Já se tem o costume de estudar o mercado de luxo e suas implicações sobre
o consumo há muitos anos em diversos países da Europa e EUA, coisa que se
iniciou no Brasil apenas há pouco tempo, com estudos promovidos principalmente
nos campos da administração e do marketing. “Outros países já passaram pela fase
de ostentação, enquanto o Brasil ainda está passando”, explica Kátia Faggiani; isto
indica que o país ainda está de um modo geral num estágio inicial, de
vislumbramento com o mercado de luxo a tal ponto da marca determinar a compra
com mais freqüência que a própria comparação técnica dos itens, envolvendo maior
racionalidade.
Por sinal, o que faz com que uma pessoa adquira um objeto por valor até 100
vezes superior, ou mais, ao semelhante de uso popular, caso de uma caneta, por
exemplo? Ou um carro de valor superior a R$ 1,5 milhão? O luxo permite compras
de valor superior até ao que muitas vezes nossa imaginação consegue atingir. Com
certeza, já permitindo aqui uma prévia conclusão, existe um fator intangível que vai
muito além do simples valor de uso, um elemento que agregue um valor superior ao
dos itens empregados durante a fabricação, determinado muitas vezes pela própria
marca. Sendo assim, fica a dúvida: será que realmente é o indivíduo que compra o
artigo de luxo, ou será que ele é comprado pelo objeto? A esta dúvida se terá o
maior prazer de esclarecer durante o desenvolvimento nas páginas desta pesquisa.
Em um país cheio de nuances como o Brasil, com uma população bastante
heterogênea e desigualdades sociais muito acentuadas, pode parecer uma falta de
bom senso falar a respeito de luxo, compras de alto valor e de um estilo de vida
onde o dinheiro é o menor dos problemas. Considerado muitas vezes um tema
menor, mas não menos importante do que qualquer outro mercado que venha a ser
estudado, o luxo traz à tona uma série de conhecimentos e ferramentas de estímulo
às compras, bem como fidelização de clientes a partir da construção de marcas
fortes, com uma aura de sofisticação e de diferenciação garantida por uma
reputação; estes conhecimentos podem servir muito bem para outros gestores de
marcas, mesmo que menores, por abranger uma série de possibilidades de
persuasão que vão muito além do binômio custo-benefício. A história de marcas
como Cartier, Rolex ou Bulgari inspiram cases de sucesso para muitos outros
produtos por todo o mundo.