Download PDF
ads:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências
Faculdade de Oceanografia
Lara Gama Vidal
O uso do boto-cinza (Sotalia guianensis) como sentinela da poluição ambiental
por compostos organoclorados (DDT, PCB, HCH, HCB e Mirex) em baías
costeiras do Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Lara Gama Vidal
O uso do boto-cinza (Sotalia guianensis) como sentinela da poluição ambiental
por compostos organoclorados (DDT, PCB, HCH, HCB e Mirex) em baías
costeiras do Estado do Rio de Janeiro.
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Oceanografia, da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Área de concentração:
Caracterização, Diagnóstico e Evolução
de Ambientes Marinhos
.
Orientador: Prof. Dr. José Lailson Brito Junior
Co-orientador: Prof. Dr. Alexandre de Freitas Azevedo
Rio de Janeiro
2010
ads:
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOECA CTC/C
V648 Vidal, Lara Gama.
O uso do boto-cinza (Sotalia guianensis) como
sentinela da poluição ambiental por compostos
organoclorados (DDT, PCB, HCH, HCB e Mirex) em
baías costeiras do Estado do Rio de Janeiro.. – 010.
88 f.
Orientador: José Lailson Brito Junior
. Co-orientador: Alexandre de Freias Azevedo.
Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Faculdade de Oceanografia.
1. Boto Teses. 2. Compostos organoclorados
Teses. 3. Poluição Sepetiba, Baía de Teses. 4.
Poluição Ilha Grande, Baía de Teses. I. Brito Junior,
José Lailson. II. Azevedo, Alexandre de Freitas. III.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de
Oceanografia. III. Título.
CDU 599.5
Autorizo , apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta tese.
____________________________________ ___________
Assinatura Data
Lara Gama Vidal
O uso do boto-cinza (Sotalia guianensis) como sentinela da poluição ambiental
por compostos organoclorados (DDT, PCB, HCH, HCB e Mirex) em baías
costeiras do Estado do Rio de Janeiro.
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Oceanografia, da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Área de concentração:
Caracterização, Diagnóstico e Evolução
de Ambientes Marinhos
Aprovado em 16 de Setembro de 2010
Banca Examinadora:
Prof. Dr. José Lailson Brito Junior (Orientador)
Faculdade de Oceanografia da UERJ
Prof. Dr. Marcos A. S. Fernandez
Faculdade de Oceanografia da UERJ
Prof. Dr. Olaf Malm
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ)
Prof. Dr. Paulo R. Dorneles
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ
Rio de Janeiro
2010
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo, Thiago e aos meus pais,
Olivia e Almir.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, José Lailson Brito Junior, que há 6 anos, quando era apenas uma
aluna do 3 período da graduação, me deu a oportunidade de entrar na família MAQUA. Por
acreditar no meu trabalho, por me confiar o GC, equipamento que acho ter visto uma
única vez. Por me incentivar a sempre continuar, a acreditar que mesmo que hoje não desse
certo, amanhã com certeza daria, e deu. Pela leitura de meus manuscritos, pelas idéias,
pela atenção... Por toda a força e dedicação para que hoje o MAQUA tenha e seja um
excelente laboratório.
Ao meu co-orientador, Alexandre Azevedo, pelas várias carcaças recolhidas em
conjunto, incluindo madrugadas de domingo, tardes de páscoa... Pelo incentivo, pela
atenção para esclarecer dúvidas, por ler meus manuscritos, pelas aulas em que tive o
privilégio de ser sua aluna, e por junto com o Zé, lutar para que tivéssemos o surreal
laboratório que hoje o MAQUA tem.
Ao Dr., Paulo Dorneles por todos os ensinamentos, pela paciência em repassar cada
um de seus conhecimentos, seja no laboratório, seja no recolhimento de carcaças, eu
aprendi com você, boa parte do que sei hoje. Por acreditar em mim, confiar em meu
trabalho, e sempre me incentivar. E por acompanhar e opinar na adequação da metodologia
e dos resultados desse trabalho.
Ao Prof. Olaf Malm por sempre ter disponibilizado a estrutura do Laboratório de
Radioisótopos Eduardo Penna Franca e pelo apoio prestado.
Ao Prof. João Torres por ter disponibilizado a estrutura de seu laboratório. Assim
como às suas alunas, Carol e Larissa, pela ajuda para que pudéssemos realizar a
confirmação dos padrões.
À Haydée pela determinação do sexo das biópsias, por revisar o manuscrito de
sexagem. A Bruna, aluna da Haydée, que ajudou na determinação da sexagem das
biópsias.
Ao Cláudio Eduardo, por mesmo acidentado nos receber em sua casa para
discussões, idéias, dicas e ensinamentos sobre a metodologia. Por ter disponibilizado seu
tempo para ajudar na preparação das soluções padrões. Por todos os emails e ligações,
estando sempre pronto a esclarecer dúvidas.
Ao Leonardo Flach, pelo imprescindível trabalho e apoio no recolhimento de
carcaças na Baía de Sepetiba, e pelas biópsias das baías de Sepetiba e Ilha Grande, sem
as quais esse trabalho simplesmente não teria sido realizado.
Ao Prof. Marcos Fernadez, por disponibilizar seu escasso tempo para esclarecer
dúvidas, pelas sempre produtivas discussões, e por todas as dicas e idéias.
À Tati Bisi, por fazer o laboratório funcionar, por mesmo estando na Bélgica, me ouvir
e acompanhar comigo o passo a passo da validação da metodologia. Por torcer e apoiar
esse trabalho. E principalmente por sua amizade. Sua competência e dedicação são
grandes exemplos.
À Mariana Alonso, pelo repasse do conhecimento adquirido, e pela companhia no
início de todo o processo.
À equipe do MAQUA, pela a ajuda e apoio prestados. Um agradecimento especial a
Luciana, por todo o incentivo e pelas conversas. E ao Rafael, meu irmão mais novo, pelas
conversas e saídas de campo, sempre energizantes. A Ju Marigo, por em sua curta
permanência no MAQUA ter adicionado conhecimento e informações de grande valia. E
pelas conversas e apoio. E as meninas, Lorena, Débora, Luciana, pelos papos, pelos choros
e risadas, pelas pizzas, pelas quase noites viradas.
Aos meus pais, que sempre me apoiaram em minhas escolhas mesmo quando
passei a trilhar um caminho desconhecido por eles. Que sempre me ouviram e incentivaram
nos momentos mais difíceis, que mesmo com os milhares de quilômetros nos separando eu
sentia o calor e abraço de meu pai e minha mãe. E acima de tudo muito obrigada pela
criação que vocês me deram, porque depois desses anos de vida trilhados, consigo
perceber que cada pessoa é 80% do reflexo de sua criação. Obrigada por todo amor e
carinho.
A minha avó Penha e meu avô Sebastião, que nos ajudaram a criar, nos dando
sempre muito carinho, amor e atenção. Vocês são minhas jóias mais preciosas.
Aos meus irmãos, Hector e Herbert, que sempre me ouviram, me apoiaram e me
incentivaram.
A toda minha família, avós, avôs, tios, tias, primas, primos, por sempre vibrarem com
cada uma de minhas conquistas e sempre estarem de braços abertos e quentes para me
receber.
Ao meu esposo Thiago, pelo apoio e incentivo, mesmo quando as coisas não
estavam dando certo, por sempre acreditar em mim. Por muitas vezes dormir com a cama
vazia enquanto as noites foram longas para mim, ou pelas vezes em que para não ficarmos
longe, dormiu com a luz acessa enquanto eu trabalhava. Por todo seu carinho e atenção,
por ouvir meus devaneios e histórias com os clorados, tenho certeza que hoje você sabe
várias coisas. Obrigada, meu anjo.
Aos meus amigos, Rodrigo e Karla, por sempre me ouvir, apoiar, acreditar, e
incentivar.
Intoxicada com a sensação de seu poder, a
humanidade parece estar se envolvendo cada
vez mais em experiências de destruição de si
próprio e de seu mundo
Rachel Carson
RESUMO
VIDAL, Lara Gama. O uso de cetáceos (Mammalia, Cetacea) como sentinela da
poluição ambiental por compostos organoclorados (DDT, PCB, HCH, HCB e Mirex)
em baías costeiras do Estado do Rio de Janeiro. 2010. 88f. Dissertação (Mestrado
em Oceanografia) – Faculdade de Oceanografia, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
Concentrações de compostos organoclorados (DDTs, PCBs, HCHs, Mirex e
HCB) foram determinadas em camadas externas e internas do tecido adiposo
subcutâneo de 17 botos-cinza (Sotalia guianensis) da região Sudeste do Brasil. Não
houve diferenças estatísticas significativas entre os estratos, relativo aos 37
compostos determinados, assim como ΣDDT, ΣPCB, ΣHCH, e as razões p,p’-
DDE/∑DDT e ∑DDT/∑PCB. Entretanto, foram observadas diferenças significativas
nas concentrações de alguns compostos organoclorados de animais encalhados ou
capturados acidentalmente quando comparados com animais biopsiados
remotamente, sendo assim as comparações entre esses dois conjuntos de dados,
devem ser vistas com cuidado. No presente estudo, as concentrações dos
compostos organoclorados foram determinadas em biópsias de botos-cinza obtidas
de 2007 a 2009, nas baías de Sepetiba (n=13) e Ilha Grande (n=11), Sudeste do
Brasil. As concentrações (ng/g de lipídio) variaram de <LD a 26 621 para o ∑DDT,
de 256 a 60 195 para o ∑PCB; de <LD a 2 296 para HCH; de 142 a 1 088 para o
Mirex, bem como de <LD a 35 para o HCB. Com relação à análise discriminante, os
dados dos machos capturados acidentalmente gerados no presente estudo foram
analisados juntamente com dados dos machos de um estudo recente que utilizou
amostras do tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza capturados acidentalmente.
Através dessa análise, foi possível verificar que as populações de boto-cinza de 2
baías costeiras vizinhas (Sepetiba e Guanabara), bem como da Baía de Paranaguá,
apresentaram padrões distintos de acumulação dos compostos organoclorados. O
último achado demonstra a existência de separações ecológicas entre os botos-
cinza a partir de diferentes áreas, o que constitui informação de grande importância
para a conservação e o manejo da espécie.
Palavras-chave: Organoclorados. Biópsias. Sotalia guianensis. Boto-cinza. Baía de
Sepetiba. Baía de Ilha Grande.
ABSTRACT
Organochlorine compound (OC) concentrations (DDTs, PCBs, HCHs, Mirex
and HCB) were determined in inner and outer strata from blubber of 17 Guiana
dolphins (Sotalia guianensis) from southeast Brazil. There was no statistically
significant difference between the strata concerning the 37 determined compounds,
∑DDT, ∑PCB, ∑HCH as well as regarding the p,p’-DDE/∑DDT and the ∑DDT/∑PCB
ratios. However, significant differences were found in concentrations of some
organochlorine compounds in stranded or incidentally captured animals and remotely
biopsied , thus comparisons between these two sets of data should be viewed with
caution. In the present study, OC concentrations were determined in biopsy samples
from Guiana dolphins obtained from 2007 to 2009, in Sepetiba (n=13) and Ilha
Grande (n=11) bays, southeast Brazil. Concentrations (ng/g lipids) varied from <LD
to 26 621 for ∑DDT, from 256 to 60 195 for ∑PCB; from <LD to 2 296 for ∑HCH;
from 142 to 1 088 for Mirex; as well as from <LD to 35 for HCB. Concerning the
discriminant analysis, the data from males incidentally captured generated by the
present study were analyzed together with data from males to a recent study that
dealt with blubber samples from males incidentally captured Guiana dolphins.
Through this analysis, it was possible to verify that the Guiana dolphin populations
from 2 neighboring coastal bays (Sepetiba and Guanabara), as well as from
Paranaguá Bay, present differentiation on the OC accumulation patterns. This latter
finding demonstrates the existence of ecological separations among Guiana dolphins
from different areas, which constitutes information of importance for conservation and
management purposes.
Keywords: Organochlorine, biopsy, Sotalia guianensis, Guiana dolphin, Sepetiba
Bay, Ilha Grande Bay.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura molecular geral do PCB................................................. 4
Figura 2 - Estrutura molecular dos isômeros do dicloro-difenil-tricloroetano
(o,p’-DDT e p,p-DDT) e seus respectivos metabólitos.................
7
Figura 3 - Estrutura molecular do hexaclorobenzeno (HCB)......................... 8
Figura 4 - Estrutura molecular dos isômeros do hexaclorociclohexano
(HCH)............................................................................................
9
Figura 5 - Estrutura química do dodecaclorohidro-1,3,4-metano-1H-
ciclobuta[c,d] pentaleno (Mirex).....................................................
10
Figura 6 - Mapa de distribuição de Sotalia guianensis..................................
11
Figura 7 - Boto-cinza na Baía de Sepetiba (Foto: Leonardo Flach).............. 11
Figura 8 - Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro..............
17
Figura 9 - Tecido adiposo subcutâneo, com a camada externa e a camada
interna............................................................................................
18
Figura 10 - Fluxograma dos tratamentos para amostras provenientes de
animais encalhados e de animais biopsiados...............................
28
Figura 11 - Comparação entre médias (ng.g
-1
lipídio) das concentrações de
organoclorados nas camadas externa e interna de tecido
adiposo subcutâneo de botos-cinza (n= 17) da Baía de
Sepetiba........................................................................................
35
Figura 12 - Porcentagem do p,p’-DDT e de seus metabólitos p,p’-DDE e
p,p’-DDD no ∑DDT no tecido adiposo subcutâneo de botos-
cinza ( n= 17; machos= 13; fêmeas= 4) da Baía de Sepetiba......
36
Figura 13 - Distribuição relativa dos percentuais de organoclorados (∑PCB,
∑DDT, HCH, Mirex e HCB) nos estratos do tecido adiposo
subcutâneo de botos-cinza (n=17) da Baía de Sepetiba..............
37
Figura 14 - Distribuição relativa dos percentuais de organoclorados (∑PCB,
∑DDT, ∑HCH, Mirex e HCB) em botos-cinza (n = 24) da Baía
de Sepetiba (SEP, n=13) e Baía de Ilha Grande (BIG,
n=11).............................................................................................
40
Figura 15 - Mediana e valores nimos e máximos das concentrações do
∑PCB e ∑DDT no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da
Baía de Sepetiba (SEP, n = 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n
=11), RJ.........................................................................................
41
Figura 16 - Mediana e valores mínimos e máximos concentrações do PCB
49 no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de
Sepetiba (SEP, n=13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n=11), RJ.....
42
Figura 17 - Mediana e valores mínimos e máximos das concentrações do
HCH, HCB e Mirex no tecido adiposo subcutâneo de botos-
cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n = 13) e Baía de Ilha Grande
(BIG, n = 11), RJ...........................................................................
43
Figura 18 - Mediana e valores nimos e máximos das concentrações do
p,p’-DDD e no PCB 118 no tecido adiposo subcutâneo de
botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n=13) e Baía de Ilha
Grande (BIG, n=11), RJ................................................................
44
Figura 19 - Contribuição relativa do o,p’-DDE, p,p-DDD, p,p’-DDE e p,p’-
DDT no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de
Sepetiba (SEP, n= 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11),
RJ..................................................................................................
45
Figura 20 - Contribuição relativa média (%) dos diferentes congêneres e
isômeros para o ∑PCB no tecido adiposo subcutâneo de botos-
cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n=13) e Baía de Ilha Grande
(BIG, n=11), RJ.............................................................................
46
Figura 21 - Contribuição relativa média (%) dos PCBs agrupados pelo
número de cloros presentes na molécula para o ∑PCB no tecido
adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP,
n = 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11), RJ...........................
47
Figura 22 - Mediana e valores nimos e máximos das concentrações do
p,p’-DDE, PCB 153, PCB 138, PCB 180, ∑DDT e ∑PCB no
tecido adiposo subcutâneo de machos ( n = 6) e fêmeas ( n= 7)
de botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP), RJ.............................
48
Figura 23 - Representação gráfica das variáveis canônicas para o boto-
cinza da Baía de Guanabara (n=4), Baía de Sepetiba (n=12) e
Baía de Paranaguá (n=7). Os pontos cheios representam os
valores médios para cada área.. ..................................................
50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comprimento total (CT) em centímetros, data de encalhe e
sexo dos botos-cinza encalhados, na Baía de Sepetiba, RJ......
19
Tabela 2 - Amostras do tecido adiposo subcutâneo de espécimes do
boto-cinza, Sotalia guianensis, sexo (F=fêmea; M=macho),
local e data de coleta de biópsias remota de botos-cinza nas
Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, RJ..............................
21
Tabela 3 - Limite de detecção dos compostos organoclorados
analisados...................................................................................
30
Tabela 4 - Porcentagem de recuperação dos compostos certificados
pelos materiais de referência...................................................
31
Tabela 5 - Média, desvio padrão, valores mínimos e máximos das
concentrações dos compostos organoclorados (ng.g
-1
lipídio)
das camadas externa e interna de tecido adiposo subcutâneo
de botos-cinza (n=17) da Baía de Sepetiba. ..............................
34
Tabela 6 - Concentrações de organoclorados (∑DDT, ∑PCB, ∑HCH,
HCB e Mirex) em ng.g
-1
lip, nos exemplares de boto-cinza da
Baía de Sepetiba, RJ..................................................................
38
Tabela 7 - Concentrações de organoclorados (∑DDT, ∑PCB, ∑HCH,
HCB e Mirex) em ng.g
-1
lip, nos exemplares de boto-cinza da
Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro...........................................
39
Tabela 8 - Razão entre a contribuição relativa (%) de PCBs de baixa
cloração (2,3 e 4 Cl) e os PCBs de alta cloração (6,7,8,9 e 10
Cl) no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de
Sepetiba (n=13) e Baía de Ilha Grande (n=11), RJ.....................
46
Tabela 9 - Resultados da Análise de Discriminante (Valor de F, Distância
de Mahalanobis (D
2
) e nível de significância), utilizada para a
comparação no padrão de acumulação de organoclorados em
tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza de diferentes
localidades: Baía de Guanabara (n= 4), Baía de Sepetiba (n=
12), e Baía de Paranáguá (n = 7), dados a partir da análise
discriminante...............................................................................
50
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................
15
1
COMPOSTOS ORGANOCLORADOS....................................................
17
1.1
Bifenilas Policloradas (PCB) ................................................................
18
1.2
Diclorodifeniltricloroetano (DDT).........................................................
20
1.3
Hexaclorobenzeno (HCB)......................................................................
22
1.4
Hexaclorociclohexano (HCHs)..............................................................
23
1.5 Mirex........................................................................................................
24
2
ESPÉCIE ESTUDADA: BOTO-CINZA, Sotalia guianensis (VAN
BÉNÉDEN, 1864)....................................................................................
25
3
OBJETIVOS.............................................................................................
30
3.1
Objetivo Geral.........................................................................................
30
3.2
Objetivos Específicos............................................................................
30
4
MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................
31
4.1
Área de Estudo.......................................................................................
31
4.1.1
Baía de Sepetiba
......................................................................................
31
4.1.2
Baía de Ilha Grande
.................................................................................
32
4.2
Amostragem...........................................................................................
33
4.2.1
Amostragem de tecido adiposo subcutâneo de boto-cinza capturados
acidentalmente em redes de pesca e/ou encalhados..............................
33
4.2.2
Amostragem de tecido adiposo subcutâneo de boto-cinza através de
biópsia remota..........................................................................................
35
4.3
Sexagem molecular...............................................................................
37
4.4
Análises químicas dos compostos organoclorados..........................
37
4.4.1
Descontaminação dos materiais
..............................................................
37
4.4.2
Reagentes
................................................................................................
38
4.4.3
Tratamento do Sulfato de Sódio
..............................................................
38
4.4.4
Soluções padrões dos compostos organoclorados
.................................
38
4.4.5
Condições cromatográficas
......................................................................
39
4.4.5.1
Identificação e quantificação dos analitos................................................
40
4.4.6
Curva analítica
.........................................................................................
40
4.4.7
Procedimento de Extração
.......................................................................
41
4.4.8
Quantificação do conteúdo lipídico
..........................................................
42
4.4.9
Purificação
...............................................................................................
44
4.4.10
Limite de Detecção do método
................................................................
45
4.4.11
Validação da metod
ologia........................................................................
46
4.5
Testes estatísticos.................................................................................
47
5 RESULTADOS........................................................................................ 48
5.1 Compostos organoclorados nas camadas externa e interna do
tecido adiposo subcutâneo de Sotalia guianensis.............................
48
5.2 Compostos organoclorados em biópsias e em animais
encalhados da Baía de Sepetiba, RJ....................................................
51
5.3
Bioacumulação de compostos organoclorados em Sotalia
guianensis da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de
Janeiro....................................................................................................
52
6
DISCUSSÃO............................................................................................
64
6.1
Compostos organoclorados nas camadas externa e interna do
tecido adiposo subcutâneo de Sotalia guianensis.............................
64
6.2
Compostos organoclorados em biópsias e em animais
encalhados da Baía de Sepetiba, RJ....................................................
66
6.3
Bioacumulação de compostos organoclorados em Sotalia
guianensis da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de
Janeiro....................................................................................................
67
6.3.1
Padrão de acumulação da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha
Grande.....................................................................................................
67
6.3.2
Diferenciação geográfica
.........................................................................
71
7
CONCLUSÕES........................................................................................
73
8
RECOMENDAÇÕES DA DISSERTAÇÃO..............................................
74
REFERÊNCIAS.......................................................................................
75
17
17
INTRODUÇÃO
Após a Revolução Industrial a população humana passou a crescer
exponencialmente e de maneira desordenada, fazendo com ocorresse o aumento da
demanda por alimentos e novos produtos. O que resultou na geração de diversos
compostos, sendo muitos deles nocivos aos organismos. Devido à maior ocupação
humana nas zonas costeiras muitos desses compostos têm seu destino final nos
oceanos (WEBER, 1992).
A poluição que chega ao ambiente marinho costeiro se torna ainda mais
preocupante quando consideramos a transferência de tais poluentes através da teia
alimentar (LACERDA; MALM, 2008). Devido à lipofilicidade, alguns compostos,
como os organoclorados, têm a sua passagem através das membranas biológicas
facilitadas, constituindo processo denominado bioacumulação. Tais compostos
podem ainda vir a sofrer biomagnificação, que pode ser definido como o aumento
das concentrações dos poluentes à medida que seguem o fluxo trófico (WALKER et
al., 1997). Ambos os processos fazem com que organismos, principalmente aqueles
que ocupam o topo das teias tróficas, acumulem contaminantes em elevadas
concentrações (SMITH et al., 2002). Tal acumulação pode ter efeitos não para
indivíduos, mas para a população. Em muitos casos, essa poluição pode chegar à
população humana, tendo também reflexos sobre a saúde (CHIEN et al., 2002).
Os compostos organoclorados podem atingir o ambiente marinho através da
lixiviação, descarga de rios e podem ser transportados através da atmosfera,
alcançando regiões distantes de suas fonte, como por exemplo, zonas em altas
latitudes ou em oceano profundo (WANIA; MACKAY, 1996). A produção em escala
industrial, o lançamento descontrolado e a estabilidade térmica fazem com que tais
compostos estejam dispersos pelos diversos compartimentos do ambiente (World,
1989; World, 1992). A persistência no ambiente e a acumulação na biota são
características desses compostos que, de maneira geral, podem afetar os sistemas
imunológico, reprodutivo e nervoso dos organismos (World, 2003).
Os cetáceos são animais marinhos completamente adaptados à vida
aquática. Esses mamíferos estão presentes em todos os oceanos do mundo, de
zonas costeiras a oceânicas, da região equatorial a polar, tais animais podem ainda
18
18
ocorrer em certos rios. A Ordem Cetacea é divida em três subordens: Archaeoceti,
cetáceos extintos; Mysticeti, cetáceos de barbatanas; e a Odontoceti, cetáceos
dentados (HARRISON; BRYDEN, 1988). Sendo reconhecidas atualmente 86
espécies de cetáceos em todo o mundo, e no Brasil até o momento foram
registradas 42 espécies (IBAMA, 2001).
A idéia da utilização de sentinelas vem sendo utilizada há tempos, onde
espécies sentinelas seriam aquelas que nos permitem fazer um monitoramento dos
níveis de micropoluentes, alertando para tendências e impactos sobre o ecossistema
e a saúde humana, que podem fornecer percepção sobre alterações ambientais
nas escalas espacial, temporal e trófica (TABOR & AGUIRRE, 2004).
Os cetáceos podem ser considerados bons sentinelas do ambiente marinho e
costeiro, por serem animais que ocupam altos níveis tróficos, integrando assim a
contaminação a médio e longo prazo; vida longa, e por isso possuem um longo
tempo de exposição; respiram ar atmosférico, sendo reduzida a incorporação de
xenobióticos por esse meio, sendo sua principal via a dietética; e por possuírem
proximidade filogenética com o ser humano (BOSSART, 2006).
No que diz respeito aos compostos organoclorados em cetáceos, o tecido
adiposo subcutâneo se constitui no sítio de escolha para a determinação de tais
xenobióticos, devido à lipofilicidade dos mesmos (O’SHEA, 1999). Entretanto,
contínua discussão sobre a distribuição dos poluentes ao longo das profundidades
da camada adiposa não ser equitativa, sendo este um fator importante na
interpretação das concentrações de micropoluentes orgânicos. Alguns estudos
buscaram realizar tal investigação em algumas espécies de cetáceos e os
resultados parecem ter relação com a fisiologia de cada espécie (TILBURY et al.,
1997; HANSEN et al., 2004; HOBBS et al., 2003; AGUILAR; BORREL, 1991;
AGUILAR; BORREL, 1994).
Portanto, a biópsia remota, utilizada em cetáceos para a investigação de
micropoluentes lipofílicos, pode trazer consigo fatores de confundimento, pois
retiram, quase sempre, alíquotas da camada mais superficial do tecido adiposo
subcutâneo e tal extrato pode não ser representativo da contaminação em todo o
tecido adiposo (O’SHEA, 1999; HANSEN et al., 2004). Desta maneira, torna-se
19
19
oportuna a realização de estudos nos quais a determinação dos compostos
organoclorados seja efetuada tanto em animais biopsiados quanto em diferentes
profundidades da mencionada camada adiposa subcutânea, em animais
encontrados mortos.
1 COMPOSTOS ORGANOCLORADOS
Os organoclorados (OCs) pertencem ao grupo conhecido como POPs
(poluentes orgânicos persistentes), que tem como características comuns a
resistência a degradação fotoquímica, química e biológica, sendo, portanto
compostos com alta estabilidade química. Por tais características, foram incluídos
em listas dos poluentes prioritários ao impacto da saúde humana e do ambiente pela
da Convenção de Estocolmo, que visou limitar a poluição por tais compostos (UNEP,
2002).
Dentre os compostos organoclorados presentes como contaminantes no
ambiente estão os pesticidas, como o DDT (Diclorodifeniltricloroetano), o HCB
(Hexaclorobenzeno), o HCH (
Hexaclorociclohexano)
e o Mirex, e os de utilização
industrial e urbana, como os PCBs (Bifenilos Policlorados) (SMITH et al., 2002).
O transporte atmosférico e a circulação oceânica são importantes
mecanismos de dispersão global dos compostos organoclorados, possibilitando que
tais compostos atinjam zonas remotas, não limitando a contaminação a regiões
próximas a seu uso. O transporte atmosférico ocorre devido à volatilização desses
compostos a partir da área fonte, geralmente em regiões tropicais, e a deposição em
regiões remotas, geralmente polares. Sendo que os compostos mais pesados
(menos voláteis) possuem maior tendência em ficar depositados próximos à fonte
enquanto os compostos mais leves (mais voláteis) seriam os que atingiriam regiões
mais distantes (WANIA; MACKAY, 1996).
20
20
1.1 Bifenilos Policlorados (PCBs)
PCBs são compostos sintéticos, desenvolvidos na segunda metade do século
XVIII na Alemanha, que apresentam dois anéis aromáticos ligados por uma ligação
carbono-carbono e possuem de 1 a 10 átomos de cloro em suas substituições. Sua
fórmula química pode ser representada por C
12
H
10-n
Cl
n
(Fig.1), onde n é o número de
átomos de cloro na molécula (World, 1992).
Figura 1: Estrutura molecular geral do PCB
A configuração de sua estrutura molecular permite diversas combinações de
substituições, sendo possíveis 209 congêneres de PCB. Mas estudos têm mostrado
que desses, 130 são possíveis de ser encontrados em misturas comerciais.
Individualmente, os congêneres de PCB são incolores, muitas vezes cristalinos,
na mistura comercial se apresentam com uma cor clara, podendo ser líquidos ou
sólidos (World, 1992). Esses compostos possuem baixa solubilidade em água, que
tende a decrescer à medida que o número de átomos de cloro presentes na
molécula aumenta (METCALFE et al., 1986).
Os compostos que pertencem ao grupo dos PCBs podem ser chamados de
congêneres, enquanto aqueles que possuem o mesmo número de átomos cloro na
molécula são conhecidos como isômeros. Os bifenilos policlorados podem ainda ser
classificados como planares e não planares dependendo da configuração da
molécula. Onde as primeiras possuem um ou nenhum cloro na posição orto
(2,2’,6,6’), enquanto as não planares possuem a conformação perpendicular, devido
a múltiplas substituições na posição orto (United States,1998).
21
21
PCBs foram fabricados e vendidos como misturas com uma variedade de
nomes comerciais, nos Estados Unidos foi chamado de Aroclor e no Brasil foi
comercializado com o nome de Ascarel (UNEP, 2002).
A nomenclatura utilizada para os PCBs segue as regras estipuladas pela
União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), onde é levada em
consideração a posição relativa dos átomos de cloro. Entretanto, como uma maneira
de simplificar, Ballschmiter, Zell (1980) propuseram uma nova nomenclatura onde os
congêneres seriam numerados de 1 a 209 (AZEVEDO; SILVA et al., 2007).
Tais compostos foram utilizados principalmente em transformadores e
capacitores, em fluídos de calor e como aditivos na formulação de plastificantes,
tintas e adesivos. Essa ampla utilização foi possível devido às suas propriedades
físico-químicas, como alta constante dielétrica e elevada estabilidade térmica
(HOIVIK; SAFE, 1998).
A produção mundial de PCB em escala industrial se deu a partir de 1933,
sendo seu pico em 1970, com 50.000 toneladas. A estimativa é que a produção
mundial de tais compostos tenha atingido 1.200.000 toneladas. No Brasil não
houve registros de produção, sendo importados principalmente dos EUA e da
Alemanha (PENTEADO; VAZ, 2001).
A restrição para o uso dos bifenilos policlorados começou em 1978 nos
Estados Unidos. Já no Brasil aconteceu em 1981, quando foi proibida a fabricação, a
comercialização e o uso de PCBs em todo território nacional, havendo ressalva em
relação ao montante de PCB que estava em uso em determinados equipamentos.
Neste último caso, a utilização de PCBs poderia continuar até substituição integral
do equipamento ou a troca do fluido dielétrico por outro, livre de PCB (PENTEADO;
VAZ, op. cit).
PCBs geralmente biomagnificam em cadeias alimentares aquáticas, como
indicam as concentrações encontradas em organismos aquáticos que ocupem altos
níveis tróficos. Tais compostos são rapidamente absorvidos pelo trato
gastrointestinal, distribuídos e acumulados no fígado e tecido adiposo. Os PCBs
22
22
podem ser transferidos através da placenta e pelo leite, acumulando-se assim no
feto e no filhote (World, 2003).
Estudos mostram que os PCBs são promotores de câncer, causam alterações
no sistema imunológico, podem causar efeitos adversos sobre a reprodução, como a
diminuição na taxa de concepção, impedindo a implantação do embrião na parede
uterina, por exemplo. Alterações relacionadas aos neurotransmissores e seus
metabólitos, são também relatadas como efeitos da exposição a tais compostos
(World, 2003).
1.2 Diclorodifeniltricloroetano (DDT)
O diclorodifeniltricloroetano (DDT) foi um importante pesticida amplamente
utilizado para o controle de pragas na agricultura e, de vetores de doenças como a
malária e o tifo. Trata-se de um composto branco, cristalino, insípido, inodoro, quase
sólido (World, 1989).
Nas misturas comerciais de DDT o predomínio de p,p-DDT (77,1%),
sendo estas também constituídas por o,p’-DDT (14,9%), p,p-DDD, (0,3%), o,p-DDD
(0,1%) e impurezas (3,5%) (World, 1979). O p.p DDT ao ser degradado forma os
metabólitos 2,2-bis- p-clorofenil-1,1-dicloroetano, (o DDD) e o 2,2-bis-p-clorofenil-
1,1-dicloroetileno, (o DDE), sendo o último ainda mais resistente e persistente que o
próprio DDT (World, 1989). O p,p’-DDT possui fórmula molecular C
14
H
9
C
l5
(Fig.2), e
massa molecular relativa de 354,50 (FAO, 1992).
23
23
Figura 2: Estrutura molecular dos isômeros do dicloro-difenil-tricloroetano (o,p-DDT
e p,p’-DDT) e seus respectivos metabólitos.
O DDT foi sintetizado pela primeira vez em 1874, mas em 1939 que Paul
Müller e seus colaboradores descobriram as suas propriedades inseticidas, o que
valeu ao referido pesquisador posteriormente o Prêmio Nobel de Medicina devido ao
uso do DDT no combate à Malária. Anofex, Gyron, Ixodex, Neocid, Neocidol e
Zerdane são alguns dos nomes comerciais pelos quais o DDT foi vendido (United
States, 2002a).
O primeiro indício de que o DDT poderia estar causando efeitos sobre o
ambiente foi levantado pelo livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, onde a
autora relaciona a redução de diversas populações de aves ao uso do DDT.
O primeiro país a banir o DDT foi a Suécia em 1970. No Brasil as primeiras
medidas foram tomadas em 1971, mas somente em 1985 sua comercialização, uso
e distribuição foram proibidos em território nacional, só sendo permitido seu uso para
o controle de vetores de doenças a critério da Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA) (UNEP, 2002).
Diversos efeitos deletérios à saúde são promovidos pelo DDT e seus
metabólitos, entre eles estão a neurotoxicidade, a hepatotoxicidade e a interferência
no sistema endócrino (UNEP, 2002).
24
24
1.3 Hexaclorobenzeno (HCB)
O Hexaclorobenzeno (HCB) é um hidrocarboneto clorado com fórmula
molecular C
6
Cl
6
(Fig.3), este produto é um sólido cristalino branco, que é
praticamente insolúvel em água (United States, 2002b).
Figura 3: Estrutura molecular do hexaclorobenzeno (HCB).
O HCB foi introduzido pela primeira vez em 1945 como um fungicida para o
tratamento de sementes de cereais. Sendo posteriormente utilizado em fogos de
artifício, munições e borracha sintética. Hoje é disponibilizado como um subproduto
da produção de um grande número de compostos clorados, especialmente solventes
e vários pesticidas. Sendo emitido para a atmosfera compondo o conjunto de gases
de combustão gerados por incineradoras e metalurgia (KENNISH, 1997).
O HCB é conhecido por causar insuficiência hepática nos seres humanos,
tendo sido classificado pela Agência Internacional para Pesquisa de Câncer (IARC)
como um possível agente cancerígeno em humanos (United States, 2002).
25
25
1.4. Hexaclorociclohexano (HCHs)
O HCH foi um inseticida utilizado na agricultura e no ambiente doméstico,
bastante difundido nos anos 1960 e 1970 em todo o mundo. Ele é um composto
muito volátil, sendo perdido em altas taxas para a atmosfera durante sua aplicação.
Um estudo realizado no sul da Índia revelou que 99,6% do HCH aplicado em
campos de arroz podia ser perdido para a atmosfera (CLARK, 2001).
Em nível mundial, o HCH foi amplamente utilizado como fumegante na
proteção de sementes devido a sua estabilidade em altas temperaturas. No Brasil,
ele foi especificamente usado no tratamento de culturas de café, soja e algodão,
bem como no controle da doença de Chagas (WEBER; MONTONE, 1990).
Figura 4: Estrutura molecular dos isômeros do hexaclorociclohexano (HCH).
Existem diversos isômeros de HCH, identificados por letras gregas (alfa, beta,
gama, delta) (Fig. 4). O composto de maior ação inseticida é o gama-HCH, cujo
produto comercial, de nome técnico lindano, contém pequenas quantidades de
outros isômeros. Por ter sido o mais utilizado, é o que tem maior expressão
ambiental. Os demais produtos comerciais são uma mistura de dois ou mais
isômeros (LAMPARELLI et al., 2001). O lindano não demonstrou ter potencial
carcinogênico em inúmeros estudos, mas apresentou atividade de alteração
endócrina (UNEP, 2002).
26
26
1.5 Mirex
O Mirex (Fig. 5) é um pesticida com grande especificidade no combate a
formiga. Por este motivo foi inicialmente usado no controle das mesmas no sul dos
Estados Unidos, sendo posteriormente também usado como aditivo retardante de
chama em polímeros (KENNISH, 1997).
É considerado um dos pesticidas mais estáveis e persistentes no ambiente,
com uma meia-vida no solo de até 10 anos. Pode levar à imunossupressão e a
deficiências reprodutivas (VORKAMP et al., 2004).
Figura 5: Estrutura química do dodecaclorohidro-1,3,4-metano-1H-
ciclobuta[c,d]pentaleno (Mirex).
27
27
2 ESPÉCIE ESTUDADA: BOTO-CINZA, Sotalia guianensis (VAN NÉDEN,
1864)
Sotalia guianensis, é um pequeno odontoceto da Família Delphinidae
endêmico do Atlântico Ocidental, distribuído da Nicarágua, com registros em
Honduras, ao sul de Santa Catarina, Brasil (DA SILVA; BEST
, 1994; FLORES, 2002;
FLORES; DA SILVA, 2009
) (Fig. 6).
Figura 6: Mapa de distribuição de Sotalia guianensis.
Sua taxonomia já foi bastante discutida, por haver uma forma que habita rios,
bastante semelhante à forma marinha. Mas a partir de estudos morfométricos
(MONTEIRO-FILHO et al. 2002), genéticos (CUNHA et al., 2005) e até mesmo por
suas distintas distribuições, duas espécies passaram a ser consideradas, Sotalia
guianensis e Sotalia fluviatilis.
O estudo realizado por CUNHA et al. (2005) ainda mostrou que depois da
separação das duas espécies, Sotalia guianensis começou a se expandir em direção
ao Sul do Brasil. Sendo hoje possível separá-los geneticamente em 3 populações,
norte, nordeste e sul/sudeste. Mas o agrupamento da última é preciso ser avaliado
com cuidado, que a presença de um único haplótipo para a região, pode
representar tanto o fluxo gênico atual, quanto um evento evolutivo recente.
28
28
Figura 7: Boto-cinza na Baía de Sepetiba (Foto: Leonardo Flach)
A espécie pode atingir pouco mais de 200 cm de comprimento, e cerca de 30
anos de idade. A maturidade sexual dos machos é atingida entre 170-180 cm, cerca
de sete anos e das fêmeas entre 160-169 cm, entre cinco e sete anos (Fig. 7)
(FLORES, 2002). Estudos de foto-identificação têm mostrado que esses animais
possuem um alto grau de residência em baías e estuários ao longo de sua
distribuição (SANTOS et al., 2001; AZEVEDO et al., 2004; FLORES; BAZZALO,
2004).
Tratando exclusivamente da agregação da Baía de Ilha Grande, Lodi et al.
(2003) observaram que o tamanho de grupo variou de um a 100 indivíduos, sendo
os grupos com 31-40 indivíduos mais comuns. Os maiores grupos observados
estavam associados ao comportamento de alimentação. Adultos, juvenis e filhotes
foram observados durante todo o ano, mas houve diferenças significativas entre as
estações. Uma maior presença de filhotes durante o verão foi observada, tal
informação foi associada à maior disponibilidade de presas, o que atenderia a uma
maior necessidade energética das fêmeas lactantes.
Na Baía de Sepetiba, Flach et al. (2008) observaram os grupos de boto-cinza
mais frequentemente na entrada da baía que no interior, tal padrão pode ser
explicado pela maior diversidade de peixes devido as características ambientais. O
tamanho de grupo variou de um a 280 indivíduos, mas a maioria possuía de dois a
20 indivíduos. As atividades de alimentação foram mais frequentes, e não tiveram
diferenças sazonais, devido à baixa flutuação da temperatura superficial da água do
29
29
mar e da disponibilidade de presas. A presença de filhotes e neonatos foi maior em
agregações (>100 indivíduos) que em grupos (<100 indivíduos) (DIAS et al., 2009).
A dieta do boto-cinza tem sido investigada e os estudos mostram que peixes
teleósteos juvenis são os itens predominantes. Dentre as famílias que vem sendo
frequentemente reportadas estão: Sciaenidae; Trichuridae; Clupeidae; Engraulidae;
mas cefalópodes e crustáceos também possuem importância na dieta desses
animais (DI BENEDITTO; SICILIANO, 2007; ARAÚJO et al., 2008; ARAÚJO et al.,
2009; MELO et al., 2009). Tratando exclusivamente da dieta dos animais das duas
baías do presente estudo, foi verificado que para a Baía de Sepetiba, as duas
espécies que apresentaram maior importância relativa, foram a lula (Loligo plei) e a
corvina (Micropogonias furnieri) (ARAÚJO et al., 2009); enquanto para a Baía de Ilha
Grande foram o mamangá-liso (Porichthys porosissimus) e o cangoá (Stellifer sp.)
(MELO et al., 2009).
Devido a seu hábito costeiro, a espécie possui uma interação constante com
a população humana e sofre diversos impactos. Dentre eles estão, a captura
acidental, registrada ao longo de toda sua distribuição; intenso tráfego de
embarcações e a poluição por metais pesados, matéria orgânica e
organopersistentes (DA SILVA; BEST, 1996; FLORES; DA SILVA, 2009).
Diversos trabalhos trataram da contaminação por metais e elementos traços
(Cd, Pb, HgT, HgOrg,
V, Cr, Mn, Fe, Co, Cu, Zn, Ga, As, Se, Rb, Sr, Mo, Ag, Sb, Cs,
Ba, Tl e Sn)
em Sotalia guianensis em diversos pontos da costa brasileira
(
MONTEIRO-NETO et al., 2003; KUNITO et al., 2004; DORNELES et al., 2007;
DORNELES et al., 2008a; KEHRIG et al., 2008; SEIXAS et al., 2009; KORN et al.,
2010)
. E alguns desses reportaram concentrações elevadas, sendo algumas
comparáveis as observadas em países com grandes emissões antrópicas. As
elevadas concentrações encontradas podem ser devido a maior importância das
fontes naturais (
KUNITO et al., 2004), ou ao forte impacto de origem antropogênica
(
DORNELES et al., 2008a).
Dorneles et al. (2008b) determinaram perfluoroctano (PFOS) no tecido
hepático de boto-cinza do Estado do Rio de Janeiro, e observaram que as
30
30
concentrações dos espécimes da Baía de Guanabara (43 2431 ng.g
-1
peso seco)
estão entre as mais altas já determinadas em cetáceos.
Dorneles et al. (2010) ao analisar organobromados (PBDEs e MeO-PBDEs)
no tecido hepático de espécimes do Estado do Rio de Janeiro, observaram o
seguinte padrão:
BDE 47>BDE 100>BDE 99>BDE 154>BDE 153>BDE 28>BDE 85.
A presença dos BDE 47, 99 e 100 indicam o possível uso de misturas pentaBDE no
Brasil. em relação aos organobromados naturais (∑MeO-PBDE) (26 - 480 ng.g
-1
lip.), os valores foram bem inferiores aos reportados para golfinhos de plataforma
continental. Foi observada uma maior razão da transferência placentária para os
compostos com menor número de bromo.
Kajiwara et al. (2004) analisaram compostos organoclorados (101 isômeros e
congêneres de PCB, DDT, ∑HCH, clordanos, HCB, heptacloro epóxido, dieldrin,
TCPMe e TCPMOH) no tecido adiposo subcutâneo de espécimes de boto-cinza dos
estados de São Paulo e Paraná. Os autores observaram que as concentrações de
∑DDT (1-150 µg.g
-1
lip.) e ∑PCB (1,3-79 µg.g
-1
lip.) foram comparáveis às
reportadas para regiões altamente industrializadas, mostrando a presença de fontes
locais. YOGUI et al. (2003) determinaram compostos organoclorados (∑DDT, ∑HCH,
clordanos, HCB, mirex e 27 isômeros e congêneres de PCB) no tecido adiposo
subcutâneo de espécimes de boto-cinza de Cananéia, São Paulo. O ∑DDT foi
predominante (0,541 125 µg.g
-1
lip.), resultado da característica mais agrícola da
região, mas a razão p,p-DDE/∑DDT foi 0,8 mostrando que a utilização do DDT se
deu no passado. O segundo grupo que apresentou as maiores concentrações foi o
∑PCB, resultado do transporte atmosférico e da proximidade com o complexo
industrial de Cubatão. Enquanto as baixas concentrações de HCB e ∑HCH
acreditam-se ser devido à alta volatilidade desses compostos em ambientes
tropicais.
Lailson-Brito et al. (2010) analisaram compostos organoclorados (∑DDT, HCB
e 27 isômeros e congêneres de PCB) no tecido adiposo subcutâneo de espécimes
de boto-cinza da Baía de Paranaguá, Paraná; Baía de Guanabara e o complexo
Baía de Sepetiba/Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro. Considerando o ∑PCB, as
concentrações foram superiores às já reportadas para golfinhos do Hemisfério Sul,
sendo comparáveis a grandes regiões industrializadas do Hemisfério Norte. E
31
31
observaram que para a Baía de Paranaguá, a contribuição de ∑DDT foi
predominante, enquanto para as baías do Rio de Janeiro, o ∑PCB foi superior aos
demais. Tal predominância ocorre pela maior presença humana e industrial no
Estado do Rio de Janeiro. O estudo ainda mostrou a utilização dos perfis de
organoclorados como uma importante ferramenta auxiliar na diferenciação de
populações de mamíferos marinhos, onde através de um modelo de análise
discriminante, as três populações em questão ficaram separadas. Os PCBs de baixa
cloração e o HCB foram os compostos que tiveram maior importância na separação
da Baía de Guanabara dos demais.
32
32
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Comparar a biodisponibilidade de compostos organoclorados na Baía
de Sepetiba e na Baía de Ilha Grande (RJ) utilizando o boto-cinza,
Sotalia guianensis, como sentinela da poluição.
3.2 Objetivos Específicos
Verificar possíveis diferenças entre as concentrações e a composição
relativa dos compostos organoclorados nas camadas interna e externa do
tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza, Sotalia guianensis.
Determinar as concentrações de compostos organoclorados (DDTs,
PCBs, HCHs, Mirex e HCB) em tecido adiposo subcutâneo de botos-
cinza, Sotalia guianensis, biopsiados nas Baías de Sepetiba e de Ilha
Grande.
Investigar possíveis diferenças entre as concentrações e a composição
relativa dos compostos organoclorados no tecido adiposo subcutâneo de
botos-cinza, Sotalia guianensis, biopsiados nas duas baías.
Investigar possíveis diferenças entre as concentrações e a composição
relativa dos compostos organoclorados no tecido adiposo subcutâneo de
botos-cinza, Sotalia guianensis, encalhados ou capturados
acidentalmente nas baías de Sepetiba e Guanabara, no Estado do Rio de
Janeiro e Baía de Paranaguá, no Estado do Paraná.
33
33
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
4.1.1 Baía de Sepetiba
A Baía de Sepetiba está localizada na latitude de 23S e longitude 44W,
uma distância de cerca de 60 km da capital, Rio de Janeiro. Tal baía é considerada
um corpo de água semi-fechado, separado do Oceano Atlântico por um banco
arenoso, chamado Restinga da Marambaia (Fig.8). A baía possui uma área de
447km
2
, a profundidade pode chegar aos 20 m no canal central, mas a sua média é
de 6 m. A presença de pequenas ilhas permite uma divisão da baía em interna e
externa (LACERDA et al., 2001).
Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 2711 km
2
, com cerca de 12
municípios, que abrigam uma população de aproximadamente 1,3 milhões de
habitantes, com um esgotamento sanitário precário, intensa utilização de defensivos
agrícolas e carrapaticidas; além de possuir o terceiro mais importante aterro sanitário
da região metropolitana do Rio de Janeiro. Apresenta também um parque industrial
composto por cerca de 400 empresas, de diferentes áreas como; metalurgia,
química, têxtil, bebidas, minerais não metálicos e editorial/gráfico (SEMADS, 2001).
A contaminação da Baía de Sepetiba por metais traços já é amplamente
conhecida e estudada (por exemplo: LACERDA et al. 1987; MARINS et al., 1998;
GOMES et al., 2009). Já quanto à poluição por compostos organoclorados, a
literatura ainda é escassa, só existindo um estudo em sedimentos, realizado por
Japenga et al. (1988) e um estudo com o boto-cinza, realizado por Lailson-Brito et al.
(2010). Mas este último tratou as Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande como um
complexo estuarino integrando, portanto a poluição das duas baías.
34
34
4.1.2 Baía de Ilha Grande
A Baía de Ilha grande está localizada entre 22°50´ - 23°20´S de latitude e
44°00´ - 44°45´W de longitude, a uma distância de cerca de 150 km da capital, Rio
de Janeiro. Juntamente com a Baía de Sepetiba, forma um sistema estuarino (Fig.8).
A Baía de Ilha Grande possui uma área de cerca de 650 km
2
, abrigando os
municípios de Angra dos Reis e Paraty, que possuem cerca de 177 mil habitantes.
Devido à beleza paisagística da região, o turismo é sua principal atividade
econômica. Mas ainda existem outros empreendimentos de grande porte, como um
terminal de petróleo, um porto comercial, um terminal de minério, um estaleiro e
duas usinas nucleares (MMA /SBF, 2007).
Alguns estudos analisando metais nos compartimentos bióticos e abióticos
vem sendo realizados (por exemplo: DE SOUZA LIMA et al., 2002 e FRERET-
MEURER et al., 2010), mas o único trabalho que tratou da poluição por compostos
organoclorados na Baía de Ilha Grande foi Lailson-Brito et al. (2010), que
determinou tais compostos no boto-cinza.
Figura 8: Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro.
35
35
4.2 Amostragem
4.2.1 Amostragem de tecido adiposo subcutâneo de boto-cinza capturados
acidentalmente em redes de pesca e/ou encalhados.
Com a finalidade de verificar possíveis diferenças entre as concentrações e a
composição relativa dos compostos organoclorados nas camadas interna e externa
do tecido adiposo subcutâneo do boto-cinza, Sotalia guianensis, exemplares de
boto-cinza encalhados e/ou capturados acidentalmente na Baía de Sepetiba foram
coletados. Os indivíduos de S. guianensis encontrados mortos foram medidos
externamente e fotografados. Os dados referentes aos exemplares foram anotados
em planilhas específicas. A identificação da espécie foi realizada por características
morfológicas externas ou por exame do esqueleto, segundo literatura especializada
(DA SILVA; BEST, 1996).
Em seguida foi efetuada a necropsia do animal de acordo com Geraci &
Lounsbury (1993). Em campo foram coletadas alíquotas do tecido adiposo
subcutâneo retirado abaixo e a esquerda da nadadeira dorsal (GERACI;
LOUNSBURY, op. cit.), com massa em torno de 200g, sendo envolvidas em papel
laminado. Posteriormente, em laboratório, as massas foram reduzidas para
aproximadamente 100g, e armazenadas em freezer a - 20°C.
Esse tipo de amostragem o foi possível ser realizado nos animais da Baía
de Ilha Grande devido ao fato da decomposição das amostras não permitir a
separação dos diferentes estratos do tecido adiposo subcutâneo.
Figura 9: Tecido adiposo subcutâneo, com a camada externa e a camada
interna.
36
36
Posteriormente em laboratório as amostras foram separadas em camada
externa, porção próxima à pele e camada interna, porção próxima ao músculo,
sendo as duas analisadas separadamente (Fig.9). As amostras coletadas, seus
dados biológicos e as datas de coleta estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1: Comprimento total (CT) em centímetros, data de encalhe e sexo dos
botos-cinza encalhados, na Baía de Sepetiba-RJ.
Código CT (cm)
SEXO Data
Sg#01 188 M 28/01/2007
Sg#02 186 M 24/04/2007
Sg#03 181 M 08/06/2007
Sg#04 187 M 17/05/2008
Sg#05 125 M 21/06/2008
Sg#06 181 M 10/07/2008
Sg#07 165 M 10/07/2008
Sg#08 132 M 28/08/2008
Sg#09 176 M 22/09/2008
Sg#10 190 M 03/10/2008
Sg#11 186,5 M 03/10/2008
Sg#12 192 M 06/12/2008
Sg#13 157 M 05/06/2009
Sg#14 135 F 30/03/2007
Sg#15 176,5 F 24/04/2007
Sg#16 168,3 F 02/06/2009
Sg#17 183 F 09/02/2010
37
37
4.2.2 Amostragem de tecido adiposo subcutâneo de boto-cinza através de biópsia
remota
Com a finalidade de determinar as concentrações, a composição e as
relações dos compostos organoclorados no tecido adiposo subcutâneo do boto-
cinza, Sotalia guianensis, da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, biópsias
remotas de botos-cinza foram realizadas nas Baías de Sepetiba e de Ilha Grande.
Tal procedimento foi conduzido a partir de uma embarcação de pequeno
porte, a uma distância de 4 a 10 metros, utilizando uma balestra com pressão de
120 libras, com um dardo cilíndrico de metal na ponta de cada flecha. O cilindro com
dimensões de 8 X 25 mm, possui as pontas afiadas a fim de facilitar a penetração, e
foi regulado para penetrar 15mm no corpo dos animais.
A profundidade de penetração do dardo, assim como a liberação do mesmo
após a coleta, é detrminada pela presença de um anteparo de borracha injetada
localizada atrás do cilindro. A parte interna do dardo apresenta farpelas o que
permite que o tecido coletado fique retido. O dardo foi direcionado à região dorso-
lateral posterior a nadadeira dorsal conforme metodologia aplicada em outros
pequenos cetáceos (IWC, 1991).
A técnica da biópsia vem sendo utilizada em diversas espécies de cetáceos
em todo o mundo, e os autores mostraram que o houve alteração na distribuição
dos grupos, e os danos causados pela presente técnica são mínimos (AGUILAR;
NADAL, 1984; MARSILI; FOCARDI, 1996). A fim de avaliar os efeitos imediatos da
biópsia sobre os indivíduos, as reações comportamentais foram monitoradas
(KRÜTZEN et al., 2002).
Após a coleta, a amostra foi retirada do dardo, armazenada em papel
alumínio e guardada em recipiente com sacos de gel congelado, para manter a
temperatura baixa. Em laboratório a pele e o tecido adiposo subcutâneo foram
separados. A gordura foi armazenada em papel alumínio em temperaturas abaixo
dos –20ºC para posterior análise dos compostos organoclorados. A pele foi
preservada em solução de DMSO (AMOS; HOELZEL, 1990), para sexagem e
futuros estudos de genética.
38
38
As amostras coletadas, seus dados biológicos e as datas de coleta estão
apresentados na tabela 2.
Tabela 2: Amostras do tecido adiposo subcutâneo de espécimes do boto-
cinza, Sotalia guianensis, sexo (F=fêmea; M=macho), local e data de coleta de
biópsias remota de botos-cinza nas Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande.
Código SEXO Local de Coleta
Data da
coleta
SEP#01 F Baía de Sepetiba 22/04/2007
SEP#02 M Baía de Sepetiba 18/06/2007
SEP#03 M Baía de Sepetiba 25/08/2007
SEP#04 F Baía de Sepetiba 11/12/2007
SEP#05 F Baía de Sepetiba 16/12/2007
SEP#06 F Baía de Sepetiba 09/01/2008
SEP#07 M Baía de Sepetiba 09/01/2008
SEP#08 M Baía de Sepetiba 09/01/2008
SEP#09 F Baía de Sepetiba 29/01/2008
SEP#10 F Baía de Sepetiba 23/02/2008
SEP#11 M Baía de Sepetiba 23/02/2008
SEP#12 M Baía de Sepetiba 23/02/2008
SEP#13 F Baía de Sepetiba 21/05/2008
BIG#01 ND Baía de Ilha Grande
10/01/2008
BIG#02 M Baía de Ilha Grande
10/01/2008
BIG#03 M Baía de Ilha Grande
10/01/2008
BIG#04 M Baía de Ilha Grande
14/01/2008
BIG#05 F Baía de Ilha Grande
14/01/2008
BIG#06 M Baía de Ilha Grande
29/04/2008
BIG#07 M Baía de Ilha Grande
27/02/2009
BIG#08 F Baía de Ilha Grande
27/02/2009
BIG#09 F Baía de Ilha Grande
30/03/2009
BIG#10 ND Baía de Ilha Grande
30/03/2009
BIG#11 ND Baía de Ilha Grande
30/03/2009
ND – não determinado
39
39
4.3 Sexagem molecular
O DNA genômico foi extraído das amostras de pele através do procedimento
padrão com fenol-clorofórmio (SAMBROOK et al., 1989), após digestão com
proteinase K por 3h a 55
o
C, usando o tampão de lise de Palsbøll et al. (1992) (1%
SDS; 0,15M NaCl; 1mM EDTA; 0,1mg/mL proteinase K; em 10mM Tris-HCl
(pH=8.0).
As regiões sexo-específicas ZFX/ZFY e SRY foram amplificadas pela reação
em cadeia da polimerase (PCR), em reações separadas, usando os primers
ZFXY582F, ZFX923R e ZFY767R (BÉRUBÉ; PALSBOLL, 1996) e SRY953F e
SRY764R (CUNHA; SOLÉ-CAVA, 2007). As amplificações foram feitas em reações
de 15 µL, contendo 1 U de Taq polimerase; 0,20mM dNTPs; 2mM MgCl
2
e 0,5µM de
cada primer. Em todos os experimentos foram incluídos controles negativos. Um
termociclador automático executou o seguinte programa: 3 min. a 94ºC; 38 ciclos de
1 min. a 92ºC, 1 min. a 50ºC e 1 min. a 72ºC; mais 5 min. a 72ºC. Os produtos de
PCR foram misturados antes de serem separados por eletroforese em gel de
agarose 2%.
A presença das bandas relativas aos fragmentos presentes nos cromossomos
X e Y (ZFX, ZFY e SRY) indicou que a amostra provém de um macho, enquanto nas
fêmeas foi observada a banda referente ao ZFX (já que possuem duas pias do
cromossomo X). A fim de distinguir entre falhas na amplificação e ausência dos
fragmentos, somente foram consideradas bem sucedidas as sexagens de indivíduos
que amplificaram o ZFX (controle interno).
4.4 Análises químicas dos compostos organoclorados
4.4.1 Descontaminação dos materiais
Toda a vidraria utilizada foi previamente lavada com detergente a fim de
retirar os resíduos orgânicos. Com a mesma finalidade, foram colocadas em banho
de imersão de Extran neutro a 20% por um tempo mínimo de 24h. Posteriormente,
foram lavadas com água destilada até que todo o detergente tivesse sido retirado.
As vidrarias não volumétricas eram então colocadas em forno mufla com uma
rampa de 10C por minuto, com a temperatura final de 450C, onde permaneciam
40
40
por 5 horas.as vidrarias volumétricas foram lavadas com acetona, e depois, duas
vezes com a mistura de n-hexano e diclorometano (1:1) e secaram a temperatura
ambiente.
4.4.2 Reagentes
A fim de minimizar a presença de interferentes nas análises, foram utilizados
reagentes e solventes com alto grau de pureza: Acetona P.A. - Tédia (C
3
H
6
O), n-
hexano P.A - Tédia (C
6
H
14
), diclorometano P.A - Tédia (CH
2
Cl
2
), isooctano, água
deionizada (Milli-Q Water Sistem), sulfato de sódio P.A. - Merck (Na
2
SO
4
) e ácido
sulfúrico 95% P.A. – Tédia (H
2
SO
4
).
4.4.3 Tratamento do Sulfato de Sódio
O sulfato de sódio P.A. da Merck foi colocado em forno mufla a 400C durante
5h na véspera de sua utilização. Este procedimento garantiu a eliminação de
interferentes e ainda tornou o sulfato de sódio anidro.
4.4.4 Soluções padrões dos compostos organoclorados
As soluções padrões utilizadas no presente estudo foram adquiridas do
laboratório internacional AccuStandard
®
.
A solução padrão dos pesticidas foi a Pesticide Mix que possui 31 compostos:
Aldrin, a-HCH, b-HCH, g-HCH, d-HCH, a-clordano, g-clordano, o,p’-DDD, p,p-DDD,
o,p’-DDE, p,p-DDE, o,p’-DDT, p,p-DDT, dieldrin, endosulfan I e II, endrin,
heptacloro, heptacloro epóxido A, heptacloro epóxido B, HCB, isodrin, metoxicloro,
mirex, oxiclordana, PCB 28, 52, 101, 153, 138, 180 com 95,5 a 100% de pureza e
concentrações de 10 µg.mL
-1
de cada pesticida e 1 µg.mL
-1
de cada PCB em
tolueno.
41
41
Foram utilizadas 2 soluções de PCBs. A primeira foi a WHO/NIST/NOAA
Congener List, possui 28 compostos: PCB 8, 18, 28, 44, 52, 66, 77, 81, 101, 105,
114, 118, 123, 126, 128, 138, 153, 156, 157, 167, 169, 170, 180, 187, 189, 195, 206
e 209 com 99 a 100 % de pureza e concentração de 10 µg.mL
-1
de cada composto
em isooctano.
A segunda foi a solução, PCB Congener Mix for West Coast Fish Studies
possui 24 compostos: PCB 31, 33, 49, 56, 60, 70, 87, 95, 97, 99, 110, 132, 141, 151,
156, 158, 174, 177, 194, 201, 203, 183, 74 com 99 a 100% de pureza e
concentração de 25 µg.mL
-1
de cada composto em isooctano.
Como padrões internos foram utilizados o PCB 198 (2,2’,3,3,4,5,5’,6-
Octachlorobiphenyl Individual Congener, com 100% de pureza, 5 mg) e o PCB 103
(2,2’,4,5’6-Pentachlorobiphenyl Individual Congener, com 100% de pureza, 10 mg),
além do TCMX (Surrogate Standard Mix, com 96% de pureza e concentração de
1000 µg.mL
-1
.
A partir desses padrões foram preparadas 4 soluções: a solução dos PCBs
com 51 compostos e a solução dos pesticidas com 25 compostos, com a
concentração de 1 µg.mL
-1
; a solução do padrão interno (PI), que continha 2
compostos, o PCB 103 e o PCB 198 e a solução do padrão interno cromatográfico
(PI-CG), que continha o TCMX (2,3,5,6-tetracloro-m-xileno), com a concentração de
0,1 µg.mL
-1
. Para os padrões internos PCB 103 e PCB 198, foram aceitas somente
recuperações na faixa de 85 a 115%.
4.4.5 Condições cromatográficas
As análises dos compostos organoclorados foram realizadas em um
cromatógrafo de fase gasosa com detector de captura de elétrons (CG-DCE), da
marca Agilent Technologies, modelo 7890, com fonte radioativa de
63
Ni, acoplado ao
injetor automático da Agilent Technologies, modelo 7683B. A coluna capilar de sílica
fundida utilizada foi a DB-5 da Agilent Technologies (5 (5% de difenil e 95% de
dimetilpolisiloxano),, com 30 m de comprimento; 0,25 mm de diâmetro interno e 1µm
de espessura de filme.
42
42
Foram injetados 2µL de amostra com o injetor operando sem divisão de fluxo
(splitless) por 30 segundos, com a temperatura de 280C. O gás de arraste foi o
hidrogênio ultra puro (99,999% de pureza), com pressão constante de 13 psi na
coluna. A temperatura do detector foi de 320C e o nitrogênio ultra puro (99,999% de
pureza) foi utilizado como gás auxiliar (make-up) com um fluxo de 60 mL.min
-1
.
O programa de aquecimento utilizado na separação dos compostos
permaneceu a 70C por 1 min, aumentaram 40C.
min
-1
até 170C, depois 1,5C.
min
-1
até 240C e por fim elevou-se até 300C, a 15C.
min
-1
, mantendo-se estável
nessa temperatura por 11 min, totalizando 65,167 min.
4.4.5.1 Identificação e quantificação dos analitos
Para a integração dos cromatogramas, identificação e quantificação das
concentrações do analito foi utilizado o programa Ezchrom 3.2.1.
A identificação dos compostos organoclorados foi baseada em seus
respectivos tempos de retenção, obtidos a partir das soluções padrões. Enquanto a
quantificação foi feita com base nas áreas dos picos de cada composto no
cromatograma, corrigidos pela recuperação do PI, PCB 103.
4.4.6 Curva analítica
A partir das soluções padrões foram construídas as curvas analíticas. Para a
construção da curva de cada analito foram utilizados 10 concentrações esperadas
das amostras: 2, 5, 10, 20, 50, 80, 100, 150, 200 e 250 µg.mL
-1
. Todos os pontos
possuíam o padrão interno e o padrão interno cromatográfico na concentração de
100 µg.mL
-1
.
Para as curvas de cada analito foi considerado um coeficiente de correlação
maior ou igual a 99,5% (r=0,995).
43
43
4.4.7 Procedimento de Extração
O procedimento analítico utilizado no presente estudo foi baseado em
Sericano (1998), Yogui et al. (2003) e Lailson-Brito et al. (2010).
Extração com homogeneizador Ultra Turrax
Antes da utilização o Ultra Turrax passava por procedimento de limpeza, onde
primeiramente agitava-se por cerca de 1 minuto em 200 mL de água destilada,
depois por mais 1 minuto em 200 mL de acetona e por último, mais 1 minuto em 200
mL da mistura n-hexano/diclorometano (1:1). Essa limpeza foi realizada também ao
final da extração de cada amostra.
Para as amostras de animais encalhados, foi utilizada cerca de 1g de tecido
adiposo subcutâneo. para as biópsias, toda a massa de tecido adiposo
subcutâneo obtido foi utilizada. Nesse caso, as massas variaram de 0,04 a 0,53g. A
todas as amostras foram adicionados os padrões internos PCB 103 e PCB 198.
A amostra foi homogeneizada com cerca de 5g de sulfato de sódio com o
auxilio de um gral e pistilo, para que o excesso de água fosse retirado, ambos foram
transferidos para um balão volumétrico de 125 mL. A extração se deu com o uso do
homogeneizador Ultra Turrax com 40 mL da mistura de n-hexano e diclorometano
(1:1) por 4 minutos, sendo o extrato transferido para outro recipiente.
Posteriormente, foram adicionados mais 30 mL da mistura de solventes ao balão, e
homogeneizado por mais 3 minutos, por mais 2 vezes. O extrato final, cerca de
100mL, foi reduzido em evaporador rotativo até cerca de 5 mL.
44
44
4.4.8 Quantificação do conteúdo lipídico
A quantificação do conteúdo lipídico foi determinada gravimetricamente. No
caso das biópsias, devido à reduzida massa disponível de cada amostra e com o
objetivo de que fosse possível detectar os compostos organoclorados acima de seu
limite de detecção, toda a massa disponível foi utilizada para a determinação de seu
conteúdo lipídico e a seguir a quantificação dos compostos organoclorados. para
as amostras dos animais encalhados, ¼ do extrato total foi destinado à quantificação
do conteúdo lipídico.
Para isso, depois do processo de redução de seu volume em evaporador
rotativo, o extrato foi transferido para um tubo de vidro previamente pesado e
armazenado em dessecador. Após a total evaporação dos solventes, o tubo foi
novamente pesado e a diferença entre a pesagem do tubo vazio e a pesagem após
a evaporação foi utilizada para o cálculo da porcentagem de lipídios.
% lipídios = (Peso após evaporação – Peso do tubo) X 100
Massa da amostra
45
45
Figura 10: Fluxograma dos tratamentos para amostras provenientes de animais
encalhados e de animais biopsiados.
Redução de volume
Redução de volume
1g Amostra +
5g NaSo
4
Biópsia + 5g
NaSo
4
Extração
Extração
Quantificação
de lipídios
Purificação
Quantificação
de lipídios
Purificação
Amostra de encalhe Amostra de biópsia
46
46
4.4.9 Purificação
A fim de se retirar possíveis interferentes, em especial a matéria orgânica nas
suas mais diversas formas, a purificação das amostras se deu através do tratamento
ácido.
O tratamento ácido, no entanto, faz com que alguns compostos sofram
transformações e o possam ser quantificados. Porém, diversos grupos de
compostos organoclorados não sofrem degradação com esse tratamento e podem
ser quantificados, dentre eles estão os PCBs, DDTs, HCHs, HCB e Mirex (BERNAL,
et al., 1992).
Para a purificação, foram adicionados 5 mL de ácido sulfúrico concentrado ao
extrato, sendo agitados durante 5 minutos. Os extratos foram colocados em
centrífuga, Nova Técnica modelo NT812,
a 3000 rpm até que a fase hexânica fosse
completamente separada do ácido.
Após essa etapa, a fase hexânica foi retirada e a fase ácida foi lavada com 2
mL de n-hexano, sendo novamente agitado e centrifugado. As fases hexânicas
foram então unidas e o extrato foi reduzido a 0,25 mL em fluxo contínuo de
nitrogênio. Após essa etapa foi adicionado 0,25 mL do padrão interno cromatográfico
TCMX.
A identificação e quantificação dos compostos foi realizada através de um
cromatógrafo de fase gasosa com detector de captura de elétrons (CG-DCE),
conforme descrito no item 3.4.6.
47
47
4.4.10 Limite de Detecção do método
O Limite de detecção do método (LDM) é a concentração mínima de uma
substância que pode ser determinada com 99% de confiança de que esse valor é
maior que zero (EPA, 1995).
Neste trabalho o cálculo do LDM foi de três vezes o desvio padrão de
replicatas da injeção das frações de trabalho (n=7). Os valores do limite de detecção
estão na Tabela 3.
Tabela 3: Limite de detecção dos compostos organoclorados analisados.
Composto LDM
Composto LDM
HCB 0,33
PCB 138 0,60
b-HCH 0,46
PCB 141 0,48
g-HCH 0,43
PCB 151 0,28
d-HCH 0,40
PCB 153 0,55
op-DDE 0,27
PCB 158 0,56
pp-DDE 0,29
PCB 170 0,98
op-DDD 0,36
PCB 174 0,53
pp-DDD 0,89
PCB 177 0,55
pp-DDT 0,32
PCB 180 0,69
Mirex 0,52
PCB 183 0,44
PCB 28 0,37
PCB 187 0,39
PCB 44 0,40
PCB 194 1,68
PCB 49 1,77
PCB 195 1,07
PCB 52 0,27
PCB 199 0,60
PCB 97 0,36
PCB 203 0,72
PCB 101 0,28
PCB 206 1,15
PCB 105 1,04
PCB 209 1,08
PCB 132 0,57
48
4.4.11 Validação da metodologia
Com o intuito de validar a metodologia aqui utilizada para a determinação de
compostos organoclorados em tecido adiposo subcutâneo de cetáceos, foram
utilizados os materiais de referência SRM 1588a e SRM 1945 do National Institute of
Standards and Technology (NIST). Sendo o primeiro um óleo de fígado de bacalhau,
e o segundo tecido adiposo subcutâneo de baleia.
A análise dos compostos organoclorados nos materiais de referência foi
conduzida de acordo com a metodologia aplicada as amostras. Os critérios para
validação utilizados foram baseados em Wade; Cantillo (1994), em que o aceitas
concentrações entre 65 e 135% daquelas fornecidas pelo laboratório de referência.
A tabela 4 apresenta os compostos certificados assim como suas porcentagens de
recuperação.
Tabela 4: Porcentagem média de recuperação dos compostos certificados pelos
materiais de referência.
Compostos
Recuperação
(%)
Compostos
Recuperação
(%)
o,p’-DDE 87,74 PCB 138 125,16
p,p’-DDE 67,02 PCB 141 111,66
p,p’ -DDD 83,06 PCB 151 108,04
p,p’ -DDT 124,14 PCB 153 90,89
g-HCH 99,47 PCB 156 89,96
a-HCH 71,04 PCB 158 108,31
HCB 76,36 PCB 170 116,93
Mirex 105,99 PCB 174 128,16
PCB 28 68,89 PCB 177 107
PCB 44 101,81 PCB 180 109,83
PCB 49 79,69 PCB 183 84,36
PCB 52 83,61 PCB 187 103,58
PCB 97 68,28 PCB 194 131,32
PCB 101 105,94 PCB 195 131,79
PCB 105 100,12 PCB 199 119,03
PCB 118 109,7 PCB 206 104,26
PCB 132 114,56 PCB 209 116,92
Portanto, os compostos determinados pela presente metodologia são:
49
- 27 PCBs (PCB 8, 28, 44, 49, 52, 97, 101, 105, 118, 132, 138, 141, 151, 153, 158,
170, 174, 177, 180, 183, 187, 194, 195, 199, 203, 206 e 209);
- O ∑DDT, possui o o,p’-DDE, p,p’-DDT, p,p’-DDE e p,p’-DDD;
- O ∑HCH possui o a-HCH, b-HCH, d-HCH e g-HCH;
- Além do Mirex e do HCB.
Como um controle de qualidade e para garantirmos que as amostras não
estavam sendo contaminadas ao longo do processo, brancos foram analisados em
todas as baterias de extração, passando por todas as etapas assim como as
amostras.
4.5 Testes estatísticos
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistic
6.0. A estatística descritiva foi empregada para a determinação dos valores de
média, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação. O teste W de Shapiro-Wilk
foi aplicado ao conjunto de dados para a verificação da normalidade dos mesmos. O
teste apontou que a maioria dos compostos não apresentava uma distribuição
normal. Portanto, optamos pela utilização de testes estatísticos não-paramétricos.
O teste de correlação de Sperman (r
s
) foi aplicado para investigar a existência
de correlação entre as concentrações dos diferentes compostos. A fim de se verificar
a significância das diferenças das concentrações dos compostos organoclorados
analisados entre as diferentes camadas, as diferentes áreas e os sexos foi utilizado
o teste U não-paramétrico de Mann-Whitney.
A análise discriminante foi utilizada para investigar a existência de diferença
do padrão de acumulação de organoclorados entre os botos-cinza machos
encalhados da Baía de Sepetiba, e dos machos da Baía de Guanabara, no Estado
do Rio de Janeiro; e Baía de Paranaguá, no Estado do Paraná. Os dados das
últimas duas localidades são provenientes do estudo realizado por Lailson-Brito et
al. (2010). Foram utilizados somente machos com comprimento total superior a 150
cm.
50
5 RESULTADOS
5.1 Compostos organoclorados nas camadas externa e interna do tecido
adiposo subcutâneo de Sotalia guianensis
Na tabela 5 é apresentado um resumo das concentrações dos compostos
organoclorados em ng.g
-1
lipídio, nas camadas externa e interna do tecido adiposo
subcutâneo do boto-cinza capturados acidentalmente na Baía de Sepetiba.
As maiores concentrações médias foram observadas na camada externa do
tecido adiposo subcutâneo, com exceção do HCB (Fig. 11). Mas nenhum dos 37
compostos analisados foi estatisticamente diferente entre a camada externa e a
camada interna do tecido adiposo subcutâneo (teste U Mann-Whitney, p > 0,05). O
mesmo teste foi realizado para machos e fêmeas separadamente, a fim de verificar
se os sexos imprimiam diferenças no tecido adiposo subcutâneo, mas em nenhum
caso houve diferenças (teste U Mann-Whitney,p> 0,05).
Tabela 5: Média, desvio padrão, valores mínimos e máximos das concentrações dos
compostos organoclorados (ng.g
-1
lipídio) das camadas externa e interna de tecido
adiposo subcutâneo de botos-cinza (n=17) da Baía de Sepetiba.
Mirex HCB Σ DDT Σ HCH Σ PCB
Machos (n = 13)
Camada externa
98,3 ± 33,3 5,5 ± 3,2 2247,3 ± 1642,2 192,3 ± 51,9 9796,6 ± 6998,3
54,7 -172,4 <LD - 10,4
550,7 - 5751,9 105,4 - 304,9
2093 - 23985,5
Camada Interna
84,8 ± 28,4 6,0 ± 2,6 1951,6 ± 1302,2 175,8 ± 58,1 9354,25 ± 5271,9
24,0 - 127,0
1,6 - 11,2 483,3 - 4784,4 85,3 - 293,9 2708,9 - 18182,5
Fêmeas (n = 4)
Camada Externa
53,0 ± 5,4 3,8 ± 2,6 2605,6 ± 3804,9 118,4 ± 26,0 3351,2 ± 1287,4
47,7 - 59,9 0,4 - 6,1 346,7 - 8299,1 87,3 - 145,0 1467,2 - 4332,0
Camada Interna
59,6 ± 5,2 4,3 ± 1,0 2687 ± 3923,7 116,0 ± 19,3 3957,5 ± 919,6
54,4 - 66,7 3,1 - 5,4 540,7 - 8566,0 93,8 - 140,8 2975,3 - 4747,5
Todos (n = 17)
Camada Externa
87,7 ± 35,1 5,1 ± 3,1 2331,6 ± 2182,1 174, 9 ± 56,5
8280,1 ± 6707,1
47,7 - 172,4
<LD - 10,5
346,7 - 8299,1 87,3 - 304,9 1467,2 - 23985,5
Camada Interna
78,8 ± 27,1 5,6 ± 2,4 2124,7 ± 2064,4 161,7 ± 57,3 8084,4 ± 5154,7
24,0 - 127,0
1,6 - 11,2 483,3 - 8566,0 85,3 - 293,9 2708,9 - 18182,5
51
Figura 11: Comparação entre médias (ng.g
-1
lipídio) das concentrações de
organoclorados nas camadas externa e interna de tecido adiposo subcutâneo de
botos-cinza ( n= 17 ) da Baía de Sepetiba.
As relações p,p-DDE/∑DDT e ∑DDT/∑PCB são de grande importância para
estudos de compostos organoclorados, que permitem verificar a cronologia de
entrada do DDT no ambiente e avaliar a fonte de maior importância,
respectivamente. Portanto, foi testada a diferença de tais relações entre as camadas
externa e interna do tecido adiposo subcutâneo dos botos-cinza.
A relação p,p’-DDE/∑DDT não foi estatisticamente diferente entre as duas
camadas, seja quando todos os indivíduos são considerados (teste U Mann-
Whitney,p=0,59), ou quando os sexos são tratados separadamente (teste U Mann-
Whitney, machos: p=0,98 e fêmeas: p=0,15) (Fig.12). a relação ∑DDT/∑PCB, foi
52
estatisticamente diferente entre as camadas (teste U Mann-Whitney, p=0,02) quando
todos os indivíduos são considerados, apesar das dias serem semelhantes; mas
quando os sexos são tratados separadamente, não foram observadas diferenças
estatísticas (teste U Mann-Whitney, machos: p=0,06 e fêmeas: p=0,15) (Fig.13).
Figura 12: Porcentagem do p,p’-DDT e de seus metabólitos p,p’-DDE e p,p-DDD no
∑DDT no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza ( n= 17; machos = 13; fêmeas =
4) da Baía de Sepetiba.
Figura 13: Distribuição relativa dos percentuais de organoclorados (∑PCB, ∑DDT,
∑HCH, Mirex e HCB) nos estratos do tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza
(n=17) da Baía de Sepetiba.
53
5.2 Compostos organoclorados em biópsias e em animais encalhados da Baía
de Sepetiba, RJ.
A fim de verificar se existiam diferenças entre as concentrações de compostos
organoclorados em animais encalhados e animais biopsiados na Baía de Sepetiba, o
teste U de Mann-Whitney foi aplicado às amostras da camada externa do tecido
adiposo subcutâneo de machos encalhados na Baía de Sepetiba juntamente com
biópsias remotas de machos da mesma baía. E os seguintes compostos
organoclorados foram estatisticamente diferentes: α-HCH, β-HCH, γ-HCH, δ-HCH,
Mirex, PCB 105 e PCB 174.
Foram ainda testados os perfis das amostras de machos encalhados e
machos biopsiados. E os seguintes compostos organoclorados foram
estatisticamente diferentes: α-HCH, β-HCH, γ-HCH, PCB 28, PCB 49, PCB 101,
PCB 97, PCB 151, PCB 118 e PCB 141.
54
5.3 Bioacumulação de compostos organoclorados em Sotalia guianensis da
Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro.
Nas tabelas 6 e 7 são apresentadas as concentrações dos compostos
organoclorados (∑DDT, ∑PCB, ∑HCH, HCB e Mirex) em ng.g
-1
lip. nos exemplares
de boto-cinza da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande respectivamente.
Tabela 6: Concentrações de organoclorados (∑DDT, ∑PCB, ∑HCH, HCB e Mirex)
em ng.g
-1
lip, nos exemplares de boto-cinza da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro.
Espécime Sexo
Σ DDT Σ PCB Σ HCH Mirex HCB
SEP#01 M 4713 23434 546 465 <LD
SEP#02 M 3287 9607 1746 895 <LD
SEP#03 M 7597 26956 316 331 4
SEP#04 M 11345 4486 1196 483 <LD
SEP#05 M 4869 19782 319 216 3
SEP#06 M 2899 13183 445 142 35
SEP#07 F 3729 <LD 1535 708 <LD
SEP#08 F 1675 3688 1553 868 <LD
SEP#09 F 814 3140 517 297 <LD
SEP#10 F 935 5283 269 186 <LD
SEP#11 F 867 2137 1203 464 <LD
SEP#12 F 1618 1889 2296 868 <LD
SEP#13 F 4987 22819 1556 631 <LD
Média ± DP
3795 ± 3039 11367 ± 9454
1038 ± 671
504 ± 269
11 ± 16
Mediana 3287 7445 1196 465 4
<LD – Abaixo do Limite de Detecção
55
Tabela 7: Concentrações de organoclorados (∑DDT, ∑PCB, ∑HCH, HCB e Mirex)
em ng.g
-1
lip, nos exemplares de boto-cinza da Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro.
Espécime Sexo
Σ DDT Σ PCB Σ HCH Mirex HCB
BIG#01 M <LD 10357 302 428 3
BIG#02 M 2296 8644 3215 1817 <LD
BIG#03 M <LD 3851 <LD 110 5
BIG#04 M 43 2919 1388 623 <LD
BIG#05 M 26621 60195 618 1088 10
BIG#06 F <LD 256 1023 942 <LD
BIG#07 F 10703 22756 383 609 17
BIG#08 F 656 2343 403 268 <LD
BIG#09 ND <LD 273 695 329 <LD
BIG#10 ND <LD 10635 <LD 403 <LD
BIG#11 ND 2219 5196 511 246 20
Média ± DP
7090 ± 10318
11584 ± 17367
949 ± 918
624 ± 495
11 ± 7
Mediana 2258 5196 618 428 9,8
<LD – Abaixo do Limite de Detecção; ND – não determinado
A contribuição relativa dos principais grupos de compostos organoclorados foi
semelhante entre as duas baías em questão. Nos botos da Baía de Sepetiba e da
Baía de Ilha Grande, predominam as concentrações de PCBs, seguidos pelas
concentrações de DDTs, HCHs, Mirex e por fim de HCB. (Fig. 14).
Figura 14: Distribuição relativa dos percentuais de organoclorados (∑PCB, ∑DDT,
∑HCH, Mirex e HCB) em botos-cinza (n = 24) da Baía de Sepetiba (SEP, n=13) e
Baía de Ilha Grande (BIG, n=11).
56
Para o ∑DDT a maior mediana foi verificada para os botos da Baía de Ilha
Grande (7089,7 ± 10317,7 ng.g
-1
lip.), enquanto a mediana foi maior para a Baía de
Sepetiba (3787,4 ng.g
-1
lip.) (Fig. 15). Mas as concentrações do ∑DDT e de cada um
de seus metabólitos (o,p’-DDE, p,p’-DDT, p,p’-DDE e p,p’-DDD) não foram
estatisticamente diferentes entre as duas baías analisadas (teste U Mann-Whitney,
p>0,05).
Box Plot (Biópsias)
Median; Whisker: Non-Outlier Range
DDTs
PCBs
SEP BIG
grupos
-5000
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Figura 15: Mediana e valores mínimos e máximos das concentrações do
∑PCB e ∑DDT no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de Sepetiba
(SEP, n = 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n =11), RJ.
A concentração média do ∑PCB foi maior na Baía de Ilha Grande (11584 ±
17367 ng.g
-1
lip.), enquanto a mediana foi mais elevada na Baía de Sepetiba (7445
ng.g
-1
lip.) (Fig. 15). Mas o ∑PCB não apresentou diferença estatística entre as duas
baías. E dentre seus isômeros e congêneres, somente o PCB 49 (teste U Mann-
Whitney, p= 0,008) foi estatisticamente diferente entre as duas baías (Fig.16).
Sendo este o único composto, dentre todos analisados a apresentar diferença entre
a Baía de Sepetiba e a Baía de Ilha Grande quando todos os espécimes são
analisados.
57
Box Plot (
Bpsias
)
Median
Non-Outlier Range
SEP BIG
grupos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
PCB49
Figura 16: Mediana e valores mínimos e máximos das concentrações do PCB
49 no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n = 13)
e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11), RJ.
Para o ∑HCH tanto a média das concentrações quanto a mediana,
apresentaram valores mais elevados na Baía de Sepetiba (1038,1 ± 671,4 ng.g
-1
lip.
e 1195,9 ng.g
-1
lip., respectivamente) do que na Baía de Ilha Grande (948,7 ± 917,6
g.g
-1
lip. e 618,3 ng.g
-1
lip., respectivamente) (Fig. 17), mas esses valores não foram
significativos (teste U Mann-Whitney,p>0,05).
O Mirex apresentou a maior média na Baía de Ilha Grande (623,9 ± 494,7
ng.g
-1
lip.) e a mediana mais elevada na Baía de Sepetiba (465,2 ng.g
-1
lip.) (Fig. 17)
mas esses valores não foram significativos (teste U Mann-Whitney, p>0,05).
O HCB foi o composto que apresentou as menores concentrações médias
nas duas baías. Na Baía de Ilha Grande os valores médios foram superiores aos
encontrados na Baía de Sepetiba (11,0 ± 7,2 ng.g
-1
lip. e 9,8 ng.g
-1
lip.,
respectivamente) (Fig. 17), mas não estatisticamente diferentes (teste U Mann-
Whitney,p>0,05).
58
Box Plot (
Bpsias
)
Mirex
HCB
HCHs
SEP BIG
grupos
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
Figura 17: Mediana e valores mínimos e máximos das concentrações do
HCH, HCB e Mirex no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de
Sepetiba (SEP, n = 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11), RJ.
Quando os sexos são tratados separadamente, é observada diferença
significativa para o p,p-DDD (p=0,045) e o PCB 118 (p=0,045) entre os machos das
Baías de Sepetiba e Ilha Grande (Fig.18). Mas quando apenas fêmeas são
consideradas, nenhum composto apresenta diferença significativa entre as duas
baías estudadas.
A razão entre as concentrações de ∑DDT e ∑PCB tem sido utilizada para
caracterizar a magnitude das fontes de origem agrícola (ou de controle de vetores de
doenças) sobre as fontes de origem industrial. Tal razão foi maior para a Baía de
Ilha Grande (0,61) que para de Sepetiba (0,36).
59
Figura 18: Mediana e valores mínimos e máximos das concentrações do p,p-
DDD e no PCB 118 no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza machos da Baía
de Sepetiba (SEP, n = 13 ) e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11), RJ.
60
Em relação ao DDT, nas duas baías houve o predomínio de p,p-DDE. Sendo
a distribuição percentual na Baía de Ilha Grande a seguinte: p,p’-DDE> p,p’-DDD>
p,p’-DDT> o,p’-DDE. Na Baía de Sepetiba: p,p-DDE> p,p-DDD= p,p-DDT> o,p-
DDE (Fig. 19).
Figura 19: Contribuição relativa do o,p’-DDE, p,p-DDD, p,p’-DDE e p,p’-DDT
no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n= 13) e
Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11), RJ.
A razão do p,p’-DDE com o somatório do p,p’-DDT, p,p’-DDD e p,p’-DDE é
utilizada para se determinar a cronologia de entrada do DDT no ambiente. Na média,
os botos da Baía de Ilha Grande apresentaram a razão mais elevada (0,80) que os
animais da Baía de Sepetiba (0,59).
61
Figura 20: Contribuição relativa média (%) dos diferentes congêneres e
isômeros para o ∑PCB no tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza da Baía
de Sepetiba (SEP, n =13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n =11).
62
Os diferentes congêneres e isômeros de PCB tiveram contribuições relativas
(%) variáveis (Fig.20). Nas duas baías houve o predomínio do PCB 153, seguido
pelo PCB 138 e PCB 180. Ao compararmos a razão entre os PCBs mais leves (2,3 e
4 cloros) e os mais pesados (6,7,8,9 e 10 cloros) (Fig. 21) verificamos o valor mais
elevado para a Baía de Sepetiba (Tab.8).
Tabela 8: Razão entre a contribuição relativa (%) de PCBs de baixa cloração
(2,3 e 4 Cl) e os PCBs de alta cloração (6,7,8,9 e 10 Cl) no tecido adiposo
subcutâneo de botos-cinza da Baía de Sepetiba (n =13) e Baía de Ilha Grande (
n=11), RJ.
Baía
Razão PCB
(2+3+4 Cl)/(6+7+8+9+10 Cl)
Sepetiba 0,06
Ilha Grande 0,03
Figura 21: Contribuição relativa dia (%) dos PCBs agrupados pelo número
de cloros presentes na molécula para o PCB no tecido adiposo subcutâneo de
botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP, n = 13) e Baía de Ilha Grande (BIG, n = 11),
RJ.
63
Foram encontradas diferenças significativas (Teste U de Mann Whitney) entre
machos e fêmeas da Baía de Sepetiba para o p,p’-DDE (p=0,046), PCB 153
(p=0,037), PCB 138 (p=0,025), PCB 180 (p=0,025), ∑DDT (p=0,032) e ∑PCB
(p=0,037) (Fig. 22). para a Baía de Ilha Grande não foram observadas diferenças
significativas (Teste U de Mann Whitney) entre machos e fêmeas para nenhum
composto (p>0,05).
Figura 22: Mediana e valores nimos e máximos das concentrações do p,p’-DDE,
PCB 153, PCB 138, PCB 180, ∑DDT e ∑PCB no tecido adiposo subcutâneo de
machos ( n = 6) e fêmeas ( n= 7) de botos-cinza da Baía de Sepetiba (SEP), RJ.
64
Como a comparação entre animais encalhados e biopsiados possui
restrições, a análise discriminante foi realizada para testar a existência de diferença
do padrão de acumulação de organoclorados entre os espécimes machos de botos-
cinza encalhados da Baía de Sepetiba (n=12), Baía de Guanabara (n=4), no Estado
do Rio de Janeiro; e Baía de Paranag(n=7), no Estado do Paraná. Os dados dos
dois últimos locais foram obtidos do estudo realizado por Lailson-Brito et al. (2010).
Sendo assim, a função discriminante indicou a existência de diferenças entre
os três grupos (Wilks Lambda= 0,01130; F (26,24)=7,7601 p< ,00001. Dos 26
compostos (DDTs, PCBs, HCB e g-HCH) que eram comuns aos dois estudos, 13
entraram no modelo. Os compostos que mais forçaram a separação dos grupos no
eixo 1 foram: positivamente PCB 105; p,p’-DDD; PCB 28 e PCB 183; e
negativamente PCB 52; PCB 49 e o,p-DDE. no eixo 2 foram: positivamente
p,p’-DDE, PCB 105 e PCB 28, ; e negativamente – PCB 52, PCB 49 e HCB.
A maior distância (D
2
Mahalanobis) foi observada entre a Baía de Sepetiba
e a Baía de Paranaguá. O percentual correto de classificação foi de 97,95%, o que
indica que apenas 2,05% dos compostos possuem concentrações similares entre as
regiões.
Através da representação gráfica das duas primeiras variáveis canônicas (Fig.
23) podemos notar os três agrupamentos populacionais em posições bem distintas.
Tabela 9: Resultados da Análise de Discriminante (Valor de F, Distância de
Mahalanobis (D
2
) e nível de significância), utilizada para a comparação no padrão de
acumulação de organoclorados em tecido adiposo subcutâneo de botos-cinza de
diferentes localidades: Baía de Guanabara (n= 4), Baía de Sepetiba (n= 12), e Baía
de Paranáguá (n = 7), dados a partir da análise discriminante.
Localidade X Localidade Valor de F
Distância de Mahalanobis
(D
2
)
Valor de p
B. de Guanabara X B. de Sepetiba 7,20 51,87 0,0008
B. de Guanabara X B. de Paranaguá 4,09 33,09 0,0101
B. de Sepetiba X B. de Paranaguá 21,21 103,69 <0,0001
65
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
CAN 1
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
CAN 2
Baía de Guanabara/RJ
Baía de Sepetiba/RJ
Baía de Paranaguá/PR
Figura 23: Representação gráfica das variáveis canônicas para o boto-cinza
da Baía de Guanabara (n=4), Baía de Sepetiba (n=12) e Baía de Paranaguá (n=7).
Os pontos cheios representam os valores médios para cada área.
66
6 DISCUSSÃO
6.1 Compostos organoclorados nas camadas externa e interna do tecido
adiposo subcutâneo de Sotalia guianensis
O tecido adiposo subcutâneo nos cetáceos possui como principais
constituintes os lipídios, representando de 30 a 80% do peso. Porém, a quantidade e
a composição dos lipídios apresentam uma estratificação vertical no tecido adiposo
subcutâneo de cetáceos, fazendo com que tal tecido possua duas camadas com
distintas funções (AGUILAR; BORRELL, 1990). A camada externa, próxima a pele,
possui como função o isolamento térmico corporal, sendo pouco afetada por
variações nutricionais. a camada interna, próxima ao músculo, funciona como
reserva energética, podendo sofrer flutuações devido à necessidade energética do
animal, em momentos com baixa disponibilidade de alimentos ou durante o período
gestacional (AGUILAR; BORRELL, 1990).
Os organoclorados são lipofílicos, mas os diferentes compostos podem ter
uma maior afinidade por lipídios de determinado grupo e se esses lipídios não
possuem uma distribuição vertical homogênea, acredita-se que tais
organohalogenados talvez não sejam igualmente distribuídos ao longo da
profundidade do tecido adiposo subcutâneo (AGUILAR; BORRELL, 1990). Porém, o
presente estudo mostrou que para o boto-cinza, Sotalia guianensis, nenhum dos 37
compostos analisados apresentaram diferenças entre as concentrações da porção
externa e da porção interna do tecido adiposo subcutâneo, assim como o conteúdo
lipídico.
A homogeneidade dos compostos organoclorados no tecido adiposo
subcutâneo do boto-cinza parece ser uma característica fisiológica da espécie. A
investigação da distribuição dos compostos organoclorados no tecido adiposo de
cetáceos vem sendo realizadas em diversas espécies, sendo que alguns autores
observaram diferenças na distribuição dos organoclorados (AGUILAR; BORRELL,
1991; TILBURY et al., 1997), enquanto outros autores não reportaram diferenças
(GAUTHIER et al., 1997; HANSEN et al., 2004; KRAHN et al., 2004).
67
Dentre os estudos que observaram diferenças na distribuição dos clorados no
tecido adiposo de cetáceos, está o realizado por Aguilar; Borrel (1991), que
encontraram maiores níveis de todos os compostos organoclorados analisados na
porção externa do tecido adiposo subcutâneo de baleias-sei (Balaenoptera borealis)
e de baleias-fin (Balaenoptera physalus) no Leste do Atlântico Norte. Os autores
associam tal achado às diferenças nas funções dos estratos do tecido adiposo
subcutâneo dos cetáceos. Por outro lado, Tilbury et al. (1997) relataram que a região
mais interna da camada adiposa subcutânea do golfinho-do-porto (Phocoena
phocoena), no Leste do Atlântico Norte, a primeira a ser remobilizada, apresentou
as maiores concentrações de xenobióticos em dois indivíduos, mas no terceiro
espécime não houve diferenças entre os estratos. Os autores acreditam ser
consequência do estado nutricional e fisiológico de cada animal.
Dentre os estudos que não observaram diferenças na distribuição dos
clorados no tecido adiposo de cetáceos, está o realizado por Gauthier et al. (1997),
que observaram tal achado para a baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata) e para
a baleia-azul (Balaenoptera musculus) no Canadá. Os autores acreditam que seja
consequência da farmacocinética dos compostos lipofílicos, que a partir de testes
com animais em cativeiro, foi verificado que tais compostos atingem o equilíbrio no
sangue e nos órgãos em poucas horas. Os autores ainda sugerem que quando as
reservas lipídicas sofrem redução, por exemplo, durante a migração, os compostos
organoclorados são redistribuídos por toda a espessura da camada adiposa. O
estudo realizado por Hansen et al. (2004) descreve que concentrações mais
elevadas foram encontradas na porção externa do tecido adiposo de carcaças de
golfinho-nariz-garrafa (n=3) no Atlântico Norte, nos Estados Unidos. Embora tal
diferença seja pequena e ainda tenha sido observada uma variação entre os
indivíduos. Ainda no mesmo trabalho, os autores compararam as concentrações de
compostos organoclorados em amostras de tecido adiposo obtidas através de
biópsias cirúrgicas, onde o animal vivo é capturado e toda a profundidade do tecido
adiposo subcutâneo é retirado, com amostras de tecido adiposo obtidas através de
biópsias remotas, onde dificilmente a camada mais interna é obtida. Embora a
comparação estatística tenha sido impossibilitada devido a utilização de apenas uma
biópsia remota, as concentrações dos compostos organoclorados foram
comparáveis as determinadas em biópsias cirúrgicas. Através da análise de ACP
68
(Análise de Componentes Principais), os autores verificaram que o animal biopsiado
remotamente apresentou um perfil de contaminação por compostos organoclorados
semelhante aos reportados para animais biopsiados cirurgicamente no mesmo local.
Comparação semelhante foi realizada por Hobbs et al. (2003) para belugas
(Delphinapterus leucas) do Canadá, sendo que tal comparação foi realizada entre
amostras de biópsias remota e amostras de animais encalhados. Através da análise
multivariada, os autores descrevem que os padrões foram semelhantes. A mesma
espécie foi investigada por Krahn et al. (2004), que assim como para orcas (Orcinus
orca) dos Estados Unidos, observaram que as classes de lipídios e as
concentrações dos organoclorados de biópsias foram semelhantes as reportadas
para os animais encalhados. Oposto ao observado para o percentual lipídico. Sendo
assim, os autores acreditam que os resultados obtidos através de biópsias trazem
importantes informações, mas devem ser vistos com cuidado e avaliados juntamente
com amostras que englobe toda a profundidade do tecido adiposo.
6.2 Compostos organoclorados em biópsias remota e em animais encalhados
da Baía de Sepetiba
Alguns compostos foram estatisticamente diferentes entre os animais
encalhados e os biopsiados da Baía de Sepetiba. Além disso, alguns compostos (α-
HCH, δ-HCH, HCB, PCB 28, PCB 44, PCB 97) que ficaram acima do limite de
detecção para as amostras de animais encalhados foram detectados em
pouquíssimas amostras de biópsia remota. Como as amostras foram obtidas da
mesma população, tal fato evidencia que existe uma restrição no uso de biópsias
remotas, que provavelmente está ligada a baixa massa coletada. No presente
estudo a massa coletada variou entre 0,04g e 0,54g, o que em alguns casos
representou 4%, não ultrapassando 54%, da massa utilizada para a determinação
dos organoclorados nas amostras dos animais encalhados. Portanto, a não
detecção de alguns compostos pode ser consequência do limite de detecção do
método, e também demonstrando que o volume final utilizado (0,5 mL) não é o ideal
para este tipo de amostra.
Sendo assim, apesar das camadas do tecido adiposo subcutâneo do boto-
cinza não ter apresentado diferenças estatísticas para os compostos
organoclorados, a comparação entre animais encalhados e biopsiados deve ser
69
vista com cuidado, que a ferramenta da biópsia remota possui tais restrições.
Portanto, pode ser recomendado que a comparação entre as concentrações de
compostos organoclorados obtidas através de biópsias remotas e de animais
encalhados, seja realizada para compostos que não ficaram próximos aos limites
de detecção.
6.3 Bioacumulação de compostos organoclorados em Sotalia guianensis da
Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande, Rio de Janeiro.
6.3.1 Padrão de acumulação da Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande
Os botos-cinza das duas baías costeiras apresentaram o mesmo padrão de
acumulação de compostos organoclorados (∑PCB>∑DDT>∑HCH> Mirex>HCB). As
maiores concentrações medianas de ∑PCB, ∑DDT, ∑HCH e Mirex foram
observadas na Baía de Sepetiba, o que pode estar relacionado ao maior aporte que
tal região recebe, que em sua bacia de drenagem estão presentes cerca de 1,5
milhões de habitantes, cerca de 400 indústrias, e o uso de defensivos agrícolas foi
amplo (SEMADS, 2001). na Baía de Ilha Grande, a principal atividade econômica
é o turismo, e poucas indústrias estão presentes, além da população em sua bacia
de drenagem ser de cerca de 177 mil habitantes (MMA /SBF, 2007), o que explicaria
a menor contaminação. Na baía de Guanabara, ainda na costa do Estado do Rio de
Janeiro, Lailson-Brito et al. (2010) encontraram um padrão semelhante, porém, tal
estudo não analisou ∑HCH e Mirex. Yogui et al. (2003) encontraram para o boto-
cinza do Estuário de Cananéia um padrão distinto
(∑DDT>PCB>Mirex>∑HCH>HCB), os autores sugerem que as altas concentrações
de DDT e Mirex, sejam devido ao extensivo uso na região que possui forte
característica agrícola. Kajiwara et al (2004) verificaram um padrão semelhante a
Yogui et al. (2003) para a mesma espécie no Paraná e São Paulo
(∑DDT>PCB>HCB>∑HCH), os autores sugerem que tais Estados possuem séria
contaminação por DDT e PCB.
A razão ∑DDT/∑PCB vem sendo utilizada para caracterizar a fonte de maior
importância, podendo ser agrícola (ou de controle de vetores de doenças) ou
industrial (AGUILAR et al., 1999). A menor razão foi observada para Baía de
Sepetiba (0,36) refletindo a predominância das concentrações de PCB, mostrando o
70
caráter industrial de sua bacia de drenagem, além da forte presença da população
humana. Os valores observados no presente estudo foram semelhantes aos
reportados por Lailson-Brito et al. (2010) para a Baía de Guanabara, mostrando que
as baías costeiras do Estado do Rio de Janeiro recebem maior descarga de
compostos organoclorados de origem industrial. Entretanto, todos os outros estudos
realizados com o boto-cinza, seja no Paraná, em São Paulo ou no Suriname,
reportaram tal razão superior a 1, mostrando que as fontes de origem agrícolas
possuem maior importância (Yogui et al.,2003; Kajiwara et al., 2004; Koeman et al.,
1972). O Estado do Rio de Janeiro, em especial as baías de Sepetiba e Guanabara,
apresentam forte presença de aglomerados humanos e indústria em suas bacias de
drenagem e áreas marginais (IFIAS, 1998; SEMADS, 2001). Comparando com
outras espécies de bitos costeiros percebemos que o perfil é bem variável. Por
exemplo, Borrell; Aguilar (2007) observaram para o Tursiops truncatus do Mar Sul da
China, relação alta de ∑DDT/∑PCB (6,3), mostrando que as fontes agrícolas (ou de
controle de vetores de doenças) possuem forte importância na região. Enquanto que
para a mesma espécie, no Golfo do xico, Salata et al. (1995), observaram uma
relação semelhante (0,42) as observadas nas baías costeiras do Estado do Rio de
Janeiro, mostrando que para a região estudada, as fontes de origem industriais são
as de maior importância quando a contaminação de compostos organoclorados é
considerada.
Tratando exclusivamente do DDT, o p,p’-DDE foi o composto que
apresentou a maior contribuição para o somatório. O p,p’-DDE é um produto de
degradação do p,p’-DDT, composto esse predominante nas formulações comerciais.
Sendo assim, a razão p,p-DDE/∑DDT vem sendo utilizada para determinar a
cronologia de entrada de tal biocida no ambiente. Tais resultados mostram que o
DDT, provavelmente foi utilizado mais recentemente na bacia de drenagem da Baía
de Sepetiba (0,59) do que na bacia de drenagem da Baía de Ilha Grande (0,79). A
razão observada na Baía de Sepetiba foi semelhante à observada para a Baía de
Paranaguá (Lailson-Brito et al., 2010). O mencionado fato pode ser explicado pela
utilização mais recente do DDT no controle de vetores de doenças, além da
presença de diversos cultivos na bacia de drenagem da Baía de Sepetiba, em
especial no passado; enquanto na Baía de Ilha Grande a principal atividade
71
econômica sempre esteve relacionada a atividades turísticas, pesca e mais
recentemente, atividades termoelétricas e petroleiras (MMA /SBF, 2007).
Em relação ao ∑PCB, os congêneres e isômeros que apresentaram as
maiores contribuições foram PCB 153, PCB 138 e PCB 180. Tais compostos vêm
sendo reportados como os mais abundantes em mamíferos marinhos de diversas
localidades do mundo (WESTGATE et al., 1997; PARSONS et al., 1999; BECKER
2000; ANDERSEN et al., 2001; WEISBROD et al., 2001; BORREL et al., 2004). A
maior contribuição dos mencionados congêneres está relacionada à predominância
nas misturas comerciais, além da elevada resistência a degradação,
consequentemente, a maior persistência no ambiente (AGUILAR, 1987; BORREL et
al., 2006).
Os congêneres e isômeros de PCB com menor cloração (2 e 3 cloros) tiveram
maior importância para a Baía de Sepetiba do que para a Baía de Ilha Grande. O
mesmo padrão foi observado para a Baía de Guanabara, sendo que para esta, os
compostos de menor cloração tem importância ainda maior que para as baías do
presente estudo (LAILSON-BRITO et al., 2010). Os autores atribuem tal fato a
diferenciação na remoção dos compostos organoclorados na coluna d’água,
associados a características físico-químicas do corpo d’água. Estudos têm mostrado
que os compostos mais hidrofóbicos possuem maior afinidade com o material
particulado em suspensão, reduzindo assim o tempo de residência de tais
compostos na coluna d’água, e consequentemente sua biodisponibilidade, fazendo
com que a contribuição dos compostos menos hidrofóbicos se eleve (TASUKAWA;
TANABE, 1984; BOER; WESTER, 1991). Quando comparada a Baía de Ilha
Grande, a Baía de Sepetiba possui grande descarga de esgoto doméstico não
tratado, além da descarga de importantes rios, tendo, portanto, elevadas taxas de
material particulado em seu corpo d’água (
SEMADS, 2001).
As concentrações de ∑HCH observadas em ambas as baías foram superiores
as observadas por Kajiwara et al.(2004) para o boto-cinza do Norte do Paraná e Sul
de São Paulo e por Yogui et al.(2003) para a mesma espécie no estuário de
Cananéia. Indicando que o uso do inseticida HCH provavelmente teve uma maior
expressão para as baías de Sepetiba e Ilha Grande do que para as demais
localidades. Entretanto, tais concentrações não foram superiores as reportadas para
72
espécies costeiras de regiões temperadas, como o golfinho-nariz-de-garrafa na
Espanha (BORRELL et al., 2006). O que pode ser explicado pela alta pressão de
vapor do HCH, fazendo com que o composto seja mais volátil, reduzindo a sua
expressão próximo a área fonte. Yogui et al. (2003) observaram a predominância do
β-HCH em relação aos demais compostos, contrário ao que foi observado pelo
presente estudo em que o γ-HCH foi o composto predominante. A predominância de
tal composto pode está relacionada a sua maior abundância nas misturas
comerciais.
As maiores concentrações medianas de Mirex foram observadas para a Baía
de Sepetiba. As concentrações médias das baías do presente estudo foram
superiores as reportadas Yogui et al. (2003) para o boto-cinza do estuário de
Cananéia. O Mirex foi um composto amplamente utilizado no combate a formigas,
sendo assim é possível que na Baía de Sepetiba o uso de tal produto tenha sido
mais intenso que na Baía de Ilha Grande e no estuário de Cananéia. Acredita-se que
a persistência ambiental de tal composto seja devido ao elevado número de átomos
de cloro presentes em sua molécula.
O composto que apresentou as menores concentrações dentro deste estudo,
para ambas as baías, foi o HCB. Os valores reportados no presente estudo foram
inferiores aos reportados por Yogui et al. (2003), Kajiwara et al.(2004) e Lailson-Brito
et al. (2010) para Sotalia guianensis. O que pode ser reflexo não da alta
volatilidade já demonstrada para o composto, mas também indicando que para a
Baía de Sepetiba e Baía de Ilha Grande sua utilização pode ter tido pouca
expressão.
Diferenças na composição e concentração dos compostos organoclorados
entre machos e fêmeas de mamíferos marinhos vêm sendo reportadas, e são
relacionadas às transferências mãe-feto e mãe-filhote pela via placenta e via
amamentação, respectivamente, tendo a última uma maior importância (AGUILAR,
1987; WESTGATE et al., 1997; WELLS et al., 2005; YLITALO et al., 2009). Para a
Baía de Ilha Grande não foi observada diferença significativa para nenhum dos
compostos analisados, o que pode ser consequência do reduzido número de fêmeas
analisadas (n=3) ou ao fato de serem fêmeas que ainda não haviam alcançado a
maturidade sexual. para a Baía de Sepetiba, onde os sexos estão igualmente
73
representados, 4 compostos foram significativamente diferentes (p,p’-DDE, PCB
153, PCB 138 e PCB 180) além dos somatórios de DDT e PCB. Segundo Aguilar
(1987), o metabolismo e as taxas de excreção dos organoclorados serão maiores
naqueles compostos que possuírem as maiores concentrações, o que se aplica ao
p,p’-DDE, PCB 153, PCB 138 e PCB 180 no presente estudo, e como possuem as
maiores contribuições dentre os grupos aos quais pertencem, o ∑DDT e o ∑PCB
também apresentaram diferenças entre machos e fêmeas. Yogui et al. (2003) não
verificaram diferenças significativas entre os sexos, mas os autores acreditam que
seja consequência do reduzido número amostral de fêmeas. Já Kajiwara et al.
(2004), verificaram que as fêmeas apresentaram as menores concentrações de
organoclorados.
6.3.2 Diferenciação geográfica
As análises estatísticas apontaram que o p,p’-DDD e PCB 118 apresentam
concentrações distintas para os machos das baías de Sepetiba e Ilha Grande. Tal
resultado corrobora com o que vem sendo observado através de estudos que
utilizaram isótopos estáveis e parâmetros acústicos dos assobios, que concluíram
que as populações de boto-cinza das referidas baías, são agregações
ecologicamente distintas (BISI, em fase de elaboração; ANDRADE, 2010). As
maiores concentrações medianas do p,p-DDD observadas para a Baía de Ilha
Grande aponta para uma degradação preferencial do DDT através de processos
abióticos ou em ambientes anaeróbicos (STRNDBERG et al., 1998). Entretanto as
informações sobre a caracterização dos ambientes das duas baías são escassas.
Além de fatores ecológicos, essa separação pode também ser consequência
de características hidrográficas e comportamentos hidrodinâmicos, que apesar da
proximidade das baías, são bastante distintos (FRAGOSO, 1999). A Baía de
Sepetiba é fortemente influenciada pela descarga de rios, e devido a Restinga da
Marambaia, as trocas de água com o oceano o restritas. Enquanto a Baía de Ilha
Grande recebe maior influência de águas oceânicas, frias e com salinidade mais
elevada, devido a sua maior profundidade e abertura mais franca para o oceano
(SIGNORINI, 1980 a,b). Um fato marcante na circulação entre as baías é a presença
de um giro ciclônico ao redor da Ilha Grande, com o fluxo unidirecional no sentido
oeste-leste no canal formado entre o continente e a ilha. Mesmo durante a mudança
74
nos níveis de marés, esse fluxo não é invertido (IKEDA; STEVENSON, 1982).
Acredita-se que as águas mais salinas da plataforma entrariam pela porção oeste da
Baía de Ilha Grande circulariam ao redor da ilha, provavelmente misturando-se com
as águas menos salgadas da Baía de Sepetiba, saindo para o oceano pelo lado
leste da baía (SIGNORINI, 1980 a,b). Tal padrão de circulação mostra que apesar
das baías de Sepetiba e Ilha Grande serem adjacentes, suas águas, e por suposto
os compostos organoclorados, não sofrem grandes processos de mistura, o que não
permitiria a homogeneização da poluição, tendo, portanto reflexo direto sobre a biota
local.
Os compostos organoclorados vêm sendo utilizados como uma ferramenta
auxiliar para diferenciações de populações de mamíferos marinhos. Sendo assim, o
presente estudo utilizando uma análise multivariada observou que os machos
encalhados na Baía de Sepetiba-RJ, Baía de Guanabara-RJ e Baía de Paranaguá-
PR apresentaram padrões distintos na acumulação dos compostos organoclorados.
Lailson-Brito et al. (2010) havia tratado as agregações de boto-cinza das baías de
Sepetiba e Ilha Grande, como uma única população, devido ao reduzido número
amostral. A diferença observada entre as agregações de boto-cinza parece ter uma
maior influência dos PCBs de baixa cloração, podendo ser reflexo das distintas
fontes, das taxas de entradas de tais compostos no ambiente marinho, de
características físico-químicas dos sistemas e das diferentes dietas.
Alguns estudos vêm utilizando os compostos organoclorados como
ferramenta auxiliar para a diferenciação de agregações de cetáceos. Borrell et al.
(2006) verificaram que os golfinhos-nariz-de-garrafa do Atlântico, nas áreas
próximas a Portugal e Espanha, são grupos distintos dos animais do Mar
Mediterrâneo. Os autores ainda verificaram que os animais de Catalunha e Valência,
parecem ser uma única população, já que o padrão foi idêntico. Hobbs et al. (2001)
observaram dois distintos estoque de baleia-fin no Atlântico canadense. Bruhn et
al.(1999) verificaram que as populações de Phocoena phocoena do Mar Norte e Mar
Báltico são distintas. Hansen et al. (2004) verificaram distintas agregação para
Tursiops truntucatus da costa dos Estados Unidos.
75
7 CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo mostram que as populações de boto-cinza
das baías de Sepetiba e Ilha Grande estão expostas a elevados níveis de
organoclorados, em especial PCBs e DDTs.
Pode-se utilizar toda a massa da biópsia independente da proporção em que
os diferentes estratos estejam representados, visto que não foram observadas
diferenças estatísticas entre os estratos do tecido adiposo subcutâneo do boto-cinza.
A comparação da contaminação por compostos organoclorados entre animais
encalhados e biopsiados deve ser realizada com cuidado, pois foram observadas
diferenças nos compostos organoclorados detectados entre os diferentes tipos de
amostra. Portanto, pode ser recomendado que a comparação entre as
concentrações de compostos organoclorados obtidas através de biópsias remotas e
de animais encalhados, só seja realizada para compostos que não ficaram próximos
aos limites de detecção.
As concentrações de compostos organoclorados nas biópsias remotas
apresentaram diferenciação entre a Baía de Sepetiba e a Baía de Ilha Grande,
mostrando que podem se tratar de duas agregações distintas, ou que exista baixo
fluxo de indivíduos entre elas.
As agregações de boto-cinza da Baía de Guanabara, Baía de Sepetiba, no
Estado do Rio de Janeiro, assim como da Baía de Paranaguá, no Estado do Paraná,
apresentam padrões distintos de acumulação de compostos organoclorados.
Portanto, tais agregações devem ser tratadas distintamente no manejo com vistas à
conservação da espécie.
A biópsia remota é uma importante ferramenta para o monitoramento das
concentrações de compostos organoclorados e pode ser utilizada para o
monitoramento ambiental ao longo da costa brasileira, na área de distribuição da
espécie.
76
8 RECOMENDAÇÕES DA DISSERTAÇÃO
Considerando os problemas analíticos observados para a determinação dos
compostos organoclorados em baixas concentrações, recomenda-se que haja
adequação, como a maior concentração do extrato final ou o aumento da massa
de biópsias remotas.
Recomenda-se que sejam testadas ferramentas para a determinação de idade
de indivíduos biopsiados através do uso de ácidos graxos, permitindo uma
melhor comparação entre amostras de animais encalhados e biopsiados.
Recomenda-se que seja realizado um esforço de biopsias remotas ao longo da
costa brasileira, na área de distribuição do boto-cinza, com vistas a traçar um
perfil da contaminação da zona costeira por compostos organoclorados, e outros
contaminantes lipofílicos (p.ex. organobromados), entre Santa Catarina e o
Amapá.
77
REFERÊNCIAS
AGUILAR A. Using organochlorine pollutants to discriminate marine mammal
populations: a review and critique of the methods. Marine Mammal Science,
Lawrence, v. 3, p. 242-62., 1987.
AGUILAR, A; NADAL, J. 1984. Obtención de biopsias hipodérmicas de cetáceos en
libertad. Investigación Pesquera 48(1):23-29.
AGUILAR, A.; BORREL, A. 1990. Patterns of lipid content and stratification in the
blubber of fin whales (Balaenoptera physalus). Journal of Mammalogy 71:544-
554.
AGUILAR, A.; BORREL, A. 1991. Heterogeneous Distribution of Organochiorine
Contaminants in the Blubber of Baleen Whales: Implications for Sampling
Procedures. Marine Environmental Research 31: 275-286.
AGUILAR, A.; BORRELL, A. 1994. Abnormally high polychlorinated biphenyl levels in
striped dolphins (Stenella coeruleoalba) affected by the 1990–1992
Mediterranean epizootic. Science of Total Environmental 154: 237–247.
AGUILAR, A.; BORREL, A.; PASTOR, T. 1999. Biological factors affecting variability
of persistent pollutant levels in cetaceans. In: REIJNDERS, P.J.H.; AGUILAR, A.
; DONOVAN, G.P. (Ed). Chemical Pollutants and Cetaceans. Journal
Cetacean Research Management (Special Issue 1), p. 83-116.
AMOS, B & HOELZEL, A. R. 1990. DNA fingerprinting cetacean biopsy samples for
individual identification. In: Individual Recognition of Cetaceans: Use of Photo-
identification and other techniques to Estimate Population Parameters - Report
of the International Whaling Commission, Special Issue 12, P.S. Hammond,
S.A. Mizroch e G.P. Donovan (eds.). Cambridge.
ANDERSEN, G.; KOVACS, K.; LYDERSEN, C; SKAARE, J.; GJERTZ, I.; JENSSEN,
B. 2001. Concentrations and patterns of organochlorine contaminants in white
whales (Delphinapterus leucas) from Svalbard, Norway. Science of Total
Environmental 264 (3): 267-281.
ARAÚJO, A. C.; LIMA, I. M. S.; MELO, C. L. C.; AZEVEDO, A. F.; BARBOSA, L. A.;
BIANCHI, I.; BASSOI, M.; LAILSON-BRITO, J. Jr.; DORNELES, P. R. 2008.
Peixes as dieta de Sotalia guianensis, Van Benédén, 1864 (Cetacea:
Delphinidae) no litoral do Estado do Espírito Santo. III Congresso Brasileiro de
Oceanografia.
ARAÚJO, A.C.; MELO, C.L.C.; LIMA, I.M.S.; FLACH, L.; BISI, T.; SANTOS, R.;
BASSOI, M.; LAILSON-BRITO, J.JR; DORNELES, P.R.; AZEVEDO, A.F. 2009.
Dieta do boto-cinza (Sotalia guianensis Van Benédén, 1864) (Cetacea:
78
delphinidae) na região da Baía de Sepetiba (RJ): Resultados preliminares.
Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil.
ATSDR (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY). 2002a.
Toxicological profile for DDT, DDE and DDD. Atlanta, GA: U.S. Department of
Health and Human Services, Public Health Service.
ATSDR (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY). 2002b.
Toxicological profile for Hexachlorobenzene. Atlanta, GA: U.S. Department of
Health and Human Services, Public Health Service.
AZEVEDO, A. F., LAILSON-BRITO, J. JR., CUNHA, H. A.; VAN SLUYS. 2004. A
note on site fidelity of marine tucuxis (Sotalia fluviatilis) in Guanabara Bay,
southeastern Brazil. Journal of Cetacean Research and Management 6(3):
265–268.
AZEVEDO, A.F.; OLIVEIRA, A.M.; VIANA, S.C.; VAN SLUYS, M. 2007. Habitat use
by marine tucuxis (Sotalia guianensis) (Cetacea: Delphinidae) in Guanabara
Bay, south-eastern Brazil. Journal Marine Biological Association of the United
Kingdom 87: 201–205.
AZEVEDO
E
SILVA,
C.E.;
TORRES,
J.PM.
&
MALM,O.
2007.Toxicologia das
bifenilas policloradas. Oecologia Brasiliensis 11 (2): 179-187.
BALLSCHMITER, K. & ZELL, M. 1980. Analysis of Polychlorinated Biphenyls (PCB)
by Glass Capillary Gas Chromatography, Fresenius Journal Analytical
Chemistry 302: 20 – 31.
BECKER, P. 2000. Concentration of chlorinated hydrocarbons and heavy metals in
Alaska Arctic marine mammals Marine Pollution Bulletin 40(10): 819-829.
BERNAL, J. L.; DEL NOZAL, M. J.; JIMÉNEZ, J.J. 1992. Some observations on
clean-up procedures using sulphuric acid and florisil. Journal of
Chromatography 607: 303-309.
BÉRUBÉ, M.; PALSBOLL, P.J. 1996. Identification of sex in cetaceans by
multiplexing three ZFX and ZFY specific primers. Molecular Ecology 5:283-287.
BOER, J.; WESTER, P. 1991.Chlorobiphenyls and Organochlorine Pesticides in
Various Sub- Antarctic Organisms. Marine Pollution Bulletin 22(9): 441-447.
BORREL, A.; AGUILAR, A. 2007. Organochlorine Concentrations declined during
1987–2002 in western Mediterranean bottlenose dolphins, a coastal top
predator. Chemosphere 66: 347–352.
BORREL, A.; AGUILAR, A.; CANTOS, G.; LOCKYER, C.; HEIDE-JORGENSEN, M;
JENSEN, J. 2004. Organochlorine residues in harbour porpoises from
southwest Greenland. Environmental Pollution 128(3): 381-391.
79
BORREL, A.; AGUILAR, A.; TORNERO, V.; SEQUEIRA, M.; FERNANDEZ, G.; ALIS,
S. 2006. Organochlorine compounds and stable isotopes indicate bottlenose
dolphin subpopulation structure around the Iberian Peninsula. Environment
International 32 (4): 516-523.
BOSSART, G. D. 2006.
Marine Mammals as Sentinel Species for Oceans and
Human Health Oceanography, 19 (2): 134-137.
BRHUN, R.; KANNAN, N.;PETRICK, G.; SCHULZ-BULL, D.E.; DUINKER, J.C. 1999.
Persistent chlorinated organic contaminants in harbor porpoises from the North
Sea, the Baltic Sea and Arctic waters. Science of the Total Environmental
237:351–361.
CARSON, R. 1962. Silent Spring. Hougthon Mifflin Company, New York.
CHIEN, L.C; HUNG, T.C; CHOANG, K.Y; YEH, C.Y; MENG, P.J; SHIEH, M.J. &
HAN, B.C. 2002. Daily intake of TBT, Cu, Zn, Cd and As for fishermen in
Taiwan. Science of the Total Environmental 285: 177-185.
CLARK, R.B. 2001. Marine Pollution. 5th Edition. Oxford University Press. 172p.
CUNHA, H. A.; DA SILVA, V. M. F.; LAILSON-BRITO, J. Jr.; SANTOS, M.C.O.;
FLORES, P.A.C.; MARTIN, A.R.; AZEVEDO, A.F.; FRAGOSO, A.B.L.;
ZANELATTO, R.C. & SOLE-CAVA, A.M. 2005. Riverine and marine ecotype of
Sotalia dolphin are different species. Marine Biology, 148 (2): 449-457.
CUNHA AH, SOLE-CAVA AM. 2007. Molecular sexing of Sotalia fluviatilis (Cetacea:
Delphinidae), using samples from biopsy darting and decomposed carcasses.
Genetics and Molecular Biology 30: 1186-1188.
DA SILVA, V.M.F.; BEST, R.C. Tucuxi, Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853). Handbook
of marine mammals. Londres : Academic Press, 1994.
DA SILVA, V.M.F.; BEST, R. 1996. Sotalia fluviatilis. Mammals Species 527: 1-7.
DE SOUZA LIMA, R.G.; ARAÚJO, F.G.; MAIA, M,F, & PINTO, A.S.S.B. 2002.
Evaluation of Heavy Metals in Fish of the Sepetiba and Ilha Grande Bays, Rio
de Janeiro, Brazil. Environmental Research Section A 89: 171-179.
DIAS, L.A.; HERZING, D.; FLACH, L. 2009.
Aggregations of Guiana dolphins (Sotalia
guianensis) in Sepetiba Bay, Rio de Janeiro, south-eastern Brazil: distribution
patterns and ecological characteristics. Journal of the Marine Biological
Association of the United Kingdom 89(5): 967–973.
DI BENEDITTO, A.P.M.; SICILIANO, S. 2007. Stomach contents of the marine tucuxi
dolphin (Sotalia guianensis) from Rio de Janeiro, South-eastern Brazil. Journal
of the Marine Biological Association of the United Kingdom, 87, 253–254.
80
DORNELES, P.R.; LAILSON-BRITO,J.; SANTOS, R.A.; COSTA, P.A.; MALM, O.;
AZEVEDO, A.F.; TORRES, J.P.M. 2007. Cephalopods and cetaceans as
indicators of offshore bioavailability of cadmium off Central South Brazil Bight.
Environmental Pollution 148: 352-359.
DORNELES, P.R.; LAILSON-BRITO,J.; FERNANDEZ, M.A.S.; VIDAL, L.G.;
BARBOSA, L.A.; AZEVEDO, A.F.; FRAGOSO,A.B.L.; TORRES,J.P.M.; MALM,
O. 2008a. Evaluation of cetacean exposure to organotin compounds in Brazilian
waters through hepatic total tin concentrations. Environmental Pollution 156:
1268–1276.
DORNELES, P.R.; LAILSON-BRITO,J.; AZEVEDO, A.F.; MEYER, J.; VIDAL, L.G.;
FRAGOSO,A.B.L.; TORRES, J.P.M.; MALM, O.; BLUST, R.; DAS,K. 2008b.
High Accumulation of Perfluorooctane Sulfonate (PFOS) in Marine Tucuxi
Dolphins (Sotalia guianensis) from the Brazilian Coast. Environmental Science
Technology 42: 5368–5373.
DORNELES, P.R.; LAILSON-BRITO,J.; DIRTU, A.C.; WEIJS, L.; AZEVEDO, A.F.;
TORRES, J.P.M.; MALM, O.; NEELS, H. BLUST, R.; DAS, K.; COVACI, A.
2010. Anthropogenic and naturally-produced organobrominated compounds in
marine mammals from Brazil. Environment International 36: 60–67
Environmental Protection Agency (EPA).Guidance for assessing chemical
contaminant data for use in fish advisories: fish sampling and analysis second
edition. EPA publication N
o
. EPA 823-R-95-007, September 1995 Vol. 1.
Environmental Protection Agency (EPA).
Food and Agriculture Organization/World Health Organization (FAO/WHO). 1992.
Evaluation of some pesticide residues in food.
FLACH, L.; FLACH, P.; CHIARELLO, A. 2008. Aspects of behavioral ecology of
Sotalia guianensis in Sepetiba Bay, southeast Brazil. Marine Mammals Science
24(3): 503-515.
FLORES, P.A.C. 2002. Tucuxi Sotalia fluviatilis, p. 1267-1269. In: W.F. PERRIN; B.
WÜRSIG & J.G.M. THEWISSEN (Eds). Encyclopedia of marine mammals.
Cambridge, Academic Press, 1414p.
FLORES, P.A.C.; BAZZALO, M. 2004. Home ranges and movement patterns of the
marine tucuxi dolphin, Sotalia fluviatilis, in Baía Norte, southern Brazil. The
Latin American Journal of Aquatic Mammals 3(1): 37-52.
FLORES,P.A.C. & DA SILVA. 2009. Tucuxi and Guiana Dolphin Sotalia fluviatilis and
S. guianensis. In: Encyclopedia of marine mammals, 2nd Ed. (Perrin WF,
Würsig B, Thewissen JGM, eds.) Academic Press, Amsterdam, pp. 1188-1192.
81
FRAGOSO, M.R. 1999. Estudo Numérico da Circulação Marinha da Região das
Baías de Sepetiba e Ilha Grande (RJ). Dissertação de Mestrado. Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo, 136 P.
FRERET-MEURER, N.V.; ANDREATA, J.V.; MEURER, B.C.; MANZANO, F.V.;
BAPTISTA, M.G.S.; TEIXEIRA, D.E.; LONGO, M.M. 2010. Spatial distribution of
metals in sediments of the Ribeira Bay, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brazil.
Marine Pollution Bulletin 60: 627–629.
GAUTHIER, J.M.; METCALFE, C.D.; SEAR, R.1997. Validation of the Blubber
Biopsy Technique for Monitoring of Organochlorine Contaminants in
Balaenopterid Whales. Marine Environmental Research 43(3):157-179.
GERACI, J.R.; LOUNSBURY, V.J. Marine Mammals Ashore. 1993. A field Guide for
Strandings. Baltimore, National Aquarium in Baltimore.
GOMES, F.C.; GODOY, J.M.; GODOY, M.L.D.P.; CARVALHO, Z.L.; LOPES, R.L.;
SANCHEZ-CABEZA, J.A.; LACERDA, L.D. & WASSERMAN, J.C. 2009. Metal
concentrations, fluxes, inventories and chronologies in sediments from Sepetiba
and Ribeira Bays: A comparative study. Marine Pollution Bulletin 59: 123–133.
GUIMARÃES. 2010. Assobios do boto-cinza, Sotalia guianensis (Cetacea,
Delphinidae): uma comparação entre três áreas de concentração no Estado do
Rio de Janeiro.
HANSEN, L.J.; SCHWACKE, L.H.; MITCHUM, G.B.; HOHN, A.A., RANDALL, S.W.;
ZOLMAN, E.S. & FAIR, P.A. 2004.Geographic variation in Polychorinated
biphenyl and organochlorine pesticide concentrations in the blubber of
bottlenose dolphins from the US Atlantic coast. Science of the Total
Environment 319: 147–172.
HARRISON, R. & BRYDEN, M.M. 1988. Whales, Dolphins and Porpoises.
Intercontinental Publishing Corporation Limited. Hon Kong.
HOBBS, K.E.; MUIR, D.C.G.; MITCHELL, E. 2001. Temporal and biogeographic
comparisons of PCBs and persistent organochlorine pollutants in the blubber of
fin whales from eastern Canada in 1971-1991. Environmental Pollution 114:
243-254.
HOBBS, K.E.; MUIR, D.C.G.; MICHAUD, R.; BÉLAND, P.; LETCHER, R.J. &
NORTROM, R.J. 2003. PCBs and organochlorine pesticides in blubber biopsies
from free-ranging St. Lawrence River Estuary beluga whales (Delphinapterus
leucas), 1994–1998. Environmental Pollution, 122: 291–302.
HOIVIK, D. J.; SAFE, S. H. 1998. Polychlorinated Biphenyls. Environ. and Occup.
Medic., Third Edition.Lippincott-Raven Publishers. Philadelphia.
82
IBAMA. 2001. Mamíferos Aquáticos do Brasil - Plano de ação - Versão II. M.M.A.
Brasília, 61p.
IFIAS. 1988. Sepetiba Bay Management Study: Workplan. Rio de Janeiro:
International Federation of Institutes for Advanced Study. (Technical report).
72p.
IKEDA, Y. & STEVENSON, M.R. 1982. Seasonal Characteristics of Hydrography,
Turbulence and Dispersion Near Ilha Grande (RJ), Brazil, Based on R/V "Prof.
W. Besnard" Data. Boletim Instituto Oceanográfico, 31(1): 11-32.
IWC, International Whaling Commission. 1991. Genetic Ecology of Whales and
Dolphins A. R. Hoelzel e G. P. Donovan (eds). Report of the International
Whaling Commission, Special Issue 13. Cambridge.
JAPENGA, J.; WAGENAAR, W.J.; SALOMONS,W.; LACERDA,L.D.;
PATCHINEELAM,S.R. AND FIHO,C.M. 1988. Organic micropollutants in the
Rio de Janeiro coastal region, Brazil. Science of the Total Environmental
75:249-259.
KAJIWARA, N.; MATSUOKA, S.; IWATA, H.; TANABE, S.; ROSAS, F.C.W.;
FILLMANN, G.; READMAN, J.W. 2004. Contamination by Persistent
Organochlorines in Cetaceans Incidentally Caught Along Brazilian Coastal
Waters. Archives of Environmental Contamination and Toxicology 46(1): 124-
134.
KENNISH, MJ. 1997. Pratical Handbook of Estuarine and Marine Pollution. Boca
Raton, Florida. CRC Press Inc. 524 p.
KEHRIG, T.G.; SEIXAS, E.A.; PALERMO, E.A.; DI BENEDITTO, A.P.M..; SOUZA,
C.M.M.; MALM, O. 2008. Different Species of Mercury in the Livers of Tropical
Dolphins. Analytical Letters 41: 1691–1699.
KOEMAN, J.H.; PETERS, W.H.M.; SMIT, C.J.; TIJOE, P.S.& DE GOEIJ, J.J.M.
1972. Persistent chemicals in marine mammals. TNO Nieuws 27: 570-578.
KORN, M.G.; SANTOS, G.L.; ROSA, S.M.; TEIXEIRA, L.S.G.; OLIVEIRA, P.V. 2010.
Determination of cadmium and lead in cetacean Dolphinidae tissue from the
coast of Bahia state in Brazil by GFAAS. Microchemical Journal 96: 12–16
KRAHN, M.M.; HERMAN, D.P.; YLITALO, G.M.; SLOAN, C.A.; BURROWS, D.G.;
HOBBS, R.C.; MAHONEY, B.A.; YANAGIDA, G.K.; CALAMBOKIDIS, J.;
MOORE, S.E. 2004. Stratification of lipids, fatty acids and organochlorine
contaminants in blubber of white whales and killer whales. Journal of Cetacean
Research and Management 6(2):175–189.
83
KRÜTZEN, M; BARRÉ, L. M.; MÖLLER, L. M.; HEITHAUS, M. R., SIMMS, C. &
SHERWIN, W. B. 2002. A biopsy system fro small cetaceans: darting success
and wound helaing in Tursiops spp. Marine Mammals Science 18: 863-878.
KUNITO, T.; NAKAMURA, S.; IKEMOTO, T.; ANAN, Y.; KUBOTA, R.; TANABE,S.;
ROSAS, F.C.W.; FILLMANN,G.; READMAN,J.W. 2004. Concentration and
subcellular distribution of trace elements in liver of small cetaceans incidentally
caught along the Brazilian coast. Marine Pollution Bulletin 49: 574-587.
LACERDA, L.D.; MALM, O. 2008. Contaminação por mercúrio em ecossistemas
aquáticos: uma análise das áreas críticas. Estudos Avançados 22 (63): 173-
190.
LACERDA, L.D.; MARINSA, R.V.; PARAQUETTIA, H.H.M.; MOUNIERB, S.;
BENAIMB, J.; FEVRIER, D.; 2001. Mercury Distribution and Reactivity in
Waters of a Subtropical Coastal Lagoon, Sepetiba Bay, SE Brazil. Journal of
Brazilian Chemical Society 12: 93-98.
LACERDA, L.D.; REZENDE, C.E.; SILVA, C.A.R.; 1987. Metalic composition of
sediments from mangroves of the SE Brazilian coast. International Conference
Heavy Metals in the Environment, New Orleans, 464-466.
LAILSON-BRITO, J; DORNELES, P.R.; AZEVEDO-SILVA, C.E.; AZEVEDO, A.F.;
VIDAL, L.G.; LOZINSKI, C.P.C.; AZEREDO, A.; FRAGOSO, A.B.L.; CUNHA,
H.A.; TORRES, J.P.M.; MALM, O. 2010. High organochlorine accumulation in
blubber of Guiana dolphin, Sotalia guianensis, from Brazilian coast and its use
to establish geographical differences among populations. Environmental
Pollution 158 :1800–1808.
LAMPARELLI, M.C.; COSTA, M.P.; PRÓSPERI, V.A.; BEVILACQUA, J.E.; ARAÚJO,
R.P.A.; EYSINK, G.G.J. & POMPÉIA, S. 2001. Sistema Estuarino de Santos e
São Vicente. Relatório Técnico CETESB, São Paulo, 183p.
LODI, L. 2003. Tamanho e composição de grupo dos botos-cinza, Sotalia guianensis
(van Bénéden, 1864) (Cetacea, Delphinadae), na Baía de Paraty, Rio de
Janeiro, Brasil. Atlântica, Rio Grande 25(2): 135-146.
MARINS, R.V.; LACERDA, L.D.; PARAQUETTI, H.H.M.; PAIVA, E.C.; VILLAS-
BOAS, R.C.; 1998. Geochemistry of Mercury in Sediments of a Sub-Tropical
Coastal Lagoon, Sepetiba Bay, Southeastern Brazil. Bulletin of Environmental
Contamination and Toxicology 61: 57-64.
MARSILI, L. & FOCARDI, S. 1996. Organochlorine levels in subcutaneous blubber
biopsies of fin whales (Balaenoptera physalus) and striped dolphins (Stenella
coeruleoalba) from the Mediterranean Sea. Environmental Pollution 91 (1):1-9.
84
MELO, C.L.C.; SANTOS,R.; BASSOI, M.; ARAÚJO, A.C.; LIMA, I.; LAILSON-BRITO,
J.; DORNELES,P.R.; AZEVEDO, A.F. 2009. Hábito alimentar do boto-cinza
(Sotalia guianensis, Van Beneden 1864)(Cetacea:Delphinidae) na Baía da Ilha
Grande, Estado do Rio de Janeiro. II Congresso Brasileiro de Biologia Marinha.
METCALFE, D.E.; ZUKOVS, G.; MACKAY, D.; PATTERSON, S. 1986.
Polychlorinated Biphenyls (PCBs), physical and chemical property data.
Hazards, decontamination and replacement of PCB: a comprehensive guide.
Environmental Science Research 37: 3-34.
Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2007. Biodiversidade marinha da Baía de Ilha
Grande. 40p.
MONTEIRO-FILHO, E. L. A.; MONTEIRO, L. R. & REIS, S.F. 2002. Skull shape and
size divergence in dolphins of the genus Sotalia: a tridimensional
morphometrics analysis. Journal of Mammalogy 83(1): 125-134.
MONTEIRO-NETO, C.; VINHAS ITAVO, R.; DE SOUZA MORAES, L.E. 2003.
Concentrations of heavy metals in Sotalia fluviatilis (Cetacea: Delphinidae) off
the coast of Ceará, northeast Brazil. Environmental Pollution 123: 319-324.
O'SHEA, T.J. 1999. Environmental contaminants and marine mammals In: Biology
of marine mammals. Ed. Reynolds III, J.E. & Rommel, S.A. Smithsonian
Institution Press, Whashington, pp: 485-563.
PALSBOLL, P.J.; VADER, A.; BAKKE, I. & RAAFAT EL-GEWELY, M. 1992.
Determination of gender in cetaceans by the polymerase chain reaction.
Canadian Journal of Zoology. 70
: 2166-2170.
PARSONS, E.; CHAN, H.; KINOSHITA, R. 1999. Trace Metal and Organochlorine
Concentrations in a Pygmy Bryde's Whale (Balaenoptera edeni) from the South
China Sea. Marine Pollution Bulletin 38(1): 51-55.
PENTEADO, J.C.P; VAZ, J.M. 2001. O legado das bifenilas policloradas (PCBs).
Química Nova 24(3): 390-398.
SALATA, G. G.; WADE, T. L.;SERICANO, J. L.; DAVIS, J. W.; BROOKS, J. M. 1995.
Analysis of Gulf of Mexico bottlenose dolphins for organochlorine pesticides and
PCBs. Environmental Pollution 88:167-175.
SAMBROOK, J.; FRITSCH, E. F. & MANIATIS, T.; 1989. Molecular Cloning: a
Laboratory Manual. 2
nd
edition. Cold Spring Harbor Lab. Press, New York.
SANTOS, M. C. de O. ; ACUÑA, L.; ROSSO, S. 2001. Insights on site fidelity and
calving intervals of the marine tucuxi dolphin (Sotalia fluviatilis) in southeastern
Brazil. Journal Of the Marine Biological Association Of the United Kingdom 81:
1049-1052.
85
SEIXAS, E.A.; KEHRIG, T.G.; PALERMO, E.A.; DI BENEDITTO, A.P.M..; SOUZA,
C.M.M.; MALM, O. MOREIRA, I. 2009.
Essential (Se, Cu) and non-essential
(Ag, Hg, Cd) elements: What are their relationships in liver of Sotalia guianensis
(Cetacea, Delphinidae)? Marine Pollution Bulletin 58: 601–634.
SEMADS, 2001. Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos da Macrorregião 2 - Bacia
da Baía de Sepetiba. SEMADS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável), p. 79. Sustentável), S.S.d.E.d.M.A.e.D., 2001.
Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos da Macrorregião 2 - Bacia da Baía de
Sepetiba. p. 79.
SERICANO, J. L. 1998. Quantitative determination of chlorinated hydrocarbons
by gas chromatography/electron capture detection. Geochemical and
Environmental Research Group, Standard Operating Procedures (SOP-9810),
21p.
SIGNORINI, S.R., 1980a. A Study of The Circulation in Bay of Ilha Grande and Bay
of Sepetiba Part I, A Survey of the Circulation Based on Experimental Field
Data. Boletim do Instituto Oceanográfico 29(1): 41-55.
SIGNORINI, S.R., 1980b. A Study of the Circulation in Bay of Ilha Grande and Bay of
Sepetiba Part II, An Assessment to the Tidally and Wind-Driven Circulation
Using a Finite Element Numerical Model. Boletim do Instituto Oceanográfico
29(1): 57-68.
SMITH, A.G. & GANGOLLI, S.D. 2002. Organochlorine chemicals in seafood:
occurrence and health concerns. Food and Chemical Toxicology 40 (6):767-
779.
TABOR, G.M. & AGUIRRE, A.A. 2004. Ecosystem Health and Sentinel Species:
Adding an Ecological Element to the Proverbial ‘‘Canary in the Mineshaft’’.
EcoHealth, 1:226-228.
TATSUKAWA, R. & TANABE, S. 1984. Environmental monitoring: geochemical and
biochemical behavior of PCBs in the open ocean environment. In Proceedings
of PCB Seminar (M. C. Barros, H. 257 Marine Pollution Bulletin Koemann & R.
Visser, eds), pp. 343-372. Ministry of Housing, Physical Planning and
Environment, The Netherlands.
TILBURY, K. L.; STEIN, J.E.; MEADOR, J.P.; KRONE, C.A. & CHAN,S.L. 1997.
Chemichal contaminants in habor porpoise (Phocoena phocoena) from the
North Atlantic coast: tissue concentrations and intra- and inter- organ
distribution. Chemosphere, 34 (9110):2159-2181.
TOXICOLOGICAL profile for DDT, DDE, and DDD. Agency for Toxic Substances and
Disease Registry (ATSDR); Department of Health and Human Services, Public
Health Services. Atlanta, GA: 2002a. 403 p.
86
TOXICOLOGICAL profile for Hexachlorobenzene. Agency for Toxic Substances and
Disease Registry (ATSDR). Department of Health and Human Services, Public
Health Service. Atlanta, GA: 2002b.
TOXICOLOGICAL profile for polychlorinated biphenyls (Update). Agency for Toxic
Substances and Disease Registry (ATSDR); Department of Health and Human
Services, Public Health Service. Atlanta, GA: 1998. 532 p.
YLITALO, G.M.; BAIRD, R.W.; GLADYS, K.Y.; WEBSTER, D.L.; CHIVERS, S.J.;
BOLTON, J.L.; GREGORY, S.S.; MCSWEENEY, D.J. 2009. High levels of
persistent organic pollutants measured in blubber of island-associated false
killer whales (Pseudorca crassidens) around the main Hawaiian Islands. Marine
Pollution Bulletin 58: 1922–1952.
YOGUI, G.T.; SANTOS, M.C.O.; MONTONE, R. C. 2003. Chlorinated pesticides and
polychlorinated biphenyls in marine tucuxi dolphins (Sotalia fluviatilis) from the
Cananéia estuary, southeastern Brazil. Science of the Total Environmental
3121: 67-78.
United Nations Environment Programme (UNEP). Regionally Based Assessment
of Persistent Toxic Substances. Eastern and Western South America
Regional Report. UNEP Chemicals 11-13, Switzerland, 2002, 102p.
VORKAMP, K.; RIGET, F.; GLASIUS, M.; CSELI, M.; LEBEUF, M.; MUIR, D.
2004. Chlorobenzenes, chlorinated pesticides, coplanar chlorobiphenyls and
others organochlorine compounds in Greenland biota. Science of the Total
Environment 331: 157-175.
WADE, T.L.; CANTILLO, A.Y. 1994. Use of standards and reference materials in the
measurement of chlorinated hydrocarbon residues. Chemistry Workbook.
NOAA Technical Memorandum NOS ORCA 77, Silver Spring, Maryland, 59p.
WALKER, C.H.; HOPKIN, S.P.; SIBLY, R.M. & PEAKALL, D.B. 1997. Principles of
Ecotoxicology. London:Taylor & Francis, 321p.
WANIA, F. & MACKAY, D. 1996. Tracking the distribution of persistent organic
pollutants. Environmental Science & Tecnology 30 (9): 3-9.
WEBER, R. R. 1992. Sistemas costeiros e oceânicos. Química Nova 15(2): 137-
143.
WEBER, R. R.; MONTONE, R. C. 1990. Distribution of organochlorines in the
atmosphere of the South Atlantic and Antarctic oceans. In: KURTZ D. A. (Ed.).
Long range transport of pesticides. Lewis Publishers, Chelsea, Michigan,
USA, pp. 185-197.
87
WEISBROD, A.; SHEA, D.; LEBLANC, G.; MOORE, M.; STEGEMAN, J.2001.
Organochlorine bioaccumulation and risk for whales in a Northwest Atlantic food
web. Marine Environmental Research 50(1): 440.
WELLS, R.S.; TORNERO, V.; BORREL, A.; AGUILAR, A.; ROWLES, T.K.;
HOWARD, L.R.; HOFMANN, S.; JARMAN, W.M.; HOHN, A.A.; SWEENEY,
J.C. 2005. Integrating life-history and reproductive success data to examine
potential relationships with organochlorine compounds for bottlenose dolphins
(Tursiops truncatus) in Sarasota Bay, Florida. Science of the Total Environment
349: 106– 119.
WESTGATE, A.; MUIR, D.; GASKIN, D.; KINGSLEY, M. 1997 Concentrations and
accumulation patterns of organochlorine contaminants in the blubber of harbour
porpoises, Phocoena phocoena, from the coast of Newfoundland, the Gulf of St.
Lawrence and the bay of Fundy/Gulf of Maine Environmental Pollution 95:(1):
105-119.
World Health Organization (WHO). DDT and its Derivatives. Environmental Health
Criteria. Geneva, 1979, vol. 9. 194p.
World Health Organization (WHO). DDT and its Derivatives - Environmental
Aspects. Environmental Health Criteria Geneva, 1989, vol. 83. 98p.
World Health Organization (WHO). Polychlorinated Biphenyls And Terphenyls
(Second Edition). Environmental Health Criteria. Geneva; 1992; vol. 140.
World Health Organization (WHO). Polychlorinated Biphenyls: Human Health
Aspects. Concise International Chemical Assessment Document, Geneva, 2003,
vol. 55.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo