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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC-SP
Fernanda de Morais Alves Rodrigues
Expressividade na locução comercial radiofônica: análise dos
efeitos de uma proposta de intervenção fonoaudiológica
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
São Paulo
2010
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC-SP
Fernanda de Morais Alves Rodrigues
Expressividade na locução comercial radiofônica: análise dos
efeitos de uma proposta de intervenção fonoaudiológica
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
como exigência parcial para obtenção do Título
de MESTRE em Fonoaudiologia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, sob a
orientação da Prof
a
Dr
a
Léslie Piccolotto Ferreira.
São Paulo
2010
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RODRIGUES, Fernanda de Morais Alves
Expressividade na locução comercial radiofônica:
análise dos efeitos de uma intervenção fonoaudiológica /
Fernanda de Morais Alves Rodrigues – São Paulo, 2010.
Viii, 97 f.
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo – Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia
Expressivity in radiophonic commercial broadcasting: a
speech therapy intervention analysis.
1. Voz 2. Comunicação 3. Rádio
É expressamente proibida a comercialização deste documento,
tanto em sua forma impressa, como eletrônica. Sua reprodução
total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos
e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do
autor, título, instituição e ano da tese/dissertação.
Banca Examinadora
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“Uma mesma palavra, expressa por seis entonações diferentes, apresenta
também seis significados diversos. A palavra, nesse caso, serviu apenas como
veículo para a expressão das entonações, como se as entonações é que
tivessem a mesma função.” (Märtz, 2002:106)
Dedicatória
Ao Junior, pela paciência, carinho e compreensão e aos meus pais, Fernando e
Sônia, pelo constante incentivo, amor incondicional em todas as etapas da
minha vida e por acreditarem e sempre apostarem em meus sonhos.
Agradecimentos
Ao autor e consumador da minha vida: Deus, que me fez forte em todos os
momentos de fraqueza.
À querida orientadora Prof
a
Dr
a
Léslie Piccolotto Ferreira pelos ensinamentos,
pelo exemplo de profissional e pela amizade de todas as horas. Muito obrigada
por me acolher e por me guiar nesta trajetória.
À grande mestra Prof
a
Dr
a
Leny Kyrillos que me fez ver com outros olhos o
nosso papel frente aos comunicadores de rádio e TV. Obrigada pelos
ensinamentos, pelas oportunidades cedidas e por tantas contribuições.
Às fonoaudiólogas Dr
a
Iara Bittante, Ana Carolina Ghirardi e Dr
a
Marta
Assumpção pelas excelentes contribuições. Suas sugestões, críticas e elogios
foram fundamentais para a concretização deste sonho.
À grande amiga e fonoaudióloga Andréia Ester Puhl que participou deste
trabalho, indiretamente, com sugestões, apoio e carinho sempre presentes.
Aos integrantes do Laborvox que acompanharam o andamento desta jornada.
Aos meus tios, Neusa e Marcelo, e à minha avozinha, Romana, que
colaboraram com esta pesquisa.
Aos amigos que, indiretamente, fizeram parte desta história e aos amigos
locutores que colaboraram com ideias e sugestões: Alexandre Cassiano e
Hamilton de Paula.
À Clélia Riquino, por sua paciência e dedicação em revisar esta pesquisa.
Ao diretor da Escola de Formação de Radialistas, Cyro César, por ceder o
espaço e por acreditar e incentivar o crescimento da Fonoaudiologia.
À CAPES, pela bolsa de estudo concedida.
Aos participantes e juízes desta pesquisa. Obrigada por tudo!
RODRIGUES, Fernanda de Morais Alves. Expressividade na locução comercial
radiofônica: análise dos efeitos de uma proposta de intervenção
fonoaudiológica. [Dissertação de Mestrado] São Paulo: Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, 2010.
RESUMO
Introdução: Hoje, são considerados bons locutores aqueles que têm a
comunicação natural e espontânea, ou seja, semelhante à fala habitual, fato
que favorece a proximidade com os ouvintes. O termo expressividade, na
Fonoaudiologia, vem sendo usado associado à ideia de atribuir à fala, alegria,
confiança, dinamismo, credibilidade e/ou naturalidade. Ao falar ao microfone,
cabe ao locutor a tarefa de conduzir o ouvinte pela viagem da escuta,
estimulando a imaginação, tanto para quem fala, quanto para quem escuta.
Espera-se que a fala seja com expressão, isto é, com a eliminação de tudo que
provoque tensão, e possa, assim, envolver o ouvinte, que busca não apenas a
informação, mas a experiência de ouvir, criar e imaginar. Acredita-se que
trabalhar as habilidades comunicativas, por meio do treinamento da escuta,
sensibiliza o profissional a conhecer melhor os efeitos de uma fala construída
e, assim, torna-o mais confiante em sua atuação com a utilização de recursos e
ajustes considerados próprios da comunicação radiofônica. Objetivo:
Investigar o impacto da intervenção fonoaudiológica na expressividade, durante
a leitura de uma locução comercial. Métodos: O estudo foi realizado com 22
estudantes de um curso de formação de radialistas, sendo 15 do sexo
masculino (68,18%) e 7 do sexo feminino (31,81%). Os estudantes foram
submetidos à intervenção fonoaudiológica, em sete encontros, com carga
horária total de 21 horas, e gravaram uma mesma locução comercial varejo,
antes e após a intervenção. Foi baseada em atividades vivenciais, com foco
principal no trabalho de ênfase, bem como a sensibilização de seu uso nos
diferentes contextos comunicativos da fala radiofônica. As vozes de cada
sujeito foram editadas e apresentadas em ordem aleatória, aos pares, a 40
ouvintes de rádio. Cada juiz foi orientado a ouvir as duas vozes, de cada
sujeito, e marcar em um protocolo, previamente estabelecido, se as vozes
eram iguais ou diferentes. Caso fossem diferentes, deveriam escolher qual a
melhor, a primeira ou a segunda. Em seguida, a fonoaudióloga responsável
pela pesquisa analisou a melhor e a pior voz segundo a análise dos ouvintes
de rádio. Resultados: A análise demonstrou que o maior número de vozes
pós-intervenção foi considerado melhor (19 referentes a 86,36%%), seguido
pelas vozes consideradas como iguais e piores na pós-intervenção (3
correspondentes a 13,64%). Na avaliação fonoaudiológica, foram analisadas
três vozes: a pior e duas melhores, que empataram no julgamento dos juízes,
e, dentre estas, os fatores que diferenciaram as mesmas foram: a modulação,
o loudness e o ataque vocal. Conclusões: Pode-se concluir que, para os
ouvintes de rádio, as vozes melhoraram após a intervenção fonoaudiológica, o
que sugere que a intervenção, com foco nas habilidades de percepção e
escuta do uso dos recursos vocais, pode contribuir na expressividade, por
ocasião da capacitação de futuros profissionais.
Palavras-chave: Voz, Comunicação e Rádio.
RODRIGUES, Fernanda de Morais Alves. Expressivity in radiophonic commercial
broadcasting: a speech therapy intervention analysis. [Dissertação de Mestrado]
São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010.
ABSTRACT
Introduction: The communicative competence of a radio announcer develops
every day and it’s not currently necessary the call "voice placement" as required
before to be acted. Today the ones considered good radio announcers are who
has a natural and spontaneous communication, that is, similar to regular
speech, a fact that promotes the proximity to the listeners. The term
expressiveness in speech therapy has been used associated to the idea of
attributing to speech, joy, confidence, dynamism, credibility and/or naturalness.
Although the positive aspect is being emphasized in this direction, the
expressive speech shall convey emotions and attitudes of all natures, both
positive and negative. While speaking into the microphone it’s the speaker task,
leading the listener by the journey of listening, propitiating imagination to both
speaker and listener. It’s hoped that the speech would be expressive, in other
words, with the elimination of anything that causes tension, and thus may
involve the listener that seeks not only information, but the experience of
listening, creating and imagining. It’s believed that work on communication skills
through listening training moves the professional to better understand the
effects of a built speech and thus makes him more confident in his performance
with the use of resources and adjustments considered the own radio
communication. Purpose: To investigate the impact of speech therapy
intervention in the expressiveness during the reading of a commercial speech.
Methods: The study was made with 22 students in a radio announcing course,
being them 15 males (68.18%) and 7 females (31.81%). The students were
submitted to the speech therapy intervention in seven meetings, and recorded
the same retail trade locution before and after the intervention. The voices of
each person were edited and presented in random order, in pairs, to 40 radio
listeners. Each judge was instructed to listen to the two voices of each person
and score on a previously established protocol if the voices were the same or
different. If they were different, they should choose the best voice, the first or
second. Afterwards, the research responsible pathologist analyzed the best and
the worst voice according to the radio listeners analysis. Results: The analysis
showed that the greatest number of post intervention voices was considered the
best (19% to 86.36%), followed by the equal and worse voices in the post (3 to
13.64%). In clinical evaluation it was analyzed three voices: the worst and best
two that tied on the judges’ trial, but being the determined choice factors: the
modulation, the loudness and vocal attack. Conclusions: It can be concluded
that in the radio listeners view, the voices get improved after the speech therapy
intervention, which suggests that intervention with a focus on the perception
and listening skills on the vocal resources use, can contribute to the
expressiveness in occasion of the future professionals training.
Keywords: Voice, Communication, Radio.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10
2 OBJETIVO .................................................................................................... 15
3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 16
3.1 Pesquisas genéricas relacionadas à expressividade ............................. 16
3.2 Estudos de intervenção com locutores de rádio ..................................... 21
3.3 Estudos relacionados à locução comercial radiofônica .......................... 26
3.4 Estudos relacionados aos recursos de expressividade .......................... 27
3.4.1 Uso de ênfases ............................................................................. 27
3.4.2 Uso de pausas como recurso de ênfase ....................................... 29
3.4.3 Variação do pitch como recurso de ênfase ................................... 31
3.4.4 Outras correlações no uso dos recursos vocais ........................... 32
4 MÉTODOS .................................................................................................... 36
4.1 Delineamento do estudo ........................................................................ 36
4.2 Aspectos éticos ...................................................................................... 36
4.3 Seleção dos participantes ...................................................................... 36
4.4 Caracterização da escola ....................................................................... 37
4.5 Procedimentos utilizados ....................................................................... 37
4.5.1 Caracterização da dinâmica do curso de locução......................... 37
4.5.2 Descrição do público-alvo da intervenção .................................... 38
4.5.3 Coleta e edição da amostra de fala .............................................. 38
4.5.4 Avaliação do processo de intervenção pelos juízes...................... 39
4.5.5 Avaliação fonoaudiológica ............................................................ 40
4.6 Análise dos resultados ........................................................................... 40
4.7 Descrição do processo de intervenção .................................................. 43
4.7.1 Primeiro encontro.......................................................................... 43
4.7.2 Segundo encontro......................................................................... 44
4.7.3 Terceiro encontro .......................................................................... 45
4.7.4 Quarto encontro ............................................................................ 46
4.7.5 Quinto encontro ............................................................................ 47
4.7.6 Sexto encontro .............................................................................. 48
4.7.7 Sétimo encontro ............................................................................ 48
5 RESULTADOS .............................................................................................. 49
6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 55
7 CONCLUSÕES ............................................................................................. 66
8 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 67
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 73
ANEXOS .......................................................................................................... 74
ANEXO 1 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA PUC-SP ......................................... 75
ANEXO 2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO AOS ALUNOS DE UM
CURSO DE LOCUÇÃO ............................................................................................................................ 76
ANEXO 3 PERFIL DOS OUVINTES DE RÁDIO................................................................................ 77
ANEXO 4 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO AOS JUÍZES ...................... 78
ANEXO 5 FOLHA COM AS INSTRUÇÕES PARA A ANÁLISE ...................................... 79
ANEXO 6 PROTOCOLO PARA ASSINALAR AS RESPOSTAS .................................................... 80
ANEXO 7 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA (ADAPATADO DE
FARGHALY E ANDRADE, 2008) .................................................................................................. 82
ANEXO 8 FRASES COORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICULATÓRIA ................................. 84
ANEXO 9 AQUECIMENTO VOCAL (KYRILLOS, 2004) .......................................... 85
ANEXO 10 LOCUÇÃO NOTÍCIA ...................................................................................................... 86
ANEXO 11 EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE E PRECISÃO ARTICULATÓRIA .............................. 87
ANEXO 12 EXERCÍCIOS ..................................................................................................................... 88
ANEXO 13 LOCUÇÃO COMERCIAL .................................................................... 90
ANEXO 14 FRASES ÊNFASES ....................................................................................................... 91
ANEXO 15 EXERCÍCIO PAUSAS .................................................................................................... 92
ANEXO 16 TEXTO ................................................................................................................................ 93
ANEXO 17 TEXTO EXERCÍCIO DE VELOCIDADE, LOUDNESS E PITCH ....................... 94
ANEXO 18 TEXTOS ........................................................................................ 95
10
1 INTRODUÇÃO
Entende-se por locução um modo especial de falar, maneira de dizer ou
parte de um roteiro que contém as falas do locutor. Por sua vez, locutor é o
profissional encarregado de ler textos, de irradiar ou apresentar programas, ao
microfone, das estações radioemissoras ou televisoras. (FERREIRA ABH,
2005)
O locutor pode desempenhar seu trabalho em emissoras de frequência
modulada (FM) ou amplitude modulada (AM). De acordo com a emissora, a
forma de comunicação faz-se de maneira diferenciada. Em FM, fala-se de
forma mais sintética e objetiva. Em AM, o comunicador tem mais tempo para
falar, em razão do formato da programação. (CÉSAR, 2009)
A competência comunicativa de um locutor de rádio evolui a cada dia e,
atualmente, não é mais necessária a chamada “impostação vocal” requerida
antes para atuar. Hoje, são considerados bons locutores aqueles que têm a
comunicação natural e espontânea, ou seja, semelhante à fala habitual, fato
que favorece a proximidade com os ouvintes.
Este profissional tem na voz seu principal instrumento de trabalho, e, por
meio principalmente da expressividade, procura garantir a atenção e o
interesse dos ouvintes (BORREGO, 2005). A expressividade da fala constrói-se
pela interação entre elementos segmentais (vogais e consoantes) e prosódicos
(ritmo, entoação, qualidade de voz, taxa de elocução, pausas e padrões de
acento) e das relações que se estabelecem entre som e sentido (MADUREIRA,
2004). De acordo com as escolhas prosódicas, pode ser construída uma fala
clara, persuasiva e natural.
O termo expressividade, na Fonoaudiologia, vem sendo mais usado
associado à ideia de atribuir à fala, alegria, confiança, dinamismo, credibilidade
e/ou naturalidade (GHIRARDI, 2004). Embora o aspecto positivo esteja
ressaltado neste direcionamento, a fala expressiva deve transmitir emoções e
atitudes de toda natureza, tanto positivas quanto negativas (VIOLA et al.,
2006).
11
Ao falar ao microfone, cabe ao locutor a tarefa de conduzir o ouvinte
pela viagem da escuta, estimulando a imaginação, tanto para quem fala, como
para quem escuta. Espera-se que a fala seja com expressão, isto é, com a
eliminação de tudo o que provoca tensão (FÓNAGY, 1983), e que, assim,
possa envolver o ouvinte, que busca não apenas a informação, mas a
experiência de ouvir, criar e imaginar.
Assim, atualmente, embora a comunicação do locutor seja
cuidadosamente estabelecida, considerando-se os objetivos específicos de
acordo com o estilo do programa e público-alvo, necessita também ser
transmitida de maneira natural. Nesta direção, o fonoaudiólogo é um dos
principais profissionais envolvidos no processo de trabalho que visa minimizar
as interferências e garantir o sucesso da comunicação (PANICO, 2005).
A Fonoaudiologia faz pesquisas sobre locutores há, aproximadamente,
20 anos. Dentre os estudos, é possível encontrar diferentes focos: o perfil vocal
dos locutores, em geral (LOPES, 1999; SODRÉ et al., 2002; OLIVEIRA, 2002);
dos locutores esportivos (NAVARRO, 2000); as características de locuções
publicitárias (PENTEADO, 1998; DINIZ, 2002; NAVARRO e BEHLAU, 2001;
MEDRADO, 2002; PAOLIELLO et al., 2005); a caracterização da voz de
locutores que atuam em emissoras AM e FM (KYRILLOS et al., 1995; LEITE e
VIOLA, 1995); a análise da constituição do estilo oral em radialistas (RAMOS,
1996); a análise acústica da locução (MOREIRA-FERREIRA et al., 1998;
GUERRA, 2002); e a análise de intervenção fonoaudiológica realizada em
alunos de locução (BORREGO, 2004; FARGHALY e ANDRADE, 2005;
BORREGO e BEHLAU, 2007).
Numa leitura mais atenta do exposto, pode-se concluir que há mais
trabalhos que descrevem as características da locução, e poucos são aqueles
que analisam uma determinada intervenção realizada com locutores, foco dos
fonoaudiólogos.
No Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-
SP, a primeira dissertação desenvolvida sobre locução foi de RAMOS (1996),
que, por meio de análise acústica, avaliou radialistas em situação de locução
12
comercial e a comparou à fala fora deste contexto. Na sequência, NAVARRO
(2000) utilizou também a análise acústica para conhecer melhor o contexto da
locução esportiva. MEDRADO (2002) comparou a fala de locutores e não
locutores, em contexto de vinheta comercial. Ao levantar a produção do
programa, concluiu-se que poucos estudos foram realizados sobre a temática
da locução radiofônica. Várias propostas de dissertação, no referido programa,
analisaram uma determinada proposta de intervenção com outros segmentos
profissionais, como professores, telejornalistas, universitários e vendedores
(OLIVEIRA, 2007; JACARANDÁ, 2005; AZEVEDO, 2007; SOUZA, 2007), mas
nenhuma considerou o profissional de locução radiofônica.
Dentre os diferentes estilos de locutor: locutor apresentador, locutor
esportivo, locutor apresentador animador, locutor entrevistador, locutor
noticiarista, locutor repórter e locutor comercial (CÉSAR, 2009), optou-se, nesta
pesquisa, analisar o locutor comercial, que existem poucos trabalhos que
analisam, principalmente, a intervenção fonoaudiológica. A função deste locutor
é gravar comerciais, utilizando técnicas diferentes das usadas para apresentar
um programa, num estilo de locução que exige alteração na modulação da voz,
mudança de ritmo durante a verbalização, e naturalidade na interpretação do
texto (CÉSAR, 2009).
Diante desta realidade, e devido à motivação pelo contato direto com
estudantes de uma escola técnica de formação de locutores, surgiu o interesse
de analisar uma proposta de intervenção fonoaudiológica junto a estes
profissionais. A experiência e a constatação, no cotidiano, de que há diferenças
na expressividade pré e pós-intervenção fonoaudiológica, trouxe a intenção de
analisar, cientificamente, o dado sobre mudanças ocorridas na leitura da
locução comercial. Optou-se por partir do pressuposto de que a intervenção
fonoaudiológica, focada na expressividade, pode potencializar os recursos que
o estudante possui, desconstruir ajustes estereotipados, minimizar dificuldades
e fornecer estratégias que favoreçam a comunicação radiofônica.
Acredita-se que trabalhar as habilidades comunicativas, por meio do
treinamento da escuta, sensibiliza o profissional a conhecer melhor os efeitos
13
de uma fala construída e, assim, torna-o mais confiante em sua atuação, com a
utilização de recursos e ajustes considerados próprios da comunicação
radiofônica.
Um bom comunicador deve utilizar, simultaneamente, alguns recursos:
os verbais, que são o conteúdo das palavras faladas e seus respectivos sons;
os vocais, que são os diferentes tons, intensidades, pausas e duração dos
sons, ou seja, as mudanças que ocorrem na voz quando se fala; e os recursos
não-verbais, que transmitem uma gama de mensagens por meio de gestos,
expressões faciais, postura corporal, aparência física e roupas utilizadas
(COTES, 2004). Os últimos, na locução radiofônica, não são visíveis, porém
são importantes na composição de uma fala que necessita de uma
determinada ênfase.
Em um estudo com alunos de um curso de radialismo, BORREGO e
BEHLAU (2007) concluíram que indivíduos com treinamento vocal
apresentaram mais habilidade em ajustar os recursos de ênfase de acordo com
o texto selecionado, fato que garantiu mais fluência e distribuição adequada
das pausas na leitura da notícia.
Portanto, um treinamento focado nos recursos citados e a ênfase na
escuta do próprio locutor, relacionada aos mesmos parâmetros, pode
possibilitar um resultado mais eficaz.
A intervenção fonoaudiológica fundamentou-se nos estudos de ZABALA
(1998) ao referir que os conteúdos de aprendizagem possibilitam o
envolvimento de todas as dimensões da pessoa. O autor defende a
organização dos conteúdos, pois os conteúdos de aprendizagem podem ser
considerados relevantes na medida em que desenvolvam, nos alunos, a
capacidade para compreender uma realidade que se manifesta globalmente.
Também comenta que existem dois modelos educativos: o conservador e o
emergente. No primeiro, a aprendizagem consiste na retenção de informações
que serão gravadas, mediante repetição sistemática do exercício. A
aprendizagem é repetitiva e mecânica. O segundo tem como foco a construção
de competências profissionais e está alicerçado no diálogo e na construção
14
gradativa do conhecimento. Para aprender, o sujeito relaciona os
conhecimentos novos com os prévios.
O autor traz COLL (1994) que classificou os conteúdos em: conceituais
(o que se deve saber), procedimentais (o que se deve saber fazer) e atitudinais
(o que é). A respeito dos conteúdos, ZABALA (1998) refere-se à importância de
esclarecer os objetivos para ensinar e não perder de vista que o aprendizado
depende de características singulares dos aprendizes e que o conteúdo, por
mais específico que seja, está sempre associado a outros. Com relação aos
conteúdos procedimentais, ele comenta que não basta exercitar múltiplas
vezes, mas refletir e tomar consciência, partindo da significação e da
funcionalidade do conteúdo. Quanto aos conteúdos atitudinais, pode-se
considerer que uma pessoa aprendeu uma atitude quando ela pensa, sente e
atua frente ao conteúdo (FERREIRA e CHIEPPE, 2005).
Diante do exposto, entende-se que uma intervenção fundamentada e
que valorize os aspectos individuais dos alunos pode trazer resultados
positivos e consistentes. Acredita-se que estudos que analisam estas
intervenções podem contribuir não apenas para uma melhor compreensão,
mas para quantificar os resultados obtidos após este período.
15
2 OBJETIVO
Investigar os efeitos, durante a leitura de uma locução comercial
radiofônica, de uma proposta de intervenção fonoaudiológica relacionada à
expressividade, em estudantes de um curso de formação de radialistas.
16
3 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura se apresentada em três subcapítulos: no
primeiro, serão abordadas as pesquisas genéricas referentes à expressividade;
no segundo, serão apresentados os estudos de intervenção com locutores de
rádio; no terceiro, os estudos relacionados à locução comercial, e, no quarto,
os estudos relacionados aos recursos de expressividade, como: ênfases;
pausas como recurso de ênfase; variações de pitch e outras variações no uso
dos recursos vocais. Optou-se em seguir a cronologia na apresentação das
fontes bibliográficas.
3.1 Pesquisas genéricas relacionadas à expressividade
De acordo com BLOCH (1977, p.49), a expressão vocal consiste em
mensagens não-verbais, com conteúdo semântico, transmitidas pela voz. A
pessoa que fala revela, por meio da voz, suas condições de saúde, sociais,
psíquicas, emocionais e sua origem. Segundo o autor, a voz é a expressão
sonora da personalidade, manifesta nas dimensões pathos, maneirismo e
melisma.
SUNDBERG (1987), em um estudo sobre fala, sons e emoção,
considerou que a voz pode seguir vários caminhos, ou seja, um enunciado
pode ser dito de várias maneiras, de acordo com o estado emocional do
falante.
BEHLAU e ZIEMER (1988, p.136) desenvolveram uma proposta de
leitura vocal, denominada por eles de “psicodinâmica vocal”, com base na
análise de parâmetros de respiração, altura, extensão, registros, intensidade,
ressonância, articulação, pathos, maneirismo e melisma, que transmite as
características pessoais e emocionais do sujeito. Explicam que pathos diz
respeito àquilo que transparece ao ouvinte, inconscientemente, pela fala do
locutor. Esta característica é definida pelos autores como “carisma vocal” e se
manifesta por meio de pausas, no discurso e melodia da fala. O maneirismo
corresponde a uma tentativa intencional de fuga dos padrões habituais de voz
de uma pessoa. Assim, o sujeito imita os recursos vocais e prosódicos
17
utilizados por determinado grupo, como uma tentativa de expressar
sentimentos que não são reais. O melisma corresponde ao apelo pessoal,
intencional feito ao interlocutor, como forma de manipular o ouvinte.
LAVER (1994) ressaltou que a voz e a fala são indissociáveis. Junto com
a mensagem linguística da fala, a voz carrega informações características do
falante através do seu sotaque, tom de voz e de sua qualidade vocal (e suas
mudanças).
BOONE e MCFARLANE (1994, p.10) reafirmarm que as palavras
representam apenas parte da mensagem e a voz sustentação à linguagem,
como parte fundamental na comunicação: “nem sempre o que dizemos é o que
transmite a mensagem, mas o modo como dizemos”.
POLITO (1998) afirmou que o interesse ou não do ouvinte pela notícia é
definido nos primeiros dez segundos. Isto obriga o locutor a buscar o equilíbrio
entre a informação e a emoção, a fim de conquistar este envolvimento. O autor
ressalta ainda, que o telespectador identifica o modo e a intenção do repórter
em transmitir a notícia, sendo que se isto for feito de maneira estereotipada e
artificial não prende a atenção do público ao conteúdo da reportagem.
KYRILLOS (2003) sugeriu uma forma de orientação fonoaudiológica ao
repórter/apresentador de televisão com a ideia de “conhecer para melhor
atuar”. Ela ressaltou duas preocupações básicas: manter a saúde vocal e
garantir a expressividade, para que o conteúdo da notícia seja transmitido com
clareza e credibilidade. A autora comentou sobre a importância do componente
não-verbal para a adequada transmissão da mensagem e destacou os
seguintes recursos vocais: uso de ênfase e pausas estratégicas, curva
melódica rica e variada, intensidade adequada ao tipo de texto, articulação
precisa dos sons da fala, ampla e sem exageros. A autora referiu também que
com maior consciência do próprio corpo, da voz e com o conhecimento dos
fatores que interagem para a sua produção, pode-se, certamente, atingir a
melhor atuação profissional.
18
BEHLAU (2000), em entrevista ao Informativo do Clube da Voz
1
,
comentou que um bom locutor de comerciais é o indivíduo que apresenta
flexibilidade vocal suficiente para compreender a mensagem que deve ser
veiculada e escolher, dentre seus recursos vocais e de fala, os que mais se
adaptam à situação ao contexto específico da locução em questão. O locutor,
acima de tudo, controla, conscientemente, sua expressão vocal. Segundo a
autora, é evidente que locutores especializados, que apresentam melhores
recursos e estratégias mais eficientes para determinados tipos de locuções;
porém, o locutor ideal deve dominar diversos estilos básicos.
STIER e COSTA NETO (2004, p.181) relataram a importância da
expressão e da naturalidade envolvidas no telejornalismo. De maneira geral,
argumentam que as palavras expressam variados sentimentos e estados de
espírito do sujeito, mas enfatizam que mudanças nos parâmetros vocais, tais
como: entoação, ritmo de fala e pausas conferidas ao discurso podem atribuir
diferentes sentidos a uma mesma palavra. Assim, o verdadeiro significado da
mensagem está atrelado à maneira foi dita, ao invés de somente ao seu
conteúdo. Além disso, a voz do indivíduo é o que credibilidade ao conteúdo
de sua fala. Cada mudança na voz reflete um posicionamento do falante frente
ao seu interlocutor e à sua comunicação. Desta forma, os autores definem
expressividade como “(...) a capacidade de um indivíduo tornar vivo o seu
pensamento pela linguagem...” Descrevem diferentes meios para a obtenção
da naturalidade na leitura. Segundo eles, as variações prosódicas devem estar
em concordância com a intenção do texto, e ocorrem por mudanças de pitch,
loudness, ritmo e velocidade de fala. Com relação às pausas, comentam que é
necessário ter cuidado com a pontuação do texto. É conveniente determinar a
relação de cada sinal de pontuação para determinar se deverá ser respeitado,
ou não, durante a leitura. As pausas auxiliam na naturalidade e expressividade.
No entanto, quando mal empregadas podem comprometer a compreensão.
PANICO (2004) chamou de “fala construída” a fala profissional que
busca não a qualidade da voz, propriamente dita, como também a
1
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persuasão e a emoção do interlocutor. Assim, defendeu que ao trabalhar a
expressividade, o fonoaudiólogo esta auxiliando o cliente a encontrar mais
naturalidade em sua comunicação, em geral. Para a autora, expressividade
significa o uso adequado dos “recursos disponíveis”, respeitando as
particularidades de cada contexto de comunicação, em cada profissão
diferente. Ilustra seu ponto de vista citando as profissões nas quais se deve ler
um texto da forma mais natural possível: um ator que interpreta um texto, ou
um repórter que grava um off. No entanto, alertou que é preciso ter cuidado
com o texto, pois este recurso pode atrapalhar a expressividade do indivíduo.
Segundo ela, convém lembrar que a leitura em voz alta não deve,
necessariamente, seguir as regras formais (principalmente de pontuação) da
escrita.
Embora a fala construída seja o contrário da fala espontânea, PANICO
(2004, p.51) colocou que a primeira deve ser feita da forma mais natural
possível; imitando a segunda. Portanto, é preciso que seja expressiva. Para a
autora, “a expressividade está diretamente relacionada ao bem estar do
falante, nível cultural e atenção deste com o ouvinte.” Assim, sugere que
algumas estratégias sejam trabalhadas, a fim de familiarizar o indivíduo com a
expressão: incentivar a leitura e a redação e, principalmente, a leitura em voz
alta. Realizar improvisos e interpretações e ouvir-se em uma gravação também
podem ser recursos úteis. Para que os recursos expressivos sejam ajustados
corretamente, é preciso que o falante identifique o seu interlocutor (bem como
a sua prontidão para receber a mensagem), como irá transmitir o que tem a
dizer e quais os efeitos que deseja produzir em seu público; ou seja, sua
intenção. Segundo ela, pausas e variações de intensidade da voz podem
produzir ênfases no discurso. Então, sugere que algumas marcações sejam
feitas no texto a ser lido.
KYRILLOS (2004) descreveu sua prática com o aprimoramento da
comunicação de executivos. A expressividade é parte integrante e fundamental
do seu conteúdo programático. Segundo ela, o grau de expressividade de um
indivíduo está intimamente vinculado ao uso que faz dos recursos vocais em
sua fala, principalmente a profissional, que está relacionado ao sujeito que fala,
20
e também ao significado e intenção da mensagem. Seu emprego deve ser
consciente, de forma a enriquecer a fala, e não torná-la monótona e repetitiva.
Os parâmetros vocais citados como componentes da expressividade são:
ênfase, curva melódica, uso de pausas e variações de velocidade e loudness.
Para MADUREIRA (2004, p.16) abordar a expressividade da fala é
considerar o uso simbólico dos sons, sendo que os recursos empregados no
discurso, pelo indivíduo, conferem ao som da voz certo sentido. A autora afirma
que uma fala é expressiva quando é caracterizada por variabilidade de padrões
melódicos e rítmicos para a qual os ouvintes atribuem sentido. A sua
expressividade constrói-se a partir das interações que se estabelecem entre
elementos segmentais (vogais e consoantes) e prosódicos (ritmo, entoação,
qualidade de voz, taxa de elocução, pausas e padrões de acento) e das
relações que se estabelecem entre som e sentido, determinadas a partir das
escolhas de traços prosódicos feitas pelo falante. Esta escolha é possibilitada
pela grande plasticidade dos órgãos fonoarticulatórios, que permite incontáveis
ajustes que geram modificações acústicas e psicoacústicas no sinal de fala. A
autora comenta que “toda a fala é expressiva, no sentido de que alguma forma
de atitude, emoção, crença, estado físico ou condição social é veiculada por
meio da fonação e da articulação dos sons.”
Segundo FERREIRA (2004), o termo “assessoria” compreende a
realização de uma análise da questão colocada pelo cliente que procura o
profissional e um planejamento de ação identificando eventuais problemas e a
sugestão de possíveis soluções para esta demanda. Todas as etapas do
processo de assessoria são realizadas junto com o cliente, que participa
ativamente das discussões. A expressão “profissional da voz” engloba aqueles
que usam a voz como principal veículo de trabalho. Segundo a autora, dentre
as pesquisas, na área, são mais comuns as que traçam um perfil de diferentes
categorias de profissionais da voz. Algumas poucas pesquisas relatam
experiências com profissionais que comparam dados objetivos do início e do
final da intervenção.
21
Considerando os aspectos psico-sociais da voz, FERREIRA (2004)
realizou uma proposta de intervenção fonoaudiológica na assessoria aos
profissionais da voz, de caráter processual e contextualizado, em que cada
etapa vai sendo construída durante cada encontro. É necessário o
conhecimento do ambiente profissional em que os sujeitos atuam, bem como
suas relações com este ambiente, com os colegas, suas dificuldades,
necessidades e particularidades. Sugere ainda que podem ser realizadas
avaliações in loco e análise acústica na complementação da avaliação inicial.
São aspectos da avaliação: a motricidade oral e a audição dos sujeitos
envolvidos. Como intervenção, propriamente dita, a autora propõe a realização
de palestras e oficinas, destacando o valor da última na aquisição de conceitos
e vivências com a própria voz. A atuação pode ser individual ou em grupo,
conforme a demanda e a opção do fonoaudiólogo prestando o serviço. Com
relação à saúde vocal, esta é vista não como uma lista de proibições, mas, sim,
como uma série de conceitos a serem incorporados, de acordo às
necessidades e particularidades de cada um. Para o trabalho com a
expressividade, sugere que o emprego dos recursos de pausa, duração,
velocidade, variações de loudness e pitch, alongamento de sílabas e precisão
articulatória sejam vivenciados para que os participantes possam concluir sua
importância na comunicação. Ao final, estratégias para a avaliação desta
intervenção devem ser elaboradas e executadas.
AZEVEDO (2007) refere que o trabalho com os recursos vocais
envolvem aptidões particulares e dependem de experiências anteriores, de
cada indivíduo, porém são estratégias essenciais para o desenvolvimento da
expressão mais efetiva.
3.2 Estudos de intervenção com locutores de rádio
MOREIRA-FERREIRA et al. (1998) realizaram análise acústica da vogal
sustentada /a/ de 21 alunos de locução, pré e pós-orientação e treinamento
vocal. Os alunos passaram por um programa de treinamento teórico-prático de
32 horas, desenvolvido especialmente para eles. Os resultados do estudo
mostraram que 62% dos alunos apresentaram melhora na qualidade vocal pós-
22
treinamento, em parâmetros acústicos selecionados. Estes dados reforçaram a
importância do desenvolvimento de programas de treinamento de voz e
comunicação para alunos de locução na formação de sua voz profissional.
OLIVEIRA (1988) relatou o trabalho fonoaudiológico desenvolvido com
radialistas e alunos de locução de um curso especializado, em que foram
abordados os seguintes aspectos: levantamento de dados dos participantes,
fisiologia da voz e ressonância, articulação/ritmo, coordenação
pneumofonoarticulatória e sua associação às variações de ritmo, entoação
aplicada à fala e às diferentes situações do rádio, como locução comercial,
narração esportiva e jornalística. O trabalho de entoação foi desenvolvido
mostrando-se diversos sentidos que um mesmo vocábulo ou frase pode
assumir em diferentes combinações e variações de curvas melódicas,
intensidade e duração. A autora referiu que o aumento de intensidade, variação
de entoação, com curvas melódicas ascendentes, e aceleração no ritmo da fala
transmitem empolgação.
FARGHALY (2002) relatou sua experiência na atuação fonoaudiológica
junto aos alunos de um curso técnico profissionalizante de locução de rádio.
São realizadas aulas teóricas e práticas, em que são abordados aspectos de
anatomia e fisiologia da voz e da articulação dos sons da fala, assim como
cuidados com a voz. Em suas aulas práticas, foram trabalhados diferentes
ajustes vocais, de acordo com os diversos estilos de locução presentes no
mercado de trabalho: coordenação pneumofonoarticulatória; apoio e resistência
respiratória; controle de velocidade, frequência e volume da voz; articulação,
projeção e equilíbrio ressonantal; variação de ritmos de fala e pontuação da
linguagem oral. A autora também descreveu o treino de adequação da
entonação, ênfase de palavras-chave e finalização da locução, que tem como
objetivo explorar os diferentes sentidos que um vocábulo pode assumir em
contextos variados.
BORREGO e BEHLAU (2004) avaliaram os efeitos do treinamento de
fala em 25 alunos de um curso de locução. Os alunos realizaram uma leitura de
notícia ao começo e término do curso (4 meses de duração). Estas leituras
23
foram submetidas à avaliação de 5 fonoaudiólogas que julgaram melhora ou
piora na leitura com base nos parâmetros: tipo de voz, articulação e pronúncia,
loudness, pitch, ressonância, velocidade de fala, coordenação respiratória e
uso das ênfases (por meio de variações de altura, intensidade, duração e uso
de pausas). As leituras pré e pós-curso de locução foram identificadas
corretamente por 80% das juízas. Da mesma forma, as leituras pós-curso
foram consideradas melhores em 80% das vezes. O parâmetro que melhor
caracterizou a leitura foi o uso de ênfases, seguido por qualidade de voz.
Assim, as autoras concluem que o fonoaudiólogo deve investir na criação de
estratégias que trabalhem os marcadores de expressividade com os alunos de
radialismo.
Em estudo semelhante, BORREGO et al. (2004) compararam as
análises perceptivo-auditivas de leigos e fonoaudiólogos acerca da leitura de
locutores pré e pós-treinamento. Uma mesma notícia foi lida por um grupo de
25 alunos de um curso de locução, antes e após o término do curso. Os
fonoaudiólogos realizaram a avaliação dos parâmetros de articulação,
pronúncia, loudness, pitch, velocidade de fala, coordenação respiratória e
ênfases. Embora os termos técnicos tenham sido modificados nos protocolos
de avaliação dos juízes leigos, os parâmetros de comparação permaneceram
os mesmos. Para os leigos, o que mais caracterizou positivamente a locução
foi o uso de ênfase, seguida de articulação e coordenação respiratória. Para os
fonoaudiólogos, os recursos que mais chamaram a atenção foram a ênfase,
tipo de voz e pitch, respectivamente. Desta forma, concluem que ambos os
grupos de pessoas percebem as diferenças na locução após o treinamento e
que os aspectos prosódicos são fundamentais nesta identificação.
BORREGO (2004) descreveu ainda seu trabalho com locutores de rádio
em formação, que abrange a orientação vocal (conceitos anatômicos e
fisiológicos básicos e saúde vocal) e treinamento vocal (relaxamento e
aquecimento vocal e trabalho com qualidade vocal, envolvendo coordenação
respiratória, parâmetros de altura e intensidade, velocidade, articulação,
pronúncia, ressonância e projeção). A última etapa do trabalho é a de
aperfeiçoamento vocal, composta de técnicas para adequar o uso da voz às
24
exigências do meio radiofônico. Assim, são enfocados parâmetros de entoação
e ênfase, conferidos por meio de variações de frequência, intensidade e
duração e das pausas empregadas.
A autora explicou, detalhadamente, sua atuação, enfatizando o uso de
estratégias de leitura de diversos tipos de texto, no treinamento oferecido aos
locutores. Aponta que, em um primeiro momento, oferece aos alunos textos
não radiofônicos, de poesia e prosa, de diversas naturezas, dependendo do
objetivo a ser trabalhado. Mostra também, que, muitas vezes, os textos o
lidos de forma que, ao tentar modificar um ajuste vocal, o aluno tende a
modificar vários, ao mesmo tempo. A intensidade forte está associada à
agudização do pitch e aumento da velocidade de fala. O oposto pode acontecer
com a intensidade fraca. Assim, muitas vezes, o foco do trabalho é usar estes
recursos todos de forma independente, para que se ganhe flexibilidade no uso
vocal. A autora enfatiza também o uso de gravações dos alunos, para que
possam acompanhar e monitorar o seu próprio desempenho. (BORREGO,
2004)
O papel do fonoaudiólogo na equipe interdisciplinar é também
esclarecido por BORREGO (2004). Ela comenta que o diálogo com os demais
profissionais, professores de locução e interpretação, acrescenta à atuação, à
medida que são esclarecidos aspectos específicos da linguagem radiofônica e
da rotina dos locutores, e de técnicas como, por exemplo, a de destacar
palavras específicas no texto para que a leitura auxilie na compreensão, por
parte do ouvinte. O papel do fonoaudiólogo está em mostrar para os locutores
os meios para fazê-lo, utilizando-se da voz e de sua expressividade. Assim, o
trabalho com textos radiofônicos (diferentes tipos de comerciais e notícias)
torna-se importante, que o locutor vai aprendendo a identificar os ajustes
necessários para transmitir determinada mensagem e atingir determinado
público.
BORREGO et al. (2006) investigaram os efeitos de um treinamento de
voz e fala em estudantes de um curso de formação de radialistas. Participaram
do estudo 25 alunos que gravaram a mesma notícia no início e no final do
25
curso. As gravações foram submetidas à análise perceptivo-auditiva e acústica
e analisadas por fonoaudiólogas especialistas em voz. As leituras julgadas
como melhores correspondiam às emissões do final do curso, revelando o
efeito positivo do treinamento de voz e fala. Os parâmetros que melhor
caracterizaram as leituras pós-treinamento foram: maior ocorrência de ênfase,
seguido por tipo de voz e pitch. Quanto ao treinamento, as autoras priorizaram
as atividades que envolvessem percepção e treino auditivo, experimentação
dos diferentes tipos de voz e de variadas formas de enfatizar as palavras,
assim como a repetição da leitura do texto para o ajuste adequado dos
recursos às intenções da mensagem. Comentaram também que a escolha
adequada do texto a ser utilizado neste tipo de atividade é fundamental para
garantir o sucesso da estratégia escolhida.
FARGHALY e ANDRADE (2008) avaliaram a eficácia do Programa
Fonoaudiológico para Formação de Locutores de Rádio (PFFLR) aplicado aos
alunos de um curso profissionalizante de locução de rádio. O treinamento foi
realizado em sete semanas consecutivas e as aulas ocorreram uma vez por
semana, com duração de três horas e 30 minutos cada. Os alunos foram
gravados no início e no final do treinamento e as gravações foram submetidas
a três análises: análise objetiva da voz, análise perceptivo-auditiva do uso vocal
e análise objetiva da velocidade de fala na leitura. Quanto à intervenção, esta
foi dividida em sete módulos: o primeiro, chamado Oficina de Propriocepção,
teve como objetivo trabalhar a percepção vocal para uma boa locução; o
segundo, Voz e Microfone, teve como objetivo trabalhar a importância do
aquecimento e desaquecimento vocal para a prática da locução; o terceiro,
Respiração e Articulação, teve como objetivo adequar a coordenação
respiratória e o padrão articulatório; o quarto, Prática de Locução, teve como
objetivo rever e aplicar os conceitos vistos relacionandos diretamente à
locução; o quinto, Modulação, Pontuação e Ritmo, teve como objetivo trabalhar
a flexibilidade vocal; o sexto, denominado Programa de Rádio, teve como
objetivo verificar a flexibilidade vocal por meio da construção de um programa
de rádio; e o sétimo, Imagem Vocal, teve como objetivo conscientizar o aluno
sobre a imagem transmitida ao ouvinte por meio de um treinamento auditivo.
26
Os resultados demonstraram a eficácia do PFFLR, sendo observadas melhoras
nos parâmetros relacionados à boa locução, loudness, ressonância,
coordenação pneumofonoarticulatória, modulação, articulação, ritmo e
velocidade de fala na leitura.
3.3 Estudos relacionados à locução comercial radiofônica
Segundo BORREGO (2004), é possível determinar um perfil de
comunicação dos locutores de rádio. O locutor de FM, voltada para um público
jovem, normalmente apresenta pitch agudo, loudness aumentada, velocidade
de fala acelerada e bastante modulação em sua voz. Já o locutor de FM
destinada a ouvintes de outra faixa etária faz uso de um pitch mais agravado,
velocidade de fala média e menos modulação. A locução de AM é
caracterizada por loudness e pitch médios e permite que o locutor carregue
traços de sua comunicação informal como, por exemplo, regionalismos. Aponta
ainda que as ênfases e a qualidade vocal, na locução comercial, são variáveis
e devem ser adequadas ao público e ao produto. Assim, para ela, o radialista é
um profissional versátil e bastante ativo, que deve ser expressivo, transmitindo
seu conteúdo com a maior naturalidade e espontaneidade possíveis.
Ainda para esta autora, cada notícia ou comercial exige um padrão de
locução diferente. Notícias sérias ou comerciais “clássicos”, em geral, são
transmitidos com pitch mais grave, fala mais lentificada e menos modulação.
As pausas são mais longas, as sílabas alongadas e prolongamentos em
palavras-chave do texto. as notícias mais informais e os comerciais do tipo
“varejão” costumam pedir pitch mais agudo, velocidade de fala rápida, e mais
modulação. As pausas são menores, a variação do pitch e do loudness, assim
como a articulação das palavras de destaque são mais marcadas. No entanto,
afirma também que devem ser respeitadas as diferenças entre os textos
(notícias, comerciais) e os estilos de cada emissora. Desta forma, garante a
variedade dos exercícios, propondo a leitura de um mesmo texto pensando em
emissoras com estilos diferentes; ou, então, leituras em sequência de textos de
diferentes naturezas. A expressividade e a naturalidade do locutor garantem
que ele seja convincente e atrativo aos ouvidos de seu público. É por meio
27
destes dois recursos que a mensagem é transmitida com fidelidade à intenção
do texto. (BORREGO, 2004)
3.4 Estudos relacionados aos recursos de expressividade
Este subcapítulo será apresentado em cinco partes, de acordo com o
recurso abordado, a saber: 3.4.1 Uso de ênfases; 3.4.2 Uso de pausas como
recurso de ênfase; 3.4.3 Variações do pitch como recurso de ênfase e 3.4.4
Outras correlações no uso dos recursos vocais.
3.4.1 Uso de ênfases
SANTOS (1953) observou, na fala de oradores, a presença de palavras-
chave, ou seja, certo número de vocábulos que, no plano significativo, têm uma
saliência maior que os demais presentes. Pragmaticamente, elas têm como
objetivo assinalar ideias principais ou pontos de referência. São, para o autor,
palavras em que deve recair toda força, polarizando, assim, a atenção, emoção
que se deseja provocar. Comenta que não basta um orador apenas dar ênfase
pela entoação da voz mais forte e mais pausada sobre a palavra-chave, mas
deve também cuidar das diversas inflexões que empregará. Segundo ele, além
da inflexão, a cadência da voz tem também sua influência.
SAMPAIO (1971) relatou que a preferência pela voz grave no jornalismo
de dio, televisão e cinema é devida à sua representação de sobriedade, o
que conduz à credibilidade e capacidade de persuasão. Este mesmo autor
considera que a capacidade interpretativa está diretamente relacionada à
entoação.
CÂMARA JÚNIOR (1977) definiu ênfase como qualquer processo de
linguagem destinado a dar especial relevo a uma enunciação. Segundo o autor,
pode ser: léxica, quando resulta da escolha de uma palavra particularmente
forte e impressionante; sintática, quando decorre da disposição dos vocábulos
na frase e fonética, quando é determinada por um fato fonético, como
intensidade especial de uma sílaba, vocábulo ou expressão, altura excepcional
dos mesmos elementos, alongamento da prolação de um fonema, pausa
excepcional, com a criação de um grupo de força inesperado.
28
KNAPP (1982) explicou que a modulação vocal é utilizada para indicar o
final de um enunciado declarativo ou de uma pergunta, e que, ao falar, um sinal
acústico complexo é produzido, e pode ser identificado por dois métodos
diferentes: a análise acústica e a espectrografia. Para o autor, a modulação
vocal pode ter a função de aumentar a compreensão e a retenção da atenção
do ouvinte.
BEAN et al. (1989) verificaram os efeitos da utilização de ênfases na
compreensão da fala. Foi realizada a gravação de uma leitura que continha
substantivos e orações substantivas enfatizadas de forma variada, em
diferentes sentenças, ao longo de um texto. Esta gravação foi apresentada a
60 ouvintes que deveriam responder, individualmente, a questões de múltipla
escolha, selecionadas para testar sua habilidade de entendimento e
memorização do texto. Três diferentes situações apareceram na leitura:
ênfases em substantivos e orações substantivas que se relacionavam à
alternativa incorreta e sentenças que não apresentavam ênfases. A
compreensão foi verificada de forma significativa nas situações em que os
substantivos e orações substantivas enfatizadas correspondiam às respostas
corretas (71%), diferentemente das ênfases associadas às alternativas
incorretas (56%) e às sentenças sem ênfases (57%). Os resultados deste
estudo demonstraram a importância do uso de ênfases para a compreensão do
texto.
NOGUEIRA (1998), em uma análise comparativa de seis radialistas
profissionais, nos estilos radiofônico e neutro, verificou um maior número de
elementos enfáticos, caracterizado pelo aumento de duração dos fonemas,
aumento no número de pausas e reestruturação quanto à sua distribuição,
agudização ou agravamento tonal, dependendo da emissora. A autora
comentou que o falante relaciona a matéria fônica (a forma) ao efeito de
sentido pretendido (o conteúdo), ao veicular uma mensagem ao interlocutor.
Ressaltou também que o trabalho de animação oral que o locutor desenvolve
com seu aparelho fonador, variando a tonalidade vocal, materializa suas ideias
e cria o estilo vocal da emissora, que é identificado pelo ouvinte.
29
3.4.2 Uso de pausas como recurso de ênfase
DELYFER (1988) apresentou um estudo sobre ocorrência de pausas em
enunciados lidos por um sujeito. Ao aplicar testes perceptuais, concluiu que o
índice temporal do silêncio exerce grande influência para que não ocorra a
ambiguidade nas sentenças.
CAGLIARI (1992) referiu que sempre muitas sutilezas de significado
nas atitudes do falante e todas elas se revelam a partir da seleção dos
elementos supra-segmentais prosódicos e do modo de se programar as
palavras. Segundo o autor, a entoação é o elemento mais usado para a
caracterização das atitudes do falante, sendo muito explorado pelos
profissionais da voz. Com relação à duração, relatou que, na língua
portuguesa, o recurso do alongamento excessivo da pronúncia de certas
palavras significa atribuir qualidades. O alongamento da duração da sílaba
tônica enfatizando a palavra indica um aumento no sentido positivo ou
negativo, o que pode ser interpretado pelo contexto do que está sendo dito.
Quanto à pausa, ela tem uma função aerodinâmica que permite ao falante
respirar durante a fala em momentos oportunos. Porém, a pausa imprevista ou
deslocada da posição esperada indica hesitação, assinala uma mudança
brusca do conteúdo semântico, representa uma atitude do falante para
impressionar o seu interlocutor, reforça o valor ou chama a atenção para o que
vai ser dito em seguida. Com relação ao acento, referiu que em línguas
acentuais, como o Português, a fala silabada é usada para destacar o que se
diz, sobretudo para chamar a atenção para a informação que se considera
muito importante.
BOONE (1996) destacou a importância da utilização das pausas no
discurso, para a adequada renovação de ar, e para dar ênfase ao que se
deseja salientar durante a fala, garantindo naturalidade e clareza. O autor
também comentou que variações na altura vocal conferem diferentes
significados para uma mesma palavra, sugerindo alguns exercícios para a
conscientização, treino e controle desta habilidade, tanto na palavra isolada
como em uma sentença.
30
RAMOS (1996) analisou o estilo oral de seis radialistas, do gênero
masculino, entre 32/40 anos de idade, de duas diferentes emissoras de rádio
FM. Para tanto, utilizou um texto publicitário familiar a todos os locutores
participantes da pesquisa e veiculado em ambas as emissoras. Na sequência,
os dados foram submetidos a uma análise acústica, comparando-se os dois
estilos, neutro e radiofônico. Os resultados mostraram que, no estilo
radiofônico, maior número de elementos enfáticos, caracterizados pelo
aumento da duração dos fonemas, apresentando, assim, tempo do enunciado
mais longo do que no estilo neutro. Além disto, no estilo radiofônico, observou-
se uma tendência à hiperarticulação; alongamento das vogais e consoantes
fricativas (algumas com o dobro do tempo de emissão); duração total maior
(valor aproximado da média 20s); aumento do número de pausas e variação
da extensão de frequência (mínima e máxima), dependendo da emissora em
que o locutor trabalhava (emissora A: 110,5Hz – 250,80Hz; emissora B: 62,5HZ
150,20Hz). A autora pontuou, ainda, que o locutor constrói a animação oral
por meio de marcas sonoras típicas e que os estilos podem ter características
diferenciadas em cada emissora de rádio, fato identificado pelo ouvinte.
MEDRADO (2002) realizou um estudo com uma análise perceptivo-
auditiva da leitura de um texto comercial em dois estilos: espontâneo e
interpretado, de dois grupos de falantes do sexo masculino: locutores e não
locutores. Identificou, por meio de análise acústica, os recursos vocais da
emissão interpretada para a espontânea; do ponto de vista acústico, os
locutores apresentaram maior duração total do enunciado, distribuição dos
tempos das pausas mais homogênea, valores de frequência fundamental
médio, máximo e mínimo menores (pitch mais grave) e maior mero de
semitons.
VIOLA e MADUREIRA (2006) estudaram o comportamento da pausa por
meio da análise de gravações de trechos de um ato teatral, interpretado por um
ator profissional, em quatro diferentes personagens. A pausa foi considerada
como a interrupção do fluxo audível por um período maior ou igual a 200
milissegundos (ms), mesmo quando o silêncio apareceu conjugado com a
obstrução de uma plosiva ou com o ruído inspiratório, e sua marcação e
31
medição foram realizadas por uma combinação das análises perceptivo-
auditiva e fonético-acústica. De acordo com os dados levantados, a pausa
variou segundo a função, o tipo, a duração e a distribuição no contínuo da fala.
Em relação à função, foram observadas pausas discursivas, enfáticas,
dramáticas e reflexivas. As pausas enfáticas destacaram e salientaram a
informação. Quanto ao tipo, notaram-se pausas respiratórias, silenciosas ou
preenchidas. A duração variou de curta a longa, dependendo de sua função e
expressividade. Em relação à distribuição, ao longo contínuo da fala, a pausa
ocorreu de forma regular ou irregular. As autoras destacaram a correlação
entre o comportamento da pausa e as diferentes intenções do discurso, uma
vez que estão a serviço do sentido que se quer atribuir ao dito.
3.4.3 Variação do pitch como recurso de ênfase
LEITE e VIOLA (1995) realizaram um estudo com 18 locutores de rádio,
AM e FM, e apontaram o uso de pitch mais grave e com maior frequência entre
os locutores de FM e dinâmica de fonação alterada durante o período de
trabalho. Segundo as autoras, o pitch agravado sugere autoridade e pode ser
atribuído à “personalidade vocal do locutor”.
VASCONCELOS (1995) a partir da análise comparativa da qualidade
vocal de locutores de radiodifusão, entre as décadas de 30 e 90, e da
linguagem comercial utilizada na época, observou que: nas décadas de 30 e
40, as características vocais predominantes eram registro modal, modulação
com pouca variação de pitch, interpretação com função apelativa, por meio de
prolongamento de vogais nas palavras-chave; nas décadas de 50 e 60 a
ressonância torna-se equilibrada e com modulação apresentando maior
variação de pitch; nas décadas de 70 e 80, a função apelativa diminuía e a
modulação passava a ser de acordo com o discurso, para, finalmente, na
década de 90, a ressonância aparecer com tendência o foco baixo e a
pronúncia se mostrar sem predomínio de regionalismo.
MOREIRA-FERREIRA et al. (1998) referiram que a orientação e a
capacitação oferecem à voz mudanças importantes, que são prontamente
identificadas por ouvintes treinados. Em um estudo realizado com alunos de
32
um curso de locução, observaram que dentre outros parâmetros avaliados, a
frequência fundamental apresentou redução com o treinamento vocal.
Concluíram que com o trabalho de orientação e treinamento vocal, o estudante
aumenta a estabilidade vocal.
3.4.4 Outras correlações no uso dos recursos vocais
BEHLAU e PONTES (1995) afirmaram que a voz fluida (emissão
agradável, solta e relaxada, com tendência à frequência fundamental grave) é
tida como uma marca de locução comercial masculina.
FERREIRA (1995), ao fazer uma análise do trabalho de 16 radialistas de
emissoras paulistanas, concluiu que eles realizam ajustes motores para
procurar uma qualidade vocal que caracterize o estilo de suas emissoras.
Verificou tendência de se manter o pitch agravado, loudness forte e
ressonância laringofaríngea, além de velocidade e ritmo de fala acelerados.
Para BEHLAU e REHDER (1997), o objetivo da voz é transmitir
mensagens e, para tal, é necessário que se tenha uma boa articulação das
palavras, que permita transmitir uma sensação de franqueza e clareza das
ideias.
KNAPP e HALL (1999) relataram que os marcadores vocais
desempenham um papel muito importante na comunicação humana, pois,
segundo eles, não interferem na compreensão e tampouco produzem qualquer
efeito adicional no interlocutor, quando se apresentam, de certa forma, pobres.
Porém, à medida que se varia os parâmetros de altura, volume e ritmo vocal,
aumentam as possibilidades de se atingir, de forma mais efetiva, o ouvinte,
pois uma variação contextualizada destes parâmetros pode tornar o discurso
mais eficiente, gerando, assim, maior poder de persuasão e credibilidade.
FEIJÓ (2003) afirmou que, além dos parâmetros da qualidade vocal (tipo
de voz, ressonância, pitch, loudness, articulação, sotaque/regionalismo,
velocidade de fala, coordenação pneumofônica e ataque vocal), os recursos
não-verbais (ênfase, pausas, modulação, ritmo, variação de loudness e de
pitch) são ferramentas essenciais para a realização de uma boa narração no
33
telejornalismo. Segundo a autora, as pausas fazem parte do discurso, devem
ser naturais e permitem boa coordenação pneumofonoarticulatória. A
modulação ideal é aquela que apresenta variação de velocidade, intensidade e
frequência; que tenha relação com o conteúdo e que destaque a mensagem do
texto. O ritmo da fala está diretamente relacionado à modulação e ênfase. As
variações de loudness devem ser usadas como recursos interpretativos. O
pitch mais agudo deve ser utilizado em assuntos mais alegres e o pitch mais
grave deve ser associado a assuntos mais sérios.
BEHLAU et al. (2005) descreveram várias categorias de voz profissional
falada, fazendo considerações gerais de cada grupo e relacionando a
demanda, o preparo vocal envolvido e os principais aspectos da atuação
fonoaudiológica. Com relação aos locutores de dio, as autoras destacaram a
importância de seu desempenho dentro de uma emissora, levando-os a buscar
o desenvolvimento de uma qualidade vocal particular, articulação precisa,
modulação específica e distribuição calculada das pausas. São destacadas
algumas características da locução como: reestruturação temporal constante
da fala, presença de alongamentos de alguns sons na ênfase de palavras e
uso do recurso de encurtamento para capturar a atenção do ouvinte. Segundo
as autoras, tais recursos são empregados para destacar o que é julgado mais
importante no texto, seja ele comercial ou jornalístico, visando facilitar a
compreensão, persuadir o ouvinte e veicular, direta ou indiretamente, uma
determinada mensagem. O trabalho de desenvolvimento vocal está baseado
em aspectos de articulação, pausas, ênfase e modulação, que também estão
presentes na atuação junto aos apresentadores e repórteres de televisão,
devido às características comuns em ambas categorias profissionais, no que se
refere à efetividade e credibilidade da comunicação.
PANICO (2005) investigou a identificação de diferentes estilos de
notícias – neutro, sério e descontraído – e seus correlatos acústicos. Dez
jornalistas experientes gravaram um texto-padrão, nos diferentes estilos, e as
amostras de fala foram submetidas à análise perceptivo-auditiva e acústica.
Nesta análise, as gravações foram identificadas e julgadas quanto aos estilos.
Foram selecionados os seguintes parâmetros: frequência fundamental média,
34
mínima e máxima; intensidade média, mínima e máxima; porcentagem de
tempo com e sem voz; variação da frequência fundamental; número de
semitons e tempo de fala. Os resultados encontrados mostraram que os estilos
de notícia podem ser identificados por ouvintes leigos por meio de pistas
auditivas e também podem ser caracterizados de acordo com os seguintes
parâmetros acústicos: 1) estilo descontraído valores de frequência
fundamental média e máxima, e de variação de frequência fundamental
maiores do que o estilo sério; 2) estilo neutro valores de frequência
fundamental média e máxima menores do que o estilo descontraído, variação
de frequência fundamental maior do que o estilo sério e tempo de fala menor
do que o estilo sério; 3) estilo sério frequência fundamental menor do que o
estilo descontraído, frequência fundamental máxima e variação de frequência
menor do que o estilo neutro e tempo de fala maior do que o estilo neutro. A
autora também reforça a importância da utilização de recursos vocais como:
entoação, intensidade e pausas de forma coerente ao sentido do texto, e
sugere estratégias de treinamento da percepção auditiva na atuação
fonoaudiológica junto a estes profissionais da voz.
OLIVEIRA (1997) ressaltou a importância da intervenção relacionada à
postura corporal, respiração e coordenação pneumofonoarticulatória, para a
necessidade de haver um tempo de fonação compatível com as necessidades
de locução, voz, entoação e ritmo, para maior flexibilidade vocal.
PENTEADO (1998) realizou um estudo com trechos de locuções
publicitárias e comerciais das fitas de demonstração do Clube da Voz, sendo
vinte trechos de gravação de vozes masculinas e dez de vozes femininas.
Doze fonoaudiólogas avaliaram, perceptivo-auditivamente, estas locuções,
quanto à qualidade vocal, pitch, loudness, modulação, ressonância, velocidade
de fala, articulação, registro vocal e ataque vocal. Com base nesta avaliação, a
autora observou que a qualidade vocal masculina predominante foi a soprosa;
em relação ao pitch, 62,5% das locuções apresentaram-se graves; a loudness
apresentou-se como normal, em 72,22% dos registros; a modulação
predominou variada; a ressonância predominou equilibrada, no total das
35
locuções; a velocidade de fala, articulação, registro vocal e ataque vocal
predominaram, respectivamente, como: normal, modal e isocrônico.
NOGUEIRA (1998), ao comparar a leitura em estilo neutro e radiofônico
de um mesmo texto comercial, observou que o estilo radiofônico caracterizou-
se por um maior número de elementos enfáticos, sendo a ênfase marcada pelo
aumento de duração dos fonemas; tendência à hiperarticulação, com
alongamento dos fonemas vocálicos e fricativos; aumento no número de
pausas e reestruturação de sua distribuição; agudização ou agravamento tonal,
dependendo da emissora. Também foi observada modificação de gestos
articulatórios e variação de tonalidade vocal para a caracterização das
diferentes emissoras. A partir destes resultados, a autora sugeriu que o
fonoaudiólogo deveria rever sua atuação no aperfeiçoamento vocal, no que se
refere ao trabalho articulatório, faixa de frequência utilizada em leitura neutra e
radiofônica de cada locutor e utilização das pausas.
OLIVEIRA (1998), em uma pesquisa junto a locutores de rádio,
investigou quais aspectos estes profissionais consideram importantes no
desempenho de sua atividade. O estudo mostrou uma tendência de início
profissional na idade jovem, predomínio de nível de escolaridade superior
incompleto e sem preparo prévio para atuar na área. Os locutores mais novos
indicam a importância de um preparo prévio à atuação, com importância para a
entonação da voz, treino da leitura em voz alta, respiração, articulação e ritmo
para que tenham uma boa locução.
36
4 MÉTODOS
Este capítulo foi dividido em sete subitens: o primeiro explicita o
delineamento do estudo; o segundo, os aspectos éticos; o terceiro a seleção
dos participantes; o quarto, a caracterização da escola e estúdio onde a
pesquisa ocorreu; o quinto descreve os procedimentos utilizados para a coleta;
o sexto, como foi realizada a análise dos dados e o sétimo e útlimo, a descrição
do processo de intervenção.
4.1 Delineamento do estudo
Esta pesquisa tem caráter descritivo, longitudinal e prospectivo.
4.2 Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Programa
de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, sob o número 318/2008 (Anexo 1).
4.3 Seleção dos participantes
Inicialmente, a direção de uma escola de formação de locutores, na
cidade de São Paulo, foi contatada e, em reunião, os procedimentos
metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa foram apresentados ao
diretor responsável, que consentiu a realização da mesma, junto aos alunos.
Participaram deste estudo 22 estudantes de um Curso Técnico de
Locução, na cidade de São Paulo. Todos os alunos foram submetidos a um
mesmo método de ensino, pré-definido pelo grupo de professores e pela
coordenação do curso, sob supervisão do locutor-diretor da escola. Foi
solicitado a cada estudante que preenchesse também o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para a confirmação da participação na
pesquisa (Anexo 2).
37
4.4 Caracterização da escola
A escola de formação de radialistas, localizada na cidade de São Paulo,
foi fundada no ano de 1988. O curso de formação de radialistas enfoca as
áreas de locução, sonoplastia, produção e estúdio, iluminação e operação de
câmeras. Além de cursos, a escola possui uma webradio, onde os alunos
podem praticar, apresentar programas e gravar locuções comerciais.
A proposta da escola é formar o radialista e encaminhá-lo ao mercado
de trabalho como profissional preparado e competente.
4.5 Procedimentos utilizados
Este subitem será dividido em quatro partes: a primeira caracteriza a
dinâmica do curso de locução; a segunda descreve o público-alvo de
intervenção; a terceira apresenta a forma de coleta e edição da amostra de fala
e a quarta, a avaliação do processo de intervenção pelos juízes.
4.5.1 Caracterização da dinâmica do curso de locução
O curso de formação de radialistas tem a duração de seis meses e conta
com as seguintes disciplinas: Noções de Legislação, Programação
Radiofônica, Língua Portuguesa e Noções de Redação, Técnicas de Criação,
Radiodifusão, Fonoaudiologia, Novas Tecnologias, Marketing e Vendas em
Mídia Eletrônica, Ética Profissional e Prática de Locução. Estas disciplinas
fazem parte do currículo, com carga horária total de 280 horas de matriz e 31
horas de estágio.
O módulo de Fonoaudiologia teve início após dois meses de curso, com
carga total de 21 horas, distribuída em sete encontros, com duração de três
horas cada um. As aulas aconteceram nos estúdios da escola, equipados com
recursos de áudio-gravação e a assistência de um sonoplasta, para o que for
necessário.
A intervenção fonoaudiológica aborda orientações quanto aos
mecanismos de produção da voz, aspectos de bem-estar vocal, psicodinâmica
vocal, treinamento e aperfeiçoamento das habilidades comunicativas e
38
recursos vocais. O objetivo é promover resistência vocal, flexibilidade e ajuste
da voz e da fala à linguagem radiofônica, de forma expressiva. O detalhamento
dos encontros encontra-se no subcapítulo 4.7.
4.5.2 Descrição do público-alvo da intervenção
Os pré-requisitos para o ingresso no curso são: ter 18 anos completos
(ou completados até o final do curso), ter o ensino médio completo e ser
aprovado no teste de seleção da escola, que consiste em uma redação e um
teste de voz, realizado por um professor de locução. Aprovados, os alunos são
agrupados em turmas, de até 25 pessoas, heterogêneas quanto à faixa etária,
sexo, profissão e objetivos.
Para a realização da pesquisa o único pré-requisito exigido foi o
interesse em fazer parte da mesma.
Participaram da pesquisa 22 estudantes, 15 do sexo masculino e 7 do
sexo feminino, com idade média de 27 anos.
4.5.3 Coleta e edição da amostra de fala
No primeiro encontro, o estudo foi apresentado aos estudantes, sendo
justificada a sua realização como a quantificação científica de uma proposta de
treinamento fonoaudiológico aos estudantes de locução. Eles leram e
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, antes de qualquer
abordagem.
Após o processo descrito acima, foi colhido, de cada indivíduo, uma
amostra de fala caracterizada pela leitura da seguinte locução comercial, no
estilo varejo (que grava comerciais variando a modulação da voz, mudando o
ritmo durante a verbalização e interpretando com naturalidade o texto) CÉSAR
(2009): “Não perca neste fim de semana, sensacional queima de estoque
nas Lojas da Gente”.
A locução escolhida foi modificada de uma pré-existente, adaptada com
o nome de um estabelecimento fictício, para que não houvesse implicações
judiciais.
39
As gravações ocorreram em um estúdio profissional, tratado
acusticamente, com o auxílio de um microfone headset condensador AKG e um
notebook Sony Vaio CR Intel Pentium dual-core, com o sistema operacional
Windows XP, 2gB de memória. Os dados foram gravados no programa de
computador Sound Forge 8.0.
Cada estudante foi chamado para a gravação e orientado a permanecer
sentado, numa distância de 10 cm entre a boca e o microfone de cabeça,
verificado pela fonoaudióloga responsável. As vozes foram gravadas no
formato wave e em registro mono.
As gravações ocorreram nos momentos pré e pós-intervenção
fonoaudiológica, ou seja, no primeiro e no sexto encontros. Os estudantes
tiveram contato com a locução no momento das gravações e foi solicitado que
lessem em voz baixa para se familiarizarem com o texto, para, em seguida,
gravá-lo. No segundo momento de gravação, pós-intervenção, cada aluno
recebeu o mesmo texto para a gravação.
Para a edição do material, as duas coletas de amostra de fala (pré e
pós-intervenção) foram editadas por meio do programa Sound Forge. Foi
realizado um sorteio para que as vozes (pré e pós-intervenção) de cada sujeito
fossem organizadas de maneira aleatória e foram acrescentadas 10% de
amostras para testar a confiabilidade das respostas. Ao final, um total de 44
vozes fez parte do CD a ser utilizado para a avaliação.
4.5.4 Avaliação do processo de intervenção pelos juízes
A análise foi realizada por um grupo de 40 ouvintes de rádio, 19 do sexo
masculino e 21 do sexo feminino, com a média de 27,81 anos de idade. A
seleção dos juízes baseou-se nos dados da revista Mídia Dados
2
de ouvintes
de rádio, do ano de 2009 (Anexo 3). Cada um recebeu, leu e assinou o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 4). Cada juiz recebeu o CD
(descrito em 4.5.3), uma folha com as instruções para a análise (Anexo 5) e o
protocolo para assinalar as respostas (Anexo 6). Foram instruídos a ouvir cada
2
Site: <http://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx>
40
voz com atenção, e poderiam repetir a amostra quando achassem necessário.
Em seguida, deveriam marcar no protocolo pré-estabelecido se as duas vozes
de cada sujeito eram iguais ou diferentes. Caso fossem diferentes, deveriam
assinalar qual das duas foi a melhor voz.
4.5.5 Avaliação fonoaudiológica
A avaliação foi realizada com a pior voz, ou seja, a que teve mais votos
na pré-intervenção e a melhor, ou seja, a que teve mais votos na pós-
intervenção fonoaudiológica. No caso da melhor voz, houve empate entre duas,
devido a isto, a análise foi realizada com três vozes no total, uma pior e duas
melhores.
A partir dos resultados da análise dos juízes, a fonoaudióloga
responsável pela pesquisa realizou uma avaliação fonoaudiológica (Anexo 7),
baseada na proposta de FARGHALY e ANDRADE (2008). Na avaliação foram
analisados os seguintes parâmetros: qualidade vocal, ataque vocal, pitch,
loudness, ressonância, coordenação pneumo-fono-articulatória, articulação,
modulação e ritmo de leitura.
4.6 Análise dos resultados
Na Tabela 1, a amostra de estudantes de radialismo foi caracterizada de
forma numérica e percentual, de acordo com as variáveis: sexo e idade.
Em seguida, observa-se, na Tabela 2, que a amostra de ouvintes de
rádio foi apresentada de forma numérica e percentual, de acordo com as
variáveis: sexo, idade e escolaridade.
Quanto ao julgamento do desempenho dos estudantes de radialismo, de
acordo com a situação (pré ou pós-intervenção), os dados foram distribuídos
numérica e percentualmente de acordo com o julgamento dos ouvintes de
rádio, que selecionaram as vozes como melhores, piores ou iguais.
Os indivíduos foram agrupados em duas categorias: melhora e não-
melhora, após a intervenção. Foram considerados indivíduos com melhora,
aqueles que obtiveram um maior número de respostas favoráveis à sua
41
gravação pós-intervenção em comparação com a soma das respostas
favoráveis à gravação pré-intervenção e das respostas que consideraram não
haver diferença entre ambas, ou seja, foram considerados indivíduos com
melhora, aqueles nos quais o número de repostas favoráveis à gravação pós-
intervenção foi superior à soma das respostas favoráveis à gravação pré-
intervenção e das respostas que consideraram não haver diferença entre
ambas. Foi utilizado, para a análise, o Teste de Proporção para uma Amostra.
Para a análise dos resultados desta pesquisa foi definido um nível de
significância de 0,05 (α=0,05).
A seguir, a Figura 1 ilustra, de forma resumida, os procedimentos
metodológicos que nortearam esta pesquisa.
42
Figura 1 – Procedimentos metodológicos a serem desenvolvidos nesta pesquisa
SELEÇÃO DOS SUJEITOS QUE PARTICIPARAM DA INTERVENÇÃO
COLETA DE AMOSTRA DE FALA – PRÉ-INTERVENÇÃO
EDIÇÃO DO MATERIAL
INTERVENÇÃO
COLETA DE AMOSTRA DE FALA – PÓS-INTERVENÇÃO
ANÁLISE DO MATERIAL REALIZADA PELOS JUÍZES
ANÁLISE FONOAUDIOLÓGICA
43
4.7 Descrição do processo de intervenção
A seguir, detalham-se os objetivos e os procedimentos da intervenção
fonoaudiológica, em seus sete encontros.
4.7.1 Primeiro encontro
Objetivos:
Apresentar a proposta a ser desenvolvida com o grupo;
Gravar as vozes dos estudantes durante a leitura da locução comercial
proposta neste estudo;
Levar o grupo a compreender, de forma básica, a anatomofisiologia do
mecanismo fonador;
Possibilitar o grupo a ter noções de como cuidar da voz, por meio da
demonstração de vozes alteradas;
Oferecer informações para que os alunos conheçam as orientações a
respeito do bem-estar vocal.
Procedimentos:
Apresentada a proposta básica do da pesquisa e deixada em aberto a
possibilidade de fazerem sugestões durante os encontros;
Esclarecido o objetivo da intervenção, que foi oferecer a eles a
oportunidade de aprender técnicas para o uso da voz profissional;
Demonstrou-se figuras da laringe e pregas vocais, enfatizando o papel
dos ressonadores, articuladores e abertura da boca, durante a fala;
Apresentadas vozes alteradas para que observassem o impacto
negativo das mesmas, durante uma locução;
A sala foi dividida em dois grupos. Cada um recebeu um jogo de filipetas
com figuras de hábitos e comportamentos nocivos e benéficos à voz,
sendo que foram orientados a indicar quais eram positivos e negativos e
justificar, discutindo com o grupo.
44
4.7.2 Segundo encontro
Objetivos:
Levar os alunos a praticar exercícios de aquecimento e desaquecimento
vocal, por meio da fundamentação das técnicas e a explanação da
importância de aquecer e desaquecer a voz;
Exercitar com os alunos uma sequência de exercícios de alongamento,
técnicas de respiração, coordenação pneumofonoarticulatória e
aquecimento de voz.
Procedimentos:
Inicialmente, foram apresentados os benefícios do aquecimento e
desaquecimento vocal;
Foram apresentados exercícios de alongamento, priorizando a região da
cintura escapular, como: rotação e massagem nos ombros, rotação e
massagem no pescoço, massagem laríngea, massagem facial, rotação
da língua no vestíbulo, protrusão e retração dos lábios e estalos de
lábios e de língua;
Foram demonstradas figuras dos pulmões e do músculo diafragma para
a explanação da respiração costo-diafragmática, esperada durante a fala
fluente;
Foram realizados exercícios de respiração, como: colocação de uma
bexiga inflada na região abdominal para que o grupo sentisse a
movimentação do abdômen e costelas; exercício da vela, no qual
deveriam soprar a chama sem apagá-la, controlando o fluxo aéreo, com
a distância de um palmo dos lábios; controle do fluxo durante a emissão
de sons fricativos sonoros e surdos (s__z__, f__v__, x__j__);
Leitura de frases curtas e longas, em uma expiração, para o controle do
fluxo aéreo (Anexo 8);
Exercícios de voz, seguindo a proposta de KYRILLOS (2004) (Anexo 9).
45
4.7.3 Terceiro encontro
Objetivos:
Levar os alunos a relembrar o assunto da aula anterior, realizando
exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal;
Incentivar a percepção dos alunos com relação à articulação dos sons,
por meio de exercícios de amplitude e precisão articulatória;
Levar os alunos a identificar as diferentes impressões causadas pelo
uso inadequado de voz;
Permitir que os alunos percebessem as variações da voz com relação
aos recursos vocais, como a velocidade e a curva melódica associados
à expressão corporal.
Procedimentos:
Antes de iniciar o assunto principal da aula, foi realizada uma série de
exercícios de aquecimento vocal, como: alongamento da cintura
escapular, movimentação dos articuladores (lábios, língua e bochechas)
e exercícios de voz (vibração de língua, humming);
Discutiu-se a importância de transmitir uma imagem adequada da voz
durante uma locução (Anexo 10) e, para isto, foi solicitado a cinco dos
alunos que lessem um mesmo texto, variando alguns recursos como:
velocidade acelerada, articulação travada, voz soprosa, loudness
reduzida e melodia restrita. A cada leitura, os demais estudantes
deveriam identificar qual o recurso estava inadequado;
Explanou-se a respeito do impacto de cada alteração, que interfere na
comunicação, como: voz (rouca, soprosa e infantilizada), pitch (agudo,
médio e grave), loudness (forte, médio e fraco), velocidade (acelerada,
média e reduzida), melodia (adequada, restrita, exagerada, repetitiva) e
articulação (precisa, imprecisa, travada, exagerada);
Foi proposto que falassem, inicialmente, com o auxílio de uma rolha
entre os dentes, a sequência de números de 1 a 30, meses do ano e
dias da semana, e, em seguida, sem a rolha;
Algumas sequências de sons de travalíngua foram apresentadas para
que lessem, sobrearticulando os sons (Anexo 11);
Em seguida, foi discutido o quanto a expressão corporal interfere na voz
e na impressão que transmite aos ouvintes, e foram orientados a
exercitar os gestos, meneios de cabeça, expressão facial e postura
46
adequada durante os exercícios, buscando a congruência na
comunicação;
Dividiu-se o grupo em trios e cada trio criou uma locução comercial, e
identificou cada um dos parâmetros que seriam esperados para a
mesma: tipo de voz, velocidade, articulação, pitch, e loudness.
4.7.4 Quarto encontro
Objetivos:
Levar os alunos a rever o assunto discutido na aula anterior;
Incentivar os alunos a perceber e a exercitar a variação do uso dos
recursos vocais (ênfases, pausas, pitch, loudness e melodia).
Procedimentos:
Foi retomado o assunto anterior, solicitando a cada aluno que
comentasse sobre alguma observação no dia-a-dia, a respeito da
imagem transmitida de acordo com o uso dos recursos durante a
comunicação;
Foram realizados exercícios de amplitude e precisão articulatória;
Foi solicitado que falassem sobrearticulando os sons e com velocidade
acelerada (Anexo 12);
Foram apresentados cada um dos temas relacionados aos recursos
vocais, sendo, o primeiro, as ênfases;
Foi apresentada uma locução comercial (Anexo 13), na qual um
estudante deveria enfatizar o trecho que quisesse, e, em seguida, os
colegas apontariam onde foi realizada a ênfase e qual o tipo de ênfase
usada. Partindo disto, foram apresentados diferentes tipos de ênfases,
como: sobrearticular a palavra, aumentar ou reduzir o volume, mudar a
frequência da voz (mais agudo ou mais grave), silabar a palavra,
prolongar, destacar a sílaba nica e fazer uma pausa de expectativa.
Cada tipo foi demonstrado durante a leitura de uma frase (“Fiquem
agora com a melhor programação musical do seu rádio!”);
Com base na literatura (KYRILLOS, 2004), foram realizados exercícios
para treinar os tipos de ênfase. Foram apresentadas frases (Anexo 14),
que cada estudante deveria ler, com um tipo de ênfase diferente, e os
colegas do grupo deveriam identificar o trecho com ênfase e o tipo
utilizado;
47
As pausas foram abordadas, solicitando que marcassem, em um
pequeno texto sem pontuação (Anexo 15), as pontuações necessárias,
sendo que havia quatro tipos de respostas. Em seguida, foi apresentado
um artigo de jornal para que marcassem e lessem utilizando pausas
interpretativas;
Foi apresentado um texto (Anexo 16) para que cada um sublinhasse as
ênfases e fizesse marcações de pausas “v” para uma pausa breve, “/”
para uma pausa em ponto final e “//” para uma pausa longa, com
base na literatura (COTES, 2004). Em seguida, foi realizada a leitura;
Os recursos pitch, loudness e velocidade foram abordados,
apresentando-se um texto para leitura e duas locuções, uma nota de
falecimento e outra de varejo, para que modificassem a voz durante a
leitura (Anexo 17);
Quanto à melodia, foi solicitado que um estudante começasse contando
uma história com muita melodia, e, na sequência, cada colega
continuaria a história, procurando enfatizar, fazer pausas bem colocadas
e modificar pitch, loudness e velocidade, durante a fala;
Foi solicitado que cada estudante trouxesse uma locução comercial para
o próximo encontro.
4.7.5 Quinto encontro
Objetivos:
Levar os alunos a rever o assunto recursos vocais, como o uso dos
recursos de ênfases, pausas, variação de pitch, loudness e velocidade;
Permitir que os alunos associassem o uso dos recursos vocais, nos
diferentes tipos de locução comercial;
Incentivar a percepção auditiva dos alunos, visando potencializar a
atenção e a escuta.
Procedimentos:
Partindo da locução de cada um, foram orientados a ler, procurando
variar cada recurso visto, no encontro anterior;
Foram apresentados diferentes tipos de locução comercial (clássica,
varejo, institucional, espera telefônica e esportiva) e seus respectivos
usos de recursos vocais;
48
Foi proposto que cada estudante fizesse uma atividade de atenção
auditiva e controle de voz, por meio do software Fono Tools 3 (versão
3.4h), utilizando-se a opção de atraso de voz. Cada um deveria simular
a apresentação de um programa de rádio, ficando livre o estilo;
Foram apresentados dois textos, para que lessem de forma
interpretativa, com ênfases, melodia e gestos condizentes (Anexo 18).
4.7.6 Sexto encontro
Objetivos:
Levar os alunos a rever todos os assuntos discultidos em aula, com o
objetivo de revisar os temas para a prova escrita;
Gravar cada estudante durante a leitura da mesma locução comercial
proposta na primeira aula.
Procedimentos:
Todos os temas abordados durante os encontros foram retomados,
como auxílio para a prova escrita (obrigatoriedade da escola);
Cada estudante, novamente, leu a locução comercial, procurando aplicar
os conhecimentos obtidos durante os encontros;
Realizaram a prova escrita.
4.7.7 Sétimo encontro
Objetivos:
Devolutiva da prova escrita;
Levar os alunos a identificar parâmetros positivos e negativos em suas
locuções.
Procedimentos:
Cada estudante recebeu a prova e a respectiva nota, sendo que foi
retomada cada questão para eliminar dúvidas;
O grupo escutou as vozes nos momentos pré e pós-intervenção e, a
cada par de vozes ouvidas, marcaram, em uma folha, três pontos
positivos e um ponto a melhorar da voz, no momento pós-intervenção.
Cada estudante recebeu o feedback do grupo e do instrutor.
49
5 RESULTADOS
Os resultados do presente trabalho estão apresentados nas tabelas de 1
a 4 e no quadro 1:
A Tabela 1 apresenta a caracterização da amostra de estudantes de
rádio, de acordo com o sexo e a idade.
A Tabela 2 demonstra a caracterização dos juízes, de acordo com o
sexo, a idade e a escolaridade.
A Tabela 3 representa o julgamento do melhor desempenho dos
estudantes de rádio, de acordo com a situação (pré ou pós-intervenção), na
opinião dos ouvintes.
A Tabela 4 exibe a distribuição numérica e percentual da melhora dos
estudantes, após a intervenção fonoaudiológica, segundo os ouvintes de rádio.
O Quadro 1 indica os dados referentes à avaliação fonoaudiológica das
melhores e da pior voz.
50
Tabela 1 – Caracterização da amostra de estudantes de rádio, de acordo com o sexo e a idade.
Variável n %
Sexo
Masculino
15
68,18
Feminino
7
31,81
Idade (anos)
Mínimo – Máximo
20 - 47
27,81
51
Tabela 2 – Caracterização dos juízes, de acordo com o sexo, a idade e a escolaridade.
Variável n %
Sexo
Masculino
19 47,5
Feminino
21 52,5
Idade (anos)
Mínimo – Máximo 19 - 59
Média
42,19
Escolaridade
Fundamental
1
Médio
20
Superior
19
52
Tabela 3 Julgamento do melhor desempenho dos estudantes de rádio, de acordo com a
situação (pré ou pós-intervenção), na opinião dos ouvintes.
Melhora
Melhora
Pré
Pós
Iguais
n % n % n %
1 7 17,5 33 82,5 0 0
2
6
12,5
31
77,5
3
7,5
3 10 25 22 55 8 20
4 7 17,5 32 80 1 2,5
5
4
10
21
52.5
15
37,5
6
5
12,5
26
65
9
22,5
7 3 7,5 25 62,5 12 30
8
4
10
21
52,5
15
37,5
9
7
17,5
19
47,5
14
35
10 5 12,5 24 60 11 27,5
11
6
15
32
80
2
5
12
6
15
31
77,5
3
7,5
13 6 15 15 37,5 19 47,5
14
5
12,5
35
87,5
0
0
15
2
5
36
90
2
5
16 6 15 31 77,5 3 7,5
17
7
17,5
22
55
11
27,5
18
7
17,5
20
50
13
32,5
19 2 5 36 90 2 5
20
6
15
29
72,5
5
12,5
21
0
0
34
85
6
15
22 4 10 29 72,5 7 17,5
53
Tabela 4 Distribuição numérica e percentual da melhora dos estudantes, após a intervenção
fonoaudiológica, segundo os ouvintes de rádio.
Melhora n %
Não 3 13,64
S
im
19
86,36
Teste de Proporção para uma amostra (p<0,001)
54
Quadro 1 – Distribuição dos dados da análise fonoaudiológica das melhores e da pior voz.
Parâmetros melhor voz 1 melhor voz 2 pior voz
Qualidade vocal hipernasal hipernasal adequada
Ataque vocal
isocrônico
isocrônico
brusco
Pitch
vocal
médio
médio
excessivamente agudo
Loudness
vocal
médio
médio
reduzido
Ressonância vocal
foco
hipernasal
foco hipernasal
uso equilibrado
Coordenação PFA
incoordenação com uso do ar de reserva
presente
presente
Articulação
precisa
precisa
precisa
Modulação
rica
rica
reduzida
Ritmo de leitura
adequado
adequado
adequado
55
6 DISCUSSÃO
A necessidade de estudos que avaliem a efetividade de intervenções
fonoaudiológicas tem se tornado cada vez mais evidente. Nota-se que as
intervenções estão, a cada dia, sendo mais aplicadas em diferentes grupos de
profissionais da voz, porém, estudos que denotem a importância e demonstrem
resultados consistentes de sua eficácia não são realizados com frequência. O
termo “assessoria” compreende a realização de uma análise da questão
colocada pelo cliente que procura o profissional e um planejamento de ação
identificando eventuais problemas e a sugestão de possíveis soluções para
esta demanda (FERREIRA, 2004). Segundo a autora, dentre as pesquisas, na
área, são mais comuns as que traçam um perfil de diferentes categorias de
profissionais da voz. Algumas poucas relatam experiências com profissionais
que comparam dados objetivos do início e do final da intervenção (MOREIRA-
FERREIRA, et al.1998; BORREGO e BEHLAU, 2004; BORREGO et al., 2006;
FARGHALY e ANDRADE, 2008).
Buscou-se, neste estudo, desenvolver uma intervenção dinâmica de
aprimoramento dos recursos vocais para tornar a comunicação mais eficaz,
apropriada e agradável aos futuros ouvintes.
Em um estudo com 21 alunos de locução, pré e pós-orientação e
treinamento vocal, observou-se melhora em 62% dos alunos quanto à
qualidade vocal, o que reforça a importância do desenvolvimento de programas
de treinamento da voz e comunicação para alunos de locução na formação de
sua voz profissional (MOREIRA-FERREIRA et al., 1998).
Atualmente, a abordagem fonoaudiológica com estudantes de cursos de
formação de radialistas tem sido cada vez mais necessária e solicitada para
aprimorar o desempenho futuro dentro de uma emissora de rádio.
Este fato leva-os a buscar o desenvolvimento vocal em: flexibilidade da
voz, aspectos de articulação, pausas, duração, ênfases, velocidade, variações
na modulação, para que, assim, haja efetividade, naturalidade e credibilidade
da comunicação, por meio de estratégias de treinamento da percepção auditiva
56
(BEHLAU, 2000; KYRILLOS, 2003; FERREIRA, 2004; BEHLAU et al., 2005;
PANICO, 2004).
A variação dos recursos vocais na fala, principalmente a profissional,
determina o grau de expressividade de um indivíduo e está relacionada
também ao sujeito que fala, ao significado, à intenção da mensagem e à
sensibilização do uso variado, fato que enriquece a fala e previne que a mesma
seja emitida de forma monótona e repetitiva (KYRILLOS, 2004). Assim, a
expressividade tem sido o foco da atuação fonoaudiológica com este grupo.
STIER e COSTA NETO (2004) referiram a importância da expressão e
da naturalidade, afirmando que as palavras expressam variados sentimentos e
estados de espírito do sujeito. Portanto, o verdadeiro significado da mensagem
está atrelado à maneira com que foi dita, ao invés de somente ao seu
conteúdo.
Outro ponto importante, segundo os autores, é que a voz
credibilidade ao conteúdo da fala. Assim, definem a expressividade como a
forma de tornar vivo o pensamento do indíviduo pela linguagem.
A intervenção realizada, nesta pesquisa, fundamentou-se na forma de
expressão do conteúdo, como referido pelos autores, com o intuito de
sensibilizar os estudantes quanto ao uso de cada recurso da expressividade,
por meio de atividades que pemitissem a vivência, as sensações transmitidas
ao interlocutor e a percepção e escuta individual, e do grupo, a este respeito.
A expressividade na comunicação tem sido alvo de muitos estudos, que
demonstram que a voz revela as intenções por meio de palavras, sendo assim,
poderia ser considerada como a expressão sonora da personalidade em que o
enunciado dito, de várias formas, é variável, de acordo com o estado emocional
do falante (BLOCH, 1977; SUNDBERG, 1987).
Ao falar, o indivíduo transmite alguma forma de impacto ao ouvinte,
positivo ou negativo, e deve condizer com o contexto comunicativo. Esta
leitura, denominada “psicodinâmica vocal”, é manifestada por meio de pausas,
no discurso, e melodia, na fala (BEHLAU e ZIEMER, 1988). Este ponto foi
57
trabalhado, amplamente, durante a intervenção, através da auto-percepção,
para que, assim, os estudantes pudessem observar, durante a interpretação de
uma locução comercial, a imagem que transmitiam ao falar.
MADUREIRA (2004) afirma que a expressividade da fala considera o
uso simbólico dos sons, sendo que os recursos utilizados, variados ou não,
conferem à voz certo sentido, de acordo com o que se deseja transmitir ao
interlocutor. Assim, uma fala com variação melódica rica ou uma fala monótona
podem ser consideradas expressivas, porém com significados diferentes. Este
conceito difere do que alguns autores dizem sobre a fala expressiva, pois
consideram que a mesma possui variações melódicas e rítmicas.
Juntamente com a mensagem, a voz carrega informações
características do falante através do sotaque, tom de voz, qualidade vocal e
suas mudanças, sendo assim, não somente o que se diz é o que transmite a
mensagem, mas a forma como se diz, devido a isto, é de grande importância
buscar o equilíbrio entre a informação e a emoção (LAVER, 1994; BOONE e
MCFARLANE, 1994; POLITO, 1998).
A intervenção fonoaudiológica, realizada nesta pesquisa, foi direcionada
de forma a orientar e sensibilizar os estudantes sobre a importância de
transmitir uma fala clara e flexível, quanto ao uso dos recursos vocais. Durante
os encontros, foi explanado, de forma breve, os mecanismos de produção da
voz, orientações sobre o bem-estar vocal, o conceito e a prática dos exercícios
de aquecimento vocal, assim como a prática e a sensibilização dos estudantes
sobre os recursos vocais e não-verbais. Foi reservado um tempo maior para os
exercícios relacionados aos recursos vocais e a percepção de seu uso.
Ao explanar a respeito dos mecanismos de produção da voz, notou-se o
desconhecimento de aspectos básicos, da maior parte dos alunos. Considerou-
se importante a abordagem de alguns fundamentos relacionados à produção
da voz, seguindo a proposta de KYRILLOS (2003), que sugeriu a forma de
orientação fonoaudiológica com a ideia de “conhecer para melhor atuar”.
58
No momento em que foi discutido o bem-estar vocal, ficou nítido o pouco
conhecimento sobre o assunto. Com base em outros estudos de intervenção o
tema foi discorrido de forma a orientá-los sobre a importância de se observar
alguns comportamentos vocais, que podem ser, conforme o sujeito, abusivos à
voz, como: tabagismo; etilismo; alergias; hábitos vocais inadequados, como a
competição vocal; efeitos do ar condicionado; tipo de vestuário; efeitos de
determinados esportes sobre a voz; alterações hormonais e medicamentos.
Como hábitos positivos, foram orientados a hidratar-se, consumir maçã, devido
à propriedade adstringente, e praticar exercícios de aquecimento vocal.
Segundo FERREIRA (2004), o bem-estar vocal é visto não como uma lista de
proibições, mas, sim, como uma série de conceitos a serem incorporados, de
acordo com as necessidades e particularidades de cada um.
Com relação ao aquecimento vocal, foram abordados quatro grupos de
exercícios: alongamento da região da cintura escapular, técnicas de respiração
e coordenação pneumofonoarticulatória, exercícios de voz e de articulação.
Antes dos exercícios, foi solicitado que os alunos emitissem a vogal sustentada
“é” e a contagem dos números, de 1 a 10, e, após os exercícios, a mesma
vogal e novamente a contagem de números. Os estudantes referiram que a voz
estava mais projetada, que estava “mais fácil” de falar, que sentiram mais
conforto ao falar e melhor distribuição da ressonância.
No processo de comunicação, são utilizados recursos verbais, vocais e
não-verbais, que transmitem as informações. Estes recursos precisam se
apresentar de forma coerente para atingir uma comunicação efetiva. Dentre os
recursos vocais, segundo alguns autores (KYRILLOS, 2003; STIER e COSTA
NETO, 2004; FERREIRA, 2004; BEHLAU et al., 2005; PANICO, 2005), estão:
uso de ênfases e pausas estratégicas; curva melódica rica e variada;
intensidade adequada ao tipo de texto; articulação precisa dos sons da fala,
ampla e sem exageros; variações prosódicas, por meio de mudanças de pitch,
loudness, ritmo e velocidade de fala.
Outra terminologia, utilizada por OLIVEIRA (1998), é a entoação, que
ocorre por meio de diferentes combinações e variações de curvas melódicas,
59
intensidade e duração. Segundo a autora, o aumento de intensidade, a
variação da entoação com curvas melódicas ascendentes e aceleração, no
ritmo da fala, transmitem empolgação.
FARGHALY (2002) descreve também a importância do treino de
adequação da entoação, ênfase de palavras-chave e finalização da locução,
com o objetivo de explorar os diferentes sentidos que um vocábulo pode
assumir em contextos variados.
Na maior parte das pesquisas, com intervenção fonoaudiológica com
radialistas, há o trabalho da expressividade com os recursos de entoação,
curva melódica, pitch, loudness e velocidade de fala (BORREGO e BEHLAU,
2004; BORREGO et al., 2004; BORREGO, 2004; BORREGO et al., 2006;
FARGHALY e ANDRADE, 2008), porém pouco se comenta sobre os aspectos
relacionados à percepção e à escuta de cada um destes parâmetros. Aspecto
este focado durante a intervenção realizada neste trabalho.
Com fins didáticos, cada recurso foi tratado separadamente, a fim de
facilitar a assimilação dos estudantes. Os aspectos vocais foram: uso de
ênfases e suas variações, como as pausas, como forma de enfatizar as
inflexões, as variações de pitch, loudness e velocidade de fala, a curva
melódica e a articulação. Todos estes recursos envolvem aptidões particulares
e dependem de experiências anteriores, de cada indivíduo, porém, são
estratégias essenciais para o desenvolvimento da expressão mais efetiva
(AZEVEDO, 2007). Ter mais sensibilização do próprio corpo, da voz e
conhecimento dos fatores que interagem para sua produção, possibilita,
certamente, atingir uma melhor atuação profissional (KYRILLOS, 2003).
O trabalho da expressividade foi baseado em discussões e dinâmicas,
segundo sugestões encontradas na literatura com relação ao uso dos
seguintes parâmetros: ênfases (SANTOS, 1953; SAMPAIO, 1971; CÂMARA
JUNIOR, 1977; KNAPP, 1982; BEAN et al., 1989; NOGUEIRA, 1998); pausas
como recurso de ênfase (DELYFER, 1988; CAGLIARI, 1992; BOONE, 1996;
RAMOS, 1996; MEDRADO, 2002; VIOLA e MADUREIRA, 2006); variações do
pitch (LEITE e VIOLA, 1995; VASCONCELOS, 1995; MOREIRA-FERREIRA et
60
al., 1998) e outras correlações entre os recursos vocais (BEHLAU e PONTES,
1995; FERREIRA, 1995; BEHLAU E REHDER, 1997; OLIVEIRA, 1997;
PENTEADO, 1998; NOGUEIRA, 1998; OLIVEIRA, 1998; KNAPP E HALL,
1999; FEIJÓ, 2003; BEHLAU et al., 2005; PANICO, 2005).
A forma de trabalhar com os recursos citados foi brevemente teórica e
essencialmente prática, por meio de marcações em textos radiofônicos,
gravações em áudio para análise posterior, apresentação de locuções
veiculadas em rádios profissionais e exercícios de atenção auditiva.
A intervenção foi planejada com apoio na proposta de ZABALA (1998),
que afirma que a condição essencial para a aprendizagem de um procedimento
implica na realização de ações que o compõem: a exercitação múltipla como
elemento imprescindível para o domínio competente; a reflexão sobre a própria
atividade, o que permite que se fique atento durante a atuação; e a aplicação
em contextos diferenciados, que se baseia no fato de que aquilo que se
aprende será mais útil na medida em que se possa aplicar em situações não
previsíveis.
Na intervenção fonoaudiológica, deve-se estar atento para que a
atuação não seja apenas de caráter informativo (FERREIRA, 2004). É
necessário sensibilizar aos poucos o profissional e acredita-se ser esta uma
metodologia que facilita a compreensão.
Na Tabela 1, pode-se verificar a caracterização da amostra de
estudantes de rádio, de acordo com o sexo e a idade, o que vai na mesma
direção de outras pesquisas com estudantes de radialismo, no que diz respeito
a estes parâmetros (BORREGO, 2004; BORREGO et al., 2004; FARGHALY e
ANDRADE, 2008).
A Tabela 2 demonstra a caracterização dos juízes, de acordo com o
sexo, a idade e a escolaridade. A escolha dos juízes baseou-se nos dados da
revista Mídia Dados (2009), que demonstra que as mulheres ouvem mais rádio
quando comparadas aos homens, a faixa etária é de 19 a 49 anos e a classe
econômica predominante é A2 a C.
61
Na Tabela 3, nota-se que grande parte das opiniões concentra-se no
período pós-intervenção fonoaudiológica, o que justifica o quanto uma
intervenção, fundamentada na literatura e nas pesquisas recentes, pode
contribuir para o desenvolvimento e capacitação na expressividade de futuros
locutores.
Vários estudos, com alunos de radialismo, cocluíram que há efeitos
positivos na atuação pós-intervenção (MOREIRA-FERREIRA et al., 1998;
BORREGO e BEHLAU, 2004; BORREGO et al., 2004; BORREGO et al., 2006;
FARGHALY e ANDRADE, 2008), o que corrobora os achados desta pesquisa,
que encontrou efeitos diretamente focados na interpretação de uma locução
comercial, o que irá facilitar a entrada destes profissionais no mercado de
trabalho. A partir do momento em que os ouvintes de rádio, público-alvo deste
segmento profissional, consideram que evolução após a intervenção
fonoaudiológica, este fato pode servir como incentivo para o estudante
continuar a aperfeiçoar suas habilidades comunicativas.
Na Tabela 4, pode-se verificar que a proporção de indivíduos que
obteve melhora após o curso foi elevada, o que revela que a intervenção
fonoaudiológica proporcionou melhora significante na expressividade dos
futuros locutores. É importante ressaltar que o módulo de Fonoaudiologia, no
curso de formação de locutores, ocorreu de forma concomitante com outras
disciplinas, o que determina que outros fatores podem ter colaborado com a
evolução na expressividade dos estudantes. A impossibilidade de controlar
todos os aspectos é um dos fatores que dificulta as pesquisas relacionadas à
intervenção, e justifica, em parte, a pouca ocorrência delas como foco de
pesquisa.
Com relação à análise fonoaudiológica (Quadro 1), notou-se que os
parâmetros que interferiram na seleção das melhores vozes foram: o ataque
vocal, a variação de pitch e loudness e a modulação.
O ataque vocal foi considerado brusco, na pior voz, e isocrônico, nas
melhores; o pitch, agudo, na pior voz, e médio, nas melhores; o loudness,
reduzido, na pior voz, e médio, nas melhores; e a modulação, reduzida, na pior,
62
e rica, nas melhores, o que indica que os parâmetros: ataque vocal, pitch,
loudness e modulação são considerados importantes durante a interpretação
de uma locução comercial radiofônica.
Desta forma, uma locução interpretada com pitch muito agudo, loudness
reduzido, pouca variação de modulação e presença de ataque vocal, pode ser
considerada negativa, ao ouvinte de rádio, que pode não efetivar a aquisição
do produto ou serviço em questão, já que alguns parâmetros, como credibidade
e segurança, por exemplo, podem estar comprometidas.
Os parâmetros que não foram considerados decisivos, no julgamento
dos ouvintes de rádio, foram: qualidade vocal, ressonância e coordenação
pneumofonoarticulatória.
Com relação à qualidade vocal, foi considerada adequada, na pior voz, e
hipernasal, nas duas melhores; o mesmo ocorreu com a ressonância vocal,
que, na pior voz foi considerada equilibrada e nas melhores com foco
hipernasal. Este fato pode ser justificado talvez pela impressão que se deseja
transmitir aos ouvintes . Segundo os autores BEHLAU e PONTES (1995), a
ressonância nasal, quando em grau discreto, pode transmitir sensações de
carinho ou sensualidade, quando em grau maior, a interpretação de uma voz
fanha.
Quanto à coordenação pneumofonoarticulatória, esta foi considerada
presente, na pior e em uma das melhores vozes, e incoordenada, com uso de
ar de reserva, na outra melhor voz. Parecem evidências que, uma alteração
discreta pode não interferir como fator determinante durante a interpretação de
uma locução comercial radiofônica, talvez devido ao tamanho pequeno da
locução proposta ao grupo.
Com relação aos parâmetros: articulação e ritmo de leitura, não houve
variações entre a pior e as melhores vozes.
Os dados encontrados corroboram o que a literatura diz a respeito deste
assunto. No estudo de BORREGO et al. (2004), realizado com um grupo de 25
alunos de um curso de locução, onde houve a comparação das análises
63
perceptivo-auditivas de leigos e fonoaudiólogos, o que mais caracterizou
positivamente a locução, segundo pessoas leigas, foi o uso de ênfase, o
mesmo parâmetro que chamou atenção durante a avaliação fonoaudiológica.
Segundo a autora, o foco do trabalho fonoaudiológico deve ser o de utilizar
este recurso para que se ganhe flexibilidade no uso vocal.
Os parâmetros encontrados neste estudo, como diferenciados no
momento pós-intervenção, também corroboraram a pesquisa desenvolvida por
FARGHALY e ANDRADE (2008), que avaliaram a eficácia de um Programa
Fonoaudiológico para Formação de Locutores de Rádio, aplicado aos alunos
de um curso profissionalizante de locução, por meio de uma gravação, no início
e final do curso. As autoras referiram que os parâmetros relacionados à boa
locução foram: variação de loudness, modulação, ressonância, coordenação
pneumofonoarticulatória, articulação, ritmo e velocidade de fala na leitura.
Outra pesquisa, em que se observam resultados semelhantes aos
encontrados neste estudo, foi o de BORREGO et al. (2006), com 25 estudantes
de radialismo, que gravaram a mesma notícia no início e no final do curso e
foram avaliados por fonoaudiólogos especialistas em voz, que comentaram que
os parâmetros que melhor caracterizaram a leitura pós-treinamento foram:
maior ocorrência de ênfases, seguido por tipo de voz e variações no pitch.
Pode-se dizer que nas várias pesquisas consultadas o consenso
quanto à terminologia referente à modulação, entoação e ênfases. Alguns
autores consideram a modulação como o trecho final de um enunciado
(KNAPP, 1982), ou a variação de velocidade, intensidade e frequência (FEIJÓ,
2003), o que denota que divergências quanto ao real sentido da expressão.
Neste estudo, a modulação foi considerada como a variação de pitch, loudness
e velocidade. A entoação é considerada como o elemento prosódico mais
utilizado para destacar atitudes do falante (CAGLIARI, 1992), e pode ser
caracterizada pelo aumento da duração dos fonemas, hiperarticulação,
alongamento de vogais e consoantes fricativas, número de pausas e variação
do pitch (RAMOS, 1996). Dentro dos tipos de ênfases, destacam-se as pausas,
que também variam de acordo com diferentes aspectos: função, tipo, duração e
64
distribuição, no contínuo da fala. Com relação à função, as ênfases podem ser:
discursivas, enfáticas, dramáticas e reflexivas; quanto ao tipo, podem ser:
respiratórias, silenciosas ou preenchidas; quanto à duração, podem ser de
curta a longa; quanto à distribuição, podem ser regulares ou irregulares (VIOLA
e MADUREIRA, 2006). Tal fato demonstra que há a necessidade de uma
padronização dos termos utilizados para que haja clareza nas informações e
nas pesquisas que referem cada um deles.
Na intervenção realizada nesta pesquisa, foram destacados os seguintes
tipos de ênfases: variação do pitch; variação do loudness; variação da
velocidade; mudanças no tipo de voz; variações no padrão articulatório;
variações nas durações das pausas e na tonicidade das palavras. Os
participantes foram orientados quanto ao uso variado destes recursos, de
acordo com a palavra-chave, da frase ou mensagem e o sentido da mesma.
A intervenção despertou, nos estudantes de radialismo, o interesse em
continuar aperfeiçoando os parâmetros da comunicação, buscando um
acompanhamento fonoaudiológico, no término do curso.
Baseando-se nos aspectos desenvolvidos neste estudo, pode-se
apontar algumas considerações para futuras pesquisas. Recomenda-se, como
foi realizado nesta pesquisa, mapear a demanda, a fim de conhecer as
peculiaridades do profissional, alvo do estudo, assim como conhecer o seu
ambiente de trabalho, a sua rotina vocal e as noções que o mesmo tem a
respeito do bem-estar vocal. Quanto aos recursos de expressividade, avaliar
antes e após o processo de intervenção, para que seus efeitos possam ser
cuidadosamente registrados.
Outros aspectos importantes, também considerados neste estudo, foram
relacionados à garantia das condições de trabalho: em relação aos horários, de
início e término; bem como ao ambiente físico e aos materiais utilizados em
cada encontro, como textos, rolhas, bexigas, entre outros; à gravação e/ou
filmagem, a fim de registrar as etapas da intervenção; à avaliação dos
resultados, também na perspectiva dos participantes, observando, assim, a
65
percepção de cada um; e, no momento da intervenção, o investimento na auto-
percepção dos profissionais e observação dos outros.
Quanto a futuras pesquisas, sugere-se o estudo mais detalhado das
diferentes terminologias utilizadas no meio fonoaudiológico, buscando-se
caracterizar a melhor forma de nomear cada parâmetro, especificando o
sentido de cada um, para que, assim, seja possível a existência de estudos
padronizados e mais consistentes na área. Isto também facilitará as
publicações científicas.
Outra sugestão é que estudos relacionados a este público sejam
realizados com um grupo controle, ou seja, um grupo que receba a intervenção
fonoaudiológica e participe das outras disciplinas do curso e um grupo que não
receba intervenção fonoaudiológica. Assim, haverá maior garantia da
efetividade da intervenção.
66
7 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que a intervenção
fonoaudiológica focada no trabalho com os recursos vocais, principalmente
relacionados à ênfase, produziu efeitos na expressividade oral durante a leitura
de uma locução comercial radiofônica de alunos de um curso de formação de
radialistas. Na comparação entre a pior e as melhores vozes avaliadas, os
parâmetros que melhor evidenciam a melhora da expressividade, quando esta
é comparada, antes e depois da intervenção, foram o uso de ataque vocal
isocrônico as variações de pitch e loudness, que se traduzem na modulação.
67
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74
ANEXOS
75
ANEXO 1
76
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
AOS ALUNOS DE UM CURSO DE LOCUÇÃO
Nome do participante:.....................................................................
Data:................................
Pesquisador(a): Fernanda de Morais Alves Rodrigues
PUC-SP Rua Monte Alegre, 984 CEP: 05014-000 – Perdizes
1. Título do estudo: Expressividade na Locução Comercial Radiofônica: Análise dos efeitos de
uma proposta de intervenção fonoaudiológica.
2. Propósito do estudo: verificar, em alunos de um curso de radialismo, os efeitos de uma
proposta de intervenção fonoaudiológica na leitura de uma locução comercial. A verificação
será feita por uma fonoaudióloga e por ouvintes de rádio.
3. Procedimentos: Serei solicitado a comparecer a um processo de intervenção
fonoaudiológica, com sete encontros, com carga horária de três horas cada um, totalizando 21
horas de intervenção, com o objetivo de aprimorar a minha atuação no rádio.
4. Riscos e desconfortos: o existem riscos ou desconfortos associados a este projeto.
5. Benefícios: Compreendo que existem benefícios diretos para mim como participante deste
estudo. Entretanto, os resultados podem ajudar-me a avaliar os resultados da intervenção
fonoaudiológica direcionada à demanda do exercício da locução.
6. Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento.
7. Compensação financeira: Fui esclarecido de que não haverá remuneração financeira.
8. Confidencialidade: De forma a registrar exatamente o meu desempenho pré e pós-
intervenção fonoaudiológica, um registro em áudio será utilizado. A partir deste áudio será
realizada uma avaliação do desempenho vocal por uma fonoaudióloga, especialista em voz, e
por ouvintes de rádio. Compreendo que os resultados deste estudo poderão ser publicados em
jornais profissionais ou apresentados em congressos profissionais, mas que, minhas gravações
não serão reveladas a menos que a lei o requisite.
9. Se tiver dúvidas posso telefonar para a Fga. Fernanda de Morais Alves Rodrigues, no
número (11) XXXX-XXXX a qualquer momento.
Eu compreendo meus direitos como participante desta pesquisa e, voluntariamente, consinto
em fazer parte deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo
realizado. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
___________________________
Assinatura do sujeito
___________________________
Assinatura do pesquisador
______________
Data
77
ANEXO 3
PERFIL DOS OUVINTES DE RÁDIO
78
ANEXO 4
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO AOS JUÍZES
Nome do participante:........................................................................Data:.......................
Pesquisador: Fernanda de Morais Alves Rodrigues
PUC-SP Rua Monte Alegre, 984 CEP: 05014-000 – Perdizes
1. Título do estudo: Análise dos efeitos de uma proposta de intervenção fonoaudiológica em
locução comercial.
2. Propósito do estudo: verificar, na leitura de uma locução comercial, os efeitos de uma
proposta fonoaudiológica, em alunos de um curso de radialismo, na perspectiva de ouvintes de
rádio e de uma fonoaudióloga.
3. Procedimentos: Serei solicitado a avaliar as vozes de estudantes de um curso de formação
de locutores, num processo de intervenção fonoaudiológica a ser realizado durante o período
de sete encontros, com uma carga horária de três horas cada encontro, totalizando 21 horas de
intervenção.
4. Riscos e desconfortos: o existem riscos ou desconfortos associados a este projeto.
5. Benefícios: Compreendo que não existem benefícios diretos para mim como participante
neste estudo. Entretanto, os resultados do mesmo podem ajudar os participantes a avaliar os
resultados da intervenção fonoaudiológica direcionada à demanda dos alunos de locução.
6. Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento.
7. Compensação financeira: Fui esclarecido de que não haverá remuneração financeira.
8. Confidencialidade: De forma a registrar exatamente a minha opinião, irei preencher uma
ficha de Avaliação Perceptivo-Auditiva. Compreendo que os resultados deste estudo poderão
ser publicados em jornais profissionais ou apresentados em congressos profissionais, mas que,
minha opinião não será revelada a menos que a lei o requisite.
9.Se tiver dúvidas posso telefonar para a Fga. Fernanda de Morais Alves Rodrigues, no
número (11) XXXX-XXXX a qualquer momento.
Eu compreendo meus direitos como juiz desta pesquisa e, voluntariamente, consinto em
participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo
realizado. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
___________________________
Assinatura do sujeito
___________________________
Assinatura do pesquisador
___________
Data
79
ANEXO 5
PESQUISA DE MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
PUC-SP
Este CD contém 24 faixas. Cada uma delas refere-se a um
participante desta pesquisa, com duas gravações. Portanto,
você ouvirá duas vozes de um mesmo sujeito.
Em cada item do protocolo você deverá assinalar, com um
"x", se as vozes são iguais ou diferentes.
Caso sejam diferentes, assinale novamente com um "x" qual
a melhor gravação: a primeira ou a segunda.
É possível ouvir as vozes quantas vezes julgar necessário.
Qualquer dúvida, entrar em contato com a pesquisadora.
Agradeço a sua valiosa colaboração.
Atenciosamente,
Fernanda M. A. Rodrigues
Tel.: (11) XXXX-XXXX
80
ANEXO 6
Sexo: ____ Feminino ____ Masculino
Idade: ____ Escolaridade: ____________________
Sujeito 1
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 2
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 3
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 4
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 5
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 6
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 7
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 8
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 9
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 10
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 11
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 12
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 13
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 14
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
81
Sujeito 15
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 16
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 17
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 18
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 19
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 20
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 21
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
Sujeito 22
( ) Iguais ( ) Diferentes
Caso sejam diferentes, a melhor é a: ( ) Primeira ( ) Segunda
82
ANEXO 7
Protocolo de avaliação fonoaudiológica
Adaptado de FARGHALY e ANDRADE (2008)
Qualidade vocal
Adequada Sim ( ) não ( )
Soprosa
Sim ( ) não ( )
Rouca
Sim ( ) não ( )
Abafada Sim ( ) não ( )
Hipernasal Sim ( ) não ( )
Hiponasal
Sim ( ) não ( )
Ataque vocal
Isocrônico Sim ( ) não ( )
Brusco Sim ( ) não ( )
Soproso
Sim ( )
não ( )
Pitch Vocal
Médio Sim ( ) não ( )
Excessivamente Grave
Sim ( ) não ( )
Excessivamente Agudo
Sim ( ) não ( )
Loudness Vocal
Médio Sim ( ) não ( )
Reduzido Sim ( ) não ( )
Aumentado
Sim ( ) não ( )
Ressonância Vocal
Uso equilibrado Sim ( ) não ( )
Foco hipernasal Sim ( ) não ( )
Foco hiponasal
Sim ( ) não ( )
Foco nasal compensatório Sim ( ) não ( )
Foco baixo
Sim ( ) não ( )
Foco posterior Sim ( ) não ( )
Coordenação pneumo-fono-articulatória
Coordenação Presente Sim ( ) não ( )
Incoordenação
Sim ( ) não ( )
Uso do ar de reserva
Sim ( )
não ( )
83
Articulação
Precisa Sim ( ) não ( )
Travada Sim ( ) não ( )
Imprecisa Sim ( ) não ( )
Modulação
Rica
Sim ( )
não ( )
Reduzida Sim ( ) não ( )
Excessiva Sim ( ) não ( )
Ritmo de leitura
Adequado
Sim ( ) não ( )
Inadequado Sim ( ) não ( )
84
ANEXO 8
FRASES – COORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICULATÓRIA
VIAJEI PARA BRASÍLIA.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE
AVIÃO.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE E CONHECER PESSOAS NOVAS.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE E CONHECER PESSOAS NOVAS E
COMEMORAR MEU ANIVERSÁRIO.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE E CONHECER PESSOAS NOVAS E
COMEMORAR MEU ANIVERSÁRIO EM UM RESTAURANTE LEGAL DE COMIDA
JAPONESA.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE E CONHECER PESSOAS NOVAS E
COMEMORAR MEU ANIVERSÁRIO EM UM RESTAURANTE LEGAL DE COMIDA
JAPONESA E DANÇAR A NOITE TODA.
VIAJEI PARA BRASÍLIA PARA ENCONTRAR COM MEUS PAIS E PASSEAR DE AVIÃO
E VISITAR A CASA DO PRESIDENTE E CONHECER PESSOAS NOVAS E
COMEMORAR MEU ANIVERSÁRIO EM UM RESTAURANTE LEGAL DE COMIDA
JAPONESA E DANÇAR A NOITE TODA MÚSICAS BEM ALEGRES E CONTAGIANTES.
85
ANEXO 9
AQUECIMENTO VOCAL
(KYRILLOS, 2004)
Técnica de movimentos exagerados da musculatura facial – exercício de 1 minuto.
Técnica de massagem na musculatura facial (músculo frontal, músculo orbicular do
olho, músculo orbicular da boca, músculo bucinador e músculo mentoniano):
exercício de 1 minuto .
Técnica de som hiperagudo: exercício de produção da vogal sustentada i” em
falsete, por 10 vezes.
Técnica de som basal: exercício de 1 minuto de sustentação da vogal “a”.
Técnica de sons vibrantes: vibração continuada da língua, sem esforço, por 10
vezes.
Técnica de fala mastigada: exercício de emissão vocal de som nasal /m/, associado
a movimentos mastigatórios exagerados, por 1 minuto.
86
ANEXO 10
LOCUÇÃO – NOTÍCIA
Todos os aeroportos do país operam normalmente para pousos e decolagens.
87
ANEXO 11
EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE E PRECISÃO ARTICULATÓRIA
Exercício 1:
PRRA TRRA KRRA BRRA DRRA GRRA
PRRÉ TRRÉ KRRÉ BRRÉ DRRÉ GRRÉ
PRRÊ TRRÊ KRRÊ BRRÊ DRRÊ GRRÊ
PRRI TRRI KRRI BRRI DRRI GRRI
PRRÓ TRRÓ KRRÓ BRRÓ DRRÓ GRRÓ
PRRÔ TRRÔ KRRÔ BRRÔ DRRÔ GRRÔ
PRRU TRRU KRRU BRRU DRRU GRRU
O mesmo foi realizado com os sons: /f/, /s/, /x/ e /v/,/z/, /j/
88
ANEXO 12
Exercício 2:
quatro quadros três e três quadros quatro. Sendo que quatro destes quadros são
quadrados, um dos quadros quatro e três dos quadros três. Os três quadros que não são
quadrados são dois dos quadros quatro e um dos quadros três.
Taquigrafia para quem não tem boa grafia. Bom taquígrafo não é bom grafador. Grafia
por grafia, não tem a ver com serigrafia nem com monografia!
Um cabeleireiro maneiroso curou a cefaléia do barbeiro. Leiteiros, padeiros, quitandeiros
e peixeiros levaram a bandeira ao eleitoreiro.
Mefistófeles Felestofisme fez com que Tomelefisse os Lesfemefistos e os Fisfementoles
com os Femetofisles e os Tolesmefifes. Foi daí que nasceu um Metofisfeles
Felestofismezinho.
Um de gabiroba “bem gabirobadinho”, quem bem o desengabirobasse, bom
desengabirobador seria.
Pablito plabitro perguntou do problema do plebiscito ao padre ao presbítero de
Pramalantina.
O peito de Pedro é preto, é preto o peito de Pedro. Se o peito de Pedro é preto, então é
preto o peito do pé de Pedro.
Exercício 3:
A aranha arranha a rã.
A rã arranha a aranha.
Nem a aranha arranha a rã.
Nem a rã arranha a aranha.
Se cada um vai à casa de cada um
é porque cada um quer que cada um lá vá.
Porque se cada um não fosse à casa de cada um
é porque cada um não queria que cada um fosse lá.
O acróstico cravado na cruz de crisólidas da criança areana criada na creche é o
credo católico.
89
O doce perguntou pro doce
Qual é o doce mais doce
Que o doce de batata-doce
O doce respondeu pro doce
Que o doce mais doce que
O doce de batata-doce
É o doce de batata-doce
Se o bispo de Constantinopla
a quisesse desconstantinoplatanilizar
não haveria desconstantinoplatanilizador
que a desconstantinoplatanilizaria
desconstantinoplatanilizadoramente
Alice disse que eu disse que ela disse que o que eu disse era um poço de tolice. Mas
eu disse que não disse o que ela disse que eu disse que ela disse, e quem fez o
disse-disse foi a dona Berenice.
Eu tagarelaria
Tu tagarelarias
Ele tagarelaria
Nós tagarelaríamos
Vós tagarelaríeis
Eles tagarelariam
90
ANEXO 13
LOCUÇÃO COMERCIAL
O restaurante Comida Boa convida você a conhecer a melhor feijoada da cidade. Quarta-
feira é dia de feijoada especial no restaurante Comida Boa, estamos esperando você.
Restaurante Comida Boa, Rua das Maracás, cinquenta e dois. Telefone: 3667-1234
91
ANEXO 14
FRASES – ÊNFASES
Frase 1
Mude o quadro de posição.
Frase 2
Eu não fui à cidade hoje.
Frase 3
Olha a menina levando a comida para a criança.
Frase 4
Por favor: dois pães de queijo e um café.
Frase 5
Banco do Brasil: o banco do Brasil!
92
ANEXO 15
EXERCÍCIO – PAUSAS
Exercício 1
Deixo os meus bens a minha irmã não ao sobrinho jamais sera paga a conta do alfaiate
nada aos pobres.
Exercício 2
A arte é uma religião secular e os artistas de vanguarda são os seus hereges. Se os
heréticos da Idade Média buscavam abolir o papel da Igreja e realizar o paraíso na Terra,
seus equivalentes no século 20 buscam o fim da separação social, confrontando política
e cultura simultaneamente.
O Estado de SP, 1999.
93
ANEXO 16
TEXTO
O BOM E O MAU FÃ
Ser bom não é só gostar de ir ao cinema. É preciso também saber ir ao cinema. O
sujeito, por exemplo, que senta muito longe da tela, tem para mim o estigma do mau fã. A
dignidade é sentar nas dez primeiras filas, variando a distância conforme o cinema a que
vai. Agora: da décima fila para trás é positivamente indigno. O grande traço do mau é
falar no cinema. O indivíduo, ou indívidua, que fala durante a projeção, merece a forca. E
os de variegadas espécies. os que lêem alto os letreiros, e esses são a peste.
os sonambúlicos, que murmuram contra o vilão, torcem pelo “mocinho”, avisando o herói
do perigo que o espreita. No entanto, dentro do tipo em epígrafe, o mais irritante é o que
chuchota histórias que nada tem a ver com o que está se passando ali. É uma
especialidade de mulheres, que vão com amigas ao cinema, para fazer hora. “Porque
dona fulaninha disse, patatá-patatá, nhé-nhé-nhé, au-au-au, ela es com um vestido,
minha filha, um Amor!” a gente vira a cabeça para trás, olha a faladeira, pensa mal
dela, pigarreia e volta à posição normal. O chupador de caramelos é outro. É tchoc,
tchoc, tchoc no ouvido da gente, como se estivesse andando na lama ou coisa parecida.
E os casais enamorados, que desgraça! “Você gosta de mim?”Gosto!” “Mas gosta
mesmo?“Mesmo!” “Muito?” “Muito!” “Mas jura?” “Juro, juro e juro, pronto, satisfeito?”
Depois, dois suspiros fundos. E recomeça: “Mas você gosta mesmo?... Etc...”. A fauna é
grande. Poderia citar muitos outros casos.
Vinícius de Moraes
94
ANEXO 17
TEXTO EXERCÍCIO DE VELOCIDADE, LOUDNESS E PITCH
Exercício 1:
Cuide das palavras que você profere, por que: Uma palavra impensada pode
provocar a discórdia. Uma palavra cruel pode destruir uma vida. Uma palavra amarga
pode provocar ódio. Uma palavra brusca pode romper um relacionamento. Uma
palavra agradável pode suavizar o caminho. Uma palavra a tempo pode poupar um
esforço. Uma palavra alegre pode iluminar o dia. Uma palavra com amor e carinho
pode mudar uma atitude... Com uma palavra podemos perder Ou ganhar um amigo!
Exercício 2:
Morreu nesta noite o deputado Sérgio Castro, vítima de um tiro perdido em seu
apartamento, na cidade do Rio de Janeiro. O enterro está previsto para hoje, às 16h
no cemitério central do Rio de Janeiro.
Se você quer uma roupa branca como a neve, use o novo sabão em pó Luz do Dia.
Você terá uma roupa tão branca, mas tão branca que irá brilhar como a luz do dia.
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ANEXO 18
TEXTOS
Texto 1: DESEJO
“Desejo primeiro que você me ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
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É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a lhe desejar”.
Victor Hugo
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Texto 2: VALSA
Tu, ontem, na dança que cansa, voavas, Co’as faces em rosas formosas de vivo, lascivo
carmim.
Na valsa tão falsa, corrias, fugias, ardente, contente, tranqüila, serena, sem pena de mim!
Quem dera que sintas as dores de amores que louco senti!
Quem dera que sintas!...
- Não negues, não mintas... – Eu vi!...
Valsavas: - Teus belos cabelos, soltos, revoltos, saltavam, voavam, brincavam no colo
que é meu;
E os olhos escuros tão puros, os olhos perjuros volvias, tremias, sorrias pra outro não eu!
Quem dera que sintas as dores de amores que louco senti!
Quem dera que sintas!... – Não negues, não mintas... – Eu vi!...
Meu Deus eras bela, donzela, valsando, sorrindo, fugindo, qual silfo risonho que em
sonho nos vem!
Mas esse sorriso tão liso que tinhas nos lábios de rosa, formosa, tu davas, mandavas a
quem!?
Quem dera que sintas as dores de amores que louco senti!
Quem dera que sintas!...
- Não negues, não mintas... – Eu vi!...
Calado, sozinho, mesquinho, em zelos ardendo, eu vi-te correndo tão falsa na valsa
veloz!
Eu triste vi tudo!
Mas mudo não tive nas galas das salas, nem falas, nem cantos, nem prantos, nem voz!
Quem dera que sintas as dores de amores que louco senti!
Quem dera que sintas!... – Não negues, não mintas... – Eu vi!...
Na valsa cansaste; ficaste prostrada, turbada!
Pensavas, cismavas e estavas tão pálida.
Então, qual pálida rosa mimosa, no vale do vento cruento, batida, caída, sem vida no
chão!
Quem dera que sintas as dores de amores que louco senti!
Quem dera que sintas!... – Não negues, não mintas... – Eu vi!...
Casimiro de Abreu
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