes rotineiramente”, obteve os percentuais de
respostas de 57,6% em 2007; 53,9% em 2008 e 51,5% no acumulado, situados no campo da
concordância, indicando que a maioria dos respondentes se preocupa em documentar e
compartilhar as informações relativas aos seus processos.
Observa-se também, que manter atualizados os arquivos onde são armazenadas as
informações é considerado muito importante pela grande maioria dos respondentes, conforme
pode ser notado pelas respostas a proposição da V7, cujos percentuais no campo concordo,
situa-se acima de 79% nos dois momentos da investigação, ficando em 84,9% , 79,4% e
81,9% nos anos de 2007, 2008 e no acumulado, respectivamente.
53
V7 - Os meios eletrônicos (computador) e físicos (papel) onde são armazenadas as
informações são mantidos atualizados.
0
2,6
1,4
12,1
15,4
13,9
3
2,6
2,8
69,7
53,8
61,1
15,2
25,6
20,8
000
0
10
20
30
40
50
60
70
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
Os meios eletrônicos e físicos onde são armazenadas as informações são mantidos atualizados.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 8: Gráfico percentual: atualização de arquivos
V8 – A organização criou instrumentos eletrônicos e gráficos que dirigem as
pessoas para os recursos ou arquivos de informações disponíveis.
00
15,3
15,2
15,4
4,2
0
7,7
38,9
36,4
41
40,3
45,5
35,9
0
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
A organização criou instrumentos eletrônicos e gráficos que dirigem as pessoas para os recursos
ou arquivos de informação disponíveis.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 9: Gráfico percentual: criação de instrumentos para localização das informações.
54
As respostas à variável V8 - “A organização criou instrumentos eletrônicos e gráficos
que dirigem as pessoas para os recursos ou arquivos de informações disponíveis”, em que
mais 76% situam-se no campo concordo, indicam que a organização procura, realmente,
facilitar o acesso às informações. Essa afirmativa é reforçada pelas respostas
situadas na opção “concordo totalmente” que atingiu os percentuais 45,5% , em 2007; 35,9% ,
em 2008 e 40,3% no acumulado.
V9 – A organização faz distinção entre a informação que deve ser controlada
centralmente e aquela em que todos devem ser livres para documentar e compartilhar.
3
5,1
4,2
6,1
25,6
16,7
9,1
20,5
15,3
45,5
20,5
31,9
33,3
28,2
30,6
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
A organização faz distinção entre a informação que deve ser controlada centralmente e aquela em
que todos devem ser livres para documentar e compartilhar.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 10: Gráfico percentual: criação de instrumentos para localização das informações.
Outro aspecto importante que pode ter sido afetado pelas mudanças acima citadas, está
relacionado ao controle da informação, possível de ser avaliado pelos resultados desta
variável que, em 2007 teve 78,8% das respostas no campo “concordo” e em 2008 caiu para
48,7% . Uma queda de 30 pontos percentuais, que pode ser um alerta para a organização, no
sentido de retomar o controle sobre as informações geradas em seus processos, de modo a
garantir uma correta divulgação das informações que devem ser compartilhadas e evitar que
informações sigilosas ou estratégicas ultrapassem os limites desejados de segurança e venham
a causar prejuízos para a organização e sua marca.
55
V10 – As pessoas podem dizer que as mudanças no espaço de trabalho são realizadas
visando à necessidade e trabalhar em conjunto e compartilhar informações
3
2,6
2,8
9,1
28,2
19,4
3
12,8
8,3
51,5
35,9
43,1
30,3
20,5
25
3
0
1,4
0
10
20
30
40
50
60
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
As pessoas podem dizer que as mudanças no espaço de trabalho são realizadas visando à
necessidade de trabalhar em conjunto e compartilhar informações.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 11: Gráfico percentual: mudanças no espaço físico voltadas para o compartilhamento.
A variável V10, “As pessoas podem dizer que as mudanças no espaço de trabalho são
realizadas visando às necessidades de trabalhar em conjunto e compartilhar informações”,
com 81,8% das respostas situadas no campo “concordo”, mostra que no ano de 2007, as
mudanças realizadas no arranjo físico foram feitas de modo a favorecer o trabalho de equipe
e a disseminação das informações, sugerindo flexibilidade e troca de informação, indicadores
de que a organização estava altamente adequada a implementação da gestão do conhecimento.
Já no ano de 2008, esse percentual caiu para 56,4%, ainda favorável na opinião da maioria,
mas a queda foi muito grande e significativa, levando à suposição de que as mudanças
organizacionais efetivadas no ano de 2008 tiveram impacto negativo no compartilhamento das
informações. Essa suposição é reforçada pela opção “concordo totalmente”, relativa ao
quesito, que caiu de 30,3% para 20,5%.
4.2.2.2 Criação
A tabela abaixo agrupa as proposições que investigam como se dá a criação do
conhecimento na IES.
56
Itens de Resposta
Variáveis
Ano
f
%
0 1 2 3 4 5
f 1 5 6 3 12 6
2007
% 3,0 15,2 18,2 9,1 36,4 18,2
f - 5 9 9 15 1
2008
% - 12,8 23,1 23,1 38,5 2,6
f 1 10 15 12 27 7
V11 – Como parte do processo de
resolução de problemas, a
organização considera com
serenidade o que alguns poderiam
chamar de idéias malucas ou
estranhas
Conj
% 1,4 13,9 20,8 16,7 37,5 9,7
f 1 3 4 5 12 8
2007
% 3,0 9,1 12,1 15,2 36,4 24,0
f - 5 7 7 10 10
2008
% - 12,8 17,9 17,9 25,6 25,6
f 1 8 11 12 22 18
V12– Envolver os clientes no
processo de criar ou desenvolver
produtos e serviços novos é uma
prática bem estabelecida na
organização
Conj
% 1,4 11,1 15,3 16,7 30,6 25,0
f 1 1 5 1 13 12
2007
% 3,0 3,0 15,2 3,0 39,4 36,4
f - 3 11 3 17 5
2008
% - 7,7 28,2 7,7 43,6 12,8
f 1 4 16 4 30 17
V13 – O espaço de trabalho é
planejado para promover o fluxo
de idéias entre os grupos de
trabalho
Conj
% 1,4 5,6 22,2 5,6 41,7 23,6
f 1 1 4 2 14 11
2007
% 3,0 3,0 12,1 6,1 42,2 33,3
f - - 12 6 18 3
2008
% - - 30,8 15,4 46,2 7,7
f 1 1 16 8 32 14
CRIAÇÃO
V14 – Qualquer um que tenha uma
boa idéia pode conseguir apoio
para prosseguir nela
Conj
% 1,4 1,4 22,2 11,1 44,4 19,4
Fonte: Dados da Pesquisa
Na análise das variáveis que compõem esta categoria, observa-se que nos quatros
quesitos de avaliação houve queda nos resultados de 2008, comparativamente a 2007.
Tratando-se de um quesito básico para a gestão do conhecimento e para a
aprendizagem organizacional, como a criatividade, torna-se relevante retornar ao item 4.1.2
57
deste mesmo capítulo, que explana sobre a evolução das mudanças no Centro Universitário,
no período compreendido entre 2006 e 2008. Como em 2007, a estrutura física já tinha
absorvido a criação dos núcleos construindo ou adaptando espaços para comportá-los, agora,
a direção, pode promover mudanças nas lideranças.
Considerando a afirmação de Senge (1999), que a organização é uma comunidade
humana, um sistema vivo, que precisa de pessoas para cuidar do seu crescimento, deve-se
aqui, indagar se essas mudanças na liderança são, pelo menos em parte, responsáveis pela
queda na motivação das equipes e, conseqüentemente, na sua capacidade de gerar novos
conhecimentos.
V11 – Como parte do processo de resolução de problemas, a organização
considera com serenidade o que alguns poderiam chamar de idéias malucas ou
estranhas.
15,2
12,8
13,9
18,2
23,1
20,8
9,1
23,1
16,7
36,4
38,5
37,5
18,5
2,6
9,7
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
Como parte do processo de resolução de problemas, a organização considera com serenidade o
que os outros poderiam chamar de idéias malucas ou estranhas.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 11: Gráfico percentual: a organização considera novas idéias, mesmo que inusitadas.
A mensuração dessa variável apresenta percentuais de 54,6% em 2007 e 41,2% em
2008, no campo concordo, sugerindo que idéias diferentes, pouco usuais, não são bem aceitas
pela organização, o que pode dificultar a busca pela inovação. Ainda de acordo com Senge
(1999), os novos modelos organizacionais precisam se basear, cada vez mais, na capacidade
das pessoas de criar, reinventar, se quiserem buscar diferentes caminhos para o seu próprio
futuro.
58
Esse fato é reforçado pelas respostas à proposição V12, cujos resultados no campo
concordo, apenas satisfatórios - 60,4% em 2007 e 51,2% em 2008, apontam que o
envolvimento do cliente na busca do novo não é prática estabelecida na organização.
V12 – Envolver os clientes no processo de criar ou desenvolver produtos e
serviços novos é uma prática bem estabelecida na organização
9,1
12,8
11,1
12,1
17,9
15,3
15,2
17,9
16,7
36,4
25,6
30,6
24
25,6
25
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
Envolver os clientes no processo de criar ou desenvolver produtos e serviços novos é uma prática
bem estabelecida na organização.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 13: Gráfico percentual: envolver os clientes no processo de criação de produtos e serviços.
V13 – O espaço de trabalho é planejado para promover o fluxo de idéias entre os
grupos de trabalho
As respostas mensuradas nessa proposição mostram que em 2007, com 75,8% de
concordo, a organização estava muito preocupada em planejar o espaço físico, de modo a
favorecer a troca de idéias. Em 2008, esse percentual caiu para 56,4%, mas na média do
período 2007/2008 ficou num nível que pode ser considerado bom, 65,3%. Comparando esse
resultado com os do parágrafo anterior, pode-se fazer o seguinte questionamento: de que
adianta planejar o espaço para facilitar o fluxo de idéias, se idéias novas não são bem aceitas?
Por que, investir em patrimônio físico, mensurável, se o maior patrimônio de uma
59
organização “aprendente” são as pessoas e sua capacidade de transformar desafios em
habilidades, de inventar e reinventar soluções novas para situações antigas?
3
7,7
5,6
15,2
28,2
22,2
3
7,7
5,6
39,4
43,6
41,7
36,4
12,8
23,6
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
O espaço de trabalho é planejado para promover o fluxo de idéias entre os grupos de trabalho.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 14: Gráfico percentual: planejamento do espaço de trabalho favorável ao fluxo de idéias.
V14 – Qualquer um que tenha uma boa idéia pode conseguir apoio para
prosseguir nela.
3
0
1,4
12,1
30,8
22,2
6,1
15,4
11,1
42,4
46,2
44,4
33,3
7,7
19,4
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
NR
Qualquer um que tenha uma boa idéia pode conseguir apoio para prosseguir nela.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 15: Gráfico percentual: apoio para prosseguir com as boas idéias.
60
A variável V14, “Qualquer um que tenha uma boa idéia pode conseguir apoio para
prosseguir nela”, com 75,7% de concordo, possibilita supor que em 2007, existia na
organização, um bom incentivo ao surgimento de idéias. Em 2008 caiu para 53,8, indicando
que esse apoio é apenas satisfatório, o que não favorece o surgimento de novas idéias.
4.2.2.3 Aplicação
A tabela abaixo agrupa as proposições que investigam como o conhecimento, gerado
ou adquirido, é aplicado na IES.
Tabela 3: Quadro Resumo do Percentual da Freqüência de Respostas
Itens de Resposta
Variáveis
Ano
f
%
0 1 2 3 4 5
f 1 - - - 16 16
2007
% 3,0 - - - 48,5 48,5
f - 1 3 6 15 14
2008
% - 2,6 7,7 15,4 38,5 35,9
f 1 1 3 6 31 30
V15 – As pessoas podem utilizar a
informação que obtêm para
melhorar o seu trabalho
Conj
% 1,4 1,4 4,2 8,3 43,1 41,7
f 1 - 6 2 15 9
2007
% 3,0 - 18,2 6,1 45,5 27,3
2008 f - - 8 7 17 7
2008 % 20,5 17,9 43,6 17,8
f 1 - 14 9 32 16
V16 – Refletir sobre as lições
aprendidas com as experiências de
trabalho é uma prática estabelecida
na organização
Conj
% 1,4 - 19,4 12,5 44,4 22,2
f 1 - 2 4 18 8
2007
% 3,0 - 6,1 12,1 54,5 24,2
f - - 2 7 21 9
2008
% - - 5,1 17,9 53,8 23,1
f 1 - 4 11 39 17
APLICAÇÃO
V17 – As pessoas aplicam o que
aprenderam fora da organização
no seu trabalho
Conj
% 1,4 - 5,6 15,3 54,2 23,6
61
f 1 1 5 4 16 6
2007
% 3,0 3,0 15,2 12,1 48,5 18,2
f - 4 11 6 10 8
2008
% - 10,3 28,2 15,4 25,6 20,5
f 1 5 16 10 26 14
V18 – Geralmente, quando um
projeto é concluído, as equipes se
reúnem para analisar o que deu
errado e o que poderia ser
melhorado
Conj
% 1,4 6,9 22,2 13,9 36,1 19,4
f 1 - 3 2 20 7
2007
% 3,0 - 9,1 6,1 60,6 21,2
f - 1 2 5 27 4
2008
% - 2,6 5,1 12,8 69,2 10,3
f 1 1 5 7 47 11
V19 – As pessoas aplicam as
idéias que desenvolveram em
trabalhos anteriores às situações
novas
Conj
% 1,4 1,4 6,9 9,7 65,3 15,3
f 1 3 1 4 15 9
2007
% 3,0 9,1 3,0 12,1 45,5 27,3
F - 6 6 6 12 9
2008
% - 15,4 15,4 15,4 30,8 23,1
F 1 9 7 10 27 18
V20 – Na sua organização, o
fracasso é considerado uma
oportunidade para aprender
Conj
% 1,4 12,5 9,7 13,9 37,5 25,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Favorecer o estabelecimento de um ambiente de trabalho favorável à experimentação,
à possibilidade de correr riscos sem ter seu emprego ou imagem ameaçados, romper
paradigmas e, agregar com isso, satisfação e prazer à rotina do trabalho, deve ser preocupação
constante das lideranças (SENGE, 1999), para que o conhecimento individual possa ser
compartilhado e aplicado ao trabalho e assim, convertido em coletivo.
Observa-se nesta categoria, que as proposições de 16 a 20 foram estruturadas de
maneira a identificar não apenas se o conhecimento é aplicado mas, principalmente, se o
ambiente de trabalho favorece essa aplicação, permitindo a reflexão individual e coletiva
sobre o sucesso e o fracasso da equipe.
V15 – As pessoas podem utilizar a informação que obtêm para melhorar o seu
trabalho
62
0
2,6
1,4
0
7,7
4,2
0
15,4
8,3
48,5
38,5
43,1
48,5
35,9
41,7
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
As pessoas podem utilizar a informação que obtêm para melhorar o seu trabalho
2007
2008
Var. Conj.
Figura 16: Gráfico percentual: utilização da informação para melhoria do trabalho.
No gráfico acima, pode-se verificar que, no ano de 2007, com 98% das respostas
situadas no campo “concordo”, as pessoas se sentiam inteiramente livres para utilizar no seu
trabalho as informações obtidas. Já no ano de 2008, esse percentual caiu para 74,4%. Mesmo
ainda sendo maioria, a queda é bastante significativa, indicando, possivelmente, o surgimento
de fatores restritivos ao uso da informação, no ano de 2008.
V16 – Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma
prática estabelecida na organização.
000
18,2
20,5
19,4
6,1
17,9
12,5
45,5
43,6
44,4
27,3
17,9
22,2
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de tabalho é uma prática estabelecida na
organização.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 17: Gráfico percentual: reflexão coletiva sobre as lições aprendidas.
63
V18 – Geralmente, quando um projeto é concluído, as equipes se reúnem para
analisar o que deu errado e o que poderia ser melhorado
3
10,3
6,9
15,2
28,2
22,2
12,1
15,4
13,9
48,5
25,6
36,1
18,2
20,5
19,4
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
Geralmente, quando um projeto é concluído, as equipes se reúnem para analisar o que deu errado e o
que poderia ser melhorado.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 18: Gráfico percentual: reunião das equipes para avaliação dos resultados..
Aqui, pretende-se avaliar os resultados das variáveis V18 e V16 de forma conjunta,
devido à similaridade das questões. A utilização de proposições semelhantes, recurso
comumente utilizado, busca, via de regra, confirmar um determinado comportamento. As
variáveis V18 e V16 apresentaram valores de 66,7% e 72,8%, respectivamente, relativos a
2007, demonstrando que “reunir para avaliar criticamente um projeto concluído” e “refletir
sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho”, eram práticas já estabelecidas na
instituição, procedimentos esses, indicativos da existência de um clima bastante favorável à
implementação da gestão do conhecimento. Entretanto, no ano de 2008, houve uma queda
acentuada na avaliação dessas proposições, principalmente em V18 que, inclusive, saiu do
campo da concordância (46,1%), enquanto que V16 ficou em 61,5%.
V17 – As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização no seu trabalho.
É importante observar que o uso, no trabalho, da informação obtida externamente,
avaliado pela proposição acima, praticamente se manteve em 2007 e 2008 com percentuais de
concordância de 78,7% e 76,9% , respectivamente. Dada a similaridade das perguntas, é
possível supor que na proposição 15, os respondentes tenham interpretado que: “ ... a
64
informação obtida ...” ali mencionada, fossem referentes a informações internas. Se isso é
fato, a queda observada na variável V15, nos anos de 2007/2008 se torna ainda mais
significativa, pois informações geradas no ambiente interno de trabalho deveriam ser
divulgadas e aplicadas na melhoria do próprio trabalho, sem restrições.
Outra suposição possível, oriunda da variável V17 é que informações obtidas
externamente são bem aplicadas no trabalho, ou seja, cursos e/ou atividades externas são bem
aproveitados na organização.
000
6,1
5,1
5,6
12,1
17,9
15,3
54,5
53,8
54,2
24,2
23,1
23,6
3
0
1,4
0
10
20
30
40
50
60
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização no seu trabalho.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 19: Gráfico percentual: aplicação do conhecimento adquirido externamente no trabalho.
V19 – As pessoas aplicam as idéias que desenvolveram em trabalhos anteriores às
situações novas.
Mesmo com a queda verificada, de forma geral, nos itens desta categoria, pode-se
verificar que “As pessoas aplicam as idéias que desenvolveram em trabalhos anteriores à
situações novas”, conforme mostrado nos resultados de V19: 81,8% em 2007 e 79,5% em
2008. Indicativo de que a aplicação de conhecimentos adquiridos é prática comum na
organização, permitindo sugeir que as reuniões de avaliação de projetos concluídos sejam
retomadas e institucionalizadas.
65
0
2,6
1,4
9,1
5,1
6,9
6,1
12,8
9,7
60,6
69,2
65,3
21,2
10,3
15,3
3
0
1,4
0
10
20
30
40
50
60
70
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
As pessoas aplicam as idéias que desenvolvem em trabalhos anteriores às situações novas.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 20: Gráfico percentual: aplicação de idéias anteriores à situações novas.
V20 – Na sua organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para
aprender.
9,1
15,4
12,5
3
15,4
9,7
12,1
15,4
13,9
45,5
30,8
37,5
27,3
23,1
25
3
0
1,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Discordo totalmente Discordo
parcialmente
Não tenho opinião
formada
Concordo
parcialmente
Concordo totalmente NR
Na sua organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para aprender.
2007
2008
Var. Conj.
Figura 21: Gráfico percentual: fracasso como oportunidade de aprendizado.
Os resultados de V20, com 72,8% em 2007, sugerem que nessa época havia
considerável liberdade para falhas, o que estimulava a experimentação. No ano de 2008, o
66
resultado caiu para 53,9%, que pode significar dúvidas e incertezas. Este item é muito
importante e deveria ser objeto de profunda análise por parte da organização, pois segundo
Amouzou e Perez (2000), uma organização só irá adquirir capacidade para se auto-renovar se
for constituída por uma base de pessoas dispostas a ter iniciativa pessoal e a cooperar umas
com as outras. O que parece impossível quando não existe espaço para cometer erros e, assim,
aprender individual e coletivamente com ele.
67
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este trabalho tinha como objetivo geral fazer um diagnóstico de como a instituição
analisada, o Centro Universitário e Volta Redonda - UniFOA, gerencia as informações
geradas ou adquiridas, para convertê-las em conhecimento e aplicá-lo na sua gestão
administrativo-acadêmica, em busca de um diferencial competitivo, para assim, agregar valor
a marca; e, ainda, identificar fatores facilitadores e dificultadores para a Gestão do
Conhecimento na IES.
Ambos os objetivos, acredita-se, serem desafiadores: o primeiro, em função da
novidade do tema para uma instituição conservadora, com 41 anos de existência, que é gerida
de forma compartilhada pela mantenedora, a Fundação Oswaldo Aranha, por meio de seus
conselhos: Diretor, Curador e Fiscal; e pela mantida, o Centro Universitário de Volta
Redonda, através dos integrantes da Reitoria, Pró-reitorias e Núcleos de Apoio à Gestão.
Apenas esse fato já seria suficiente para um estudo de caso, visto que, pode-se afirmar que é
patente o choque de gestão e as dificuldades em se conseguir um denominador comum. E o
segundo, composto, plural, que tanto pode ser embasado nas características já citadas acima
como, a cultura conservadora, quanto em fatores diretamente ligados à processos, tecnologia
e, relevante, ressaltar, na motivação humana e na atitude da liderança.
Sendo assim, é importante destacar a importância do conhecimento como recurso
econômico para as empresas de todos os setores, inclusive, para uma Instituição de Ensino
Superior, que pretende permanecer líder no mercado educacional da região onde se encontra e
expandir sua atuação, com vistas a tornar-se uma Universidade.
Num contexto amplo, foi possível observar que, mesmo não existindo uma política
específica e formalizada para a gestão das informações, mesmo que a expressão “Gestão do
Conhecimento” ainda não tenha conseguido transpor as paredes das salas de aula para
conquistar espaço na gestão educacional, pelos resultados da pesquisa, pode-se perceber que
existe uma tendência à prática da Gestão do Conhecimento por parte da liderança da IES,
visto que, a maioria percentual de respostas, seja no ano de 2007, seja no ano de 2008 ou no
acumulado, situa-se nos campos “concordo”.
É fato que a implantação da Gestão do Conhecimento numa instituição com essas
características vai exigir, necessariamente, uma maior compreensão das demandas do
ambiente onde ela está inserida mas, principalmente, será necessário, compreender a cultura
da IES, as questões ligadas à dupla hierarquia nesse processo de gestão compartilhada e,
68
obrigatoriamente, o entendimento das necessidades individuais e coletivas associadas aos
processos de criação e disseminação do conhecimento, voltados para a aprendizagem
organizacional.
Portanto, pode-se concluir, com embasamento nas respostas da pesquisa realizada em
2007 e, também, na observação participativa, que a mudança na estrutura acadêmica em 2006,
foi responsável por um momento de forte impulso na motivação das lideranças, que se refletia
no comportamento da equipe e, conseqüentemente, no estabelecimento de uma crença de
crescimento tanto pessoal e profissional, quanto da própria Instituição.
Entretanto, pode-se observar também, que se houve um inegável crescimento em
relação à escolaridade e a conseqüente qualificação dos docentes, parece ter havido, também,
uma redução quanto à capacidade da IES de controlar as informações. Essa atitude
aparentemente cética, é confirmada com a queda de 30 pontos percentuais no item 9 do
questionário e deve ser um alerta para a organização, no sentido de retomar o controle sobre
as informações geradas em seus processos, de modo a garantir uma correta divulgação das
informações que devem ser compartilhadas e evitar que informações sigilosas ou estratégicas
ultrapassem os limites desejados de segurança e venham a causar prejuízos para a organização
e sua marca.
Em relação aos aspectos diretamente ligados à Gestão do Conhecimento, pode-se
concluir, com relação ao compartilhamento de informações que, a IES procura favorecer o
trabalho de equipe e a disseminação das informações, através de mudanças no espaço de
trabalho, da criação e disponibilização de arquivos em meios físico e eletrônico visando à
troca de informação. Indicadores, esses, de que a organização estava altamente adequada à
implementação da gestão do conhecimento. Todavia, é preciso não perder de vista que, de
2007 para 2008, houve uma queda significativa nas respostas positivas, podendo levar à
suposição de que as mudanças organizacionais efetivadas no ano de 2008 tiveram impacto
negativo no compartilhamento das informações.
Na análise das variáveis que compõem a categoria criação do conhecimento, observa-
se que houve redução nos resultados de 2008, comparativamente a 2007, nos quatros itens
investigados. Considerando que a capacidade de criar conhecimento, transformar informações
e conhecimento tácito, em conhecimento organizacional, depende exclusivamente de pessoas,
recomenda-se, aqui, uma investigação mais aprofundada, capaz de identificar quais são os
fatores que estão comprometendo a crença e, talvez, a motivação das lideranças para buscar
novas práticas e processos que facilitem a inovação e a aprendizagem. Deve-se, também,
indagar se as mudanças na liderança, relatadas na pesquisa, não são, pelo menos em parte,
69
responsáveis pela queda na motivação das equipes e, conseqüentemente, na sua capacidade de
gerar novos conhecimentos.
Nota-se na categoria de investigação da aplicação do conhecimento, que as
proposições foram estruturadas de maneira a identificar não apenas se o conhecimento é
aplicado mas, principalmente, se o ambiente de trabalho favorece essa aplicação, permitindo a
reflexão individual e coletiva sobre o sucesso e o fracasso da equipe. Os resultados sugerem
que, em 2007 as pessoas sentiam-se mais livres para exprimir suas idéias, opiniões, para
compartilhar seus sucessos mas, também, para compartilhar os erros, o que estimulava a
experimentação. Em 2008, a queda nos resultados dessa categoria pode significar que as
pessoas e as equipes já não se sentem seguras para cometer enganos no ambiente de trabalho.
Esse fato é muito importante e deveria ser objeto de profunda análise por parte da
organização, pois, quando não existe espaço para cometer erros e, assim, aprender individual
e coletivamente com ele, a organização perde a capacidade de atrair e reter os talentos capazes
de promover a transformação de uma empresa em organização de aprendizagem.
Diante do exposto, pode-se concluir que uma Instituição de Ensino Superior, geradora
de conhecimento, não pode se furtar a adotar em sua gestão, práticas que favoreçam a
transformação do paradigmático ambiente de trabalho. Torna-se imperioso, que a IES possa
ser sujeito de seu próprio processo e desponte como exemplo de gestão do conhecimento, para
então, poder adotar as premissas de uma empresa que aprende e destacar-se no inflexível
mercado.
Esperar -se que este estudo possa contribuir para a compreensão da importância da
Gestão do Conhecimento e das características gerenciais e organizacionais necessárias à sua
implantação, bem como, venha a estimular, ainda mais, a discussão de seus aspectos e
conseqüências. Sabe-se que tema não se esgota aqui e que, ainda que particularizado por
tratar-se de um estudo de caso, possa fornecer subsídios para outras pesquisas.
70
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74
ANEXO A
ORGANOGRAMA UniFOA 2006
75
UniFOA
CONSEPE CONSUN
REITORIA
Núcleo de Planejamento
e Avaliação
NUPEA
Assessoria
Secretaria Geral
PR
Ó
-REITORIA DE
PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO
PRO-PPG
PR
Ó
-REITORIA
ACADÊMICA
PRO-ACAD
PR
Ó
-REITORI
A
DE EXTENSÃO
PRO-EXT
Núcleo de Pesquisa
NUPE
Núcleo de Apoio ao
Discente e Docente
NADD
Núcleo de Educação à
Distância e Tecnologia
de Ensino - NEAD
Núcleo de Relações
Empresariais e Práticas
Profissionais - NUEMP
Comitê Editorial
Núcleo de Seleção
Acadêmica
NSA
Biblioteca Central Núcleo de
Cursos de Extensão
NUEXT
Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde
CESAU
Centro de Tecnologia e
Engenharias
CETEC
Centro de Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas - CEHSA
Núcleo de Relações
Comunitárias e Responsabilidade
Social - NUCOM
Programas de Mestrado
(stricto sensu)
PROMES
Centro Integrado de Saúde
CIS
Centro Integrado de
Tecnologia - CIT
Escritório da Cidadania
Programa de Mestrado em Ensino
em Ciências da Saúde e do
Meio Ambiente
ECSMSA
Departamentos - CEHSA
Departamentos - CESAU Departamentos - CETEC
Programas de Especialização
(lato sensu)
PROESP
Coordenações de Cursos
CESAU
Coordenações de Cursos
CEHSA
Coordenações de Curso
CETEC
Comitê de Ética de Pesquisa
em Seres Humanos
CoEPS
Comitê de Ética de Pesquisa
em Animais
CEUA
ANEXO B
ORGANOGRAMA UniFOA 2008
UniFOA
REITORIA
CONSEPE
CONSUN
PR
Ó
-REITORIA DE
PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PRO-PPG
Assessoria
Núcleo de Planejamento
e Avaliação
NUPEA
PR
Ó
-REITORIA
ACAMICA
PRO-ACAD
PR
Ó
-REITORI
A
DE EXTENSÃO
PRO-EXT
Núcleo de Apoio ao
Discente e Docente
NADD
Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde
CESAU
Centro de Tecnologia e
Engenharias
CETEC
Centro de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas - CEHSA
Núcleo de Educação a
Distância e Tecnologia
de Ensino - NEAD
Núcleo de Relações
Empresariais e Práticas
Profissionais - NUEMP
Núcleo de
Cursos de Extensão
NUEXT
Núcleo de Pesquisa
NUPE
Programas de Mestrado
(stricto sensu)
PROMES
Programas de Especialização
(lato sensu)
PROESP
Núcleo de Seleção
Acadêmica
NSA
Comitê de
É
tica em Pesquisa
em Seres Humanos
CoEPS
Biblioteca Central
Comitê de
É
tica no Uso de Animais
CEUA
Comitê Editorial
Editora FOA
Secretaria-geral
CPA
Conselho de Integração
Social
Núcleo de Relações
Comunitárias e Responsabilidade
Social - NUCOM
Comitê de
Biossegurança
Central de Estágios, Egressos
e Oportunidades
Programa em Ensino em Ciências
da Saúde e do Meio Ambiente
ECSMA
Núcleo Artístico-Cultural e
Esportivo - NUACE
Centro Integrado de Saúde
CIS
Centro Integrado de
Tecnologia - CIT
Escritório da Cidadania
Departamentos - CESAU Departamentos - CETEC Departamentos - CEHSA
Coordenações de Cursos
CESAU
Coordenações de Curso
CETEC
Coordenações de Cursos
CEHSA
76
ANEXO C
Questionários 2007 / 2008
QUESTIONÁRIO
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa para a dissertação de mestrado em Gestão e
Estratégia em Negócios pela UFRRJ.*
Tem por objetivo fazer um diagnóstico de como o conhecimento é criado, aplicado e compartilhado na
IES.
Todas as respostas são absolutamente confidenciais e serão utilizadas apenas para fundamentar o
diagnóstico.
Agradecemos antecipadamente o preenchimento e solicitamos o seu encaminhamento até o dia
10/04/2008 para a secretaria da Pró-reitoria de Extensão.
Dados biográficos do respondente
1- Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
2- Idade
( ) 21 – 30 anos ( ) 31 – 40 anos ( ) 41 – 50 anos ( ) mais de 51
3- Escolaridade
( ) 2º incompleto ( ) 2º grau completo ( ) superior incompleto ( ) superior completo
( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado
4- Tempo de trabalho na FOA / UniFOA
( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos
( ) 16 a 20 anos ( ) 21 a 25 anos ( ) 26 a 30 anos
5- Tempo de trabalho em cargo de liderança na FOA/UniFOA
( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos
( ) 16 a 20 anos ( ) mais de 21 anos
Questionário
Responda as afirmativas do questionário de acordo com a sua concordância. Para dar a sua resposta, utilize a
escala de 5 pontos que está colocada à direita de cada afirmativa, marcando com um X o número que melhor
expressa a sua opinião.
Os números da escala significam o seguinte:
1- discordo
totalmente
2- discordo
parcialmente
3- não tenho
opinião formada
4- concordo
parcialmente
5- concordo
totalmente
6-
As equipes e os indivíduos documentam e compartilham a informação sobre seus
processos mais eficazes rotineiramente.
1 2 3 4 5
7-
Os meios eletrônicos (computador) e físicos (papel) onde são armazenadas as
informações são mantidos atualizados.
1 2 3 4 5
77
8-
A organização criou instrumentos eletrônicos e gráficos que dirigem as pessoas para
os recursos ou arquivos de informação disponíveis.
1 2 3 4 5
9-
A organização faz distinção entre a informação que deve ser controlada centralmente
e aquela em que todos devem ser livres para documentar e compartilhar.
1 2 3 4 5
10
As pessoas podem dizer que as mudanças no espaço de trabalho são realizadas
visando à necessidade de trabalhar em conjunto e compartilhar informações.
1 2 3 4 5
11
Como parte do processo de resolução de problemas, a organização considera com
serenidade o que os outros poderiam chamar de idéias malucas ou estranhas
1 2 3 4 5
12
Envolver os clientes no processo de criar ou desenvolver produtos e serviços novos é
uma prática bem estabelecida na organização.
1 2 3 4 5
13
O espaço de trabalho é planejado para promover o fluxo de idéias entre os grupos de
trabalho.
1 2 3 4 5
14
Qualquer um que tenha uma boa idéia pode conseguir apoio para prosseguir nela. 1 2 3 4 5
15
As pessoas podem utilizar a informação que obtêm para melhorar o seu trabalho. 1 2 3 4 5
16 Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma prática
estabelecida na organização.
1 2 3 4 5
17 As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização no seu
trabalho.
1 2 3 4 5
18 Geralmente, quando um projeto é concluído, as equipes se reúnem para analisar o
que deu errado e o que poderia ser melhorado.
1 2 3 4 5
19 As pessoas aplicam as idéias que desenvolveram em trabalhos anteriores às
situações novas.
1 2 3 4 5
20 Na sua organização,o fracasso é considerado uma oportunidade para aprender. 1 2 3 4 5
* Adaptado de Bukowitz, Wendi R. e Williams, Ruth L., Manual de Gestão do Conhecimento. Ferramentas e
técnicas que criam valor para a empresa. Porto Alegre: Bookman, 2002.
78
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