5
RESUMO
CARVALHO, M. C. G. A experiência do cuidado: o (des) amparo do cuidador
familiar. Dissertação (Mestrado em Gerontologia Social), Pontifícia Universidade
Católica, São Paulo, 2010.
Este estudo tem como objetivo caracterizar os cuidadores familiares de idosos com
dependência, bem como identificar a presença de estresse, sobrecarga e/ou
sintomas psiquiátricos menores nesses indivíduos. Além disso, analisa-se a relação
do estresse e do sofrimento mental com variáveis sociodemográficas e fatores
relacionados à tarefa de cuidar. Trata-se de um estudo transversal e prospectivo,
realizado no período de julho a dezembro de 2009, sendo avaliados 69 cuidadores
de idosos dependentes atendidos na Clínica de Geriatria do Hospital do Servidor
Público Municipal. Por meio de uma entrevista estruturada, aplicou-se um
questionário de caracterização do cuidador e do paciente, a escala de estresse de
Zarit, a escala SRQ-20 de sofrimento mental e a escala de depressão Hamilton-21.
Os resultados evidenciaram que os cuidadores investigados, quando da realização
da pesquisa, tinham em média 58,72 anos de idade, sendo 89,86% mulheres,
52,17% filhas e 36,23% esposas. Cuidavam do familiar em média há 4 anos e seis
meses. Verificou-se que 85% não contavam com nenhum suporte social e 75,36%
não recebiam nenhuma ajuda dos outros familiares. Em relação ao nível de
estresse, 44,93% dos cuidadores apresentaram níveis moderados e 34,78%, níveis
de moderado a severo. No que diz respeito à presença de sintomas psiquiátricos
menores, 68,12% apresentaram sofrimento mental e todos pontuaram como
depressão leve na escala Hamilton-21. Sobre a utilização de medicamentos, 34,78%
relataram usar antidepressivos e 7,25%, ansiolíticos. Quanto às variáveis
associadas ao estresse, constatou-se que a dependência do paciente, seu
comportamento perseverativo e o uso de antidepressivos pelo cuidador aumentavam
a estimativa de estresse. Também se verificou que, quando a relação prévia entre
cuidador e idoso dependente era considerada boa, o nível de estresse se mostrava
menor, e, se a relação prévia era considerada ruim, o estresse aumentava. Com
relação ao sofrimento mental, quando o fator dependência era entendido como
incômodo maior, a chance de o cuidador apresentar sintomas psiquiátricos menores
era nove vezes maior. Os dados mostram a grande demanda na atividade de cuidar,
a sobrecarga inerente a essa tarefa e o estresse que acarreta, com consequências
para a saúde mental do cuidador e a qualidade do cuidado prestado.
Palavras-chave: idoso, cuidador, demência, estresse, sintomas psiquiátricos.