assim muito lento, um processo muito difícil ainda de entende, portanto,
vocês que estão visitando aqui vocês pode reparar que é um processo de
acampamento ainda, né (...) da forma que tá aqui foi a forma que nós
organizamos desde o primeiro momento, então, fica difícil distingui qual é
mesmo o conceito de assentamento do Incra, com o conceito da vivência
das pessoas que estão aqui hoje (...) (liderança assentada).
“(...) desde 2005, quando saiu a posse da fazenda em si pru Incra é que eles
coloca que a gente já tá assentado, né, mas como é que é mesmo esse modo
de assentamento que eles dão? Não é um modo de assentamento correto,
um modo de assentamento que, como diz que não tem nenhuma estrutura,
né, que pelo contrário, né, hoje, a única estrutura concreta que tem aqui, né,
que a gente vê, como diz o ditado, que a gente possa olhá e vê que tem
uma estrutura concreta do Incra aqui é um posto artesiano, aonde qui isso
não distribui pra família inteira, si distribui simplesmente pra dois grupos
que tão ali mais próximos, né, qui, como diz o ditado, qui abastece, né,
porque não tem modo de distribuição, então, as famílias em si, si elas
querem água desse posto, elas mesmo vão lá, como vocês viram, di
burrinho, di carrocinha e tal e tudo, coloca essas águas e leva até as suas
casas pra si mante, né, então, dentro desse processo, a estrutura mesmo do
Incra em si aqui dentro da Fazenda da Barra, principalmente, aqui, na
questão do Mário Lago, que é, como diz, a vivência é hoje aqui, não tem
estrutura (...)” (liderança assentada).
Torna-se importante afirmar que essas famílias estão utilizando de forma
irregular este posto, pois a sua perfuração não foi autorizada pelo Departamento de Águas
e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), colocando em risco o Aqüífero Guarani, que
pode ser contaminado pela utilização inadequada do poço. Pelo ato infracional, o Incra
pode ser autuado pelo Daee em penalidades que variam desde uma simples advertência,
com prazo de 30 dias para regularização, até multa.
O assentamento Mário Lago situa-se na zona leste da cidade, que se constitui em
uma área de recarga do Sistema Aqüífero Guarani
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. Como a perfuração do posto não
seguiu critérios técnicos e a captação de água não tem acompanhamento, existe a
possibilidade de contaminação do manancial. De acordo com a legislação em vigor, nesta
região do município, localizada para além dos anéis viários da cidade, é permitida a
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De acordo com Gomes et al (2006), a área de recarga do Aqüífero Guarani no Estado de São
Paulo abrange cerca de 16.000 km2, ocupando uma faixa de norte a sul do estado localizada na
porção Centro-Oeste, inserido nas coordenadas 21º e 23º de latitude sul e 47º e 50º de longitude
oeste. Os autores localizam Ribeirão Preto em uma faixa de recarga denominada Centro-Norte,
que ainda inclui os seguintes municípios: Franca, Batatais, Brodósqui, Altinópolis, Cajuru, Serrana,
Cravinhos, São Simão e Luís Antônio.