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Segundo os pitagóricos, existiria em cada pessoa um fogo interior que
emitiria, através dos olhos, raios luminosos chamados quid, indo em linha
reta até o objeto e retornando novamente aos olhos causando o efeito
visão.
A idéia que a ciência tem hoje de o que seja luz nasceu provavelmente no
mundo islâmico, com o estudo feito por alguns filósofos árabes, entre eles
Al-Kindi e Ibn-al-Haitiam, que também é conhecido como Al-hazen. Eles
perceberam que os olhos enxergam os objetos de forma diferente
dependendo da luz que ilumina, contrariando a idéia dos atomistas gregos.
Notaram também que o olho é ofuscado pela luz do Sol, o que era
incompatível com a idéia de quid dos pitagóricos. Concluíram que a luz tinha
uma existência própria e que sua origem não se dava nem no objeto nem
no olho humano. A luz seria formada por raios que viriam de uma fonte
luminosa, atingiriam os objetos e seriam desviados em todas as direções,
sendo então percebidos pelos olhos de um observador.
Retomando essa idéia dos filósofos árabes, Isaac Newton (1642–1727), ao
estudar alguns fenômenos relacionados à luz e, principalmente, ao tentar
explicar as cores, desenvolveu a teoria de que a luz seria composta por
partículas muito pequenas, tão sutis que não poderiam ser observadas
individualmente, batizando-as de corpúsculos de luz.
Newton realizou experiências com um prisma óptico e ele observou que a
luz, ao passar pelo prisma, era decomposta em diversas cores.
Utilizando a idéia de corpúsculo de luz, Newton supôs que a luz branca do
Sol seria composta de diferentes corpúsculos das diferentes cores e, ao
passar pelo prisma, os diferentes corpúsculos sentiriam a ação de forças
diferenciadas, sendo desviados de sua trajetória retilínea.
Esse conjunto de cores é o que chamamos de espectro da luz visível. Ele é
capaz de impressionar nossa retina. A teoria de Newton de que a luz seria
uma substância constituída de corpúsculos de diferentes formas e
tamanhos, correspondendo às diferentes cores, explicava também como
ocorriam as cores emitidas pelos objetos e por que essas cores mudavam
dependendo da luz incidente.
Entretanto, toda essa evolução sobre o conceito de luz não explicava ainda
um grande número de fenômenos que ocorrem na natureza. Assim, outros
físicos notáveis, como Huyghens, Young e Maxwell, procuravam modificar o
conceito de luz lançando novas idéias sobre a sua natureza.
Nesse momento, interessa-nos estudar os fenômenos associados à luz e à
visão, que podem ser analisados com base nos princípios tirados
diretamente da observação desses fenômenos, sem a necessidade de que
se conheça a real natureza da luz, o que faremos em outro momento dos
nossos estudos. A parte da óptica que vamos estudar neste momento é
conhecida como Óptica Geométrica
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Uma vez que os alunos só retornarão a este tópico nas últimas páginas
do material didático no terceiro ano, sob o tema Dualidade Partícula–Onda, de Física
Moderna, consideramos este momento propício para introduzir discussões acerca da
natureza da luz. Para isto, utilizamos uma estratégia de ensino baseada no mapa
conceitual, preceituada por Novak, co–autor de Ausubel na teoria da aprendizagem
significativa (MOREIRA, 1982, 2006). O mapa conceitual permite organizar
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Material didático do aluno: apostila Positivo 2007, p. 20, 2º ano EM.