Esta cidade de Eurico Alves é caracterizada pelas „largas estradas‟,
sua paisagem iluminada pelas „lâmpadas elétricas‟ e riscada por
„máquinas velozes‟ e suas „sirenes‟. É a imagem de uma cidade que
se quer metrópole e que, como metrópole, vislumbra com entusiasmo
a „movimentação do bairro comercial‟, a multidão que serpenteia
pelas ruas (largas) da cidade, emblema da vida urbana, tal qual nos
grandes centros, quem sabe até mesmo lembranças desejosas de
um longínquo Rio de Janeiro, São Paulo.
109
Clovis Oliveira trabalhou a existência de duas cidades, duas Feiras de
Santana, uma antes da urbanização, ou seja uma Feira de Santana pastoril,
sertaneja e outra Feira de Santana, modernizada e comercial.
O contexto criado a partir da tensão entre os dois fatores gera uma
nova gramática urbana. Se até então a cidade era uma espécie de
quintal das grandes fazendas, na qual eram realizadas semanalmente
as feiras. Esse quadro deveria mudar. Nas palavras de um
contemporâneo era “preciso que as luzes do progresso se abram
sobre a Feira”. Nesse sentido, as posturas municipais começam se
dirigir contra determinados hábitos, visando modelar uma nova visão
do urbano e antigas práticas passam a ser normalizadas como
indesejáveis no cotidiano da cidade, tudo em nome do progresso
110
.
Uma tensão foi criada pela elite governante da cidade, que negava
valores, tradições, mesmo que alguns desses valores fossem reapropriados em
seu favor. Vivenciou, portanto, uma Feira de Santana, que de um lado, buscava
valores típicos da sociedade de consumo, modernizada e urbanizada e as
heranças tradicionais, que de um lado deveriam ser extirpadas, mas de outro,
ficaria como as lembranças de um nostálgico passado pastoril.
Com o desmembramento de Cachoeira, em 1832, Feira de Santana
passou à categoria de vila e, em 1873, à de cidade, com denominação de
cidade comercial de Feira de Santana
111
. Segundo Rossine Cruz:
Sua posição geograficamente privilegiada facilitou tanto o
crescimento de atividades produtivas e terciárias no município,
quanto seu crescimento populacional, implicando reorganização dos
espaços para usos produtivo, comercial e residencial, no campo e na
cidade
112
.
Devido a sua posição geográfica, como um local de passagem, cortada
em todas direções, por estradas, fator primordial de seu desenvolvimento,
109
SILVA, Aldo José Morais, 2000, op. cit., p. 187-8.
110
OLIVEIRA, 2000, op. cit., p. 41.
111
Jornal Feira Hoje. Feira de Santana. 05 set. 1974, p. 3.
112
CRUZ, Rossine Cerqueira da. A inserção de Feira de Santana (BA) nos processos de
integração produtiva e de desconcentração econômica nacional. Campinas. SP, 1999, p. 277.