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utilização destas mídias alternativas, todavia, muitos aspectos levam a crer que, para isso, faz-
se necessário que as pessoas se sintam a vontade e que possam tomar outros indivíduos como
parâmetro de atuação no grupo. Esta pessoa poderá emergir naturalmente do grupo, durante a
intervenção, podendo ser qualquer membro, ou, pode ser indicada e estimulada pelo
interveniente, neste caso, devendo ser, por exemplo, um líder organizacional (alta
administração), desde que este se disponha a desempenhar este papel.
As dramatizações, por exemplo, não eram coisas simples para as pessoas,
né. As pessoas se sentiam extremamente.. por exemplo.. é, laboratório tipo
'aquário'. Você conhece o conceito né? Três falando, três ao redor ali, ou
quatro olhando, observado.. complicado! Tô aqui, conversando com você,
interagindo, a princípio, normalmente, mas eu sei que tem pessoas me
olhando (...) certamente não é fácil, é um fator.. é um fator dificultador né.
Eu me recordo que, durante todos os trabalhos, houve eu acho que duas
dramatizações ... dramatizações mesmo. Uma, fui eu que fiz. (...) Porque as
pessoas não se sentem tão à vontade, e ai, eu porque fiz, sou despachado,
sou o doido, aquele que quebra os padrões, aquela coisa toda.. aquele que ter
coragem de fazer isso! (Cliente B, grifo nosso)
Ainda no que se confere à utilização de mídias, foi tido como prática comum a todas
as intervenções estudadas a gravação visual dos encontros, como forma de registro das
dinâmicas utilizadas, da evolução do grupo e da produtividade do mesmo, servindo, ainda,
como fonte de análises posteriores para o interveniente, e, também, o próprio grupo de IA.
Para um dos entrevistados, houve impacto negativo da utilização deste recurso visual
ao passo que as pessoas se sentiram incomodadas e “intimidadas” (Cliente C) com a gravação
dos encontros, não agindo naturalmente na presença do mesmo. Entretanto, o próprio cliente
reconhece como necessária a utilização do recurso, pois, sem ele, o registro de toda a
implementação acabaria por se tornar superficial e distante da realidade encontrada.
Bem, em alguns momentos agente fazia os trabalhos, e filmava as interações,
pra depois fazer a verificação, e isso era um fator, também, de restrição. [...]
é.. eu não tinha pensado assim, mas é.. é um impacto negativo [para a
organização] sim, porque, se não houvesse aquilo, teria sido mais fácil para
as pessoas interagirem naturalmente. Por outro lado, se não tivesse, não
teria um registro, muito a gente não teria como avaliar depois, né. Então, é
uma .. é uma coisa complicada.. que complica por um lado.. e facilita por
outro..
Os demais clientes ouvidos não considera ter havido impacto negativo sobre a
utilização do recurso de gravação de vídeo durante as atividades, ressaltando a possibilidade
de que, para o cliente D, essa inibição das pessoas não tenha sido percebida uma vez que a
própria cultura da organização já favorecia e utilizada o referido recurso antes, o que é
corroborado pela percepção de que “eu acho que sendo a primeira vez que a pessoa esteja