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I
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA - UNEC
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
ANALISE COMPARATIVA DA RIQUEZA, OCORRÊNCIA E PERMANÊNCIA
DE BEIJA-FLORES EM DUAS ÁREAS EM DIFERENTES ESTAÇÕES NA RPPN
DA FAZENDA BULCÃO, MUNICÍPIO DE AIMORÉS, MINAS GERAIS
ITAIR CARVALHO MENDONÇA
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
Maio / 2010
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II
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA - UNEC
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
ANALIZE COMPARATIVA DA RIQUEZA, OCORRÊNCIA E PERMANÊNCIA
DE BEIJA-FLORES EM DUAS ÁREAS EM DIFERENTES ESTAÇÕES NA RPPN
DA FAZENDA BULCÃO, MUNICÍPIO DE AIMORÉS, MINAS GERAIS
ITAIR CARVALHO MENDONÇA
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte das
exigências do Programa de s-Graduação em
Meio Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do titulo de Magister Scientiae
CARATINGA
Minas Gerais Brasil
Maio / 2010
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III
ITAIR CARVALHO MENDONÇA
ANALISE COMPARATIVA DA RIQUEZA, OCORRÊNCIA E PERMANÊNCIA
DE BEIJA-FLORES EM DUAS ÁREAS EM DIFERENTES ESTAÇÕES NA RPPN
DA FAZENDA BULCÃO, MUNICÍPIO DE AIMORÉS, MINAS GERAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como exigências do programa
de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade,
para obtenção do título de Magister Scientiae
Aprovado: 14 de maio de 2010
_______________________________ _________________________________
Marcos Alves de Magalhães Pedro Christo Brandão
(Co-orientador)
_______________________________ _________________________________
Dário Orlandini Pierina German Castelli
_____________________________
Patrícia da Silva Santos
IV
Somos Parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas
são nossas irmãs; o cervo, o cavalo a grande águia, são nossos
irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor
do corpo do potro, e o homem- todos pertencem à mesma família.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem,
o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que
ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma
ligação em tudo.
A terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Todas
as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
O que ocorrer com a terra recaíra sobre os filhos da terra. O homem
o tramou o tecido da vida, ele é simplesmente um dos seus fios.
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Cacique Touro Sentado (1854)
V
DEDICATÓRIA
Dedico este desafio ao Salvador do mundo Jesus, a minha família que sem todo o
suporte que eles me dedicaram essa vitória não seria possível e aos meus sonhos que foram
os passos iniciais para o começo desta jornada.
VI
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro e principalmente aquele que guiou todos os meus passos e não
deixou que nem por um segundo eu desanimasse e deixasse de acreditar em mim e ter
certeza que venceria esta batalha. .
A meus pais Geraldo e Mara por todo incentivo e olhares de admiração durante
toda a vida, mas para estes sei que não existem palavras que possa expressar o tanto que
eles foram e são importantes para mim.
A minha aHilda que com toda sua simplicidade e amor faz com que minha vida
seja mais suave, te amo obrigado por está tão próxima e por todo carinho que me
dedicas.
A meus orientadores e amigos Antônio Vieira e Marcos Alves de Magalhães, pelas
idéias, conselhos, companheirismo, paciência, dedicação e por toda atenção que tiveram
comigo durante o estudo, serei eternamente grados a vocês.
A Júlia pela tolerância durante este período, você esteve presente participando
quase que assistindo as aulas de tanto que ouviu os meus relatos, duvidas, reclamações e
alegrias além das releituras da dissertação.
Aos amigos de jornada em especial Maria Aparecida, Maria Estela, Gisele e
Marcelo vocês fizeram com que este período fosse mais fácil e agradável, foi um imenso
prazer conhecer e conviver com vocês.
A minha prima Juliana pela acolhida e hospitalidade.
Ao Instituto Terra pela cooperação e sobretudo aos seus monitores pelo excelente
trabalho de campo que desenvolvemos.
Aos amigos que me ajudaram Gutembergue, Thiago, Daniela e Daiane Falcão.
Ao Centro Universitário de Caratinga (UNEC), especialmente ao Mestrado
Profissional em Meio Ambiente e Sustentabilidade e seus funcionários e a todos que de
alguma forma participaram e/ou colaboraram direta e indiretamente pelo sucesso deste
estudo.
A Escola Estadual Coronel Antônio Lopes por ter me oferecido condições para
poder freqüentar as aulas do mestrado.
BIOGRAFIA
ITAIR CARVALHO MENDONÇA, nasceu em 07 de fevereiro de 1981, na cidade
de Governador Valadares Minas Gerais.
Graduou-se em Ciências Biológicas Bacharelado no ano de 2002 e em 2003
complementou o seu curso com licenciatura em Biologia, ambos pela Universidade Vale
do Rio Doce UNIVALE, Governador Valadares, Minas Gerais, onde desenvolveu o
trabalho sobre desenvolvimento sem agressões ao meio ambiente, e finalizou a graduação
desenvolvendo a monografia com o levantamento ictiológico do Rio Itambacuri no
Município de Jampruca, Estado de Minas Gerais.
Especializou-se em Imunopatologia das doenças infecciosas e parasitarias no ano
de 2003, também pela UNIVALE.
Trabalhou na área da educação, atuando como professor em diversas instituições e
cidades do leste mineiro deste o ano de 2000 .
Em agosto de 2008, iniciou-se o mestrado Profissional em Meio Ambiente e
Sustentabilidade do Centro Universitário de Caratinga UNEC, onde de aprofundar
seus estudos sobre biomonitores de qualidade ambiental.
VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Ordens e números de espécies de aves da RPPN Fazenda Bulcão
8
Tabela 2
Espécies de beija-flores que ocorrem em duas áreas da RPPN Fazenda
Bulcão Aimorés, MinasGerais, Brasil em novembro de 2007 e julho de
2009............................................................................................................
36
Tabela 3
Permanência de beija-flores em bebedouros artificiais em dois sítios
distintos um de domincia de aroeira do sertão do sertão e o outro de
mata ciliar na RPPN Fazenda do Bulcão, Aimorés, Minas Gerais, Brasil
em novembro de 2007 e em julho de 2009................................................
38
Tabela 4
Ocorrência de beija-flores em bebedouros artificiais em dois tios
distintos um de domincia de aroeira do sertão do sertão e o outro de
mata ciliar na RPPN Fazenda do Bulcão, Aimorés, Minas Gerais, Brasil
em novembro de 2007 e em julho de 2009.................................................
39
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Phaethornis pretei.................................................................................................11
Figura 2: Eupetomena macroura..........................................................................................11
Figura 3: Antracothorax nigricollis......................................................................................12
Figura 4: Chrysolampis mosquitus.......................................................................................12
Figura 5: Clhorostibon lucidus ............................................................................................12
Figura 6: Hylocharis chrysura.............................................................................................13
Figura 7: Amazilia lactea ....................................................................................................13
Figura 8: Heliomaster squamosus........................................................................................13
Figura 9: Calliphlox amethystina.........................................................................................14
Figura 10: Vista geral do Instituto Terra em 2005, ao fundo a cidade de Aimorés, MG....29
Figura 11: Localização da cidade de Aimorés, Minas Gerais............................................30
Figura 12: Vista parcialtio com monodominância de aroeira do sertão..........................31
Figura13: Vista parcial da área de mata ciliar em estádio primário de regeneração...........32
Figura 14: Medição da distância do posicionamento entre os bebedouros.........................33
Figura 15: Instalação de bebedouros sendo fixado em fio de nylon...................................33
Figura 16 A: Frequência dos beijas-flores nos bebedouros artificiais no tio de mata ciliar
no ano de 2007.....................................................................................................................40
Figura 16 B: Freqüência dos beija-flores nos bebedouros artificiais no tio de
monodomincia de aroeira do sertão..................................................................................40
Figura 17A: Frequência de beija-flores nos bebedouros artificiais no tio de mata ciliar no
ano de 2009..........................................................................................................................41
Figura 17B: Frequência de beija-flores nos bebedouros artificiais no sítio de
monodomincia de aroeira do sertão no ano de 2009.......................................................42
X
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 2
2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................ 3
2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................. 3
3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 4
3.1. Diversidade biológica de aves do Brasil ................................................................. 4
3.2. Diversidade biológica de aves na RPPN Fazenda Bulcão........................................ 7
3.3. Diversidade de Beija-flores .................................................................................... 8
3.3.1. Identificação de beija-flores ........................................................................... 10
3.3.2. Beija-flores na RPPN Fazenda Bulcão ............................................................ 10
3.3.3. Beija-flores e disponibilidade de recursos alimentares .................................... 14
3.3.4. Forrageamento e reprodução dos beija-flores.................................................. 19
3.4. Aves como indicadores ambientais ....................................................................... 21
3.4.1. Beija-flores como indicadores ambientais....................................................... 24
3.5. A importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) ............ 25
3.6. Estágios de regeneração de florestas ..................................................................... 26
4. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 29
4.1. Caracterização da área de estudo .......................................................................... 29
4.1.1. Descrição florística dos sítios de estudos ........................................................ 30
4.2. Descrição da coleta de dados em campo ............................................................... 32
4.3. Análise estatística de ocorrência e permanência de beija-flores nos sítios estudados
e do efeito momento do dia. ................................................................................. 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 36
5.1. Identificação de espécies de beija-flores visitantes a bebedouros artificiais nos dois
tios. ................................................................................................................... 36
5.2. Ocorrência e permanência de beija-flores nos dois sítios .................................. 3838
5.3- Efeito do dia sobre a permanência dos beija-flores visitantes de bebedouros
artificiais nos sítios estudados .............................................................................. 39
6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 43
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 44
8. ANEXOS .................................................................................................................... 52
ANEXO 1. Figuras de precipitação pluviometrica na região de estudo para os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de
2009..........................................................................................................................52
ANEXO 2. Figuras de temperatura máximas na região de estudo para os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de
2009.........................................................................................................................55
ANEXO 3. Figuras de temperatura mínimas na região de estudo para os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de
2009..........................................................................................................................58
XI
RESUMO
MENDONÇA, Itair Carvalho Centro Universitário de Caratinga, maio de 2010. Análise
comparativa da riqueza, ocorrência e permanência de beija-flores em duas áreas em
diferentes estações na RPPN da Fazenda Bulcão, Município de Aimorés, MG.
Orientador: D.Sc. Antônio José Dias da Silva Vieira; Co-orientador: D.Sc. Marcos Alves
de Magalhães.
Os beija-flores do ponto de vista ecológico, são aves extremamentes importantes,
pois são responsáveis pela polinização de grande parte das angiospermas, porém o estado
conservacional do ambiente pode afetar seu hábito alimentar. Utilizando bebedouros
artificiais contendo uma concentração de sacarose a 20% e usando a técnica de observação
focal por 48 horas foi verificado a ocorrência e permanência de beija-flores em dois tios,
um com predominância de aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All) e o outro
de mata ciliar em estágio inicial de regeneração, ambos localizados na RPPN da Fazenda
Bulcão, município de Aimorés, MG. As observações foram realizadas nos dias 17 de
novembro de 2007 e 30 de julho de 2009, afim de aferir a regeneração de duas distintas
áreas, localizadas na Fazenda Bulcão. Para tanto, comparou-se a ocorrência e permanência
de espécies de beija-flores nos tios estudados; avaliou-se o efeito do momento do dia
sobre a permanência dos beija-flores encontrados nos sítios estudados; identificou-se as
espécies de beija-flores encontrados nos sítios estudados e compararou-se os resultados das
duas campanhas de campo em dois momentos distintos da avaliação. Houve maior
frequência e permanência dos beija-flores no tio de mata ciliar nos períodos observados.
O intervalo de tempo de maior visitação dos beija-flores nos bebedouros no ano de 2007
ocorreu nos sítios de predominância de aroeira do sertão e entre 9:30 às 11:30h de mata
ciliar entre 12:00 às 13:00h e em 2009 entre 9:00 às 16:00h para o tio de predominância e
para o de mata ciliar. As espécies de beija-flores encontradas em 2007 foram Amaziilia
lactea, Eupetomena macroura, Phaetornis pretei, Thaulurania glaucopise e em 2009
foram Amazilia lactea e Phaetornis pretei. Ocorreu maior freqüência de visitação e
permanência de beija-flores nos bebedouros artificiais no tio de mata ciliar quando
comparado ao sitio de predomincia de aroeira do sertão, independente do ano de
campanha, fato atribuído a maior disponibilidade de recurso alimentar.
Palavras chave: Trochilidae, riqueza, estágio de regeneração, RPPN, predomincia de
aroeira do sertão, mata ciliar
ABSTRACT
MENDONÇA, Itair Carvalho Centro Universitário de Caratinga, May 2010. Comparative
analysis of richness, occurrence and persistence of hummingbirds in two areas of the
PNHR Bulcão Farm (Aimorés, MG) in two different seasons. Adviser: D.Sc. Jo
Antonio Dias da Silva Vieira. Co-adviser: D.Sc. Marcos Alves de Magalhaes.
Hummingbirds are ecologically important as pollinators of a large number of
angiosperms, however, environmental conditions can affect their eating habits. Using
artificial feeders containing 20% sucrose solution and the technique of focal observation
for 48 hours, the occurrence and persistence of hummingbirds were recorded at two sites:
one with predominance of aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All) and the
other with riparian vegetation at early stages of regeneration, both located in the Bulcão
Farm, a Private Natural Heritage Reserve (PNHR), Municipality of Aimorés, MG.
Observations were carried out on November 17, 2007, and July 30, 2009, to assess the
regeneration of the two distinct areas. With this purpose, we carried out the comparison of
the occurrence and persistence of hummingbird species at the studied sites; evaluation of
the effect of time of day on the permanence of hummingbirds at the sites; identification of
hummingbirds species found at the sites; and comparison of data from the two fieldworks
at two different times of evaluation. Higher frequency and persistence of hummingbirds
was recorded at the site of riparian vegetation in the periods of observation. In 2007, the
time interval of greatest hummingbird visitation to feeders occurred at the sites with
predominance of aroeira do sertão between 9:30 a.m. and 11:30 a.m. and in the riparian
vegetation between 12:00 p.m. to 1:00 p.m.. In 2009, the time interval of greatest visitation
occurred between 9:00 a.m. and 4:00 p.m. for both sites, predominance of aroeira do sertão
and riparian vegetation. Hummingbird species identified in 2007 were Amazilia lactea,
Eupetomena macroura, Phaetornis pretei and Thaulurania glaucopise and, in 2009,
Amazilia lactea and Phaetornis pretei. Increased frequency of visitation Occurred and
permanence of hummingbirds in artificial watering places on the site of ciliary when
compared to paysite predominance of aroeira do sertão, regardless of year campaign, a fact
attributed to increased availability of food resource
Key words: Trochilidae, richness, regeneration stage, PNHR, aroeira do sertão, riparian
1
1. INTRODUÇÃO
De uma forma geral a expansão das atividades humanas provoca um grande
impacto aos ecossistemas, com a retirada da cobertura vegetal para a instalação de
resincias, para plantio ou formação de pastos. O crescimento das cidades e fazendas
devasta os ecossistemas naturais, tanto dentro da malha urbana quanto nas áreas rurais e
nestes locais, atingidos pela urbanização ou pelas atividades agrosilvipastoris, ocasionando
impactos como a erosão do solo, assoreamento dos rios e lagos e poluição do ar.
A vegetação natural deve ser mantida como unidade de conservação para atuar
como indicadores e mantenedores de ecossistemas naturais para a fauna e flora, visando à
conservação da vida nativa da área. Ao se devastar uma área é inevitável a sua modificação
tanto física quanto biológica. Pode-se perceber pelo desaparecimento e alteração da
avifauna local que ao alterar as condições de um ecossistema tendência de ocorrer um
novo equilíbrio que o necessariamente retorna a condição anterior, podendo dar origem a
regiões com a fauna modificada, pois espécies podem desaparecer e outras podem ser
privilegiadas.
A formação das comunidades de aves é decorrente do processo evolutivo, em que
cada espécie é dependente de certas características da vegetação e das interações biológicas
que determinam onde ela poderá existir (Mac ARTHUR & WHITMORE, 1979). O
conhecimento das exigências ecológicas de muitas famílias, neros e espécies de aves
pode ser suficiente em diversas situações para indicar condições ambientais às quais são
sensíveis; portanto, alterações de vegetação implicam que o ambiente natural pode tornar-
se impróprio para abrigar aves que exijam condições específicas para sobreviver (ODUM,
1983).
A presença ou ausência de certas espécies de aves, bem como as tenncias
populacionais podem ser usadas como indicadores de qualidade ambiental (GOLDSMITH,
1991; FURNESS et al., 1993). Neste contexto, mudanças nos ecossistemas podem
influenciar negativamente a vida de várias espécies, muitas destas com importantíssima
função ecológica, à exemplo dos beija-flores, aves responveis pela maior parte da
polinização dos vegetais na região Neotropical e que sentem drasticamente essas
mudanças, por isso são consideradas indicadores biológicos (Sick, 1997), além de terem
uma preferência alimentar por pteros dos gêneros Culex, Anopheles e Simulum,
mosquitos transmissores de doenças como febre amarela, malária e oncocercose
(RUSCHE, 1982).
2
A redução e fragmentação dos ambientes naturais alteram a dinâmica das
populações da avifauna existente, diminuindo o número de espécies e eliminando
praticamente toda a avifauna umbfila que é pouco tolerante as variações de temperatura e
umidade (DÁRIO, 2002). Em fragmentos da Mata Atlântica e em áreas com plantio de
eucaliptos foram encontradas 18 espécies de aves, ao passo que em áreas de florestas
nativas de mesmo tamanho foram registrados de 48 a 56 espécies.
Para fazer uma analise comparativa e verificar a ocorrência e permanência de beija-
flores em duas áreas em diferentes estações o presente trabalho de pesquisa foi
desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) localizado na Fazenda
Bulcão, no município de Aimorés, Estado de Minas Gerais, divisa com o Estado do
Espírito Santo. Salienta-se que a Fazenda Bulcão é mantida pelo Instituto Terra, associação
sem fins lucrativos, fundada em 1999 e é reconhecida pelo governo brasileiro como a
primeira RPPN implantada em uma área degradada, mas que atualmente se encontra em
acelerada regeneração (INSTITUTO TERRA, 2009).
3
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Comparar a riqueza, ocorrência e permanência de espécimes de beija-flores em um
tio de predominância de aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All) e outro de
mata ciliar em estação seca e chuvosa.
2.2. Objetivos Específicos
i. Avaliar a composição e a riqueza de espécies de beija-flores nos tios
estudados;
ii. Avaliar o efeito do período do dia sobre a ocorrência e permanência dos
espécimes de beija-flores encontrados nos tios estudados em estação seca e
chuvosa.
4
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Diversidade biológica de aves do Brasil
Diversidade biológica é toda a variedade de vida estudada em três níveis: os
ecossistemas; as espécies que o comem; e os genes que compõem essas espécies
(WILSON, 1997). a Secretária de Meio Ambiente do estado de São Paulo (SMA, 1997),
amplia este conceito considerando que diversidade biológica significa a variabilidade de
organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
De acordo com Silveira & Olmos (2007), o conhecimento da diversidade de aves
brasileiras começou muito tardiamente, sendo este país um dos últimos das Américas a ter
a sua natureza explorada de maneira mais consistente e organizada. As restrições impostas
pela Coroa Portuguesa à entrada de pesquisadores estrangeiros no Brasil só foram
relaxadas a partir da fuga da família real para o Rio de Janeiro, no começo do século XIX.
Em relação à avifauna, Lewinson (2002) registrou que existem 1622 espécies de
aves no Brasil sendo 191 endêmicas do país. A última listagem de 5 de outubro de 2008
divulgada pelo Comi Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) divulgou a
existência de 1822 espécies de aves no Brasil.
A diversidade de aves brasileiras tende a aumentar quando o impedimento
taxonômico for finalmente sanado. Isso implica em não simplesmente classificar em
função da aplicação do conceito de espécie biológico, o que deve levar a revisões
taxonômicas de grupos de aves que merecem estudos e classificações baseados em
conceitos mais objetivos como o uso de caracteres vocais, comportamentais e moleculares
(SILVEIRA & OLMOS, 2007).
A tenncia é que novas espécies de aves sejam descobertas em praticamente todos
os biomas brasileiros. Em função principalmente do seu tamanho e da sua heterogeneidade,
a Amazônia deve substituir nos próximos anos a Mata Atlântica como local de descoberta
da maioria das novas espécies, já que este bioma abriga um número maior de nichos
ecológicos (SILVEIRA & OLMOS, 2007).
A composição de espécies de aves encontradas em um mesmo ecossistema pode ser
modificada principalmente quando se considera-se a sazonalidade. Neste sentido, Branco
(2007) utilizando dados de 10 anos para aves aquáticas, constatou a presença de 34% de
espécies residentes (aquelas que se reproduzem no lugar, não vindo apenas periodicamente
5
ou acidentalmente), 12% sazonais e 54% de aves ocasionais, mostrando que estes animais
migram de acordo com a disponibilidade de alimentos e a temperatura. Sick (1997)
acredita que apenas um pouco mais de 10% das aves brasileiras são visitantes e a grande
maioria é de espécies residentes.
Rodrigues & Michelin (2005), em seus estudos com aves aquáticas durante o
período de junho de 1999 a dezembro de 2002 na Lagoa do Sumidouro região central de
Minas Gerais, identificaram 27 espécies de aves aquáticas, distribuídas em 12 famílias e 7
ordens. Destas 12 foram consideradas residentes ou prováveis residentes e oito visitantes.
Sete espécies não apresentaram nenhum padrão distinto de presença sazonal.
De acordo com Ferreira et al. (2009) em sua pesquisa em um remanescente florestal
em Nova Lima, Minas Gerais foram registradas 159 espécies de aves, pertencentes a 42
famílias sendo que 26% das espécies são residentes e os 74% podem ser consideradas
migratórias, tendo como período de maior ocorrência de espécies a primavera devido a
oferta de alimentar ser maior.
A diversidade ambiental do Estado de São Paulo, considerando vários relevos e
tipos distintos de vegetação, abriga aproximadamente 738 espécies de aves, o que
corresponde a cerca de 45% das espécies da avefauna brasileira (SILVA, 1998). Donatelli
e Costa (2004) registraram em um fragmento de mata mesófila, isto é, ecossistema que se
caracteriza por vegetação que se desenvolve melhor na faixa de temperatura entre 25 e
40°C, situada em uma fazenda nos Lençóis Paulistas a presença de 216 espécies de aves,
sendo que o aumento do número de espécies foi de setembro a novembro período em que a
maioria das aves no Hemisfério Sul inicia seu período de reprodução.
Em fragmentos da Mata Atlântica localizados na Serra do Mar no Município de
Paraibuna, Estado de São Paulo foi possível registrar a ocorrência de 113 espécies de aves,
distribuídas em 23 famílias e 13 ordens. A maior diversidade de espécies é encontrada em
regiões de sub-bosque devido a uma alteração na estrutura, na composição e na abundância
relativa de espécies na parte marginal desse ecossistema, ocasionado pelo fenômeno
conhecido como efeito de borda. A maior incidência de luz proporciona uma maior
produção de frutos e de plantas invasoras produtoras de sementes, que são à base da
alimentação de várias espécies de aves (DÁRIO, 2002).
Donatelli et al. (2007) demonstraram em seu estudo com aves em dois fragmentos
de floresta estacional semidecídual no estado de São Paulo, ecossistema que tem como
característica a dupla estacionalidade climática perdendo parte das folhas em períodos
secos, que as comunidades destes vertebrados mostraram-se diferentes nas duas áreas. Essa
6
diferença na diversidade indicada poderia ser atribuída às diferenças de entorno, à
configuração espacial e à existência de clareiras no interior de um dos fragmentos. Isto
pode ter excluído alguns microambientes necessários para certas espécies exclusivas de
uma área ou outra.
Parece ocorrer um padrão uniforme de flutuação da abundância de aves durante o
ano, com as maiores ocorrências entre os meses de dezembro a janeiro, com redução
gradual até atingir os menores valores nos meses de outono, seguido de incrementos e
oscilações entre as estações de inverno e primavera, ritmo que está ligado à reprodução das
aves que migram e retornam para criar seus filhotes em períodos mais quentes e com maior
fartura de alimentos (BRANCO, 2007).
Em uma mata secundária no Município de Itatiaia, Estado do Rio de Janeiro,
próximo ao Parque Nacional do Itatiaia, foram amostrados três tipos vegetacionais
distintos: reflorestamento, bosque e pomar, sendo encontrado nesses ambientes 17 famílias
de aves e 75 espécies. Entre as áreas estudadas, o bosque foi o que apresentou o maior
número de espécies, uma vez que o ambiente com maior disponibilidade alimentar
(GOUVÊA et al., 2005). rio (2002) afirma que regiões de bosque proporcionam uma
grande quantidade de nichos, o que conseqüentemente o torna mais atrativo para uma
diversidade maior de espécies.
Ao estudar a polinização e fenologia de flores no dossel em dois tipos de florestas
na Amazônia colombiana, registrou-se que as aves têm de 6% em terra firme a 8% em
floresta inundada de importância relativa na polinização de árvores e de trepadeiras
lenhosas, geralmente de grande tamanho parecidas com cipós recebendo o nome de lianas
e 18% em terra firme e 8% em floresta inundada, na polinização de epífitas vegetais que
vivem sobre um outro sem retirar nutriente, apenas buscando suporte (van DULMEN,
2001).
De acordo com Des Granges (1978), o conjunto de espécies de uma guilda de aves
nectaríferas varia regularmente de estação para estação. Espécies migrantes visitam vários
habitats por curtos estágios de tempo durante o pico de floração das plantas, enquanto as
residentes são as únicas espécies que permanecem no local durante todo o ano. Define-se
como guilda um grupo de espécies que explora o mesmo tipo de recurso natural. As
espécies são agrupadas quando há significativa sobreposição de nichos, sem levar em conta
a posição taxonômica das mesmas (ROOT, 1967).
Em relação ao parâmetro categoria alimentar, de uma forma geral, as análises de
riqueza e abundância evidenciam que em duas áreas de fragmentos de floresta estacional
7
semidecídua estudadas no Estado de São Paulo, as espécies mais encontradas são aves
insetívoras seguido de espécies de aves frugívoras, de médio e grande porte, em menor
porcentagem de aves generalistas, já as nectarívoras que são representadas basicamente por
beija-flores corresponde a menos de 5% do total geral, excepcionalmente houve ausência
de aves carnívoras, que parecem ter sofrido o efeito da fragmentação das áreas
(DONATELLI et al., 2007).
Dário (2008) estudando dois fragmentos florestais localizados no município de
Paragominas, Estado do Pará, registrou em 48 horas de observação (compreendendo o
período de seca e de chuva), 123 espécies de aves, distribdas em 36 famílias, 15 ordens e
agrupadas em nove grupos de acordo com o habito alimentar. Das espécies inventariadas
36 são insetívoras, 32 ovoras, 14 carnívoras, 13 frutívoras, oito granívoras, seis
nectarívoras, três piscívoras, duas detritívoras e somente uma herbívora. Apesar da
quantidade de espécies observadas nos ambientes amostrados, uma grande parte encontra-
se ameaçada pela redução e alteração dos ambientes naturais, causadas pelas alterações
humanas.
Cerca de 40% das espécies de aves das Américas são ameaçadas, principalmente
devido à perda de habitat, sendo que mais de oito por cento são prejudicadas
exclusivamente por possuírem área de ocorrência restrita (COLLAR et al., 1992).
3.2. Diversidade biológica de aves na RPPN Fazenda Bulcão
A avifauna da RPPN Fazenda Bulcão teve um aumento no número de espécies
entre novembro de 2000 à janeiro de 2002, à medida que a RPPN foi recuperando a
qualidade ambiental, ressaltando que esta recuperação não é homogênea em todo a área do
instituto, desta forma existem pontos que apresentam maior quantidade de aves e de
espécies das mesmas que outros. Neste período foram registradas 161 espécies, no ano
de 2006 foram registradas 168 espécies de aves no local (FAUNATIVA, 2007).
De acordo com Paz & Venturini (2008) em 2007 na RPPN da Fazenda Bulo
foram registradas mais quatro espécies novas de aves, totalizando 172 espécies
pertencentes a 49 famílias e 19 ordens (Tabela 1).
8
Tabela 1: Ordens e números de espécies de aves da RPPN Fazenda Bulcão.
Ordens
Número de espécies de aves da
RPPN Fazenda Bulcão
Passeriforme
84
Falconiforme
16
Apodiforme
11
Gruiforme
8
Piciforme
8
Cuculiforme
6
Strigiforme
5
Caprimulgiforme
5
Psittaciforme
4
Tinamiforme
3
Ciconiiforme
3
Cathartiforme
3
Charadriiformes
3
Anseriforme
2
Galbuniforme
2
Galliforme
1
Podicipediforme
1
Coraciiforme
1
Total
172
Fonte: Paz & Venturini (2008)
3.3. Diversidade de Beija-flores
Segundo Sick (1997) os beija-flores são os menores vertebrados homeotermos do
mundo, sendo a menor espécie brasileira o Lophornis magnifica com 6,8 cm e com massa
de 1,5 a 2,8g. O comprimento relativamente longo de diversas espécies de beija-flores
provém da extensão do bico e da cauda, que freqüentemente excede o comprimento do
corpo. Todos os beija-flores têm pele grossa e penas resistentes e com coloração na maior
parte das espécies com tons metálicos, a maioria possui voz aguda e apresentam vôo
pairado ou librado (SICK, 1997).
9
Os beija-flores (Trochilidae) são aves restritas ao continente americano, e segundo
Tiebout III (1993) existem 100 neros e 300 espécies e como são aves neotropicais estão
aclimatadas a regiões temperadas do globo terrestre.
No Brasil ocorre quase um terço das espécies de beija-flores, sendo identificados 38
gêneros e 86 espécies, a Mata Atlântica do Sudeste Brasileiro é a responsável por abrigar
cerca de 30 espécies (GRANTSAU, 1989). De acordo com Stiles (1981) os beija-flores
apresentam grande diversidade em relação aos principais habitats de ocorrência, grupos de
plantas que utilizam e modo de forrageamento.
O máximo de densidade na distribuição das espécies de beija-flores no Brasil estão
nas zonas montanhosas dos Estados Centro-Orientais, ou seja, o Sul da Bahia e de Goiás,
Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (SANTOS, 1990). Em Viçosa, Minas Gerais
foi observado na Reserva Florestal Mata do Paraíso 16 espécies de beija-flores, sendo que
todas estas são avistadas tanto no interior como a borda da floresta (ABREU & VIEIRA,
2004).
Em seus estudos Gouvêa et al. (2005) registraram a presença de 11 espécies de
beija-flores em um fragmento de mata secundária pertencente à Mata Atlântica localizada
no Estado do Rio de Janeiro, o que se contabiliza cerca de 14 por cento da avifauna, com
todas estas espécies sendo registradas durante a estação chuvosa que compreende o período
de abril a setembro, já de outubro a março houve a ocorrência de apenas duas espécies.
Sick (1997) afirma que a freqüência de beija-flores depende do local e estação do ano, no
Rio de Janeiro a época de maior presença corresponde ao período de seca.
Doze espécies de beija-flores foram registradas em Picinguiba, São Paulo, sendo
quatro espécies residentes e oito não-residentes. Os beija-flores residentes visitam plantas
que florescem sequencialmente, já o outro grupo são espécies mais generalistas, visitando
principalmente flores não ornitófilas e, ou de floração maciça, floridas no período chuvoso
(ARAÚJO, 1996). Lopes (2002) registrou em seus estudos em remanescente de Mata
Atlântica Pernambucana que a maioria das espécies de plantas (91,7%) estava em floração
no período chuvoso, sendo visitadas por oito espécies de beija-flores; destas no entanto
somente três eram espécies residentes.
Quatro espécies de beija-flores foram observadas em áreas de capões no sul do
Pantanal: Hylochoris clrysura, Eupetomera macroura, Polymus guaimumbi, Phaetormis
eurynome, sendo que a primeira registrada durante todo o ano. as demais com estágios
específicos de acordo com a floração local, estes animais visitaram 21 espécies de plantas,
sendo 28,6% com características de plantas ornitófilas (ARAÚJO & SAZINA, 2003).
10
De acordo com Fonseca & Alves (2007), atribuem o fato da baixa riqueza de
espécies de beija-flores presente na restinga aberta de Clusia pode estar relacionada à
escassez de recursos florais na área e às condições abióticas do local, que a falta de
sombra e baixa umidade do ar tornaram o ambiente quente, podendo dificultar a
manutenção da temperatura dos beija-flores, pequenos e com metabolismo acelerado.
Na Reserva Florestal Mata do Paraíso, Viçosa, Zona da Mata de Minas Gerais,
durante o período de um ano, foram identificados 16 espécies de beija-flores, sendo 6
residentes e o restante aves de comportamento migratório, aparecendo principalmente na
estação chuvosa que vai de outubro a março (ABREU & VIEIRA, 2004).
A composição e a dinâmica das assembléias de beija-flores estão relacionadas à
distribuição temporal e espacial dos recursos alimentares e também ás características
florais das plantas visitadas, dispersão das flores além da estratificação vertical e das
interações entre as espécies de beija-flores (FEISINSINGER & COLWEL, 1978 apud
FONSECA & ALVES, 2007).
3.3.1. Identificação de beija-flores
A identificação dos beija-flores não é tarefa fácil, sendo muitos os critérios
utilizados neste procedimento e em inúmeros casos a análise se torna eficiente somente
com o animal em mãos porque detalhes podem passar despercebidos com a ave em vôo
(SICK, 1997). Entre os critérios que devem ser vistos estão: o tamanho do animal, formato
do bico e da cauda, colorido da mandíbula, forma da cabeça, colorido em geral do animal,
manchas brancas atrás do olho, a presença de cinta branca sobre o dorso, tufos brancos ao
lado do abmen, placa cintilante na garganta ou nos lados da cabeça e cor dos pés (SICK,
1997).
3.3.2. Beija-flores na RPPN Fazenda Bulcão
De acordo com Paz & Venturini (2008) existem nove espécies de beija-flores na
RPPN Fazenda Bulcão a saber: Phaethornis pretrei (beija-flor rabo-branco-acanelado)
(Figura 1); Eupetomena macroura (beija-flor-tesoura) (Figura 2); Anthracothorax
nigricollis (beija-flor-de-veste-preta) (Figura 3); Chrysolampis mosquitus (beija-flor-
vermelho) (Figura 4); Chlorostilbon lucidus (beija-flor besourinho-de-bico-vemelho)
(Figura 5); Hylocharis chrysura (beija-flor) (Figura 6); Amazilia lactea (beija-flor-de-
11
peito-azul) (Figura 7); Heliomaster squamosus (beija-flor bico-reto-de-banda-branca)
(Figura 8); Calliphlox amethystina (beija-flor estrelinha-ametista) (Figura 9). Paz &
Venturi (2008) utilizaram como técnica de identificação a observação focal, contabilizando
um esforço amostral de 55 horas e utilizando a chave de identificação proposta por SICK
(1997) e SOUZA (1998).
Figura 1: Phaethornis pretei (Fonte: www.passaros.com/brasil)
Figura 2. Eupetomena macroura (Fonte: www.passaros.com/brasil)
12
Figura 3. Antracothorax nigricollis (Fonte: www.passaros.com/brasil)
Figura 4. Chrysolampis mosquitus (Fonte: www.passaros.com/brasil)
Figura 5. Clhorostibon lucidus (Fonte: www.passaros.com/brasil)
13
Figura 6. Hylocharis chrysura (Fonte: www.passaros.com/brasil)
Figura 7. Amazilia lactea (Fonte: www.passaros.com/brasil)
Figura 8. Heliomaster squamosus (Fonte: www.passaros.com/brasil)
14
Figura 9: Calliphlox amethystina (Fonte: www.passaros.com/brasil)
3.3.3. Beija-flores e disponibilidade de recursos alimentares
A alimentação dos beija-flores é composta de 94,3% do total de origem animal e
5,7% matéria vegetal (SANTOS, 1990). Fato que é discordado por Scheithauer, (1996)
apud Sick, (1997) mostrando que a proporção correta obtida através de seu experimento é
de 73% da alimentação dos animais é a base de açúcar e 27% de origem animal. Sick
(1997) acredita que a exploração do néctar por beija-flores em dias chuvosos é prejudicada,
motivo pelo qual os beija-flores aparecem em maior número nas garrafas com água
açucarada.
As características florais de algumas angiospermas como cores vivas,
principalmente vermelhas, abundância de néctar, ausência de odor, corolas tubulosas e
nectário distante do estigma e das anteras estão relacionadas a visitas por beija-flores. Estes
fenótipos são atribuídos a plantas que contribuem para a síndrome da ornitofilia
(ENDRESS, 1994; FAEGRI & PIJL, 1979). Dessa maneira, certas flores estão
dependentes em menor ou maior grau da polinização realizada por estas aves, assim como
espécies diferentes de beija-flores também estão adaptadas a determinados tipos de flores
(SNOW & SNOW, 1980). De acordo com Snow & Snow (1980) esta adaptação inclui
entre outras características o tamanho e formato do bico desses animais, entretanto, Brown
& Bowers (1985) apontam que este fato diminui a competição interespecífica e favorece a
coexistência de espécies.
Características das plantas como época de floração, o habitat, a morfologia floral e
o recurso oferecido, entre outras, influenciam quais beija-flores exploram determinadas
espécies (BROWN & BOWERS, 1985; FEISINGER, 1976; STILES, 1975; SNOW &
15
SNOW, 1989; WOLF, 1970). Esses processos de seleção e exclusão de plantas como
recurso, por sua vez, resultam na composão e dinâmica das guildas de beija-flores
(FEINSINGER, 1976).
O néctar constitui o mais importante recurso em flores que são polinizadas por
beija-flores tendo um papel central mediando as interões planta-polinizadora (SIMPSON
& NEFF, 1983; ENDRESS, 1994). A secreção de ctar pode variar em função do local,
do horário, da idade e do tamanho da flor e, ou em função de condições ambientais
externas (SICK, 1997). A disponibilidade e a distribuição do néctar entre flores pode
determinar o comportamento de polinizadores com respeito à freqüência de visitas, ao
número de flores visitadas e ao tempo de duração da visita (SANTOS, 1990).
Em seus estudos Canela (2002) analisou a visitação de beija-flores em relação à
produção de néctar em duas espécies de bromélias, Aechmea pectinata e Bromelia
antiantha, verificando que há uma maior produção de néctar nas primeiras horas do dia em
ambas, diminuindo no restante do dia. A primeira espécie teve uma relação positiva entre
produção e visitação de beija-flores, para a segunda não, fato que parece esta
relacionado com a competão com abelhas que atacam os beija-flores nas primeiras horas
do dia.
De acordo com a imprevisibilidade do néctar realmente disponível nas flores,
diferenças de volume do néctar acumulado e concentração de açúcares entre espécies
possivelmente são os fatores mais importantes influenciando as escolhas das plantas pelos
beija-flores, especialmente no inicio da antese, pois nesse período essas aves
experimentam as flores e definem sua rota de visitação diária (SICK ,1984).
Em estudos de biologia floral Araújo & Oliveira (2007) demonstraram que as
diferentes espécies de beija-flores, apresentam diferentes comportamentos em relação à
freqüência e formas de visitação das flores, havendo espécies que aparecem muitas vezes
durante o dia e outras mais restritas a horários específicos.
O vegetal Helicteres guazumaefolia é um recurso alimentar de extrema importância
para a espécie de beija-flor residente em capões que é a única espécie ornifila que
floresce durante todo ano (ARAUJO, 2001).
A espécie arbórea Passiflora speciosa uma planta visitada da pelo Thaethorie
idalie, que é um excelente polinizador desta espécie de planta, visitando suas flores
principalmente entre 5:40 e 8:00h, comportamento que parece estar relacionado com a
maior produção de néctar da planta. Estudos comportamentais indicam que esta espécie de
16
beija-flor prefere plantas com pétalas e sépalas bem desenvolvidas e aromáticas
(VARASSIN, 2000).
Muitas espécies de plantas e beija-flores apresentam co-evolução: algumas plantas
embora produzam pouca quantidade de néctar por flor, mas durante todo o dia e
constantemente fazem com que alguns beija-flores utilizem rotas de forrageamento. Desta
forma, ajustam seu tempo de retorno às flores conforme o ctar vai sendo reposto (GILL,
1988). Tal teoria é debatida por Alvarenga & Hoflíng (2000), que consideram estes autores
o existir comprovão desta co-evolução, mas sim uma simples utilização das plantas
pelas aves.
Associação entre plantas ornitófilas e beija-flores tem se revelado de grande
importância na pesquisa do papel dos processos co-evolutivos e das interações ecológicas
na organização das comunidades (KODRIC et al.,1984). Sick (1997) sugere que a
diversificação das famílias Bromeliaceae e Trochilidae tenha se processado paralelamente,
pois esta última contém os agentes polinizadores mais importantes para as bromélias.
Entre as plantas mais visitadas pelos beija-flores estão as bromeliáceas, por terem
muitas espécies e por florescerem durante o ano inteiro, razão que as torna uma espécie
muito atrativa para estes animais, motivo pelos quais estas aves preferem as suas
proximidades para residência devido a uma oferta eficiente de recurso alimentar durante
todo o ano (LOPES, 2002; ARAÚJO, 1996; SANTOS, 1990).
Na Estação Biológica de Santa Lúcia em Santa Teresa, Espírito Santo a proporção
de uso de bromélias por beija-flores foi de 72% em relação às outras plantas florísticas., O
número de espécies de polinizadores na estação está relacionado tanto ao número de
espécies de bromélias, quanto à sua abundância e distribuição sem necessariamente haver
um padrão de espécie específica para cada bromélia, sabendo-se que uma mesma espécie
de bromélia pode ser visitada por mais de uma espécie de beija-flor (VARASSIN &
SAZINA, 2000).
Lasprila (2003) constatou através da análise de cargas de len que duas espécies
de beija-flores, Phaethomis bourcieri e Phaethomis mala ris, aves que podem ser
encontrados na parte sul do Parque Nacional Chiribiquete na Combia, ajudam na
polinização de pelo menos 30 espécies de vegetais da região.
Para Piratelli (1993) os troquilídeos estão aptos para polinizar flores de Inga ssp,
que estas apresentam características florais compatíveis com de uma flor ornifila. Este
grupo de planta é visitado por beija-flores principalmente no período de 7:00 às 12:00 h.
17
Segundo Rocca & Sazina (2004) espécies de plantas ornifilas ocorrem em todos
os estratos da floresta, constituindo a maior parte do recurso para beija-flores. A riqueza
dos recursos florais para beija-flores tende a diminuir com o aumento da altura no dossel.
Ao longo do dossel a riqueza relativa de espécies de plantas pode variar em função da
altura do solo: até 16 m de altura ocorrem 38% das espécies, entre 17 e 25 m ocorrem 18%
das espécies e apenas 7% ocorrem entre 26 e 35 m de altura.
Araújo (1996) pesquisando três habitats em área de planície costeira do Litoral
Norte de São Paulo,(Capoeira, Floresta Alta e Restinga Baixa) registrou que 50 espécies de
plantas foram exploradas por beija-flores, sendo que 50% destas não possuíam
características ornitófilas. A Capoeira foi à área que registrou menor número de espécies
de plantas exploradas por beija-flores, enquanto que na Floresta Alta ocorreu maior
proporção e densidade de espécies com características ornitófilas.
Os beija-flores bicam frutos suculentos como o caqui e sugam seiva que brotam de
um galho ou tronco arranhado, outra peculiaridade é que indivíduos inexperientes, sugam
qualquer flor. os adultos as selecionam, mostrando que esta é uma estratégia que vai se
especializando durante a vida do animal, estes ainda são capazes de cobrir áreas bem
extensas em busca de alimento (SICK, 1997).
Existe correlação positiva entre produção de ctar e a freqüência de visitas de
beija-flores ao longo do dia, e estatisticamente também é significante esta relação. Segundo
estudos de Graco & Sermo (2006) os beija-flores tendem a visitar as flores mais
intensamente quando há uma maior produção de néctar pelas mesmas, já que esta produção
pode variar de acordo com o horário do dia. Resultado que corrobora os estudos Garjado &
Sazima (2005), comparando a frequência de visitações de beija-flores em espécies de
Vanhouttea e de Sinningea verificavam que a visitação foi maior em Vanhouttea que
possui uma maior produção de ctar que a segunda espécie em um mesmo período de
tempo.
Na Reserva Florestal Mata do Paraíso em Viçosa, Minas Gerais, a ocorrência de
maior disponibilidade de ctar ocorreu durante a estação chuvosa, pois é neste período
que mais de 90% das espécies de plantas estão florindo, fato de extrema importância para a
reprodução e alimentação dos filhotes que é realizada neste período durante a estação seca
o alimento desse grupo de aves se restringe ao néctar de poucas espécies (ABREU &
VIEIRA, 2004). Em Pincinguiba, São Paulo, os picos de floração concentram-se no final
do período seco e início do período úmido, quando a freqüência de registros visuais de
beija-flores também é maior (ARAÚJO, 1996).
18
Lopes (2002), em sua pesquisa, com plantas ornifilas em remanescente de Mata
Atlântica Pernambucana, observou que os beija-flores que eram polinizadores efetivos e
freqüentes visitavam preferencialmente vegetais (27,6%) sendo estas bromélias e a
concentração de açúcar no néctar das plantas variou de 10,2 a 46,8%. Buzato (1995)
descreve que a concentração média de açúcar no ctar das plantas ornitófilas em uma
região de maior altitude de Mata Atlântica é de 23,3%. Em regiões de menor altitude este
valor tende aumentar ligeiramente devido à presença de um maior número de bromélias
que possuem néctar mais concentrado.
Sick (1997) afirma que ao contrário de insetos, os troquilídeos preferem flores
com néctar diluído, até pouco acima de 20%. A concentração baixa de açúcar em flores
polinizadas por beija-flores diminui a concorrência com outros animais como as abelhas
que, fisiologicamente são mais dependentes de uma concentração mais alta, o que garante
para estes animais uma maior oferta de alimentos e um menor gasto de energia em
competição alimentar.
O vegetal Costus spiralis apresenta concentração de açúcar em torno de 20% em
seu néctar o que é ideal para a atração de beija-flores, além disso seu arranjo floral é
compatível com a polinização de beija-flores de bico longo da sub-família
Phaethornithinae, uma vez que apresentam tubo da corola levemente curvado e longo. Esta
compatibilidade entre ave e planta garante uma maior variabilidade genética para a planta
que estas aves são responsáveis pela sua polinização, ou seja, participam da reprodução
transportando grãos de pólen de uma planta para a outra (ARAÚJO & OLIVEIRA, 2007).
A ocorrência de espécies de aves pode variar sazonalmente que estas são
dependentes dos recursos alimentares, fenômeno observado na Caatinga. Como existem
plantas que florescem somente em uma estação definida neste ecossistema as espécies de
beija-flores tendem a aparecer durante a floração das mesmas, tendo as cactáceas o maior
número de espécies ornitófilas nessa região (CORREIA et al., 2006).
Machado & Lopes (2003) informam que espécies não ornitófilas constituem
importante recurso para a permanência e diversidade das espécies de beija-flores nas
comunidades de Caatinga, que as ornitófilas não florescem durante o ano inteiro neste
ecossistema. Este fato é corroborado pelos de Rocca (2006) que afirma os beija-flores
também visitam flores com características não-ornifilas e que estas na maioria das vezes
o são polinizadas durante a tomada de néctar.
Em seus estudos Machado & Lopes (2003) constataram que Chlorostilbon
aureoventris esteve presente ao longo de todo o ano na comunidade estudada da Caatinga,
19
sendo considerado como polinizador principal, efetivo das sete espécies de plantas
estudadas, uma vez que ela foi ao encontro de todas as flores.
Canela (2006) constatou em sua pesquisa que a diferença entre a distribuição de
espécies de beija-flores considerando a altura da vegetação, mesmo havendo dominância
de espécies no estrato mais baixo, os Trochilidae (Clytolaema rubricauda, Leucochloris
albicollis e Thalurania glaucopis) foram mais comuns no dossel do que os
Phaethornithidae (Phaethornis eurynome e P. squalidus). Nessa mesma pesquisa ele notou
que predomincia de visitação no período seco das espécies pertencente à subfamília
Phaethornithidae, a subfamília Trochilidae permaneceu freqüente tanto na estação
chuvosa quanto no período seco.
3.3.4. Forrageamento e reprodução dos beija-flores
A organização da guilda de troquilídeos em um ecossistema é influenciada por
competição pelo recurso floral, uma vez que é observado diferenças espaciais, temporais,
morfológicas, fisiológicas e comportamentais no uso de plantas por essas aves (CANELA,
2006).
Entre os beija-flores existe uma ordem de domincia entre seu território sendo que
entre Eupetmena macroura, Thalurania furcata eriphile e Amazilia láctea a primeira é a
mais territorialista (PALMEIRA, 2003). Entre as estratégias de territoriedade estas aves
apresentam vocalizações, displays visuais e ataques agressivos (MENDONÇA & ANJOS,
2005).
A existência de especializações alimentares complementares de forrageamento
contribui também para a diversidade de beija-flores, pois resulta numa coexistência
harmônica de espécies proximamente similares através da divisão dos recursos: espécies
territorialistas exploram grupos de flores enquanto as que se alimentam em linhagem de
captura utilizam flores mais espalhadas (DÊS GRANGES, 1978).
Os beija-flores são predominantemente de hábito diurno, sendo mais ativos durante
a parte da manhã e no final da tarde, porém existem espécies de beija-flores que
apresentam ocasionais hábitos noturnos (SICK, 1997).
Oito espécies de beija-flores freqüentemente foram observadas visitando flores de
Citharexylum myrianthum (tucaneira), principalmente no período da manhã e raramente de
tarde, fato que parece não estar ligado à polinização desta planta já que os beija-flores não
apresentavam len em seu bico, o que indica que estas aves procuram este vegetal apenas
20
como fonte de alimento sem ter com eles uma relação de simbiose onde as duas espécies
são privilegiadas (ROCCA & SAZINA, 2006). Para a espécie Ipomopsis aggregata
(foguete) esta simbiose ocorre tendo em vista que ela é visitada principalmente por duas
espécies de beija-flores no verão atraídos pelo seu néctar, assim estes animais contribuem
eficientemente no seu mecanismo de polinização (MAYFIELD, 2001).
Araújo (1996) registrou que a espécie de Thalurania glaucopis de acordo com o
gênero apresentou estratégia diferente para a obtenção de alimentos sendo os machos
territorialistas e as fêmeas generalistas, parasitas de territórios ou forragearam em rondas
de baixa recompensa. O que confirma os resultados de Dês Granges (1978) onde ele afirma
que comumente ocorre diferenciação de nicho entre aves que formam pares mantendo
territórios de alimentação e acasalamento.
Em algumas ocasiões espécies de beija-flores como Leucocholoris albicolis atuam
como parasitas de território, visitando espécies de plantas que estão no território defendido
por outra espécie de beija-flor como Melanotrochilus fuscus ave extremamente
territorialista, enquanto este se ausenta. Heliomaster squamosus e Phaethormis pretei
forrageiam em linha-de-captura estabelecendo uma ronda de alta recompensa alimentar
visitando as mesmas espécies de vegetais em um mesmo percurso durante todo o dia, estas
aves também podem atacar pequenos insetos que encontram pelo caminho (MENDONÇA
& ANJOS, 2005).
A ocorrência de beija-flores territorialistas e a dos que forrageiam em linhagem de
captura é um aspecto importante da alta diversidade nas comunidades tropicais de aves que
se alimentam de néctar (ARIZMENDI & ORNELAS, 1990). A existência destas duas
estratégias de forrageamento pode resultar na coexistência de diversas espécies de beija-
flores numa mesma comunidade (ARAÚJO, 1996; DÊS GRANGES, 1978).
De acordo com Feinsingir & Chaplin, (1975 apud. Araújo, 1996) a partilha de
recursos entre as espécies de beija-flores está relacionada não apenas aos atributos
morfológicos destas aves, mas também à sua estratégia de forrageamento, uma vez que o
custo de vôo para espécies de menor tamanho varia de acordo com a estratégia de
forrageamento. Os troquilídeos que realizam traplines investem energia em vôos mais
longos a procura de um conjunto mais restrito de espécies vegetais. Estas aves
normalmente têm asas mais longas, o que favorece o vôo longo. A procura de um número
menor de flores representa maior especialização por parte destas aves. Por isso, estes beija-
flores possuem um bico mais longo, por vezes curvo, possibilitando-lhes o acesso ao néctar
de flores mais tubulosas, inacessíveis a outros beija-flores (SICK, 1997).
21
Como Santos (1990) descreve em seus estudos, os beija-flores sem que sejam
essenciais aves migradoras, algumas espécies avaam para o norte no verão, uma espécie
popularmente encontrada no Canadá, nesta estação encontra-se em Nova Iorque ao começo
de maio, retirando-se para Flórida no Inverno. No Sudeste do Brasil, migrações altitudinais
nas serras da Mantiqueira e do Mar, já foram registradas durante o inverno (SICK, 1997).
A sazonalidade na floração de espécies com diferentes tamanhos de corola parece
ser uma resposta adaptativa às diferentes disponibilidades de beija-flores durante o ano
que, por sua vez, devem estar relacionadas aos movimentos de migração dessas aves em
diferentes altitudes, dependendo da intensidade do inverno (CANELA, 2006).
A espécie Eustephanus galerius realiza peregrinações periódicas no Chile,
reunindo-se em bandos durante a primavera nas províncias centrais e do norte para emigrar
para o sul e alcançar os bosques da Terra-do-Fogo, onde é visto voando em vários sentidos
no meio das tempestades de gelo (SANTOS, 1990).
Os beija-flores estão entre as pouquíssimas aves que possuem a capacidade de
hibernar. Eles caem num sono letárgico durante o frio, adaptação ecológica muito singular
para sobrevivência a quedas bruscas de temperatura (SICK, 1997).
O período de reprodução dos beija-flores vai de setembro a novembro, com estes
animais colocando no máximo dois ovos por período de incubação, este período dura
quinze dias, com vinte dias os filhotes estão prontos para deixar o ninho (SANTOS,
1990). A ecloo dos ovos pode coincidir com o desabrochamento de flores ainda não
existentes durante o tempo de incubação, facilitando a alimentação dos filhotes, que é feita
quase em todas as espécies de beija-flores pela mea e a permanência dos filhotes no
ninho pode prolongar-se há 35 dias, aumento que esta relacionada com a pequena oferta de
alimento (SICK, 1997).
3.4. Aves como indicadores ambientais
Segundo Diamond & Filion (1987) existem várias razões para que as aves sejam
consideradas bons indicadores biológicos, a saber: i. É um grupo amplamente estudado em
termos comportamentais e ecológicos; ii. São bem representados em coleções cientificas;
iii. Possuem representantes em todos os ecossistemas terrestres, iv. São efetivas no
fornecimento de informações (número de espécies, distribuição, sucesso reprodutivo); e v.
ocupam os mais variados nichos ecológicos e tróficos das florestas, desde o piso até as
copas das árvores.
22
As aves oferecem características como fácil e rápida identificação; especialização
ecológica; riqueza de informações sobre o grupo e grande sensibilidade a distúrbios,
tornando-as bons indicadores ecológicos (STOTZ et al., 1996). Por ter uma estreita relação
com o tipo de ambiente onde vivem e o seu estado de conservação são um dos primeiros
organismos a sentir o efeito do impacto ambiental (BECKWITH, 1954).
Sick (1997) assinala que os estudos de Hahn (1989) e Ellenberg (1981) que as aves
podem ser utilizados como biomonitores no controle da poluição do ar, já que são
encontrados nas penas de vôo desses animais metais pesados principalmente chumbo e
cádmio.
Para Shugart & James (1973) durante a sucessão ecológica de um ecossistema
pode-se observar pela avifauna em qual estado está o ambiente: algumas espécies estão
restritas ao ambiente florestal em estágio avançado e outras são representativas do estágio
inicial ou intermediário da suceso ecológica. As categorias que começam a ser bastante
expressivas na vegetação nos estágios mais avançados são os insetívoros e ovoros de
sub-bosque, frugívoros de copa de árvores e insetívoros de troncos e galhos. os
granívoros de campo e pastagem são bastante favorecidos pelo efeito de borda e pelas
grandes áreas de pastagem do entorno dos fragmentos florestais, com a proliferação de
espécies gramíneas, base da alimentação dessas aves (DÁRIO, 2008).
Diversas espécies de pássaros, especialmente as sedentárias como Columba livia o
pombo doméstico, têm sido utilizadas para a verificação da qualidade do meio ambiente
em que estão inseridas (NENTWICH & PAULUS, 1999). Algumas espécies como Pica
pica, Passer domesticus, Passer montanus, Turdus merula e Accipiter gentilis são
reconhecidas como indicadores de qualidade ambiental no continente europeu
(DMOWSKI, 1999 apud GUIMARÃES, 2006).
No estudo de Costa & Castro (2007) registrou-se duas espécies de Falconiformes,
ambos pertencentes à família Falconidae, Milvago chimachima (carrapateiro) e Milvago
chimango (chimango) e uma espécie de Cathartiformes, Coragyps atratus (urubu-comum;
Cathartidae). As duas espécies de falconiformes foram registradas principalmente em
estágios que os homens não estavam na área de estudo, resultados mesmo preliminares,
indicam que estas aves, em especial M. chimachima e C. atratus são potenciais
bioindicadores da qualidade ambiental. Isto porque eles são sensíveis a alterações
ambientais, especialmente aquelas provocadas pela alta concentração humana que provoca
alteração do ambiente e perda de habitat.
23
Segundo Sick (1984), algumas espécies de aves, que pertencem ao topo da cadeia
alimentar, como a Harpia harpyja são importantes bioindicadoras de qualidade ambiental.
Sua presea indica que o ambiente encontra-se em bom estado de preservação ambiental,
que são animais que exigem uma oferta grande de alimento do ambiente. Por estarem no
topo das cadeias alimentares precisam de grandes áreas para a caça.
Graipel et al. (1997) afirmam que a presença das aves Leptotila rufaxilla (juriti-
jemedeira) característica do interior de florestas secundárias e primárias, e do Sittasomus
griseicapillus (arapaçu-verde), abundante em florestas primárias, indicam que existe uma
boa qualidade ambiental da Ilha de Ratones Grande de Santa Catarina.
Algumas das espécies de aves que são considerados bons indicadores da condição
ambiental na Floresta Amazônica são Tinamus tao (azulona), Penelope pileata
(jacupiranga) e Crax fasciolata (mutum-pinima), aves muito sensíveis às alterações
antrópicas e extremamente exigentes quanto às condições ambientais (DÁRIO, 2008).
Afirmam Stouffer & Bierregaard (1995) que espécies insetívoras como Pyriglena
leuconota (papa-toaca), Sittasomus griseicapillus (arapaçu-verde), Dentrocincla fuliginosa
(arapaçu-pardo) e Myrmotherula axillaris (choquinha-de-flango-branco) são as primeiras a
desaparecer com as modificações ambientais.
Para Souza et al. (2007) um outro exemplo de indicador biológico positivo é a
Columbina talpacoti (rolinha comum ou rolinha caldo-de-feijão) pertencente à família
Columbidae, devido a sua abundância ser elevada em áreas com baixa interferência
antrópicas, áreas estas que são arborizadas, ideal para construção de ninhos, para forrageio
e cuidado da prole, ocorrendo a sua diminuição em condições opostas às descritas. De
acordo com Dário (2008) outro fator relacionado às aves que indicam uma boa qualidade
ambiental e a presença de grupos mistos, ou seja, espécies que forrageiam juntas, enquanto
deslocam se pela floresta nas copas ou no sub-bosque.
A ave Mycteria americana, conhecida como cabeça-seca” é uma espécie típica do
Pantanal Matogrossense que está sendo encontrada na sub-bacia do rio São João no distrito
de Brejo Alegre em Itaúna, Minas Gerais. Essas aves demandam recursos hídricos
específicos e o aumento ou decréscimo das populações de aves aquáticas é considerado um
bioindicador da qualidade de água e conseqüentemente da qualidade ambiental (BATISTA
et al., 2007).
Espécies como Pitangus sulphuratus (bentevi), Thraupis palmarum (sanhaço-do-
coqueiro), Turdus amaurochalinus (sabiá-poca), Tyrannus melancholicus (suiriri) e
Megarhynchus pintangua (bem-te-vi-do-bico-chato) apresentam alta plasticidade, no que
24
se refere aos impactos causados por atividades humanas em paisagens alteradas, e elevada
capacidade para adaptar-se aos ambientes alterados. Assim são espécies generalistas,
pouco exigentes em relação aos recursos ambientais raros, podendo a ocorrência destas
indicar que o ambiente não apresenta uma boa qualidade ambiental (RIO, 2008).
3.4.1. Beija-flores como indicadores ambientais
Borges e Guilherme (2000), comparando a avifauna de dois tipos de ecossistemas
diferentes sendo (fragmento florestal em rios estágios de regeneração e uma mata) na
Reserva Ducke, Amazônia Central, atividade desenvolvida em dois dias capturou três
espécies de beija-flores (Phaethornis superciliosus, Phaethornis bourcieri e Thalurania
furcata) no ambiente florestal e nenhum refletindo a preferência destas aves por áreas em
melhores condições ambientais.
Dário (2002) com estudo semelhante ao descrito acima constatou que existe uma
maior relão de nectarívoros em áreas de florestas do que em plantações de eucalipto, o
que reflete a exigência destes animais por melhores condições ambientais, sem
necessariamente serem as espécies mais especialistas de ambientes com alto grau de
preservação.
Mendonça & Anjos (2005) observaram em seus estudos que existe relação de beija-
flores com ambientes antrópicos como as cidades, predominando espécies generalistas,
consideradas espécies de hábito alimentar mais amplo. Nesse estudo as dez espécies
encontradas foram: Phaethornis pretei, Eupetomena macroura, Melanotrochilis fuscus,
Anthracothorax nigricollis, Chlorostilbon aureoventris, Hylocharis albicollis, Amazilia
versicolor, Amazilia láctea e Heliomaster squamosus todas generalistas. Isto deve-se
possivelmente ao fato de que espécies mais especialistas exigem condições mais
especificas que possivelmente são suprimidas pela urbanização.
De uma forma geral os estudos de ecologia de polinização com espécies arbóreas
têm revelado que as espécies de estágios iniciais da sucessão, ou aquelas tipicamente
pioneiras têm polinizadores mais comuns e generalistas, enquanto que as de estágios mais
avançados (secundárias e clímax) apresentam como vetores do pólen aqueles animais mais
especialistas e raros (ROCCA, 2006). Refletindo que em áreas remanescentes pouco
perturbadas deve existir uma relação mais específica entre planta e vegetal polinizador
como beija-flores (ROCCA, 2006).
25
3.5. A importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)
De acordo com o Decreto 5.746, de 5 de abril de 2006 Art. 1º:
A Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN é unidade de
conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a diversidade
biológica, gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de
compromisso averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis
(BRASIL, 2006).
O estabelecimento de reservas particulares surgiu como uma estratégia para ampliar
o espectro e o tamanho do território conservado e é uma medida paliativa para a
degradação ambiental que aconteceu durante décadas no Brasil, medida importante porque
a maior parte dos remanescentes de vegetação encontra-se em propriedades privadas
(COSTA, 2006).
Conforme Adaqui (2000) a preservação de um percentual da propriedade privada,
destinado à conservação ou restabelecimento de sua cobertura arbórea natural, concebida
sob a denominação de RPPN, possibilita a conservação e a reabilitação dos processos
ecológicos, sendo que, à medida que as áreas de matas são preservadas ou reflorestadas,
tem-se o restabelecimento do ciclo natural da biodiversidade. O reflorestamento e a
preservação da cobertura arbórea natural ajuda a inibir graves problemas de degradação
ambiental que estão associados ao mau uso das áreas. Dentre eles temos a erosão, a
acidificação, a salinização, a compactação, a sedimentação dos rios, dentre outros
processos associados às atividades antrópicas.
Os únicos usos admitidos para as RPPNs são: a educação ambiental, a pesquisa
científica e o turismo ecológico. A criação da RPPN baseia-se exclusivamente na vontade
do proprietário, na sua intenção de efetivamente gravar de perpetuidade a área protegida.
Sem esta intenção manifestada, nada se concretiza (KULTZ & WATZLAWICK, 2007).
Adaqui (2000) afirma que a existência de uma RPPN é um ato de vontade do proprietário,
sendo ele quem decide se quer fazer de sua propriedade, ou de parte dela, uma RPPN, sem
que isso acarrete perda do direito de propriedade.
A unidade de conservação em destaque nada mais é do que a individualização de
uma área particular (total ou parcialmente), a requerimento do próprio proprietário e
mediante reconhecimento do Poder Público, que em virtude da importância de sua
biodiversidade, aspecto paisagístico ou das peculiares características ambientais, passa a
ser especialmente protegida. O que não impede que áreas degradadas possam ser
26
restauradas e transformadas em RPPNs. O proprietário não perde o donio sobre a terra,
apenas restringe-o em favor do ambiente ecologicamente equilibrado (ADAQUI, 2000).
Apesar da timidez dos incentivos que atualmente é a total isenção dos impostos
territoriais rurais, prioridade nos financiamentos de projetos ambientais e o
reconhecimento oficial de sua área como reserva, a crião de RPPNs tem aumentado
gradualmente, revelando-se um mecanismo importante na formação de redes e de
corredores para manter a biodiversidade e seus processos naturais a longo prazo. Quando
o cumprido as prerrogativas do decreto que garante a criação de uma RPPN o
proprietário é penalizado com multas. No entanto, para ampliar o número dessas reservas é
necessário garantir benefícios mais eficientes para os proprietários dessas áreas (COSTA,
2006).
De acordo com o Instituto Estadual de Florestas IEF (2009), Minas Gerais passou a
ser o Estado brasileiro com o maior numero de Reservas Particulares de Proteção Natural,
tendo 217 das 903 do país. Atualmente são 64 mil hectares de Cerrado, Mata Atlântica e
Caatinga preservados no Estado. Entre estas reservas está a RPPN Fazenda Bulcão situada
no bioma Mata Atlântica.
3.6. Estágios de regeneração de florestas
A regeneração de uma floresta é definida como o processo pelo qual a floresta
perturbada atinge características da floresta madura, o que pressupõe modificações nas
características da comunidade e mudanças direcionais na composição de espécies (KLEIN,
1980). A reabilitação de áreas degradadas deve envolver um conjunto de fatores
ambientais de tal forma que propicie condições para que os processos ambientais sejam
similares ao de uma vegetação secundária da região, tanto nos aspectos hidrológicos,
fitosocilógicos, ciclagem de nutrientes, microclima e mesofauna dos compartimentos do
ecossistema (VALCARCEL & SILVA, 2000).
Conforme Whitmore (1990), a velocidade de regeneração da floresta tropical
depende da intensidade da perturbação sofrida. Saldarriaga & Uhl (1991) estimaram que
são necessários, aproximadamente, 140 a 200 anos para que a floresta tropical de terra
firme, estabelecida em áreas de cultivo abandonadas, apresente valores de biomassa
similares aos da floresta madura na Amazônia venezuelana.
27
De acordo com o Conselho do Meio Ambiente CONAMA (2007), Resolução 6,
de 25 de junho de 2007, definiu-se como parâmetros dos estágios sucessionais para
fisionomia e tempo da vegetação em regeneração, a saber:
i. O primeiro estágio é o inicial que possui fisionomia herbáceo arbustiva, com
cobertura aberta ou fechada, com a presença de espécies predominantemente heliófitas;
plantas lenhosas, quando ocorrem, apresentam diâmetro a altura do peito (DAP) médio de
5 centímetros e altura média de até 5 metros; a idade da comunidade vegetal varia de 0 a
10 anos;
ii. O segundo estágio é o médio que possui fisionomia arbustivo/arbórea, com
cobertura fechada com início de diferenciação em estratos e surgimento de espécies de
sombra; as árvores têm DAP médio variando de 10 a 20 centímetros, altura média variando
de 5 até 12 metros e idade entre 11 e 25 anos;
iii. O último estágio é o avaado que possui fisionomia arbórea, cobertura fechada
formando um dossel relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores
emergentes com sub-bosque já diferenciado em um ou mais estratos formados por espécies
esciófilas que são vegetais tolerantes a sombra, grande variedade de espécies lenhosas com
DAP médio 20 centímetros e altura superior a 20 metros; comunidade com idade acima de
25 anos.
De acordo com Tabarelli & Mantovani (1999) a Floresta Atlântica de Montana, São
Paulo após perturbação antrópica, restaura-se, em ordem decrescente de velocidade a
riqueza e a diversidade de espécies, a composição de guildas e a composão florística.
Alguns autores, como ODUM (1983), consideram que em qualquer ecossistema a
sucessão se inicia por etapas pioneiras, que vão sendo substitdas por comunidades
relativamente transitórias, denominados estágios seriais; na medida em que prossegue a
sucessão surgem as comunidades mais ajustadas às condições do meio e por isso mais
equilibradas, chamadas de sere. Quando as relações biótico-abióticas e biótico-bióticas se
complexificam e sofisticam, chegam a uma fase estabilizada, denominada clímax.
Uma sucessão pode ser dividida em quatro ou cinco estágios sucessionais,
dependendo da intensidade da perturbação. A sucessão é caracterizada não só pela
substituição de espécies intolerantes à sombra por tolerantes, mas também pela substituição
direcional de formas de crescimento e de histórias de vida a partir de espécies herbáceas,
dominando consecutivamente, arbustos, árvores de ciclo de vida curto e de ciclo de vida
longo (TABARELLI & MANTOVANI, 1999). Resultado que corroboram os observados
Gómez- Pompa & Vásquez- Yanes (1981), que dividiram a sucessão de uma floresta
28
tropical no México em cinco estágios sucessionais: o primeiro caracterizado por um curto
período de dominância apenas algumas semanas por ervas efêmeras; o segundo de
dominância por arbustos secundários que eliminam ervas pioneiras pelo sombreamento de
6 a 18 meses; o terceiro de domincia por árvores secundárias de baixa estatura de 3 a 10
anos; o quarto de dominância por árvores secundárias de grande porte de 10 ou mais, até
40 anos; e o quinto e último de dominância por árvores clímax de grande porte.
Na descrição da sucessão em comunidades secundárias brasileiras, IBGE (1992)
distingue cinco estágios principais: na primeira a colonização é realizada por
hemicriptófitos pioneiros como algumas pteridófitas e de graneas, que praticamente
reiniciam o processo de formação do horizonte orgânico do solo; na segunda fase refere-
se ao que é denominado de “capoeirinha” e apresenta gramíneas além de plantas
lenhosas; o terceiro estágio apresenta um cobrimento do terreno com plantas de médio
porte, as nanofanerófitas, que atingem excepcionalmente alturas de até 3 metros, mas
bastante espaçadas entre si; na quarta fase com vegetação bastante complexa, dominada
por microfanerófitos com até 5 metros de altura; e finalmente a última fase dominada por
mesofanefófitos que ultrapassam 15 metros de altura. É um estágio eminentemente
lenhoso, sem plantas emergentes, mas bastante uniforme quanto à altura dos elementos
dominantes.
A sucessão vegetal é entendida como um processo de auto-organização ou
amadurecimento do ecossistema e direciona-se da simplicidade para a complexidade
organizacional, de formas de vida mais simples para mais complexas e diversificadas
(ODUM, 1983).
29
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Caracterização da área de estudo
O trabalho de pesquisa foi realizado na RPPN da Fazenda Bulcão, com uma área de
676 hectares, sede do Instituto Terra (Figura 1).
Figura 10: Vista geral do Instituto Terra em 2005; ao fundo a cidade de Aimorés, MG
(Fonte: www.institutoterra.com).
Esta RPPN apresenta sua sede localizada nas no município de Aimorés,
(19º30’S41º04’W) e no leste mineiro, divisa com o Estado do Espírito Santo próxima à
cidade de Baixo Guandu; é banhada pelas águas do Rio Doce (Figura11). Aimorés fica a
aproximadamente 450 km de Belo Horizonte (via BR 262), cerca de 160 km de Vitória,
capital do Espírito Santo e a 150 km de Governador Valadares, uma das cidades lo do
Leste Mineiro.
30
Figura 11: Localização da cidade de Aimorés, Minas Gerais
Fonte: CETEC, Geominas, Radambrasil
O município de Aimorés está inserido no bioma Mata Atlântica, cuja vegetação
original é de Floresta Estacional Semidecidual (PAZ & VENTURINI, 2008). Até 2009
foram catalogadas pelo Instituto Terra 293 espécies vegetais na Fazenda Bulcão. Salienta-
se que o solo encontrado nessa fazenda é de grande diversidade, predominando solos
vermelhos escuro eutróficos, ou seja, de boa fertilidade natural, altamente susceptíveis à
eroo, com pequena capacidade de infiltração de água, condições que exigem
urgentemente revegetação, trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Instituto Terra
(INSTITUTO TERRA, 2009).
A RPPN da Fazenda Bulcão mostrou-se viável para o desenvolvimento do trabalho,
por apresentar áreas com diferentes estágios de regeneração em uma mesma região, as
quais sofrem forma sofrendo os mesmos efeitos climatológicos como precipitação
atmosférica, temperatura, pressão atmosférica, ventos e umidade do ar. Desta forma estes
elementos não influenciaram na análise entre as áreas estudadas, que ambas sofreram o
mesmo efeito nas condições abióticas.
4.1.1. Descrição florística dos sítios de estudos
Selecionou-se dois sítios com características distintas de recursos vegetais para os
beija-flores, a primeira trata-se de uma área em estágio inicial de regeneração com
predominância de aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All) (Figura 12). Sendo
que neste sítio a diversidade de espécies é reduzida composta principalmente pela aroeira
31
do sertão, das gramíneas: Aloysia virgata (lixa viola), Axonpus compressus (grama-são-
carlos), Paspalum notatungram (grama-de-jardim), Zoysia japônica (grama-esmeralda) e
de alguns exemplares de Dendopanax cuneatum (maria pobre), Tabebuia impetiginosa
(ipê-rosa), Spondias macrocarpa (caja mirim), Joannesia princeps (boleira), , Eriotheca
pentaphylla (imbiruçu), Citharexylum sp. (mulato velho).
Figura 12: Vista parcial sítio com predomincia de aroeira do sertão (Myracrodruon
urundeuva Fr. All)
O outro uma área de mata ciliar em estágio inicial de regeneração (Figura 13) que
apresenta uma diversidade maior de espécies em relação à primeira área. As espécies que
foram encontradas nesse sítio foram identificados por Souza & Vieira (2008) são: Mimosa
artemisiana (angico cangalha), Spondias monbim (cajazinho), Maclura tinctoria
(amorinha), Anadenanthera macrocarpa (angico vermelho), Senna macranthera
(fedegoso), Dendopanax cuneatum (maria pobre), Chorisia speciosa (paineira), Tabebuia
impetiginosa (ipê-rosa), Spondias macrocarpa (caja mirim), Joannesia princeps (boleira),
Gramíneas, Aloysia virgata (lixa viola), Trema micrantha (gurindiba), Eriotheca
pentaphylla (imbiruçu), Citharexylum sp. (mulato velho), Tabebuia sp. (ipê-branco),
Zeyheria tuberculosa (ifelpudo), Pterogyne nitens tul (óleo branco), Caesalpinia ferrea
(pau-ferro), Cordia sellowiana (louro), Anadenanthera peregrina (angico branco), Genipa
americana (jenipapo), Astronium graveolens (gibatão), Dalbergia nigra (cabiúna),
Cenostigma macrophyllum (canela de velha), Caesalpinia echinata (pau-brasil), Acásia sp.
(acácia), Samanea inopinata (amendoim-de-minas), Astronium graveolens (gibatão),
32
Amburana cearensis (cerejeira), Genipa americana (jenipapo), Pterodon emarginatus
(sucupira), Tabebuia ocharacea (ipê cascudo) e Tapirira guianensis (camboatá).
Figura 13: Vista parcial da área de mata ciliar em estágio inicial de regeneração
4.2. Descrição da coleta de dados em campo
Foram realizadas duas campanhas para coletas de dados (ocorrência e permanência
de beija-flores). A primeira foi realizada no dia 17 de novembro de 2007, período que foi
caracterizado pelo final do período de inverno, com déficit hídrico pronunciado.
Entretanto, no momento desta coleta foi registrada precipitação pluviométrica durante todo
o período. na segunda, realizada no dia 30 de julho de 2009, não ocorreu precipitação
pluviométrica. O período chuvoso sazonal pode ser caracterizado como de verão marcado
pela ocorrência de chuvas regulares.
Para a coleta de dados foi utilizada a técnica de pseudo-réplicas temporal, proposta
por Hurlbert (1984).
Em cada área selecionada foram instalados quatro bebedouros artificiais fixados em
fio de nylon e este as árvores. Está instalação foi feita com 24 horas de antecedência a
coleta de dados para a habituação dos beija-flores. Os bebedouros foram posicionados a
uma distancia linear de 10 metros entre si (Figura 14) e a 1,5m do solo (Figura 15).
33
Figura 14: Medição da distância do posicionamento entre os bebedouros.
Figura 15: Instalação de bebedouros sendo fixados em fio de nylon
Em cada bebedouro foi colocado uma mistura de água com açúcar a 20%, conforme
recomendado por Sick (1997).
A uma distância média de 10 metros de cada bebedouro ficaram três pessoas
observando e, em seguida, anotando quantas vezes os beija-flores bicavam os bebedouros e
em que horários, e utilizaram como padrão para identificação dos beija-flores a chave
proposta por Sick (1997). Os observadores foram previamente treinados através de um
curso de Ecologia e Sistemática de beija-flores com o ornitólogo. A coleta de dados foi
realizada nos dias de amostragem e num período de 12 horas compreendido entre 6:00 e
18:00 horas, contabilizando um esforço amostral de 48 horas de observação focal em cada
sitio e por campanha de campo.
34
As coordenadas geográficas UTM (Datum WGS 84), dos dois sítios foram
determinadas utilizando o Sistema de Posicionamento Global, (Global Position System-
GPS), modelo GPS MAP 76CSx pertencente ao Museu de História Natural Eduardo
Marcelino Veado do Centro Universitário de Caratinga (UNEC). O Centro de transecto da
mata ciliar estava localizou-se a 24K 0282274, 7841649 e o de mata de predominância de
M. urundeuva na coordenada 24K 0282190, 7841578.
Observou-se as características morfológicas como cor de penas, forma da cabeça,
caracteres de bico, calda, coloração geral do corpo para a identificação das espécies de
beija-flores, utilizando a chave de classificação do Sick (1997) e os dados referentes ao
número de bicadas (permanência) e número de visitas (ocorrência) utilizando a técnica de
observação focal ou técnica de observação direta dos beija-flores que visitaram os
bebedouros de acordo com o método descrito por D’Ascenção (2001).
4.3. Análise estatística de ocorrência e permanência de beija-flores nos sítios
estudados e do efeito momento do dia.
Os dados de permanência e de ocorrência de beija-flores nos sítios estudados foram
comparados por meio do teste qui-quadrado (
2
) ao nível de 5% de probabilidade com 1
grau de liberdade. Para avaliar o efeito momento do dia foi determinado o vetor resultante
para a ocorrência de beija flores ao longo do intervalo de observação de 12h. Para isso foi
utilizado o programa estatístico Oriana v.2.02 e os resultados de 30 de julho de 2009 e de
17 de novembro de 2007 foram apresentados no formato de histogramas e então
comparados entre si.
Para tanto, foram construidas tabelas de dupla entrada, considerando a ocorrência e
a de permanência em função do momento (2007 e 2009) em dois sítios estudados. Em
seguida foi realizado o teste
2
para estudar a associação entre fatores para cada varíavel.
Posteriormente foram efetuados testes de
2
para avaliar a aderência entre os
valores de ocorrência de beija-flores nos bebedouros artificiais, considerando-se os dados
obtidos nos dois sítios estudados. Foram sendo testadas diferentes razões até o serem
verificadas rejeições da hipótese nula. Adicionalmente foi testada a hipótese de associação
entre anos e sítios de estudos, na definição das freqüências de ocorrência e permanência de
beija-flores utilizando-se o teste
2
.
35
Após a identificação das espécies de beija-flores em 30 de julho de 2009, os dados
obtidos neste ano juntamente com os de 17 de novembro de 2007 foram comparados entre
si, e apresentados no formato de tabela de dupla entrada, considerando as espécies
encontradas em função do momento (2007 e 2009) nos dois sítios estudados.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Identificação de espécies de beija-flores visitantes a bebedouros artificiais nos
dois sítios.
As espécies de beija-flores que visitaram os bebedouros instalados nas duas áreas
da RPPN Fazenda Bulcão em novembro de 2007 e julho de 2009,o apresentados na
Tabela 2.
Tabela 2: Espécies de beija-flores que ocorrem em duas áreas da RPPN Fazenda Bulcão
Aimorés, Minas Gerais, Brasil em novembro de 2007 e julho de 2009
Espécie
Predomincia de aroeira do
sertão
Verão 2007 Inverno2009
Mata Ciliar
Verão 2007 Inverno 2009
Amaziila lactea
X
X
X
X
Eupetomena macroura
X
X
Phaetornis pretei
X
X
X
X
Thalurania glaucopis
X
X
Indeterminado
X
X
X, Espécie observada considerando-se o tio e o ano
Esta diferença no número de espécies visitando os bebedouros nos anos de 2007 e
2009 pode ser atribuídos a fatores climáticos, que Sick (1997) acredita que ocorre uma
maior visitação desses animais a bebedouros em dias chuvosos Nestes dias parece haver
uma dificuldade para estes animais explorarem as flores, tornando os bebedouros mais
atrativos, o que parece ter ocorrido em 2007, já que nesta data estava chovendo.
Analisando a inflncia das condições climáticas sobre os beija-flores, Machado et
al. (2007) registraram em seus estudos desenvolvido entre março de 2002 a janeiro de
2004, no Parque Municipal de Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia, constataram que
entre as sete espécies encontradas na rego somente duas ocorreram durante todo o ano.
As demais espécies são encontradas principalmente na estação chuvosa de outubro a
março. Este estudo registra o quanto o estresse hídrico influencia no comportamento destas
aves que se deslocam para outras regiões a procura de alimentos.
37
Nos meses que antecederam as campanhas de campo pode-se constatar pelos dados
em anexo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que foram estágios de pouca preciptação,
principalmente na primeira campanha que foi realizada no mês de novembro e a região
passava por um período prolongado de seca para os padrões locais, visto que o periodo de
chuva para esta região é de outubro à março. Neste mesmo período a temperatura oscilou
entre 22 e 27ºC, na segunda coleta de dados no campo em 2009 a temperatura esteve
oscilando entre 15 e 32ºC, temperaturas que estão de acordo com a de um país de
neotropical, onde para Tiebout III (1993) deve-se encontrar beija-flores que são aves
aclimatadas a regiões temperadas.
Durante a primeira coleta foi registrada precipitação pluviométrica ao longo do
período vespertino igual a 6 mm. O período que antecedeu a coleta foi marcado por intenso
déficit hídrico, enquanto que na segunda coleta não ocorreu precipitação, conforme dados
do CPTEC/INPE (Anexo 1).
Vieira et al. (2005) obteve resultado semelhante ao deste estudo quanto ao número
de espécies identificadas, utilizando a mesma metodológia para avaliar dois estratos de
uma Mata primária na Serra do Teimoso, Jussari, Bahia, um estrato de sub-bosque e outro
de dossel, onde foram registrados cinco espécies de beija-flores.
Apesar de não ter visitado o bebedouro a espécie Eupetomena macrora pode ser
considerada uma espécie residente, junto com a Amazila lactea, Phaetornis pretei pois
estavam presentes nos dois momentos da pesquisa sendo o primeiro em novembro, período
em que os beija-flores já estão se reproduzindo (SANTOS, 1990). Já Thalurania glaucopis
deve ser uma espécie visitante, pois não foi registrada na segunda fase da pesquisa, e nem
se encontra em registros dessa espécie no relátorio de 2007 de aves e mamíferos do
Instituto Terra (PAZ & VENTURINI, 2008). Sick (1997), no entanto, afirma que esta
espécie é uma ave habitante de matas, capoeiras e jardins, sendo encontrada em muitos
estados brasileiros inclusive em Minas Gerais. Resultado semelhante a esse foram descritos
por Araujo & Sazina (2003) e Machado & Lopes (2003), onde se pode encontrar espécies
de beija-flores residentes e espécies visitantes em uma determinada área de estudo.
O motivo da o identificação da espécie de beija-flor pode ter sido devido a uma
mudança de plumagem, perdendo algum traço característica da espécie ou talvez um
animal jovem que em muitas espécies tem carcterístcas morfológicas diferentes dos adutos,
ou até mesmo um hibrido como relada Sick (1997) que cruzamento entre espécies diferente
é menos comum do que se imagina, fato que esta ligado a falta de convivio do casal.
38
Alternativamente, reflexos luminosos podem interferir na identificação do animal,
pois a técnica escolhida foi a da observação focal, que apresenta restrições quanto a
identificação mais precisa quando comparada com a técnica de captura como descrito por
Sick (1997).
5.2. Ocorrência e permanência de beija-flores nos dois sítios
Durante o período de estudo houve diferença significativa ao nivel de 5% de
probabilidade entre os dois sítios de estudo quanto à frequência e ocorrência de espécimes
de beija-flores utilizando o recurso artificial (bebedouro). A permanência foi maior no sitio
de mata ciliar em relação ao sítio de dominância de aroeira do sertão, tanto em 2007
quando em 2009 (Tabela 3). Este fato que pode ser atribdo a fatores como: a oferta de
alimento que é maior na região de mata, devido a uma maior diversidade de espécies
vegetais.
Tabela 3: Permanência de beija-flores em bebedouros artificiais em dois tios distintos um
de predomincia de aroeira do sertão e o outro de mata ciliar na RPPN Fazenda do
Bulcão, Aimorés, Minas Gerais, Brasil em novembro de 2007 e em julho de 2009.
Sítios
ns
2007
2009
Predomincia de aroeira do
sertão
412
74
Mata Ciliar
2761
488
Valor de
2
2,72
ns
0,32
ns
ns
, Valor de
2
não significativos ao nível de 5% de probabilidade quando testou-se a
hipótese nula de 1:6 para a proporção domincia de aroeira do sertão: mata ciliar,
respectivamente
Sítios
ns
: Valor de
2
não significativo ao nível de 5% de probabilidade para a associação
entre as variáveis ano e tios de observação
Outro fator é a sombra oferecida pelas árvores que garante temperaturas médias
inferiores, que Sick (1997) afirma que estes animais são sensíveis ao excesso de sol,
além da água corrente que existe na região de mata ciliar é um atrativo para algumas
espécies entre elas a espécie Phaetornis pretei.
Foram observadas as razões de permanência para os dois sítios de estudo de beija-
flores de 1:6 nos dois anos de estudo, ou seja, para cada indivíduo observado na aroeira do
sertão observou-se aproximadamente seis indivíduos na mata ciliar (Tabela 3). Entretanto,
para ocorrência foram verificadas duas razões 1:6 e de 1:4 nos anos de 2007 e 2009,
39
respectivamente (Tabela 4). Este fato revela uma maior predileção por parte dos beija-
flores por sítios com maior diversidade de recursos, no caso o de Mata Ciliar.
Tabela 4: Ocorrência de beija-flores em bebedouros artificiais em dois sítios distintos um
de predomincia de aroeira do sertão e o outro de mata ciliar na RPPN Fazenda do
Bulcão, Aimorés, Minas Gerais, Brasil em novembro de 2007 e em julho de 2009
Sítios
ns
2007
2009
Predominância de aroeira do sertão
110
08
Mata Ciliar
452
64
Valor de
2
0,06
ns
A
0,50
ns
B
ns
A
, Valor de
2
o significativo ao nível de 5% de probabilidade quando testou-se a
hipótese nula de 1:6 para a proporção domincia de aroeira do sertão: mata ciliar,
respectivamente
ns
B
,Valor de
2
não significativo ao nível de 5% de probabilidade quando testou-se a
hipótese nula de 1:4 para a proporção dominância de aroeira do sertão:mata ciliar,
respectivamente
Sítios
ns
, Valor de
2
o significativos ao nível de 5% de probabilidade para a associação
entre as variáveis ano e tios de observação.
Não foi possível observar associações significativas entre os tios e momentos de
observação (anos) na definição de permanência (Tabela 3) e ocorrência de beija-flores
(Tabela 4).
A maior permanência e visitações de beija-flores constatado em 2007 em detrimento
a 2009 pode ser explicada pela maior disponibilidade de refugio no sítio a mata ciliar
época que estava ocorrendo estresse hídrico. Tal constatação pode estar relacionado ao fato
deste local oferecer maior oferta alimentar e sombra devido a maior quantidade de água
disponível para a biodiversidade local, em comparação aquele com predomincia de
aroeira do sertão, que sofre drasticamente os efeitos do estresse hídrico perdendo suas
folhas e deixando os animais em condições desfavoráveis para conseguir abrigo e
alimentação.
5.3- Efeito do dia sobre a permanência dos beija-flores visitantes de bebedouros
artificiais nos sítios estudados
Em relação ao horário de maior atividade dos beija-flores utilizando o recurso em
2007 pode-se observar de acordo com o vetor resultante da Figura 16 A e B para os dois
tios em estudo, que o período entre 12:00 às 13:00 horas existe uma maior permanência
do animal no recurso alimentar.
40
Figura 16 A. Frequência dos beijas-flores nos bebedouros artificiais no sítio de mata ciliar
no ano de 2007.
Figura 16 B. Freqüência dos beija-flores nos bebedouros artificiais no sítio de
predominância de aroeira do sertão.
Posteriormente em 2009, observou-se que para a de mata cíliar ocorreu maior
permanência no período entre 9:30 e 11:30h (Figura 17A), enquanto, para o tio com
predominância de aroeira do sertão notou-se uma baixa frequencia total e uma grande
80 80
80
80
64 64
64
64
48 48
48
48
32 32
32
32
16 16
16
16
12:00 AM
6:00 AM
12:00 PM
6:00 PM
80 80
80
80
64 64
64
64
48 48
48
48
32 32
32
32
16 16
16
16
12:00 AM
6:00 AM
12:00 PM
6:00 PM
41
dispersão de dados o que definiu um grande intervalo de confiança para o vetor resultante
das 9:00 e 16:00h.(Figura 17B). Tal fato inviabiliza a comparação dos dados quanto ao
vetor resultante.
Figura 17A. Frequência de beija-flores nos bebedouros artificiais no tio de mata ciliar no
ano de 2009.
Quitanilha (2007) utilizando de mesma metodologia na região de Caratinga
constatou uma maior visitação destes animais a bebedouros em seus estudos em uma
região de cafezal por volta das 10:00 enquanto em região de sub-bosque ocorreu maior
visitação as 13:00.
12,5 12,5
12,5
12,5
10 10
10
10
7,5 7,5
7,5
7,5
5 5
5
5
2,5 2,5
2,5
2,5
00:00
06:00
12:00
18:00
42
Figura 17B. Frequência de beija-flores nos bebedouros artificiais no tio de predomincia
de aroeira do sertão no ano de 2009.
A maior atividade desses beija-flores parece está intimamente ligada a oferta de
alimentos, uma vez que estes se adaptam a produção de néctar pelas flores e como a
produção desse fluido não é uniforme durante o dia em muitas espécies vegetais, estas aves
visistam os vegetais quando ocorre uma maior produção do mesmo. Assim a distribuição
do néctar pode determinar à frequência de visitas desses polinizadores (SANTOS, 1990). o
que foi constatado por Canela (2002), verificou com a espécie de bromélia Aechea precta
onde ocorre uma maior visitação desse vegetal por parte dos beija-flores nas primeiras
horas do dia, horário que ocorre uma maior produção de néctar pelo vegetal.Estes
resultados que corroboram com os estudos de Garjado e Sazina (2005) e Graco e Sermo
(2006) que verificaram uma maior visitação de flores por estes animais no período em que
as plantas estudadas apresentavam maior produção de néctar. No entanto tais teorias
somente poderão ser comprovadas nas condições reinantes da RPPN Fazenda Bulcão
quando forem efetuados estudos que visem associar a produção de néctar em espécies
vegetais com a visitação específica de beija flores.
3 3
3
3
2 2
2
2
1 1
1
1
00:00
06:00
12:00
18:00
43
6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas condições em que foi realizado o experimento pode-se concluir que:
Ocorreu maior freqüência de visitação e permanência de beija-flores nos
bebedouros artificiais no tio de mata ciliar quando comparado ao sitio de predomincia
de aroeira do sertão, independente do ano de campanha, fato atribuído a maior
disponibilidade de recurso alimentar.
No verão de 2007 foi observado um maior número de espécies de beija-flores
comparado ao inverno de 2009, em ambos os sítios estudados. A diversidade encontrada de
beija-flores está em acordo ao esperado para uma região de mata atlântica semidecidual.
Não foi possível correlacionar um horário de maior ocorrência e permanência de
visitações de beija-flores a bebedouros artificiais durante as duas campanhas de campo.
Faz-se necessário a continuidade dos estudos por um período mais amplo,
considerando que combinação dos fatores climáticos são determinantes sobre a vegetação
de uma área, fato que interfere na ocorrência e permanência de uma população que busca
abrigo e alimento em uma determinada área. Bem como existe a necessidade de estudar o
status hídrico de espécies vegetais produtoras de néctar e relacioná-lo com o teor de
açúcares e disponibilidade de ctar com a visitação de beija-flores.
44
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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52
8. ANEXOS
ANEXO 1. Figuras de precipitação pluviometrica na região de estudo para os meses
de agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de
2009.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1/ago
3/ago
5/ago
7/ago
9/ago
11/ago
13/ago
15/ago
17/ago
19/ago
21/ago
23/ago
25/ago
27/ago
29/ago
31/ago
Pluviosidade em ml
Dias do mês
0
2
4
6
8
10
12
1/set
3/set
5/set
7/set
9/set
11/set
13/set
15/set
17/set
19/set
21/set
23/set
25/set
27/set
29/set
Pluviosidade em ml
Dias do mês
53
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1/out
3/out
5/out
7/out
9/out
11/out
13/out
15/out
17/out
19/out
21/out
23/out
25/out
27/out
29/out
31/out
Pluviosidade em ml
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
1/nov
3/nov
5/nov
7/nov
9/nov
11/nov
13/nov
15/nov
17/nov
19/nov
21/nov
23/nov
25/nov
27/nov
29/nov
Pluviosidade em ml
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1/abr
3/abr
5/abr
7/abr
9/abr
11/abr
13/abr
15/abr
17/abr
19/abr
21/abr
23/abr
25/abr
27/abr
29/abr
Pluviosidade em ml
Dias do mês
54
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1/mai
3/mai
5/mai
7/mai
9/mai
11/mai
13/mai
15/mai
17/mai
19/mai
21/mai
23/mai
25/mai
27/mai
29/mai
31/mai
Pluviosidade em ml
Dias de mês
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1/jun
3/jun
5/jun
7/jun
9/jun
11/jun
13/jun
15/jun
17/jun
19/jun
21/jun
23/jun
25/jun
27/jun
29/jun
Pluviosidade em ml
Dias do mês
0
1
2
3
4
5
6
1/jul
3/jul
5/jul
7/jul
9/jul
11/jul
13/jul
15/jul
17/jul
19/jul
21/jul
23/jul
25/jul
27/jul
29/jul
31/jul
Pluviosidade em ml
Dias do mês
Fonte: Todos os dados das figuras foram obtidos apartir do CPTEC/INPE
55
ANEXO 2. Figuras de temperatura ximas na região de estudo para os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de 2009.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1/ago
3/ago
5/ago
7/ago
9/ago
11/ago
13/ago
15/ago
17/ago
19/ago
21/ago
23/ago
25/ago
27/ago
29/ago
31/ago
Temperatura máxima
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1/set
3/set
5/set
7/set
9/set
11/set
13/set
15/set
17/set
19/set
21/set
23/set
25/set
27/set
29/set
Temperaturas máximas
Dias do mês
56
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1/nov
3/nov
5/nov
7/nov
9/nov
11/nov
13/nov
15/nov
17/nov
19/nov
21/nov
23/nov
25/nov
27/nov
29/nov
Temperaturas máximas
Dias do mês
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
1/abr
3/abr
5/abr
7/abr
9/abr
11/abr
13/abr
15/abr
17/abr
19/abr
21/abr
23/abr
25/abr
27/abr
29/abr
Temperaturas máximas
Dias do mês
57
0
5
10
15
20
25
30
35
1/mai
3/mai
5/mai
7/mai
9/mai
11/mai
13/mai
15/mai
17/mai
19/mai
21/mai
23/mai
25/mai
27/mai
29/mai
31/mai
Temperaturas máximas
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
35
1/jun
3/jun
5/jun
7/jun
9/jun
11/jun
13/jun
15/jun
17/jun
19/jun
21/jun
23/jun
25/jun
27/jun
29/jun
Temperaturas máximas
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
35
1/jul
3/jul
5/jul
7/jul
9/jul
11/jul
13/jul
15/jul
17/jul
19/jul
21/jul
23/jul
25/jul
27/jul
29/jul
31/jul
Temperaturas máximas
Dias do mês
58
ANEXO 3. Figuras de temperatura mínimas na região de estudo para os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro de 2007 e abril, maio, junho e julho de 2009.
0
5
10
15
20
25
1/ago
3/ago
5/ago
7/ago
9/ago
11/ago
13/ago
15/ago
17/ago
19/ago
21/ago
23/ago
25/ago
27/ago
29/ago
31/ago
Temperaturas mínimas
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
1/set
3/set
5/set
7/set
9/set
11/set
13/set
15/set
17/set
19/set
21/set
23/set
25/set
27/set
29/set
Temperaturas mínimas
Dias do mês
59
0
5
10
15
20
25
1/out
3/out
5/out
7/out
9/out
11/out
13/out
15/out
17/out
19/out
21/out
23/out
25/out
27/out
29/out
31/out
Temperaturas nimas
Dias do mês
19
20
21
22
23
24
25
26
1/nov
3/nov
5/nov
7/nov
9/nov
11/nov
13/nov
15/nov
17/nov
19/nov
21/nov
23/nov
25/nov
27/nov
29/nov
Temperaturas mínimas
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
30
1/abr
3/abr
5/abr
7/abr
9/abr
11/abr
13/abr
15/abr
17/abr
19/abr
21/abr
23/abr
25/abr
27/abr
29/abr
Temperaturas mínimas
Dias do mês
60
0
5
10
15
20
25
1/mai
3/mai
5/mai
7/mai
9/mai
11/mai
13/mai
15/mai
17/mai
19/mai
21/mai
23/mai
25/mai
27/mai
29/mai
31/mai
Températuras nimas
Dias do mês
0
5
10
15
20
25
1/jun
3/jun
5/jun
7/jun
9/jun
11/jun
13/jun
15/jun
17/jun
19/jun
21/jun
23/jun
25/jun
27/jun
29/jun
Temperaturas mínimas
Dias do mês
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