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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Análise da Complementação das Funções de
Mobilização do Plasmídeo Bacteriocinogênico pRJ9 de
Staphylococcus aureus pelo Gene mobD
Bruna Gonçalves Coutinho
2010
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ii
Análise da Complementação das Funções de Mobilização do
Plasmídeo Bacteriocinogênico pRJ9 de Staphylococcus aureus
pelo Gene mobD
Bruna Gonçalves Coutinho
Orientador: Maria do Carmo de Freire Bastos
Colaborador: Marcus Lívio Varella Coelho
Rio de Janeiro
Setembro de 2010
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
(Microbiologia), Instituto de Microbiologia Paulo de
Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas (Microbiologia)
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FOLHA DE APROVAÇÃO
ANÁLISE DA COMPLEMENTAÇÃO DAS FUNÇÕES DE MOBILIZAÇÃO DO
PLASMÍDEO BACTERIOCINOGÊNICO pRJ9 DE Staphylococcus aureus PELO GENE
mobD
Bruna Gonçalves Coutinho
Marcus Lívio Varella Coelho e Maria do Carmo de Freire Bastos
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
(Microbiologia), Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em
Ciências Biológicas.
Aprovada por:
(Márcia Giambiagi-de-Marval, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ)
(Walter Martin Roland Oelemann, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ)
(Ana Beatriz Furlanetto Pacheco, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ)
(Marinella Silva Laport, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ)
Rio de Janeiro
Setembro de 2010
iv
FICHA CATALOGRÁFICA
Coutinho, Bruna Gonçalves.
Análise da complementação das funções de mobilização do plasmídeo
bacteriocinogênico pRJ9 de Staphylococcus aureus pelo gene mobD/ Bruna
Gonçalves Coutinho - Rio de Janeiro, UFRJ/IMPPG, 2010.
xviii; 89p.
Orientador: Maria do Carmo de Freire Bastos/ Colaborador: Marcus Lívio Varella
Coelho
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas)
Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Instituto de Microbiologia Paulo de Góes,
2010.
Referências bibliográficas: 76-89.
1. Mobilização plasmideal 2. Conjugação bacteriana 3. Staphylococcus aureus
4. Bacteriocinas 5. Plasmídeos
I. Coelho, Marcus Lívio Varella e Bastos, Maria do Carmo de Freire.
II. UFRJ. Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Mestrado em Ciências Biológicas.
III. Análise da complementação das funções de mobilização do plasmídeo
bacteriocinogênico pRJ9 de Staphylococcus aureus pelo gene mobD
v
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Genética Molecular, Departamento de
Microbiologia Geral, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Centro de Ciências da Saúde
(CCS), Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação da Prof.ª Maria do Carmo de
Freire Bastos e Colaboração de Marcus Lívio Varella Coelho (MSc.)
vi
AGRADECIMENTOS
“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento
envolvido. Não na vitória propriamente dita.”
Mahatma Gandhi
Esta conquista não é minha, é de todas aquelas pessoas que caminharam ao meu
lado, que me incentivaram, que me fizeram crescer, que me escutaram, me serviram de ombro
ou apenas me sorriram. Nenhum sucesso teria sido alcançado sem elas.
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais Suzana e Paulo, que nunca
pouparam esforços para estarem sempre presentes, cobrindo meu mundo de amor e carinho. A
união, a dedicação e a força de vocês servirão sempre de exemplo para mim e serão sempre
meu porto-seguro. Obrigada por me fornecerem todas as ferramentas necessárias para que eu
chegue aonde quiser. Amo vocês!
Ao meu irmão Daniel, por ser antes de tudo, um amigo em quem posso confiar e com
quem posso contar. Obrigada por me apoiar sempre, e por me deixar participar da sua nova
vida.
À minha irmã Raquel, que, apesar de não estar mais ao meu lado, tenho certeza que
ainda me escuta toda noite, me apoia, me incentiva e me forças para seguir em frente,
como fazia antigamente. Você sempre estará na minha vida e no meu coração. Amo-a pra
sempre.
A toda a minha família, pelo amor e carinho que sempre nos dedicaram,
incondicionalmente. Vocês são a nossa fortaleza. Obrigada por tudo!
Ao meu namorado Daniel, por estar sempre ao meu lado, por me fazer rir, por me
permitir chorar, pelo amor sempre atencioso e verdadeiro, por me entender e me apoiar em
todos os momentos. Sua companhia torna esta jornada muito mais feliz!
Ao amigo Marcus, pelo tanto que aprendi e cresci ao lado dele, pela paciência sem
limites, pela facilidade com que consegue me fazer sorrir, por me escutar e me compreender,
sem eu precisar falar nada, pelo carinho e pela força que me passa com um abraço. Sua
amizade é especial e inesquecível. Obrigada por tudo!
À minha orientadora, professora Maria do Carmo, por ser este exemplo de pessoa e
profissional, com quem sempre se pode contar, por estar sempre presente apoiando,
aconselhando e mostrando o melhor caminho. Obrigada pelo carinho, pelos ensinamentos
valiosos e pelo crescimento pessoal e profissional que você me proporcionou.
vii
Às amigas do Laboratório de Genética Molecular Andreza, Danielly, Patrícia, Karlla,
Amina, Hilana, Ilana, Juliana e Luana que fizeram tudo parecer tão fácil e divertido, estando
sempre dispostas a ajudar, ensinar, escutar e aconselhar. Vocês são pessoas especiais, por
quem eu tenho um enorme carinho e uma profunda admiração. O convívio com vocês
alegrava os meus dias e essa amizade irá comigo aonde quer que eu vá. Obrigada por tudo!
À amiga Raíssa, que tem iluminado a minha vida vinte anos, por estar presente em
todos os momentos, por me ouvir a qualquer hora com toda atenção e carinho, pela sua
sinceridade e lealdade, por ser uma irmã, mãe, filha, amiga. Obrigada sempre!
Aos amigos Nathalia, Fernanda, Alexandre e Felipe, pela amizade verdadeira, pelo
companheirismo, pelos encontros que sempre levam a piadas, brincadeiras, mas também a
conversas filosóficas e cheias de cultura, que a gente nunca sabe onde aprendeu. Mas quero
agradecer, principalmente, pela alegria que se estampa no meu rosto sempre que vocês estão
por perto. Obrigada!
Aos amigos Flavinha, Bruninho, Mateus e Dudu, por, ainda hoje, estarem presentes na
minha vida, apesar de todos os desencontros. Esta amizade, que começou antes mesmo de eu
poder lembrar, contribuiu muito para a pessoa que eu me tornei. O carinho e a cumplicidade
que sempre tivemos, encheu a minha infância de felicidade e, hoje, me conforta e me
tranquiliza. Vocês são maravilhosos.
Aos excluídos et al., que, mesmo após o fim da graduação, permaneceram unidos.
Obrigada por sempre se esforçarem para estarmos juntos, por todas as conversas sem sentido,
pelas viagens sempre inesquecíveis, por todos os churrascos e macarronascos, pelas festas,
pelos risos descontrolados, pelas fotos no espelho e, principalmente, pela vontade enorme de
estarmos sempre juntos.
Ao CNPq, ao PRONEX e à FAPERJ, pelo apoio financeiro dado ao laboratório.
À CAPES, pela bolsa de mestrado concedida a mim.
“(...) Depois de um tempo você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer,
mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem
você tem na vida. (...)”
William Shakespeare
viii
RESUMO
ANÁLISE DA COMPLEMENTAÇÃO DAS FUNÇÕES DE
MOBILIZAÇÃO DO PLASMÍDEO BACTERIOCINOGÊNICO pRJ9 DE
Staphylococcus aureus PELO GENE mobD
Bruna Gonçalves Coutinho
Marcus Lívio Varella Coelho e Maria do Carmo de Freire Bastos
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
(Microbiologia), Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em
Ciências Biológicas.
O pRJ9 (10,4 kb) é um plasmídeo bacteriocinogênico que codifica a aureocina A53. Este
plasmídeo está originalmente presente na estirpe Staphylococcus aureus A53, que foi isolada
de leite comercial, juntamente com outras estirpes de S. aureus, também produtoras de
bacteriocina, como a aureocina A70, codificada pelo pRJ6 (7,9 kb). Esses dois plasmídeos
apresentam uma grande região de homologia, onde estão presentes os genes associados a
processos de mobilização plasmideal. Entretanto, o pRJ6 apresenta quatro genes mob (mobA,
mobB, mobC e mobD), enquanto o pRJ9 possui apenas três (mobA, mobB e mobC). Quando
os produtos destes genes foram comparados entre si, pôde-se observar uma similaridade de
mais de 90% para cada proteína. Além disso, foi possível encontrar, na sequência do pRJ9,
uma provável região oriT, praticamente idêntica à encontrada para o pRJ6. Contudo, em
experimentos anteriores, apenas foi possível se detectar a mobilização do pRJ6 e não do pRJ9.
Neste estudo, a transcrição dos genes mob do plasmídeo pRJ9 foi comprovada por
experimentos de RT-PCR, que revelaram ainda, que os genes mob neste plasmídeo são
transcritos como um operon. Para se verificar se as funções Mob do pRJ9 eram passíveis de
complementação in trans pelas funções Mob do pRJ6, foram realizados experimentos de
conjugação, utilizando-se, como doadora, uma estirpe de S. aureus possuidora dos plasmídeos
pRJ6, pRJ9::Tn551 (pRJ14) e do plasmídeo conjugativo pGO1. Estes experimentos
mostraram que o pRJ9 se torna mobilizável na presença do pRJ6. Uma vez que as regiões
oriTs encontradas nestes dois plasmídeos apresentam alta identidade, a provável região oriT
do plasmídeo pRJ9 foi clonada em um vetor de S. aureus, dando origem ao plasmídeo pRJ98,
que foi utilizado em experimentos de conjugação, na presença do plasmídeo pRJ6. Os
resultados destes experimentos mostraram que as funções Mob codificadas pelo pRJ6 são
capazes de reconhecer a região oriT do pRJ9, mobilizando o plasmídeo pRJ98, o que
comprovou a funcionalidade da região oriT do pRJ9. Como a única diferença significativa
encontrada nas regiões mob dos plasmídeos pRJ6 e pRJ9 é a presença do gene mobD no
primeiro, acreditava--se que a ausência deste gene no pRJ9 era a responsável pela
incapacidade de mobilização deste plasmídeo. Por este motivo, o gene mobD foi clonado em
um vetor de S. aureus e esta construção foi inserida em uma estirpe possuidora dos
plasmídeos pRJ14 e pGO1. Experimentos de conjugação com esta estirpe revelaram que,
mesmo na presença da proteína MobD, o plasmídeo pRJ9 não se torna mobilizável, indicando
que a ausência do gene mobD não é a responsável pela incapacidade de mobilização do pRJ9.
Estudos anteriores com o pRJ6 indicaram uma possível participação do gene aurT na
mobilização deste plasmídeo, uma vez que a inserção de um transpóson neste gene tornava o
plasmídeo incapaz de se mobilizar. O gene aurT codifica um transportador do tipo ABC,
nunca antes descrito como envolvido em mobilização plasmideal. O plasmídeo pRJ9 não
ix
apresenta nenhum gene que codifique um transportador com uma estrutura semelhante.
Portanto, é necessário se investigar a participação deste gene na mobilização destes dois
plasmídeos.
Palavras-chave: mobilização plasmideal, conjugação bacteriana, Staphylococcus spp.,
bacteriocinas, plasmídeos.
Rio de Janeiro
Setembro de 2010
x
ABSTRACT
ANALYSES OF THE COMPLEMENTATION OF THE MOBILIZATION
FUNCTIONS OF THE BACTERIOCINOGENIC PLASMID pRJ9 FROM
Staphylococcus aureus BY THE mobD gene
Bruna Gonçalves Coutinho
Marcus Lívio Varella Coelho e Maria do Carmo de Freire Bastos
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
(Microbiologia), Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em
Ciências Biológicas.
The pRJ9 (10.4 kb) is a bacteriocinogenic plasmid encoding aureocin A53. This plasmid is
present in the strain S. aureus A53, which was isolated from commercial milk, along with
other strains of S. aureus, also producing bacteriocin, such as aureocin A70, encoded by pRJ6
(7.9 kb). These two plasmids have a large region of homology, where genes associated with
plasmid mobilization were found. However, pRJ6 has four mob genes (mobC, mobD, mobA
and mobB), while pRJ9 has only three (mobA, mobC and mobB). When the products of these
genes were compared, a similarity of more than 90% could be observed for each protein.
Furthermore, it was found, in the sequence of pRJ9, a putative oriT region almost identical to
that of pRJ6. However, in previous experiments, mobilization was only detected for plasmid
pRJ6 but not for pRJ9. In this study, the transcription of the mob genes from plasmid pRJ9
was confirmed by RT-PCR. These experiments also revealed that the mob genes in this
plasmid are transcribed as an operon. To test if the Mob functions of pRJ9 could be
complemented in trans by the Mob functions of pRJ6, conjugation experiments were
performed, using as donor a strain of S. aureus carrying the plasmids pRJ6, pRJ9::Tn551
(pRJ14) and the conjugative plasmid pGO1. These experiments showed that pRJ9 becomes
mobilized in the presence of pRJ6. Since the oriT regions found in these two plasmids have
high identity, the putative oriT region of plasmid pRJ9 was cloned into a S. aureus vector,
giving rise to plasmid pRJ98, which was used in conjugation experiments in the presence of
plasmid pRJ6. The results of these experiments showed that Mob functions encoded by pRJ6
are able to recognize the oriT region of pRJ9, mobilizing the plasmid pRJ98, which confirmed
the functionality of the oriT region of pRJ9. As the only significant difference found in the
mob regions of plasmids pRJ6 and pRJ9 is the presence of gene mobD in the former, it was
believed that the absence of this gene in pRJ9 was responsible for the lack of mobilization of
this plasmid. For this reason, the mobD gene was cloned into a S. aureus vector and this
plasmid was inserted into a strain possessing the plasmids pRJ14 and pGO1. Conjugation
experiments with this strain revealed that, even in the presence of protein MobD, the plasmid
pRJ9 does not become mobilized, indicating that the absence of mobD gene is not responsible
for the lack of mobilization of pRJ9. Previous studies with pRJ6 indicated a possible role for
the aurT gene in the mobilization of this plasmid since the insertion of a transposon in this
gene made the plasmid unable to mobilize. The aurT gene encodes an ABC transporter that
was never found to be involved in plasmid mobilization before. The plasmid pRJ9 does not
encode an ABC transporter with a similar structure to that of AurT. So it is necessary to
investigate the involvement of aurT in the mobilization of these two plasmids.
xi
Key-words: plasmid mobilization, bacterial conjugation, Staphylococcus spp., bacteriocins,
plasmids
Rio de Janeiro
Setembro de 2010
xii
ÍNDICE
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
1.1 - Gênero Staphylococcus
1.1.1 - Características gerais
1.1.2 - Staphylococcus coagulase-positivos
1.1.3 - Staphylococcus coagulase-negativos
1.2 Bacteriocinas
1.2.1 - Características gerais
1.2.2 - Potencial de uso das bacteriocinas
1.2.3 - Bacteriocinas produzidas por Staphylococcus
1.2.4 - Bacteriocinas produzidas por estirpes de S. aureus, estudadas em nosso
laboratório
1.3 - Conjugação Bacteriana
1.3.1 - Características gerais
1.3.2 - Modelos de sistemas conjugativos
1.3.2.1 - Formação do relaxossomo
1.3.2.2 - Formação do contato celular e transferência da fita T
2 OBJETIVOS
2.1 - Objetivos gerais
2.2 - Objetivos específicos
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
29
3.1 - Estirpes bacterianas e condições de cultivo
29
3.2 - Confirmação da transcrição dos genes mob por experimentos de RT-PCR
29
3.2.1 - Extração de RNA da estirpe S. aureus A53
31
3.2.2 - Tratamento da preparação de RNA com DNase I
31
3.2.3 - RT-PCR realizada com o RNA extraído da estirpe S. aureus A53
32
xiii
3.3 - Construção de uma estirpe de S. aureus possuidora dos plasmídeos pRJ14, pRJ6 e
pGO1 por experimentos de conjugação
34
3.3.1 - Extração de DNA plasmideal de Staphylococcus spp.
35
3.3.2 - Eletroforese de DNA em gel de agarose
36
3.4 - Seleção da estirpe receptora para os experimentos de conjugação com a estirpe S.
aureus MB367
36
3.4.1 - Obtenção de mutantes espontâneos resistentes à rifampicina e ao ácido
fusídico
37
3.5 - Conjugação entre as estirpes S. aureus MB367 e MB374
37
3.6 - Análise dos transconjugantes Em
R
, Rif
R
, Fus
R
38
3.6.1 - Teste da resistência dos transconjugantes à Gm
38
3.6.2 - Teste da produção de bacteriocina pelos transconjugantes
38
3.6.3 - Extração de DNA plasmideal dos transconjugantes e EGA
38
3.7 - Clonagem da provável região oriT do plasmídeo pRJ9 no vetor de S. aureus pCN37
39
3.7.1 - Extração de DNA plasmideal da estirpe S. aureus A53, que contém o
plasmídeo pRJ9
39
3.7.2 - Amplificação da provável região oriT do plasmídeo pRJ9
40
3.7.3 - Purificação do produto da PCR
40
3.7.4 - Quantificação das soluções de DNA por comparação com o padrão "-
HindIII"
40
3.7.5 - Ligação do fragmento amplificado ao vetor pGEM
®
-T Easy
41
3.7.6 - Preparação das células termocompetentes de E. coli
41
3.7.7 - Transformação das células competentes de E. coli com o produto da ligação
41
3.7.8 - Extração de DNA plasmideal de E. coli
42
3.7.9 - Sequenciamento dos clones de E. coli contendo a provável região oriT do
plasmídeo pRJ9 inserida no vetor pGEM
®
-Teasy
42
3.7.10 - Análise das sequências de DNA obtidas usando-se o programa ClustalX
43
3.7.11 - Extração de DNA da estirpe E. coli Ec111 contendo o plasmídeo pCN37
43
3.7.12 - Digestão do DNA dos plasmídeos pCN37 e pRJ93
43
3.7.13 - Eluição do DNA da agarose
43
3.7.14 - Tratamento do produto da digestão do pCN37 com fenol:clorofórmio-álcool
isoamílico
44
3.7.15 - Ligação do fragmento oriT ao plasmídeo pCN37
44
xiv
3.7.16 - Tratamento do produto da ligação com álcool isobutílico
44
3.7.17 - Preparo de células eletrocompetentes e transformação de S. aureus com o
produto da ligação
45
3.7.18 - Análise dos transformantes de S. aureus com o produto da ligação do
fragmento oriT ao plasmídeo pCN37
45
3.8 - Transferência dos plasmídeos pRJ98 e pCN37 para a estirpe S. aureus A70 e do
plasmídeo pRJ98 para a estirpe S. aureus MB108
46
3.8.1 - Propagação do fago 80α nas estirpes S. aureus MB429 e MB387
46
3.8.2 - Transdução dos plasmídeos pRJ98 e pCN37 com o fago 80α para a estirpe S.
aureus A70 e do plasmídeo pRJ98 para a estirpe S. aureus MB108
47
3.9 - Transferência do plasmídeo conjugativo pGO1 por experimentos de conjugação
para as estirpes geradas
47
3.10 - Experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes S. aureus MB464, MB465 e
MB476 como doadoras
47
3.11 - Clonagem do gene mobD do plasmídeo pRJ6 no vetor de S. aureus pT181mcs
48
3.11.1 - Amplificação do gene mobD do plasmídeo pRJ6
48
3.11.2 - Digestão do DNA do vetor pT181mcs e do amplicon mobD
49
3.11.3 - Ligação do fragmento mobD ao vetor pT181mcs
49
3.11.4 - Transformação de S. aureus com o produto da ligação
50
3.11.5 - Sequenciamento do fragmento mobD inserido no pRJ107
50
3.12 - Transferência do plasmídeo pRJ107 para a estirpe S. aureus MB126
50
3.13 - Confirmação da transcrição do gene mobD no plasmídeo pRJ107 por
experimentos de RT-PCR
51
3.14 - Experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe S. aureus MB491 como
doadora
51
4 RESULTADOS
52
4.1 - Confirmação da transcrição dos genes mob por experimentos de RT-PCR
52
4.2 - Construção da estirpe heteroplasmideal S. aureus MB367
52
4.3 - Seleção da estirpe receptora para os experimentos de conjugação com a estirpe S.
aureus MB367
53
4.4 - Conjugação entre as estirpes S. aureus MB367 e MB374
54
4.5 - Clonagem da provável região oriT do plasmídeo pRJ9 no vetor de S. aureus
pCN37
55
xv
4.5.1 - Sequenciamento dos clones contendo a região oriT do plasmídeo pRJ9
56
4.5.2 - Clonagem do fragmento oriT no vetor pCN37
56
4.6 - Construção das estirpes S. aureus MB464, MB465 e MB476
58
4.7 - Experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes S. aureus MB464, MB465 e
MB476 como doadoras
59
4.8 - Clonagem do gene mobD do plasmídeo pRJ6 no vetor de S. aureus pT181mcs
60
4.9 - Construção da estirpe S. aureus MB491
63
4.10 - Confirmação da transcrição do gene mobD por experimentos de RT-PCR
64
4.11 - Experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe S. aureus MB491 como
doadora
65
5 DISCUSSÃO
66
6 CONCLUSÕES
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
76
xvi
ABREVIATURAS E SIGLAS
ABC ATP- Binding Cassette (Cassete Ligante de ATP)
Ap Ampicilina
Bac Bacteriocina(s)
BHI Brain and Heart Infusion (Infusão de Cérebro e Coração)
CDC Centers for Disease Control and Prevention (Centros para Controle e Prevenção de
Doenças)
cDNA DNA Complementar
Crom Cromossomo
Da Dalton(s)
D/Asp Ácido Aspártico
DEPC Dietil-Pirocarbonato
dNTP Deoxinucleotídeo(s) Trifosfatado(s)
ECI Elemento Conjugativo Integrativo
EGA Eletroforese em Gel de Agarose
E/Glu Ácido Glutâmico
Em Eritromicina
ETA/B Exfoliative Toxins A e B (Toxinas Esfoliativas A e B)
Fus Ácido Fusídico
G/Gly Glicina
Gm Gentamicina
GRAS Generally Recognized As Safe (Geralmente Reconhecido Como Seguro)
H/His Histidina
IPTG Isopropil-tio-β-galactosídeo
kb Quilobase(s), 1.000 pb
kDa Quilodalton(s), 1.000 Da
LB Luria-Bertani
L/Leu Leucina
Mob Mobilização
Mpf Mating-pair Formation (Contato Celular)
MRSA Methicillin Resistant Staphylococcus aureus (Staphylococcus aureus Resistentes à
Meticilina)
N/Asn Asparagina
xvii
NCTC National Collection of Type Cultures
ND Não Determinado
NEB New England Biolabs
nt Nucleotídeo(s)
OC Open Circle (Forma Circular Aberta)
ORF Open Reading Frame (Quadro de Leitura Aberto)
oriT Origem de Transferência
pb Par(es) de Bases
PCR Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase)
pI Ponto Isoelétrico
P/Pro Prolina
p/v Peso por Volume
R/Arg Arginina
RBS Ribosomal Binding Site (Sítios de Ligação aos Ribossomos)
RI Repetições Invertidas
Rif Rifampicina
rpm Rotações por Minuto
RT-PCR Reverse-Transcription Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da
Polimerase após Transcrição Reversa)
SC Supercoiled (Super-hélice)
SCN Staphylococcus coagulase-negativo(s)
SCP Staphylococcus coagulase-positivo(s)
SEA-O Staphylococcal Enterotoxins A-O (Enterotoxinas Estafilocócicas dos tipos A a O)
SLT Soluble Lytic Transglycosylase (Transglicosilase Lítica Solúvel)
ssDNA DNA de fita simples
S/Ser Serina
sso Single Strand Origin (Origem de Fita Simples)
Tc Tetraciclina
Tra Transferência
TSB Tryptic Soy Broth (Caldo Tríptico de Soja)
TSST-1 Toxic Shock Syndrome Toxin 1 (Toxina da Síndrome do Choque Tóxico 1)
TTS Transcription Termination Site (Sítio de Terminação da Transcrição)
U Unidade(s)
UFP Unidades formadoras de placa de lise
xviii
v/v Volume por volume
V/Val Valina
VISA Vancomycin Intermediate Staphylococcus aureus (Staphylococcus aureus com
Resistência Intermediária à Vancomicina)
VRSA Vancomycin Resistant Staphylococcus aureus (Staphylococcus aureus Resistentes à
Vancomicina)
xg Gravidade(s)
X-Gal 5-bromo-4-cloro-3-indolil-β-D-galactopiranosídeo
W/Trp Triptofano
Y/ Tyr Tirosina
Nota: A letra “R”, quando usada como sobrescrito de uma sigla de antibiótico, significa
resistência à (ao).
1
1- INTRODUÇÃO
1.1- Gênero Staphylococcus
1.1.1- Características gerais
Os estafilococos pertencem à família Staphylococcaceae (BANNERMAN &
PEACOK, 2007) e têm o nome do seu gênero derivado do grego que significa “cacho de
uvas”, uma vez que a divisão celular desses cocos pode ocorrer em vários planos, formando,
assim, cachos irregulares (LYON & SKURRAY, 1987).
O gênero Staphylococcus é composto por 43 espécies e 24 subespécies e seu genoma
contém de 30 a 45% de bases G+C (EUZÉBY, 2010). Ele é formado por bactérias Gram-
-positivas, aeróbias facultativas, catalase-positivas e que têm como hábitats mais comuns o
trato respiratório superior e a superfície da pele de mamíferos e de pássaros, fazendo parte da
microbiota anfibiôntica desses animais. Entretanto, é possível se encontrar, ainda,
Staphylococcus spp. fazendo parte da microbiota intestinal de lagartas, como as da espécie
Manduca sexta (VAN DER HOEVEN, BETRABET & FORST, 2008), de comunidades
bacterianas isoladas de recifes de corais (LAMPERT et al., 2008) e de rejeitos de minas de
zinco e de chumbo (ZHANG et al., 2007). Além disso, estes microrganismos podem ser
encontrados em hábitats extremos, como em altas altitudes, na presença de metais pesados,
com altas concentrações de sal e de incidência de radiação UV (DIB et al., 2008).
Apesar de estarem presentes normalmente na superfície do corpo humano, raramente
causam alguma doença. Infecções estafilocócicas irão ocorrer, geralmente, se a resistência do
hospedeiro estiver baixa, como ocorre com a utilização de esteroides ou outras drogas anti-
-inflamatórias, presença de ferimentos na pele ou doenças debilitantes (BANNERMAN &
PEACOCK, 2007).
Este gênero pode ser dividido em Staphylococcus coagulase-positivos (SCP), que são
capazes de produzir uma enzima que coagula o sangue, a coagulase, e são representados
principalmente pela espécie S. aureus, e em Staphylococcus coagulase-negativos (SCN), que
não são capazes de produzir a coagulase (BANNERMAN & PEACOCK, 2007; EUZÉBY,
2010).
1.1.2- Staphylococcus coagulase-positivos
A primeira espécie desse grupo a ser identificada foi S. aureus, aproximadamente
um século. Desde essa época, ela era associada a uma série de infecções purulentas, como
feridas cutâneas e a sepse pós-operatória da pele, além de patologias mais sérias, como
2
pneumonias, meningites e infecções intra-abdominais e do sangue (KLOOS & SCHLEIFER,
1986; LYON & SKURRAY, 1987; BANNERMAN & PEACOCK, 2007; CHAMBERS &
DELEO, 2009). Até hoje, esta espécie continua sendo a de maior importância médica, sendo a
maior causadora de infecções nosocomiais e adquiridas na comunidade (FOURNIER &
PHILPOTT, 2005; BANNERMAN & PEACOCK, 2007; CHAMBERS & DELEO, 2009).
O hábitat mais comum dos S. aureus é a narina anterior (KLUTYMANS, VAN
BELKUM & VERBRUGH, 1997). Estudos mostraram que cerca de 35% da população
carreiam este microrganismo em sua microbiota nasal, entretanto, essa porcentagem varia de
acordo com a idade, a raça e o estado de saúde do indivíduo. No caso de neonatos, cerca de
30% são colonizados por S. aureus dentro de uma semana após o nascimento, embora grande
parte desses recém-nascidos seja contaminada ainda no hospital, geralmente através da equipe
de enfermagem (LADHANI et al., 1999; CHAMBERS & DELEO, 2009). Estudos sugerem
que a presença desta bactéria nas narinas é um fator de risco para o desenvolvimento de
infecção, uma vez que as taxas de infecção são maiores em portadores do que em não
portadores, e pacientes com sepse causada por S. aureus estão normalmente infectados com
sua própria cepa (KOREEN et al., 2004).
As patologias mais graves causadas por S. aureus são: abscessos, bacteriemia,
infecções do sistema nervoso central, endocardites, osteomielites e diversas síndromes, como
a síndrome da pele escaldada, a intoxicação alimentar e a síndrome do choque tóxico (GILL
et al., 2005; BANNERMAN & PEACOCK, 2007).
Os sintomas e a gravidade das infecções causadas por S. aureus são consequências dos
diversos fatores de virulência deste microrganismo, podendo-se citar: a coagulase, que resulta
na acumulação de fibrina ao redor das células bacterianas, tornando-as resistentes à
fagocitose; as hemolisinas, que são capazes de promover lise celular, principalmente de
hemácias; as nucleases, as proteases, as lipases, a hialuronidase e a colagenase, que facilitam
a invasão dos tecidos do hospedeiro; as toxinas esfoliativas (ETA e ETB), que promovem a
descamação da pele e choque; a leucocidina, que promove a lise celular de leucócitos; as
enterotoxinas estafilocócicas (SEA, SEB, SEC
1
, SEC
2
, SEC
3
, SED, SEE, SEG, SEH, SEI,
SEJ, SEK, SEL, SEM, SEO, entre outras), que causam intoxicação alimentar; a toxina da
síndrome do choque tóxico 1 (TSST-1), causadora de choque sistêmico, além do biofilme,
que promove a aderência da bactéria à superfície de biomateriais e a proteção contra
antibióticos e contra o sistema imune (DINGES, ORWIN & SCHLIEVERT, 2000;
CUCARELLA et al., 2004; CUNHA, CALSOLARI & JÚNIOR, 2007; QIU et al., 2010).
3
Além de todos os fatores de virulência descritos, o uso indiscriminado de
antibióticos, principalmente meticilina e outras penicilinas, tem levado a uma sucessiva
seleção de genes de resistência aos antibióticos, aumentando, assim, o número de estirpes
multirresistentes e dificultando o tratamento e o controle das infecções causadas por S.
aureus. Atualmente, mais de 60% das estirpes isoladas são resistentes à meticilina (MRSA),
havendo algumas simultaneamente resistentes a mais de 20 agentes antimicrobianos
(HIRAMATSU et al., 1997; ROBINSON & ENRIGHT, 2003; GILL et al., 2005; DANCER,
2008). A propagação dos MRSA é contínua e a incidência de infecções por MRSA,
adquiridas na comunidade, tem aumentado nos últimos anos (LECLERCQ, 2009).
Com o aumento da resistência à meticilina em S. aureus, outros antibióticos têm sido
utilizados no tratamento de infecções severas causadas por este grupo de bactérias. O
glicopeptídeo vancomicina tem sido considerado a droga de escolha para o tratamento de
infecções causadas pelos MRSA. Entretanto, o aparecimento de cepas com resistência
intermediária (VISA) e com resistência total (VRSA) a este antibiótico demonstra a
necessidade de um uso mais prudente da vancomicina (TENOVER, BIDDLE &
LANCASTER, 2001; CDC, 2002 e 2004; CHUNG et al., 2010).
Como não existem vacinas para a prevenção de doenças estafilocócicas, medidas de
controle de infecções hospitalares são de grande importância para a prevenção de infecções
nosocomiais. Por isso, orientações para aplicação hospitalar com este objetivo estão
disponíveis (MUTO et al., 2003; BANNERMAN & PEACOCK, 2007). As recomendações
continuam incluindo a precaução no contato com pacientes colonizados ou infectados com
MRSA, mas também sugerem que os hospitais implementem um programa ativo de vigilância
de culturas para identificar possíveis reservatórios em pacientes de alto risco carreando
MRSA no momento da admissão hospitalar.
1.1.3 Staphylococcus coagulase-negativos
Até os anos 70, acreditava-se que os SCN eram microrganismos não patogênicos da
pele, sendo vistos apenas como contaminantes de amostras clínicas (KLOOS &
BANNERMAN, 1994; MASON et al., 2001; KASSIS et al., 2009).
O interesse neste grupo de microrganismos cresceu, uma vez que eles foram
identificados como patógenos oportunistas em pacientes imunocomprometidos e em
tratamento hospitalar intensivo, como pacientes com neoplasias, transplantados e que fazem
uso de próteses ou cateteres intravasculares (BANNERMAN & PEACOCK, 2007).
4
As primeiras espécies descritas deste grupo foram S. epidermidis, S. saprophyticus e S.
haemolyticus. Nas últimas décadas, mais de 30 espécies de SCN foram descritas, sendo que a
metade pode ser patogênica para o homem. As espécies restantes são associadas a animais
domésticos e de fazendas (VON EIFF, PETERS & HEILMANN, 2002; BANNERMAN &
PEACOCK, 2007).
As principais patologias causadas por SCN são relacionadas com procedimentos
médicos invasivos, causando, desta forma, endocardites, peritonites, infecções de próteses,
meningites, ventriculites e septicemias (HUEBNER & GOLDMANN, 1999; VON EIFF,
PETERS & HEILMANN, 2002; BANNERMAN & PEACOCK, 2007; PIETTE &
VERSCHRAEGEN, 2009; ROGERS, FEY & RUPP, 2009).
Um dos fatores que podem explicar a frequente colonização pelos SCN é a produção
de polissacarídeos extracelulares responsáveis pela formação do biofilme na superfície dos
biomateriais. Este biofilme atua como uma barreira contra o reconhecimento pelo sistema
imune e a penetração de agentes antimicrobianos, tornando a erradicação desse
microrganismo ainda mais difícil (KLOOS & BANNERMAN, 1994; GÖTZ, 2002; OTTO,
2008; OTTO, 2009; ROGERS, FEY & RUPP, 2009). A espécie de SCN mais estudada
quanto à formação do biofilme em implantes cirúrgicos é S. epidermidis (SOULI &
GIAMARELLOU, 1998; AMMENDOLIA et al., 1999; VON EIFF, PETERS &
HEILMANN, 2002; McCANN, GILMORE & GORMAN, 2008; OTTO, 2009).
Além da produção de biofilme, esses microrganismos ainda possuem diversos fatores
de virulência, tais como: a produção de elastase, que é capaz de degradar IgM, IgA, albumina,
fibrinogênio e fibronectina; lipases; enterotoxinas estafilocócicas (SEA, SEB e SEC) e a
toxina da síndrome do choque tóxico 1 (TSST-1) (VON EIFF, PETERS & HEILMANN,
2002; CUNHA, CALSOLARI & JÚNIOR, 2007; ZELL et al., 2008).
Nas últimas décadas, o aparecimento de estirpes SCP e SCN resistentes aos
antibióticos mais utilizados tem se tornado uma preocupação mundial (RAJALA-SCHULTZ
et al., 2009). Por este motivo, a elaboração de formas terapêuticas alternativas mais eficazes
para o controle e a prevenção de infecções estafilocócicas em animais e humanos é essencial.
Uma das alternativas que tem se mostrado bastante promissora seria o uso de bacteriocinas
(DIEP & NES, 2002; BARKEMA, SCHUKKEN & ZADOKS, 2006; BASTOS et al., 2009;
NISSEN-MEYER et al., 2009).
5
1.2 Bacteriocinas
1.2.1- Características gerais
Bacteriocinas (Bac) são proteínas ou peptídeos antimicrobianos que possuem a
capacidade de matar ou de inibir o crescimento de estirpes de uma mesma espécie ou de
outras ecologicamente relacionadas à bactéria produtora (JACK, TAGG & RAY, 1995;
HENG et al., 2007). As bacteriocinas são sintetizadas via ribossomos e, em bactérias Gram-
-positivas, costumam ser de baixo peso molecular, termoestáveis e altamente catiônicas (NES
et al., 1996; PESCHEL & SAHL, 2006; HENG et al., 2007; BASTOS et al., 2009). Quanto
ao seu espectro de ação, as bacteriocinas podem inibir somente estirpes da mesma espécie ou
ter atividade até mesmo sobre espécies pertencentes a outros gêneros bacterianos (COTTER,
HILL & ROSS, 2005).
uma grande diversidade de bactérias descritas como produtoras de bacteriocinas
e esta ampla difusão de espécies produtoras se dá, principalmente, pelo fato de os genes
codificadores serem encontrados muitas vezes em plasmídeos e em transpósons conjugativos.
Entretanto, vários determinantes genéticos para a produção de bacteriocinas estão presentes
no cromossomo (JACK, TAGG & RAY, 1995; COTTER, HILL & ROSS, 2005), podendo
ainda fazer parte do genoma de profagos (LAZAREVIC et al., 1999).
Vários modelos de ação foram propostos para os peptídeos antimicrobianos
bactericidas, produzidos por bactérias: i formando poros na membrana, que alteram o
potencial de membrana, o gradiente de prótons ou a força próton-motriz, promovendo o
extravasamento de ácidos aminados, ATP e outros compostos, como é visto para as
bacteriocinas Pep5, epidermina e aureocina A53 (SAHL & BIERBAUM, 1998; ENNAHAR
et al., 2000; BASTOS et al., 2009); ii exibindo atividade de nuclease quando penetram na
célula, como fazem algumas bacteriocinas produzidas por Escherichia coli (JACK, TAGG,
RAY, 1995); iii impedindo a síntese da parede celular ou promovendo a sua degradação,
como atua a lisostafina (SCHINDLER & SCHUHARDT, 1965; BASTOS, COUTINHO &
COELHO, 2010), e iv impedindo a germinação de esporos, como foi descrito para a nisina
(MORRIS, WALSH & HANSEN, 1984; SAHL & BIERBAUM, 1998).
As bacteriocinas formam um grupo muito heterogêneo de proteínas e peptídeos, sendo
por isso de difícil classificação. Na literatura, são sugeridas algumas formas de classificação
de bacteriocinas produzidas por bactérias Gram-positivas. Atualmente, três diferentes classes
estão estabelecidas, de acordo com as suas características estruturais e de atividade: classe I
ou lantibióticos, pequenos peptídeos (menores do que 5 kDa) caracterizados por apresentarem
ácidos aminados modificados pós-tradução, como a lantionina, a β-metil-lantionina, e ácidos
6
aminados desidratados como a dideidroalanina e a dideidrobutirina; classe II, pequenos
peptídeos (menores do que 10 kDa), termoestáveis, que não apresentam ácidos aminados
modificados pós-tradução em sua estrutura, e classe III, peptídeos grandes (maiores do que 10
kDa), termolábeis (COTTER, HILL & ROSS, 2005; NISSEN-MEYER et al., 2009).
As bacteriocinas das classes I e II são as mais estudadas e, por isso, com o modo de
ação melhor elucidado, uma vez que são as mais abundantes e as que apresentam um maior
potencial de emprego industrial (BIERBAUM & SAHL, 2009; NISSEN-MEYER et al.,
2009).
Até a presente data, foram descritos lantibióticos produzidos por bactérias Gram-
-positivas e eles atuam principalmente, se não exclusivamente, em outras bactérias Gram-
-positivas (BIERBAUM & SAHL, 2009). Recentemente, uma nova classificação para os
lantibióticos foi proposta, reagrupando esses peptídeos em quatro novas subclasses:
lantibióticos do tipo A, do tipo B, do tipo C ou do tipo D (BIERBAUM & SAHL, 2009;
CEOTTO, 2009).
Os lantibióticos do tipo A são peptídeos mais flexíveis e alongados que atuam sobre a
membrana plasmática. Este grupo inclui, por exemplo, a epicidina 280 e a nisina
(McAULIFFE, ROSS & HILL, 2001; BIERBAUM & SAHL, 2009).
Os lantibióticos do tipo B são moléculas globulares rígidas que atuam inibindo a
atividade de enzimas essenciais, como as envolvidas na síntese da parede celular. As
bacteriocinas duramicina, cinamicina e mersacidina são exemplos deste grupo (SAHL, JACK
& BIERBAUM, 1995; McAULIFFE, ROSS & HILL, 2001; COTTER, HILL & ROSS, 2005;
BIERBAUM & SAHL, 2009).
Os lantibióticos do tipo C são lantibióticos formados por dois componentes, possuindo
dois peptídeos modificados que, individualmente, apresentam pouca ou nenhuma atividade,
mas que possuem uma forte ação antibacteriana quando em sinergismo. Estes lantibióticos
podem atuar formando poros na membrana, como é o caso da lacticina 3147 e da
estafilococcina C55 (MORGAN et al., 2005; HENG et al., 2007).
os lantibióticos do tipo D compreendem aqueles peptídeos com atividade
antimicrobiana reduzida, ou que não possuem atividade bactericida, como é o caso da
bacteriocina SapT (BIERBAUM & SAHL, 2009).
Os peptídeos da classe II possuem uma estrutura helicoidal anfipática que lhes permite
se inserir na membrana plasmática das células-alvo, promovendo assim a formação de poros,
a despolarização da membrana e a morte celular (ENNAHAR et al., 2000; DRIDER et al.,
2006; NISSEN-MEYER et al., 2009). De acordo com suas características, esta classe pode ser
7
dividida em quatro subclasses: bacteriocinas de classe II do tipo a, do tipo b, do tipo c e do
tipo d (NISSEN-MEYER et al., 2009).
As bacteriocinas do tipo a da classe II, ou bacteriocinas do tipo pediocina, apresentam
um espectro de ação reduzido, no entanto, têm alta atividade específica contra Listeria
monocytogenes, um importante patógeno alimentar, causador de listeriose (ENNAHAR et al.,
2000). Os peptídeos deste grupo contêm entre 37 e 48 ácidos aminados e apresentam na
região amino-terminal uma sequência conservada Tyr-Gly-Asn-Gly-Val/Leu, presente no
peptídeo final (NISSEN-MEYER et al., 2009). As bacteriocinas leucocina A e pediocina
PA-1 são exemplos desta subclasse (DRIDER et al., 2006).
A subclasse b das bacteriocinas de classe II é formada por bacteriocinas compostas por
dois peptídeos diferentes. Em alguns casos, os dois peptídeos são essenciais para que haja
atividade antimicrobiana, como as lactococcinas Gα/Gβ (NISSEN-MEYER et al., 1992).
Estão incluídas no tipo c da classe II, as bacteriocinas cíclicas, cujo primeiro e o
último ácidos aminados do peptídeo maduro estão ligados covalentemente, como acontece
com a enterocina AS-48 (MAQUEDA et al., 2008).
Por fim, a subclasse IId é composta pelas bacteriocinas formadas por um único
peptídeo, que não sofre modificações após a tradução e que não é do tipo pediocina, como a
aureocina A53 (NETZ et al., 2002).
Embora Nissen-Meyer e colaboradores (2009) classifiquem a aureocina A70 como
pertencente à subclasse IId, foi proposto por Ceotto (2009) a criação de uma quinta subclasse
(IIe) que seria mais apropriada para esta bacteriocina, uma vez que ela é composta por quatro
peptídeos diferentes do tipo não pediocina (NETZ et al., 2001).
A maioria das bacteriocinas pertencentes às classes I e II é sintetizada com uma
sequência amino-terminal der, com aproximadamente 14-59 resíduos de ácidos aminados e
que é clivada antes, durante ou após a exportação (BIERBAUM & SAHL, 2009; NISSEN-
MEYER et al., 2009). Para alguns lantibióticos, sabe-se que esta clivagem é feita, geralmente,
por uma serina-protease. para bacteriocinas da classe II, acredita-se que um transportador
ABC seja responsável por esta clivagem e que este seja auxiliado por proteínas acessórias,
cujo papel não está bem esclarecido (NES et al., 1996; SAHL & BIERBAUM, 1998;
ENNAHAR et al., 2000; McAULIFFE, ROSS & HILL, 2001).
A classe III das bacteriocinas pode, ainda, ser dividida em dois grupos: tipo A e tipo
B. A subclasse A (bacteriolisinas) promove a morte das cepas sensíveis por lise celular
(COTTER, HILL & ROSS, 2005). Uma das representantes é a lisostafina, que causa hidrólise
das pontes de pentaglicina presentes na peptidoglicano de algumas espécies de
8
Staphylococcus (ROBINSON, HARDMAN & SLOAN, 1979; KING, BIEL & WILKINSON,
1980). A subclasse B (bacteriocinas não-líticas) promove a morte da estirpe sensível por
meios que não envolvem lise celular, como pela eliminação da força próton-motriz, gerando
extravasamento de ATP e posterior morte celular (HENG et al., 2007). Dentre as
bacteriocinas que fazem parte deste grupo, pode-se citar a disgalacticina e a estreptococcina
A-M57, que levam à morte celular por meios não-líticos, mas ainda desconhecidos (WONG,
TAGG & HYNES, 1981; SIMPSON & TAGG, 1983; HENG et al., 2004).
As estirpes produtoras de bacteriocinas têm desenvolvido um sistema de proteção
contra as suas próprias bacteriocinas. Este sistema é chamado de imunidade e tal imunidade é
conferida por genes expressos concomitantemente às bacteriocinas (MURIANA &
KLAENHAMMER, 1991; JACK, TAGG & RAY, 1995; NES et al., 1996; CRUPPER, GIES
& IANDOLO, 1997). Contudo, diferentemente das bacteriocinas, os sistemas de imunidade
apresentam baixíssima similaridade, mesmo quando comparados entre bacteriocinas
pertencentes às mesmas famílias (NES et al., 1996; SAHL & BIERBAUM, 1998;
ENNAHAR et al., 2000; BIERBAUM & SAHL, 2009; NISSEN-MEYER et al., 2009).
1.2.2- Potencial de uso das bacteriocinas
Nos últimos anos, as bacteriocinas, principalmente aquelas produzidas por bactérias do
ácido lático, têm sido muito estudadas, uma vez que possuem amplos espectros de inibição e
baixas concentrações desses produtos apresentam atividade. Dessa forma, elas apresentam
um grande potencial de aplicação como biopreservativos de alimentos industrializados,
inibindo diversos patógenos, como L. monocytogenes, e microrganismos envolvidos na
deterioração de alimentos. Além disso, as bacteriocinas estão surgindo como uma opção de
novos e potentes antimicrobianos, podendo ser usadas na prevenção e no controle de certas
doenças infecciosas causadas tanto em seres humanos, quanto em animais (DIEP & NES,
2002; BASTOS et al., 2009).
Apesar do grande potencial das bacteriocinas, apenas a nisina, produzida por
Lactococcus lactis, e a pediocina PA-1, produzida por Pediococcus acidilactici, foram
liberadas comercialmente para serem aplicadas amplamente em vários produtos alimentares,
sendo utilizadas como biopreservativos de alimentos (COTTER, HILL & ROSS, 2005;
GÁLVEZ et al., 2007). Outras bacteriocinas ainda precisam passar por testes para que sejam
usadas em culturas iniciadoras de processos fermentativos na indústria, reduzindo a
necessidade de se usar preservativos químicos possivelmente tóxicos, aumentando a
segurança dos alimentos fermentados (JACK, TAGG & RAY, 1995; COTTER, HILL &
9
ROSS, 2005; GÁLVEZ et al., 2007). Nesta busca, algumas características da cepa produtora e
da bacteriocina devem ser levadas em consideração, tais como: a estirpe produtora deve ser
reconhecida como geralmente segura (GRAS) e a bacteriocina: deve ser termoestável; o
pode causar riscos à saúde; deve ter um amplo espectro de inibição, que inclua patógenos;
quando incluída no produto, deve estar associada a efeitos benéficos, como segurança,
qualidade e sabor, e ela deve ter atividade altamente específica, não sendo tóxica (COTTER,
HILL & ROSS, 2005).
A nisina pode, ainda, ser aplicada no tratamento de diferentes infecções como as
causadas por Streptococcus pneumoniae multirresistentes a drogas (DIEP & NES, 2002). Esta
bacteriocina, por ter atividade também contra S. aureus, pode ser aplicada no controle da
mastite bovina, uma vez que este microrganismo é o principal patógeno causador desta
doença (BARKEMA, SCHUKKEN & ZADOKS, 2006). A mastite bovina é uma infecção
supurativa dos úberes das vacas, caracterizada pela secreção de grandes quantidades de pus,
de odor desagradável e rápido quadro progressivo de endurecimento, amolecimento e
eventual destruição tecidual da área afetada (JOUSIMIES-SOMER, PYÖRÄLÄ &
KANERVO, 1996). Por isso, a nisina é comercializada como agente ativo do Wipe-Out
[lenços contendo nisina (ImmuCell Corporation)] para a limpeza das tetas e prevenção da
mastite bovina, apresentando ótimos resultados no tratamento deste tipo de infecção bovina
(COTTER, HILL & ROSS, 2005).
A bacteriocina lacticina 3147, produzida por L. lactis, também tem apresentado grande
capacidade de prevenir a mastite bovina. Estudos com esta bacteriocina mostraram que a
mesma tem alta atividade contra um dos principais patógenos causadores da mastite bovina,
Streptococcus dysgalactiae (MEANEY et al., 1999; RYAN et al., 1999). Esta bacteriocina
também apresenta atividade sobre MRSA, Enterococcus spp. resistentes à vancomicina, S.
pneumoniae resistentes à penicilina, Propionibacterium acnes e Streptococcus mutans,
podendo ser aplicada no tratamento de infecções causadas por estes patógenos (GALVIN,
HILL & ROSS, 1999; GUINANE et al., 2005).
Com o aumento do número de estirpes bacterianas multirresistentes a antibióticos, fato
que superou a capacidade da indústria farmacêutica de produzir novos antibióticos com a
mesma velocidade com que novas resistências têm surgido, cresce a necessidade de métodos
alternativos de prevenção e de tratamento de infecções humanas e animais. Portanto, os
estudos com bacteriocinas são altamente importantes, não para a utilização das mesmas na
biopreservação de alimentos, mas, principalmente, para o controle de infecções bacterianas
causadas por cepas multirresistentes (JACK, TAGG & RAY, 1995; BASTOS et al., 2009).
10
A maioria dos genes codificadores de bacteriocinas está presente em plasmídeos e
alguns deles podem ser transferidos entre estirpes de uma mesma espécie, ou ainda, entre
estirpes de espécies ou gêneros diferentes, pelo mecanismo de conjugação bacteriana. Este
mecanismo de transferência horizontal de genes tem tido um papel fundamental na evolução
dos organismos procarióticos. Além disso, a conjugação se mostra uma importante ferramenta
para a aplicação de bacteriocinas em diversas áreas. A lacticina 3147, por exemplo, é
codificada pelo plasmídeo conjugativo pMRC01, o que permite que os genes codificadores da
bacteriocina sejam facilmente transferidos para diferentes estirpes de L. lactis. Este fato
permite a utilização de outras estirpes como produtoras de lacticina 3147 na indústria de
alimentos, uma vez que a sua produtora natural o pode ser empregada na fermentação de
produtos lácteos por estar associada à alteração do sabor (GUINANE et al., 2005).
1.2.3- Bacteriocinas produzidas por Staphylococcus spp.
O primeiro relato da ação inibitória de substâncias antimicrobianas do tipo
bacteriocina entre bactérias Gram-positivas foi feito por Babes, em 1885, que observou a
inibição de estafilococos por outros estafilococos durante o crescimento em meio sólido (apud
JACK, TAGG & RAY, 1995). Anos depois, foi observado por Fredericq que certas estirpes
de Staphylococcus spp. produziam substâncias capazes de inibir o crescimento de estirpes do
mesmo gênero e de outras bactérias Gram-positivas, mas não de bactérias Gram-negativas.
Essas substâncias foram nomeadas por ele estafilococcinas (FREDERICQ, 1946). Desde
então, algumas bacteriocinas produzidas por Staphylococcus spp. têm sido caracterizadas.
Das espécies de Staphylococcus, a mais estudada quanto à produção de bacteriocinas é
S. epidermidis. Dentre as bacteriocinas produzidas por esta espécie, as principais são a Pep5, a
epidermina, a epicidina 280 e a epilancina K7 (McAULIFFE, ROSS & HILL, 2001).
Entretanto, foram descritas bacteriocinas produzidas por várias outras espécies de
Staphylococcus (Tabela 1).
1.2.4- Bacteriocinas produzidas por estirpes de S. aureus estudadas em nosso
laboratório
Em nosso laboratório, o estudo de bacteriocinas se iniciou pela análise, na década de
80, de cepas de S. aureus isolados de alimentos comercializados, como leite, e de pacientes
não hospitalizados, por Giambiagi-deMarval et al. (1990), que verificaram que a produção de
substâncias antimicrobianas do tipo bacteriocina, nestas estirpes, estava relacionada a
plasmídeos. A comprovação de que esses plasmídeos eram os responsáveis pela produção
11
Tabela 1 - Bacteriocinas produzidas por Staphylococcus spp.
Bacteriocina
Estirpe produtora
Classe
Massa molecular
Elemento codificador
Referência
Pep5
S. epidermidis 5
I
3,48 kDa
pED503
ERSFELD-DRESSEN, SAHL & BRANDIS,
1984
Epidermina
S. epidermidis Tü3298
I
2,16 kDa
pTü32
ALLGAIER et al., 1986
Epicidina 280
S. epidermidis BN280
I
3 kDa
pCH01
HEIDRICH et al., 1998
Epilancina K7
S. epidermidis K7
I
3 kDa
Cromossomo
VAN DE KAMP et al., 1995
Estafilococcina C55α /
C55β
S. aureus C55
I
3,33 kDa / 2,99 kDa
pETB
NAVARATNA, SAHL & TAGG, 1998
Aureocina A70
S. aureus A70
II
4 peptídeos variando
entre 2,9 e 3,08 kDa
pRJ6
GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990
NETZ et al., 2001
Aureocina A53
S. aureus A53
II
6,02 kDa
pRJ9
GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990
NETZ et al., 2002
Nukacina 3299
S. simulans 3299
I
3 kDa
pRJ97
CEOTTO et al., 2010
Warnericina RB4
S. warneri RB4
I
2,96 kDa
ND
MINAMIKAWA et al., 2005
Nukacina ISK-1
S. warneri ISK-1
I
2,96 kDa
pPI-1
SASHIHARA et al., 2000
Nukacina KQU-131
S. hominis KQU-131
I
3 kDa
ND
WILAIPUN et al., 2008
Galidermina
S. gallinarum Tu3928
I
2,16 kDa
Cromossomo
KELLNER et al., 1988
Hyicina 3682
S. hyicus 3682
ND
ND
Cromossomo
FAGUNDES, 2008
Bac 4244
S. hyicus 4244
ND
ND
Cromossomo
SOUZA, 2010
ND, não determinado.
12
dessas substâncias foi feita através de experimentos de cura e de transferência gênica para
outras estirpes não possuidoras de plasmídeos, que passaram então a produzir bacteriocinas.
Os plasmídeos bacteriocinogênicos isolados foram nomeados pRJ6 (7,9 kb) e pRJ9 (10,4 kb)
e as bacteriocinas produzidas por eles, aureocinas A70 e A53, respectivamente
(GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990).
A aureocina A70 é sintetizada sem uma sequência-líder pela estirpe S. aureus A70,
isolada de leite comercial, e, por ser formada por quatro peptídeos não modificados, pode ser
agrupada na classe IIe. Os peptídeos formadores desta bacteriocina são altamente catiônicos e
hidrofóbicos, contendo 30 ou 31 ácidos aminados (NETZ et al., 2001). Esta bacteriocina
apresenta um amplo espectro de ação, inibindo bactérias Gram-positivas de diversos gêneros,
como Staphylococcus, Micrococcus, Corynebacterium, Paenibacillus, Lactobacillus,
Leuconostoc e Listeria, incluindo L. monocytogenes (OLIVEIRA et al., 1998a; GAMON et
al., 1999).
A aureocina A53 é produzida pela estirpe S. aureus A53, isolada de leite comercial.
Por ser formada por um único peptídeo não modificado e não ser sintetizada como um pré-
-peptídeo, com uma sequência-líder, a aureocina A53 é classificada como sendo da classe IId.
Esta bacteriocina é um peptídeo altamente catiônico e hidrofóbico com massa molecular de
6.021,5 Da, contendo 51 resíduos de ácidos aminados e rico em triptofano. Além disso, a
aureocina A53 é possuidora de uma alta estabilidade em meio extremamente ácido e em
presença de altas temperaturas. Ela possui, ainda, um amplo espectro de ação, inibindo
Streptococcus agalactiae envolvidos na mastite bovina, Enterococcus faecalis, Lactobacillus
casei, Lactococcus lactis, Paenibacillus polymyxa, Corynebacterium fimi e L. monocytogenes,
além de diversas estirpes de S. aureus envolvidas em mastite bovina e em infecções humanas
(OLIVEIRA et al., 1998b; GAMON et al., 1999; NASCIMENTO et al., 2006; COELHO et
al., 2007). Por estas características, esta bacteriocina apresenta um grande potencial
biotecnológico, podendo ser empregada como conservante de alimentos e no tratamento de
infecções bovinas e humanas.
Diferentemente da aureocina A53, a aureocina A70 é uma bacteriocina bastante
disseminada entre Staphylococcus spp., já tendo sido detectada em estirpes de Staphylococcus
spp. isoladas de mastite bovina no Brasil e na Argentina e em S. aureus isolados de espécimes
clínicos (GAMON et al., 1999; NASCIMENTO et al., 2002 e 2005; CEOTTO et al., 2009).
Esta alta disseminação do plasmídeo pRJ6, codificador desta bacteriocina, entre diversas
estirpes de Staphylococcus spp. pode estar relacionada com o fato deste plasmídeo ser
mobilizável na presença de plasmídeos conjugativos, apresentando quatro genes envolvidos
13
na mobilização (mobA, mobB, mobC e mobD) e uma origem de transferência (oriT) funcional
(COELHO et al., 2009). o plasmídeo pRJ9 não foi passível de mobilização pelo plasmídeo
conjugativo pGO1 em experimentos de conjugação (OLIVEIRA et al., 1998a; COUTINHO,
2008). Entretanto, o mapeamento físico dos plasmídeos pRJ6 e pRJ9 e análises de
hibridização revelaram a presença de uma região de homologia entre eles, com
aproximadamente 2,6 kb (ARAÚJO & BASTOS, 1995). Análises posteriores in silico
evidenciaram que, nesta região do pRJ9, estão presentes três orfs cujos produtos apresentam
alta similaridade a proteínas associadas ao processo de mobilização, sendo elas MobA, MobB
e MobC (NETZ et al., 2002; COUTINHO, 2008). Quando comparadas às mesmas proteínas
Mob codificadas pelo pRJ6, pode-se observar uma similaridade de mais de 90% para cada
proteína (COUTINHO, 2008). Além disso, foi possível encontrar, na sequência do pRJ9, uma
possível região oriT, praticamente idêntica à encontrada para o pRJ6 (NETZ et al., 2002;
COUTINHO, 2008; COELHO et al., 2009) (Figura 1).
Como o presente estudo se baseia na incapacidade do plasmídeo pRJ9 de ser
transferido entre bactérias, por conjugação, mesmo possuindo genes relacionados com a
mobilização, um melhor entendimento de como este processo ocorre é de vital importância
para o acompanhamento deste trabalho.
1.3 - Conjugação bacteriana
1.3.1 Características gerais
A conjugação bacteriana foi descoberta e descrita por Tatum e Lederberg em 1946,
como sendo a transferência unidirecional de uma fita simples de DNA (conhecida como fita
T) de uma célula doadora para uma receptora, através de um mecanismo que requer contato
físico (TATUM & LEDERBERG, 1946). Após a transferência, a célula receptora se torna um
transconjugante, possuindo a capacidade de iniciar novas conjugações. A partir deste
mecanismo altamente eficiente, poucas células que possuam plasmídeos conjugativos podem
espalhar essa informação para toda a população em pouco tempo, permitindo, assim, uma
rápida disseminação de genes adaptativos, de virulência ou de resistência a drogas (GOMIS-
-RÜTH & COLL, 2006).
O sistema conjugativo é responsável por mediar a transferência de material genético
entre uma grande variedade de bactérias e, em alguns casos, de mediar transferência entre
bactérias e fungos ou células de plantas. Estas propriedades tornam a conjugação uma fonte
importante de plasticidade gênica, potencializando mudanças significativas para esses
14
Figura 1: Mapas genéticos do pRJ9 (A) e do pRJ6 (B) mostrando suas principais orfs e a região de forte homologia entre os dois ( ). (A) oriT
representa a possível origem de transferência do plasmídeo por conjugação. Os genes mobC, mobA e mobB codificam proteínas de mobilização. rep
representa o gene codificador da proteína responsável pela iniciação da duplicação do DNA. aucA é o gene estrutural da aureocina A53, enquanto
aucE, aucF e aucG são os genes codificadores de proteínas responsáveis pelo transporte da bacteriocina. As demais orfs ainda não foram
caracterizadas. , prováveis promotores [adaptado de NETZ et al. (2002)]. (B) Os genes mobB, mobA, mobD e mobC codificam proteínas de
mobilização. aurABCD é o operon codificador da aureocina A70, enquanto aurT está envolvido na codificação da proteína responsável pelo transporte
desta bacteriocina. As demais orfs não nomeadas ainda não foram caracterizadas. , prováveis promotores; , prováveis terminadores de transcrição
[adaptado de COELHO et al. (2009)].
kb
kb
aucF
aucE
15
microrganismos no âmbito evolutivo, ambiental e clínico (CURTISS, 1969; LANKA &
WILKINS, 1995; JUHAS, CROOK & HOOD, 2008).
No âmbito clínico, a participação dos plasmídeos conjugativos despertou o interesse
de diversos grupos de pesquisa a se aprofundarem no entendimento do processo conjugativo.
Por exemplo, na década de 80, em alguns hospitais dos EUA, surtos de infecções causadas
por Staphylococcus spp. resistentes à gentamicina (Gm) foram relatados por vários
pesquisadores que identificaram formas plasmideais associadas a estas cepas resistentes.
Posteriormente, verificou-se que esses plasmídeos eram todos relacionados ao pGO1, um
plasmídeo conjugativo de 54 kb que confere resistência à gentamicina, ao trimetoprim e a
compostos de amônio quaternário (ARCHER, COUGHTER & JOHNSTON, 1986;
THOMAS & ARCHER, 1989; CARYL & O'NEILL, 2009).
Plasmídeos conjugativos possuem genes responsáveis por todas as etapas do processo
de conjugação, desde genes que promovem o contato celular e a sua autoclivagem pró-
-transferência a a transferência propriamente dita. os plasmídeos mobilizáveis possuem
apenas os genes responsáveis pela sua autoclivagem (genes mob), sendo dependentes dos
plasmídeos conjugativos para que a sua transferência ocorra. Vários plasmídeos conjugativos
identificados principalmente em Streptococcus spp. e Enterococcus spp. apresentam um
amplo espectro de hospedeiros, enquanto os plasmídeos de Staphylococcus spp. parecem estar
restritos a este gênero. Os plasmídeos dessas bactérias apresentam uma grande região de
homologia (Figura 2), conhecida como região tra, onde se concentram os genes responsáveis
pelo processo de conjugação, que incluem os genes codificadores de proteínas que promovem
o contato celular (Mpf ou mating-pair formation), o processamento e o transporte do DNA
(SILVERMAN, 1997; GROHMANN, MUTH & ESPINOSA, 2003; CHRISTIE et al., 2005;
BACKERT & MEYER, 2006).
Além dos plasmídeos conjugativos, os elementos conjugativos integrativos (ECIs),
como os transpósons conjugativos, também são capazes de promover o contato celular e a sua
autotransferência. Os ECIs apresentam características de plasmídeos, como a transferência
por conjugação, e de fagos, como a integração e a duplicação junto com o cromossomo
bacteriano (BURRUS et al., 2002; BURRUS & WALDOR, 2004). Esses elementos
codificam uma integrase que promove a recombinação entre uma sequência específica no ECI
e uma sequência-alvo no cromossomo. Normalmente, esses elementos também codificam
uma enzima, excisionase, que será necessária para a excisão do ECI (BURRUS et al., 2002;
BURRUS & WALDOR, 2004). O ECI mais estudado é o CTn916 de Enterococcus faecalis.
O primeiro passo para a transferência conjugativa desse elemento é a sua excisão catalisada
16
pelas enzimas integrase e excisionase, formando uma molécula intermediária circular. O
segundo passo é a transferência conjugativa, que é semelhante à dos plasmídeos conjugativos,
pela transferência de uma única fita de DNA. Após a transferência e a duplicação das fitas,
tanto as células doadoras quanto as receptoras vão conter uma cópia da molécula circular de
fita dupla. A integrase, então, irá promover a integração do elemento no cromossomo
bacteriano (JAWORSKI & CLEWELL, 1995; BURRUS et al., 2002; BURRUS &
WALDOR, 2004).
Os sistemas conjugativos conhecidos provavelmente evoluíram a partir da união de
dois sistemas bacterianos mais antigos: a duplicação do DNA e o transporte de
macromoléculas através de membranas. Evidências que sustentam esta hipótese podem ser
encontradas na dependência de processos de clivagem e duplicação do DNA e de uma enorme
maquinaria de secreção associada às membranas celulares, ambos requeridos para o sucesso
da conjugação. Os genes responsáveis por estes processos agrupam-se, geralmente, todos na
região tra dos plasmídeos e dos transpósons conjugativos (LLOSA et al., 2002).
Figura 2: Região tra dos plasmídeos conjugativos pIP501, pRE25, pGO1 e pSK41 de
bactérias Gram-positivas. Os genes codificadores de produtos similares são apresentados com
a mesma cor [adaptado de GROHMANN, MUTH & ESPINOSA (2003)].
1.3.2 Modelos de sistemas conjugativos
Os modelos de conjugação mais bem conhecidos são baseados em experimentos
efetuados com plasmídeos conjugativos bem caracterizados de bactérias Gram-negativas,
como os plasmídeos F e RP4 de E. coli e plasmídeos Ti de Agrobacterium tumefaciens
(LLOSA et al., 2002; GROHMANN, MUTH & ESPINOSA, 2003; CHRISTIE, 2004).
17
Entretanto, a preparação do DNA antes da transferência (mobilização) é muito similar entre
os sistemas conjugativos, possibilitando que os modelos conhecidos para bactérias Gram-
-negativas possam ser utilizados para as Gram-positivas, onde a principal diferença está no
mecanismo de formação do contato celular (GROHMANN, MUTH & ESPINOSA, 2003).
Por este motivo, descreveremos o processo conhecido para bactérias Gram-negativas e,
quando possível, indicaremos as diferenças conhecidas para bactérias Gram-positivas.
A conjugação ocorre em três etapas principais: formação do relaxossomo, que ocorre
pela ligação de diversas proteínas a uma região específica do DNA; formação do contato
celular; passagem do DNA da célula doadora para a receptora e a sua duplicação nas duas
células (Figura 3).
1.3.2.1 Formação do relaxossomo
A formação do relaxossomo tem um papel muito importante no processo de
conjugação, uma vez que ela é necessária para que haja a clivagem do DNA, gerando a fita
que será transferida ou fita T. Para que este processo ocorra, fatores codificados pelo próprio
plasmídeo são necessários, como as proteínas Mob (de mobilização) e a região oriT, além de
outros fatores codificados pela célula hospedeira (GROHMANN, MUTH & ESPINOSA,
2003).
A região oriT é uma sequência de nucleotídeos plasmídeo-específica que é clivada
para gerar a fita T. As regiões oriT apresentam características comuns, como a presença de
repetições diretas e invertidas (Figura 4). As repetições diretas, em alguns sistemas como os
dos plasmídeos pC221 e pC223, estão associadas com o reconhecimento desta região pelas
proteínas Mob. Em outros sistemas, como os dos plasmídeos pSC101 e R1162, as repetições
invertidas estão associadas à formação de uma estrutura secundária que é reconhecida pelas
proteínas Mob (Figura 4B) (CLIMO, SHARMA & ARCHER, 1996; GROHMANN, MUTH
& ESPINOSA, 2003; PARKER et al., 2005; CARYL & THOMAS, 2006; JANDLE &
MEYER, 2006).
As proteínas Mob são as responsáveis por tornar o plasmídeo mobilizável, uma vez
que são elas que preparam o plasmídeo para a transferência por conjugação. Estas proteínas
são, normalmente, as primeiras proteínas do operon tra dos plasmídeos conjugativos e
formam o operon mob dos plasmídeos mobilizáveis. Este grupo de proteínas é formado por,
pelo menos, três proteínas com funções bem diferentes na formação do relaxossomo, sendo
elas: proteínas MobA ou relaxase, MobB e MobC. É possível, ainda, encontrar, em alguns
sistemas, outras proteínas Mob menos comuns e que possuem funções pouco conhecidas,
18
Figura 3: Modelo simplificado do processo de conjugação em bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas. Adesinas de superfície, em bactérias Gram-positivas, ou pilus conjugativo,
em bactérias Gram-negativas, medeiam o contato entre a célula doadora e a receptora. As
reações envolvem a formação do relaxossomo, Mpf, a transferência do DNA de uma célula
para outra e a duplicação do DNA nas duas células. A transferência do DNA é provavelmente
conservada em todas as bactérias [adaptado de CHEN, CHRISTIE & DUBNAU (2005)].
como é o caso de MobD codificada pelos plasmídeos ColE1 de E. coli e pRJ6 de S. aureus e
da proteína MobE, codificada também pelo plasmídeo ColE1 (FRANCIA et al., 2004;
COELHO et al., 2009).
As proteínas MobB e MobC atuam como proteínas acessórias do processo de
mobilização, facilitando o acesso da relaxase à região oriT ou estabilizando a formação do
Conjugação
Gram-positivas
Gram-negativas
Adesinas de
superfície
Canal
Mpf
Pilus
conjugativo
Processamento
e transporte de
DNA
Regeneração
plasmideal e
separação das
células
Junção
conjugativa
19
relaxossomo (PROJAN & ARCHER, 1989; NOMURA, YAMASHITA & MUROOKA,
1996; SMITH & THOMAS, 2004; CARYL & THOMAS, 2006). Deste modo, muitas vezes,
estas proteínas acabam por regular a expressão dos genes mob indiretamente, uma vez que
interagem com a relaxase e esta, por sua vez, se liga à região oriT que está sobreposta à região
promotora do operon mob (PERWEZ & MEYER, 1999; KURENBACH et al., 2006;
COELHO et al., 2009). Para o plasmídeo R1162, foi demonstrado que MobC, além de
auxiliar na separação das fitas de DNA, também estende esta separação até a região do sítio
Figura 4: Regiões oriT dos plasmídeos pSC101 (E. coli), pTiC58 (A. tumefaciens), R1162 (E.
coli), pIP501 (Streptococcus agalactiae), RSF1010 (E. coli), pTF1 (Thiobacillus
ferrooxidans) e pGO1 (S. aureus). (A) Comparação de regiões oriT mostrando as repetições
invertidas e a região onde ocorre a clivagem (nic), apontada por uma cabeça de seta preta
[adaptado de CLIMO, SHARMA & ARCHER (1996)]; (B) Estrutura secundária em forma de
grampo adquirida pela região oriT do plasmídeo pSC101 [adaptado de PARKER et al.
(2005)].
Repetições invertidas
20
de clivagem na oriT (sítio nic). Neste plasmídeo, a ausência da proteína MobC torna a
separação das fitas do DNA muito sensível aos níveis de DNA-girase ativa na célula. Todos
estes fatos sugerem que MobC funcione como um motor molecular, inserindo-se no DNA e
afastando a dupla fita (ZHANG & MEYER, 1997). Entretanto, as proteínas MobC de
plasmídeos mobilizáveis de bactérias Gram-positivas, como a do pC221, parecem não
funcionar da mesma forma. Nestes modelos, as proteínas MobC não funcionam como um
motor molecular, mas podem promover o relaxamento da dupla fita causando uma distorção
espacial no DNA, através da interação simultânea com vários sítios do DNA (CARYL &
THOMAS, 2006). a proteína MobB do plasmídeo R1162 estabiliza a interação de MobA e
MobC na região oriT. A ausência de MobB deste plasmídeo causa uma diminuição de duas a
três ordens de magnitude na capacidade de mobilização do plasmídeo. Deleções de diferentes
regiões de MobB afetam a forma como MobA interage com a região oriT, levando a uma não
repressão do promotor do operon mob, o que gera um estresse celular causado pelo aumento
da expressão das proteínas Mob. Toda esta problemática leva a um aumento no tempo de
geração celular, mostrando que, neste modelo, MobB é fundamental para regular as funções
de MobA, estimulando a sua ligação à região oriT e regulando a clivagem desta região
(PERWEZ & MEYER, 1999). Foi comprovado, ainda, que a proteína MobB, codificada pelo
plasmídeo R1162, também é essencial para que o transporte da relaxase ligada à fita T ocorra
eficientemente para a célula receptora. Nesse sistema, MobB se insere na membrana e poderia
estabilizar a associação entre a relaxase e o aparato de transferência (PARKER & MEYER,
2007).
As proteínas MobA estão presentes obrigatoriamente em todos os sistemas
conjugativos e mobilizáveis, uma vez que são elas as responsáveis por efetivamente clivar a
região oriT e gerar a fita T. Estas proteínas possuem em sua estrutura três motivos que podem
apresentar as seguintes características: i- motivo I: contém um resíduo de tirosina (Tyr ou Y)
que está envolvido nos processos de transesterificação do DNA (mantendo-se unida ao
extremo 5’-P do sítio de clivagem na região oriT de forma a conservar a energia liberada com
a clivagem da ligação fosfodiéster, para utilizá-la posteriormente); ii- motivo II: parece estar
envolvido na interação entre o DNA e a proteína, através da interação entre o extremo 3’ do
sítio de clivagem e um resíduo de serina (Ser ou S) quase sempre presente; iii- motivo III:
contém três histidinas (His ou H) conservadas que parecem ativar a ação catalítica do motivo
I, através do recrutamento de íons Mg
2+
(PANSEGRAU, SCHRÖDER & LANKA, 1994;
FRANCIA et al., 2004). De acordo com estes motivos presentes nas relaxases e a variação
entre eles, Francia e colaboradores (2004) dividiram os plasmídeos mobilizáveis e
21
conjugativos em três superfamílias, que são: superfamília Mob
Q
, superfamília ColE1 e
superfamília pMV158. Dentro de cada superfamília, as regiões oriT são relacionadas.
A superfamília Mob
Q
tem como protótipo o plasmídeo RSF1010 de bactérias Gram-
-negativas, mas também fazem parte dela os plasmídeos pGO1 e pIP501 de bactérias Gram-
-positivas e cerca de 15 plasmídeos mobilizáveis. As relaxases agrupadas nesta família
possuem o motivo I e o motivo III sem variações, mas podem apresentar no motivo II, ao
invés de uma Ser, um resíduo de ácido aspártico (Asp ou D) ou ácido glutâmico (Glu ou E).
Estas relaxases também apresentam um domínio amino-terminal com atividade de relaxase e
um domínio carboxi-terminal com atividade de primase, que possibilitará a síntese da fita
complementar do plasmídeo na célula receptora (FRANCIA et al., 2004).
Na superfamília ColE1 estão presentes plasmídeos tanto de bactérias Gram-positivas,
como o pC221, o pRJ6 e o pRJ9 de Staphylococcus spp. (COUTINHO, 2008; COELHO et
al., 2009), quanto de bactérias Gram-negativas, como o plasmídeo ColE1 de E. coli, que é o
protótipo deste grupo (FRANCIA et al., 2004). As relaxases deste grupo apresentam a Tyr do
motivo I conservada e um resíduo de Ser seguida de um resíduo de Glu ou Asp no motivo II.
Quanto ao motivo III, esta família pode ser dividida em duas subfamílias: subfamília MOB
P
,
que tem como protótipo o plasmídeo RP4 e apresenta os três resíduos de His conservados, e a
subfamília MOB
HEN
, que possui o primeiro resíduo de His conservado; os outros dois são
substituídos por Glu e asparagina (Asn ou N), respectivamente (FRANCIA et al., 2004).
a superfamília do pMV158 é a que engloba o maior número de plasmídeos
conjugativos e mobilizáveis de bactérias Gram-positivas. As relaxases que compõem este
grupo são bem diferentes das outras, apresentando um motivo amino-terminal (HxxR, onde R
é arginina), onde não se encontra nenhum resíduo de Tyr presente no motivo I. O motivo II
também se apresenta bem diferente, com uma nova composição, de consenso NY(D/E)L,
onde L é leucina, no qual acredita-se que esteja o resíduo de Tyr ativo que deveria estar no
motivo I. O motivo III também apresenta uma assinatura diferente (HxDE....PHxh, onde P é
prolina) e, em alguns plasmídeos, o último resíduo de His pode ser substituído por um resíduo
de Ser ou treonina. Além destas características, a região carboxi-terminal destas relaxases está
envolvida no reconhecimento específico da região oriT (FRANCIA et al., 2004).
A formação do relaxossomo, então, se com a ação das três proteínas Mob (MobA,
MobB e MobC) sobre a região oriT e pode ser entendida através do modelo proposto para o
plasmídeo R1162. Neste modelo, como foi mencionado, a proteína MobB induz a ligação
de MobA à região oriT, gerando uma distorção espacial inicial no DNA. MobC, então, auxilia
MobA a continuar com esta distorção até o sítio nic. Ao chegar ao sítio nic, MobA cliva a fita
22
de DNA que possui a sequência correta e permanece covalentemente ligada ao extremo 5-P
desta fita (complexo de transferência). É importante ressaltar que, nos plasmídeos das
superfamílias Mob
Q
e ColE1, esta clivagem e ligação são mediadas pelo resíduo de Tyr
presente no motivo I (PANSEGRAU, SCHRÖDER & LANKA, 1994). Após esta clivagem,
MobA, auxiliada por MobC, continua a abrir a dupla fita de DNA, gerando a fita T que será
transferida para a célula receptora. Acredita-se que MobB receba estímulos da conjugação e
coordene toda esta atividade pela regulação de MobA, podendo, ainda, se inserir na
membrana e estabilizar a associação entra a relaxase e o aparato de transferência (ZHANG &
MEYER, 1997; PERWEZ & MEYER, 1999; PARKER & MEYER, 2007)
1.3.2.2 Formação do contato celular e transferência da fita T
Após a formação do relaxossomo, é necessário que haja uma interação entre a célula
doadora e a receptora para que a transferência da molécula de DNA seja possível. Os modelos
mais bem estudados de formação do contato celular são os descritos para os plasmídeos Ti de
A. tumefaciens (CHEN, CHRISTIE & DUBNAU, 2005). Um modelo de formação da
maquinaria de transporte foi proposto para o plasmídeo pIP501 de Streptococcus agalactiae
(ABAJY et al., 2007). Como ainda existem poucos estudos sobre este último modelo, iremos
comentar os dois, comparando sempre que possível.
O contato celular se inicia, em bactérias Gram-negativas, com a produção de um
aparato filamentoso conhecido como pilus conjugativo. Este pilus é produzido pela
bactéria portadora do plasmídeo conjugativo e é ele o responsável por se ligar à célula
receptora e trazê-la para perto da doadora (LLOSA et al., 2002; GROHMANN, MUTH &
ESPINOSA, 2003; CHEN, CHRISTIE & DUBNAU, 2005). Para bactérias Gram-positivas,
pouco é conhecido sobre este mecanismo inicial de aproximação das células. Somente em L.
lactis e Lactococcus casei, duas proteínas de superfície, que realizam a agregação entre a
célula doadora e a receptora, são conhecidas, sendo produtos dos genes clu e agg (VAN DER
LELIE et al., 1991).
Após este primeiro contato celular, forma-se um canal entre as membranas das duas
células, a partir de uma maquinaria de transporte, por onde o DNA irá passar. Este canal, no
caso de A. tumefaciens, é formado por 11 proteínas (VirB1 a VirB11) que estão relacionadas
ao sistema de secreção bacteriana do tipo IV (Figura 5). Este sistema possui a capacidade de
transportar proteínas intercelularmente (LLOSA et al., 2002; GROHMANN, MUTH &
ESPINOSA, 2003; ECONOMOU et al., 2006; JUHAS, CROOK & HOOD, 2008). Ocorre,
então, a ligação entre o complexo de transferência e a maquinaria de transporte, que é
23
Figura 5: Sistema conjugativo de A. tumefaciens. O complexo de transferência interage com
a proteína de acoplamento VirD4, que o transfere por um sistema de canais proteicos
formados por VirB11, VirB6 e VirB8 e, finalmente, por VirB2 e VirB9. As ATPases VirD4,
VirB11 e VirB4 fornecem energia para que o complexo passe pelo canal. A energia dos ATPs
hidrolisados também é utilizada para causar mudanças estruturais em VirB10, que medeia a
transferência do DNA através do controle de VirB9 [adaptado de CHEN, CHRISTIE &
DUBNAU (2005)].
mediada pela proteína de membrana conhecida como proteína de acoplamento (VirD4 em A.
tumefaciens).
As proteínas de acoplamento possuem uma estrutura esférica, sob a forma de um
homoexâmero, onde, no centro desta estrutura, um canal que pode acomodar o DNA de
fita simples. diversos plasmídeos de bactérias Gram-positivas que apresentam proteínas
homólogas à VirD4, como é o caso do pIP501 e do pGO1 (GROHMANN, MUTH &
ESPINOSA, 2003; CHEN, CHRISTIE & DUBNAU, 2005). Esta proteína, então, reconhece
MobA ligada à fita T e direciona todo o complexo para a maquinaria de transporte, para que
ele seja bombeado para a célula receptora. Uma vez direcionado o complexo de transferência
para a maquinaria de transporte, este segue o seguinte caminho: a interação dele com a
Membrana externa
Parede celular
Membrana
citoplasmática
Relaxase-Fita T
Substratos
das proteínas
24
proteína VirB11, que é uma ATPase de membrana, e que direciona o complexo para as
proteínas VirB6 e VirB8. Este mecanismo é dependente da clivagem de ATP por VirB4, outra
ATPase de membrana, VirD4 e VirB11. VirB6 forma um canal por onde o complexo de
transferência passa para chegar até as proteínas VirB2 e VirB9. VirB2 é uma pilina que forma
um canal (pilus rudimentar) que atravessa do periplasma até a membrana externa. VirB9
forma um poro na membrana externa, por onde o complexo de transferência chegará à célula
receptora. Acredita-se que o canal formado pelas subunidades de VirB2 funcione como um
pistão, sofrendo processos de polimerização e despolimerização, e, desse modo, empurrando
o complexo de transferência. Em bactérias Gram-positivas, não se conhecem proteínas
homólogas à VirB2 e VirB9, o que é de se esperar, uma vez que muitas diferenças nas
estruturas que formam os envelopes dessas bactérias. VirB10 parece funcionar como um
suporte, permitindo a montagem dos componentes entre as duas membranas. VirB10 pode
funcionar, ainda, como um regulador de VirB9, promovendo a abertura e o fechamento do
poro. Finalmente, VirB1 é uma transglicosilase lítica que degrada a peptidoglicano da parede
celular no local onde o sistema de secreção do tipo IV está sendo montado (CHRISTIE et al.,
2005; BACKERT & MEYER, 2006; JUHAS, CROOK & HOOD, 2008). Curiosamente, a
porção C-terminal de VirB1 pode ser clivada e secretada pela célula, onde contribuirá para a
formação do pilus (ZUPAN et al., 2007; JUHAS, CROOK & HOOD, 2008). Portanto, VirB1
atua com uma proteína bifuncional, que lisa a peptidoglicano da parede celular para facilitar a
inserção da maquinaria de transporte e, simultaneamente, promove a formação do pilus pela
interação com outras proteínas (ZUPAN et al., 2007; JUHAS, CROOK & HOOK, 2008).
Quanto à VirB5, não existem relatos de que ela seja realmente essencial para a transferência
(GROHMANN, MUTH & ESPINOSA, 2003; CHEN, CHRISTIE & DUBNAU, 2005).
O mecanismo de transporte do DNA para o plasmídeo pIP501 foi proposto em 2007,
por Abajy e colaboradores. Este plasmídeo apresenta uma região tra composta por 15 genes e
três produtos destes genes apresentam alta similaridade com componentes do sistema de
secreção do tipo IV de bactérias Gram-negativas (Figura 6A). Os genes codificadores destas
proteínas também são encontrados em outros plasmídeos conjugativos, como o pGO1 de S.
aureus (GROHMANN, MUTH & ESPINOSA, 2003).
O modelo proposto por Abajy e colaboradores sugere que a proteína Orf7, que
apresenta características de transglicosilase lítica, deve ter uma participação fundamental na
abertura da peptidoglicano, facilitando, assim, a montagem da maquinaria de transporte. Esta
mesma proteína ainda interage com outros componentes do sistema, como a provável ATPase
Orf5, a provável proteína de acoplamento Orf10 e as proteínas de membrana Orf2 e Orf14.
25
Figura 6: Região tra do plasmídeo conjugativo pIP501 de bactérias Gram-positivas e
seu provável sistema de conjugação. (A) Organização da região tra do pIP501. Os segmentos
listrados indicam genes codificadores de proteínas similares às identificadas no sistema de
secreção do tipo IV de bactérias Gram-negativas. A proteína Orf5 apresenta regiões
conservadas de proteínas pertencentes à família VirB4 (motivos A e B). Orf10 apresenta
homologia com proteínas de acoplamento (motivos A e B), como a VirD4, e Orf7 apresenta
homologia com a proteína VirB1 e possui o domínio SLT presente em transglicosilases líticas
de bactérias. P
tra
região promotora do operon tra; TTS sítio de terminação da transcrição.
(B) Modelo do sistema conjugativo do plasmídeo pIP501. A coloração mais clara na
peptidoglicano simboliza a sua abertura pela proteína Orf7. As setas descontínuas marcam as
possíveis proteínas com função de ATPase. ssDNA DNA de fita simples; PG
peptidoglicano; MC membrana citoplasmática [adaptado de ABAJY et al. (2007)].
MC
PG
TTS
Relaxase
76,4 kDa
Transglicosilase
Proteína do
lítica
40,4 kDa
tipo VirB4
75,8 kDa
Proteína do
tipo VirD4
63 kDa
26
Por estas interações, Orf7 deve recrutar estas proteínas, permitindo a sua incorporação à
maquinaria de transporte. Deste modo, a provável proteína de acoplamento Orf10 interage
com a relaxase TraA (Orf1) que está ligada à região oriT do DNA, conectando o complexo de
transferência à maquinaria de transporte. Uma possível candidata para gerar a produção de
energia pela hidrólise de ATP para a estabilização da maquinaria e para que o transporte
ocorra é a proteína Orf5. Alternativamente, esta energia pode ser suprida pela proteína de
acoplamento Orf10. Uma possível estrutura transenvelope pode ser formada pelas proteínas
Orf8, Orf14, Orf12 e Orf15, enquanto as proteínas Orf3, Orf6 e Orf9 podem compor parte do
esqueleto da estrutura do aparato de secreção. Ainda não foi determinada a função das
proteínas Orf4, Orf11 e Orf13, que não apresentam similaridade com nenhuma proteína
caracterizada (Figura 6B) (ABAJY et al., 2007).
Após a chegada da fita T ligada à MobA no citoplasma da célula receptora, a síntese
da fita complementar pode ocorrer de duas formas: ou a proteína MobA possui um domínio
com atividade de primase, o que é comum nas MobA de grandes plasmídeos conjugativos,
sintetizando um oligonucleotídeo iniciador para que a duplicação comece, ou o DNA possui
uma origem de duplicação de fita simples, o que é comum em pequenos plasmídeos
mobilizáveis que se duplicam sob a forma de círculo rolante. na célula doadora, a síntese
da nova fita provavelmente ocorre por um mecanismo de círculo rolante, à medida que a fita
T vai sendo transferida para a célula receptora (PARKER et al., 2005).
27
2 - OBJETIVOS
2.1 - Objetivos gerais
Apesar de experimentos de conjugação feitos anteriormente por nosso grupo terem
mostrado a incapacidade de mobilização do plasmídeo pRJ9 pelo plasmídeo pGO1, o
sequenciamento deste plasmídeo e análises posteriores in silico revelaram a presença de orfs
cujos produtos apresentam alta similaridade a proteínas associadas ao processo de
mobilização, principalmente quando comparadas às proteínas Mob codificadas pelo
plasmídeo pRJ6. Por este motivo, o presente trabalho visa reinvestigar a capacidade de
mobilização do plasmídeo pRJ9 entre Staphylococcus spp.
2.2 - Objetivos específicos
Buscando analisar os motivos responsáveis pela incapacidade de mobilização do
plasmídeo bacteriocinogênico pRJ9, os objetivos específicos deste trabalho foram:
I) Verificar a transcrição dos genes mob do pRJ9.
Abordagens que foram empregadas para se alcançar este objetivo
Experimentos de RT-PCR para se confirmar a transcrição dos genes mob do pRJ9.
II) Verificar se as funções Mob do pRJ9 são passíveis de complementação in trans pelas
funções Mob do pRJ6.
Abordagens que foram empregadas para se alcançar este objetivo
Construção de uma estirpe de S. aureus possuidora dos plasmídeos pRJ14
(pRJ9::Tn551), pRJ6 e pGO1;
Experimentos de conjugação, utilizando-se como doadora a estirpe possuidora dos
plasmídeos pRJ14, pRJ6 e pGO1.
III) Verificar a capacidade das funções Mob do pRJ6 de atuarem sobre a região oriT do
pRJ9.
IV) Comprovar experimentalmente o funcionamento da região oriT do pRJ9.
28
Abordagens que foram empregadas para se alcançar estes dois objetivos
Amplificação da provável região oriT do pRJ9;
Clonagem desta região no vetor de S. aureus pCN37;
Transformação do produto clonado em S. aureus, gerando o plasmídeo pRJ98;
Transferência do plasmídeo pRJ98 para a estirpe A70, por transdução;
Transferência do plasmídeo conjugativo pGO1 para a estirpe gerada, por experimentos
de conjugação;
Experimentos de conjugação utilizando-se como doadora a estirpe de S. aureus
possuidora dos plasmídeos pR98, pRJ6 e pGO1.
V) Verificar se, na presença do gene mobD, o plasmídeo pRJ9 se torna mobilizável.
Abordagens que foram empregadas para se alcançar este último objetivo
Amplificação do gene mobD do plasmídeo pRJ6;
Clonagem do gene mobD no vetor de S. aureus, pT181;
Transformação do produto clonado (pRJ107) em S. aureus;
Transferência do plasmídeo pRJ107 para a estirpe MB126, possuidora dos plasmídeos
pRJ14 e pGO1, por transdução;
Experimentos de conjugação utilizando-se como doadora a estirpe de S. aureus
possuidora dos plasmídeos pRJ107, pRJ14 e pGO1.
29
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 - Estirpes bacterianas e condições de cultivo
As estirpes de Staphylococcus spp. que foram usadas neste trabalho encontram-se
listadas na Tabela 2. Todas as estirpes de Staphylococcus spp. foram crescidas em meio TSB
(Difco) líquido ou sólido [acrescido de ágar a 1,5% (p/v)]. Este meio, dependendo da técnica
empregada, sofreu acréscimo de antibióticos. Contudo, esta informação será fornecida,
quando necessária, nas demais técnicas utilizadas no trabalho. A temperatura de incubação
das estirpes foi 37°C e o tempo médio foi de 18 h.
as estirpes de Escherichia coli utilizadas foram crescidas em meio LB (Luria-
Bertani) [triptona 1% (p/v), NaCl 0,5% (p/v) e extrato de levedura 0,5% (p/v)] líquido ou
sólido [acrescido de ágar a 1,5% (p/v)]. Este meio, dependendo da técnica empregada, sofreu
acréscimo de componentes como antibióticos, IPTG e X-Gal. Contudo, estas informações
serão fornecidas ao leitor, quando necessárias. A temperatura de incubação destas estirpes
também foi 37°C e o tempo médio ficou entre 24 e 48 h.
Por fim, a única estirpe de Corynebacterium fimi, utilizada como indicadora da
produção de bacteriocina, foi crescida em um meio próprio. Este meio é composto por BHI
(Difco), acrescido de extrato de carne 1 % (p/v), triptona 1 % (p/v) e extrato de levedura 0,5%
(p/v). Dependendo da finalidade, o meio utilizado pode ter sido líquido, sólido ou ainda
semissólido [acrescido de ágar a 0,7% (p/v)]. Novamente, a indicação de cada um deles
surgirá com o desenrolar das técnicas.
O preparo dos estoques bacterianos (apenas Staphylococcus spp. e E. coli) foi feito
através do crescimento “confluente” das estirpes em placas contendo meio TSB sólido, por
18 h, a 37°C. Após este período, o crescimento foi removido das placas com o auxílio de uma
alça de vidro, na presença de 5 ml de meio TSB, preparado em solução crioprotetora de
glicerol a 40% (v/v). Os estoques foram divididos (1,5 ml) em tubos criogênicos e congelados
a -20°C.
3.2 - Confirmação da transcrição dos genes mob por experimentos de RT-PCR
Foram realizados experimentos de RT-PCR para se verificar se ocorre a transcrição
dos genes mob do plasmídeo pRJ9. Os passos seguidos para a realização deste experimento se
encontram descritos nos itens abaixo.
30
Tabela 2: Estirpes e plasmídeos bacterianos usados neste trabalho
Estirpes
Plasmídeos e fenótipos relevantes
Referências / Fontes
S. aureus
A53
pRJ9 (10,4 kb); Bac
+
GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990
A70
pRJ6 (7,9 kb); Bac
+
GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990
MB49
pRJ14 (15,6 kb; pRJ9::Tn551; Em
R
); pRJ6; Bac
+
OLIVEIRA et al., 1998a
MB91
pRJ28 (8 kb)
GAMON et al., 1999
MB108
A70 curada do pRJ6
GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990
MB126
pGO1 (52 kb; Gm
R
); pRJ14 (Em
R
); Bac
+
OLIVEIRA et al., 1998a
MB367
pGO1 (Gm
R
); pRJ14 (Em
R
); pRJ6; Bac
+
Este trabalho
MB374
pRJ28; Rif
R
Fus
R
Este trabalho
MB387
pCN37 (6,3 kb; Em
R
)
CHARPENTIER et al., 2004
MB388
pT181mcs (4,8 kb; Tc
R
)
Este trabalho
MB429
pRJ98 (oriT9 clonada no pCN37; 6,6 kb; Em
R
)
Este trabalho
MB464
pGO1 (Gm
R
); pRJ6; pRJ98 (Em
R
); Bac
+
Este trabalho
MB465
pGO1 (Gm
R
); pRJ6; pCN37 (Em
R
); Bac
+
Este trabalho
MB476
pGO1 (Gm
R
); pRJ98 (Em
R
)
Este trabalho
MB490
pRJ107 (mobD clonado no pT181mcs; 5,1 kb; Tc
R
)
Este trabalho
MB491
pGO1 (Gm
R
); pRJ14 (Em
R
); pRJ107 (Tc
R
); Bac
+
Este trabalho
RN4220
hsdR
-
NOVICK, 1967
RN7242
pGO1 (Gm
R
)
PROJAN & ARCHER, 1989
S. epidermidis
MB263
Rif
R
Fus
R
COELHO et al., 2009
E. coli
DH5α
lacZΔM15; hsdR
-
SAMBROOK, FRITSCH & MANIATIS, 1989
Ec138
pRJ93 (Ap
R
)
Este trabalho
Ec111
pCN37 (6,3 kb; Em
R
)
CHARPENTIER et al., 2004
C. fimi
Indicadora da produção de
NCTC7547
bacteriocina
NCTC
Bac
+
- produtora de bacteriocina; Ap - ampicilina; Em - eritromicina; Fus - ácido fusídico;
Gm - gentamicina; Tc - tetraciclina; hsdR
-
- deficiência do sistema de restrição;
lacZΔM15 -
deleção da porção amino-terminal da β-galactosidase; Rif - rifampicina.
31
3.2.1 - Extração de RNA da estirpe S. aureus A53
Para o isolamento de RNA, a estirpe A53 foi crescida em 5 ml de meio BHI por 18 h, a
37°C. No dia seguinte, 1 ml (aproximadamente 10
9
células) do crescimento celular foi
centrifugado em microtubo a 6.522 xg por 5 min (Eppendorf Centrifuge 5415R). O sedimento
obtido foi lavado com 1 ml de tampão TE 1X (Tris-HCl 10 mM; EDTA 1 mM; pH 7,8;
preparado em água deionizada tratada com DEPC), centrifugando-se novamente a 6.522 xg
por 5 min. O líquido foi desprezado e as células suspensas em 700 µl do mesmo tampão TE
1X. A esta suspensão, foram adicionados 10 U de lisostafina (Sigma) e 25 l de solução de
lisozima (Sigma, 40 mg/ml, preparada em água deionizada tratada com DEPC). Após isto, a
preparação foi incubada a 37°C em banho-maria, por 30 min. Ocorrida a lise celular, foram
adicionados 700 µl do tampão 1 (RLT; já preparado com -mercaptoetanol) do sistema
comercial RNeasy (Qiagen) (COELHO et al., 2009). A partir deste ponto, a extração de RNA
ocorreu seguindo-se todas as especificações do fabricante.
Terminada a extração, 2 µl da solução de RNA foram dosados no equipamento
NanoDrop-ND1000-Spectrophotometer (Saveen Werner) e aproximadamente 300 ng desta
preparação foram analisados por eletroforese em gel de agarose (EGA), como descrito no
item 3.3.2, mas com algumas alterações. Foi utilizada agarose a 1,2% (p/v) preparada em
tampão TBE 1X (Tris-borato 89 mM; EDTA 2 mM; pH 8,0). Este tampão foi preparado em
água tratada com DEPC. A partir destas duas técnicas, foi possível se checar a quantidade e a
qualidade do RNA extraído. Este RNA foi estocado a -80°C.
3.2.2 - Tratamento da preparação de RNA com DNase I
Para que fosse possível se realizar os experimentos de RT-PCR com o RNA extraído
da estirpe A53, foi necessário se tratar a solução de RNA com a enzima DNase I, purificando,
assim, a preparação.
Para este tratamento, 10 µg de RNA foram tratados com 2 µl de RNase Out
TM
Recombinat Ribonuclease Inhibitor (Invitrogen) e 10 µl (27 U) de DNase I livre de RNase
(Invitrogen), na presença de 70 µl de tampão RDD (tampão do sistema comercial RNeasy).
Esta preparação foi incubada à temperatura ambiente por 30 min. Após este tempo, a
preparação foi tratada com igual volume de fenol:clorofórmio-álcool isoamílico (25:24-1, v/v)
e centrifugada a 4°C, a 14.676 xg, por 2 min. A fase aquosa, então, foi transferida para um
novo microtubo, adicionada de dois volumes de etanol absoluto (Merck) a -20°C e a
preparação foi mantida a esta temperatura por cerca de 18 h. No dia seguinte, o material foi
centrifugado nas condições acima descritas, mas por um tempo de 30 min. O sobrenadante foi
32
descartado e o sedimento foi lavado com 300 µl de etanol 70% (v/v), sendo, então,
centrifugado nas mesmas condições. O sobrenadante foi novamente desprezado e o sedimento
foi colocado para secar a 46°C, por 10 min, no equipamento SpeedVac Concentrator
(SPD2010-Savant). Quando seco, o sedimento foi dissolvido em 20 l de água deionizada
tratada com DEPC e mantido a -80°C.
Após o tratamento com a enzima DNase I, a solução de RNA foi novamente submetida
a uma dosagem e a uma EGA como descrito no item 3.3.2. Além disso, 1 l desta solução
passou por uma PCR, nas mesmas condições da RT-PCR descrita no item abaixo e utilizando-
-se os iniciadores GyrF e GyrR, também mencionados no item abaixo. Esta PCR (controle
negativo) foi realizada para se confirmar se todo o DNA presente na solução havia sido
retirado, evitando-se, assim, falso positivo na reação de RT-PCR (COELHO et al., 2009).
3.2.3 - RT-PCR realizada com o RNA extraído da estirpe S. aureus A53
Para se confirmar a transcrição dos genes mob do pRJ9, desenhou-se os pares de
oligonucleotídeos iniciadores para cada gene, sendo eles: mobCF (5’-
GGTGGGATATATGAGCGAAC-3’) e mobCR (5’-CGCTGATATTACGTTCTAATGC-3’),
amplificando uma região de 350 pb; mobAF (5’-GCGCAACCAAATCAACCTCA-3’) e
mobAR (5’-GTCATGATTACGACAAACTTGG-3’), amplificando uma região de 390 pb; e
mobBF (5’-CGGTTTATCAGCGCGATGAA-3’) e mobBR (5’-
GCGCCATGCTGAATGACC-3’), amplificando uma região de 390 pb. Com estes
iniciadores, foi possível, ainda, se verificar se a região mob deste plasmídeo está organizada
como um operon, fazendo-se as seguintes combinações de oligonucleotídeos: mobCF com
mobAR, amplificando uma região de 791 pb; mobAF com mobBR, amplificando uma região
de 1.410 pb, e mobCF com mobBR, amplificando uma região de 1.800 pb (Figura 7). Foi
desenhado, ainda, um par de oligonucleotídeos iniciadores que amplificasse um gene
conservado em bactérias e de expressão constitutiva, que serviu de controle positivo para a
RT-PCR. Neste caso, o gene selecionado foi o gyrA, codificador da subunidade A da DNA-
-girase, e seus iniciadores foram: GyrF (5’-GCGTGAATCATTTTTAGATTATGCG-3’) e
GyrR (5’-AAGTTAGGGAATCGAGCAG-3’), amplificando uma região de 447 pb
(COELHO et al., 2009).
Antes da realização dos experimentos de RT-PCR, 500 ng do RNA foram tratados com
a enzima SuperScript
TM
III Reverse Transcriptase (Invitrogen), conforme as instruções do
fabricante. Este tratamento teve como objetivo a formação de cDNA a partir das moléculas de
33
RNA. Após o tratamento, 2 l desta solução de cDNA foram dosados no equipamento
NanoDrop-ND1000-Spectrophotometer.
Com a solução de cDNA pronta, foi possível se realizar os experimentos de RT-PCR.
Nestes experimentos, os iniciadores foram usados na concentração de 20 pmol. A reação foi
realizada em uma solução contendo ainda: tampão para DyNAzyme
TM
II DNA-polymerase
(Finnzymes) na concentração 1X; MgCl
2
na concentração final de 2,5 mM (Fermentas);
dNTPs (Promega) na concentração final de 10 mM; 100 ng de cDNA e 1 U da enzima
DyNAzyme
TM
II DNA-polymerase. O volume final foi acertado com água deionizada para
50 l (COELHO et al., 2009).
O processo de amplificação foi realizado no aparelho Mastercycler
®
ep (Eppendorf),
através de uma etapa inicial de desnaturação a 98°C por 1 min, seguida de 30 ciclos de 30 s a
98°C (desnaturação), 1 min a 50°C (anelamento) e 1 min a 72°C (extensão). Por fim, foi
realizada uma etapa adicional de extensão a 72°C, por 1 min.
A visualização do produto da RT-PCR foi obtida em EGA [como descrito no item
3.3.2, contudo em agarose a 1% (p/v) e a 80 V], utilizando-se como controle de tamanho
molecular o padrão 100-bp DNA ladder (New England Biolabs).
Figura 7: Organização dos genes mob do plasmídeo pRJ9. Oligonucleotídeos iniciadores
(setas coloridas); tamanho das regiões amplificadas pelos mesmos (bastões coloridos). A
figura não está retratada em escala.
34
3.3 - Construção de uma estirpe de S. aureus possuidora dos plasmídeos pRJ14, pRJ6 e
pGO1 por experimentos de conjugação
A fim de se verificar se, na presença do plasmídeo pRJ6, o plasmídeo pRJ14 [pRJ9
marcado com o Tn551, que confere resistência à eritromicina (Em)] se tornaria mobilizável,
foi construída uma estirpe possuidora destes dois plasmídeos e do plasmídeo conjugativo
pGO1, que confere resistência à gentamicina (Gm). Esta construção foi feita por experimentos
de conjugação entre as estirpes RN7242 (possuidora do pGO1) e MB49 (possuidora do pRJ14
e do pRJ6). Para tanto, foi utilizada a técnica de conjugação bacteriana descrita por Projan e
Archer (1989), com algumas modificações.
As estirpes doadora (RN7242) e receptora (MB49) foram crescidas em 5 ml de meio
TSB, por 18 h, a 37°C. Um mililitro do crescimento celular da doadora e 3 ml do crescimento
celular da receptora foram centrifugados no mesmo microtubo estéril, a 6.522 xg, por 5 min.
Com isso, foi obtida a junção das massas celulares das estirpes a sofrerem conjugação. Esta
massa celular foi suspensa no pouco líquido restante no tubo (cerca de 50 l) após a última
decantação. Esta densa suspensão celular foi colocada sobre um filtro de acetato de celulose
com poros de 0,45 m (Millipore) estéril, apoiado sobre uma placa contendo meio TSB, e
incubada por 18 h, a 37°C. Após o período de incubação, o filtro foi removido da superfície do
meio com o auxílio de uma pinça estéril e introduzido em um tubo de ensaio de 12,5 x 1,5 cm.
O crescimento bacteriano foi removido do filtro com 1 ml de salina [solução de NaCl 0,85%
(p/v)] estéril. Deste volume, foram retiradas alíquotas de 100 l que foram semeadas em
placas contendo meio TSB acrescido de agentes seletivos apropriados. Neste caso, a seleção
dos transconjugantes foi feita em meio contendo Em e Gm, todos os antibióticos na
concentração de 10 g/ml. Estas placas foram incubadas por 48 h, a 37°C. Após este período,
o número de colônias transconjugantes foi anotado para ser usado no cálculo da frequência de
conjugação [número de transconjugantes (por ml) / número de células doadoras (por ml)]. As
colônias transconjugantes foram coletadas e analisadas para se determinar a ocorrência da
conjugação. Tais análises foram realizadas através de extração de DNA e eletroforese em gel
de agarose, como será descrito nos subitens abaixo (3.3.1 e 3.3.2, respectivamente).
Todo este processamento foi feito também apenas com a estirpe doadora. Esta etapa
visou à determinação do número de células doadoras, informação esta que foi usada para a
determinação da frequência da conjugação. Contudo, após a estirpe doadora ser removida do
filtro e suspendida em salina, ela foi diluída no mesmo veículo até as diluições 10
-8
e 10
-9
.
Destas duas diluições, foram retiradas alíquotas de 100 l que foram semeadas em placas
35
contendo meio TSB sem agente seletivo. Após a incubação por 48 h a 37°C, o número de
colônias foi anotado para ser usado no cálculo da frequência de conjugação.
Importante também na técnica de conjugação é a preparação dos controles das estirpes
doadora e receptora. Estes controles demonstram se as estirpes envolvidas no processo de
conjugação possuem predisposição para apresentarem mutações de resistência para algum dos
agentes seletivos usados, fato que, quando ocorre, dificulta o processo de seleção dos
transconjugantes. Os controles foram preparados de forma igual ao experimento de
conjugação descrito acima. Entretanto, após serem incubadas separadamente sobre os filtros,
as estirpes foram suspensas apenas em 500 l de salina. Deste volume, duas alíquotas de 100
l foram retiradas e semeadas em placas contendo agentes seletivos escolhidos da seguinte
forma: a estirpe doadora foi selecionada com o agente para o qual a receptora apresentava
resistência (Em, na concentração de 10 g/ml); em contrapartida, a receptora foi selecionada
com o agente seletivo ao qual a doadora apresentava resistência (Gm, 10 g/ml).
A estirpe criada a partir deste experimento foi chamada MB367.
3.3.1 - Extração de DNA plasmideal de Staphylococcus spp.
As colônias transconjugantes foram crescidas em 5 ml de meio TSB, por 18 h, a 37°C.
No dia seguinte, o crescimento celular de cada transconjugante foi centrifugado em
microtubos a 6.522 xg por 5 min. Os sedimentos obtidos foram lavados com 500 l de tampão
TE 1X, centrifugando-se novamente a 6.522 xg. Os líquidos foram desprezados e as células
suspensas em 400 l de tampão de extração (Tris-HCl 50 mM; EDTA 10 mM; pH 7,8). A
estas suspensões, foram adicionados 5 l de solução de lisostafina (Sigma, 1 mg/ml, preparada
em água bidestilada estéril), 10 l de solução de lisozima (Sigma, 10 mg/ml, preparada em
água bidestilada estéril) e 10 l de RNase A (Sigma, 100 mg/ml, preparada em água
bidestilada estéril). Após isto, as preparações foram incubadas a 37°C em banho-maria, por
1 h ou até que a lise ocorresse. Ocorrida a lise, que pode ser facilmente verificada pelo
aumento da viscosidade da suspensão, foram adicionados 50 l de solução de pronase E
(Sigma, 10 mg/ml, preparada em Tris-HCl 10 mM, NaCl 10 mM, pH 8,0) e os lisados foram
incubados à mesma temperatura por mais 10 min. Findo este tempo, foram adicionados 100 l
de solução de SDS [10% (p/v), preparada em água destilada], a preparação foi levada
novamente ao banho-maria a 37°C por outros 10 min e, em sequência, a um outro banho-
-maria a 65°C, por 5 min. Imediatamente após o término do tempo, foram acrescentados à
preparação 60 l de solução de KCl 4 M e a mesma foi incubada quase que instantaneamente
36
no gelo, por cerca de 30 min. Nesta etapa, deve-se formar um material opaco bem
esbranquiçado, caracterizando a precipitação dos restos celulares. Passados os 30 min, o
material foi centrifugado em microcentrífuga refrigerada a 4°C, a 14.676 xg, por 30 min. A
fase aquosa foi coletada em um novo microtubo, adicionando-se dois volumes (entre 0,8 e
1 ml) de etanol absoluto (Merck) a -20°C e a preparação foi mantida a esta temperatura por
cerca de 18 h. Passado este tempo, o material foi centrifugado nas condições acima descritas.
O sobrenadante, então, foi descartado e o sedimento foi colocado para secar à temperatura
ambiente. Quando seco, o sedimento foi dissolvido em 50 l de tampão Tris/HCl 10 mM (pH
7,8) e mantido a -4°C (GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990).
3.3.2 - Eletroforese de DNA em gel de agarose
Para se analisar os DNAs plasmideais, foi utilizada a técnica de EGA (SAMBROOK,
FRITSCH & MANIATIS, 1989). Costumeiramente, foi utilizada agarose (Sigma) a 0,7%
(p/v), preparada em tampão TAE (Tris 40 mM; ácido acético 20 mM; EDTA 1 mM; pH 7,8).
Nestes casos, a corrida foi realizada em cubas contendo o mesmo tampão que compunha os
géis, na mesma concentração. O tempo de corrida e a voltagem empregados variaram
conforme a amostra, sendo de 2 h a 60 V, na maioria das vezes, mas, quando foi necessário se
observar a presença do plasmídeo conjugativo pGO1, o tempo foi aumentado para 18 h a
30 V. Importante mencionar que, quando era necessário se observar produtos resultantes das
PCRs ou de digestões com enzimas de restrição, empregava-se agarose a 1,4% (p/v) e a
corrida era realizada por 1 h e 30 min a 70 V, sempre utilizando-se como controle de tamanho
molecular o padrão 100-bp DNA ladder (Promega). Para a aplicação das amostras nos géis,
estas foram misturadas com o corante para eletroforese [glicerol 50% (v/v); azul de
bromofenol 0,02% (p/v); xilenocianol 0,02% (p/v); EDTA 10 mM; pH 7,5] na proporção de
9:1.
Terminadas as corridas, os géis foram mergulhados em solução de brometo de etídio
(1 mg/l), por cerca de 15 min, para que o DNA fosse corado. A visualização dos géis foi
realizada em aparelho transiluminador (TFX-20-M, Vilber Loumart) de luz UV (260 nm) e
eles foram fotografados com o sistema de captura de imagens DP-001-SD (Vilber Loumart).
3.4 - Seleção da estirpe receptora para os experimentos de conjugação com a estirpe S.
aureus MB367
Para que fosse possível a realização de experimentos de conjugação com a estirpe
MB367, foi necessário se encontrar uma estirpe de Staphylococcus spp. receptora que fosse
37
sensível aos antibióticos Em e Gm, uma vez que as resistências a estas drogas são os
marcadores do pRJ14 e do pGO1, respectivamente, e que fosse resistente a outros dois
antibióticos, para que a seleção após a conjugação pudesse ser feita. Esta estirpe deveria,
ainda, ser resistente à ação das aureocinas A70, codificada pelo pRJ6, e A53, codificada pelo
pRJ14.
A estirpe S. aureus que foi utilizada como receptora, então, foi a MB91, por possuir a
maioria das características necessárias, só precisando se tornar resistente a dois antibióticos.
3.4.1 - Obtenção de mutantes espontâneos resistentes à rifampicina e ao ácido fusídico
A estirpe MB91 foi crescida em 5 ml de meio TSB, à temperatura de 37°C, por 18 h,
com agitação de 120 rpm (incubadora de bancada Cientec, modelo CT -712) para a obtenção
de grande quantidade de massa celular. Após este tempo, a cultura foi centrifugada a 6.522 xg,
por 10 min. As células sedimentadas foram suspensas em 500 l de salina estéril e foram
semeados 100 l desta suspensão em cinco placas contendo 25 ml de meio TSB sólido
adicionado de 10 g/ml de rifampicina (Rif). As placas foram incubadas a 37°C por 24 a 48 h.
As colônias que cresceram foram transferidas para outra placa de Petri contendo meio TSB
sólido e Rif, na concentração mencionada, e colocadas para crescer novamente a 37°C por
18 h. Um dos mutantes foi selecionado para ser crescido novamente em 5 ml de meio TSB
com agitação, para sofrer todo o processo novamente, mas, agora, as placas com meio sólido
receberam, além de Rif, ácido fusídico (Fus), na mesma concentração.
A estirpe receptora de S. aureus criada após esta seleção foi nomeada MB374.
3.5 - Conjugação entre as estirpes S. aureus MB367 e MB374
A conjugação entre as estirpes MB367 e MB374 foi feita para se analisar se a presença
do pRJ6 tornaria o pRJ14 mobilizável.
A conjugação foi feita em duplicata e conforme descrito no item 3.3, mas, neste caso, a
seleção dos transconjugantes foi feita tanto em meio contendo Rif, Fus e Gm (controle da
transferência do pGO1), quanto em meio contendo Rif, Fus e Em (mobilização do pRJ14),
todos os antibióticos na concentração de 10 g/ml. As colônias transconjugantes formadas no
meio com Em, Rif e Fus foram coletadas e analisadas para se determinar a ocorrência da
mobilização.
38
3.6 - Análise dos transconjugantes Em
R
Rif
R
Fus
R
Os transconjugantes obtidos a partir do cruzamento entre as estirpes MB367 e MB374,
que cresceram nas placas de Petri contendo meio TSB adicionado de Em, Rif e Fus, passaram
pelos testes abaixo para se verificar se realmente houve mobilização.
3.6.1 - Teste da resistência dos transconjugantes à Gm
Os transconjugantes foram estriados em outras placas de Petri contendo meio TSB
acrescentado de Gm (10 g/ml) e incubados a 37°C por 18 h. Desta forma, foi possível sugerir
a presença ou a ausência do plasmídeo pGO1, pela resistência ou sensibilidade dos
transconjugantes a este antibiótico.
3.6.2 - Teste da produção de bacteriocina pelos transconjugantes
Os transconjugantes foram crescidos em 5 ml de meio TSB, a 37C, por 18 h. Após a
incubação, 5 l das suspensões bacterianas foram inoculados em placas de Petri contendo
meio BHI sólido, sob a forma de pontos. Em seguida, as placas foram incubadas sob as
mesmas condições anteriores. Enquanto isso, a estirpe de Corynebacterium fimi, a ser utilizada
como indicadora, foi crescida em 5 ml de meio específico mencionado, por 24 h a 37°C.
Transcorridas 18 h, as células produtoras foram mortas com vapores de clorofórmio por 30
min. As placas foram então incubadas a 37C por 1 h para que qualquer resíduo de
clorofórmio evaporasse. Transcorrido este tempo, 0,3 ml da cultura da indicadora foram
colocados em tubos de rosca contendo 3 ml de meio BHI semissólido fundido e, então,
vertidos sobre as placas, que foram incubadas a 37C por 18 h. Após a incubação, foi
verificada a presença ou a ausência de halos de inibição do crescimento de cada estirpe
indicadora (GIAMBIAGI-DEMARVAL et al., 1990). Para a comparação dos halos, o mesmo
teste foi feito com a estirpe doadora dos experimentos de conjugação, MB367.
3.6.3 - Extração de DNA plasmideal dos transconjugantes e EGA
Foi feita uma extração de DNA plasmideal dos transconjugantes e uma EGA do DNA
extraído, para se analisar a presença do pRJ14 e do pGO1, como descrito nos itens 3.3.1 e
3.3.2, respectivamente. Com este experimento, foi possível se verificar se houve mobilização
ou condução do plasmídeo pRJ14. Se o plasmídeo pGO1 estivesse presente, poderia ter
ocorrido uma condução, que se quando um plasmídeo se integra ao plasmídeo conjugativo
e é transferido para a célula receptora junto com ele.
39
3.7 - Clonagem da provável região oriT do plasmídeo pRJ9 no vetor de S. aureus pCN37
No vetor bifuncional (E. coli / S. aureus), pCN37, foi clonada a provável região oriT
do plasmídeo pRJ9, dando origem ao plasmídeo pRJ98. Este plasmídeo foi utilizado para se
verificar se o plasmídeo pRJ6 é capaz de reconhecer a região oriT do pRJ9 e mobilizar o
plasmídeo pRJ98, uma vez que as regiões oriTs dos dois plasmídeos são muito semelhantes
(COUTINHO, 2008).
3.7.1 - Extração de DNA plasmideal da estirpe S. aureus A53, que contém o plasmídeo
pRJ9
Com o objetivo de se obter um DNA mais puro e em maior quantidade, esta extração
foi feita como descrito no item 3.3.1, mas com algumas modificações.
A estirpe A53 foi crescida em 20 ml de meio TSB, por 18 h, a 37°C. No dia seguinte, o
crescimento celular foi centrifugado a 7.740 xg por 10 min (Centrífuga Beckman J2-HS). O
sedimento obtido foi lavado com 4 ml de tampão TE 1X, repetindo-se o mesmo processo de
centrifugação. O líquido foi decantado e as células suspensas em 4 ml de tampão de extração.
Foram adicionados a esta suspensão 15 l de solução de lisostafina (Sigma, 1 mg/ ml,
preparada em água bidestilada estéril), 20 l de solução de lisozima (Sigma, 10 mg/ml,
preparada em água bidestilada estéril) e 20 l de RNase A (Sigma, 100 mg/ml, preparada em
água bidestilada estéril). Após isto, a preparação foi incubada a 37°C em banho-maria, por 1 h,
ou até que a lise ocorresse. Ocorrida a lise, foi adicionado 1 ml de solução de SDS [10% (p/v),
preparada em água destilada]. A preparação foi recolocada no banho-maria a 37°C por outros
15 min e, em sequência, foi levada a outro banho-maria a 65°C, por 8 min. Imediatamente
após o término do tempo, foram acrescentados à preparação 600 l de solução de KCl 4 M e a
mesma foi incubada quase que instantaneamente no gelo por cerca de 30 min. Durante todo
este procedimento, foi evitada a agitação da solução para se prevenir a quebra excessiva do
DNA cromossômico. Passados 30 min, o material foi centrifugado em centrífuga refrigerada a
4°C, a 17.400 xg, por 30 min. A fase aquosa foi coletada (cerca de 5 ml) em um tubo de vidro
Corex™ e foi adicionado igual volume de solução de fenol:clorofórmio-álcool isoamílico
(25:24-1, v/v), agitando-se o tubo para homogeneizar a solução, que foi centrifugada a 7.740
xg, por 5 min, a 25°C. Foram coletados apenas os 2 ml superiores da fase aquosa em novo
tubo de vidro e igual volume de clorofórmio:álcool isoamílico (24:1, v/v) foi acrescentado,
agitando-se o tubo para homogeneizar a solução, que foi centrifugada novamente a 7.740 xg,
por 5 min, a 25°C. Duas alíquotas de 600 l foram coletadas em dois microtubos, aos quais
foram adicionados 720 l de isopropanol. O material foi incubado por 15 min a -20°C. Após
40
isto, a solução foi centrifugada a 14.676 xg, por 15 min, a 4°C. Passada a centrifugação, o
sobrenadante foi desprezado e o sedimento foi posto para secar à temperatura ambiente.
Quando seco, o sedimento foi dissolvido em 150 l de tampão Tris/HCl 10 mM (pH 7,8) e
mantido a -4°C.
3.7.2 - Amplificação da provável região oriT do plasmídeo pRJ9
Para se amplificar a provável região oriT do plasmídeo pRJ9, desenhou-se o par de
oligonucleotídeos iniciadores oriT9F (5’-AGCTAAATCGGCTGCGTC-3’) e oriT9R
(5’- TATGAATTTGCCCATTAACCG-3’). Tais iniciadores serviram para a amplificação de
uma região de 319 pb. Os iniciadores foram usados na concentração de 50 pmol. A reação foi
realizada em uma solução contendo ainda: tampão para Taq DNA-polimerase (Fermentas) na
concentração 1X; MgCl
2
na concentração final de 2 mM (Fermentas); dNTPs (Invitrogen) na
concentração final de 0,2 mM; 25 ng de DNA e 0,5 U da enzima Taq DNA-polymerase
(Fermentas). O volume final foi acertado com água deionizada para 50 L.
O processo de amplificação foi realizado no aparelho MyCycler
TM
(Bio-Rad
Laboratories, Inc.), através de uma etapa inicial de desnaturação a 94°C por 5 min, seguida de
30 ciclos de 1 min a 94°C (desnaturação), 1 min a 52°C (anelamento) e 30 s a 72°C
(extensão). Por fim, foi realizada uma etapa adicional de extensão a 72°C, por 3 min.
A visualização do produto da PCR foi obtida através de EGA, como descrito no item
3.3.2.
3.7.3 - Purificação do produto da PCR
O produto da PCR da provável região oriT do plasmídeo pRJ9 foi purificado com o
uso do sistema comercial Wizard
®
SV Gel and PCR Clean-up System (Promega), seguindo-se
todas as especificações do fabricante. A quantidade de DNA presente na solução, após a
purificação, foi determinada como descrito no item 3.7.4.
3.7.4 - Quantificação das soluções de DNA por comparação com o padrão "-HindIII"
Para se verificar a quantidade de DNA presente na solução contendo o fragmento
amplificado, foi utilizado o método de comparação com o DNA do fago digerido com a
enzima HindIII. Esta solução de DNA possui uma quantidade predeterminada e o DNA fica
fragmentado em sete fragmentos visíveis que possuem aproximadamente as seguintes
quantidades de DNA: 10 ng, 40 ng, 50 ng, 90 ng, 130 ng, 190 ng e 480 ng. Sendo assim, a
comparação da intensidade luminosa das bandas geradas pelo DNA presente em uma solução,
41
com cada uma das bandas referentes à digestão do DNA do fago , permite uma estimativa da
quantidade de DNA presente em solução. Sabendo-se disso, a solução de DNA que contém o
amplicon oriT foi submetida à EGA, como descrito no item 3.3.2, junto com o padrão "-
-HindIII". Por esta análise, determinou-se que a solução do fragmento amplificado continha,
aproximadamente, 25 ng/l de DNA.
3.7.5 - Ligação do fragmento amplificado ao vetor pGEM
®
-T Easy
O fragmento amplificado foi ligado ao vetor pGEM
®
-T Easy (Promega) de acordo com
as especificações do fabricante, utilizando-se 25 ng de DNA do inserto.
3.7.6 - Preparação das células termocompetentes de E. coli
A estirpe E. coli DH5α foi crescida em 5 ml de meio LB a 37°C, por 18 h.
Posteriormente, 500 l da cultura foram inoculados em 50 ml do mesmo meio. O inóculo foi
crescido sob agitação (100 rpm), a 37°C, por 2 h e 30 min. As células foram centrifugadas a
7.740 xg por 10 min e o sedimento suspenso em 25 ml de solução de MgCl
2
0,1 M gelada. A
suspensão celular foi incubada em banho de gelo por 10 min e, após isto, centrifugada nas
mesmas condições descritas anteriormente. O sedimento foi suspenso em 25 ml de solução de
CaCl
2
0,1 M gelada. Novamente, as células foram centrifugadas como descrito. O
sedimento foi suspenso em 1,25 ml da solução de CaCl
2
0,1 M gelada e foi distribuído 0,1 ml
do total em cerca de 12 microtubos. Estes foram rapidamente congelados a -70°C e mantidos a
esta temperatura, permitindo às células um período de viabilidade de cerca de 6 meses
(SAMBROOK, FRITSCH & MANIATIS, 1989).
3.7.7 - Transformação das células competentes de E. coli com o produto da ligação
A preparação das células competentes a ser usada foi retirada do freezer a -70°C e
deixada para descongelar em banho de gelo. A esta preparação descongelada, foram
misturados 10 l da ligação. A mistura foi incubada em banho de gelo por 45 min. Findo este
tempo, um choque térmico a 42°C, por 2 min, foi aplicado. Após isso, foi adicionado
rapidamente 1 ml de meio LB e as células foram incubadas a 37°C, por 2 h, para a expressão
fenotípica. Passado este período de incubação, alíquotas de 100 l da suspensão celular foram
semeadas em placas contendo meio LB adicionado de ampicilina (75 g/ml), X-Gal (75
g/ml, preparado em dimetilformamida) e IPTG (40 g/ml, preparado em água). Estas placas
foram incubadas a 37°C, por 18 h (SAMBROOK, FRITSCH & MANIATIS, 1989). As
colônias brancas foram selecionadas para a realização de uma extração de DNA plasmideal
42
como descrito abaixo, no item 3.7.8. A partir deste DNA extraído, foi feita uma EGA, como
descrito no item 3.3.2, para se verificar a presença do plasmídeo. Os DNAs correspondentes
ao plasmídeo foram submetidos a novas reações de PCR com os oligonucleotídeos iniciadores
oriT, como descrito no item 3.7.2, para se confirmar a presença do inserto.
3.7.8 - Extração de DNA plasmideal de E. coli
Os transformantes selecionados foram crescidos em 2 ml de meio LB, por 24 h a 37°C.
As culturas foram centrifugadas em microtubos a 6.522 xg, por 5 min. Após isto, os
sedimentos foram lavados com 500 l de tampão TE 1X e centrifugados nas mesmas
condições anteriores. Foram adicionados, então, 100 l de TE 1X, para suspender os
sedimentos, 40 l de pronase E (Sigma, 10 mg/ml, preparada em Tris/HCl 10 mM, NaCl 10
mM, pH 8,0) e 15 l de RNase A (Sigma, 100 mg/ml, preparada em água bidestilada estéril).
A estas suspensões foram acrescentados 200 l de solução de SDS 1% (p/v) e NaOH 0,2 N,
misturando-se bem. Após 15 min à temperatura ambiente, foram adicionados 150 l de acetato
de sódio 3 M (pH 4,8), misturando-se novamente. As suspensões foram mantidas no gelo por
20 min e, após isto, foram centrifugadas a 14.676 xg, por 15 min a 4°C. Os sobrenadantes
foram coletados em novos microtubos e foram adicionados dois volumes de etanol absoluto
(Merck) gelado. As preparações foram mantidas a -20 °C por pelo menos 18 h. Após este
tempo, elas foram centrifugadas a 14.676 xg, por 20 min a 4°C. Os sobrenadantes foram
desprezados e os sedimentos foram colocados para secar à temperatura ambiente. Quando
secos, foram dissolvidos em 20 l de TE 1X (BIRNBOIM & DOLY, 1979, modificado).
3.7.9 - Sequenciamento dos clones de E. coli contendo a provável região oriT do
plasmídeo pRJ9 inserida no vetor pGEM
®
-Teasy
Após a seleção dos clones, quatro deles foram enviados para terem a sequência de
nucleotídeos dos insertos determinada. Para tanto, foi utilizado o par de oligonucleotídeos
iniciadores M13 forward (5’-CGCCAGGTTTTTCCCAGTCACGAC-3') e reverse (5’-
CAGGAAACAGCTATGAC-3'). O processo de sequenciamento utilizou o sistema ABI Prism
3100 e o sistema comercial Terminator Chemistry Big Dies versão 3.1 (Perkin Elmer) e foi
realizado em colaboração com o Laboratory of Microbial Gene Technology da Norwegian
University of Life Sciences.
43
3.7.10 - Análise das sequências de DNA obtidas usando-se o programa ClustalX
O alinhamento das sequências de nucleotídeos dos clones, após o sequenciamento, foi
realizado com o auxílio da ferramenta ClustalX do programa BioEdit. Com esses
alinhamentos, foi possível se determinar quais clones possuíam a sequência da provável região
oriT do pRJ9 sem nenhuma mutação. Os clones foram nomeados Ec138, contendo o
plasmídeo pRJ93, resultante da clonagem do fragmento oriT no vetor pGEM
®
-Teasy.
3.7.11 - Extração de DNA da estirpe E. coli Ec111 contendo o plasmídeo pCN37
Para se conseguir quantidade suficiente do plasmídeo pCN37, para ser usada nas
reações de ligação com o fragmento oriT do plasmídeo pRJ9, foi utilizado o sistema
comercial Wizard
®
Plus SV
Miniprep DNA Purification System (Promega). O método de
extração foi feito de acordo com as especificações do fabricante.
3.7.12 - Digestão do DNA dos plasmídeos pCN37 e pRJ93
O DNA dos plasmídeos pCN37 e pRJ93 foi digerido com a enzima EcoRI, da seguinte
forma: 500 ng de DNA do plasmídeo pRJ93
e 350 ng de DNA do pCN37 foram digeridos com
40 U de enzima EcoRI (NEB), no tampão específico para esta enzima, em um volume final de
40 l, para o primeiro plasmídeo, e de 30 l, para o segundo. Estas reações se deram a 37°C
por 2 h.
Após a digestão, o DNA do plasmídeo pCN37, em sua forma linear, foi tratado com
fenol:clorofórmio-álcool isoamílico, como descrito no item 3.7.14. A visualização do
fragmento gerado a partir da digestão do DNA do pRJ93 foi obtida por EGA, como descrito
no item 3.3.2. O fragmento com o tamanho aproximado do inserto foi eluído da agarose como
descrito abaixo.
3.7.13 - Eluição do DNA da agarose
Para que o fragmento correspondente ao fragmento oriT fosse purificado para ser
posteriormente ligado ao pCN37, foi necessário se usar o sistema comercial Wizard
®
SV Gel
and PCR Clean-up System (Promega). Para tanto, após cortar do gel o pedaço contendo o
fragmento de interesse, as instruções do fabricante foram seguidas para se proceder à
purificação. A determinação da quantidade de DNA presente em solução, após a eluição da
agarose, foi realizada como descrito no item 3.7.4, revelando uma concentração de DNA de
5 ng/µl.
44
3.7.14 - Tratamento do produto da digestão do pCN37 com fenol:clorofórmio-álcool
isoamílico
Para se remover desta solução as enzimas usadas para clivar o DNA, foi utilizado o
método do tratamento com fenol:clorofórmio-álcool isoamílico. Para tanto, a solução de DNA
teve o seu volume completado para 100 l, com a adição de 70 l de água deionizada estéril.
A esta solução, foram adicionados 100 l de fenol:clorofórmio-álcool isoamílico (25:24-1,
v/v). A mistura foi bem homogeneizada e centrifugada a 6.522 xg, por 5 min, a 25°C. Foram
coletados cerca de 90 l da fase aquosa da preparação e ela foi tratada com 100 l de
clorofórmio:álcool isoamílico (24:1, v/v). O processo de centrifugação foi repetido e foram
coletados cerca de 90 l da fase aquosa da preparação. Foram adicionados 10 l de acetato de
sódio 3 M (pH 7,0) e 250 l de etanol absoluto gelado. A solução foi incubada a -20°C por
18 h e centrifugada a 14.676 xg, por 30 min a 4°C. O sedimento, após seco, foi dissolvido em
10 l de água deionizada estéril e mantido a 4°C.
3.7.15 - Ligação do fragmento oriT ao plasmídeo pCN37
Para a ligação do fragmento oriT retirado do pGEM
®
-T Easy ao plasmídeo pCN37,
foram utilizados 45 ng do fragmento oriT, 90 ng do pCN37 digerido, 4 µl de tampão de
ligação 5X e 1 U da DNA-ligase do fago T4 (Invitrogen), em um volume final de 20µl. A
reação se deu a 16°C, por 18 h.
3.7.16 - Tratamento do produto da ligação com álcool isobutílico
Visando-se retirar qualquer resíduo de sal do produto da ligação entre o fragmento oriT
e o vetor pCN37, para que a transformação ocorresse como desejado, foi feito um tratamento
da solução de ligação com álcool isobutílico da seguinte forma: o volume final da solução foi
levado para 50 l com água deionizada; foram adicionados 500 l de álcool isobutílico e a
solução foi misturada em um agitador de tubos por 30 s; após este tempo, foi feita uma
centrifugação a 14.676 xg, por 10 min a 4 °C, descartando-se, posteriormente, o sobrenadante;
o sedimento foi colocado para secar à temperatura ambiente e dissolvido em 10 l de água
deionizada (WILLIAMSON & SLOCUM, 1994).
45
3.7.17 Preparo de células eletrocompetentes e transformação de S. aureus com o
produto da ligação
Para a transformação de S. aureus com o produto da ligação do fragmento oriT ao
vetor pCN37, foi utilizado o protocolo de eletroporação desenvolvido por Schenk e Laddaga
(1992).
De acordo com o protocolo, a estirpe S. aureus RN4220 foi crescida em 5 ml de meio
TSB, a 37°C por 18 h. No dia seguinte, 1 ml deste crescimento foi inoculado em 25 ml do
mesmo meio, em um erlenmeyer de 250 ml. Este inóculo foi incubado com aeração (120 rpm),
por cerca de 2 h e 30 min. Após este tempo, as células foram centrifugadas a 7.740 xg, por 10
min a 20°C. O sedimento celular foi lavado três vezes com água deionizada estéril a 20°C,
repetindo-se as mesmas condições de centrifugação citadas. Após estas lavagens, o
sedimento foi lavado uma vez com 5 ml de solução de glicerol a 10% (v/v; preparada em água
deionizada), a 20°C, e uma vez com 2,5 ml da mesma solução, apenas com a seguinte
diferença no tratamento: antes de centrifugadas, as células foram incubadas por 15 min, a
20°C. Cada lavagem foi seguida de uma centrifugação nos moldes descritos. Por fim, o
sedimento obtido na última lavagem foi suspenso em 800 l da solução de glicerol a 10%.
Este volume foi então dividido por vários microtubos (70 l por microtubo), congelado
imediatamente a -70°C e mantido a esta temperatura até que fosse usado. Nestas condições, a
viabilidade das células é de aproximadamente 6 meses.
Para se eletroporar o plasmídeo nas células, estas foram descongeladas à temperatura
ambiente (25°C) e misturadas com cerca de 40 ng de DNA plasmideal. Este material foi
transferido para uma cubeta de eletroporação de gap 0,1 e submetido a um pulso elétrico com
as seguintes características: 2,3 kV; 25 F e 100 Ω. Imediatamente após o pulso, foram
adicionados 400 l de meio TSB e as células foram incubadas a 37°C, por 2 h, para expressão
fenotípica [resistência à Em]. Após este período de incubação, 0,1 ml das células foi semeado
em placas contendo meio TSB acrescido de Em (10 g/ml), que foram mantidas a 37°C por 24
a 48 h.
3.7.18 - Análise dos transformantes de S. aureus com o produto da ligação do fragmento
oriT ao plasmídeo pCN37
Os transformantes obtidos foram analisados por extração de DNA plasmideal e EGA,
como descrito nos itens 3.3.1 e 3.3.2, para se verificar a presença de formas plasmideais com
tamanhos em torno de 6,6 kb [tamanho esperado para a junção do fragmento oriT
(aproximadamente 320 pb) com o pCN37 (6,3 kb)]. A partir das extrações de DNA plasmideal
46
realizadas, foi feita, também, uma PCR com os oligonucleotídeos iniciadores oriT, como
descrito no item 3.7.2, para se ter certeza da presença do inserto. O plasmídeo criado a partir
da clonagem do fragmento oriT no vetor pCN37 foi nomeado pRJ98 e a estirpe possuidora
deste plasmídeo foi nomeada MB429.
3.8 - Transferência dos plasmídeos pRJ98 e pCN37 para a estirpe S. aureus A70 e do
plasmídeo pRJ98 para a estirpe S. aureus MB108
Com o objetivo de se verificar se o plasmídeo pRJ6 é capaz de reconhecer e mobilizar
a região oriT do pRJ9, o plasmídeo pRJ98 foi inserido na estirpe A70 por transdução. O
mesmo foi feito com o plasmídeo pCN37, que serviu como controle dos experimentos de
conjugação. Portanto, duas estirpes derivadas da A70 foram criadas: uma possuindo os
plasmídeos pRJ6 e pRJ98, e a outra, controle, carreando os plasmídeos pRJ6 e pCN37. Além
destas duas estirpes, foi necessário ainda, se criar uma terceira estirpe controle com o
plasmídeo pRJ98, que não possuísse o plasmídeo pRJ6 para se ter certeza de que a
mobilização do pRJ98, se houvesse, teria ocorrido pela atuação das proteínas Mob codificadas
pelo plasmídeo pRJ6, e não pelas proteínas Mob codificadas pelo plasmídeo conjugativo,
pGO1. Portanto, o plasmídeo pRJ98 foi inserido por transdução na estirpe MB108, que é a
estirpe A70 curada do plasmídeo pRJ6.
Todos os passos para a realização destes experimentos estão descritos nos subitens
abaixo.
3.8.1 - Propagação do fago 80α nas estirpes S. aureus MB429 e MB387
As estirpes MB429 e MB387, contendo os plasmídeos pRJ98 e pCN37,
respectivamente, foram crescidas em 5 ml de TBS, a 37ºC, por 18 h. Após este tempo, 0,5 ml
do crescimento de cada uma foi inoculado em frascos do tipo Erlenmeyer contendo 20 ml
de meio TSB. Estas culturas foram crescidas a 37ºC, por 2 h e 30 min, sob agitação constante
(120 rpm). Transcorrido este tempo, foram acrescentadas a cada cultura cerca de 10
8
ufp do
fago 80α. As culturas foram mantidas a 37ºC, por 30 min, sem agitação, para que as partículas
virais conseguissem se adsorver às células. Após os 30 min, as culturas foram reincubadas sob
agitação lenta (50 rpm), a 37ºC, até que a lise celular ocorresse. Ocorrida a lise celular, cada
suspensão foi centrifugada a 7.740 xg, por 10 min a 4ºC, e os sobrenadantes foram
esterilizados em membranas filtrantes com poros de 0,45 µm (Millipore) (BASTOS,
BONALDO & PENIDO, 1980).
47
3.8.2 - Transdução dos plasmídeos pRJ98 e pCN37 com o fago 80α para a estirpe S.
aureus A70 e do plasmídeo pRJ98 para a estirpe S. aureus MB108
Para a transdução destes plasmídeos, as estirpes receptoras citadas (A70 e MB108)
foram crescidas em 5 ml de TSB, a 37ºC por 18 h. No dia seguinte, 3 ml do crescimento
foram adicionados a 2 ml de meio TSB fresco e cerca de 3 ml do lisado das estirpes doadoras
foram adicionados ao crescimento celular. Esta preparação foi incubada por 30 min a 37ºC e,
logo após, 100 µl de uma solução de citrato de sódio 1 M foram adicionados. Após isto, a
preparação foi incubada a 37ºC, por 2 h. Findo este tempo, as suspensões foram centrifugadas
a 7.740 xg, por 10 min a 4ºC. O sedimento foi suspenso em 1 ml de salina e alíquotas de 100
µl foram semeadas em placas contendo meio TSB que foi adicionado de Em, na concentração
de 10 µg/ml. As placas foram incubadas a 37ºC, por 24 h (BASTOS, BONALDO &
PENIDO, 1980). As colônias que surgiram tiveram o seu DNA extraído, como descrito no
item 3.3.1, e analisado através de EGA, como descrito no item 3.3.2.
3.9 - Transferência do plasmídeo conjugativo pGO1 por experimentos de conjugação
para as estirpes geradas
Para que se pudesse utilizar as estirpes construídas no item anterior nos experimentos
de conjugação, era necessário que as mesmas possuíssem algum plasmídeo conjugativo para
promover o contato celular entre a célula doadora e a receptora. Para tanto, foram feitos
experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe RN7242, possuidora do plasmídeo
conjugativo pGO1, como doadora, e as estirpes A70, contendo o plasmídeo pRJ98 ou pCN37,
e MB108, contendo o plasmídeo pRJ98, como receptoras.
As conjugações foram feitas conforme descrito no item 3.3 e a seleção dos
transconjugantes foi feita em meio contendo Gm e Em, ambos os antibióticos na concentração
de 10 g/ml. As colônias transconjugantes geradas foram coletadas e analisadas por extração
de DNA e EGA, como descrito nos itens 3.3.1 e 3.3.2, respectivamente.
As estirpes geradas após esses experimentos foram nomeadas MB464 (A70 contendo
os plasmídeos pRJ6, pRJ98 e pGO1), MB465 (A70 contendo os plasmídeos pRJ6, pCN37 e
pGO1) e MB476 (MB108 contendo os plasmídeos pRJ98 e pGO1).
3.10 - Experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes S. aureus MB464, MB465 e
MB476 como doadoras
Foram realizados experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes citadas como
doadoras e a estirpe S. epidermidis MB263, como receptora.
48
A estirpe MB464 foi empregada com o objetivo de se verificar a capacidade das
funções mob do pRJ6 de atuarem sobre a região oriT do pRJ9, enquanto que a estirpe MB465
foi utilizada como controle destes experimentos, por possuir o plasmídeo pCN37 sem a
provável região oriT do pRJ9. Para se garantir que, se houvesse mobilização do plasmídeo
pRJ98, seria pela atuação das proteínas Mob do plasmídeo pRJ6 sobre a provável região oriT
do pRJ9, e não pela atuação das proteínas Mob do plasmídeo conjugativo pGO1, foram feitos
experimentos de conjugação com a estirpe MB476, por esta não possuir o plasmídeo pRJ6.
Estes três experimentos de conjugação foram realizados em duplicata e conforme descrito no
item 3.3, mas, neste caso, a seleção dos transconjugantes foi feita tanto em meio contendo Rif,
Fus e Gm (controle da transferência do pGO1), quanto em meio contendo Rif, Fus e Em
(mobilização do pRJ98 ou do pCN37), todos os antibióticos na concentração de 10 g/ml. As
colônias transconjugantes com resistência à Em, foram coletadas e analisadas para se
determinar a ocorrência da mobilização. Tais análises foram realizadas, verificando-se a
resistência dos transconjugantes à Gm (indicativa da presença do plasmídeo conjugativo,
pGO1), como descrito no item 3.6.1, e através de extração de DNA e EGA, como descrito nos
itens 3.3.1 e 3.3.2, respectivamente.
3.11 - Clonagem do gene mobD do plasmídeo pRJ6 no vetor de S. aureus pT181mcs
Com o objetivo de se verificar se a ausência do gene mobD é a responsável pela
incapacidade de mobilização do plasmídeo pRJ9, este gene foi clonado no vetor pT181mcs,
de S. aureus. Tal vetor apresenta, como característica importante, um sítio de clonagens
múltiplas posicionado a jusante do promotor do gene lac, o que permite a expressão
constitutiva dos genes clonados nesta região. O plasmídeo gerado após esta clonagem, foi
nomeado pRJ107 e foi inserido na estirpe MB126 que possui os plasmídeos pRJ14 e pGO1. A
mobilização do plasmídeo pRJ14, na presença da proteína MobD, foi analisada por
experimentos de conjugação.
Todos os passos para a realização destes experimentos estão descritos nos subitens
abaixo.
3.11.1 - Amplificação do gene mobD do plasmídeo pRJ6
Após a extração do DNA do plasmídeo pRJ6 da estirpe S. aureus A70, como descrito
no item 3.7.1, foi realizada uma PCR para se amplificar o gene mobD. Para tanto, desenhou-se
o par de oligonucleotídeos iniciadores mobDF2 (5’-
ATCTGCAGGTGAGTTACGTGAAAGGCTGG-3’) e mobDR2 (5’-
49
CGGAATTCGCGCTTAGTTTAGTGGTTGCC -3’), com sítios para as enzimas de restrição
PstI e EcoRI, respectivamente (sequências sublinhadas). Estas enzimas de restrição foram
escolhidas para permitir a clonagem direcionada do gene mobD no vetor pT181mcs, de modo
que o P
lac
ficasse a montante do gene mobD, possibilitando a correta expressão do gene a
partir deste promotor. Tais iniciadores serviram para a amplificação de uma região de 251 pb.
Os iniciadores foram usados na concentração de 50 pmol. A reação foi realizada como
descrito no item 3.7.2, mas utilizando-se uma temperatura de anelamento de 60°C. A
visualização do produto da PCR foi obtida através de EGA, como descrito no item 3.3.2.
O produto da PCR do gene mobD do plasmídeo pRJ6 foi purificado com o uso do
sistema comercial Wizard
®
SV Gel and PCR Clean-up System (Promega), como descrito no
item 3.7.3, e, para se verificar a quantidade de DNA presente na solução do fragmento
amplificado, foi utilizado o método de comparação com o DNA do fago digerido com a
enzima HindIII, como descrito no item 3.7.4.
3.11.2 - Digestão do DNA do vetor pT181mcs e do amplicon mobD
Os DNAs do vetor pT181mcs e do amplicon mobD foram digeridos com as enzimas
EcoRI e PstI da seguinte forma: 600 ng de DNA do amplicon mobD foram digeridos com
30 U de enzima EcoRI (NEB) e 30 U de PstI (NEB) e 300 ng do vetor pT181mcs foram
digeridos com 20 U de EcoRI (NEB) e 20 U de SalI (NEB). As duas reações se deram no
tampão específico para a enzima EcoRI, mas em um volume final de 50 l para a primeira
digestão e de 40 l para a segunda. Estas reações se deram a 37°C por 4 h.
Após a digestão, o DNA do pT181mcs ficou em sua forma linear e foi tratado com
fenol:clorofórmio-álcool isoamílico, como descrito no item 3.7.14. O fragmento mobD
digerido foi tratado com o sistema comercial Wizard
®
SV Gel and PCR Clean-up System
(Promega), como descrito no item 3.7.3. A determinação da quantidade de DNA presente em
solução, após o tratamento, foi realizada como descrito no item 3.7.4.
3.11.3 - Ligação do fragmento mobD ao vetor pT181mcs
Para a ligação do fragmento mobD ao vetor pT181mcs, foram utilizados 100 ng do
fragmento mobD, 75 ng do pT181mcs digerido, 4 µl de tampão de ligação 5X e 1 U da DNA-
-ligase do fago T4 (Invitrogen), em um volume final de 20 µl. A reação se deu a 16°C, por
18 h. Após este tempo, o produto da ligação foi tratado com álcool isobutílico como descrito
no item 3.7.16, para a retirada de qualquer resíduo de sal.
50
3.11.4 - Transformação de S. aureus com o produto da ligação
Foram feitos experimentos de transformação de S. aureus como descrito no item
3.7.17, mas utilizando-se tetraciclina (Tc), na concentração de 10 µg/ml, para selecionar os
transformantes.
Para se analisar os transformantes, uma extração de DNA plasmideal e uma EGA
foram realizadas, como descrito nos itens 3.3.1 e 3.3.2, para se verificar a presença de formas
plasmideais com tamanhos em torno de 5,1 kb [tamanho esperado para a junção do fragmento
mobD (aproximadamente 300 pb) com o pT181mcs (4,8 kb)]. A partir da extração de DNA
plasmideal realizada, foi feita, também, uma PCR com os oligonucleotídeos iniciadores
mobD2, como descrito no item 3.11.1, para se ter certeza da presença do inserto. O plasmídeo
criado foi nomeado pRJ107 e a estirpe possuidora deste plasmídeo foi nomeada MB490.
3.11.5 - Sequenciamento do fragmento mobD inserido no pRJ107
O plasmídeo pRJ107 foi enviado para ter a sequência do inserto determinada. Para
tanto, foi utilizado o par de oligonucleotídeos iniciadores M13 forward (5’-
CGCCAGGTTTTTCCCAGTCACGAC-3') e reverse (5’-CAGGAAACAGCTATGAC-3'). O
processo de sequenciamento foi realizado em colaboração com o Laboratório de Unidade
Genômica do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ.
O alinhamento das sequências obtidas dos clones foi realizado como descrito no item
3.7.10.
3.12 Transferência do plasmídeo pRJ107 para a estirpe S. aureus MB126
Para que se pudesse verificar a atuação in trans da proteína MobD era necessário se
inserir o plasmídeo pRJ107 em uma estirpe que possuísse o plasmídeo pRJ9 marcado com um
gene de resistência, como a estirpe MB126. Esta estirpe possui o plasmídeo pRJ14, que é o
plasmídeo pRJ9 marcado com o Tn551, que codifica resistência à Em, e o plasmídeo
conjugativo pGO1.
Para se inserir o plasmídeo pRJ107 na estirpe MB126, foi utilizado o método de
transdução. Primeiramente, o fago 80α foi propagado na estirpe possuidora do plasmídeo
pRJ107, MB490, como descrito no item 3.8.1 e, então, o plasmídeo foi transduzido para a
estirpe MB126 como descrito no item 3.8.2. Entretanto, neste experimento a seleção dos
transdutantes se deu na presença de Em, Gm e Tc, na concentração de 10 µg/ml.
A estirpe gerada foi nomeada MB491.
51
3.13 - Confirmação da transcrição do gene mobD no plasmídeo pRJ107 por experimentos
de RT-PCR
Foram realizados experimentos de RT-PCR para se confirmar a transcrição do gene
mobD do plasmídeo pRJ107. Para tanto, primeiramente, foi feita uma extração de RNA da
estirpe MB491, como descrito no item 3.2.1. Posteriormente, a preparação de RNA foi tratada
com DNase I, como descrito no item 3.2.2.
A RT-PCR foi realizada utilizando-se os oligonucleotídeos iniciadores mobDF (5’-
GTGAGTTACGTGAAAGGCTGG-3’) e mobDR (5’- GCGCTTAGTTTAGTGGTTGCC-3’).
Tais iniciadores serviram para a amplificação de uma região de 235 pb, onde o gene está
presente. A reação foi realizada como descrito no item 3.2.3, mas utilizando-se uma
temperatura de anelamento de 52°C. A visualização do produto da RT-PCR foi obtida através
de EGA, como descrito no item 3.3.2.
3.14 - Experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe S. aureus MB491 como
doadora
Foram realizados experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe citada como
doadora e a estirpe S. epidermidis MB263, como receptora.
Estes experimentos foram realizados para se verificar se, na presença da proteína
MobD, o plasmídeo pRJ14 se torna mobilizável e foram feitos em duplicata, como descrito no
item 3.10.
52
4 RESULTADOS
4.1 Confirmação da transcrição dos genes mob por experimentos de RT-PCR
Para se confirmar a transcrição dos genes mob do plasmídeo pRJ9, foram realizados
experimentos de RT-PCR com cDNA obtido a partir do RNA extraído da estirpe S. aureus
A53 (Figura 8). Nesta RT-PCR, foram utilizados os iniciadores: mobC, amplificando uma
região de ~350 pb e confirmando a transcrição do gene mobC; mobA, amplificando uma
região de ~390 pb e confirmando a transcrição do gene mobA; mobB, amplificando uma
região de ~390 pb e confirmando a transcrição do gene mobB; mobCF e mobAR,
amplificando uma região de ~791 pb e confirmando a cotranscrição dos genes mobC e mobA;
mobAF e mobBR, amplificando uma região de ~1.410 pb e confirmando a cotranscrição dos
genes mobA e mobB; e mobCF e mobBR, amplificando uma região de ~1.800 pb e
confirmando a cotranscrição dos três genes mob.
A partir dos resultados encontrados nesses experimentos, foi possível se comprovar a
transcrição dos três genes mob do plasmídeo pRJ9 e, ainda, a cotranscrição deles. Apesar de
não ter ocorrido amplificação de um fragmento único com a utilização dos iniciadores mobCF
e mobBR, o resultado das outras duas combinações de oligonucleotídeos iniciadores indica
que os genes mob do pRJ9 estão organizados como um operon. É importante ressaltar que não
houve amplificação no controle negativo destes experientos, excluindo-se a possibilidade de
haver sobra de DNA nas soluções de RNA (dados não mostrados).
4.2 Construção da estirpe heteroplasmideal S. aureus MB367
A estirpe de S. aureus MB367 foi construída pela conjugação entre as estirpes
RN7242, possuidora do plasmídeo conjugativo pGO1, e MB49, possuidora dos plasmídeos
pRJ6 e pRJ14. Os transconjugantes deste experimento foram selecionados em meio contendo
Gm e Em e a conjugação foi confirmada por EGA, onde foi possível se observar a presença
do plasmídeo pGO1 (dados não mostrados).
A nova estirpe construída foi utilizada em experimentos de conjugação para que fosse
possível a análise da capacidade de mobilização do plasmídeo pRJ14 na presença do pRJ6.
53
Figura 8: EGA mostrando o resultado da amplificação por RT-PCR realizada com o cDNA
obtido a partir do RNA extraído da estirpe A53. 1, padrão 100-bp DNA ladder (New England
Biolabs); 2, amplificação utilizando os iniciadores mobA; 3, amplificação utilizando os
iniciadores mobB; 4, amplificação utilizando os iniciadores mobC; 5, amplificação utilizando
os iniciadores mobAF e mobBR; 6, amplificação utilizando os iniciadores mobCF e mobAR;
7, amplificação utilizando os iniciadores mobCF e mobBR; 8, amplificação utilizando os
iniciadores Gyr, empregados como controle positivo por amplificarem um gene de expressão
constitutiva e altamente conservado em bactérias. As setas indicam o tamanho de alguns
fragmentos de DNA do padrão usado.
4.3 Seleção da estirpe receptora para os experimentos de conjugação com a estirpe S.
aureus MB367
Como explicado anteriormente, a estirpe receptora dos experimentos de conjugação
com a estirpe MB367 deveria ser resistente às aureocinas A70 e A53 e sensível aos
antibióticos Em e Gm. Portanto, a estirpe escolhida para ser a receptora dos experimentos de
conjugação com a estirpe MB367 foi a MB91. Esta estirpe possui um plasmídeo
bacteriocinogênico, de aproximadamente 8 kb, assim como o pRJ6, e é denominado pRJ28.
Em experimentos anteriores, este plasmídeo se mostrou incompatível com o pRJ14 (portanto,
com o pRJ9 também), mas compatível com o pRJ6 (GAMON et al., 1999).
1 2 3 4 5 6 7 8
500 pb
300 pb
100 pb
1.000 pb
1.517 pb
54
Após a obtenção de mutantes espontâneos da estirpe MB91 com resistência à Rif e ao
Fus, ela passou a ser chamada MB374. A resistência a estes outros antibióticos foi importante
para possibilitar a seleção apenas da estirpe receptora, após os experimentos de conjugação.
4.4 Conjugação entre as estirpes S. aureus MB367 e MB374
A conjugação entre a estirpe portadora dos plasmídeos pGO1, pRJ14 e pRJ6 (MB367)
e a estirpe MB374 foi realizada e os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 3. Não
foi possível se detectar a transferência do plasmídeo conjugativo pGO1, nestes experimentos.
As colônias transconjugantes que apresentaram resistência à Em foram testadas quanto
à sua resistência à Gm e quanto à capacidade de produção de bacteriocina, além de terem seus
DNAs plasmideais extraídos e analisados por EGA (Figura 9). Todas as colônias se
mostraram sensíveis ao antibiótico Gm, foram capazes de produzir bacteriocina e só possuíam
o plasmídio pRJ14.
A ausência do plasmídeo conjugativo pGO1 e do pRJ6 confirma a ocorrência de
mobilização, mesmo que em uma baixa frequência (Tabela 3). Além disso, como era de se
esperar devido à incompatibilidade, o plasmídeo pRJ28 foi perdido, uma vez que a seleção
dos transconjugantes foi feita em Em, favorecendo a manutenção do pRJ14. Estes resultados
demonstram a capacidade de mobilização do pRJ14 na presença do pRJ6.
Tabela 3: Experimentos de conjugação entre as estirpes MB367 e MB374.
Valores precedidos por < indicam que não foi detectada transferência e, se ela ocorreu, se
encontra abaixo do limite de detecção da técnica; Em seleção feita na presença de
eritromicina; Gm seleção feita na presença de gentamicina.
Frequência de conjugação/mobilização
(nº de transconjugantes/nº de doadoras)
Cruzamento
1º experimento
2º experimento
Média
Gm
Em
Gm
Em
Gm
Em
MB367 X MB374
<10
-13
1,6x10
-11
<10
-13
1,0x10
-11
<10
-13
1,3x10
-11
55
Figura 9: EGA mostrando a análise do DNA plasmideal de transconjugantes resultantes do
cruzamento MB367 X MB374. 1, estirpe MB367; 2, estirpe MB374; 4-11, transconjugantes
Em
R
Rif
R
Fus
R
. Crom., restos de cromossomo; OC, forma circular aberta; SC, super-hélice.
As setas indicam informações adicionais para ajudar o leitor.
4.5 - Clonagem da provável região oriT do plasmídeo pRJ9 no vetor de S. aureus pCN37
Para que fosse possível se realizar a clonagem da provável região oriT do plasmídeo
pRJ9 no vetor de S. aureus pCN37, foi necessário amplificar-se esta região pelo método da
PCR. A amplificação gerou amplicons com o tamanho esperado de ~319 pb. Este produto foi,
então, clonado no vetor pGEM
®
-T Easy e transformado para E. coli DH5. Nesta
transformação, foram obtidas várias colônias brancas resistentes à ampicilina. Destas,
algumas foram selecionadas para a extração de DNA plasmideal para se analisar a presença
do inserto.
Após a confirmação da presença de formas plasmideais ligeiramente maiores do que 3
kb (tamanho do pGEM
®
-T Easy), foi realizada uma nova reação de PCR, utilizando-se os
iniciadores oriT, com o DNA destes transformantes, e confirmando-se, assim, a presença do
inserto (Figura 10). O plasmídeo gerado foi denominado pRJ93.
56
Figura 10: EGA mostrando o resultado da amplificação por PCR realizada com o DNA dos
transformantes. 1, padrão 100-bp DNA ladder (Fermentas); 2, estirpe A53 (pRJ9), empregada
como controle positivo; 3-8, transformantes com o pRJ93; 9, estirpe A70 (pRJ6), empregada
como controle negativo. As setas indicam o tamanho de alguns fragmentos de DNA do
padrão usado e o tamanho do fragmento amplificado.
4.5.1 Sequenciamento dos clones contendo a região oriT do plasmídeo pRJ9
Quatro clones selecionados tiveram os seus DNAs enviados para o sequenciamento. O
resultado do sequenciamento serviu para se ter certeza de que o processo de amplificação
desta região não inseriu nenhum erro na sequência. Com a análise do resultado, foi observado
que todos os clones estavam com a sequência do inserto oriT correta.
4.5.2 Clonagem do fragmento oriT no vetor pCN37
Para a clonagem do fragmento oriT no vetor de S. aureus pCN37, os DNAs deste
vetor e do pRJ93 foram digeridos com a enzima EcoRI. O resultado destas digestões pode ser
visto na Figura 11.
Após a digestão com EcoRI, o fragmento oriT liberado foi ligado ao vetor pCN37
digerido. O produto desta ligação foi, então, transformado para S. aureus por eletroporação.
Esta transformação gerou colônias resistentes à Em, que foram selecionadas e submetidas à
extração de DNA plasmideal, para que fosse possível se analisar a presença do vetor com o
inserto. O resultado da EGA à qual estas preparações de DNA foram submetidas está
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1.000 pb
~300 pb
500 pb
100 pb
57
Figura 11: Análise dos produtos da digestão dos plasmídeos pCN37 e pRJ93 com EcoRI. A-
1, pCN37; 2, pCN37 digerido com EcoRI. B- 1, padrão 100-bp DNA ladder (Promega); 2,
pRJ93 digerido com EcoRI. OC, forma circular aberta; SC, super-hélice. As setas indicam
informações adicionais para ajudar o leitor e o tamanho de alguns fragmentos de DNA do
padrão usado.
apresentado na Figura 12A. Foi possível se perceber a presença de formas plasmideais
ligeiramente maiores do que o plasmídeo pCN37, com tamanhos em torno de 6,6 kb, como
era esperado para a ligação do vetor pCN37 ao fragmento oriT, em dois, dos cinco
transformantes selecionados (Figura 12A, colunas 3 e 5). As preparações de DNA destes dois
transformantes foram submetidas a uma nova reação de PCR com os iniciadores oriT, que
confirmou a presença do inserto oriT (Figura 12B). O plasmídeo gerado foi nomeado pRJ98 e
a estirpe possuidora deste plasmídeo foi nomeada MB429.
1 2
1 2
A
B
pCN37 OC
pCN37 SC
pCN37
(Linear)
Fragmento
oriT
pGEM
(Linear)
100 pb
500 pb
1.500 pb
58
Figura 12: Análise dos transformantes com o pRJ98 por EGA. A- EGA dos prováveis clones
contendo o pRJ98. 1, pCN37; 2-6, transformantes. B- EGA mostrando o resultado da
amplificação por PCR realizada com o DNA de dois clones contendo o pRJ98. 1, padrão
100-bp DNA ladder (Promega); 2-3, clones com o pRJ98; 4, pCN37, empregado como
controle negativo; 5, estirpe A53 (pRJ9), empregada como controle positivo; 6, branco
(amostra sem DNA). As setas indicam informações adicionais para ajudar o leitor, o tamanho
de alguns fragmentos de DNA do padrão usado e o tamanho do fragmento amplificado.
4.6 - Construção das estirpes S. aureus MB464, MB465 e MB476
O plasmídeo pRJ98 foi inserido na estirpe S. aureus A70 por transdução, para que
fosse possível se verificar se o plasmídeo pRJ6 é capaz de reconhecer e mobilizar a região
oriT do pRJ9. Da mesma forma, o plasmídeo pCN37 também foi inserido na estirpe A70,
servindo como controle dos experimentos de conjugação. Foi ainda necessário se construir
uma estirpe que possuísse apenas o plasmídeo conjugativo pGO1 e o pRJ98, pois se houvesse
mobilização deste plasmídeo, na presença do pRJ6, seria necessário se avaliar quais proteínas
Mob estariam envolvidas na mobilização, se as codificadas pelo pRJ6 ou as codificadas pelo
pGO1. Portanto, o plasmídeo pRJ98 foi inserido por transdução na estirpe MB108, que é a
estirpe A70 curada do plasmídeo pRJ6.
1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6
A
B
500 pb
100 pb
1.500 pb
~300 pb
OC
SC
59
Primeiramente, o fago 80α foi propagado nas estirpes S. aureus MB429 e MB387,
possuidoras dos plasmídeos pRJ98 e pCN37, respectivamente. Após isto, os lisados com estes
plasmídeos foram utilizados em experimentos de transdução com as estirpes S. aureus A70 e
MB108, que gerou várias colônias resistentes à Em. Algumas colônias foram selecionadas e
sofreram extração de DNA plasmideal, para que fosse possível se analisar a presença do
plasmídeo pRJ98 ou pCN37, por EGA. Por estes experimentos, foi possível se confirmar a
transdução do plasmídeo pRJ98 ou pCN37 para a estirpe A70 e do plasmídeo pRJ98 para a
estirpe MB108 (dados não mostrados).
Para que se pudesse utilizar as estirpes construídas em experimentos de conjugação,
era necessário que as mesmas possuíssem um plasmídeo conjugativo. Para tanto, o plasmídeo
conjugativo pGO1 foi transferido para estas estirpes por experimentos de conjugação. Os
transconjugantes destes experimentos foram selecionados em meio contendo Gm e Em e a
conjugação foi confirmada por EGA, onde foi possível se observar a presença dos plasmídeos
pGO1, pRJ6 e pRJ98, dando origem à estirpe MB464; pGO1, pRJ6 e pCN37, dando origem à
estirpe MB465 e pGO1 e pRJ98, dando origem à estirpe MB476 (dados não mostrados).
4.7 - Experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes S. aureus MB464, MB465 e
MB476 como doadoras
As estirpes construídas foram utilizadas em experimentos de conjugação, onde a
estirpe S. epidermidis MB263 foi empregada como receptora. Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 4.
Os experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe MB464 como doadora geraram
colônias transconjugantes resistentes à Em, que foram testadas quanto à sua resistência à Gm,
além de terem seus DNAs plasmideais extraídos e analisados por EGA (Figura 13A). Todas
as colônias se mostraram sensíveis ao antibiótico Gm e possuíam o plasmídeo pRJ98,
provando que houve mobilização deste plasmídeo.
Os experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe MB465 como doadora não
geraram colônias transconjugantes resistentes à Em (Tabela 4). Este resultado mostra a
necessidade da presença da região oriT para que a mobilização ocorra.
Quando a estirpe MB476 foi utilizada como doadora nos experimentos de conjugação,
foi possível se detectar a presença de duas colônias transconjugantes com resistência à Em,
em um dos experimentos. Estas colônias foram testadas quanto à sua resistência à Gm e
tiveram seus DNAs plasmideais extraídos e analisados por EGA (Figura 13B). Todas as
colônias se mostraram sensíveis ao antibiótico Gm e só possuíam o plasmídeo pRJ98. Este
60
Tabela 4: Experimentos de conjugação utilizando-se as estirpes S. aureus MB464, MB465 e
MB476 como doadoras
Valores precedidos por < indicam que não foi detectada transferência e, se ela ocorreu, se
encontra abaixo do limite de detecção da técnica; Em seleção feita na presença de
eritromicina; Gm seleção feita na presença de gentamicina.
resultado mostra que o plasmídeo conjugativo, pGO1, é capaz de reconhecer, ainda que em
baixa frequência, a região oriT do plasmídeo pRJ9.
Os resultados destes experimentos confirmam o funcionamento da região oriT do
plasmídeo pRJ9 e a capacidade do plasmídeo pRJ6 de reconhecê-la.
4.8 - Clonagem do gene mobD do plasmídeo pRJ6 no vetor de S. aureus pT181mcs
Para que fosse possível se realizar a clonagem do gene mobD no vetor de S. aureus
pT181mcs, foi necessário amplificar-se este gene pelo método da PCR. A amplificação foi
feita utilizando-se oligonucleotídeos iniciadores que apresentavam sítios para enzimas de
restrição em suas sequências e gerou amplicons com o tamanho esperado de ~251 pb, onde o
gene está presente. Este produto foi, então, digerido com as enzimas de restrição, cujos sítios
se encontravam nos oligonucleotídeos iniciadores, e clonado no vetor pT181mcs, digerido
com as mesmas enzimas, PstI e EcoRI. A escolha destas enzimas foi feita de modo que o P
lac
,
presente no vetor, ficasse a montante do gene mobD, possibilitando a correta expressão do
gene a partir desse promotor. O resultado da digestão do vetor pode ser observado na Figura
14.
Frequência de conjugação/mobilização
(nº de transconjugantes/nº de doadoras)
Cruzamento
1º experimento
2º experimento
Média
Gm
Em
Gm
Em
Gm
Em
MB464 X MB263
2,9x10
-8
0,9x10
-8
4,4x10
-8
0,7x10
-8
3,7x10
-8
0,8x10
-8
MB465 X MB263
1,6x10
-8
<10
-9
5,6x10
-8
<10
-9
3,6x10
-8
<10
-9
MB476 X MB263
4,6x10
-8
1,6x10
-9
2,2x10
-8
<10
-9
3,4x10
-8
0,8x10
-9
61
Figura 13: EGA mostrando a análise do DNA plasmideal dos transconjugantes resultantes
dos experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe MB464 (A) ou MB476 (B) como
doadora. A- 1, estirpe MB464; 2-7, transconjugantes Em
R
Rif
R
Fus
R
. B- 1, estirpe MB429
(controle do pRJ98); 2, estirpe MB476; 3-4, transconjugantes Em
R
Rif
R
Fus
R
. Crom., restos de
cromossomo; OC, forma circular aberta; SC, super-hélice. As setas indicam informações
adicionais para ajudar o leitor.
Crom.
pG01
pRJ6 OC
pRJ6 SC
pRJ98 OC
pRJ98 SC
A
1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4
Crom.
pG01
pRJ98 OC
pRJ98 SC
B
62
Figura 14: Análise dos produtos da digestão do vetor pT181mcs
com EcoRI e PstI. 1,
pT181mcs; 2, pT181mcs digerido com EcoRI e PstI. As setas indicam informações adicionais
para ajudar o leitor.
O produto da ligação entre o fragmento mobD e o vetor pT181mcs digeridos foi,
então, transformado para S. aureus por eletroporação. Esta transformação gerou uma única
colônia resistente à Tc, que sofreu extração de DNA plasmideal, para que fosse possível se
analisar a presença do vetor com o inserto. O resultado da EGA à qual esta preparação de
DNA foi submetida está apresentado na Figura 15A. Foi possível se perceber a presença de
uma forma plasmideal ligeiramente maior do que o plasmídeo pT181mcs, com tamanho em
torno de 5,0 kb, como era esperado para a ligação do vetor pT181mcs ao fragmento mobD. A
preparação de DNA do transformante também foi submetida a uma nova reação de PCR com
os iniciadores mobD, que confirmou a presença do inserto mobD (Figura 15B).
Para se ter certeza de que o processo de amplificação do gene mobD não inseriu
nenhum erro em sua sequência, foi realizado o sequenciamento do inserto presente no
plasmídeo. Após a análise do resultado, foi observado que o plasmídeo apresentava a
sequência do inserto mobD correta.
O plasmídeo gerado foi nomeado pRJ107 e a estirpe possuidora do mesmo foi
nomeada MB490.
1 2
pT181mcs OC
pT181mcs SC
pT181mcs
(Linear)
63
Figura 15: Análise do transformante contendo o pRJ107 por EGA. A- EGA de DNA
plasmideal. 1, provável clone contendo o pRJ107; 2, pT181mcs. B- EGA mostrando o
resultado da amplificação por PCR realizada com o DNA do plasmídeo pRJ107. 1, padrão
100-bp DNA ladder (Fermentas); 2, pRJ6 (estirpe A70), empregada como controle positivo;
3, plasmídeo pRJ107; 4, pT181mcs, empregado como controle negativo; 5, branco (amostra
sem DNA). As setas indicam informações adicionais para ajudar o leitor, o tamanho de alguns
fragmentos de DNA do padrão usado e o tamanho do fragmento amplificado.
4.9 - Construção da estirpe S. aureus MB491
Para que fosse possível se verificar se a presença da proteína MobD seria capaz de
tornar o plasmídeo pRJ9 mobilizável, era necessário inserir o plasmídeo pRJ107 em uma
estirpe que possuísse o plasmídeo pRJ9 com algum marcador de resistência. A estirpe
escolhida foi a MB126, por possuir o plasmídeo pRJ14, que é o plasmídeo pRJ9 marcado com
o Tn551, que codifica a resistência à Em, e o plasmídeo conjugativo pGO1. O plasmídeo
pRJ107 foi, então, inserido na estirpe MB126 por transdução.
O experimento de transdução gerou várias colônias resistentes à Em, Gm e Tc.
Algumas colônias foram selecionadas e sofreram extração de DNA plasmideal, para que fosse
1 2
1 2 3 4 5
A
B
500 pb
100 pb
1.000 pb
~250 pb
SC
OC
64
possível se analisar a presença do plasmídeo pRJ107, por EGA. Por estes experimentos, foi
possível se confirmar a transdução do plasmídeo pRJ107 para a estirpe MB126 (dados não
mostrados). A estirpe gerada foi nomeada MB491.
4.10 - Confirmação da transcrição do gene mobD por experimentos de RT-PCR
Para se confirmar a transcrição do gene mobD do plasmídeo pRJ107, foram realizados
experimentos de RT-PCR com cDNA obtido a partir do RNA extraído da estirpe MB491.
Nesta RT-PCR, foram utilizados os iniciadores mobD, amplificando uma região de 251 pb.
A partir dos resultados encontrados nesses experimentos (Figura 16), foi possível se
comprovar a transcrição do gene mobD do plasmídeo pRJ107. É importante ressaltar que não
Figura 16: EGA mostrando o resultado da amplificação por RT-PCR realizada com o cDNA
obtido a partir do RNA extraído da estirpe MB491. 1, padrão 100-bp DNA ladder
(Fermentas); 2, amplificação utilizando os iniciadores mobD; 3, amplificação utilizando os
iniciadores gir, empregados como controle positivo por amplificarem um gene de expressão
constitutiva e altamente conservado em bactérias; 4, branco (amostra sem DNA) utilizando os
iniciadores mobD. As setas indicam o tamanho de alguns fragmentos de DNA do padrão
usado.
1 2 3 4
1.000 pb
500 pb
100 pb
65
houve amplificação no controle negativo destes experientos, excluindo-se a possibilidade de
haver sobra de DNA nas soluções de RNA (dados não mostrados).
4.11 - Experimentos de conjugação utilizando-se a estirpe S. aureus MB491 como
doadora
A estirpe construída foi utilizada em experimentos de conjugação, onde a estirpe S.
epidermidis MB263 foi empregada como receptora. Os resultados obtidos estão apresentados
na Tabela 5.
Os experimentos de conjugação não geraram colônias resistentes à Em, não sendo
possível, portanto, se detectar mobilização do plasmídeo pRJ14 na presença da proteína
MobD. Este resultado sugere que a ausência do gene mobD não é a responsável pela
incapacidade de mobilização do plasmídeo pRJ9.
Tabela 5: Experimentos de conjugação entre as estirpes MB491 e MB263.
Valores precedidos por < indicam que não foi detectada transferência e, se ela ocorreu, se
encontra abaixo do limite de detecção da técnica; Em seleção feita na presença de
eritromicina; Gm seleção feita na presença de gentamicina.
Frequência de conjugação/mobilização
(transconjugante/doador)
Cruzamento
1º experimento
2º experimento
Média
Gm
Em
Gm
Em
Gm
Em
MB491 X MB263
7,5x10
-7
<10
-9
7,7x10
-7
<10
-9
7,6x10
-7
<10
-9
66
5 DISCUSSÃO
As bactérias possuem a capacidade de transferir e adquirir genes facilmente pelo
mecanismo da conjugação. Este mecanismo pode mediar a transferência de genes adaptativos,
de virulência e de resistência entre bactérias, entre bactérias e fungos e, ainda, entre bactérias
e células de plantas. Por este motivo, a conjugação é capaz de potencializar mudanças
significativas para esses microrganismos no âmbito evolutivo, ambiental e clínico (CURTISS,
1969; LANKA & WILKINS, 1995; BURRUS & WALDOR, 2004), sendo os plasmídeos
conjugativos e mobilizáveis e os transpósons conjugativos os grandes responsáveis por este
processo.
O mecanismo de conjugação de bactérias Gram-negativas é bem documentado,
havendo inclusive diversos modelos para a montagem e o funcionamento da maquinaria de
conjugação (ATMAKURI, CASCALES & CHRISTIE, 2004; CHRISTIE et al., 2005;
LLOSA & DE LA CRUZ, 2005). Para as bactérias Gram-positivas, o mecanismo de
conjugação é pouco conhecido, havendo apenas um modelo recente do mecanismo de
montagem e funcionamento da maquinaria de conjugação, baseado no modelo já relatado para
as bactérias Gram-negativas (ABAJY et al., 2007). Entretanto, uma vez que a conjugação é
uma das grandes responsáveis pelo aumento do número de cepas multirresistentes aos
antimicrobianos utilizados (GROHMANN, MUTT & ESPINOSA, 2003; CHEN, CHRISTIE
& DUBNAU, 2005) e é crescente o número de espécies de Staphylococcus spp. com
multirresistência, se torna essencial o estudo da conjugação entre estes microrganismos.
Em trabalhos anteriores, foi demonstrado que, apesar da incapacidade de mobilização
do plasmídeo pRJ9, ele possui três orfs cujos produtos apresentam alta similaridade a
proteínas associadas ao processo de mobilização, além de uma provável região oriT (NETZ et
al., 2002; COUTINHO, 2008). Estudos mais detalhados demonstraram que os produtos
codificados por estas três orfs apresentam mais de 90% de similaridade com as proteínas de
mobilização MobC, MobA e MobB codificadas pelo plasmídeo pRJ6 (COUTINHO, 2008).
Quando as regiões oriTs destes dois plasmídeos foram comparadas (Figura 17), pôde-se
observar uma elevada identidade entre elas, o que sugeria que a região oriT do plasmídeo
pRJ9 era funcional (COUTINHO, 2008; COELHO et al., 2009).
Na região oriT encontrada no plasmídeo pRJ9, foram detectadas várias repetições
invertidas, o que é uma característica importante e bem relatada para regiões oriT, tanto de
plasmídeos de bactérias Gram-positivas, quanto de Gram-negativas (PANSEGRAU,
ZIEGELIN & LANKA, 1990; WANG & MACRINA, 1995; CLIMO, SHARMA &
67
Figura 17: Alinhamento entre regiões oriT de plasmídeos mobilizáveis de Staphylococcus spp.. As setas pretas indicam repetições invertidas
(RI) encontradas na maioria dos plasmídeos. Nas regiões amarelas, estão duas repetições diretas (agtggctag) (mcb1 e mcb2) e uma repetição direta
degenerada (tggctag) (mcb3) com papel regulatório. Em cinza, está assinalado o sítio sra. Em azul, está o sítio nic mapeado para o plasmídeo pC223.
-35 e -10, região promotora.
*
, nucleotídeos idênticos [adaptado de COUTINHO (2008)].
68
ARCHER, 1996; GUZMÁN & ESPINOSA, 1997; FEKETE & FROST, 2000; PARKER et
al., 2005; JANDLE & MEYER, 2006). Para alguns autores, estas repetições invertidas podem
estar envolvidas na formação de estruturas secundárias no DNA que serviriam para ajudar na
regulação da expressão dos genes próximos à região oriT (KURENBACH et al., 2002).
Entretanto, outros autores acreditam que estas repetições formariam estruturas em grampo que
diminuiriam o enovelamento do DNA nestas regiões, possibilitando uma maior interação das
proteínas Mob com seus sítios-alvos (PANSEGRAU, ZIEGELIN & LANKA, 1990; CLIMO,
SHARMA & ARCHER, 1996; FEKETE & FROST, 2000). Além disso, estas repetições
sofrem variações de plasmídeo para plasmídeo, podendo então ter um papel fundamental no
reconhecimento das regiões oriT pelas relaxases (GUZMÁN & ESPINOSA, 1997; FEKETE
& FROST, 2000; PARKER et al., 2005).
Os estudos mais completos com regiões oriT de plasmídeos mobilizáveis de
Staphylococcus spp. foram realizados com os plasmídeos pC221 e pC223 (CARYL, SMITH
& THOMAS, 2004; SMITH & THOMAS, 2004; CARYL & THOMAS, 2006). Quando se
compara a possível região oriT do pRJ9 com a destes plasmídeos bem estudados, é possível se
perceber algumas semelhanças (Figura 17). Uma delas é a RI-4 do pRJ9, que está presente
igualmente naqueles plasmídeos e, para o pC221 e para o pC223, foi proposto que ela
desempenhe um papel regulatório na expressão do operon mob, devido a sua sobreposição à
região -10 do promotor (SMITH & THOMAS, 2004). É provável que no pRJ9 esta repetição
invertida apresente a mesma função, que uma grande conservação entre estas regiões
nestes plasmídeos, inclusive o fato de ela estar sobreposta à provável região -10 do promotor
dos genes mob. Na região oriT do pRJ9, foi possível ainda se encontrar as três regiões
envolvidas na ligação de MobC (mcb1-3) e uma região quase idêntica ao sítio de ligação de
MobA (sra), propostas para os plasmídeos pC221 e pC223. Devido ao alto grau de
conservação entre elas, pode-se dizer que elas desempenham o mesmo papel no pRJ9,
servindo para o reconhecimento de tais regiões por MobC e MobA (CARYL & THOMAS,
2006).
As proteínas de mobilização codificadas pelo plasmídeo pRJ9 não apresentaram
diferenças significativas em suas sequências que pudessem responder pela incapacidade de
mobilização deste plasmídeo. A proteína MobC codificada pelo pRJ9 apresenta o domínio
característico deste tipo de proteína, na região carboxi-terminal. Já a proteína MobA apresenta
os três motivos conservados, na região amino-terminal, característicos de relaxases
pertencentes à subfamília MOB
p
da superfamília ColE1 deste tipo de proteína. A proteína
69
MobB codificada pelo pRJ9 apresentou 90% de identidade com a mesma proteína codificada
pelo plasmídeo pRJ6 (COUTINHO, 2008).
Com os experimentos de RT-PCR realizados com o cDNA obtido a partir do RNA
extraído da estirpe A53, foi possível se confirmar que os genes mob são transcritos (Figura 8),
uma vez que foram obtidos os amplicons com os tamanhos esperados em todas as
combinações de oligonucleotídeos iniciadores utilizadas.
Na região mob do plasmídeo pRJ9, foi possível se encontrar uma possível região
promotora a montante do gene mobC, em que as regiões -35 e -10 apresentam sequências
praticamente idênticas às sequências canônicas e estão separadas por uma distância de quinze
nucleotídeos (Figura 17). Este promotor foi o único encontrado, sugerindo que os genes mob
do pRJ9 estariam organizados como um operon, o que foi confirmado pelos experimentos de
RT-PCR. Apesar de não ter sido possível se observar a amplificação de um produto único
pela combinação dos iniciadores mobCF e mobBR, a amplificação com os iniciadores
mobCF/mobAR e mobAF/mobBR gerou produtos com os tamanhos esperados (Figura 8).
Este resultado confirmou a hipótese de a região mob do pRJ9 estar organizada como um
operon, uma vez que se sabe que o gene mobC precede o gene mobA, que, por sua vez,
precede o gene mobB (NETZ et al., 2002).
Quando se analisa o resultado da amplificação com a utilização dos iniciadores
mobCF e mobBR, é possível se perceber a presença de uma banda fraca com o tamanho
esperado (1.800 pb), que pode ser o fragmento referente aos três genes mob. Acreditamos que
a amplificação fraca com estes iniciadores se deva ao fato de a extração do RNA ter sido
realizada com a cultura microbiana crescida por 18 h. Visto que foi relatada a regulação do
operon mob pela própria relaxase (KURENBACH et al., 2006), este tempo de crescimento
seria suficiente para ter ocorrido uma grande produção de proteínas Mob e, então, uma
repressão deste operon pela relaxase. Este fato geraria uma queda no nível de transcrição
destes genes e, com o tempo, ocorreria a degradação dos mRNAs formados no início,
reduzindo a quantidade do transcrito abrangendo os três genes mob. Acreditamos que este
também possa ser o motivo de uma amplificação mais fraca na PCR realizada com os
iniciadores mobAF e mobBR (Figura 8).
Para se tentar verificar a tradução das proteínas Mob codificadas pelo plasmídeo pRJ9,
possíveis sequências de ligação aos ribossomos foram analisadas. A montante de cada ORF
presente na região mob do pRJ9 foi encontrada um possível sítio de ligação aos ribossomos,
mas apenas a montante do gene mobB foi encontrada uma sequência canônica (aggagg)
(Figura 18). A sequência pouco consensual encontrada a montante do gene mobA pode indicar
70
Figura 18: Possíveis sítios de ligação aos ribossomos (RBS) presentes a montante de cada
gene mob e seu posicionamento em relação ao códon de iniciação de tradução. nt,
nucleotídeo (s).
uma regulação da expressão da proteína mais importante para o processo de mobilização, a
relaxase, também ao nível de tradução.
Apesar de o plasmídeo pRJ9 não ser mobilizável, os experimentos de RT-PCR
mostraram que os genes mob deste plasmídeo são transcritos normalmente e a presença de
possíveis sítios de ligação aos ribossomos a montante dos genes mob sugere a tradução das
proteínas Mob. Além disto, quando se analisou in silico a região oriT e as proteínas Mob
codificadas pelo plasmídeo pRJ9, não foi possível se detectar nenhuma alteração significativa
que pudesse responder pela incapacidade de mobilização deste plasmídeo (COUTINHO,
2008). Quando comparado ao plasmídeo pRJ6, a única diferença significativa encontrada
neste plasmídeo é a presença do gene mobD entre os genes mobC e mobA. Assim como
ocorre nos plasmídeos pC221 e pC223, a região 3’-OH do gene mobC se sobrepõe à região
5’-P do gene mobA no pRJ9, estando ausente, portanto, o gene mobD. Porém, apesar de não
codificarem a proteína MobD, os plasmídeos pC221 e pC223 são mobilizáveis (PROJAN &
ARCHER, 1989; SMITH & THOMAS, 2004).
De acordo com Coelho (2007), a explicação mais provável para a presença de MobD
em alguns plasmídeos de Staphylococcus spp. e a sua ausência em outros seria a existência de
um plasmídeo ancestral possuidor de mobD que, através de processos de recombinação, possa
ter perdido, em algumas de suas cópias, este gene. Tal fenômeno poderia ser resultante de um
5 nt
11 nt
8 nt
71
processo de recombinação homóloga ocorrido entre duas repetições diretas encontradas no
final de mobC e no início de mobA (Figura 19).
A proteína MobD do pRJ6 é um pequeno peptídeo de 7,5 kDa (65 ácidos aminados),
com pI igual a 9,15, apresentando domínios hidrofóbicos com potencial de inserção na
membrana (COELHO et al., 2009). Para o plasmídeo ColE1, foi proposto que a MbeD
poderia estimular o início da transferência plasmideal nas células doadoras (YAMADA,
YAMADA & NAKAZAWA, 1995).
Pelos resultados obtidos com os experimentos de conjugação realizados entre as
estirpes MB367 e MB374, ficou claro que o plasmídeo pRJ14 se torna mobilizável na
presença do pRJ6, mostrando que, de alguma forma, as funções mob do pRJ6 são capazes de
complementar as funções mob do pRJ14.
Pelos resultados apresentados na Tabela 3, é possível se observar que não foi detectada
a transferência do plasmídeo conjugativo pGO1, uma vez que a frequência média de
conjugação foi <10
-13
. Acreditamos que este fato seja resultante da competição entre os
plasmídeos pGO1, pRJ6 e pRJ14 pela maquinaria de transporte. Uma vez que os plasmídeos
pRJ14 e pRJ6 provavelmente se apresentam em um maior número de cópias do que o pGO1,
eles levariam vantagem nesta competição.
A frequência de mobilização do pRJ14 (10
-11
) também foi baixa quando comparada à
frequência do pRJ6, que é de aproximadamente 10
-8
(COELHO et al., 2009), mas acreditamos
que este resultado se deva ao fato de que as proteínas Mob codificadas pelo pRJ6 estarem
atuando preferencialmente na mobilização deste plasmídeo. as funções Mob do pRJ6 que
estivessem excedentes é que teriam uma atuação in trans no pRJ14.
Como as regiões oriTs dos plasmídeos pRJ6 e pRJ9 apresentam um alto grau de
identidade, foram feitos experimentos de conjugação para se observar se o plasmídeo pRJ6 é
capaz de reconhecer a região oriT do plasmídeo pRJ9. Pelos resultados apresentados na
Tabela 4, é possível se perceber que houve transferência do plasmídeo pRJ98, nos
experimentos de conjugação utilizando a estirpe MB464 como doadora, em uma frequência
de 10
-8
, o que comprova a capacidade das funções mob do plasmídeo pRJ6 de reconhecerem a
região oriT do pRJ9. Entretanto, este resultado não foi observado para outros plasmídeos com
regiões oriTs com alta identidade. Estudos feitos com os plasmídeos pC221 e pC223
revelaram que não ocorria a formação do relaxossomo quando suas regiões oriTs eram
trocadas (SMITH & THOMAS, 2004). Estudos posteriores com estes dois plasmídeos
evidenciaram que a proteína MobC codificada por cada um deles é capaz de reconhecer e se
ligar à região oriT do outro, mas a proteína MobA não é capaz de fazer o mesmo, revelando
72
Figura 19: Posicionamento das repetições diretas (sombras amarelas) encontradas no final
dos genes mobC e início dos genes mobA em plasmídeos mobilizáveis de Staphylococcus
spp.. Note que os plasmídeos de S. epidermidis e o pRJ6 apresentam o gene mobD se
sobrepondo ao gene mobC a partir de um códon correspondente ao ácido aminado triptofano
(W). Já os plasmídeos de S. aureus pC221, pS194 e pRJ9 apresentam o gene mobA se
sobrepondo ao gene mobC a partir de um códon correspondente ao ácido aminado W. Atribui-
-se esta diferença a uma possível recombinação geradora de deleção, ocorrida entre o final de
mobC e o início de mobA, na região das repetições diretas [adaptado de COELHO (2007)].
73
que a especificidade de ligação é determinada pela relaxase (CARYL, SMITH & THOMAS,
2004). Quando se compara os sítios sra dos plasmídeos pC221 e pC223 (Figura 17), é
possível se identificar a substituição de três nucleotídeos, o que pode responder pela
incapacidade da proteína relaxase codificada por um deles de reconhecer a região oriT do
outro. Entretanto, os sítios sra dos plasmídeos pRJ6 e pRJ9 são idênticos (Figura 17),
possibilitando que a relaxase codificada pelo pRJ6 reconheça e se ligue à região oriT do pRJ9.
Em apenas um dos experimentos utilizando a estirpe MB476 como doadora, foi
possível se observar a mobilização do plasmídeo pRJ98, em uma baixa frequência, apesar de
apenas o plasmídeo conjugativo pGO1 estar presente nesta estirpe (Tabela 4). Este resultado
foi encontrado em outros estudos em que a região oriT do plasmídeo pC221 foi clonada no
vetor de S. aureus pE194 (PROJAN & ARCHER, 1989). Neste trabalho, também foi
observada uma baixa frequência de mobilização do plasmídeo construído com a região oriT
do pC221, na presença apenas do pGO1.
O plasmídeo conjugativo pGO1 contém vários replicons pequenos cointegrados e um
destes replicons é o pSK639, um plasmídeo mobilizável encontrado em S. epidermidis
(LEELAPORN et al., 1994; CARYL & O’NEILL, 2009). Experimentos realizados com a
região mob do replicon pSK639 encontrado no plasmídeo pGO1 revelaram a presença de uma
inserção no sítio de clivagem da relaxase e mutações em dois dos três genes de mobilização,
uma delas resultando em mutação no motivo III do sítio catalítico da relaxase (CARYL &
O’NEILL, 2009). Além disso, experimentos de conjugação revelaram que este replicon
pSK639 perdeu a sua capaciade de mobilização por completo (CARYL & O’NEILL, 2009).
Sendo assim, o motivo da baixa frequência de mobilização do plasmídeo pRJ98 na presença
apenas do plasmídeo conjugativo pGO1 ainda é desconhecido.
Para se verificar se a ausência do gene mobD era a responsável pela incapacidade de
mobilização do plasmídeo pRJ9, este gene foi clonado em um vetor de S. aureus e foram
feitos experimentos de conjugação na presença do plasmídeo pRJ14. Os resultados destes
experimentos, apresentados na Tabela 5, mostram que apesar do gene mobD estar sendo
transcrito, como foi comprovado nos experimentos de RT-PCR (Figura 16), não foi possível
se detectar a mobilização do plasmídeo pRJ14. Estes resultados estão de acordo com o que foi
observado para plasmídeos mobilizáveis de bactérias Gram-negativas, onde foi visto que o
gene mobD não é essencial, uma vez que a deleção deste gene não impedia a mobilização do
plasmídeo (VAN ZYL, DEANE & RAWLINGS, 2003).
Os resultados deste trabalho mostram que a falta do gene mobD, no plasmídeo pRJ9,
não é a responsável pela incapacidade de mobilização deste plasmídeo. Portanto, uma vez que
74
a região oriT deste plasmídeo é funcional, os três genes mob são transcritos e as respectivas
proteínas são, provavelmente traduzidas e apresentam alta identidade com as proteínas de
mobilização codificadas pelo plasmídeo pRJ6, algum outro fator é o responsável por esta
incapacidade de mobilização.
Experimentos de mutação realizados com o plasmídeo pRJ6 revelaram que a inserção
do transpóson Tn917-lac no gene aurT tornava este plasmídeo incapaz de se mobilizar
(OLIVEIRA et al., 1998a; NETZ et al., 2001). O gene aurT codifica um transportador do tipo
ABC, que não apresentou similaridade detectável com nenhuma função associada à
mobilização plasmideal (NETZ et al., 2001; atualizado em 2010). Transportadores do tipo
ABC exportam uma variedade de substratos, que incluem proteínas, peptídeos e outros tipos
de substratos não proteicos, como drogas lipofílicas, antibióticos e polissacarídeos (FATH &
KOLTER, 1993), nunca tendo sido descritos como envolvidos em mobilização plasmideal.
Análises in silico com o produto AurT revelaram uma identidade de 55,5% com o
transportador PepT, envolvido na externalização do lantibiótico Pep5 (NETZ et al., 2001).
Portanto, o AurT parece ter a mesma função do transportador PepT, atuando no transporte e
externalização da aureocina A70.
O plasmídeo pRJ9 não possui nenhum gene que codifique um produto semelhante ao
AurT. O transporte da aureocina A53, codificada pelo pRJ9, é feito por um sistema de
transportador ABC de três componentes, codificado pelos genes aucFEG, que parece estar
envolvido, inclusive, na imunidade da estirpe hospedeira à bacteriocina (NASCIMENTO,
2004). Portanto, os resultados obtidos com as mutações no plasmídeo pRJ6, aliados à
incapacidade de mobilização do plasmídeo pRJ9, mesmo na presença da proteína MobD,
sugerem fortemente que o gene aurT possa, realmente, estar envolvido na mobilização do
pRJ6. Por estes motivos, estudos de conjugação com o gene aurT clonado em um vetor de S.
aureus devem ser realizados, a fim de se verificar a complementação das funções de
mobilização codificadas pelos plasmídeos pRJ6 e pRJ9, pelo produto AurT.
75
6 CONCLUSÕES
Os genes mob do plasmídeo pRJ9 são transcritos como um único operon (mobCAB);
As proteínas Mob codificadas pelo pRJ9 são, provavelmente, traduzidas;
Há a possibilidade dos plasmídeos pRJ6 e pRJ9 serem originários de um mesmo ancestral;
O plasmídeo pRJ14 se mostrou mobilizável na presença do pRJ6;
A região oriT do plasmídeo pRJ9 é funcional;
O plasmídeo pRJ6 é capaz de reconhecer e mobilizar a região oriT do pRJ9;
A presença do gene mobD não foi suficiente para a mobilização deste plasmídeo;
Como uma nova hipótese, o gene aurT pode estar envolvido na mobilização do plasmídeo
pRJ6.
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