RODRIGUES, Fernanda de Morais Alves. Expressividade na locução comercial
radiofônica: análise dos efeitos de uma proposta de intervenção
fonoaudiológica. [Dissertação de Mestrado] São Paulo: Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, 2010.
RESUMO
Introdução: Hoje, são considerados bons locutores aqueles que têm a
comunicação natural e espontânea, ou seja, semelhante à fala habitual, fato
que favorece a proximidade com os ouvintes. O termo expressividade, na
Fonoaudiologia, vem sendo usado associado à ideia de atribuir à fala, alegria,
confiança, dinamismo, credibilidade e/ou naturalidade. Ao falar ao microfone,
cabe ao locutor a tarefa de conduzir o ouvinte pela viagem da escuta,
estimulando a imaginação, tanto para quem fala, quanto para quem escuta.
Espera-se que a fala seja com expressão, isto é, com a eliminação de tudo que
provoque tensão, e possa, assim, envolver o ouvinte, que busca não apenas a
informação, mas a experiência de ouvir, criar e imaginar. Acredita-se que
trabalhar as habilidades comunicativas, por meio do treinamento da escuta,
sensibiliza o profissional a conhecer melhor os efeitos de uma fala construída
e, assim, torna-o mais confiante em sua atuação com a utilização de recursos e
ajustes considerados próprios da comunicação radiofônica. Objetivo:
Investigar o impacto da intervenção fonoaudiológica na expressividade, durante
a leitura de uma locução comercial. Métodos: O estudo foi realizado com 22
estudantes de um curso de formação de radialistas, sendo 15 do sexo
masculino (68,18%) e 7 do sexo feminino (31,81%). Os estudantes foram
submetidos à intervenção fonoaudiológica, em sete encontros, com carga
horária total de 21 horas, e gravaram uma mesma locução comercial varejo,
antes e após a intervenção. Foi baseada em atividades vivenciais, com foco
principal no trabalho de ênfase, bem como a sensibilização de seu uso nos
diferentes contextos comunicativos da fala radiofônica. As vozes de cada
sujeito foram editadas e apresentadas em ordem aleatória, aos pares, a 40
ouvintes de rádio. Cada juiz foi orientado a ouvir as duas vozes, de cada
sujeito, e marcar em um protocolo, previamente estabelecido, se as vozes
eram iguais ou diferentes. Caso fossem diferentes, deveriam escolher qual a
melhor, a primeira ou a segunda. Em seguida, a fonoaudióloga responsável
pela pesquisa analisou a melhor e a pior voz segundo a análise dos ouvintes
de rádio. Resultados: A análise demonstrou que o maior número de vozes
pós-intervenção foi considerado melhor (19 referentes a 86,36%%), seguido
pelas vozes consideradas como iguais e piores na pós-intervenção (3
correspondentes a 13,64%). Na avaliação fonoaudiológica, foram analisadas
três vozes: a pior e duas melhores, que empataram no julgamento dos juízes,
e, dentre estas, os fatores que diferenciaram as mesmas foram: a modulação,
o loudness e o ataque vocal. Conclusões: Pode-se concluir que, para os
ouvintes de rádio, as vozes melhoraram após a intervenção fonoaudiológica, o
que sugere que a intervenção, com foco nas habilidades de percepção e
escuta do uso dos recursos vocais, pode contribuir na expressividade, por
ocasião da capacitação de futuros profissionais.
Palavras-chave: Voz, Comunicação e Rádio.