RESUMO
Gava Junior, Wilson. Programa de Apoio Respiratório Sonorizado:
processo de aprendizado de cantores populares. [Dissertação de
Mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
2010.
INTRODUÇÃO: no campo da voz cantada, as relações estabelecidas entre o
domínio da respiração e a emissão vocal do cantor sempre foram assuntos
geradores de polêmica. Nesse ponto, o apoio respiratório é um dos principais
agentes. Vale ressaltar, também, que poucos estudos apresentaram propostas
práticas direcionadas para seu aprendizado. OBJETIVO: analisar o Programa
de Apoio Respiratório Sonorizado (PARS), criado pelo pesquisador, por meio
do processo de aprendizado de três cantores populares. MÉTODOS: foi
realizada uma entrevista inicial para seleção, na qual três cantores populares
profissionais, com diferentes características, foram escolhidos. O PARS foi
desenvolvido, de forma individual, em encontros semanais de uma hora de
duração, em três fases complementares (sensibilização, desenvolvimento e
sedimentação). Para cada cantor, durante todo o processo, foi elaborado um
diário dos encontros e registros em áudio. Também, foram analisados e
comparados parâmetros perceptivos da voz, antes do inicio do programa e
depois. RESULTADOS: o sujeito um teve um processo de aprendizado que
envolveu todos os níveis de conhecimento e promoveu uma mudança de
atitude com relação ao estabelecimento do apoio. Esse sujeito concluiu três
fases do PARS dentro do período esperado. Foram observadas melhoras nos
aspectos corporais, articulação ficou mais precisa, houve ampliação de cinco
semitons na tessitura vocal e estabilidade na afinação ao final do PARS. No
processo de aprendizado, do segundo cantor, foram necessárias estratégias
diferenciadas para a propriocepção. Esse sujeito necessitou de um número
maior de encontros nas fases de desenvolvimento e sedimentação para
aprender o apoio respiratório. Os parâmetros com mudança positiva, ao final do
PARS, foram: respiração, coordenação pneumofonoarticulatória, ressonância,
articulação e tessitura vocal, com ampliação de seis semitons. O processo do
sujeito três apresentou dificuldades, em relação, basicamente, a propriocepção
e a limitações anatomofisiológicas. Essas influenciaram para que o sujeito não
conseguisse uma mudança de atitude para o aprendizado do apoio. O sujeito
três realizou as fases de sensibilização e desenvolvimento em um número
maior de encontros. A fase de sensibilização não foi concluída e o sujeito não
adquiriu o apoio respiratório. O cantor manteve parâmetros inadequados ao
final do PARS, com apenas uma discreta melhora na afinação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: dos três sujeitos do estudo, dois estabeleceram o
apoio respiratório por meio do PARS. O processo de aprendizado de cada um
ocorreu de forma distinta, a despeito da diversidade de cada sujeito
pesquisado. Estabeleceu-se um enlace entre o saber e o fazer, de forma a
promover uma mudança de atitude com relação aos aspectos respiratórios.
Com relação aos aspectos vocais, para dois cantores ocorreram melhoras na
ressonância, na articulação, na tessitura e na afinação.
Palavras-chaves: Voz; Música; Respiração; Músculos Respiratórios;
Diafragma.